segunda-feira, 31 de março de 2014

Liturgia da 04ª semana da Quaresma Ano São Mateus

Segunda 31 de Março de 2014
IV SEMANA DA QUARESMA 

Leitura (Isaías 65,17-21)


Leitura do livro do profeta Isaías. 
Assim fala o Senhor: 65 17 "Pois eu vou criar novos céus, e uma nova terra; o passado já não será lembrado, já não volverá ao espírito, 
18 mas será experimentada a alegria e a felicidade eterna daquilo que vou criar. Pois vou criar uma Jerusalém destinada à alegria, e seu povo ao júbilo; 
19 Jerusalém me alegrará, e meu povo me rejubilará; doravante já não se ouvirá aí o ruído de soluços nem de gritos. 
20 Já não morrerá aí nenhum menino, nem ancião que não haja completado seus dias; será ainda jovem o que morrer aos cem anos: não atingir cem anos será uma maldição. 
21 Serão construídas casas onde habitarão, serão plantadas vinhas cujos frutos comerão".

Isaías 65, 17-21 – “tempo de esperança e de otimismo”

Esta mensagem é dirigida a nós, hoje, que nos voltamos para Deus com o coração cheio de expectativa, esperando receber o perdão pelas nossas faltas para assumir uma vida nova na graça. Este também é um tempo de esperança e de otimismo para se edificar uma nova realidade, uma nova maneira de encarar a vida, assumindo a missão de filhos e filhas de Deus, comprometidos com a Sua Palavra. Novos céus e nova terra são o estágio de alegria e exultação do homem que é perdoado dos seus pecados, que se apossa da misericórdia do Senhor e acolhe a salvação que Deus lhe preparou desde toda a eternidade. “Coisas passadas serão esquecidas, não voltarão mais à memória”, é a promessa do Senhor para nós, hoje! O Senhor nos promete também fazer de nós um povo cheio de alegria e mais ainda, Ele nos garante que nunca mais se ouvirá a voz do nosso pranto e o nosso grito de dor. É neste “clima” que o Senhor quer que nós, seus filhos, vivamos: sem pranto nem dor e é essa a Pátria que o Senhor preparou para nela construirmos nossas casas, plantar e colher seus frutos. Todo este cenário expressa para nós a nossa vida interior quando resolvemos nos deixar converter ao Senhor e provamos da Sua graça e benção. Não existe o peso da idade porque dentro de nós há a motivação do amor de Deus que nos leva a caminhar sem cansaço com os olhos voltados para o alto recebendo as graças do céu. Da mesma forma, permanecem a harmonia e a compreensão nos nossos relacionamentos e os nossos dias serão venturosos. Que possamos nos apossar desta mensagem e propagá-la através do nosso testemunho de fé nas promessas do Senhor.

 

Salmo responsorial 29/30


Eu vos exalto, ó Senhor, pois me livrastes!

Eu vos exalto, ó Senhor, pois me livrastes
e não deixastes rir de mim meus inimigos!
Vós tirastes minha alma dos abismos
e me salvastes quando estava já morrendo!

Cantai salmos ao Senhor, povo fiel,
dai-lhe graças e invocai seu santo nome!
Pois sua ira dura apenas um momento,
mas sua bondade permanece a vida inteira;
se à tarde vem o pranto visitar-nos,
de manhã vem saudar-nos a alegria.

Escutai-me, Senhor Deus, tende piedade!
Sede, Senhor, o meu abrigo protetor!
Transformastes o meu pranto em uma festa,
Senhor meu Deus, eternamente hei de louvar-vos!

Salmo 29 – “Eu vos exalto, ó Senhor, pois me livrastes!”

O perdão do Senhor para nós é como uma fonte de amor que nos faz louvá-Lo com alegria e cantar salmos de louvores. Quando nós realmente suplicamos ao Senhor que nos perdoe e nos salve, Ele transforma o nosso pranto em uma festa.O Senhor retira a nossa alma dos abismos em que nós caímos e nos salva quando estamos já morrendo. A Sua providência vem na hora em que nós estamos precisando e, se à tarde vem o pranto visitar-nos, de manhã vem saudar-nos a alegria.

 

Evangelho (João 4,43-54)


Honra, glória, poder e louvor a Jesus, nosso Deus e Senhor! 
Buscai o bem, não o mal, pois assim vivereis; então o Senhor, nosso Deus, convosco estará! (Am 5,14) 

Naquele tempo, 4 43 "passados os dois dias, Jesus partiu para a Galiléia. 
44 (Ele mesmo havia declarado que um profeta não é honrado na sua pátria.) 
45 Chegando à Galiléia, acolheram-no os galileus, porque tinham visto tudo o que fizera durante a festa em Jerusalém; pois também eles tinham ido à festa. 
46 Ele voltou, pois, a Caná da Galiléia, onde transformara água em vinho. Havia então em Cafarnaum um oficial do rei, cujo filho estava doente. 
47 Ao ouvir que Jesus vinha da Judéia para a Galiléia, foi a ele e rogou-lhe que descesse e curasse seu filho, que estava prestes a morrer. 
48 Disse-lhe Jesus: "Se não virdes milagres e prodígios, não credes". 
49 Pediu-lhe o oficial: "Senhor, desce antes que meu filho morra!" 
"50 Vai, disse-lhe Jesus", o teu filho está passando bem! O homem acreditou na palavra de Jesus e partiu. 
51 Enquanto ia descendo, os criados vieram-lhe ao encontro e lhe disseram: "Teu filho está passando bem". 
52 Indagou então deles a hora em que se sentira melhor. Responderam-lhe: "Ontem à sétima hora a febre o deixou". 
53 Reconheceu o pai ser a mesma hora em que Jesus dissera: "Teu filho está passando bem". E creu tanto ele como toda a sua casa. 
54 Esse foi o segundo milagre que Jesus fez, depois de voltar da Judéia para a Galiléia.
 

Evangelho – João 4, 43-54 – “o segundo sinal de Jesus”

O segundo milagre de Jesus aconteceu em Cafarnaum, cidade da Galileia, região onde Ele vivia. Os seus habitantes duvidavam dos Seus milagres por Ele ser “de casa”. Os galileus precisavam de sinais e de testes para poder acreditar em Jesus. Neste contexto, aquele funcionário do rei fez toda a diferença porque acreditou na palavra de Jesus e voltou confiante para casa a fim de reencontrar-se com o seu filho, vivo. A fé na promessa de Jesus, pela Sua palavra empenhada, foi motivação para que aquele homem visse a sua vida e a vida da sua família transformada. Tudo aconteceu da melhor forma possível! Jesus está esperando de nós o sinal da FÉ para poder realizar os prodígios e os milagres de que necessitamos na nossa vida. Nós também precisamos que tudo aconteça da melhor forma possível e Jesus também diz para cada um de nós: “Podes ir teu filho está vivo”. O filho poderá ser algo muito precioso pelo qual estamos esperando, no entanto, nos acomodamos sem dar o passo necessário para que as coisas aconteçam. Ou poderá ser também uma decisão importante que precisamos tomar a fim de que o milagre aconteça. Precisamos dar o passo, Jesus está nos instruindo e garantindo. A Palavra Dele se cumpriu na vida daquele homem, por isso, ele abraçou a fé juntamente com toda a sua família. Quantos milagres nós precisamos que aconteçam na nossa vida e não os alcançamos porque NÃO ACEDITAMOS! PRECISAMOS DE SINAIS! E estamos perdendo tempo precioso sem perceber que Jesus vive no meio de nós e que assim como curou o filho do funcionário do rei tem poder também para nos curar hoje e alcançar para nós os milagres que tanto desejamos! Precisamos abraçar a fé em Jesus e dar testemunho dela dentro da nossa casa para que as Suas maravilhas também aconteçam na nossa família.

Oração

Espírito de fé, concede-me a confiança necessária que me permita ser atendido por Jesus, quando a ele eu suplicar.

Terça 01/04/2014

Leitura da Profecia de Ezequiel

Naqueles dias, 1o anjo fez-me voltar até a entrada do Templo e eis que saía água da sua parte subterrânea na direção leste, porque o Templo estava voltado para o oriente; a água corria do lado direito do Templo, a sul do altar.
2Ele fez-me sair pela porta que dá para o norte, e fez-me dar uma volta por fora, até a porta que dá para o leste, onde eu vi a água jorrando do lado direito. 3Quando o homem saiu na direção leste, tendo uma corda de medir na mão, mediu quinhentos metros e fez-me atravessar a água: ela chegava-me aos tornozelos.
4Mediu mais quinhentos metros e fez-me atravessar a água: ela chegava-me aos joelhos. 5Mediu mais quinhentos metros e fez-me atravessar a água: ela chegava-me à cintura. Mediu mais quinhentos metros, e era um rio que eu não podia atravessar. Porque as águas haviam crescido tanto, que se tornaram um rio impossível de atravessar, a não ser a nado. 
6Ele me disse: “Viste, filho do homem?” Depois fez-me caminhar de volta pela margem do rio. 7Voltando, eu vi junto à margem muitas árvores, de um e de outro lado do rio. 8'Então ele me disse: “Estas águas correm para a região oriental, descem para o vale do Jordão, desembocam nas águas salgadas do mar, e elas se tornarão saudáveis.
9Onde o rio chegar, todos os animais que ali se movem poderão viver. Haverá peixes em quantidade, pois ali desembocam as águas que trazem saúde; e haverá vida onde chegar o rio. 12Nas margens junto ao rio, de ambos os lados, crescerá toda espécie de árvores frutíferas; suas folhas não murcharão e seus frutos jamais se acabarão: cada mês darão novos frutos, pois as águas que banham as árvores saem do santuário. Seus frutos servirão de alimento e suas folhas serão remédio”'. 

Numa terra árida, como a Palestina, uma nascente era vista como verdadeira bênção de Deus e símbolo do seu poder. Por isso, muitas vezes, construía-se junto dela um templo. O profeta Ezequiel contempla uma fonte que brota dos fundamentos do próprio templo e corre para Oriente, por onde entrara a Glória do Senhor para morar no meio do povo regressado do exílio. A nascente deu origem, primeiro a uma pequena corrente de água, nada comparável aos grandes rios da Mesopotâmia, que os exilados tinham contemplado. Mas, pouco a pouco, a corrente engrossa até se tornar um rio navegável. Ezequiel é convidado a experimentar no seu corpo a grandeza e a força da torrente, bem como a sua fecundidade e eficácia: ela torna verdejante o deserto e salubre o Mar Morto que se enchem de vida. E surge uma época de prosperidade.
Esta visão profética realiza-se em Jesus, verdadeiro templo, de cujo Lado aberto jorra a água viva do Espírito (cf. Jo 7, 38; 19, 34).

SALMO DE RESPOSTA

Conosco está o Senhor do Universo! O nosso refúgio é o Deus de Jacó.

— O Senhor para nós é refúgio e vigor, sempre pronto, mostrou-se um socorro na angústia; assim não tememos, se a terra estremece, se os montes desabam, caindo nos mares.
— Os braços de um rio vêm trazer alegria à Cidade de Deus, à morada do Altíssimo. Quem a pode abalar? Deus está no seu meio! Já bem antes da aurora, ele vem ajudá-la.
— Conosco está o Senhor do universo! O nosso refúgio é o Deus de Jacó! Vinde ver, contemplai os prodígios de Deus e a obra estupenda que fez no universo.

EVANGELHO

Evangelho de Jesus Cristo, segundo João

1Houve uma festa dos judeus, e Jesus foi a Jerusalém. 2Existe em Jerusalém, perto da porta das Ovelhas, uma piscina com cinco pórticos, chamada Betesda em hebraico. 3Muitos doentes ficavam ali deitados — cegos, coxos e paralíticos. 4De fato, um anjo descia, de vez em quando, e movimentava a água da piscina, e o primeiro doente que aí entrasse, depois do borbulhar da água, ficava curado de qualquer doença que tivesse. 5Aí se encontrava um homem, que estava doente havia trinta e oito anos. 
6Jesus viu o homem deitado e sabendo que estava doente há tanto tempo, disse-lhe: “'Queres ficar curado?”' 7O doente respondeu: “'Senhor, não tenho ninguém que me leve à piscina, quando a água é agitada. Quando estou chegando, outro entra na minha frente”.' 8Jesus disse: “'Levanta-te, pega tua cama e anda”.' 9No mesmo instante, o homem ficou curado, pegou sua cama e começou a andar. 
Ora, esse dia era um sábado. 10Por isso, os judeus disseram ao homem que tinha sido curado: '“É sábado! Não te é permitido carregar tua cama”.' 11Ele respondeu-lhes: “'Aquele que me curou disse: ‘Pega tua cama e anda’”'.'12Então lhe perguntaram: '“Quem é que te disse: ‘Pega tua cama e anda’?” '13O homem que tinha sido curado não sabia quem fora, pois Jesus se tinha afastado da multidão que se encontrava naquele lugar. 
14Mais tarde, Jesus encontrou o homem no Templo e lhe disse: “'Eis que estás curado. Não voltes a pecar, para que não te aconteça coisa pior”.' 15Então o homem saiu e contou aos judeus que tinha sido Jesus quem o havia curado. 16Por isso, os judeus começaram a perseguir Jesus, porque fazia tais coisas em dia de sábado. 

Jesus, salvação de Deus, passa por entre os doentes e deficientes que se acumulam à volta da piscina, junto à Porta da Ovelhas, em Jerusalém. Dá especial atenção a um homem que ali jaz paralítico há 38 anos e faz-lhe uma pergunta aparentemente óbvia: «Queres ficar são;», Mas a pergunta, e a ordem que se segue, são suficientes para que este homem, que talvez já nada esperava da vida, se reanime, se erga, volte a agarrar na vida com coragem e até dê testemunho de Cristo àqueles que teimavam em permanecer paralisados na interpretação literal da Lei. Enquanto o paralítico quis ser curado, os adversários de Jesus não quiseram deixar-se curar da sua cegueira e rigidez, passando a uma aberta hostilidade.
Ao encontrar, mais tarde, no templo, o doente curado, Jesus dirige-lhes palavras de grande exigência, dando-lhe a entender que o pecado e as suas consequências são algo de pior que 38 anos de paralisia. Há que deixar-se curar completamente dos males do corpo, mas também do mal da alma. É uma opção a fazer livremente cada dia: deixar-se curar e não pecar.

Oração

Vem, Senhor Jesus! Vem procurar o homem que jaz deprimido e doente, desesperado pelo pecado, que o domina e que lhe tolhe todo o movimento. Vem também procurar-me a mim. Aproxima-te de todos e de cada um de nós, para que possamos ouvir a tua pergunta: «Queres ficar são;». Vem mergulhar-nos no profundo abismo do teu amor misericordioso, capaz de tudo renovar, recriar e tornar fecundo. Renova em cada um de nós a graça do batismo, para que a viva fielmente, em conformidade com os dons recebidos. Dá a água das lágrimas da penitência para que seja purificado. Então, liberto do pecado que me paralisa, poderei caminhar na tua presença e correr ao encontro dos meus irmãos para lhes anunciar o teu amor que redime e salva. Amém.

Quarta 02/04/2014

1ª LEITURA
Leitura do Livro do Profeta Isaías

8Isto diz o Senhor: '“Eu atendo teus pedidos com favores e te ajudo na obra de salvação; preservei-te para seres elo de aliança entre os povos, para restaurar a terra, para distribuir a herança dispersa; 9para dizer aos que estão presos: ‘'Saí!’' e aos que estão nas trevas: ‘'Mostrai-vos'’. E todos se alimentam pelas estradas e até nas colinas estéreis se abastecem; 10não sentem fome nem sede, não os castiga nem o calor nem o sol, porque o seu protetor toma conta deles e os conduz às fontes d'’água.
11Farei de todos os montes uma estrada e os meus caminhos serão nivelados. 12Eis que estão vindo de longe, uns chegam do Norte e do lado do mar, e outros, da terra de Sinim”.' 13Louvai, ó céus, alegra-te, terra; montanhas, fazei ressoar o louvor, porque o Senhor consola o seu povo e se compadece dos pobres. 14Disse Sião: “'O Senhor abandonou-me, o Senhor esqueceu-se de mim!”' 15Acaso pode a mulher esquecer-se do filho pequeno, a ponto de não ter pena do fruto de seu ventre? Se ela se esquecer, eu, porém não me esquecerei de ti. 

Isaías 49, 8-15 – “fidelidade de Deus”

Por meio do profeta Isaías Deus nos fala claramente que fomos destinados (as) a ajudá-Lo na obra de salvação e nos incentiva a mantermos firme confiança na Sua promessa de que Ele atenderá os nossos pedidos. Aos que estão presos (as) às dúvidas, indecisões e comodismo Ele diz: “Saí”. Àqueles (as) que estão escondidos (as) nas trevas do pecado, da mentalidade do mundo Ele diz: “mostrai-vos”. De qualquer maneira Ele quer nos salvar e nivelar os nossos caminhos, derrubar os montes que existem dentro de nós e nos fazer alegres e em sintonia com o louvor do céu. O Senhor nos chama para sermos aliança com os povos promovendo a paz, sendo instrumento de reconciliação entre as pessoas e ajudando-as na sua reestruturação. Para isto, somos amparados e exercitados no Seu amor. A nossa vida foi preservada para que possamos cumprir a nossa missão de ajudar na obra de salvação dos nossos irmãos. Nunca poderemos nos queixar de que o Senhor nos abandonou, porque mais do que uma mãe Ele não poderá nos esquecer. Somos obras de Suas mãos e a nós Ele prometeu uma herança eterna e a Sua fidelidade é permanente.

SALMO DE RESPOSTA

— Misericórdia e piedade é o Senhor.

— Misericórdia e piedade é o Senhor, ele é amor, é paciência, é compaixão. O Senhor é muito bom para com todos, sua ternura abraça toda criatura.
— O Senhor é amor fiel em sua palavra, é santidade em toda obra que ele faz. Ele sustenta todo aquele que vacila e levanta todo aquele que tombou.
— É justo o Senhor em seus caminhos, é santo em toda obra que ele faz. Ele está perto da pessoa que o invoca, de todo aquele que o invoca lealmente.

Salmo 144 – “Misericórdia e piedade é o Senhor!”

Perceba quais as qualidades que o salmista usa para definir o Senhor Deus! Ele é: misericórdia, piedade, amor fiel, paciência, compaixão, bondade, ternura, santidade, sustentador, justo, presente. Procure mais definições sobre o poder de Deus e Lhe faça um louvor igual ao que é feito no céu pelos anjos e santos.

EVANGELHO

Evangelho de Jesus Cristo, segundo João

Naquele tempo, 17Jesus respondeu aos judeus: “'Meu Pai trabalha sempre, portanto também eu trabalho”.' 18Então, os judeus ainda mais procuravam matá-lo, porque, além de violar o sábado, chamava Deus o seu Pai, fazendo-se, assim, igual a Deus. 
19Tomando a palavra, Jesus disse aos judeus: “'Em verdade, em verdade vos digo, o Filho não pode fazer nada por si mesmo; ele faz apenas o que vê o Pai fazer. O que o Pai faz, o Filho o faz também. 20O Pai ama o Filho e lhe mostra tudo o que ele mesmo faz. E lhe mostrará obras maiores ainda, de modo que ficareis admirados. 
21Assim como o Pai ressuscita os mortos e lhes dá a vida, o Filho também dá a vida a quem ele quer. 22De fato, o Pai não julga ninguém, mas ele deu ao Filho o poder de julgar, 23para que todos honrem o Filho, assim como honram o Pai. Quem não honra o Filho, também não honra o Pai que o enviou. 
24Em verdade, em verdade, eu vos digo, quem ouve a minha palavra e crê naquele que me enviou, possui a vida eterna. Não será condenado, pois já passou da morte para a vida. 25Em verdade, em verdade, eu vos digo: está chegando a hora, e já chegou, em que os mortos ouvirão a voz do Filho de Deus e os que a ouvirem viverão. 26Porque, assim como o Pai possui a vida em si mesmo, do mesmo modo concedeu ao Filho possuir a vida em si mesmo. 27Além disso, deu-lhe o poder de julgar, pois ele é o Filho do Homem. 28Não fiqueis admirados com isso, porque vai chegar a hora em que todos os que estão nos túmulos ouvirão a voz do Filho e sairão: 29aqueles que fizeram o bem, ressuscitarão para a vida; e aqueles que praticaram o mal, para a condenação. 
30Eu não posso fazer nada por mim mesmo. Eu julgo conforme o que escuto, e meu julgamento é justo, porque não procuro fazer a minha vontade, mas a vontade daquele que me enviou.' 

Evangelho – João 5, 17-30 ”o Espírito Santo é o Amor entre o Pai e o Filho”

Neste Evangelho Jesus nos revela como acontece o trabalho do Pai e do Filho, no poder do Espírito Santo. Há uma harmonia completa na obra que a Santíssima Trindade realiza em nós. Portanto, podemos perceber que o Filho trabalha em comunhão com o Pai e tudo que Ele faz é dirigido pelo Pai. Assim sendo, Jesus (o Filho) faz apenas o que vê o Pai fazer e a vida do Pai, é a vida do Filho e tudo acontece entre Eles por força do Amor. O Amor entre o Pai e o Filho é o Espírito Santo que mora em nós e nos leva a realizar todas as coisas conforme Jesus fazia, a exemplo do Seu Pai. Pai e Filho são, para nós, modelos de Unidade e Comunhão no Amor. Um não é maior que o outro nem tampouco nenhum deles deseja superar o outro. O Pai é modelo para o Filho e é desejo do Filho ser como o Pai. Somos também chamados a encarnar em nós este exemplo de justiça e santidade aprendendo com Jesus e crendo Nele para que possamos possuir em nós a vida eterna. Jesus proclama a Sua Unidade com o Pai, sua dependência à vontade do Pai. A grande verdade que deve nortear a nossa vida é essa: Jesus veio ao mundo para nos ligar ao Pai e para que tenhamos a vida eterna desde já. A vida eterna depende da nossa adesão ao projeto de Jesus, crendo na Sua Palavra e não duvidando do Seu poder. Possuir a vida em si mesmo é possuir a vida divina. Fomos feitos à imagem e semelhança do Pai, portanto, quando nos unimos a Jesus estamos unidos ao Pai e o Seu poder permanece em nós. Não precisamos nos admirar, é palavra de Deus e aqueles que a acolhem já sentem o seu efeito na sua vida diária.

Oração

Senhor Jesus, Tu és verdadeiramente Aquele em Quem encontramos o Pai. Mas és também Aquele em Quem encontramos os irmãos e as irmãs. Só em Ti os podemos amar de verdade. Por isso, queremos permanecer em Ti, especialmente neste tempo da Quaresma, quando já se aproxima a celebração do teu mistério pascal. Várias vezes, durante o dia, queremos penetrar no teu Coração para nele bebermos o amor ao Pai e o amor aos irmãos. Tu és a nossa aliança, a nova e eterna aliança que o Pai nos oferece. Queremos viver em Ti. Amém.

Quinta 03/04/2014

1ª LEITURA

Leitura do Livro do Êxodo

Naqueles dias, 7o Senhor falou a Moisés: “Vai, desce, pois corrompeu-se o teu povo, que tiraste da terra do Egito. 8Bem depressa desviaram-se do caminho que lhes prescrevi. Fizeram para si um bezerro de metal fundido, inclinaram-se em adoração diante dele e ofereceram-lhe sacrifícios, dizendo: ‘Estes são os teus deuses, Israel, que te fizeram sair do Egito!’”
9E o Senhor disse ainda a Moisés: “Vejo que este é um povo de cabeça dura. 10Deixa que minha cólera se inflame contra eles e que eu os extermine. Mas de ti farei uma grande nação”.11Moisés, porém, suplicava ao Senhor seu Deus, dizendo: “Por que, ó Senhor, se inflama a tua cólera contra teu povo, que fizeste sair do Egito com grande poder e mão forte? 12Não permitais, te peço, que os egípcios digam: ‘Foi com má intenção que ele os tirou, para fazê-los perecer nas montanhas e exterminá-los da face da terra’. Aplaque-se a tua ira e perdoa a iniquidade do teu povo.
13Lembra-te de teus servos Abraão, Isaac e Israel, com os quais te comprometeste por juramento, dizendo: ‘Tornarei os vossos descendentes tão numerosos quanto as estrelas do céu; e toda esta terra de que vos falei, eu a darei aos vossos descendentes como herança para sempre”’. 14E o Senhor desistiu do mal que havia ameaçado fazer ao seu povo. 

Êxodo 32, 7-14 - “Moisés, o grande intercessor”

Moisés nos dá o exemplo de ser um grande intercessor, quando, diante da proposta de Deus de inflamar a Sua cólera contra o povo que ele havia retirado do Egito, fazendo de si, porém, uma grande nação, não desanimou e argumentou em favor do seu povo, mesmo sabendo que aquele era realmente um povo adúltero. Muito embora, fosse ele um povo de cabeça dura e infiel, era o povo que o próprio Deus lhe havia entregado para conduzir. Por isso Ele não aceitou glórias e honras só para si e apelou a Deus em nome dos patriarcas. “Lembra-te de teus servos Abraão e Isaac e Israel com os quais te comprometestes por juramento!” “Perdoa a iniquidade do teu povo!” Nós também precisamos interceder com amor por aquelas pessoas a quem tentamos conduzir para Deus, na nossa casa, na nossa comunidade ou por onde andarmos. Ao invés de pensarmos em desistir deles (as), e deixá-los (as) cair na fúria divina, nós deveríamos pedir a Deus por eles (as) e interceder para que o Senhor também desista de puni-los (as) pelos “bezerros de metal” que constroem com suas próprias mãos a fim de os adorarem. Deus também espera que tenhamos misericórdia dos Seus filhos e filhas mantendo uma confiança absoluta em que, apesar de pedirmos por pessoas que não merecem, mesmo assim a justiça de Deus manifestar-se-á no tempo certo. A justiça para Deus é a nossa conversão, por isso, Ele está sempre a nos dá uma oportunidade. Aproveitemos! 

SALMO DE RESPOSTA
— Lembrai-vos de nós, ó Senhor, segundo o amor para com vosso povo!

— Construíram um bezerro no Horeb e adoraram uma estátua de metal; eles trocaram o seu Deus, que é sua glória, pela imagem de um boi que come feno.
— Esqueceram-se do Deus que os salvara, que fizera maravilhas no Egito; no país de Cam fez tantas obras admiráveis, no Mar Vermelho, tantas coisas assombrosas.
— Até pensava em acabar com sua raça, não se tivesse Moisés, o seu eleito, interposto, intercedendo junto a ele, para impedir que sua ira os destruísse.

Salmo 105 – “Lembrai-vos de nós, ó Senhor, segundo o amor para com vosso povo!”

Somos hoje esse povo que muitas vezes também esquecemos o Deus que salva e que faz maravilhas para adorar o bezerro que construímos com dinheiro, bens materiais, ideias e planos! Diante do Senhor nós também precisamos de um intercessor que nos ajude a lembrar do amor que Ele tem por nós, o Seu povo!

EVANGELHO

Evangelho de Jesus Cristo, segundo João

Naquele tempo, disse Jesus aos judeus: 31“Se eu der testemunho de mim mesmo, meu testemunho não vale. 32Mas há um outro que dá testemunho de mim, e eu sei que o testemunho que ele dá de mim é verdadeiro.
33Vós mandastes mensageiros a João, e ele deu testemunho da verdade. 34Eu, porém, não dependo do testemunho de um ser humano. Mas falo assim para a vossa salvação. 35João era uma lâmpada que estava acesa e a brilhar, e vós com prazer vos alegrastes por um tempo com a sua luz. 
36Mas eu tenho um testemunho maior que o de João; as obras que o Pai me concedeu realizar. As obras que eu faço dão testemunho de mim, mostrando que o Pai me enviou. 37E também o Pai que me enviou dá testemunho a meu favor. Vós nunca ouvistes sua voz, nem vistes sua face, 38e sua palavra não encontrou morada em vós, pois não acreditais naquele que ele enviou.
39Vós examinais as Escrituras, pensando que nelas possuís a vida eterna. No entanto, as Escrituras dão testemunho de mim, 40mas não quereis vir a mim para ter a vida eterna! 41Eu não recebo a glória que vem dos homens. 42Mas eu sei que não tendes em vós o amor de Deus. 43Eu vim em nome do meu Pai, e vós não me recebeis. Mas, se um outro viesse em seu próprio nome, a este vós o receberíeis.
44Como podereis acreditar, vós que recebeis glória uns dos outros e não buscais a glória que vem do único Deus? 45Não penseis que eu vos acusarei diante do Pai. Há alguém que vos acusa: Moisés, no qual colocais a vossa esperança. 46Se acreditásseis em Moisés, também acreditaríeis em mim, pois foi a respeito de mim que ele escreveu. 47Mas se não acreditais nos seus escritos, como acreditareis então nas minhas palavras?” 

Evangelho – João 5, 31-47 – “O Espírito Santo é a verdadeira testemunha de Jesus”

Todo o tempo em que passou na terra como homem, Jesus foi também Deus, contudo não quis dar testemunho de si próprio diante das criaturas. Assim, Ele não se prevaleceu da Sua condição divina para dar depoimento de Si mesmo, porque as obras que Ele realizou em Nome do Pai são a prova de que Ele foi enviado por Deus. Os judeus não O acolhiam porque ficavam presos apenas às “palavras” da Escritura sem enxergar realmente o que elas significavam. Jesus é a figura central de toda a Sagrada Escritura, por isso, Ele é o maior testemunho do amor de Deus para com a humanidade. No entanto, Ele em Nome de Deus realizava obras de amor como também prodígios e milagres. “As Escrituras dão testemunho de mim”, disse Jesus. A Sagrada Escritura é o próprio Jesus, por conseguinte, é nela que encontramos o verdadeiro depoimento do amor de Deus para nós. Nós acreditamos na intervenção dos homens, e só cremos no que vemos e tocamos. Todavia, para nós, é difícil “enxergar” as obras de Deus e a salvação que Ele veio nos oferecer. Todos nós, homens e mulheres, somos criaturas falhas e infiéis, por isso, precisamos encarnar a Palavra de Deus em nós e perceber as obras que Ele realiza por meio do Espírito Santo que Jesus nos enviou. O Espírito Santo é quem dá testemunho das maravilhas que Jesus alcançou para que as vivamos, por isso, não busquemos nos homens os parâmetros para nossa felicidade, mas sim, na Palavra de Deus que é justa e verdadeira. Deus é maior que tudo e é Nele que devemos confiar. Hoje, nós não podemos duvidar como fizerem os judeus, pois Jesus Cristo já nos tirou escravidão do pecado e agora continua intercedendo por nós para nos conduzir a uma vida nova.

Oração

Senhor Jesus, que Te manifestas como Filho de Deus, realizando as suas obras, tem piedade de nós. Acolhe-nos no teu Coração misericordioso e dá-nos a vida. Tu, que és a testemunha fiel e verdadeira do Pai, faz-nos ouvir a sua voz. Filho obediente do Pai, faz-nos recordar a paixão eu sofreste por nós, e a descobri-Ia naqueles que continuam a vivê-Ia no corpo e na alma. Filho inocente do Pai, intercede por nós pecadores e permite-nos solidarizar-nos Contigo nessa intercessão. Queremos ir a Ti para termos a vida, a Ti que és a presença incarnada de Deus-misericórdia. Amém.


Sexta 04/04/2014

1ª LEITURA

Leitura do Livro da Sabedoria:

1Dizem entre si os ímpios, em seus falsos raciocínios: 12“Armemos ciladas ao justo, porque sua presença nos incomoda: ele se opõe ao nosso modo de agir, repreende em nós as transgressões da lei e nos reprova as faltas contra a nossa disciplina. 
13Ele declara possuir o conhecimento de Deus e chama-se ‘filho de Deus’. 14Tornou-se uma censura aos nossos pensamentos e só o vê-lo nos é insuportável; 15sua vida é muito diferente da dos outros, e seus caminhos são imutáveis. 
16Somos comparados por ele à moeda falsa e foge de nossos caminhos como de impurezas; proclama feliz a sorte final dos justos e gloria-se de ter a Deus por pai. 17Vejamos, pois, se é verdade o que ele diz, e comprovaremos o que vai acontecer com ele. 18Se, de fato, o justo é ‘filho de Deus’, Deus o defenderá e o livrará das mãos dos seus inimigos. 19Vamos pô-lo à prova com ofensas e torturas, para ver a sua serenidade e provar a sua paciência; 20vamos condená-lo à morte vergonhosa, porque, de acordo com suas palavras, virá alguém em seu socorro”.
21Tais são os pensamentos dos ímpios, mas enganam-se; pois a malícia os torna cegos, 22não conhecem os segredos de Deus, não esperam recompensa para a santidade e não dão valor ao prêmio reservado às vidas puras. 

Sabedoria 2, 1.12-22 – “o homem justo incomoda ao mundo” 

O Livro da Sabedoria ressalta a provação que o homem justo passa por ser fiel à Lei de Deus, pois as pessoas que vivem afastadas de Deus e se entregam à indisciplina da carne tramam para derrubar os que têm uma vida diferente da sua. Quando nos aproximamos de Deus as pessoas que vivem longe da casa de Deus e fora do Seu domínio, muitas vezes nos perseguem e nos tentam para que saiamos do caminho da justiça. A justiça para nós consiste em que a vontade de Deus se realize na nossa vida. Todos os que buscam a santidade e esperam o prêmio reservado às vidas puras conhecem os segredos de Deus e não cedem à voz do mundo que se amofina e se cansa das coisas do alto, isto é, das coisas de Deus. O homem e a mulher justos são todos os que se apossam da filiação divina e seguem os preceitos do Senhor. No entanto, percebemos que, dentro de cada um de nós há o homem justo e o homem ímpio. O homem justo é aquela parte de nós que deseja fazer o bem, que anseia por Deus, que se sente filho de Deus e quer ter conhecimento dos seus mistérios. Há também, ao mesmo tempo, aquela nossa parte que é do homem ímpio, rebelde, senhor de si mesmo que quer ser independente e segue a lei do mundo. Na medida em que caminhamos em busca das coisas do alto, nós também nos distanciamos do homem ímpio que luta contra o homem justo e o tenta de todas as maneiras.

SALMO DE RESPOSTA

— Do coração atribulado está perto o Senhor.

— O Senhor volta a sua face contra os maus, para da terra apagar sua lembrança. Clamam os justos, e o Senhor bondoso escuta e de todas as angústias os liberta.
— Do coração atribulado ele está perto e conforta os de espírito abatido. Muitos males se abatem sobre os justos, mas o Senhor de todos eles os liberta.
— Mesmo os seus ossos ele os guarda e os protege, e nenhum deles haverá de se quebrar. Mas o Senhor liberta a vida dos seus servos, e castigado não será quem nele espera.

Salmo 33 - “Do coração atribulado está perto o Senhor!”

Às vezes pensamos que é justa aquela pessoa que não tem dificuldades e que tem uma vida mansa. O salmo nos explica que Deus está perto de quem tem o coração atribulado e o espírito abatido. Portanto o Senhor está perto daqueles que Nele esperam e os liberta das suas dificuldades, porém não evita que as coisas lhe aconteçam.

EVANGELHO

Evangelho de Jesus Cristo, segundo João:

Naquele tempo, 1Jesus andava percorrendo a Galiléia. Evitava andar pela Judéia, porque os judeus procuravam matá-lo. 2Entretanto, aproximava-se a festa judaica das Tendas. 10Quando seus irmãos já tinham subido, então também ele subiu para a festa, não publicamente mas sim como que às escondidas. 
25Alguns habitantes de Jerusalém disseram então: “Não é este a quem procuram matar? 26Eis que fala em público e nada lhe dizem. Será que, na verdade, as autoridades reconheceram que ele é o Messias? 27Mas este, nós sabemos donde é. O Cristo, quando vier, ninguém saberá donde é”. 
28Em alta voz, Jesus ensinava no Templo, dizendo: “Vós me conheceis e sabeis de onde sou; eu não vim por mim mesmo, mas o que me enviou é fidedigno. A esse, não o conheceis, 29mas eu o conheço, porque venho da parte dele, e ele foi quem me enviou”. 30Então, queriam prendê-lo, mas ninguém pôs a mão nele, porque ainda não tinha chegado a sua hora. 

Evangelho – João 7,1-2.10.25-30 – “Jesus está no meio de nós”

Jesus cumpria a Sua missão evitando atropelar os planos do Pai e tinha o maior cuidado para não se expor, pois sabia que os judeus O perseguiam. Entretanto, os homens não O reconheciam porque buscavam alguém que demonstrasse mais poder, que fizesse mais alarde e chamasse mais atenção. Porém, Ele caminhava no caminho que o Pai lhe indicava e nunca hesitava em falar em alta voz quando era instruído. Alguns, não O reconheciam e duvidavam de que fosse Ele o Messias, O Enviado por Deus. Hoje também está muito perto de nós, caminha no nosso meio e fala claramente sobre a sua missão de Filho de Deus, mas igualmente ainda não nos conscientizamos da Sua presença e da Sua intervenção na nossa vida. Ele está vivo, ressuscitado e vitorioso e caminha conosco sempre. Quer mudar a nossa história, contudo, nós como os antigos, ficamos nos perguntando: onde está Jesus, será que Ele está comigo? Por que não O sinto, por que não O escuto? Jesus fazia questão de dizer que não tinha vindo por si mesmo, mas que havia sido enviado por Deus. No cumprimento da nossa missão também nós precisamos evitar seguir os nossos próprios pensamentos e planos humanos e esperar que Deus nos conduza. Todos nós que buscamos a santidade e esperamos o prêmio reservado às vidas puras, perceberemos a hora de falar e a hora de silenciar, de parar ou de prosseguir se estivermos em sintonia com o Espírito Santo de Deus. Imitando a Jesus seremos fiéis operários da construção do reino do céu aqui na terra.

Oração

Senhor Jesus, manso e humilde de coração, dá-nos a graça de revivermos em nós atua mansidão e a tua humildade. Como Tu, queremos, em toda e qualquer situação, mesmo diante do mal, da oposição e da hostilidade, manifestar a luz e a bondade. Queremos também aceitar que, em algumas ocasiões, a atitude dos outros seja de crítica e de condenação contra nós. Ajuda-nos a manter a paciência e a calma nessas ocasiões, como Tu as soubeste manter. Que jamais nos deixemos tomar pela ira e pela raiva, mas saibamos corrigir-nos do que julgarmos necessário. Então, estaremos no bom caminho, Contigo, homem das dores e da esperança. Amém.


Sábado 05/04/2014

1ª LEITURA

Leitura do Livro do Profeta Jeremias:
18Senhor, avisaste-me e eu entendi; fizeste-me saber as intrigas deles. 19Eu era como manso cordeiro levado ao sacrifício, e não sabia que tramavam contra mim: “Vamos cortar a árvore em toda a sua força, eli­miná-lo do mundo dos vivos, para seu nome não ser mais lembrado”. 
20E tu, Senhor dos exércitos, que julgas com justiça e perscrutas os afetos do coração, concede que eu veja a vingança que tomarás contra eles, pois eu te confiei a minha causa. 

Jeremias 11, 18-20 – “a quem confiar a nossa causa?”

Deus julga com justiça e perscruta os afetos do coração, conhece tudo e antes que aconteçam as perseguições Ele dá sabedoria e força àqueles que nele confiam. A figura do servo sofredor e confiante nos leva a refletir sobre nós mesmos (as) que somos aqui na terra como “mansos cordeiros levados ao sacrifício” quando nos entregamos à vontade de Deus. Apesar de todas as perseguições da vida aquele que confia no Senhor não será confundido. Jesus, o justo cordeiro, o inocente é o nosso referencial. Muitas vezes também não sabemos quem trama contra nós e quer nos derrubar, mas no nosso coração encontramos força para continuar porque sabemos em que confiamos a nossa causa. Estamos convencidos (as) de que só a Jesus, o Servo perfeito, nós poderemos confiar o nosso pleito. Sutilmente o Espírito Santo, que julga com justiça e perscruta os afetos do coração pode nos conduzir e nos livrar dos males e enfermidades que nos fazem padecer. O mal que nos persegue é o pecado, mas o Senhor já nos libertou dele e nos chama à conversão. 

SALMO DE RESPOSTA

— Senhor meu Deus, em vós procuro o meu refúgio.

— Senhor meu Deus, em vós procuro o meu refúgio: vinde salvar-me do inimigo, libertai-me! Não aconteça que agarrem minha vida como um leão que despedaça a sua presa, sem que ninguém venha salvar-me e libertar-me!
— Julgai-me, Senhor Deus, como eu mereço e segundo a inocência que há em mim! Ponde um fim à iniqüidade dos perversos, e confir­mai o vosso justo, ó Deus-Justiça, vós que sondais os nossos rins e corações.
— O Deus vivo é um escudo protetor, e salva aqueles que têm reto coração. Deus é juiz, e ele julga com justiça, mas é um Deus que ameaça cada dia.

Salmo 7 – “Senhor meu Deus, em vós procuro o meu refúgio.”

Às vezes nos enganamos e não entendemos que o Senhor vem salvar não aqueles que se auto julgam e que vivem a vida fazendo as coisas dentro da lei, mas aos que O procuram e O invocam como refúgio e salvação. “Julgai-me, Senhor Deus como eu mereço”, esta deve ser a nossa prece. Diante de Deus nós merecemos apenas a Sua misericórdia, porque Ele é Bom e a Sua justiça para nós é o Seu Amor.

EVANGELHO

Evangelho de Jesus Cristo, segundo João

Naquele tempo, 40ao ouvirem as palavras de Jesus, algumas pessoas diziam: “Este é, verdadeiramente, o Profeta”. 41Outros diziam: “Ele é o Messias”. Mas alguns objetavam: “Porventura o Messias virá da Galiléia? 42Não diz a Escritura que o Messias será da descendência de Davi e virá de Belém, povoado de onde era Davi?” 
43Assim, houve divisão no meio do povo por causa de Jesus. 44Alguns queriam prendê-lo, mas ninguém pôs as mãos nele. 45Então, os guardas do Templo voltaram para os sumos sacerdotes e os fariseus, e estes lhes perguntaram: “Por que não o trouxestes?” 
46Os guardas responderam: “Ninguém jamais falou como este homem”. 47Então os fari­seus disseram-lhes: “Também vós vos dei­xastes enganar? 48Por acaso algum dos chefes ou dos fariseus acreditou nele? 49Mas esta gente que não conhece a Lei, é maldita!”
50Nicodemos, porém, um dos fariseus, aquele que se tinha encontrado com Jesus anteriormente, disse: 51“Será que a nossa Lei julga alguém, antes de o ouvir e saber o que ele fez?” 52Eles responderam: “Também tu és galileu, porventura? Vai estudar e verás que da Galiléia não surge profeta”. 53E cada um voltou para sua casa. 

Evangelho – João 7, 40-53 – “uma experiência pessoal com Jesus ”

Naquele tempo havia divisão entre as pessoas em Israel, porque alguns reconheciam Jesus como Messias e outros O ignoravam pelo simples fato dele ser um nazareno. Diante da insistência para que Jesus fosse preso os guardas se recusavam a fazê-lo, pois reconheciam Jesus pelas obras que realizava e pela Palavra que Ele dirigia às multidões. Por isso, alegavam: “Ninguém jamais falou como este homem!” Estes, eram, justamente, gente do povo, considerados malditos porque não tinham acesso à Lei. No entanto, o simples fato de terem tido uma experiência com Jesus abriu-lhes os olhos para acolherem-no como o Enviado de Deus. “Os sábios”, doutores da Lei, que se diziam conhecedores das escrituras não O aceitavam alegando que da Galiléia não viria o Messias porque não tinham conhecimento de que Jesus nascera em Belém.
Conheciam as escrituras, mas não aceitavam a Jesus que veio tornar a lei uma regra de vida para a felicidade interior do homem. Assim também acontece conosco: estudamos as leis, conhecemos a história, porém, se não tivermos uma experiência pessoal com Jesus, um encontro com a Sua Palavra que faz vida na nossa vida, nunca iremos aceitá-Lo como nosso Salvador, Caminho, Verdade e Vida. Como os sacerdotes e os fariseus, nós também vemos apenas as aparências e julgamos segundo o que o nosso raciocínio lógico nos conduz. Por amor a Deus, muitas vezes ferimos os nossos irmãos e irmãs negando o mandamento maior que é o amor ao próximo. Muitas vezes nos dividimos por causa de Jesus e nos apegamos às coisas que não têm importância em por isso, nos atrapalhamos e prejudicamos a vivência da regra de vida que é o amor a Deus e ao próximo como a nós mesmos. Somos inflexíveis nos nossos julgamentos e não deixamos que as outras pessoas se defendam e justifiquem as suas ações.

Oração

Senhor Jesus, quero rezar-te, hoje, «Creio e confesso, Senhor, que Tu és o Cristo, o Filho de Deus; esta fé exige que Te sirva, que Te ame, que seja dócil aos teus conselhos, fiel a todas as exigências da minha vocação e da minha missão, e consagrado ao reino do teu Sagrado Coração, para o qual devo contribuir. Creio, Senhor, mas aumentai a minha fé, que é sempre fraca e vacilante». Amém.

5º DOMINGO DA QUARESMA
ANO São Mateus 06.04.2014

 "Eu sou a ressurreição e a vida. Quem crê em mim, mesmo que morra,
viverá."

INTRODUÇÃO: Como nos dois domingos anteriores, também o quinto domingo da quaresma, é marcado por um dos grandes episódios do Quarto Evangelho: a ressurreição de Lázaro. Com isso, não só se narra um dos últimos episódios antes da morte de Jesus, provocando ódio mortal nas autoridades judaicas, mas ainda se prefigura a sua ressurreição: o episódio de Lázaro conduz à Páscoa da morte e ressurreição de Cristo. Neste sentido, convém levar em consideração não apenas o alto teor teológico da liturgia atual, mas também seu profundo humanismo. Embora Jesus veja na doença de Lázaro um ensejo para que a glória de Deus seja revelada, é verdadeira a emoção por causa da morte do amigo. Os sinais de Deus se encarnam em autêntica humanidade. Foi o amor de Jesus por Lázaro que o fez rezar ao Pai e devolver seu amigo à vida. Assim, a nossa vida, uma vez renovada em Cristo, deverá ser não menos, mas mais profundamente humana, para “encarnar” sempre mais e melhor o amor de Deus em nós.
INTRODUÇÃO: A ressurreição de Lázaro mostra que Jesus é o Senhor da vida. É um passo decisivo no processo da Iniciação Cristã. Se os mortos são ressuscitados, não há dúvida de que Jesus é o Messias. Às portas da Semana Santa, a Igreja renova a missão de anunciar Jesus Cristo, o Libertador do pecado e da morte.
INTRODUÇÃO: Partindo da experiência da precariedade da própria vida, o homem religioso da Bíblia descobre o Deus vivo como fonte, plenitude e defesa de toda a vida, especialmente da dos seus. A benção "crescei e multiplicai-vos" concerne precisamente à transmissão da vida: aquela que outra página apresenta como comunicação do próprio "sopro" vital de Deus. A narrativa da árvore da vida evoca a exigência indestrutível de uma vida que se prolonga além dos limites da experiência, de um bem destinado a durar para sempre. Assim a linguagem simbólica e poética atinge as profundezas do homem.

Sentindo em nossos corações a alegria do Amor ao Próximo, da Caridade, do Jejum e da Oração, preparemo-nos para a Páscoa do Senhor!

Comentário das Leituras: As três leituras de hoje estão focalizadas no tema da vida que Deus dá aos homens. A primeira leitura nos introduz no tema, apresentando- nos a profecia de Ezequiel que faz nascer em Israel a esperança de que existe uma forma de vida além desta vida. No Evangelho, encontramos a novidade trazida por Jesus: não se trata mais de uma esperança numa ressurreição, no último dia, mas do dom de um vida nova que não terá mais fim. E, na segunda leitura, Paulo nos fala do Espírito, causa da ressurreição de Cristo e nossa. Ouçamos o que as leituras de hoje anunciam, a fim de que possamos dar os passos concretos na espiritualidade que a Quaresma nos propõe.

1ª LEITURA

Leitura da profecia de Ezequiel

12Assim fala o Senhor Deus: “Ó meu povo, vou abrir as vossas sepulturas e conduzir-vos para a terra de Israel; 13e quando eu abrir as vossas sepulturas e vos fizer sair delas, sabereis que eu sou o Senhor.
14Porei em vós o meu espírito, para que vivais e vos colocarei em vossa terra. Então sabereis que eu, o Senhor, digo e faço — oráculo do Senhor”. 
1ª. Leitura Ezequiel 37,12-14 – “esperança de vida nova” 

O profeta Ezequiel, em Nome de Deus fala para um povo desanimado e sem esperanças, que estava banido da sua terra, longe do templo, experimentando o jugo da morte. Deus acena-lhe com a perspectiva de uma vida nova, em outras circunstâncias, prometendo-lhe o retorno à sua terra a fim de que soubesse que Ele é o Senhor, que diz e faz! Esta profecia é, hoje, para todos nós, mas principalmente para os que, de alguma forma, se encontram desanimados e desesperançados, porque estão longe de Deus, longe da Igreja e do convívio cristão, escravos do pecado. O Senhor promete nos tirar das nossas sepulturas, das nossas fobias, dos nossos temores, da nossa paralisia, quando estamos sob o jugo do pecado, que é a morte da alma. Promete nos resgatar para a Sua Igreja, para o seio da Mãe renovando-nos o espírito, com o poder do Seu Espírito Santo. Somos hoje o povo de Deus que caminha no exilio do mundo, sob o peso do pecado e da nossa humanidade corrompida. Mesmo que não queiramos admitir, muitas vezes nós somos sepultados nas covas que nós mesmos cavamos, mas os juramentos do Senhor são irrefutáveis. Precisamos, portanto, nos apossar das promessas de restauração que o Senhor nos faz reconhecendo a nossa fraqueza e nos deixando ser amparados pela Sua força.

SALMO DE RESPOSTA

— No Senhor, toda graça e redenção!

— Das profundezas eu clamo a vós, Senhor,/ escutai a minha voz!/ Vossos ouvidos estejam bem atentos/ ao clamor da minha prece!
R. 
— Se levardes em conta nossas faltas,/ quem haverá de subsistir?/ Mas em vós se encontra o perdão,/ eu vos temo e em vós espero.
R. 
— No Senhor ponho a minha esperança,/ espero em sua palavra./ A minh'’alma espera no Senhor/ mais que o vigia pela aurora.
R. 
— Espere Israel pelo Senhor,/ mais que o vigia pela aurora!/ Pois no Senhor se encontra toda graça/ e copiosa redenção.
— Ele vem libertar a Israel/ de toda a sua culpa. 
R. 

Salmo 129 – “No Senhor, toda graça e redenção!” 

Mesmo que sejamos os maiores pecadores, mesmo que estejamos nas profundezas da morte pelo pecado, nunca podemos esquecer que o Senhor não leva em conta nossas faltas, quando clamamos o Seu perdão. Somente NELE poderemos colocar a nossa esperança, pois a nossa alma espera por Ele, ainda que o nosso corpo não queira admitir. No Senhor se encontra graça e redenção e a todo o momento Ele está pronto a nos libertar e absolver a nossa culpa. Por isso, podemos repetir com o salmista: “A minha alma espera no Senhor mais que o vigia pela aurora!” 

2ª LEITURA

Leitura da segunda carta de São Paulo aos Romanos
Irmãos: 8Os que vivem segundo a carne não podem agradar a Deus. 9Vós não viveis segundo a carne, mas segundo o Espírito, se realmente o Espírito de Deus mora em vós. Se alguém não tem o Espírito de Cristo, não pertence a Cristo. 10Se, porém, Cristo está em vós, embora vosso corpo esteja ferido de morte por causa do pecado, vosso espírito está cheio de vida, graças à justiça.
11E, se o Espírito daquele que ressuscitou Jesus dentre os mortos mora em vós, então aquele que ressuscitou Jesus Cristo dentre os mortos vivificará também vossos corpos mortais por meio do seu Espírito que mora em vós. 

2ª. Leitura – Romanos 8, 8-11 – “o Espírito Santo é quem nos vivifica” 

Nesta leitura nós percebemos bem a diferença que há entre quem vive segundo a carne e quem vive segundo o Espírito. O Espírito Santo é a marca registrada de todos os que pertencem a Cristo e Nele se tornaram filhos e filhas de Deus. Portanto, os que foram batizados em Cristo têm em si o poder para vencer a barreira da carne deixando que o Espírito Santo que lhe foi concedido, direcione a sua vida e o faça viver conforme Cristo. Se o Espírito de Deus mora em nós, Ele nos vivificará e, mesmo que o nosso corpo esteja ferido de morte por causa do pecado, nosso espírito está cheio de vida, graças à justiça. Não podemos viver no mundo como cidadãos comuns, seguindo a mentalidade da carne, nos conformando ao modismo e à mediocridade que nos deixa apáticos (as), atolados (as) no lamaçal. Precisamos nos apossar da nos carta de alforria para que realmente sejamos livres, de nós mesmos (as), por causa da nossa tendência pecaminosa. O homem e a mulher livres se deixam conduzir pelo Espírito Santo, promessa do Pai que Jesus nos enviou como advogado, consolador e santificador. O Espírito que ressuscitou Jesus Cristo nos ressuscita, desde já, das obras de morte, a que nos entregamos.

EVANGELHO

Evangelho de Jesus Cristo, segundo João

Naquele tempo, 3as irmãs de Lázaro mandaram dizer a Jesus: “Senhor, aquele que amas está doente”.
4Ouvindo isto, Jesus disse: “Esta doença não leva à morte; ela serve para a glória de Deus, para que o Filho de Deus seja glorificado por ela”.
5Jesus era muito amigo de Marta, de sua irmã Maria e de Lázaro. 6Quando ouviu que este estava doente, Jesus ficou ainda dois dias no lugar onde se encontrava. 7Então, disse aos discípulos: “Vamos de novo à Judeia”.
17Quando Jesus chegou, encontrou Lázaro sepultado havia quatro dias. 20Quando Marta soube que Jesus tinha chegado, foi ao encontro dele. Maria ficou sentada em casa. 21Então Marta disse a Jesus: “Senhor, se tivesses estado aqui, meu irmão não teria morrido. 22Mas mesmo assim, eu sei que o que pedires a Deus, ele te concederá”.
23Respondeu-lhe Jesus: “Teu irmão ressuscitará”.
24Disse Marta: “Eu sei que ele ressuscitará na ressurreição, no último dia”.
25Então Jesus disse: “Eu sou a ressurreição e a vida. Quem crê em mim, mesmo que morra, viverá. 26E todo aquele que vive e crê em mim, não morrerá jamais. Crês isto?”
27Respondeu ela: “Sim, Senhor, eu creio firmemente que tu és o Messias, o Filho de Deus, que devia vir ao mundo”.
33bJesus ficou profundamente comovido 34e perguntou: “Onde o colocastes?”
Responderam: “Vem ver, Senhor”. 35E Jesus chorou.
36Então os judeus disseram: “Vede como ele o amava!”
37Alguns deles, porém, diziam: “Este, que abriu os olhos ao cego, não podia também ter feito com que Lázaro não morresse?”
38De novo, Jesus ficou interiormente comovido. Chegou ao túmulo. Era uma caverna, fechada com uma pedra.
39Disse Jesus: “Tirai a pedra!”
Marta, a irmã do morto, interveio: “Senhor, já cheira mal. Está morto há quatro dias”.
40Jesus lhe respondeu: “Não te disse que, se creres, verás a glória de Deus?”
41Tiraram então a pedra. Jesus levantou os olhos para o alto e disse: “Pai, eu te dou graças porque me ouviste. 42Eu sei que sempre me escutas. Mas digo isto por causa do povo que me rodeia, para que creia que tu me enviaste”.
43Tendo dito isso, exclamou com voz forte: “Lázaro, vem para fora!”
44O morto saiu, atado de mãos e pés com os lençóis mortuários e o rosto coberto com um pano. Então Jesus lhes disse: “Desatai-o e deixai-o caminhar!”
45Então, muitos dos judeus que tinham ido à casa de Maria e viram o que Jesus fizera, creram nele. 

Evangelho – João 11, 1-45 ou 3-7.17.20.27.33-45 – “se creres, verás a glória de Deus” 

O Evangelho da ressurreição de Lázaro retrata para nós o domínio que Jesus tem sobre o pecado e a morte, logo, podemos crer que Ele também tem poder sobre a nossa vida. Jesus mesmo afirmou que a morte de Lázaro serviria para a glória Deus para que o Filho de Deus fosse glorificado por ela. Podemos, então, concluir que todas as pessoas que amam a Deus e acreditam em Jesus como seu Senhor e Salvador têm a sua vida posta sob a Sua autoridade. Naquele tempo, Marta foi ao encontro de Jesus porque confiava em que tudo o que Ele pedisse a Deus Lhe seria concedido. Hoje, nós, que acreditamos em Jesus e O temos como nosso Senhor, também podemos ter certeza de que tudo o que pedirmos ao Pai em Seu Nome, nos será dado, para a glória de Deus e do Seu Filho Jesus. Foi vontade de Deus que Lázaro, morto há quatro dias fosse ressuscitado e reintegrado ao seio da comunidade e da sua família. Hoje, também, é vontade de Deus que nós recebamos uma vida nova, que permaneçamos aqui na terra fora do sepulcro do pecado, da escravidão aos vícios, da desarmonia. Jesus precisou da ajuda daqueles que estavam ao redor do sepulcro de Lázaro, para que tirassem a pedra que o impedia de sair. Hoje também Ele se compadece das nossas misérias, das nossas enfermidades, da nossa paralisia e ordena àqueles (as) que estão mais próximos de nós e conhecem a nossa situação: ”Tirai a pedra”. Portanto, todos somos instrumentos de Jesus aqui na terra, como intercessores, como pregadores, como consoladores, confidentes, amigos solidários e muito mais. Todos nós necessitamos do poder ressuscitador de Jesus e todos nós possuímos o Espírito Santo que nos ajuda na obra de ressurreição que o Senhor quer fazer no mundo, através de nós. Basta que creiamos em Jesus e veremos a glória de Deus se manifestar.


ORAÇÃO
Pai, dá-me a graça de compreender a ressurreição de Jesus como vitória da vida e como sinal de que a morte não tem a última palavra sobre o destino daqueles que crêem.

segunda-feira, 24 de março de 2014

Liturgia da 03ª semana da Quaresma Ano São Mateus

Segunda 24 de Março de 2014

III SEMANA DA QUARESMA 
Antífona da entrada: Minha alma anseia, até desfalecer, pelos átrios do Senhor; meu coração e minha carne exultam pelo Deus vivo! (Sl 83,3)

Leitura (2 Reis 5,1-15)

Leitura do segundo livro dos Reis. 
5 1 Naamã, general do exército do rei da Síria, gozava de grande prestígio diante de seu amo, e era muito considerado, porque, por meio dele, o Senhor salvou a Síria; era um homem valente, mas leproso. 
2 Ora, tendo os sírios feito uma incursão no território de Israel, levaram consigo uma jovem, a qual ficou a serviço da mulher de Naamã. 
3 Ela disse à sua senhora: “Ah, se meu amo fosse ter com o profeta que reside em Samaria, ele o curaria da lepra!” 
4 Ouvindo isso, Naamã foi e contou ao seu soberano o que dissera a jovem israelita. 
5 O rei da Síria respondeu-lhe: “Vai, que eu enviarei uma carta ao rei de Israel”. Naamã partiu com dez talentos de prata, seis mil siclos de ouro e dez vestes de festa. 
6 Levou ao rei de Israel uma carta concebida nestes termos: “Ao receberes esta carta, saberás que te mando Naamã, meu servo, para que o cures da lepra”. 
7 Tendo lido a missiva, o rei de Israel rasgou as vestes e exclamou: “Sou eu porventura um deus, que possa dar a morte ou a vida, para que esse me mande dizer que cure um homem da lepra? Vede bem que ele anda buscando pretextos contra mim”. 
8 Quando Eliseu, o homem de Deus, soube que o rei tinha rasgado as vestes, mandou-lhe dizer: “Por que rasgaste as tuas vestes? Que ele venha a mim, e saberá que há um profeta em Israel”. 
9 Naamã veio com seu carro e seus cavalos e parou à porta de Eliseu. 
10 Este mandou-lhe dizer por um mensageiro: “Vai, lava-te sete vezes no Jordão e tua carne ficará limpa”. 
11 Naamã se foi, despeitado, dizendo: “Eu pensava que ele viria em pessoa, e, diante de mim, invocaria o Senhor, seu Deus, poria a mão no lugar infetado e me curaria da lepra. 
12 Porventura os rios de Damasco, o Abana e o Farfar, não são melhores que todas as águas de Israel? Não me poderia eu lavar neles e ficar limpo?” E, voltando-se, retirou-se encolerizado. 
13 Mas seus servos, aproximando-se dele, disseram-lhe: “Meu pai, mesmo que o profeta te tivesse ordenado algo difícil, não o deverias fazer? Quanto mais agora que ele te disse: ‘Lava-te e serás curado’”. 
14 Naamã desceu ao Jordão e banhou-se ali sete vezes, como lhe ordenara o homem de Deus, e sua carne tornou-se tenra como a de uma criança. 
15 Voltando então para o homem de Deus, com toda a sua comitiva, entrou, apresentou-se diante dele e disse: “Reconheço que não há outro Deus em toda a terra, senão o de Israel. Aceita este presente do teu servo”. 

Naamaã, homem valente e conceituado, general dos exércitos do rei da Síria, tinha ficado leproso. A lepra, vista como castigo divino, implicava separação, impureza, solidão. Era uma situação humanamente insolúvel, sem esperança. Mas Naamã acolhe a proposta de uma jovem prisioneira israelita, e vai ao encontro do profeta que está na Samaria. O rei da Síria apoia benevolentemente a ideia, que todavia provoca suspeitas no rei de Israel. A tensão entre os dois países é atenuada pela intervenção do profeta Eliseu. Seguindo as suas orientações, tão simples que parecem banais, Naamaã recupera a saúde e dispõe-se a uma profissão de fé no Deus de Israel. Ao lado dos protagonistas do episódio, Naamã, Eliseu e os dois reis, vemos a jovem escrava, o mensageiro e os servos, mediações de que Deus se serve para orientar o curso dos acontecimentos.
O texto apresenta referências à simbologia baptismal, tais como a imersão nas águas, a eficácia da palavra do Deus de Israel, o carácter universal da salvação.
Naaman, pelo contrário, aceita pôr de parte os seus preconceitos. Como pagão, não pretende ter direitos sobre o Deus de Israel. Apenas aceita os bons serviços diplomáticos do rei e se preocupa em captar a boa vontade do rei de Israel, com ricos presentes. O rei de Israel não corresponde às suas expectativas. Intervém o profeta Eliseu, sem qualquer espécie de diplomacia: não sai ao seu encontro para o saudar, acolher convenientemente e proceder aos devidos rituais de cura. Pelo contrário, manda um criado para lhe dizer que vá lavar-se sete vezes no rio Jordão. Uma verdadeira decepção! O poderoso homem da Síria mostra a sua indignação, tal como os nazarenos a mostraram em relação a Jesus! O rei de Israel tinha dito: «Sou eu, porventura, um deus que possa dar a morte ou a vids?». Naaman teve realmente que morrer aos seus preconceitos, às suas certezas e seguranças, para aceitar a iniciativa divina, marcada pela simplicidade. E foi curado: «a sua carne tornou-se como a de uma criança e ficou limpo.

Salmo responsorial 41/42

Minha alma tem sede de Deus, do Deus vivo:
e quando verei a face de Deus?


Assim como a corça suspira pelas águas correntes,
suspira igualmente minha alma
por vós, ó meu Deus!

A minha alma tem sede de Deus
e deseja o Deus vivo.
Quando terei a alegria de ver
a face de Deus?

Enviai vossa luz, vossa verdade:
elas serão o meu guia;
que me levem ao vosso monte santo,
até a vossa morada!

Então irei aos altares do Senhor,
Deus da minha alegria.
Vosso louvor cantarei ao som da harpa,
meu Senhor e meu Deus!

Evangelho (Lucas 4,24-30)

Jesus Cristo, sois bendito, sois o ungido de Deus Pai!
No Senhor ponho a minha esperança, espero em sua palavra. Pois no Senhor se encontra toda graça e copiosa redenção (Sl 129,5.7).

Vindo a Nazaré, disse Jesus: 4 24 “Em verdade vos digo: nenhum profeta é bem aceito na sua pátria. 
25 Em verdade vos digo: muitas viúvas havia em Israel, no tempo de Elias, quando se fechou o céu por três anos e meio e houve grande fome por toda a terra; 
26 mas a nenhuma delas foi mandado Elias, senão a uma viúva em Sarepta, na Sidônia. 
27 Igualmente havia muitos leprosos em Israel, no tempo do profeta Eliseu; mas nenhum deles foi limpo, senão o sírio Naamã”. 
28 A estas palavras, encheram-se todos de cólera na sinagoga. 
29 Levantaram-se e lançaram-no fora da cidade; e conduziram-no até o alto do monte sobre o qual estava construída a sua cidade, e queriam precipitá-lo dali abaixo. 
30 Ele, porém, passou por entre eles e retirou-se. 

A DUREZA DE CORAÇÃO 
A reação dos habitantes de Nazaré, diante da pregação de Jesus, foi de aberta rejeição. Foi tal o desprezo pelas palavras do Mestre, que eles decidiram eliminá-lo lançando-o de um precipício. 
É possível imaginar a decepção de Jesus, diante da rejeição de seus conterrâneos. Ele tentou compreender a situação, rememorando as experiências de profetas do passado que, rejeitados por seu povo, foram bem acolhidos pelos estrangeiros. Assim aconteceu com Elias: num tempo de seca e fome, beneficiou uma mulher estrangeira, da terra dos sidônios. O mesmo sucedeu com Eliseu: curou da lepra um general sírio, ao passo que, em Israel, essa doença vitimava muitas pessoas. 
A conclusão de Jesus foi clara: já que o povo de sua cidade insistia em não lhe dar atenção, ele sentiu-se obrigado a ir em busca de quem estivesse disposto a acolhê-lo. Aos duros de coração, no entanto, só restava o castigo. 
Longe de nós seguirmos o exemplo do povo de Nazaré. Jesus quer encontrar, em nós, abertura para acolhê-lo e disponibilidade para converter-nos. Ninguém é obrigado a aceitar este convite. Entretanto, fechar-se para Jesus significa recusar a proposta de salvação que ele, em nome do Pai, veio nos trazer. 

Oração
Espírito de docilidade, abre meu coração para aceitar o convite à conversão, que Jesus me dirige, em nome do Pai. 

Terça 25 de Março de 2014

ANUNCIAÇÃO DO SENHOR 
Antífona da entrada: Ao entrar no mundo, Cristo disse: Eis-me aqui, ó Pai, para fazer a tua vontade (Hb 10,5.7).

Leitura (Isaías 7,10-14;8,10)

Leitura do livro do profeta Isaías. 
Naqueles dias, 7 10 o Senhor disse ainda a Acaz: 
11 "Pede ao Senhor teu Deus um sinal, seja do fundo da habitação dos mortos, seja lá do alto". 
12 Acaz respondeu: "De maneira alguma! Não quero pôr o Senhor à prova". 
13 Isaías respondeu: "Ouvi, casa de Davi: Não vos basta fatigar a paciência dos homens? Pretendeis cansar também o meu Deus? 
14 Por isso, o próprio Senhor vos dará um sinal: uma virgem conceberá e dará à luz um filho, e o chamará Emanuel, 8 10 porque Deus está conosco".

Acaz, rei de Jerusalém, vê vacilar o seu trono devido à aproximação de exércitos inimigos. A sua primeira reação é entrar numa política de alianças humanas. Isaías, pelo contrário, propõe a resolução do problema pela confiança em Deus. Convida o rei a pedir um «sinal» (v. 11) que seja confirmação da assistência divina. Acaz recusa a proposta: «não tentarei o Senhor» (v. 12). Fá-lo por hipocrisia, e não por verdadeiro sentido religioso. Isaías insiste que, apesar da recusa do rei, Deus lhe dará um sinal: «a jovem está grávida e vai dar à luz um filho, e há-de pôr-lhe o nome de Emanuel: «Deus-connosco». O sentido imediato destas palavras refere-se a Ezequias, filho de Acaz, que a rainha está para dar à luz. O seu nascimento, nesse momento histórico, é interpretado como sinal da presença salvadora de Deus em favor do seu povo aflito. Mais profundamente, as palavras de Isaías são profecia de um futuro rei Salvador. A tradição cristã sempre viu neste oráculo o anúncio profético do nascimento de Jesus, filho de Maria Virgem.

Salmo responsorial 39/40

Eis que venho fazer, com prazer, 
a vossa vontade, Senhor!


Sacrifício e oblação não quisestes,
mas abristes, Senhor, meus ouvidos;
não pedistes ofertas nem vítimas,
holocaustos por nossos pecados,
e então eu vos disse: “Eis que venho!”

Sobre mim está escrito no livro:
“Com prazer faço a vossa vontade,
guardo em meu coração vossa lei!”

Boas novas de vossa justiça
anunciei numa grande assembléia;
vós sabeis: não fechei os meus lábios!

Proclamei toda a vossa justiça
sem retê-la no meu coração;
vosso auxílio e lealdade narrei.
Não calei vossa graça e verdade
na presença da grande assembléia.

Leitura (Hebreus 10,4-10)

Leitura da carta aos Hebreus. 
Irmãos, 10 4 pois é impossível que o sangue de touros e de carneiros tire pecados.
5 Eis por que, ao entrar no mundo, Cristo diz: "Não quiseste sacrifício nem oblação, mas me formaste um corpo. 
6 Holocaustos e sacrifícios pelo pecado não te agradam. 
7 Então eu disse: Eis que venho (porque é de mim que está escrito no rolo do livro), venho, ó Deus, para fazer a tua vontade". 
8 Disse primeiro: "Tu não quiseste, tu não recebeste com agrado os sacrifícios nem as ofertas, nem os holocaustos, nem as vítimas pelo pecado" (quer dizer, as imolações legais). 9 Em seguida, ajuntou: "Eis que venho para fazer a tua vontade". Assim, aboliu o antigo regime e estabeleceu uma nova economia. 10 Foi em virtude desta vontade de Deus que temos sido santificados uma vez para sempre, pela oblação do corpo de Jesus Cristo.

Este texto, retirado do seu contexto, procura demonstrar que o sacrifício de Cristo é superior aos sacrifícios do Antigo Testamento. O autor da Carta aos Hebreus relê o Salmo 39 – utilizado pela liturgia desta solenidade como Salmo Responsorial – como se fosse uma declaração de intenções do próprio Cristo ao entrar no mundo, no momento da Incarnação. Esta é também a atitude obediencial do povo da antiga aliança e de todo o piedoso cantor do salmo: «: Eis que venho, ó Deus, para fazer a tua vontade.». A Incarnação como atitude obediencial acontece no dia da Anunciação do Senhor a Maria. Esse dia inaugura a peregrinação messiânica que conduzirá à doação do corpo de Cristo no sacrifício salvífico, novo e inovador, único e indispensável, que se completa no sacrifício da cruz.

Evangelho (Lucas 1,26-38)

Glória a Cristo, palavra eterna do Pai, que é amor!
A palavra se fez carne e habitou entre nós. E nós vimos sua glória que recebe de Deus Pai (Jo 1,14).

Naquele tempo, 1 26 "no sexto mês, o anjo Gabriel foi enviado por Deus a uma cidade da Galiléia, chamada Nazaré, 
27 a uma virgem desposada com um homem que se chamava José, da casa de Davi e o nome da virgem era Maria". 
28 Entrando, o anjo disse-lhe: "Ave, cheia de graça, o Senhor é contigo". 
29 Perturbou-se ela com estas palavras e pôs-se a pensar no que significaria semelhante saudação. 
30 O anjo disse-lhe: "Não temas, Maria, pois encontraste graça diante de Deus. 
31 Eis que conceberás e darás à luz um filho, e lhe porás o nome de Jesus. 
32 Ele será grande e chamar-se-á Filho do Altíssimo, e o Senhor Deus lhe dará o trono de seu pai Davi; e reinará eternamente na casa de Jacó, 
33 e o seu reino não terá fim". 
34 Maria perguntou ao anjo: "Como se fará isso, pois não conheço homem?" 
35 Respondeu-lhe o anjo: "O Espírito Santo descerá sobre ti, e a força do Altíssimo te envolverá com a sua sombra. Por isso o ente santo que nascer de ti será chamado Filho de Deus. 
36 Também Isabel, tua parenta, até ela concebeu um filho na sua velhice; e já está no sexto mês aquela que é tida por estéril, 
37 porque a Deus nenhuma coisa é impossível". 
38 Então disse Maria: "Eis aqui a serva do Senhor. Faça-se em mim segundo a tua palavra". E o anjo afastou-se dela.


MARIA, CHEIA DE GRAÇA
A Igreja, refletindo sobre a mãe de Jesus, foi entendendo, pouco a pouco, toda a verdade desta figura singular. Neste processo, a Igreja chegou a professar que o pecado original, tendo marcado para sempre a história da humanidade, mas não lançou raízes no ser de Maria. Vivendo num mundo de egoísmo, ela não foi contaminada pelo pecado.
Esta graça e privilégio, conferidos por Deus à mãe do Salvador, aconteceram por causa de Jesus Cristo. Deus preparou para receber seu Filho, que seria imune da culpa original, um ventre não corrompido pelo pecado. Maria, de certo modo, experimentou, por antecipação, o fruto da ação de seu filho Jesus, que viria ao mundo para salvar a humanidade do pecado. A mãe foi a primeira a tirar partido da missão do Filho. A santidade do Filho Jesus santificou todo o ser da mãe Maria, desde que fora concebida.
A proclamação do anjo "Ave, cheia de graça, o Senhor está contigo" fundamenta a total santidade de Maria. Sendo cheia de graça, nela não podia haver espaço para o pecado e para a infidelidade a Deus. E sua existência, desde o início, só podia ser total comunhão com Deus. Por outro lado, toda a vida de Maria foi marcada pela pessoa de Jesus, a quem estaria ligada desde o momento do anúncio da encarnação. A concepção imaculada é, pois, mais uma maravilha da graça de Deus na vida de Maria.

Oração
Senhor Jesus, que a contemplação da concepção imaculada de tua mãe desperte em mim o desejo de romper, definitivamente, com o pecado que maculou a humanidade.

Quarta 26 de Março de 2014

III SEMANA DA QUARESMA 
Antífona da entrada: Orientai meus passos, Senhor, segundo a vossa palavra, e que o mal não domine sobre mim! (Sl 118,133)

Leitura (Deuteronômio 4,1.5-9)

Leitura do livro do Deuteronômio. 
4 1 “E agora, ó Israel, ouve as leis e os preceitos que hoje vou ensinar-vos. Ponde-os em prática para que vivais e entreis na posse da terra que o Senhor, Deus de vossos pais, vos dá. 
5 Vede: ensinei-vos leis e ordenações, conforme o Senhor, meu Deus, me ordenou, a fim de as praticardes na terra que ides possuir. 
6 Observai-as, praticai-as, porque isto vos tornará sábios e inteligentes aos olhos dos povos, que, ouvindo todas essas prescrições, dirão: ‘eis uma grande nação, um povo sábio e inteligente’. 
7 Haverá, com efeito, nação tão grande, cujos deuses estejam tão próximos de si como está de nós o Senhor, nosso Deus, cada vez que o invocamos? 
8 Qual é a grande nação que tem mandamentos e preceitos tão justos como esta lei que vos apresento hoje? 
9 Guarda-te, pois, a ti mesmo: cuida de nunca esquecer o que viste com os teus olhos, e toma cuidado para que isso não saia jamais de teu coração, enquanto viveres; e ensina-o aos teus filhos, e aos filhos de teus filhos”. 

Deuteronômio 4,1.5-9 - “ sabedoria e inteligência perante os povos”

Os ensinamentos de Moisés são para nós, hoje, uma verdadeira catequese a fim de enfrentarmos os desafios do mundo atual. No meio de tantos infortúnios, de tantas contradições e de tanta desventura, podemos fazer toda a diferença, se usamos os decretos do Senhor como princípios que regem a nossa vida. Enquanto caminhamos por aqui temos a oportunidade de por em prática tudo quanto aprendemos na Palavra de Deus com sabedoria e inteligência. Assim como prometeu aos antigos uma terra em que corria leite e mel Deus nos promete uma terra diferente para a nossa existência. As leis e os decretos do Senhor são para nós normas que nos ajudam na vivência da felicidade aqui na terra. Se refletirmos bem no conselho de Moisés, iremos entender que, quando praticamos os ensinamentos do Senhor, aqui, na terra em que estamos vivendo, ela então, tornar-se para nós, a terra prometida. Para que isto aconteça, precisamos, porém, ouvi-Lo, escutá-lo, isto é, estar de coração aberto. A terra prometida é um estado de espírito, resultado da nossa vivência dentro dos mandamentos da Lei de Deus os quais estão gravados dentro de nós e são para as outras pessoas uma prova da nossa inteligência e sabedoria, que significam felicidade e paz. Esse estado de espírito nós o observamos nas pessoas que vivem dentro da vontade de Deus e são sinais de que podemos também atravessar o vale escuro como se fosse um dia claro. Nesta terra nós teremos sabedoria, inteligência e chamaremos atenção para que outros queiram nela também entrar. Este é o reino de Deus e que devemos ensiná-lo a filhos e netos.

Salmo responsorial 147/147B

Glorifica o Senhor, Jerusalém!

Glorifica o Senhor, Jerusalém!
Ó Sião, canta louvores ao teu Deus!
Pois reforçou com segurança as atuas portas
e os teus filhos em teu seio abençoou.

Ele envia suas ordens para a terra,
e a palavra que ele diz corre veloz.
Ele faz cair a neve como lã
e espalha a geada como cinza.

Anuncia a Jacó sua palavra,
seus preceitos e suas leis a Israel.
Nenhum povo recebeu tanto carinho,
a nenhum outro revelou os seus preceitos.

Salmo 147 – “Glorifica o Senhor, Jerusalém!”

O Senhor envia suas ordens para a terra por meio da Sua Palavra que nós anunciamos. Do céu Ele faz cair proteção e abrigo para aqueles que confiam nas Suas promessas, pois escutam e praticam a Sua Palavra, Seus Preceitos e Suas Leis. Os preceitos do Senhor nos são dado com carinho, por isso, somos chamados a, como Jerusalém, glorificar o Senhor com a nossa vida, nosso louvor e nossas ações.

Evangelho (Mateus 5,17-19)

Glória a Cristo, palavra eterna do Pai, que é amor!
Senhor, tuas palavras são espírito, são vida; só tu tens palavras de vida eterna! (Jo 6,63.68)

5 17 Disse Jesus aos seus discípulos: “Não julgueis que vim abolir a lei ou os profetas. Não vim para os abolir, mas sim para levá-los à perfeição. 
18 Pois em verdade vos digo: passará o céu e a terra, antes que desapareça um jota, um traço da lei. 
19 Aquele que violar um destes mandamentos, por menor que seja, e ensinar assim aos homens, será declarado o menor no Reino dos céus. Mas aquele que os guardar e os ensinar será declarado grande no Reino dos céus”. 

Evangelho – Mateus 5, 17-19 - “o essencial não muda”

Esta Palavra também nos é providencial nestes tempos em que se propaga a ideia de que a Igreja deve se modernizar para seguir a evolução da mentalidade do mundo na sua pretensão de satisfazer a vontade da nossa carne humana. A Palavra de Jesus, portanto, é perfeita para que façamos uma reflexão: ”Não penseis que vim abolir a lei e os profetas” “vim para dar-lhe pleno cumprimento”. Se percebermos o que acontece dentro do nosso coração, sentiremos que nada dentro de nós mudou e que o ser humano precisa hoje, como sempre, dos valores que a Lei do Senhor propõe. A lei de Deus, portanto, é perfeita para a nossa alma e para a nossa vida e corresponde fielmente aos anseios mais profundos do nosso ser que foi criado à imagem e semelhança de Deus. Deus não mudou o Seu Plano para cada um dos Seus filhos, por isso, o que era é e sempre será. As leis e os mandamentos do Senhor não mudam, porém, muda o nosso entendimento de acordo com o sabor dos ventos. Hoje, neste Evangelho, Jesus nos esclarece que veio ao mundo, também, para dar cumprimento a Lei de Deus que está sendo deturpada por cada um de nós que desejamos um evangelho pessoal de acordo com as nossas conveniências. Jesus nos lembra de que é grande no reino dos céus quem pratica e também ensina os Seus mandamentos. Muitas vezes, nos apegamos à Lei de uma forma desvirtuada e nos prendemos apenas aos acessórios, por isso nos equivocamos e esquecemo-nos do que é essencial. Assim sendo, não podemos ficar nos confundindo hoje com as falsas ideias de que isto e aquilo são coisas do passado, que o mundo é outro e que os valores também mudaram. Jesus veio dar uma nova roupagem à lei que os antigos pregavam. Deus trabalha com a nossa humanidade. Ele é paciente e espera as nossas resoluções, no entanto, a essência da lei e do direcionamento de Deus tem sempre o mesmo objetivo: a vivência do amor que concede ao homem, feito à Sua imagem e semelhança, a oportunidade de ser feliz e fazer feliz também o seu semelhante. Praticar os mandamentos e ensiná-los aos outros, dar-nos-á uma qualidade de vida superior à que tem os que não os praticam. Não nos iludamos pensando que Deus irá mudar a Sua Palavra para nos agradar e corresponder aos nossos interesses. Se assim o fizesse Ele estaria rompendo dentro de nós tudo o que Ele já assinalou desde que soprou sobre nós o hálito da vida. 

Oração 
Pai, revela-me, cada dia, a tua vontade, transformando-a em mandamento ao qual toda a minha vida se submeta. 

Quinta 27 de Março de 2014

III SEMANA DA QUARESMA 
Antífona da entrada: Eu sou a salvação do povo, diz o Senhor: quando, em qualquer aflição, clamarem por mim, eu os ouvirei e serei seu Deus para sempre.

Leitura (Jeremias 7,23-28)

Leitura do livro do profeta Jeremias. 
7 23 “Foi esta a única ordem que lhes dei: escutai minha voz, serei vosso Deus e vós sereis o meu povo; segui sempre a senda que vos indicar, a fim de que sejais felizes. 
24 Eles, porém, não escutaram, nem prestaram ouvidos, seguindo os maus conselhos de seus corações empedernidos; voltaram-me as costas em lugar de me apresentarem seus rostos. 
25 Desde o dia em que vossos pais deixaram o Egito até agora, enviei-vos todos os meus servos, os profetas. Todos os dias sem cessar os mandei. 
26 Eles, porém, não os escutaram, nem lhes deram atenção; endureceram a cerviz e procederam pior que os pais. 
27 Quando tudo isso lhes transmitires, também a ti não escutarão. Chamá-los-ás e não obterás resposta. 
28 Dir-lhes-ás então: ‘Esta é a nação que não escuta a voz do Senhor, seu Deus, e não aceita suas advertências. A lealdade desapareceu, tendo sido banida de sua boca’”. 

Ao condenar o formalismo do culto, o profeta condena, sobretudo, a surdez de Israel à voz de Deus (v. 23), escutada no momento da Aliança, no monte Sinai (cf. Ex 20, 1-21). Só na escuta o povo de Israel pode conhecer o seu Deus, diferente de todas as outras divindades. Por isso, o primeiro mandamento é: «escuta, Israe//». Os verdadeiros profetas apelam continuamente a essa escuta. Os falsos profetas fazem outros apelos. A opção por ouvir uns ou ouvir outros determina, para cada um, a vida ou a morte.
O texto está dividido em três partes. As duas primeiras têm uma estrutura idêntica: ao «ouv» (v. 23), e ao «envie» (v. 26) correspondem dois «eles não ouviram» (vv. 24.26). Não há sinal de arrependimento, de conversão. Na terceira parte, enquanto o povo recai na idolatria e volta a ser espiritualmente escravo no Egipto, o profeta permanece fiel à sua vocação. Enquanto denuncia esta situação, partilha com Deus o sofrimento de ser recusado, de ser ele mesmo acusado de impostor pelos mentirosos.

Salmo responsorial 94/95

Oxalá ouvísseis hoje a voz do Senhor: 
não fecheis os vossos corações.


Vinda, exultemos de alegria no Senhor,
aclamemos o rochedo que nos salva!
Ao seu encontro caminhemos com louvores
e, com cantos de alegria, o celebremos!

Vinde, adoremos e prostremo-nos por terra,
e ajoelhemos ante o Deus que nos criou!
Porque ele é o nosso Deus, nosso pastor,
e nós somos o seu povo e seu rebanho,
as ovelhas que conduz com sua mão.

Oxalá ouvísseis hoje a sua voz:
“Não fecheis os corações como em Meriba,
como em Massa, no deserto, aquele dia,
em que outrora vossos pais me provocaram,
apesar de terem visto as minhas obras”.

Evangelho (Lucas 11,14-23)

Jesus Cristo, sois bendito, sois o ungido de Deus Pai!
Voltai ao Senhor, vosso Deus, ele é bom, compassivo e clemente (Jl 2,12s).


Naquele tempo, 11 14 Jesus expelia um demônio que era mudo. Tendo o demônio saído, o mudo pôs-se a falar e a multidão ficou admirada. 
15 Mas alguns deles disseram: “Ele expele os demônios por Beelzebul, príncipe dos demônios”. 
16 E para pô-lo à prova, outros lhe pediam um sinal do céu. 
17 Penetrando nos seus pensamentos, disse-lhes Jesus: “Todo o reino dividido contra si mesmo será destruído e seus edifícios cairão uns sobre os outros. 
18 Se, pois, Satanás está dividido contra si mesmo, como subsistirá o seu reino? Pois dizeis que expulso os demônios por Beelzebul. 
19 Ora, se é por Beelzebul que expulso os demônios, por quem o expulsam vossos filhos? Por isso, eles mesmos serão os vossos juízes! 
20 Mas se expulso os demônios pelo dedo de Deus, certamente é chegado a vós o Reino de Deus. 
21 Quando um homem forte guarda armado a sua casa, estão em segurança os bens que possui. 
22 Mas se sobrevier outro mais forte do que ele e o vencer, este lhe tirará todas as armas em que confiava, e repartirá os seus despojos. 
23 Quem não está comigo, está contra mim; quem não recolhe comigo, espalha”. 

O REINO ESTÁ ENTRE NÓS
A presença do Reino de Deus na história da humanidade revelava-se no poder de Jesus de expulsar os demônios, libertando todo ser humano desse poder opressor. Essa libertação significava a retomada do senhorio de Deus na vida de quem era dominado pelo maligno, possibilitando-lhe, novamente, a vivência do amor e da solidariedade.
Jesus personificava o Reino de Deus na medida em que estava todo centrado no Pai, cujas obras buscava realizar. Em suas ações, revelava-se "o dedo de Deus" na vida de tantas pessoas privadas de sua dignidade.
Contudo, isto não era evidente! Só quem estava sintonizado com Jesus tinha condições de perceber Deus agindo por meio dele. Caso contrário, corria-se o risco de interpretá-lo mal e fazê-lo objeto de falsas acusações.
Foi o que aconteceu quando o acusaram de agir com o poder de Belzebu, o chefe dos demônios. Ou quando exigiam dele sinais sempre mais mirabolantes, como prova da autenticidade do seu messianismo.
O fato de ser incompreendido não impedia Jesus de seguir adiante. Movia-o somente a consciência de dever ser fiel ao Pai. Por isso, não cessava de dar testemunho do amor que Deus derramava sobre a humanidade.

Oração
Pai, transforma-me em instrumento de teu amor misericordioso, a exemplo de Jesus. Por onde eu passar, possa ser testemunha de que teu Reino já chegou para nós.


Sexta 28 de Março de 2014

III SEMANA DA QUARESMA 
Antífona da entrada: Senhor, não há entre os deuses nenhum que se vos compare, porque sois grande e fazeis maravilhas: só vós, Senhor, sois Deus (Sl 85,8.10).

Leitura (Oséias 14,2-10)

Leitura da profecia de Oséias.
Assim fala o Senhor Deus: 14 1" Volta, Israel, ao Senhor teu Deus, porque foi teu pecado que te fez cair. 
2 Muni-vos de palavras (de súplicas) e voltai ao Senhor. Dizei-lhe: ‘Perdoai todos os nossos pecados, acolhei-nos favoravelmente. Queremos oferecer em sacrifício a homenagem de nossos lábios. 
3 O assírio não nos salvará, não mais montaremos nossos cavalos, e não mais teremos como Deus obra alguma de nossas mãos, porque só junto de vós encontra o órfão compaixão’. 
4 Curarei a sua infidelidade, amá-los-ei de todo o coração, (porque minha cólera apartou-se deles). 
5 Serei para Israel como o orvalho; ele florescerá como o lírio, e lançará raízes como o álamo. 
6 Seus galhos estender-se-ão ao longe, sua opulência igualará à da oliveira e seu perfume será como o odor do Líbano. 
7 (Os de Efraim) virão sentar-se à sua sombra. Cultivarão o trigo. Crescerão com a vinha. E serão famosos como o vinho do Líbano. 
8 Que terá ainda Efraim de comum com os ídolos? Eu mesmo, que o afligi, torná-lo-ei feliz. Eu sou como o cipreste sempre verde: graças a mim é que produzes fruto. 
9 Quem é sábio atenda a estas coisas! Que o homem inteligente reflita nelas, porque os caminhos do Senhor são retos. Os justos andam por eles, mas os pecadores neles tropeçam". 

Oseias convida o povo a «voltar», isto é, a converter-se a Deus, reconhecendo o seu pecado, causa das actuais desgraças. O profeta sugere uma confissão lúcida e sincera das próprias culpas, porque agrada mais a Deus uma vida purificada e unida à oferta de louvor (v. 3) do que os sacrifícios de vítimas. Há que libertar-se de compromissos humanos pecaminosos, e particularmente do recurso aos ídolos. O povo pode sentir-se pobre e desprotegido. Mas é então que Deus assume cuidar dele (v. 4).
Uma vez convertido o povo, o próprio Deus Se «converte» renunciando à sua justa ira. Mais ainda: o seu amor fiel curará Israel e perdoará as suas infidelidades. O texto detém-se a descrever os efeitos do amor divino com termos e expressões de rara beleza, lembrando o Cântico dos Cânticos. Quem caminha na rectidão compreenderá esse amor e fruirá dos seus benefícios: «Os caminhos do Senhor são rectos, os justos andarão por eles, mas os pecadores tropeçarão netes» (v. 10).

Salmo responsorial 80/81

Ouve, meu povo, porque eu sou o teu Deus!

Eis que ouço uma voz que não conheço:
“Aliviei as tuas costas de seu fardo,
cestos pesados eu tirei de tuas mãos.
Na angústia a mim clamaste, e te salvei.

De uma nuvem trovejante te falei
e junto às águas de Meriba te provei.
Ouve, meu povo, porque vou te advertir!
Israel, ah! se quisesses me escutar.

Em teu meio não exista um deus estranho,
nem adores a um deus desconhecido!
Porque eu sou o teu Deus e teu Senhor,
que da terra do Egito te arranquei.

Quem me dera que meu povo me escutasse!
Que Israel andasse sempre em meus caminhos.
Eu lhe daria de comer a flor do trigo
e com o mel que sai da rocha o fartaria”.

Evangelho (Marcos 12,28-34)

Glória a vós, Senhor Jesus, primogênito dentre os mortos!
Convertei-vos, nos diz o Senhor, está próximo o reino de Deus! (Mt 4,17)



Naquele tempo, 12 28 achegou-se dele um dos escribas que os ouvira discutir e, vendo que lhes respondera bem, indagou dele: "Qual é o primeiro de todos os mandamentos?" 
29 Jesus respondeu-lhe: "O primeiro de todos os mandamentos é este: Ouve, Israel, o Senhor nosso Deus é o único Senhor; 
30 amarás ao Senhor teu Deus de todo o teu coração, de toda a tua alma, de todo o teu espírito e de todas as tuas forças. 
31 Eis aqui o segundo: Amarás o teu próximo como a ti mesmo. Outro mandamento maior do que estes não existe". 
32 Disse-lhe o escriba: "Perfeitamente, Mestre, disseste bem que Deus é um só e que não há outro além dele. 
33 E amá-lo de todo o coração, de todo o pensamento, de toda a alma e de todas as forças, e amar o próximo como a si mesmo, excede a todos os holocaustos e sacrifícios". 
34 Vendo Jesus que ele falara sabiamente, disse-lhe: "Não estás longe do Reino de Deus". E já ninguém ousava fazer-lhe perguntas. 

A PRIMAZIA DO AMOR 
É de se admirar que um escriba - mestre da Lei - tenha-se colocado diante de Jesus, na posição de discípulo. Os escribas eram reconhecidos como pessoas sábias. Por conseguinte, capazes de interpretar a Lei e descobrir-lhe sentidos novos. O povo consultava-os quando tinham dúvidas. Por sua vez, os escribas tinham consciência de sua posição elevada. 
O escriba, que sabia dar respostas a tantas questões complicadas, tinha, agora, sérias dúvidas a respeito de uma questão fundamental: qual ação humana mais agrada a Deus, e coloca o ser humano em comunhão com o Pai? 
A resposta de Jesus é como que o resumo de toda a Escritura: amar a Deus, consagrando-se totalmente a ele, e amar ao próximo como a si mesmo. Estes são os dois eixos da religião que agrada a Deus. Tudo o mais será complemento e terá valor relativo. É preciso dar primazia ao amor! 
A preocupação do mestre da Lei tinha sua razão de ser. Com muita facilidade, no caminho para Deus, o ser humano embrenha-se por atalhos, abandonando a estrada principal. Deixando de lado o caminho do amor a Deus e ao próximo, por mais que alguém se esforce, jamais alcançará a meta almejada. Só o caminho do amor pode levar-nos ao destino esperado: o Pai. 

Oração 
Espírito de conhecimento, conduze-me sempre pelo caminho do amor, o único que pode me levar até o Pai. 

Sábado 29 de Março de 2014

III SEMANA DA QUARESMA 
Antífona da entrada: Bendize, ó minha alma, ao Senhor, não esqueças nenhum dos seus benefícios: é ele quem te perdoa todas as ofensas (Sl 102,2s).

Leitura (Oséias 6,1-6)

Leitura da profecia de Oséias.
6 1 “Vinde, voltemos ao Senhor, ele feriu-nos, ele nos curará; ele causou a ferida, ele a pensará. 
2 Dar-nos-á de novo a vida em dois dias; ao terceiro dia levantar-nos-á, e viveremos em sua presença. 
3 Apliquemo-nos a conhecer o Senhor; sua vinda é certa como a da aurora; ele virá a nós como a chuva, como a chuva da primavera que irriga a terra”. 
4 Que te farei, Efraim? Que te farei, Judá? Vosso amor é como a nuvem da manhã, como o orvalho que logo se dissipa. 
5 Por isso é que os castiguei pelos profetas, e os matei pelas palavras de minha boca, e meu juízo resplandece como o relâmpago, 
6 porque eu quero o amor mais que os sacrifícios, e o conhecimento de Deus mais que os holocaustos. 

São muitas as desgraças que afectam o povo de Deus. Israel e Judá estão em guerra. A aliança com a Assíria levou à perda das regiões setentrionais de Israel, no ano 732 a. C. No contexto de um acto litúrgico penitencial, o profeta avisa o povo: tudo isto se deve ao afastamento de Deus, a um culto meramente formal e vazio de amor. E clama: há que estar alerta, há que converter-se, pois já se divisa no horizonte o dia do castigo messiânico (Os 5, 9).
Com uma imagem frequente na Sagrada Escritura, o povo reconhece estar doente (Os 5, 13) e invoca a Deus como único médico capaz de curar a ferida que Ele mesmo provocou em vista da correcção (v. 1). Deus é o Senhor da história. Sabe que o arrependimento do povo é interessado (v. 3) e efémero (v. 4). Mas não se cansa de chamar à conversão. A sua palavra é uma espada que fere para curar. Pede amor e não holocaustos (v. 6), confiança e não simples actos de culto, ainda por cima praticados com hipocrisia.

Salmo responsorial 50/51

Eu quis misericórdia e não o sacrifício!

Tende piedade, ó meu Deus, misericórdia!
Na imensidão de vosso amor, purificai-me!
Lavai-me todo inteiro do pecado
e apagai completamente a minha culpa!

Pois não são de vosso agrado os sacrifícios,
e, se oferto um holocausto, o rejeitais.
Meu sacrifício é minha lama penitente,
não desprezeis um coração arrependido!

Sede benigno com Sião, por vossa graça,
reconstruí Jerusalém e os seus muros!
E aceitareis o verdadeiro sacrifício,
os holocaustos e oblações em vosso altar!

Evangelho (Lucas 18,9-14)

Honra, glória poder e louvor a Jesus, nosso Deus e Senhor!
Oxalá ouvísseis hoje a sua voz: não fecheis os corações como em Meriba! (Sl 94,8)


Naquele tempo, 18 9 Jesus lhes disse ainda esta parábola a respeito de alguns que se vangloriavam como se fossem justos, e desprezavam os outros: 
10 “Subiram dois homens ao templo para orar. Um era fariseu; o outro, publicano. 
11 O fariseu, em pé, orava no seu interior desta forma: ‘Graças te dou, ó Deus, que não sou como os demais homens: ladrões, injustos e adúlteros; nem como o publicano que está ali. 
12 Jejuo duas vezes na semana e pago o dízimo de todos os meus lucros’. 
13 O publicano, porém, mantendo-se à distância, não ousava sequer levantar os olhos ao céu, mas batia no peito, dizendo: ‘Ó Deus, tem piedade de mim, que sou pecador!’ 
14 Digo-vos: este voltou para casa justificado, e não o outro. Pois todo o que se exaltar será humilhado, e quem se humilhar será exaltado”. 

SOBERBA E HUMILDADE 
Jesus não suportava a soberba de quem se gabava de ser justo, olhando os outros com desdém. Este comportamento o irritava por revelar uma falsa imagem de Deus, completamente contrária àquela ensinada por ele. O deus dos soberbos e orgulhosos é preconceituoso, deixa-se impressionar por exterioridades, é injusto para com os fracos, é facilmente enganável. A um deus assim, dirige-se o fariseu da parábola contada por Jesus. Assumindo uma postura de evidente arrogância, dirige-se a seu deus, prestando-lhe contas de suas práticas religiosas, como que a exigir uma recompensa generosa. 
O Deus anunciado por Jesus é, radicalmente, diferente: é o Pai atento a seus filhos, de modo especial, aos fracos e pequeninos. Valoriza qualquer esforço humano de superar o pecado, para colocar-se, com humildade, no caminho da conversão. Vê o mais íntimo do ser humano, onde percebe seus sentimentos e intenções. Portanto, não é um Deus a quem se possa enganar. 
Diante da atitude dos soberbos, Jesus não tinha dúvidas quanto ao fim que os esperava. Eles serão humilhados ao se encontrarem na presença do Pai. Recomenda-lhes, então, a humildade, porque só ela é capaz de sensibilizar a Deus, para a pessoa obter dele a justificação. Portanto, quem se vanglória de ser justo, está preparando sua própria condenação. 

Oração 
Espírito de humildade, liberta-me da soberba, porque ela me afasta do Pai. E faze-me reconhecer, com humildade, minhas próprias limitações. 


30 de Março de 2014
IV DOMINGO DA QUARESMA

Sejam bem-vindos amados irmãos e irmãs!

INTRODUÇÃO: O Tempo da Quaresma já se vai adiantando, nossas práticas de fé vão amadurecendo na caminhada rumo à Páscoa. O tema luz/trevas é bastante acentuado no Evangelho de João. Neste mesmo sentido vai a cura do cego de nascença, ou seja, a contraposição entre cegueira e visão. João parte de um sentido experimental. Todos sabem o que são trevas (noite, escuridão) e o que é luz (dia, claridade), o que é ser cego e o que é enxergar. Porém, salta depressa para o sentido figurado: a luz é o Cristo em sua pessoa divina e humana; e, como tal, se torna salvação para o homem. A treva é o não-reconhecimento da pessoa salvadora de Jesus, e nisto consiste o maior de todos os pecados.
INTRODUÇÃO: No 4º Domingo da Quaresma, a liturgia avança no Itinerário da Iniciação Cristã, apresentando a iluminação batismal por meio da cura do cego de nascença. Que Deus abra nossos olhos ao apelo da Campanha da Fraternidade, a fim de que vejamos como é terrível o tráfico humano no mundo.
INTRODUÇÃO: Como a água, também a luz, com seu oposto, a escuridão - é um dos símbolos fundamentais da existência humana e da reflexão religiosa. No relato do Gênesis, Deus, pela criação da luz e sua separação das trevas, põe ordem e distinção no caos primitivo, e o torna um cosmos cognoscível e depois habitável. Na plenitude dos tempos, a Palavra de Deus veio habitar no meio de nós. Vida e luz de todo ser vivo, ela ilumina com nova luz aquele que crê na Palavra feita homem, na mensagem tornada pessoa viva, concreta e histórica, no Filho de Deus invisível que dá a conhecer o Pai. Esses são os grandes temas desenvolvidos por oão desde o prólogo do seu evangelho, e ilustrados através de uma série de "sinais", diante dos quais só há uma alternativa: responder sim ou não, sem atenuantes.
Sentindo em nossos corações a alegria do Amor ao Próximo, da Caridade, do Jejum e da Oração, preparemo-nos para a Páscoa do Senhor!
Antífona da entrada: Alegra-te, Jerusalém! Reuni-vos, vós todos que a amais; vós que estais tristes, exultai de alegria! Saciai-vos com a abundância de suas consolações (Is 66,10s).

Comentário das Leituras: Jesus é a luz que ilumina o homem “peregrino nas trevas” e representado no cego de nascimento. Este recebe de Cristo primeiro a visão ocular, e depois a luz da fé. O batismo cristão, sacramento da fé, é iluminação de toda a pessoa: espírito e coração, sentimentos e conduta. Por isso o iluminado por Cristo, isto é, o cristão, deve andar na vida como filho da luz. É a atitude conseqüente de quem foi escolhido, vocacionado e ungido pelo Espírito, como os profetas, reis e sacerdotes da antiga Aliança; assim também o Davi. Ouçamos com atenção as leituras deste Domingo da alegria e da esperança que brotam da iluminação batismal.

Leitura (1 Samuel 16,1.6-7.10-13)

16 1 O Senhor disse-lhe: "Até quando chorarás tu Saul, tendo-o eu rejeitado da realeza de Israel? Enche o teu corno de óleo. Vai; envio-te a Isaí de Belém, porque escolhi um rei entre os seus filhos". 
6 Logo que entraram, Samuel viu Eliab e pensou consigo: "Certamente é esse o ungido do Senhor". 
7 Mas o Senhor disse-lhe: "Não te deixes impressionar pelo seu belo aspecto, nem pela sua alta estatura, porque eu o rejeitei. O que o homem vê não é o que importa: o homem vê a face, mas o Senhor olha o coração". 
10 Jessé mandou vir assim os seus sete filhos diante do profeta, que lhe disse: "O Senhor não escolheu nenhum deles". 
11 E ajuntou: "Estão aqui todos os teus filhos?" Resta ainda o mais novo, confessou Jessé, que está .pastoreando as ovelhas". Samuel ordenou a Jessé: "Manda buscá-lo, pois não nos poremos à mesa antes que ele esteja aqui". 
12 E Jessé mandou buscá-lo. Ele era louro, de belos olhos e mui formosa aparência. O Senhor disse: "Vamos, unge-o: é ele". 
13 Samuel tomou o corno de óleo e ungiu-o no meio dos seus irmãos. E, a partir daquele momento, o Espírito do Senhor apoderou-se de Davi. Samuel, porém, retomou o caminho de Ramá.

A leitura é tirada do início da última parte do 1º livro de Samuel, que deixa ver o progressivo declínio do rei Saúl até à sua morte. A ascensão de David ao trono de Israel não aparece apenas como obra do seu génio e sagacidade, mas como uma providência divina com a intervenção de Samuel.
1 «Jessé», grafia usada na Vulgata para o pai de David, chamado Isaí, no texto hebraico (nos LXX, Iesai).
6-7 Tanto o profeta Samuel como Isaí estavam de acordo em sagrar rei o primogénito Eliab. Porém Deus, nos seus desígnios vocacionais, não olha a critérios humanos (ser o mais velho, o mais belo, o mais forte, o mais sábio): «o homem olha às aparências, o Senhor vê o coração». A escolha divina é gratuita, não partindo dos méritos do escolhido, mas da benevolência divina que torna o homem capaz de cumprir a missão a que o chama.
12 «Ungiu-o no meio dos seus irmãos», isto é, em família, sem qualquer espécie de publicidade para evitar as iras e represálias do rei Saúl.

Salmo responsorial 22/23

O Senhor é o pastor que me conduz;
Não me falta coisa alguma.


O Senhor é o pastor que me conduz;
não me falta coisa alguma.
Pelo prados e campinas verdejantes
ele me leva a descansar.
Para as águas repousantes me encaminha
e restaura as minhas forças.

ele me guia no caminho mais seguro,
pela honra do seu nome.
Mesmo que eu passe pelo vale tenebroso,
nenhum mal eu temerei.
Estai comigo com bastão e com cajado,
eles me dão a segurança!

Preparais à minha frente uma mesa,
bem à vista do inimigo;
com óleo vós ungis minha cabeça,
e o meu cálice transborda.

Felicidade e todo bem hão de seguir-me
por toda a minha vida;
e na casa do Senhor habitarei
pelos tempos infinitos.

Leitura (Efésios 5,8-14)

Leitura da segunda carta de são Paulo aos Efésios. 
5 8 Outrora éreis trevas, mas agora sois luz no Senhor: comportai-vos como verdadeiras luzes. 
9 Ora, o fruto da luz é bondade, justiça e verdade. 
10 Procurai o que é agradável ao Senhor, 
11 e não tenhais cumplicidade nas obras infrutíferas das trevas; pelo contrário, condenai-as abertamente. 
12 Porque as coisas que tais homens fazem ocultamente é vergonhoso até falar delas. 
13 Mas tudo isto, ao ser reprovado, torna-se manifesto pela luz. 
14 E tudo o que se manifesta deste modo torna-se luz. Por isto (a Escritura) diz: Desperta, tu que dormes! Levanta-te dentre os mortos e Cristo te iluminará! 

A leitura é tirada da segunda parte de epístola, com exortações morais, correspondentes a uma vida nova em Cristo.
2 «Outrora», isto é, antes da conversão, «éreis trevas», pois viviam na ignorância, no erro, no pecado, afastados de Cristo, Luz do mundo, «mas agora sois luz no Senhor», pela fé e pela graça que têm pela sua união ao Senhor (cf. Jo 12, 35-36). «Filhos da luz» (cf. Lc 16, 8; Jo 12, 36) é um semitismo que corresponde ao adjectivo: iluminados (pela verdade de Cristo, «Luz verdadeira que a todo o homem ilumina» – Jo 1, 9.4-5).
10 «Procurai sempre o que mais agrada ao Senhor». Para nos comportarmos como filhos da luz,temos de ter essa sobrenatural ponderação e discernimento de quem busca a todo o momento, em tudo o que diz e faz, a vontade de Deus.
13 «Tudo o que assim se manifesta torna-se luz». Toda a maldade que se denuncia é um projectar de luz sobre os ambientes tenebrosos do pecado. Estas palavras podiam adaptar-se à denúncia da nossa própria maldade, que levamos dentro de nós. Essa denúncia mais sincera e eficaz é a que se faz quando, no Sacramento da Penitência, acusamos sincera e contritamente os nossos pecados: então a nossa vida torna-se clara e luminosa, é luz. (A leitura presta-se, pois, a falar da Confissão Quaresmal).

Evangelho (João 9,1-41 ou 1.6-9.13-17.34-38)

Louvor e honra a vós, Senhor Jesus.
Pois eu sou a luz do mundo, quem nos diz é o Senhor; e vai ter a luz da vida quem se faz meu seguidor! (Jo 8,12)


Naquele tempo, 9 1 "caminhando, viu Jesus um cego de nascença. 
2 Os seus discípulos indagaram dele: "Mestre, quem pecou, este homem ou seus pais, para que nascesse cego?" 
3 Jesus respondeu: "Nem este pecou nem seus pais, mas é necessário que nele se manifestem as obras de Deus. 
4 Enquanto for dia, cumpre-me terminar as obras daquele que me enviou. Virá a noite, na qual já ninguém pode trabalhar. 
5 Por isso, enquanto estou no mundo, sou a luz do mundo". 
6 Dito isso, cuspiu no chão, fez um pouco de lodo com a saliva e com o lodo ungiu os olhos do cego. 
7 Depois lhe disse: "Vai, lava-te na piscina de Siloé (esta palavra significa emissário)". O cego foi, lavou-se e voltou vendo. 
8 Então os vizinhos e aqueles que antes o tinham visto mendigar perguntavam: "Não é este aquele que, sentado, mendigava?" 
9 Respondiam alguns: "É ele". Outros contestavam: "De nenhum modo, é um parecido com ele". Ele, porém, dizia: "Sou eu mesmo". 
10 Perguntaram-lhe, então: "Como te foram abertos os olhos?" 
11 Respondeu ele: "Aquele homem que se chama Jesus fez lodo, ungiu-me os olhos e disse-me: ´Vai à piscina de Siloé e lava-te. Fui, lavei-me e vejo´". 
12 Interrogaram-no: "Onde está esse homem?" Respondeu: "Não o sei". 
13 Levaram então o que fora cego aos fariseus. 
14 Ora, era sábado quando Jesus fez o lodo e lhe abriu os olhos. 
15 Os fariseus indagaram dele novamente de que modo ficara vendo. Respondeu-lhes: "Pôs-me lodo nos olhos, lavei-me e vejo". 
16 Diziam alguns dos fariseus: "Este homem não é o enviado de Deus, pois não guarda sábado". Outros replicavam: "Como pode um pecador fazer tais prodígios?" E havia desacordo entre eles. 
17 Perguntaram ainda ao cego: "Que dizes tu daquele que te abriu os olhos?" "É um profeta", respondeu ele. 
18 Mas os judeus não quiseram admitir que aquele homem tivesse sido cego e que tivesse recobrado a vista, até que chamaram seus pais. 
19 E os interrogaram: "É este o vosso filho? Afirmais que ele nasceu cego? Pois como é que agora vê?" 
20 Seus pais responderam: "Sabemos que este é o nosso filho e que nasceu cego. 
21 Mas não sabemos como agora ficou vendo, nem quem lhe abriu os olhos. Perguntai-o a ele. Tem idade. Que ele mesmo explique".
22 Seus pais disseram isso porque temiam os judeus, pois os judeus tinham ameaçado expulsar da sinagoga todo aquele que reconhecesse Jesus como o Cristo. 
23 Por isso é que seus pais responderam: "Ele tem idade, perguntai-lho". 
24 Tornaram a chamar o homem que fora cego, dizendo-lhe: "Dá glória a Deus! Nós sabemos que este homem é pecador". 
25 Disse-lhes ele: "Se esse homem é pecador, não o sei... Sei apenas isto: sendo eu antes cego, agora vejo". 
26 Perguntaram-lhe ainda uma vez: "Que foi que ele te fez? Como te abriu os olhos?" 
27 Respondeu-lhes: "Eu já vo-lo disse e não me destes ouvidos. Por que quereis tornar a ouvir? Quereis vós, porventura, tornar-vos também seus discípulos?" 
28 Então eles o cobriram de injúrias e lhe disseram: "Tu que és discípulo dele! Nós somos discípulos de Moisés. 
29 Sabemos que Deus falou a Moisés, mas deste não sabemos de onde ele é". 
30 Respondeu aquele homem: "O que é de admirar em tudo isso é que não saibais de onde ele é, e entretanto ele me abriu os olhos. 
31 Sabemos, porém, que Deus não ouve a pecadores, mas atende a quem lhe presta culto e faz a sua vontade. 
32 Jamais se ouviu dizer que alguém tenha aberto os olhos a um cego de nascença. 
33 Se esse homem não fosse de Deus, não poderia fazer nada". 
34 Responderam-lhe eles: "Tu nasceste todo em pecado e nos ensinas?" E expulsaram-no. 
35 Jesus soube que o tinham expulsado e, havendo-o encontrado, perguntou-lhe: "Crês no Filho do Homem?" 
36 Respondeu ele: "Quem é ele, Senhor, para que eu creia nele?"
37 Disse-lhe Jesus: "Tu o vês, é o mesmo que fala contigo!" 
38 "Creio, Senhor", disse ele. E, prostrando-se, o adorou. 
39 Jesus então disse: "Vim a este mundo para fazer uma discriminação: os que não vêem vejam, e os que vêem se tornem cegos". 
40 Alguns dos fariseus, que estavam com ele, ouviram-no e perguntaram-lhe: "Também nós somos, acaso, cegos?"
41 Respondeu-lhes Jesus: "Se fôsseis cegos, não teríeis pecado, mas agora pretendeis ver, e o vosso pecado subsiste".

Este longo trecho apresenta-se como uma encantadora peça dramática, cheia de vigor e naturalidade, que se pode considerar estruturada em quatro actos: 1º – A abertura (vv. 1-5), onde aparece o tema, Jesus,Luz do mundo, em face da cegueira, não apenas física do doente, mas moral, de que participam os próprios discípulos, obcecados pela mentalidade «retribuicionista» (cf. Job 4, 7-8; 2 Mac 7, 18; Tob 3, 3); eles, em face da desgraça alheia, põem-se a indagar quem pecou e não quem a pode remediar. 2º – A cura do cego (vv. 6-7). 3º – A longa investigação acerca da cura (vv. 8-34), primeiro pelos vizinhos (vv. 8-12) e depois pelos fariseus que montam como que um processo judicial com sucessivos interrogatórios e que termina numa sentença de excomunhão (vv. 13-34). 4º – O desfecho do drama (vv. 35-41), com o acto de fé do cego e a obstinação na cegueira espiritual dos que não querem crer.
Sem prejuízo para o valor histórico da narração, esta reveste-se dum grande poder evocativo e dramático, em que sobressai, evocando o itinerário dum catecúmeno, a progressão do cego para a fé plena, o qual começa por se confessar beneficiário da misericórdia do homem Jesus (v. 11), passando a reconhecê-lo como um profeta (v. 17), depois a atestar que Ele vem de Deus (v. 33), e, por fim, a professar a fé explícita em Jesus como Senhor, à maneira de quem responde às perguntas rituais do último escrutínio catecumenal (v 35-38). A alusão ao Baptismo é bastante clara através da unção e do banho: «lavei-me e fiquei a ver» (vv. 11.15), pois na primitiva Igreja este Sacramento era chamado iluminação (cf. Hebr 6, 4; 10, 32; Ef 5, 14; Rom 6, 4). Por outro lado, o decreto de exclusão punitiva da sinagoga (v. 34) não vai apenas contra o cego, mas visa Jesus e os próprios cristãos, os quais no sínodo de Yámnia (pelo ano 80) se viram excomungados pelo farisaísmo que sobreviveu à destruição de Jerusalém (v. 22; cf. Jo 12, 42; 16, 2).
6-7 «Ungiu…» O milagre não se realiza nem pela virtude do «lodo», nem pela eficácia medicinal da água, água comum. O prodígio é consequência do simples querer de Jesus. Como em Mc 7, 33 e 8, 23, com este gesto, Jesus quis pôr à prova e estimular a fé do doente, mas, neste caso, também se quis apresentar como «Senhor do Sábado», pois os rabinos consideravam a preparação do lodo e a unção como um trabalho proibido aos sábados (cf. v. 16). A «Piscina de Siloé» era alimentada pela água da fonte de Gihon (a fonte de Maria), que ali chegava através do canal de Ezequias (rei contemporâneo do profeta Isaías), canal subterrâneo e cavado na rocha com cerca de meio quilómetro de comprido.

Oração
Pai, abre meus olhos para que eu reconheça Jesus como teu Messias Salvador. Livra-me da cegueira provocada por falsos raciocínios, mesmo com roupagem religiosa.