domingo, 23 de fevereiro de 2014

Semana da Sexagésima

Segunda 24 de Fevereiro de 2014

Antífona da entrada: Confiei, Senhor, na vossa misericórdia; meu coração exulta porque me salvais. Cantarei ao Senhor pelo bem que me fez (Sl 12,6).

Leitura (Tiago 3,13-18)

Leitura da Carta de São Tiago. 
3 13 Quem dentre vós é sábio e inteligente? Mostre com um bom proceder as suas obras repassadas de doçura e de sabedoria. 
14 Mas, se tendes no coração um ciúme amargo e gosto pelas contendas, não vos glorieis, nem mintais contra a verdade. 
15 Esta não é a sabedoria que vem do alto, mas é uma sabedoria terrena, humana, diabólica. 
16 Onde houver ciúme e contenda, ali há também perturbação e toda espécie de vícios. 
17 A sabedoria, porém, que vem de cima, é primeiramente pura, depois pacífica, condescendente, conciliadora, cheia de misericórdia e de bons frutos, sem parcialidade, nem fingimento. 
18 O fruto da justiça semeia-se na paz para aqueles que praticam a paz.. 

Tiago 3,13-18 – “paz para aqueles que promovem a paz

São Tiago nos ensina que todo aquele que é sábio e inteligente é também manso e pacificador. Diante desta premissa nós até nos questionamos, porque, muitas vezes, nos achamos pessoas sábias, experientes, perspicazes e sagazes, no entanto, fomentamos, com as nossas palavras e ações, inveja e rivalidade. Nas nossas atitudes incoerentes “estão as desordens e toda espécies de obras más”. A justiça é oriunda da sabedoria que vem do alto, por isso, ela é pura, pacífica modesta, conciliadora e cheia de misericórdia dando verdadeiros frutos de santidade. Por isso, o fruto da justiça é semeado na paz, para aqueles que promovem a paz. Quando cultivamos nos nossos relacionamentos a paz que vem de Deus estamos praticando a justiça e consequentemente também seremos pessoas cheias de paz. 

 

Salmo responsorial 18/19B


Os ensinos do Senhor são sempre retos,
alegria ao coração!


A lei do Senhor Deus é perfeita,
conforto para a alma!
O testemunho do Senhor é fiel,
sabedoria dos humildes.

Os preceitos do Senhor são precisos,
alegria ao coração.
O mandamento do Senhor é brilhante,
para os olhos é uma luz.

É puro o temor do Senhor,
imutável para sempre.
Os julgamentos do Senhor são corretos
e justos igualmente.

Que vos agrade o cantar dos meus lábios
e a voz da minha alma;
que ela chegue até vós, ó Senhor,
meu rochedo e redentor!

 

Evangelho (Marcos 9,14-29)

Aleluia, aleluia, aleluia. 
Jesus Cristo salvador destruiu o mal e a morte; fez brilhar, pelo Evangelho, a luz e a vida imperecíveis (2Tm 1,10). 

9 14 Depois que João foi preso, Jesus dirigiu-se para a Galiléia. Pregava o Evangelho de Deus, e dizia: 
15 "Completou-se o tempo e o Reino de Deus está próximo; fazei penitência e crede no Evangelho." 
16 Passando ao longo do mar da Galiléia, viu Simão e André, seu irmão, que lançavam as redes ao mar, pois eram pescadores. 
17 Jesus disse-lhes: "Vinde após mim; eu vos farei pescadores de homens." 
18 Eles, no mesmo instante, deixaram as redes e seguiram-no. 
19 Uns poucos passos mais adiante, viu Tiago, filho de Zebedeu, e João, seu irmão, que estavam numa barca, consertando as redes. E chamou-os logo. 
20 Eles deixaram na barca seu pai Zebedeu com os empregados e o seguiram. 
21 Dirigiram-se para Cafarnaum. E já no dia de sábado, Jesus entrou na sinagoga e pôs-se a ensinar. 
22 Maravilhavam-se da sua doutrina, porque os ensinava como quem tem autoridade e não como os escribas. 
23 Ora, na sinagoga deles achava-se um homem possesso de um espírito imundo, que gritou: 
24 "Que tens tu conosco, Jesus de Nazaré? Vieste perder-nos? Sei quem és: o Santo de Deus! 
25 Mas Jesus intimou-o, dizendo: "Cala-te, sai deste homem!" 
26 O espírito imundo agitou-o violentamente e, dando um grande grito, saiu. 
27 Ficaram todos tão admirados, que perguntavam uns aos outros: "Que é isto? Eis um ensinamento novo, e feito com autoridade; além disso, ele manda até nos espíritos imundos e lhe obedecem!" 
28 A sua fama divulgou-se logo por todos os arredores da Galiléia. 
29 Assim que saíram da sinagoga, dirigiram-se com Tiago e João à casa de Simão e André. 

Evangelho – Marcos 9, 14-29 – “ tudo é possível para quem tem fé”!”

Ao descer da montanha com Pedro, Tiago e João, surgiu a oportunidade para que Jesus revelasse aos demais o poder que recebera do alto. Ao chegar Jesus se deparou com os outros discípulos que discutiam sobre o fato de terem tentado expulsar um espírito mudo de um menino e não conseguirem. O próprio pai da criança se aproximou de Jesus e argumentou: “eu pedi aos teus discípulos para expulsarem o espírito, mas eles não conseguiram”. Jesus então esclareceu a chave para que os milagres aconteçam quando lhe disse: “Tudo é possível para quem tem fé” ! A esta afirmação o homem lhe respondeu: “Eu tenho fé, mas ajuda a minha falta de fé!”A nós, portanto, parece até incoerente o pedido daquele pai, pois, ao mesmo tempo em que ele afirmava ter fé também pedia ajuda a Jesus pela sua falta de fé. O mesmo poderá estar acontecendo conosco quando dizemos que temos fé, mas não assumimos a nossa fé. Quando nos dirigimos a Jesus com os nossos pedidos nós também ousamos dizer: “Se podes!” Será que duvidamos do poder de Deus? A nossa fé no poder curador de Jesus é o princípio para que a Sua obra aconteça em nós. É na planície da vida, isto é, no nosso dia a dia que somos chamados (as) a colocar em prática o que Jesus nos ensina na montanha que é o nosso momento de oração. E somente tendo esse entendimento com Ele nós podemos também expulsar os espíritos maus que afugentam as pessoas as quais encontramos no caminho. “Desde quando ele está assim”, Jesus perguntou ao pai que respondeu:” desde criança!” Há dentro de cada um de nós também, desde criança, algo que está mudo, fechado, lacrado, do qual nós não temos consciência. Desde cedo na nossa vida nós vamos acumulando os espíritos do mundo que nos afastam de Deus e quando percebemos estamos “possuídos” pelo espírito que rege o mundo e somente uma fé vigorosa oriunda de uma grande intimidade com Deus podem nos ajudar a sair da escravidão e assim, também, auxiliar a quem precisa de libertação. Somente Jesus conhece o profundo do nosso ser e apenas Ele pode nos pegar pela mão e nos ajudar a ficar de pé. Deus depende da nossa fé, e precisamos também pedir como aquele pai: “eu tenho fé, mas ajuda a minha falta de fé”.

Oração
Senhor Jesus, torna a minha fé sempre mais forte e resistente, para que eu possa realizar bem a missão confiada por ti.

Terça 5 de Fevereiro de 2014

Antífona da entrada: Confiei, Senhor, na vossa misericórdia; meu coração exulta porque me salvais. Cantarei ao Senhor pelo bem que me fez (Sl 12,6).

 

Leitura (Tiago 4,1-10)

Leitura da Carta de São Tiago.
4 1 Donde vêm as lutas e as contendas entre vós? Não vêm elas de vossas paixões, que combatem em vossos membros? 
2 Cobiçais, e não recebeis; sois invejosos e ciumentos, e não conseguis o que desejais; litigais e fazeis guerra. Não obtendes, porque não pedis. 
3 Pedis e não recebeis, porque pedis mal, com o fim de satisfazerdes as vossas paixões. 
4 Adúlteros, não sabeis que o amor do mundo é abominado por Deus? Todo aquele que quer ser amigo do mundo constitui-se inimigo de Deus. 
5 Ou imaginais que em vão diz a Escritura: "Sois amados até o ciúme pelo espírito que habita em vós?" 
6 Deus, porém, dá uma graça ainda mais abundante. Por isso, ele diz: "Deus resiste aos soberbos, mas dá sua graça aos humildes". 
7 Sede submissos a Deus. Resisti ao demônio, e ele fugirá para longe de vós. 
8 Aproximai-vos de Deus, e ele se aproximará de vós. Lavai as mãos, pecadores, e purificai os vossos corações, ó homens de dupla atitude. 
9 Reconhecei a vossa miséria, afligi-vos e chorai. Converta-se o vosso riso em pranto e a vossa alegria em tristeza. 
10 Humilhai-vos na presença do Senhor, e ele vos exaltará. 

DIA 25 TERÇA - Evangelho - Mc 9,30-37

Tiago 4, 1-10 – “amizade com o mundo, inimizade com Deus”

Todos nós vivenciamos ou presenciamos momentos de guerras e brigas que têm como consequência discórdias e desavenças entre irmãos. Achamos que tudo isto acontece por causa da situação que estamos vivenciando, às vezes, por falta de dinheiro, por enfermidades ou infortúnios. No entanto, São Tiago nos esclarece que todas estas desordens vêm, justamente, das paixões que estão em conflito dentro de nós. Tudo o que é bom ou mal é fomentado dentro do nosso coração. A cobiça, a inveja, o desamor, o ódio têm como raiz o mal que vive também dentro de nós e a quem nós damos guarida e acolhimento. Até mesmo nós que rezamos e fazemos pedidos ao Senhor, muitas vezes, queremos coisas que têm origem nas nossas concupiscências, como esclarece São Tiago. “Pedis, sim, mas não recebeis porque pedis mal. Pois só quereis esbanjar o pedido nos vossos prazeres.” Pedimos a Deus coisas que nos ajudam a ter amizade com o mundo, pois são para o nosso próprio agrado e não condizem com os ensinamentos do Senhor. Deus é zeloso e quer de nós sentimentos condizentes com o Seu pensamento e com o Espírito que habita em nós e não com o que a mentalidade do mundo nos influencia. Precisamos ter cuidado e verificar qual a fonte que está dando origem aos nossos pensamentos, sentimentos e ações. Para isso, São Tiago também nos intima: “Obedecei, pois, a Deus, mas resisti ao diabo, e ele fugirá de vós. Aproximai-vos de Deus, e ele se aproximará de vós”! Não podemos nos deixar sugestionar pelo malvado, mas pedir ao Senhor que purifique as nossas mãos e santifique o nosso coração nos humilhando diante Dele para que Ele nos exalte como nos revela a leitura.

Salmo responsorial 54/55

Confia teus cuidados ao Senhor
E ele há de ser o teu sustento!

É por isso que eu digo na angústia:
"Quem me dera ter asas de pomba
e voar para achar um descanso!
Fugiria, então, para longe
e me iria esconder no deserto.


Acharia depressa um refúgio
contra o vento, a procela, o tufão!"
Ó Senhor, confundi as más línguas.

Dispersai-as, porque na cidade
só se vê violência e discórdia!
Dia e noite circundam seus muros.

Lança sobre o Senhor teus cuidados,
porque ele há de ser teu sustento
e jamais ele irá permitir
que o justo para sempre vacile!

 

Salmo 54 – “Confia teus cuidados ao Senhor, e ele há de ser o teu sustento”!

No mundo em que vivemos, hoje, diante das situações de violência e desamor este salmo é como um desabafo para a nossa alma. Nós também, muitas vezes temos vontade de voar para achar um descanso, fugir para longe, esconder-nos para não presenciar tanta desgraça que tem acontecido. Na “cidade, hoje também só se vê violência e discórdia”, no entanto, como o salmista nós precisamos lançar sobre o Senhor nossos cuidados e Nele ter nosso sustento, pois jamais Ele irá permitir que vacilemos.

 

Evangelho (Marcos 9,30-37)

Aleluia, aleluia, aleluia. 
Minha glória é a cruz do Senhor Cristo Jesus, 
pela qual o mundo está crucificado para mim e eu para este mundo (Gl 6,14).

9 30 Tendo partido dali, atravessaram a Galiléia. Não queria, porém, que ninguém o soubesse. E ensinava os seus discípulos: “O Filho do homem será entregue nas mãos dos homens, e matá-lo-ão; e ressuscitará três dias depois de sua morte”. Mas não entendiam estas palavras; e tinham medo de lho perguntar. Em seguida, voltaram para Cafarnaum. Quando já estava em casa, Jesus perguntou-lhes: “De que faláveis pelo caminho?” Mas eles calaram-se, porque pelo caminho haviam discutido entre si qual deles seria o maior. Sentando-se, chamou os Doze e disse-lhes: “Se alguém quer ser o primeiro, seja o último de todos e o servo de todos”. E tomando um menino, colocou-o no meio deles; abraçou-o e disse-lhes: “Todo o que recebe um destes meninos em meu nome, a mim é que recebe; e todo o que recebe a mim, não me recebe, mas aquele que me enviou”.

Evangelho – Marcos 9, 30-37 – “ a humildade é o trampolim para a glória!”

Jesus aproveitava os momentos em que caminhava com Seus discípulos para ensinar-lhes muitas coisas e abrir-lhes os olhos para que entendessem a razão da Sua vinda para a terra. Assim, Ele esclarecia o que iria acontecer com Ele, falando da sua morte e ressurreição. No entanto, eles não compreendiam as palavras de Jesus e não queriam aprofundar-se no que Ele lhes revelava, pois tinham medo de enfrentar dificuldades. Fizeram como nós que, muitas vezes, não temos coragem de enfrentar assuntos, como morte, enfermidades, sofrimentos, desafios. Fugimos da realidade e achamos que por acreditar em Jesus, estamos isentos de passar por dificuldades. Isto vem da nossa percepção humana, da nossa carne que teme o sofrimento e não se apoia no Espírito que nos fortalece. Por isso, não admitimos a dificuldade, a luta, o esforço e queremos logo conquistar a vitória e ter a recompensa pelo nosso trabalho. Jesus não nos quer enganar e assim também Ele quer fazer hoje com cada um de nós que nos propomos a ser Seus discípulos (as). Para seguir os passos do Mestre nós devemos aceitar as dificuldades próprias da nossa missão com humildade sem querermos ser diferenciados (as) dos outros a fim de ocupar postos mais elevados, como os discípulos pretenderam. Nós também, como eles, queremos ter o primeiro lugar, ser grandes, ser o maioral, ter sucesso aqui na terra e também no céu, mas não pensamos no ônus que tudo isto pode nos acarretar. Por isso, Jesus também nos ensina: “se alguém quiser ser o primeiro que seja o último de todos e aquele que serve a todos!” Para que sejamos grandes no céu e os maiores diante de Deus, nós temos que ser pequenos e humildes na terra, como uma criança que depende da força do Pai para caminhar. Devemos ter consciência de que para Deus a humildade é o trampolim para a glória. 

Oração 
Senhor Jesus, não permitas que eu me lance na busca das grandezas deste mundo. Que eu busque, antes, a grandeza do serviço generoso, e gratuito.

Quarta   26 de Fevereiro de 2014

Antífona da entrada: Confiei, Senhor, na vossa misericórdia; meu coração exulta porque me salvais. Cantarei ao Senhor pelo bem que me fez (Sl 12,6).

 

Leitura (Tiago 4,13-17)

Leitura da carta de são Tiago.
4 13 Agora dizeis: “Hoje ou amanhã iremos a tal cidade, ficaremos ali um ano, comerciaremos e tiraremos o nosso lucro”.
14 E, entretanto, não sabeis o que acontecerá amanhã! Pois que é a vossa vida? Sois um vapor que aparece por um instante e depois se desvanece.
15 Em vez de dizerdes: “Se Deus quiser, viveremos e faremos esta ou aquela coisa”.
16 Mas agora vós vos jactais das vossas presunções. Toda jactância desse gênero é viciosa.
17 Aquele que souber fazer o bem, e não o faz, peca.

Estas palavras de Tiago dirigem-se aos ricos da comunidade, homens habituados a viajar e a fazer negócios que lhes trazem elevados lucros. Ávidos de dinheiro e de poder, julgam controlar o futuro. A sua presunção torna-os semelhantes ao fumo: tão depressa sobem como descem e se desfazem, porque são pessoas inconsistentes.
O apóstolo sublinha a importância de voltar os olhos e os pensamentos para o Senhor. Só assim poderemos tomar decisões sábias, mesmo no que se refere ao nosso dia a dia. «Se Deus quiser», diz o nosso povo cristão, quando se refere ao futuro. Parece que os cristãos, aos quais se dirigia Tiago, não usavam esse modo de falar e, programando o futuro, como se tudo dependesse unicamente deles, apenas projectavam o que convinha aos seus interesses. Para eles, enriquecer era uma vaidade, um modo de se afirmarem sobre os outros, uma tentativa de obter direitos e privilégios. O seu pecado consistia em que, conhecendo o bem, faziam o mal.

Salmo responsorial 48/49


Felizes os humildes de espírito
Porque deles é o reino dos céus!

Ouvi isto, povos todos do universo,
muita atenção, ó habitantes deste mundo;
poderosos e humildes, escutai-me,
ricos e pobres, todos juntos, sede atentos!

Por que temer os dias maus e infelizes
quando a malícia dos perversos me circunda?
Por que temer os que confiam nas riquezas
e se gloriam na abundância de seus bens?

Ninguém se livra de sua morte por dinheiro
nem a Deus pode pagar o seu resgate.
A isenção da própria morte não tem preço;
não há riqueza que a possa adquirir
nem dar ao homem uma vida sem limites
e garantir-lhe uma existência imortal.

Morrem os sábios e os ricos igualmente;
morrem os loucos e também os insensatos
e deixam tudo o que possuem aos estranhos.

 

Evangelho (Marcos 9,38-40)

Aleluia, aleluia, aleluia. 
Sou o caminho, a verdade e a vida, ninguém vem ao Pai, senão por mim (Jo 14,6). 

Naquele tempo, 9 38 João disse-lhe: "Mestre, vimos alguém, que não nos segue, expulsar demônios em teu nome, e lho proibimos". 
39 Jesus, porém, disse-lhe: "Não lho proibais, porque não há ninguém que faça um prodígio em meu nome e em seguida possa falar mal de mim. 
40 Pois quem não é contra nós, é a nosso favor".

A FAVOR DE JESUS
Os discípulos eram ciosos de sua condição de executadores privilegiados da missão de Jesus. Quiçá, tivessem a tentação de formar um grupinho seleto e fechado para novas adesões. Daí sua irritação quando viram alguém expulsar demônios, no nome de Jesus, sem ser explicitamente do grupo dos doze.
Jesus tenta alargar-lhes os horizontes e fazê-los perceber que existem agentes do Reino, onde menos se espera. Se alguém realmente realiza uma ação taumatúrgica, invocando o nome de Jesus, está proclamando, de maneira patente, sua condição de discípulo, mesmo não fazendo parte do grupo dos doze. O discipulado, portanto, estende-se para além do grupinho inicial, num raio muito mais amplo. O grupo primitivo, de certo modo, devia funcionar como semente de um movimento tendente a crescer e a se tornar, de certa forma, incontrolável. O protesto dos discípulos, em última análise, era motivado pela incapacidade de manter sob controle a propagação dos benefícios do Reino. Jesus não tinha objeções de que a coisa fosse assim. Antes, é assim mesmo que deveria ser.
O surgimento de novos discípulos e dispensadores do Reino não podia ser motivo de tristeza e preocupação. Quanto mais se multiplicasse o número de discípulos, melhor. Assim, o Reino poderia chegar a um número sempre maior de pessoas, recuperando-lhes a vida.

Oração
Senhor Jesus, possa eu alegrar-me com a multiplicação de seus discípulos, através dos quais o Reino vai espalhando seus frutos na história humana.

Quinta de Fevereiro de 2014

Antífona da entrada: Confiei, Senhor, na vossa misericórdia; meu coração exulta porque me salvais. Cantarei ao Senhor pelo bem que me fez (Sl 12,6).

 

Leitura (Tiago 5,1-6)

Leitura da carta de são Tiago.
5 1 Vós, ricos, chorai e gemei por causa das desgraças que sobre vós virão.
2 Vossas riquezas apodreceram e vossas roupas foram comidas pela traça.
3 Vosso ouro e vossa prata enferrujaram-se e a sua ferrugem dará testemunho contra vós e devorará vossas carnes como fogo. Entesourastes nos últimos dias!
4 Eis que o salário, que defraudastes aos trabalhadores que ceifavam os vossos campos, clama, e seus gritos de ceifadores chegaram aos ouvidos do Senhor dos exércitos.
5 Tendes vivido em delícias e em dissoluções sobre a terra, e saciastes os vossos corações para o dia da matança!
6 Condenastes e matastes o justo, e ele não vos resistiu.

Tiago dirige agora uma invectiva contra os ricos. É a mais forte e veemente que encontramos na Bíblia (cf. Is 5, 8-10; Jer 5, 26-30; Am 8, 4-8; Miq 2, 89). É um solene aviso, ao estilo dos profetas, à sociedade em que vive, onde os ricos são cada vez mais ricos e os pobres cada vez mais pobres. 
O apóstolo, primeiro descreve a sorte dos ricos; depois fala da sua culpa. Para isso, retoma, com tons mais duros, o que já antes dissera (cf. Tg 2, 6s.) sobre a relação pobres e ricos. Fá-lo com verbos fortemente expressivos. Os ricos hão-de chorar compulsivamente, e com brados semelhantes ao ulular das feras porque as suas riquezas estão podres, as suas vestes comidas pela traça e o seu ouro e a sua prata enferrujados. As suas garantias de vida estão destruídas e, pior ainda, pesa sobre eles o juízo de Deus (v. 3b). O salário que não pagaram aos trabalhadores clama contra eles aos ouvidos do Senhor (v. 5). A vida frívola tornou-os semelhantes aos animais que engordam para a matança.
O pobre, pelo contrário, é amado por Deus, que não afasta dele o olhar e que está sempre atento aos seus clamores.

 

Salmo responsorial 48/49


Felizes os humildes de espírito
Porque deles é o reino dos céus!


Este é o fim do que espera estultamente,
o fim daqueles que se alegram com sua sorte;
são um rebanho recolhido ao cemitério,
e a própria morte é o pastor que os apascenta.

São empurrados e deslizam para o abismo.
Logo seu corpo e seu semblante se desfazem,
e entre os mortos fixarão sua morada.
Deus, porém, me salvará das mãos da morte
e junto a si me tomará em suas mãos.

Não te inquietes quando um homem fica rico
e aumenta a opulência de sua casa;
pois, ao morrer, não levará nada consigo,
nem seu prestígio poderá acompanhá-lo.

Felicitava-se a si mesmo enquanto vivo:
“Todos te aplaudem, tudo bem, isto que é vida!”
Mas vai-se ele para junto de seus pais,
que nunca mais e nunca mais verão a luz.

 

Evangelho (Marcos 9,41-50)

Aleluia, aleluia, aleluia.

Acolhei a palavra de Deus não como palavra humana, mas como mensagem de Deus, o que ela é, em verdade! (1Ts 2,13).

Naquele tempo, disse Jesus: 9 41 "Quem vos der de beber um copo de água porque sois de Cristo, digo-vos em verdade: não perderá a sua recompensa. 
42 Mas todo o que fizer cair no pecado a um destes pequeninos que crêem em mim, melhor lhe fora que uma pedra de moinho lhe fosse posta ao pescoço e o lançassem ao mar! 
43 Se a tua mão for para ti ocasião de queda, corta-a; melhor te é entrares na vida aleijado do que, tendo duas mãos, ires para a geena, para o fogo inextinguível 
44 45 Se o teu pé for para ti ocasião de queda, corta-o fora; melhor te é entrares coxo na vida eterna do que, tendo dois pés, seres lançado à geena do fogo inextinguível 
46 47 Se o teu olho for para ti ocasião de queda, arranca-o; melhor te é entrares com um olho de menos no Reino de Deus do que, tendo dois olhos, seres lançado à geena do fogo, 
48 onde o seu verme não morre e o fogo não se apaga. 
49 Porque todo homem será salgado pelo fogo. 
50 O sal é uma boa coisa; mas se ele se tornar insípido, com que lhe restituireis o sabor? Tende sal em vós e vivei em paz uns com os outros".

NÃO SER OCASIÃO DE PECADO
O discípulo do Reino, no exercício de sua missão, deve ser muito cauteloso para não se tornar ocasião de pecado para quem está dando os primeiros passos na fé. O pecado, neste caso, consistiria em refutar Jesus e se recusar a aderir ao Reino anunciado por ele. E os próprios discípulos, agindo de forma inconsiderada, corriam o risco de se tornarem culpados deste fracasso e serem julgados por isso.
As atitudes inconsideradas do discípulo em missão podiam ser muitas. Eles corriam o risco de serem intransigentes e impacientes, não respeitando o ritmo próprio de cada pessoa no seu processo de adesão a Jesus. Não estavam livres do espírito farisaico, que os levava a ser extremamente severos e exigentes com os recém convertidos, esvaziando as exigências quando se tratava de si mesmos. Com a liberdade adquirida junto a Jesus, podiam ter atitudes chocantes para os pequeninos, ainda atrelados a antigos esquemas, que só com dificuldade deixavam-se permear pela novidade do Reino. Levados por um espírito corporativista, podiam ceder à tentação de selecionar, com critérios humanos, os novos discípulos, excluindo pessoas predispostas para o Reino, mas que não satisfaziam suas exigências. 
A denúncia de Jesus contra esta mentalidade foi violenta. Se o discípulo não se desfizesse desta visão deturpada, corria o risco de ver-se lançado no inferno.

Oração
Senhor Jesus, não permita que eu seja ocasião de pecado para os pequeninos que se aproximam de ti e querem se fazer discípulos do teu Reino.

Sexta 28 de Fevereiro de 2014

Antífona da entrada: Confiei, Senhor, na vossa misericórdia; meu coração exulta porque me salvais. Cantarei ao Senhor pelo bem que me fez (Sl 12,6).

 

Leitura (Tiago 5,9-12)

Leitura da carta de são Tiago.
5 9 Não vos queixeis uns dos outros, para que não sejais julgados. Eis que o juiz está à porta.
10 Tomai, irmãos, por modelo de paciência e de coragem os profetas, que falaram em nome do Senhor.
11 Vós sabeis que felicitamos os que suportam os sofrimentos de Jó. Vós conheceis o fim em que o Senhor o colocou, porque o Senhor é misericordioso e compassivo.
12 Antes de mais nada, meus irmãos, abstende-vos de jurar. Não jureis nem pelo céu nem pela terra, nem empregueis qualquer outra fórmula de juramento. Que vosso sim, seja sim; que vosso não, seja não. Assim não caireis ao golpe do julgamento.

Tiago volta-se finalmente para toda a comunidade exortando-os a viver o tempo presente de modo positivo e confiante. No meio das injustiças e atropelos, devem erguer os olhos para o Senhor que há-de melhorar a sua situação, quando vier como juiz. O apóstolo recorda dois exemplos do Antigo Testamento: os profetas e Job. Deus não os desiludiu, nem nos desiludirá a nós, porque «é cheio de misericórdia e compassivo» (v. 11). Há pois que permanecer fiéis à Palavra que devemos anunciar, e perseverar na fé. Finalmente, para que a esperança da parusia seja um tempo de serenidade e de edificação mútua, Tiago convida, não só a evitar a murmuração, mas também os juramentos (cf Mt 5, 33-37). A nossa palavra há-de ser garantida, não invocando o nome de Deus, mas vivendo com seriedade, autenticidade e transparência.

 

Salmo responsorial 102/103


O Senhor é indulgente, é favorável.

Bendize, ó minha alma, ao Senhor,
e todo o meu ser, seu santo nome!
Bendize, ó minha alma, ao Senhor,
não te esqueças de nenhum de seus favores!

Pois ele te perdoa toda culpa
e cura toda a tua enfermidade;
da sepultura ele salva a tua vida
e te cerca de carinho e compaixão.

O Senhor é indulgente, é favorável,
é paciente, é bondoso e compassivo.
Não nos trata como exigem nossas faltas
nem nos pune em proporção às nossas culpas.

Quanto dista o nascente do poente,
tanto afasta para longe nossos crimes.
Como um pai se compadece de seus filhos,
o Senhor tem compaixão dos que o temem.

 

Evangelho (Marcos 10,1-12)


Aleluia, aleluia, aleluia.
Vossa palavra é a verdade; santificai-nos na verdade! (Jo 17,17).


Evangelho de Jesus Cristo segundo Marcos. 
Naquele tempo, 10 1 saindo dali, ele foi para a região da Judéia, além do Jordão. As multidões voltaram a segui-lo pelo caminho e de novo ele pôs-se a ensiná-las, como era seu costume.
2 Chegaram os fariseus e perguntaram-lhe, para o pôr à prova, se era permitido ao homem repudiar sua mulher.
3 Ele respondeu-lhes: "Que vos ordenou Moisés?"
4 Eles responderam: "Moisés permitiu escrever carta de divórcio e despedir a mulher."
5 Continuou Jesus: "Foi devido à dureza do vosso coração que ele vos deu essa lei;
6 mas, no princípio da criação, Deus os fez homem e mulher.
7 Por isso, deixará o homem pai e mãe e se unirá à sua mulher;
8 e os dois não serão senão uma só carne. Assim, já não são dois, mas uma só carne.
9 Não separe, pois, o homem o que Deus uniu."
10 Em casa, os discípulos fizeram-lhe perguntas sobre o mesmo assunto.
11 E ele disse-lhes: "Quem repudia sua mulher e se casa com outra, comete adultério contra a primeira.
12 E se a mulher repudia o marido e se casa com outro, comete adultério."

UMA MUDANÇA DE MENTALIDADE
O Reino anunciado por Jesus visava restabelecer entre os seres humanos as relações primitivamente queridas por Deus. O pecado havia contaminado a humanidade, pervertendo-lhe as relações. Era preciso reverter este quadro em todos os níveis.
No âmbito familiar, era preciso superar a mentalidade divorcista, onde o marido se sobrepunha à esposa, podendo despedi-la quando lhe conviesse. A situação da esposa, nestas circunstâncias, era de grande instabilidade. Ela jamais podia estar certa da profundidade dos laços matrimoniais. Por qualquer motivo, o marido tinha o direito de despedi-la.
Jesus foi buscar nas primeiras páginas das Escrituras o pensamento de Deus a respeito do matrimônio, anterior à Lei mosaica divorcista. O homem e a mulher foram criados em vista do matrimônio que os uniria de modo tão profundo, a ponto de fazer dos dois uma só carne. Trata-se de uma união espiritual onde os esposos se mútuo assumem, fazendo suas existências se interpenetrarem inseparavelmente. Só Deus pode ser o autor da união conjugal, assim entendida. E, quando Deus une, nenhum ser humano pode se arvorar o direito de desfazer sua obra. Deus une para sempre.
Quem adere ao Reino é chamado a refazer seus esquemas mentais. E não se deixar levar pela dureza de coração, mas sim pelos desígnios de Deus.

Oração
Senhor Jesus, leva-me a ter o mesmo pensar do Pai e a refazer meus esquemas mentais contaminados pelo pecado.

Sábado, 01 de Março de 2014 

Leitura da Carta de São Tiago 5,13-20
Caríssimos:13Se alguém dentre vós está sofrendo,recorra à oração.
Se alguém está alegre,entoe hinos.14Se alguém dentre vós estiver doente,mande chamar os presbíteros da Igreja,para que orem sobre ele,ungindo-o com óleo em nome do Senhor.15A oração feita com fé salvará o doentee o Senhor o levantará.E se tiver cometido pecados,
receberá o perdão.16Confessai, pois, uns aos outros, os vossos pecadose orai uns pelos outros para alcançar a saúde.A oração
fervorosa do justo tem grande poder.17Assim Elias, que era um homem semelhante a nós,orou com insistência para que não chovesse,e não houve chuva na terra durante três anos e seis meses.
18Em seguida tornou a orar,e o céu deu a chuva e a terra voltou a produzir o seu fruto.Meus irmãos, se alguém de vós se desviar da verdade e um outro o reconduzir, 20saiba este que aquele que reconduz um pecador desencaminhado salvará da morte a alma dele
e cobrirá uma multidão de pecados.

Tiago termina com um pensamento final, que não se apresenta como conclusivo. Se não se deve invocar o nome de Deus em vão (cf. Tg 5, 9-12), Deus deve estar sempre presente na vida dos cristãos, que O hão invocar na oração. Toda a nossa existência, nas mais diversas situações, tristes ou alegres, pode e deve ser acompanhada pela oração. Tiago aponta concretamente a situação de doença (v. 14). O fiel doente deve dirigir-se a Deus e aos irmãos para receber a força necessária a essa situação. O chefes da comunidade, chamados a intervir com orações e gestos precisos pela autoridade que lhes vem do Senhor, revelam uma praxe usada na primitiva igreja. A Tradição fundamenta nessa praxe o sacramento da unção dos enfermos. A intervenção de Deus, invocado na oração comum, toca o homem na sua totalidade, corpo e espírito, «ergue-o» da doença, mas também do pecado (v. 15). Tiago usa o verbo com que é indicada a ressurreição do Senhor, para sublinhar que o Senhor torna participante da sua própria vida aqueles que a Ele se confiam.

Salmo - Sl 140, 1-2. 3.8 (R. 2a)

Minha oração suba a vós como incenso!

1Senhor, eu clamo por vós, socorrei-me; *
quando eu grito, escutai minha voz!
2Minha oração suba a vós como incenso, *
e minhas mãos, como oferta da tarde!R.

3Ponde uma guarda em minha boca, Senhor, *
e vigias às portas dos lábios!
8A vós, Senhor, se dirigem meus olhos, *
em vós me abrigo: poupai minha vida!R.

EVANGELHO
Evangelho de Jesus Cristo, segundo Marcos
Naquele tempo, 13traziam crianças para que Jesus as tocasse. Mas os discípulos as repreendiam. 14Vendo isso, Jesus se aborreceu e disse: “deixai vir a mim as crianças. Não as proibais, porque o Reino de Deus é dos que são como elas.
15Em verdade vos digo: quem não receber o Reino de Deus como uma criança, não entrará nele”. 16Ele abraçava as crianças e as abençoava, impondo-lhes as mãos. 

A renúncia ao orgulho é outra característica da comunidade messiânica. O episódio da apresentação de alguns meninos a Jesus é significativo e claro a este respeito. Os discípulos pretendiam afastar as crianças, não porque incomodavam Jesus, mas porque, como as mulheres, representavam pouco ou mesmo nada. Segundo a mentalidade comum, de que os discípulos naturalmente também partilhavam, o Reino não era para crianças, mas para adultos, capazes de opções conscientes, de obras correspondentes e de adquirir méritos. Para Jesus, era tudo ao contrário: o Reino é um dom de Deus, que é preciso receber com disponibilidade. As crianças são as pessoas mais disponíveis para acolher dons, porque são pequenos e pobres, sem seguranças a defender ou privilégios a reclamar. Assim devem ser os discípulos de Cristo (v. 15), porque o Reino não é uma conquista pessoal, mas dom gratuito de Deus a esperar e a acolher com simplicidade e confiança. Ao abraçar as crianças, Jesus elimina toda a distância entre Ele e as crianças, e torna-se modelo daquela vida a que se chama «infância espiritual». De facto, dirige-se ao Pai com a palavra «abba», submete-se à sua vontade, abandona-se nas suas mãos.


DOMINGO DA QUINQUAGÉSIMA 02.03.2014

__ "Buscai em primeiro lugar o Reino de Deus e sua justiça..." __

Ambientação:
Sejam bem-vindos amados irmãos e irmãs!
INTRODUÇÃO: O valor da vida humana ocupa o centro da celebração do Mistério Pascal desse domingo. Sabemos que a vida tem algumas necessidades básicas como: comer, beber, vestir, etc. Jesus não descarta a importância das necessidades básicas para vida, mas diz que não devem ser a principal preocupação. Neste sentido, elege uma única fundamental: fazer a vontade do Pai, colocando a vida nas mãos de Deus. Por isso, a principal necessidade da vida humana, é colocar a vida em Deus, porque se ele cuida das aves e dos lírios muito mais cuidado terá ele com a nossa vida. Em quem confiamos mais: em Deus, que cuida dos lírios e das aves do céu, ou no dinheiro, que muitas vezes se torna o “dono” de nossas vidas?.
INTRODUÇÃO: A liturgia deste domingo, coroando a apresentação de Jesus na perspectiva messiânica, nos coloca diante da Divina Providencia, alimentando a certeza de que Deus nos acompanha com um carinho que supera todos os cuidados maternos.
INTRODUÇÃO: O ensinamento do evangelho tem dois aspectos: por um lado, acentua a impossibilidade de se servir a dois senhores (os dois caminhos), e por outro, realça a atitude do cristão diante das preocupações e trabalhos da vida. Por um lado, o Reino de Deus não admite divisões; por outro, a opção pelo reino exige uma suprema e desprendida liberdade interior diante de tudo o mais. É um convite a arrancar-nos ao culto do dinheiro, que é uma idolatria, e a ter confiança em Deus, cuja ativa solicitude para com seus filhos nos é descrita. Esta mesma solicitude é expressa pelo profeta Isaías, na primeira leitura, com uma linguagem de ternura comovente e ilimitada.
Sentindo em nossos corações a alegria do Amor ao Próximo entoemos alegres cânticos ao Senhor!

Antífona da entrada: O Senhor se tornou o meu apoio, libertou-me da angústia e me salvou porque me ama (Sl 17,19-20).

Comentário das Leituras: Deus apresenta-se com a ternura e o carinho de uma mãe, que é incapaz de esquecer a vida do filho que gerou. Qual mãe carinhosa, tornase protetor e refúgio para nossas vidas, cuida de nós mais que as aves do céu e as flores do campo. Nele, podemos confiar sem medo e colocar nossa vida a seu serviço. Alimentemo-nos da Palavra, para servir mais fielmente a Deus e relativizar as mediações do mundo.

Primeira Leitura (Is 49,14-15)
Leitura do Livro do Profeta Isaías
14 Disse Sião: “O Senhor abandonou-me, o Senhor esqueceu-se de mim!”
15 Acaso pode a mulher esquecer-se do filho pequeno, a ponto de não ter pena do fruto de seu ventre? Se ela se esquecer, eu, porém, não me esquecerei de ti.

O profeta/poeta põe na boca da “mulher” Jerusalém (o nome “Sião” é sinónimo de Jerusalém; e a mulher/Jerusalém representa, na linguagem profética, a mulher/Povo de Deus) um lamento sentido porque, depois de quarenta anos, continua reduzida a ruínas e Jahwéh não parece ter qualquer plano para trazer de novo à sua cidade o esplendor antigo.
“O Senhor abandonou-me, o Senhor esqueceu-Se de mim” (vers. 14). Tanto o verbo “abandonar” como o verbo “esquecer” situam-nos no âmbito da aliança: são utilizados na literatura profética para definir o quadro da infidelidade de Israel em relação a Deus (cf. Jr 22,9; Os 2,15; 8,14; 13,6; Is 17,10; Jr 2,32; 13,25…). Sugerem, portanto, que Jahwéh abandonou a aliança e repudiou a sua esposa (Israel). A ideia que está por detrás deste versículo parece ser a seguinte: já que Israel abandonou Jahwéh e enveredou por caminhos de pecado e de injustiça, Deus repudiou o seu Povo e rompeu definitivamente a aliança. Isto será verdade? É desta forma que as coisas se passam? O amor de Deus segue a lógica do “olho por olho, dente por dente”?
Ao lamento de Sião, Deus responde de forma dramática: pode uma mãe abandonar a criança que amamenta e a quem ama ternamente? (vers. 15).
Para definir o amor da mãe pelo filho, o profeta utiliza o verbo “raham” (“amar ternamente”). Ele expressa o apego quase instintivo de um ser a outro, um amor que vem das “entranhas” (“rehem”: “entranhas”), um amor especial e gratuito que nenhuma vicissitude pode destruir e que é feito de ternura, de misericórdia, de compaixão, de fidelidade, de eternidade. Este amor encontra, de facto, a sua expressão mais feliz no amor que a mãe tem pelo seu filho, pois da unidade que liga a mãe ao filho, brota uma particular ligação com ele, um amor especial que é total, absoluto, único, avassalador, gratuito e não fruto de qualquer merecimento.
A pergunta é, portanto, retórica: é evidente que uma mãe que ama o filho não o pode esquecer… No entanto, mesmo que por hipótese absurda isso acontecesse, Deus não esqueceria o seu Povo e a sua cidade. A conclusão é óbvia: Deus ama o seu Povo, ainda mais do que uma mãe ama o seu filho. Como o amor da mãe, também o amor de Deus é ternura, misericórdia, compreensão, bondade, amor inquebrantável e eterno, apego instintivo e gratuito; mas o amor de Deus por Israel é tudo isso em grau infinito.
O amor total, inquebrantável, eterno, que Deus tem pelo seu Povo traduz-se, concretamente, na aliança. Não têm, portanto, qualquer razão de ser os lamentos da cidade/Povo: a aliança não acabou nem acabará, pois Jahwéh não cessou nem cessará nunca de amar o seu Povo.

Salmo responsorial 61/62
Só em Deus a minha alma tem repouso,
só Ele é meu rochedo e Salvação.
Só em Deus a minha alma tem repouso,
porque dele é que me vem a salvação!
Só Ele é meu rochedo e Salvação,
a fortaleza, onde encontro segurança!
A minha glória e salvação estão em Deus;
o meu refúgio e Roche firme é o Senhor!
Povo todo, esperai sempre no Senhor,
e abri diante dele o coração.

Segunda Leitura (1Cor 4,1-5)
Leitura da Primeira Carta de São Paulo aos Coríntios
Irmãos: 1 Que todo o mundo nos considere como servidores de Cristo e administradores dos mistérios de Deus.
2 A este respeito, o que se exige dos administradores é que sejam fiéis.
3 Quanto a mim, pouco me importa ser julgado por vós ou por algum tribunal humano. Nem eu me julgo a mim mesmo.
4 É verdade que a minha consciência não me acusa de nada. Mas não é por isso que eu posso ser considerado justo.
5 Quem me julga é o Senhor. Portanto, não queirais julgar antes do tempo. Aguardai que o Senhor venha. Ele iluminará o que estiver escondido nas trevas e manifestará os projetos dos corações. Então, cada um receberá de Deus o louvor que tiver merecido.

Paulo não utiliza meias palavras: os mensageiros do Evangelho são apenas “servos de Cristo e administradores dos mistérios de Deus” (vers. 1). Eles não são os protagonistas da mensagem; são, apenas, os veículos de que Deus se serve, a fim de que a sua Boa Nova chegue aos homens. A missão destes veículos da Palavra não é colocar-se no centro do palco e atrair sobre si próprios a atenção das multidões; mas é levar os homens a aderir ao Evangelho e a acolher a proposta de salvação que, em Jesus, Deus lhes faz.
De resto, os mensageiros da Palavra não devem estar preocupados com a forma como as pessoas os vêem, mas devem apenas preocupar-se em transmitir, com fidelidade, a proposta de Deus (vers. 2).
Por sua parte, Paulo está de consciência tranquila. Ele nunca usou o Evangelho para servir interesses próprios ou para promover a sua pessoa. Não lhe interessa se os coríntios acharam ou não brilhantes as suas palavras. Ele apenas procurou anunciar o Evangelho com integridade, com verdade e sem adoçar a mensagem. A este respeito, os coríntios podem julgá-lo da forma que entenderem; a Paulo só interessa o juízo de Deus.

EVANGELHO (Mateus 6,24-34)

Naquele tempo, disse Jesus a seus discípulos: 24 “Ninguém pode servir a dois senhores: pois, ou odiará um e amará o outro, ou será fiel a um e desprezará o outro. Vós não podeis servir a Deus e ao dinheiro.
25 Por isso eu vos digo: não vos preocupeis com a vossa vida, com o que havereis de comer ou beber; nem com o vosso corpo, com o que havereis de vestir. Afinal, a vida não vale mais do que o alimento, e o corpo, mais do que a roupa?
26 Olhai os pássaros dos céus: eles não semeiam, não colhem, nem ajuntam em armazéns. No entanto, vosso Pai que está nos céus os alimenta. Vós não valeis mais do que os pássaros?
27 Quem de vós pode prolongar a duração da própria vida, só pelo fato de se preocupar com isso?
28 E por que ficais preocupados com a roupa? Olhai como crescem os lírios do campo: eles não trabalham nem fiam.
29 Porém, eu vos digo: nem o rei Salomão, em toda a sua glória, jamais se vestiu como um deles.
30 Ora, se Deus veste assim a erva do campo, que hoje existe e amanhã é queimada no forno, não fará ele muito mais por vós, gente de pouca fé?
31 Portanto, não vos preocupeis, dizendo: O que vamos comer? O que vamos beber? Como vamos nos vestir?
32 Os pagãos é que procuram essas coisas. Vosso Pai, que está nos céus, sabe que precisais de tudo isso.
33 Pelo contrário, buscai em primeiro lugar o Reino de Deus e a sua justiça, e todas essas coisas vos serão dadas por acréscimo.
34 Portanto, não vos preocupeis com o dia de amanhã, pois o dia de amanhã terá suas preocupações! Para cada dia bastam seus próprios problemas.”


O “dito” do vers. 24 afirma a incompatibilidade entre o amor a Deus e o amor aos bens materiais (o termo utilizado por Mateus – “mamonas” – personifica o dinheiro como um poder que domina o mundo). Qual a razão dessa incompatibilidade?
Em primeiro lugar, Deus deve ser o centro à volta do qual o homem constrói a sua existência, o valor supremo do homem… Mas, sempre que a lógica do “ter” domina o coração, o dinheiro ocupa o lugar de Deus e passa a ser o ídolo a quem o homem tudo sacrifica. O verdadeiro Deus passa, então, a ocupar um lugar perfeitamente secundário na vida do homem; e o dinheiro – ídolo exigente, ciumento, exclusivo, que não deixa espaço para qualquer outro valor – é promovido à categoria de motor da história e de referência fundamental para o homem.
Em segundo lugar, o amor do dinheiro fecha totalmente o coração do homem num egoísmo estéril e não deixa qualquer espaço para o amor aos irmãos. O homem deixa de ter lugar, na sua vida, para aqueles que o rodeiam; e, por amor do dinheiro, torna-se injusto, prepotente, corrupto, explorador, auto-suficiente…
Na “instrução” (vers. 25-34) que se segue aos “ditos” sobre a riqueza, Mateus procura responder às seguintes questões: como deve ser ordenada a hierarquia de valores dos discípulos de Jesus? Os membros da comunidade cristã não se devem preocupar minimamente com as suas necessidades básicas?
Para os discípulos de Jesus, o “Reino” deve ser o valor mais importante, a principal prioridade, a preocupação mais séria, aquilo que dia a dia “faz correr” o homem e que domina todo o seu horizonte (“procurai primeiro o Reino de Deus e a sua justiça”).
E as preocupações mais “primárias” da vida do homem: a comida, a bebida, a roupa, a segurança? São valores secundários, que não devem sobrepor-se ao “Reino”. De resto, não precisamos de viver obcecados com essas coisas, pois o próprio Deus Se encarregará de suprir as necessidades materiais dos seus filhos (“tudo o mais vos será dado por acréscimo” – ver. 33). Aliás, quem aceita o desafio do “Reino” descobre rapidamente que Deus é esse Pai bondoso que preside à história humana, que cuida dos seus filhos, que vela por eles com amor, que conhece as suas necessidades: se Deus, cada dia, veste de cores os lírios do campo e alimenta quotidianamente as aves do céu, não fará o mesmo – ou até mais – pelos homens?
O crente que escolheu o “Reino” passa, então, a viver nessa serena tranquilidade que resulta da confiança absoluta no Deus que não falha.
A proposta de Jesus será um convite a viver na alegre despreocupação, na inconsciência, na passividade, no comodismo, na indiferença? Não. As palavras de Jesus são um convite a pôr em primeiro lugar as coisas verdadeiramente importantes (o “Reino”), a relativizar as coisas secundárias (as preocupações exclusivamente materiais) e, acima de tudo, a confiar totalmente na bondade e na solicitude paternal de Deus. De resto, viver na dinâmica do “Reino” não é cruzar os braços à espera que Deus faça chover do céu aquilo de que necessitamos; mas é viver comprometido, trabalhando todos os dias, a fim de que o sonho de Deus – o mundo novo da justiça, da verdade e da paz – se concretize.

ORAÇÃO
Pai, centra toda minha vida na busca do teu Reino e na justiça que dele vem, de forma que nenhuma outra preocupação possa ser importante para mim.


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