quarta-feira, 11 de abril de 2012

1º semana da Páscoa Ano B


Liturgia do Domingo 
Domingo de Páscoa - Ressurreição de Nosso Senhor Jesus Cristo  ANO B
"Feliz Páscoa - Festa da Ressurreição"
Ambientação:
Sejam bem-vindos amados irmãos e irmãs! É Páscoa. A vida venceu a morte. A liturgia deste domingo celebra a ressurreição e garante-nos que a vida em plenitude resulta de uma existência feita dom e serviço em favor dos irmãos. A ressurreição de Cristo é o exemplo concreto que confirma tudo isto. Dentro de nossas experiências de morte, acolhemos com alegria o vibrante anúncio da ressurreição. Em diálogo amoroso com o Ressuscitado, somos por Ele alimentados e, como novas criaturas, assumimos a missão de testemunhas da vida nova e da paz. Sintamos o júbilo real de Deus em nossos corações e cheios dessa alegria divina entoemos cânticos jubilosos ao Senhor!

Primeira Leitura (Atos 10,34.37-43)
Leitura do Livro dos Atos dos Apóstolos
10 34 Então Pedro tomou a palavra e disse: "Em verdade, reconheço que Deus não faz distinção de pessoas, 
37 Vós sabeis como tudo isso aconteceu na Judéia, depois de ter começado na Galiléia, após o batismo que João pregou. 
38 Vós sabeis como Deus ungiu a Jesus de Nazaré com o Espírito Santo e com o poder, como ele andou fazendo o bem e curando todos os oprimidos do demônio, porque Deus estava com ele. 
39 E nós somos testemunhas de tudo o que fez na terra dos judeus e em Jerusalém. Eles o mataram, suspendendo-o num madeiro. 
40 Mas Deus o ressuscitou ao terceiro dia e permitiu que aparecesse, 
41 não a todo o povo, mas às testemunhas que Deus havia predestinado, a nós que comemos e bebemos com ele, depois que ressuscitou. 
42 Ele nos mandou pregar ao povo e testemunhar que é ele quem foi constituído por Deus juiz dos vivos e dos mortos. 
43 Dele todos os profetas dão testemunho, anunciando que todos os que nele crêem recebem o perdão dos pecados por meio de seu nome". 

Salmo responsorial 117/118
Este é o dia que o Senhor fez para nós: alegremo-nos e nele exultemos!
Dai graças ao Senhor, porque ele é bom! 
"Eterna é a sua misericórdia!" 
A casa de Israel agora o diga: 
"Eterna é a sua misericórdia!"
A mão direita do Senhor fez maravilhas, 
a mão direita do Senhor me levantou. 
Não morrerei, mas, ao contrário, viverei 
para cantar as grandes obras do Senhor!
A pedra que os pedreiros rejeitaram 
tornou-se agora a pedra angular. 
Pelo Senhor é que foi feito tudo isso: 
que maravilhas ele fez a nossos olhos!
Segunda Leitura (Colossenses 3,1-4)
Leitura da carta de são Paulo aos Colossenses.
3 1 Se, portanto, ressuscitastes com Cristo, buscai as coisas lá do alto, onde Cristo está sentado à direita de Deus. 
2 Afeiçoai-vos às coisas lá de cima, e não às da terra. 
3 Porque estais mortos e a vossa vida está escondida com Cristo em Deus. 
4 Quando Cristo, vossa vida, aparecer, então também vós aparecereis com ele na glória. 

Seqüência
Cantai, cristãos, afinal: "Salve ó vítima Pascal!" Cordeiro inocente, o Cristo abriu-nos do Pai o aprisco. Por toda ovelha imolado, do mundo lava o pecado. Duelam forte e mais forte: é a vida que enfrenta a morte. O rei da vida, cativo, é morto, mas reina vivo! Responde, pois, ó Maria: no teu caminho o que havia? "Vi Cristo ressuscitado, o túmulo abandonado. Os anjos da cor do sol, dobrado ao chão o lençol. O Cristo, que leva aos céus, caminha à frente dos seus!" Ressuscitou de verdade. Ó rei, ó Cristo, piedade!
Aclamação do Evangelho
Aleluia, aleluia, aleluia. 
O nosso cordeiro pascal, Jesus Cristo, já foi imolado. Celebremos, assim, esta festa na sinceridade e verdade (1Cor 5,7s).

EVANGELHO (João 20,1-9)

20 1 No primeiro dia que se seguia ao sábado, Maria Madalena foi ao sepulcro, de manhã cedo, quando ainda estava escuro. Viu a pedra removida do sepulcro. 
2 Correu e foi dizer a Simão Pedro e ao outro discípulo a quem Jesus amava: "Tiraram o Senhor do sepulcro, e não sabemos onde o puseram!" 
3 Saiu então Pedro com aquele outro discípulo, e foram ao sepulcro. 
4 Corriam juntos, mas aquele outro discípulo correu mais depressa do que Pedro e chegou primeiro ao sepulcro. 
5 Inclinou-se e viu ali os panos no chão, mas não entrou. 
6 Chegou Simão Pedro que o seguia, entrou no sepulcro e viu os panos postos no chão. 
7 Viu também o sudário que estivera sobre a cabeça de Jesus. Não estava, porém, com os panos, mas enrolado num lugar à parte. 
8 Então entrou também o discípulo que havia chegado primeiro ao sepulcro. Viu e creu. 
9 Em verdade, ainda não haviam entendido a Escritura, segundo a qual Jesus devia ressuscitar dentre os mortos. 
FORMAÇÃO LITÚRGICA
O hino do Glória
O Hino do Glória tem sua inspiração na noite de Natal, quando os anjos cantam ao Pai lembrando da presença de Jesus Cristo, o Verbo que assume a condição humana. A inspiração é bíblica, mas não foi copiado diretamente da Sagrada Escritura. Teve uma elaboração teológica ao longo dos primeiros séculos cristãos. O Glória é um hino antiqüíssimo e venerável, pelo qual a Igreja, congregada no Espírito Santo, glorifica e suplica a Deus Pai e ao Cordeiro. O texto deste hino não pode ser substituído por outro. Entoado pelo presidente da celebração ou, se for o caso, pelo cantor ou grupo de cantores, é cantado por toda assembleia, ou pelo povo que o alterna com o grupo de cantores, ou pelo próprio grupo de cantores. Se não for cantado, deve ser recitado por todos juntos ou por dois coros dialogando entre si. É cantado ou recitado aos domingos, exceto no tempo do Advento e da Quaresma, nas solenidades e festas e ainda em celebrações mais solenes
TEXTOS BÍBLICOS PARA A SEMANA:

2ª Br - At 2,14.22-32; Sl 15; Mt 28,8-15
3ª Br - At 2,36-41; Sl 32; Jo 20,11-18
4ª Br - At 3,1-10; Sl 104; Lc 24,13-35 
5ª Br - At 3,11-26; Sl8; Lc 24,35-48
6ª Br - At 4,1-12; Sl 117; Jo 21,1-14
Sb Br - At 4, 13-21; Sl 117; Mc 16,9-15

COMENTÁRIOS DO EVANGELHO
1. "O SENTIDO VERDADEIRO DA PÁSCOA"
(O comentário do Evangelho abaixo é feito pelo Diácono José da Cruz )
A palavra Páscoa tem sua origem no hebraico “Pascha” que significa passagem, e no Judaísmo está contextualizada no fato histórico ocorrido em 1250 A.C que foi a libertação do povo hebreu da escravidão do Egito. A narrativa encontra-se no livro do Êxodo, que pertence ao Pentatêutico, conjunto dos cinco primeiros livros da Sagrada Escritura, cuja autoria é atribuída a Moisés.
O ritual da páscoa judaica segue as determinações dadas pelo próprio Deus ao Sacerdote Aarão conforme Êxodo 12, 1-8.11-14 e o fato histórico, com esse caráter religioso, tornou-se para o Povo um memorial da noite em que Deus os libertou da escravidão do Egito, através de Moisés, derrotando o império do Faraó.Anteriormente a páscoa era uma Festa dos Pastores, que comemoravam a passagem do inverno para a primavera quando por ocasião do degelo, e surgindo a primeira vegetação à luz do sol, os animais deixavam suas tocas, sendo essa a origem do Coelhinho da Páscoa e do ovo, que ao ter a sua casca quebrada deixa romper a vida que há dentro dele.
A libertação do Povo da escravidão do Egito é o acontecimento mais importante na tradição religiosa de Israel que o tornou um memorial celebrado no ritual judaico, preceito estabelecido pelo próprio Deus, muito rico em sua simbologia. Trata-se de uma refeição feita em pé, com os rins cingidos, sandálias nos pés e o cajado na mão, como quem está de partida “comereis as pressas, pois é Páscoa do Senhor”. O sangue do Cordeiro imolado irá marcar o batente das portas dos que iriam ser salvos do anjo exterminador, e as ervas amargas lembram a escravidão e o sofrimento que o povo passou.
Jesus de Nazaré, filho de Maria e de José, tendo passado pelo rito iniciático do Judaísmo, frequentava o templo e a sinagoga, como qualquer judeu fervoroso. Não era sua intenção fundar uma nova religião, mas sim resgatar a essência na relação dos homens para com Deus, que o judaísmo havia perdido por causa do rigorismo do seu preceito e dos seus ritos purificatórios. O fenômeno do messianismo era muito comum naquele tempo, como hoje quando surgem a cada dia novos pregadores em cada esquina, mas somente Jesus é o verdadeiro e único messias, aquele que fora anunciado pelos profetas, o Ungido de Deus, descendente da estirpe de Davi, o grande Rei, porém, na medida em que Jesus vai manifestando quem ele é, e o seu modo de viver, convivendo com os pecadores impuros, curando em dia de Sábado e fazendo um ensinamento novo que estabelecia novas relações com Deus e com o próximo.
Tudo isso foi gerando um descontentamento nas lideranças religiosas que de repente começaram a vê-lo como uma séria ameaça a estrutura religiosa existente, e a expulsão dos vendedores e cambistas do templo foi a gota d’água que faltava para à sua condenação, sendo dois os motivos que o levaram à morte: o primeiro de caráter religioso, pois ele se dizia Filho de Deus e isso constituía-se uma blasfêmia diante do judaísmo, o segundo de caráter político, Jesus veio para ser Rei dos Judeus, representando uma ameaça ao augusto Cezar Soberano do império Romano.
O Povo esperava um Messias Libertador político para restaurar a realeza em Israel, que se encontrava sob a dominação dos romanos. É essa a moldura histórica dos fatos que marcaram a vida de Jesus, nos seus três anos de vida pública, desde que deixara a casa de seus pais em Nazaré e dera início as suas pregações tendo formado o Grupo dos discípulos.Logo após sua morte e ressurreição, nas primeiras comunidades apostólicas (dirigidas pelos apóstolos) se perguntava por que Jesus havia morrido? Nas reuniões que ocorriam aos domingos, porque Jesus havia ressuscitado na madrugada de um Domingo, os apóstolos faziam a Fração do Pão, recordando tudo o que Jesus fez e ensinou, concentrando suas pregações na morte e ressurreição. E assim começou-se a se fazer as primeiras anotações sobre Jesus e mais tarde, entre os anos 60 e 70, surgiram os evangelhos que revelavam, não só porque Jesus havia morrido, mas também como e onde havia nascido e de como vivera a sua vida fazendo o bem, anunciando um reino novo sempre na fidelidade e obediência ao Pai e no amor aos seus irmãos.
A Ressurreição de Jesus é um fato apenas compreensível e aceitável à luz da Fé, que é um dom de Deus concedido aos homens, pois o momento da ressurreição não foi presenciado por ninguém e o que as mulheres viram, segundo o relato dos evangelhos sinópticos, foram os “sinais” da ressurreição: túmulo vazio, os panos dobrados e colocados de lado, e ainda um personagem que dialoga com Madalena, confundido por ela com um jardineiro, que anuncia que Jesus de Nazaré não estava mais entre os mortos porque havia ressuscitado.As mulheres tornaram-se desta forma as primeiras anunciadoras da ressurreição aos apóstolos. Outra evidência foram as aparições de Jesus Ressuscitado aos seus discípulos, reunidos em comunidade conforme relato do livro do Ato dos Apóstolos. Não se tratam de aparições sensacionalistas para causar impacto e evidenciar a vitória de Jesus sobre os que conspiraram a sua morte, mas sim de um Deus vivo e solidário com os que nele crêem, para encorajar a comunidade dos apóstolos, que tiveram a princípio muita dificuldade para vencer o medo e descrença, que se abateu sobre eles com a morte de Jesus.
A Ressurreição de Cristo está no centro da Fé cristã, que é, segundo o pensamento Paulino, a garantia de nossa ressurreição, que não pode e nem deve ser compreendida como uma simples volta a esta vida porque se trata de uma realidade sobrenatural entendida e aceita pela Fé, e não de um fato científico. O Cristo Ressurrecto apresenta um corpo glorioso! É este o destino feliz dos que creem e vivem essa esperança que brota da Fé, pois a Vida venceu a morte!
Celebrar a Páscoa é celebrar esta Vida Nova de toda a humanidade, que irrompeu da escuridão do túmulo com o homem Jesus de Nazaré. É a passagem do pecado para a graça de Deus, das trevas para a luz, da Morte para a Vida, porque o espírito Paráclito que Cristo deu à sua igreja no dia de Pentecostes, tudo renova e permite que, caminhando na Fé, já desfrutemos, ainda que de maneira imperfeita, dessa comunhão íntima com Deus, no Cristo glorioso que nos acompanha nessa jornada terrestre, e que nos acolherá um dia na plenitude da Vida Eterna.
Uma feliz Páscoa a todos!

2. A nova criação
(O comentário do Evangelho abaixo é feito por José Raimundo Oliva )
Com grande liberdade, o evangelista João reinterpreta as tradições das comunidades que o antecederam, dando maior realce à dimensão universal da missão de Jesus, com uma abordagem diferenciada das tradições judaicas. João ousa ultrapassar as próprias fronteiras das categorias do Antigo Testamento. Daí o caráter simbólico com que ele aborda as narrativas daquelas tradições, às quais recorrem, com frequência, os evangelhos sinóticos, principalmente Mateus e Lucas.
"No primeiro dia da semana, bem de madrugada, quando ainda estava escuro" (detalhe exclusivo de João) sugere as trevas do primeiro dia da criação. Agora se trata do primeiro dia da nova criação. Ainda está escuro. Jesus, morto na cruz, foi sepultado e ainda pairam a incompreensão e perplexidade sobre os discípulos. Maria havia ungido os pés de Jesus, sete dias antes, no jantar em sua casa, em Betânia, com um gesto amoroso e acolhedor, em um ambiente de alegria. Agora vai ao túmulo, sem nada levar, para, perto do corpo de Jesus, reavivar sua memória. É um carinhoso e saudoso culto ao morto. Porém, encontra o túmulo vazio! Ela não percebe o sinal: com Jesus não se trata de prestar culto a um morto em seu túmulo. Acha que tiraram o corpo e corre a avisar Pedro e o discípulo que Jesus mais amava. Ambos correm ao túmulo e este discípulo chega primeiro. Destacando a deferência e a precedência a Pedro, o discípulo aguarda que ele entre primeiro. O discípulo que Jesus mais amava, entrando no túmulo e observando as faixas de linho e o pano enrolado em um lugar à parte, crê: Jesus está vivo! Crê porque tem, agora, a certeza da presença de Jesus que em sua vida manifestou a vida em abundância. Agora percebe que Jesus é e comunica a vida eterna.
O núcleo desta narrativa do evangelho de João é que "o discípulo que Jesus mais amava", diante do túmulo vazio de Jesus, acreditou. Para ele não são necessárias as aparições. Ele acreditou que Jesus, com o qual convivera, sempre vivera em comunhão de amor com o Pai, participando de sua vida divina e eterna. A dimensão da temporalidade cede lugar à eternidade na comunhão de amor com Deus. O discípulo crê que Jesus está vivo e presente entre eles.
É este o anúncio (kerigma) de Pedro (primeira leitura), na reunião dos apóstolos em Jerusalém ("Concílio de Jerusalém"). Ele testemunha que, em Jesus de Nazaré, temos a revelação de que Deus é Deus de todos, sem privilégios ou discriminações de pessoas ou raças. Jesus veio a todos libertar e comunicar vida plena. Por esta sua prática, os chefes religiosos do Templo, em Jerusalém, o mataram. A cruz de Jesus é uma denúncia desta prática dos poderosos. Porém, Jesus permanece vivo em comunhão com o Pai, e a esta comunhão de vida eterna todos somos convidados, no seguimento de Jesus, buscando "as coisas do alto" (segunda leitura), na prática do amor.
Oração
Pai, desperta no meu coração uma fé verdadeira em Cristo ressuscitado, presente e vivo em nosso meio, vencedor da morte e do pecado.
3. A RESSURREIÇÃO DE JESUS
(O comentário do Evangelho abaixo é feito pelo Pe. Jaldemir Vitório ).
Nas tradições das primeiras comunidades circulavam dois tipos de textos sobre a ressurreição: uns relativos à constatação do túmulo vazio e outros relacionados às aparições do ressuscitado. Em Marcos encontramos apenas a tradição do túmulo vazio (as aparições [16,9-20] são acréscimos tardios). Os demais evangelistas combinam-se ao coletar textos extraídos das duas tradições.
No texto de hoje, do Evangelho de João, temos a narrativa do encontro do túmulo vazio. Em continuação, o Evangelho apresentará as narrativas de aparições (cf. 14 abr., 19 abr.). A tradição do túmulo vazio suscita a fé no ressuscitado sem vê-lo. Maria Madalena chega ao túmulo. Vê a pedra que o fechava removida e acha que roubaram o corpo. Ela o comunica a Pedro e ao discípulo que Jesus amava (talvez João). Este discípulo é mais ágil do que Pedro ao dirigir-se ao túmulo; porém, em consideração a ele, deixa que entre primeiro.
O pano que tinha coberto a cabeça de Jesus estava enrolado num lugar à parte. O discípulo que Jesus amava viu e creu na presença viva de Jesus. Até então não tinham compreendido que ele ressuscitaria. Contudo, os sinais do túmulo vazio são suficientes para o discípulo amado crer que Jesus continuava vivo. Em Atos, Lucas narra o anúncio de Pedro (primeira leitura): a partir do batismo de João, iniciou-se o ministério libertador de Jesus, por toda parte, até sua morte na cruz. Porém, ressuscitado, continua presente entre os discípulos. É o mesmo Jesus de Nazaré, Filho de Deus encarnado, que a todos comunicou eternidade e vida divina.
As primeiras comunidades tinham consciência de que, pelo batismo, já viviam como ressuscitadas, isto é, em união com Jesus em sua eternidade e divindade (cf. segunda leitura; tb. Rm 6,1-4). Comprometer-se, hoje, com o projeto vivificante de Jesus, na justiça, no amor, na partilha, é viver a ressurreição, em comunhão com o Deus eterno.
Liturgia da Segunda Feira 

Antífona da entrada: O Senhor vos introduziu na terra onde correm leite e mel; que sua lei esteja sempre em vossos lábios! (Ex 13,5.9)

Leitura (Atos 2,14.22-32)
Leitura dos Atos dos Apóstolos.
2 14 Pedro então, pondo-se de pé em companhia dos Onze, com voz forte lhes disse: "Homens da Judéia e vós todos que habitais em Jerusalém: seja-vos isto conhecido e prestai atenção às minhas palavras. 
15 Estes homens não estão embriagados, como vós pensais, visto não ser ainda a hora terceira do dia. 
16 Mas cumpre-se o que foi dito pelo profeta Joel: 
17 'Acontecerá nos últimos dias' - é Deus quem fala -, 'que derramarei do meu Espírito sobre todo ser vivo: profetizarão os vossos filhos e as vossas filhas. Os vossos jovens terão visões, e os vossos anciãos sonharão. 
18 Sobre os meus servos e sobre as minhas servas derramarei naqueles dias do meu Espírito e profetizarão. 
19 Farei aparecer prodígios em cima, no céu, e milagres embaixo, na terra: sangue fogo e vapor de fumaça. 
20 O sol se converterá em trevas e a lua em sangue, antes que venha o grande e glorioso dia do Senhor. 
21 E então todo o que invocar o nome do Senhor será salvo'. 
22 Israelitas, ouvi estas palavras: Jesus de Nazaré, homem de quem Deus tem dado testemunho diante de vós com milagres, prodígios e sinais que Deus por ele realizou no meio de vós como vós mesmos o sabeis. 
32 A este Jesus, Deus o ressuscitou: do que todos nós somos testemunhas". 

Salmo responsorial 15/16
Guardai-me, ó Deus, porque em vós me refugio!
Guardai-me, ó Deus, porque em vós me refugio! 
Digo ao Senhor: somente vós sois meu Senhor. 
Ó Senhor, sois minha herança e minha taça, 
meu destino está seguro em vossas mãos!
Eu bendigo o Senhor, que me aconselha 
e até de noite me adverte o coração. 
Tenho sempre o Senhor ante meus olhos, 
pois, se o tenho a meu lado, não vacilo.
Eis por que meu coração está em festa, 
minha alma rejubila de alegria 
e até meu corpo no repouso está tranquilo; 
pois não haveis de me deixar entregue à morte 
nem vosso amigo conhecer a corrupção.
Vós me ensinais vosso caminho para a vida; 
junto a vós, felicidade sem limites, 
delícia eterna e alegria ao vosso lado!
Aclamação do Evangelho
Aleluia, aleluia, aleluia. 
Este é o dia que o Senhor fez para nós, alegremo-nos e nele exultemos (Sl 117,24).

Evangelho (Mateus 28,8-15)

Naquele tempo, 28 8 as mulheres se afastaram prontamente do túmulo com certo receio, mas ao mesmo tempo com alegria, e correram a dar a boa nova aos discípulos. 
9 Nesse momento, Jesus apresentou-se diante delas e disse-lhes: "Salve!" Aproximaram-se elas e, prostradas diante dele, beijaram-lhe os pés. 
10 Disse-lhes Jesus: "Não temais! Ide dizer aos meus irmãos que se dirijam à Galiléia, pois é lá que eles me verão". 
11 Enquanto elas voltavam, alguns homens da guarda já estavam na cidade para anunciar o acontecimento aos príncipes dos sacerdotes. 
12 Reuniram-se estes em conselho com os anciãos. Deram aos soldados uma importante soma de dinheiro, ordenando-lhes: 
13 "Vós direis que seus discípulos vieram retirá-lo à noite, enquanto dormíeis. 
14 Se o governador vier a sabê-lo, nós o acalmaremos e vos tiraremos de dificuldades". 
15 Os soldados receberam o dinheiro e seguiram suas instruções. E esta versão é ainda hoje espalhada entre os judeus. 
COMENTÁRIOS DO EVANGELHO
1. "As primeiras Testemunhas..."
As mulheres são as primeiras testemunhas do fato que veio a se tornar o centro de toda Fé Cristã: a Ressurreição do Senhor! Consideradas, graças a um certo machismo, como sexo frágil, e ainda hoje tentando fazer delas um mero objeto, na Santa Igreja a mulher ocupa um papel de destaque.
Basta ver que tudo começou com elas, primeiro Maria de Nazaré, de cujo SIM ao Projeto Divino, permitiu vir até nós o Salvador do Mundo, sempre discreta, sem pretensão de ocupar cargos importantes na comunidade primitiva, Maria é modelo da primeira cristã e primeira discípula de Jesus.
Na celebração pascal, quando vai acontecer a nova criação a partir da ressurreição do Senhor, quem está lá á frente de todos, para ver e experimentar os primeiros momentos dessa nova humanidade ressurgida da Graça de Deus: elas, as mulheres novamente. Viram o túmulo vazio, sinal de que o Senhor havia irrompido das profundezas da morte, ouviram a catequese do anjo e compreenderam..., diz o texto, com certo medo mas também cheias de alegria elas se afastaram do túmulo, deixando para trás a morte para assumirem a Vida nova que dali irrompera na Gloria de Deus.
Toda essa abertura á Revelação Divina permitiu-lhes experimentar o Cristo Vivo, a quem reconhecem como Deus e se prostram a seus pés para adorá-lo. Jesus as encoraja e as envia em missão, são as primeiras missionárias da nossa Igreja e vão fazer o feliz anúncio ao restante da comunidade, os discípulos de Jesus entre eles Pedro, o Chefe da Igreja recém nascida.
Se quiserem fazer essa experiência podem conferir, em nossa Igreja, nas pastorais e movimentos, as mulheres são a maioria esmagadora, pois Deus sabia que poderia contar com elas, mesmo com toda fragilidade, são sensíveis e sempre abertas á Boa Nova do Evangelho!
Os guardas, tanto como as mulheres também viram o túmulo vazio, mas descrentes na Boa Nova e fechados para a possibilidade da Graça de Deus, também partem até a cidade, para anunciarem aos poderosos da Religião Oficial. Quando a gente não se permite fazer a experiência de Jesus em nossa Vida, quando nos recusamos a crer e a se abrir á revelação que acontece em Jesus Ressuscitado, começamos a viver á nossa vida a partir de uma mentira. Foi o que fizeram os Judeus, que deram propina aos guardas do sepulcro para que eles espalhassem a notícia de que os discípulos haviam roubado o corpo de Jesus.
Louvemos a Deus por nossas mulheres que se doam, corajosas, intrépidas, cheias de ternura e que enfeitam com a sua feminilidade ás nossas comunidades. E aos que veem no Cristianismo apenas uma Mentira, clamemos para que a misericórdia do Pai os alcance e os envolva. Amém
2. A Boa-Notícia da ressurreição
Maria Madalena e a outra Maria tinham ido ver o sepulcro. Um anjo anuncia-lhes que Jesus ressuscitou. As mulheres correm para dar notícias aos discípulos. Nisso, o próprio Jesus vem ao seu encontro e saúda-as: "Alegrai-vos" (khairete). É a mesma saudação do anjo a Maria na anunciação, em Lucas. Agora é de Jesus às mulheres. A novidade é a ressurreição. Elas são incumbidas de levar o anúncio aos discípulos. Os discípulos são chamados de "meus irmãos" pelo Ressuscitado. Eles devem ir à Galileia para a retomada da missão.
Enquanto as mulheres vão levando a Boa-Notícia, alguns guardas vão informar os sumos sacerdotes. Com um álibi ridículo e incoerente, o Sinédrio suborna os guardas para dizer que estavam dormindo quando os discípulos roubaram o corpo de Jesus.
Oração
Pai, faze-me compreender que a ressurreição de Jesus é obra do teu amor por ele e por toda a humanidade.
3. JESUS APARECE PARA AS MULHERES
Maria Madalena e a outra Maria, tomadas de afeição e tristeza, ao visitarem o túmulo de Jesus, o encontram vazio, e um anjo anuncia a sua ressurreição. A seguir, o próprio Jesus vai ao encontro delas e as exorta à alegria. Na encarnação, o anjo exortara Maria: "Alegra-te...". Agora, é a exortação do próprio Jesus às mulheres, pela ressurreição. A ressurreição é a confirmação do dom da vida eterna e divina concedida por Deus às suas criaturas, mulheres e homens. Jesus, então, chama os discípulos de irmãos. Reitera o envio para a Galiléia, já antecipado pelo anjo. Lá será dada continuidade à missão. A narrativa do suborno dos guardas, com certa ironia, destaca como a cúpula do poder mente e usa o dinheiro para corromper, na tentativa de ocultar a verdade que ameaça.
Liturgia da Terça-Feira 

Antífona da entrada: Deu-lhes a água da sabedoria, tornou-se a sua força, e não vacilam; vai exaltá-los para sempre, aleluia! (Eclo 15,3s)
Oração do dia

Leitura (Atos 2,36-41)
Leitura dos Atos Apóstolos.
2 36 "Que toda a casa de Israel saiba, portanto, com a maior certeza de que este Jesus, que vós crucificastes, Deus o constituiu Senhor e Cristo". 
37 Ao ouvirem essas coisas, ficaram compungidos no íntimo do coração e indagaram de Pedro e dos demais apóstolos: "Que devemos fazer, irmãos?" 
38 Pedro lhes respondeu: "Arrependei-vos e cada um de vós seja batizado em nome de Jesus Cristo para remissão dos vossos pecados, e recebereis o dom do Espírito Santo. 
39 Pois a promessa é para vós, para vossos filhos e para todos os que ouvirem de longe o apelo do Senhor, nosso Deus". 
40 Ainda com muitas outras palavras exortava-os, dizendo: "Salvai-vos do meio dessa geração perversa!" 
4l Os que receberam a sua palavra foram batizados. E naquele dia elevou-se a mais ou menos três mil o número dos adeptos. 

Salmo responsorial 32/33
Transborda em toda a terra a bondade do Senhor.
Reta é a palavra do Senhor, 
e tudo o que ele faz merece fé. 
Deus ama o direito e a justiça, 
transborda em toda a terra a sua graça.
Mas o Senhor pousa o olhar sobre os que o temem 
e que confiam, esperando em seu amor, 
pra da morte libertar as suas vidas 
e alimentá-los quando é tempo de penúria.
No Senhor nós esperamos confiantes, 
porque ele é nosso auxílio e proteção! 
Sobre nós venha, Senhor, a vossa graça, 
da mesma forma que em vós nós esperamos!
Aclamação do Evangelho
Aleluia, aleluia, aleluia. 
Este é o dia que o Senhor fez para nós, alegremo-nos e nele exultemos! (Sl 117,24)

Evangelho (João 20,11-18)

Naquele tempo, 20 11 entretanto, Maria se conservava do lado de fora perto do sepulcro e chorava. Chorando, inclinou-se para olhar dentro do sepulcro. 
12 Viu dois anjos vestidos de branco, sentados onde estivera o corpo de Jesus, um à cabeceira e outro aos pés. 
13 Eles lhe perguntaram: "Mulher, por que choras?" Ela respondeu: "Porque levaram o meu Senhor, e não sei onde o puseram". 
14 Ditas estas palavras, voltou-se para trás e viu Jesus em pé, mas não o reconheceu. 
15 Perguntou-lhe Jesus: "Mulher, por que choras? Quem procuras?" Supondo ela que fosse o jardineiro, respondeu: "Senhor, se tu o tiraste, dize-me onde o puseste e eu o irei buscar". 
16 Disse-lhe Jesus: "Maria!" Voltando-se ela, exclamou em hebraico: "Rabôni!" (que quer dizer Mestre). 
17 Disse-lhe Jesus: "Não me retenhas, porque ainda não subi a meu Pai, mas vai a meus irmãos e dize-lhes: Subo para meu Pai e vosso Pai, meu Deus e vosso Deus". 
18 Maria Madalena correu para anunciar aos discípulos que ela tinha visto o Senhor e contou o que ele lhe tinha falado. 
COMENTÁRIOS DO EVANGELHO
1. "Jesus presente de um modo novo..."
Nós cremos e pregamos que Jesus Ressuscitado vai á frente das nossas comunidades, muitos talvez pensem: "Mas então porque tem vez que as coisas na comunidade não dão certo". Se Jesus nos conduz e está realmente presente nas comunidades, não pode haver problemas e dificuldades a serem enfrentadas. E por último, se ele está presente, nada mais há para ser feito, ele está com as comunidades, vitorioso, deu tudo certo afinal e agora é só curtir a sua presença entre nós...
Nossas comunidades, igualzinho as daquele tempo, têm dificuldades para entender e perceber a presença de Jesus em seu meio, não é a presença do Jesus Histórico, que pode ser visto, tocado, apalpado, mas agora em seu estado glorioso marca a sua presença exatamente nas ações da comunidade, que quanto mais evangelizadora e libertadora, terá uma autenticidade incontestável. Entretanto nesta nova forma de se fazer presente, os sentidos são substituídos pela Fé e por isso, aqueles primeiros momentos da experiência de Maria Madalena mostra-nos na verdade os primeiros tempos da comunidade primitiva e as primeiras profissões de Fé, um pouco tímidas é verdade, na pessoa do Resuscitado e a sua ação na comunidade.
Primeiro aquela impressão de que Jesus não está na comunidade "levaram o corpo do meu Senhor e não sei onde o puseram..." Jesus morto está em lugar incerto e não sabido. Deve estar no céu nos esperando, está por aí, mas parece não dar atenção aos nossos desafios e lutas na comunidade, parece alguém indiferente, continua morto e ausente.
Um dia percebemos que Jesus está presente, o vimos nos símbolos litúrgicos, nas orações e leituras, nos gestos, mas ainda parece um mito distante, porque não se comunica conosco. Até que um dia, fazemos com ele uma profunda experiência e descobrimos que Jesus tem conosco uma relação pessoal, nos conhece profundamente, nos chama pelo nome, se revela claramente  em nossas vida, então na oração  dialogamos com Ele como Maria, que o chamou de Mestre como fazia antes de sua morte, para Maria tudo voltou a ser como antes, tudo se retoma e se inicia, agora de um jeito novo... Essa experiência com Cristo é um processo dinâmico e vital para nós, pois é a Fé nesse Deus Vivo e Caminheiro, que dá sentido a tudo que somos e fazemos, sem passar por esse processo jamais encontraremos respostas que buscamos para o sentido do nosso Viver...
E nesse jeito novo de se perceber a presença de Jesus á luz da nossa Fé, como Madalena somos também enviados, pois o discipulado culmina na missão, e o centro do anúncio é Jesus Cristo, Aquele que nos deu a filiação Divina, subo para meu Pai e Vosso Pai, Meu Deus e Vosso Deus. Eis a grande novidade, renovados em Cristo, remidos por ele, salvos pela sua paixão e morte, nos tornamos novas criaturas.
2. O túmulo vazio
Maria, Pedro e o outro discípulo haviam constatado o túmulo vazio. Apenas o discípulo que Jesus amava acreditou. Maria permanece perto do túmulo, chorando. Ainda busca o Senhor morto. O próprio Jesus não é reconhecido. É sua voz, pronunciando o nome dela, que o identifica. É o pastor que chama as ovelhas pelo nome. O Ressuscitado é a confirmação do Filho eterno que, na sua visibilidade, volta para junto do Pai. Contudo, permanece realmente em nossas comunidades, com o qual comungamos na fé e na fraternidade. Na comunidade unida, ele é nosso irmão, Filho de nosso Pai e nosso Deus.
Oração
Pai, ensina-me a ter um relacionamento conveniente com o Ressuscitado, reconhecendo que ele quer fazer de mim uma testemunha da ressurreição.
3. COMUNICANDO A VIDA ETERNA E DIVINA
No Evangelho de João percebe-se, com clareza, a justaposição das duas tradições da ressurreição: a tradição do túmulo vazio e a tradição das aparições, no texto de hoje. O discípulo que Jesus amava, ao encontrar o túmulo vazio, acredita na ressurreição. Porém, agora, Maria permanece junto ao túmulo chorando. A ausência do corpo de Jesus provoca tristeza. Mas, com seu amor divino, Jesus está presente na vida de Maria. Ele a chama pelo nome. Ela, então, passa do simples "enxergar" para o "ver", e compreende a trajetória divina de Jesus: veio de junto do Pai e agora volta para o Pai, comunicando-nos a vida eterna e divina. "Se alguém me ama, guardará minha palavra e o meu Pai o amará, e a ele viremos e nele estabeleceremos morada.
Liturgia da Quarta-Feira 

Antífona da entrada: Vinde, benditos de meu Pai: tomai posse do reino preparado para vós desde o princípio do mundo, aleluia! (Mt 25,34)

Leitura (Atos 3,1-10)
Leitura dos Atos dos Apóstolos.
Naqueles dias, 3 1 Pedro e João iam subindo ao templo para rezar à hora nona. 
2 Nisto levavam um homem que era coxo de nascença e que punham todos os dias à porta do templo, chamada Formosa, para que pedisse esmolas aos que entravam no templo. 
3 Quando ele viu que Pedro e João iam entrando no templo, implorou a eles uma esmola. 
4 Pedro fitou nele os olhos, como também João, e disse:" Olha para nós". 
5 Ele os olhou com atenção esperando receber deles alguma coisa. 
6 Pedro, porém, disse: "Não tenho nem ouro nem prata, mas o que tenho eu te dou: em nome de Jesus Cristo Nazareno, levanta-te e anda!" 
7 E tomando-o pela mão direita, levantou-o. Imediatamente os pés e os tornozelos se lhe firmaram. De um salto pôs-se de pé e andava. 
8 Entrou com eles no templo, caminhando, saltando e louvando a Deus. 
9 Todo o povo o viu andar e louvar a Deus. 
10 Reconheceram ser o mesmo coxo que se sentava para mendigar à porta Formosa do templo, e encheram-se de espanto e pasmo pelo que lhe tinha acontecido. 

Salmo responsorial 104/105
Exulte o coração dos que buscam o Senhor.
Dai graças ao Senhor, gritai seu nome, 
anunciai entre as nações seus grandes feitos! 
Cantai, entoai salmos para ele, 
publicai todas as suas maravilhas!
Gloriai-vos em seu nome que é santo, 
exulte o coração que busca a Deus! 
Procurai o Senhor Deus e seu poder, 
buscai constantemente a sua face!
Descendentes de Abraão, seu servidor, 
e filhos de Jacó, seu escolhido, 
ele mesmo, o Senhor, é nosso Deus, 
vigoram suas leis em toda a terra.
Ele sempre se recorda da aliança, 
promulgada a incontáveis gerações; 
da aliança que ele fez com Abraão 
e do seu santo juramento a Isaac.
Aclamação do Evangelho
Aleluia, aleluia, aleluia. 
Este é o dia que o Senhor fez para nós, alegremo-nos e nele exultemos! (Sl 117,24)

Evangelho (Lucas 24,13-35)

24 13 Nesse mesmo dia, dois discípulos caminhavam para uma aldeia chamada Emaús, distante de Jerusalém sessenta estádios. 
14 Iam falando um com o outro de tudo o que se tinha passado. 
15 Enquanto iam conversando e discorrendo entre si, o mesmo Jesus aproximou-se deles e caminhava com eles. 
16 Mas os olhos estavam-lhes como que vendados e não o reconheceram. 
17 Perguntou-lhes, então: "De que estais falando pelo caminho, e por que estais tristes?" 
18 Um deles, chamado Cléofas, respondeu-lhe: "És tu acaso o único forasteiro em Jerusalém que não sabe o que nela aconteceu estes dias?" 
19 Perguntou-lhes ele: "Que foi?" Disseram: "A respeito de Jesus de Nazaré. Era um profeta poderoso em obras e palavras, diante de Deus e de todo o povo. 
20 Os nossos sumos sacerdotes e os nossos magistrados o entregaram para ser condenado à morte e o crucificaram. 
21 Nós esperávamos que fosse ele quem havia de restaurar Israel e agora, além de tudo isto, é hoje o terceiro dia que essas coisas sucederam. 
22 É verdade que algumas mulheres dentre nós nos alarmaram. Elas foram ao sepulcro, antes do nascer do sol; 
23 e não tendo achado o seu corpo, voltaram, dizendo que tiveram uma visão de anjos, os quais asseguravam que está vivo. 
24 Alguns dos nossos foram ao sepulcro e acharam assim como as mulheres tinham dito, mas a ele mesmo não viram". 
25 Jesus lhes disse: "Ó gente sem inteligência! Como sois tardos de coração para crerdes em tudo o que anunciaram os profetas! 
26 Porventura não era necessário que Cristo sofresse essas coisas e assim entrasse na sua glória?" 
27 E começando por Moisés, percorrendo todos os profetas, explicava-lhes o que dele se achava dito em todas as Escrituras. 
28 Aproximaram-se da aldeia para onde iam e ele fez como se quisesse passar adiante. 
29 Mas eles forçaram-no a parar: "Fica conosco, já é tarde e já declina o dia". Entrou então com eles. 
30 Aconteceu que, estando sentado conjuntamente à mesa, ele tomou o pão, abençoou-o, partiu-o e serviu-lho. 
31 Então se lhes abriram os olhos e o reconheceram mas ele desapareceu. 
32 Diziam então um para o outro: "Não se nos abrasava o coração, quando ele nos falava pelo caminho e nos explicava as Escrituras?" 
33 Levantaram-se na mesma hora e voltaram a Jerusalém. Aí acharam reunidos os Onze e os que com eles estavam.
34 Todos diziam: "O Senhor ressuscitou verdadeiramente e apareceu a Simão". 
35 Eles, por sua parte, contaram o que lhes havia acontecido no caminho e como o tinham reconhecido ao partir o pão. 

COMENTÁRIOS DO EVANGELHO
1. "Jesus, a presença contagiante..."
O evangelho da Oitava da Páscoa vem mostrando de maneira mais clara e objetiva essa presença de Jesus Vivo em nossas comunidades e como ela motiva e influencia diretamente a ação pastoral da Igreja, sempre direcionando-a para o anúncio e o testemunho. O caminho de Emaús mostra, em um primeiro momento, que rumo tomou a comunidade, marcada pela decepção, frustração, e um profundo desânimo. O que faremos sem Jesus?
O sonho do Novo Reino havia se acabado, o que era Eterno, Imortal e Poderoso, havia sido submetido a uma morte infame, humilhante e vergonhosa. Não há nada mais a fazer a não ser voltar para casa e ficar a espera de um Novo Messias, guardar aquele sonho bom, e a esperança que ele havia despertado no coração dos discípulos.
Mas um estranho se junta a eles nessa estrada de Emaús, que não leva a lugar nenhum, o estranho logo manifesta aquilo que os dois discípulos desanimados transmitem: desânimo e tristeza. Nada pior do que quando em nossas comunidades instala-se o desânimo e a tristeza, diante de projetos pastorais que fracassam, diante de eclesiologias que não se harmonizam com a Vida Paroquial, diante da falta de comunhão, pastores que não pastoreiam, evangelizadores que não evangelizam, profetas que calam a boca....ah que quadro desolador!
Deixamos que esses fracassos humanos ofusquem a presença da Vida Plena, Jesus, sua Graça Operante e Santificante, seu ato Salvífico, que nos redime e nos revigora, olhamos a instituição e não sentimos o seu Coração bater, uma Igreja sem alma e sem dinamismo, nossos olhos velados pelo desânimo e tristeza, anda com o Senhor, dialoga com Ele nessa caminhada, mas não o percebe.
Ora, de onde vem tanto desânimo senão de uma má compreensão da Palavra Libertadora? A Palavra é viva e eficaz e até a celebramos, mas não permitimos que a Palavra se torne ação concreta em nossa vida pessoal e na vida em comunidade. Teorizamos a Palavra, nos encantamos com ela, a achamos belíssima, mas não identificamos a sua Fonte que é o Senhor, há quem confunda a Santa Palavra com alguma ideologia..., nascida da carne e não do Espírito.
O Verbo Encarnado faz ferver o coração dos discípulos que finalmente se abrem para ouvi-la, o quadro não havia mudado, o enredo ainda trazia a tristeza, mas agora algo mudou no coração dos dois companheiros e irmãos de caminhada: descobriram que não estavam mais sozinhos, que Jesus caminhava com eles. A Palavra proclamada pelo próprio Senhor, aponta para s sua presença real no partir do pão.
Palavra e Eucaristia, a porta que se abre no mistério da Fé, para mostrar e revelar a presença real de Jesus que caminha com a sua Igreja desde á sua origem até o presente e assim será até o final dos tempos. Ter Fé é saber enxergar nas ações da Comunidade o AGIR de Jesus, manifestado nas ações e pensamentos humanos, que chegarão um dia à sua plenitude, percorrendo os mesmos caminhos de Jesus de Nazaré, que não excluem o fracasso e a derrota, mas que olhar da Fé consegue descortinar o novo Horizonte para onde caminha e há de chegar todos os que creem...
Os discípulos compreenderam que tudo isso estava ali diante deles, como uma feliz possibilidade, e por isso voltaram correndo para a Comunidade, lugar por excelência onde Jesus tornou possível viver a aventura da Fé, celebrada e vivida...
2. Jesus continua presente entre seus discípulos
Neste texto de Lucas temos uma narrativa didática, elaborada a partir de elementos de pregação e catequese da tradição das primeiras comunidades. Após a morte de Jesus na cruz, seus discípulos sentiram-se frustrados. A herança religiosa messiânica deles, nacionalista e triunfalista, impedia-lhes que compreendessem Jesus. Suas esperanças fundavam-se em um messias, da linhagem de Davi, que conduziria o povo judeu a uma glória e poder acima de todas as nações. Jesus não foi este messias.
Contudo, uma releitura das Escrituras, à luz da partilha do pão feita por Jesus, faz com que os olhos se abram e se perceba a presença do Ressuscitado. Toda a vida de Jesus foi uma partilha com as multidões, com os pobres e excluídos. Como pão do céu que dá a vida ao mundo (Jo 6,32-33), Jesus continua presente entre seus discípulos, até o fim dos tempos.
Oração
Pai, não permitas que eu caia na tentação de viver distante de meus irmãos e irmãs de fé, pois o Senhor Ressuscitado nos quer todos reunidos em seu nome.
3. OS DISCÍPULOS DE EMAÚS
A expressão "como sois sem inteligência e lentos para crer" indica que Jesus não chegou a ser entendido plenamente pelos discípulos. Com seus atos e suas palavras, revela que sua comunhão com o Pai é a comunhão do amor que gera a vida. O grande gesto simbólico deste amor foi a partilha do pão com os discípulos e com as multidões. As tradições e a cultura neste mundo são marcadas por uma ideologia de enriquecimento e de poder, fria e sem amor. Assim era a expectativa messiânica da tradição de Israel, partilhada pelos discípulos que esperavam que Jesus fosse um messias nacionalista poderoso. Os discípulos de Emaús, dialogando com o ressuscitado, só o reconheceram no gesto da partilha do pão. A comunidade que dialoga, acolhe e partilha, descobre Jesus presente em seu meio.
Liturgia da Quinta-Feira 
Antífona da entrada: Senhor, todos louvaram, unânimes, a vossa mão vitoriosa, pois a vossa sabedoria abriu os lábios dos mudos e tornou eloquente a língua das crianças, aleluia! (Sb 10,20s)

Leitura (Atos 3,11-26)
Leitura dos Atos dos Apóstolos.
3 11 Como ele se conservava perto de Pedro e João, uma multidão de curiosos afluiu a eles no pórtico chamado Salomão. 
12 À vista disso, falou Pedro ao povo: "Homens de Israel, por que vos admirais assim? Ou por que fitais os olhos em nós, como se por nossa própria virtude ou piedade tivéssemos feito este homem andar? 
13 O Deus de Abraão, de Isaac, de Jacó, o Deus de nossos pais glorificou seu servo Jesus, que vós entregastes e negastes perante Pilatos, quando este resolvera soltá-lo. 
14 Mas vós renegastes o Santo e o Justo e pedistes que se vos desse um homicida. 
15 Matastes o Príncipe da vida, mas Deus o ressuscitou dentre os mortos: disso nós somos testemunhas. 
16 Em virtude da fé em seu nome foi que esse mesmo nome consolidou este homem, que vedes e conheceis. Foi a fé em Jesus que lhe deu essa cura perfeita, à vista de todos vós. 
17 Agora, irmãos, sei que o fizestes por ignorância, como também os vossos chefes. 
18 Deus, porém, assim cumpriu o que já antes anunciara pela boca de todos os profetas: que o seu Cristo devia padecer. 
19 Arrependei-vos, portanto, e convertei-vos para serem apagados os vossos pecados. 
20 Virão, assim, da parte do Senhor os tempos de refrigério, e ele enviará aquele que vos é destinado: Cristo Jesus. 
21 É necessário, porém, que o céu o receba até os tempos da restauração universal, da qual falou Deus outrora pela boca dos seus santos profetas. 
22 Já dissera Moisés: 'O Senhor, nosso Deus, vos suscitará dentre vossos irmãos um profeta semelhante a mim: a este ouvireis em tudo o que ele vos disser. 
23 Todo aquele que não ouvir esse profeta será exterminado do meio do povo'. 
24 Todos os profetas, que têm falado sucessivamente desde Samuel, anunciaram estes dias. 
25 Vós sois filhos dos profetas e da aliança que Deus estabeleceu com os nossos pais, quando disse a Abraão: 'Na tua descendência serão abençoadas todas as famílias da terra'. 
26 Foi em primeiro lugar para vós que Deus suscitou o seu servo, para vos abençoar, a fim de que cada um se aparte da sua iniqüidade". 

Salmo responsorial 8
Ó Senhor, nosso Deus, como é grande 
vosso nome por todo o universo!
Ó Senhor, nosso Deus, como é grande 
vosso nome por todo o universo! 
Perguntamos: "Senhor, que é o homem, 
para dele assim vos lembrardes 
e o tratardes com tanto carinho?"
Pouco abaixo de Deus o fizestes, 
coroando-os de glória e esplendor; 
vós lhe destes poder sobre tudo, 
vossas obras aos pés lhe pusestes.
As ovelhas, os bois, os rebanhos, 
todo o gado e as feras da mata; 
passarinhos e peixes dos mares, 
todo ser que se move nas águas.
Aclamação do Evangelho
Aleluia, aleluia, aleluia. 
Este é o dia que o Senhor fez para nós, alegremo-nos e nele exultemos! (Sl 117,24)

EVANGELHO (Lucas 24,35-48)

35 Os discípulos, por sua parte, contaram o que lhes havia acontecido no caminho e como o tinham reconhecido ao partir o pão. 
36 Enquanto ainda falavam dessas coisas, Jesus apresentou-se no meio deles e disse-lhes: A paz esteja convosco! 
37 Perturbados e espantados, pensaram estar vendo um espírito. 
38 Mas ele lhes disse: Por que estais perturbados, e por que essas dúvidas nos vossos corações? 
39 Vede minhas mãos e meus pés, sou eu mesmo; apalpai e vede: um espírito não tem carne nem ossos, como vedes que tenho. 
40 E, dizendo isso, mostrou-lhes as mãos e os pés. 
41 Mas, vacilando eles ainda e estando transportados de alegria, perguntou: Tendes aqui alguma coisa para comer?
42 Então ofereceram-lhe um pedaço de peixe assado. 
43 Ele tomou e comeu à vista deles. 
44 Depois lhes disse: Isto é o que vos dizia quando ainda estava convosco: era necessário que se cumprisse tudo o que de mim está escrito na Lei de Moisés, nos profetas e nos Salmos. 
45 Abriu-lhes então o espírito, para que compreendessem as Escrituras, dizendo: 
46 Assim é que está escrito, e assim era necessário que Cristo padecesse, mas que ressurgisse dos mortos ao terceiro dia. 
47 E que em seu nome se pregasse a penitência e a remissão dos pecados a todas as nações, começando por Jerusalém. 
48 Vós sois as testemunhas de tudo isso. 
COMENTÁRIOS DO EVANGELHO
1. "Duvidar não é pecado..."
Duvidar não é pecado, mas faz parte do processo da caminhada de Fé e nos ajuda a nos abrirmos mais para a Revelação Divina, que o diga os discípulos de Jesus naqueles primeiros tempos da caminhada da comunidade. Não há nenhum momento no relato do evangelho, em que os discípulos estão tranquilos, muito conscientes de tudo o que aconteceu, e sobre a missão que têm pela frente, com toda segurança possível. Nos relatos pós-pascais eles sempre estão com medo, inseguros, espantados, demonstrando incerteza sobre o futuro.
A Comunidade primitiva não era formada por super-homens e super-mulheres, mas por pessoas exatamente iguais aos irmãos e irmãs de nossas comunidades, que faziam a experiência profunda da presença do Senhor, a partir da Fé, mas que nem por isso tornaram-se especiais, seguros de tudo o que faziam... Fé é confiar em Deus e caminhar, como fez Abraão, que não exigiu um relatório pormenorizado do que seria sua relação com Deus, mas simplesmente aceitou aquilo que veio.
Jesus está ali no meio deles, lhes deseja o Shalom da Paz, mas eles o confundem com um espírito, isto é, com uma visão fantasmagórica. Há aqui algo que precisamos entender, é o processo de continuidade e descontinuidade que ocorre na morte Biológica, continuaremos a ser a pessoa que construímos em nossa Vida em uma continuidade surpreendente, entretanto, será de uma forma e de um jeito diferente, um jeito novo de Ser. Claro que Jesus é diferente de nós, pois nele há a união hipostática das duas naturezas humana e a Divina, e nós apenas a humana, entretanto, o processo da morte é o mesmo e a pessoa será revelada naquilo que realmente ela é, a pessoa que somos e o corpo que temos são coisas diferentes e a matéria chegará a sua finitude.
Os discípulos estão espantados e com medo, essa é uma realidade nova para eles, para mostrar que é igual a eles e que não se trata de um fantasma, Jesus se deixa tocar, e depois pede algo para comer. O evangelho em sua conclusão quer esclarecer as primeiras comunidades e a todos nós, que tudo o que aconteceu com Jesus não foi uma fatalidade e Deus  nunca perdeu controle da situação, tanto é que quando tudo parecia perdido com a  morte de Jesus, Deus age  e reverte o quadro, apagando o “The End” da História da Salvação, que agora vai recomeçar com mais força porque prenuncia que o Mal nunca mais dominará o homem que se tornou novo em Jesus de Nazaré, que restitui-nos a liberdade e a possibilidade de tomarmos novo caminho, rumando para um novo céu e uma nova terra...
2. Presença de Jesus ressuscitado
Lucas orienta as primeiras comunidades que experimentam a presença de Jesus ressuscitado entre elas. As comunidades de cristãos de origem judaica devem reler as Escrituras sob a ótica da ressurreição, para perceberem a plenitude da vida de Jesus.
A paz só pode ser encontrada em Jesus, que tem a vida eterna e a comunica a todos. A vida eterna, ultrapassada a condição temporal, como ressuscitados, envolve a totalidade da pessoa, corpo e alma, e não como um espírito desencarnado. Agora, os discípulos são enviados em missão. Anunciar a todas as nações a conversão à justiça para o perdão dos pecados. A conversão à justiça é a forma concreta do amor. E pelo amor se entra em comunhão com Deus em sua vida eterna.
Oração
Senhor Jesus, que tua paz aconteça na minha vida e na vida das comunidades cristãs, para sermos, assim, testemunhas da tua Ressurreição.
3. A PAZ DE JESUS
Jesus ressuscitado deseja paz a seus discípulos. Agora é a paz em plenitude, a paz da participação na vida eterna do Pai, que Jesus traz a todos. Mesmo depois da sua crucifixão, os discípulos continuavam com dúvidas sobre o sentido de sua vida. Agora se evidencia que Jesus não foi destruído pela morte, e sua missão de anunciar a conversão para participar da vida eterna deve ser continuada pelos discípulos em todas as nações. Jesus tem a vida eterna, continua vivo. O anúncio da conversão para o perdão dos pecados tem origem na pregação de João Batista. Trata-se da conversão à prática da justiça, na plenitude do amor. Os discípulos de Jesus, em todos os tempos e povos, são convocados a testemunhar que um mundo novo onde reine justiça, paz e amor é possível. E este mundo novo é eterno.
Liturgia da Sexta-Feira

Antífona da entrada: O Senhor conduziu o seu povo na esperança e recobriu com o mar seus inimigos, aleluia! (Sl 77,53)

Leitura (Atos 4,1-12)
Leitura dos Atos dos Apóstolos.
4 1 Enquanto eles falavam ao povo, vieram os sacerdotes, o chefe do templo e os saduceus, 
2 contrariados porque ensinavam ao povo e anunciavam, na pessoa de Jesus, a ressurreição dos mortos. 
3 Prenderam-nos e os meteram no cárcere até o outro dia, pois já era tarde. 
4 Muitos, porém, dos que tinham ouvido a pregação creram; e o número dos fiéis elevou-se a mais ou menos cinco mil. 
5 No dia seguinte reuniram-se em Jerusalém os chefes do povo, os anciãos, os escribas, 
6 com Anás, sumo sacerdote, Caifás, João, Alexandre e todos os que eram da linhagem pontifical. 
7 Colocando-os no meio, perguntaram: "Com que poder ou em que nome fizestes isso?" 
8 Então Pedro, cheio do Espírito Santo, respondeu-lhes: "Chefes do povo e anciãos, ouvi-me: 
9 se hoje somos interrogados a respeito do benefício feito a um enfermo, e em que nome foi ele curado, 
10 ficai sabendo todos vós e todo o povo de Israel: foi em nome de Jesus Cristo Nazareno, que vós crucificastes, mas que Deus ressuscitou dos mortos. Por ele é que esse homem se acha são, em pé, diante de vós. 
11 Esse Jesus, pedra que foi desprezada por vós, edificadores, tornou-se a pedra angular. 
12 Em nenhum outro há salvação, porque debaixo do céu nenhum outro nome foi dado aos homens, pelo qual devamos ser salvos". 

Salmo responsorial 117/118
A pedra que os pedreiros rejeitaram 
tornou-se a pedra angular.
Dai graças ao Senhor, porque ele é bom! 
"Eterna é a sua misericórdia!" 
A casa de Israel agora o diga: 
"Eterna é a sua misericórdia!" 
Os que temem o Senhor agora o digam: 
"Eterna é a sua misericórdia!"
"A pedra que os pedreiros rejeitaram 
tornou-se agora a pedra angular. 
Pelo Senhor é que foi feito tudo isso: 
que maravilhas ele fez a nossos olhos! 
Este é o dia que o Senhor fez para nós, 
alegremo-nos e nele exultemos!
Ó Senhor, dai-nos a vossa salvação; 
ó Senhor, dai-nos também prosperidade!" 
Bendito seja, em nome do Senhor, 
aquele que em seus átrios vai entrando! 
Desta casa do Senhor vos bendizemos 
Que o Senhor e nosso Deus nos ilumine!
Aclamação do Evangelho
Aleluia, aleluia, aleluia. 
Este é o dia que o Senhor fez para nós alegremo-nos e nele exultemos! (Sl 117,24)

EVANGELHO (João 21,1-14)

Naquele tempo, 21 1 tornou Jesus a manifestar-se aos seus discípulos junto ao lago de Tiberíades. Manifestou-se deste modo: 
2 Estavam juntos Simão Pedro, Tomé (chamado Dídimo), Natanael (que era de Caná da Galiléia), os filhos de Zebedeu e outros dois dos seus discípulos. 
3 Disse-lhes Simão Pedro: "Vou pescar". Responderam-lhe eles: "Também nós vamos contigo". Partiram e entraram na barca. Naquela noite, porém, nada apanharam. 
4 Chegada a manhã, Jesus estava na praia. Todavia, os discípulos não o reconheceram. 
5 Perguntou-lhes Jesus: "Amigos, não tendes acaso alguma coisa para comer?" "Não", responderam-lhe. 
6 Disse-lhes ele: "Lançai a rede ao lado direito da barca e achareis". Lançaram-na, e já não podiam arrastá-la por causa da grande quantidade de peixes. 
7 Então aquele discípulo, que Jesus amava, disse a Pedro: "É o Senhor!" Quando Simão Pedro ouviu dizer que era o Senhor, cingiu-se com a túnica (porque estava nu) e lançou-se às águas. 
8 Os outros discípulos vieram na barca, arrastando a rede dos peixes (pois não estavam longe da terra, senão cerca de duzentos côvados). 
9 Ao saltarem em terra, viram umas brasas preparadas e um peixe em cima delas, e pão. 
10 Disse-lhes Jesus: "Trazei aqui alguns dos peixes que agora apanhastes". 
11 Subiu Simão Pedro e puxou a rede para a terra, cheia de cento e cinqüenta e três peixes grandes. Apesar de serem tantos, a rede não se rompeu. 
12 Disse-lhes Jesus: "Vinde, comei". Nenhum dos discípulos ousou perguntar-lhe: "Quem és tu?", pois bem sabiam que era o Senhor. 
13 Jesus aproximou-se, tomou o pão e lhos deu, e do mesmo modo o peixe. 
14 Era esta já a terceira vez que Jesus se manifestava aos seus discípulos, depois de ter ressuscitado. 
COMENTÁRIOS DO EVANGELHO
1. "AÇÃO PASTORAL SEM QUERÍGMA,  ACABA EM FRACASSO"
A Oitava da Páscoa termina com um alerta que para nós cristãos do mundo de hoje, é atualíssimo: Atividade pastoral sem a experiência do querígma vai resultar em fracasso!
São Pedro estava louco para começar a fazer as coisas acontecerem, não aguentava mais esperar por Jesus, apesar de duas aparições á comunidade, Pedro achava que agora a coisa era com eles, não podiam mais esperar pelo Mestre e manifestou o seu desejo: Eu vou pescar,  e os demais também abraçaram a causa e foram com Pedro.
Primeiro podemos pensar que São Pedro e os demais, haviam "jogado a toalha" e resolveram voltar à vidinha antiga de pescadores, já que o projeto de Jesus de Nazaré deu em nada, mas não é isso...
São Pedro representa muito bem aqueles agentes de pastoral que quase se matam de  tanto trabalhar na comunidade, reuniões, encontros, atividades, mas esquecem de algo essencial, o sentido daquilo que fazem. Desenvolver qualquer ação pastoral sem uma espiritualidade sólida, fundamentada na oração e na meditação da Palavra de Deus, é pedir para "voltar sapateiro" da pescaria. Lidaram a noite inteira e nada pegaram... Alguns trabalhos pastorais não dão resultado, ou quando dão, ele não é bom... Algumas atividades de movimentos nada produzem de positivo para a comunidade, por que será?
Alguns grupos fazem muito, mas também nada agregam á Paróquia, o motivo é um só: fazer por conta própria, usando método humano, deixando Jesus de lado. De manhã Jesus estava na praia, mas eles não o reconheceram, estavam tão desanimados e cansados do trabalho infrutífero, que nem se deram conta de que Jesus estava ali com eles. Jesus quer experimentar a nova comunidade e pergunta se não há nada para servirem a ele e a resposta é negativa.
É preciso a gente se perguntar de vez em quando, para que está servindo o nosso trabalho pastoral, ele está ajudando as pessoas a terem mais vida, mais esperança e mais coragem? O que estamos oferecendo às pessoas? O mesmo em relação aos movimentos, as pessoas estão sendo acolhidas e bem servidas? Quando falta o essencial, isso é, a experiência profunda com Jesus Cristo, sempre ficamos devendo e nada temos para servir, como responderam os discípulos.
Então vem uma ordem de Jesus para jogarem a rede ao lado direito da barca, para que a pesca seja boa. Os discípulos eram ex-pescadores, a hora da pesca é durante a noite, de manhã é hora de recolher as redes e contar os peixes... A pessoa que ali está diante deles não é pescador, ora, que diferença então iria fazer jogar a rede a direita ou a esquerda, seria mais um trabalho árduo para nada...
Na comunidade ninguém pode se julgar absoluto naquilo que faz, as ideias, opiniões e sugestões têm que ser partilhadas e todas as opiniões são importantes, senão haverá monopólio de um grupo ou de uma pessoa, e isso irá comprometer a comunhão e a partilha.
Os discípulos levam em conta a orientação de Jesus e daí a pesca foi abundante. Quem tem o coração cheio de amor de Deus é sempre o primeiro a identificar a presença de Jesus na ação pastoral levada a bom termo. João anuncia a Boa Nova á Pedro, de que o Senhor está com eles. Pedro cobriu-se, porque estava nu e lançou-se ás águas, tomado pelo espanto e alegria de rever Jesus. Quando tentamos fazer as coisas acontecerem do nosso modo na comunidade, estamos nus, e é preciso nos revestir de Jesus Cristo, só Ele nos dá a dignidade necessária para darmos continuidade á missão, pois esse "Barco" chamado Igreja, é Dele, e se o ouvirmos sempre, a pescaria será farta e o resultado  sempre surpreendente...
2. Jesus é o alimento para a missão
Este apêndice do evangelho de João ilustra a retomada da missão na Galileia, conforme o anúncio do anjo e do próprio Jesus (Mc 16,7; Mt 28,7.10).
Os discípulos voltam a pescar. Jesus ressuscitado se faz presente entre eles, como lhes dissera na última ceia (Jo 14,18; 16,16). Esta presença de Jesus é o alimento e o arrebatamento para a perseverança e o sucesso da missão. O próprio ressuscitado se põe a servir os irmãos. Também a comunidade que serve, fiel à palavra e ao exemplo de Jesus e em comunhão eucarística com ele, se torna fonte de amor e vida para o mundo.
Oração
Pai, que a presença do Ressuscitado reforce a comunhão com meus irmãos e minhas irmãs de fé, a fim de podermos atrair para ele muitas outras pessoas de boa vontade.
3. A MISSÃO DOS APÓSTOLOS
Um aspecto importante a ser destacado nesta narrativa, no fim do Evangelho de João, é o retorno dos discípulos às suas atividades profissionais na Galiléia, após a crucifixão de Jesus, onde devem ter dado continuidade à ação missionária do Mestre. Por outro lado, as tradições de Paulo e Lucas colocam Jerusalém como centro de irradiação missionária. Esta cena de "pesca milagrosa", com a presença do ressuscitado, é semelhante à "pesca milagrosa" no momento do chamado Jesus de Nazaré aos primeiros discípulos, no Evangelho de Lucas. A presença e a palavra de Jesus animam os discípulos ao longo da missão, em todos os tempos.
Liturgia do Sábado 

Antífona da entrada: O Senhor fez o seu povo sair com grande júbilo; com gritos de alegria, os seus eleitos, aleluia! (Sl 104,43)

Leitura (Atos 4,13-21)
Leitura dos Atos dos Apóstolos.
Naqueles dias, 4 13 vendo eles a coragem de Pedro e de João, e considerando que eram homens sem estudo e sem instrução, admiravam-se. Reconheciam-nos como companheiros de Jesus. 
14 Mas vendo com eles o homem que tinha sido curado, não puderam replicar. 
15 Mandaram que se retirassem da sala do conselho, e conferenciaram entre si: 
16 "Que faremos destes homens? Porquanto o milagre por eles feito se tornou conhecido de todos os habitantes de Jerusalém, e não o podemos negar. 
17 Todavia, para que esta notícia não se divulgue mais entre o povo, proibamos com ameaças, que no futuro falem a alguém nesse nome". 
18 Chamaram-nos e ordenaram-lhes que absolutamente não falassem nem ensinassem em nome de Jesus. 
19 Responderam-lhes Pedro e João: "Julgai-o vós mesmos se é justo diante de Deus obedecermos a vós mais do que a Deus. 
20 Não podemos deixar de falar das coisas que temos visto e ouvido". 
21 Eles então, ameaçando-os de novo, soltaram-nos, não achando pretexto para os castigar por causa do povo, porque todos glorificavam a Deus pelo que tinha acontecido. 

Salmo responsorial 117/118
Dou-vos graças, ó Senhor, porque me ouvistes.
Dai graças ao Senhor, porque ele é bom! 
"Eterna é a sua misericórdia!" 
O Senhor é minha força e o meu canto 
e tornou-se para mim o salvador. 
"Clamores de alegria e de vitória 
ressoem pelas tendas dos fiéis.
A mão direita do Senhor fez maravilhas, 
a mão direita do Senhor me levantou, 
a mão direita do Senhor fez maravilhas!" 
O Senhor severamente me provou, 
mas não me abandonou às mãos da morte.
Abri-me vós, abri-me as portas da justiça; 
quero entrar para dar graças ao Senhor! 
"Sim, esta é a porta do Senhor, 
por ela só os justos entrarão!" 
Dou-vos graças, ó Senhor, porque me ouvistes, 
e vos tornastes para mim o salvador!
Aclamação do Evangelho
Aleluia, aleluia, aleluia. 
Este é o dia que o Senhor fez para nós, alegremo-nos e nele exultemos! (Sl 117,24)

Evangelho (Marcos 16,9-15)

16 9 Tendo Jesus ressuscitado de manhã, no primeiro dia da semana apareceu primeiramente a Maria de Magdala, de quem tinha expulsado sete demônios. 
10 Foi ela noticiá-lo aos que estiveram com ele, os quais estavam aflitos e chorosos. 
11 Quando souberam que Jesus vivia e que ela o tinha visto, não quiseram acreditar. 
12 Mais tarde, ele apareceu sob outra forma a dois entre eles que iam para o campo. 
13 Eles foram anunciá-lo aos demais. Mas estes tampouco acreditaram. 
14 Por fim apareceu aos Onze, quando estavam sentados à mesa, e censurou-lhes a incredulidade e dureza de coração, por não acreditarem nos que o tinham visto ressuscitado. 
15 E disse-lhes: "Ide por todo o mundo e pregai o Evangelho a toda criatura". 

COMENTÁRIOS DO EVANGELHO
1. "Anúncio e Testemunho pessoal..."
Claro que a propaganda é a alma do negócio, o pessoal da área de marketing defende essa ideia de com unhas e dentes e não estão errados. Mas há também uma propaganda eficiente e que dizem ser tiro e queda, é aquela passada de boca em boca "Não comprei tal produto porque vi na TV, mas porque meu vizinho comprou e disse que é bom"
Jesus poderia fazer um grande estardalhaço em sua volta, aparecer no Palácio dos poderosos, aparecer no meio do Conselho do Sinédrio, para desafiá-los e convocar uma mega concentração em Jerusalém para comunicar oficialmente que ele estava Vivo e que agora iria dar as cartas, humilhando os que conspiraram contra ele e tramaram sua morte. Os marqueteiros de plantão até lamentam “Ah se eu estivesse lá para preparar a volta de Jesus em grande estilo!”.
Não que Jesus e seu evangelho não precisem de divulgação, precisa sim, mas o cristianismo não pode ser feito de "oba-oba". Por isso Jesus descarta sua volta em uma Glória Messiânica, como os Judeus esperavam, e prefere a comunicação boca a boca, apareceu primeiro a Maria Madalena, diz o evangelho, que já tinha experimentado á sua Força Libertadora, esta mulher vai correndo anunciar aos irmãos da comunidade, que ainda estavam guardando o luto e chorando de tristeza, marcados pela aflição, mas eles não acreditaram no anúncio e no testemunho da mulher, talvez porque não podiam admitir a ideia de que Jesus não viesse direto a eles, mas primeiro aparecesse a uma mulher..., era inconcebível.
Mais tarde Jesus apareceu a dois discípulos que iam para Emaús e estes foram anunciá-lo aos demais, mas quem diz que os discípulos acreditaram... Talvez estivessem excessivamente preocupados sobre que rumo iriam tomar, o que deveriam fazer, Jesus lhes havia dito apenas para propagarem o evangelho e batizar as pessoas, nada mais. Madalena e os dois discípulos, que haviam feito essa experiência estavam fazendo exatamente o que o Mestre havia mandado. Talvez estivessem fazendo alguma reunião de planejamento pastoral, às vezes fazemos uma reunião, para preparar outra reunião...
Os discípulos, tanto como os agentes pastorais de nossos tempos, queriam FAZER. Então durante uma refeição quando estavam é mesa Jesus apareceu aos onze e deu uma "dura" por não terem acreditado no anúncio e no Testemunho que haviam presenciado. E para que não houvessem mais dúvidas sobre a missão primária da Igreja, repetiu-lhes o que já lhes havia falado "Ide por todo mundo e pregai o evangelho a toda criatura"
Que a Igreja precisa ter uma organização em sua estrutura e nos trabalhos pastorais, isso não resta a menor dúvida, mas não podemos nos acomodar e deixar que tantos trabalhos e compromissos, acabem sendo mais importantes do que o anúncio e o testemunho pessoal, senão estaremos priorizando o que não é essencial, e o pior, os nossos trabalhos pastorais, tantos encontros e reuniões não passarão de um grande "oba-oba", que não terá nenhuma serventia... Muita propaganda sobre o que fazemos, quem somos na comunidade, a importância daquilo que fazemos.
Quanto a Jesus e seu evangelho, quando dá tempo a gente se lembra e até fala um pouco dele. "E com licença que agora tenho uma reunião importante..."
2. O envio missionário
Após a crucifixão de Jesus, surgiram duas tradições. Uma narrava que após sua sepultura, o túmulo de Jesus foi encontrado vazio por Maria Madalena e outras mulheres. O evangelho de Marcos terminava com esta narrativa, com o destaque de que a missão deveria ser retomada na Galileia. Outra tradição narrava aparições de Jesus ressuscitado à Maria Madalena e aos discípulos. Esta narrativa foi, tardiamente, acrescentada ao evangelho original de Marcos, a partir do capítulo 16, versículo 9. É um resumo das aparições narradas nos outros evangelhos.
A conclusão é a advertência sobre "falta de fé e dureza de coração" dos discípulos, por não entenderem a ressurreição de Jesus, seguindo-se . A advertência é feita aos discípulos e aos leitores de todos os tempos. Reconhecemos a presença de Jesus de Nazaré, vivo em nossas comunidades e no mundo? Este reconhecimento é a essência do anúncio missionário.
Oração
Pai, livra-me da incredulidade que me impede de ser proclamador da ressurreição de teu Filho Jesus, por quem nos é oferecida a tua salvação.
3. IDE EVANGELIZAR
Há um consenso de que no Evangelho de Marcos, a partir de 16,9, temos um acréscimo. O Evangelho terminava com as mulheres junto ao túmulo vazio e o anúncio da ressurreição pelos anjos com o envio dos discípulos à Galiléia, para a retomada da missão com o ressuscitado. Um redator teve a intenção provável de completar o Evangelho com as narrativas de aparições do ressuscitado. Aí, fez uma síntese dos demais Evangelhos quanto a estas aparições: à Maria Madalena, no horto (Jo), aos discípulos de Emaús (Lc) e aos onze reunidos (Lc, Jo). O acento destas narrativas é a incredulidade dos discípulos. Porém, a experiência pascal deve levar à passagem da dúvida à certeza, da incredulidade à fé. Isto só pode acontecer graças a um encontro com o fundamento da fé que é Jesus, presente nas comunidades. A Boa-Nova do amor de Deus e do dom da vida eterna, revelada por seu Filho, é para ser anunciada ao mundo inteiro.


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