Hamartiologia



HAMARTIOLOGIA - O ESTUDO DO PECADO



QUE PECADOS COMBATIA A INQUISIÇÃO CATÓLICA ?
QUAL É O CONCEITO JUDAICO DO PECADO?
(MORRIS KERTZER)
O conceito judaico de pecado se ampliou e transformou através dos séculos. 

Para os antigos hebreus, o pecado consistia na violação de um tabu, uma ofensa contra Deus, pela qual deveria ser oferecido um sacrifício expiatório. 

Gradativamente, com o correr dos anos, este conceito se dilatou. 

O pecado passou a significar a nossa inabilidade em nos conformarmos com nossas plenas potencialidades, o nosso malôgro em cumprir nossos deveres e arcar com as nossas responsabilidades como judeus e como povo de Deus.

Estas “grandes expectativas” provenientes da criação do homem à imagem de Deus, são acentuadas em todos os ensinamentos judaicos. 

Narra certa lenda do Talmud que ao entregar a Torá a Moisés, Deus chamou para testemunhar não apenas os judeus do tempo de Moisés, porém os judeus de todas as gerações futuras. 

Cada judeu, portanto, deve considerar-se como tendo aceito pessoalmente a Lei e os elevados ideais dados a seus pais, como depositários, nas faldas do Sinai. Deixar de pautar a vida por estes altos padrões, constitui pecado.
A tradição judaica distingue entre pecados contra a humanidade e pecados contra Deus.
Os primeiros - transgressões de um homem contra seu próximo - somente podem ser reparados com a obtenção do perdão daquele que foi agravado. 

Orações não podem expiar tais pecados; Deus não intervém para redimir as dívidas do homem para com o seu semelhante.

Os pecados contra Deus se cometem por quem se alheia à sua fé. Estes podem ser expiados pela verdadeira penitência, que em hebraico se exprime pela palavra “retorno”(*), quer dizer, um regresso a Deus e uma reconciliação com Êle. 

Isto só pode ser conseguido por meio de uma análise honesta de nossas almas, um reconhecimento sincero de nossas imperfeições e uma firme resolução de preencher o vácuo entre o credo e o ato.

Fonte: http://colecao.judaismo.tryte.com.br/livro1/l1cap06.php

Apesar dos Cristãos basearem muito da sua fé nas mesmas Escrituras hebraicas que os judeus, há grandes diferenças em suas crenças: 

Os judeus geralmente consideram ações e comportamento como sendo de grande importância; crenças surgem das ações. 

Isso vai de encontro com os Cristãos conservadores para os quais a crença é de grande importância e ações são um resultado daquela crença.

A crença judaica não aceita o conceito cristão do pecado original (a crença de que todas as pessoas herdaram o pecado de Adão e Eva quando eles desobedeceram as instruções de Deus no Jardim do Éden).

O judaismo afirma a bondade inerente do mundo e do seu povo como criações de Deus.

Os seguidores judeus são capazes de santificar suas vidas e se aproximarem de Deus ao cumprir o Mitzvah (mandamentos divinos).

Nenhum salvador é necessário ou disponível como um intermediário.
FONTE: http://www.gotquestions.org/portugues/Judaismo.html

Iom Kipur - Perdão pelos Pecados 
O Iom Kipur é observado no décimo dia do mês hebraico de Tishrei, quando o
destino do indivíduo pelo ano vindouro é, alegoricamente, "selado" no "Livro da Vida". 

Somente os pecados entre o homem e D'us podem ser perdoados no Iom Kipur, e no fim do dia, os fiéis na sinagoga nada podem além de manter esperanças de que foram bem sucedidos e poderão ser perdoados por suas falhas, e que D'us foi realmente atingido por suas preces. 

Pois neste dia o julgamento será feito sobre ti, para limpar-te de todos os seus pecados que podem ser limpos perante D'us.(Lev. 16:30) 

Assim, foi instituído o Iom Kipur - o Dia do Perdão - a única festa judaica não
relacionada a um evento histórico ou conceito agrícola. 

Os outros dias santos possuem um significado nacional possível de ser identificado até mesmo por
judeus seculares. Iom Kipur, entretanto, lida exclusivamente com as relações do homem com D'us e com seus semelhantes, e envolve muito 'contato' com D'us. Os dias imediatamente anteriores ao Dia do Perdão devem ser usados para que o homem peça perdão e faça as devidas restituições aqueles com quem este tenha falhado ao longo do ano.

A Natureza do Pecado 
Em hebraico, há mais de 20 palavras diferentes relativas a "pecado," cada uma com uma conotação única, e aplicável somente em condições bem específicas.
A termo rabínico mais comum para pecado é "averá" da raiz "avar" - "sobrepassar" e interpretada como uma perda do favor divino. 

Os judeus acreditam que o pecado é causado por uma inclinação para o mau (yetzer ha'rá), uma força que nos faz agir irresponsavelmente e sem medir as conseqüências.

Livre Arbítrio 
É um princípio básico do Judaísmo, desde o primeiro acontecimento no Gênesis, no qual Adão e Eva têm a opção de aceitar ou rejeitar o mandamento de D'us. 

O grande estudioso Judeu da Idade Média, Maimonides escreveu: 

"Todo homem tem potencial se de se tornar tão justo como Moisés, nosso professor, ou tão amaldiçoado como Jeroboão; sábio ou estúpido; bondoso ou cruel; miserável ou generoso..."(Yad, Teshuva 5) 

Isto contradiz uma popular expressão em Yidish, que diz deposita todos os acontecimentos da vida como "beshert" ou predestinados. 

O Judaísmo ensina que somos todos capazes de dirigir nossas próprias vidas, de escolher o caminho da retitude, ou seu oposto, o caminho do pecado.

O PECADO EM VÁRIAS PERSPECTIVAS:
A palavra Pecado é um termo comumente utilizado em contexto religioso, descrevendo qualquer desobediência á vontade de um Deus ou de vários Deuses; em especial, qualquer desconsideração deliberada das Leis Divinas. 
No hebraico e no grego comum, as formas verbais (em hebr. hhatá; em gr. hamartáno) significam "errar", no sentido de errar ou não atingir um alvo, ideal ou padrão.
Em latim, o termo é vertido por peccátu.

Perspectiva Judaica
O Judaísmo considera a violação de um mandamento divino como um pecado.
O judaísmo ensina que o pecado é um ato e não um estado do ser.
A Humanidade encontra-se num estado de inclinação para fazer o mal (Gen 8:21) e de incapacidade para escolher o Bem em vez do Mal (Salmo 37:27).
O Judaísmo usa o termo "pecado" para incluir violações da Lei Judaica que não são necessariamente uma falta moral.
De acordo com a Enciclopédia Judaica, "O Homem é responsável pelo pecado porque é dotado de uma vontade livre ("behirah"); contudo, Ele tem uma natureza fraca e uma tendência para o Mal: "Pois o coração do Homem é mau desde a sua juventude" (Gen,8,21; Yoma,20a; Sanh105a).
Por isso, Deus na sua misericórdia permitiu ao Homem arrepender-se e ser perdoado.
O Judaismo defende que todo o Homem nasce sem pecado, pois a culpa de Adão não recai sobre os outros homens.

Perspectiva Católica
Segundo Santo Agostinho, o pecado é "«uma palavra, um acto ou um desejo contrários à Lei eterna»", causando por isso ofensa a Deus e ao seu amor.[1] Logo, este acto do mal é um "abuso da liberdade" e fere a natureza humana. "Cristo, na sua morte na cruz, revela plenamente a gravidade do pecado e vence-o com a sua misericórdia".[1] Há uma grande variedade de pecados, distinguindo-lhes "segundo o seu objecto, ou segundo as virtudes ou os mandamentos a que se opõem.
Podem ser directamente contra Deus, contra o próximo e contra nós mesmos. Podemos ainda distinguir entre pecados por pensamentos, por palavras, por acções e por omissões".[2]
A repetição de pecados gera vícios, que "são hábitos perversos que obscurecem a consciência e inclinam ao mal.

Os vícios podem estar ligados aos chamados sete pecados capitais: soberba, avareza, inveja, ira, luxúria, gula e preguiça".[3]
A Igreja ensina também que temos responsabilidade "nos pecados cometidos por outros, quando culpavelmente neles cooperamos".[4]
A doutrina católica distingue o pecado em 3 categorias:
1)- O pecado original, que é transmitido a todos os homens, sem culpa própria, devido à sua unidade de origem, que é Adão e Eva. Eles desobedeceram à Palavra de Deus no início do mundo, originando este pecado, que, felizmente, pode ser actualmente perdoado pelosacramento do Baptismo. Este pecado faz com que "a natureza humana [...] fica [...] submetida à ignorância, ao sofrimento, ao poder damorte, e inclinada ao pecado" [5].
2)- O pecado mortal, que é cometido "quando, ao mesmo tempo, há matéria grave, plena consciência e deliberado consentimento. Este pecado destrói a caridade, priva-nos da graça santificante e conduz-nos à morte eterna do Inferno, se dele não nos arrependermos" sinceramente [6].
3)- O pecado venial, "que difere essencialmente do pecado mortal, comete-se quando se trata de matéria leve, ou mesmo grave, mas sem pleno conhecimento ou sem total consentimento. Não quebra a aliança com Deus, mas enfraquece a caridade; manifesta um afecto desordenado pelos bens criados; impede o progresso da alma no exercício das virtudes e na prática do bem moral; merece penas purificatórias temporais", nomeadamente no Purgatório [7].
Tipos de Pecado e Gravidade
Pecado designa todas as transgressões de uma Lei ou de princípios religiosos, éticos ou normas morais.
Podem ser em palavras, ações (por dolo) ou por deixar de fazer o que é certo (por negligência ou omissão).
Ou seja, onde há Lei, se manifesta o Pecado.
Pode ser tão somente uma motivação ou atitude errada de uma pessoa, e isso, é chamado de pecado "no coração".
No intímo dos humanos e independente da Cultura a que pertença, existe necessidade de estabelecer princípios de ética e normas de moral.
Quando se viola aconsciência moral pessoal, surge o sentimento de culpa.
Chama-se pecado mortal o pecado que faz perder a graça Divina e que leva à condenação do crente; se não for objecto de confissão (admissão da culpa), genuíno arrependimento e penitência (retratação perante Deus).
Chama-se pecado venial aos pecados que são menos graves e que não fazem perder a graça Divina.

Para os  Cristãos Católicos, a tríade que define o pecado mortal é:
Matéria grave - precisada pelos dez mandamentos.
Pleno conhecimento de estar cometendo pecado
Plena e deliberada adesão da vontade.
Comete-se um pecado venial quando não se observa, em matéria leve, a medida prescrita pela lei moral, ou então quando se desobedece à lei moral em matéria grave, mas sem pleno conhecimento ou sem pleno consentimento.
O pecado contra o Espírito Santo é o chamado pecado imperdoável.
Subentende uma renegação contínua e deliberada do perdão Divino, bem como uma violação contínua da Lei Divina por parte do pecador.

O PECADO ORIGINAL:
A expressão pecado original ou pecado adâmico se refere ao pecado que foi cometido no paraíso Éden pelos primeiros humanos, Adão eEva. A mulher teria sido o primeiro ser humano a pecar, e teria induzido Adão a pecar.
O pecado original consistiu numa rebelião contra a Autoridade Divina.
Em consequência directa do pecado de Adão, toda a humanidade ficou privada da perfeição e da perspectiva de vida infindável.

Na Teologia Católica a existência do "pecado original" não justifica a prática deliberada do pecado.

Perspectiva Protestante
O segmento protestante, ou evangélico, não crê em purgatório, nem classifica os pecados como venial, mortal ou capital.
Seguindo os preceitos bíblicos, não existe pecado pequeno ou grande, pois "todos pecaram e destituídos estão da glória de Deus"(Romanos 3.23).
O pecado nada mais é do que a transgressão aos mandamentos de Deus, segundo I João 3:4 Todo aquele que pratica o pecado também transgride a lei, porque o pecado é a transgressão da lei.
Pecado é um ato, pois "cada um é tentado, quando atraído e engodado pelo seu próprio desejo. Depois, havendo concebido o desejo, dá à luz o pecado; e o pecado, sendo consumado, gera a morte." (Tiago 1:14 e 15).
Para que tenhamos salvação e desfrutemos da vida eterna, devemos tão somente crer ("Pela graça sois salvos, por meio da fé..." Efésios 2.8) que Jesus é nosso único e suficiente salvador, e confessar nossos pecados para sermos perdoados ("Se confessarmos os nossos pecados, ele é fiel e justo para nos perdoar os pecados, e nos purificar de toda a injustiça" I João 1.9).
Lembre-se também que é necessário arrependimento, e não somente remorso, que nos leva a cometer novamente os mesmos erros por não termos mais lembrança da "culpa" que nos abateu.

Lista de alguns pecados
Segundo a bíblia pecado é toda transgressão da lei de Deus, que consta em Deuteronômio 5:7 ao 21

1. Não terás outros deuses diante de mim;
Explicação: Não servirá a tua carne, com desejos carnais , nem servirá a demônios que se dizem ser de DEUS. Deus é santidade, pureza e verdade, todos aqueles que não praticam isso e não confessam que Jesus Cristo é o Senhor não é de Deus (Primeira Epístola de João 4:15 "Qualquer que confessar que Jesus é o Filho de Deus, Deus está nele, e ele em Deus.").
2.Não farás para ti imagem de escultura, nem semelhança alguma do que há em cima no céu, nem embaixo na terra, nem nas águas debaixo da terra;
Explicação: Há divergências sobre esta passagem entre católicos e protestantes.

Versão Católica: 
Deus não proíbe a simples confecçã de  imagens , antes, proíbe ídolos, ou seja, qualquer coisa que se coloque acima dele.

Na época desta proibição havia muitos pagãos que tinham por deuses: imagens de supostos deuses.
As imagens no catolicismo são diferentes, representam os santos e apóstolos, que viveram por Cristo e são venerados, admirados como exemplos de fé no seguimento de Cristo, por isto tornam-se modelos a serem imitados neste seguimento de sequela Christh ( Sêde meus imitadores como eu sou de Cristo ).
A argumentação bíblica para isso está nas imagens feitas por Salomão na construção do templo em I Reis 7:29 "E sobre as cintas que estavam entre as molduras havia leões, bois, e querubins, e sobre as molduras uma base por cima; e debaixo dos leões e dos bois junturas de obra estendida".
E no fato de Deus ter ordenado a construção de 2 querubins sobre a Arca da Aliança em Êxodo 25:18 "Farás também dois querubins de ouro; de ouro batido os farás, nas duas extremidades do propiciatório".

Além destas passagens bíblicas, existem inúmeras outras passagens em toda a Bíblia que contém símbolos, figuras e imagens.
Versão Protestante: 
Na visão dos protestantes é tido como errôneo o fato de haver imagens na igreja católica e em outras religiões. Eles também consideram errado rezar, fazer petições ou promessas a santos, apóstolos ou anjos; ajoelhar-se, curvar-se ou acender velas diante de imagens e ídolos.
A base bíblica para isto encontra-se na atitude que o apóstolo João teve diante de um anjo em Apocalipse 19:10 : "E eu lancei-me a seus pés para o adorar; mas ele disse-me: Olha não faças tal; sou teu conservo, e de teus irmãos, que têm o testemunho de Jesus. Adora a Deus; porque o testemunho de Jesus é o espírito de profecia".
Encontra-se também emPrimeira Epístola a Timóteo 2:5 : "Porque há um só Deus, e um só Mediador entre Deus e os homens, Jesus Cristo homem”.
Outro texto muito citado está em Deuteronômio 4 15-19: "Guardai, pois, com diligência as vossas almas, pois nenhuma figura vistes no dia em que o SENHOR, em Horebe, falou convosco do meio do fogo;Para que não vos corrompais, e vos façais alguma imagem esculpida na forma de qualquer figura, semelhança de homem ou mulher;Figura de algum animal que haja na terra; figura de alguma ave alada que voa pelos céus;Figura de algum animal que se arrasta sobre a terra; figura de algum peixe que esteja nas águas debaixo da terra; Que não levantes os teus olhos aos céus e vejas o sol, e a lua, e as estrelas, todo o exército dos céus; e sejas impelido a que te inclines perante eles, e sirvas àqueles que o SENHOR teu Deus repartiu a todos os povos debaixo de todos os céus."
Este texto estaria informando que o próprio Deus não teria aparecido ao povo em forma de nenhuma imagem: "pois nenhuma figura vistes no dia em que o SENHOR, em Horebe, falou convosco do meio do fogo".
Deus queria que o povo não fabricasse qualquer tipo de imagem, nem mesmo imagens Dele.
O povo somente faria imagens com a ordem de Deus e para os fins que Ele determinasse (como no caso da construção da Arca da Aliança) ou que somente as fizesse sem lhes atribuir qualquer tipo de reverência, veneração ou adoração (como no caso das imagens doTemplo de Salomão onde Deus somente era adorado, venerado e lembrado).
Os protestantes também tem como argumentação bíblica o capítulo 32 do livro de Êxodo onde narra a rebeldia do povo de Israel quando fez um Bezerro de Ouro e que Moisés destruiu após descer do Monte Sinai.
Existem ainda, para os protestantes, inúmeras outras passagens na Bíblia onde condena a adoração ou veneração a ídolos ou imagens.
3. Não tomarás o nome do SENHOR teu Deus em vão; porque o SENHOR não terá por inocente ao que tomar o seu nome em vão.
Explicação: Não é permitido invocar o Nome do Senhor para aquilo que não for de sua vontade, ou bom.
4. Guarda o dia de sábado, para o santificar, como te ordenou o SENHOR teu Deus.
Explicação: Guardar o sábado significa usar este dia em pról do bem do próximo. Santificá-lo significa adorar a Deus nesse dia.
5. Honra a teu pai e a tua mãe, como o SENHOR teu Deus te ordenou, para que se prolonguem os teus dias, e para que te vá bem na terra que te dá o SENHOR teu Deus.
Explicação: Não é permitido desrespeitar pai e mãe.
6. Não matarás.
Explicação: Não é permitido matar. Jesus adverte no livro de Mateus 5:21-22 que qualquer que, sem motivo, se encolerizar contra seu irmão, será réu de juízo; e qualquer que disser a seu irmão: Raca, será réu do sinédrio; e qualquer que lhe disser: Louco, será réu do fogo do inferno.
7. Não adulterarás.
Explicação: Não é permitido adulterar tanto físicamente traindo esposas e maridos, quanto adultério espiritual ou seja a infidelidade para com Deus e a fidelidade para seus desejos carnais. Muito menos pecar contra a castidade. Jesus adverte no livro de Mateus 5:27-28 que basta apenas atentar(olhar) a uma mulher para a cobiçar, já em seu coração cometeu adultério com ela.
8. Não furtarás.
Explicação: Não é permitido roubar em nenhum sentido.
9. Não dirás falso testemunho contra o teu próximo.
Explicação: Não é permitido mentir.
10. Não cobiçarás a mulher do teu próximo; e não desejarás a casa do teu próximo, nem o seu campo, nem o seu servo, nem a sua serva, nem o seu boi, nem o seu jumento, nem coisa alguma do teu próximo.
Explicação: Não é permitido querer nada do seu próximo para você, você tem que ter sua própria vida, seus bens e esposa ou marido.
No Antigo Testamento, a doutrina da expiação é um conceito de justiça e misericórdia baseado no arranjo figurativo do sacríficio de animais. 

O sangue de um animal era derramado no altar como "resgate" dos pecados cometidos de natureza menor da Lei de Deus.
No Novo Testamento, a doutrina da expiação é a mesma do Antigo, mas figurando em Cristo "o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo" (João 1:29).
Segundo a doutrina cristã, a morte sacrificial do Messias permitirá o resgate perfeito da humanidade obediente à Lei de Deus - eliminar o pecado adâmico e anular a sentença de morte. 
Obedece ao princípio bíblico "uma vida humana [perfeita] por uma vida humana [perfeita]".
O papel de Cristo após a ressurreição é a de um advogado ("MEUS filhos, estas coisas vos escrevo, para que não pequeis; e, se alguém pecar, temos um Advogado para com o Pai, Jesus Cristo, o justo." I João 2:1).

Todo Cristão ao falar sobre o pecado precisa estar esperançosamente e confiadamente consciente de que :
“As misericórdias do Senhor são a causa de não sermos consumidos, porque as suas misericórdias não têm fim; renovam-se cada manhã, grande é nossa esperança...” (Lamentações 3.22)

Hamartiologia (do grego transliterado hamartia = erro, pecado + logós = estudo), como sugere o próprio nome, é a ciência que estuda o pecado e as suas origens e consequências, ou — se preferível — o estudo sistematizado daquele tema (pecado).
Referir, pois, hamartia como "pecado" no sentido espiritual judaico-cristão justifica-se por sua comprovada presença nos textos do Novo Testamento, da Bíblia Sagrada judaico-cristã, fato comprovável por várias traduções/versões de renome mundial, embora a concepção (logo, o conceito) de pecado, em si, variem com as culturas, posto que com as variadas concepções de espiritualidade e/ou religiosidade.
O estudo do pecado e sua origem inevitavelmente incorre na questão da natureza do mal, assim como da relação deste com o homem.
Conquanto usualmente concebido como ramo da teologia cristã, não é necessariamente a esta vinculado, pois esse conceito, em sua abrangência, complexidade e diversidade de entendimentos culturais enseja também, necessariamente, várias concepções em seu estudo.
É, assim, legítimo investigar a gênese e a dinâmica desse conceito e dos seus valores também sob outras ópticas, como a filosófica e a científica e, neste domínio, a médico-psicológica, todas elas necessariamente entrelaçadas pela idéia comum do pecado, como quer que isso signifique ou importe em particular para cada pessoa, per se e no seu núcleo vivencial.

1)-Perspectiva judaico-cristã:
Na perspectiva judaico-cristã — e em simples palavras — pecado é a atitude (ato ou omissão, íntimo ou não) de contrariar a lei (ou a vontade) de Deus.
Significa, assim, um "erro de alvo", entendido este como a vontade de Deus.
Mesmo antes da desobediência de Adão e Eva, o pecado se fez presente no mundo angélico com a queda de Satanás e dos demônios.
Mas com respeito à raça humana, o primeiro pecado foi o de Adão e Eva no jardim do Éden (Gn 3.1-19).
O ato de comer o fruto da árvore do conhecimento do bem e do mal é, em muitos aspectos, típico do pecado em geral.
1.1)-Primeiro, seu pecado atingiu a base do conhecimento, pois deu uma resposta diferente à pergunta "O que é verdadeiro?".
Deus disse que Adão e Eva morreriam se comessem da árvore (Gn 2.17), mas a serpente afirmou: "É certo que não morrereis" (Gn 3.4).
Eva decidiu duvidar da veracidade da palavra de Deus e então fez uma experiência par ver se Ele falava a verdade.
1.2)-Segundo, seu pecado atingiu a base dos princípios morais, pois deu uma resposta diferente à pergunta "O que é certo?".
Deus dissera que era moralmente certo que Adão e Eva não comessem o fruto daquela única árvore, (Gn 2.170. Mas a serpente sugeriu que seria certo comer do fruto e que ao comê-lo Adão e Eva se tornariam "como Deus" (Gn 3.5).

Eva confiou na sua própria avaliação do que era certo e do que seria melhor par a ela, negando às palavras de Deus a prerrogativa de definir o certo e o errado.
Ela viu "que a árvore era boa par se comer, agradável aos olhos e árvore desejável para dar entendimento" e, portanto, "tomou-lhe do fruto e comeu" (Gn 3.6).

1.3)-Terceiro, seu pecado deu uma resposta diferente à pergunta: "Quem sou eu?"
A resposta correta era que Adão e Eva eram criaturas de Deus, dependentes dele e sempre subordinadas a ele, seu Criador e Senhor. Mas Eva, e depois Adão, sucumbiram à tentação de ser "como Deus" (Gn 3.5), tentando assim colocar-se no lugar de Deus.

Nota importante
A informação da palavra no Wikcionário fora adicionada na mesma época da inclusão do artigo em questão.
Entretanto, já de há muito o Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa – VOLP, disponível na página da Academia Brasileira de Letras (http://academia.org.br), consigna a raiz hamart[i,o], bem como o elemento léxico, vocábulo hamartologia.
Não consta, ainda, se ter-se-ía formado por síncopea partir de hamartiologia (nesse caso, esta última seria a forma preferível, a outra, variante), ou se, doutra forma, ter-se-ía dadoepêntese de hamartologia (que viria a ser forma preferível...) em desfavor de hamartiologia (variante).
A constar naquele léxico, a forma preferível é hamartologia, sendo hamartiologia a forma variante.
A bem da consistência lexical, veja-se a página de discussão deste artigo/verbete, que contém detalhadas consultas feitas tanto à Academia Brasileira de Letras (http://www.academia.org.br), como à Academia das Ciências de Lisboa (http://acad-ciencias.pt). Para que se não façam discursos no vazio.
Pesquisando a (HAMART) no dicionário Houaiss eletrônico, apareceu assim: "elemento de composição antepositivo, do gr. hamartía,as 'pecado, erro, falta, defeito', em uns poucos termos conexos principalmente com religião, do sXIX em diante: hamartia, hamartofobia, hamartofóbico, hamartófobo, hamartologia, hamartológico, hamartólogo, hamartoma." Informação que outrora não encontrado no mesmo dicionário...

Ligações externas
1.GRUDEM. Wyne, Teologia Sistemática.

O SALÁRIO DO PECADO ( HAMARTIA):
Por Frei Raniero Cantalamessa - ofmcap, Pregador do Vaticano 


Mas consideremos também qual é o êxito da impiedade, para que não reste, na mente do homem, sequer sombra de dúvida de que alguém possa prevalecer contra Deus.

No profeta Jeremias, lê-se essa palavra dirigida a Deus: Aqueles que te abandonam ficarão confusos (Jr 17,13).

O abandono de Deus leva à confusão e ao extravio até de si mesmo; quem quiser salvar a própria vida perdê-la-á, dizia Jesus (cf. Mt 16,25).

“Perda”, “extravio” são as palavras que ocorrem com mais freqüência na Bíblia, ao se falar de pecado: a ovelha perdida, a dracma perdida, o filho perdido...


A mesma palavra com que se traduziu em grego o conceito bíblico de pecado, hamartia, contém a idéia de extravio e de fracasso; dizia-se de fato, de um rio que perde o seu leito e se espraia num pântano, da flecha que, arremessada, erra o alvo e perde-se no vazio.

O pecado é, portanto, um fracasso e um fracasso radical. Um homem pode fracassar de muitos modos; como marido, como pai, como homem de negócios; se mulher, pode fracassar como esposa, como mãe; se sacerdote, pode fracassar como pároco, como superior, como diretor de consciências...

Mas são fracassos relativos; sempre deixam uma possibilidade de compensação; alguém pode fracassar de todos esses modos e ser uma pessoa respeitabilíssima, até mesmo um santo.
Mas com o pecado não se dá o mesmo; com o pecado, fracassa-se enquanto criatura, isto é, na realidade fundamental, naquilo que se “é”, não aquilo que se “faz”. 

Este é o único caso em que se pode dizer de uma pessoa o que Jesus disse de Judas: “Teria sido melhor para ele não ter nascido” (Mt 26,24).
O homem, pecando, julga ofender a Deus, mas na realidade ele “ofende”, isto é, danifica e rebaixa somente a si mesmo, para vergonha própria:
Mas será que — diz Deus — esses ofendem a mim, ou pelo contrário a si mesmos para a própria vergonha? (Jr 7,19).
Recusando glorificar a Deus, o homem acaba ficando ele mesmo “privado da glória de Deus”.
O pecado ofende, isto é, entristece também a Deus, e o entristece muitíssimo, mas só enquanto mata o homem a quem ele ama; fere-o no seu amor.
Mas tentemos aprofundar ainda mais o olhar nas seqüelas do pecado. S. Paulo afirma que o salário do pecado é a morte (Rm 6,23).
O pecado conduz à morte; não tanto porém à morte como ato — que duraria um instante — quanto à morte como estado, precisamente àquela que foi denominada “a doença mortal”, que é uma situação de morte crônica.

Nesta situação, a criatura anseia desesperadamente por voltar ao nada, mas sem jamais poder consegui-lo; por isso vive numa eterna agonia. 
Daqui nasce a danação e a pena do inferno: a criatura é forçada por Alguém mais forte do que ela a ser o que ela não aceita ser, isto é, dependente de Deus, e o seu tormento eterno é não conseguir desembaraçar-se nem de Deus nem de si mesma (cf. Kierkegaard, A doença mortal).
Podemos encontrar uma situação dessas antes de tudo em Satanás, no qual o pecado logrou perfazer todo o seu curso e mostra claramente onde vai desembocar.
Ele é o protótipo daqueles que, “embora conhecessem a Deus (e como conheciam!) não lhe prestaram glória e graça como a Deus”. 
 Mas não é necessário recorrer à imaginação, ou a quem sabe que especulação teológica, para saber quais são os sentimentos de Satanás a este respeito, já que ele mesmo as clama em altos brados, como eu dizia acima, aos ouvidos das almas que Deus ainda hoje lhe permite tentar, como tentou Jesus no deserto.

“Nós não somos livres — grita ele —; nós não somos livres!

Ainda que eu te mate, a alma sobrevive, não a podes fazer morrer, não podemos dizer não.
Somos forçados a viver para sempre.
É uma burla! não é verdade que Deus nos criou livres, não é verdade!”
Diante de tais pensamentos sentem-se arrepios, porque parece estar escutando ao vivo alguns fragmentos da eterna disputa entre Satanás e Deus. 

De fato, ele almejaria ser deixado livre de voltar ao nada. Mas que significa isso: talvez Satanás desejasse não existir, anular-se como antagonista de Deus, causando assim enorme prazer a Deus e a todos os amigos do bem?

Não, certamente. É verdade que ele não desejaria ser aquele que é e desejaria ser diferente; não porém no sentido de que desejaria ser bom, ao invés de mau (se assim fosse, estaríamos perante a conversão de Satanás, que, pela infinita misericórdia de Deus, faria dele nova e imediatamente um anjo de luz), mas antes no sentido de que almejaria ser independente de Deus, sem ter ninguém acima de si, a quem ter de agradecer pelo que é.

Almejaria existir, mas não “por favor do outro”. 

Isto porém, não obstante todos os seus esforços, nunca mais será possível, porque o poder que está acima dele é mais forte do que ele e o força a existir. E eis que se chega, por esta via, ao puro desespero.

Foi dito com acerto que “querer desesperadamente desembaraçar-se de si mesmo é a fórmula de toda a desesperança” e que, por isso, “o pecado é desesperança” (Kierkegaard, op. cit.).

Optando pela via da autonomia absoluta de Deus, a criatura sente que ela comportará infelicidade e trevas, mas aceita pagar até este preço porque prefere, — como dizia São Bernardo — “ser infeliz na soberania, a ser feliz na submissão”(“misere praeese, quam feliciter subesse”, De grad. hum.) .

Mostrando assim que a eternidade do inferno, da qual tantos se escandalizam, não depende de Deus, que sempre está pronto a perdoar, mas da criatura que não quer ser perdoada e acusaria Deus de não respeitar a sua liberdade se o fizesse.

Nós hoje temos a possibilidade de verificar de modo mais concreto e acessível à nossa experiência qual é o êxito do pecado observando o que está acontecendo na nossa cultura atual, depois que a rejeição de Deus foi levada, em certos ambientes, às suas últimas conseqüências.

Um filósofo que já mencionei — para quem o pecado não passava de uma ignóbil “invenção judaica” e o bem e o mal, de simples “preconceitos de Deus”`— escreveu estas palavras (novamente, julgamos as palavras, não as intenções):

“Nós o matamos; nós somos os assassinos de Deus!” 

Mas esta mesma pessoa, entrevendo depois, ou experimentando em si mesmo as sinistras conseqüências de tal ato acrescentou: “O que foi que fizemos, desprendendo este mundo da amarra do seu sol? Onde é que ele se move agora? Onde nos movemos nós? Não seria o nosso, um eterno despenhar-se? Para trás, de lado, à frente, por todos os lados? Não estaríamos talvez vagando como através de um infinito nada?” (F. Nietzsche, La gaia scienza).

“Matar a Deus é deveras — como foi dito — o mais horrendo suicídio”.

O salário do pecado é realmente a morte, e o niilismo de uma parte do pensamento moderno é a sua demonstração.

No termo desta viagem pelo mundo da impiedade, voltam-me à mente as palavras de um salmo de que ouso apropriar-me repetindo-o com aflição.

Porque também eu “Digo a quem se orgulha: “Não vos orgulheis”. E aos ímpios: “Não levanteis a cabeça!” Não alceis a cabeça contra o céu, não faleis contra Deus com insolência... Pois na mão do Senhor há uma taça repleta de vinho temperado. Dela dá a beber; deverão sorvê-la até as fazes, dela beberão os ímpios da terra” (Sl 75,5-9).

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por Frei Raniero Cantalamessa - ofmcap, Pregador do Vaticano 

Escola de Formação Shalom


I – OS ANTECEDENTES JUDAICOS

Antes de analisarmos o termo grego, torna-se indispensável observar os antecedentes judaicos, contidos no Antigo Testamento.
A palavra mais comumente traduzida por pecado é  h,at,t,a’t (taJ'x;), proveniente da raiz ajx, que aparece 591 vezes em 487 versículos. Um cognato árabe possui o sentido de errar, cometer um engano, e um cognato etíope o de falhar em encontrar lago. 
No hebraico, o sentido básico é o de errar determinado alvo ou objetivo. Um bom exemplo é Juízes 20.16: “Entre todo este povo havia setecentos homens escolhidos, canhotos, os quais todos atiravam com a funda uma pedra a um cabelo e não erravam”.
Vemos este mesmo sentido em Provérbios 19.2: “Não é bom proceder sem refletir; e erra o alvo quem é precipitado” (Tradução Brasileira).

Deste modo, ainda pode significar falta (Jó 5.24) e ofensas no relacionamento interpessoal (Gn 40.1; 1 Sm 19.4).

Teologicamente, a palavra passou a designar o erro cometido no relacionar-se com Deus. O versículo-chave para essa compreensão encontra-se em Isaías 59.1,2: “Eis que a mão do SENHOR não está encolhida, para que não possa salvar; nem o seu ouvido, agravado, para não poder ouvir. Mas as vossas iniqüidades fazem divisão entre vós e o vosso Deus, e os vossos pecados encobrem o seu rosto de vós, para que vos não ouça”.
O alvo é o ter comunhão com Deus, que por um motivo ou outro não se atinge.
E aí surge o pecado.
Por isso, o pecado constitui-se antes de tudo em uma ofensa a Deus.
Portanto, o adultério e o homicídio, embora envolvam ofensas a pessoas, em primeiro lugar é uma ofensa a Deus por estar sendo violado um mandamento de Deus.
Deste modo, o rei Davi reconheceu que não apenas ofendeu pessoas, mas antes pecou contra o Senhor (2 Sm 12:13).

Assim sendo, a desobediência à Lei de Deus também consistia em pecado.
Jeremias anunciou que pecamos quando não ouvimos a voz do Senhor, ou seja, quando desobedecemos a  sua expressa vontade (Jr 40.3), representada mediante a sua lei. Ou seja, o pecado é tratado como o oposto da aliança ratificada através da Lei dada no Sinai. Por isso se afirma: “Maldito aquele que não confirmar as palavras desta lei, não as cumprindo! E todo o povo dirá: Amém!” (Deuteronômio 27:26). 

Embora isto adquira um certo tom jurídico, o que está em foco aqui é que desobedecer a Lei de Deus, dada como instrução, é pecar contra o próprio Deus (Dt 9.16; Js 7.11; Ne 9.29; Jr 32.35; Dn 9.5).

Por isso, muitas vezes se enfatiza a questão do pecado nacional – a nação como um todo desobedecendo a Lei de Deus – do qual a pessoa individualmente não pode escapar, como em Jz 2.6 – 3.6; 2 Rs 17.1 – 23 e 2 Cr 36.11 - 16.

Entre os demais povos, este era sempre o conceito de pecado: ofensa à divindade. Esta ofensa ocasionava a ira da divindade, a qual precisava ser aplacada mediante sacrifícios.
Os sacrifícios foram estabelecidos em Israel não para simplesmente aplacar a ira, mas acima de tudo para restabelecer a comunhão com Deus.

O livro de Levítico é o manual das cerimônias sacrificiais, para mostrar a Israel como tratar com o pecado cometido. É  o livro aonde mais aparece a raiz ajx, ao todo 116 vezes em 85 versículos.

A importância de remover o pecado é atestada pelo uso desta mesma raiz no grau intensivo piel para falar do ritual da purificação dos pecados (Êx 29.36; Lv 9.15; Sl 51.9). Isto explica porque a mesma palavra que designa pecado também designa a oferta pelo pecado (Lv 7.37; 2 Cr 29.21; Ne 10.33).

Mas o ritual expiatório levítico era bastante restrito:
somente os pecados cometidos involuntariamente ou na ignorância poderiam ser perdoados, ficando sem expiação os pecados cometidos deliberadamente (“à mão levantada”: Nm 15.22 – 31).

II - A PALAVRA a`marti,a

A palavra é um substantivo derivado do verbo hamartano (a`marta,nw).
Desde Ésquilo significa “erro”, “fracasso em atingir determinado alvo”.
Até aí, corresponde quase que integralmente ao cognato hebraico, na sua essência.
Porém, como falta no mundo helênico uma concepção mais firme de falta contra a divindade (o homem poderia ofender os deuses simplesmente porque estes caprichosamente não simpatizavam com ele, independente de sua conduta), a palavra sempre designava uma ofensa cometida contra os amigos, contra outras pessoas em geral, contra o próprio corpo, contra leis estabelecidas, etc.

Aristóteles, um dos maiores filósofos da Grécia antiga, colocava a hamartia como ofensa contra a ordem estabelecida, mas sem intenções malignas.

Por aí, percebemos que os gregos não imaginavam uma conexão obrigatória entre hamartia e o mal moral.
Assim, na linguagem jurídica, hamartia consistia em uma ofensa aos bons sentimentos, qualquer coisa entre a tolice e a violação da lei, qualquer atitude que não se conforme à ética dominante.

Os gregos ainda possuíam uma visão determinista da hamartia: é algo inseparável do destino do homem, que não pode ser evitado, e que por isso causa sofrimento. Isto fica bem patente, por exemplo, na tragédia de Édipo Rei.
Apesar destas nuances gregas dadas à palavra hamartia, devido ao sentido básico ela foi utilizada na Septuaginta para traduzir o hebraico h,at,t,a’t (taJ'x;). Foi até mesmo mais abrangente do que este termo hebraico, pois também traduziu outras palavras hebraicas de sentido próximo, tais como awon (!A[', culpa, iniqüidade) e pesha ([v;P,, rebeldia).

Todas estas palavras hebraicas eventualmente também eram traduzidas na Septuaginta pelo grego adikia(avdiki,a, injustiça) – fazendo desta um sinônimo de hamartia.
Por isso, teologicamente, hamartia passou a englobar não somente a noção hebraica de  h,at,t,a’t, como também tudo o que pudesse estar direta ou indiretamente relacionado com h,at,t,a’t: culpa, iniqüidade, rebeldia, injustiça. 

Hamartia passou a estar indubitavelmente ligado ao mal moral.
Um tema que continuou a ser elaborado nos livros apócrifos – ao todo, são 112 ocorrências em 106 passagens, sendo mais abundante no livro do Eclesiástico, aonde comparece em 49 versículos.
Dentre os deuterocanônicos, um bom exemplo é Sabedoria 1.4: “Em alma perversa a Sabedoria não entra; ela não habita um corpo sujeito ao pecado” e Eclesiástico 3.27: “O coração endurecido será acabrunhado de fadigas, pois o pecador acumula pecado sobre pecado” (Tradução Ecumênica).

Estava pronto o palco para a noção neotestamentária de hamartia.
Mas precisamos ainda analisar o impacto da religião persa.

III - A INFLUÊNCIA PERSA

Um dos grandes momentos para o povo de Israel está registrado em Esdras 1:1 – 3: “No primeiro ano de Ciro, rei da Pérsia (para que se cumprisse a palavra do SENHOR, por boca de Jeremias), despertou o SENHOR o espírito de Ciro, rei da Pérsia, o qual fez passar pregão por todo o seu reino, como também por escrito, dizendo:  Assim diz Ciro, rei da Pérsia: O SENHOR, Deus dos céus, me deu todos os reinos da terra; e ele me encarregou de lhe edificar uma casa em Jerusalém, que é em Judá.  Quem  entre vós, de todo o seu povo, seja seu Deus com ele, e suba a Jerusalém, que éem Judá, e edifique a Casa do SENHOR, Deus de Israel; ele é o Deus que habita em Jerusalém”.

Os setenta anos de cativeiro na Babilônia estavam encerrados; a partir deste momento, eles estariam sob a tutela dos persas.
Conforme analisamos por essa passagem e no livro de Ester, os persas foram em extremo benevolentes para com os judeus.

Tamanha benevolência parece ter refletido na suposta influência que a religião persa teria exercido.

Não podemos falar da religião persa sem mencionar um homem: Zaratustra (ou Zoroastro). Seu nome quase que se confunde com a religiosidade persa. Viveu na Pérsia por volta do século VI a.C., embora esta datação seja controvertida.
Ele promoveu uma verdadeira reformulação da antiga religião persa, altamente elitista – por isso, torna-se impossível entender as reformas de Zaratustra fora do contexto social.

A sociedade persa estava dividida em três classes: a dos chefes e sacerdotes, a dos guerreiros e a dos criadores de gado - com as quais estavam relacionadas as diversas deidades (davas).

No panteão persa, as divindades de maior proeminência eram Mitra, deus indo-europeu da guerra, e que veio a recuperar prestígio mais tarde no Império Romano; e Anahita, deusa semita da fertilidade adorada pelos babilônios, e que por isso estavam relacionadas com a classe dos chefes e sacerdotes.

O sacerdócio era monopolizado pelos magos, que eram recrutados entre os membros de uma tribo meda do Irã Ocidental. Nenhum sacrifício poderia se oferecido com a ausência deles.

Zaratustra percebeu que a proliferação de inúmeras divindades permitia que a classe sacerdotal explorasse a credulidade popular, corroborando seu status quo.

Profundamente irritado com esta situação, Zaratustra proclamou a existência de um deus único, Ahura-Mazda, senhor da luz e do céu e criador de todas as coisas. Sua principal característica é ser o  princípio do bem.

A ele se opõe Angra Mainyu (ou Ahriman), princípio do mal, mas qualificado não como divindade, e sim espírito. Aqui jaz a idéia do dualismo zoroastrista. Há uma permanente batalha entre o bem e o mal, onde de um lado está Ahura-Mazda e seus colaboradores, os Amesas Spenta (Imortais Sagrados), em número de seis, e do outro Ahriman e as antigas divindades persas, as daevas, rebaixadas à categoria de “demônios” a serviço deste – entre elas Mitra, talvez uma das maiores ousadias de Zaratustra - ajudando-o a perverter os homens.

Este embate durará até o fim do mundo, quando ocorrerá a ressurreição dos mortos e o juízo final, e principalmente a vitória de Ahura-Mazda sobre Ahriman, a vitória do bem sobre o mal.

O homem tem liberdade para decidir pelo bem ou pelo mal, durante sua existência. Mas aos que ficarem ao lado de Ahura-Mazda e do bem é prometido o Paraíso, enquanto aos maus que optarem ficar ao lado de Ahriman somente tormentos eternos são reservados.

É incalculável a influência de Zaratustra dentro da religiosidade persa. Seus ensinamentos tomaram forma escrita, constituindo no Avesta (“conhecimento”), a “Bíblia” zoroastrista. Os reis da dinastia aquemênida (da qual Ciro e Dario faziam parte), ao que parece, abraçaram algumas inovações zoroastristas, reconhecendo Ahura-Mazda como deus supremo; mas não deixaram de reconhecer outras divindades, inclusive as pertencentes aos povos conquistados, criando um sistema henoteísta. Isto teria dado origem ao masdeísmo - impregnado de crenças populares, e mais complexo dos pontos de vista escatológico e ritualístico.

Não há acordo se o masdeísmo seria anterior ou posterior às pregações de Zaratustra, e não há certa certeza se o nome que o designa fala da crença em Ahura-Mazda ou de Mazdak i Bamdade, responsável pela propagação do zoroastrismo.
Influenciou também um profeta nascido na Babilônia no século III d.C., Manes ou Maniqueu, que acreditava ser o último de uma longa sucessão de profetas, que começara com Adão e incluía Buda, Zoroastro e Jesus Cristo.

Criou um sistema religioso gnóstico no qual havia a concepção dualista do mundo como fusão do espírito e matéria, representando respectivamente o bem e o mal.
A alma que houvesse superado a matéria iria para o paraíso, e a do que continuasse ligado à matéria pelos pecados da carne seria condenada a renascer em novos corpos.

E assim nasceu o maniqueísmo, com uma mensagem universalista que integrasse as verdades parciais de todas as revelações anteriores, em especial do zoroastrismo, budismo e cristianismo, e assim substituir todas as religiões. Este sistema religioso, durante muito tempo, rivalizou com o cristianismo.

O bispo Agostinho, um grande teólogo da era patrística, era simpatizante desta religião antes de sua conversão ao cristianismo, quando então passou a ser ferrenho opositor.
Talvez a grande inovação de Zaratustra foi explicar uma origem do mal, tirando a responsabilidade tanto do homem quanto do Deus Criador. Embora seja motivo para debates, muitos vêem a concepção no Antigo Testamento do adversário de Deus – Satan (!j'f') como uma influência do zoroastrismo. Isto seria corroborado pelo fato de que tal pensamento aparece somente em livros pós-exílicos (1 Cr 21.1, Jó 1 – 2 e Zc 3.2).
E algumas passagens parecem supor que no início a teologia hebraica tinha em Yahweh o princípio tanto do bem quanto do mal (e.g., a enigmática alusão ao “espírito mau, da parte do SENHOR” em 1 Sm 16.14, e afirmação de Isaías 45.7: “Eu formo a luz e crio as trevas; eu faço a paz e crio o mal; eu, o SENHOR, faço todas essas coisas”). Pelo menos na atual teologia judaica, a origem do mal está ligada ao yetser ha-ra do homem, a “imaginação má” (Gn 6.5; 8.21).

Seja como for, a influência na linguagem do Novo Testamento é bem mais patente. Os magos mencionados em Mateus 2 provavelmente eram sacerdotes do zoroastrismo; a complexa e desenvolvida demonologia, e a concepção contida no final do Avesta de que Ahura-Mazda iria enviar um “libertador” para destruir as obras de Ahriman irão refletir nos evangelhos.
Se o impacto do zoroastrismo no Antigo Testamento foi “de raspão”, no Novo Testamento foi um “acertou em cheio”.

IV - CONTEXTO NEOTESTAMENTÁRIO

Possuindo atrás de si toda a história apresentada, hamartia passa a englobar no Novo Testamento tudo o que se opõe a Deus e sua obra, se referindo primordialmente ao pecado individual que em última análise é dirigido contra Deus.

Ocorre 173 vezes em 150 versículos, sendo 64 ocorrências nos escritos paulinos (48 somente em Romanos), 25 em Hebreus e 17 nos escritos joaninos.
Até mesmo estatisticamente percebemos a importância dos escritos paulinos e joaninos para a conceituação neotestamentária de pecado.
Além de proporcionar que o termo atingisse a plenitude de significado, passou a mostrar a origem e os agentes da hamartiano homem, tornando este um hamartolos (a`martwlo,j, pecador), e como podemos ser libertos desta condição. Vamos pormenorizar cada um desses conceitos.
Além do conceito clássico contido no Antigo Testamento do pecado como ofensa a Deus e à sua Lei (Ap 18.5), o pecado é tratado como algo do qual nenhum ser humano está livre: todos pecaram, o que nos coloca na posição de destituídos da glória divina (Rm 3.23).

Um homem que diz que não peca é mentiroso (1 Jo 1.8-10). Toda iniqüidade é pecado (1 Jo 5.17); por isso, o pecado é morte (Rm 5.12), e o oposto do amor (1 Jo 3.1 – 10).
Além disso, a descrença na mensagem de Cristo constitui-se também em pecado (Jo 9.16 – 41; 15.22 - 24).
O pecado é um poder que escraviza o homem (Jo 8.34; Rm 6.16).

Por isso, contrariando o conceito judaico contemporâneo de que o pecador era aquele que não seguia a Torá, a Lei de Deus (Gl 2.15), o Novo Testamento coloca tanto os justos quanto os injustos, tanto judeus como gentios como pecadores (Rm 3.9,10).
Deus não é o autor do pecado (Tg 1.13). A origem do pecado no universo está relacionada a Satanás ou o Diabo. Este é o autor do pecado (Jo 8.44; 1 Jo 3.8), que induziu Adão a cometer o primeiro pecado (compara Ap 12.9 com Gn 3).
Por isso, pecamos porque o primeiro homem, Adão,  pecou, tornando-se a causa da introdução do pecado no mundo (Rm 5.12 – 16).
Embora Satanás seja tratado como aquele que incita ao pecado, ou seja, um agente (Lc 22.31; Jo 13.2; At 5.3; 1 Tm 3.7; 1 Pe 5.8) e por isso o tentador por excelência (Mt 4.1 – 3; 6.13; Mc 1.13), o homem também tem a sua parcela de culpa, através dos maus desejos alimentados (Tg 1.14,15), e por isso precisa resistir (Tg 4.7).

Visto que o homem está irremediavelmente sob as garras do pecado (Rm 3.9 – 18), na qual nem a Lei de Deus pode salvar, pois mediante essa apenas vem o conhecimento da existência do pecado na raça humana (Rm 3.19,20), havia a necessidade de um redentor. Somente Jesus Cristo exerceu esse papel (Rm 3.24; 1 Tm 1.15; Hb 9.28; 1 Jo 1.7; Ap 1.5).

O seu nome, Jesus, indica o seu papel – o de salvar o povo de seus pecados (Mt 1.21). Jesus Cristo é colocado como o único que não cometeu pecado, e por isso habilitado para exercer esse encargo (2 Co 5.21; Hb 4.15; 1 Pe 2.21,22). Deste modo, Jesus é por excelência o amigo dos pecadores (Mt 11.19; Mc 2.17). Isto Cristo consumou, morrendo pelos nossos pecados (Rm 5.8; 1 Co 15.3) e fazendo-se pecado em nosso lugar (2 Co 5.21; Gl 3.13). Hebreus compara o papel redentor de Jesus com as leis do sacerdócio levítico no Antigo Testamento, qualificando-o como Sumo-Sacerdote Perfeito (7.22- 8.1) e ao mesmo tempo o sacrifício perfeito (7.24 – 28), cujo sangue possui a eficácia que o sangue de animais não possuía (9.12 – 14). Ele é o Cordeiro de Deus, que tira os pecados do mundo (Jo 1.29). Por isso, Ele tem o poder de perdoar todos os pecados (Lc 5.24; At 2.38; 10.43; Cl 2.13; 1 Jo 1.9), alargando os horizontes estreitos do sistema do Antigo Testamento, ficando de fora apenas do poder perdoador de Cristo a blasfêmia conta o Espírito Santo (Mt 12.31).

V - CONCLUSÃO

Um estudo detalhado como acabamos de apresentar mostra que o conceito “laico” de pecado está um tanto quanto aquém do expresso no Novo Testamento.

Costumamos muito valorizar o exterior; e sobre isso Jesus enfatizou o oposto: “Porque do interior do coração dos homens saem os maus pensamentos, os adultérios, as prostituições, os homicídios,  os furtos, a avareza, as maldades, o engano, a dissolução, a inveja, a blasfêmia, a soberba, a loucura. Todos estes males procedem de dentro e contaminam o homem” (Marcos 7:21-23).
Se o Novo Testamento coloca o pecado sob a ótica da ofensa a Deus e tudo que lhe relacione, como também a descrença em relação a Jesus Cristo, seu filho amado.

Não podemos colocar usos e costumes como um pecado de forma absoluta, monolítica. Até porque muitas das vezes não passa de uma questão meramente cultural e temporal:
Um exemplo: O uso da calça comprida pela mulher.

Se este era um padrão totalmente inaceitável pela sociedade em geral há cem anos atrás, o mesmo não podemos dizer hoje.
Existem calças feitas especialmente para mulheres! O que importa é: seja saia, ou seja calça, o que fica decente na mulher?
Elaborou-se um estereótipo de que usar calça é pecado porque é indecente, enquanto a saia está “adequada aos padrões de santidade”.
Verdade seja dita, existem calças femininas decentes, enquanto certas saias – mesmo compridas – são um verdadeiro atentado ao pudor.
Vimos que embora o Novo Testamento coloque a questão do agente da tentação, o homem não deixa de ter sua parcela de culpa, concordando com a ênfase vetero-testamentária.

Isto é importante ser colocado, pois tudo o que acontece de ruim com uma pessoa, ou quando ele “cai da graça”, coloca-se a culpa no inimigo.
Tiago deixou bem claro: “Mas cada um é tentado, quando atraído e engodado {ou seduzido} pela sua própria concupiscência” (Tiago 1:14).
Existem situações que os nossos próprios desejos indevidos nos levam à prática do pecado.
Um último ponto a se analisado: mesmo quando há a explícita tentação do Inimigo, a Bíblia deixa bem claro: “Sujeitai-vos, pois, a Deus; resisti ao diabo, e ele fugirá de vós” (Tiago 4:7).
Devemos resistir às artimanhas do diabo! Jesus mesmo experimentou as investidas diabólicas, resistindo a todas elas e nos deixando um exemplo (Mt 4.1 – 11; Hb 4.15). Assim agindo, ele fugirá de nós, como um rato foge do gato.
Mas, para isso, note que Tiago colocou uma condicional: primeiramente, devemos estar sujeitos a Deus. Muitas das vezes se combate o pecado nas suas conseqüências, sem atentar para as suas causas.
Em certos meios neo-pentecostais, parece que o culto está sendo dirigido ao Inimigo e não a Deus, ou seja o centro já não é mais Deus, mas o seu adversário.

Portanto, para evitar a tentação, e conseqüentemente o pecado e seus funestos resultados, devemos estar permanentemente em aliança com Deus.
Sujeitar, aqui no grego, fala não de sujeição humilhante, mas sim de obediência.

Sejamos obedientes às diretirzes divinas em nossa vida. “Andai em Espírito e não cumprireis a concupiscência da carne” (Gálatas 5:16).

Versão da ICAB (Igreja Católica Apostólica Brasileira)
Não fazemos a confissão auricular ou seja o fiel não confessa seus pecados ao padre e sim a Deus apenas fazemos a absorvição em celebração eucaristica ou comunitária, orientamos o fiel através de aconselhamento pastoral
O PECADO NA VISÃO DO MAGISTÉRIO DA IGREJA CATÓLICA:

P.28 PECADO
P.28.1 Amor mais forte do que o pecado
§2844 A oração cristã chega até o perdão dos inimigos. Transforma o discípulo, configurando-o a seu Mestre. O perdão é um ponto alto da oração cristã; o dom da oração não pode ser recebido a não ser num coração em consonância com a compaixão divina. O perdão dá também testemunho de que, em nosso mundo, o amor é mais forte que o pecado. Os mártires, de ontem e de hoje, dão este testemunho de Jesus. O perdão é a condição fundamental da Reconciliação dos filhos de Deus com seu Pai e dos homens entre si.

P.28.2 Concupiscência leva para o pecado

§978 "No momento em que fazemos nossa primeira profissão de fé, recebendo o santo Batismo que nos purifica, o perdão que recebemos é tão pleno e tão completo que não nos resta absolutamente nada a apagar, seja do pecado original, seja dos pecados cometidos por nossa própria vontade, nem nenhuma pena a sofrer para expiá-los. (...) Contudo, a graça do Batismo não livra ninguém de todas as fraquezas da natureza. Pelo contrário, ainda temos de combater os movimentos da concupiscência, que não cessam de arrastar-nos para o mal."

P.28.3 Definição de pecado

§1849 A definição do pecado
O pecado é uma falta contra a razão, a verdade, a consciência reta; é uma falta ao amor verdadeiro para com Deus e para com o próximo, por causa de um apego perverso a certos bens. Fere a natureza do homem e ofende a solidariedade humana. Foi definido como "uma palavra, um ato ou um desejo contrários à lei eterna".
§1850 O pecado é ofensa a Deus: "Pequei contra ti, contra ti somente; pratiquei o que é mau aos teus olhos" (Sl 51,6). O pecado ergue-se contra o amor de Deus por nós e desvia dele os nossos corações. Como o primeiro pecado, é uma desobediência, uma revolta contra Deus, por vontade de tornar-se "como deuses", conhecendo e determinando o bem e o mal (Gn 3,5). O pecado é, portanto, "amor de si mesmo até o desprezo de Deus". Por essa exaltação orgulhosa de si, o pecado é diametralmente contrário à obediência de Jesus, que realiza a salvação.

P.28.4 Modos de evitar o pecado
§943 Graças à sua missão régia, os leigos têm o poder de vencer o império do pecado em si mesmos e no mundo, por sua abnegação e pela santidade de sua vida.

P.28.5 Pecado dos anjos
§392 A Escritura fala de um pecado desses anjos. Esta "queda" consiste na opção livre desses espíritos criados, que rejeitaram radical e irrevogavelmente a Deus e seu Reino. Temos um reflexo desta rebelião nas palavras do Tentador ditas a nossos primeiros pais: "E vós sereis como deuses" (Gn 3,5). O Diabo é "pecador desde o princípio" (1Jo 3,8), "pai da mentira" (Jo 8,44).
§393 É o caráter irrevogável de sua opção, e não uma deficiência da infinita misericórdia divina, que faz com que o pecado dos anjos não possa ser perdoado. "Não existe arrependimento para eles depois da queda, como não existe para os homens após a morte."

P.28.6 Pecado na Igreja
§827 "Mas enquanto Cristo, 'santo, inocente, imaculado', não conheceu o pecado, mas veio apenas para expiar os pecados do povo, a Igreja, reunindo em seu próprio seio os pecadores ao mesmo tempo santa e sempre necessitada de purificar-se, busca sem cessar a penitência e a renovação." Todos os membros da Igreja, inclusive seus ministros, devem reconhecer-se pecadores. Em todos eles o joio do pecado continua ainda mesclado ao trigo do Evangelho até o fim dos tempos. A Igreja reúne, portanto, pecadores alcançados pela salvação de Cristo, mas ainda em via de santificação.

P.28.7 Pecado mal gravíssimo
§1488 Aos olhos da fé, nenhum mal é mais grave que o pecado, e nada tem conseqüências piores para os próprios pecador, e para a Igreja e para o mundo inteiro.

P.28.8 Raiz do pecado
§1853 Pode-se distinguir os pecados segundo seu objeto, como em todo ato humano, ou segundo as virtudes a que se opõem, por excesso ou por defeito, ou segundo os mandamentos que eles contrariam. Pode-se também classificá-los conforme dizem respeito a Deus, ao próximo ou a si mesmo; pode-se dividi-los em pecados espirituais e carnais, ou ainda em pecados por pensamento, palavra, ação ou omissão. A raiz do pecado está no coração do homem, em sua livre vontade, segundo o ensinamento do Senhor: "Com efeito, é do coração que procedem más inclinações, assassínios, adultérios, prostituições, roubos, falsos testemunhos e difamações. São estas as coisas que tomam o homem impuro" (Mt 15,19-20). No coração reside também a caridade, princípio das obras boas e puras, que o pecado fere.

P.28.9 Realidade do pecado
§385 Deus é infinitamente bom e todas as suas obras são boas. Todavia, ninguém escapa à experiência do sofrimento, dos males existentes na natureza que aparecem ligados às limitações próprias das criaturas e, sobretudo, à questão do mal moral. De onde vem o mal? "Eu perguntava de onde vem o mal e não encontrava saída", diz Santo Agostinho, e sua própria busca sofrida não encontrará saída, a não ser em sua conversão ao Deus vivo. Pois "o mistério da iniquidade" (2 Ts 2,7) só se explica à luz do "Mistério da piedade". A revelação do amor divino em Cristo manifestou ao mesmo tempo a extensão do mal e a superabundância da graça. Precisamos, pois, abordar a questão da origem do mal fixando o olhar de nossa fé naquele que, e só Ele, é o Vencedor do mal.
§386 O pecado está presente na história do homem: seria inútil tentar ignorá-lo ou dar a esta realidade obscura outros nomes. Para tentarmos compreender o que é o pecado, é preciso antes de tudo reconhecer a ligação profunda do homem com Deus, pois fora desta relação o mal do pecado não é desmascarado em sua verdadeira identidade de recusa e de oposição a Deus, embora continue a pesar sobre a vida do homem e sobre a história.
§387 A realidade do pecado, e mais particularmente a do pecado das origens, só se entende à luz da Revelação divina. Sem o conhecimento de Deus que ela nos dá não se pode reconhecer com clareza o pecado, e somos tentados a explicá-lo unicamente como uma falta de crescimento, como uma fraqueza psicológica, um erro a conseqüência necessária de uma estrutura social inadequada etc. Somente à luz do desígnio de Deus sobre o homem compreende-se que o pecado é um abuso da liberdade que Deus dá às pessoas criadas para que possam amá-lo e amar-se mutuamente.

P.28.10 Responsabilidade de quem coopera com os pecados de outros

§1868 O pecado é um ato pessoal.
Além disso, temos responsabilidade nos pecados cometidos por outros, quando neles cooperamos:
* participando neles direta e voluntariamente;
* mandando, aconselhando, louvando ou aprovando esses pecados;
* não os revelando ou não os impedindo, quando a somos obrigados;
* protegendo os que fazem o mal.

P.28.11 Satanás causa dos pecados
§2852 "Homicida desde o princípio, mentiroso e pai da mentira" (Jo 8,), "Satanás, sedutor de toda a terra habitada" (Ap 12,9), foi por ele que o pecado e a morte entraram no mundo e é por sua derrota definitiva que a criação toda será "liberta da corrupção do pecado e da morte". "Nós sabemos que todo aquele que nasceu de Deus não peca; o Gerado por Deus se preserva e o Maligno não o pode atingir. Nós sabemos que Somos de Deus e que o mundo inteiro está sob o poder do Maligno" (1 Jo 5,18-19).
O Senhor, que arrancou vosso pecado e perdoou vossas faltas, tem poder para vos proteger e vos guardar contra os ardis do Diabo que Vos combate, a fim de que o inimigo, que costuma engendrar a falta, não vos surpreenda. Quem se entrega a Deus não teme o Demônio. "Se Deus é por nós, quem será contra nós?" (Rm 8,31).

P.28.12 Vínculo profundo do homem com Deus e conhecimento do pecado
§286 Sem dúvida, a inteligência humana já pode encontrar uma resposta para a questão das origens. Com efeito, a existência de Deus Criador pode ser conhecida com certeza por meio de suas obras, graças à luz da razão humana, ainda que este conhecimento seja muitas vezes obscurecido e desfigurado pelo erro. É por isso que a fé vem confirmar e iluminar a razão na compreensão correta desta verdade: "Foi pela fé que compreendemos que os mundos foram formados por uma palavra de Deus. Por isso é que o mundo visível não tem sua origem em coisas manifestas" (Hb 11,3).
§287 A verdade da criação é tão importante para toda a vida humana que Deus, em sua ternura, quis revelar a seu Povo tudo o que é útil conhecer a este respeito. Para além do conhecimento natural que todo homem pode ter do Criador, Deus revelou progressivamente a Israel o mistério da criação. Ele, que escolheu os patriarcas, que fez Israel sair do Egito e que, ao escolher Israel, o criou e o formou, se revela como Aquele a quem pertencem todos os povos da terra, e a terra inteira, como o único que "fez o céu e a terra" (Sl 115,15; 124,8; 134,3).
§288 Assim, a revelação da criação é inseparável da revelação e da realização da Aliança de Deus, o Único, com o seu Povo. A criação é revelada como sendo o primeiro passo rumo a esta Aliança, como o testemunho primeiro e universal do amor Todo-Poderoso de Deus. Além disso, a verdade da criação se exprime com um vigor crescente na mensagem dos profetas, na oração dos salmos e da liturgia, na reflexão da sabedoria do Povo eleito.

P.28.13 Conseqüências do pecado

P.28.13.1 Apego prejudicial às criaturas
§1472 AS PENAS DO PECADO Para compreender esta doutrina e esta prática da Igreja, é preciso admitir que o pecado tem uma dupla conseqüência. O pecado grave priva-nos da comunhão com Deus e, consequentemente, nos toma incapazes da vida eterna; esta privação se chama "pena eterna" do pecado. Por outro lado, todo pecado, mesmo venial, acarreta um apego prejudicial às criaturas que exige purificação, quer aqui na terra, quer depois da morte, no estado chamado "purgatório". Esta purificação liberta da chamada "pena temporal" do pecado. Essas duas penas não devem ser concebidas como uma espécie de vingança infligida por Deus do exterior, mas, antes, como uma conseqüência da própria natureza do pecado. Uma conversão que procede de uma ardente caridade pode chegar à total purificação do pecador, de tal modo que não haja mais nenhuma pena.

P.28.13.2 Luta entre o Espírito e a carne
§2516 Já no homem, tratando-se de um ser composto, espírito corpo, existe certa tensão, desenrola-se certa luta de tendência entre o "espírito" e a carne . Mas essa luta, de fato, pertence à herança do pecado, é uma conseqüência dele e, ao mesmo tempo, uma confirmação, e faz parte da experiência do combate espiritual:
Para o Apóstolo, não se trata de discriminar e condenar o corpo que, juntamente com a alma espiritual, constitui a natureza c homem e sua subjetividade pessoal. Ele quis tratar sobretudo das obras, ou melhor, das disposições estáveis virtudes vícios moralmente boas ou más, que são fruto da submissão (no primeiro caso) ou, pelo contrário, de resistência (no segui do caso) à ação salvífica do Espírito Santo. Por isso o Apóstolo escreve: "Se, portanto, vivemos pelo espírito, caminhemos também segundo o espírito" (Gl 5,25).

P.28.13.3 Morte do Filho de Deus

§312 Assim, com o passar do tempo, pode-se descobrir que Deus, em sua providência todo-poderosa, pode extrair um bem das conseqüências de um mal, mesmo moral, causado por suas criaturas: "Não fostes vós, diz José a seus irmãos, que me enviastes para cá, foi Deus; - o mal que tínheis a intenção de fazer-me, o desígnio de Deus o mudou em bem a fim de - salvar a vida de um povo numeroso" (Gn 45,8; 50,20). Do maior mal moral jamais cometido, a saber, a rejeição e homicídio do Filho de Deus, causado pelos pecados de todos os homens, Deus, pela superabundância de sua graça, tirou o maior dos bens: a glorificação de Cristo e a nossa Redenção. Com isso, porém, o mal não se converte em um bem.
  
P.28.13.4 Penas do pecado
§1473 O perdão do pecado e a restauração da comunhão com Deus implicam a remissão das penas eternas do pecado. Mas permanecem as penas temporais do pecado. Suportando pacientemente os sofrimentos e as provas de todo tipo e, chegada a hora, enfrentando serenamente a morte, o cristão deve esforçar-se para aceitar, como urna graça, essas penas temporais do pecado; deve aplicar-se, por inicio de obras de misericórdia e de caridade, como também pela oração e por diversas práticas de penitência, a despojar-se completamente do "velho homem" para revestir-se do "homem novo".

P.28.13.5 Privação da comunhão com Deus
§761 O congraçamento do povo de Deus começa no instante em que o pecado destrói a comunhão dos homens com Deus e a dos homens entre si. A convocação da Igreja é por assim dizer a reação de Deus ao caos provocado pelo pecado. Esta reunificação realiza-se secretamente dentro de todos os povos: "Em qualquer nação, quem o teme e pratica a justiça lhe é agradável" (At 10,35).

P.28.13.6 Privação da semelhança com Deus
§705 Desfigurado pelo pecado e pela morte, o homem continua sendo "à imagem de Deus", à imagem do Filho, mas é "privado da Glória de Deus", privado da "semelhança". A promessa feita a Abraão o inaugura a Economia da salvação, no fim da qual o próprio Filho assumirá "a imagem" e a restaurará na "semelhança" com o Pai, restituindo-lhe a Glória, o Espírito "que dá a vida".

P.28.13.7 Privação da vida eterna
§1472 AS PENAS DO PECADO Para compreender esta doutrina e esta prática da Igreja, é preciso admitir que o pecado tem uma dupla conseqüência. O pecado grave priva-nos da comunhão com Deus e, consequentemente, nos toma incapazes da vida eterna; esta privação se chama "pena eterna" do pecado. Por outro lado, todo pecado, mesmo venial, acarreta um apego prejudicial às criaturas que exige purificação, quer aqui na terra, quer depois da morte, no estado chamado "purgatório". Esta purificação liberta da chamada "pena temporal" do pecado. Essas duas penas não devem ser concebidas como uma espécie de vingança infligida por Deus do exterior, mas, antes, como uma conseqüência da própria natureza do pecado. Uma conversão que procede de uma ardente caridade pode chegar à total purificação do pecador, de tal modo que não haja mais nenhuma pena.

P.28.13.8 Vícios e más inclinações
§1426 A conversão a Cristo, o novo nascimento pelo Batismo, o dom do Espírito Santo, o Corpo e o Sangue de Cristo recebidos como alimento nos tornaram "santos e irrepreensíveis diante dele" (Ef 1,4), como a própria Igreja, esposa de Cristo, é "santa e irrepreensível" (Ef 5,27). Entretanto, a nova vida recebida na iniciação cristã não suprimiu a fragilidade e a fraqueza da natureza humana, nem a inclinação ao pecado, que a tradição chama de concupiscência, que continua nos batizados para prová-los no combate da vida cristã, auxiliados pela graça de Cristo. É o combate da conversão para chegar à santidade e à vida eterna, para a qual somos incessantemente chamados pelo Senhor.
§1865 A proliferação do pecado
O pecado cria uma propensão ao pecado; gera o vício pela repetição dos mesmos atos. Disso resultam inclinações perversas que obscurecem a consciência e corrompem a avaliação concreta do bem e do mal. Assim, o pecado tende a reproduzir-se e a reforçar-se, mas não consegue destruir o senso moral até a raiz.

P.28.13.9 Vida cristã debilitada
§1420 Pelos sacramentos da iniciação cristã, o homem recebe a vida nova de Cristo. Ora, esta vida nós a trazemos "em vasos de argila" (2Cor 4,7). Agora, ela ainda se encontra "escondida com Cristo em Deus" (Cl 3,3). Estamos ainda em "nossa morada terrestre", sujeitos ao sofrimento, à doença e à morte. Esta nova vida de filhos de Deus pode se tornar debilitada e até perdida pelo pecado.

P.28.13.10 Vida do pecador debilitada
§1459 A SATISFAÇÃO Muitos pecados prejudicam o próximo. É preciso fazer possível para reparar esse mal (por exemplo restituir as coisas roubadas, restabelecer a reputação daquele que foi caluniado ressarcir as ofensas e injúrias). A simples justiça exige isso. Mas, além disso, o pecado fere e enfraquece o próprio pecador, como também suas relações com Deus e com o próxima. A absolvição tira o pecado, mas não remedeia todas as desordens que ele causou. Liberto do pecado, o pecador deve ainda recobrar a plena saúde espiritual. Deve, portanto, faz alguma coisa a mais para reparar seus pecados: deve "satisfazer" de modo apropriado ou "expiar" seus pecados. Esta satisfação chama-se também "penitência".

P.28.14 Distinção dos pecados

P.28.14.1 Distinção dos pecados segundo a gravidade
§1854 A gravidade do pecado: pecado mortal e venial
Convém avaliar os pecados segundo sua gravidade. Perceptível já na Escritura, a distinção entre pecado mortal e pecado venial se impôs na tradição da Igreja. A experiência humana a corrobora.

P.28.14.2 Distinção dos pecados segundo o objeto
§1853 Pode-se distinguir os pecados segundo seu objeto, como em todo ato humano, ou segundo as virtudes a que se opõem, por excesso ou por defeito, ou segundo os mandamentos que eles contrariam. Pode-se também classificá-los conforme dizem respeito a Deus, ao próximo ou a si mesmo; pode-se dividi-los em pecados espirituais e carnais, ou ainda em pecados por pensamento, palavra, ação ou omissão. A raiz do pecado está no coração do homem, em sua livre vontade, segundo o ensinamento do Senhor: "Com efeito, é do coração que procedem más inclinações, assassínios, adultérios, prostituições, roubos, falsos testemunhos e difamações. São estas as coisas que tomam o homem impuro" (Mt 15,19-20). No coração reside também a caridade, princípio das obras boas e puras, que o pecado fere.

P.28.15 Interpretações do pecado

P.28.15.1 "Pecado social"
§1869 Assim, o pecado toma os homens cúmplices uns dos outros, faz reinar entre eles a concupiscência, a violência e a injustiça. Os pecados provocam situações sociais e instituições contrárias à bondade divina. As "estruturas de pecado" são a expressão e o efeito dos pecados pessoais. Induzem suas vítimas a cometer, por sua vez, o mal. Em sentido analógico, constituem um "pecado social".

P.28.15.2 Abuso da liberdade dada por Deus ao homem
§1739 A liberdade humana na economia da salvação Liberdade e pecado. A liberdade do homem é finita e falível. De fato, o homem falhou. Pecou livremente. Recusando o projeto do amor de Deus, enganou-se a si mesmo, tornou-se escravo do pecado. Esta primeira alienação gerou outras, em grande número. Desde suas origens, a história comprova os infortúnios e opressões nascidos do coração do homem por causa do mau uso da liberdade.

P.28.15.3 Ameaças à unidade e à comunhão da Igreja
§814 Contudo, desde a origem, esta Igreja una se apresenta com uma grande diversidade, que provém ao mesmo tempo da variedade dos dons de Deus e da multiplicidade das pessoas que os recebem. Na unidade do Povo de Deus se congregam as diversidades dos povos e das culturas. Entre os membros da Igreja existe uma diversidade de dons, de encargos, de condições e de modos de vida; "na comunhão eclesiástica há, legitimamente, Igrejas particulares gozando de tradições próprias". A grande riqueza desta diversidade não se opõe à unidade da Igreja. Todavia, o pecado e o peso de suas conseqüências ameaçam sem cessar o dom da unidade. Assim, o apóstolo tem de exortar a "conservar a unidade do Espírito pelo vínculo da paz" (Ef 4,3).
§1440 O sacramento da Penitência e da Reconciliação O pecado é antes de tudo uma ofensa a Deus, uma ruptura da comunhão com ele. Ao mesmo tempo é um atentado à comunhão com a Igreja. Por isso, a conversão traz simultaneamente o perdão de Deus e a reconciliação com a Igreja, Q que é expresso e realizado liturgicamente pelo sacramento da Penitência e da Reconciliação.

P.28.15.4 Ato pessoal
§1868 O pecado é um ato pessoal. Além disso, temos responsabilidade nos pecados cometidos por outros, quando neles cooperamos:
* participando neles direta e voluntariamente;
* mandando, aconselhando, louvando ou aprovando esses pecados;
* não os revelando ou não os impedindo, quando a somos obrigados;
* protegendo os que fazem o mal.

P.28.15.5 Cismas heresias apostasias
§817 Na realidade, "nesta una e única Igreja de Deus, já desde os primórdios, surgiram algumas cisões, que o Apóstolo censura com vigor como condenáveis. Dissensões mais amplas nasceram nos séculos posteriores. Comunidades não pequenas separaram-se da plena comunhão com a Igreja católica, por vezes não sem culpa de homens de ambas as partes". As rupturas que ferem a unidade do Corpo de Cristo (distinguem-se a heresia, a apostasia e o cisma) não acontecem sem os pecados dos homens:
"Ubi peccata sunt, ibi multitudo, ibi schismata, ibi haereses, ibi discussiones. Ubi autem virtus, ibi singularitas, ibi unio, ex quo omnium credentium erat cor unum et anima una. - Onde estão os pecados, aí está a multiplicidade (das crenças), aí o cisma, aí as heresias, aí as controvérsias. Onde, porém, está a virtude, aí está a unidade, aí a comunhão, em força disso, os crentes eram um só coração e uma só alma."
P.28.15.6 Mal moral entrado no mundo
§311 Os anjos e os homens, criaturas inteligentes e livres, devem caminhar para seu destino último por opção livre e amor preferencial. Podem, no entanto, desviar-se. E, de fato, pecaram. Foi assim que o mal moral entrou no mundo, incomensuravelmente mais grave do que o mal físico. Deus não é de modo algum, nem direta nem indiretamente, a causa do mal moral. Todavia, permite-o, respeitando a liberdade de sua criatura e, misteriosamente, sabe auferir dele o bem:
Pois o Deus Todo-Poderoso..., por ser soberanamente bom, nunca deixaria qualquer mal existir em suas obras se não fosse bastante poderoso e bom para fazer resultar o bem do próprio ma1.
§1869 Assim, o pecado toma os homens cúmplices uns dos outros, faz reinar entre eles a concupiscência, a violência e a injustiça. Os pecados provocam situações sociais e instituições contrárias à bondade divina. As "estruturas de pecado" são a expressão e o efeito dos pecados pessoais. Induzem suas vítimas a cometer, por sua vez, o mal. Em sentido analógico, constituem um "pecado social".

P.28.15.7 Morte na história da humanidade
§400 A harmonia na qual estavam, estabelecida graças à justiça original, está destruída; o domínio das faculdades espirituais da alma sobre o corpo é rompido; a união entre o homem e a mulher é submetida a tensões; suas relações serão marcadas pela cupidez e pela dominação (cf. Gn 3, 16). A harmonia com a criação está rompida: a criação visível tornou-se para o homem estranha e hostil. Por causa do homem, a criação está submetida "à servidão da corrupção". Finalmente, vai realizar-se a conseqüência explicitamente anunciada para o caso de desobediência: o homem "voltará ao pó do qual é formado" A morte entra na história da humanidade.
§1008 A morte é conseqüência do pecado. Intérprete autêntico das afirmações da Sagrada Escritura e da tradição, o magistério da Igreja ensina que a morte entrou no mundo por causa do pecado do homem. Embora o homem tivesse uma natureza mortal, Deus o destinava a não morrer. A morte foi, portanto, contrária aos desígnios de Deus criador e entrou no mundo como conseqüência do pecado. "A morte corporal, à qual o homem teria sido subtraído se não tivesse pecado", é assim "o último inimigo" do homem a ser vencido (1 Cor 15,26).

P.28.15.8 Obra da carne
§1852 A diversidade dos pecados
A variedade dos pecados é grande. As Escrituras nos fornecem várias listas. A Carta aos gálatas opõe as obras da carne ao fruto do Espírito: "As obras da carne são manifestas: fornicação, impureza, libertinagem, idolatria, feitiçaria, ódio, rixas, ciúmes, ira, discussões, discórdia, divisões, invejas, bebedeiras, orgias e coisas semelhantes a estas, a respeito das quais eu vos previno, como já vos preveni: os que tais coisas praticam não herdarão o Reino de Deus" (Gl 5,19-21)".

P.28.15.9 Ofensa feita a Deus
§431 Na História da Salvação, Deus não se contentou em libertar Israel da "casa da escravidão" (Dt 5,6), fazendo-o sair do Egito. Salva-o também de seu pecado. Por ser o pecado sempre uma ofensa feita a Deus, só ele pode perdoá-lo. Por isso Israel, tomando consciência cada vez mais clara da universalidade do pecado, não poder mais procurar a salvação a não ser na invocação do Nome do Deus Redentor.
§1850 O pecado é ofensa a Deus: "Pequei contra ti, contra ti somente; pratiquei o que é mau aos teus olhos" (Sl 51,6). O pecado ergue-se contra o amor de Deus por nós e desvia dele os nossos corações. Como o primeiro pecado, é uma desobediência, uma revolta contra Deus, por vontade de tornar-se "como deuses", conhecendo e determinando o bem e o mal (Gn 3,5). O pecado é, portanto, "amor de si mesmo até o desprezo de Deus". Por essa exaltação orgulhosa de si, o pecado é diametralmente contrário à obediência de Jesus, que realiza a salvação.

P.28.15.10 Pecado prejudica a comunhão humana
§761 O congraçamento do povo de Deus começa no instante em que o pecado destrói a comunhão dos homens com Deus e a dos homens entre si. A convocação da Igreja é por assim dizer a reação de Deus ao caos provocado pelo pecado. Esta reunificação realiza-se secretamente dentro de todos os povos: "Em qualquer nação, quem o teme e pratica a justiça lhe é agradável" (At 10,35).
§953 A comunhão da caridade. Na "comunhão dos santos" "ninguém de nós vive e ninguém morre para si mesmo" (Rm 14,7). "Se um membro sofre, todos os membros compartilham seu sofrimento; se um membro é honrado, todos os membros compartilham sua alegria. Ora, vós sois o Corpo de Cristo e sois seus membros, cada um por sua parte" (1Cor 6-27). "A caridade não procura seu próprio interesse" (1 Cor 13,5) O menor dos nossos atos praticado na caridade irradia em benefício de todos, nesta solidariedade com todos os homens, vivos ou mortos, que se funda na comunhão dos santos. Todo pecado prejudica esta comunhão.

P.28.15.11 Rejeição de Deus
§398 Neste pecado, o homem preferiu a si mesmo a Deus, e com isso menosprezou a Deus: optou por si mesmo contra Deus, contrariando as exigências de seu estado de criatura e consequentemente de seu próprio bem. Constituído em um estado de santidade, o homem estava destinado a ser plenamente "divinizado" por Deus na glória. Pela sedução do Diabo, quis "ser como Deus", mas "sem Deus, e antepondo-se a Deus, e não segundo Deus".

P.28.16 Libertação do pecado cf. Penitência Reconciliação

P.28.16.1 Batismo liberta do pecado
§977 Nosso Senhor ligou o perdão dos pecados à fé e ao Batismo: "Ide por todo o mundo e proclamai o Evangelho a toda criatura. Aquele que crer e for batizado será salvo" (Mc 16,15.16). O Batismo é o primeiro e principal sacramento do perdão dos pecados, porque nos une a Cristo morto por nossos pecados, ressuscitado para nossa justificação, para que "também vivamos vida nova" (Rm 6,4).
§978 "No momento em que fazemos nossa primeira profissão de fé, recebendo o santo Batismo que nos purifica, o perdão que recebemos é tão pleno e tão completo que não nos resta absolutamente nada a apagar, seja do pecado original, seja dos pecados cometidos por nossa própria vontade, nem nenhuma pena a sofrer para expiá-los. (...) Contudo, a graça do Batismo não livra ninguém de todas as fraquezas da natureza. Pelo contrário, ainda temos de combater os movimentos da concupiscência, que não cessam de arrastar-nos para o mal."
§985 O Batismo é o primeiro e o principal sacramento para o perdão dos pecados: une-nos a Cristo morto e ressuscitado nos dá o Espírito Santo
§1213 O santo Batismo é o fundamento de toda a vida cristã, a porta da vida no Espírito ("vitae spiritualis janua") e a porta que abre o acesso aos demais sacramentos. Pelo Batismo somos libertados do pecado e regenerados como filhos de Deus, tornamo-os membros de Cristo, somos incorporados à Igreja e feitos participantes de sua missão: "Baptismus está sacramentum regenerationis per aquam in verbo O Batismo é o sacramento da regeneração pela água na Palavra"
§1237 Visto que o Batismo significa a libertação do pecado e de seu instigador, o Diabo, pronuncia-se um (ou vários) exorcismo(s) sobre o candidato. Este é ungido com o óleo dos catecúmenos ou então o celebrante impõe-lhe a mão, e o candidato renuncia explicitamente a satanás. Assim preparado, ele pode confessar a fé da Igreja, à qual será "confiado" pelo Batismo.
§1263 PARA A REMISSÃO DOS PECADOS... Pelo batismo, todos os pecados são perdoados: o pecado original e todos os pecados pessoais, bem como todas as penas do pecado. Com efeito, naqueles que foram regenerados não resta nada que os impeça de entrar no Reino de Deus: nem o pecado de Adão, nem o pecado pessoal, nem as seqüelas do pecado, das quais a mais grave é a separação de Deus.
§1264 No batizado, porém, certas conseqüências temporais do pecado permanecem, tais como os sofrimentos, a doença, a morte ou as fragilidades inerentes à vida, como as fraquezas de caráter etc., assim como a propensão ao pecado, que a Tradição chama de concupiscência ou, metaforicamente, o "incentivo do pecado" (fomes peccati"): "Deixada para os nossos combates, a concupiscência não é capaz de prejudicar aqueles que, não consentindo nela, resistem com coragem pela graça de Cristo. Mais ainda: 'um atleta não recebe a coroa se não lutou segundo as regras' (2Tm 2,5).

P.28.16.2 Cristo perdoa os pecados
§987 "Na remissão dos pecados, os presbíteros e os sacramentos são meros instrumentos dos quais nosso Senhor Jesus Cristo, único autor e dispensador de nossa salvação, se apraz em se servir para apagar nossas iniqüidades e dar-nos a graça da justificação.
§1441 SÓ DEUS PERDOA OS PECADOS Só eus perdoa os pecados. Por ser o Filho de Deus, Jesus diz de si mesmo: "O Filho do homem tem poder de perdoar pecados na terra" (Mc 2,10) e exerce esse poder divino: "Teus pecados estão perdoados!" (Mc 2,5). Mais ainda: em virtude de sua autoridade divina, transmite esse poder aos homens para que o exerçam em seu nome.

P.28.16.3 Cristo satisfaz o Pai pelos nossos pecados
§615 Como pela desobediência de um só homem todos se tornaram pecadores, assim, pela obediência de um só, todos se tornarão justos" (Rm 5,19). Por sua obediência até a morte, Jesus realizou a substituição do Servo Sofredor que "oferece sua vida em sacrifício expiatório", "quando carregava o pecado das multidões", "que ele justifica levando sobre si o pecado de muitos". Jesus prestou reparação por nossas faltas e satisfez o Pai por nossos pecados.
§1708 Por sua paixão, Cristo livrou-nos de Satanás e do pecado. Ele nos mereceu a vida nova no Espírito Santo. Sua graça restaura o que o pecado deteriorou em nós.

P.28.16.4 Cristo "Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo"
§523 São João Batista é o precursor imediato do Senhor, enviado para preparar-lhe o caminho. "Profeta do Altíssimo" (Lc; 1,76), ele supera todos os profetas, deles é o último, inaugura o Evangelho; saúda a vinda de Cristo desde o seio de sua mãe e encontra sua alegria em ser "o amigo do esposo" (Jo 3,29), que designa como "o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo" (Jo 1,29). Precedendo a Jesus "com o espírito e o poder de Elias" (Lc 1,17), dá-lhe testemunho por sua pregação, seu batismo de conversão e, finalmente, seu martírio.
§536 O Batismo de Jesus é, da parte dele, a aceitação e a inauguração de sua missão de Servo sofredor. Deixa-se contar entre os pecadores; é, já, "o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo" (Jo 1,29), antecipa já o "Batismo" de sua morte sangrenta. Vem, já, "cumprir toda a justiça" (Mt 3,15), ou seja, submete-se por inteiro à vontade de seu Pai: aceita por amor este batismo de morte para a remissão de nossos pecados. A esta aceitação responde a voz do Pai, que coloca toda a sua complacência em seu Filho. O Espírito que Jesus possui em plenitude desde a sua concepção vem "repousar" sobre Ele. Jesus ser a fonte do Espírito para toda a humanidade. No Batismo de Jesus, "abriram-se os Céus" (Mt 3,16) que o pecado de Adão havia fechado; e as águas são santificadas pela descida de Jesus e do Espírito, prelúdio da nova criação.
§608 Depois de ter aceitado dar-lhe o Batismo junto com os pecadores, João Batista viu e mostrou em Jesus o "Cordeiro de Deus, que tira os pecados do mundo". Manifesta, assim que Jesus é ao mesmo tempo o Servo Sofredor que se deixa levar silencioso ao matadouro e carrega o pecado das multidões e o cordeiro pascal, símbolo da redenção de Israel por ocasião da primeira Páscoa Toda a vida de Cristo exprime sua missão: "Servir e dar sua vida em resgate por muitos".

P.28.16.5 Cristo "propiciação pelos nossos pecados"
§457 O Verbo se fez carne para salvar-nos, reconciliando-nos com Deus: "Foi Ele que nos amou e enviou-nos seu Filho como vítima de expiação por nossos pecados" (1Jo 4,10). "O Pai enviou seu Filho como o Salvador do mundo" (1Jo 4,14). "Este apareceu para tirar os pecados" (1Jo 3,5):
Doente, nossa natureza precisava ser curada; decaída, ser reerguida; morta, ser ressuscitada. Havíamos perdido a posse do bem, era preciso no-la restituir. Enclausurados nas trevas, era preciso trazer-nos à luz; cativos, esperávamos um salvador; prisioneiros, um socorro; escravos, um libertador. Essas razões eram sem importância? Não eram tais que comoveriam a Deus a ponto de fazê-lo descer até nossa natureza humana para visita-la, uma vez que a humanidade se encontrava em um estado tão miserável e tão infeliz?
§604 Ao entregar seu Filho por nossos pecados, Deus manifesta que seu desígnio sobre nós é um desígnio de amor benevolente que antecede a qualquer mérito nosso: "Nisto consiste o amor: não fomos nós que amamos a Deus, mas foi Ele quem nos amou e enviou-nos seu Filho como vítima de expiação por nossos pecados" (1Jo 4,10). "Deus demonstra seu amor para conosco pelo fato de Cristo ter morrido por nós quando éramos ainda pecadores" (Rm 5,8).

P.28.16.6 Cura dos homens do pecado
§211 O Nome divino "Eu sou" ou "Ele é" exprime a fidelidade de Deus, que, apesar da infidelidade do pecado dos homens e do castigo que ele merece, "guarda seu amor a milhares" (Ex 34,7). Deus revela que é "rico em misericórdia" (Ef 2,4), indo até o ponto de dar seu próprio Filho. Ao dar sua vida para libertar-nos do pecado, Jesus revelará que ele mesmo traz o Nome divino: "Quando tiverdes elevado o Filho do Homem, então sabereis que "EU SOU" (Jo 8,28).
§549 Ao libertar certas pessoas dos males terrestres da fome, da injustiça, da doença e da morte, Jesus operou sinais messiânicos; não veio, no entanto, para abolir todos os males da terra, mas para libertar os homens da mais grave das escravidões, a do pecado, que os entrava em sua vocação de filhos de Deus e causa todas as suas escravidões humanas.
§1989 A primeira obra da graça do Espírito Santo é a conversão que opera a justificação segundo o anúncio de Jesus no princípio do Evangelho: "Arrependei-vos (convertei-vos), porque está próximo o Reino dos Céus" (Mt 4,17). Sob a moção da graça, o homem se volta para Deus e se aparta do pecado, acolhendo, assim, o perdão e a justiça do alto. "A justificação comporta a remissão dos pecados, a santificação e a renovação do homem interior."
§1990 A justificação aparta o homem do pecado, que contradiz o amor de Deus, e lhe purifica o coração. A justificação ocorre graças à iniciativa da misericórdia de Deus, que oferece o perdão. A justificação reconcilia o homem com Deus; liberta-o da servidão do pecado e o cura.
§1999 A graça de Cristo é o dom gratuito que Deus nos faz de sua vida infundida pelo Espírito Santo em nossa alma, para curá-la do pecado e santificá-la; trata-se da graça santificante ou deificante, recebida no Batismo. Em nós, ela é a fonte da obra santificadora:
Se alguém está em Cristo, é nova criatura. Passaram-se as coisas antigas; eis que se fez uma realidade nova. Tudo isto vem de Deus, que nos reconciliou consigo por Cristo (2Cor 5,17-18).
§2057 O Decálogo deve ser entendido em primeiro lugar no contexto do êxodo, que é o grande acontecimento libertador de Deus no centro da Antiga Aliança. Formulados como mandamentos negativos (proibições), ou à maneira de mandamento positivos (como: "Honra teu pai e tua mãe"), as "dez palavras indicam as condições de uma vida liberta da escravidão do pecado. O Decálogo é um caminho de vida:
Se amares teu Deus, se andares em seus caminhos, se observares seus mandamentos, suas leis e suas normas, viverás e te multiplicarás (Dt 30,16).
Esta força libertadora do Decálogo aparece, por exemplo, no mandamento sobre o descanso do sábado, destinado igualmente aos estrangeiros e aos escravos:
Lembrai-vos de que fostes escravos numa terra estrangeira. O Senhor vosso Deus vos fez sair de lá com mão forte e braço estendido (Dt 5,15).
§2097 Adorar a Deus é, no respeito e na submissão absoluta, reconhecer "o nada da criatura", que não existe a não ser por Deus. Adorar a Deus é, como Maria no Magnificat, louvá-lo, exaltá-lo e humilhar-se a si mesmo, confessando com gratidão que Ele fez grandes coisas e que seu nome é santo. A adoração do Deus único liberta o homem de se fechar em si mesmo, da escravidão do pecado e da idolatria do mundo.

P.28.16.7 Deus fez Cristo "pecado por causa de nós"
§602 Por isso, São Pedro pode formular assim a fé apostólica no projeto divino de salvação: "Fostes resgatados da vida fútil que herdastes de vossos pais, pelo sangue precioso de Cristo, como de um cordeiro sem defeitos e sem mácula, conhecido antes da fundação do mundo, mas manifestado, no fim dos tempos, por causa de vós" (1Pd 1,18-20). Os pecados dos homens, depois do pecado original, são sancionados pela morte. Ao enviar seu próprio Filho na condição de escravo, condição de uma humanidade decaída e fadada à morte por causa do pecado. "Aquele que não conhecera o pecado, Deus o fez pecado por causa de nós, a fim de que, por ele, nos tornemos justiça de Deus" (2Cor 5,21).
§603 Jesus não conheceu a reprovação, como se Ele mesmo tivesse pecado. Mas, no amor redentor que sempre o unia ao Pai, nos assumiu na perdição de nosso pecado em relação a Deus a ponto de poder dizer em nosso nome, na cruz: "Meu Deus, meu Deus por que me abandonaste?" (Mc 15,34). Tendo-o tornado solidário de nós, pecadores, "Deus não poupou seu próprio Filho, mas o entregou por todos nós" (Rm 8,32), a fim de que fôssemos "reconciliados com Ele pela morte de seu Filho" (Rm 5,10).

P.28.16.8 Deus não abandona o homem ao império da morte
§410 "Não o abandonaste ao poder da morte"
Depois da queda, o homem não foi abandonado por Deus. Ao contrário, Deus o chama e lhe anuncia de modo misterioso a vitória sobre o mal e o soerguimento da queda. Esta passagem do Gênesis foi chamada de "proto-evangelho", por ser o primeiro anúncio do Messias redentor, a do combate entre a serpente e a Mulher e a vitória final de um descendente desta última.
§411 A tradição cristã vê nesta passagem um anúncio do "novo Adão", que, por sua "obediência até a morte de Cruz" (Fl 2,8), repara com superabundância a desobediência de Adão. De resto, numerosos Padres e Doutores da Igreja vêem na mulher anunciada no "proto-evangelho" a mãe de Cristo, Maria, como "nova Eva". Foi ela que, primeiro e de uma forma única, se beneficiou da vitória sobre o pecado conquistada por Cristo: ela foi preservada de toda mancha do pecado original e durante toda a vida terrestre, por uma graça especial de Deus, não cometeu nenhuma espécie de pecado.
§1609 O CASAMENTO SOB A PEDAGOGIA DA LEI Em 2sua misericórdia, Deus não abandonou o homem pecador. As penas que acompanham o pecado, "as dores da gravidade de dar à luz (Cf Gn 3,16), o trabalho "com o suor de teu rosto" (Gn 3,19) constituem também remédios que atenuam os prejuízos do pecado. Após a queda, o casamento ajuda a vencer a centralização em si mesmo, o egoísmo, a busca do próprio prazer, e a abrir-se ao outro, à ajuda mútua, ao dom de si.

P.28.16.9 Lei divina auxílio dos feridos pelo pecado
§1949 A SALVAÇÃO DE DEUS: A LEI E A GRAÇA
Chamado à felicidade, mas ferido pelo pecado, o homem tem necessidade da salvação de Deus. O socorro divino lhe é dado, em Cristo, pela lei que o dirige e na graça que o sustenta:
Trabalhai para vossa salvação com temor e tremor, pois é Deus quem, segundo a sua vontade, realiza em vós o querer e o fazer (Fl 2,12-13).

P.28.16.10 Modos de obter o perdão dos pecados
§1434 As múltiplas formas da penitência na vida cristã A penitência interior do cristão pode ter expressões bem variadas. A escritura e os padres insistem principalmente em três formas: o jejum, a oração e a esmola, que exprimem a conversão com relação a si mesmo, a Deus e aos outros. Ao lado da purificação radical operada pelo batismo ou pelo martírio, citam, como meio de obter o perdão dos pecados, os esforços empreendidos para reconciliar-se com o próximo, as lágrimas de penitência, a preocupação com a salvação do próximo, a intercessão dos santos e a prática da caridade, "que cobre uma multidão de pecados" (1Pd 4,8).
§1435 A conversão se realiza na vida cotidiana por meio de gestos de reconciliação, do cuidado dos pobres, do exercício e da defesa da Justiça e do direito, pela confissão das faltas aos irmãos, pela correção fraterna, pela revisão de vida, pelo exame de consciência pela direção espiritual, pela aceitação dos sofrimentos, pela firmeza na perseguição por causa da justiça. Tomar sua cruz, cada dia, seguir a Jesus é o caminho mais seguro da penitencia.
§1436 Eucaristia e penitência. A conversão e a penitência cotidiana encontram sua fonte e seu alimento na Eucaristia, pois nela se torna presente o sacrifício de Cristo que nos reconciliou com Deus; por ela são nutridos e fortificados aqueles que vivem da vida de Cristo: "ela é o antídoto que nos liberta de nossas faltas cotidianas e nos preserva dos pecados mortais".
§1437 A leitura da Sagrada Escritura, a oração da Liturgia das Horas e do Pai-nosso, todo ato sincero de culto ou de piedade reaviva em nós o espírito de conversão e de penitência e contribui para o perdão dos pecados.
§1438 Os tempos e os dias de penitência ao longo do ano litúrgico (o tempo da quaresma, cada sexta-feira em memória da morte do Senhor) são momentos fortes da prática penitencial da Igreja. Esses tempos são particularmente apropriados aos exercícios espirituais, às liturgias penitenciais, às peregrinações em sinal de penitência, às privações voluntárias como o jejum e a esmola, à partilha fraterna (obras de caridade e missionárias).
§1439 O dinamismo da conversão e da penitência foi maravilhosamente descrito por Jesus na parábola do "filho pródigo", cujo centro é "O pai misericordioso": o fascínio de uma liberdade ilusória, o abandono da casa paterna; a extrema miséria em que se encontra o filho depois de esbanjar sua fortuna; a profunda humilhação de ver-se obrigado a cuidar dos porcos e, pior ainda, de querer matar a fome com a sua ração; a reflexão sobre os bens perdidos; o arrependimento e a decisão de declarar-se culpado diante do pai; o caminho de volta; o generoso acolhimento da parte do pai; a alegria do pai: tudo isso são traços específicos do processo de conversão. A bela túnica, o anel e o banquete da festa são símbolos desta nova vida, pura, digna, cheia de alegria, que é a vida do homem que volta a Deus e ao seio de sua família, que é a Igreja. Só o coração de Cristo que conhece as profundezas do amor do Pai pôde revelar-nos o abismo de sua misericórdia de uma maneira tão simples e tão bela.

P.28.16.11 Oblação de Cristo pelos pecados do homem
§606 O Filho de Deus, que "desceu do Céu não para fazer sua vontade, mas a do Pai que o enviou", "diz ao entrar no mundo:.. Eis-me aqui... eu vim, ó Deus, para fazer a tua vontade... Graças a esta vontade é que somos santificados pela oferenda do corpo de Jesus Cristo, realizada uma vez por todas" (Hb 10,5-10). Desde o primeiro instante de sua Encarnação, o Filho desposa o desígnio de salvação divino em sua missão redentora: "Meu alimento é fazer a vontade daquele que me enviou e consumar sua obra" (Jo 4,34). O sacrifício de Jesus "pelos pecados do mundo inteiro" (1Jo 2,2) é a expressão de sua comunhão de amor ao Pai: "O Pai me ama porque dou a minha vida" (Jo 10,17). "O mundo saberá que amo o Pai e faço como o Pai me ordenou" (Jo 14,31).
§607 Este desejo de desposar o desígnio de amor redentor de seu Pai anima toda a vida de Jesus pois sua Paixão redentora é a razão de ser de sua Encarnação: "Pai, salva-me desta hora. Mas foi precisamente para esta hora que eu vim" (Jo 12,27). "Deixarei eu de beber o cálice que o Pai me deu?" (Jo 18,11). E ainda na cruz, antes que tudo fosse "consumado" (Jo 19,30), ele disse: "Tenho sede" (Jo 19,28).
§608 Depois de ter aceitado dar-lhe o Batismo junto com os pecadores, João Batista viu e mostrou em Jesus o "Cordeiro de Deus, que tira os pecados do mundo". Manifesta, assim que Jesus é ao mesmo tempo o Servo Sofredor que se deixa levar silencioso ao matadouro e carrega o pecado das multidões e o cordeiro pascal, símbolo da redenção de Israel por ocasião da primeira Páscoa Toda a vida de Cristo exprime sua missão: "Servir e dar sua vida em resgate por muitos".
§609 Ao abraçar em seu coração humano o amor do Pai pelos homens, Jesus "amou-os até o fim" (Jo 13,11), "pois ninguém tem maior amor do que aquele que dá a vida por seus amigos" (Jo 15,13). Assim, no sofrimento e na morte, sua humanidade se tornou o instrumento livre e perfeito de seu amor divino, que quer a salvação dos homens. Com efeito, aceitou livremente sua Paixão e sua Morte por amor de seu Pai e dos homens, que o Pai quer salvar: "Ninguém me tira a vida, mas eu a dou livremente" (Jo 10,18). Daí a liberdade soberana do Filho de Deus quando Ele mesmo vai ao encontro da morte.
§610 Jesus expressou de modo supremo a oferta livre de si mesmo na refeição que tomou com os Doze Apóstolos na "noite em que foi entregue" (1 Cor 11,23). Na véspera de sua Paixão, quando ainda estava em liberdade, Jesus fez desta Última Ceia com seus apóstolos o memorial de sua oferta voluntária ao Pai, pela salvação dos homens: "Isto é o meu corpo que é dado por vós" (Lc 22,19). "Isto é o meu sangue, o sangue da Aliança, que é derramado por muitos para remissão dos pecados" (Mt 26,28).
§611 A Eucaristia que instituiu naquele momento será o "memorial" de seu sacrifício. Jesus inclui os apóstolos em sua própria oferta e lhes pede que a perpetuem. Com isso, institui seus apóstolos sacerdotes da Nova Aliança: "Por eles, a mim mesmo me santifico, para que sejam santificados na verdade" (Jo 17,19).
§612 O cálice da Nova Aliança, que Jesus antecipou na Ceia, oferecendo-se a si mesmo, aceita-o em seguida das mãos do Pai em sua agonia no Getsêmani, tornando-se "obediente até a morte" (Fl 2,8). Jesus ora: "Meu Pai, se for possível, que passe de mim este cálice..." (Mt 26,39). Exprime assim o horror que a morte representa para sua natureza humana. Com efeito, a natureza humana de Jesus, como a nossa, está destinada à Vida Eterna; além disso, diversamente da nossa, ela é totalmente isenta de pecado, que causa a morte"; mas ela é sobretudo assumida pela pessoa divina do "Príncipe da Vida", do "vivente". Ao aceitar em sua vontade humana que a vontade do Pai seja feita, aceita sua morte como redentora para "carregar em seu próprio corpo os nossos pecados sobre o madeiro" (1Pd 2,24).
§613 A morte de Cristo é ao mesmo tempo o sacrifício pascal, que realiza a redenção definitiva dos homens pelo "cordeiro que tira o pecado do mundo", e o sacrifício da Nova Aliança, que reconduz o homem à comunhão com Deus, reconciliando-o com ele pelo "sangue derramado por muitos para remissão dos pecados".
§614 Este sacrifício de Cristo é único. Ele realiza e supera todos os sacrifícios. Ele é primeiro um dom do próprio Deus Pai: é o Pai que entrega seu Filho para reconciliar-nos consigo. É ao mesmo tempo oferenda do Filho de Deus feito homem, o qual, livremente e por amor, oferece sua vida a seu Pai pelo Espírito Santo, para reparar nossa desobediência.
§615 Como pela desobediência de um só homem todos se tornaram pecadores, assim, pela obediência de um só, todos se tornarão justos" (Rm 5,19). Por sua obediência até a morte, Jesus realizou a substituição do Servo Sofredor que "oferece sua vida em sacrifício expiatório", "quando carregava o pecado das multidões", "que ele justifica levando sobre si o pecado de muitos". Jesus prestou reparação por nossas faltas e satisfez o Pai por nossos pecados.
§616 É "o amor até o fim" que confere o Valor de redenção de reparação, de expiação e de satisfação ao sacrifício de Cristo. Ele nos conheceu a todos e amou na oferenda de sua vida. "A caridade de Cristo nos compele quando consideramos que um só morreu por todos e que, por conseguinte, todos morreram" (2 Cor 5,14). Nenhum homem, ainda que o mais santo, tinha condições de tomar sobre si os pecados de todos os homens e de se oferecer em sacrifício por todos. A existência em Cristo da Pessoa Divina do Filho, que supera e, ao mesmo tempo, abraça todas as pessoas humanas, e que o constitui Cabeça de toda a humanidade, torna possível seu sacrifício redentor por todos.
§617 "Sua sanctissima passione in ligno crucis nobis iustificationem meruit - Por sua santíssima Paixão no madeiro da cruz mereceu-nos a justificação", ensina o Concílio de Trento, sublinhando o caráter único do sacrifício de Cristo como "princípio de salvação eterna". E a Igreja venera a Cruz, cantando: crux, ave, spes única - Salve, ó Cruz, única esperança".
§618 A Cruz é o único sacrifício de Cristo, "único mediador entre Deus e os homens". Mas pelo fato de que, em sua Pessoa Divina encarnada, "de certo modo uniu a si mesmo todos os homens", "oferece a todos os homens, de uma forma que Deus conhece, a possibilidade de serem associados ao Mistério Pascal". Chama seus discípulos a "tomar sua cruz e a segui-lo", pois "sofreu por nós, deixou-nos um exemplo, a fim de que sigamos seus passos". Quer associar a seu sacrifício redentor aqueles mesmos que são os primeiros beneficiários dele. Isto realiza-se de maneira suprema em sua Mãe, associada mais intimamente do que qualquer outro ao mistério de seu sofrimento redentor:
Fora da Cruz não existe outra escada por onde subir ao céu.

P.28.16.12 Oração para não entrarmos no caminho do pecado
§2846Não nos deixeis cair em tentação
Este pedido atinge a raiz do precedente, pois nossos pecados são fruto do consentimento na, tentação. Pedimos ao nosso Pai que não nos "deixe cair" nela. E difícil traduzir, com uma palavra só, a expressão grega "me eisenegkes" (pronuncie: "me eissenenkes"), que significa "não permitas entrar em", "não nos deixeis sucumbir à tentação". "Deus não pode ser tentado pelo mal e a ninguém tenta" (Tg 1,13); Ele quer, ao contrário, dela nos livrar. Nós lhe pedimos que não nos deixe enveredar pelo caminho que conduz ao pecado. Estamos empenhados no combate "entre a carne e o Espírito". Este pedido implora o Espírito de discernimento e de fortaleza.

P.28.16.13 Penitência e Reconciliação cf. Penitência e Reconciliação

P.28.16.14 Penitência interior caminho para superar o pecado
§1431 A penitência interior é uma reorientação radical de toda a vida, um retorno, uma conversão para Deus de todo nosso coração, uma ruptura com o pecado, uma aversão ao mal e repugnância às m s obras que cometemos. Ao mesmo tempo, é o desejo e a resolução de mudar de vida com a esperança da misericórdia divina e a confiança na ajuda de sua graça. Esta conversão do coração vem acompanhada de uma dor e uma tristeza salutares, chamadas pelos Padres de "animi cruciatus (aflição do espírito)", "compunctio cordis (arrependimento do coração)" .

P.28.16.15 Só Deus pode perdoar os pecados
§270 "TU TE COMPADECES DE TODOS, PORQUE TUDO PODES" (SB 11,23)
Deus é o Pai Todo-Poderoso. Sua paternidade e seu poder iluminam-se mutuamente. Com efeito, ele mostra sua onipotência paternal pela maneira como cuida de nossas necessidades, pela adoção filial que nos outorga ("Serei para vós um pai, e sereis para mim filhos e filhas, diz o Senhor Todo-Poderoso": 2Cor 6,18), e finalmente por sua misericórdia infinita, pois mostra seu poder no mais alto grau, perdoando livremente os pecados.
§277 Deus manifesta sua onipotência convertendo-nos dos nossos pecados e restabelecendo-nos em sua amizade pela graça ("Deus, qui omnipotentiam tuam parcendo maxime et miserando manifestas... - O Deus, que manifestais o vosso poder sobretudo na misericórdia.".
§430 Jesus quer dizer, em hebraico, "Deus salva". No momento da Anunciação, o anjo Gabriel dá-lhe como nome próprio o nome de Jesus, que exprime ao mesmo tempo sua identidade e missão. Uma vez que "só Deus pode perdoar os pecados" (Mc 2,7), é Ele que, em Jesus, seu Filho eterno feito homem, "salvará seu povo dos pecados" (Mt 1,21). Em Jesus, portanto, Deus recapitula toda a sua história de salvação em favor dos homens.
§431 Na História da Salvação, Deus não se contentou em libertar Israel da "casa da escravidão" (Dt 5,6), fazendo-o sair do Egito. Salva-o também de seu pecado. Por ser o pecado sempre uma ofensa feita a Deus, só ele pode perdoá-lo. Por isso Israel, tomando consciência cada vez mais clara da universalidade do pecado, não poder

P.28.16.16 Violência e multiplicidade do pecado manifestadas na paixão de Cristo
§1851 É justamente na paixão, em que a misericórdia de Cristo vai vencê-lo, que o pecado manifesta o grau mais alto de sua violência e de sua multiplicidade: incredulidade, ódio assassino, rejeição e zombarias da parte dos chefes e do povo, covardia de Pilatos e crueldade dos soldados, traição de Judas, tão dura para Jesus, negação de Pedro e abandono da parte dos discípulos. Mas, na própria hora das trevas e do príncipe deste mundo, o sacrifício de Cristo se toma secretamente a fonte de onde brotará inesgotavelmente o perdão de nossos pecados.
P.28.17 Modos de pecar

P.28.17.1 Modos de pecar contra o amor de Deus
§2094 Pode-se pecar de diversas maneiras contra o amor de Deus: a indiferença negligencia ou recusa a consideração da caridade divina, menospreza a iniciativa (de Deus em nos amar) e nega sua força. A ingratidão omite ou se recusa a reconhecer a caridade divina e a pagar amor com amor. A tibieza é uma hesitação ou uma negligência em responder ao amor divino, podendo implicar a recusa de se entregar ao dinamismo da caridade. A acídia ou preguiça espiritual chega a recusar até a alegria que vem de Deus e a ter horror ao bem divino. O ódio a Deus vem do orgulho. Opõe-se ao amor de Deus, cuja bondade nega, e atreve-se a maldizê-lo como aquele que proíbe os pecados e inflige as penas.

P.28.17.2 Pecados de pensamento de palavra por ação e por omissão
§1853 Pode-se distinguir os pecados segundo seu objeto, como em todo ato humano, ou segundo as virtudes a que se opõem, por excesso ou por defeito, ou segundo os mandamentos que eles contrariam. Pode-se também classificá-los conforme dizem respeito a Deus, ao próximo ou a si mesmo; pode-se dividi-los em pecados espirituais e carnais, ou ainda em pecados por pensamento, palavra, ação ou omissão. A raiz do pecado está no coração do homem, em sua livre vontade, segundo o ensinamento do Senhor: "Com efeito, é do coração que procedem más inclinações, assassínios, adultérios, prostituições, roubos, falsos testemunhos e difamações. São estas as coisas que tomam o homem impuro" (Mt 15,19-20). No coração reside também a caridade, princípio das obras boas e puras, que o pecado fere.

P.28.18 Pecado mortal

P.28.18.1 "Quem não ama permanece na morte"
§1033 Não podemos estar unidos a Deus se não fizermos livremente a opção de amá-lo. Mas não podemos amar a Deus se pecamos gravemente contra Ele, contra nosso próximo ou contra nós mesmos: "Aquele que não ama permanece na morte. Todo aquele que odeia seu irmão é homicida; e sabeis que nenhum homicida tem a vida eterna permanecendo nele" (1 Jo 3,14-15). Nosso Senhor adverte-nos de que seremos separados dele se deixarmos de ir ao encontro das necessidades graves dos pobres e dos pequenos que são seus irmãos morrer em pecado mortal sem ter-se arrependido dele e sem acolher o amor misericordioso de Deus significa ficar separado do Todo-Poderoso para sempre, por nossa própria opção livre. E é este estado de auto-exclusão definitiva da comunhão com Deus e com os bem-aventurados que se designa com a palavra "inferno".

P.28.18.2 Condições: matéria grave pleno conhecimento pleno consentimento
§1858 A matéria grave é precisada pelos Dez mandamentos, segundo a resposta de Jesus ao jovem rico: "Não mates, não come-tas adultério, não roubes, não levantes falso testemunho, não dó fraudes ninguém, honra teu pai e tua mãe" (Mc 10,19). A gravidade dos pecados é maior ou menor: um assassinato é mais grave que um roubo. A qualidade das pessoas lesadas é levada também em consideração. A Violência exercida contra os pais é em mais grave que contra um estranho.
§1859 O pecado mortal requer pleno conhecimento e pleno consentimento. Pressupõe o conhecimento do caráter pecaminoso do ato, de sua oposição à lei de Deus. Envolve também um consentimento suficientemente deliberado para ser uma escolha pessoal. A ignorância afetada e o endurecimento do coração não diminuem, antes aumentam, o caráter voluntário do pecado.

P.28.18.3 Conseqüências
§1855 O pecado mortal destrói a caridade no coração do homem por uma infração grave da lei de Deus; desvia o homem de Deus, que é seu fim último e sua bem-aventurança, preferindo um bem inferior.
O pecado venial deixa subsistir a caridade, embora a ofenda e fira.
§1861 O pecado mortal é uma possibilidade radical da liberdade humana, como o próprio amor. Acarreta a perda da caridade e a privação da graça santificante, isto é, do estado de graça. Se este estado não for recuperado mediante o arrependimento e o perdão de Deus, causa a exclusão do Reino de Cristo e a morte eterna no inferno, já que nossa liberdade tem o poder de fazer opções para sempre, sem regresso. No entanto, mesmo podendo julgar que um ato é em si falta grave, devemos confiar o julgamento sobre as pessoas à justiça e à misericórdia de Deus.

P.28.18.4 Distinção entre pecado mortal e pecado venial
§1854 A gravidade do pecado: pecado mortal e venial
Convém avaliar os pecados segundo sua gravidade. Perceptível já na Escritura, a distinção entre pecado mortal e pecado venial se impôs na tradição da Igreja. A experiência humana a corrobora.

P.28.18.5 Imputabilidade da culpa
§1860 A ignorância involuntária pode diminuir ou até escusar a imputabilidade de uma falta grave, mas supõe-se que ninguém ignora os princípios da lei moral inscritos na consciência de todo ser humano. Os impulsos da sensibilidade, as paixões podem igualmente reduzir o caráter voluntário e livre da falta, como também pressões exteriores e perturbações patológicas. O pecado por malícia, por opção deliberada do mal, é o mais grave.

P.28.18.6 Morte em pecado mortal e Penas eternas reservadas a quem morre em pecado mortal
§1033 Não podemos estar unidos a Deus se não fizermos livremente a opção de amá-lo. Mas não podemos amar a Deus se pecamos gravemente contra Ele, contra nosso próximo ou contra nós mesmos: "Aquele que não ama permanece na morte. Todo aquele que odeia seu irmão é homicida; e sabeis que nenhum homicida tem a vida eterna permanecendo nele" (1 Jo 3,14-15). Nosso Senhor adverte-nos de que seremos separados dele se deixarmos de ir ao encontro das necessidades graves dos pobres e dos pequenos que são seus irmãos morrer em pecado mortal sem ter-se arrependido dele e sem acolher o amor misericordioso de Deus significa ficar separado do Todo-Poderoso para sempre, por nossa própria opção livre. E é este estado de auto-exclusão definitiva da comunhão com Deus e com os bem-aventurados que se designa com a palavra "inferno".
§1035 O ensinamento da Igreja afirma a existência e a eternidade do inferno. As almas dos que morrem em estado de pecado mortal descem imediatamente após a morte aos infernos, onde sofrem as penas do Inferno, "o fogo eterno". A pena principal do Inferno consiste na separação eterna de Deus, o Único em quem o homem pode ter a vida e a felicidade para as quais foi criado e às quais aspira.

P.28.18.7 Perdão dos pecados mortais pela contrição perfeita
§1452 Quando rota do amor de Deus, amado acima de tudo, contrição é "perfeita" (contrição de caridade). Esta contrição perdoa as faltas veniais e obtém também o perdão dos pecado mortais, se incluir a firme resolução de recorrer, quando possível, à confissão sacramental.
§1856 O pecado mortal, atacando em nós o princípio vital, que é a caridade, exige uma nova iniciativa da misericórdia de Deus e uma conversão do coração, que se realiza normalmente no sacramento da Reconciliação:
Quando a vontade se volta para uma coisa contrária â caridade pela qual estamos ordenados ao fim último, há no pecado, por seu próprio objeto, matéria para ser mortal... quer seja contra o amor a Deus, como a blasfêmia, o perjúrio etc., quer seja contra o amor ao próximo, como o homicídio, o adultério etc. Por outro lado, quando a vontade do pecador se dirige às vezes a um objeto que contém em si uma desordem, mas não é contrário ao amor a Deus e ao próximo, como por exemplo palavra ociosa, riso supérfluo etc., tais pecados são veniais'

P.28.19 Pecado venial

P.28.19.1 Condições da matéria do conhecimento e do consentimento
§1862 Comete-se um pecado venial quando não se observa, em matéria leve, a medida prescrita pela lei moral, ou então quando se desobedece à lei moral em matéria grave, mas sem pleno conhecimento ou sem pleno consentimento.

P.28.19.2 Confissão dos pecados veniais
§1458 Apesar e não ser estritamente necessária, a confissão das faltas cotidianas (pecados veniais) é vivamente recomendada pela Igreja. Com efeito, a confissão regular de nossos pecados veniais nos ajuda a formar a consciência, a lutar contra nossas más tendências, a deixar-nos curar por Cristo, a progredir na vida do Espírito. Recebendo mais freqüentemente, por meio deste sacramento, o dom da misericórdia do Pai, somos levados a ser misericordiosos como ele;
Quem confessa os próprios pecados já está agindo em harmonia com Deus. Deus acusa teus pecados; se tu também os acusas, tu te associas a Deus. O homem e o pecador são, por assim dizer, duas realidades: quando ouves falar do homem, foi Deus quem o fez; quando ouves falar do pecador, é o próprio homem quem o fez. Destrói o que fizeste para que Deus salve o que Ele fez... Quando começas a detestar o que fizeste, é então que tuas boas obras começam, porque acusas tuas más obras. A confissão das más obras é o começo das boas obras. Contribui para a verdade e consegues chegar à 1uz.
§1863 O pecado venial enfraquece a caridade; traduz uma afeição desordenada pelos bens criados; impede o progresso da alma no exercício das virtudes e a prática do bem moral; merece penas temporais. O pecado venial deliberado e que fica sem arrependimento dispõe-nos pouco a pouco a cometer o pecado mortal. Mas o pecado venial não quebra a aliança com Deus. É humanamente reparável com a graça de Deus. "Não priva da graça santificante, da amizade com Deus, da caridade nem, por conseguinte, da bem-aventurança eterna."
O homem não pode, enquanto está na carne, evitar todos os pecados, pelo menos os pecados leves. Mas esses pecados que chamamos leves, não os consideras insignificantes: se os consideras insignificantes ao pesá-los, treme ao contá-los. Um grande número de objetos leves faz uma grande massa; um grande número de gotas enche um rio; um grande número de grãos faz um montão. Qual é então nossa esperança? Antes de tudo, a confissão...P.28.20 Pecados

P.28.20.1 Ato sexual fora do Matrimônio
§2390 Existe união livre quando o homem e a mulher se recusam a dar uma forma jurídica e pública a uma ligação que implica intimidade sexual.
A expressão é enganosa: com efeito, que significado pode ter uma união na qual as pessoas não se comprometem mutuamente e revelam, assim, uma falta de confiança na outra, em si mesma ou no futuro?
A expressão abrange situações diferentes: concubinato, recusa do casamento enquanto tal, incapacidade de assumir compromissos a longo prazo. Todas essas situações ofendem a dignidade do matrimônio, destroem a própria idéia da família, enfraquecem o sentido da fidelidade. São contrárias à lei moral. O ato sexual deve ocorrer exclusivamente no casamento; fora dele, é sempre um pecado grave e exclui da comunhão sacramental.

P.28.20.2 Blasfêmia contra o Espírito Santo
§1864 "Todo pecado, toda blasfêmia será perdoada aos homens, mas a blasfêmia contra o Espírito não será perdoada" (Mt 12,31). Pelo contrário, quem a profere é culpado de um pecado eterno. A misericórdia de Deus não tem limites, mas quem se recusa deliberadamente a acolher a misericórdia de Deus pelo arrependimento rejeita o perdão de seus pecados e a salvação oferecida pelo Espírito Santo. Semelhante endurecimento pode levar à impenitência final e à perdição eterna.

P.28.20.3 Blasfêmia
§2148 A blasfêmia opõe-se diretamente ao segundo mandamento. Ela consiste em proferir contra Deus interior ou exteriormente - palavras de ódio, de ofensa, de desafio, em falar mal de Deus, faltar-lhe deliberadamente com o respeito ao abusar do nome de Deus. São Tiago reprova "os que blasfemam contra o nome sublime (de Jesus) que foi invocado sobre eles" (Tg 2,7). A proibição da blasfêmia se estende às palavras contra a Igreja de Cristo, os santos, as coisas sagradas. É também blasfemo recorrer ao nome de Deus para encobrir práticas criminosas, reduzir povos à servidão, torturar ou matar. O abuso do nome de Deus para cometer um crime provoca a rejeição da religião.
A blasfêmia é contrária ao respeito devido a Deus e a seu santo nome. E em si um pecado grave.

P.28.20.4 Homicídio
§2268 O HOMICÍDIO VOLUNTÁRIO O quinto mandamento proscreve como gravemente pecaminoso o homicídio direto e voluntário. O assassino e os que cooperam voluntariamente com o assassinato cometem um pecado que clama ao céu por vingança.
O infanticídio, o fratricídio, o parricídio e o assassinato do cônjuge são crimes particularmente graves, devido aos laços naturais que rompem. Preocupações de eugenismo ou de higiene pública não podem justificar nenhum assassinato, mesmo a mando dos poderes públicos.

P.28.20.5 Inveja
§2539 A inveja é um vício capital. Designa a tristeza sentida diante do bem do outro e do desejo imoderado de sua apropriação, mesmo indevida. Quando deseja um grave mal ao próximo, é um pecado mortal:
Sto. Agostinho via na inveja "o pecado diabólico por excelência". "Da inveja nascem o ódio, a maledicência, a calúnia, a alegria causada pela desgraça do próximo e o desprazer causado por sua prosperidade."

P.28.20.6 Ira
§2302 A PAZ Ao lembrar o preceito "Tu não matarás" (Mt 5,21), Nosso Senhor pede a paz do coração e denuncia a imoralidade da cólera assassina e do ódio.
A cólera é um desejo de vingança. "Desejar a vingança para o mal daquele que é preciso punir é ilícito, mas é louvável impor uma reparação "para a correção dos vícios e a conservação da justiça". Se a cólera chega ao desejo deliberado de matar o próximo ou de feri-lo com gravidade, atenta gravemente contra a caridade, constituindo pecado mortal. O Senhor disse: "Todo aquele que se encolerizar contra seu irmão terá de responder no tribunal" (Mt 5,22).

P.28.20.7 Maldade
§1860 A ignorância involuntária pode diminuir ou até escusar a imputabilidade de uma falta grave, mas supõe-se que ninguém ignora os princípios da lei moral inscritos na consciência de todo ser humano. Os impulsos da sensibilidade, as paixões podem igualmente reduzir o caráter voluntário e livre da falta, como também pressões exteriores e perturbações patológicas. O pecado por malícia, por opção deliberada do mal, é o mais grave.

P.28.20.8 Mentira
§2484 A gravidade da mentira se mede segundo a natureza da verdade que ela deforma, de acordo com as circunstâncias, as intenções daquele que a comete, os prejuízos sofridos por aqueles que são suas vítimas. Embora a mentira, em si, não constitua senão um pecado venial, torna-se mortal quando fere gravemente as virtudes da justiça e da caridade.

P.28.20.9 Ódio
§2303 O ódio voluntário é contrário à caridade. O ódio ao próximo é um pecado quando o homem quer deliberadamente seu mal. O ódio ao próximo é um pecado grave quando se lhe deseja deliberadamente um grave dano. "Eu, porém, vos digo: amai VOSSOS inimigos e orai pelos que vos perseguem; desse modo vos tornareis filhos de vosso Pai que esta nos céus..." (Mt 5 ,44-45).

P.28.20.10 Pecados contra a esperança
§2091 O primeiro mandamento visa também aos pecados contra a esperança, que são o desespero e a presunção.
Pelo desespero, o homem deixa de esperar de Deus sua salvação pessoal, os auxílios para alcançá-la ou o perdão de seus pecados. O desespero opõe-se à bondade de Deus, à sua justiça porque o Senhor é fiel a suas promessas e à sua misericórdia.

P.28.20.11 Pecados contra a fé
§2088 O primeiro mandamento manda-nos alimentar e guardar com prudência e vigilância nossa fé e rejeitar tudo o que se lhe opõe. Há diversas maneiras de pecar contra a fé.
A dúvida voluntária sobre a fé negligencia ou recusa ter como verdadeiro o que Deus revelou e que a Igreja propõe para crer. A dúvida involuntária designa a hesitação em crer, a dificuldade de superar as objeções ligadas à fé ou, ainda, a ansiedade suscitada pela obscuridade da fé. Se for deliberadamente cultivada, a dúvida pode levar à cegueira do espírito.
§2089 A incredulidade é a negligência da verdade revelada ou a recusa voluntária de lhe dar o próprio assentimento. "Chama-se heresia a negação pertinaz, após a recepção do Batismo, de qualquer verdade que se deve crer com fé divina e católica, ou a dúvida pertinaz a respeito dessa verdade; apostasia, o repúdio total da fé cristã; cisma, a recusa de sujeição ao Sumo Pontífice ou da comunhão com os membros da Igreja a ele sujeitos."



P.28.20.12 Sacrilégio
§2120 O sacrilégio consiste em profanar ou tratar indignamente os sacramentos e as outras ações litúrgicas, bem como as pessoas, as coisas e os lugares consagrados a Deus. O sacrilégio é um pecado grave, sobretudo quando cometido contra a Eucaristia, pois neste sacramento o próprio Corpo de Cristo se nos torna substancialmente presente.

P.28.20.13 Transgressão da obrigação de participar da Eucaristia nos dias de preceito

§2181 A Eucaristia do domingo fundamenta e sanciona toda a prática cristã. Por isso os fiéis são obrigados a participar da Eucaristia nos dias de preceito, a não ser por motivos muito sérios (por exemplo, uma doença, cuidado com bebês) ou se forem dispensados pelo próprio pastor. Aqueles que deliberadamente faltam a esta obrigação cometem pecado grave.

P.28.21 Pecados capitais

P.28.21.1 "Pecados que clamam ao céu"
§1867 A tradição catequética lembra também que existem "pecados que bradam ao céu". Bradam ao céu o sangue de Abel, o pecado dos sodomitas; o clamor do povo oprimido no Egito; a queixa do estrangeiro, da viúva e do órfão; a injustiça contra o assalariado.

P.28.21.2 Pecados capitais geradores de outros pecados
§1866 Os vícios podem ser classificados segundo as virtudes que contrariam, ou ainda ligados aos pecados capitais que a experiência cristã distinguiu seguindo S. João Cassiano e S. Gregório Magno. São chamados capitais porque geram outros pecados, outros vícios. São o orgulho, a avareza, inveja, a ira, a impureza, a gula, a preguiça ou acídia.

P.28.22 Remissão sacramental dos pecados cf. Penitência e Reconciliação

P.28.22.1 Amor de Deus causa da remissão dos pecados
§734 Pelo fato de estarmos mortos, ou, pelo menos, feridos pelo pecado, o primeiro efeito do dom do Amor é a remissão de nossos pecados. É a comunhão do Espírito Santo (2Cor 13,13) que, na Igreja, restitui aos batizados a semelhança divina perdida pelo pecado.

P.28.22.2 Autoridade e poder de desligar e absolver os pecados
§533 A vida oculta de Nazaré permite a todo homem estar unido a Jesus nos caminhos mais cotidianos da vida:
Nazaré é a escola na qual se começa a compreender a vida de Jesus: a escola do Evangelho... Primeiramente, uma lição de silêncio. Que nasça em nós a estima do silêncio, esta admirável e indispensável condição do espírito... Uma lição de vida familiar. Que Nazaré nos ensine o que é a família, sua comunhão de amor, sua beleza austera e simples, seu caráter sagrado e inviolável... Uma lição de trabalho. Nazaré, ó casa do "Filho do Carpinteiro", é aqui que gostaríamos de compreender e celebrar a lei severa e redentora do trabalho humano...; assim como gostaríamos finalmente de saudar aqui todos os trabalhadores do mundo inteiro e mostrar-lhes seu grande modelo, seu Irmão divino
§976 O Símbolo dos Apóstolos correlaciona a fé no perdão dos pecados com a fé no Espírito Santo, mas também com a fé na Igreja e na comunhão dos santos. Foi dando o Espírito Santo a seus apóstolos que Cristo ressuscitado lhes conferiu seu próprio poder divino de perdoar os pecados: "Recebei o Espírito Santo Aqueles a quem perdoardes os pecados, lhes serão perdoados; aqueles a quem os retiverdes, lhes serão retidos" (Jo 20,22-23).
(A Segunda Parte do Catecismo tratará explicitamente do perdão dos pecados pelo Batismo, pelo sacramento da Penitência e pelos outros sacramentos, sobretudo a Eucaristia. Por isso basta aqui evocar sucintamente alguns dados básicos.)
§1441 SÓ DEUS PERDOA OS PECADOS Só eus perdoa os pecados. Por ser o Filho de Deus, Jesus diz de si mesmo: "O Filho do homem tem poder de perdoar pecados na terra" (Mc 2,10) e exerce esse poder divino: "Teus pecados estão perdoados!" (Mc 2,5). Mais ainda: em virtude de sua autoridade divina, transmite esse poder aos homens para que o exerçam em seu nome.
§1442 A vontade de Cristo é que toda a sua Igreja seja, na oração, em sua vida e em sua ação, o sinal e instrumento do perdão e da reconciliação que "ele nos conquistou ao preço de seu sangue". Mas confiou o exercício do poder de absolvição ao ministério apostólico, encarregado do "ministério da reconciliação" (2Cor 5,18). O apóstolo é enviado "em nome de Cristo", e "é o próprio Deus" que, por meio dele, exorta e suplica: "Reconciliai-vos com Deus" (2Cor 5,20).
§1443 RECONCILIAÇÃO COM A IGREJA Durante sua vida pública, Jesus não só perdoou os pecados, mas também manifestou o efeito desse perdão: reintegrou os pecadores perdoados na comunidade do povo de Deus, da qual o pecado os havia afastado ou até excluído. Um sinal evidente disso é o fato de Jesus admitir os pecadores à sua mesa e, mais ainda, de Ele mesmo sentar-se à sua mesa, gesto que exprime de modo estupendo ao mesmo tempo o perdão de Deus e o retomo ao seio do Povo de Deus.
§1444 Conferindo os apóstolos seu próprio poder de perdoar os pecados, o Senhor também lhes dá a autoridade de reconciliar os pecadores com a Igreja. Esta dimensão eclesial de sua tarefa exprime-se principalmente na solene palavra de Cristo a Simão Pedro: "Eu te darei as chaves do Reino dos Céus, e o que ligares na terra ser ligado nos céus, e o que desligares na terra será desligado nos céus" (Mt 16,19). "O múnus de ligar e desligar, que foi dado a Pedro, consta que também foi dado ao colégio do apóstolos, unido a seu chefe (cf. Mt 18,18; 28,16-20)."
§1445 As palavras ligar e desligar significam: aquele que excluirdes da vossa comunhão, será excluído da comunhão com Deus; aquele que receberdes de novo na vossa comunhão, Deus o acolherá também na sua. A reconciliação com a Igreja é inseparável da reconciliação com Deus.
§1461 O ministro deste sacramento Como Cristo confiou a seus apóstolos o ministério da Reconciliação, os Bispos, seus sucessores, e os presbíteros, colaboradores dos Bispos, continuam a exercer esse ministério. De fato, são os Bispos e os presbíteros que têm, em virtude do sacramento da Ordem, o poder de perdoar todos os pecados "em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo".
§2042 O primeiro mandamento da Igreja ("Participar da missa inteira nos domingos e outras festas de guarda e abster-se de ocupações de trabalho") ordena aos fiéis que santifiquem o dia em que se comemora a ressurreição do Senhor e as festas litúrgicas em honra dos mistérios do Senhor, da santíssima Virgem Maria e dos santos, em primeiro lugar participando da celebração eucarística, em que se reúne a comunidade cristã, e se abstendo de trabalhos e negócios que possam impedir tal santificação desses dias.
O segundo mandamento ("Confessar-se ao menos uma vez por ano") assegura a preparação para a Eucaristia pela recepção do sacramento da Reconciliação, que continua a obra de conversão e perdão do Batismo.
O terceiro mandamento ("Receber o sacramento da Eucaristia ao menos pela Páscoa da ressurreição") garante um mínimo na recepção do Corpo e do Sangue do Senhor em ligação com as festas pascais, origem e centro da Liturgia Cristã.

P.28.22.4 Confissão e abso1viçáo
§1424 É chamado sacramento da Confissão porque a declaração, a confissão dos pecados diante do sacerdote é um elemento essencial desse sacramento. Num sentido profundo esse sacramento também é uma "confissão", reconhecimento e louvor da santidade de Deus e de sua misericórdia para com o homem pecador. Também é chamado sacramento do perdão porque pela absolvição sacramental do sacerdote Deus concede "o perdão e a paz"
É chamado sacramento da Reconciliação porque dá ao pecador o amor de Deus que reconcilia: "Reconciliai-vos com Deus" (2Cor 5,20). Quem vive do amor misericordioso de Deus está pronto a responder ao apelo do Senhor: "Vai primeiro reconciliar-te com teu irmão" (Mt 5,24).

P.28.22.5 Purificação da penas do pecado
§1475 Na comunhão dos santos, "existe certamente entre os fiéis já admitidos na posse da pátria celeste, os que expiam as faltas no purgatório e os que ainda peregrinam na terra, um laço de caridade e um amplo intercâmbio de todos os bens". Neste admirável intercâmbio, cada um se beneficia da santidade dos outros, bem para além do prejuízo que o pecado de um possa ter causado aos outros. Assim, o recurso à comunhão dos santos permite ao pecador contrito se purificado, mais cedo e mais eficazmente, das penas do pecado.

P.28.22.6 Remissão dos pecados e reconciliação com a Igreja
§1443 RECONCILIAÇÃO COM A IGREJA Durante sua vida pública, Jesus não só perdoou os pecados, mas também manifestou o efeito desse perdão: reintegrou os pecadores perdoados na comunidade do povo de Deus, da qual o pecado os havia afastado ou até excluído. Um sinal evidente disso é o fato de Jesus admitir os pecadores à sua mesa e, mais ainda, de Ele mesmo sentar-se à sua mesa, gesto que exprime de modo estupendo ao mesmo tempo o perdão de Deus e o retomo ao seio do Povo de Deus.

P.28.22.7 Remissão dos pecados efeito da justificação
§2018 A justificação, como a conversão, apresenta duas faces. Sob a moção da graça, o homem se volta para Deus e se afasta do pecado, acolhendo, assim, o perdão e a justiça que vêm do alto.

P.28.22.8 Sacramentos da remissão dos pecados
§1421 O Senhor Jesus Cristo, médico de nossas almas e de nossos corpos, que remiu os pecados do paralítico e restituiu-lhe a saúde do corpo, quis que sua Igreja continuasse, na força do Espírito Santo, sua obra de cura e de salvação, também junto de seus próprios membros. É esta a finalidade dos dois sacramentos de cura: o sacramento da Penitência e o sacramento da Unção dos Enfermos.
§1486 O perdão dos pecados cometidos após o Batismo é concedido por um sacramento próprio chamado sacramento da Conversão, da Confissão, da Penitência ou da Reconciliação.
§1520 Os efeitos da celebração deste sacramento Um com particular do Espírito Santo O principal dom deste sacramento é uma graça de reconforto, de paz e de coragem para vencer as dificuldades próprias do estado de enfermidade grave ou da fragilidade da velhice. Esta graça é um dom do Espírito Santo que renova a confiança e a fé em Deus e fortalece contra as tentações do maligno, tentação de desânimo e de angustia diante da morte. Esta assistência do Senhor pela força de seu Espírito quer levar o enfermo à cura da alma, mas também à do corpo, se for esta a vontade de Deus. Além disso, "se ele cometeu pecados, eles lhe serão perdoados" (Tg 5,15).
§1421 O Senhor Jesus Cristo, médico de nossas almas e de nossos corpos, que remiu os pecados do paralítico e restituiu-lhe a saúde do corpo, quis que sua Igreja continuasse, na força do Espírito Santo, sua obra de cura e de salvação, também junto de seus próprios membros. É esta a finalidade dos dois sacramentos de cura: o sacramento da Penitência e o sacramento da Unção dos Enfermos.

P.28.22.9 Unção dos enfermos e remissã0 dos pecados
§1520 Os efeitos da celebração deste sacramento Um com particular do Espírito Santo O principal dom deste sacramento é uma graça de reconforto, de paz e de coragem para vencer as dificuldades próprias do estado de enfermidade grave ou da fragilidade da velhice. Esta graça é um dom do Espírito Santo que renova a confiança e a fé em Deus e fortalece contra as tentações do maligno, tentação de desânimo e de angustia diante da morte. Esta assistência do Senhor pela força de seu Espírito quer levar o enfermo à cura da alma, mas também à do corpo, se for esta a vontade de Deus. Além disso, "se ele cometeu pecados, eles lhe serão perdoados" (Tg 5,15)

Lutero defende a santidade do pecado afirmando:  

"Crêr em Deus e podes pecar a vontade, pois uma vez salvo, salvo para sempre..."(Lutero, Tischredden, CONVERSAS À MESA, N* 1472, edição de Weimar, Vol. II, p. 107, apud Franz  Brentano, MARTIM LUTERO, Ed Vecchi Rio de Janeiro 1956, p. 15 e 111).
BIBLIOGRAFIA
 BUNSHELL, Michael S. CD-ROM “BIBLEWORKS FOR WINDOWS”. Version 3.5. Big Fork, MT, USA: Hermeneutika, 1996.
CD-ROM “BÍBLIA ON LINE”. Versão 2.0. São Paulo: Sociedade Bíblica do Brasil, 1999.
CULIGAN, William. Medos e Persas. Tradução Maria Amélia Horta Pereira. Lisboa: Editora Verbo, 1971. 257 p. il.
DICIONÁRIO INTERNACIONAL DE TEOLOGIA DO ANTIGO TESTAMENTO. Organizado por R. Laird Harris. Tradução de Márcio Loureiro Redondo, Luiz Alberto T. Sayão e Carlos Osvaldo C. Pinto. 1a. Ed.    São Paulo: Vida Nova, 1998. 1789 p.
DICIONÁRIO INTERNACIONAL DE TEOLOGIA DO NOVO TESTAMENTO. Organizado por Lothar Coenen e Colin Brown. Tradução de Gordon Chown. 2a. Ed.  São Paulo: Vida Nova, 2000. 2 v.
ENCICLOPÉDIA DE BÍBLIA, TEOLOGIA E FILOSOFIA. Organizada por R.N. Champlin, Ph.D. e J.M. Bentes. 3a. Ed. São Paulo: Editora Candeia. 1995. 6 v. il.
LISSNER, Ivar. Assim viviam nossos antepassados. Tradução Oscar Mendes. Belo Horizonte: Itatiaia, 1959. nv. il. (coleção Descoberta do mundo: 11)

NOVA ENCICLOPÉDIA BARSA. São Paulo: Encyclopaedia Britannica do Brasil Publicações, 1998. 18 v. il.

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