segunda-feira, 10 de fevereiro de 2014

Liturgia da 05ª semana do Tempo Ordinário



Liturgia da Segunda Feira — 10.02.2014

Antífona da entrada: Entrai, inclinai-vos e prostrai-vos: adoremos o Senhor que nos criou, pois ele é o nosso Deus (Sl 94,6s).
Primeira Leitura (1Rs 8,1-7.9-13)
Leitura do Primeiro Livro dos Reis.
Naqueles dias, 1Salomão convocou para junto de si, em Jerusalém, todos os anciãos de Israel, todos os chefes das tribos e príncipes das famílias dos filhos de Israel, a fim de transferir da cidade de Sião, que é Jerusalém, a arca da aliança do Senhor.
2Todo o Israel reuniu-se em torno de Salomão, no mês de Etanim, ou seja, no sétimo mês, durante a festa. 3Vieram todos os anciãos de Israel, e os sacerdotes tomaram a arca4e carregaram-na junto com a tenda da reunião, como também todos os objetos sagrados que nela estavam; quem os carregava eram os sacerdotes e os levitas.
5O rei Salomão e toda a Comunidade de Israel, reunida em torno dele, imolavam diante da arca ovelhas e bois em tal quantidade, que não se podia contar nem calcular. 6E os sacerdotes conduziram a arca da aliança do Senhor ao seu lugar, no santuário do templo, ao Santo dos Santos, debaixo das asas dos querubins, 7pois os querubins estendiam suas asas sobre o lugar da arca, cobrindo a arca e seus varais por cima.
9Dentro da arca só havia as duas tábuas de pedra, que Moisés ali tinha deposto no monte Horeb, quando o Senhor concluiu a aliança com os filhos de Israel, logo que saíram da terra do Egito. 10Ora, quando os sacerdotes deixaram o santuário, uma nuvem encheu o templo do Senhor, 11de modo que os sacerdotes não puderam continuar as funções porque a glória do Senhor tinha enchido o templo do Senhor.12Então Salomão disse: “O Senhor disse que habitaria numa nuvem, 13e eu edifiquei uma casa para tua morada, um templo onde vivas para sempre”.

1 Reis 8, 1-7.9-13 – “ Jesus é a nova Arca da Aliança”

Salomão convocou os anciãos, os chefes das tribos, príncipes, sacerdotes e toda a comunidade de Israel para transferir para o santuário do templo, a Arca da Aliança do Senhor. Dentro da Arca estavam as duas tábuas da Lei. A Arca da Aliança e as tábuas da Lei eram sinal da presença do próprio Deus no meio do Seu povo. Diante da assembléia reunida, a glória do Senhor se manifestou e uma nuvem encheu o tempo do Senhor. No templo a glória de Deus se manifesta! Hoje o templo de Deus é o nosso coração e Jesus a nova Arca da Aliança que traz em si, para nós a salvação prometida pelo Pai. Por isso, também a glória de Deus se manifesta nas diversas situações da nossa vida quando nos deixamos envolver pelo Espírito Santo. Não é propriamente o lugar que faz com que nós sintamos a glória de Deus, mas o nosso estado de espírito. A lei do Senhor é o Seu amor e está escrita no nosso coração e nos faz manifestar ao mundo a Sua glória, o Seu poder através do nosso testemunho de vida. Damos provas de que realmente somos templos de Deus quando mantemos em nós a alegria e a esperança. Não podemos mais viver tristes nem desesperançados, pois o próprio Deus habita em nós. No tempo de Salomão Deus se revelava através das nuvens, do fogo, hoje Ele se manifesta de acordo com a nossa percepção interior e a nossa Fé. O templo de Deus foi edificado em nós, para sempre e o Espírito Santo é quem opera para que a glória de Deus se manifeste dentro de nós e por meio de nós.

Salmo responsorial 131
— Subi, Senhor, para o lugar de vosso pouso!
— Subi, Senhor, para o lugar de vosso pouso!
— Nós soubemos que a arca estava em Éfrata e nos campos de Iaar a encontramos: Entremos no lugar em que ele habita, ante o escabelo de seus pés o adoremos!
— Subi, Senhor, para o lugar de vosso pouso, subi vós, com vossa arca poderosa! Que se vistam de alegria os vossos santos, e os vossos sacerdotes, de justiça! Por causa de Davi, o vosso servo, não afasteis do vosso Ungido a vossa face!

Salmo 131 – “Subi, Senhor, para o lugar de vosso pouso!”

Assim também nós pedimos. O lugar do pouso do Senhor é lá no mais profundo do nosso ser. É lá que nós O podemos encontrar para adorá-Lo no silencio. Quando nós fazemos esta experiência a nossa alma se alegra, pois é o Espírito Santo de Deus que nos anima e nos revela a face do Pai. Dentro do nosso coração está posto o altar de Deus e é somente lá que nós podemos nos encher da Sua glória.
Aclamação do Evangelho
Aleluia, aleluia, aleluia.
Jesus pregava a boa nova, o reino anunciando, e curava toda espécie de doenças entre o povo (MT 4,23).

EVANGELHO (Marcos 6,53-56)
Naquele tempo, 53tendo Jesus e seus discípulos acabado de atravessar o mar da Galileia, chegaram a Genesaré e amarraram a barca. 54Logo que desceram da barca, as pessoas imediatamente reconheceram Jesus. 55Percorrendo toda aquela região, levavam os doentes deitados em suas camas para o lugar onde ouviam falar que Jesus estava.
56E, nos povoados, cidades e campos onde chegavam, colocavam os doentes nas praças e pediam-lhe para tocar, ao menos, a barra de sua veste. E todos quantos o tocavam ficavam curados.

Evangelho – Marcos 6, 53-56 – “ o que fazer quando a barca já está amarrada?”

A vida terrena de Jesus é uma verdadeira demonstração de como podemos cumprir com a nossa missão de batizados e assumir com fidelidade tudo quanto nos é colocado como tarefa a realizar. Muitas vezes, no Evangelho, nós ouvimos falar de que Jesus ao chegar de algum lugar e depois de um dia exaustivo, pensando talvez que fosse descansar um pouco, a multidão vinha ao seu encontro e, por isso, Ele mudava de idéia para atendê-la. Nós, no entanto, quantas vezes, porque já “amarramos a nossa barca” depois de algum trabalho que foi realizado, achamos que agora basta, já fizemos muito e queremos ter um descanso antes de uma nova missão! Precisamos refletir muito na razão pela qual as pessoas hoje também nos procuram e qual tem sido a nossa resposta diante dessa realidade. As pessoas talvez nos procurem porque vêem em nós a presença de Jesus e querem também encontrá-Lo, ter experiência com Ele e, assim, serem curadas e libertadas das suas mazelas. Porém, quem sabe, nós ainda não tenhamos entendido isto e achamos que somos procurados por causa das nossas qualidades ou virtudes humanas e aí nos sentimos cansados (as) e impotentes para ajudá-las. Jesus deu provas de que, por meio da Sua intimidade com Deus Pai na oração, Ele conseguia ir além da Sua capacidade física. Por isso, Ele não se cansava e o Amor do Pai O motivava a ir ao encontro da multidão para curá-la. Antes de tudo, porém, nós precisamos ter consciência de que fazemos parte deste povo que necessita de cura e que hoje, também, o Senhor está atento para nos curar e nos libertar, bastando que O procuremos e reconheçamos a nossa necessidade. O Senhor nos cura e nos anima para que possamos acolher a todas as pessoas que precisam de ajuda e de alento para a sua vida.
ORAÇÃO
Pai, que a misericórdia seja o traço característico do meu modo de ser no trato com os meus semelhantes, de maneira que eu possa atrair, como Jesus, muitas pessoas para ti.
Um Deus que chora, e faz cessar o pranto,
O que tem sede, e vem nos saciar,
Sofre o cansaço, e chama a repousar
Sob as dobras tranquilas de seu manto...
Um Deus tentado, e permanece Santo,
O batizado, e vem nos batizar,
Baixado ao túmulo, vem nos chamar
A dominar a morte e o seu espanto...
Feito escravo por dracmas de prata,
A humanidade inteira ele resgata,
Cura a cegueira e rasga todo véu!
Pregado em sua Cruz obscurecida,
Ele a transforma em árvore da Vida
Pra nos reconduzir de volta ao Céu!
Orai sem cessar: “É Ele quem cura todos os teus males!” (Sl 103 [102])

Liturgia da Terça-Feira — 11.02.2014
Antífona da entrada: Entrai, inclinai-vos e prostrai-vos: adoremos o Senhor que nos criou, pois ele é o nosso Deus (Sl 94,6s).
Leitura (1 Reis 8,22-23.27-30)
Leitura do primeiro livro dos Reis.
8 22 Em seguida, pôs-se Salomão diante do altar do Senhor, em presença de toda a assembléia de Israel, estendeu as mãos para o céu e disse:
23 “Senhor, Deus de Israel, não há Deus semelhante a vós, nem no mais alto dos céus, nem aqui embaixo, na terra; vós sois fiel à vossa misericordiosa aliança com os vossos servos, que caminham diante de vós de todo o seu coração.
27 Mas, será verdade que Deus habite sobre a terra? Se o céu e os céus dos céus não vos podem conter quanto menos esta casa que edifiquei!
28 Entretanto, Senhor Deus meu, atendei à oração e às súplicas de vosso servo; ouvi o clamor e a prece que hoje vos dirijo.
29 Que vossos olhos estejam dia e noite abertos sobre este templo, sobre este lugar, do qual dissestes: ‘O meu nome residirá ali’. Ouvi a oração que vosso servo vos faz neste lugar.
30 Ouvi a súplica de vosso servo e de vosso povo de Israel, quando orarem neste lugar. Ouvi-os do alto de vossa morada no céu, ouvi-os e perdoai!”

1 Reis 8,22-23.27-30 – “ o belo templo de Salomão”

“Se os mais altos céus não te podem conter, muito menos esta casa que eu construí!” Diante da imensidão de Deus Salomão se rende e percebe que nem mesmo o belo templo que ele construiu pode conter a presença do Deus cheio de amor e misericórdia, pois Ele extrapola todo e qualquer limite que o homem determina. Mesmo reconhecendo que o homem não é capaz de limitar a grandiosidade de Deus nem encerrá-Lo em espaço preparado por mãos humanas Salomão pediu para que o Senhor escutasse a sua prece e colocasse o Seu olhar sobre aquela casa e ouvisse as preces do povo que ali orava. Hoje, nós também, olhamos para o céu, como Salomão o fez e pedimos que os “olhos do Senhor estejam abertos noite e dia sobre a nossa casa”. A imensidão de Deus também não cabe dentro do que as nossas mãos constroem e põem barreiras e limites. No entanto, Deus preenche o templo do nosso coração, pois este foi construído por Suas próprias mãos. Deus veio morar no meio de nós e habita em uma casa que não foi feita por mãos humanas. A casa de Deus é hoje, o nosso coração, que é o Seu lar, o lugar onde Ele vive e olha por nós. É no mais profundo silêncio do nosso ser que o Senhor escuta a nossa prece e nos abençoa de coração aberto e espírito vigilante. Porém, nós também podemos pedir a Ele que olhe pela nossa casa, pelo nosso lar, o lugar onde nós moramos com a nossa família. Que os olhos do Senhor estejam também abertos noite e dia sobre a comunidade onde nós nos reunimos para orar. Que Ele nos escute e perdoe as nossas mazelas! Que Ele cure os nossos relacionamentos e que o Seu Nome também esteja gravado na porta da frente da nossa morada terrena.

Salmo responsorial 83/84
Quão amável, ó Senhor, é vossa casa!
Minha alma desfalece de saudades
e anseia pelos átrios do Senhor!
Meu coração e minha carne rejubilam
e exultam de alegria no Deus vivo!
Mesmo o pardal encontra abrigo em vossa casa,
e a andorinha ali prepara o seu ninho
para nele seus filhotes colocar:
vossos altares, ó Senhor Deus do universo!
Vossos altares, ó meu rei e meu Senhor!
Felizes os que habitam vossa casa;
para sempre haverão de vos louvar!
Olhai, ó Deus, que sois a nossa proteção,
vede a face do eleito, vosso ungido!

Salmo 83 – “Quão amável, ó Senhor, é vossa casa!” 

A nossa alma anseia pelos átrios do Senhor, para louvá-Lo e reconhecer a Sua grandeza e proteção, face a face. No entanto, Ele está tão perto de nós! Se tomássemos consciência de que o Senhor construiu Sua morada no nosso coração, nós seríamos felizes como aqueles a quem o salmista se refere: “Felizes os que habitam vossa casa!” O pardal e a andorinha, porque são criaturas simples e não colocam razão acima do seu instinto encontram com muito mais facilidade abrigo na casa do Senhor. Que nós possamos dominar a nossa razão e nos deixemos ser como os passarinhos. Pois somente assim o nosso coração e a nossa carne poderão se rejubilar e exultar de alegria no Deus que está vivo dentro de nós!

Aleluia, aleluia, aleluia.
Inclinai meu coração às vossas advertências e dai-me a vossa lei como um presente valioso! (Sl 118,36.29).

EVANGELHO (Marcos 7,1-13)
7 1 Os fariseus e alguns dos escribas vindos de Jerusalém tinham se reunido em torno dele.
2 E perceberam que alguns dos seus discípulos comiam o pão com as mãos impuras, isto é, sem as lavar.
3 (Com efeito, os fariseus e todos os judeus, apegando-se à tradição dos antigos, não comem sem lavar cuidadosamente as mãos;
4 e, quando voltam do mercado, não comem sem ter feito abluções. E há muitos outros costumes que observam por tradição, como lavar os copos, os jarros e os pratos de metal.)
5 Os fariseus e os escribas perguntaram-lhe: “Por que não andam os teus discípulos conforme a tradição dos antigos, mas comem o pão com as mãos impuras?”
6 Jesus disse-lhes: “Isaías com muita razão profetizou de vós, hipócritas, quando escreveu: ‘Este povo honra-me com os lábios, mas o seu coração está longe de mim.
7 Em vão, pois, me cultuam, porque ensinam doutrinas e preceitos humanos’.
8 Deixando o mandamento de Deus, vos apegais à tradição dos homens”.
9 E Jesus acrescentou: “Na realidade, invalidais o mandamento de Deus para estabelecer a vossa tradição.
10 Pois Moisés disse: ‘Honra teu pai e tua mãe’; e: ‘Todo aquele que amaldiçoar pai ou mãe seja morto’.
11 Vós, porém, dizeis: ‘Se alguém disser ao pai ou à mãe: Qualquer coisa que de minha parte te pudesse ser útil é corban, isto é, oferta’,
12 e já não lhe deixais fazer coisa alguma a favor de seu pai ou de sua mãe,
13 anulando a palavra de Deus por vossa tradição que vós vos transmitistes. E fazeis ainda muitas coisas semelhantes”.

Evangelho – Marcos 7, 1-13 – “Honrar pai e mãe

As palavras de Jesus neste Evangelho vêm bem de encontro às atitudes que praticamos no dia a dia da nossa vida, tanto dentro da nossa casa, como no lugar onde nós temos autoridade e damos as cartas. Mesmo que hoje as nossas incoerências e hipocrisias não sejam, literalmente, o lavar as mãos, nem tampouco o tomar banho ou a maneira de lavar copos, nós encontramos um verdadeiro sentido no que Jesus nos fala aqui: “Este povo me honra com os lábios, mas seu coração está longe de mim”. E mais: “Não adianta o culto que me prestam, pois as doutrinas que ensinam são preceitos humanos!” E continua dizendo “Vós abandonais o mandamento de Deus para seguir a tradição dos homens”. E Jesus vai mais além: “Vós fazeis muitas outras coisas como essas”. Será que isto tem alguma coisa a ver com a nossa vida, com as nossas ações diárias? Será que nós estamos colocando as regras humanas à frente do mandamento de Deus? O mandamento de Deus é o amor e Jesus veio nos ensinar a amar com o mesmo amor que O Pai nos ama. Os nossos gestos, as nossas expressões, as nossas reações, as nossas obras de misericórdia, o nosso comportamento, devem ser pautados pelo amor de Deus. Se assim não o fazemos, se apenas o dizemos e não concretizamos por meio da oferta do nosso coração, de nada valerão as nossas atos exteriores, os ritos, as convenções, as práticas corriqueiras que seguem apenas o manual de instrução do mundo. Seguir a tradição dos homens é andar conforme a onda do mundo até naquilo que ofertamos a Deus. Quando deixamos de lado a nossa obrigação de filhos e filhas para com a nossa família, pai e mãe que necessitam de nós e queremos impressionar os outros com o valor que nós oferecemos a Deus estamos infringindo o 4º mandamento que nos manda Honrar pai e mãe. Não podemos nos desviar nem confundir as nossas oferendas: uma coisa é o que nós devemos ao nosso próximo, outra coisa é o que devemos a Deus. Os mandamentos nos foram dados para iluminar o nosso caminhar a fim de que possamos chegar ao porto seguro. Se nós temos substituído a orientação de Deus para seguir as formalidades do mundo ou aos maus desejos da nossa humanidade decaída fazendo com que as nossas atitudes falsas nos desviem do verdadeiro caminho, com certeza, também nós estamos perdendo a grande oportunidade de construir uma morada no céu que é o lugar do nosso destino final.

Liturgia da Quarta-Feira — 12.02.2014
Antífona da entrada: Entrai, inclinai-vos e prostrai-vos: adoremos o Senhor que nos criou, pois ele é o nosso Deus (Sl 94,6s).
Leitura (1 Reis 10,1-10)
Leitura do primeiro livro dos Reis.
10 1 A rainha de Sabá, tendo ouvido falar de Salomão e da glória do Senhor, veio prová-lo com enigmas.
2 Chegou a Jerusalém com uma numerosa comitiva, com camelos carregados de aromas, e uma grande quantidade de ouro e pedras preciosas. Apresentou-se diante do rei Salomão e disse-lhe tudo o que tinha no espírito.
3 A tudo respondeu o rei. Nenhuma de suas perguntas lhe pareceu obscura, e deu solução a todas.
4 Quando a rainha de Sabá viu toda a sabedoria de Salomão, a casa que ele tinha feito,
5 os manjares de sua mesa, os apartamentos de seus servos, as habitações e uniformes de seus oficiais, os copeiros do rei e os holocaustos que ele oferecia no templo do Senhor, ficou estupefata,
6 e disse ao rei: É bem verdade o que ouvi a teu respeito e de tua sabedoria, na minha terra.
7 Eu não quis acreditar no que me diziam, antes de vir aqui e ver com os meus próprios olhos. Mas eis que não contavam nem a metade: tua sabedoria e tua opulência são muito maiores do que a fama que havia chegado até mim.
8 Felizes os teus homens, felizes os teus servos que estão sempre contigo e ouvem a tua sabedoria!
9 Bendito seja o Senhor, teu Deus, a quem aprouve colocar-te sobre o trono de Israel. Porque o Senhor amou Israel para sempre, por isso constituiu-te rei para governares com justiça e eqüidade.
10 Presenteou o rei com cento e vinte talentos de ouro e grande quantidade de perfumes e pedras preciosas. Não apareceu jamais uma quantidade de aromas tão grande como a que a rainha de Sabá deu ao rei Salomão.

1 Reis 10, 1-10 - “a nossa sabedoria vem de Deus”

Salomão foi considerado abençoado e feliz, por sua inteligência e sabedoria, e através dele, o Nome de Deus foi exaltado e todos reconheciam que o Senhor fizera maravilhas na vida dele. A rainha de Sabá visitou Salomão em busca de conselhos, provou-o com enigmas, expôs-lhe tudo o que havia em seus pensamentos e este, cheio de sabedoria soube responder a todas as suas perguntas. Ela admirou-se e reconheceu que tudo quanto Salomão possuía era dom de Deus. Por isso, também O louvou! Salomão soube testemunhar a sabedoria que recebeu de Deus e dela fez uso para tornar glorioso o Nome do Senhor! Hoje, nem precisamos procurar os “Salomão” da vida, pois o Senhor está disponível a todo o momento para nos dar sabedoria e bom senso, orientação e discernimento a fim de decifrar os enigmas da nossa alma. Ele está muito perto de nós, e por meio da oração, da adoração, dos momentos de intimidade com Ele nós temos acesso a toda obra que Ele realiza no nosso coração. Por isso, nós também vemos os grandes feitos do Senhor e, como aconteceu com a Rainha de Sabá, devemos louva-Lo e bendizê-Lo pela sabedoria que Ele nos deu. Todos nós temos a missão de ser profeta, sacerdote e rei. O Senhor nos cumula de sabedoria, de graças e bênçãos. Aquele que usa bem os dons que recebeu do Alto, com certeza acumulará riquezas, tesouros de felicidade aqui na terra. O principal, no entanto é a consciência que a Deus pertencem, a honra, a glória e o poder. As pessoas nos procuram porque procuram conhecer a Deus através de nós

Salmo responsorial 36/37
O justo tem nos lábios o que é sábio.
Deixa aos cuidados do Senhor o teu destino;
confia nele, e com certeza ele agirá.
Fará brilhar tua inocência como a luz
e o teu direito como o sol do meio-dia.
O justo tem nos lábios o que é sábio,
sua língua tem palavras de justiça;
traz a aliança do seu Deus no coração,
e seus passos não vacilam no caminho.
A salvação dos piedosos vem de Deus;
ele os protege nos momentos de aflição.
O Senhor lhes dá ajuda e os liberta,
defende-os e protege-os contra os ímpios,
e os guarda por nele confiaram.

Salmo 36 – “ O justo tem nos lábios o que é sábio”

O homem justo tem nos lábios o que é sábio, porque se deixa conduzir pelo Senhor e confia a Ele as suas dúvidas na certeza de que Ele agirá a seu favor. Ser justo é viver segundo a vontade de Deus sendo fiel à aliança que Ele firmou no seu coração. Por isso, o homem justo tem consciência de que será protegido nos momentos de aflição.

Aleluia, aleluia, aleluia.
Vossa palavra é a verdade, santificai-nos na verdade! (Jô 17,17).
Evangelho (Marcos 7,14-23)
7 14 Tendo Jesus chamado de novo a turba, dizia-lhes: “Ouvi-me todos, e entendei.
15 Nada há fora do homem que, entrando nele, o possa manchar; mas o que sai do homem, isso é que mancha o homem.
16 Quem tem ouvidos para ouvir, ouça”.
17 Quando deixou o povo e entrou em casa, os seus discípulos perguntaram-lhe acerca da parábola.
18 Respondeu-lhes: “Sois também vós assim ignorantes? Não compreendeis que tudo o que de fora entra no homem não o pode tornar impuro,
19 porque não lhe entra no coração, mas vai ao ventre e dali segue sua lei natural?” Assim ele declarava puros todos os alimentos. E acrescentava:
20 “Ora, o que sai do homem, isso é que mancha o homem.
21 Porque é do interior do coração dos homens que procedem os maus pensamentos: devassidões, roubos, assassinatos,
22 adultérios, cobiças, perversidades, fraudes, desonestidade, inveja, difamação, orgulho e insensatez.
23 Todos estes vícios procedem de dentro e tornam impuro o homem”.

Evangelho – Marcos 7, 14-23 – “é de dentro do coração humano que saem as impurezas!”

O mal não entra pela boca, mas sai do coração do homem. A fonte do mal é o pensamento do homem. Esse mesmo homem criado por Deus para ser amado e amar é também aquele que cultiva no seu coração pensamentos de desamor e de soberba e se alimenta das suas próprias más intenções e maquinações. Dentro de nós há como que um gerador que pode suscitar o bem ou o mal. Quando nós estamos voltados (as) para Deus e nos deixamos guiar pelo Seu amor nós acionamos o bem que há dentro de nós. No entanto, quando nos afastamos da fonte do Bem e damos brecha para que o mal prevaleça nos nossos membros carnais, aí então, ficamos cheios de impurezas, imoralidades, roubos, maldades, pois somos movidos (as) pelas nossas concupiscências. Jesus nos conscientiza e nos alerta: “é de dentro do coração humano que saem as impurezas!” É por orgulho e vaidade que o homem se torna mau! Não são as outras pessoas nem tampouco os alimentos que semeiam a maldade no nosso coração. Por isso, precisamos estar livres de todos os tabus quanto a alimentos, costumes tradicionais e algumas idéias que desvirtuam a verdade sobre as nossas ações. Tudo o que cultivarmos dentro de nós será o que irá motivar os nossos atos, bons e maus. O nosso coração é fonte de bênção e de maldição. Se não cuidarmos em cultivar pensamentos sadios e agradáveis a Deus iremos carimbar as nossas ações com a marca do inferno e já não nos pareceremos com Jesus que veio ao mundo para nos configurar a Ele.
ORAÇÃO
Pai, cria, no meu coração, a pureza verdadeira que me permite estar na tua presença, seguro de que minha vida te agrada.

Liturgia da Quinta-Feira — 13.02.2014
Antífona da entrada: Entrai, inclinai-vos e prostrai-vos: adoremos o Senhor que nos criou, pois ele é o nosso Deus (Sl 94,6s).
Leitura (1 Reis 11,4-13)
Leitura do primeiro livro dos Reis.
11 4 Sendo já velho, elas seduziram o seu coração para seguir outros deuses. E o seu coração já não pertencia sem reservas ao Senhor, seu Deus, como o de Davi, seu pai.
5 Salomão prestou culto a Astarte, deusa dos sidônios, e a Melcom, o abominável ídolo dos amonitas.
6 Fez o mal aos olhos do Senhor, não lhe foi inteiramente fiel como o fora seu pai Davi.
7 Por esse tempo edificou Salomão no monte, que está a oriente de Jerusalém, um lugar alto a Camos, deus de Moab, e a Moloc, abominação dos amonitas.
8 E o mesmo fez para todas as suas mulheres estrangeiras, que queimavam incenso e sacrificavam aos seus deuses.
9 O Senhor irritou-se contra Salomão, por se ter seu coração desviado do Senhor, Deus de Israel, que lhe aparecera por duas vezes,
10 e lhe tinha proibido expressamente que se unisse a deuses estranhos. Mas não seguira as ordens do Senhor.
11 O Senhor disse-lhe então: “Já que procedeste assim, e não guardaste a minha aliança, nem as leis que te prescrevi, vou tirar-te o reino e dá-lo ao teu servo.
12 Todavia, em atenção ao teu pai Davi, não o farei durante a tua vida. Tirá-lo-ei, sim, mas da mão de teu filho.
13 Não lhe tirarei o reino todo, mas deixarei ao teu filho uma tribo, por amor de meu servo Davi, e por amor de Jerusalém, a cidade que escolhi.

1Reis 11, 4-13 – “ O Deus que adoramos, quem é?” 

Quando ficou velho, Salomão, que recebera do Senhor sabedoria e com ela fortuna e fama, desviou-se do caminho por causa das suas mulheres estrangeiras. Ele não foi fiel ao Senhor e apesar de ter construído o templo de Deus entre os homens, erigiu templos para os deuses das suas concubinas. Isso vem nos mostrar que nunca podemos nos achar seguros em relação à nossa fidelidade a Deus. Precisamos estar vigilantes porque o nosso grande pecado é o afastamento do Deus verdadeiro para procurar falsos deuses. Sofremos por isso, implicações funestas. Salomão perdeu o reino, perdeu o poder e ficou com seus deuses. Triste fim para um rei poderoso e sábio. Nós também poderemos perder tudo o que adquirimos com as graças de Deus se nos desviarmos do Seu caminho e colocarmos a nossa confiança nos deuses do mundo. O dinheiro, o sucesso, a fama, os bens materiais, as paixões sensuais, o comer e o beber em demasia, por prazer, são hoje os deuses que tiram o nosso coração da fonte do Bem que é o verdadeiro Deus.

Salmo responsorial 105/106
Lembrai-vos, ó Senhor, de mim, lembrai-vos,
segundo o amor que demonstrais ao vosso povo!
Felizes os que guardam seus preceitos
e praticam a justiça em todo o tempo!
Lembrai-vos, ó Senhor, de mim, lembrai-vos,
pelo amor que demonstrais ao vosso povo!
Misturaram-se, então, com os pagãos
e aprenderam seus costumes depravados.
Aos ídolos pagãos prestaram culto,
que se tornaram armadilha para eles.
Pois imolaram até mesmo os próprios filhos,
sacrificaram suas filhas aos demônios.
Acendeu-se a ira de Deus contra o seu povo,
e o Senhor abominou a sua herança.

Salmo 105 – “Lembrai-vos, ó Senhor, de mim, lembrai-vos, segundo o amor que demonstrais ao vosso povo!” 

Em todos os tempos os ídolos sempre foram armadilhas que o inimigo usa para nos desviarmos do caminho de Deus. Quando nos misturamos com os pagãos e seguimos os seus costumes depravados nós somos capazes de entregar a nossa alma e até a alma daqueles que nos são mais caros. Como o salmista, nós também devemos pedir com insistência: “Lembrai-vos. Ó Senhor de mim”. Que esta seja a prece constante dos nossos lábios para que nunca caiamos nas malhas dos inimigos que tentam nos destruir nos afastando do Senhor.

Acolhei docilmente a palavra semeada em vós, meus irmãos; ela pode salvar vossas vidas! (Tg 1,21).
EVANGELHO (Marcos 7,24-30)
7 24 Em seguida, Jesus, deixando aquele lugar, foi para a terra de Tiro e de Sidônia. E tendo entrado numa casa, não quis que ninguém o soubesse. Mas não pôde ficar oculto,
25 pois uma mulher, cuja filha possuía um espírito imundo, logo que soube que ele estava ali, entrou e caiu a seus pés.
26 (Essa mulher era pagã, de origem siro-fenícia.) Ora, ela suplicava-lhe que expelisse de sua filha o demônio.
27 Disse-lhe Jesus: “Deixa primeiro que se fartem os filhos, porque não fica bem tomar o pão dos filhos e lançá-lo aos cães”.
28 Mas ela respondeu: “É verdade, Senhor; mas também os cachorrinhos debaixo da mesa comem das migalhas dos filhos”.
29 Jesus respondeu-lhe: “Por causa desta palavra, vai-te, que saiu o demônio de tua filha”.
30 Voltou ela para casa e achou a menina deitada na cama. O demônio havia saído.

Evangelho – Marcos 7, 24-30 – “ fé e humildade” 

Apesar de ser, pagã e por isso, não pertencer à casta do povo de Deus, aquela mulher da Fenícia, ouvindo falar de Jesus, foi até Ele e se prostrou aos Seus pés clamando pela vida da sua filha. Ela não se importou com a sua condição de estrangeira, por conseguinte, discriminada pelos judeus, mas deu uma prova de fé verdadeira reconhecendo o Senhorio de Jesus e a Sua Missão de Salvador. Diante das palavras de Jesus que se referia a elas como se fossem “cachorrinhos em busca de migalhas” das mesas dos filhos, ela humildemente argumentou que não se importaria de ficar com o resto que sobrasse dos outros, para dar à sua filha. Admirado com a fé daquela mulher Jesus atendeu ao seu pedido e com isso, comprovou que os pagãos também têm lugar à mesa do Reino e que a salvação não é privilégio do povo judeu, mas de todos os que crêem e confiam no Deus Salvador. O que nos une a Deus e garante a nossa Salvação é a nossa fé em Jesus Cristo. Ser filho de Deus e irmão de Jesus Cristo, pela Fé, nos credencia a que, mesmo reconhecendo a nossa fraqueza e a nossa impotência nós nos apoderemos de tudo quanto Ele veio nos trazer, saúde, vida e santidade. Muitas vezes queremos ser especiais e ter a atenção de Deus só para nós. Queremos ter prioridade na oração pelas nossas necessidades e se tudo não for feito especialmente em favor de nós, duvidamos de que receberemos a graça. Somente pela nossa fé e confiança Nele, Deus pode fazer grandes coisas em nós, mesmo que não sejamos os protagonistas especiais daquele momento. Aquela mulher não era de dentro da “Igreja”, mas sua súplica foi atendida por causa da sua humildade e fé no poder de Jesus.
Oração
Senhor Jesus, alarga meus horizontes fazendo-me ver, para além dos meus preconceitos e tabus, tantas pessoas marginalizadas a quem a boa-nova deve ser anunciada.

Liturgia da Sexta-Feira — 14.02.2014
Antífona da entrada: Minhas palavras que coloquei em tua boca, diz o Senhor, não se afastarão jamais de teus lábios; e tuas oferendas serão aceitas em meu altar (Is 59,21;56,7)
Leitura (1 Reis 11,29-32;12,19)
Leitura do primeiro livro dos Reis.
11 29 E aconteceu que um dia, saindo Jeroboão de Jerusalém, encontrou-se em caminho com o profeta Aías de Silo, vestido com um manto novo. Estavam os dois sós no campo.
30 Então Aías, tomando o manto novo que trazia, rasgou-o em doze pedaços.
31 “Toma para ti dez pedaços, disse ele a Jeroboão, pois isto diz o Senhor, Deus de Israel: Vou arrancar o reino das mãos de Salomão, e dar-te-ei dez tribos.
32 Mas, em atenção ao meu servo Davi e à cidade de Jerusalém, que escolhi dentre todas as tribos de Israel, ficar-lhe-á ainda uma tribo”.
12 19 Desse modo, separou-se Israel da casa de Davi até o dia de hoje.

1 Reis 11, 29-32; 12,19 – “Deus dá, Deus tira”

A infidelidade de Salomão continuou tendo as suas sequelas: foi-lhe tirada a maior parte do reino de Israel. Com o gesto simbólico do manto rasgado em doze pedaços, o profeta Aías dividiu o reino de Israel, deixando para Jeroboão, jovem enérgico encarregado dos negócios do Rei Salomão, a posse de dez tribos. Assim aconteceu a divisão do Reino de Israel em dois reinos distintos; o reino de Judá e o reino de Israel. O Senhor por misericórdia e em consideração a Davi deixou para Salomão o reino de Judá. Deus é fiel e justo em relação ao plano de amor que Ele tem para cada um de nós. As nossas ações trazem consequências que nos desviam do caminho certo. Muitas vezes é preciso que Deus tire das nossas mãos o que antes tínhamos recebido e que não soubemos administrar. Outros mais capacitados do que nós, recebem assim, o que nós desperdiçamos. É a lei natural das coisas. Nada é seguro em nossas mãos. Só o que permanece firme em nós, são o amor e a misericórdia de Deus que nos educam e nos acolhem sempre. A divisão do reino significa também a divisão na nossa família, na nossa comunidade, entre irmãos, por causa da nossa infidelidade, da nossa negligência. Para que o Senhor não tenha que dividir o “reino”, precisamos escutá-Lo e seguir os Seus ensinamentos sendo fiel aos Seus decretos que conhecemos na Sua Palavra.

Salmo responsorial 80/81
Ouve, meu povo, porque eu sou o teu Deus!
Em teu meio não exista um deus estranho
nem adores a um deus desconhecido!
Porque eu sou o teu Deus e teu Senhor,
que da terra do Egito te arranquei.
Mas meu povo não ouviu a minha voz,
Israel não quis saber de obedecer-me.
Deixei, então, que eles seguissem seus caprichos,
abondonei-os ao seu duro coração.
Quem me dera que meu povo me escutasse!
Que Israel andasse sempre em meus caminhos!
Seus inimigos, sem demora, humilharia
e voltaria minha mão contra o opressor.

Salmo 80 – “Ouve, meu povo, porque eu sou o teu Deus!”

Quem me dera que meu povo me escutasse!” Este é o lamento de Deus diante nas nossas incoerências, quando O abandonamos para seguir “deuses” estranhos. O Senhor está sempre a nos chamar, a nos convidar para provar o Seu Amor e andar nos Seus caminhos. A nossa obstinação e dureza de coração, no entanto, nos levam a duvidar do Seu convite e aceitar o chamado dos ídolos que nós construímos com as nossas mãos. Porém, o Senhor não se torna insistente e nos deixa livres, entregues a nossa própria covardia, mas espera a nossa volta de braços abertos.

Aleluia, aleluia, aleluia.
Abri-nos, ó Senhor, o coração para ouvirmos a palavra de Jesus! (At 16,14).
EVANGELHO (Marcos 7,31-37)
7 31 Jesus deixou de novo as fronteiras de Tiro e foi por Sidônia ao mar da Galiléia, no meio do território da Decápole.
32 Ora, apresentaram-lhe um surdo-mudo, rogando-lhe que lhe impusesse a mão.
33 Jesus tomou-o à parte dentre o povo, pôs-lhe os dedos nos ouvidos e tocou-lhe a língua com saliva.
34 E levantou os olhos ao céu, deu um suspiro e disse-lhe: “Éfeta!”, que quer dizer “abre-te!”
35 No mesmo instante os ouvidos se lhe abriram, a prisão da língua se lhe desfez e ele falava perfeitamente.
36 Proibiu-lhes que o dissessem a alguém. Mas quanto mais lhes proibia, tanto mais o publicavam.
37 E tanto mais se admiravam, dizendo: “Ele fez bem todas as coisas. Fez ouvir os surdos e falar os mudos!”

Evangelho - Marcos 7,31-37 - “Efatá”, (Abre-te)”

O Evangelho nos relata a história de um homem que não ouvia, por isso, falava com dificuldade. Quando o apresentaram a Jesus para que Ele lhe impusesse as mãos, a primeira coisa que Jesus fez foi afastá-lo para fora da multidão. Aí então, Jesus teve condições de colocar os dedos nos seus ouvidos e tocar a língua daquele homem com a sua saliva. Depois que os ouvidos daquele homem se abriram a sua língua se soltou e ele começou a falar sem dificuldade, diz a Palavra. Nós também somos como esse homem que quase não conseguimos falar e expressar as nossas idéias porque também não conseguimos ouvir Jesus. Não conseguimos falar nem entender as coisas de Deus porque não costumamos ouvi-Lo nem nos deixamos ser tocados por Ele, uma vez que vivemos, no meio da multidão, mas às voltas com os nossos problemas, nossos interesses, nossos planos e, na verdade, não sabemos nem expressar o que queremos e desejamos. A nossa surdez também nos impede de nos comunicar uns com os outros e entramos no mutismo, nós conosco mesmos, não conseguimos interagir. Jesus quer nos tirar do meio do burburinho do mundo, abrir os nossos ouvidos espirituais e dar livre acesso ao Espírito Santo que é quem sopra nos nossos ouvidos as mensagens de Deus para nossa vida e para aqueles a quem queremos ajudar. Ele deseja nos levar para um lugar onde possamos escutá-lo, onde Ele possa nos tocar e nos fazer sentir o Seu amor, a Sua essência. Como aquele homem nós também precisamos nos afastar com Jesus do meio da multidão e ter um encontro e uma experiência pessoal com Ele por meio da Sua Palavra. Um coração surdo à voz de Deus é um coração que não sabe se expressar, não sabe contagiar, não sabe atrair as pessoas, não sabe dialogar e será sempre alguém de poucos amigos. Alguém que não pode ajudar nem aconselhar ninguém ou dizer alguma palavra de conforto àqueles que necessitam. Depois desse encontro, então, tornar-se-á mais fácil para nós soltarmos nossa língua a fim de divulgar as coisas que o Senhor tem feito bem na nossa vida. “Efatá”, (Abre-te), é a palavra chave que Jesus ordena aos nossos ouvidos e boca espirituais. Só conseguiremos deixar de ser mudos quando deixarmos de ser surdos à Palavra de Deus que são os ensinamentos de Jesus.
ORAÇÃO
Pai, livra-me do isolamento a que o pecado quer me reduzir. Só assim irei recuperar a plena capacidade de estar em comunicação profunda contigo e com o meu próximo.

Sábado 15/02/2014
Antífona da entrada: Entrai, inclinai-vos e prostrai-vos: adoremos o Senhor que nos criou, pois ele é o nosso Deus (Sl 94,6s).
Leitura (1 Reis 12,26-32;13,33-34)
Leitura do primeiro livro dos Reis.
12 26 E disse consigo mesmo: “Pode bem ser que o reino volte para a casa de Davi. 27 Se o povo subir a Jerusalém para oferecer sacrifícios no templo do Senhor, e o seu coração se voltar para o seu senhor, Roboão, rei de Judá, matar-me-ão e se voltarão para Roboão, rei de Judá”. 28 Depois de ter refletido bem, o rei mandou fazer dois bezerros de ouro e disse ao povo: “Basta de peregrinações a Jerusalém! Eis aqui, ó Israel, o teu Deus que te tirou do Egito”. 29 Pôs um bezerro em Betel e outro em Dã. 30 Isso foi uma ocasião de pecado, porque o povo ia até Dã para adorar um desses bezerros. 31 Jeroboão construiu também templos em lugares altos, onde estabeleceu como sacerdotes homens tirados do meio do povo, e que não eram levitas. 32 Instituiu também uma festa no oitavo mês, no décimo quinto dia do mês, à semelhança da que se celebrava em Judá, e subiu ao altar. Fez o mesmo em Betel, sacrificando aos bezerros que tinha mandado fazer. Estabeleceu igualmente em Betel sacerdotes para os lugares altos que tinha edificado. 13.33 Depois dessas coisas, Jeroboão não se converteu de sua péssima vida, mas continuou a tomar homens do meio do povo e constituí-los sacerdotes dos lugares altos: a todo o que desejasse, investia no cargo sacerdotal e o estabelecia nos lugares altos. 34 Isto tornou-se para a casa de Jeroboão um ocasião de pecado, que causou a sua perda e o seu extermínio da face da terra.

Consumado o cisma político, Jeroboão reina sobre as 10 tribos do norte, enquanto Roboão reina sobre as tribos de Judá e de Benjamim. Mas o fosso entre o Reino do Norte e o Reino do Sul agrava-se com o cisma religioso, idealizado por Jeroboão para evitar as peregrinações a Jerusalém. Essas peregrinaçõs podiam levar o povo a voltar-se novamente para a casa de David e a dar maior poder económico ao Reino do Sul. Assim Jeroboão revitaliza o templo de Betel, onde Abraão construíra um altar ao Senhor, e onde Jacob tivera o sonho da escada que subia da terra ao céu, e o templo de Dan, cidade santuário desde o tempo dos Juízes. Em cada um dos santuários, coloca um vitelo de ouro, inspirando-se numa antiga tradição segundo a qual essa imagem era pedestal da divindade invisível, do mesmo modo que a arca era o trono de Javé no templo de Jerusalém. Jeroboão coloca nesses santuários sacerdotes que não eram oriundos da tribo de Levi. Assim procura, não só congregar as tribos isoladas do Norte, mas também desviar os peregrinos de Jerusalém. Para completar a sua obra, Jeroboão institui uma «festa dos Tabernáculos» para satisfazer a possível saudade do povo, que costumava peregrinar ao templo de Salomão, em Jerusalém, para a celebrar. Revela uma grande habilidade política para contrariar a forte atracção que exercia sobre o povo a cidade de David e o seu sumptuoso santuário. Mas também revela aquele egoísmo cego, que vicia desde o princípio o seu reino, conduzindo-o à destruição.

Salmo responsorial 105/106
Lembrai-vos, ó Senhor, de mim, lembrai-vos,
segundo o amor que demonstrais ao vosso povo.
Pecamos como outrora nossos pais,
praticamos a maldade e fomos ímpios;
no Egito nossos pais não se importaram
com os vossos admiráveis grandes feitos.
Construíram um bezerro no Horeb
e adoraram uma estátua de metal;
eles trocaram o seu Deus, que é sua glória,
pela imagem de um boi que come feno.
Esqueceram-se do Deus que os salvara,
que fizera maravilhas no Egito;
no país de Cam fez tantas obras admiráveis,
no mar Vermelho, tantas coisas assombrosas.

Aleluia, aleluia, aleluia.
O homem não vive somente de pão, mas de toda palavra da boca de Deus (Mt 4,4).
Evangelho (Marcos 8,1-10)
8 1 Naqueles dias, como fosse novamente numerosa a multidão, e não tivessem o que comer, Jesus convocou os discípulos e lhes disse: 2 “Tenho compaixão deste povo. Já há três dias perseveram comigo e não têm o que comer. 3 Se os despedir em jejum para suas casas, desfalecerão no caminho; e alguns deles vieram de longe!” 4 Seus discípulos responderam-lhe: “Como poderá alguém fartá-los de pão aqui no deserto?” 5 Mas ele perguntou-lhes: “Quantos pães tendes?” “Sete”, responderam. 6 Mandou então que o povo se assentasse no chão. Tomando os sete pães, deu graças, partiu-os e entregou-os a seus discípulos, para que os distribuíssem e eles os distribuíram ao povo. 7 Tinham também alguns peixinhos. Ele os abençoou e mandou também distribuí-los. 8 Comeram e ficaram fartos, e dos pedaços que sobraram levantaram sete cestos. 9 Ora, os que comeram eram cerca de quatro mil pessoas. Em seguida, Jesus os despediu. 10 E embarcando depois com seus discípulos, foi para o território de Dalmanuta.

SACIANDO AS MULTIDÕES
A sensibilidade de Jesus em relação a seus ouvintes e seguidores era notável. Ele estava continuamente preocupado com eles e cuidava para não serem penalizados pelo cansaço ou pela fome.
Seu coração de pastor falava mais alto nas situações delicadas. A multiplicação dos pães foi uma clara expressão da misericórdia de Jesus. E exemplo da misericórdia que deve haver no coração de quem se faz seu discípulo. Jesus podia ter considerado encerrada sua missão ao ter beneficiado as multidões com inúmeros milagres e expressões de bondade. Que cada qual voltasse para sua casa e retomasse suas atividades!
Porém, as circunstâncias não permitiam. Era arriscado muitos morrerem pelas estradas antes de chegarem a seus destinos. O pastor não podia submeter seu rebanho a tal provação. A misericórdia de Jesus exigia dele encontrar uma saída.
A solução consistiu em sugerir um gesto de partilha. Alguém colocou à disposição de todos seus sete pães e alguns peixinhos. Este gesto de desprendimento e espírito comunitário foi o ponto de partida para Jesus poder alimentar a todos, até ficarem saciados. A misericórdia de Jesus deu frutos imediatos.
Assim se explica o despojamento e a solidariedade com que o desconhecido partilhou seus parcos alimentos e levou a multidão a ser salva de morrer pela fome. A superação do egoísmo já foi um verdadeiro milagre.
Oração
Senhor Jesus, cria em mim um espírito de desprendimento de modo a poder refazer o milagre da partilha com os mais necessitados.
Liturgia do Domingo — 16.02.2014
6º DOMINGO DO TEMPO ORDINÁRIO — ANO SÃO MATEUS
__ "Eu, porém, vos digo..." __
Ambientação:
Sejam bem-vindos amados irmãos e irmãs!
INTRODUÇÃO: A liturgia deste sexto domingo do tempo comum nos mostrará que Jesus não se colocou na contramão do Deus do Antigo Testamento. Tendo- -lhe sido dado todo poder, no céu e na terra, estava suficientemente autorizado para adentrar no âmago dos mandamentos do Decálogo e extrair um sentido muito mais radical do que até então se lhe atribuía. Seu ensinamento superava a materialidade da letra dos mandamentos, revelando o espírito neles subjacente. Neste nível profundo, Jesus revelava também o verdadeiro projeto de Deus para a humanidade. Guiados pelo ensinamento de Jesus, peçamos nesta celebração que ele nos revele o seu querer divino, livrando-nos de dar-nos por satisfeitos com a observância superficial dos seus mandamentos.
INTRODUÇÃO: Hoje, a liturgia nos sugere que o seguimento de Jesus leve a uma radical adesão ao bem e a um ferrenho combate ao mal. Isso deve nos questionar em nossas atitudes no mundo e nos colocar sempre alertas para testemunharmos com nossas vidas o amor incondicional que recebemos de Jesus.
INTRODUÇÃO: Jesus não veio abolir a lei, mas levá-la à plenitude, dar-lhe algo "mais" que a faz superar como lei e aceitá-la como opção interior. De fato, a justiça do fariseu se limita à observância dos artigos da lei. A justiça do cristão não depende em primeiro lugar da sua observância da lei, mas de se terem realizado em Jesus os últimos tempos, porque ele veio para ser o primeiro a obedecer à lei em comunhão com Deus. Cristo estabelece um novo critério de avaliação moral: a intenção pessoal.
Sentindo em nossos corações a alegria do Amor ao Próximo entoemos alegres cânticos ao Senhor!
A NOVA LEI: FELIZES OS QUE ANDAM NA LEI DO SENHOR
Antífona da entrada: Sede o rochedo que me abriga, a casa bem defendida que me salva. Sois minha fortaleza e minha rocha; para honra do vosso nome, vós me conduzis e alimentais (Sl 30,3s).
Comentário das Leituras: É preciso que cortemos o mal pela raiz. Não basta a observância externa da Lei apenas para “ir para o céu” após a morte. Jesus exige radicalidade. A Palavra de Deus deve atingir o mais profundo do ser humano. É uma procura amorosa da vontade original de Deus que ultrapassa a simples letra da lei. É necessário ver e ouvir “por trás das palavras”, encontrando-se pessoalmente com o Espírito da Lei. Ouçamos a Palavra de Deus com um coração de discípulo, para que nossos passos sejam iluminados pela sabedoria divina. Dessa forma, realizaremos mais profundamente nosso encontro com o Senhor.

Primeira Leitura (Eclesiástico 15,16-21)
Leitura do livro do Eclesiástico.
15 16 Se quiseres guardar os mandamentos, e praticar sempre fielmente o que é agradável (a Deus), eles te guardarão.
17 Ele pôs diante de ti a água e o fogo: estende a mão para aquilo que desejares.
18 A vida e a morte, o bem e o mal estão diante do homem; o que ele escolher, isso lhe será dado,
19 porque é grande a sabedoria de Deus. Forte e poderoso, ele vê sem cessar todos os homens.
20 Os olhos do Senhor estão sobre os que o temem, e ele conhece todo o comportamento dos homens.
21 Ele não deu ordem a ninguém para fazer o mal, e a ninguém deu licença para pecar;

AMBIENTE
O Livro de Ben Sira (designado na Bíblia Católica com o nome de “Eclesiástico”) é um livro “sapiencial” – isto é, um livro cujo objectivo é apresentar indicações de carácter prático, deduzidas da reflexão e da experiência, sobre a arte de viver bem, de ter êxito, de ser feliz (é essa a temática da reflexão sapiencial no Médio Oriente, em geral, e em Israel, em particular). O seu autor é um tal Jesus Ben Sira, um judeu tradicional, convencido que a Tora (a Lei) dada por Deus a Israel é a súmula da sabedoria.
Estamos no início do séc. II a.C.; a cultura grega (instalada na Palestina desde 333 a.C., quando Alexandre da Macedónia venceu Dario III, em Issos, e se apossou da Palestina e do Egipto) minava há já algum tempo, a cultura, a fé, os valores tradicionais de Israel. Os mais jovens abandonavam a fé dos pais, seduzidos pelo brilho superior dessa cultura universal, que era a cultura helénica…
Jesus Ben Sira escreve para ajudar os israelitas a perceber a singularidade da sua fé e da sua cultura, a fim de que não se perca a identidade do Povo de Deus. Apresenta, na sua obra, uma síntese da religião tradicional e da sabedoria de Israel, mostrando que a cultura judaica não fica a dever nada à brilhante cultura grega.
Nos capítulos 14 e 15 do Livro de Ben Sira, há uma reflexão sobre como encontrar a verdadeira felicidade. É nesse contexto que devemos situar o nosso texto: dirigindo-se aos seus concidadãos, seduzidos pela cultura grega, Jesus Ben Sira sugere-lhes o caminho da verdadeira felicidade e convida-os a percorrê-lo.

MENSAGEM
O tema da opção entre dois caminhos – o caminho da vida e da felicidade e o caminho da morte e da desgraça – é um tema caro à teologia tradicional de Israel. Para os teólogos deuteronomistas, essa é a grande questão que condiciona o sentido da vida do homem e o sentido da história: se o homem escolhe caminhos de orgulho e de auto-suficiência, à margem de Deus e dos mandamentos, prepara para si e para a comunidade em que está inserido um futuro de morte e de desgraça; mas se o homem escolhe viver no “temor” de Deus e no respeito pelas propostas de Jahwéh (mandamentos), ele constrói para si e para o seu Povo um futuro de felicidade, de bem estar, de abundância, de paz. A questão está muito bem expressa em Dt 30,15-20.
A reflexão sapiencial tradicional mantém-se na mesma linha. Os “sábios” de Israel já perceberam (inclusive a partir da experiência que a própria história da sua nação lhes forneceu) que, quando respeita as indicações de Deus (mandamentos), o Povo constrói uma sociedade fraterna, livre, solidária, onde todos se respeitam e têm o que é necessário para viver de forma equilibrada e feliz; mas quando o Povo escolhe caminhos à margem de Jahwéh e faz “orelhas moucas” às propostas de Deus, constrói egoísmo, exploração, divisão e, portanto, sofrimento, privações, morte. As grandes catástrofes nacionais (nomeadamente o exílio na Babilónia) resultaram de opções por caminhos à margem de Deus e dos seus mandamentos.
Neste texto, Jesus Ben Sira pretende colocar os homens do seu tempo – sobretudo aqueles que oscilavam entre os valores da fé dos pais e os valores mais “in” da cultura dominante – diante da opção fundamental que a liberdade lhes oferece: a vida e a morte, a felicidade e a desgraça.
Um pormenor notável reside na convicção (aqui muito bem expressa) de que Deus respeita absolutamente a liberdade do homem. O homem não é, segundo Ben Sira, um títere nas mãos de Deus, ou um robot que Deus liga e desliga com o seu comando; mas o homem é um ser livre, que faz as suas escolhas (escolhas que condicionam, necessariamente, o seu futuro) e que tem nas suas mãos o próprio destino. Deus indica ao homem os caminhos para chegar à vida e à felicidade; mas, depois, respeita absolutamente as opções que o homem faz. Resta ao homem fazer as suas escolhas e construir o seu destino: ou com Deus, ou contra Deus; ou um destino de vida e felicidade, ou um destino de morte e de desgraça.

ACTUALIZAÇÃO
• A questão fundamental que aqui nos é posta é esta: existem caminhos diversos, opções várias, que dia a dia nos interpelam e desafiam. Em cada momento, corremos o risco da liberdade, assumimos o supremo desafio de escolher o nosso destino. Sentimos essa responsabilidade e procuramos responder ao desafio, ou passamos a vida a encolher os ombros e a deixar-nos ir na corrente, ao sabor das modas, do “politicamente correcto”, aceitando que sejam os outros a impor-nos os seus esquemas, os seus valores, a sua visão das coisas?
• Uma proposta leva à vida e à felicidade. Quem quiser ir por aí, tem de seguir os “sinais” (mandamentos) com que Deus delimita o caminho que leva à vida. Percorrer esse caminho implica, evidentemente, viver numa escuta permanente de Deus, num diálogo nunca acabado com Deus, numa descoberta contínua das suas propostas. Esforço-me por viver na escuta de Deus e por descobrir os “sinais” que Ele me deixa?
• A outra proposta leva à morte. É o caminho daqueles que escolhem o egoísmo, a auto-suficiência, o orgulho, o isolamento em relação a Deus e às suas sugestões. Ao fechar-se em si e ao ignorar as propostas de Deus, o homem acaba por escolher os seus interesses e por manipular o mundo e os outros homens, introduzindo desequilíbrios que geram injustiça, miséria, exploração, sofrimento, morte. Talvez nenhum de nós escolha, conscientemente, este caminho; mas o orgulho, a ambição, a vontade de afirmar a nossa independência e liberdade, podem levar-nos (mesmo sem o notarmos) a passar ao lado dos “sinais” de Deus e a ignorá-los, resvalando por atalhos que vão dar ao egoísmo, ao fechamento em nós. Em cada dia que começa, é preciso fazer o balanço do caminho percorrido e renovar as nossas opções.
• Este texto levanta, também, a questão da liberdade. A Palavra de Deus que aqui nos é proposta deixa claro que Deus nos criou livres e que respeita absolutamente as nossas opções e a nossa liberdade. Deus não é um empecilho à liberdade e à realização plena do homem. Ele coloca-nos diante das diferentes opções, diz-nos onde elas nos levam, aponta o caminho da verdadeira felicidade e da realização plena e… deixa-nos escolher.
• Atenção: a morte e a desgraça nunca são um castigo de Deus por nos termos portado mal e por termos escolhido caminhos errados; mas é o resultado lógico de escolhas egoístas, que geram desequilíbrios e que destroem a paz, o equilíbrio, a harmonia do mundo, da família e de mim próprio.

Salmo responsorial 118/119
Feliz o homem sem pecado em seu caminho,
Que na lei do Senhor Deus vai progredindo!
Feliz o homem sem pecado em seu caminho,
que na lei do Senhor Deus vai progredindo!
Feliz o homem que observa seus preceitos
e de todo o coração procura a Deus!
Os vossos mandamentos vós nos destes,
para serem fielmente observados.
Oxalá seja bem firme a minha vida
em cumprir vossa vontade e vossa lei!
Sede bom com vosso servo, e viverei,
e guardarei vossa palavra, ó Senhor.
Abri meus olhos, e então contemplarei
as maravilhas que encerra a vossa lei!
Ensinai-me a viver vossos preceitos;
quero guardá-los fielmente até o fim!
Dai-me o saber, e cumprir a vossa lei,
e de todo o coração a guardarei.

Segunda Leitura (1 Coríntios 2,6-10)
Leitura da primeira carta de são Paulo aos Coríntios.
Irmãos, 2 6 entretanto, o que pregamos entre os perfeitos é uma sabedoria, porém não a sabedoria deste mundo nem a dos grandes deste mundo, que são, aos olhos daquela, desqualificados.
7 Pregamos a sabedoria de Deus, misteriosa e secreta, que Deus predeterminou antes de existir o tempo, para a nossa glória.
8 Sabedoria que nenhuma autoridade deste mundo conheceu (pois se a houvessem conhecido, não teriam crucificado o Senhor da glória).
9 É como está escrito: "Coisas que os olhos não viram, nem os ouvidos ouviram, nem o coração humano imaginou", tais são os bens que Deus tem preparado para aqueles que o amam.
10 Todavia, Deus no-las revelou pelo seu Espírito, porque o Espírito penetra tudo, mesmo as profundezas de Deus.

AMBIENTE
Continuamos no ambiente da comunidade cristã de Corinto e à volta da discussão sobre a verdadeira sabedoria. Recordemos que o ponto de partida para a reflexão de Paulo é a pretensão dos coríntios em equiparar a fé cristã a um qualquer caminho filosófico, que devia ser percorrido sob a orientação de mestres humanos (para uns, Paulo, para outros Pedro, para outros Apolo), à maneira do que se fazia nas escolas filosóficas gregas. Os coríntios corriam, dessa forma, o risco de fazer da fé uma ideologia, mais ou menos brilhante conforme as qualidades pessoais ou a elegância do discurso dos mestres que defendiam as teses. Paulo está consciente, no entanto, que o único mestre é Cristo e que a verdadeira sabedoria não é a que resulta do brilho e da elegância das palavras ou da coerência dos sistemas filosóficos, mas é a que resulta da cruz.
Depois de denunciar a pretensão dos coríntios em encontrar nos homens a verdadeira proposta de sabedoria para chegar a uma vida plena, Paulo vai apresentar – de forma mais desenvolvida – a “sabedoria de Deus”.

MENSAGEM
Para Paulo, falar da “sabedoria de Deus” é falar do projecto de salvação que Deus preparou para a humanidade (noutros textos, Paulo usa um outro conceito para falar da mesma coisa: “mystêrion” – cf. Rom 16,25; Ef 1,3-10; 3,3.4.9; Col 1,26; 2,2; 4,3). Trata-se de um plano “que Deus preparou para aqueles que o amam”, no sentido de os levar à salvação, à vida plena. Esse plano resulta do amor e da solicitude de Deus pelos seus filhos, os homens. É um plano que o próprio Deus manteve misterioso e oculto durante muitos séculos, e só revelou através do seu Filho, Jesus Cristo (antes de revelação feita através das palavras, dos gestos, da pessoa de Cristo, dificilmente os homens estariam preparados para compreender o alcance e a profundidade do plano divino, da “sabedoria de Deus”).
Na leitura que Paulo faz da história da salvação, as coisas são claras: Deus escolheu-nos desde sempre e quis que nos tornássemos santos e irrepreensíveis, a fim de chegarmos à vida eterna, à felicidade total, à realização plena. Por isso, veio ao nosso encontro, fez aliança connosco, indicou-nos os caminhos da vida e da felicidade; e, na plenitude dos tempos, enviou ao nosso encontro o seu próprio Filho, que nos libertou do pecado, que nos inseriu numa dinâmica de amor e de doação da vida e que nos convocou à comunhão com Deus e com os irmãos. Na cruz de Jesus, está bem expressa esta história de amor que vai até ao ponto de o próprio Filho dar a vida por nós… Esse plano de salvação continua, agora, a acontecer na vida dos crentes pela acção do Espírito: é o Espírito que nos anima no sentido de nascermos, dia a dia, como homens novos, até nos identificarmos totalmente com Cristo.

ACTUALIZAÇÃO
• O projecto de salvação que Deus tem para os homens, e que resulta do seu imenso amor por nós, é um projecto que nos garante a vida definitiva, a realização plena, a chegada ao patamar do Homem Novo, a identificação final com Cristo. Os crentes são, em consequência deste dinamismo de esperança que o projecto de salvação de Deus introduz na nossa história, pessoas que olham a vida com os olhos cheios de confiança, que sabem enfrentar sem medo nem dramas as crises, as vicissitudes, os problemas que o dia-a-dia lhes apresenta, e que caminham cumprindo a sua missão no mundo, em direcção à meta final que Deus tem reservada para aqueles que O amam.
• No entanto, Deus não força ninguém: a opção pelo caminho que conduz à vida plena, ao Homem Novo, é uma escolha livre que cada homem e cada mulher devem fazer. O que Deus faz é ladear o nosso caminho de “sinais” (mandamentos) que indicam como chegar a essa meta final de vida definitiva. Como é que eu percorro esse caminho: na atenção constante aos “sinais” de Deus, ou na auto-suficiência de quem quer ser o responsável único pela sua liberdade e não precisa de Deus para nada?

Aleluia, aleluia, aleluia.
Eu te louvo, ó Pai santo, Deus do céu, Senhor da terra: os mistérios do teu reino aos pequenos, Pai, revelas (Mt 11,25).
EVANGELHO (Mateus 5,17-37 ou 20-22.27-28.33-34.37)
Naquele tempo, disse Jesus a seus discípulos: 5 17 "Não julgueis que vim abolir a lei ou os profetas. Não vim para os abolir, mas sim para levá-los à perfeição.
18 Pois em verdade vos digo: passará o céu e a terra, antes que desapareça um jota, um traço da lei.
19 Aquele que violar um destes mandamentos, por menor que seja, e ensinar assim aos homens, será declarado o menor no Reino dos céus. Mas aquele que os guardar e os ensinar será declarado grande no Reino dos céus.
20 Digo-vos, pois, se vossa justiça não for maior que a dos escribas e fariseus, não entrareis no Reino dos céus.
21 Ouvistes o que foi dito aos antigos: ‘Não matarás, mas quem matar será castigado pelo juízo do tribunal’.
22 Mas eu vos digo: todo aquele que se irar contra seu irmão será castigado pelos juízes. Aquele que disser a seu irmão: ‘Raca’, será castigado pelo Grande Conselho. Aquele que lhe disser: ‘Louco’, será condenado ao fogo da geena.
23 Se estás, portanto, para fazer a tua oferta diante do altar e te lembrares de que teu irmão tem alguma coisa contra ti,
24 deixa lá a tua oferta diante do altar e vai primeiro reconciliar-te com teu irmão; só então vem fazer a tua oferta.
25 Entra em acordo sem demora com o teu adversário, enquanto estás em caminho com ele, para que não suceda que te entregue ao juiz, e o juiz te entregue ao seu ministro e sejas posto em prisão.
26 Em verdade te digo: dali não sairás antes de teres pago o último centavo.
27 Ouvistes que foi dito aos antigos: ‘Não cometerás adultério’.
28 Eu, porém, vos digo: todo aquele que lançar um olhar de cobiça para uma mulher, já adulterou com ela em seu coração.
29 Se teu olho direito é para ti causa de queda, arranca-o e lança-o longe de ti, porque te é preferível perder-se um só dos teus membros, a que o teu corpo todo seja lançado na geena.
30 E se tua mão direita é para ti causa de queda, corta-a e lança-a longe de ti, porque te é preferível perder-se um só dos teus membros, a que o teu corpo inteiro seja atirado na geena.
31 Foi também dito: ‘Todo aquele que rejeitar sua mulher, dê-lhe carta de divórcio’.
32 Eu, porém, vos digo: todo aquele que rejeita sua mulher, a faz tornar-se adúltera, a não ser que se trate de matrimônio falso; e todo aquele que desposa uma mulher rejeitada comete um adultério.
33 Ouvistes ainda o que foi dito aos antigos: ‘Não jurarás falso, mas cumprirás para com o Senhor os teus juramentos’.
34 Eu, porém, vos digo: não jureis de modo algum, nem pelo céu, porque é o trono de Deus;
35 nem pela terra, porque é o escabelo de seus pés; nem por Jerusalém, porque é a cidade do grande Rei.
36 Nem jurarás pela tua cabeça, porque não podes fazer um cabelo tornar-se branco ou negro.
37 Dizei somente: ‘Sim’, se é sim; ‘não’, se é não. Tudo o que passa além disto vem do Maligno.

Um Cristianismo além da Lei
Minha equipe de teólogos da comunidade, que são meus colaboradores nas reflexões sobre pó evangelho, andou quebrando a cabeça para compreender esses ensinamentos de Jesus, que com certeza não foram ditos em uma mesma hora, mas ajuntados por alguém, diante de problemas que a comunidade enfrentava. E quando chegou na parte da mutilação dos membros e também arrancar o olho, causador do pecado, a equipe disse em tom de humor, que chegaremos no céu todos mutilados e que vai ser difícil alguém chegar “inteiro”.
Em cada um desses ensinamentos há uma única verdade que Jesus proclama: o desafio de sair da medíocre obediência as Leis, para podermos passar a algo sem medida, e que vai muito além da conduta e do comportamento humano, é um convite para migrarmos do meramente humano para o plenamente Divino, somente possível com a Graça de Deus e a Luz da Fé, que vislumbra uma realidade até então invisível para o homem, presente em Jesus de Nazaré. Sem Jesus, a única referência é o seguimento á Lei de Moisés, atitude que norteava a vida de um homem bom, justo, virtuoso e crente em Deus, claro que a Salvação também tinha um sentido bem restrito, e se conquistava nesta vida. Jesus, ao apresentar o ensinamento desse evangelho, desmonta esse quadro de uma Religião legalista, transformando a relação com Deus em uma realidade transcendente.
Jesus, nascido Judeu e participante do Judaísmo, não é um velho saudosista, preso as lembranças do passado, de tudo aquilo que Deus realizou pelo seu povo, não fica chorando sobre o leite derramado, mas convida os seus discípulos e a todos nós, a olharmos com otimismo para o presente e a fazermos a coisas muito melhores, e como a sua presença entre nós mudou a sorte de toda a humanidade, tem autoridade para dizer, “Eu porém vos digo...”
A Lei de Moisés em sua essência é a Lei de Deus, o seguimento a ela faz a diferença entre a Vida e a morte, entre a bênção e a maldição, o bem ou o mal, diante dessa Lei temos sempre a escolha e o livre arbítrio, o próprio Senhor diz em outro evangelho, que não veio para revogar a Lei, mas para mostrar o seu verdadeiro sentido e aprimoramento, para que a lei atinja a sua plenitude.
Mas só o puro cumprimento da Lei não nos fará feliz e nem realizados, a minha equipe de teólogos da comunidade lembrou-se de um bom exemplo.
“A gente dirige e decide respeitar e obedecer toda sinalização, mas no estresse causado no próprio trânsito, acaba gritando e ofendendo os outros condutores, as vezes os pedestres, dizemos palavrões em nosso veículo, que o outro não escuta, praguejamos, amaldiçoamos, ficamos enlouquecidos ao volante e perdemos a paciência...Seguimos a lei mas não fomos felizes nessa ação, por que ? Faltou ser amoroso, misericordioso e paciencioso com as pessoas e essa atitude não é Lei escrita na pedra, mas no coração do homem, é a Lei do amor na relação com as pessoas.
Por isso, podemos dizer que um bom Cristão segue a doutrina, as normas da Igreja, pratica os preceitos, mas, um Cristão de Verdade vive no amor e na comunhão com Deus e com as pessoas.. Por isso Jesus apresenta-nos essa proposta de darmos um passo além, não permanecendo na mediocridade do dever cumprido, mas testemunhando um amor sem medidas, que não quer apenas não “matar” o outro, mas respeitar a sua vida e a sua dignidade, ser solidário, ter paciência, uma vez que, podemos matar o outro de muitas maneiras, não só com armas de fogo ou arma branca, mas principalmente com a língua, com a nossa conduta em relação ao outro, uma morte dissimulada na frieza, no desprezo e na indiferença, quantos morrem ao nosso lado, vítimas deste nosso pecado...
Ofertar algo a Deus em algum trabalho da comunidade ou em algum empreendimento da nossa Vida de Fé é coisa muito boa, mas Deus só aceita esse oferecimento se estivermos de bem com as pessoas, não alimentar no coração ódio e rancor ou qualquer ranço contra quem quer que seja, porque se estivermos de bem com Deus e de mal com algum irmão, o amor torna-se uma mentira.
Adulterar uma relação, principalmente a conjugal, é torná-la falsa e sem valor, podemos adulterar essa relação de muitos modos, a traição é apenas uma delas. Mas o adultério pode ocorrer em um olhar, em um desejo ainda que não manifesto, em uma relação desgastada pela indiferença e as vezes pelo desprezo, sempre que não contribuo, para que o amor e a vida em comunhão com o cônjuge cresça, e se torne mais consistente, estou semeando a possibilidade de um adultério.
E finalmente um último ensinamento, o que significa “arrancar um olho”, ou cortar algum membro, que nos é causa de pecado? Note-se que essas afirmações está dentro das exortações sobre a vida conjugal e o pecado do adultério, quando falamos da atração entre um homem e uma mulher, facilmente identificamos com o Erro, e daí falamos que homem e mulher são impulsionados pelo instinto. E em nome do tal de instinto cometem-se as maiores barbaridades no campo da afetividade humana, voltada para a sexualidade.
Jesus não escreve mais a Lei nas pedras, mas sim no coração do homem, que agora é livre para tomar suas decisões, para dizer SIM ou NÃO ao fazer suas escolhas, a religião torna-se assim mais intimista, e o ser humano não irá mais agir, com seus sentidos, a partir dos seus instintos, mas sim a partir do Amor de Deus, que experimenta em seu coração, e que irradia em todas as suas ações, nas relações com Deus, consigo mesmo e com o próximo, E assim fazendo, o homem rompe com a religião legalista, pois se abrindo para a graça de Deus manifestada em Jesus, ele alarga o seu horizonte de compreensão e conhecimento do verdadeiro e Único Amor, capaz de salvá-lo e de fazê-lo imensamente Feliz.
Oração
Pai, guiado pelos ensinamentos de Jesus, revela-me teu querer divino, livrando-me de dar-me por satisfeito com a observância superficial dos teus mandamentos.

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