terça-feira, 5 de novembro de 2013

liturgia da 31ª semana comum Ano Impar



Liturgia da Segunda Feira — 04.11.2013
Antífona da entrada: O Senhor firmou com ele uma aliança de paz, fazendo-o chefe do seu povo e sacerdote para sempre (Eclo 45,30)
Leitura (Romanos 11,29-36)
Leitura da carta de são Paulo aos Romanos.
11 29 Pois os dons e o chamado de Deus são irrevogáveis.
30 Assim como vós antes fostes desobedientes a Deus, e agora obtivestes misericórdia com a desobediência deles,
31 assim eles são incrédulos agora, em conseqüência da misericórdia feita a vós, para que eles também mais tarde alcancem, por sua vez, a misericórdia.
32 Deus encerrou a todos esses homens na desobediência para usar com todos de misericórdia.
33 Ó abismo de riqueza, de sabedoria e de ciência em Deus! Quão impenetráveis são os seus juízos e inexploráveis os seus caminhos!
34 Quem pode compreender o pensamento do Senhor? Quem jamais foi o seu conselheiro?
35 Quem lhe deu primeiro, para que lhe seja retribuído?
36 Dele, por ele e para ele são todas as coisas. A ele a glória por toda a eternidade! Amém.
Salmo responsorial 68/69
Respondei-me, ó Senhor, pelo vosso imenso amor!
Pobre de mim, sou infeliz e sofredor!
Que vosso auxílio me levante, Senhor Deus!
Cantando, eu louvarei o vosso nome
e, agradecido, exultarei de alegria!
Humildes, vede isto e alegrai-vos: o vosso coração reviverá
se procurardes o Senhor continuamente!
Pois nosso Deus atende à prece dos seus pobres
e não despreza o clamor de seus cativos.
Sim, Deus virá e salvará Jerusalém,
reconstruindo as cidades de Judá,
onde os pobres morarão, sendo seus donos.
A descendência de seus servos há de herdá-las,
e os que amam o santo nome do Senhor
dentro delas fixarão sua morada!
Aclamação do Evangelho
Aleluia, aleluia, aleluia.
Se guardais minha palavra, diz Jesus, realmente vós sereis os meus discípulos (Jo 8,31s).

EVANGELHO (Lucas 14,12-14)
14 12 Jesus dizia ao chefe dos fariseus que o tinha convidado: “Quando deres alguma ceia, não convides os teus amigos, nem teus irmãos, nem os parentes, nem os vizinhos ricos. Porque, por sua vez, eles te convidarão e assim te retribuirão.
13 Mas, quando deres uma ceia, convida os pobres, os aleijados, os coxos e os cegos.
14 Serás feliz porque eles não têm com que te retribuir, mas ser-te-á retribuído na ressurreição dos justos”.
COMENTÁRIOS DO EVANGELHO
1. Festa Particular
A primeira impressão sobre esse evangelho, é que Jesus é um grande estraga-prazeres, pois a coisa mais gostosa e gratificante é quando recebemos em casa, os amigos e parentes que muito amamos, para sentar conosco á mesa e passar horas deliciosas, que só reforçam o afeto para com eles e deles para conosco.  Jesus aqui não está querendo acabar com essa nossa alegria de poder estar em torno de uma mesa, com as pessoas queridas. 
O recado é outro e tem um endereço  certo, ele critica o Farisaísmo, um grupo fechado para todos os outros, por que se julgam os únicos salvos ou merecedores da Salvação, pela sua conduta exemplar, modelo para todos, e que diante de Deus os fazem merecedores e bem quisto pelos homens.
No centro da reflexão está a gratuidade das relações humanas. Quanto mais eu priorizar nas minhas relações, pessoas iguais a mim, na cultura, no modo de pensar, na posição social, e até na expressão religiosa, mais longe de Deus estamos, pois a Trindade Santa não é um Condomínio residencial, exclusivo para alguns Santos. Ao encarnar-se na frágil natureza humana, Jesus, o Filho de Deus, fez da comunhão trinitária o lugar de todos quantos queiram viver na comunhão com Deus, não porque se fazem merecedores, mas por pura benevolência de Deus que abre o seu coração para acolher a todos os homens.
Em Cristo Jesus,  Deus manifesta um amor sem medidas por todos e por cada homem em particular, ainda que este não mereça ( são os pobres, aleijados, coxos, cegos, imperfeitos) Deus convida a todos para viver esta comunhão.
Ora, se a nossa Igreja é reflexo dessa Trindade, jamais podemos em comunidade ser um grupo fechado, exclusivo, particular. A Igreja que Jesus instituiu não é assim, mas aberta a todos e isso Deus espera da nossa comunidade.
Não façamos de nossa comunidade, pastoral ou grupo, uma festa particular, mas tenhamos  coração e alma sempre abertos, para acolher a todos, mesmo aqueles que ainda não se converteram, os pequenos que estão a procura de algo e tantas outras pessoas que na comunidade estão, á nosso ver, fora dos “padrões” de cristianismo, pois cada um de nós, também nem sempre está nos padrões de Santidade de Jesus, e nem por isso o Pai cheio de amor deixa de nos acolher.
2. É preciso renunciar ao anseio de recompensa ou retribuição
Trata-se de uma refeição na casa de um fariseu, num sábado (cf. v. 1), dia dado pelo Senhor para celebrar o dom da vida, através da obra da criação, e a libertação do país da escravidão. A instrução é motivada pela observação de Jesus de que “os convidados escolhiam os primeiros lugares” (v. 7). A parábola utiliza a imagem do casamento, em que os lugares já eram predeterminados.
Há duas lições: o lugar é recebido de quem convidou para a festa (cf. v. 8-11). A segunda lição, nosso texto de hoje, é um convite à generosidade: quando der um banquete, convide aqueles que não podem retribuir (cf. vv. 12-14). É preciso renunciar ao anseio de recompensa ou retribuição: “Se amais os que vos amam, que graça alcançais? Até mesmo os pecadores agem assim. Fazei o bem aos que no-lo fazem, que graça alcançais? Até mesmo os pecadores agem assim… E se emprestais àqueles de que quem esperais receber, que graça alcançais? […]. Fazei o bem e empresteis sem esperar coisa alguma em troca” (Lc 6,32-35).
ORAÇÃO
Pai, coloca no meu coração um amor desinteressado e gratuito, que saiba ser generoso sem esperar outra recompensa a não ser a que vem de ti.
3. UM ENSINAMENTO EXTRAVAGANTE?
Jesus fez um esforço formidável para colocar no coração de seus discípulos um amor entranhado pelos pobres e marginalizados. Ele bem conhecia o valor salvífico do bem feito aos excluídos, e o quanto agradam ao Pai os gestos de bondade em relação aos necessitados.
O ensinamento a respeito de quem deve ser convidado para um almoço ou jantar tem esta finalidade. Por isso, pode parecer um tanto extravagante. Nada de chamar amigos, irmãos, parentes e vizinhos ricos, quando se oferece um almoço ou jantar. O Mestre aconselha a convidar os aleijados, os coxos, os cegos, que não têm como retribuir.
Jesus opôs-se à tendência humana natural de estreitar as relações com as pessoas às quais queremos bem, e cuja convivência nos é agradável. Ao invés disso, ensinou a escolher os mais carentes de afeto e atenção.
É importante atentar para os motivos sadios que nos devem levar a convidar os pobres para uma ceia familiar. Existem motivos fúteis, como ganhar o prestígio de pessoa caridosa e fazer demagogia barata. Convidar os pobres significa comungar com sua causa, tornar-se solidário com eles, a ponto de tudo fazer para que sua dignidade seja respeitada. Quem age com esta intenção, participará da ressurreição dos justos.
Oração
Espírito que nos leva a optar pelos pobres, sintoniza-me com os ensinamentos de Jesus, de maneira que os pobres e excluídos ocupem um espaço importante em minha vida.

Liturgia da Terça-Feira
XXXI SEMANA DO TEMPO COMUM *
( VERDE – OFÍCIO DO DIA DA III SEMANA )
Antífona da entrada: Não me abandoneis, jamais, Senhor, meu Deus, não fiqueis longe de mim! Depressa, vinde em meu auxílio, ó Senhor, minha salvação! (Sl 37,22s).
Leitura (Romanos 12,5-16)
Leitura da carta de são Paulo aos Romanos.
Irmãos, 12 5 assim nós, embora sejamos muitos, formamos um só corpo em Cristo, e cada um de nós é membro um do outro.
6 Temos dons diferentes, conforme a graça que nos foi conferida. Aquele que tem o dom da profecia, exerça-o conforme a fé.
7 Aquele que é chamado ao ministério, dedique-se ao ministério. Se tem o dom de ensinar, que ensine;
8 o dom de exortar, que exorte; aquele que distribui as esmolas, faça-o com simplicidade; aquele que preside, presida com zelo; aquele que exerce a misericórdia, que o faça com afabilidade.
9 Que vossa caridade não seja fingida. Aborrecei o mal, apegai-vos solidamente ao bem.
10 Amai-vos mutuamente com afeição terna e fraternal. Adiantai-vos em honrar uns aos outros.
11 Não relaxeis o vosso zelo. Sede fervorosos de espírito. Servi ao Senhor.
12 Sede alegres na esperança, pacientes na tribulação e perseverantes na oração.
13 Socorrei às necessidades dos fiéis. Esmerai-vos na prática da hospitalidade.
14 Abençoai os que vos perseguem; abençoai-os, e não os praguejeis.
15 Alegrai-vos com os que se alegram; chorai com os que choram.
16 Vivei em boa harmonia uns com os outros. Não vos deixeis levar pelo gosto das grandezas; afeiçoai-vos com as coisa modestas. Não sejais sábios aos vossos próprios olhos.
Salmo responsorial 130/131
Guardai-me, em paz, junto a vós, ó Senhor!
Senhor, meu coração não orgulhoso,
nem se eleva arrogante o meu olhar;
não ando à procura de grandezas
nem tenho pretensões ambiciosas!
Fiz calar e sossegar a minha alma;
ela está em grade paz dentro de mim,
como a criança bem tranqüila, amamentada
no regaço acolhedor de sua mãe.
Confia no Senhor, ó Israel,
desde agora e por toda a eternidade!
Aclamação do Evangelho
Aleluia, aleluia, aleluia.
Vinde a mim, todos vós que estais cansados, e descanso eu vos darei, diz o senhor (Mt 11,28)

EVANGELHO (Lucas 14,15-24)
Naquele tempo, 14 15 um dos convidados disse a Jesus: "Feliz daquele que se sentar à mesa no Reino de Deus!"
16 Respondeu-lhe Jesus: "Um homem deu uma grande ceia e convidou muitas pessoas.
17 E à hora da ceia, enviou seu servo para dizer aos convidados: ‘Vinde, tudo já está preparado’.
18 Mas todos, um a um, começaram a escusar-se. Disse-lhe o primeiro: ‘Comprei um terreno e preciso sair para vê-lo; rogo-te me dês por escusado’.
19 Disse outro: ‘Comprei cinco juntas de bois e vou experimentá-las; rogo-te me dês por escusado’.
20 Disse também um outro: ‘Casei-me e por isso não posso ir’.
21 Voltou o servo e referiu isto a seu senhor. Então, irado, o pai de família disse a seu servo: ‘Sai, sem demora, pelas praças e pelas ruas da cidade e introduz aqui os pobres, os aleijados, os cegos e os coxos’.
22 Disse o servo: ‘Senhor, está feito como ordenaste e ainda há lugar’.
23 O senhor ordenou: ‘Sai pelos caminhos e atalhos e obriga todos a entrar, para que se encha a minha casa.
24 Pois vos digo: nenhum daqueles homens, que foram convidados, provará a minha ceia’".
COMENTÁRIOS DO EVANGELHO
1. Estou ocupado... Tente mais tarde...
Comprei um terreno... Comprei cinco juntas de bois....Comprar, consumir, TER... Até parece que os dois primeiros convidados especiais para a grande ceia, eram da pós-modernidade, que não têm tempo para mais nada, a não ser trabalhar, negociar, produzir, comprar, adquirir. Parece mesmo,  que o sentido da vida está apenas nessas coisas...Agenda repleta, seminários, cursos, palestras, reuniões, encontros, planejamentos, e ninguém  se pergunta o por que de tudo isso, qual o sentido de se viver, de estar vivo e se relacionar com as pessoas?
Deus faz um convite a cada homem para uma ceia, porque tem algo especial para lhe falar, tem algo a lhe oferecer, e que está acima de todas essas coisas, quer mostrar-lhe o sentido da vida, a razão do existir, quer mostrar-lhe a importância do SER , quer que o homem o conheça de perto e experimente seu amor e sua graça...mas, o homem está muito ocupado e vai prorrogando a sua experiência com Deus presente em Jesus Cristo, sente algo dentro de si, parece que Deus insiste em lhe dizer algo, mas vai empurrando com a barriga, não quer parar para pensar, e nem pode, precisa produzir e consumir... Para ser feliz.
Esses convidados chegaram até a pedir desculpas, tentando justificar a recusa ao convite. É o homem da pós-modernidade, adepto do Neo-ateísmo, em seu diálogo com esse Ser Transcendente, que ele ainda não conhece "Olha, Desculpa Senhor, eu sei que o Senhor existe, mas na minha vida não há espaço para o Senhor, tenho que estudar, trabalhar, produzir, consumir, eu sou muito especial e importante, para gastar o meu precioso tempo com religião, Igreja, comunidade....imagine eu, perder meu domingão para ir no banquete da sua Palavra e da Eucaristia...", banquete eu faço em fins de semana, com comida que me encha o estômago e me deixe satisfeito.
Já os pobres, aleijados, cegos e coxos, que faziam pontos nas esquinas e becos, nas quebradas da vida, uma gentalha desqualificada, considerada impura, que nem no templo podia entrar, e estavam longe do Deus de Israel e da sua Salvação, justamente por não serem importantes, estavam sempre com a "Agenda Livre" , e como nunca tinham sido convidados para nada, pela condição inferior, moralmente e socialmente falando, ficaram surpresos e muito felizes com aquele convite inesperado, que aceitaram de imediato sem nenhuma restrição e sendo numerosos, encheram a casa do Homem que estava oferecendo o banquete...
Essa casa é precisamente o coração de Deus, que em Jesus escancarou-se para o homem nele poder entrar e tornar-se íntimo de Deus, em uma vida de comunhão e amor, que começa nesta vida e que se eternizará um dia...
Os muito importantes e eternamente ocupados, inclusive em nossas comunidades, sempre correm o risco de recusar o convite, porque tão ocupados estão em seus trabalhos, que não têm tempo de curtirem Deus na sua intimidade que ele nos oferece em Jesus, em um amor que nos forma, nos modela e nos transforma na relação com o próximo e a espiritualidade é precisamente esse canal sempre aberto para essa maravilhosa experiência, profunda e transformadora.
Nossa relação com o próximo é intensa e profunda, ou estamos muito ocupados para se relacionar com as pessoas?
2. Deus nos convida a participar de sua própria vida
Tudo acontece durante uma refeição na casa de um dos chefes dos fariseus. A parábola que Jesus conta é motivada pela exclamação de um dos convivas: “Feliz de quem come o pão no Reino de Deus!” (v. 15).
Em primeiro lugar o banquete, símbolo do Reino de Deus, é oferecido, é dado; em segundo lugar, as pessoas são convidadas para o banquete; aos convidados cabe aceitarem ou não o convite. O servo que repetidas vezes sai para chamar os convidados é a imagem dos servos de Deus que, em todos os tempos, por mandato do Senhor, chamam as pessoas a participar da sua própria vida e gozar de sua intimidade.
Os que se recusam a participar do banquete são a imagem da resistência em entrar no dinamismo do mistério salvífico de Deus e, em última instância, da rejeição daquele que, assumindo a nossa humanidade, abriu-nos as portas da sala do banquete, em que ele mesmo se oferece como alimento.
ORAÇÃO
Pai, tu me convidas cada dia para participar das alegrias de teu Reino. Que eu saiba acolher teu convite paterno, fazendo-me solidário com os pobres e os deserdados deste mundo.
3. ESTÁ TUDO PRONTO!
A participação na salvação oferecida à humanidade é iniciativa de Deus, que convida e motiva cada ser humano. Entretanto, nada se resolve sem a livre decisão de quem é convidado e se empenha em dizer "sim".
Na parábola, muitos convidados recusam-se a acolher o convite do Pai. Apesar da deferência: o banquete é para eles; da gentileza: o senhor manda convidá-los pessoalmente; e da expectativa de que venham, eles se recusam a comparecer. Eram todos ricos: proprietários de terras, pecuaristas, gente de condição social. Cada qual apresentou sua justificativa. Não estavam interessados em participar do banquete. Por isso, se auto-excluíram.
Diante da recusa dos ricos, as atenções voltaram-se para os pobres, aleijados, cegos e coxos. A sala do banquete ficou repleta deles. Foi uma reviravolta formidável!
Quem está demasiadamente preocupado com seus afazeres e propriedades, falta-lhe tempo para as exigências do Reino, mas também pode ver-se definitivamente excluído dele. É impossível salvá-lo contra sua própria vontade. Só quem se torna pobre, tendo o coração desapegado dos bens materiais e sempre disponível para Deus, terá a alegria da salvação.
A riqueza polariza de tal modo o coração humano, a ponto de torná-lo surdo aos apelos divinos. Já a pobreza predispõe-no a estar sempre atento, e assim poder atender, sem demora, o convite do Senhor.
Oração
Espírito de liberdade diante dos bens, predispõe-me para atender prontamente o convite do Senhor, com um coração de pobre.
Liturgia da Quarta-Feira
XXXI SEMANA DO TEMPO COMUM
( VERDE – OFÍCIO DO DIA )
Antífona da entrada: Não me abandoneis, jamais, Senhor, meu Deus, não fiqueis longe de mim! Depressa, vinde em meu auxílio, ó Senhor, minha salvação! (Sl 37,22s).
Leitura (Romanos 13,8-10)
Leitura da carta de são Paulo aos Romanos.
13 8 A ninguém fiqueis devendo coisa alguma, a não ser o amor recíproco; porque aquele que ama o seu próximo cumpriu toda a lei.
9 Pois os preceitos: Não cometerás adultério, não matarás, não furtarás, não cobiçarás, e ainda outros mandamentos que existam, eles se resumem nestas palavras: Amarás o teu próximo como a ti mesmo.
10 A caridade não pratica o mal contra o próximo. Portanto, a caridade é o pleno cumprimento da lei.
Salmo responsorial 111/112
Feliz quem tem piedade e empresta!
Feliz o homem que respeita o Senhor
e que ama com carinho a sua lei!
Sua descendência será forte sobre a terra,
abençoada a geração dos homens retos!
Ele é correto, generoso e compassivo,
como luz brilha nas trevas para os justos.
Feliz o homem caridoso e prestativo,
que resolve sues negócios com justiça.
Ele reparte com os pobres os seus bens,
permanece para sempre o bem que fez,
e crescerão a sua glória e seu poder.
Aclamação do Evangelho
Aleluia, aleluia, aleluia.
Felizes sereis vós se fordes ultrajados por causa de Jesus, pois repousa sobre vós o Espírito de Deus (1Pd 4,14).

Evangelho (Lucas 14,125-33)
14 25 Muito povo acompanhava Jesus. Voltando-se, disse-lhes:
26 “Se alguém vem a mim e não odeia seu pai, sua mãe, sua mulher, seus filhos, seus irmãos, suas irmãs e até a sua própria vida, não pode ser meu discípulo.
27 E quem não carrega a sua cruz e me segue, não pode ser meu discípulo.
28 Quem de vós, querendo fazer uma construção, antes não se senta para calcular os gastos que são necessários, a fim de ver se tem com que acabá-la?
29 Para que, depois que tiver lançado os alicerces e não puder acabá-la, todos os que o virem não comecem a zombar dele,
30 dizendo: Este homem principiou a edificar, mas não pode terminar.
31 Ou qual é o rei que, estando para guerrear com outro rei, não se senta primeiro para considerar se com dez mil homens poderá enfrentar o que vem contra ele com vinte mil?
32 De outra maneira, quando o outro ainda está longe, envia-lhe embaixadores para tratar da paz.
33 Assim, pois, qualquer um de vós que não renuncia a tudo o que possui não pode ser meu discípulo”.
COMENTÁRIOS DO EVANGELHO
1. A Opção Fundamental
Quem durante a infância ou adolescência, não brincou em uma casa inacabada? Na minha rua tinha uma que nos abrigava após as malandragens, só tinha uma parte do telhado e buracos disformes em lugar das portas e janelas. Invadida pelo matagal tornara-se um depósito de lixo, virando ainda esconderijo de casais mal intencionados e de bandidos de outras plagas que ali pernoitavam. É para isso que serve uma casa inacabada, para ser usada para o mal.
Poderia ser uma bela casa e abrigar uma família de bem, mas acabou ficando daquele jeito, escura, triste, feia e abandonada, e tudo por falta de planejamento do seu construtor, que não teve o bom senso e a prudência de sentar-se para elaborar o orçamento, planejando o início e o término da obra, que desta forma tornou-se um testemunho vergonhoso contra ele.
Na outra parábola, Jesus é ainda mais claro, qual o rei que antes de sair para o combate, primeiro não se senta para avaliar se valerá a pena marchar contra o inimigo que vem com um exército numericamente superior, e depois envia mensageiros para negociar a paz?
Em qualquer empreendimento humano é necessário um planejamento para atingirmos a meta. Em nossos trabalhos pastorais e, sobretudo na missão fundamental de evangelizar, pecamos muito por falta de planejamento, esse também é o pecado de algumas pastorais e movimentos, pois nem sempre nossos planos pastorais são levados a sério e daí, é claro que os resultados nem sempre serão os esperados.
Em resumo o evangelho quer nos ensinar que antes de tomar uma decisão importante, é preciso pensar e refletir porque depois da decisão tomada, haverá consequências às quais temos que assumir. Um exemplo claro disso é o casamento, onde os casais recebem o sacramento, mas não têm consciência sobre o que estão assumindo e daí não perseveram na vida a dois e o casamento se transforma em uma casa velha, inacabada, que só trará desgosto e aborrecimento.
Pode assim entender por que as palavras de Jesus parecem ser tão duras e exigentes neste evangelho! No meio da multidão dos seus seguidores, e também nas comunidades de Lucas, havia muitas pessoas que ainda não tinham entendido o que é ser cristão, pois Jesus e seu evangelho não é apenas uma opção a mais, mas é a única e verdadeira opção para quem quer ser discípulo.
Ser cristão não é poder escolher em uma vitrine, algumas virtudes, ideologias ou tendências que mais nos agradem. Infelizmente há muitos que agem desta forma e por isso acabam fragmentando o evangelho e os ensinamentos cristãos, idealizando a imagem de um Jesus Cristo mais "Light", esquecendo-se que Cristo não é apenas a parede da casa, mas o alicerce sobre o qual construímos a nossa existência e tudo se fundamenta nele: nossa relação com os outros, tudo o que somos e temos, absolutamente nada deve ficar fora do ideal cristão!
É isso que Jesus quer dizer com a palavra desapego e renúncia, que não significa abrir mão de tudo que se tem, mas sim colocar o reino de Deus acima de todas essas coisas, até mesmo das relações afetivas com os familiares, simplesmente porque tudo o que temos e somos nesta vida é transitório e efêmero diante do Reino.
Há cristãos que planejam mal a sua vida de fé, muitas vezes almejam a glória da ressurreição tentando cortar por atalhos o caminho do calvário, esquivando-se da cruz que nos pertence, mas que o Senhor carregou por todos nós. Este é na verdade o grande perigo desse cristianismo da modernidade, ser discípulo de um Cristo sem cruz, onde não se precise fazer renúncias e nem desapegos, onde não seja necessário tomar decisão radical a favor do evangelho e nem se precise ser tão exigente conosco, no campo da ética e da moral.
As renúncias devem estar presentes em nosso dia a dia, como consequência natural de quem fez uma opção fundamental por Jesus, trata-se de uma escolha que se iniciou no dia do nosso batismo, quando pais e padrinhos falando em nosso nome, confiantes no efeito da graça de Deus em nossa vida, prometem solenemente naquele dia RENUNCIAR todas as forças do mal, contrárias ao reino que Jesus inaugurou.
2. A opção por Jesus é uma atitude radical
Quais são as condições exigidas para seguir Jesus? Para seguir Jesus é preciso uma atitude radical: “... renunciar a tudo o que tem” (v. 32) – esta é a condição para ser discípulo de Cristo.
Entre os vv. 25 e 33 há uma inclusão, isto é, o tema que será desenvolvido entre estes dois versículos através das duas parábolas (vv. 28-30; 31-32). Nas parábolas, trata-se de prever, de medir forças, de saber calcular os riscos. Trata-se, noutras palavras, de sabedoria, de adequar as ambições aos meios de que se dispõe.
Para seguir Jesus é preciso fazer uma escolha. Em primeiro lugar, estar disposto ao desapego. Sem desprezar a quem se ama, os familiares, é preciso não permitir que eles se constituam em obstáculo para o seguimento de Cristo. Se assim fosse, não seria amor verdadeiro, mas possessão.
Mas o desapego tem de ser, em primeiro lugar, da própria vida. Em segundo lugar é preciso aceitar o risco do seguimento de Cristo, a saber, a perseguição, o sofrimento. É exatamente isto que significa “carregar a cruz” (v. 27). Em terceiro lugar, é preciso renunciar aos bens. Trata-se, então, de renunciar às seguranças afetivas e materiais, como exigência do seguimento de Jesus Cristo.
A quem se dispõe a seguir Jesus, desde o início, é exigido renunciar a tudo que possa ser um obstáculo para se colocar livremente a serviço do Reino de Deus. A segurança do discípulo é, antes de tudo, seu Senhor.
ORAÇÃO
Pai, reforça minha disposição a ser discípulo de teu Reino, afastando tudo quanto possa abalar a solidez de minha adesão a ti e a teu Filho Jesus.
3. DECIDIR-SE COM PONDERAÇÃO
A decisão de seguir Jesus, por ser muito exigente, deve ser feita com muita ponderação. É indigno do discípulo ficar pelo caminho, sem atingir a meta fixada pelo Senhor. De sua parte, Jesus jamais pretendeu enganar seus seguidores, induzindo-os a assumir um projeto de vida, sem conhecer-lhe o teor. Ele falou claro, para evitar frustrações.
O discípulo de Jesus deveria estar disposto a colocar o Reino acima de tudo. Mesmo as relações familiares ocupariam um lugar secundário, quando confrontadas com as exigências do Reino. Caso contrário, seria impossível fazer-se discípulo. Por outro lado, a decisão pelo Reino comportaria perseguições, incompreensões e ódio para os discípulos. É a cruz inevitável do discipulado. Só quem está preparado para defrontá-la, poderá pôr-se no seguimento de Jesus.
Duas parábolas ilustram esta situação do discípulo. Ficará sujeito ao ridículo quem se puser a construir uma torre, sem verificar se tem condições para concluí-la. Está fadado à derrota quem vai lutar contra um exército mais forte, sem ter uma idéia exata do seu próprio potencial. Igualmente, quem pretende fazer-se discípulo de Jesus sem avaliar se está em condições de levar adiante este projeto, acabará por abandoná-lo na primeira dificuldade.
Oração
Senhor Jesus, reforça o que em mim é fraco, para eu perseverar no discipulado, sem me render diante das dificuldades.
Liturgia da Quinta-Feira
XXXI SEMANA DO TEMPO COMUM
( VERDE – OFÍCIO DO DIA )
Antífona da entrada: Não me abandoneis, jamais, Senhor, meu Deus, não fiqueis longe de mim! Depressa, vinde em meu auxílio, ó Senhor, minha salvação! (Sl 37,22s).
Leitura (Romanos 14,7-12)
Leitura da carta de são Paulo aos Romanos.
14 7 Nenhum de nós vive para si, e ninguém morre para si.
8 Se vivemos, vivemos para o Senhor; se morremos, morremos para o Senhor. Quer vivamos quer morramos, pertencemos ao Senhor.
9 Para isso é que morreu Cristo e retomou a vida, para ser o Senhor tanto dos mortos como dos vivos.
10 Por que julgas, então, o teu irmão? Ou por que desprezas o teu irmão? Todos temos que comparecer perante o tribunal de Deus.
11 Porque está escrito: Por minha vida, diz o Senhor, diante de mim se dobrará todo joelho, e toda língua dará glória a Deus.
12 Assim, pois, cada um de nós dará conta de si mesmo a Deus.
Salmo responsorial 26/27
Sei que a bondade do Senhor eu hei de ver
na terra dos viventes.
O Senhor é minha luz e salvação;
de quem eu terei medo?
O Senhor é a proteção da minha vida;
perante quem eu tremerei?
Ao Senhor eu peço apenas uma coisa,
e é só isto que eu desejo:
habitar no santuário do Senhor
por toda a minha vida;
saborear a suavidade do Senhor
e contemplá-lo no seu templo.
Sei que a bondade do Senhor eu hei de ver
na terra dos viventes.
Espera no Senhor e tem coragem,
espera no Senhor!
Aclamação do Evangelho
Aleluia, aleluia, aleluia.
Vinde a mim, todos vós que estais cansados, e descanso eu vos darei, diz o Senhor (Mt 11,28).

EVANGELHO (Lucas 15,1-10)
15 1 Aproximavam-se de Jesus os publicanos e os pecadores para ouvi-lo.
2 Os fariseus e os escribas murmuravam: "Este homem recebe e come com pessoas de má vida!"
3 Então lhes propôs a seguinte parábola:
4 "Quem de vós que, tendo cem ovelhas e perdendo uma delas, não deixa as noventa e nove no deserto e vai em busca da que se perdeu, até encontrá-la?
5 E depois de encontrá-la, a põe nos ombros, cheio de júbilo,
6 e, voltando para casa, reúne os amigos e vizinhos, dizendo-lhes: ‘Regozijai-vos comigo, achei a minha ovelha que se havia perdido’.
7 Digo-vos que assim haverá maior júbilo no céu por um só pecador que fizer penitência do que por noventa e nove justos que não necessitam de arrependimento.
8 Ou qual é a mulher que, tendo dez dracmas e perdendo uma delas, não acende a lâmpada, varre a casa e a busca diligentemente, até encontrá-la?
9 E tendo-a encontrado, reúne as amigas e vizinhas, dizendo: ‘Regozijai-vos comigo, achei a dracma que tinha perdido’.
10 Digo-vos que haverá júbilo entre os anjos de Deus por um só pecador que se arrependa".
COMENTÁRIOS DO EVANGELHO
1. UMA CONVERSA COM A OVELHA DESGARRADA
___Escute ovelhinha, o que você sentiu quando percebeu que não fazia mais parte do rebanho e que estava completamente perdida, em outro rumo e direção totalmente  contrárias?
___Tristeza mágoa e desespero....vaguei dias na escuridão, por entre caminhos tenebrosos e espinheiros que me feriam.
___E por que você se desgarrou do rebanho, porque quis ou porque as demais ovelhas a olhavam com desdém?
___Digamos que começou a me sentir uma estranha no ninho, as outras ovelhas sempre bem comportadinhas, carinhas de santinhas, obedeciam o pastor, só faziam o que ele mandava sem se desviar nem para a direita e nem para a esquerda....
___Ah entendi, ovelhas piedosas, perfeitas, obedientes, e de conduta irrepreensível...
___Isso mesmo, eu ao contrário nunca fui perfeita, de vez em quando andava pelas quebradas e atalhos, ouvia a voz do pastor lá longe e achava bom ficar sozinha, fazer o que me dava na cabeça, sem qualquer compromisso com o rebanho e o pastor...Afinal, quem é que não quer ser livre? Os homens aí do seu tempo são todos assim, preferem o isolamento de uma vida egoísta do que comprometer-se em andar com o rebanho, ao comando do Pastor Eterno.
___Bom, mas e daí Dona Ovelha, conte-nos o que aconteceu...
___Pois é, um dia tentei alcançar o rebanho e entrei em um caminho errado, vaguei ao léu, sem rumo e direção, comecei a compreender que minha visa só tinha sentido junto ao rebanho, aos cuidados do Pastor...mas daí era tarde, veio tempestade, noites escuras e tenebrosas, passei frio e medo e até desejei que viesse um Lobo e me devorasse, dando um fim á minha desgraçada existência....Foi então que...
___Você foi salva....
___Ah que momento sublime, quando senti umas mãos me tocando com ternura, quando olhei, quase morri de vergonha, era o nosso Pastor, achei que ele iria me estrangular pela minha rebeldia, infidelidade e desobediência, mas ao contrário, com palavras doces chamando-me de "minha pequenina pobrezinha, não se assuste, pare de tremer, eu estava a sua procura há dias e dias..."
E quando perguntei-lhe se o rebanho tinha se acabado ele sorriu, apanhou-me com carinho, pois uma de minhas patas estava ferida e não conseguia caminhar, colocou-me sobre seus ombros, e disse-me:
__As outras estão á sua espera, sem você o rebanho está incompleto, vamos para casa que até uma festa vou fazer porque te encontrei com vida minha querida ovelhinha. E bem acomodada nos ombros do pastor, fiquei pensando que eu não merecia nada daquilo, foi daí que compreendi que o amor desse pastor pelo rebanho era gratuito e incondicional, juntei-me aos meus irmãos e irmãs do rebanho e somos todos muito felizes, em saber que ele nos ama tanto...
2. A alegria de Deus é a conversão dos seres humanos
O evangelho de hoje é parte do capítulo 15 do evangelho de Lucas. Este capítulo é composto de uma sucessão de três parábolas de misericórdia. As parábolas são a resposta de Jesus à murmuração dos escribas e fariseus: “Este homem recebe os pecadores e come com eles!”
Na tradição bíblica, Deus é o pastor (Sl 23[22]) que procura a ovelha que se perdeu: “Procurarei as ovelhas perdidas, recolherei as desgarradas, curarei as feridas e as doentes…” (Ez 34,16). Deus não desiste de ninguém que ele criou à sua imagem: deixando em segurança as outras ovelhas, ele vai atrás da que se perdeu até encontrá-la. Já no capítulo quinto, Jesus responde a questão semelhante: “Os sãos não têm necessidade de médico, e sim os doentes; não vim chamar os justos, mas os pecadores para que se convertam” (5,31-32).
A alegria de Deus é a conversão dos seres humanos. Portanto, a atitude de Jesus de acolher bem os pecadores está fundamentada no modo como Deus age.
ORAÇÃO
Pai, quero ser contagiado por teu amor desconcertante que vai em busca do pecador e se alegra ao vê-lo voltar à comunhão.
3. AO ENCONTRO DOS PECADORES
A pedagogia de Jesus, no trato com a humanidade, foi aprendida diretamente do Pai. Este quer ter junto de si todos os seus filhos. Quanto mais distantes estiverem, tanto mais Deus desejará atrai-los com o seu amor. No coração do Pai não há lugar para o ressentimento, o desejo de castigar, o fechamento para o perdão. Tudo nele é amor, compreensão, esquecimento das ofensas recebidas, disposição para acolher e recomeçar.
Foi assim que Jesus tratou todas as pessoas. De modo particular, os pecadores e as vítimas da marginalização social foram objeto de sua acolhida carinhosa. Recusando a se tornar juiz deles, buscava fazer-se próximo, de modo a mostrar-lhes o quanto eram amados pelo Pai. Acolhendo-os e pondo-se à mesa com eles, quebrava um tabu social de segregação a que estavam relegados, revelando-lhes a dignidade de seres humanos.
Indo ao encontro deles, manifestava-lhes o propósito divino de não rejeitá-los e seu anseio de fazê-los voltar à casa paterna. Alegrando-se com a sua conversão e disposição a fazer penitência, revelava a confiança do Pai na capacidade do ser humano renunciar ao seu mau caminho para reinserir-se nos caminhos de Deus.
Os adversários olhavam com suspeita para o modo como Jesus tratava os pecadores. Só nutriam o desejo de que fossem punidos por Deus e votados à condenação eterna. Nada mais incompatível com os ideais de Jesus!
Oração
Espírito de benevolência para com os pecadores, dá-me a mesma disposição de Jesus no trato com quem se encontra longe de Deus e precisa ser reconduzido à casa paterna.
Liturgia da Sexta-Feira
XXXI SEMANA DO TEMPO COMUM
( VERDE – OFÍCIO DO DIA )
Antífona da entrada: Não me abandoneis, jamais, Senhor, meu Deus, não fiqueis longe de mim! Depressa, vinde em meu auxílio, ó Senhor, minha salvação! (Sl 37,22s).
Leitura (Romanos 15,14-21)
Leitura da carta de são Paulo aos Romanos.
15 14 Estou pessoalmente convencido, meus irmãos, de que estais cheios de bondade, cheios de um perfeito conhecimento, capazes de vos admoestar uns aos outros.
15 Se, em parte, vos escrevi com particular liberdade, foi para relembrar-vos. E o fiz em virtude da graça que me foi dada por Deus,
16 de ser o ministro de Jesus Cristo entre os pagãos, exercendo a função sagrada do Evangelho de Deus. E isso para que os pagãos, santificados pelo Espírito Santo, lhe sejam uma oferta agradável.
17 Tenho motivo de gloriar-me em Jesus Cristo, no que diz respeito ao serviço de Deus.
18 Porque não ousaria mencionar ação alguma que Cristo não houvesse realizado por meu ministério, para levar os pagãos a aceitar o Evangelho, pela palavra e pela ação,
19 pelo poder dos milagres e prodígios, pela virtude do Espírito. De maneira que tenho divulgado o Evangelho de Cristo desde Jerusalém e suas terras vizinhas até a Ilíria.
20 E me empenhei por anunciar o Evangelho onde ainda não havia sido anunciado o nome de Cristo, pois não queria edificar sobre fundamento lançado por outro.
21 Fiz bem assim como está escrito: Vê-lo-ão aqueles aos quais ainda não tinha sido anunciado; conhecê-lo-ão aqueles que dele ainda não tinham ouvido falar.
Salmo responsorial 97/98
O Senhor fez conhecer seu poder salvador
perante as nações.
Cantai ao Senhor Deus um canto novo,
porque ele fez prodígios!
Sua mão e o seu braço forte e santo
alcançaram-lhe a vitória.
O Senhor fez conhecer a salvação
e, às nações, sua justiça;
recordou o seu amor sempre fiel
pela casa de Israel.
Os confins do universo contemplaram
a salvação do nosso Deus.
Aclamai o Senhor Deus, ó terra inteira,
alegrai-vos e exultai!
Aclamação do Evangelho
Aleluia, aleluia, aleluia.
O amor de Deus se realiza em todo aquele que guarda sua palavra fielmente (1Jo 2,5).

EVANGELHO (Lucas 16,1-8)
16 1 Jesus disse também a seus discípulos: "Havia um homem rico que tinha um administrador. Este lhe foi denunciado de ter dissipado os seus bens.
2 Ele chamou o administrador e lhe disse: ‘Que é que ouço dizer de ti? Presta contas da tua administração, pois já não poderás administrar meus bens’.
3 O administrador refletiu então consigo: ‘Que farei, visto que meu patrão me tira o emprego? Lavrar a terra? Não o posso. Mendigar? Tenho vergonha.
4 Já sei o que fazer, para que haja quem me receba em sua casa, quando eu for despedido do emprego’.
5 Chamou, pois, separadamente a cada um dos devedores de seu patrão e perguntou ao primeiro: ‘Quanto deves a meu patrão?’
6 Ele respondeu: ‘Cem medidas de azeite’. Disse-lhe: ‘Toma a tua conta, senta-te depressa e escreve: cinqüenta’.
7 Depois perguntou ao outro: ‘Tu, quanto deves?’ Respondeu: ‘Cem medidas de trigo’. Disse-lhe o administrador: ‘Toma os teus papéis e escreve: oitenta’.
8 E o proprietário admirou a astúcia do administrador, porque os filhos deste mundo são mais prudentes do que os filhos da luz no trato com seus semelhantes.
COMENTÁRIOS DO EVANGELHO
1. O Bom Administrador
Este administrador desonesto teve duas atitudes que mereceram elogios de Jesus, pensou no futuro e foi capaz de abrir mão da sua comissão sobre a venda de produtos, se projetarmos a reflexão na esperança escatológica, podemos afirmar que o caminho para essa plenitude passa pelas perdas e de fato, o próprio Jesus vai dizer "Quem perder a sua vida por causa de mim, vai ganhá-la".
O Administrador sabia que tinha perdido  o emprego e agora precisava  se garantir. A forma que encontrou foi conquistar amigos, baixando drasticamente o valor da dívida, é bom informar os leitores que na verdade ele não reduziu preço algum, apenas abriu mão da sua comissão, uma perda momentânea que iria representar um ganho futuro, até mais valioso, quem sabe, um deles poderia lhe dar um novo emprego, ou um abrigo em sua casa por gratidão.
O evangelho não incentiva a sua desonestidade, mas a sua astúcia em tomar decisão certa no momento certo, coisa que os Filhos da Luz nem sempre o fazem. Muitos cristãos se entregam e confiam plenamente em Jesus Cristo, entretanto, não abrem mão de seus caprichos e de um egoísmo terrível que chega a sufocar, atuam na comunidade onde aparentemente nada ganham, porém, esperam sempre algo em troca, prestígio, sucesso, poder de decisão e outras coisas mais que contrariam o evangelho.
Os bens materiais e tudo mais que possuímos, incluindo-se os carismas, habilidades e talentos devem sempre ser colocados a disposição do outro na comunidade, de maneira prazerosa, generosa, de modos que cause alegria interior. Quando o mau uso do nosso carisma resulta em mágoas e revoltas, intrigas e ressentimentos é sinal de que embarcamos no trem do Imediatismo que a pós-modernidade nos apresenta, e nós queremos ganhar agora e já, nem nos damos conta de que o Futuro poderá ser bem amargo, se persistirmos nesse caminho...
2. A porta que dá acesso ao Reino de Deus é o próprio Jesus
É preciso cuidado para interpretar bem o que a parábola diz, do contrário poderia induzir a erro, considerando que Jesus elogia a desonestidade do administrador. O que é louvado nesta parábola é a habilidade de uma pessoa de empregar os meios para alcançar determinado fim; ele utiliza sua inteligência para encontrar o meio de assegurar sua felicidade.
O que preocupa Jesus são os meios para entrar no Reino de Deus – é exatamente isto que a parábola enfatiza. Não quaisquer meios, pois é preciso entrar pela “porta estreita”. A porta que dá acesso ao Reino de Deus é o próprio Jesus.
Jesus urge dos discípulos deixarem a passividade e empreenderem tal “sabedoria” para alcançar o seu objetivo, a saber, entrar no Reino de Deus. Não é, reiteramos, elogio à desonestidade, mas ao esforço de buscar os meios para ter a vida salva. Esta é a lição dada aos discípulos e ao leitor do evangelho: é preciso sair do comodismo; o Reino de Deus exige empenho, inteligência e discernimento.
ORAÇÃO
Pai, torna-me esperto em relação às coisas do Reino, e sempre misericordioso no trato com o meu semelhante, pois é assim que alcançarei a comunhão contigo.
3. APRENDENDO DE UM ESCÂNDALO
Um autêntico caso de corrupção ofereceu a Jesus a chance de ensinar aos discípulos, mediante uma parábola, a importância de ser esperto em relação ao Reino de Deus.
Naquele tempo, os gerentes de propriedades alheias agiam com muita liberdade, sem um controle imediato. O patrão confiava na responsabilidade do empregado. Este era recompensado pelo que produzia: quanto mais os bens se multiplicavam, tanto maior era o seu salário.
O Evangelho fala de um administrador que, agindo com irresponsabilidade e imprudência, estava desperdiçando os bens que lhe tinham sido confiados. Quando o patrão começa a cobrá-lo por isso, esse administrador arquiteta um plano para garantir seu futuro e sua segurança. Com uma ação fraudulenta, busca granjear a benevolência dos devedores, prejudicando o patrão. Uma vez despedido, teria quem se sentisse na obrigação de recebê-lo, como sinal de gratidão.
Comparando com o Reino, os discípulos são instruídos a serem tão hábeis e espertos como o administrador desonesto. Este, no trato com as coisas humanas, obstinou-se em buscar caminhos para alcançar os seus objetivos. Do mesmo modo, o discípulo do Reino, com relação às realidades celestes, deve ter claro o fim a ser atingido e a maneira mais conveniente de fazê-lo. Neste caso, basta ser obstinado na prática da misericórdia.
Oração
Espírito que leva a ser esperto nas coisas de Deus, faze-me sempre mais hábil na prática da misericórdia, único meio de se obter a salvação.
Liturgia do Sábado
Antífona da entrada: Eu vi a cidade santa, a nova Jerusalém, descendo do céu, de junto de Deus, ornada como a noiva que se preparou para o seu noivo (Ap 21,2)
Leitura (Ezequiel 47,1-2.8-9.12)
Leitura da profecia de Ezequiel.
47 1 Naqueles dias, o homem conduziu-me então à entrada do templo. Eis que águas jorravam de sob o limiar do edifício, em direção ao oriente (porque a fachada do templo olhava para o oriente). Essa água escorria por baixo do lado direito do templo, ao sul do altar.
2 Fez-me sair pela porta do norte e contornar o templo do lado de fora até o pórtico exterior oriental; eu vi a água brotar do lado sul.
8 Essas águas, disse-me ele, dirigem-se para a parte oriental, elas descem à planície do Jordão; elas se lançarão no mar, de sorte que suas águas se tornarão mais saudáveis.
9 Em toda parte aonde chegar a corrente, todo animal que se move na água poderá viver, e haverá lá grande quantidade de peixes. Tudo o que essa água atingir se tornará são e saudável e em toda parte aonde chegar a torrente haverá vida.
12 Ao longo da torrente, em cada uma de suas margens, crescerão árvores frutíferas de toda espécie, e sua folhagem não murchará, e não cessarão jamais de dar frutos: todos os meses frutos novos, porque essas águas vêm do santuário. Seus frutos serão comestíveis e suas folhas servirão de remédio.
Salmo responsorial 45/46
Os braços de um rio vêm trazer alegria
à cidade de Deus, à morada do Altíssimo.
O Senhor para nós é refúgio e vigor,
sempre pronto, mostrou-se um socorro na angústia;
assim não tememos, se a terra estremece,
se os montes desabam, caindo nos mares.
Os braços de um rio vêm trazer alegria
à Cidade de Deus, à morada do Altíssimo.
Quem a pode abalar? Deus está no seu meio!
Já bem antes da aurora, ele vem ajudá-la.
Conosco está o Senhor do universo!
O nosso refúgio é o Deus de Jacó!
Vinde ver, contemplai os prodígios de Deus
e a obra estupenda que fez no universo:
reprime as guerras na face da terra.
Aclamação do Evangelho
Aleluia, aleluia, aleluia.
Esta casa eu escolhi e santifiquei, para nela estar meu nome para sempre (2Cr 7,16).

Evangelho (João 2,13-22)
2 13 Estava próxima a Páscoa dos judeus, e Jesus subiu a Jerusalém.
14 Encontrou no templo os negociantes de bois, ovelhas e pombas, e mesas dos trocadores de moedas.
15 Fez ele um chicote de cordas, expulsou todos do templo, como também as ovelhas e os bois, espalhou pelo chão o dinheiro dos trocadores e derrubou as mesas.
16 Disse aos que vendiam as pombas: “Tirai isto daqui e não façais da casa de meu Pai uma casa de negociantes”.
17 Lembraram-se então os seus discípulos do que está escrito: “O zelo da tua casa me consome”.
18 Perguntaram-lhe os judeus: “Que sinal nos apresentas tu, para procederes deste modo?” 19 Respondeu-lhes Jesus: “Destruí vós este templo, e eu o reerguerei em três dias”.
20 Os judeus replicaram: “Em quarenta e seis anos foi edificado este templo, e tu hás de levantá-lo em três dias?”
21 Mas ele falava do templo do seu corpo.
22 Depois que ressurgiu dos mortos, os seus discípulos lembraram-se destas palavras e creram na Escritura e na palavra de Jesus.
COMENTÁRIOS DO EVANGELHO
1. O TEMPLO VIVO
A casa onde morávamos, nos anos 60, esquina das ruas Albertina Nascimento com a Tarcísio Nascimento em Votorantim, era incompatível com a nossa classe social, meu pai era um simples operário e a casa de cinco cômodos era bonita e espaçosa, a sala era o espaço onde recebíamos as visitas. Certo dia veio a nossa casa a Dona Dita, uma senhora humilde que minha mãe gostava muito de acolher, sempre a ajudando como podia. Minha Irmã havia encerado o corredor e a sala, e a mulher, ao entrar, pedindo licença, tirou o chinelo sujo de barro, pois havia chovido àquele dia, mas minha mãe lhe disse: “Olhe Dona Dita, a senhora é muito mais importante que esta casa , e esta sala limpa e organizada, é justamente para receber a senhora, por isso pode por o chinelo e fique a vontade”
Lembro-me que nos meus nove anos, depois que a mulher se foi, perguntei à minha mãe se era mesmo verdade que a Dona Dita, tão pobrezinha daquele jeito, era assim tão importante, ao que minha mãe respondeu: ”As pessoas, ricas ou pobres, inteligentes ou ignorantes, são importantes e devem ser sempre recebidas com respeito e amizade, porque nelas mora o Deus vivo, é uma ofensa ao nosso Deus, exigir que um pobrezinho tire o sapato ou o chinelo, para não sujar a nossa casa”. AH Dona Georgina minha primeira catequista! Como lhe sou grato por ensinar-me esta lição, apreendida com a Palavra de Deus!
O comentário simples da minha mãe, é a homilia de hoje, pois Jesus, indignado por terem feito do templo sagrado um lugar de comércio, expulsa da casa do Pai os profanadores do templo. Ao afirmar, que o zelo por vossa casa me devora, Jesus não se refere somente ao templo em si, edificação material, mas ao templo vivo que é o homem, onde, exatamente como minha mãe me ensinou, está presente o Deus vivo
Todas as igrejas cristãs, enquanto lugar consagrado a Deus, onde o povo se reúne para o culto, deve e precisa ser respeitado como tal, porque se apresenta como sinal dessa presença real de Jesus em sua igreja. A Festa litúrgica dessa sexta feira, dia 09 de Novembro – Dedicação da Basílica de Latrão,  que não quer simplesmente prestar homenagem a um lugar histórico para a igreja católica, como é a Basílica de Latrão, que no século IV, quando o imperador Teodósio decretou o Cristianismo como a Religião oficial do Império, tornou-se a residência oficial do Papa, passando depois a ser uma Basílica.
Ao celebrar essa festa tão importante, a Igreja nos oferece esta reflexão da Palavra de Deus, sobre o sentido do templo, enquanto lugar da presença de Deus, e o templo vivo onde Deus habita que é no coração do homem, conferindo-lhe uma dignidade especial, a ponto de Paulo nos dizer, diante de pecados que profanam o corpo –“ Não sabeis que vossos corpos são templos do Espírito Santo?”
É na teologia joanina que o corpo será compreendido enquanto morada de Deus, templo do Deus Altíssimo, afirmando e confirmando desta maneira, que lá nas profundezas do nosso ser existencial, envolvendo todas as nossas dimensões, Cristo Jesus se faz presente, graças a efusão do Espírito Santo, o Santíssimo, Perfeitíssimo e Todo Poderoso, vem participar da vida dos homens, não dentro de um conformismo com o domínio do mal, por causa das fraquezas e da concupiscência da carne, antes, para os resgatar, apontar-lhes o único caminho que é Ele mesmo.
Nesse sentido a morte já não existe, o homem tornou-se propriedade exclusiva de Deus, através da encarnação de Jesus, nada poderá derrotá-lo, nenhuma outra força será maior do que a graça santificante e operante, que preenche todo o seu ser. Esse resgate da dignidade humana, esta total renovação e renascimento, é o maior de todos os sinais que Jesus apresenta aos seus interlocutores neste evangelho - “Destruam este templo e em três dias eu o levantarei!”
Este Santuário  que traz em si o Deus vivo e encarnado na história, em Jesus de Nazaré, vem sendo todos os dias e de todas as formas profanado, violentado, banalizado, mercantilizado, feito em ruínas. Não se discute aqui o caráter sagrado dos nossos templos cristãos, mas o que deve nos questionar é a essência daquilo que Jesus ensina-nos neste evangelho: que como cristãos deste terceiro milênio, devemos todos ter este mesmo zelo que nos devora, pela vida e dignidade dos nossos irmãos. Não estaria na hora de usarmos o “chicote da indignação”, diante de certas ideologias para quem a vida humana nada vale?.Poderíamos começar em nossas comunidades, acolhendo todos os que vêm sendo vítimas desta profanação. (Consagração da Basílica de Latrão) João 2, 13-22.
2. Jesus é o Templo de Deus
O texto da purificação do Templo encontra-se também nos evangelhos sinóticos (Mt 21,12-13; Mc 11,11.15-17; Lc 9,45-46). O que acontece no Templo, por ocasião da Páscoa, é escandaloso. As pessoas ligadas ao Templo, aproveitando-se da obrigatoriedade de oferecer sacrifícios e da distância que os peregrinos percorriam a pé para chegar a Jerusalém, comercializam todo tipo de animais prescritos pela Lei para o sacrifício.
A moeda tinha que ser pura, isto é, sem nenhuma efígie; por isso, havia também uma moeda própria do Templo, cujo câmbio as pessoas tinham que fazer. Jesus, com um chicote, expulsou todos os comerciantes do Templo. Os que se sentiram atingidos pela atitude de Jesus perguntam a ele em nome de quem ele agia daquele modo. Jesus responde: “Destruí vós este Templo, e em três dias eu o reerguerei” (v. 19).
O autor do evangelho, diante da incompreensão dos judeus, explica: “... ele falava isso a respeito do templo que é seu corpo” (v. 21). Jesus é o Templo de Deus, o lugar do encontro do homem com Deus, onde Deus habita com a plenitude de sua graça.
ORAÇÃO
Senhor Jesus, que eu tenha pelas coisas do Pai o mesmo zelo que tiveste, sabendo reconhecer as exigências práticas da minha fé.
3. O TEMPLO DE DEUS
No evangelho de João percebe-se uma exaltação dos samaritanos e uma censura aos judeus. Assim, por um lado, temos a narrativa do diálogo de Jesus com a mulher samaritana, em pleno dia, à beira do poço, que termina com todo os moradores desta região da Samaria vindo aclamar Jesus, professando nele sua fé.
Por outro lado, Nicodemos, um dos chefes dos fariseus, vem conversar com Jesus, ocultando-se na penumbra da noite, e não entende a sua mensagem.
O evangelho de hoje menciona que estava próxima a Páscoa "dos judeus", dando a entender que Jesus se distancia do sistema religioso que a promove, sediado em Jerusalém.
Nesta primeira viagem de Jesus a Jerusalém o destaque é a perda de sentido do Templo. Em vez de lugar de oração, o Templo tornou-se um lugar de comércio e exploração do povo piedoso. A situação não era nova, pois o profeta Jeremias, muito tempo antes, já fizera tal denúncia (Jr 7,11).
O culto no Templo, com o acesso de multidões de peregrinos durante o ano, era fonte de riqueza para o comércio em Jerusalém e, principalmente para a casta religiosa, que recolhia imensos valores como dízimos, ofertas, e sacrifícios dos fieis.
O Templo, desde sua primeira construção por Salomão, tinha um anexo, o Tesouro (ou Gazofilácio), onde eram acumuladas estas riquezas. Com Jesus a presença de Deus não está no Templo, mas sim no próprio Jesus e em cada membro da comunidade (segunda leitura) que vive o serviço e a partilha, com amor e misericórdia.


Liturgia do Domingo
10.11.2013
32º Domingo do Tempo Comum — ANO C
( VERDE, GLÓRIA, CREIO – IV SEMANA DO SALTÉRIO )
__ "Cremos na ressurreição dos mortos e na vida eterna
" __
Ambientação:
Sejam bem-vindos amados irmãos e irmãs!
INTRODUÇÃO DO FOLHETO DOMINICAL PULSANDINHO: Saduceus de ontem e de hoje mantém o mesmo princípio e defendem a mesma tese: a ressurreição depois da morte é uma impossibilidade. Não crêem na ressurreição dos mortos e, assim, impossibilitam a eternidade. Reduzem a vida a alguns anos, que termina com a morte e com algumas pás de terra escondendo um caixão de defunto. Duvidosos, gostam de desafiar quem crê na ressurreição dos mortos, como nós cristãos. É dentro desse contexto criado pelos saduceus, que a liturgia de hoje vem confirmar a fé dos discípulos e discípulas de Jesus na ressurreição dos mortos. A principal reação diante desse desafio é manter-se firme na esperança, como nos incentivará São Paulo.
INTRODUÇÃO DO FOLHETO DOMINICAL O POVO DE DEUS: Reunidos para celebrar o mistério pascal, somos chamados a testemunhar a nossa fé e a nossa esperança em Cristo. Neste Ano da Fé, que já se encaminha para o seu solene encerramento, renovemos nossa confiança em Deus e nossa adesão ao mistério revelado por Jesus. Dessa forma, seremos fiéis anunciadores do Reino e praticantes da caridade que brota do amor.
INTRODUÇÃO DO WEBMASTER: Acreditar na vida futura não significa fugir da responsabilidade atual de transformar o presente. Nós, cristãos, somos testemunhas da ressurreição. Quando dizemos que o nosso Deus é dos vivos e não dos mortos, afirmamos que ele está em nosso presente e não apenas a nos aguardar para a eternidade. Ele é o Deus dos que hoje são verdadeiramente vivos, empenhados inteiramente em melhorar a situação da humanidade. E esta vida não termina, mas continua após a morte física, porque é a vida do próprio Deus.
Sintamos em nossos corações a alegria do Amor ao Próximo e entoemos alegres cânticos ao Senhor!
OS QUE FOREM DIGNOS SERÃO IGUAIS AOS ANJOS!
Antífona da entrada: Chegue até vós a minha súplica; inclinai vosso ouvido à minha prece (Sl 87,3).
Comentário das Leituras: Cremos na ressurreição dos mortos e mantemos a firme esperança que um dia, também nós ressuscitaremos para a vida eterna. No Evangelho, Jesus garante esta verdade e consolida nossa fé e nossa esperança: todos ressuscitarão dos mortos. Ouçamos com atenção as leituras que alimentam nossa fé.
Primeira Leitura (2 Macabeus 7,1-2.9-14)
Leitura do livro dos Macabeus.
7 1 Havia também sete irmãos que foram um dia presos com sua mãe, e que o rei por meio de golpes de azorrage e de nervos de boi, quis coagir a comerem a proibida carne de porco.
2 Um dentre eles tomou a palavra e falou assim em nome de todos. Que nos pretendes perguntar e saber de nós? Estamos prontos a morrer antes de violar as leis de nossos pais.
9 Prestes a dar o último suspiro, disse ele: Maldito, tu nos arrebatas a vida presente, mas o Rei do universo nos ressuscitará para a vida eterna, se morrermos por fidelidade às suas leis.
10 Após este, torturaram o terceiro. Reclamada a língua, ele a apresentou logo, e estendeu as mãos corajosamente.
11 Pronunciou em seguida estas nobres palavras: Do céu recebi estes membros, mas eu os desprezo por amor às suas leis, e dele espero recebê-los um dia de novo.
12 O próprio rei e os que o rodeavam ficaram admirados com o heroísmo desse jovem, que reputava por nada os sofrimentos.
13 Morto este, aplicaram os mesmos suplícios ao quarto,
14 e este disse, quando estava a ponto de expirar: É uma sorte desejável perecer pela mão humana com a esperança de que Deus nos ressuscite; mas, para ti, certamente não haverá ressurreição para a vida.
Salmo responsorial 16/17
Ao despertar, me saciará vossa presença
e verei a vossa face!
Ó Senhor, ouvi a minha justa causa,
Escutai-me e atendei o meu clamor!
Inclinai o vosso ouvido à minha prece,
Pois não existe falsidade nos meus lábios!
Os meus passos eu firmei na vossa estrada,
e por isso os meus pés não vacilaram.
Eu vos chamo, ó meu Deus, porque me ouvis,
inclinai o vosso ouvido e escutai-me!
Protegei-me qual dos olhos a pupila
e guardai-me à proteção de vossas asas.
Mas eu verei, justificado, a vossa face
e, ao despertar, me saciará vossa presença.
Segunda Leitura (2 Tessalonicenses 2,16-3,5)
Leitura da segunda carta de são Paulo aos Tessalonicenses.
2 16 Nosso Senhor Jesus Cristo e Deus, nosso Pai, que nos amou e nos deu consolação eterna e boa esperança pela sua graça,
17 consolem os vossos corações e os confirmem para toda boa obra e palavra!
3 1 Por fim, irmãos, orai por nós, para que a palavra do Senhor se propague e seja estimada, tal como acontece entre vós,
2 e para que sejamos livres dos homens perversos e maus; porque nem todos possuem a fé.
3 Mas o Senhor é fiel, e ele há de vos dar forças e vos preservar do mal.
4 Quanto a vós, temos plena certeza no Senhor de que estareis cumprindo e continuareis a cumprir o que vos prescrevemos.
5 Que o Senhor dirija os vossos corações para o amor de Deus e a paciência de Cristo.

Aclamação do Evangelho
Aleluia, aleluia, aleluia.
Jesus Cristo é o primogênito dos mortos; a ele a glória e o domínio para sempre! (Ap 1,5s).

EVANGELHO (Lucas 20,27-38 ou 27.34-38)
Naquele tempo, 20 27 alguns saduceus - que negam a ressurreição - aproximaram-se de Jesus e perguntaram-lhe:
28 "Mestre, Moisés prescreveu-nos: Se alguém morrer e deixar mulher, mas não deixar filhos, case-se com ela o irmão dele, e dê descendência a seu irmão.
29 Ora, havia sete irmãos, o primeiro dos quais tomou uma mulher, mas morreu sem filhos.
30 Casou-se com ela o segundo, mas também ele morreu sem filhos.
31 Casou-se depois com ela o terceiro. E assim sucessivamente todos os sete, que morreram sem deixar filhos.
32 Por fim, morreu também a mulher.
33 Na ressurreição, de qual deles será a mulher? Porque os sete a tiveram por mulher".
34 Jesus respondeu: "Os filhos deste mundo casam-se e dão-se em casamento,
35 mas os que serão julgados dignos do século futuro e da ressurreição dos mortos não terão mulher nem marido.
36 Eles jamais poderão morrer, porque são iguais aos anjos e são filhos de Deus, porque são ressuscitados.
37 Por outra parte, que os mortos hão de ressuscitar é o que Moisés revelou na passagem da sarça ardente, chamando ao Senhor: Deus de Abraão, Deus de Isaac, Deus de Jacó .
38 Ora, Deus não é Deus dos mortos, mas dos vivos; porque todos vivem para ele".
LEITURAS DA SEMANA DE 11 a 17 de Novembro de 2013:
2ª Vd - Sb 1,1-7; Sl 138(139); Lc 17,1-6
3ª Br - Sb 2,23-3,9; Sl 33(34); Lc 17,7-10
4ª Br - Sb 6,1-11; Sl 81(82); Lc 17,11-19
5ª Vd - Sb 7,22-8,1; Sl 118; Lc 17,20-25
6ª Vd - Sb 13,1-9 Sl 18A(19A); Lc 17,26-37
Sb Br - Sb 18,14-16; 19,6-9; Sl 104; Lc 18,1-8
33º DTC Vd - Ml 3, 19-20a; Sl 97(98); 2Ts 3,7-12; Lc 21,5-19 (Visão do futuro)
COMENTÁRIOS DO EVANGELHO
1. RESSURREIÇÃO É VIDA NOVA!
Há muitas pessoas que desdenham do “céu” por achar que ele não existe, e que portanto não há ressurreição dos mortos. Para estes, a vida se resume a esta existência terrena, “céu e inferno é por aqui mesmo!“- dizem de boca cheia.
Claro que esta concepção de um “Paraíso Terrestre” só considera a felicidade que o mundo nos oferece, porque se fundamenta no TER e no PODER. Para estes, felicidade é desfrutar da vida tudo o que ela pode oferecer, em todo e qualquer prazer, realizando qualquer desejo. Esse paraíso sonhado e inventado pelo homem, termina inesperadamente, em um leito de hospital, em um acidente, em um ato de violência e daí, toda esta bela fantasia acaba enterrada em uma cova ou colocada em um túmulo, pois até quem não crê, sabe que desta vida nada se leva. Portanto, viver em função desse falso paraíso, pode ter certeza de que não vale a pena! É preciso descobrir o verdadeiro sentido dessa vida.
Mas há pessoas mais ingênuas que crêem em uma ressurreição enquanto revivicação do cadáver, ou seja, ressuscitar é voltar a esta vida, sendo que era este o conceito rudimentar de ressurreição no antigo testamento. De modo prático podemos pensar no seguinte, a pessoa morreu vítima de um acidente de trânsito, ressuscita e volta novamente a esta vida, com todas as suas limitações e fragilidades, um dia morre vítima de uma grave enfermidade. De que adianta a ressurreição, se tudo volta à mesmice?
Os Saduceus eram uma classe elitizada, pertencente a uma corrente religiosa que não acreditava na ressurreição, e nessa conversa com Jesus inventam uma novelinha de linha bem humoresca, baseada na lei de Moisés, de certa mulher que pelo visto, devia ser “Fogo na roupa”, porque casou-se com sete irmãos, um após a morte do outro, e por fim, um belo dia a coitada também “bateu com a cacholeta”, também não era para menos...
A história irônica tem como objetivo desmoralizar a doutrina cristã sobre a ressurreição dos mortos, perguntando de maneira até irreverente, de quem a tal mulher seria esposa após a ressurreição, já que havia se dado em casamento a todos os sete, como se a gente levasse para a vida eterna todas as intrigas e demais complicações desta vida. Se fosse assim, a ressurreição seria um grande engano.
Mas Jesus rebate os gozadores com um argumento muito consistente: os que forem considerados dignos da Vida Eterna, não morrerão. Isso é, não deixarão de existir mas entrarão em uma Vida totalmente nova, passando a ser um homem renovado, um ser glorioso, sem limites e sem mais nenhuma necessidade terrena.
E qual a relação entre esta vida nova da pós-morte, e esta vida terrena? As relações nesta vida, inclusive a conjugal, nada mais são do que um exercício para este amor da plenitude, que só encontramos em Jesus Cristo após a ressurreição. Por isso, nesta vida terrena temos necessidade do próximo com quem nos relacionamos nesse constante aprendizado, que vai nos santificando em cada momento.
A expressão muito usada, na morte de um ente querido, de que um dia iremos reencontrá-lo, é legítima e verdadeira, porém, este encontro não será como imaginamos, marcado por lembranças, sentimentos, recordações, emoções: “Oi, como vai? Há quanto tempo a gente não se vê. E daí ? Como está a vida nova? Estou louco para rever todos os que partiram antes de mim... Vamos por a conversa em ordem”.
Seria muita ingenuidade ficarmos imaginando coisas assim, na ressurreição. De nada disso teremos mais necessidade, pois todos estaremos em Deus, mergulhados em sua santidade, plenitude e perfeição. Nada mais teremos a aprender. Poderá por acaso um acadêmico retorna a um curso de alfabetização?
O que importa é viver a vida com essa certeza de que a vivemos para Deus, aproveitando cada minuto para praticar o amor, a única virtude que levaremos para a Ressurreição. Quem viver assim, não morrerá jamais! Palavra de Jesus de Nazaré, ressuscitado pelo Pai, e que vai à nossa frente, mostrando-nos o caminho, dando-nos alegria e coragem e acima de tudo confirmando-nos que o nosso Deus é o Deus dos vivos e não dos mortos!
2. Deus é surpreendente
Agora, é a vez dos saduceus. Eles não são propriamente um grupo religioso, mas uma espécie de aristocracia ligada ao Templo de Jerusalém. Eles não acreditam na ressurreição dos mortos (cf. v. 27; At 23,8), ao contrário dos fariseus.
Considerando o modo como eles apresentam o caso, a ressurreição na concepção deles é uma espécie de prolongamento ou repetição da vida presente. O caso apresentado por eles é absurdo e, provavelmente, com o intuito de ridicularizar a fé na ressurreição (vv. 19-23).
Para isso, recorrem à lei do levirato (= cunhado): “Se dois irmãos viverem juntos e um deles morrer sem filhos, a viúva não sairá de casa para casar-se com um estrangeiro; seu cunhado se casará com ela e cumprirá com ela os deveres legais de cunhado; o primogênito que nascer continuará o nome do irmão morto, e assim não se apagará o nome dele em Israel” (Dt 25,5-6).
Na resposta, Jesus revela a ignorância deles: interpretam mal a Escritura e desconhecem o poder de Deus, supondo que a morte anularia o poder de Deus. Eles pensavam, como dissemos, que a ressurreição fosse continuidade da vida terrena. Engano! Deus é surpreendente.
É preciso se abrir à novidade de Deus e nele esperar: os que forem julgados dignos de participar do mundo futuro e da ressurreição dos mortos não se casam; e já não poderão morrer” (vv. 35-36). Pensaram poder falar da ressurreição prescindindo de Deus. Ora, sem a relação ao Deus dos vivos, a própria Escritura é letra morta. Jesus faz remontar a Moisés a crença na ressurreição: “Que os mortos ressuscitam, também foi mostrado por Moisés, na passagem da sarça ardente, quando chama o Senhor de ‘Deus de Abraão, Deus de Isaac e Deus de Jacó’” (v. 37).
A ressurreição não pode ser pensada como pura e simples continuidade de nossa vida terrestre. Há uma ruptura com nossa vida neste mundo: “Neste mundo, homens e mulheres casam-se”, mas no mundo futuro e na ressurreição não se casam (v. 34.35).
Os ressuscitados têm um ponto em comum com os anjos: eles não podem mais morrer; logo, não necessitam de descendência. Deus é o Deus dos vivos (cf. v. 38): “Ninguém de nós vive e ninguém de nós morre para si mesmo, porque se vivemos é para o Senhor que vivemos, e se morremos é para o Senhor que morremos” (Rm 14,7-8).
ORAÇÃO
Espírito de imortalidade, reforça minha fé na ressurreição e minha esperança de encontrar-me com o Deus da vida eterna.
3. A VIDA SUPERA A MORTE
Ao questionar Jesus, os saduceus tinham a intenção de ridicularizar os fariseus, cuja fé na ressurreição dos mortos era bem conhecida, por ser uma crença propagada nos meios populares. Os saduceus queriam também conhecer a posição de Jesus, para saber de que lado se posicionava.
O ponto de partida da pergunta foi uma história um tanto grotesca, fundada numa teologia mal-enfocada. Supunha-se, erroneamente, que a ressurreição fosse a continuação pura e simples da vida terrena. Que a humanidade está envolvida por um determinismo cruel, estando todos os seres humanos fadados a idêntico destino eterno. Que a morte supera a vida, pois é para o sheol, lugar de trevas e sombra, que caminham todas as pessoas. Que Deus não tem o poder de interferir no destino eterno delas.
Jesus responde, estabelecendo uma distinção entre "este mundo" e o "outro mundo". O erro dos saduceus consiste em confundi-los. O ser humano está destinado a viver neste mundo, sem perder de vista o outro. Sendo Deus o Senhor da vida, pode doá-la tanto neste mundo quanto no outro. Entretanto, no mundo vindouro, a vida será vida plena, sem as limitações da vida terrena. Cessam, aí, as preocupações terrenas, como casar-se e dar-se em casamento, e desaparece, também, as ameaças da morte. A comunhão com o Pai torna-se penhor de vida eterna. A morte dá início, neste caso, a uma explosão de vida.
Oração
Espírito vivificador, que a esperança na ressurreição dos mortos me faça viver neste mundo, sem perder de vista que meu destino é a vida plena, na comunhão com o Pai.


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