segunda-feira, 28 de outubro de 2013

Liturgia da 30ª semana comum Ano Impar


Liturgia da Segunda Feira — 28.10.2013
SANTOS SIMÃO E JUDAS - APÓSTOLOS
( VERMELHO, GLÓRIA, PREFÁCIO DOS APÓSTOLOS – OFÍCIO DA FESTA )
Antífona da entrada: No seu amor inabalável, o Senhor escolheu como apóstolo Simão e Judas e lhes deu uma glória eterna.
Leitura (Efésios 2,19-22)
Leitura da carta de são Paulo aos Efésios.
2 19 Conseqüentemente, já não sois hóspedes nem peregrinos, mas sois concidadãos dos santos e membros da família de Deus,
20 edificados sobre o fundamento dos apóstolos e profetas, tendo por pedra angular o próprio Cristo Jesus.
21 É nele que todo edifício, harmonicamente disposto, se levanta até formar um templo santo no Senhor.
22 É nele que também vós outros entrais conjuntamente, pelo Espírito, na estrutura do edifício que se torna a habitação de Deus.
Salmo responsorial 18/19A
Seu som ressoa e se espalha em toda a terra.
Os céus proclamam a glória do Senhor,
e o firmamento, a obra de suas mãos;
o dia ao dia transmite essa mensagem,
a noite à noite publica essa notícia.
Não são discursos nem frases ou palavras,
nem são vozes que possa ser ouvidas;
seu som ressoa e se espalha em toda a terra,
chega aos confins do universo a sua voz.
Aclamação do Evangelho
Aleluia, aleluia, aleluia.
A vós, ó Deus, louvamos, a vós, Senhor, cantamos; vos louva, ó Senhor, o corro dos apóstolos!

EVANGELHO (Lucas 6, 12-19)
6 12 Naqueles dias, Jesus retirou-se a uma montanha para rezar, e passou aí toda a noite orando a Deus.
13 Ao amanhecer, chamou os seus discípulos e escolheu doze dentre eles que chamou de apóstolos:
14 Simão, a quem deu o sobrenome de Pedro; André, seu irmão; Tiago, João, Filipe, Bartolomeu,
15 Mateus, Tomé, Tiago, filho de Alfeu; Simão, chamado Zelador;
16 Judas, irmão de Tiago; e Judas Iscariotes, aquele que foi o traidor.
17 Descendo com eles, parou numa planície. Aí se achava um grande número de seus discípulos e uma grande multidão de pessoas vindas da Judéia, de Jerusalém, da região marítima, de Tiro e Sidônia, que tinham vindo para ouvi-lo e ser curadas das suas enfermidades.
18 E os que eram atormentados dos espíritos imundos ficavam livres.
19 Todo o povo procurava tocá-lo, pois saía dele uma força que os curava a todos.
COMENTÁRIOS DO EVANGELHO
1. Dois Judas e Duas Histórias
Há de se pensar que a diferença entre os dois Judas chamados pelo Senhor, é que um era Santo e o outro era pecador. É bom que se diga que ninguém tem o seu destino traçado diante de Deus, mas vamos escrevendo nossa história com as decisões tomadas no dia a dia, e que podem ser favoráveis ou contrárias ao Reino de Deus. Hoje é dia de São Judas Tadeu, que aparece como o penúltimo da lista dos que foram “convocados” por Jesus sendo o outro Judas, o último.
Os dois tiveram a mesma oportunidade, os dois tinham fraquezas e pecados, porém o nosso São Judas confiou na Graça de Deus e na sua misericórdia, permitiu que a Força de Deus viesse ao encontro da sua fraqueza, colocou-se disponível e abriu-se totalmente a Jesus que o chamou para o apostolado. O outro Judas percorreu o caminho contrário, preferiu os seus ideais do mundo, e em vez de se  entregar e colocar a sua vida á serviço do Reino que Jesus havia anunciado tentou dominar Jesus, para que ele fizesse o seu "joguinho" e atendesse as suas conveniências, e o pior, quando viu que deu tudo errado, não acreditou na misericórdia de Deus e no fundo chorou de raiva, por ter se enganado diante da Verdade Absoluta.
A santidade não é ausência de pecado, alguém disse que, os mais santos pecavam sete vezes ao dia, mas ser santo é ser separado, consagrado para Deus, é um entrega total a ele, da nossa vida, daquilo que somos, para que a sua missão e o seu anúncio ecoem e se prolonguem em nós, que nos tornamos também Discípulos Missionários.
São Judas é um Santo muito popular e tem milhões de devotos no mundo inteiro, mas a devoção não pode parar nele, mas sim naquele que o santificou, a devoção aos nossos Santos e Santas de Deus, só é válida quando nos conduzem a Jesus, pois a Graça maior que se pode conseguir de um Santo como São Judas, é uma conversão profunda e sincera, inspirada pelo seu exemplo, Fé e testemunho. São Judas Tadeu! Rogai por todos nós!
2. A escolha dos Doze é precedida de uma longa oração
Trata-se de uma segunda etapa no chamado dos doze apóstolos. O primeiro relato do chamado foi junto ao mar da Galileia (5,1-11). Que sejam "doze" (v. 13), significa que eles representam todo o Israel, as doze tribos (ver: Lc 22,28-30). Não se fala ainda de sua missão, o que será questão somente em 9,1-12. Há, como se pode notar, dois grupos doravante: o grupo maior dos discípulos e o grupo dos Doze (cf. v. 13). O auditório amplo, aí presentes judeus, pagãos e enfermos, já sinaliza para a universalidade da missão da Igreja.
A escolha dos Doze é precedida de uma longa oração de Jesus sobre a montanha. A montanha é o lugar do conhecimento de Deus, lugar de sua revelação; o monte é o lugar onde é dado ao ser humano conhecer os desígnios salvíficos de Deus. É na oração que é concebida a escolha dos Doze. Dizer isso não significa que a oração nos exime de equívocos. Ao nome de Judas é acrescentada a observação de que ele se tornou o traidor. O ser humano é livre e, muitas vezes, submetido a muitos condicionamentos. Isso pode fazer com que ele não persevere no caminho que, inicialmente, aceitou trilhar.
Ao tocar Jesus, as pessoas se sentiam tocadas pela força que saía dele e curava a todos. É a força do Espírito Santo da qual ele foi revestido e que move toda a sua existência terrestre.
ORAÇÃO
Pai, transforma-me em apóstolo de teu Filho Jesus para que, movido pelo Espírito, eu possa ser sinal da presença dele neste mundo tão carente de salvação.
3. APÓSTOLOS – DISCÍPULOS – MULTIDÃO
O Evangelho distingue com precisão três níveis no círculo dos que acompanhavam Jesus. O primeiro e mais próximo era o grupo formado pelos doze apóstolos, um punhado de discípulos escolhidos por Jesus, após ter passado uma noite inteira em oração a Deus.
A palavra apóstolo vem do vocábulo grego e significa enviado. Tratava-se de um termo de caráter jurídico bastante comum no judaísmo da época. O apóstolo era o representante plenipotenciário de quem o enviava. No caso de Jesus, ele conferia a seus enviados plenos poderes para representá-lo. Daí a importância de escolhê-los com muito discernimento. O sucesso de sua obra dependia do bom desempenho deste grupo seleto.
Os discípulos formavam um círculo mais amplo, composto por todos quantos aderiram a Jesus e se esforçavam por conformar suas vidas com os seus ensinamentos. Os discípulos do Senhor distinguiam-se dos discípulos dos rabinos. Supunha-se haver entre eles e o Mestre uma profunda comunhão de vida. Eram instruídos pela contemplação do comportamento do Mestre, que ensinava com seu exemplo. Casuísmos e teorias não tinham sentido na escola de Jesus.
A multidão era o círculo dos curiosos que esperavam ser beneficiados pelo Mestre, sem, contudo, a intenção de se comprometerem mais profundamente com ele. É desta multidão que surgirão novos discípulos que livremente irão optar por seguir o Senhor.
Oração
Pai, transforma-me em apóstolo de teu Filho Jesus para que, movido pelo Espírito, eu possa ser sinal da presença dele neste mundo tão carente de salvação.
Liturgia da Terça-Feira
XXX SEMANA DO TEMPO COMUM
( VERDE – OFÍCIO DO DIA )
Antífona da entrada: Exulte o coração que buscam a Deus. Sim, buscai o Senhor e sua força, procurai sem cessar a sua face (Sl 104,3s).
Leitura (Romanos 8,18-25)
Leitura da carta de são Paulo aos Romanos.
8 18 Tenho para mim que os sofrimentos da presente vida não têm proporção alguma com a glória futura que nos deve ser manifestada.
19 Por isso, a criação aguarda ansiosamente a manifestação dos filhos de Deus.
20 Pois a criação foi sujeita à vaidade (não voluntariamente, mas por vontade daquele que a sujeitou),
21 todavia com a esperança de ser também ela libertada do cativeiro da corrupção, para participar da gloriosa liberdade dos filhos de Deus.
22 Pois sabemos que toda a criação geme e sofre como que dores de parto até o presente dia.
23 Não só ela, mas também nós, que temos as primícias do Espírito, gememos em nós mesmos, aguardando a adoção, a redenção do nosso corpo.
24 Porque pela esperança é que fomos salvos. Ora, ver o objeto da esperança já não é esperança; porque o que alguém vê, como é que ainda o espera?
25 Nós que esperamos o que não vemos, é em paciência que o aguardamos.
Salmo responsorial 125/126
Maravilhas fez conosco o Senhor,
exultemos de alegria!
Quando o Senhor reconduziu nossos cativos,
parecíamos sonhar;
encheu-se de sorriso nossa boca,
nossos lábios, de canções.
Entre os gentios se dizia: "Maravilhas
fez com eles o Senhor!"
Sim, maravilhas fez conosco o Senhor,
exultemos de alegria!
Mudai a nossa sorte, ó Senhor,
como torrentes no deserto.
Os que lançam as sementes entre lágrimas
ceifarão com alegria.
Chorando de tristeza sairão,
espalhando suas sementes;
cantando de alegria voltarão,
carregando os seus feixes!
Aclamação do Evangelho
Aleluia, aleluia, aleluia.
Graças te dou, ó Pai, Senhor do céu e da terra, pois revelaste os mistérios do teu reino aos pequeninos, escondendo-os aos doutores! (Mt 11,25)

EVANGELHO (Lucas 13,18-21)
Naquele tempo, 13 18 Jesus dizia ainda: "A que é semelhante o Reino de Deus, e a que o compararei?
19 É semelhante ao grão de mostarda que um homem tomou e semeou na sua horta, e que cresceu até se fazer uma grande planta e as aves do céu vieram fazer ninhos nos seus ramos".
20 Disse ainda: "A que direi que é semelhante o Reino de Deus?
21 É semelhante ao fermento que uma mulher tomou e misturou em três medidas de farinha e toda a massa ficou levedada".
COMENTÁRIOS DO EVANGELHO
1. O Reino do Céu é como um filetezinho dágua
Certa ocasião em minha adolescência, eu fui conhecer a nascente de um grande rio e fiquei admirado pois o filete que saia do olho d'água, próximo a uma rocha, não dava nem meio palmo, sendo que há muitos quilômetros dali, havia pontos em que, de uma margem quase que não conseguia se enxergar a outra....tornando-se grandioso e imponente.
Jesus falava com gente simples da roça, que conhecia o grão de mostarda, tão pequenina que era quase invisível a olho nu, sem exagero. Depois provavelmente aproximou-se do grupo algumas Donas de casa especialistas em fazer pão caseiro, e imediatamente comparou o Reino de Deus a uma pitadinha de fermento, que embora insignificante em sua quantidade, consegue levitar toda a massa, desaparecendo n o meio dela...
Eis aí o prenúncio de um Reino que vai começar pequeno, insignificante e sem valor, para ser no final de uma grandeza tamanha que envolverá toda a terra.
Jesus começou com 12 discípulos, depois enviou 72, e a coisa foi crescendo e assim chegou até nós nos dias de hoje. Qual a lição que podemos tirar desse Evangelho? Que o Reino é mais consistente nas pequenas comunidades, nos pequenos grupos, que se tornam fermento na massa, e são capazes de mudar até as estruturas. Isso não é marxismo, isso é o mais puro cristianismo.
Experimente ser diferente e dar um sabor novo, imitando Jesus Cristo, aí n o seu trabalho, na sua família ou no seu pequeno grupo ou equipe e irá comprovar tudo o que Jesus está falando nesse evangelho. E não se esqueçam: projetos megalomaníacos não combinam com o Reino de Deus, Palavras de Jesus... Podes crer...
2. No dinamismo do Reino é preciso empenho e confiança na ação de Deus
A perícope do evangelho de hoje é constituída por duas pequenas parábolas do Reino, que visam ilustrar o dinamismo do seu crescimento: do pequeno/pouco se torna grande. Nas duas parábolas se diz da contribuição das pessoas no crescimento do Reino de Deus: na parábola do grão de mostarda, "alguém pegou e semeou no seu jardim" (v. 19); na parábola do fermento, uma mulher pegou o fermento "e pôs em três porções de farinha" (v. 21).
Numa e noutra parábola, o Reino de Deus conta com a colaboração do ser humano, mas germinar, crescer e se tornar um arbusto, além do crescimento da massa, já não depende do homem. É Deus quem faz crescer. No dinamismo do Reino em crescimento é preciso empenho e, ao mesmo tempo, paciência e confiança na ação de Deus.
ORAÇÃO
Senhor, faze de mim instrumento de teu Reino para que ele chegue a todas as pessoas, sem exceção, mormente os pobres e marginalizados.
3. O CONTRASTE ENTRE O INÍCIO E O FIM
A caminho de Jerusalém, Jesus conta duas pequenas parábolas, para dispor os discípulos para a experiência que haveriam de fazer. Nelas se estabelece o contraste entre o início do Reino, na humildade e na perda, e seu fim grandioso. Só quem foi alertado para esta dinâmica divina será capaz de superar o desânimo e a decepção do momento.
A semente de mostarda era símbolo de pequenez. Todavia, esse grão minúsculo, lançado na terra, germina e se torna um arbusto de até três metros, permitindo às aves pousar em seus ramos.
Também a pitadinha de fermento, ao ser colocada numa quantidade excepcional de farinha (três medidas) ou seja, cerca de 50 quilos, era suficiente para fermentá-la e torná-la apta para a fabricação do pão.
Com o Reino dá-se algo semelhante. É preciso esperar com confiança. Seu projeto iniciado com um punhado de pessoas sem projeção social, tidas como estranhas para os esquemas religiosos da época, e sem muitas perspectivas, era como o grão de mostarda e o fermento. Pequenos e frágeis, mas destinados a um fim grandioso. Por trás desta dinâmica, estava o dedo de Deus. Ele é que capacitaria este grupo inexpressivo para se tornar mediação de propagação do Reino, de modo a fermentar toda a história humana.
Oração
Espírito de esperança em Deus, ensina-me a perceber a ação divina fermentando a história humana por meio de pessoas frágeis e humildes.
Liturgia da Quarta-Feira
XXX SEMANA DO TEMPO COMUM
( VERDE – OFÍCIO DO DIA )
Antífona da entrada: Exulte o coração que buscam a Deus. Sim, buscai o Senhor e sua força, procurai sem cessar a sua face (Sl 104,3s).
Leitura (Romanos 8,26-30)
Leitura da carta de são Paulo aos Romanos.
8 26 Outrossim, o Espírito vem em auxílio à nossa fraqueza; porque não sabemos o que devemos pedir, nem orar como convém, mas o Espírito mesmo intercede por nós com gemidos inefáveis.
27 E aquele que perscruta os corações sabe o que deseja o Espírito, o qual intercede pelos santos, segundo Deus.
28 Aliás, sabemos que todas as coisas concorrem para o bem daqueles que amam a Deus, daqueles que são os eleitos, segundo os seus desígnios.
29 Os que ele distinguiu de antemão, também os predestinou para serem conformes à imagem de seu Filho, a fim de que este seja o primogênito entre uma multidão de irmãos.
30 E aos que predestinou, também os chamou; e aos que chamou, também os justificou; e aos que justificou, também os glorificou.
Salmo responsorial 12/13
Senhor, eu confiei na vossa graça!
Olhai, Senhor, meu Deus, e respondei-me!
Não deixeis que se me apague a luz dos olhos
e se fechem, pela morte, adormecidos!
Que o inimigo não me diga: 'Eu triunfei!'
Nem exulte o opressor por minha queda.
Uma vez que confiei no vosso amor,
meu coração, por vosso auxílio, rejubile
e que eu vos cante pelo bem que me fizestes!
Aclamação do Evangelho
Aleluia, aleluia, aleluia.
Pelo evangelho o Pai nos chamou, a fim de alcançarmos a glória de nosso Senhor Jesus Cristo (2Ts 2,14)

Evangelho (Lucas 13,22-30)
Naquele tempo, 13 22 sempre em caminho para Jerusalém, Jesus ia atravessando cidades e aldeias e nelas ensinava.
23 Alguém lhe perguntou: "Senhor, são poucos os homens que se salvam?" Ele respondeu:
24 "Procurai entrar pela porta estreita; porque, digo-vos, muitos procurarão entrar e não o conseguirão.
25 Quando o pai de família tiver entrado e fechado a porta, e vós, de fora, começardes a bater à porta, dizendo: 'Senhor, Senhor, abre-nos', ele responderá: 'Digo-vos que não sei de onde sois'.
26 Direis então: 'Comemos e bebemos contigo e tu ensinaste em nossas praças'.
27 Ele, porém, vos dirá: 'Não sei de onde sois; apartai-vos de mim todos vós que sois malfeitores'.
28 Ali haverá choro e ranger de dentes, quando virdes Abraão, Isaac, Jacó e todos os profetas no Reino de Deus, e vós serdes lançados para fora.
29 Virão do oriente e do ocidente, do norte e do sul, e sentar-se-ão à mesa no Reino de Deus.
30 Há últimos que serão os primeiros, e há primeiros que serão os últimos".
COMENTÁRIOS DO EVANGELHO
1. A Porta Estreita
Quando medito este evangelho sempre me lembro do “Miudinho”, apelido de um amigo da minha adolescência, que era bem “robusto” para não dizer que ele era “gordinho”. Por conta da obesidade ganhou fama de ser o molenga da nossa turma onde era sempre o último nas brincadeiras ou aprontações que fazíamos. Certa ocasião ficou entalado em um tubo de concreto que ficava no final da rua, por onde entrávamos sorrateiramente por uma galeria em desuso, tendo acesso a um terreno que pertencia a Dona Assunta, e onde deliciávamos com a doçura das mangas e amoras.
O muro era alto e o portão antigo era inacessível, até o dia em que descobrimos a tubulação e passamos a utilizá-la sendo para nós uma aventura porque engatinhando, varávamos coisa de três ou quatro metros por baixo do muro. Ao ficar entalado na galeria, por causa de ser gordinho, e não saindo para frente e nem para trás, Miudinho armou o maior berreiro chamando a atenção da vizinhança e assim, fomos pegos em flagrante pela proprietária do terreno, enquanto que os moradores, com muito esforço conseguiram desentalar o coitado do Miudinho. Decidimos, a partir daquele dia, deixá-lo fora de nossas aventuras porque ele não conseguia ter agilidade para nos acompanhar. O reino do céu é meio parecido com aquele terreno baldio, palco das nossas aventuras e onde curtíamos a doçura da fruta madurinha á sombra de grandes árvores: o acesso é por uma passagem bem estreita...
A pergunta dos discípulos, feita a Jesus, se é verdade que poucos irão se salvar, deve-se ao fato de que a salvação, para eles, era uma espécie de troféu, com que Deus premiava os que faziam boas obras e observavam com rigor a lei e todos os demais preceitos religiosos. Nós cristãos, que pertencemos à igreja, devemos também pensar nisso e perguntar se iremos nos salvar... Jesus nos alerta que a passagem é bem estreita e requer certo esforço de quem se fez discípulo. Há uma porta larga do ritualismo e do seguimento da lei, há eventos religiosos que reúne milhares de pessoas, há igrejas cristãs de todas as denominações, cujos templos ficam lotados de fiéis nos finais de semana. Será que nesta religião sem compromisso, todos já tem o passaporte carimbado para entrar no reino?
Para passar pela porta estreita é preciso se fazer pequeno e ter no coração e na mente esta consciência de que a salvação é dom de Deus e não fruto das nossas obras ou práticas religiosas, quem pensa diferente disso é semelhante ao meu amigo Miudinho e vai acabar ficando “entalado” no seu egoísmo e orgulho. Mas ser pequeno também significa servir aos irmãos e irmãs, a palavra servir vem de servo, escravo, aquele que se rebaixa, que se curva diante do outro, Jesus fez isso no “Lava-pés”, fazendo uma tarefa que pertencia a um escravo, o que prefigurou o rebaixamento final que iria ocorrer em Jerusalém, para onde Jesus caminha decidido a entregar-se por todos.
Portanto, o amor que se rebaixa traduzindo-se em serviço é que faz de nós verdadeiros cristãos, Filhos do Pai, que nos vocaciona para o amor, irmãos de Jesus, servo maior com quem nos identificamos e por quem somos reconhecidos. Os que pensam que já estão salvos, com um pé na vaga do céu, só porque pertencem a esta ou aquela denominação religiosa, e são observantes zelosos de toda doutrina e preceito, irão certamente ficar bem desapontados porque o Senhor não os reconhecerá como diz o evangelho: “Nós não saíamos de sua casa, comíamos e bebíamos na tua presença...”. “Sumam”! Não sei quem são vocês! Não os conheço!”--- dirá o Senhor”.
2. A porta estreita é oposta à prática da iniquidade
O texto do evangelho menciona a subida para Jerusalém (v. 22; cf. 9,51). Trata-se da parte central do evangelho segundo Lucas, que, mais que um trajeto geograficamente determinado, tem um valor simbólico e didático: são lições que Jesus dá aos discípulos na perspectiva de sua "saída" deste mundo.
"Senhor, é verdade que são poucos os que se salvam?" (v. 23). A salvação é um dom de Deus e compete somente a ele. Aos discípulos compete viver esta graça, configurando a sua vida à vida de Cristo.
O discípulo é chamado a fazer uma opção: entrar pela "porta estreita" (v. 24). A porta estreita é oposta à prática da iniquidade (v. 27). No evangelho segundo João, Jesus se apresenta como a porta das ovelhas (Jo 10,7.9): "Eu sou a porta. Quem entrar por mim será salvo" (Jo 10,9). É por Jesus que se alcança a salvação.
Toda a sua existência terrestre e a sua vida gloriosa é que dá acesso ao Reino de Deus. Os que "praticam a iniquidade" (v. 27) são os que resistem em fazer a vontade de Deus, os que, pela dureza de coração, se opõem e perseguem Jesus. A humanidade inteira é destinatária da salvação de Deus em Jesus Cristo: "Virão muitos do oriente e do ocidente, do norte e do sul, e tomarão parte à mesa do Reino de Deus" (v. 29).
Não necessariamente os que foram chamados primeiro aceitarão participar do banquete do Cordeiro. Mas os últimos, os pagãos, têm também lugar assegurado, desde que aceitem entrar pela "porta estreita".
ORAÇÃO
Pai, conduze-me pelo verdadeiro caminho da salvação que passa pelo serviço misericordioso e gratuito a quem carece de meu amor.
3. A FALSA SEGURANÇA
Jesus recusa-se a entrar na discussão casuística sobre quem se salvará, por considerá-la inútil. Importante para ele era empenhar-se, com sinceridade, por viver uma vida agradável a Deus, e assim, ser acolhido por ele, no final da caminhada terrena.
As palavras do Mestre são uma denúncia contra aqueles que se iludem pensando ter garantido uma vaga no céu, quando, de fato, estão vagando longe da salvação. "Comemos e bebemos na tua presença, e tu ensinaste nas nossas praças" dizem os que se iludem pensando que, no Reino de Deus, tem valor evocar determinadas procedências étnicas, práticas religiosas ou formação cultural como privilégios para se ingressar nele.
É a falsa segurança dos judeus, mormente, dos fariseus. Mas pode ser também a falsa segurança da comunidade cristã. Sem a prática da justiça e da caridade, sem um amor entranhado ao semelhante, de nada valerá evocar, diante de Deus, a condição de cristão para se ingressar no Reino. Se neste existem privilegiados, estes são os pobres, os marginalizados, os oprimidos, os desclassificados. Ou seja, os que estão reduzidos a uma condição tão deplorável, a ponto de não conseguirem voltar-se para Deus, a fim de exigir dele a salvação. Quiçá, no seu entender, a salvação esteja fora de seus horizontes. Para que preocupar-se com ela?
Quem se considera privilegiado, não procurando vivenciar o amor, será expulso do Reino; ao passo que os últimos serão acolhidos pelo Senhor.
Oração
Espírito de justiça e caridade, torna-me solícito em dedicar-me à prática do bem, de forma a agradar ao Senhor e alcançar a salvação.
Liturgia da Quinta-Feira
XXX SEMANA DO TEMPO COMUM
( VERDE – OFÍCIO DO DIA )
Antífona da entrada: Exulte o coração que buscam a Deus. Sim, buscai o Senhor e sua força, procurai sem cessar a sua face (Sl 104,3s).
Leitura (Romanos 8,31-39)
Leitura da carta de são Paulo aos Romanos.
8 31 Que diremos depois disso? Se Deus é por nós, quem será contra nós?
32 Aquele que não poupou seu próprio Filho, mas que por todos nós o entregou, como não nos dará também com ele todas as coisas?
33 Quem poderia acusar os escolhidos de Deus? É Deus quem os justifica.
34 Quem os condenará? Cristo Jesus, que morreu, ou melhor, que ressuscitou, que está à mão direita de Deus, é quem intercede por nós!
35 Quem nos separará do amor de Cristo? A tribulação? A angústia? A perseguição? A fome? A nudez? O perigo? A espada?
36 Realmente, está escrito: Por amor de ti somos entregues à morte o dia inteiro; somos tratados como gado destinado ao matadouro.
37 Mas, em todas essas coisas, somos mais que vencedores pela virtude daquele que nos amou.
38 Pois estou persuadido de que nem a morte, nem a vida, nem os anjos, nem os principados, nem o presente, nem o futuro, nem as potestades,
39 nem as alturas, nem os abismos, nem outra qualquer criatura nos poderá apartar do amor que Deus nos testemunha em Cristo Jesus, nosso Senhor.
Salmo responsorial 108/109
Salvai-me, Senhor, segundo a vossa bondade!
Agi a meu favor, ó Senhor Deus,
por amor do vosso nome, libertai-me,
pois vossa lealdade é benfazeja!
Necessitado e infeliz, eis o que sou,
dentro de mim meu coração está ferido!
Senhor, meu Deus, vinde ajudar-me e salvar-me
segundo vosso amor e compaixão.
Para que nisso reconheçam vossa mão
e saibam que sois vós que o fizestes!
Celebrarei o meu Senhor em alta voz,
em meio à multidão hei de louvá-lo.
Pois ele defende o indigente e o salva
daqueles que condenam sua alma.
Aclamação do Evangelho
Aleluia, aleluia, aleluia.
Bendito é o rei que vem em nome do Senhor! Glória a Deus nos altos céus e na terra paz aos homens! (Lc 19,38;2,14)

EVANGELHO (Lucas 13,31-35)
13 31 No mesmo dia chegaram alguns dos fariseus, dizendo a Jesus: "Sai e vai-te daqui, porque Herodes te quer matar".
32 Disse-lhes ele: "Ide dizer a essa raposa: eis que expulso demônios e faço curas hoje e amanhã; e ao terceiro dia terminarei a minha vida.
33 É necessário, todavia, que eu caminhe hoje, amanhã e depois de amanhã, porque não é admissível que um profeta morra fora de Jerusalém.
34 Jerusalém, Jerusalém, que matas os profetas e apedrejas os enviados de Deus, quantas vezes quis ajuntar os teus filhos, como a galinha abriga a sua ninhada debaixo das asas, mas não o quiseste!
35 Eis que vos ficará deserta a vossa casa. Digo-vos, porém, que não me vereis até que venha o dia em que digais: 'Bendito o que vem em nome do Senhor!'"
COMENTÁRIOS DO EVANGELHO
1. No Terceiro Dia terminarei meu trabalho
Até os Fariseus, que tiveram sua conduta muitas vezes censurada por Jesus, sabem que ele corre perigo de morte e o alertam sobre Herodes. Tudo por causa da sua linha profética, que o torna incômodo, porque o profeta fiel á sua missão, não fala o que o mundo quer ouvir, não fala para agradar as pessoas, e também por outro lado, não tem medo de falar tudo o que se refere a Verdade Divina. E uma qualidade primordial de um profeta: não fala para fazer média ou com segundas intenções, para tirar proveito dos seus ouvintes, como alguns pregadores de hoje em dia, que falam muito mais não dizem nada... Isto é, só fazem barulho...
Em sua resposta onde chama Herodes de Raposa, alguém que usa sua astúcia para o mal, Jesus deixa claro que tem uma missão a cumprir, um trabalho a fazer, e que nada irá detê-lo, mesmo sabendo que em Jerusalém sua vida será tirada. Jesus não é alguém "marcado para morrer" e a sua vida é uma desgraça e uma fatalidade... O que nele está em evidência é a sua total fidelidade á missão de Salvar a Humanidade, missão esta que terá pleno êxito...
Muito séria e atual a exortação sobre Jerusalém, pois aí a gente pode se enxergar nesse evangelho, pois a Jerusalém é a nossa Igreja, onde por excelência o Reino deve ser sinalizado, o lugar do acolhimento, da convivência fraterna, da comunhão, lugar do encontro de Deus manifestado em Jesus, com os Homens, lugar onde a Vida do irmão está em primeiro lugar, lugar do amor que se doa, que se ajuda, que se compreende, que é solidário e busca sempre a justiça.
Com um perfil assim, legado pelo próprio Senhor Jesus, a nossa Igreja nunca será simpática aos olhos do mundo e de algumas instituições. Os profetas da pós modernidade, pregam sempre o contrário do que prega a Igreja. Ninguém pense que a Igreja será vitoriosa no confronto com o mundo, Jesus não saiu-se vitorioso em Jerusalém, ao contrário, passou pelo vexame de uma morte humilhante e vergonhosa, entretanto, ao terceiro dia completou sua obra com a Ressurreição.
Que a nossa Igreja, que percorre a mesma estrada de Jesus e dos profetas, não se curve, não se submeta ás Forças contrárias ao Reino, ainda que venha o fracasso, ainda que a Igreja seja ridicularizada, pois haverá um "Terceiro Dia" , o Dia do Senhor, o Dia da Verdade, o dia em que Deus "dará o troco" aos que não acreditaram, aos que o combateram...
2. Um verdadeiro profeta
A intenção dos fariseus não é clara. Certamente, não estão preocupados com a vida de Jesus, pois eles mesmos, juntamente com os escribas e os chefes do povo, querem matá-lo, como de fato o farão. O mais provável é que queiram intimidar Jesus.
No entanto, Jesus não se deixa intimidar, nem permite que alguém ou algo o demova do firme propósito de fazer a vontade de Deus. No início de seu ministério público, quando os nazarenos queriam precipitá-lo morro abaixo, o narrador do evangelho observa: "Passando pelo meio deles, prosseguia o seu caminho" (4,30). Por que Herodes quereria matar Jesus? Esta notícia parece surpreendente ao leitor e revela mais uma das armadilhas dos fariseus.
A rejeição de Jerusalém à mensagem salvífica de Deus vai ser levada a termo na rejeição e condenação à morte de Jesus, Filho de Deus, um verdadeiro profeta, homem poderoso em gestos e palavras.
ORAÇÃO
Pai, predispõe-me, pela força do teu Espírito, a acolher a salvação que teu Filho Jesus me oferece, fazendo-me digno deste dom supremo de tua bondade.
3. SEM MEDO DOS PREPOTENTES
É interessante notar como alguns fariseus tenham ido avisar Jesus a respeito das intenções assassinas de Herodes. A hostilidade deles contra o Mestre, e as contínuas controvérsias entre eles, leva-nos a suspeitar de suas reais intenções. À primeira vista, tem-se a impressão de que os fariseus queriam proteger Jesus das tramas do facínora Herodes. Este já havia eliminado João Batista. Agora, queria eliminar também Jesus. Quiçá desejassem evitar complicações com os romanos, supondo-se ser Jesus deveras um revolucionário, um sublevador da ordem. Contudo, a notória hipocrisia dos fariseus recomendava pôr em xeque suas boas intenções. Não conseguiram, porém, enredar o Mestre nesta trama.
Jesus sabia serem eles emissários de Herodes, com quem pactuavam. Por isso, mandou-os de volta com um recado para aquela "raposa" política.
Apesar das ameaças, o Mestre levaria em frente sua missão, sem se intimidar com a prepotência e a arrogância de Herodes. O conselho mal-intencionado dos fariseus jamais haveria de demovê-lo do caminho traçado pelo Pai. Sua missão só chegaria ao fim, quando o Pai assim o determinasse. Seria inútil querer detê-lo, servindo-se de malícia ou de astúcia.
Foi vão o projeto assassino de Herodes contra Jesus. Este "privilégio" caberia a Jerusalém, a Cidade Santa, que se tornou assassina dos enviados de Deus. A morte de Jesus seria mais uma demonstração da vocação desta cidade: ser assassina dos profetas.
Oração
Espírito de firmeza e determinação, fortalece minha fé, de modo a predispor-me para enfrentar e vencer todas as forças contrárias à minha decisão de ser fiel ao projeto do Pai.
Liturgia da Sexta-Feira
XXX SEMANA DO TEMPO COMUM *
( VERDE – OFÍCIO DO DIA )
Antífona da entrada: Exulte o coração que buscam a Deus. Sim, buscai o Senhor e sua força, procurai sem cessar a sua face (Sl 104,3s).
Leitura (Romanos 9,1-5)
Leitura da carta de são Paulo aos Romanos.
9 1 Digo a verdade em Jesus Cristo, não minto; a minha consciência me dá testemunho pelo Espírito Santo:
2 sinto grande pesar, incessante amargura no coração.
3 Porque eu mesmo desejaria ser reprovado, separado de Cristo, por amor de meus irmãos, que são do mesmo sangue que eu, segundo a carne.
4 Eles são os israelitas; a eles foram dadas a adoção, a glória, as alianças, a lei, o culto, as promessas
5 e os patriarcas; deles descende Cristo, segundo a carne, o qual é, sobre todas as coisas, Deus bendito para sempre. Amém.
Salmo responsorial 147/147B
Glorifica o Senhor, Jerusalém!
Glorifica o Senhor, Jerusalém!
Ó Sião, canta louvores ao teu Deus!
Pois reforçou com segurança as tuas portas,
e os teus filhos em teu seio abençoou.
A paz em teus limites garantiu
e te dá como alimento a flor do trigo.
Ele envia suas ordens para a terra,
e a palavra que ele diz corre veloz.
Anuncia a Jacó sua palavra,
seus preceitos e suas leis de Israel.
Nenhum povo recebeu tanto carinho,
a nenhum outro revelou os seus preceitos.
Aclamação do Evangelho
Aleluia, aleluia, aleluia.
Minhas ovelhas escutam minha voz, eu as conheço e elas me seguem (Jo 10,27).

EVANGELHO (Lucas 14,1-6)
14 1 Jesus entrou num sábado em casa de um fariseu notável, para uma refeição; eles o observavam.
2 Havia ali um homem hidrópico.
3 Jesus dirigiu-se aos doutores da lei e aos fariseus: "É permitido ou não fazer curas no dia de sábado?"
4 Eles nada disseram. Então Jesus, tomando o homem pela mão, curou-o e despediu-o.
5 Depois, dirigindo-se a eles, disse: "Qual de vós que, se lhe cair o jumento ou o boi num poço, não o tira imediatamente, mesmo em dia de sábado?"
6 A isto nada lhe podiam replicar.
COMENTÁRIOS DO EVANGELHO
1. Uma resposta linda
Um amigo muito espirituoso comentou comigo, sobre este evangelho, que Jesus parecia que gostava de “Cutucar a onça com vara curta”. Entrou na casa de um Fariseu notável em dia de sábado, para tomar uma refeição, estava sob a vigilância severa do grupo de Fariseus, e eis que ali estava um Homem Hidrópico. Há que se desconfiar até que os próprios Fariseus levaram este homem lá, para ver a reação de Jesus, achando que ele não teria o “topete” de fazer uma cura em dia de sábado, justo na casa de um Fariseu importante.
Não se sabe se foi armação dos Fariseus, pode até ser que sim, pois não era novidade que eles estavam “doidinhos” para pegar o Mestre em uma armadilha. Jesus, como sempre, manteve a serenidade e ainda perguntou se era permitido ou não, fazer curas em dia de Sábado. Os Fariseus nada disseram mas certamente com os olhares “fuzilaram” Jesus.
Se não fossem tão cegos e cabeça dura, se não tivessem um coração tão endurecido e fechado á Graça de Deus, e reconhecessem a Jesus como o Messias esperado e prometido, que viera para Salvar a Humanidade, poderiam dar uma linda resposta.
“Olha mestre, ao Senhor tudo é permitido, pois hoje nós celebramos o repouso, o Dia em que nosso Deus Eterno e Poderoso criou todas as coisas, como o Senhor é o Filho Dele e Aquele que nós todos esperamos, tens o poder de restaurar e refazer todas as coisas, inclusive devolver a saúde a este nosso irmão, para nós será motivo de muita alegria e iremos dar Glórias a Deus. O Senhor nem precisava perguntar, és o Senhor da Vida e da História...”
Esta é a resposta que qualquer um de nós daria, se lá estivéssemos. Então mudemos a pergunta, em lugar dos Fariseus está um grupo de zelosos agentes da pastoral do Batismo, com uma larga caminhada e que sabem de cor cada regra ou norma da Igreja “Deve-se batizar o filho de uma mãe solteira, ou não?”. “Pode um casal em segunda união receber a Comunhão?” “Pode um evangélico visitar a Igreja Católica e vir em uma celebração?” Pode um católico ter amizade com um Espírita ou de outra religião, que não seja Cristã”? Tem outras perguntinhas iguais a essa, que a gente se engasga quando vai responder.
Uma coisa é darmos uma resposta linda, estando lá, em lugar do Fariseu, outra é estarmos aqui, diante de situações onde, na maioria das vezes priorizamos a Lei, a Linha Pastoral, a norma, e esquecemos do mais importante: de acolher as pessoas, de ouvir suas histórias, de anunciarmos também a elas o Santo Evangelho que Liberta e dá a verdadeira Vida!
Jesus curou o homem enfermo e ainda fez uma pergunta muito provocante “Se o trabalho a ser feito, como tirar um Jumento do poço, for de interesse próprio, será que alguém vai pensar no Preceito Sabático?”. Ou seja, todo rigor e austeridade quando se aplica a Lei ao outro, quando for para o meu interesse, a lei sempre é mais branda.
A classe dos Fariseus há muito já se foi, mas o Espírito Farisaico está mais vivo do que nunca, principalmente nas comunidades que se dizem Cristãs.
2. Olhar com misericórdia
É a terceira vez que Jesus é convidado para uma refeição na casa de um fariseu (7,36; 11,37). Esta repetição do encontro de Jesus com os fariseus em suas respectivas casas mostra que entre Jesus e os fariseus há uma mescla de simpatia e resistência. Essa proximidade relativa não impede Jesus de alertá-los. Os fariseus, efetivamente, desejam viver fielmente sua religião e creem servir a Deus através de suas práticas, sobretudo, uma determinada prática da Lei. Mas a rigidez quase obsessiva os cega, liga-os de modo estreito à letra do texto; a Lei de Deus é para eles um conjunto de regras e preceitos. Esse modo de cumprir a Lei, que eles julgavam ser o correto, fazia com que se esquecessem do essencial da Lei: o amor a Deus e o amor fraterno. Esse modo de interpretar a Lei os impedia de olhar para os outros com misericórdia e compreender: "É misericórdia que eu quero, não sacrifícios" (Os 6,6).
Nosso texto de hoje mostra uma refeição na casa de um dos chefes dos fariseus, durante o descanso sabático, dia dado pelo Senhor para celebrar o dom da vida, através da obra da criação, e a libertação do país da escravidão. Aproveitando-se da presença de um hidrópico, Jesus provoca a compreensão dos fariseus sobre o sentido da Lei de Deus: "Em dia de sábado, é permitido curar ou não? […] Se algum de vós tem um filho ou um boi que caiu num poço, não o tira logo daí, mesmo em dia de sábado?" (vv. 3.6). Eles não responderam a nenhuma pergunta porque, efetivamente, não tinham nada a responder.
ORAÇÃO
Pai, predispõe-me a manifestar meu amor a quem precisa de mim, sem inventar justificativas para me dispensar desta obrigação urgente.
3. SOBRE O SÁBADO
A maneira como os fariseus praticavam a Lei mosaica levava-os, muitas vezes, a tomarem atitudes insensatas. Jesus não comungava com o exagero deles; antes, submetia a obediência à Lei às exigências do amor e da misericórdia. Diante de uma situação em que a misericórdia se torna um imperativo, os preceitos da Lei ficam em segundo lugar.
Partindo deste princípio, Jesus não teve receio de curar o homem que padecia de hidropisia, embora fosse sábado e tivesse diante de si o chefe dos rigorosos fariseus. Entre agradar seu anfitrião e agradar a Deus, ele não hesitou. Contudo, não desagradou os fariseus simplesmente com o intuito de chocá-los e causar mal-estar naquele ambiente de fraternidade, pois se tratava de uma refeição. A ação de Jesus tinha sido uma obra da misericórdia. Ele não entreviu outro caminho possível, a não ser enviar, para casa, o homem já curado.
Jesus ofereceu aos fariseus um argumento que justificava sua ação: é sempre permitido defender a vida, seja ela qual for. Ninguém pergunta se é permitido tirar um boi ou um jumento, caído num poço em dia de sábado. E por que não, em se tratando de um ser humano, mergulhado na dor e no sofrimento de uma doença? A atitude de Jesus primou pela sensatez inspirada pelo Pai. Ninguém pode ser dispensado de praticar a misericórdia, que é característica do Pai. Tudo o mais deve estar submetido a ela.
Oração
Senhor Jesus, que todo o meu agir se inspire na misericórdia, que me torna sensível diante da dor e do sofrimento de meu próximo.
Liturgia do Sábado
DIA DE FINADOS - Comemoração dos Fiéis Defuntos
Neste dia ressoa em toda a Igreja o conselho de São Paulo para as primeiras comunidades cristãs: "Não queremos, irmãos, deixar-vos na ignorância a respeito dos mortos, para que não vos entristeçais como os outros que não tem esperança" ( 1 Tes 4, 13).
Sendo assim, hoje não é dia de tristezas e lamúrias, e sim de transformar nossas saudades, e até as lágrimas, em forças de intercessão pelos fiéis que, se estiverem no Purgatório, contam com nossas orações.
O convite à oração feito por nossa Mãe Igreja fundamenta-se na realidade da "comunhão dos santos", onde pela solidariedade espiritual dos que estão inseridos no Corpo Místico, pelo Sacramento do Batismo, são oferecidas preces, sacrificios e Missas pelas almas do Purgatório. No Oriente, a Igreja Bizantina fixou um sábado especial para orações pelos defuntos, enquanto no Ocidente as orações pelos defuntos eram quase geral nos mosteiros do século VII; sendo que a partir do Abade de Cluny, Santo Odilon, aos poucos o costume se espalhou para o Cristianismo, até ser tornado oficial e universal para a Igreja, através do Papa Bento XV em 1915, pois visava os mortos da guerra, doentes e pobres.
A Palavra do Senhor confirma esta Tradição pois "santo e piedoso o seu pensamento; e foi essa a razão por que mandou que se celebrasse pelos mortos um sacrifício expiatório, para que fossem absolvidos de seu pecado" (2 Mc 2, 45). Assim é salutar lembrarmos neste dia, que "a Igreja denomina Purgatório esta purificação final dos eleitos, que é completamente distinta do castigo dos condenados" (Catecismo da Igreja Católica).
Portanto, a alma que morreu na graça e na amizade de Deus, porém necessitando de purificação, assemelha-se a um aventureiro caminhando num deserto sob um sol escaldante, onde o calor é sufocante, com pouca água; porém enxerga para além do deserto, a montanha onde se encontra o tesouro, a montanha onde sopram brisas frescas e onde poderá descansar eternamente; ou seja, "o Céu não tem portas" (Santa Catarina de Gênova), mas sim uma providencial 'ante-sala'.
"Ó meu Jesus perdoai-nos, livrai-nos do fogo do Inferno. Levai as almas todas para o Céu e socorrei principalmente as que mais precisarem! Amém!"
FIEIS DEFUNTOS
( ROXO OU PRETO, PREFÁCIO DOS MORTOS – OFÍCIO PRÓPRIO )
Antífona da entrada: Dai-lhes, Senhor, o repouso eterno e brilhe para eles a vossa luz (4 Esd 2,34s).
Primeira Leitura (Sabedoria 3, 1-9)
Leitura do livro da Sabedoria.
3 1 Mas as almas dos justos estão na mão de Deus, e nenhum tormento os tocará.
2 Aparentemente estão mortos aos olhos dos insensatos: seu desenlace é julgado como uma desgraça.
3 E sua morte como uma destruição, quando na verdade estão na paz!
4 Se aos olhos dos homens suportaram uma correção, a esperança deles era portadora de imortalidade,
5 e por terem sofrido um pouco, receberão grandes bens, porque Deus, que os provou, achou-os dignos de si.
6 Ele os provou como ouro na fornalha, e os acolheu como holocausto.
7 No dia de sua visita, eles se reanimarão, e correrão como centelhas na palha.
8 Eles julgarão as nações e dominarão os povos, e o Senhor reinará sobre eles para sempre.
9 Os que põem sua confiança nele compreenderão a verdade, e os que são fiéis habitarão com ele no amor: porque seus eleitos são dignos de favor e misericórdia.
Salmo responsorial 41/42
A minha alma tem sede de Deus e deseja o Deus vivo.
Assim como a corça suspira
pelas águas correntes
suspira igualmente minha alma
por vós, ó meu Deus!
A minha alma tem sede de Deus
e deseja o Deus vivo.
quando terei a alegria de ver
a face de Deus?
Peregrino e feliz caminhando para a casa de Deus,
entre gritos, louvor e alegria
da multidão jubilosa.
Enviai vossa luz, vossa verdade:
elas serão o meu guia;
que me levem ao vosso monte santo,
até a vossa morada!
Então irei aos altares do Senhor,
Deus da minha alegria.
Vosso louvor cantarei, ao som da harpa,
meu Senhor e meu Deus!
Por que te entristeces, minha,
a gemer no meu peito?
Espera em Deus! Louvarei novamente
o meu Deus salvador!
Segunda Leitura (Apocalipse 21,1-7)
Leitura do livro do Apocalipse de são João.
21 1 Vi, então, um novo céu e uma nova terra, pois o primeiro céu e a primeira terra
desapareceram e o mar já não existia.
2 Eu vi descer do céu, de junto de Deus, a Cidade Santa, a nova Jerusalém, como uma esposa ornada para o esposo.
3 Ao mesmo tempo, ouvi do trono uma grande voz que dizia: Eis aqui o tabernáculo de Deus com os homens. Habitará com eles e serão o seu povo, e Deus mesmo estará com eles.
4 Enxugará toda lágrima de seus olhos e já não haverá morte, nem luto, nem grito, nem dor, porque passou a primeira condição.
5 Então o que está assentado no trono disse: Eis que eu renovo todas as coisas. Disse ainda: Escreve, porque estas palavras são fiéis e verdadeiras.
6 Novamente me disse: Está pronto! Eu sou o Alfa e o Ômega, o Começo e o Fim. A quem tem sede eu darei gratuitamente de beber da fonte da água viva.
7 O vencedor herdará tudo isso; e eu serei seu Deus, e ele será meu filho.

Aclamação do Evangelho
Aleluia, aleluia, aleluia.
Eu te louvo, ó Pai santo, Deus do céu, Senhor da terra, os mistérios do teu reino aos pequenos, Pai, revelas! (MT 11,25).

Evangelho (Mateus 5, 1-12)
5 1 Vendo aquelas multidões, Jesus subiu à montanha. Sentou-se e seus discípulos aproximaram-se dele.
2 Então abriu a boca e lhes ensinava, dizendo:
3 Bem-aventurados os que têm um coração de pobre, porque deles é o Reino dos céus!
4 Bem-aventurados os que choram, porque serão consolados!
5 Bem-aventurados os mansos, porque possuirão a terra!
6 Bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça, porque serão saciados!
7 Bem-aventurados os misericordiosos, porque alcançarão misericórdia!
8 Bem-aventurados os puros de coração, porque verão Deus!
9 Bem-aventurados os pacíficos, porque serão chamados filhos de Deus!
10 Bem-aventurados os que são perseguidos por causa da justiça, porque deles é o Reino dos céus!
11 Bem-aventurados sereis quando vos caluniarem, quando vos perseguirem e disserem falsamente todo o mal contra vós por causa de mim.
12 Alegrai-vos e exultai, porque será grande a vossa recompensa nos céus, pois assim perseguiram os profetas que vieram antes de vós.
COMENTÁRIOS DO EVANGELHO
1. Uma Vida que seja Eterna
Antigamente, antes do consumismo que começou a explodir nos anos 80, a gente comprava objetos de uso pessoal, móveis e equipamentos, que duravam uma eternidade, mas com o consumismo, os bens duráveis tornaram-se descartáveis, só vou dar alguns exemplos, por aqueles tempos a gente tinha os consertadores de guarda chuva e sombrinha, e também sapateiros, consertadores de rádios, amoladores de faca, consertadores de relógios despertadores, não eletrônicos. Onde estão eles nas grandes cidades? Simplesmente não têm mais espaço na economia, esses objetos são de baixo custo, não compensa consertá-los e a maioria nem tem conserto, são produzidos para durar pouco, podem reparar os móveis compensados, que após seis meses de uso já começam a apresentar problemas nas gavetas e portas e mesmo os mais resistentes e caros, não duram a vida toda como antigamente.
Pois bem, do mesmo modo que o homem se ilude quando compra algo novo e pensa que vai durar bastante, assim também se pensa em relação a nossa existência. Queremos eternizar o que não é eterno, queremos que dure sempre, algo que é perecível, e quando o homem se depara com a sua finitude, entra em desespero e os que podem, tentam camuflar o envelhecimento, com cirurgias plásticas que esticam tudo e é até perigoso o umbigo vim parar na testa, silicones e lepto-aspiração, tingir os cabelos, cremes milagrosos para esconder as rugas e pés de galinha, enfim, tudo o que nos dá a ilusão de que a nossa matéria durará sempre, é utilizado pelo homem.
Jesus Cristo nos oferece algo muito melhor, algo que nos revestirá de imortalidade, algo que nos fará superar a nossa finitude, libertando-nos dos limites da nossa matéria. Ele nos dá uma Vida que é eterna, não algo recauchutado, reformado, remendado, mas  novo e original, que é vontade do Pai, e que não acontece por nossos méritos, e muito menos com o nosso esforço, o homem não terá nunca a chave da morte. Ele até poderá prolongar sua existência, como hoje já acontece, com muitos superando os cem anos de vida, coisa que nos anos 60 ou 70 era um recorde, hoje o homem pode atingir tranquilamente 80 a 90 anos, apesar da qualidade de vida não ser das melhores. Mas Jesus tem a chave de algo que está fora do alcance do homem.
O Homem quer ter vida longa, Deus quer que o Homem seja eterno e por isso, vai esperá-lo no lugar do aniquilamento, do despojamento, quando este homem, purificado de todas as suas misérias se apresenta diante de Deus exatamente no momento da sua morte, naquilo que ele realmente é, uma pessoa na sua totalidade, livre da matéria que o limitava e que o fazia tão frágil. Ali Deus espera cada homem de braços abertos, para acolhê-lo e confirmar nele a sua imortalidade, fazendo-o mergulhar no infinito da eternidade, em uma comunhão plena e sem interrupções...
Jesus se encarna em nosso meio para realizar a vontade do Pai, basta crer nele e fazer dele a razão e o sentido da nossa vida, e quando chegar no último dia da nossa existência, quando pensarmos que tudo se acabou, Nele e com Ele seremos novas criaturas, eternas e imortais como é o desejo e a vontade de Deus.
Pensem nisso nesse dia de Finados, pranteamos nossos mortos, mas que essa esperança de que eles estão bem vivos, nos anime a prosseguir em nossa Vida de Fé, naquele que é a Ressurreição e a Vida!
2. Intervenção confiante
O fundamento de nossa fé é a ressurreição de Jesus Cristo: "Se temos esperança em Cristo somente para esta vida, somos os mais dignos de compaixão de todos os homens. Cristo ressuscitou dos mortos, primícias dos que adormeceram" (1Cor 15,19-20).
Nosso texto do evangelho é parte do capítulo 11 do evangelho segundo João, que podemos caracterizar como sendo uma catequese sobre a ressurreição. Com a chegada de Jesus, Marta vai ao seu encontro, enquanto sua irmã, Maria, permanece sentada. Marta se destaca do grupo, formado pela irmã e pelos judeus, caracterizado pelo luto. Deixando o grupo para ir ao grupo do Senhor, Marta se dissocia do luto e se coloca do lado do Senhor dos vivos. Diante de Jesus, ela se coloca como uma mulher de fé que confia em Jesus: "Senhor, se estivesses estado aqui… Mesmo assim, eu sei que o que pedires a Deus, ele te concederá" (vv. 21.22).
A intervenção confiante de Marta é constituída de uma dupla fórmula: a presença de Jesus teria livrado o seu irmão da morte e a presença de Jesus permite reavivar toda a esperança. "Teu irmão ressuscitará" (v. 23), diz Jesus. Diante disso, Marta afirma a sua adesão ao credo do judaísmo sobre a ressurreição.
Mas ante a nova afirmação de Jesus: "Eu sou a ressurreição e a vida", ela supera a fé judaica na ressurreição, para professar: "Eu creio…" (v. 27). É exatamente nisso que ela é cristã. O diálogo de Jesus com Marta é o cume do capítulo 11. A profissão de Marta equivale à de Pedro, em Jo 6,69.
ORAÇÃO
Pai, dá-me a graça de compreender a ressurreição de Jesus como vitória da vida e como sinal de que a morte não tem a última palavra sobre o destino daqueles que crêem.
3. BEM-AVENTURANÇA E SANTIDADE
Ao proclamar as bem-aventuranças, Jesus descreveu a dinâmica da santidade. Bem-aventurado é sinônimo de santo. Portanto, santos são os pobres em espírito, cujo coração está centrado em Deus e que rejeita toda espécie de idolatria. Com certeza, possuirão o Reino dos Céus.
Santos são os mansos, que por não responderem a violência com violência, herdarão um bem inalcançável pelos violentos. Santos são os aflitos, que são impotentes diante de situações dramáticas, e não pretendem ter solução para tudo. Sua recompensa será a consolação de Deus.
Santos são os famintos e sedentos de justiça, que não pactuam com a maldade, nem se deixam levar pela lógica da dominação. Deus mesmo haverá de realizar seu ideal e fazê-los contemplar o reino da justiça. Santos são os misericordiosos, cujo destino consistirá em viver a comunhão definitiva com o Deus-misericórdia.
Santos são os puros de coração, que não agem com segundas intenções e nem falsidade, mas sim, com transparência. Por isso, serão recompensados com a visão de Deus, em todo seu esplendor. Santos são os promotores da paz, que procuram criar laços de amizade e banir toda espécie de ódio, a fim de que o mundo seja mais fraterno. Eles serão chamados filhas e filhos de Deus.
Santos são os perseguidos por causa da justiça, os que lutam para fazer valer o projeto de Deus para a humanidade.
Este é o caminho da santidade que todos somos chamados a percorrer.
Oração
Senhor Jesus, faze-me trilhar os caminhos das bem-aventuranças, que é o caminho da santidade.
Liturgia do Domingo 03.11.2013
31º DTC - SOLENIDADE DE TODOS OS SANTOS E SANTAS — ANO C

( BRANCO, GLÓRIA, CREIO, PREFÁCIO PRÓPRIO – OFÍCIO DA SOLENIDADE )
__ "A vontade de Deus é a nossa santificação" __
Ambientação:
Sejam bem-vindos amados irmãos e irmãs!
INTRODUÇÃO DO FOLHETO DOMINICAL PULSANDINHO: Estamos no primeiro domingo do mês de novembro. Hoje, reunimo-nos para celebrar o mistério da santidade divina na nossa vida. A solenidade de todos os santos e santas de Deus é um dia para celebramos a vitória daqueles que nos precederam na fé e partiram desta vida para junto de Deus. O tom desta celebração é, pois, de alegria e de esperança. Alegria porque sabemos que muitos – uma incontável multidão – são os que estão na eternidade com Deus; esperança porque a vitória deles no anima a continuar no caminho da santidade..
INTRODUÇÃO DO FOLHETO DOMINICAL O POVO DE DEUS: Desde o século IX, a Igreja celebra numa só festa a memória de todos os Santos, para frisar que Cristo amou-a como esposa e se entregou por ela, a fim de santificá-la. Os santos, além de intercessores, são modelos de seguimento de Jesus e, por meio deles, o Mistério Pascal tem sido anunciado ao longo dos séculos. Portanto, o sentido desta solenidade aponta ainda para o destino de todos os que foram batizados, para com Cristo ser imersos na morte e alcançar a ressurreição, além de serem protagonistas de uma vida feliz e cheia de sentido neste mundo.
INTRODUÇÃO DO WEBMASTER: No princípio a Bíblia reservou a Javé o título de "Santo", palavra que tinha então um significado muito próximo ao de "sagrado": Deus é o "Outro", tão transcendente e tão longínquo que o homem não pode pensar em participar da sua vida. Diante de sua santidade o homem não pode deixar de ter respeito e temor. Todo homem deve procurar a "pureza de coração" capaz de fazer com que possa participar da vida de Deus.
Sintamos em nossos corações a alegria do Amor ao Próximo e entoemos alegres cânticos ao Senhor!
SOLENIDADE DE TODOS OS SANTOS E SANTAS
A PUREZA DE CORAÇÃO DO HOMEM PERMITE SUA PRESENÇA PERANTE DEUS
Antífona da entrada: Alegremo-nos todos no Senhor, celebrando a festa de todos os Santos. Conosco alegram-se os anjos e glorificam o Filho de Deus.
Comentário das Leituras: Porque somos filhos e filhas de Deus, cada um de nós é chamado a participar da sua santidade e convidado a viver na festa da vida que nunca se termina. As bem-aventuranças nos colocam no caminho da santidade e propõe atitudes que ajudam a santificar o mundo. Na festa de todos os Santos, ouçamos as leituras com devoção, para que possamos participar da Eucaristia comprometendo-nos com a vocação batismal de filhos de Deus.
Primeira Leitura (Apocalipse, 7,2-4.9-14)
Leitura do livro do Apocalipse de são João.

7 2 Vi ainda outro anjo subir do oriente; trazia o selo de Deus vivo, e pôs-se a clamar com voz retumbante aos quatro Anjos, aos quais fora dado danificar a terra e o mar, dizendo:
3 Não danifiqueis a terra, nem o mar, nem as árvores, até que tenhamos assinalado os servos de nosso Deus em suas frontes.
4 Ouvi então o número dos assinalados: cento e quarenta e quatro mil assinalados, de toda tribo dos filhos de Israel;
9 Depois disso, vi uma grande multidão que ninguém podia contar, de toda nação, tribo, povo e língua: conservavam-se em pé diante do trono e diante do Cordeiro, de vestes brancas e palmas na mão,
10 e bradavam em alta voz: "A salvação é obra de nosso Deus, que está assentado no trono, e do Cordeiro".
11 E todos os Anjos estavam ao redor do trono, dos Anciãos e dos quatro Animais; prostravam-se de face em terra diante do trono e adoravam a Deus, dizendo:
12 "Amém, louvor, glória, sabedoria, ação de graças, honra, poder e força ao nosso Deus pelos séculos dos séculos! Amém".
13 Então um dos Anciãos falou comigo e perguntou-me: "Esses, que estão revestidos de vestes brancas, quem são e de onde vêm?"
14 Respondi-lhe: "Meu Senhor, tu o sabes". E ele me disse: "Esses são os sobreviventes da grande tribulação; lavaram as suas vestes e as alvejaram no sangue do Cordeiro".
Salmo responsorial 23/24
É assim a geração dos que procuram o Senhor!
Ao Senhor pertence a terra e o que ela encerra,
o mundo inteiro com os seres que o povoam;
porque ele a tornou firme sobre os mares
e, sobre as águas, a mantém inabalável.
"Quem subirá até o monte do Senhor,
quem ficará em sua santa habitação?"
"Quem tem mãos puras e inocente coração,
quem não dirige sua mente para o crime.
Sobre este desce a bênção do Senhor
e a recompensa de seu Deus e salvador."
"É assim a geração dos que o procuram
e do Deus de Israel buscam a face."
Segunda Leitura (1 João 3,1-3)
Leitura da primeira carta de são João.

3 1 Considerai com que amor nos amou o Pai, para que sejamos chamados filhos de Deus. E nós o somos de fato. Por isso, o mundo não nos conhece, porque não o conheceu.
2 Caríssimos, desde agora somos filhos de Deus, mas não se manifestou ainda o que havemos de ser. Sabemos que, quando isto se manifestar, seremos semelhantes a Deus, porquanto o veremos como ele é.
3 E todo aquele que nele tem esta esperança torna-se puro, como ele é puro.
Aclamação do Evangelho
Aleluia, aleluia, aleluia.
Vinde a mim, todos vós que estais cansados e penais a carregar pesado fardo, e descanso eu vos darei, diz o Senhor (Mt 11,28).

EVANGELHO (Mateus 5,1-12)
5 1 Vendo aquelas multidões, Jesus subiu à montanha. Sentou-se e seus discípulos aproximaram-se dele.
2 Então abriu a boca e lhes ensinava, dizendo:
3 "Bem-aventurados os que têm um coração de pobre, porque deles é o Reino dos céus!
4 Bem-aventurados os que choram, porque serão consolados!
5 Bem-aventurados os mansos, porque possuirão a terra!
6 Bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça, porque serão saciados!
7 Bem-aventurados os misericordiosos, porque alcançarão misericórdia!
8 Bem-aventurados os puros de coração, porque verão Deus!
9 Bem-aventurados os pacíficos, porque serão chamados filhos de Deus!
10 Bem-aventurados os que são perseguidos por causa da justiça, porque deles é o Reino dos céus!
11 Bem-aventurados sereis quando vos caluniarem, quando vos perseguirem e disserem falsamente todo o mal contra vós por causa de mim.
12 Alegrai-vos e exultai, porque será grande a vossa recompensa nos céus, pois assim perseguiram os profetas que vieram antes de vós".
LEITURAS DA SEMANA DE 04 a 10 de Novembro de 2013:
2ª Br – Rm 11,29-36; Sl 68(69); Lc 14,12-14
3ª Vd - Rm 12,5-16a; Sl 130(131); Lc 14,15-24
4ª Vd - Rm 13,8-10; Sl 111(112); Lc 14,25-33
5ª Vd – Rm 14,7-12; Sl 26(27); Lc 15,1-10
6ª Vd – Rm 15,14-21; Sl 97(98); Lc 16,1-8
Sb Br – Ez 47,1-2.8-9.12 ou 1Cor 3,9-11.16-17; Sl 45(46); Jo 2,13-22
32º DTC Vd - 2Mac 7,1-2.9-14; Sl 16(17); 2Ts 2,16 – 3,5; Lc 20,27-38 (Sobre a ressurreição)
COMENTÁRIOS DO EVANGELHO
1. VIVER HOJE O “AMANHÔ
Ser santo não é uma decisão do homem mas uma resposta ao convite que Deus nos faz em Jesus Cristo: Sede perfeitos como o vosso Pai é perfeito! Perfeição nesse sentido, nunca foi e nem será o forte do homem, feito de barro, vulnerável ao pecado, sujeito a tantas fraquezas, marcado por tantas limitações. Se santidade fosse isso, Deus seria o maior dos injustos, pois é o mesmo que um homem perfeito sair em disparada e pedir para que um deficiente físico o acompanhe nessa corrida.
Nunca teríamos a menor chance de ser santos. Há ainda outra corrente que acha que a santidade é apenas para alguns, que têm uma conduta exemplar, são pacientes, tolerantes, dóceis, calmos, prestativos, solidários, educados, nunca perdem a cabeça e o equilíbrio, nunca reclamam de nada e aceitam tudo, sendo bondosos o tempo todo. De pessoas assim, é melhor manter distância e ser cauteloso, porque me dizia um padre muito amigo, o santinho de hoje pode ser o diabinho de amanhã!
Ser calmo ou ter os nervos a flor da pele, ter equilíbrio emocional, demonstrar serenidade, ser amável e dócil, ser prestativo e educado, sem dúvida que são belas virtudes, mas não necessariamente um indicativo de santidade, pois conheço histórias de grandes santos que eram bem temperamentais. Há ainda outro conceito perigoso de santidade, que é ter o poder de realizar coisas prodigiosas, os chamados milagres. Conheço pessoas descrentes de Deus e da igreja, e que, contudo praticam essas virtudes. E já tive conhecimento de curas operadas por pessoas de outras correntes religiosas, até opostas ao cristianismo.
A ideia de que santidade é coisa restrita de alguns homens e mulheres especiais, parece-me um tanto quanto equivocada, pois o visionário do apocalipse afirma categoricamente na primeira leitura, que se trata de uma multidão, de onde se conclui facilmente, que santidade é uma proposta de vida que Deus faz a toda humanidade, onde Jesus Cristo é o modelo e a referência máxima, nele a gente se encontra como Filho de Deus, não mais desfigurado pela corrupção do pecado, mas liberto, vitorioso e perfeito como fomos criados e concebidos pelo Pai. Somente Nele, com ele e por ele seremos santos! Mas encontrei nas leituras dessa "Festa de Todos os Santos", uma definição ainda mais bonita e completa do que é a Santidade - "Viver hoje o amanhã".
É preciso ter os pés no chão, pois uma coisa é enfrentar com coragem os desafios do presente e buscar soluções concretas, o outro é camuflar a situação, fazendo uma belíssima coreografia, sem mudar o cenário! É maquiar para parecer belo! A copa do mundo que vai acontecer no Brasil em 2014, será um desses momentos, de grande ilusão e utopia. Já se está vendendo a imagem de um País que é um paraíso...
As bem-aventuranças proclamadas solenemente por Jesus, no alto de um monte, são profundamente realistas: a Primeira e a Oitava, trazem o verbo no presente, "...porque deles é o Reino dos Céus", ao passo que as demais, usam o verbo no futuro, "porque serão, verão, alcançarão...". Ser pobre em espírito é fazer de Deus a sua única riqueza, é possuir já nesta vida a plenitude da vida futura. É ser discípulo e estar em constante aprendizado a partir do evangelho, vivendo hoje tudo o que cremos e esperamos no amanhã. Esta postura diferente trará incompreensão e perseguição mas em compensação, a alegria será verdadeira, porque não se fundamenta naquilo que se vê, mas sim no que se espera.
Jesus Cristo trouxe o futuro até nós, sendo precisamente esta crença e esperança que nos faz ter uma identidade própria, fomos marcados para fazer a diferença neste mundo tão descrente, que não consegue vislumbrar a Vida Nova, para a qual fomos destinados por Deus, desde o início da Criação.
2. Acolher a presença de Deus é o caminho da santidade
A festa de todos os santos e santas de Deus é uma festa antiga. Já no segundo século, a Igreja celebrava a memória dos seus mártires para que, tendo presente o seu testemunho, a comunidade se mantivesse fiel no testemunho de Jesus Cristo. É uma festa para nós.
A porta do céu se abre não para nos abstrairmos do mundo, pois, aqui, é o lugar de vivermos a nossa vocação à santidade, mas para considerarmos o compromisso próprio do nosso chamado a partir do céu, inspirados pelo testemunho daqueles que nos precederam na fé. Em todos os santos e santas de Deus se cumpre a Palavra do Senhor. À afirmação de Pedro: "Olha, deixamos tudo e te seguimos!", que recompensa terão? Jesus responde: "Nessa vida perseguições e tribulações. Mas, depois, a vida eterna" (Mc 10,28-30).
As bem-aventuranças fazem parte do longo discurso denominado sermão da montanha (Mt 5–7); fazem parte de um gênero literário bastante atestado no Antigo Testamento. A primeira bem-aventurança é o fundamento de todas as demais: "Felizes os pobres no espírito, porque deles é o Reino dos céus" (v. 3). Há um espírito dentro do ser humano; ele o recebeu de Deus, que o chamou à existência (cf. Gn 2,7). A pobreza de espírito é uma pobreza em relação a Deus: diante de Deus o ser humano se encontra "desnudo". Viver essa realidade de maneira concreta é assumi-la com um coração puro, experimentá-la no mais profundo do ser, lá onde aflora a presença de Deus.
Nesse sentido, as bem-aventuranças são um apelo ao discípulo a viver a vida referida a Deus e na confiança nele, num compromisso efetivo com o Reino de Deus e na esperança de que a recompensa vem do alto. O que cada bem-aventurança promete, a realidade escatológica, é o fundamento da vida moral, do modo de agir do cristão.
O livro do Apocalipse foi escrito com a finalidade de encorajar os cristãos a que, mesmo na perseguição implacável, guardassem a palavra de Cristo, não renunciassem à fé e aos valores da vida cristã. Ele tira para a vida dos cristãos as consequências do mistério pascal do Senhor. O que encoraja a Igreja peregrina é considerar a Igreja triunfante.
A multidão numerosa vestida de branco são os que por Cristo deram as suas vidas e no Cristo participam da sua gloriosa ressurreição. São os que confiaram plenamente no Senhor: "Todo o que espera nele purifica-se, como também ele é puro" (1Jo 3,3).
É preciso, por fim, dizer que o que nos faz santos é a presença de Deus em nós. Acolher esta presença, deixar-se conduzir por ela, é o caminho da santidade.
ORAÇÃO
Pai, move-me pelo Espírito a trilhar o caminho da santidade, colocando minha vida em tuas mãos e buscando viver as bem-aventuranças proclamadas por teu Filho Jesus.
3. ENTREGUES NAS MÃOS DO SENHOR
A santidade não é um artigo de luxo reservado a um grupo de privilegiados. É um ideal para o qual todos os cristãos devem tender, independentemente de sua condição social ou eclesial.
Como ninguém é excluído, também ninguém pode eximir-se de dar sua resposta a este apelo divino. O importante é ter uma visão correta da santidade, para se evitar esmorecimentos diante de concepções falsas, e também para não ir atrás de um projeto de santidade incompatível com a proposta de Jesus.
O Evangelho entende a santidade como a capacidade de entregar-se totalmente nas mãos do Pai, de quem tudo se espera e em nome de quem se age em favor do semelhante. Neste caso, santidade e bem-aventurança identificam-se.
A bem-aventurança dos pobres em espírito, dos mansos, dos aflitos e dos que têm fome e sede de justiça acontece quando as pessoas, nestas condições, contam apenas com o auxílio que vem de Deus. Seria inútil contar com as criaturas e esperar delas o socorro.
Por outro lado, também os misericordiosos, os puros de coração, os construtores de paz e os perseguidos por causa da justiça trilham um caminho de santidade. Sem uma profunda adesão a Deus e a seu Reino, jamais se disporiam a prestar ao próximo um serviço gratuito e desinteressado, e a escolher um projeto de vida em que os interesses pessoais passam para um segundo plano.
A santidade, neste caso, consiste em imitar o modo divino de agir.
Oração
Pai, move-me pelo Espírito a trilhar o caminho da santidade, colocando minha vida em tuas mãos e buscando viver as bem-aventuranças proclamadas por teu Filho Jesus.


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