terça-feira, 18 de fevereiro de 2014

Semana da Septuagésima



Segunda 17 de Fevereiro de 2014

Antífona da entrada: Sede o rochedo que me abriga, a casa bem defendida que me salva. Sois minha fortaleza e minha rocha; para honra do vosso nome, vós me conduzis e alimentais (Sl 30,3s).

Leitura (Tiago 1,1-11)

Leitura da carta de são Tiago.
1 1 Tiago, servo de Deus e do Senhor Jesus Cristo, às doze tribos da dispersão, saúde!
2 Considerai que é suma alegria, meus irmãos, quando passais por diversas provações,
3 sabendo que a prova da vossa fé produz a paciência.
4 Mas é preciso que a paciência efetue a sua obra, a fim de serdes perfeitos e íntegros, sem fraqueza alguma.
5 Se alguém de vós necessita de sabedoria, peça-a a Deus - que a todos dá liberalmente, com simplicidade e sem recriminação - e ser-lhe-á dada.
6 Mas peça-a com fé, sem nenhuma vacilação, porque o homem que vacila assemelha-se à onda do mar, levantada pelo vento e agitada de um lado para o outro.
7 Não pense, portanto, tal homem que alcançará alguma coisa do Senhor,
8 pois é um homem irresoluto, inconstante em todo o seu proceder.
9 Mas que os irmãos humildes se gloriem de sua elevação;
10 os ricos, pelo contrário, de sua humilhação, porque passarão como a flor dos campos.
11 Desponta o sol com ardor, seca a erva, cai sua flor e perde a beleza do seu aspecto. Assim murcha também o rico em suas empresas.


Tiago 1, 1-11 – “ fé provada e aprovada”

Às vezes nós não entendemos o porquê das provações, das dificuldades. São Tiago abre-nos os olhos para enxergar esta grande verdade: para que sejamos perfeitos como o Pai o é, precisamos ser perseverantes e a perseverança é obra de uma fé posta em prática. Como podemos dizer que temos fé, como podemos dizer que somos perseverantes se tudo acontecer para nós como passe de mágica? Deus nos dá a sabedoria sem pedir nada em troca. E é com a sabedoria que nós adquirimos a fé. Se, temos a sabedoria de Deus, não podemos duvidar das suas obras. Precisamos, pois, pedir a Deus a sabedoria para que não nos tornemos “ricos” de nós mesmos (as) e no final sejamos humilhados, caindo na nossa própria arapuca. Precisamos, também, ter consciência de que tudo passará: os nossos bens, a nossa juventude, o tempo dos grandes empreendimentos. Restar-nos-á, somente, a Sabedoria de Deus que é o Seu Amor agindo em nós. Porém, peçamos a Deus a sabedoria, com fé, sem duvidar nem olhar para o que o mundo nos ensina.

Salmo responsorial 118/119

Venha a mim o vosso amor e viverei.

Antes de ser por vós provado, eu me perdera;
mas agora sigo firme em vossa lei!

Porque sois bom e realizais somente o bem,
ensinai-me a fazer vossa vontade!

Para mim foi muito bom ser humilhado,
porque assim eu aprendi vossa vontade!

A lei de vossa boca, para mim,
vale mais do que milhões em ouro e prata.

Sei que os vossos julgamentos são corretos,
e com justiça me provastes, ó Senhor!

Vosso amor seja um consolo para mim,
conforme a vosso servo prometestes.

Salmo 118 – “Venha a mim o vosso amor e viverei!”

O salmista ressalta o Amor de Deus como sendo a maior riqueza que nós podemos obter. O amor de Deus é para nós consolo e esperança de vida nova. Mesmo que nos percamos nos caminhos da vida e sejamos provados e humilhados, nós podemos ter a certeza de que a vontade de Deus para nós é a felicidade. Portanto, não percamos tempo e voltemos para o Senhor. Confiemos na Sua misericórdia e persigamos a Sua Lei que é o Amor vivendo em nós.

Evangelho (Marcos 8,11-13)

Aleluia, aleluia, aleluia.
Sou o caminho, a verdade e a vida, ninguém vem ao Pai, senão por mim (Jô 14,6).

8 11 Vieram os fariseus e puseram-se a disputar com Jesus e pediram-lhe um sinal do céu, para pô-lo à prova.
12 Jesus, porém, suspirando no seu coração, disse: “Por que pede esta geração um sinal? Em verdade vos digo: jamais lhe será dado um sinal”.
13 Deixou-os e seguiu de barca para a outra margem.


O PEDIDO RECUSADO
Jesus recusou-se terminantemente a fazer exibição de seu poder taumatúrgico, para satisfazer a curiosidade alheia ou para provar, a quem se recusava aceitá-lo, sua condição messiânica. Os fariseus tentaram, sem sucesso, arrancar um milagre de Jesus nestas condições. Jesus não caiu nesta armadilha.
São vários os motivos da recusa de Jesus. Os milagres não têm, por si mesmos, o poder de convencer ninguém e levá-lo à fé. Fazer um milagre diante dos fariseus seria perda de tempo e poderia ter o efeito de fazê-los odiar Jesus ainda mais. Os milagres pressupõem a fé e os fariseus representavam uma categoria de pessoas refratárias a Jesus e incapazes de perceber o verdadeiro significado de seu gesto. Os milagres têm como objetivo levar a salvação do Reino a quem é privado de sua saúde ou tem a vida ameaçada. Esse não era o caso dos fariseus que não estavam dispostos a abrir mão de seus preconceitos contra Jesus.
Recusando atender o pedido dos fariseus, Jesus manifestou uma atitude de firmeza diante da tentação de um messianismo espetacular e exibicionista que mantém as pessoas cativas de seu egoísmo, sem sensibilizá-las para o amor e a misericórdia. Igualmente, a tentação de um messianismo humanamente gratificante, pelo sucesso e pelos aplausos. Jesus estava certo de que isto não correspondia ao querer do Pai.

Oração
Senhor Jesus, que eu jamais caia na tentação do exibicionismo e da busca do reconhecimento humano fácil, pois não é este o caminho do Pai.


Terça 18 de Fevereiro de 2014

Antífona da entrada: Sede o rochedo que me abriga, a casa bem defendida que me salva. Sois minha fortaleza e minha rocha; para honra do vosso nome, vós me conduzis e alimentais (Sl 30,3s).

Leitura (Tiago 1,12-18)

Leitura da carta de são Tiago.
1 12 Feliz o homem que suporta a tentação. Porque, depois de sofrer a provação, receberá a coroa da vida que Deus prometeu aos que o amam.
13 Ninguém, quando for tentado, diga: “É Deus quem me tenta. Deus é inacessível ao mal e não tenta a ninguém”.
14 Cada um é tentado pela sua própria concupiscência, que o atrai e alicia.
15 A concupiscência, depois de conceber, dá à luz o pecado; e o pecado, uma vez consumado, gera a morte.
16 Não vos iludais, pois, irmãos meus muito amados.
17 Toda dádiva boa e todo dom perfeito vêm de cima: descem do Pai das luzes, no qual não há mudança, nem mesmo aparência de instabilidade.
18 Por sua vontade é que nos gerou pela palavra da verdade, a fim de que sejamos como que as primícias das suas criaturas.


A provação não é mais do que isso mesmo, provação. Mas pode tornar-se tentação, quando nos leva a inclinar-nos para o mal. Pode-se então concluir que, se a provação vem de Deus, também a tentação vem dele? Não, porque esse pensamento leva ao fatalismo, contrário à fé judaica e à fé cristã. A própria natureza de Deus exclui esse modo de pensar: «porque Deus não é tentado pelo mal, nem tenta ninguém» (v. 13). A origem das nossas tentações está na concupiscência que nos leva ao pecado. Por sua vez, o pecado leva-nos à morte, não tanto física, mas espiritual. Ora, Deus é «o Pai das luzes» (cf. Job 38, 7.28), isto é, o Transcendente, que está acima de tudo, também dos astros e que, por isso, não está sujeito às mudanças que neles observamos. O v. 18 alude ao novo nascimento que está na origem do ser cristão (cf. Jo 3, 3-5) e que é possível, não com o nosso esforço, mas por dom de Deus, graças à «palavra da verdade», isto é, ao Evangelho. Os que renascem pelo baptismo são primícias da nova humanidade porque, aos cristãos, há-de seguir-se a colheita para Deus de todos os povos, de toda a humanidade.

Salmo responsorial 93/94

Bem-aventurado é aquele a quem ensinais vossa lei!

É feliz, ó Senhor, quem formais
educais nos caminhos da lei
para dar-lhe um alívio na angústia.

O Senhor não rejeita o seu povo
e não pode esquecer sua herança:
voltarão a juízo as sentenças;
quem é reto andará na justiça.

Quando eu penso: “Estou quase caindo!”,
vosso amor me sustenta, Senhor!
Quando o meu coração se angustia,
consolais e alegrais minha alma.

 

Evangelho (Marcos 8,14-21)

Aleluia, aleluia, aleluia.
Quem me ama, realmente, guardará minha palavra e meu Pai o amará, e a ele nós viremos (Jo 14,2).

8 14 Aconteceu que os discípulos de Jesus haviam esquecido de levar pães consigo. Na barca havia um único pão.
15 Jesus advertiu-os: “Abri os olhos e acautelai-vos do fermento dos fariseus e do fermento de Herodes!”
16 E eles comentavam entre si que era por não terem pão.
17 Jesus percebeu-o e disse-lhes: “Por que discutis por não terdes pão? Ainda não tendes refletido nem compreendido? Tendes, pois, o coração insensível?
18 Tendo olhos, não vedes? E tendo ouvidos, não ouvis? Não vos lembrais mais?
19 Ao partir eu os cinco pães entre os cinco mil, quantos cestos recolhestes cheios de pedaços?” Responderam-lhe: “Doze”.
20 E quando eu parti os sete pães entre os quatro mil homens, quantos cestos de pedaços levantastes? “Sete”, responderam-lhe.
21 Jesus disse-lhes: “Como é que ainda não entendeis?”


CUIDADO COM A HIPOCRISIA
Jesus procurava precaver seus discípulos contra certas posturas farisaicas, indignas de um discípulo do Reino. Algumas correntes do farisaísmo haviam tomado rumos com os quais Jesus não estava de acordo. Eles eram vítimas do vedetismo, fazendo suas ações para terem o reconhecimento popular. Padeciam também da hipocrisia. Seu exterior não correspondia ao interior. Por isso, eram falsos quando davam demonstração de piedade. Eles tinham um apego exagerado às Escrituras, que eram interpretadas a seu bel prazer, mesmo falseando seu sentido e fazendo interpretações contrárias ao sentido da Lei. Os fariseus nutriam profundo desprezo por quem não era "perfeito" como eles. E acabavam formando um grupo hermético de pretensos puros e santos. Os discípulos de Jesus não estavam imunes de serem contaminados por este mau espírito, o fermento dos fariseus. Era preciso estar atento.
Outra mentalidade contra a qual era preciso cuidar-se foi designada como o fermento de Herodes. Esse rei foi conhecido por sua megalomania, cruel violência, impiedade, tirania e arrogância. Todas estas são atitudes indignas dos discípulos do Reino, embora possam se deixar arrastar por elas.
A conduta do discípulo é permeada pelo fermento de Jesus. É na contemplação do Mestre que os discípulos saberão como ser fiéis à sua fé.

Oração
Senhor Jesus, guarda-me do fermento do mundo que contamina meu coração e me impede de ser fermentado por ti e pelo teu Espírito.


Quarta 19 de Fevereiro de 2014

Antífona da entrada: Sede o rochedo que me abriga, a casa bem defendida que me salva. Sois minha fortaleza e minha rocha; para honra do vosso nome, vós me conduzis e alimentais (Sl 30,3s).

Leitura (Tiago 1,19-27)

Leitura da Carta de São Tiago.
1 19 Já o sabeis, meus diletíssimos irmãos: todo homem deve ser pronto para ouvir, porém tardo para falar e tardo para se irar;
20 porque a ira do homem não cumpre a justiça de Deus.
21 Rejeitai, pois, toda impureza e todo vestígio de malícia e recebei com mansidão a palavra em vós semeada, que pode salvar as vossas almas.
22 Sede cumpridores da palavra e não apenas ouvintes; isto equivaleria a vos enganardes a vós mesmos.
23 Aquele que escuta a palavra sem a realizar assemelha-se a alguém que contempla num espelho a fisionomia que a natureza lhe deu:
24 contempla-se e, mal sai dali, esquece-se de como era.
25 Mas aquele que procura meditar com atenção a lei perfeita da liberdade e nela persevera - não como ouvinte que facilmente se esquece, mas como cumpridor fiel do preceito -, este será feliz no seu proceder.
26 Se alguém pensa ser piedoso, mas não refreia a sua língua e engana o seu coração, então é vã a sua religião.
27 A religião pura e sem mácula aos olhos de Deus e nosso Pai é esta: visitar os órfãos e as viúvas nas suas aflições, e conservar-se puro da corrupção deste mundo.


Tiago 1, 12-18 - “todo dom precioso vem de Deus”

São Tiago sabiamente nos revela que a provação é uma consequência natural da vida e nos exercita para que estejamos firmes no amor de Deus, confiando no Seu livramento. O homem que suporta a provação receberá a coroa da vida que o Senhor prometeu àqueles que O amam, e por isso, suportam as dificuldades por AMOR. O Senhor transforma a nossa dor em AMOR! A tentação, porém, não vem de Deus. A tentação vem do mal e é uma decorrência da nossa própria concupiscência que concebe em nós o pecado, nos arrasta e nos seduz e faz com que demos luz a ele e o pratiquemos, gerando a morte da nossa alma. Deus é Pai de todo dom precioso e de toda a dádiva perfeita. Tudo o que é bom, belo, agradável, vem do alto e é dom perfeito de Deus. Deus é imutável, não muda conforme nós mudamos. Ele nos gerou para o bem e não deseja para nós, nenhum mal, por isso, Ele não nos tenta! Não podemos continuar dizendo que caímos nos erros porque Deus assim o quis. De maneira alguma! Somos livres para escolher o caminho do bem, se caímos no mal é porque cedemos à tentação que nos leva para o mal, o pecado e a morte. Pelo contrário, a provação, as dificuldades e até o sofrimento quando colocados na Cruz de Jesus, nos purificam e modelam a nossa alma! Precisamos estar atentos (as) aos dons de Deus e às maravilhas que Ele realiza através dos bons acontecimentos da nossa vida.

Salmo responsorial 14/15

Senhor, quem morará em vosso monte santo?

É aquele que caminha sem pecado
e pratica a justiça fielmente;
que pensa a verdade no seu íntimo
e não solta em calúnias sua língua.

que em nada prejudica o seu irmão
nem cobre de insultos seu vizinho;
que não dá valor algum ao homem ímpio,
mas honra os que respeitam o Senhor.

Não empresta o seu dinheiro com usura
nem se deixa subornar contra o inocente.
Jamais vacilará quem vive assim!

Salmo 93 – “Bem aventurado é aquele a quem ensinais vossa lei!”

A nossa fé e confiança no amor misericordioso de Deus Pai e a nossa humildade em reconhecer o nosso pecado são o caminho que nos leva à justiça. Por isso, o salmista diz que é feliz quem é formado e educado nos caminhos da lei. O Senhor não nos rejeita, Ele espera o nosso arrependimento. Quando pensamos que estamos caindo, o Amor do Senhor nos sustenta e ampara. Um coração arrependido e suplicante é uma alma consolada pela graça de Deus. Por isso, não percamos tempo aninhando o pecado dentro de nós, voltemo-nos para o Deus misericordioso e teremos de novo a vida em abundância.

Evangelho (Marcos 8,22-26)

Aleluia, aleluia, aleluia.
Que o Pai do Senhor Jesus Cristo vos dê do saber o Espírito; para que conheçais a esperança, reservada para vós como herança! (Ef 1,17s)


Naquele tempo, 8 22 Jesus e seus discípulos chegando a Betsaida, trouxeram-lhe um cego e suplicaram-lhe que o tocasse.
23 Jesus tomou o cego pela mão e levou-o para fora da aldeia. Pôs-lhe saliva nos olhos e, impondo-lhe as mãos, perguntou-lhe: "Vês alguma coisa?"
24 O cego levantou os olhos e respondeu: "Vejo os homens como árvores que andam".
25 Em seguida, Jesus lhe impôs as mãos nos olhos e ele começou a ver e ficou curado, de modo que via distintamente de longe.
26 E mandou-o para casa, dizendo-lhe: "Não entres nem mesmo na aldeia".


Evangelho – Marcos 8, 14-21 - “Nem só de pão vive o homem”

Jesus advertia aos seus discípulos que tivessem cuidado com “o fermento dos fariseus e de Herodes”, a desconfiança, a falta de fé e a falsidade. Os discípulos, no entanto, tinham dificuldade em compreender o que Jesus lhes falava porque não O escutavam de coração. Eles não entendiam bem das coisas espirituais e pensavam que Jesus estava se referindo ao pão, alimento material. Mesmo depois dos milagres da multiplicação dos pães eles continuavam inseguros quanto á sua sobrevivência. Por isso, Jesus replicou: “Por que discutis sobre falta de pão? Ainda não entendeis nem compreendeis? Tendes o coração endurecido?” “Não vos lembrais de quando reparti cinco pães para cinco mil pessoas”? Assim também somos nós! Como os discípulos de Jesus, “tendo olhos, nós não vemos e tendo ouvidos, nós não ouvimos”. Temos o coração endurecido, e não enxergamos o poder de Deus para providenciar tudo de que precisamos na nossa vida. Esquecemo-nos da Sua força misteriosa e de quantas coisas maravilhosas já aconteceram na nossa vida! No entanto, nós, às vezes, nos apegamos à situação do momento e desconfiamos de que Ele, o Senhor, tem poder para fazer por nós muito mais do que imaginamos.

Oração
Senhor Jesus, restitua em mim a visão para que eu possa ver claramente o caminho para onde tu me conduzes. 


Quinta 20 de Fevereiro de 2014

Antífona da entrada: Sede o rochedo que me abriga, a casa bem defendida que me salva. Sois minha fortaleza e minha rocha; para honra do vosso nome, vós me conduzis e alimentais (Sl 30,3s).

Leitura (Tiago 2,1-9)

Leitura da Carta de São Tiago.
2 1 Meus irmãos, na vossa fé em nosso glorioso Senhor Jesus Cristo, guardai-vos de toda consideração de pessoas.
2 Suponde que entre na vossa reunião um homem com anel de ouro e ricos trajes, e entre também um pobre com trajes gastos;
3 se atenderdes ao que está magnificamente trajado, e lhe disserdes: "Senta-te aqui, neste lugar de honra", e disserdes ao pobre: "Fica ali de pé", ou: "Senta-te aqui junto ao estrado dos meus pés",
4 não é verdade que fazeis distinção entre vós, e que sois juízes de pensamentos iníquos?
5 Ouvi, meus caríssimos irmãos: porventura não escolheu Deus os pobres deste mundo para que fossem ricos na fé e herdeiros do Reino prometido por Deus aos que o amam?
6 Mas vós desprezastes o pobre! Não são porventura os ricos os que vos oprimem e vos arrastam aos tribunais?
7 Não blasfemam eles o belo nome que trazeis?
8 Se cumprirdes a lei régia da Escritura: Amarás o teu próximo como a ti mesmo, sem dúvida fazeis bem.
9 Mas se vos deixais levar por distinção de pessoas, cometeis uma falta e sereis condenados pela lei como transgressores.


Tiago 2, 1-9 - “juízes com critérios injustos,”

Quando lemos esta mensagem de São Tiago, podemos também apreender muitas lições para a nossa vida em comunidade e em família! Nós nos dizemos cristãos, seguidores de Jesus Cristo, achamos que vivemos os mandamentos da Lei de Deus e esperamos entrar nos tabernáculos eternos, no entanto, a Palavra de Deus é clara quanto ao tratamento que damos aos nossos irmãos. A fé em Jesus não admite acepção de pessoas, distinção entre os mais ou menos, ricos, bonitos, sábios, poderosos, saudáveis, agradáveis. Na comunidade, na família, isto é, nos nossos relacionamentos, todos merecem atenção. Os que têm o anel no dedo, isto é, os graduados, os mais bem vestidos, os que sabem falar bem, cantar bem, tocar bem, não devem ser destacados dos demais que no silencio e no anonimato estão no mundo a serviço do reino e para a missão também específica de amar e receber amor. Todos devem ter direitos, ao amor, à acolhida, à atenção e vez para falar, questionar, opinar. Agindo ao contrário, nos tornaremos juízes com critérios injustos, isto é, contra o desígnio de Deus, e desajustados da Sua vontade. Precisamos ser colunas edificadas igualmente dando chance para que todos cresçam e se tornem fortes, construtivos e participantes. O Espírito Santo é quem manifesta em todos, a inteligência e a sabedoria de Deus. A Palavra nos afirma que agimos bem quando amamos nosso próximo como a nós mesmos.

Salmo responsorial 33/34

Este infeliz gritou a Deus e foi ouvido!

Bendirei o Senhor Deus em todo o tempo,
seu louvor estará sempre em minha boca.
Minha alma se gloria no Senhor;
que ouçam os humildes e se alegrem!

Comigo engrandecei ao Senhor Deus,
exaltemos todos juntos o seu nome!
Todas as vezes que o busquei, ele me ouviu,
e de todos os temores me livrou.

Contemplai a sua face e alegrai-vos,
e vosso rosto não se cubra de vergonha!
Este infeliz gritou a Deus e foi ouvido,
e o Senhor o libertou de toda angústia.

Salmo 33 – “Este infeliz gritou a Deus e foi ouvido”

Na nossa humildade nós também, como o salmista, reconhecemos que o Senhor não discrimina ninguém que se volta para Ele e recorre à Sua Misericórdia. Quando fazemos a experiência de gritar por socorro nós comprovamos a eficácia da oração que é feita de coração. Sentimos a alegria de contemplar a face do Senhor e de ter recebido Dele amparo para as nossas fraquezas. Então, o Senhor nos liberta de toda angústia.

Evangelho (Marcos 8,27-33)

Aleluia, aleluia, aleluia.
Senhor, tuas palavras são espírito, são vida; só tu tens palavras de vida eterna! (Jo 6,63.68)

8 27 Jesus saiu com os seus discípulos para as aldeias de Cesaréia de Filipe, e pelo caminho perguntou-lhes: “Quem dizem os homens que eu sou?”
28 Responderam-lhe os discípulos: “João Batista; outros, Elias; outros, um dos profetas”.
29 Então perguntou-lhes Jesus: “E vós, quem dizeis que eu sou?” Respondeu Pedro: “Tu és o Cristo”.
30 E ordenou-lhes severamente que a ninguém dissessem nada a respeito dele.
31 E começou a ensinar-lhes que era necessário que o Filho do homem padecesse muito, fosse rejeitado pelos anciãos, pelos sumos sacerdotes e pelos escribas, e fosse morto, mas ressuscitasse depois de três dias.
32 E falava-lhes abertamente dessas coisas. Pedro, tomando-o à parte, começou a repreendê-lo.
33 Mas, voltando-se ele, olhou para os seus discípulos e repreendeu a Pedro: “Afasta-te de mim, Satanás, porque teus sentimentos não são os de Deus, mas os dos homens”.

Evangelho - 8, 27-33 – Marcos 8, 27-33 - “ Não pensamos como Deus mas como os 
homens

Neste episódio, Pedro expressa a dubiedade de sentimento que existe no coração de todo ser humano. Primeiramente, ele, inspirado pelo Espírito, proclamou que Jesus era o Messias, mas logo que foi tocado na sua fraqueza humana quando Jesus lhe falou de sofrimento e de dificuldade ele teve uma reação rebelde de quem está contra o pensamento de Deus. Há momentos na nossa vida em que nós também percebemos claramente o pensamento de Deus e entendemos as coisas que Ele nos segreda aos ouvidos. Outras vezes, porém, somos levados pela nossa humanidade fraca e precária, e, assim, expressamos o pensamento do mundo: rejeitamos o sofrimento, repudiamos toda mudança de planos, não aceitamos ser humilhados querendo que tudo ocorra sem nenhum contratempo. Precisamos estar atentos (as) com o que os nossos lábios pronunciam e perceber a fonte que gera os nossos pensamentos, palavras e ações. Somos anjos (mensageiros de Deus), ou satanás (adversário, acusador), na medida em que escutamos o Espírito Santo ou as falsas sugestões da nossa humanidade. Somos assim, da nossa boca saem bênção e maldição. Não aceitamos ser humilhados e o nosso orgulho logo se exaspera quando alguém nos acena com esta perspectiva. Jesus veio para nós justamente porque somos imperfeitos, por isso não podemos esmorecer diante da decepção que temos de nós mesmos (as), mas permanecermos vigilantes reconhecendo a nossa fragilidade. Assim como falou aos discípulos Jesus hoje, também, quer saber de nós concretamente o que temos a dizer sobre Ele. Quem é Jesus para nós? Precisamos ter consciência de que Jesus é Aquele Enviado do Pai que veio ao mundo para, concretamente, nos fazer entender e experimentar que todos podemos passar por qualquer dificuldade de vida ou morte, confiando no Seu poder e na graça do sustento de Deus. Ele é a Mão de Deus que nos ampara, por isso, não precisamos nos inquietar nem nos angustiar diante dos desafios.

Oração
Senhor Jesus, faz-me compreender que tu escolheste o caminho da cruz e do sofrimento para realizar a missão recebida do Pai.


Sexta 21 de Fevereiro de 2014

Antífona da entrada: Sede o rochedo que me abriga, a casa bem defendida que me salva. Sois minha fortaleza e minha rocha; para honra do vosso nome, vós me conduzis e alimentais (Sl 30,3s).

Leitura (Tiago 2,14-24.26)

Leitura da Carta de São Tiago.
2 14 De que aproveitará, irmãos, a alguém dizer que tem fé, se não tiver obras? Acaso esta fé poderá salvá-lo?
15 Se a um irmão ou a uma irmã faltarem roupas e o alimento cotidiano,
16 e algum de vós lhes disser: “Ide em paz, aquecei-vos e fartai-vos”, mas não lhes der o necessário para o corpo, de que lhes aproveitará?
17 Assim também a fé: se não tiver obras, é morta em si mesma.
18 Mas alguém dirá: “Tu tens fé, e eu tenho obras. Mostra-me a tua fé sem obras e eu te mostrarei a minha fé pelas minhas obras”.
19 Crês que há um só Deus. Fazes bem. Também os demônios crêem e tremem.
20 Queres ver, ó homem vão, como a fé sem obras é estéril?
21 Abraão, nosso pai, não foi justificado pelas obras, oferecendo o seu filho Isaac sobre o altar?
22 Vês como a fé cooperava com as suas obras e era completada por elas.
23 Assim se cumpriu a Escritura, que diz: “Abraão creu em Deus e isto lhe foi tido em conta de justiça”, e foi chamado amigo de Deus.
24 Vedes como o homem é justificado pelas obras e não somente pela fé?
26 Assim como o corpo sem a alma é morto, assim também a fé sem obras é morta.


Tiago 2, 14-24.26 – “A fé sem prática é vã”
São Tiago abre os nossos olhos para enxergarmos que a fé, por si só, sem as obras, é morta, isto é, não produz nenhum efeito. A fé nos move a atos concretos. A fé que fica apenas nas palavras e nos sentimentos não é provada nem aprovada e não nos conduz à salvação. A fé em Jesus nos garante a salvação, no entanto, esta só se completa com as obras, portanto, a obra é a concretização da Fé. A nossa fé pode ser considerada verdadeira quando nos leva atos de concretos de caridade conosco e com os irmãos. Os atos concretos de amor e de justiça são o termômetro da nossa fé. As nossas obras, as nossas atitudes, o nosso comportamento por si só, falam da nossa fé. A nossa fé é revelada através das nossas ações de ajuda ao irmão em qualquer situação, seja, material, espiritual ou social. A fé supõe serviço e aceitação da vontade de Deus, por isso São Tiago se refere a Abraão que acreditou, confiou em Deus a ponto de entregar a Ele o seu único filho para ser sacrificado. Isto significa para nós que diante das tribulações da vida, nós também podemos permanecer de pé confiando na ação de Deus e no que Ele irá realizar. Isto também é uma obra de fé!

Salmo responsorial 111/112

Feliz é todo aquele
Que ama com carinho a lei do Senhor Deus!


Feliz o homem que respeita o Senhor
e que ama com carinho a sua lei!
Sua descendência será forte sobre a terra,
abençoada a geração dos homens retos!

Haverá glória e riqueza em sua casa,
e permanece para sempre o bem que fez.
Ele é correto, generoso e compassivo,
como luz brilha nas trevas para os justos.

Feliz o homem caridoso e prestativo,
que resolve seus negócios com justiça.
Porque jamais vacilará o homem reto,
sua lembrança permanece eternamente!

Salmo 111 – “Feliz é todo aquele que ama com carinho a lei do Senhor Deus.”

O salmista considera feliz o homem que vive de acordo com a Lei do Senhor. Para nós, portanto, esta é uma reflexão que precisamos fazer: se vivermos de acordo com os mandamentos do Senhor, haverá glória e riqueza em nossa casa, a nossa descendência será forte e abençoada e a nossa luz brilhará nas trevas. O cumprimento da Lei do Senhor nos leva a sermos caridosos e prestativos e a resolver os nossos negócios com justiça, Assim, nunca vacilaremos e alcançaremos desde já, a felicidade eterna.

 

Evangelho (Marcos 8,34-9,1)

Aleluia, aleluia, aleluia.
Eu vos chamo meus amigos, pois vos dei a conhecer o que o Pai me revelou (Jo 15,15).

Naquele tempo, 8 34 Jesus, convocando a multidão juntamente com os seus discípulos, disse-lhes: "Se alguém me quer seguir, renuncie-se a si mesmo, tome a sua cruz e siga-me.
35 Porque o que quiser salvar a sua vida, perdê-la-á; mas o que perder a sua vida por amor de mim e do Evangelho, salvá-la-á.
36 Pois que aproveitará ao homem ganhar o mundo inteiro, se vier a perder a sua vida?
37 Ou que dará o homem em troca da sua vida?
38 Porque, se nesta geração adúltera e pecadora alguém se envergonhar de mim e das minhas palavras, também o Filho do homem se envergonhará dele, quando vier na glória de seu Pai com os seus santos anjos".
9 1 E dizia-lhes: "Em verdade vos digo: dos que aqui se acham, alguns há que não experimentarão a morte, enquanto não virem chegar o Reino de Deus com poder".


Evangelho – Marcos 8, 34-9,1 – “ ps, porém, se pararmos um pouco para meditar, nós encontramos uma promessa de salvação incontestável. Jesus nos assegura o fim de toda a nossa luta pessoal para nos salvar: basta apenas que nos ponhamos a segui-Lo sem querer tomar para nós a responsabilidade de sozinhos conquistarmos a felicidade eterna. Para isso, precisamos compreender que renunciar a nós mesmos é abdicar da nossa vontade própria, das nossas opiniões, planos, autoridade, mentalidade e comodismo. Tomar a nossa cruz é assumir o nosso dia a dia, com os seus sofrimentos, alegrias com a disposição de construir o reino de Deus. É deixar-se conduzir com segurança, é ganhar a vida, é libertar-se de si mesmo. Quem não quer sofrer pouco, acaba sofrendo muito e toda a pessoa que quer se livrar de qualquer maneira dos seus percalços está procurando salvar a sua própria vida. Quando nós queremos ganhar o mundo inteiro nós estamos querendo realizar a nossa própria redenção. Só pensamos em nós mesmos, não nos comprometemos com os outros, desejamos uma vida refestelada e sem dificuldade. No entanto, quando perdemos a nossa vida por causa do Evangelho e nos entregamos ao Rei, compartilhando alegrias e dificuldades com os outros, então, o reino de Deus acontece com poder e tudo o mais nos virá por acréscimo. 
Oração
Senhor Jesus, confirma em mim o desejo de deixar tudo para te seguir e encontrar a vida verdadeira que tu tens para oferecer.


Sábado 22 de Fevereiro de 2014

Antífona da entrada: O Senhor disse a Simão Pedro: Roguei por ti, para que a tua fé não desfaleça. E tu, por tua vez, confirma os teus irmãos (Lc 22,32).

Leitura (1 Pedro 5,1-4)

Leitura da primeira carta de são Pedro.
Carríssimos, 5 1 eis a exortação que dirijo aos anciãos que estão entre vós; porque sou ancião como eles, fui testemunha dos sofrimentos de Cristo e serei participante com eles daquela glória que se há de manifestar.
2 Velai sobre o rebanho de Deus, que vos é confiado. Tende cuidado dele, não constrangidos, mas espontaneamente; não por amor de interesse sórdido, mas com dedicação;
3 não como dominadores absolutos sobre as comunidades que vos são confiadas, mas como modelos do vosso rebanho.
4 E, quando aparecer o supremo Pastor, recebereis a coroa imperecível de glória.


1 Pedro 5, 1-4 –“ modelos do rebanho”

Este trecho do Capítulo V da I Carta de São Pedro, orienta a todos os que têm a missão de conduzir o povo de Deus para que sejam pastores que cuidam do Seu rebanho com fidelidade ao compromisso assumido diante do Senhor. E esclarece a missão do pastor que é a de cuidar das ovelhas, de coração, não por interesse nem por ganância, mas por generosidade e livremente. Aqueles que estão à frente do rebanho de Deus, ao mesmo tempo em que são pastores, são também modelos a serem seguidos. O Pastor Maior da Igreja é o Santo Padre, o Papa, que recebe de Deus o poder do Espírito Santo e tem autoridade para abrir e fechar portas e caminhos a fim de que as ovelhas encontrem refrigério e salvação. São pastores, também, os Bispos e os presbíteros (padres), no entanto, de uma forma ou de outra, todos os que estamos na coordenação de um projeto de Deus, seja no âmbito da família, de comunidade ou como leigo engajado na Igreja, temos a responsabilidade de cuidar, orientar e encaminhar a todos os que estão sob nosso cuidado. De uma maneira geral, todos nós, mesmo os que são mais jovens, por sermos cristãos batizados somos também na nossa família, no nosso ambiente de trabalho e no mundo, pastores (as) daqueles (as) que ainda não conhecem o amor de Deus. Precisamos, portanto, cultivar um coração generoso, livre e desinteressado para não agir por ambição ou com autoritarismo, mas servir a Deus como MODELO a ser seguido. Desta forma, São Pedro nos exorta a não fazer acepção de pessoas nem discriminá-las e, principalmente, antes de exigir e de cobrar deles um comportamento exemplar, que sejamos nós mesmos, imitadores do Pastor Supremo que é Jesus Cristo. Somente assim receberemos a coroa permanente da glória. Deste modo, ser pastor, significa para nós dar testemunho do amor de Deus não nos acomodando diante das necessidades espirituais e humanas do povo que o Senhor nos entregar com uma presença atuante, repleta de generosidade e acolhimento.

Salmo responsorial 22/23

O Senhor é o pastor que me conduz,
não me falta coisa alguma.

O Senhor é o pastor que me conduz;
não me falta coisa alguma.
Pelos prados e campinas verdejantes
ele me leva a descansar.
Para as águas repousantes me encaminha
e restaura as minhas forças.

Ele me guia no caminho mais seguro,
pela honra do seu nome.
Mesmo que eu passe pelo vale tenebroso,
nenhum mal eu temerei.
Estais comigo com bastão e com cajado,
eles me dão a segurança!

Preparais à minha frente uma mesa,
bem à vista do inimigo;
com óleo vós ungis minha cabeça,
e o meu cálice transborda.

Felicidade e todo bem hão de seguir-me
por toda a minha vida;
e na casa do Senhor habitarei
pelos tempos infinitos.

Salmo 22 – “O Senhor é o pastor que me conduz, não me falta coisa alguma!”

Esta é a peregrinação dos que confiam em Deus: apesar de seguir por vales tenebrosos e enfrentar os inimigos, experimentam também o descanso e a assistência do Senhor como um Pastor que lhes prepara o caminho, que lhes refrigera a alma e os alimenta na hora da necessidade. Todos nós que seguimos a Jesus temos como objetivo habitar na Sua casa pelos tempos infinitos. 

Evangelho (Mateus 16,13-19)

Aleluia, aleluia, aleluia.
Tu és Pedro, e sobre esta pedra eu irei construir minha Igreja, e as portas do inferno não irão derrotá-la (Mt 16,18).



Naquele tempo, 16 13 chegando ao território de Cesaréia de Filipe, Jesus perguntou a seus discípulos: "No dizer do povo, quem é o Filho do Homem?"
14 Responderam: "Uns dizem que é João Batista; outros, Elias; outros, Jeremias ou um dos profetas".
15 Disse-lhes Jesus: "E vós quem dizeis que eu sou?"
16 Simão Pedro respondeu: "Tu és o Cristo, o Filho de Deus vivo!"
17 Jesus então lhe disse: "Feliz és, Simão, filho de Jonas, porque não foi a carne nem o sangue que te revelou isto, mas meu Pai que está nos céus.
18 E eu te declaro: tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei a minha Igreja; as portas do inferno não prevalecerão contra ela.
19 Eu te darei as chaves do Reino dos céus: tudo o que ligares na terra será ligado nos céus, e tudo o que desligares na terra será desligado nos céus".


FÉ E MISSÃO


A missão de liderança confiada a Pedro exigiu dele uma explicitação de sua fé. Antes de assumir o papel de guia da comunidade, foi preciso deixar claro seu pensamento a respeito de Jesus, de forma a prevenir futuros desvios.
Se tivesse Jesus na conta de um messias puramente humano, correria o risco de transformar a comunidade numa espécie de grupo guerrilheiro, disposto a impor o Reino de Deus a ferro e fogo. A violência seria o caminho escolhido para fazer o Reino acontecer.
Se o considerasse um dos antigos profetas reencarnados, transformaria a Boa-Nova do Reino numa proclamação apocalíptica do fim do mundo, impondo medo e terror. De fato, pensava-se que, no final dos tempos, muitos profetas do passado haveriam de reaparecer.
Se a fé de Pedro fosse imprecisa, não sabendo bem a quem havia confiado a sua vida, correria o risco de proclamar uma mensagem insossa, e levar a comunidade a ser como um sal que perdeu seu sabor, ou uma luz posta no lugar indevido.
Só depois que Pedro professou sua fé em Jesus, como o “Messias, o Filho do Deus vivo”, foi-lhe confiada a tarefa de ser “pedra” sobre a qual seria construída a comunidade dos discípulos: a sua Igreja. Entre muitos percalços, esse apóstolo deu provas de sua adesão a Jesus, selando o seu testemunho com a própria vida, demonstração suprema de sua fé. Portanto, sua missão foi levada até o fim.

Oração
Pai, consolida minha fé, a exemplo do apóstolo Pedro que, em meio às provações, soube dar, com o seu martírio, testemunho consumado de adesão a Jesus.


23 de Fevereiro de 2014

Liturgia do Domingo da Sexagésima

Ambientação:
Sejam bem-vindos amados irmãos e irmãs!
INTRODUÇÃO : Todos somos chamados a viver a santidade em nossas vidas, porque nascemos para ser santos e santas. Ser santo é um processo de conversão de vida para Deus e para a realização de seu Reino aqui na terra. Trata-se de um esforço para uma vida de liberdade, de libertação dos preconceitos e até de certos preceitos legalistas. É uma caminhada que vai se firmando no dia-a-dia e, ao mesmo tempo, vai exigindo mais de quem assume esse propósito. Este caminho acontece pelo crescimento no amor fraterno e pelo encontro com o Senhor, na Liturgia, na Palavra e na oração.
INTRODUÇÃO : Neste domingo, a liturgia continua apresentando Jesus na perspectiva messiânica da plenitude do cumprimento da Lei e dos mandamentos de Deus. Sendo assim, o seguimento de Jesus exige inteira dedicação ao Reino de Deus. No entanto, não devemos nos esquecer de que essa perfeição depende da graça de Deus e não exatamente do esforço humano. Por isso Jesus pode exigir de nós um amor radical e transformador.
INTRODUÇÃO : O mandamento de amor ao próximo não era desconhecido antes de Jesus. De fato, no Antigo Testamento nunca se havia pensado em amar a Deus sem se interessar pelo próximo. Nos Provérbios encontra-se até uma passagem que ressoa quase com as mesmas palavras do mandamento de Cristo: "Se teu inimigo tem fome, dá-lhe de comer; se tem sede, dá-lhe de beber..." (Pr 25,21). Em sua formulação, em seu conteúdo e em sua forte exigência, o mandamento de Jesus é novo e revolucionário, pois nos propõe amara por amor de Deus, pelas mesmas finalidades de Deus; exclusivamente desinteressado; com amor puríssimo; sem sombra de compensação. Ensina a amar-nos como irmãos, com um amor que procura o bem daquele a quem amamos, não o nosso bem. Amar como Deus, que não busca o bem na pessoa a quem ama, mas cria nela o bem, amando-a.
Sentindo em nossos corações a alegria do Amor ao Próximo entoemos alegres cânticos ao Senhor!
Antífona da entrada: Confiei, Senhor, na vossa misericórdia; meu coração exulta porque me salvais. Cantarei ao Senhor pelo bem que me fez (Sl 12,6).

Comentário das Leituras: As leituras de hoje, e principalmente o Evangelho, com suas funções próprias, inspiram-se na busca da santidade, revelando-nos alguns de seus instrumentos. Abramos os nossos ouvidos às leituras que a liturgia nos apresenta como alimento salutar para a nossa santificação.

Leitura (Levítico 19,1-2.17-18)

Leitura do livro do Levítico.
19 1 O Senhor disse a Moisés: 2 “Dirás a toda a assembléia de Israel o seguinte: ‘sede santos, porque eu, o Senhor, vosso Deus, sou santo.
17 Não odiarás o teu irmão no teu coração. Repreenderás o teu próximo para que não incorras em pecado por sua causa.
18 Não te vingarás; não guardarás rancor contra os filhos de teu povo. Amarás o teu próximo como a ti mesmo. Eu sou o Senhor!’"


Salmo responsorial 102/103

Bendize, ó minha alma, ao Senhor,
pois ele é bondoso e compassivo.


Bendize, ó minha alma, ao Senhor,
e todo o meu ser, seu santo nome!
Bendize, ó minha alma, ao Senhor,
não te esqueças de nenhum de seus favores!

Pois ele te perdoa toda culpa
e cura toda a tua enfermidade;
da sepultura ele salva a tua vida
e te cerca de carinho e compaixão.

O Senhor é indulgente, é favorável,
é paciente, é bondoso e compassivo.
Não nos trata como exigem nossas faltas
nem nos pune em proporção às nossas culpas.

Quanto dista o nascente do poente,
tanto afasta para longe nossos crimes.
Como um pai se compadece de seus filhos,
o Senhor tem compaixão dos que o temem.

Leitura (1 Coríntios 3,16-23)

Leitura da primeira carta de são Paulo aos Coríntios.
Irmãos, 3 16 não sabeis que sois o templo de Deus, e que o Espírito de Deus habita em vós?
17 Se alguém destruir o templo de Deus, Deus o destruirá. Porque o templo de Deus é sagrado - e isto sois vós.
18 Ninguém se engane a si mesmo. Se alguém dentre vós se julga sábio à maneira deste mundo, faça-se louco para tornar-se sábio,
19 porque a sabedoria deste mundo é loucura diante de Deus; pois diz a Escritura "ele apanhará os sábios na sua própria astúcia".
20 E em outro lugar: "O Senhor conhece os pensamentos dos sábios, e ele sabe que são vãos".
21 Portanto, ninguém ponha sua glória nos homens. Tudo é vosso:
22 Paulo, Apolo, Cefas, o mundo, a vida, a morte, o presente e o futuro. Tudo é vosso!
23 Mas vós sois de Cristo, e Cristo é de Deus.


Evangelho (Mateus 5,38-48)

Aleluia, aleluia, aleluia.
É perfeito o amor de Deus em quem guarda sua palavra (1Jo 2,5).



Naquele tempo, disse Jesus a seus discípulos: 5 38 "Tendes ouvido o que foi dito: ‘Olho por olho, dente por dente’.
39 Eu, porém, vos digo: não resistais ao mau. Se alguém te ferir a face direita, oferece-lhe também a outra.
40 Se alguém te citar em justiça para tirar-te a túnica, cede-lhe também a capa.
41 Se alguém vem obrigar-te a andar mil passos com ele, anda dois mil.
42 Dá a quem te pede e não te desvies daquele que te quer pedir emprestado.
43 Tendes ouvido o que foi dito: ‘Amarás o teu próximo e poderás odiar teu inimigo’.
44 Eu, porém, vos digo: amai vossos inimigos, fazei bem aos que vos odeiam, orai pelos que vos perseguem.
45 Deste modo sereis os filhos de vosso Pai do céu, pois ele faz nascer o sol tanto sobre os maus como sobre os bons, e faz chover sobre os justos e sobre os injustos.
46 Se amais somente os que vos amam, que recompensa tereis? Não fazem assim os próprios publicanos?
47 Se saudais apenas vossos irmãos, que fazeis de extraordinário? Não fazem isto também os pagãos?
48 Portanto, sede perfeitos, assim como vosso Pai celeste é perfeito”.


PERFEITOS COMO O PAI CELESTE
O modelo de perfeição apresentado por Jesus a seus discípulos visava preservá-los da mediocridade em que viviam tantas pessoas religiosas da época. Satisfeitas consigo mesmas, julgavam ter alcançado toda a perfeição possível a um ser humano. Em geral, tais pessoas estão sempre a um passo da soberba e, se auto-comparando com as demais, julgam-se superioras a todas.
Tendo Deus como modelo de perfeição, o discípulo não é exortado a ser tornar um outro deus e sim a ter sempre diante de si as virtudes próprias de Deus, deixando-se guiar por elas. Com isso, estará em condições de cultivar ideais mais elevados, sem correr o risco de se tornar mesquinho. Por outro lado, haverá de cultivar sempre a humildade, ao tomar consciência do quanto está longe da perfeição divina. Deixar-se dominar pelo desânimo seria uma atitude inconveniente ao discípulo, uma vez que desconfia de sua capacidade pessoal de seguir adiante. Isto não corresponde ao desejo de Jesus.
A busca da perfeição, inspirada em Deus, acontece na obediência ao mandato de Jesus. Entretanto, ela será infrutífera se o discípulo pretender alcançá-la por própria iniciativa, excluindo qualquer ajuda.
A perfeição é uma ação de Deus no coração do discípulo. Quanto maior for sua docilidade, tanto mais o Espírito poderá conformá-lo como o modo de ser divino.

Oração
Pai, cria em mim um coração dócil ao Espírito, modelando-o segundo o teu modo de ser, e coloca-me no caminho da verdadeira perfeição.


Nenhum comentário:

Postar um comentário