Introdução a Teologia



INTRODUÇÃO À TEOLOGIA

1.      INTRODUÇÃO À TEOLOGIA
O estudo da Teologia visa o aprofundamento da fé para enriquecê-la, e da revelação de Deus para nos fortalecer em nossa caminhada de comunidade. Assim, falamos de Deus, do ser humano e do mundo. Deus que se revela a humanidade. Neste sentido, a Teologia engloba tudo aquilo que diz respeito à ação de Deus na história humana e, por isso, deve perpassar a nossa vida e o nosso ser cristão: estudar, viver e celebrar.      

1.1. A Grandeza da Teologia
O estudo da Teologia está intimamente ligado à dinâmica da fé. Portanto, para se fazer um estudo eficaz de Teologia é necessário ter fé e pertencer a uma comunidade, porque é nela que Deus se revela.
Vejamos a partir da Bíblia: no Antigo Testamento Deus se revela ao seu povo (grupo, comunidade) por meio de palavras e de atos. Já Novo Testamento esta revelação se dá mediante a pessoa de Jesus Cristo que revela o ser de Deus na realidade humana. A Palavra de Deus se fez carne e habitou em nosso meio.[2] O que Deus tinha a nos dizer Ele O disse e continua a nos comunicar através de Seu Filho. Jesus revela para a comunidade humana o amor de Deus. O divino se encarna no humano para nos enriquecer com sua graça.
A beleza da Teologia está em aprofundarmos o amor Deus que se revela em nosso meio. Nós apenas compreendemos a grandiosidade deste amor a partir do mundo humano. Deus transcende qualquer realidade humana. Neste sentido, afirma Rubem Alves: “[...] Começaria por informar meus leitores de que teologia é [...] algo que se faz por puro prazer, sabendo que Deus está muito além de nossas tramas verbais. Teologia não é rede que se teça para apanhar Deus em suas malhas, porque Deus não é peixe, mas Vento que não se pode segurar [...] Teologia é rede que tecemos para nós mesmos, para nela deitar nosso corpo. Ela não vale pela verdade que possa dizer sobre Deus (seria necessário que fôssemos deuses para verificar tal verdade); ela vale pelo bem que faz à nossa carne.”[3]
Podemos também empregar a bela expressão do teólogo Gustavo Gutierrez: “A poesia é a melhor linguagem do amor. Deus é amor. A melhor linguagem para falar de Deus é a poesia. Uma linguagem profunda que vê o mundo e vê a relação a partir da dimensão e da profundidade que o conceito não oferece. Mesmo que não escrevamos poesia, a teologia deve ser sempre uma carta de amor a Deus, à Igreja e ao povo a quem servimos.”[4]
A melhor Teologia se expressa através do amor. Somente amando que poderemos vivenciar a experiência de Deus em nossa vida, porque Deus é amor. Assim, afirma São João: “Amados, amemo-nos uns aos outros, pois o amor vem de Deus e todo aquele que ama nasceu de Deus e conhece a Deus. Aquele que não ama não conhece a Deus, porque Deus é amor.”[5]
Para exemplificar vejamos o exemplo apresentado por Libânio e Murad: “Certa vez Frei Egídio, homem muito simples e piedoso, assim falou ao Ministro Geral, Frei Boaventura (+1274), um dos maiores teólogos da Igreja:
  Meu Pai, Deus lhe Deus muitos dotes. Eu, pessoalmente, não recebi grandes talentos. O que devemos nós, ignorantes e tolos, fazer para ser salvos? O douto e santo Frei Boaventura lhe ensinou: Se Deus não desse ao homem nenhuma outra capacidade senão a de amar, isto lhe bastaria para se salvar.
Quer dizer que um ignorante pode amar a Deus tanto quanto um sábio? – perguntou Frei Egídio, tentando entender.
Mesmo uma velhinha muito ignorante – disse-lhe com ternura o grande teólogo – pode amar a Deus mais do que um professor de teologia.
Dando pulos de alegria, Frei Egídio correu para a sacada do convento e começou a gritar: Ó velhinha, ignorante e bronca, tu que amas a Deus Nosso Senhor, pode amá-lo mais do que o grande teólogo Frei Boaventura.
E, comovido, ficou ali, imóvel, por três horas.[6]

1.2. Termos importantes na Teologia:
DEUS – IHWH – A existência de Deus não era um problema para o povo do Antigo Testamento. Não era necessária nenhuma discussão ou demonstração a este respeito. Israel compartilha a experiência do Deus libertador com outros povos. A identidade divina distinguia Israel das outras nações. No hebraico temos os termos ’EL (Deus), ’Elohim (Deus), ’Eloah (deuses, Deus). EL destaca a grandeza e a superioridade de Deus em relação a todos os outros deuses. No AT empregavam o tetragrama IHWH – Javé, Iavé ou Senhor – que não era pronunciado. Esta expressão indica o caráter pessoal de Deus.
A melhor compreensão que podemos ter de Deus se dá mediante a sua atuação na história. Deus é o criador do universo. Ele chama Abraão e faz com ele uma aliança prometendo terra, geração e bênção (Gn 12, 1-3). Depois se apresenta a Moisés e se dá a conhecer na passagem da sarça ardente. O próprio Deus diz: “Eu sou aquele que é” (Ex 3, 14). Assim Deus É o que É. Deus é o único verdadeiramente existente. Ele transcende a nossa realidade e permanece mistério para o ser humano. É ele quem age na história humana e a direciona a um fim (Ex 2, 23-24). Já no Novo Testamento Jesus nos revela o Pai: “Quem me vê, vê o Pai.” (Jo 14, 9). Suas atitudes demonstram o amor e a misericórdia de Deus por seu povo. Deus na pessoa de Jesus realiza o seu projeto de libertação. Jesus Cristo é a PALAVRA de Deus que se encarna em nosso meio para nos trazer a salvação (Jo 1,  1-14). Mais adiante na oração de Jesus ele revela a sua unidade com o Pai e o Seu propósito de nos transmitir tudo o que o Pai queria nos revelar:“Manifestei o teu nome aos homens que do mundo me deste. Eram teus e os deste a mim e eles guardaram tua palavra. Agora reconheceram que tudo quanto me deste vem de ti. Porque as palavras que me deste eu as dei a eles, e eles as acolheram e reconheceram verdadeiramente que saí de junto de ti e creram que tu me enviaste [...] Eu lhes dei a conhecer o teu nome e lhes darei a conhecê-lo, a fim de que o amor com que me amaste esteja neles e eu neles.” (Jo 17, 6-8.26). Jesus é Deus e revela a grandiosidade deste amor em nosso meio.
Esta reflexão nos situa melhor no que vem expressar o nome Deus. As vezes quando alguém nos pergunta sobre Deus não sabemos por onde começar a responder: Quem é DEUS? Deus é amor, misericórdia, bondade... Todos os atributos a Deus não expressam o seu ser em profundidade porque partem de nossa realidade humana. Falamos de Deus a partir de nossa condição humana. Deus transcende qualquer realidade humana.
Por fim, vejamos a bela expressão de Santo Agostinho acerca do Deus Trino (Trindade): “Se vês o amor, vês a trindade: Pois o amante, o amado e o amor, são três”.[7]
FÉ – Significa confiar, acreditar. É dom, bondade e pura expressão de amor. Provém da raiz latina fidere – confiar. Expressa a nossa confiança em Deus. A fé refere-se à acolhida do mistério de salvação apresentado por Deus. A fé nos lança na esperança do horizonte salvífico de Deus. Acreditar na Boa Nova do Reino de Deus que acontece já no hoje da história. Um texto que reflete bastante sobre a fé é Hb 11. O que significa ser uma pessoa de fé? Em que a fé contribuiu e contribui na construção do Reino de Deus?
TRANCENDENCIA – Significa ir além. Deus transcende a realidade humana. Isto significa que Ele não é limitado, mas que vai além de toda a nossa capacidade de compreensão. Escapa de nossa realidade imanente (terrena). Ex.: Uma rosa doada com carinho a uma pessoa querida. Nela vai junto toda uma realidade que transcende, e que, por palavras não teríamos como expressar tudo o que depositamos nela. Aqui está a diferença da rosa em si (imanente) e daquilo que depositamos na rosa: amor, carinho, afeto (transcende, vai além).
REINO DE DEUS – O anúncio do Reino de Deus surge num contexto de opressão e dominação da palestina no primeiro século. O Reino de Deus faz parte da mensagem central de Jesus e de sua pregação. O povo esperava um rei messiânico que dominasse todos os Reis da época e reinasse com poder. Jesus mostra que o Reino de Deus se constrói a partir do amor, da justiça e da libertação integral da pessoa humana. Somos chamados a trabalhar na construção do Reino de Deus já no momento presente de nossa história de vida cristã.
No que diz respeito ao Reino de Deus o Evangelho de João em certo momento afirma: “Interrogado pelos fariseus sobre quando chegaria o Reino de Deus, Jesus respondeu-lhes: ‘A vinda do Reino de Deus não é observável. Ninguém poderá dizer: 'Ei-lo aqui! Ei-lo ali', pois eis que o Reino de Deus está no meio de vós.” (Jo 17,20) O Reino de Deus que já acontece mediante a sua ação de libertar as pessoas. Já em outro momento ele diz em Jo 18, 36: “Meu reino não é deste mundo. Se meu reino fosse deste mundo, meus súditos teriam combatido para que eu não fosse entregue aos judeus. Mas meu reino não é daqui”.
Como entender quando Jesus fala que o Reino já está acontecendo e em outro momento diz que o seu Reino não é deste mundo? Nesta última passagem Jesus está falando com Pilatos e com esta expressão ele diz que o seu Reino não é deste mundo (do poder) que oprime e mata as pessoas. O seu Reino se realiza mediante a prática do amor e da libertação integral da pessoa de tudo aquilo que escraviza.  
IGREJA (Povo de Deus) – O termo Igreja designa originalmente o sentido de reunião de pessoas, assembléia.No grego ekklesia e no latim ecclesia: "Eclésia". Esta palavra de origem grega foi a escolhida para traduzir o que designava a assembléia geral do "povo do deserto". Assim, a palavra Igreja significa a assembléia dos chamados (Povo de Deus).

1.3. Em que a Teologia ajuda na vida das pessoas?
A Teologia é um estudo organizado sobre Deus e sobre tudo aquilo que Lhe diz respeito. Ela nasce da experiência histórica feita por um grupo de pessoas, que a partir da Fé, notam suas vidas transformadas em seu modo de agir e de pensar na sociedade onde vivem.
Assim, a Teologia é a “inteligência da fé” (tentativa de estudar e compreender a fé), na busca de aprofundar o sentido das coisas e da história em Deus (ouvir e responder) sendo fiel à proposta do Reino de Deus. Neste sentido, a Bíblia (especialmente o Segundo Testamento), é para nós a fonte da Teologia.
A Teologia se constrói no tempo e no espaço. Portanto, ela deve estar inserida na realidade da vida e procurar dar uma resposta coerente aos desafios atuais da nossa sociedade, no que diz respeito às seguintes questões:
ÄEclesial e religiosa – A Teologia nos possibilita entender o que vem a ser esta Igreja Povo de Deus e nossa missão no mundo.
§             A Teologia é um estudo que perpassa a própria religião.
§             Ela não é patrimônio de uma religião específica.
§             As religiões são caminhos que nos levam a Deus.
Ä Política – Diz respeito à arte de governar uma cidade
§             A busca do bem comum
§             Uma política de participação
Ä Econômica – Diz respeito à lei da sobrevivência, por isso deve atender as leis básicas da vida.
ÄÉtica – Defesa da vida: teórica, moral e prática. A ética evangélica nos impulsiona a trabalhar com os pobres. Não é questão de gostar, é um imperativo evangélico.
Ä Antropológica – a Teologia é a ciência que estuda o sentido da vida.
§             Ajudar o ser humano a se situar no seu lugar.
§             Qual é a vocação humana?
§             O que é o ser humano?

2.  SIGNIFICADO DO TERMO TEOLOGIA
2.1. Três grandes fases da Teologia
Padres (Início da Igreja) – Teologia como espiritualidade e sabedoria. Fazia-se o confronto da palavra revelada com as diferentes realidades de vida. A Teologia era uma atividade pastoral dos bispos. O lugar teológico era de preferência a pastoral
Escolásticos (Idade Média) – Teologia como racionalidade da fé. A Teologia tendo como referência grandes filósofos (Aristóteles) foi organizada pelos grandes mestres da Idade Média. O lugar teológico passa a ser a cátedra universitária.
Contemporâneos (tempos atuais) – a Teologia é entendida como reflexão prática da Igreja e da sociedade. Uma reflexão prática da boa nova do reino na realidade social, para que esta boa nova seja traduzida na história. O lugar de elaboração desta Teologia são as comunidades e grupos comprometidos.
Toda Teologia deve brotar de uma espiritualidade e levar a uma sabedoria, principalmente dar razão de nossa esperança (1Pd 3,15) e suscitar o amor e a solidariedade que conduzam ao compromisso transformador da história.
A missão do magistério (ensinamento da Igreja) deve ser testemunhar e garantir a fé. Os Teólogos são os mestres da inteligência (estudar) da fé. Já o papa e os bispos são mestres (ensinar) da fé.

2.2. Significados do termo Teologia
a) Teologia como reflexão crítica e sistemática (organizada) da fé, vivenciada nas comunidades dos fiéis.
b) Sentido bíblico – significa conhecer o que se experimenta na fé.
c)  Condições para estudar Teologia: ter fé – crer naquilo que quer. A fé se dá na comunidade. A fé não deve estar fora deste contexto. Buscar também o diálogo com outras ciências.
d) Importância da comunidade eclesial na elaboração teológica – Experiência de um Deus que se dá a conhecer. A experiência teológica deve estar inserida na comunidade.
e) O termo mais empregado para compreender a Teologia é fides quarens intellectum (fé que procura, ama saber sobre Deus). Teologia é um estudo “sistematizado” da experiência de Deus na existência humana. Por isso não se trata só de estudo, mas também de vivência comunitária.

2.3. Linguagem e produção teológica
ü Verbal – emissão de palavras
ü Gestual – por gestos
    
2.3.1. Produção teológica: popular, pastoral e acadêmica
Modo popular
Teologia – saber que reflete a fé
F Teologia oral e simbólica do povo. Produzida pelo povo nas comunidades.
                 ü uma linguagem fundamentalmente: oral – gestos – cartazes – encenações
                 ü leitura popular da Bíblia, Grupos de Reflexão
                 ü religiosidade popular – expressões espontâneas
    
Modo Pastoral
Sujeito teológico – bispos, padres, seminaristas e agentes de pastoral.
F Forma – oral e escrita
     F Preocupação pastoral libertadora
     F Método – ver-julgar (iluminar)-agir
    
Modo Profissional
Sujeito – Teólogos profissionais, professores, pesquisadores e assessores.
     F Linguagem – oral e escrita
     F Rigorosidade e metodologia científica
     F Objetivo – sistematizar rigorosa e metodicamente os conteúdos da fé
Pontos de destaque:
F Etimologicamente Teologia quer dizer: discurso, saber ou ciência de Deus ou sobre Ele. No cento está Deus como referencial principal de estudo. A Teologia é uma reflexão aprofundada de Deus e de nossa fé.
F A Teologia é marcada pelo diálogo entre o ser humano e Deus na comunidade.
F A Teologia é feita para anunciar o Evangelho, a serviço da Igreja e da comunidade.
F Mesmo que não escrevamos poesia, a teologia deve ser sempre uma carta de amor a Deus, à Igreja e ao povo a quem servimos (Gustavo Gutiérrez).
FA fé da família e da catequese pede aprofundamento.                                                                                                 
3. A REVELACÃO
Revelação vem do latim re-velare e significa descobrir algo, tirar o véu.
No AT se entende por Revelação a PALAVRA (dabar) de Deus dirigida a Israel através da historia. Ela está carregada de dinamicidade e pede obediência, levando o ser humano à ação.
O ponto central da revelação é a Aliança, na qual se converte na Palavra de Deus por excelência. Portanto, a revelação é a manifestação livre de Deus ao ser humano e a historia; manifestação gratuita e nova que convida a pessoa à fé.
Podemos aprofundar o significado da Revelação entendendo-a como palavra, encontro e presença nova e especial de Deus no mundo:
a) Enquanto Palavra – Revelação é a ação pelo qual uma pessoa vai ao encontro da outra tendo em vista a comunicação. Por isso, possui três aspectos: tem conteúdo, é interpelação (provoca resposta) e é auto-comunicação (descobre a atitude interna do emissor).
b) Sendo um encontro, exige um EU e um TU; na liberdade e em mútua reciprocidade (compromisso de resposta-diálogo).
c)  O encontro é, finalmente, uma relação de Aliança baseada na eleição (Is 43,1), e na promessa: Deus fala aos homens como a amigos, movido por seu grande amor e faz morada em nosso meio convidando-nos a nos comunicarmos e a estarmos com Ele (DV n.02).
d) Uma comunicação viva, que interpela, requer uma presença. Uma presença encarnada na realidade da vida (GS n. 22).
e) Cristo, "Caminho, Verdade e Vida" (Jo 14.6) é centro e cume da Revelação: Palavra verdadeira, Encontro Deus-homem, Caminho que mostra e nos leva ao Pai.
f)   A revelação de Deus se dá na história da humanidade através de atos e palavras.
g) A centralidade da Revelação está em Cristo. Vejamos na Dei Verbum (n. 4): “Depois de ter falado muitas vezes e de muitos modos pelos profetas, falou-nos Deus nestes nossos dias, que são os últimos, através de seu filho (Hb 1,1-2). Com efeito, enviou seu filho, isto é, o verbo eterno que ilumina todos os homens, para habitar entre os homens e explicar-lhes a vida íntima de Deus (Cf. Jo 1, 1-18). [...] com a presença e a manifestação de toda a sua pessoa, com palavras e obras, sinais e milagres, e sobretudo com a morte e a gloriosa ressurreição, enfim, com a missão do Espírito de verdade, realiza e completa a revelação, e confirma-a com o testemunho divino a saber que Deus está conosco para nos libertar das trevas do pecado e da morte e para nos ressuscitar para a vida eterna.

4. DIVERSAS ÁREAS DA TEOLOGIA
ÀREA DE BÍBLIA – Estudo da Bíblia tendo presente o ambiente em que ela foi escrita e a sua mensagem para as nossas comunidades hoje. Procura aprofundar a mensagem da Boa Nova do Reino de Deus traduzindo-a para a realidade de vida atual do Povo de Deus.
ÁREA DA MORAL – Este é um campo da Teologia que se dedica aos estudos e aprofundamento do comportamento humano em relação a princípios ético-religiosos. Busca dar uma resposta cristã para os desafios de nossa realidade, tais como: aborto, eutanásia, fecundação in vitro... Temas que perpassam a nossa realidade da vida.
ÀREA DE DOGMÁTICA – aprofunda temas importantes da Teologia que dizem respeito à revelação: Trindade, Cristologia, Eclesiologia, Antropologia Teológica, Escatologia, Mariologia etc.
ÁREA DE DIREITO CANÔNICO – Estuda os diferentes campos do Direito que orienta a vida da Igreja. O Direito Canônico diz respeito ao conjunto das normas que orientam a vida na comunidade eclesial. Ele está a serviço da evangelização e da caminhada da Igreja.
ÁREA DE HISTÓRIA DA IGREJA – Estuda a história da Igreja ao decorrer dos tempos e sua presença atual no mundo. Este estudo possibilita compreender a ação relizada pela Igreja em diferentes tempos e que nos orienta em nossa ação evangelizadora do presente. Aquilo que não deu certo é preciso deixar para tráz, e aquilo que foi bom procurar aperfeiçoar ainda mais.
ÁREA DE LITURGIA E ESPIRITUALIDADE – Esta é uma área fundamental da Teologia pois diz respeito a dinâmica celebrativa da Igreja. Portanto não consiste apenas em estudar, mas também em colocar em prática aquilo que se aprende. Estudar para celebrar e viver melhor o Mistério de Deus.
ÁREA PASTORAL (Prática) – Pastoral, religiosidade popular e aconselhamento pastoral.
OUTRAS DISCIPLINAS – Patrística, Ecumenisno, Dialogo Inter-Religioso e Missiologia.
5. PALAVRA, TRADIÇÃO E MAGISTÉRIO
5.1. Palavra humana e Palavra de Deus
ü   Palavra é a ação e a bondade de Deus, interpretada e traduzida em palavras humanas.
ü   Não se trata simplesmente do que encontramos “formalizado” na Escritura.
ü   Supõe a possibilidade de um encontro.
ü   Não se trata de monólogo.
ü   É diálogo e supõe relação de aprendizagem e escuta.
5.2. A Tradição
ü    Possibilita a continuidade da transmissão da fé e da verdade revelada na comunidade.
São elementos da Tradição:
ü  A Bíblia Sagrada
ü  Normas Conciliares (dogmas) – normas dos concílios.
ü  Teologia dos Padres
ü  Decretos Papais - documentos dos papas.
Porém, o papel fundamental da Tradição não é “conservar” o passado, mas transmitir a experiência do Ressuscitado na realidade do hoje da comunidade.
5.3. O Magistério
§  Tem a missão de evangelizar: “A mim foi dado todo poder no céu e na terra. Ide, pois, e ensinai a todas as nações...” (Mt 28, 18-20).
§  Missão de atualizar e zelar pela mensagem.
§  Sucessão dos apóstolos
§  Anúncio do Reino de Deus.
5.4. Sagrada Escritura
ü   É o registro escrito da Palavra de Deus, comunicada mediante a Revelação. Registro que nasce da Fé da Igreja
ü   A Igreja é a comunidade da Nova Aliança, porque nela o Ressuscitado se faz presente e a mantém.
ü   Na Sagrada Escritura, a Palavra de Deus não se exprime diretamente, mas através de formas comunicativas humanas (contos, poesias, profissão de fé, parábolas, narrativas...) Ela é o fundamento da pregação eclesial.

6. A TEOLOGIA LATINO-AMERICANA
A Teologia Latino-americana se preocupa com a realidade dos povos da América Latina. É uma Teologia voltada para a nossa realidade e situada no contexto histórico em que vivemos. Os estudos elaborados visam uma compreensão da vida de fé e do contexto social e político. Trata-se de uma fé que busca estar inserida na realidade da vida
O autor Filho (2008) narra o surgimento desta Teologia da seguinte forma: “Era a década de 1960. A América Latina tomava consciência de sua dependência econômica, política e religiosa. Desencadeava-se um processo de libertação nos diversos segmentos da sociedade. A Igreja, à luz de suas convicções religiosas e inserida nos avanços científicos deste tempo, pesquisava uma nova práxis da fé cristã que fosse fator de transformação e libertação. Exigia-se uma nova prática da mensagem do bem em contraposição a do mal. Surgia um novo tipo de inteligência da fé, uma reflexão sobre os compromissos assumidos pelos cristãos em situação de conflitos sociais. Era a teologia latino-americana que nascia vinculada à história da tirania e da opressão praticada em nome democracia neste continente[8]”.
Esta Teologia tem a missão de identificar-se com os homens e mulheres massacrados e excluídos de todos os benefícios necessários para uma vida digna. Nesta visão de teologia é a libertação de Cristo se realizando em acontecimentos históricos e políticos de libertação. Assim, pode-se notar que não é uma Teologia de gabinete, mas uma Teologia a partir da realidade e dos desafios da vida dos nossos povos.

7. REFERÊNCIAS

EICHER, Peter (org.). Dicionário de Conceitos Fundamentais da Teologia. Trad. João Rezende Costa. São Paulo: Paulus, 1993.
FILHO, Francisco Antônio de Andrade. Teologia latino-americana de libertação em diálogo com a dos conquistadores. Acesso em 12 out 2008: http://www.orecado.org/?p=113
GUILLET, Jacques. Deus Fala ao Homem. Trad. Veloso Vargas. São Paulo; Paulinas, 1998.
LIBANIO, J.B.; MURAD, Afonso. Introdução à Teologia: Perfil, enfoques, tarefas. São Paulo: Loyola, 1996.
MOLTMANN, Jürgen. Trindade e Reino de Deus: uma contribuição para a teologia. Trad. Ivo Martinazzo. Petrópolis; Vozes, 2000.
MCKENZIE, John L. Dicionário Bíblico. Trad. Álvaro cunha et. al. São Paulo: Paulus, 1983.
REISER, William. Para ouvir a Palavra de Deus, escute o mundo! A libertação da espiritualidade. Trad. Bárbara Theoto Lambert. Loyola, 2001.
      Pe. Francisco Clébio Pinheiro 

[1] Bacharel em Teologia pelo Centro de Ensino Superior de Juiz de Fora – CES/JF e padre atuando na paróquia São João Batista de Presidente Médici-RO. Apostila elaborada para fins pastorais.
[2] Jo 1, 14.
[5] I João 4, 7-8
[6] Libânio, J.B; MURAD, Afonso. Introdução a Teologia: perfil, enfoques e tarefas. São Paulo: Loyola, 1996. p. 61.
[7] MOLTMANN, Jürgen. Trindade e Reino de Deus: uma contribuição para a teologia. Trad. Ivo Martinazzo. Petrópolis; Vozes, 2000.
[8] Cf.: Filho, Francisco Antônio de AndradeTeologia latino-americana de libertação em diálogo com a dos conquistadores. http://www.orecado.org/?p=113. Acesso em 12 out 2008

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