domingo, 19 de fevereiro de 2012

Pentecostes e Trindade Ano B



Ano B
 Solenidade do Pentecostes

TEMA
O tema deste domingo é, evidentemente, o Espírito Santo. Dom de Deus a todos os crentes, o Espírito dá vida, renova, transforma, constrói comunidade e faz nascer o Homem Novo.
O Evangelho apresenta-nos a comunidade cristã, reunida à volta de Jesus ressuscitado. Para João, esta comunidade passa a ser uma comunidade viva, recriada, nova, a partir do dom do Espírito. É o Espírito que permite aos crentes superar o medo e as limitações e dar testemunho no mundo desse amor que Jesus viveu até às últimas consequências.
Na primeira leitura, Lucas sugere que o Espírito é a lei nova que orienta a caminhada dos crentes. É Ele que cria a nova comunidade do Povo de Deus, que faz com que os homens sejam capazes de ultrapassar as suas diferenças e comunicar, que une numa mesma comunidade de amor, povos de todas as raças e culturas.
Na segunda leitura, Paulo avisa que o Espírito é a fonte de onde brota a vida da comunidade cristã. É Ele que concede os dons que enriquecem a comunidade e que fomenta a unidade de todos os membros; por isso, esses dons não podem ser usados para benefício pessoal, mas devem ser postos ao serviço de todos.
LEITURA I – Act 2,1-11
Quando chegou o dia de Pentecostes,
os Apóstolos estavam todos reunidos no mesmo lugar.
Subitamente, fez-se ouvir, vindo do Céu,
um rumor semelhante a forte rajada de vento,
que encheu toda a casa onde se encontravam.
Viram então aparecer uma espécie de línguas de fogo,
que se iam dividindo,
e poisou uma sobre cada um deles.
Todos ficaram cheios do Espírito Santo
e começaram a falar outras línguas,
conforme o Espírito lhes concedia que se exprimissem.
Residiam em Jerusalém judeus piedosos,
procedentes de todas as nações que há debaixo do céu.
Ao ouvir aquele ruído, a multidão reuniu-se
e ficou muito admirada,
pois cada qual os ouvia falar na sua própria língua.
Atónitos e maravilhados, diziam:
«Não são todos galileus os que estão a falar?
Então, como é que os ouve cada um de nós
falar na sua própria língua?
Partos, medos, elamitas,
habitantes da Mesopotâmia, da Judeia e da Capadócia,
do Ponto e da Ásia, da Frígia e da Panfília,
do Egipto e das regiões da Líbia, vizinha de Cirene,
colonos de Roma, tanto judeus como prosélitos,
cretenses e árabes,
ouvimo-los proclamar nas nossas línguas
as maravilhas de Deus».
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AMBIENTE
Já vimos, no comentário aos textos dos domingos anteriores, que o livro dos “Actos” não pretende ser uma reportagem jornalística de acontecimentos históricos, mas sim ajudar os cristãos – desiludidos porque o “Reino” não chega – a redescobrir o seu papel e a tomar consciência do compromisso que assumiram, no dia do seu baptismo.
No que diz respeito ao texto que nos é proposto e que descreve os acontecimentos do dia do Pentecostes, não existem dúvidas de que é uma construção artificial, criada por Lucas com uma clara intenção teológica. Para apresentar a sua catequese, Lucas recorre às imagens, aos símbolos, à linguagem poética das metáforas. Resta-nos descodificar os símbolos para chegarmos à interpelação essencial que a catequese primitiva, pela palavra de Lucas, nos deixa. Uma interpretação literal deste relato seria, portanto, uma boa forma de passarmos ao lado do essencial da mensagem; far-nos-ia reparar na roupagem exterior, no folclore, e ignorar o fundamental. Ora, o interesse fundamental do autor é apresentar a Igreja como a comunidade que nasce de Jesus, que é assistida pelo Espírito e que é chamada a testemunhar aos homens, o projecto libertador do Pai.
MENSAGEM
Antes de mais, Lucas coloca a experiência do Espírito no dia de Pentecostes. O Pentecostes era uma festa judaica, celebrada cinquenta dias após a Páscoa. Originariamente, era uma festa agrícola, na qual se agradecia a Deus a colheita da cevada e do trigo; mas, no séc. I, tornou-se a festa histórica que celebrava a aliança, o dom da Lei no Sinai e a constituição do Povo de Deus. Ao situar neste dia o dom do Espírito, Lucas sugere que o Espírito é a lei da nova aliança (pois é Ele que, no tempo da Igreja, dinamiza a vida dos crentes) e que, por Ele, se constitui a nova comunidade do Povo de Deus – a comunidade messiânica, que viverá da lei inscrita, pelo Espírito, no coração de cada discípulo (cf. Ez 36,26-28).
Vem depois a narrativa da manifestação do Espírito (Act 2,2-4). O Espírito é apresentado como “a força de Deus”, através de dois símbolos: o vento de tempestade e o fogo. São os símbolos da revelação de Deus no Sinai, quando Deus deu ao Povo a Lei e constituiu Israel como Povo de Deus (cf. Ex 19,16.18; Dt 4,36). Estes símbolos evocam a força irresistível de Deus, que vem ao encontro do homem, comunica com o homem e que, dando ao homem o Espírito, constitui a comunidade de Deus.
O Espírito (força de Deus) é apresentado em forma de língua de fogo. A língua não é somente a expressão da identidade cultural de um grupo humano, mas é também a maneira de comunicar, de estabelecer laços duradouros entre as pessoas, de criar comunidade. “Falar outras línguas” é criar relações, é a possibilidade de superar o gueto, o egoísmo, a divisão, o racismo, a marginalização… Aqui, temos o reverso de Babel (cf. Gn 11,1-9): lá, os homens escolheram o orgulho, a ambição desmedida que conduziu à separação e ao desentendimento; aqui, regressa-se à unidade, à relação, à construção de uma comunidade capaz do diálogo, do entendimento, da comunicação. É o surgimento de uma humanidade unida, não pela força, mas pela partilha da mesma experiência interior, fonte de liberdade, de comunhão, de amor. A comunidade messiânica é a comunidade onde a acção de Deus (pelo Espírito) modifica profundamente as relações humanas, levando à partilha, à relação, ao amor.
É neste enquadramento que devemos entender os efeitos da manifestação do Espírito (cf. Act 2,5-13): todos “os ouviam proclamar na sua própria língua as maravilhas de Deus”. O elenco dos povos convocados e unidos pelo Espírito atinge representantes de todo o mundo antigo, desde a Mesopotâmia, passando por Canaan, pela Ásia Menor, pelo norte de África, até Roma: a todos deve chegar a proposta libertadora de Jesus, que faz de todos os povos uma comunidade de amor e de partilha. A comunidade de Jesus é assim capacitada pelo Espírito para criar a nova humanidade, a anti-Babel. A possibilidade de ouvir na própria língua “as maravilhas de Deus” outra
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coisa não é do que a comunicação do evangelho, que irá gerar uma comunidade universal. Sem deixarem a sua cultura, as suas diferenças, todos os povos escutarão a proposta de Jesus e terão a possibilidade de integrar a comunidade da salvação, onde se fala a mesma língua e onde todos poderão experimentar esse amor e essa comunhão que tornam povos tão diferentes, irmãos. O essencial passa a ser a experiência do amor que, no respeito pela liberdade e pelas diferenças, deve unir todas as nações da terra.
O Pentecostes dos “Actos” é, podemos dizê-lo, a página programática da Igreja e anuncia aquilo que será o resultado da acção das “testemunhas” de Jesus: a humanidade nova, a anti-Babel, nascida da acção do Espírito, onde todos serão capazes de comunicar e de se relacionar como irmãos, porque o Espírito reside no coração de todos como lei suprema, como fonte de amor e de liberdade.
ACTUALIZAÇÃO
Para a reflexão, considerar as seguintes indicações:
♦ Temos, neste texto, os elementos essenciais que definem a Igreja: uma comunidade de irmãos reunidos por causa de Jesus, animada pelo Espírito do Senhor ressuscitado e que testemunha na história o projecto libertador de Jesus. Desse testemunho resulta a comunidade universal da salvação, que vive no amor e na partilha, apesar das diferenças culturais e étnicas. A Igreja de que fazemos parte é uma comunidade de irmãos que se amam, apesar das diferenças? Está reunida por causa de Jesus e à volta de Jesus? Tem consciência de que o Espírito está presente e que a anima? Testemunha, de forma efectiva e coerente, a proposta libertadora que Jesus deixou?
♦ Nunca será demais realçar o papel do Espírito na tomada de consciência da identidade e da missão da Igreja… Antes do Pentecostes, tínhamos apenas um grupo fechado dentro de quatro paredes, incapaz de superar o medo e de arriscar, sem a iniciativa nem a coragem do testemunho; depois do Pentecostes, temos uma comunidade unida, que ultrapassa as suas limitações humanas e se assume como comunidade de amor e de liberdade. Temos consciência de que é o Espírito que nos renova, que nos orienta e que nos anima? Damos suficiente espaço à acção do Espírito, em nós e nas nossas comunidades?
♦ Para se tornar cristão, ninguém deve ser espoliado da própria cultura: nem os africanos, nem os europeus, nem os sul-americanos, nem os negros, nem os brancos; mas todos são convidados, com as suas diferenças, a acolher esse projecto libertador de Deus, que faz os homens deixarem de viver de costas voltadas, para viverem no amor. A Igreja de que fazemos parte é esse espaço de liberdade e de fraternidade? Nela todos encontram lugar e são acolhidos com amor e com respeito – mesmo os de outras raças, mesmo aqueles de quem não gostamos, mesmo aqueles que não fazem parte do nosso círculo, mesmo aqueles que a sociedade marginaliza e afasta?

SALMO RESPONSORIAL – Salmo 103 (104)
Refrão 1: Enviai, Senhor, o vosso Espírito, e renovai a face da terra.
Refrão 2: Mandai, Senhor, o vosso Espírito, e renovai a terra.
Refrão 3: Aleluia.
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Bendiz, ó minha alma, o Senhor.
Senhor, meu Deus, como sois grande!
Como são grandes, Senhor, as vossas obras!
A terra está cheia das vossas criaturas.
Se lhes tirais o alento, morrem
e voltam ao pó donde vieram.
Se mandais o vosso espírito, retomam a vida
e renovais a face da terra.
Glória a Deus para sempre!
Rejubile o Senhor nas suas obras.
Grato Lhe seja o meu canto
e eu terei alegria no Senhor.
LEITURA II – 1 Cor 12,3b-7.12-13
Irmãos:
Ninguém pode dizer: «Jesus é o Senhor»,
a não ser pela acção do Espírito Santo.
De facto, há diversidade de dons espirituais,
mas o Espírito é o mesmo.
Há diversidade de ministérios,
mas o Senhor é o mesmo.
Há diversas operações,
mas é o mesmo Deus que opera tudo em todos.
Em cada um se manifestam os dons do Espírito
para o bem comum.
Assim como o corpo é um só e tem muitos membros,
e todos os membros, apesar de numerosos,
constituem um só corpo,
assim também sucede com Cristo.
Na verdade, todos nós
– judeus e gregos, escravos e homens livres –
fomos baptizados num só Espírito,
para constituirmos um só Corpo.
E a todos nos foi dado a beber um único Espírito.
AMBIENTE
A comunidade cristã de Corinto era viva e fervorosa, mas não era uma comunidade exemplar no que diz respeito à vivência do amor e da fraternidade: os partidos, as divisões, as contendas e rivalidades, perturbavam a comunhão e constituíam um contra-testemunho. As questões à volta dos “carismas” (dons especiais concedidos pelo Espírito a determinadas pessoas ou grupos para proveito de todos) faziam-se sentir com especial acuidade: os detentores desses dons carismáticos consideravam-se os “escolhidos” de Deus, apresentavam-se como “iluminados” e assumiam com frequência atitudes de autoritarismo e de prepotência que não favorecia a fraternidade e a liberdade; por outro lado, os que não tinham sido dotados destes dons eram desprezados e desclassificados, considerados quase como “cristãos de segunda”, sem vez nem voz na comunidade.
Paulo não pode ignorar esta situação. Na primeira Carta aos Coríntios, ele corrige, admoesta, dá conselhos, mostra a incoerência destes comportamentos, incompatíveis
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com o Evangelho. No texto que nos é proposto, Paulo aborda a questão dos “carismas”.
MENSAGEM
Em primeiro lugar, Paulo acha que é preciso saber ajuizar da validade dos dons carismáticos, para que não se fale em “carismas” a propósito de comportamentos que pretendem apenas garantir os privilégios de certas figuras. Segundo Paulo, o verdadeiro “carisma” é o que leva a confessar que “Jesus é o Senhor” (pois não pode haver oposição entre Cristo e o Espírito) e que é útil para o bem da comunidade.
De resto, é preciso que os membros da comunidade tenham consciência de que, apesar da diversidade de dons espirituais, é o mesmo Espírito que actua em todos; que apesar da diversidade de funções, é o mesmo Senhor Jesus que está presente em todos; que apesar da diversidade de acções, é o mesmo Deus que age em todos. Não há, portanto, “cristãos de primeira” e “cristãos de segunda”. O que é importante é que os dons do Espírito resultem no bem de todos e sejam usados – não para melhorar a própria posição ou o próprio “ego” – mas para o bem de toda a comunidade.
Paulo conclui o seu raciocínio comparando a comunidade cristã a um “corpo” com muitos membros. Apesar da diversidade de membros e de funções, o “corpo” é um só. Em todos os membros circula a mesma vida, pois todos foram baptizados num só Espírito e “beberam” um único Espírito.
O Espírito é, pois, apresentado como Aquele que alimenta e que dá vida ao “corpo de Cristo”; dessa forma, Ele fomenta a coesão, dinamiza a fraternidade e é o responsável pela unidade desses diversos membros que formam a comunidade.
ACTUALIZAÇÃO
Para reflectir e actualizar a Palavra, considerar os seguintes elementos:
♦ Temos todos consciência de que somos membros de um único “corpo” – o corpo de Cristo – e é o mesmo Espírito que nos alimenta, embora desempenhemos funções diversas (não mais dignas ou mais importantes, mas diversas). No entanto encontramos, com alguma frequência, cristãos com uma consciência viva da sua superioridade e da sua situação “à parte” na comunidade (seja em razão da função que desempenham, seja em razão das suas “qualidades” humanas), que gostam de mandar e de se fazerem notar. Às vezes, vêem-se atitudes de prepotência e de autoritarismo por parte daqueles que se consideram depositários de dons especiais; às vezes, a Igreja continua a dar a impressão – mesmo após o Vaticano II – de ser uma pirâmide no topo da qual há uma elite que preside e toma as decisões e em cuja base está o rebanho silencioso, cuja função é obedecer. Isto faz algum sentido, à luz da doutrina que Paulo expõe?
♦ Os “dons” que recebemos não podem gerar conflitos e divisões, mas devem servir para o bem comum e para reforçar a vivência comunitária. As nossas comunidades são espaços de partilha fraterna, ou são campos de batalha onde se digladiam interesses próprios, atitudes egoístas, tentativas de afirmação pessoal?
♦ É preciso ter consciência da presença do Espírito: é Ele que alimenta, que dá vida, que anima, que distribui os dons conforme as necessidades; é Ele que conduz as comunidades na sua marcha pela história. Ele foi distribuído a todos os crentes e reside na totalidade da comunidade. Temos consciência da presença do Espírito e procuramos ouvir a sua voz e perceber as suas indicações? Temos consciência de

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que, pelo facto de desempenharmos esta ou aquela função, não somos as únicas vozes autorizadas a falar em nome do Espírito?

(Em vez desta leitura, pode escolher-se a leitura seguinte: Gal 5,16-15)
SEQUÊNCIA DO PENTECOSTES
Vinde, ó santo Espírito,
vinde, Amor ardente,
acendei na terra
vossa luz fulgente.
Vinde, Pai dos pobres:
na dor e aflições,
vinde encher de gozo
nossos corações.
Benfeitor supremo
em todo o momento,
habitando em nós
sois o nosso alento.
Descanso na luta
e na paz encanto,
no calor sois brisa,
conforto no pranto.
Luz de santidade,
que no Céu ardeis,
abrasai as almas
dos vossos fiéis.
Sem a vossa força
e favor clemente,
nada há no homem
que seja inocente.
Lavai nossas manchas,
a aridez regai,
sarai os enfermos
e a todos salvai.
Abrandai durezas
para os caminhantes,
animai os tristes,
guiai os errantes.
Vossos sete dons
concedei à alma
do que em Vós confia:
Virtude na vida,
amparo na morte,
no Céu alegria.
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ALELUIA
Aleluia. Aleluia.
Vinde, Espírito Santo,
enchei os corações dos vossos fiéis
e acendei neles o fogo do vosso amor.
EVANGELHO – Jo 20,19-23
Na tarde daquele dia, o primeiro da semana,
estando fechadas as portas da casa
onde os discípulos se encontravam,
com medo dos judeus,
veio Jesus, colocou-Se no meio deles e disse-lhes:
«A paz esteja convosco».
Dito isto, mostrou-lhes as mãos e o lado.
Os discípulos ficaram cheios de alegria ao verem o Senhor.
Jesus disse-lhes de novo:
«A paz esteja convosco.
Assim como o Pai Me enviou,
também Eu vos envio a vós».
Dito isto, soprou sobre eles e disse-lhes:
«Recebei o Espírito Santo:
àqueles a quem perdoardes os pecados ser-lhes-ão perdoados;
e àqueles a quem os retiverdes serão retidos».
AMBIENTE
Este texto (lido já no segundo domingo da Páscoa) situa-nos no cenáculo, no próprio dia da ressurreição. Apresenta-nos a comunidade da nova aliança, nascida da acção criadora e vivificadora do messias. No entanto, esta comunidade ainda não se encontrou com Cristo ressuscitado e ainda não tomou consciência das implicações da ressurreição. É uma comunidade fechada, insegura, com medo… Necessita de fazer a experiência do Espírito; só depois, estará preparada para assumir a sua missão no mundo e dar testemunho do projecto libertador de Jesus.
Nos “Actos”, Lucas narra a descida do Espírito sobre os discípulos no dia do Pentecostes, cinquenta dias após a Páscoa (sem dúvida por razões teológicas e para fazer coincidir a descida do Espírito com a festa judaica do Pentecostes, a festa do dom da Lei e da constituição do Povo de Deus); mas João situa no anoitecer do dia de Páscoa a recepção do Espírito pelos discípulos.
MENSAGEM
João começa por pôr em relevo a situação da comunidade. O “anoitecer”, as “portas fechadas”, o “medo” (vers. 19a) são o quadro que reproduz a situação de uma comunidade desamparada no meio de um ambiente hostil e, portanto, desorientada e insegura. É uma comunidade que perdeu as suas referências e a sua identidade e que não sabe, agora, a que se agarrar.
Entretanto, Jesus aparece “no meio deles” (vers. 19b). João indica desta forma que os discípulos, fazendo a experiência do encontro com Jesus ressuscitado, redescobriram o seu centro, o seu ponto de referência, a coordenada fundamental à volta do qual a
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comunidade se constrói e toma consciência da sua identidade. A comunidade cristã só existe de forma consistente se está centrada em Jesus ressuscitado.
Jesus começa por os saudar, desejando-lhes “a paz” (“shalom”, em hebraico). A “paz” é um dom messiânico; mas, neste contexto, significa sobretudo a transmissão da serenidade, da tranquilidade, da confiança que permitirão aos discípulos superar o medo e a insegurança: a partir de agora, nem o sofrimento, nem a morte, nem a hostilidade do mundo poderão derrotar os discípulos, porque Jesus ressuscitado está “no meio deles”.
Em seguida, Jesus “mostrou-lhes as mãos e o lado”. São os “sinais” que evocam a entrega de Jesus, o amor total expresso na cruz. É nesses “sinais” (na entrega da vida, no amor oferecido até à última gota de sangue) que os discípulos reconhecem Jesus. O facto de esses “sinais” permanecerem no ressuscitado indica que Jesus será, de forma permanente, o messias cujo amor se derramará sobre os discípulos e cuja entrega alimentará a comunidade.
Vem depois a comunicação do Espírito. O gesto de Jesus de soprar sobre os discípulos reproduz o gesto de Deus ao comunicar a vida ao homem de argila (João utiliza, aqui, precisamente o mesmo verbo do texto grego de Gn 2,7). Com o “sopro” de Deus de Gn 2,7, o homem tornou-se um “ser vivente”; com este “sopro”, Jesus transmite aos discípulos a vida nova e faz nascer o Homem Novo. Agora, os discípulos possuem a vida em plenitude e estão capacitados – como Jesus – para fazerem da sua vida um dom de amor aos homens. Animados pelo Espírito, eles formam a comunidade da nova aliança e são chamados a testemunhar – com gestos e com palavras – o amor de Jesus.
Finalmente, Jesus explicita qual a missão dos discípulos (ver. 23): a eliminação do pecado. As palavras de Jesus não significam que os discípulos possam ou não – conforme os seus interesses ou a sua disposição – perdoar os pecados. Significam apenas que os discípulos são chamados a testemunhar no mundo essa vida que o Pai quer oferecer a todos os homens. Quem aceitar essa proposta, será integrado na comunidade de Jesus; quem não a aceitar, continuará a percorrer caminhos de egoísmo e de morte (isto é, de pecado). A comunidade, animada pelo Espírito, será a mediadora desta oferta de salvação.
ACTUALIZAÇÃO
Para a reflexão, considerar as seguintes coordenadas:
♦ A comunidade cristã só existe de forma consistente, se está centrada em Jesus. Jesus é a sua identidade e a sua razão de ser. É n’Ele que superamos os nossos medos, as nossas incertezas, as nossas limitações, para partirmos à aventura de testemunhar a vida nova do Homem Novo. As nossas comunidades são, antes de mais, comunidades que se organizam e estruturam à volta de Jesus? Jesus é o nosso modelo de referência? É com Ele que nos identificamos, ou é num qualquer ídolo de pés de barro que procuramos a nossa identidade? Se Ele é o centro, a referência fundamental, têm algum sentido as discussões acerca de coisas não essenciais, que às vezes dividem os crentes?
♦ Identificar-se como cristão significa dar testemunho diante do mundo dos “sinais” que definem Jesus: a vida dada, o amor partilhado. É esse o testemunho que damos? Os homens do nosso tempo, olhando para cada cristão ou para cada comunidade cristã, podem dizer que encontram e reconhecem os “sinais” do amor de Jesus?
♦ As comunidades construídas à volta de Jesus são animadas pelo Espírito. O Espírito é esse sopro de vida que transforma o barro inerte numa imagem de Deus, que transforma o egoísmo em amor partilhado, que transforma o orgulho em

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serviço simples e humilde… É Ele que nos faz vencer os medos, superar as cobardias e fracassos, derrotar o cepticismo e a desilusão, reencontrar a orientação, readquirir a audácia profética, testemunhar o amor, sonhar com um mundo novo. É preciso ter consciência da presença contínua do Espírito em nós e nas nossas comunidades e estar atentos aos seus apelos, às suas indicações, aos seus questionamentos.

ALGUMAS SUGESTÕES PRÁTICAS PARA A SOLENIDADE DE PENTECOSTES
(adaptadas de “Signes d’aujourd’hui”)
1. A LITURGIA MEDITADA AO LONGO DA SEMANA.
Ao longo dos dias da semana anterior ao Domingo de Pentecostes, procurar meditar a Palavra de Deus deste domingo. Meditá-la pessoalmente, uma leitura em cada dia, por exemplo… Escolher um dia da semana para a meditação comunitária da Palavra: num grupo da paróquia, num grupo de padres, num grupo de movimentos eclesiais, numa comunidade religiosa… Aproveitar, sobretudo, a semana para viver em pleno a Palavra de Deus.
2. BILHETE DE EVANGELHO.
Num processo, o advogado existe para emprestar a sua voz àquele que não tem voz, procura encontrar as palavras daquele que as procura. Jesus conhece os seus apóstolos, conhece os seus limites, os seus medos, a sua timidez, Ele sabe também que eles encontrarão os detractores, como Ele próprio os encontrou. É então que Ele promete o Defensor, o «Espírito de Verdade», precisa Ele. Este Espírito não estará ao lado deles, mas neles, Ele amá-los-á, fortificá-los-á, santificá-los-á, soprar-lhes-á as palavras que é preciso dizer e que farão eco às palavras pronunciadas pelo seu Mestre. «Não sou eu que vivo, é Cristo que vive em Mim». Sim, o Espírito Santo, Espírito do Ressuscitado, anima hoje ainda a sua Igreja. Porque ter medo, então? A palavra está no Defensor, é preciso não contradizer esta palavra.
3. À ESCUTA DA PALAVRA.
Testemunhas da verdade.
Jesus chama ao Espírito Santo «o Defensor». A palavra grega significa «advogado». A sua função é fazer surgir a verdade e tomar a defesa do acusado, de «dar testemunho em seu favor». Estamos assim no contexto de um processo em tribunal. O acusado é Jesus e, através d’Ele, é toda a humanidade: «Eis o homem!», disse Pilatos. O acusador é aquele que São Pedro chama «vossa parte adversa, o Diabo», o Maligno. Só tinha um fim em vista: levar os homens para longe da luz. O Juiz é Deus. Jesus envia o seu Espírito, o Espírito de Verdade, que denuncia à face do mundo as mentiras do Maligno. No Pentecostes, Ele proclama a vitória do Ressuscitado sobre as forças de divisão e constitui os apóstolos como testemunhas autênticas desta Boa Nova. Desde dois mil anos, de geração em geração, o Espírito do Pentecostes continua a chamar homens e mulheres para lhes confiar a mesma missão: serem testemunhas autênticas da verdade dada em Jesus, o Ressuscitado. Aí se encontra o mistério secreto e incandescente do mistério da Igreja.
4. PARA A SEMANA QUE SE SEGUE…
Fazer o ponto da situação.
Esta festa do Pentecostes é a ocasião para fazer o ponto da situação sobre a acção e os frutos do Espírito na nossa vida: reflectir nisso pessoalmente, falar com um acompanhador espiritual, viver momentos privilegiados de oração? Cabe a cada um escolher o meio para este balanço espiritual…

Santíssima Trindade

A Solenidade que hoje celebramos não é um convite a decifrar o mistério que se
esconde por detrás de “um Deus em três pessoas”; mas é um convite a contemplar o
Deus que é amor, que é família, que é comunidade e que criou os homens para os
fazer comungar nesse mistério de amor.
Na primeira leitura, Jahwéh revela-se como o Deus da relação, empenhado em
estabelecer comunhão e familiaridade com o seu Povo. É um Deus que vem ao
encontro dos homens, que lhes fala, que lhes indica caminhos seguros de liberdade e
de vida, que está permanentemente atento aos problemas dos homens, que intervém
no mundo para nos libertar de tudo aquilo que nos oprime e para nos oferecer
perspectivas de vida plena e verdadeira.
A segunda leitura confirma a mensagem da primeira: o Deus em quem acreditamos
não é um Deus distante e inacessível, que se demitiu do seu papel de Criador e que
assiste com indiferença e impassibilidade aos dramas dos homens; mas é um Deus
que acompanha com paixão a caminhada da humanidade e que não desiste de
oferecer aos homens a vida plena e definitiva.
No Evangelho, Jesus dá a entender que ser seu discípulo é aceitar o convite para se
vincular com a comunidade do Pai, do Filho e do Espírito Santo. Os discípulos de
Jesus recebem a missão de testemunhar a sua proposta de vida no meio do mundo e
são enviados a apresentar, a todos os homens e mulheres, sem exceção, o convite
de Deus para integrar a comunidade trinitária.
LEITURA I – Dt 4,32-34.39-40
Moisés falou ao povo, dizendo:
«Interroga os tempos antigos que te precederam,
desde o dia em que Deus criou o homem sobre a terra.
Dum extremo ao outro dos céus,
sucedeu alguma vez coisa tão prodigiosa?
Ouviu-se porventura palavra semelhante?
Que povo escutou como tu a voz de Deus
a falar do meio do fogo
e continuou a viver?
Qual foi o deus que formou para si
uma nação no seio de outra nação,
por meio de provas, sinais, prodígios e combates,
com mão forte e braço estendido,
juntamente com tremendas maravilhas,
como fez por vós o Senhor vosso Deus no Egito,
diante dos vossos olhos?
Considera hoje e medita no teu coração
que o Senhor é o único Deus,
no alto dos céus e cá em baixo na terra,
e não há outro.
Cumprirás as suas leis e os seus mandamentos,
que hoje te prescrevo,
para seres feliz, tu e os teus filhos depois de ti, e tenhas longa vida
na terra que o Senhor teu Deus te vai dar para sempre».
AMBIENTE
O Livro do Deuteronômio é aquele “livro da Lei” ou “livro da Aliança” descoberto no
Templo de Jerusalém no 18º ano do reinado de Josias (622 a.C., cf. 2 Rs 22). Neste
livro, os teólogos deuteronomistas – originários do Norte (Israel) mas, entretanto,
refugiados no sul (Judá) após as derrotas dos reis do norte frente aos assírios –
apresentam os dados fundamentais da sua teologia: há um só Deus, que deve ser
adorado por todo o Povo num único local de culto (Jerusalém); esse Deus amou e
elegeu Israel e fez com Ele uma aliança eterna; e o Povo de Deus deve ser um único
Povo, a propriedade pessoal de Jahwéh (portanto, não têm qualquer sentido as
questões históricas que levaram o Povo de Deus à divisão política e religiosa, após a
morte do rei Salomão).
Literariamente, o livro apresenta-se como um conjunto de três discursos de Moisés,
pronunciados nas planícies de Moab. Pressentindo a proximidade da sua morte,
Moisés deixa ao Povo uma espécie de “testamento espiritual”: lembra aos hebreus os
compromissos assumidos para com Deus e convida-os a renovar a sua aliança com
Jahwéh.
O texto que hoje nos é proposto apresenta-se como parte do primeiro discurso de
Moisés (cf. Dt 1,6-4,43). Na primeira parte desse discurso (cf. Dt 1,6-3,29), em estilo
narrativo, o autor deuteronomista põe na boca de Moisés um resumo da história do
Povo, desde a estadia no Horeb/Sinai, até à chegada ao monte Pisga, na
Transjordânia; na parte final desse discurso (cf. Dt 4,1-43), o autor apresenta, em
estilo exortativo, um pequeno resumo da Aliança e das suas exigências. Esta secção
final do primeiro discurso de Moisés começa com a expressão “e agora, Israel…”, que
enlaça esta secção com a precedente: mostra-se que o compromisso que agora se
pede a Israel se apóia nos acontecimentos históricos anteriormente expostos… A
ação de Deus ao longo da caminhada do Povo pelo deserto deve conduzir ao
compromisso.
O capítulo 4 do Livro do Deuteronômio é um texto redigido, muito provavelmente, na
fase final do Exílio do Povo de Deus na Babilônia. Perdido numa terra estrangeira e
mergulhado numa cultura estranha, hostilizado quando tentava afirmar a sua fé em
Jahwéh e celebrá-la através do culto, impressionado com o esplendor ritual e as
solenidades do culto babilônico, o Povo bíblico corria o risco de trocar Jahwéh pelos
deuses babilônicos. É neste contexto que os teólogos da escola deuteronomista vão
convidar o Povo a olhar para a sua história, a redescobrir nela a presença salvadora e
amorosa de Jahwéh e a comprometer-se de novo com Deus e com a Aliança.
MENSAGEM
No trecho que nos é proposto, o autor deuteronomista começa por convidar Israel a
contemplar a história “desde o dia em que Deus criou o homem sobre a terra”… O
resultado dessa contemplação é a constatação do contínuo empenho de Jahwéh no
sentido de oferecer ao seu Povo a vida e a salvação.
Toda a história da relação entre Deus e Israel é uma extraordinária história de relação,
na qual se manifesta o amor de um Deus empenhado em estabelecer comunhão e
familiaridade com o seu Povo. Jahwéh escolheu Israel de entre todos os povos da
terra, veio ao seu encontro, falou-lhe ao coração e realizou gestos destinados a trazer
ao Povo ao encontro da vida. De mil formas, Deus fez ouvir a sua voz, indicou
caminhos, conduziu o seu Povo da escravidão para a liberdade.
Como é que Israel se deve situar diante deste Deus? Como é que o Povo deve
responder aos apelos de Deus?
Na perspectiva do teólogo deuteronomista, Israel deve, em primeiro lugar, reconhecer
que “só o Senhor é Deus… e que não há outro”. Dele e só dele brotam a vida, a
salvação, a felicidade, a liberdade. Esta constatação convida o Povo a não colocar a
sua esperança e a sua realização noutros deuses, noutras propostas ilusórias e
enganadoras. Israel deve, em segundo lugar, cumprir as leis e os mandamentos de
Deus, pois essas leis e mandamentos são o caminho seguro para a felicidade.
Este “caminho” aqui apontado aos crentes de Israel (e aos crentes de todas as épocas
e lugares) não é um caminho de dependência e de servidão; mas é um caminho de
felicidade. Deus não se imiscui na vida dos homens para os tornar dependentes, mas
para os libertar e para os levar à vida verdadeira, à felicidade plena.
ATUALIZAÇÃO
¨ Quem é Deus? Como é Ele? Qual a sua relação com os homens? O Deus em
quem acreditamos é um Deus sensível aos problemas dos homens e que Se
preocupa em percorrer com eles um caminho de amor e de relação, ou é um Deus
insensível e distante, que olha com enfado e indiferença o caminho que
percorremos e que Se recusa a sujar as mãos com a nossa humanidade? Trata-se
de um Deus capaz de amar os homens e de aceitar, com misericórdia, as nossas
falhas, ou de um Deus intolerante, duro e insensível, que castiga sem piedade
qualquer deslize do homem? A Solenidade da Santíssima Trindade é, antes de
mais, um convite a descobrir o verdadeiro rosto de Deus. A primeira leitura deste
domingo dá-nos algumas pistas para perceber Deus e para reconhecer o seu
verdadeiro rosto…
¨ Nesta catequese do livro do Deuteronômio, Jahwéh revela-Se como o Deus da
relação, empenhado em estabelecer comunhão e familiaridade com o seu Povo. É
um Deus que vem ao encontro dos homens, que lhes fala, que lhes indica
caminhos seguros de liberdade e de vida, que está permanentemente atento aos
problemas dos homens, que intervém no mundo para nos libertar de tudo aquilo
que nos oprime e para nos oferecer perspectivas de vida plena e verdadeira. Por
vezes, ao longo da nossa caminhada pela vida, sentimo-nos sós e perdidos,
afogados nas nossas dúvidas, misérias e dramas, assustados e inquietos face ao
rumo que a história segue… Mas a certeza da presença amorosa, salvadora e
reconfortante de Deus deve ser uma luz de esperança que ilumina o nosso
caminho e que nos permite encarar cada passo da nossa existência com alegria e
serenidade.
¨ O catequista deuteronomista garante que Jahwéh é o único Deus capaz de realizar
estas obras em favor do homem e que só nele o homem encontra a verdadeira
vida e a verdadeira liberdade. Esta afirmação convida-nos a refletir sobre o papel
que outros “deuses” (bem mais falíveis, bem menos dignos de confiança)
desempenham na nossa existência… Em quem é que pomos a nossa esperança?
Esses “deuses” que tantas vezes nos seduzem (o dinheiro, o poder, a fama, o
sucesso, o reconhecimento social, os valores da moda…), que tantas vezes
atraem a nossa atenção e condicionam as nossas opções, são verdadeiramente
garantia de vida e de felicidade? Esses “deuses” trazem-nos liberdade e
esperança ou escravidão e alienação?
¨ O autor do texto que nos é proposto convida o Povo a cumprir as leis e os
mandamentos que Deus propõe; e garante que as propostas de Deus são o
caminho seguro para a felicidade e para a realização plena do homem. Os
mandamentos não são propostas destinadas a limitar a nossa liberdade e a
prender-nos a um deus ciumento e castrador; mas são sugestões de um Deus que
nos ama, que quer a nossa felicidade e realização plena e que, no respeito
absoluto pela nossa liberdade, não desiste de nos indicar o caminho para a
verdadeira vida.
SALMO RESPONSORIAL – Salmo 32 (33)
Refrão: Feliz o povo que o Senhor escolheu para sua herança.
A palavra do Senhor é reta,
da fidelidade nascem as suas obras.
Ele ama a justiça e a retidão:
a terra está cheia da bondade do Senhor.
A palavra do Senhor criou os céus,
o sopro da sua boca os adornou.
Ele disse e tudo foi feito,
Ele mandou e tudo foi criado.
Os olhos do Senhor estão voltados para os que O temem,
para os que esperam na sua bondade,
para libertar da morte as suas almas
e os alimentar no tempo da fome.
A nossa alma espera o Senhor:
Ele é o nosso amparo e protetor.
Venha sobre nós a vossa bondade,
porque em Vós esperamos, Senhor.
LEITURA II – Romanos 8,14-17
Irmãos:
Todos os que são conduzidos pelo Espírito de Deus
são filhos de Deus.
Vós não recebestes um espírito de escravidão
para recair no temor,
mas o Espírito de adoção filial,
pelo qual exclamamos: «Abba, Pai».
O próprio Espírito dá testemunho,
em união com o nosso espírito,
de que somos filhos de Deus.
Se somos filhos, também somos herdeiros,
herdeiros de Deus e herdeiros com Cristo;
se sofrermos com Ele,
também com ele seremos glorificados.
AMBIENTE
A Carta aos Romanos é um texto sereno e amadurecido, escrito por Paulo por volta do
ano 57/58 e no qual o apóstolo apresenta uma síntese da sua mensagem e da sua
pregação. O pretexto para a carta é um projeto de passagem por Roma, a caminho
da Espanha (cf. Rm 16,23-24): Paulo sente que terminou a sua missão no oriente e
quer anunciar o Evangelho de Jesus no ocidente.
Na verdade, esse projeto de passagem por Roma parece ser, sobretudo, um pretexto
para Paulo se dirigir aos Romanos e para lhes expor as suas idéias acerca da
salvação. Na comunidade cristã de Roma – como, aliás, em quase todas as
comunidades cristãs de então – havia divergências entre cristãos vindos do judaísmo
e cristãos vindos do paganismo acerca do caminho cristão. Para os judeu-cristãos, a
salvação dependia, além da fé em Cristo, da prática da Lei de Moisés; para os
pagão-cristãos, a adesão a Cristo bastava. A uns e a outros, Paulo vai apresentar o
essencial da mensagem cristã… O apóstolo insiste, sobretudo, no fato de a salvação
não ser uma conquista do homem (que resulta dos atos ou dos méritos do homem),
mas um dom do amor de Deus. Na verdade, todos os homens vivem mergulhados no
pecado, pois o pecado é uma realidade universal (cf. Rm 1,18-3,20); mas Deus, na
sua bondade, a todos “justifica” e salva (cf. Rm 3,1-5,11); e essa salvação é oferecida
por Deus ao homem através de Jesus Cristo; ao homem, resta aderir a essa proposta
de salvação, na fé (cf. Rm 5,12-8,39).
O texto que hoje nos é proposto faz parte de um capítulo em que Paulo reflete sobre
a vida nova que Deus oferece ao batizado e que Paulo chama “a vida no Espírito”. O
pensamento teológico de Paulo atinge, neste capítulo, um dos seus pontos
culminantes, pois todos os grandes temas paulinos (o projeto salvador de Deus em
favor dos homens; a ação libertadora de Cristo, através da sua vida de doação, da
sua morte e da sua ressurreição; a nova vida que faz dos crentes Homens Novos e os
torna filhos de Deus) se cruzam aqui.
Paulo procura, de forma especial, mostrar que os cristãos, libertos da Lei, do pecado e
da morte por Jesus Cristo, deixaram a vida velha da “carne” (que é viver em oposição
a Deus, numa vida da egoísmo, de auto-suficiência, de orgulho, de fechamento) para
viverem a vida nova do Espírito (que é viver em relação com Deus, escutando as suas
propostas e sugestões, na obediência aos projetos de Deus e na doação da própria
vida aos irmãos).
MENSAGEM
O crente que acolhe a proposta de salvação que Deus faz em Jesus vive “no Espírito”.
Aceitar essa proposta de vida é aceitar uma vida de relação e de comunhão com
Deus. Nessa relação, o crente é alimentado com a vida de Deus.
Os que aceitam receber a vida de Deus e vivem “no Espírito” são “filhos de Deus”:
Deus é, para eles, um Pai que continuamente os cria e lhes dá vida. A partir de então,
os crentes integram a “família de Deus”. Não são escravos que vivem no medo de um
patrão ciumento e exigente (como era a Lei de Moisés); mas são “filhos” queridos, que
Deus ama com amor infinito. Ao dirigirem-se a Deus, os crentes podem usar, com
propriedade, a palavra “abba” (a palavra com que, familiarmente, as crianças se
dirigem ao pai e que pode traduzir-se como “papá”) – expressão de intimidade filial,
que define uma relação marcada pelo amor, pela familiaridade, pela confiança, pela
ternura.
A condição de “filhos” equipara os crentes com Cristo. Eles tornam-se, assim,
“herdeiros de Deus e herdeiros com Cristo”. Qual é essa “herança” que lhes está
reservada? É a vida plena e definitiva, que Deus oferece àqueles que aceitaram a
proposta de Cristo e percorreram com Ele o caminho do amor, da doação, da entrega
da vida.
O nosso Deus é, de acordo com a catequese de Paulo, o Deus da relação, apostado
em vir ao encontro dos homens, em oferecer-lhes vida, em integrá-los na sua família,
em amá-los com amor de Pai, em torná-los herdeiros da vida plena e definitiva.
ATUALIZAÇÃO
¨ Mais uma vez a Palavra que nos é proposta reafirma esta realidade: o Deus em
quem acreditamos não é um Deus distante e inacessível, que Se demitiu do seu
papel de criador e que assiste com indiferença e impassibilidade aos dramas dos
homens; mas é um Deus que acompanha com paixão a caminhada da
humanidade e que não desiste de oferecer aos homens a vida plena e verdadeira.
Há, ao longo da nossa caminhada pela vida, momentos de solidão e de desespero,
em que procuramos Deus e não conseguimos descortinar a sua presença; mas,
sobretudo nesses momentos dramáticos, é preciso não esquecer que Deus nunca
desiste dos seus filhos e que nenhum de nós Lhe é indiferente.
¨ À oferta de vida que Deus faz, o homem pode responder positiva ou
negativamente. Se o homem preferir recusar a vida que Deus oferece e trilhar
caminhos de egoísmo, de orgulho e de auto-suficiência, está a rejeitar a
possibilidade de aceder à vida plena e verdadeira; se o homem estiver disponível
para acolher a salvação que Deus oferece em Jesus, torna-se herdeiro da vida
eterna. Em que situação é que eu me coloco, diante dos dons de Deus?
¨ Os membros da comunidade cristã, que pelo Batismo aderiram ao projeto de
salvação que Deus apresentou aos homens em Jesus e cuja caminhada é
animada pelo Espírito, integram a família de Deus. O fim último da nossa
caminhada é a pertença à família trinitária.
¨ Esta “vocação” deve expressar-se na nossa vida comunitária. A nossa relação com
os irmãos deve refletir o amor, a ternura, a misericórdia, a bondade, o perdão, o
serviço, que são as consequências práticas do nosso compromisso com a
comunidade trinitária. É isso que acontece? As nossas relações comunitárias
refletem esse amor que é a marca da “família de Deus”?
ALELUIA – Ap 1,8
Aleluia. Aleluia.
Glória ao Pai e ao Filho e ao Espírito Santo,
ao Deus que é, que era e que há de vir.
EVANGELHO – Mt 28,16-20
Naquele tempo, os onze discípulos partiram para a Galileia,
em direção ao monte que Jesus lhes indicara.
Quando O viram, adoraram-n’O;
mas alguns ainda duvidaram.
Jesus aproximou-Se e disse-lhes:
«Todo o poder Me foi dado no Céu e na terra.
Ide e fazei discípulos de todas as nações,
batizando-as em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo,
ensinando-as a cumprir tudo o que vos mandei.
Eu estou sempre convosco até ao fim dos tempos».
AMBIENTE
O texto situa-nos na Galileia, após a ressurreição de Jesus (embora não se diga se é
muito ou pouco tempo após a descoberta do túmulo vazio – cf. Mt 28,1-15). De acordo
com Mateus, Jesus, pouco antes de ser preso, havia marcado encontro com os
discípulos na Galileia (cf. Mt 26,32); na manhã da Páscoa, os anjos que apareceram
às mulheres no sepulcro (cf. Mt 28,7) e o próprio Jesus, vivo e ressuscitado (cf. Mt
28,10), renovam o convite para que os discípulos se dirijam à Galileia, a fim de lá
encontrar o Senhor.
A Galileia – região setentrional da Palestina – era uma região próspera e bem
povoada, de solo fértil e bem cultivado. A sua situação geográfica fazia desta região o
ponto de encontro de muitos povos; por isso, um número importante de pagãos fazia
parte da sua população. A coabitação de populações pagãs e judias fazia, certamente,
com que os judeus da Galileia vivessem a religião de uma maneira diferente dos
judeus de Jerusalém e da Judeia: a presença diária dos pagãos conduzia,
provavelmente, os galileus a suavizar a sua prática da Lei e a interpretar mais
amplamente as regras que se referiam, por exemplo, às impurezas rituais contraídas
pelo contacto com os não judeus. No entanto, isto fazia com que os judeus de
Jerusalém desprezassem os judeus da Galileia e considerassem que da Galileia “não
podia sair nada de bom”.
No entanto, foi na Galileia que Jesus viveu quase toda a sua vida. Foi também na
Galileia que Ele começou a anunciar o Evangelho do “Reino” e que começou a reunir
à sua volta um grupo de discípulos (cf. Mt 4,12-22). Para Mateus, esse fato sugere
que a o anúncio libertador de Jesus tem uma dimensão universal: destina-se a judeus
e pagãos.
Mateus situa este encontro final entre Jesus ressuscitado e os discípulos, num “monte
que Jesus lhes indicara”. Trata-se, no entanto, de uma montanha da Galileia que é
impossível identificar geograficamente, mas que talvez Mateus ligue com a montanha
da tentação (cf. Mt 4,8) e com a montanha da transfiguração (cf. Mt 17,1). De qualquer
forma, o “monte” é sempre, no Antigo Testamento, o lugar onde Deus se revela aos
homens.
MENSAGEM
O texto que descreve o encontro final entre Jesus e os discípulos divide-se em duas
partes.
Na primeira (vers. 16-18), descreve-se o encontro. Jesus, vivo e ressuscitado, revelasse
aos discípulos; e os discípulos reconhecem-n’O como “o Senhor” e adoram-n’O.
Depois de descrever a adoração, Mateus acrescenta uma expressão que alguns
traduzem como “alguns ainda duvidaram” e outros como “eles que tinham duvidado”
(gramaticalmente, ambas as traduções são possíveis). No primeiro caso, a expressão
significaria que a fé não é uma certeza científica e que não exclui a dúvida; no
segundo caso, a expressão aludiria a essa dúvida constante dos discípulos – expressa
em vários momentos, ao longo da caminhada para Jerusalém – e que aqui perde
qualquer razão de ser.
Ao reconhecimento e à adoração dos discípulos, segue-se uma manifestação do
mistério de Jesus, que reflete a fé da comunidade de Mateus: Jesus é o “Kyrios”, que
possui todo o poder sobre o mundo e sobre a história; Jesus é “o mestre”, cujo
ensinamento será sempre uma referência para os discípulos; Jesus é o “Deus conosco”,
que acompanhará, a par e passo, a caminhada dos discípulos pela
história.
Na segunda (vers. 19-20), Mateus descreve o envio dos discípulos em missão pelo
mundo. A Igreja de Jesus é, essencialmente, uma comunidade missionária, cuja
missão é testemunhar no mundo a proposta de salvação e de libertação que Jesus
veio trazer aos homens e que deixou nas mãos e no coração dos discípulos. A
primeira nota do envio e do mandato que Jesus dá aos discípulos é a da
universalidade… A missão dos discípulos destina-se a “todas as nações”.
A segunda nota dá conta das duas fases da iniciação cristã, conhecidas da
comunidade de Mateus: o ensino e o batismo. Começava-se pela catequese, cujo
conteúdo eram as palavras e os gestos de Jesus (o discípulo começava sempre pelo
catecumenato, que lhe dava as bases da proposta de Jesus). Quando os discípulos
estavam informados da proposta de Jesus, vinha o batismo – que selava a íntima
vinculação do discípulo com o Pai, o Filho e o Espírito Santo (era a adesão à proposta
anteriormente feita).
Uma última nota: Jesus estará sempre com os discípulos, “até ao fim dos tempos”.
Esta afirmação expressa a convicção – que todos os crentes da comunidade mateana
possuíam – que Jesus ressuscitado estará sempre com a sua Igreja, acompanhando a
comunidade dos discípulos na sua marcha pela história, ajudando-a a superar as
crises e as dificuldades da caminhada.
ATUALIZAÇÃO
¨ Este texto evangélico foi escolhido para o dia da Santíssima Trindade, pois nele
aparece uma fórmula trinitária usada no batismo cristão (“em nome do Pai, do
Filho e do Espírito Santo”). O nosso texto sugere, antes de mais, que ser batizado
é estabelecer uma relação pessoal com a comunidade trinitária… No dia em que
fomos batizados, comprometemo-nos com Jesus e vinculamo-nos com a
comunidade do Pai, do Filho e do Espírito Santo. A minha vida tem sido coerente
com esse compromisso?
¨ Quem acolheu o convite de Deus (apresentado em Jesus) para integrar a
comunidade trinitária, torna-se testemunha, no meio dos homens, dessa vida nova
que Deus oferece. O papel dos discípulos é continuar a missão de Jesus,
testemunhar o amor de Deus pelos homens e convidar os homens a integrar a
família de Deus. Os irmãos com quem nos cruzamos pelos caminhos da vida
recebem essa mensagem? As nossas palavras e os nossos gestos testemunham
esse amor com que Deus ama todos os homens? As nossas comunidades são a
imagem viva da família de Deus e apresentam um convite credível e convincente
aos homens para que integrem a comunidade do Pai, do Filho e do Espírito Santo?
¨ A missão que Jesus confiou aos discípulos – introduzir todos os homens na família
de Deus – é uma missão universal: as fronteiras, as raças, a diversidade de
culturas, não podem ser obstáculo para a presença da proposta libertadora de
Jesus no mundo. Todos os homens e mulheres, sem exceção, têm lugar na
família de Deus. Tenho consciência de que Jesus me envia a todos os homens –
sem distinção de raças, de etnias, de diferenças religiosas, sociais ou econômicas
– a anunciar-lhes o amor de Deus e a convocá-los para integrar a comunidade
trinitária? Tenho consciência de que sou chamado a apresentar a todos os homens
– mesmo àqueles que habitam no outro lado do mundo – o convite para integrar a
família de Deus?
¨ Num mundo onde Deus nem sempre faz parte dos planos e das preocupações dos
homens, testemunhar o amor de Deus e apresentar aos homens o convite para
integrar a família de Deus é um enorme desafio. O confronto com o mundo gera
muitas vezes, nos discípulos, desilusão, sofrimento, frustração… Nos momentos
de decepção e de desilusão convém, no entanto, recordar as palavras de Jesus:
 “Eu estarei convosco até ao fim dos tempos”. Esta certeza deve alimentar a
coragem com que testemunhamos aquilo em que acreditamos.
¨ A celebração da Solenidade da Trindade não pode ser a tentativa de compreender
e decifrar essa estranha charada de “um em três”. Mas deve ser, sobretudo, a
contemplação de um Deus que é amor e que é, portanto, comunidade. Dizer que
há três pessoas em Deus, como há três pessoas numa família – pai, mãe e filho –
é afirmar três deuses e é negar a fé; inversamente, dizer que o Pai, o Filho e o
Espírito são três formas diferentes de apresentar o mesmo Deus, como três
fotografias do mesmo rosto, é negar a distinção das três pessoas e é também
negar a fé. A natureza divina de um Deus amor, de um Deus família, de um Deus
comunidade, expressa-se na nossa linguagem imperfeita das três pessoas. O
Deus família torna-Se trindade de pessoas distintas, porém unidas. Chegados
aqui, temos de parar, porque a nossa linguagem finita e humana não consegue
“dizer” o indizível, não consegue definir cabalmente o mistério de Deus.
ALGUMAS SUGESTÕES PRÁTICAS
PARA A SOLENIDADE DA SANTÍSSIMA TRINDADE
1. A PALAVRA MEDITADA AO LONGO DA SEMANA.
Ao longo dos dias da semana anterior à Solenidade da Santíssima Trindade, procurar
meditar a Palavra de Deus deste domingo. Meditá-la pessoalmente, uma leitura em
cada dia, por exemplo… Escolher um dia da semana para a meditação comunitária da
Palavra: num grupo da paróquia, num grupo de padres, num grupo de movimentos
eclesiais, numa comunidade religiosa… Aproveitar, sobretudo, a semana para viver
em pleno a Palavra de Deus…
2. BILHETE DE EVANGELHO.
Se na montanha da Galileia alguns dos onze tiveram dúvidas, é talvez porque eles
pensavam tomar a iniciativa do encontro com o Ressuscitado, só contavam com eles
para acreditar: a sua inteligência procurava compreender, os seus olhos queriam ver,
as suas mãos procuravam tocar, o seu coração desejava amar, mas não esqueciam
então que era o Ressuscitado que tinha a iniciativa? Então Jesus assegura-lhes, é Ele
que os envia: “Ide!” É em nome de Deus Pai, Filho e Espírito que deverão batizar; e
os mandamentos que farão observar são os mesmos que o próprio Jesus lhes deu.
Enfim, Jesus não reprova as suas dúvidas, apenas lhes assegura: “Eu estou sempre
convosco até ao fim dos tempos”. Duvidar, não será falta de confiança? Ter medo, não
será esquecer uma presença?
3. À ESCUTA DA PALAVRA.
Trindade, Movimento de Amor! Um mais um igual a um! As matemáticas divinas não
obedecem à nossa lógica! Para além da expressão um pouco técnico da palavra, a fé
na Trindade é o coração absoluto do cristianismo. Está na concepção mais
fundamental que temos de Deus. Quando São Mateus escreve: “Batizai-os em nome
do Pai e do Filho e do Espírito Santo”, utiliza uma antiga fórmula batismal muito
precisa. Trata-se de ser mergulhado, imerso num movimento, aquele que diz o próprio
Nome de um Deus que é Pai, Filho e Espírito. São João diz também, no final do seu
prólogo, que “o Filho único está no seio do Pai”. Longe de ficar estático, “instalado”, o
Filho só encontra a verdade última do seu ser na medida em que está ligado ao Pai
por um movimento de amor. Com efeito, a grande revelação que Cristo veio trazer, é
que “Deus é Amor”. O Ser de Deus é o Amor em estado puro, mais precisamente
ainda, é amar. Deus nada pode fazer senão amar. Ora, o amor não existe se não for
movimento, reciprocidade, dom e acolhimento. Deus, Aquele que Jesus chama
“Abba”, “papá”, só pode existir como fonte de amor. Ele não se pode definir
unicamente como o “Ser Supremo”. O Pai é a fonte que Se dá, eternamente,
gratuitamente. O Filho surge deste dom como a perfeita Imagem do Pai. Quanto ao
Espírito, Ele é este mesmo Movimento de Amor que liga eternamente o Pai e o Filho.
O Espírito é o “peso” que, brotando do Coração do Pai, O faz “abanar” no dom total de
Si mesmo ao Filho. Isto só se pode aceitar na fé, proclamando um Deus que só é
Amor e nada mais. É neste Movimento que são mergulhados os batizados. A vida
dos cristãos não é uma realidade estática, nem simples conformidade aos
mandamentos. É movimento de amor, aberto aos outros, no próprio movimento de
amor que é Deus. “Assim como Eu vos amei, amai-vos uns aos outros”.
4. PARA A SEMANA QUE SE SEGUE…
Ver em cada um… Não é preciso questionarmo-nos muito tempo sobre como fazer
para amar os outros… Basta ver Jesus em todo o ser humano, junto de cada um, e
saber que o Reino se constrói nos gestos humildes de hoje!

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