segunda-feira, 9 de abril de 2012

2º semana da quaresma Ano B


2º Domingo da Quaresma  ANO B
(ROXO, CREIO, PREFÁCIO PRÓPRIO – II SEMANA DO SALTÉRIO)
"Deus não poupou seu único Filho..."
Ambientação:
Sejam bem-vindos amados irmãos e irmãs! Acolhemos com alegria a revelação que o Pai nos faz de sermos, em Jesus, seus f i lhos amados. Conscientes desta dignidade, somos encorajados a permanecer firmes em seu caminho, obedientes ao mandamento de escutar atentos sua Palavra. É preciso perceber que se Deus é por nós, ninguém será contra nós. Por isso, queremos nesta celebração, aprender a escutar o que o Filho amado do Pai tem a nos dizer. Participamos do mistério de sua morte e ressurreição, recebemos seu corpo glorioso e somos motivados a transfigurar com Ele nossa realidade ainda tão desfigurada. Sintamos o júbilo real de Deus em nossos corações e cheios dessa alegria divina entoemos cânticos jubilosos ao Senhor!

LITURGIA DA PALAVRA
Comentário: A Palavra de Deus define o caminho que o verdadeiro discípulo deve seguir para chegar à vida nova: é o caminho da escuta atenta de Deus e dos seus projetos, o caminho da obediência total e radical aos planos do Pai.
PRIMEIRA LEITURA Gn 22,1-2.9a.10-13.15-18
LEITURA DO LIVRO DO GÊNESIS
Naqueles dias, Deus pôs Abraão à prova. Chamando-o, disse: "Abraão!" E ele respondeu: "Aqui estou". E Deus disse: "Toma teu filho único, Isaac, a quem tanto amas, dirige-te à terra de Moriá e oferece-o aí em holocausto sobre um monte que eu te indicar". Chegados ao lugar indicado por Deus, Abraão ergueu um altar, colocou a lenha em cima, amarrou o filho e o pôs sobre a lenha, em cima do altar. Depois, estendeu a mão, empunhando a faca para sacrificar o filho. E eis que o anjo do Senhor gritou do céu, dizendo: "Abraão! Abraão!" Ele respondeu: "Aqui estou". E o anjo lhe disse: "Não estendas a mão contra teu filho e não lhe faças nenhum mal! Agora sei que temes a Deus, pois não me recusaste teu filho único". Abraão, erguendo os olhos, viu um carneiro preso num espinheiro pelos chifres; foi buscá-lo e ofereceu-o em holocausto no lugar do seu filho. O anjo do Senhor chamou Abraão, pela segunda vez, do céu, e lhe disse: "Juro por mim mesmo – oráculo do Senhor – , uma vez que agiste deste modo e não me recusaste teu filho único, eu te abençoarei e tornarei tão numerosa tua descendência como as estrelas do céu e como as areias da praia do mar. Teus descendentes conquistarão as cidades dos inimigos. Por tua descendência serão abençoadas todas as nações da terra, porque me obedeceste".
— Palavra do Senhor.
— Graças a Deus.
SALMO RESPONSORIAL – Sl 116(115)
Ref.: Andarei junto a Deus na terra dos vivos.
1. Guardei a minha fé, mesmo dizendo: "É demais o sofrimento em minha vida!" É sentida por demais pelo Senhor a morte de seus santos, seus amigos.
2. Eis que sou o vosso servo, ó Senhor, vosso servo que nasceu de vossa serva, mas me quebrastes os grilhões da escravidão! Por isso oferto um sacrifício de louvor, invocando o nome santo do Senhor.
3. Vou cumprir minhas promessas ao Senhor na presença de seu povo reunido; nos átrios da casa do Senhor, em teu meio, ó cidade de Sião!
SEGUNDA LEITURA Rm 8,31b–34
LEITURA DA CARTA DE SÃO PAULO AOS ROMANOS
Irmãos: Se Deus é por nós, quem será contra nós? Deus que não poupou seu próprio filho, mas o entregou por todos nós, como não nos daria tudo junto com ele? Quem acusará os escolhidos de Deus? Deus, que os declara justos? Quem condenará? Jesus Cristo, que morreu, mais ainda, que ressuscitou, e está à direita de Deus, intercedendo por nós?
— Palavra do Senhor.
— Graças a Deus.

EVANGELHO Mc 9, 2-10
ACLAMAÇÃO AO EVANGELHO
Ref.: Louvor e glória a ti, Senhor, Cristo, Palavra de Deus! Cristo, Palavra de Deus!
1. Numa nuvem resplendente fez-se ouvir a voz do Pai: "Eis meu Filho muito amado, escutai-o, todos vós!"

Naquele tempo, Jesus tomou consigo Pedro, Tiago e João, e os levou sozinhos a um lugar à parte, sobre uma alta montanha. E transfigurou-se diante deles. Suas roupas ficaram brilhantes e tão brancas como nenhuma lavadeira sobre a terra poderia alvejar. Apareceram-lhe Elias e Moisés, e estavam conversando com Jesus. Então Pedro tomou a palavra e disse a Jesus: "Mestre, é bom ficarmos aqui. Vamos fazer três tendas: uma para ti, outra para Moisés e outra para Elias". Pedro não sabia o que dizer, pois estavam todos com muito medo. Então desceu uma nuvem e os encobriu com sua sombra. E da nuvem saiu uma voz: "Este é o meu Filho amado. Escutai o que ele diz!" E, de repente, olhando em volta, não viram mais ninguém, a não ser somente Jesus com eles. Ao descerem da montanha, Jesus ordenou que não contassem a ninguém o que tinham visto, até que o Filho do homem tivesse ressuscitado dos mortos. Eles observaram esta ordem, mas comentavam entre si o que queria dizer "ressuscitar dos mortos".
Formação Litúrgica – Procissão de Entrada
Inicia-se a missa com a procissão de entrada. O documento 43 da CNBB, sobre a animação da vida litúrgica no Brasil, lembra que "há possibilidade de uma grande variedade nesta procissão". Se oportuno, o uso de cruz processional acompanhada de velas acesas, turíbulo já aceso, Bíblia. Outras circunstâncias poderão sugerir novos elementos, como círio pascal, água benta e outros. Nos primórdios da Igreja, a procissão de entrada era muito solene. Era feita, quase sempre, de uma igreja para outra. Com o tempo, o presidente da celebração passou a se paramentar diante do altar. Hoje, com a reforma litúrgica prescrita pelo Concílio Vaticano II, recuperou-se o valor desta procissão. Em alguns lugares, voltou-se a fazer, inclusive, a procissão de uma igreja para a outra, principalmente no período da Quaresma. O sentido desta procissão deve ser buscado no contexto mais amplo da caminhada que as pessoas fazem de suas casas até a igreja. Ela lembra que somos peregrinos neste mundo a caminho da casa do Pai. O grande liturgista, cardeal Giacomo Lercaro, orientava que esta procissão devia ser feita com muita consci- ência e cuidado, pois não é um simples símbolo, mas contém uma realidade muito profunda. "Caminhando para o altar, dirigimo-nos para o Cordeiro, que no altar está vivo e triunfante (Ap 5,6). É a Igreja particularmente que se torna comunidade peregrina, desejando finalizar-se em Deus". Para a celebração da Eucaristia, a procissão sinaliza de forma clara o povo de Deus peregrino que, constituído e guiado por Cristo-Pastor, se dirige ao Pai, centro de toda a celebração litúrgica.
TEXTOS BÍBLICOS PARA A SEMANA:

2ª Rx - Dn 9,4b-10;Sl 78; Lc 6,36-38
3ª Rx - Is 1,10.16-20; Sl 49; Mt 23,1-12
4ª Rx - Jr 18,18-20; Sl 30; Mt 20,17-28
5ª Rx - Jr 17,5-10; Sl 1; Lc 16,19-31
6ª Rx - Gn 37,3-4.12-13a.17b-28; Sl 104; Mt 21,33-43.45-46
Sab Rx - Mq 7,14-15.18-20; Sl 102; Lc 15,1-3.11-3


COMENTÁRIOS DO EVANGELHO
1. "O AMOR QUE TRANSFIGURA..."
(O comentário do Evangelho abaixo é feito pelo Diácono José da Cruz)
Tivemos um jovem em nosso grupo, que acabou se tornando médico, recordo-me que após a formatura, a sua turma, vinda de famílias abastadas, como recompensa e merecido descanso, decidiu participar de um cruzeiro internacional, em um navio luxuosíssimo, com hospedagens em hotéis 5 estrelas, mas esse jovem, já formado, retomou contato com a humilde comunidade onde tivera a sua experiência pastoral e ao saber que a mesma fazia atendimento a uma área paupérrima do bairro, se dispôs a conhecer esse trabalho.
Observando uma carência total na área da saúde, ele não teve dúvidas, juntou-se a Pastoral da Saúde e elaborou um cuidadoso plano de ação, e quando seus amigos vieram procurá-lo, para surpresa geral o jovem Doutor abriu mão da fantástica aventura, para dedicar-se nas férias, à comunidade pobre que fazia parte da sua antiga paróquia.
Parece história da “Carochinha”, mas se prestarmos atenção ao nosso redor, vamos encontrar pessoas como esse jovem, que nem sempre saem nos jornais, e que a gente se pergunta, como é que podem existir pessoas assim, que no anonimato abrem mão daquilo que têm, em favor de quem precisa, fazendo um sacrifício, palavra estranha e sem sentido para o homem deste milênio, rodeado de conforto, facilidades, tecnologia, comodidade e bem estar.
Não há nenhuma razão lógica para alguém sacrificar-se assim por um ser humano, aquele jovem poderia primeiro curtir a sua merecida viagem com os amigos e depois, quem sabe, dar um pouco do seu tempo à comunidade pobre, mas aí é que está a diferença, o amor quando é autêntico, nunca se satisfaz em dar apenas um “pouco”.
Entre os jovens ainda é comum a palavra “FICAR”, que significa uma relação sem compromisso, um amorzinho bem vagabundo, desses de quinta categoria, mas quando dois jovens resolvem migrar do simplesmente Eros para o Ágape, daí vamos ter o amor em toda sua beleza e esplendor, amor de primeiríssima qualidade, indestrutível, inseparável, como nos ensina a segunda leitura desse domingo, sempre tolerante, compassivo, disposto a perdoar e a recomeçar, amor que sabe sonhar e construir juntos, na partilha e comunhão de vida, casamento na Igreja supõe tudo isso...
É assim que Deus se revela em Jesus Cristo, é assim que Cristo se revela em quem é capaz (e não precisa ser médico) de renunciar algo valioso, para doar-se aos irmãos, não existe outra forma de amar que não seja o serviço, feito com grande sacrifício, e isso parece algo tão simples e ao mesmo tempo tão complicado, difícil de ser compreendido pelo coração humano, que hoje é educado para buscar grandezas e ambições, prestígio, fama, sucesso e poder, em um egocentrismo exacerbado.
Como podemos entender o sacrifício de Abraão, que abre mão do Filho da Promessa, tão esperado e sonhado, e que veio em sua velhice, brotado como semente tardia, dom de Deus, da esterilidade de Sara, sua esposa? O Patriarca, ícone das três maiores religiões do planeta, sente em seu coração que o amor á Divindade em quem crê, só se concretiza ofertando algo valiosíssimo,e aqui retomamos o sentido do amor, que não é dar um pouquinho, mas o “tudo”, ou seja, aceitar perder algo, que não se vai mais recuperar...
Na religião da recompensa divina, sempre marcada pela mediocridade, ou nas relações mercantilizadas com as pessoas, se faz na verdade uma barganha, é muito complicado chegarmos a compreensão dessa gratuidade, pois pensamos que somos muito bons e nos doamos até um certo ponto, mas não se pode também exagerar e sair no prejuízo, é esse o grande problema, colocamos sempre um limite no nosso modo de amar, abrimos mão de ganhar alguma coisa, mas ter que perder, aí já é um pouco demais... Amar como Jesus amou, é sempre assumir o risco de uma perda.
Entretanto, quando desenvolvemos em nós essa virtude do evangelho, e aceitamos até perder tudo, estamos nos unindo Aquele que se deu por inteiro, e que para salvar a todos aceitou perder tudo, pois o Cristo na cruz é um homem derrotado e humilhado, diante doa amigos que acreditaram em sua proposta, é alguém que perdeu tudo, prestígio, família, amigos, dignidade, honra, considerado na visão profética um homem maldito diante de Deus, abandonado e esquecido, incompreendido e rejeitado, homem esmagado pelas dores, como nos lembra Hebreus, e se o Pai não o tivesse glorificado quem seria Jesus para o mundo de hoje?
Talvez ninguém, pois enquanto homem aceitou correr esse risco, não sabia bem no que ia dar tudo aquilo, e podia ser que nem a comunidade reconhecesse o seu gesto de amor.
Somos hoje convidados a contemplar exatamente essa glória, pois no Cristo transfigurado, está a humanidade, sonhada, planejada e criada por Deus, está aquele jovem, cuja história contei no início, está cada cristão, que tem essa disposição interior de doar-se por inteiro, e que ninguém tenha medo, Deus nunca exigirá de nós o mesmo sacrifício da cruz, mas que nossas pequenas ações possam pelo menos refletir um pouco, do Amor de Jesus de Nazaré, para isso é necessário buscá-lo e escutá-lo, pois somente ele e mais ninguém, nos ensina com tanta autoridade, como é que se ama de verdade...
José da Cruz é Diácono
2. Revelação do Deus de amor
(O comentário do Evangelho abaixo é feito por José Raimundo Oliva)
O "alto de uma montanha, a sós" é o interior do coração onde se dá a comunicação divina. É aí que Jesus procura entrar e revelar-se, vencendo as barreiras das ideologias tradicionais. E é lentamente que os discípulos vão compreendendo a novidade de Jesus. O simbolismo da sua figura "muito brilhante e tão branca" indica a condição divina presente em Jesus, não percebida aos olhos vulgares.
"Filho de Deus" era o título usado pelos poderosos, reis e faraós, que legitimavam seu abuso de poder e a opressão sobre o povo em nome de Deus, como seu representante ou seu próprio filho na terra. Nesse sentido foi elaborada a tradição davídica que originou as expectativas messiânicas sob várias formas. Contudo, Jesus, "o meu Filho amado", não tem este caráter messiânico. Ele é a revelação do Deus amor, misericórdia e serviço. É a base do projeto de um mundo novo possível, onde a fraternidade e a partilha sejam os laços fundamentais de relacionamento social. Sem esquecer que a natureza, a montanha, as nuvens, os campos, vales e rios participam harmoniosamente deste projeto. A transfiguração não é uma "ida e volta" à glória futura, mas uma transparência do caráter divino e glorioso de Jesus humano, manso e humilde de coração. A questão é a percepção da realidade atual da humanidade revestida da divindade, mesmo que vulnerável ao sofrimento e à morte. Jesus já é portador da glória do Pai e da vida eterna, e esta glória é comunicada a todos que o seguem.
Na primeira leitura, Abraão, por obediência religiosa, se dispõe a sacrificar seu filho único, Isaac. Abraão é apresentado como modelo da obediência cega à Lei que exprime a vontade da divindade, pelo que é premiado. Esta concepção é prenhe de violência, particularmente quando a premiação é a conquista das cidades daqueles que eram considerados inimigos, passados ao fio da espada, e a supremacia do poder e da riqueza sobre todas as nações da terra. Na segunda leitura, Paulo interpreta a cruz de Jesus sob este modelo de Abraão: Deus entrega seu filho unigênito em sacrifício por nós. Hoje, a teologia interpreta que o dom do Filho de Deus é a encarnação, com a plenitude de amor revelada e comunicada por Jesus no convívio com os discípulos e as multidões.
Jesus, nascido de Maria, humano e divino, é portador da imortalidade e da glória. Somos convidados a ter a experiência, já, da glória de Deus, no amor fraterno. "Nós vimos a sua glória, glória que ele tem junto ao Pai como Filho único" (Jo 1,14b).
Oração
Pai, faze-me contemplar o brilho de tua glória em cada discípulo de teu Filho que se entrega ao serviço do Reino, com total generosidade, mesmo devendo enfrentar a morte.
3. TRANSFIGURAÇÃO
(O comentário do Evangelho abaixo é feito pelo Pe. Jaldemir Vitório – Jesuíta, Doutor em Exegese Bíblica).
A cena da transfiguração contrasta com a perspectiva de sofrimento e morte que aguarda Jesus em Jerusalém, da parte dos chefes religiosos locais.
A narrativa, em estilo apocalíptico, caracterizada por fenômenos espantosos, abalos da natureza, nuvens e voz celestial, que indicam a presença e comunicação de Deus, confirma a fi liação divina de Jesus e seu caráter de enviado para anunciar e instruir a todos. Moisés, representante da Lei, e Elias, representante do profetismo, haviam subido à montanha ao encontro de Deus.
Agora, estando Jesus a orar no alto da montanha, Moisés e Elias vêm a ele. O ponto alto é a voz que proclama: "Este é o meu Filho amado. Escutai-o!"
Do ponto de vista de uma interpretação messiânica escatológica, a transfiguração seria o prenúncio da ressurreição, como coroação dos sofrimentos de Jesus em sua Paixão (segunda leitura).
A obediência cega à Lei, que exprime a vontade de Javé, é premiada, conforme o modelo de Abraão. Esta concepção é prenhe de violência, particularmente quando a premiação é a conquista das cidades dos inimigos e a supremacia sobre todas as nações da terra (primeira leitura).
Sob outro ponto de vista, pode-se ver na transfiguração a revelação da condição divina de Jesus de Nazaré, filho de Maria e de José, na simplicidade de seu convívio entre nós. Os discípulos devem perceber em Jesus a nova condição humana glorificada pela encarnação do Filho de Deus.
Não se trata de esperar um messias poderoso, mas, sim, de reencontrar a dignidade e a grandeza da condição humana, em tudo que ela tem de justo, bom, verdadeiro e belo. Ao entrarmos em comunhão de amor com Jesus e com o próximo, Deus é glorificado e nos é comunicada sua vida divina e eterna.
Liturgia da Segunda Feira — 05.03.2012
II SEMANA DA QUARESMA
(ROXO – OFÍCIO DO DIA)
Antífona da entrada: Tende compaixão de mim, ó Deus, e libertai-me! Meus pés estão firmes no caminho reto, nas assembléias bendirei ao Senhor (Sl 25,11s).

Primeira Leitura (Daniel 9,4-10)
Leitura da profecia da Daniel.
9 4 "Supliquei ao Senhor, meu Deus, e fiz-lhe minha confissão nestes termos: Ah! Senhor, Deus grande e temível, que sois fiel à aliança e que conservais vossa misericórdia àqueles que vos amam e guardam vossos mandamentos: 
5 nós pecamos, prevaricamos, cometemos maldade, fomos recalcitrantes, desviamo-nos de vossos mandamentos e de vossas leis. 
6 Não escutamos vossos servos, os profetas, que falaram em vosso nome a nossos reis, a nossos chefes, a nossos antepassados e a todo o povo da terra. 
7 A vós, Senhor, a justiça, e para nós a vergonha, como hoje acontece ao povo de Judá e de Jerusalém, a todo o Israel, àqueles que estão perto e àqueles que estão longe, em todos os países aonde os haveis dispersado por causa das iniqüidades que cometeram contra vós. 
8 Sim, Senhor, para nós a vergonha, para nosso rei, nossos chefes e nossos antepassados, porque pecamos contra vós. 
9 Ao Senhor, nosso Deus, as misericórdias e o perdão, porque nós nos rebelamos contra ele. 
10 Recusamos ouvir a voz do Senhor, nosso Deus; não seguimos as leis que ele nos oferecia pela boca de seus servos, os profetas". 
— Palavra do Senhor.
— Graças a Deus.
Salmo responsorial 78/79
O Senhor não nos trata como exigem nossas faltas.
Não lembreis as nossas culpas do passado, 
mas venha logo sobre nós vossa bondade, 
pois estamos humilhados em extremo.
Ajudai-nos, nosso Deus e salvador! 
Por vosso nome e vossa glória, libertai-nos! 
Por vosso nome, perdoai nossos pecados!
Até vós chegue o gemido dos cativos: 
libertai com vosso braço poderoso 
os que foram condenados a morrer! 
Quanto a nós, vosso rebanho e vosso povo, 
celebraremos vosso nome para sempre, 
de geração em geração vos louvaremos.
Aclamação do Evangelho
Glória a Cristo, palavra eterna do Pai, que é amor! 
Senhor, tuas palavras são espírito, são vida; só tu tens palavras de vida eterna! (Jo 6,63.68)

Evangelho (Lucas 6,36-38)
— O Senhor esteja convosco. 
— Ele está no meio de nós. 
— Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo + segundo Lucas.
— Glória a vós, Senhor!
Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos 6 36 "Sede misericordiosos, como também vosso Pai é misericordioso. 
37 Não julgueis, e não sereis julgados; não condeneis, e não sereis condenados; perdoai, e sereis perdoados; 
38 dai, e dar-se-vos-á. Colocar-vos-ão no regaço medida boa, cheia, recalcada e transbordante, porque, com a mesma medida com que medirdes, sereis medidos vós também". 
COMENTÁRIOS DO EVANGELHO
1. "A nossa medida para com os outros"
(O comentário do Evangelho abaixo é feito pelo Diácono José da Cruz )
Um lugar onde podemos ver e comprovar como nós não somos Misericordiosos como o Pai, é no trânsito. Não adianta fingir que não é com a gente, todos somos assim, olhamos para os outros condutores de veículos com extremo rigorismo, mas quando nos olhamos ao volante, sempre amenizamos ao máximo nossas falhas. Sempre vamos ter razões de sobra para justificar o nosso erro, cometido em uma ultrapassagem perigosa, em um excesso de velocidade, em uma fechada que demos no outro, ou em qualquer norma de segurança que quebramos, nós temos necessidade e justificativa para falar ao celular no volante, mas se flagramos o outro, dirigindo desatentamente por estar falando ao celular, rapidamente o condenamos.
O trânsito é só um exemplo bem concreto de que, a nossa medida com o próximo é bem pequena e miserável. O que nos falta é exatamente aquilo que em Deus é sempre abundantes eterna: a Misericórdia! Mas esse comportamento anticristão não é só pessoal, mas tudo e todos que nos rodeiam na Família e na comunidade, amenizamos os erros e pecados, abrandamos o impacto da ação ou do escândalo, se o fato ocorreu com um filho ou filha, ou um irmão da nossa igreja, mas se for com o Filho ou a Filha do outro, que não é parente e nem membro do nosso grupo da Igreja, ah meu irmão, olhamos com uma lupa de aumento e apregoamos aos quatro cantos o pecado escabroso que tal pessoa cometeu.
Misericórdia é acolher o outro em nosso coração, e o Judeu tem um significado ainda mais bonito, é acolher o outro em nosso útero, para dar-lhe uma vida nova com o nosso amor, é também sermos solidários com a miséria do outro, caminhar junto, sorrir  e chorar junto e foi essa misericórdia do PAI , que Jesus manifestou por todos nós.
Não julgar, não condenar, perdoar, dar e acolher, são palavras chaves do evangelho, colocadas como prática cristã em nossa relação com o próximo no dia a dia. E o próximo são todas aquelas pessoas que passam por nós na rua, no Banco, na Feira Livre, no ônibus, na escola, no trabalho, na política, no futebol, na torcida. Na comunidade somos capazes de disfarçar a nossa raiva, impaciência e intolerância com o outro, mas fora da Igreja somos quem somos, e é exatamente nesses lugares e ambientes que nos relacionamos com as pessoas.
O evangelho traz uma exortação final muito séria, se a nossa medida com o próximo ( com todas as pessoas com quem cruzamos em nosso dia a dia, não é só com o irmãozinho da comunidade...) não for larga, cheia e generosa, Deus também nos olhará com rigorismo e não vamos poder contar com a sua bondade e misericórdia sem limites. Isso porque estamos deturpando a imagem, de Deus para o irmão.
E fica aqui, no final da reflexão uma boa pergunta: as pessoas com  quem convivemos, acreditam em um Deus amoroso e misericordioso, ou em um Deus intolerante e implacável? Se  a resposta for negativa, é bom não nos esquecer que essas pessoa simplesmente refletem a imagem de Deus que a ela passamos com a nossa conduta...
2. Não julgar, mas perdoar
(O comentário do Evangelho abaixo é feito por José Raimundo)
Enquanto Mateus qualifica Deus como perfeito ("Sede perfeitos como vosso Pai celeste é perfeito" - Mt 5,48), Lucas qualifica Deus como misericordioso ("Sede misericordiosos como vosso Pai é misericordioso"). A perfeição tem um sentido muito amplo, e pode significar até autossuficiência e poder. A misericórdia, por sua vez, significa relação amorosa e humilde com o próximo. Em Jesus, Deus revela-se como sendo amor e misericórdia.
O "julgar" no texto de Lucas é empregado com o sentido de "condenar". O exercício do julgamento crítico dos fatos para melhor compreensão da realidade é saudável. A distorção está em condenar as pessoas, pois todas são filhas de Deus e objeto do seu amor misericordioso.
Na oração do Pai-Nosso, em Mateus, pedimos que sejamos perdoados, assim como nós perdoamos. Mantendo esta mesma estrutura, podemos orar: não nos condeneis, como nós não condenamos, dai-nos, como nós damos...
A medida boa recebida em recompensa é uma forma de expressão para a compreensão de que a felicidade e a alegria que almejamos estão em viver em comunhão de vida com os irmãos. Perdoando, não condenando, partilhando, removendo as estruturas que geram pobres e ricos, é assim que descobrimos nossa vida em Deus, já neste mundo.
Oração
Pai, dispõe meu coração para o perdão, pois este é o caminho pelo qual estabeleço minha comunhão contigo.
3. O AGIR CRISTÃO
(O comentário do Evangelho abaixo é feito pelo Pe. Jaldemir Vitório – Jesuíta, Doutor em Exegese Bíblica, Professor da FAJE – e disponibilizado no Portal Dom Total a cada mês).
O cristão tem consciência de que suas ações superam os limites das relações humanas, para desembocar no Pai. Por isso, todo gesto humano, sem exceção, tem algo a ver com Deus: deve inspirar-se nele, de quem receberá o prêmio ou o castigo.
O eixo fundamental da vida cristã deve ser a misericórdia. O motivo é simples: a misericórdia é o eixo fundamental do agir do Pai. E, pela misericórdia, o cristão reproduz um modo de ser característico de Deus.
Jesus indicou-nos algumas maneiras de expressar a misericórdia: não nos tornar juízes do próximo, e por conseguinte, abster-nos de condená-lo; perdoar sempre, e sermos capazes de doar nossos bens, com generosidade. A misericórdia, portanto, consiste em colocar-se diante do próximo com a humildade de quem se sabe servidor, e com a consciência de não ter o direito de julgá-lo e condená-lo. Isto compete ao Pai. A pessoa misericordiosa está sempre disposta a reatar, mediante o perdão, os laços rompidos pela inimizade.
A contrapartida da misericórdia humana é a misericórdia divina. O Pai não julga nem condena a quem foi capaz de ser misericordioso. Perdoa a quem foi capaz de perdoar. E a quem soube doar, dá com superabundância.
O cristão não pode perder de vista esta dimensão de seu agir. A falta de misericórdia resultará fatal, no momento de seu encontro com o Pai.
Oração
Espírito de misericórdia, reveste todas as minhas ações com a misericórdia, característica do Pai, levando-me a ser, para o meu próximo, a revelação da bondade divina.
Liturgia da Terça-Feira — 06.03.2012
II SEMANA DA QUARESMA 
(ROXO – OFÍCIO DO DIA)
Antífona da entrada: Iluminai meus olhos, Senhor, guardai-me do sono da morte. Que meu inimigo não possa dizer: triunfei sobre ele (Sl 12,4s).

Primeira Leitura (Isaías 1,10.16-20)
Leitura do livro do profeta Isaías.
10 Ouvi a palavra do Senhor, príncipes de Sodoma; escuta a lição de nosso Deus, povo de Gomorra: 
16 lavai-vos, purificai-vos. Tirai vossas más ações de diante de meus olhos. 
17 Cessai de fazer o mal, aprendei a fazer o bem. Respeitai o direito, protegei o oprimido; fazei justiça ao órfão, defendei a viúva. 
18 Pois bem, justifiquemo-nos, diz o Senhor. Se vossos pecados forem escarlates, tornar-se-ão brancos como a neve! Se forem vermelhos como a púrpura, ficarão brancos como a lã! 
19 Se fordes dóceis e obedientes, provareis os melhores frutos da terra; 
20 se recusardes e vos revoltardes, provareis a espada. É a boca do Senhor que o declara. 
— Palavra do Senhor.
— Graças a Deus.
Salmo responsorial 49/50
A todos que procedem retamente,
eu mostrarei a salvação que vem de Deus.
"Eu não venho censurar teus sacrifícios,
pois sempre estão perante mim teus holocaustos;
não preciso dos novilhos de tua casa
nem dos carneiros que estão nos teus rebanhos.
Como ousar repetir os meus preceitos
e trazer minha aliança em tua boca?
Tu que odiaste minhas leis e meus conselhos
e deste as costas às palavras dos meus lábios!
Diante disso que fizeste, eu calarei?
É disso que te acuso e repreendo,
e manifesto essas coisas aos teus olhos.
Quem me oferece um sacrifício de louvor,
este, sim, é que me honra de verdade.
A todo homem que procede retamente,
eu mostrarei a salvação que vem de Deus."
Aclamação do Evangelho
Salve, ó Cristo, imagem do Pai, a plena verdade nos comunicai! 
Lançai para bem longe toda a vossa iniqüidade! Criai em vós um novo espírito e um novo coração! (Ez 18,31).

Evangelho (Mateus 23,1-12)

23 1 Dirigindo-se, então, Jesus à multidão e aos seus discípulos,disse: 
2 "Os escribas e os fariseus sentaram-se na cadeira de Moisés. 
3 Observai e fazei tudo o que eles dizem, mas não façais como eles, pois dizem e não fazem. 
4 Atam fardos pesados e esmagadores e com eles sobrecarregam os ombros dos homens, mas não querem movê-los sequer com o dedo. 
5 Fazem todas as suas ações para serem vistos pelos homens, por isso trazem largas faixas e longas franjas nos seus mantos. 
6 Gostam dos primeiros lugares nos banquetes e das primeiras cadeiras nas sinagogas. 
7 Gostam de ser saudados nas praças públicas e de ser chamados rabi pelos homens. 
8 Mas vós não vos façais chamar rabi, porque um só é o vosso preceptor, e vós sois todos irmãos. 
9 E a ninguém chameis de pai sobre a terra, porque um só é vosso Pai, aquele que está nos céus. 
10 Nem vos façais chamar de mestres, porque só tendes um Mestre, o Cristo. 
11 O maior dentre vós será vosso servo. 
12 Aquele que se exaltar será humilhado, e aquele que se humilhar será exaltado". 

COMENTÁRIOS DO EVANGELHO
1. "A cadeira do Padre"
(O comentário do Evangelho abaixo é feito pelo Diácono José da Cruz )
Já vi muitas discussões inúteis sobre a questão do uso da cadeira chamada presidencial, utilizada nas celebrações, e que só podem ser ocupadas pelos Ministros Ordenados. Em primeiro lugar precisamos saber o que significa a tal cadeira do Padre, embora se pareça com um trono, pois o layout dos nossos presbitérios lembram uma reunião da corte, onde havia a cadeira do trono ladeada por outras cadeiras, reservadas aos ministros do primeiro escalão, ou seja, aqueles que, de certa forma "mandavam" junto com o rei.
Embora não seja a nossa realidade atual, a verdade é que as cadeiras aveludadas e de grande tamanho, colocadas no centro do presbitério, enchem a cabeça de muitos leigos de grandes fantasias, onde o ego se enche de soberba e a pessoa começa a se achar muito importante porque no exercício do seu ministério ocupa uma das cadeiras durante a Santa Missa ou a Celebração da palavra, e se for Ministro da Palavra, irá sentar-se na cadeira do padre e daí a sede de poder é ainda mais forte. Não é qualquer um que pode sentar-se na cadeira do padre e nas igrejas das grandes metrópoles a concorrência é ainda muito maior...
Claro que não é disso que fala a reflexão do evangelho, mas poderíamos usar a expressão "Sentar-se na cadeira do padre", para entender a crítica de Jesus contra os Escribas e Fariseus naquele tempo...
Sentar-se na cadeira de Moisés (expressão colocada pelo evangelista) ou sentar-se na cadeira do padre, significa serem os Donos da Verdade e os detentores de todas as informações importantes da comunidade. É fácil saber se isso está acontecendo na sua comunidade, se lá você tem ouvido muito essa expressão: "Pergunte para FULANO porque isso é só ele quem sabe", pronto! A comunidade é igualzinha a de Mateus, tem gente que sabe ou pensa saber demais, e sem eles nenhuma decisão poderá ser tomada. Eis aí aqueles sobre os quais os corneteiros de plantão dizem jocosamente "Este quer mandar mais que o padre".
Os que se sentam na cadeira do padre, criam regras e mil norminhas na pastoral, no movimento e na liturgia, quando "apertados" por alguém que os enfrentam, terminam com a conhecida frase "Ah... são ordens do nosso padre... Isso é colocar fardos pesados nas costas dos irmãos e irmãs.
Claro que estes, que gostam de sentarem-se na cadeira do padre, automaticamente procuram os primeiros lugares em tudo, na Festa do Padroeiro, equipe de eventos, conselhos paroquiais ou pastorais, CAAE, etc. Qualquer decisão para ser tomada tem que passar pelo crivo deles. Conheci alguém que exercia um ministério há muitos anos e ninguém tinha coragem de tirá-lo do cargo, nem o padre que achava melhor não criar caso com o idoso Senhor, que entre outras coisas era quem escalava os ministros da Eucaristia, e ainda indicava para o padre quem poderia ser ministro.
São críticas severas para nossas comunidades? Sem dúvida alguma. Nas comunidades cristãs há muita riqueza e santidade autêntica de tantos irmãos e irmãs, mas não podemos nos iludir achando que Escribas e Fariseus só havia no tempo de Jesus, ou em uma DIOCESE lá da Patagônia. A conclusão do evangelho nos aponta quem é o único e Verdadeiro Centro das atenções em nossa Igreja: Jesus Cristo, tudo é nele, com ele e por ele. Exatamente por isso que Jesus se apresenta como sendo ele o único Mestre, o único que tem autoridade, o único que é o centro de todas as atenções, sem ele, todo e qualquer ministério não tem nem razão de ser.
E o que fez esse Mestre Supremo? Rebaixou-se à condição de um escravo, sendo ele o maior de todos os maiorais, se fez Servo e ao se humilhar com a morte vergonhosa da cruz, foi exaltado pelo Pai. O Lava-Pés consolida a ação servidora de Jesus.
2. A hipocrisia na prática da lei
(O comentário do Evangelho abaixo é feito por José Raimundo)
Mateus, inserindo este discurso de Jesus em seu evangelho, chama a atenção para a hipocrisia dos escribas e fariseus e reforça as advertências às suas comunidades para que não se deixem seduzir por suas doutrinas. Eles impõem pesados e insuportáveis fardos aos outros, porém, eles mesmos não os tocam, nem sequer com o dedo.
Pedro, diante da Igreja de Jerusalém, defendeu a liberdade da fé dos gentios, sem a imposição da Lei, afirmando: "Por que tentais a Deus, impondo ao pescoço dos discípulos um jugo que nem nossos pais, nem mesmo nós pudemos suportar?" (At 15,10).
Porém, o jugo de Jesus é leve e suave: é a humildade e o serviço, na alegria da comunhão de vida com o próximo e com Deus.
Oração
Pai, que os maus exemplos jamais me influenciem, fazendo-me desviar de teu caminho. Seja teu Filho Jesus meu único modelo de vida.
3. A FALTA DE MISERICÓRDIA
(O comentário do Evangelho abaixo é feito pelo Pe. Jaldemir Vitório – Jesuíta, Doutor em Exegese).
A sensibilidade de Jesus para a falta de misericórdia, no trato mútuo, era evidente. A menor atitude de menosprezo ou insensibilidade, em relação ao próximo, chamava-lhe a atenção. Por isso, aproveitava estas ocasiões para advertir os discípulos.
Os escribas e fariseus estavam, constantemente, na mira de Jesus. Eles tinham certos comportamentos com os quais o Mestre não podia compactuar, por não serem movidos pela misericórdia. Assim, impunham, às pessoas de boa-fé, um acúmulo de prescrições, ao passo que eles mesmos não se sentiam obrigados a cumpri-las. Igualmente, com ar de importância, exigiam que as pessoas lhes deixassem os primeiros lugares nos banquetes, nas sinagogas e nas praças, e que as chamassem com o título honroso de "rabi". E muitas coisas mais! Toda essa maneira de se comportar é que os discípulos deveriam evitar. O Mestre foi explícito: "Não imiteis suas ações!", pois não primam pela misericórdia.
O discípulo espelha-se no modo de agir de Jesus. Contrariamente aos escribas e fariseus, o Mestre não se prevaleceu dos pequenos e fracos, antes, procurou agir com extrema humildade e discrição, jamais buscando grandezas e honrarias mundanas. Seu agir misericordioso desmascarava a arrogância de seus adversários.
Oração
Espírito de misericórdia, livra-me de seguir o mau exemplo de quem, no trato com o próximo, prima pela arrogância e pela insensibilidade.
Liturgia da Quinta-Feira — 08.03.2012
II SEMANA DA QUARESMA *
(ROXO – OFÍCIO DO DIA)
Antífona da entrada: Provai-me, ó Deus, e conhecei meus pensamentos: vede se ando pela vereda do mal e conduzi-me no caminho da eternidade (Sl 138,23s).

Primeira Leitura (Jeremias 17,5-10)
Leitura do livro do profeta Jeremais.
17 5 Eis o que diz o Senhor: "Maldito o homem que confia em outro homem, que da carne faz o seu apoio e cujo coração vive distante do Senhor! 
6 Assemelha-se ao cardo da charneca e nem percebe a chegada do bom tempo, habitando o solo calcinado do deserto, terra salobra em que ninguém reside. 
7 Bendito o homem que deposita a confiança no Senhor, e cuja esperança é o Senhor. 
8 Assemelha-se à árvore plantada perto da água, que estende as raízes para o arroio; se vier o calor, ela não temerá, e sua folhagem continuará verdejante; não a inquieta a seca de um ano, pois ela continua a produzir frutos. 
9 Nada mais ardiloso e irremediavelmente mau que o coração. Quem o poderá compreender? 
10 Eu, porém, que sou o Senhor, sondo os corações e escruto os rins, a fim de recompensar a cada um segundo o seu comportamento e os frutos de suas ações". 

Salmo responsorial 1
É feliz quem a Deus se confia!
Feliz é todo aquele que não anda 
conforme os conselhos dos perversos; 
que não entra no caminho dos malvados 
nem junto aos zombadores vai sentar-se; 
mas encontra seu prazer na lei de Deus 
e a medita, dia e noite, sem cessar.
Eis que ele é semelhante a uma árvore 
que à beira da torrente está plantada; 
ela sempre dá seus frutos a seu tempo 
e jamais as suas folhas vão murchar. 
Eis que tudo o que ele faz vai prosperar.
Mas bem outra é a sorte dos perversos. 
Ao contrário, são iguais Palha seca 
espalhada e dispersada pelo vento. 
Pois Deus vigia o caminho dos eleitos, 
mas a estrada dos malvados leva à morte.
Aclamação do Evangelho
Glória a Cristo, palavra eterna do Pai, que é amor! 
Felizes o que observam a palavra do Senhor de reto coração; e que produzem muitos frutos, até o fim perseverantes! (Lc 8,15)

EVANGELHO (Lucas 16,19-31)

Naquele tempo, disse Jesus aos fariseus: 16 19 "Havia um homem rico que se vestia de púrpura e linho finíssimo, e que todos os dias se banqueteava e se regalava. 
20 Havia também um mendigo, por nome Lázaro, todo coberto de chagas, que estava deitado à porta do rico. 
21 Ele avidamente desejava matar a fome com as migalhas que caíam da mesa do rico. Até os cães iam lamber-lhe as chagas. 
22 Ora, aconteceu morrer o mendigo e ser levado pelos anjos ao seio de Abraão. Morreu também o rico e foi sepultado. 
23 E estando ele nos tormentos do inferno, levantou os olhos e viu, ao longe, Abraão e Lázaro no seu seio. 
24 Gritou, então: 'Pai Abraão, compadece-te de mim e manda Lázaro que molhe em água a ponta de seu dedo, a fim de me refrescar a língua, pois sou cruelmente atormentado nestas chamas'. 
25 Abraão, porém, replicou: 'Filho, lembra-te de que recebeste teus bens em vida, mas Lázaro, males; por isso ele agora aqui é consolado, mas tu estás em tormento. 
26 Além de tudo, há entre nós e vós um grande abismo, de maneira que, os que querem passar daqui para vós, não o podem, nem os de lá passar para cá'. 
27 O rico disse: 'Rogo-te então, pai, que mandes Lázaro à casa de meu pai, pois tenho cinco irmãos, 
28 para lhes testemunhar, que não aconteça virem também eles parar neste lugar de tormentos'. 
29 Abraão respondeu: 'Eles lá têm Moisés e os profetas; ouçam-nos!' 
30 O rico replicou: 'Não, pai Abraão; mas se for a eles algum dos mortos, arrepender-se-ão'. 
31 Abraão respondeu-lhe: 'Se não ouvirem a Moisés e aos profetas, tampouco se deixarão convencer, ainda que ressuscite algum dos mortos'. 

COMENTÁRIOS DO EVANGELHO
1."Pai Abraão compadece-te de mim..."
(O comentário do Evangelho abaixo é feito pelo Diácono José da Cruz)
Parece que Lucas pegou pesado contra o tal do Homem rico nesse evangelho, a súplica do mesmo pedindo compaixão do Pai Abraão, é algo inconcebível.
Quem já viu rico pedir compaixão? Jamais, pois o dinheiro compra tudo e o rico não tem necessidade de nada... Mas vamos para mais um exagero de Lucas, "Manda Lázaro que molhe em água a ponta do seu dedo, afim de refrescar-me a língua, pois sou cruelmente atormentado nessas chamas"
O que? Um rico precisando do favor de um pobre, e que favor! Molhar o dedo e tocar em sua língua. Bom, rico pedindo por compaixão já é coisa esquisita, e ainda por cima, depender do favor de um pobre mendigo, que em vida ficava esmolando no portão de sua mansão...
Acho que os ricos que leram essa reflexão de São Lucas, não deixaram de dar boas risadas. Mas por que Lucas inverte a ordem social estabelecida? Quer se vingar dos ricos miseráveis, lembrando que na outra vida tudo vai ser diferente, eles vão sofrer e os pobres irão gozar? Isso também está descartado, o Céu não é lugar para o pobre se vingar do rico, isso não tem cabimento. Este evangelho também não é revolucionário para mostrar a diferença social entre uma e outra classe.
Prestemos atenção em alguns detalhes importantes: o pobre tem um nome, e ao morrer foi carregado pelos anjos ao seio de Abraão. O rico nem tinha nome, e ao morrer foi enterrado como qualquer ser mortal, talvez em algum mausoléu, mas foi enterrado, isto é, tudo acabou ali para ele. Por quê? Porque toda a sua expectativa de felicidade e realização humana estava em sua riqueza.
Quanto ao abismo existente entre o rico e o pobre, não foi Deus quem cavou, mas ele foi construído ao longo da vida pela atitude egoísta do rico, que não permitiu que o pobre fizesse parte de sua vida. Provavelmente até lhe dava esmolas de vez em quando, ou alguma comida que sobrou do almoço, ou um pedaço de pão duro, um sapato velho, uma roupa usada. Mas essas "boas ações" não foram suficientes para garantir o passaporte para o céu, na comunhão com Deus.
De fato, o evangelho não fala que o Rico era má pessoa, e nem que o mendigo fosse um sujeito cristão e que tinha fé. Mas a questão é que, a riqueza o distanciou de Deus e das pessoas, a riqueza de fato dá ao homem a sensação ilusória de que tudo tem e que agora de nada mais precisa. Quando pensa deste modo, o Ser humano se fecha a Salvação trazida por Jesus, e a participação no seu Reino, que se destina principalmente aos mais pobres e necessitados.
Não é pecado ser rico e ter bens materiais, claro, desde que não seja riqueza iníqua, fruto de corrupção e roubalheira. O mal é recusar a salvação Divina, e fecharem-se às demais pessoas, principalmente os mais pobres, que sempre foram e serão os preferidos de Deus. Ser pobre ou rico não vai salvar e nem perder a ninguém, o que importa é Crer em Jesus Cristo, no seu reino de Justiça, Paz e igualdade, viver os valores do evangelho e buscar somente Nele a Salvação com uma conversão sincera.
Porque se cavarmos o abismo entre nós e o próximo, principalmente os mais pobres, estaremos cavando um abismo intransponível entre nós e Deus, e esta solidão devassadora e eterna chama-se Inferno... É para lá que foi o nosso Rico sem nome...
2. Desigualdade injusta
(O comentário do Evangelho abaixo é feito por José Raimundo Oliva)
Nesta contundente parábola podemos ver uma das características fundamentais de Lucas: a denúncia da injusta divisão riqueza x pobreza na sociedade. Esta divisão fere frontalmente a proposta de Jesus para o Reino de Deus.
O contraste entre a fartura do rico e a situação extremamente precária do pobre é apresentado de maneira bem realista. Na situação pós-morte de ambos, de imediato o rico está entre tormentos e o pobre é levado pelos anjos para a glória de Deus. É a expressão da morte no apego à riqueza e aos bens e o gozo da vida nos valores do Reino de Deus.
É pela conversão que se elimina o abismo que separa os ricos dos pobres, a partir do seguimento de Jesus, Filho de Deus, doador da vida eterna.
Oração
Pai, não permitas que nada neste mundo me impeça de ver o sofrimento de meu próximo e fazer-me solidário com ele.
3. O EGOÍSMO PUNIDO
(O comentário do Evangelho abaixo é feito pelo Pe. Jaldemir Vitório – Jesuíta, Doutor em Exegese Bíblica).
A visão estreita da pessoa egoísta não lhe permite ir muito além do limitado círculo de seus interesses. Vive fechada em seu pequeno mundo, cultivando seus projetos mesquinhos. O sofrimento e as necessidades dos outros são, para ela, coisa sem nenhuma importância. O "outro" não existe!
A desventura dos egoístas consiste em não perceber que estão construindo sua própria condenação. Recusar-se a viver em comunhão com o próximo revela uma recusa mais fundamental: a de viver em comunhão com Deus. Idolatrando os bens deste mundo, acreditam ser supérflua a presença de Deus em suas vidas. Na raiz da incapacidade de fazer-se servidor, numa atitude de generosidade e desprendimento, está a perigosa pretensão de ocupar o lugar reservado unicamente a Deus. Sua auto-suficiência leva-os a prescindir do Criador, e a recusar-se a recorrer a ele. Em suma, fecham as portas para a sua salvação. Engana-se quem conta com uma segunda possibilidade de alcançar a salvação.
Quando o rico da parábola, naquele lugar de tormento dá-se conta de sua insensatez, pretende que Deus mande alguém para advertir seus cinco irmãos, a fim de que não tenham sorte semelhante. Seu pedido, porém, não é aceito.
A história humana está repleta de apelos ao amor e ao serviço. Basta um pouco de atenção e disponibilidade para escolhermos este caminho exigente. Caso contrário, só nos restará um castigo inadiável.
Oração
Espírito de inteligência, dá-me a graça de compreender que o caminho da salvação passa pelo amor desinteressado ao próximo.
Liturgia da Sexta-Feira — 09.03.2012
II SEMANA DA QUARESMA *
(ROXO – OFÍCIO DO DIA)
Antífona da entrada: Senhor, a vós recorro, que eu não seja confundido para sempre. Vós me tirais do laço que me armaram, vós sois meu protetor (Sl 30,2.5).

Primeira Leitura (Gênesis 37,3-4.12-13.17-28)
Leitura do livro do Gênesis.
37 3 Israel amava José mais do que todos os outros filhos, porque ele era o filho de sua velhice; e mandara-lhe fazer uma túnica de várias cores. 
4 Seus irmãos, vendo que seu pai o preferia a eles, conceberam ódio contra ele e não podiam mais tratá-lo com bons modos. 
12 Os irmãos de José foram apascentar os rebanhos de seu pai em Siquém. 
13 Israel disse a José: "Teus irmãos guardam os rebanhos em Siquém. Vem: vou mandar-te a eles." "Eis-me aqui", respondeu José. 
17 E o homem respondeu: "Partiram daqui e ouvi-os dizer: Vamos a Dotain." Partiu então José em busca dos seus irmãos e encontrou-os em Dotain. 
18 Eles o viram de longe. Antes que José se aproximasse, combinaram entre si como o haveriam de matar; 
19 e disseram: "Eis o sonhador que chega. 
20 Vamos, matemo-lo e atiremo-lo numa cisterna; diremos depois que uma fera o devorou; e então veremos de que lhe aproveitaram os seus sonhos." 
21 Ouvindo-o, porém, Rubem, quis livra-lo de suas mãos: "Não lhe tiremos a vida, disse ele. 
22 Não derrameis sangue. Jogai-o naquela cisterna, no deserto, mas não levanteis vossa mão contra ele." Pois Rubem pensava livrá-lo de suas mãos para o reconduzir ao pai. 
23 Quando José se aproximou de seus irmãos, eles o despojaram de sua túnica, daquela bela túnica de várias cores que trazia, 
24 e jogaram-no numa cisterna velha, que não tinha água. 
25 E, sentando-se para comer, eis que, levantando os olhos, viram surgir no horizonte uma caravana de ismaelitas vinda de Galaad. Seus camelos estavam carregados de resina, de bálsamo e de ládano, que transportavam para o Egito. 
26 Então Judá disse aos seus irmãos: "Que nos aproveita matar nosso irmão e ocultar o seu sangue? 
27 Vinde e vendamo-lo aos ismaelitas. Não levantemos nossas mãos contra ele, pois, afinal, é nosso irmão, nossa carne." Seus irmãos concordaram. 
28 E, quando passaram os negociantes madianitas, tiraram José da cisterna e venderam-no por vinte moedas de prata aos ismaelitas, que o levaram para o Egito. 
— Palavra do Senhor.
— Graças a Deus.
Salmo responsorial 104/105
Lembrai sempre as maravilhas do Senhor!
Mandou vir, então, a fome sobre a terra 
e os privou de todo pão que os sustentava; 
um homem enviara à sua frente, 
José, que foi vendido como escravo.
Apertaram os seus pés entre grilhões 
e amarraram seu pescoço com correntes, 
até que se cumprisse o que previra, 
e a palavra do Senhor lhe deu razão.
Ordenou, então, o rei que o libertassem, 
o soberano das nações mandou soltá-lo; 
fez dele o senhor de sua casa, 
e de todos os seus bens o despenseiro.
Aclamação do Evangelho
Jesus Cristo, sois bendito, sois o ungido de Deus Pai! 
Deus o mundo tanto amou, que lhe deu seu próprio Filho, para que todo o que nele crer encontre vida eterna (Jo 3,16).

EVANGELHO (Mateus 21,33-43.45-46)

Naquele tempo, dirigindo-se Jesus aos chefes dos sacerdotes e aos anciãos do povo, disse-lhes: 21 33 "Ouvi outra parábola: havia um pai de família que plantou uma vinha. Cercou-a com uma sebe, cavou um lagar e edificou uma torre. E, tendo-a arrendado a lavradores, deixou o país. 
34 Vindo o tempo da colheita, enviou seus servos aos lavradores para recolher o produto de sua vinha. 
35 Mas os lavradores agarraram os servos, feriram um, mataram outro e apedrejaram o terceiro. 
36 Enviou outros servos em maior número que os primeiros, e fizeram-lhes o mesmo. 
37 Enfim, enviou seu próprio filho, dizendo: 'Hão de respeitar meu filho'. 
38 Os lavradores, porém, vendo o filho, disseram uns aos outros: 'Eis o herdeiro! Matemo-lo e teremos a sua herança!' 
39 Lançaram-lhe as mãos, conduziram-no para fora da vinha e o assassinaram. 
40 Pois bem: quando voltar o senhor da vinha, que fará ele àqueles lavradores?" 
41 Responderam-lhe: "Mandará matar sem piedade aqueles miseráveis e arrendará sua vinha a outros lavradores que lhe pagarão o produto em seu tempo". 
42 Jesus acrescentou: "Nunca lestes nas Escrituras: 'A pedra rejeitada pelos construtores tornou-se a pedra angular; isto é obra do Senhor, e é admirável aos nossos olhos'? 
43 Por isso vos digo: ser-vos-á tirado o Reino de Deus, e será dado a um povo que produzirá os frutos dele". 
45 Ouvindo isto, os príncipes dos sacerdotes e os fariseus compreenderam que era deles que Jesus falava. 
46 E procuravam prendê-lo; mas temeram o povo, que o tinha por um profeta. 

COMENTÁRIOS DO EVANGELHO
1. "Apropriação Indébita..."
(O comentário do Evangelho abaixo é feito pelo Diácono José da Cruz)
O Termo apropriação indébita se refere à posse ilegal de algo que não nos pertence. Deus edificou o seu Reino no meio dos homens, mas não se trata de uma parreira qualquer, abandonada á beira da estrada, dessas que parece que não tem dono. Ela foi cercada com uma sebe, cavada um lagar onde se pisoteia a uva para produção do vinho, e construída uma torre para vigiar, afastando intrusos ou animais silvestres que irão danificar a parreira.
No meio da humanidade Deus escolheu o povo de Israel, estabelecendo com ele uma vida de comunhão, dando-lhes todas as condições necessárias para viverem bem, sempre na amizade e proteção do Deus da ALIANÇA. Deus esperava desse povo uma vida íntegra, pautada pela justiça e igualdade, solidariedade, para assim ser um sinal entre todas as Nações, sinal visível de um Deus que ama e que caminha junto.
Não podemos dizer que Deus antes fez um rascunho do que seria o Reino Ideal e depois passou a limpo, o Antigo Testamento já é o início da edificação do Reino de Deus, claro que de maneira prefigurada, mas os Santos Homens que por aqueles tempos ajudaram nessa obram, têm os seus méritos e nem precisaram ser canonizados, a própria História da Salvação os canonizou.
O que o evangelho nos mostra é que Deus confia a administração do seu Reino aos Homens, que se tornam seus colaboradores ou arrendatários, a Igreja está a serviço do Reino, mas ela não é o Reino, apenas um sinal visível dele. O Reino é maior e está acima de qualquer instituição humana. Evidentemente que, exatamente como o Proprietário da Vinha, Deus espera sempre colher os frutos da sua obra, mas não pensemos que Deus é um explorador como os Latifundiários da Galiléia, os frutos aqui mencionados, e que Ele sempre cobra daqueles a quem confiou o Reino, são frutos que beneficiam os irmãos e irmãs, é na relação com as pessoas que o cristão produz os frutos da Parreira do Senhor: uvas doces da Justiça, igualdade, solidariedade, fraternidade e misericórdia.
Interessante porque o evangelho traz uma crítica duríssima contra os arrendatários do Reino de ontem e de hoje: além de serem péssimos administradores, porque só ocupam espaço e não produzem nenhum fruto, ainda por cima se apossam do que não lhes pertence tornando-se os detentores da Salvação Divina, porque mataram o Herdeiro, isto é, aquele que é o verdadeiro Dono do Reino, o Filho de Deus, ou seja, Jesus deixa de ser uma referência para esses trapaceiros da Religião de Israel, e eles próprios tornam-se a referência como Zeladores da Lei antiga e Fiscais da Salvação, determinando quem vai se salvar...
É claro que Deus Pai abandonou esse projeto inadequado, pois o seu Reino de Santidade e perfeição tornou-se uma grotesca caricatura, e a partir da morte e ressurreição Daquele que os homens pensaram haver destruído definitivamente, o Reino se refez e tornou-se definitivo, e de propriedade exclusiva de Deus, manifestado em Jesus de Nazaré. E assim, a pedra que os construtores de araque rejeitaram , tornou-se a pedra angular.
Longe de ficarmos olhando para o passado e condenando os que rejeitaram a Pedra Angular que é o Cristo, e se apossaram da Vinha do Senhor, é melhor olharmos o presente onde temos enquanto cristãos essa responsabilidade confiada pelo Senhor, de trabalharmos em sua Vinha que é a Igreja, a serviço do mundo. Também nós, se não correspondermos á Vontade de Deus, iremos perder nosso lugar nessa obra, porque o Dono da Vinha chama quem ele quiser para vir tomar conta de sua Vinha...
2. Jesus promove a vida
(O comentário do Evangelho abaixo é feito por José Raimundo Oliva)
No dia seguinte ao da expulsão dos vendedores do Templo de Jerusalém, Jesus volta aí e, em clima de conflito com os chefes religiosos, lhes dirige uma parábola.
Nesta, temos imagens de um latifúndio, não como um modelo, mas como uma linguagem para ser compreendida pelos poderosos. É uma crítica ao governo teocrático da Judeia, que, em nome de Deus, discriminava e oprimia o povo, em vez de promover-lhe a vida. Os chefes religiosos entendem a parábola e procuram prender Jesus, para matá-lo, conforme já haviam decidido (Mt 12,14; Mc 11,18).
Oração
Pai, no teu imenso amor, jamais perdes a esperança de ver realizado o teu projeto de salvação. Que eu me deixe tocar por teus apelos e me converta sinceramente para ti.
3. DEUS NÃO SE DEIXA VENCER
(O comentário do Evangelho abaixo é feito pelo Pe. Jaldemir Vitório).
A história de Israel, que se desenrolou como uma espécie de luta entre Deus e o povo eleito, é como que a parábola de toda história humana. Enquanto Deus se empenha em salvar a humanidade, esta insiste em caminhar para a condenação. Ele vai lhe apresentando os meios necessários para que se salve, mas o ser humano continua destruindo a obra divina. Deus confia na conversão do coração humano; este, no entanto, frustra, continuamente, a confiança divina.
Apesar disto, o Pai mostra-se sobremaneira paciente. O primeiro gesto de rebeldia do ser humano seria suficiente para merecer a punição. Afinal, ele é quem tem uma dívida de gratidão para com Deus. Criado com todo o carinho, fora-lhe dadas as condições para viver em comunhão com o Criador e com os demais seres humanos. Dele se esperava frutos de amor e de justiça. No entanto, seu coração perverteu-se, levando-a a se rebelar contra Deus. Até mesmo Jesus, que representa o gesto supremo da boa-vontade divina de salvar o ser humano, acabou sendo crucificado.
Ao ressuscitar seu Filho, o Pai estabeleceu-o como sinal de seu amor pela humanidade. Sempre que o ser humano quiser voltar-se para Deus, pode contar com Jesus. Aquele que fora rejeitado pelo ser humano, o Pai constituiu-o como "pedra angular" da salvação.
Oração
Espírito de sensatez, não permitas jamais que eu me rebele contra o amor do Pai, que quer a minha salvação e espera de mim docilidade a seus apelos de conversão.


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