quarta-feira, 11 de abril de 2012

5º semana da quaresma


5º semana da quaresma
5º Domingo da Quaresma  ANO B
(ROXO, CREIO – I SEMANA DO SALTÉRIO)
"Se o grão de trigo não cai na terra e não morre, ele continua só grão de trigo."
Ambientação:
Sejam bem-vindos amados irmãos e irmãs! A hora de Jesus, também chamada de "glória", é o momento decisivo da cruz, hora do serviço total da entrega da vida. "Se o grão de trigo cair na terra e morrer, produzirá muito fruto". Hoje o Pai nos entrega Jesus, o grão fecundado pela força do Espírito, feito Pão da Vida para nossa salvação. Com alegria renovamos nossa aliança e comungamos seu projeto, aceitando a cruz de nossa vida, como passagem necessária para a ressurreição e alegria plena. Sintamos o júbilo real de Deus em nossos corações e cheios dessa alegria divina entoemos cânticos jubilosos ao Senhor!

LITURGIA DA PALAVRA
Comentário: A Palavra de Deus garante-nos que a salvação passa por uma vida vivida na escuta atenta dos projetos de Deus e na doação total aos irmãos. Viver a glória em Deus não pode ser compreendida como exaltação da própria pessoa, mas sim adesão aos propósitos de Deus.
PRIMEIRA LEITURA Jr 31,31-34
LEITURA DO LIVRO DO PROFETA JEREMIAS
Eis que virão dias, diz o Senhor, em que concluirei com a casa de Israel e a casa de Judá uma nova aliança; não como a aliança que fiz com seus pais, quando os tomei pela mão para retirá-los da terra do Egito, e que eles a violaram, mas eu fiz valer a força sobre eles, diz o Senhor. "Esta será a aliança que concluirei com a casa de Israel, depois desses dias, - diz o Senhor: - imprimirei minha lei em suas entranhas, e hei de inscrevê-la em seu coração; serei seu Deus e eles serão meu povo. Não será mais necessário ensinar seu próximo ou seu irmão, dizendo: 'Conhece o Senhor!' Todos me conhecerão do menor ao maior deles, diz o Senhor, pois perdoarei sua maldade e não mais lembrarei o seu pecado"

SALMO RESPONSORIAL – Sl 51(50)
Ref.: Criai em mim um coração que seja puro, dai-me de novo um espírito decidido. 
1. Tende piedade, ó meu Deus, misericórdia! Na imensidão de vosso amor, purificai-me! Lavai-me todo inteiro do pecado, e apagai completamente a minha culpa! 
2. Criai em mim um coração que seja puro, dai-me de novo um espírito decidido. Ó Senhor, não me afasteis de vossa face, nem retireis de mim o vosso Santo Espírito! 
3. Dai-me de novo a alegria de ser salvo e confirmai-me com espírito generoso! Ensinarei vosso caminho aos pecadores, e para vós se voltarão os transviados.
SEGUNDA LEITURA Hb 5, 7-9
LEITURA DA CARTA AOS HEBREUS
Cristo, nos dias de sua vida terrestre, dirigiu preces e súplicas, com forte clamor e lágrimas, àquele que era capaz de salvá-lo da morte. E foi atendido por causa da sua entrega a Deus. Mesmo sendo filho, aprendeu o que significa a obediência a Deus por aquilo que ele sofreu. Mas na consumação de sua vida tornou-se causa de salvação eterna para todos que lhe obedecem.
EVANGELHO Jo 12, 20-33
ACLAMAÇÃO AO EVANGELHO
Ref.: Louvor e glória a ti, Senhor, Cristo, Palavra de Deus! Cristo, Palavra de Deus! 
1. Se alguém me quer servir, que venha atrás de mim; e onde eu estiver, ali estará meu servo.

Naquele tempo, havia alguns gregos entre os que tinham subido a Jerusalém, para adorar durante a festa. Aproximaram-se de Filipe, que era de Betsaida da Galiléia, e disseram: "Senhor, gostaríamos de ver Jesus". Filipe combinou com André, e os dois foram falar com Jesus. Jesus respondeu-lhes: "Chegou a hora em que o Filho do Homem vai ser glorificado. Em verdade, em verdade vos digo: se o grão de trigo que cai na terra não morre, ele continua só grão de trigo; mas se morre, então produz muito fruto. Quem se apega à sua vida, perde-a; mas quem faz pouca conta de sua vida neste mundo, conserva-la-á para a vida eterna. "Se alguém me quer seguir, siga-me, e onde eu estou estará também o meu servo. Se alguém me serve, meu Pai o honrará. Agora sinto-me angustiado. E que direi? 'Pai, livra-me desta hora?' Mas foi precisamente para esta hora que eu vim. Pai, glorifica o teu nome!" Então veio uma voz do céu: "Eu o glorifiquei e o glorificarei de novo!" A multidão, que aí estava e ouviu, dizia que tinha sido um trovão. Outros afirmavam: foi um anjo que falou com ele". Jesus respondeu e disse: "Essa voz que ouvistes não foi por causa de mim, mas por causa de vós. É agora o julgamento deste mundo. Agora o chefe deste mundo vai ser expulso, e eu quando for elevado da terra, atrairei todos a mim". Jesus falava assim para indicar de que morte iria morrer.
Formação Litúrgica – Ato Penitencial
Historicamente, sabemos que o ato penitencial comunitário na Missa, assim como o conhecemos hoje, não existia antes da reforma proposta pelo último Concílio do Vaticano, constituindo-se numa verdadeira novidade.
Existem quatro modelos de atos penitenciais no missal. O primeiro é a recitação comunitária do Confiteor (Confesso a Deus todo poderoso). O segundo é um breve diálogo: Tende compaixão de nós, Senhor, porque somos pecadores... O terceiro é uma série de aclamações a Cristo, o Senhor, com a resposta: Senhor, tende piedade de nós. O quarto é a bênção e aspersão da água sobre o povo.
Segundo o Missal Romano, a bênção e a aspersão da água não é ato penitencial, mas seu substituto (Missal Romano p. 1001). No entanto, na opinião de muitos liturgistas, "constitui, sem dúvida, um dos mais belos e mais autênticos atos penitenciais. Ela é, ao mesmo tempo, uma recordação do batismo e um ato penitencial, uma ablução e uma purificação, um reconforto e um ato de salvação... Infelizmente o texto e o cântico só se encontram num apêndice do Missal" (Theodor Schnitzler, Missa, mensagem e vida, p. 91).
A dinâmica do ato penitencial é a seguinte: o presidente ou outro ministro faz uma monição, convidando à atitude de humildade e confiança. Segue-se um momento de silêncio, a realização de um dos quatro modelos, descritos acima e encerra-se com a oração de conclusão, que é uma absolvição em forma de pedido.
TEXTOS BÍBLICOS PARA A SEMANA:

2ª Rx - Is 7,10-14; 8,10; Sl 39(40); Hb 10,4-10; Lc 1,26-38
3ª Rx - Nm 21,4-9; Sl 101; Jo 8,21-30
4ª Rx - Dn 3,14-20.91-92.95; Cânt. Dn 3,52-56; Jo 8,31-42
5ª Rx - Gn 17,3-9; Sl 104; Jo 8,51-59
6ª Rx - Jr 20,10-13; Sl 17; Jo 10,31-42
Sb Rx - Ez 37,21-28; Cânt. Jr 31,10-13; Jo 11, 45-56


COMENTÁRIOS DO EVANGELHO
1. "MORRER PARA FRUTIFICAR"
(O comentário do Evangelho abaixo é feito pelo Diácono José da Cruz )
Capitão Tininho era o nome de um grão de feijão, que certa ocasião usei como cobaia, na minha adolescência, para saber como era o desenvolvimento das plantas. Na minha fantasia, o Capitão Tininho retrucou, mas eu o convenci de que ele iria se tornar um herói, e poderia até quem sabe, reescrever a “Viagem ao Centro da Terra”, na visão de um grão de Feijão, e então ingenuamente ele aceitou. Ainda fantasiando, cavei um buraco, fiz um belo discurso para a “tropa” reunida ali, e aplaudimos o Capitão Tininho, que coloquei com carinho no buraco e jogamos a terra por cima. Todos os dias eu regava e revolvia a terra até que em uma manhã surgiu um brotinho quase invisível, fiquei eufórico, era como se estivesse nascendo um filho.
Quando finalmente o pezinho de feijão estava “espigadinho” inclusive com algumas folhas, reuni a “tropa”, na minha fantasia, e começamos aquilo que eu chamei de “Operação retorno”, mas cadê o coitado do Capitão Tininho? Examinei cuidadosamente a raiz do meu pé de feijão, e não tinha nem vestígio do meu herói, de noite comentei com um colega na aula de ciência, que sorriu e me explicou friamente que o Capitão Tininho tinha “esticado a canela”. 

Não entendendo perguntei: “Você quer dizer que ele morreu?” E o colega esclareceu que se o Tininho não tivesse morrido, eu não teria o meu pé de feijão. Ainda na minha fantasia, no outro dia reuni a tropa e comuniquei oficialmente o ocorrido “Ele morreu como um herói, nessa missão perigosa” – disse em meu discurso, dando assim por encerrada a minha experiência, concluindo que no ciclo das plantas, senão houver morte, a vida não terá continuidade.
Por isso, no primeiro contato com esse evangelho, quando ministro da palavra, nos anos 80, comentei com meus botões “Eis aqui mais um Capitão Tininho”, referindo-me ao grão de trigo da parábola que Jesus contou em Jerusalém, praticamente às vésperas da sua paixão e morte. Qualquer criança em idade escolar, bem cedo irá aprender que a semente morre nas profundezas da terra, para poder brotar nova plantinha. Mas na dimensão teológica, como poderíamos interpretar esse ensinamento de Jesus, o que significa morrer, nesse sentido?
Eu diria que a morte de Jesus teve início com a sua encarnação, pois no paraíso, o homem sentiu-se tão importante que teve a pretensão de ser o Deus - Todo Poderoso, conhecedor do Bem e do Mal, e senhor de todos os seus atos, enquanto isso, para iniciar a obra da salvação, o Deus Todo Poderoso se fez tão pequeno, que se tornou homem. Essa pequenez de Jesus está diretamente ligada à sua missão – eu vim para servir.
Poderíamos até afirmar que pequeno, é todo aquele que serve, é aquele que sabe partilhar com os outros, aquilo que tem inclusive os carismas. Na teologia judaica, a glorificação divina estava reservada aos justos, que no pós-morte seriam levantados por Deus para nunca mais morrerem. Ora, todas as personalidades bíblicas do A.T são uma prefiguração de Jesus e em alguns gêneros literários, como os evangelhos, por exemplo, encontramos em Mateus uma relação mais direta de Jesus com Moisés. Com a Salvação, Jesus insere de novo o homem na plenitude original do paraíso, sendo esse o anúncio que ele faz aos discípulos no evangelho desse quinto domingo da quaresma, com a afirmativa própria de João de que “Chegou a hora em que o Filho do homem vai ser glorificado”.
Quando o homem busca a santidade e a perfeição em todas as suas ações e pensamentos, manifestando fidelidade ao projeto de Deus, revelando o amor ágape em suas relações com o próximo a glorificação não é simplesmente um prêmio divino, por ele ter sido bom, mas é o resgate perfeito da imagem original de cada ser humano, enquanto imagem e semelhança de Deus, é a volta do Filho pródigo à casa do Pai, recuperando a dignidade perdida com o pecado. Esse processo aconteceu primeiro com Jesus de Nazaré, chamado nas cartas paulinas de primogênito de todas as criaturas e embora não tivesse nele nenhum pecado, ao receber a glória, também glorificou o Pai, que agora poderá olhar o homem realmente como Filho, e restabelecer com ele uma vida de comunhão, para comunicar a sua graça.
É este precisamente o caminho do cristão, não há nenhum outro, é o mesmo caminho de Jesus, o caminho do serviço, do amor ágape, da doação, da fidelidade ao Pai, do despojamento e do esvaziamento, e tudo isso significa “morrer” para si mesmo, ou deixar-se morrer para que o irmão seja bem servido e tenha mais vida. A comunidade é o lugar ideal para se viver a vocação do grão de trigo, morrer para atingir a plenitude, uma linguagem e um ensinamento estranho, para uma sociedade onde ainda prevalece, em todos os segmentos, a famosa Lei de Gerson...

2. Desejo de ver Jesus
(O comentário do Evangelho abaixo é feito por José Raimundo Oliva )
Jesus, chegando a Jerusalém para a festa da Páscoa judaica, é aclamado pela multidão de peregrinos que acorrem à cidade para o cumprimento do preceito religioso de participação nesta festa. Entre estes peregrinos encontram-se gregos, os quais se dirigem a Filipe, manifestando o desejo de ver Jesus, o qual os atrai mais do que a própria festa.
Jesus, na ocasião de seu batismo por João, disse a André e ao outro discípulo que o acompanhava, quando lhe perguntavam onde morava: "Vem e vê" (Jo 1,39). Depois, o próprio Filipe, que já havia sido chamado por Jesus para segui-lo, convidou também Natanael para o encontro com Jesus, com a mesma expressão: "Vem e vê" (Jo 1,46). Agora são os gregos da região de Betsaida que se empenham em ver Jesus. "Ver" significa conhecer, ter a experiência da presença e do diálogo, em um tempo de convívio e comunicação com Jesus.
Filipe, diante do pedido dos gregos, vai dizê-lo a André. Filipe, bem como André e Pedro, era de Betsaida, cidade de cultura grega. Os próprios nomes de Filipe (Philippos) e André (Andréas) têm origem grega.
Quando Filipe e André falam com Jesus, ele lhes responde procurando remover qualquer equívoco. Está próximo o desenlace de seu ministério de amor e dom de si, sem temer perseguições, ameaças e morte. A sua glória não é o poder e o sucesso, mas o dom total de sua vida no amor, a ser assumido também pelos discípulos. O dom da própria vida é o ato fecundo que gera mais vida, tanto naquele que se doa como naqueles que são tocados por seu amor. A vida é fruto do amor e ela será tanto mais pujante quanto maior for a plenitude do amor, no dom total.
A metáfora do grão que se transforma exprime que o homem possui muito mais potencialidades do que aquelas que lhe são conhecidas. O grão que desaparece para dar lugar à planta e ao fruto é a conversão de vida. É libertar a vida de submissão e escravidão aos interesses dos chefes deste mundo e colocá-la a serviço de Jesus presente no nosso próximo. É alcançar a liberdade da vida eterna na prática do amor. Com o dom de si, novas e surpreendentes potencialidades se revelam.
A morte, sem ser um fim trágico, pode ser também o começo de uma vida nova, mais plena, já neste mundo. Morrer para os limites e valores impostos por uma cultura de consumo e opressão, para viver livre na comunhão de amor e vida com os irmãos, particularmente os mais necessitados. Isto é servir Jesus, e assim se manifesta a glória de Jesus e a glória do Pai.
Quem não teme a própria morte confunde o opressor poderoso, chefe deste mundo, e conquista a liberdade que tudo transforma pelo amor. Viver é dar a vida e tem-se a vida à medida que ela é dada. 

Oração
Senhor Jesus, a vida jorrou abundante de tua fidelidade até à morte de cruz. Possa eu beneficiar-me desta plenitude de vida.
3. A Glória de Jesus
(O comentário do Evangelho abaixo é feito pelo Pe. Jaldemir Vitório ).
Os Evangelhos são coletâneas de memórias de Jesus de Nazaré, elaboradas em meio às primeiras comunidades de discípulos, principalmente aquelas vinculadas a Jerusalém, oriundas do judaísmo. Estas memórias foram surgindo de acordo com as expectativas tradicionais do Primeiro Testamento, voltadas para o messias glorioso e poderoso. Após a morte de Jesus, este messias foi projetado no Cristo ressuscitado.
Em conseqüência, os Evangelhos, escritos algumas décadas após a morte de Jesus, interpretam sua vida sob a ótica do ressuscitado. Assim, nas falas de Jesus foram inseridas referências a sua própria morte e ressurreição. Filipe e André, bem como seu irmão Pedro, eram de Betsaida, cidade de cultura predominantemente grega, situada ao norte do Mar da Galiléia. Alguns gregos, provavelmente seus conhecidos, se aproximam manifestando o desejo de ver Jesus. Evidencia-se como os gregos se interessaram em participar da vida que ele comunica. É o testemunho de que existiam comunidades de discípulos de Jesus no mundo gentílico, fora da influência do judaísmo.
Jesus afirma que chegou a hora da sua glorificação. É a glória do Filho do homem (o humano), e não do messias poderoso. A glória de Jesus é sua missão levada até o fim com os frutos do anúncio e a comunicação da vida eterna ("salvação eterna", conforme a teologia sacrifical da carta aos hebreus - segunda leitura) a todos os povos, sem restrições étnicas, nacionalistas, ou de particularidades religiosas.
Os discípulos são convidados a dedicar a vida a esta missão do anúncio da esperança e à comunicação de amor e vida, que é a glória de Deus. A "lei no coração" anunciada por Jeremias (primeira leitura) é o mandamento do amor comunicado por Jesus, que une a todos e traz a paz.
Liturgia da Segunda Feira 

ANUNCIAÇÃO DO SENHOR 
Antífona da entrada: Ao entrar no mundo, Cristo disse: Eis-me aqui, ó Pai, para fazer a tua vontade (Hb 10,5.7).

Primeira Leitura (Isaías 7,10-14;8,10)
Leitura do livro do profeta Isaías.
7 10 O Senhor disse ainda a Acaz: 11" Pede ao Senhor teu Deus um sinal, seja do fundo da habitação dos mortos, seja lá do alto". 
12 Acaz respondeu:" De maneira alguma! Não quero pôr o Senhor à prova". 
13 Isaías respondeu: "Ouvi, casa de Davi: Não vos basta fatigar a paciência dos homens? Pretendeis cansar também o meu Deus? 
14 Por isso, o próprio Senhor vos dará um sinal: uma virgem conceberá e dará à luz um filho, e o chamará Deus Conosco. 
8,10 preparai um plano, e ele malogrará; dai ordens e elas não serão executadas, porque Deus está conosco". 

Salmo responsorial 39/40
Eis que venho fazer, com prazer, 
a vossa vontade, Senhor!
Sacrifício e oblação não quisestes, 
mas abristes, Senhor, meus ouvidos; 
não pedistes ofertas nem vítimas, 
holocaustos por nossos pecados, 
e então eu vos disse: "Eis que venho!"
Sobre mim está escrito no livro: 
"Com prazer faço a vossa vontade, 
guardo em meu coração vossa lei!"
Boas novas de vossa justiça 
anunciei numa grande assembléia; 
vós sabeis: não fechei os meus lábios!
Proclamei toda a vossa justiça 
sem retê-la no meu coração; 
vosso auxílio e lealdade narrei. 
Não calei vossa graça e verdade 
na presença da grande assembléia.
Segunda Leitura (Hebreus 10,4-10)
Leitura da carta aos Hebreus.
10 4 Pois é impossível que o sangue de touros e de carneiros tire pecados. 
5 Eis por que, ao entrar no mundo, Cristo diz: "Não quiseste sacrifício nem oblação, mas me formaste um corpo. 
6 Holocaustos e sacrifícios pelo pecado não te agradam. 
7 Então eu disse: Eis que venho (porque é de mim que está escrito no rolo do livro), venho, ó Deus, para fazer a tua vontade". 
8 Disse primeiro: "Tu não quiseste, tu não recebeste com agrado os sacrifícios nem as ofertas, nem os holocaustos, nem as vítimas pelo pecado (quer dizer, as imolações legais)". 
9 Em seguida, ajuntou: "Eis que venho para fazer a tua vontade. Assim, aboliu o antigo regime e estabeleceu uma nova economia". 
10 Foi em virtude desta vontade de Deus que temos sido santificados uma vez para sempre, pela oblação do corpo de Jesus Cristo. 

Aclamação do Evangelho
Glória a Cristo, palavra eterna do Pai, que é amor! 
A palavra se fez carne e habitou entre nós. E nós vimos sua glória que recebe de Deus Pai (Jo 1,14).

Evangelho (Lucas 1,26-38)

1 26 No sexto mês, o anjo Gabriel foi enviado por Deus a uma cidade da Galiléia, chamada Nazaré, 
27 a uma virgem desposada com um homem que se chamava José, da casa de Davi e o nome da virgem era Maria. 
28 Entrando, o anjo disse-lhe: "Ave, cheia de graça, o Senhor é contigo". 
29 Perturbou-se ela com estas palavras e pôs-se a pensar no que significaria semelhante saudação. 
30 O anjo disse-lhe: "Não temas, Maria, pois encontraste graça diante de Deus. 
31 Eis que conceberás e darás à luz um filho, e lhe porás o nome de Jesus. 
32 Ele será grande e chamar-se-á Filho do Altíssimo, e o Senhor Deus lhe dará o trono de seu pai Davi; e reinará eternamente na casa de Jacó, 
33 e o seu reino não terá fim". 
34 Maria perguntou ao anjo: "Como se fará isso, pois não conheço homem?" 
35 Respondeu-lhe o anjo: "O Espírito Santo descerá sobre ti, e a força do Altíssimo te envolverá com a sua sombra. Por isso o ente santo que nascer de ti será chamado Filho de Deus. 
36 Também Isabel, tua parenta, até ela concebeu um filho na sua velhice; e já está no sexto mês aquela que é tida por estéril, 
37 porque a Deus nenhuma coisa é impossível". 
38 Então disse Maria: "Eis aqui a serva do Senhor. Faça-se em mim segundo a tua palavra". E o anjo afastou-se dela. 

COMENTÁRIOS DO EVANGELHO
1. Festa da Anunciação do Senhor
(O comentário do Evangelho abaixo é feito pelo Diácono José da Cruz )
Lucas condensa em um único momento algo que foi toda uma experiência de vida de Maria Santíssima, pois se permanecermos apenas com a narrativa Lucana tal como está, não vamos entender como é que em um momento de oração, que talvez durou uma hora ou alguns minutos, aquela adolescente de Nazaré abriu mão de todos os seus sonhos e projetos de vida, para aceitar algo que um ser humano comum nem cogitaria: Ser Mãe de Deus!
Maria era uma pessoa conhecedora da Escritura e que estava sempre em oração, aberta ao conhecimento de Deus e sempre disponível para fazer a sua Santa Vontade. A anunciação do anjo, isso é, a manifestação da Vontade de Deus foi acontecendo de maneira gradativa, até que chegou o momento em que tudo estava mais claro sobre o que Deus queria daquela jovem... Mesmo assim, sem vídeo tape para ver o futuro, sem bola de cristal para ver tudo o que iria acontecer.
Possivelmente aquele momento da anunciação tenha sido o instante em que na mente e no coração de Maria ela descobriu a vontade de Deus a seu respeito, mas considerando-se a sua tenra idade, também é possível que naquele momento tudo tenha se iniciado na sua vida, quando ela descobriu que a vontade de Deus era um pouco diferente dos seus planos de se unir para sempre com o noivo José. A menina tinha em seu coração essa dúvida, expressada na interrogação que fez ao anjo "Como isso vai acontecer se não conheço homem algum?"
Mais próximos de Maria, essa adolescente que tinha planos para sua vida, filha do Sr. Joaquim e Ana, pessoas que pertenciam á comunidade, fiéis na oração e na meditação da Palavra de Deus revelada nas escrituras antigas, a tarefa de meditar a Anunciação, fica bem mais agradável, porque vai mexer com a nossa vida e a nossa espiritualidade. Pois não sendo assim, corremos o risco de terminar a reflexão com uma pergunta boba e sem sentido "Com Maria, moça recatada e toda pura, virgem e temente a Deus, ornada de todas as virtudes celestiais, a predileta do Pai, foi assim... Mas e eu um vil mortal, frágil e pecador, nem sempre fiel na Fé, na oração e na meditação da Palavra de Deus, será que Deus quer alguma coisa de mim? Será que há algo que eu possa fazer, para colaborar com Deus?
Não é necessário destacarmos o papel e a importância de Maria na História da Salvação, ela está acima dos Santos e Santas de Deus, ocupando um lugar de destaque na Vida da Igreja e na Fé dos Fiéis, claro que Maria não é deusa, mas uma Filha muito especial Dele. Guardadas, portanto, as devidas proporções, o que Deus realizou em Maria ele quer fazer também em cada um de nós e para tanto temos Maria como exemplo, ela é nossa Mãe, nossa irmã de caminhada, nossa companheira de luta, a primeira discípula e a primeira cristã.
Nela aprendemos que devemos estar permanentemente abertos à Vontade de Deus, e isso se faz na oração, na escuta e na aceitação da Palavra de Deus. Não há problema confrontarmos a nossa vida com a Vontade de Deus, percebendo que nem sempre estamos afinados com Ele e em harmonia com o seu Plano. Sempre é tempo de corrigirmos a rota, de nos voltarmos totalmente para Deus, buscando a sua Graça e Santidade, nos moldando ao seu desígnio, abrindo espaço em nossa vida para a ação renovadora do seu Espírito, mas principalmente nos colocando como servos e servas de Deus, dispostos a servi-lo com a alma e o coração a nossa vida inteira, mergulhando assim no seu mistério, ainda que às vezes a compreensão nos falte, o que não pode faltar é a confiança Nele.
2. O "Sim" de Maria
(O comentário do Evangelho abaixo é feito por José Raimundo Oliva - e disponibilizado no Portal Paulinas)
Na intimidade de uma casa pobre, no pequeno vilarejo de Nazaré, na Galileia, Deus revela seus planos. Com o "sim" da jovem Maria, céus e terra se unem. O humano é elevado ao divino e Deus se faz presente entre os humanos. A ação de Deus é sumamente discreta. As teofanias são coisas dos homens.
No evangelho de Marcos, o primeiro a ser escrito dentre os canônicos, Jesus só começa a ser destacado a partir do encontro com os discípulos, no batismo de João. Seu nascimento e as primeiras décadas de vida ocultam-se entre os comuns dos mortais.
Assim se dá a ação de Deus, nos homens e mulheres, no mundo, fomentando a vida de diversas maneiras na vida comum, entre todos os povos.
Oração
Senhor Jesus, que a contemplação da concepção imaculada de tua mãe desperte em mim o desejo de romper, definitivamente, com o pecado que maculou a humanidade.
3. A ANUNCIAÇÃO
(O comentário do Evangelho abaixo é feito pelo Pe. Jaldemir Vitório ).
Esta narrativa de Lucas, com a anunciação do anjo e a concepção do Filho de Deus no ventre de Maria, a partir do seu "Faça-se em mim segundo a tua palavra", realça o realismo da encarnação em plena corporeidade. Deus, ao fazer-se humano, torna-nos divinos. O acontecimento se dá em uma casa simples da desconhecida cidade de Nazaré, na periférica Galiléia. A protagonista é uma jovem e pobre adolescente. Estes são os grandes sinais de que o projeto de Deus é fazer-se presente no mundo de maneira simples e humilde, em comunicação e comunhão com os pequenos e marginalizados. São descartadas quaisquer aspirações de ostentação, grandeza e poder.
Liturgia da Terça-Feira 

V SEMANA DA QUARESMA 
(ROXO, PREFÁCIO DA QUARESMA I – OFÍCIO DO DIA)
Antífona da entrada: Espera no Senhor e sê corajoso! Fortifique-se teu coração; espera no Senhor! (Sl 26,14)

Leitura (Números 21,4-9)
Leitura do livro dos Números.
21 4 Partiram do monte Hor na direção do mar Vermelho, para contornar a terra de Edom. 
5 Mas o povo perdeu a coragem no caminho, e começou a murmurar contra Deus e contra Moisés: "Por que, diziam eles, nos tirastes do Egito, para morrermos no deserto onde não há pão nem água? Estamos enfastiados deste miserável alimento." 
6 Então o Senhor enviou contra o povo serpentes ardentes, que morderam e mataram muitos. 
7 O povo veio a Moisés e disse-lhe: "Pecamos, murmurando contra o Senhor e contra ti. Roga ao Senhor que afaste de nós essas serpentes." Moisés intercedeu pelo povo, 
8 e o Senhor disse a Moisés: "Faze para ti uma serpente ardente e mete-a sobre um poste. Todo o que for mordido, olhando para ela, será salvo."
9 Moisés fez, pois, uma serpente de bronze, e fixou-a sobre um poste. Se alguém era mordido por uma serpente e olhava para a serpente de bronze, conservava a vida. 

Salmo responsorial 101/102
Ouvi, Senhor, e escutai minha oração, 
e chegue até vós o meu clamor.
Ouvi, Senhor, e escutai minha oração, 
e chegue até vós o meu clamor! 
De mim não oculteis a vossa face 
no dia em que estou angustiado! 
Inclinai o vosso ouvido para mim, 
ao invocar-vos, atendei-me sem demora!
As nações respeitarão o vosso nome, 
e os reis de toda a terra, a vossa glória; 
quando o Senhor reconstruir Jerusalém 
e aparecer com gloriosa majestade, 
ele ouvirá a oração dos oprimidos 
e não desprezará a sua prece.
Para as futuras gerações se escreva isto, 
e um povo novo a ser criado louve a Deus. 
Ele inclinou-se de seu templo nas alturas, 
e o Senhor olhou a terra do alto céu, 
para os gemidos dos cativos escutar 
e da morte libertar os condenados.
Aclamação do Evangelho
Glória a Cristo, palavra eterna do Pai, que é amor! 
Semente é de Deus a palavra, Cristo é o semeador; todo aquele que o encontra, vida eterna encontrou.

Evangelho (João 8,21-30)

8 21 Jesus disse aos judeus fariseus: "Eu me vou, e procurar-me-eis e morrereis no vosso pecado. Para onde eu vou, vós não podeis ir". 
22 Perguntavam os judeus: "Será que ele se vai matar, pois diz: 'Para onde eu vou, vós não podeis ir'?" 
23 Ele lhes disse: "Vós sois cá de baixo, eu sou lá de cima. Vós sois deste mundo, eu não sou deste mundo. 
24 Por isso vos disse: morrereis no vosso pecado; porque, se não crerdes o que eu sou, morrereis no vosso pecado". 
25 "Quem és tu?", perguntaram-lhe eles então. Jesus respondeu: "Exatamente o que eu vos declaro. 
26 Tenho muitas coisas a dizer e a julgar a vosso respeito, mas o que me enviou é verdadeiro e o que dele ouvi eu o digo ao mundo". 
27 Eles, porém, não compreenderam que ele lhes falava do Pai. 
28 Jesus então lhes disse: "Quando tiverdes levantado o Filho do Homem, então conhecereis quem sou e que nada faço de mim mesmo, mas falo do modo como o Pai me ensinou. 
29 Aquele que me enviou está comigo; ele não me deixou sozinho, porque faço sempre o que é do seu agrado". 
30 Tendo proferido essas palavras, muitos creram nele. 


COMENTÁRIOS DO EVANGELHO
1. "Entrada proibida para quem não crê..."
(O comentário do Evangelho abaixo é feito pelo Diácono José da Cruz )
"Para onde eu vou, vós não podeis ir". Jesus neste evangelho está em discussão com os Escribas e Fariseus que não aceitavam o seu Messianismo e procuravam a todo custo um motivo para condená-lo á morte, porque ele era uma ameaça á Religião tradicional de Israel.
Talvez a gente se pergunte, mas se Jesus veio para salvar a todos, como é que vai dizer aos seus interlocutores que para onde ele vai, eles não poderão ir? Aliás, ele diz através desse mesmo evangelista "Eu sou o Caminho, a Verdade e a Vida...". Jesus anuncia um Reino em uma perspectiva escatológica, os Judeus não acreditavam na Vida Eterna e na crença deles, as recompensas  e promessas que Deus havia feito a Abraão, eram realizadas aqui nesta vida terrena, e ao morrer, a pessoa ia para o Xeol, a Mansão dos mortos que ficava em baixo da terra.
Embora Judeu, Jesus é Deus, e sua origem é Divina, é isso que os Judeus não admitem, para eles basta a tradição, a Lei de Moisés e toda a prática judaica, não tinham portanto essa perspectiva escatológica que é própria do Cristianismo. Todas as palavras de Jesus, seus ensinamentos e obras prodigiosas apontam nessa direção da Plenitude Divina da qual ele veio e a qual conduzirá o ser humano.
A sua missão atingirá o ápice na cruz do calvário, quando então se revelará, não do jeito como os Judeus imaginavam, dando uma volta por cima, dando uma virada espetacular na história, descendo da cruz e impondo seu domínio e poder sobre os seus opositores que fugirão humilhados ao verem que haviam mandado para a morte o verdadeiro Messias...
Mas o Cristo agonizante da cruz revela o poder do amor de Deus e esta revelação só será compreendida por quem o aceita e nele professa a Fé. Isso depende de cada homem, seu desejo e sua vontade, sua decisão em nele crer e tornar-se um seguidor. Jesus, que conhece os corações profundamente, sabia que os Judeus não o aceitariam em nenhum momento nem mesmo na cruz, por isso vai dizer que para onde ele vai, eles não irão...
A entrada na Vida de Comunhão com Deus, em Jesus Cristo só é permitida para quem Crê, para quem alimenta no coração a esperança de algo que um dia virá, e que supera de longe qualquer sonho ou projeto humano...
2. Nova criatura em Deus
(O comentário do Evangelho abaixo é feito por José Raimundo Oliva )
"Morrereis no vosso pecado." O pecado era qualquer falta à observância da Lei. Esta servia tanto para excluir os pobres e pequenos, taxados de pecadores, como, também, para a autossuficiência e garantia dos privilégios das elites religiosas do Templo e das sinagogas, que se julgavam justas e santas. O apego à Lei ("de baixo") leva à rejeição da verdade de Jesus e do Pai ("do alto"), e, com isto, "morrereis no vosso pecado".
A "elevação do Filho do Homem (Jesus-humanidade)" é um tema característico de João. A "elevação" de Jesus na cruz é a consumação da nova criatura de Deus. Então, a humanidade é "elevada" à participação da vida divina. Estar com o Pai, fazer o que é do seu agrado, é nossa vocação.
Oração
Pai, reforça minha fé em teu Filho Jesus, cuja morte nos resgata da escravidão do pecado e nos introduz no reino da fraternidade.
3. O QUE VEM DO ALTO
(O comentário do Evangelho abaixo é feito pelo Pe. Jaldemir Vitório ).
Os contínuos desencontros entre Jesus e seus adversários, no parecer do Mestre, tinham sua origem na diferença de perspectiva de cada um. Este considerava tudo na perspectiva "do alto", de onde viera. Isto lhe possibilitava perceber a realidade com os olhos de Deus: olhar de amor misericordioso, de desejo de salvação e reconciliação, de interesse por todos, sem exceção. E mais: levava-o a agir como agia seu Pai.
Seus inimigos, ao invés, seguiam o caminho inverso, agindo como quem é "cá de baixo". Conseqüentemente, deixavam-se levar pelas paixões e pelo espírito mesquinho de intolerância, mostrando-se insensíveis em relação aos mais pequeninos, e não suportando quem lhes apontava os pecados. E o que era mais grave: não se davam conta do desígnio divino manifestado em Jesus, insurgindo-se abertamente contra ele.
É impossível entrar em comunhão com Jesus, sem o esforço decidido de colocar-se na mesma perspectiva dele, e considerar o mundo com o olhar de quem vê tudo com os olhos de Deus. Quanto mais puro for este olhar, maior o grau de comunhão com Jesus. Ao contrário, quem se deixa levar pelas paixões, jamais chegará a saber quem é o Mestre, nem tirará proveito de sua missão. Ele veio o Alto. Por conseguinte, é preciso elevar-se para poder descobrir-lhe a verdadeira identidade.
Oração
Espírito do Alto, eleva-me das minhas baixezas, para que eu possa conhecer Jesus, o enviado do Pai.
Liturgia da Quarta-Feira 

V SEMANA DA QUARESMA 
(ROXO, PREFÁCIO DA PAIXÃO I – OFÍCIO DO DIA DA I SEMANA)
Antífona da entrada: Vós me livrais, Senhor, de meus inimigos; vós me fazeis suplantar o agressor e do homem violento me salvais! (17,48s)

Leitura (Daniel 3,14-20.24.49.91-92.95))
Leitura da profecia de Daniel.
3 14 Nabucodonosor disse-lhes: "É verdade, Sidrac, Misac e Abdênago, que recusais o culto a meus deuses e a adoração à estátua de ouro que erigi? 
15 Pois bem, estais prontos, no momento em que ouvirdes o som da trombeta, da flauta, da cítara, da lira, da harpa, da cornamusa e de toda espécie de instrumentos de música, a vos prostrardes em adoração diante da estátua que eu fiz? Se não o fizerdes, sereis precipitados de relance na fornalha ardente; e qual é o deus que poderia livrar-vos de minha mão?" 
16 Sidrac, Misac e Abdênago responderam ao rei Nabucodonosor: "De nada vale responder-te a esse respeito. 
17 Se assim deve ser, o Deus a quem nós servimos pode nos livrar da fornalha ardente e mesmo, ó rei, de tua mão. 
18 E mesmo que não o fizesse, saibas, ó rei, que nós não renderemos culto algum a teus deuses e que nós não adoraremos a estátua de ouro que erigiste". 
19 Então a fúria de Nabucodonosor desencadeou-se contra Sidrac, Misac e Abdênago; os traços de seu rosto alteraram-se e ele elevou a voz para ordenar que se aquecesse a fornalha sete vezes mais que de costume. 
20 Depois deu ordem aos soldados mais vigorosos de suas tropas para amarrar Sidrac, Misac e Abdênago, e jogá-los na fornalha ardente. 
24 Ora, estes passeavam dentro das chamas, louvando a Deus e bendizendo o Senhor. 
49 Mas o anjo do Senhor havia descido com Azarias e seus companheiros à fornalha e afastava o fogo. 
50 Fez do centro da fogueira como um lugar onde soprasse uma brisa matinal: o fogo nem mesmo os tocava, nem lhes fazia mal algum, nem lhes causava a menor dor. 
91. Então Nabucodonosor, admirado, levantou-se precipitadamente, dizendo a seus conselheiros: "Não foram três homens amarrados que jogamos no fogo?" "Certamente, majestade", responderam. 
92. "Pois bem", replicou o rei, "eu vejo quatro homens soltos, que passeiam impunemente no meio do fogo; o quarto tem a aparência de um filho dos deuses". 
95. Nabucodonosor tomou a palavra: "Bendito seja", disse, "o Deus de Sidrac, de Misac e de Abdênago! Ele enviou seu anjo para salvar seus servos, os quais, depositando nele toda a sua confiança, e transgredindo as ordens do rei, preferiram expor suas vidas a se prostrarem em adoração diante de um deus que não era o seu". 

Salmo responsorial Dn 3
A vós louvor, honra e glória eternamente!
Sede bendito, Senhor Deus de nossos pais. 
A vós louvor, honra e glória eternamente! 
Sede bendito, nome santo e glorioso. 
A vós louvor, honra e glória eternamente!
No templo santo onde refulge a vossa glória. 
A vós louvor, honra e glória eternamente! 
E em vosso trono de poder vitorioso. 
A vós louvor, honra e glória eternamente!
Sede bendito, que sondais as profundezas. 
A vós louvor honra e glória eternamente! 
E superior aos querubins vos assentais. 
A vós louvor, honra e glória eternamente!
Sede bendito no celeste firmamento. 
A vós louvor, honra e glória eternamente!
Obras todas do Senhor, glorificai-o. 
A ele louvor, honra e glória eternamente!
Aclamação do Evangelho
Honra, glória, poder e louvor a Jesus, nosso Deus e Senhor! 
Felizes os que observam a palavra do Senhor de reto coração e que produzem muitos frutos, até o fim perseverantes! (Lc 8,15)

Evangelho (João 8,31-42)

8 31 E Jesus dizia aos judeus que nele creram: "Se permanecerdes na minha palavra, sereis meus verdadeiros discípulos; 
32 conhecereis a verdade e a verdade vos livrará". 
33 Replicaram-lhe: "Somos descendentes de Abraão e jamais fomos escravos de alguém. Como dizes tu: 'Sereis livres'"? 
34 Respondeu Jesus: "Em verdade, em verdade vos digo: todo homem que se entrega ao pecado é seu escravo. 
35 Ora, o escravo não fica na casa para sempre, mas o filho sim, fica para sempre. 
36 Se, portanto, o Filho vos libertar, sereis verdadeiramente livres. 
37 Bem sei que sois a raça de Abraão; mas quereis matar-me, porque a minha palavra não penetra em vós. 
38 Eu falo o que vi junto de meu Pai; e vós fazeis o que aprendestes de vosso pai". 
39 "Nosso pai", replicaram eles, "é Abraão". Disse-lhes Jesus: "Se fôsseis filhos de Abraão, faríeis as obras de Abraão. 
40 Mas, agora, procurais tirar-me a vida, a mim que vos falei a verdade que ouvi de Deus! Isso Abraão não o fez. 
41 Vós fazeis as obras de vosso pai". Retrucaram-lhe eles: "Nós não somos filhos da fornicação; temos um só pai: Deus". 
42 Jesus replicou: "Se Deus fosse vosso pai, vós me amaríeis, porque eu saí de Deus. É dele que eu provenho, porque não vim de mim mesmo, mas foi ele quem me enviou". 

COMENTÁRIOS DO EVANGELHO
1. "Permanecer na Palavra"
(O comentário do Evangelho abaixo é feito pelo Diácono José da Cruz )
Jesus está falando com um grupo de Judeus que a princípio acreditaram nele, entusiasmados pelas suas sábias palavras e pelos prodígios que realizava. Jesus os convida a darem um passo à frente: permanecer na Palavra que um dia acolheram... É aí que vem o grande desafio.
Às vezes as pessoas vagam de paróquia em paróquia, principalmente nos grandes centros urbanos, á, procura de padres que sejam pregadores de primeira. O que essas pessoas buscam? A palavra transformadora ou palavras bonitas e frases de efeito, buscam um evangelizador ou um exímio orador?
Claro que hoje em dia se exige um desempenho melhor dos nossos pregadores de celebrações, sejam eles sacerdotes, Diáconos ou Ministros Leigos, evidentemente nos estudos teológicos deve constar da grade curricular uma boa aula de comunicação, técnicas para aprimorar a oratória, postura, impostação da voz, pois a concorrência é muito grande e há pastores evangélicos que nesse particular são ótimos comunicadores.
Mas uma pregação, para ser boa, depende de como ela é acolhida, conheço sacerdotes que não têm muita eloqüência no falar, mas são sábios no pouco que dizem, pois o Espírito Santo não fica selecionando oradores para inspirá-los, não é esse o critério de Deus...
Quando não se acolhe interiormente a Santa Palavra, mas apenas a ouve como algo bonito e comovedor, acontece o que aconteceu com esse grupo de admiradores de Jesus: não percebem que a Palavra de Deus manifestada em Jesus é essencialmente Libertadora!
Em resumo, Jesus fala muito bem, prega muitas verdades, tem uma linha profética diferenciada e superior aos demais, entretanto, a pregação serve para o meu vizinho, pois em mim não há nada a ser mudado, está tudo muito bem... "Pertencemos a Tradição de Israel, somos descendentes de Abraão e nunca fomos escravos de ninguém, não precisamos tanto assim da sua Palavra.
É o homem da pós modernidade "escritinho"! Aprecia o cristianismo, é capaz até de freqüentar a celebração dominical, vibra ao ouvir as leituras e a pregação (quando o pregador tem cultura e conhecimento teológico) entretanto, do jeito que entra ele sai, não sendo um crente sincero, mas apenas um admirador de Jesus e da sua Igreja.
E quando esse grupo de fervorosos Judeus que haviam manifestado uma certa queda por Jesus, perceberam que seus ensinamentos e o seu modo de viver, contrariava certas regrinhas e normas importantes do Judaísmo, passaram a rejeitá-lo e agora articulam sua morte.
E no final Jesus os chama de "Judeus de meia Pataca", porque se diziam descendentes de Abraão, mas não seguiam o seu exemplo de Homem Santo, temente a Deus e fiel na sua Fé, quem é realmente de Deus, jamais apóia as forças da morte e da violência...
Muitos cristãos há que, finda a celebração, guardam o seu cristianismo em uma das gavetas junto com a Bíblia, e vivem e pensam de um modo que contradiz tudo o que celebram aos domingos: aborto, pena de morte, desigualdade social, intolerância religiosa, opressão, exploração e violência. Filhos de Abraão ou Cristãos de meia tigela?
2. A novidade de Jesus
(O comentário do Evangelho abaixo é feito por José Raimundo Oliva )
Neste capítulo oitavo do evangelho de João, a oposição entre a novidade de Jesus e a ortodoxia dos judeus é apresentada envolvendo agressivas acusações recíprocas. No texto de hoje, na primeira parte, Jesus está se dirigindo a judeus que creram nele. Em seguida, o diálogo é com judeus que o querem matar. Com a justaposição dos dois diálogos, o evangelista João faz uma advertência às comunidades de cristãos convertidos do judaísmo para que não retornem às sinagogas.
Jesus afirma que a libertação verdadeira é ele quem traz, como enviado de Deus. Quem rejeita o Pai de Jesus, adota um deus de poder e passa a oprimir os pequeninos. Assim permanecem escravos do pecado.
É Jesus quem fala a verdade que ouviu de Deus, não Abraão.

Oração
Pai, liberta-me por tua palavra de verdade que afasta o egoísmo do coração, e capacita-me a amar meu semelhante, como amor total, a exemplo de Jesus.
3. ESCRAVIDÃO E LIBERDADE
(O comentário do Evangelho abaixo é feito pelo Pe. Jaldemir Vitório ).
Escravidão e liberdade resultam da postura que as pessoas assumem, diante de Jesus e de seu projeto. A liberdade brota da obediência ao Mestre, explicitada em forma de comunhão e solidariedade, de maneira especial, com os mais fracos e pequeninos. Este gesto de amor é possível quando o discípulo se liberta da tirania do egoísmo, e se projeta para além de si mesmo. A escravidão acontece quando, tiranizadas pelo egoísmo, as pessoas não são capazes de superar seus pequenos interesses, abrindo-se para Deus e para o próximo.
Existem religiosidades falsamente libertadoras, que levam as pessoas a se apegarem a elementos secundários, tornando-se incapazes de acolher o projeto de Deus.
Jesus entrou em atrito com gente deste tipo. O orgulho de pertencerem à descendência de Abraão levava certas pessoas a se oporem, abertamente, a Jesus, o enviado do Pai, e à sua proposta de conversão. Pensando ser filhos de Deus, acabavam por se fazer filhos de outro pai. Não pode haver contradição no agir de quem provém de Deus. Se rejeitam o Filho, é porque não estão enraizados no Pai.
A missão de Jesus consistiu em libertar a humanidade, fazendo-a conhecer a verdade. Não podemos nos contentar com uma libertação apenas aparente e enganadora. Só Jesus pode tornar-nos, efetivamente, livres.
Oração 
Espírito de libertação, não permitas que eu me deixe enganar pela liberdade aparente, e sim, que eu conheça a verdade que me torna livre.
Liturgia da Quinta-Feira 

V SEMANA DA QUARESMA 
(ROXO, PREFÁCIO DA PAIXÃO I – OFÍCIO DO DIA)
Antífona da entrada: Cristo e o mediador de uma nova aliança, para que, por meio de sua morte, recebam os eleitos a herança eterna que lhes foi prometida (Hb 9,15).

Leitura (Gênesis 17,3-9)
Leitura do livro do Gênesis.
17 3 Abrão prostrou-se com o rosto por terra. Deus disse-lhe: 
4 "Este é o pacto que faço contigo: serás o pai de uma multidão de povos. 
5 De agora em diante não te chamarás mais Abrão, e sim Abraão, porque farei de ti o pai de uma multidão de povos.
6 Tornar-te-ei extremamente fecundo, farei nascer de ti nações e terás reis por descendentes. 
7 Faço aliança contigo e com tua posteridade, uma aliança eterna, de geração em geração, para que eu seja o teu Deus e o Deus de tua posteridade. 
8 Darei a ti e a teus descendentes depois de ti a terra em que moras como peregrino, toda a terra de Canaã, em possessão perpétua, e serei o teu Deus." 
9 Deus disse ainda a Abraão: "Tu, porém, guardarás a minha aliança, tu e tua posteridade nas gerações futuras". 

Salmo responsorial 104/105
O Senhor se lembra sempre da aliança!
Procurai o Senhor Deus e seu poder, 
buscai constantemente a sua face! 
Lembrai as maravilhas que ele fez, 
seus prodígios e as palavras de seus lábios!
Descendentes de Abraão, seu servidor, 
e filhos de Jacó, seu escolhido, 
ele mesmo, o Senhor, é nosso Deus, 
vigoram suas leis em toda a terra.
Ele sempre se recorda da aliança, 
promulgada a incontáveis gerações; 
da aliança que ele fez com Abraão 
e do seu santo juramento a Isaac.
Aclamação do Evangelho
Glória a Cristo, palavra eterna do Pai, que é amor! 
Oxalá ouvísseis hoje a sua voz. Não fecheis os corações como em Meriba! (Sl 94,8)

EVANGELHO (João 8,51-59)

8 51 Disse Jesus aos judeus: "Em verdade, em verdade vos digo: 'se alguém guardar a minha palavra, não verá jamais a morte'". 
52 Disseram-lhe os judeus: "Agora vemos que és possuído de um demônio. Abraão morreu, e também os profetas. E tu dizes que, se alguém guardar a tua palavra, jamais provará a morte. 
53 És acaso maior do que nosso pai Abraão? E, entretanto, ele morreu e os profetas também. Quem pretendes ser?"
54 Respondeu Jesus: "Se me glorifico a mim mesmo, a minha glória não é nada; meu Pai é quem me glorifica, aquele que vós dizeis ser o vosso Deus 
55 e, contudo, não o conheceis. Eu, porém, o conheço e, se dissesse que não o conheço, seria mentiroso como vós. Mas conheço-o e guardo a sua palavra. 
56 Abraão, vosso pai, exultou com o pensamento de ver o meu dia. Viu-o e ficou cheio de alegria". 
57 Os judeus lhe disseram: "Não tens ainda cinqüenta anos e viste Abraão!" 
58 Respondeu-lhes Jesus: "Em verdade, em verdade vos digo: antes que Abraão fosse, eu sou". 
59 A essas palavras, pegaram então em pedras para lhas atirar. Jesus, porém, se ocultou e saiu do templo. 
COMENTÁRIOS DO EVANGELHO
1. "O perigo da leitura fundamentalista..."
(O comentário do Evangelho abaixo é feito pelo Diácono José da Cruz )
Podemos dizer que os Judeus eram fundamentalistas em extremo e entendiam a escritura antiga ao Pé da Letra. Desta visão distorcida e equivocada dos Profetas e da Torá, é que vem o confronto com Jesus, que jamais contradisse uma só letra da escritura antiga, mas fazia dela uma releitura aplicando á sua vida, tornando-se ele próprio a Palavra Viva e a revelação mais clara da vontade de Deus, o mesmo Deus Javé ou o Deus da Aliança, Pai de Jesus Cristo.
Jesus interpretava a Lei e os Profetas mostrando em seu conteúdo o Deus que se revela e que busca o homem para salvá-lo e resgatá-lo em definitivo das Forças do Mal. Interpretar significa exatamente aplicar a Palavra de Deus escrita na Bíblia, nos dias de hoje, na minha vida e na vida da comunidade, se não houver essa interpretação, corre-se o risco de ser fundamentalista e isso acontece quando não se faz a hermenêutica.
Jesus mostra com palavras e obras á sua relação direta com o Pai, que é o Deus da Aliança, o Deus de Moisés, o Deus de Abrão, Isaac e Jacó. Os Judeus julgam serem exímios conhecedores de Deus, apenas pelas escrituras, são eles os interpretadores oficiais e não admitem que nenhum outro o faça, muito menos Jesus, um simples Galileu. O que na verdade eles conhecem de Deus é o que dele escreveram os profetas e se falaram dos Patriarcas, conheciam na teoria, mas Jesus, o Filho Vivo de Deus está ali diante deles, mais do que conhecer a Deus, Ele provém de Deus, Ele é o Deus vivo...
Jesus nunca se preocupou em fazer sinais prodigiosos para superar os profetas ou os Patriarcas, pois estes apenas prepararam o caminho para aquele que haveria de vir, preliminarmente Deus se manifestou nesses Santos Homens, mas jamais com a perfeição com que se manifestou em Jesus Cristo, seu Filho. Todos os que o precederam anunciaram a Salvação e a libertação, Jesus é a Salvação e a Libertação, ele não mostra o caminho, mas ele é o caminho, ele não mostra a Verdade, ele é a Verdade, ele não mostra a Vida, ele é a Vida!
Jesus é a Escritura Viva de Deus, é o Verbo Encarnado, mas os Judeus fundamentalistas só o vêem como um intermediário, na linha dos Patriarcas e dos Profetas de Israel, valorizam a "casca" e menosprezam o fruto doce que está dentro dela, enfiam as mãos pelos pés e confundem o meio com o fim... Confusão típica de quem é fundamentalista e não consegue sentir em sua vida os efeitos maravilhosos da Graça operante e santificante que Jesus oferece  mediante a Fé...
2. Conflito entre Jesus e os dirigentes judeus
(O comentário do Evangelho abaixo é feito por José Raimundo Oliva )
Este texto de João é a conclusão, de modo contundente, do conflitante diálogo entre Jesus e os dirigentes judeus. Jesus convida-os a acolher a sua palavra, que dá a vida para sempre. Para eles isto é loucura. Argumentam que o próprio patriarca Abraão e os profetas morreram. Jesus reafirma sua filiação divina e sua igualdade com o Pai. Termina assumindo para si a revelação de Deus a Moisés no monte Sinai: "Eu sou".
O diálogo encerra-se tragicamente. Os judeus procuram matar Jesus por apedrejamento. Jesus não é realmente compreendido por eles, pois situa-se fora de seu esquema religioso e da ideologia do Templo.
Aos discípulos fiéis fica a certeza da participação na vida eterna, em Jesus.
Oração
Pai, coloca-me em sintonia com as palavras e o modo de pensar de teu Filho Jesus, para que eu possa compreender seus ensinamentos, sem deturpá-los.
3. TENSÃO ENTRE OS JUDEUS
(O comentário do Evangelho abaixo é feito pelo Pe. Jaldemir Vitório ).
Concluindo o tenso diálogo com os judeus, Jesus mostra-se acolhedor: quem guardar sua palavra não provará a morte. É a promessa da eternidade. Contudo, não entendem a participação do próprio Abraão ou dos profetas na vida eterna. Voltam a interrogar sobre a identidade de Jesus. Jesus é aquele que, em sua vida e em sua morte, revela a glória do Pai. Ele é superior a Abraão e identifica-se com o Deus revelado no Sinai: "Eu Sou". E é quem conhece o Pai e cumpre sua palavra: vem trazer a liberdade e a vida aos homens e mulheres. Em vão: os judeus acusam-no de ter um demônio e pegam pedras para matá-lo por apedrejamento.
Liturgia da Sexta-Feira 

V SEMANA DA QUARESMA 
(ROXO, PREFÁCIO DA PAIXÃO I – OFÍCIO DO DIA)
Antífona da entrada: Tende piedade de mim, Senhor, a angústia me oprime. Libertai-me das mãos dos inimigos e livrai-me daqueles que me perseguem. Não serei confundido, Senhor, porque vos chamo (Sl 30,10.16.18).

Leitura (Jeremias 20,10-13)
Leitura do livro do profeta Jeremias.
20 10 Ouço as invectivas da multidão: "Cerca-nos o terror! Denunciai-o! Vamos denunciá-lo!" Os que eram meus amigos espiam-me agora os passos. "Se cair em abusos, tiraremos vantagem, e dele nos vingaremos". 
11 O Senhor, porém, está comigo, qual poderoso guerreiro. Por isso, longe de triunfar, serão esmagados meus perseguidores. Sua queda os mergulhará na confusão. Será, então, a vergonha eterna, inesquecível. 
12 Senhor, Deus dos exércitos, vós que sondais o justo, e que escrutais os rins e os corações, concedei-me o poder de contemplar a vingança que deles ides tirar! Pois em vossas mãos depositei a minha causa. 
13 Cantai ao Senhor, glorificai-o, porque salvou a vida do miserável das mãos do mau. 

Salmo responsorial 17/18
Ao Senhor eu invoquei na minha angústia 
e ele escutou a minha voz.
Eu vos amo, ó Senhor! Sois minha força, 
minha rocha, meu refúgio e salvador!
Ó meu Deus, sois o rochedo que me abriga, 
minha força e poderosa salvação, 
sois meu escudo e proteção: em vós espero! 
Invocarei o meu Senhor: a ele a glória! 
E dos meus perseguidores serei salvo!
Ondas da morte me envolveram totalmente, 
e as torrentes da maldade me aterraram; 
os laços do abismo me amarraram 
e as própria morte me prendeu em suas redes.
Ao Senhor eu invoquei na minha angústia 
e elevei o meu clamor para o meu Deus; 
de seu templo ele escutou a minha voz 
e chegou a seus ouvidos o meu grito.
Aclamação do Evangelho
Glória a Cristo, palavra eterna do Pai, que é amor! 
Senhor, tuas palavras são espírito, são vida; só tu tens palavras de vida eterna! (Jo 6,63.68)

EVANGELHO (João 10,31-32)

10 31 Os judeus pegaram pela segunda vez em pedras para apedrejar Jesus. 
32 Disse-lhes Jesus: "Tenho-vos mostrado muitas obras boas da parte de meu Pai. Por qual dessas obras me apedrejais?" 
33 Os judeus responderam-lhe: "Não é por causa de alguma boa obra que te queremos apedrejar, mas por uma blasfêmia, porque, sendo homem, te fazes Deus". 
34 Replicou-lhes Jesus: "Não está escrito na vossa lei: 'Eu disse: Vós sois deuses'? 
35 Se a lei chama deuses àqueles a quem a palavra de Deus foi dirigida (ora, a Escritura não pode ser desprezada), 
36 como acusais de blasfemo aquele a quem o Pai santificou e enviou ao mundo, porque eu disse: Sou o Filho de Deus? 
37 Se eu não faço as obras de meu Pai, não me creiais. 
38 Mas se as faço, e se não quiserdes crer em mim, crede nas minhas obras, para que saibais e reconheçais que o Pai está em mim e eu no Pai". 
39 Procuraram então prendê-lo, mas ele se esquivou das suas mãos. 
40 Ele se retirou novamente para além do Jordão, para o lugar onde João começara a batizar, e lá permaneceu. 
41 Muitos foram a ele e diziam: "João não fez milagre algum, 
42 mas tudo o que João falou deste homem era verdade". E muitos acreditaram nele. 
COMENTÁRIOS DO EVANGELHO
1. "Ser Filho de Deus... A grande Blasfêmia"
(O comentário do Evangelho abaixo é feito pelo Diácono José da Cruz )
Todas as ações de Jesus a favor do bem das pessoas, incomodava os Judeus, afinal ele brilhava mais do que os Doutores da LEI, Escribas e Fariseus, porque ensinava com autoridade então, qualquer ação de Jesus era motivo para tentar condená-lo. A preocupação constante das lideranças religiosas era realmente fazer Jesus calar a boca, entretanto, havia algo que fazia toda aquela fúria dobrar-se... Era quando Jesus se fazia Deus assumindo diante deles a sua Filiação Divina.
Naquelas cabeças duras e corações insensíveis, a idéia de um Deus feito homem, de um Deus entranhado na carne humana, era algo inconcebível, uma grande blasfêmia! Hoje, pelo modo com que o Ser humano é tratado, despojado de sua dignidade, violentado em seus direitos, massacrado e humilhado em sua dor e sofrimento, podemos dizer que, o homem não acredita que o seu irmão é Filho de Deus, não consegue crer em uma dignidade tão grande.
As obras que Jesus realizava eram incontestáveis, seu posicionamento a favor da vida, dos mais pequenos e dos miseráveis, dos impuros e excluídos, o fazia desprezível diante das lideranças religiosas que tinham no coração e na mente um outro Deus, uma outra verdade. e não queriam, trocar isso por nada desse mundo.
A religião do comodismo continua ainda hoje a ser uma grande tentação, quando nos deparamos com algum profeta corajoso e ousado que questiona a religião e o sentido de se viver na Fé, mexendo com as nossas estruturas espirituais e eclesiais, trememos na base e damos um jeitinho de fazê-lo calar a boca. A pregação de Jesus questionava e os fazia pensar e eles queriam uma pregação que anunciasse um messianismo glorioso e vencedor. Eles bem que tentaram acabar com Jesus ali mesmo, mas uma vez mais Jesus se retira imune para o deserto onde tudo havia começado com o Batismo e a pregação de João.
Nesta quaresma devemos também buscar o deserto onde Deus nos fala ao coração apontando-nos a missão e o caminho a ser seguido. Que nada desvie a nossa atenção e que não tenhamos medo de mudanças, mesmo que estas sejam bem no íntimo de nós...
2. Rejeição dos judeus à revelação de Jesus
(O comentário do Evangelho abaixo é feito por José Raimundo Oliva )
Nos capítulos 8 a 11 de seu evangelho, João narra exacerbados conflitos entre os judeus e seus chefes e Jesus. É destacada no texto, de maneira repetida, a decisão de matarem Jesus.
Jesus afirmara sua unidade com o Pai (10,30). Insensíveis às boas obras de Jesus, os judeus querem apedrejá-lo. Atendem, assim, aos interesses das elites religiosas e econômicas de Jerusalém, as quais oprimem e matam para garantir seus privilégios. 

Jesus revelou as boas obras do Pai por seu amor, sua misericórdia, no dom de sua vida ao longo de seus anos, para libertar os oprimidos e excluídos. Estas obras foram compreendidas por muitos que creram nele "do outro lado do Jordão", isto é, fora do judaísmo.
Oração
Pai, reforça minha fé em Jesus, em cujas palavras e ensinamentos tu te fazes presente na nossa história humana.
3. SOU O FILHO DE DEUS
(O comentário do Evangelho abaixo é feito pelo Pe. Jaldemir Vitório ).
A intimidade que Jesus mostrava ter com seu Pai constituía o ponto central do atrito com seus adversários. Na história de Israel, pontilhada de pessoas piedosas, jamais alguém havia manifestado estar tão próximo de Deus, como Jesus afirmava estar. Por isso, seus adversários não sabiam como tratá-lo. Preferiram apedrejá-lo, para se verem livres de sua presença incômoda.
E isto, não porque Jesus fosse arrogante e orgulhoso, e se prevalecesse de um poder que as outras pessoas não possuíam. Em verdade, ele não exigia para si um tratamento especial, por sua condição divina, nem tinha ambições políticas de tomar o poder, e submeter o povo a seus caprichos. Pelo contrário, o projeto de Jesus opunha-se a tudo isto.
O Mestre irritava os seus adversários, porque se recusava a aderir a uma das facções religiosas existentes. Pelo contrário, criticava-as e denunciava-lhes as incoerências. E tais denúncias eram feitas com uma autoridade, até então, desconhecida, que Jesus atribuía ao Pai.
Por outro lado, seus adversários pensavam estar agindo perfeitamente de acordo com a vontade de Deus. Conseqüentemente, não podiam aceitar que alguém, invocando a autoridade divina na condição de Filho, pudesse lançar-lhes em face acusações tão severas.
A situação de Jesus era extremamente perigosa diante de seus adversários. Entretanto, não teve medo de enfrentá-los, mesmo sabendo que podia ser eliminado por eles.
Oração
Espírito do Filho, livra-me da dureza de coração, que não me deixa reconhecer a filiação divina de Jesus.
Liturgia do Sábado 

V SEMANA DA QUARESMA 
(ROXO, PREFÁCIO DA PAIXÃO I – OFÍCIO DO DIA)
Antífona da entrada: Ó Senhor, não fiqueis longe de mim! Ó minha força, correi em meu socorro! Sou um verme, e não um homem, opróbrio dos homens e rebotalho da plebe (Sl 21,20.7).

Leitura (Ezequiel 37,21-28)
Leitura da profecia de Ezequiel.
37 21 Eis o que diz o Senhor Javé: "Vou recolher os israelitas de entre as nações onde se acham dispersos; vou congregá-los de toda parte e trazê-los para a sua terra. 
22 Farei com que, em sua terra, sobre as montanhas de Israel, não formem mais do que uma só nação, que não possuam mais do que um rei. Não mais existirá a divisão em dois povos e em dois reinos. 
23 Não mais se mancharão com seus ídolos nem cometerão infames abominações: libertá-los-ei de todas as transgressões de que se tornaram culpados e purificá-los-ei. Eles serão o meu povo, e eu serei o seu Deus. 
24 Meu servo Davi será o seu rei; não terão todos senão um só pastor; obedecerão aos meus mandamentos, observarão as minhas leis e as porão em prática. 
25 Habitarão a terra que concedi a meu servidor Jacó, aquela em que vossos pais residiram; eles aí permanecerão; eles, seus filhos e os filhos de seus filhos para sempre. Davi, meu servo, será para sempre o seu rei. 
26 Concluirei com eles uma aliança de paz, um tratado eterno. Eu os plantarei e multiplicá-los-ei. Estabelecerei para sempre o meu santuário entre eles. 
27 Minha residência será no meio deles. Eu serei o seu Deus, e eles serão o meu povo. 
28 E as nações saberão que sou eu, o Senhor, quem santifica Israel, quando o meu santuário se achar constituído para sempre no meio do (meu) povo. 

Salmo responsorial Jr 31
O Senhor nos guardará qual pastor a seu rebanho.
Ouvi, nações, a palavra do Senhor 
e anunciai-a nas ilhas mais distantes: 
"Quem dispersou Israel vai congregá-lo 
e o guardará qual pastor a seu rebanho!"
Pois, na verdade, o Senhor remiu Jacó 
e o libertou do poder do prepotente. 
Voltarão para o monte de Sião, 
entre brados e cantos de alegria 
afluirão para as bênçãos do Senhor.
Então a virgem dançará alegremente, 
também o jovem e o velho exultarão; 
mudarei em alegria o seu luto, 
serei consolo e conforto após a guerra.
Aclamação do Evangelho
Salve, ó Cristo, imagem do Pai, a plena verdade nos comunicai! 
Laçai para bem longe toda a vossa iniquidade! Criai em vós um novo espírito e um novo coração! (Ez 18,31)

Evangelho (João 11,45-56)

11 45 Muitos dos judeus, que tinham vindo a Marta e Maria e viram o que Jesus fizera, creram nele. 
46 Alguns deles, porém, foram aos fariseus e lhes contaram o que Jesus realizara. 
47 Os pontífices e os fariseus convocaram o conselho e disseram: "Que faremos? Esse homem multiplica os milagres. 
48 Se o deixarmos proceder assim, todos crerão nele, e os romanos virão e arruinarão a nossa cidade e toda a nação". 
49 Um deles, chamado Caifás, que era o sumo sacerdote daquele ano, disse-lhes: "Vós não entendeis nada! 
50 Nem considerais que vos convém que morra um só homem pelo povo, e que não pereça toda a nação". 
51 E ele não disse isso por si mesmo, mas, como era o sumo sacerdote daquele ano, profetizava que Jesus havia de morrer pela nação, 
52 e não somente pela nação, mas também para que fossem reconduzidos à unidade os filhos de Deus dispersos. 
53 E desde aquele momento resolveram tirar-lhe a vida. 
54 Em conseqüência disso, Jesus já não andava em público entre os judeus. Retirou-se para uma região vizinha do deserto, a uma cidade chamada Efraim, e ali se detinha com seus discípulos. 
55 Estava próxima a Páscoa dos judeus, e muita gente de todo o país subia a Jerusalém antes da Páscoa para se purificar. 
56 Procuravam Jesus e falavam uns com os outros no templo: "Que vos parece? Achais que ele não virá à festa?" 

COMENTÁRIOS DO EVANGELHO
1. "Quem tem poder de dar a Vida, é condenado á morte"
(O comentário do Evangelho abaixo é feito pelo Diácono José da Cruz )
Eu lembrei-me das nossas comunidades por um instante, ao deparar com esses evangelho, Jesus havia ressuscitado Lázaro, o último sinal no evangelho de João, um grupo de Judeus que ali estava encontraram a Verdade e passaram a crer Nele, mas o outro grupo, foi correndo para "botar lenha na fogueira", envenenando os Fariseus, como se dissessem "Olha, se ninguém fizer algo esse homem vai ser Rei pois demonstrou uma vez mais o seu poder até sobre a morte".
Nas comunidades, quando Deus suscita os carismas nos irmãos e irmãs, que a ele se entregam, também acontece a mesma coisa, para alguns é fruto da graça e ao verem o crisma do outro ficam admirados e se enchem de salutar alegria louvando e bendizendo ao Bom Deus, outros há porém, que vão levar a notícia do sucesso daquele irmão, a pessoas que não gostam dele, só para semear ainda mais o ódio e a discórdia entre elas.
Os Fariseus levaram o assunto ao Conselho da Comunidade, que naquele tempo chamava-se Sinédrio, e o coordenador do Conselho, que era o Caifás teve uma idéia para fazer calar a Jesus e acabar com a sua fama. Certamente ele alardeou primeiro as "ameaças" que pesavam sobre a Comunidade Judaica, que estava bem afinada com o poder romano, se Jesus continuasse com aquela fama toda. Um Líder novo que não tinha compromisso nem com os Judeus e nem com os romanos, era muito perigoso naquela altura do campeonato. Então o melhor mesmo era matá-lo, para defender a segurança da nação de Israel.
O que Caifás defendia de unhas e dentes na realidade era o poder religioso e os privilégios e regalias que a sua classe dominante e opressora detinha. E assim, Aquele que era o Senhor da Vida e provara isso ressuscitando a Lázaro, acabara de ser condenado á morte, pelos da sua própria comunidade.
Fico pensando se hoje também, muitas vezes em nossas comunidades cristãs, não se sufoca novas lideranças, por medo de se perder o cargo ou o ministério que se ocupa. Certamente que sim... E a nova liderança, que poderia trazer ainda mais vida, acaba condenado à morte, desvalorizado e até ridicularizado naquilo que faz...
2. Decisão de matar Jesus
(O comentário do Evangelho abaixo é feito por José Raimundo Oliva )
No evangelho de João, hoje, temos a continuidade da narrativa em que Jesus, em casa de Maria, ressuscitara seu irmão Lázaro. Esta ressurreição marca o fim do ministério de Jesus. Diante da adesão de muitos a Jesus, os chefes religiosos de Jerusalém se reúnem e decidem matá-lo. Jesus se isola por um tempo, porém, sua meta é voltar a Jerusalém para sua última proclamação, convidando todos a crerem nele, que é a luz do mundo e que a todos comunica a vida eterna.
Nestes últimos dias da Quaresma, preparando a Semana Santa e a Páscoa, a liturgia destacou, no evangelho de João, as perseguições dos chefes judeus a Jesus, com a decisão firmada de matá-lo.
Oração
Pai, ajuda-me a compreender, sempre mais profundamente, o caminho para encontrar-me contigo, que Jesus nos ensinou. Livra-me, também, do apego aos esquemas já superados.
3. A MORTE DE UM POR TODOS
(O comentário do Evangelho abaixo é feito pelo Pe. Jaldemir Vitório ).
Não deixa de ser estranho o fato de o sentido da morte de Jesus ter sido explicitado exatamente por quem estava tramando eliminá-lo: Caifás. Sem dúvida alguma, o sumo-sacerdote não tinha a intenção de profetizar a respeito de Jesus. O evangelista, no entanto, assim o interpretou.
Tudo culminou com a ressurreição de Lázaro. Os sumos-sacerdotes e os fariseus, reunidos em conselho, decidiram matar Jesus, baseando-se num falso argumento. Eles temiam pela sobrevivência da nação, se os romanos ficassem revoltados com os sinais realizados pelo Mestre. Evidentemente, Jesus representava menos perigo para os romanos do que outros grupos, reconhecidos como refratários aos dominadores estrangeiros.
Caifás propôs que Jesus fosse eliminado, e, assim, fosse poupada toda a nação. Eles cuidariam de eliminar o perigo, antes que se acendesse a ira dos romanos.
Embora o raciocínio do sumo-sacerdote fosse infundado, suas palavras tinham um quê de verdade. De fato, Jesus haveria de morrer em favor de toda a humanidade. Seu sacrifício traria benefício para todos, sem exceção. Por sua morte, ninguém mais estaria fadado à morte eterna. Este seria o sentido último da cruz.
Oração 
Espírito de gratidão, que eu seja profundamente grato a Jesus, cuja morte de cruz trouxe-me a salvação.

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