segunda-feira, 4 de junho de 2012

Liturgia 9ª semana comum


Liturgia do Domingo
Solenidade da Santíssima Trindade  ANO B


"Em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo"
Ambientação:
Sejam bem-vindos amados irmãos e irmãs!
INTRODUÇÃO DO FOLHETO DOMINICAL PULSANDINHO: A Solenidade que hoje celebramos não é um convite a decifrar o mistério que se esconde por detrás de "um Deus em três pessoas"; mas é um convite a contemplar o Deus que é amor, que é família, que é comunidade e que criou os homens para os fazer comungar nesse mistério de amor. Pelo batismo, somos mergulhados no mistério, participantes da vida trinitária. Na liturgia vivenciamos mais intimamente a comunhão trinitária e somos renovados na certeza de sermos filhas(os) e não escravos. Ora, se somos o povo do Deus Trindade, não podemos agir de outra forma senão como sinais autênticos de unidade. Em ação de graças e santificados pelo Espírito, nos oferecemos com Cristo ao Pai, na ação do Espírito, e assumimos ser comunicadores da salvação a todos os povos.
INTRODUÇÃO DO FOLHETO DOMINICAL O POVO DE DEUS: Depois de celebrar o Pentecostes, a Igreja nos convida a louvar a Deus, Santíssima Trindade, cujo mistério ultrapassa nossa compreensão lógica e nos coloca na dimensão mais profunda da fé. O Deus uno se manifestou na Trindade das Pessoas e na unidade do Amor. Assim, nos convida a vivermos no amor, participando da vida trinitária. Nesta celebração, renovemos nossa fé no Deus uno e trino, mistério professado em nosso credo e vivido na dimensão essencialmente comunitária da fé.
Antífona da entrada: Bendito seja Deus Pai, bendito o Filho unigênito e bendito o Espírito Santo. Deus foi misericordioso para conosco.
Primeira Leitura (Deuteronômio 4,32-34.39-40)
Leitura do livro de Deuteronômio.
4 32 "Escuta os tempos que te precederam, desde o dia em que Deus criou o homem na terra. Pergunta se houve jamais, de uma extremidade dos céus à outra, uma coisa tão extraordinária como esta, e se jamais se ouviu coisa semelhante. 
33 Houve, porventura, um povo que, como tu, tenha ouvido a voz de Deus falando do seio do fogo, sem perder a vida? 
34 Algum deus tentou jamais escolher para si uma nação do meio de outra, por meio de provas e de sinais, de prodígios e de guerras, com mão poderosa e braço estendido, e de prodígios espantosos, como o Senhor, vosso Deus, fez por vós no Egito diante de vossos olhos? 
39 Sabe, pois, agora, e grava em teu coração que o Senhor é Deus, e que não há outro em cima no céu, nem embaixo na terra. 
40 Observa suas leis e suas prescrições que hoje te prescrevo, para que sejas feliz, tu e teus filhos depois de ti, e prolongues teus dias para sempre na terra que te dá o Senhor, teu Deus". 
Salmo responsorial 32/33
Feliz o povo que o Senhor escolheu por sua herança.
Reta é a palavra do Senhor, 
e tudo o que ele faz merece fé. 
Deus ama o direito e a justiça, 
transborda em toda a terra a sua graça.
A palavra do Senhor criou os céus, 
e o sopro de seus lábios, as estrelas. 
Ele falou e toda a terra foi criada, 
ele ordenou e as coisas todas existiram.
Mas o Senhor pousa o olhar sobre os que o temem 
e que confiam, esperando em seu amor, 
para da morte libertar as suas vidas 
e alimenta-los quando é tempo de penúria.
No Senhor nós esperamos confiantes, 
porque ele é nosso auxílio e proteção! 
Sobre nós venha, Senhor, a vossa graça, 
da mesma forma que em vós nós esperamos!
Segunda Leitura (Romanos 8,14-17)
Leitura da carta de são Paulo aos Romanos.
8 14 Todos os que são conduzidos pelo Espírito de Deus são filhos de Deus. 
15 Porquanto não recebestes um espírito de escravidão para viverdes ainda no temor, mas recebestes o espírito de adoção pelo qual clamamos: Aba! Pai! 
16 O Espírito mesmo dá testemunho ao nosso espírito de que somos filhos de Deus. 
17 E, se filhos, também herdeiros, herdeiros de Deus e co-herdeiros de Cristo, contanto que soframos com ele, para que também com ele sejamos glorificados. 
Aclamação do Evangelho
Aleluia, aleluia, aleluia. 
Glória ao Pai e ao Filho e ao Espírito divino, ao Deus que é, que era e que vem, pelos séculos. Amém (Ap 1,8).

EVANGELHO (Mateus 28,16-20)
28 16 Os onze discípulos foram para a Galiléia, para a montanha que Jesus lhes tinha designado. 
17 Quando o viram, adoraram-no; entretanto, alguns hesitavam ainda. 
18 Mas Jesus, aproximando-se, lhes disse: "Toda autoridade me foi dada no céu e na terra. 
19 Ide, pois, e ensinai a todas as nações; batizai-as em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo. 
20 Ensinai-as a observar tudo o que vos prescrevi. Eis que estou convosco todos os dias, até o fim do mundo". 
FORMAÇÃO LITÚRGICA
Liturgia da Palavra - Homilia: Conversa Familiar, ligando Vida, Bíblia e Celebração!
A Liturgia da Palavra é diálogo amoroso e comprometedor entre Deus e seu povo, congregado em Cristo e animado pelo seu Espírito. A homilia, como parte integrante deste diálogo, merece nossa atenção. Vamos, então aprofundá-la! Homilia significa conversa familiar. Um diálogo fraterno, continuando o assunto da conversa que Deus vem fazendo conosco através das leituras e dos fatos da vida. Ela tece harmoniosamente uma relação entre a Bíblia, a celebração e a vida. Estabelece um elo entre a proposta de Deus e a resposta da assembleia. A homilia é ação simbólica, assim como cada momento da liturgia da palavra. "Cristo está presente na sua Palavra, quando na Igreja se lê e comenta a Escritura" (SC 7). Esta afirmação do documento conciliar sobre a liturgia nos lembra a experiência dos discípulos de Emaús, que sentiram o coração arder quando, pelo caminho, Jesus lhes falava e explicava as Escrituras (cf. Lc 24,32). Homilia não pode ser confundida com sermão, discurso temático ou pregação com caráter moralizante. Não é estudo bíblico ou catequético nem reflexão e, muito menos, deve ser substituída por desabafos pessoais de quem a faz. Não basta simplesmente explicar os textos bíblicos. É preciso interpretá-los a partir da realidade, atualizando-os na vida concreta da comunidade celebrante, tendo como referência o mistério de Cristo. Ele faz arder os corações, abrindo-os à conversão, à transformação pessoal, comunitária e social... A homilia é o momento da comunidade expressar e firmar seu compromisso com o Senhor, como parceira da aliança, como se deu aos pés do Sinai, quando Deus propôs ao povo de Israel: "Se ouvirdes a minha voz e guardardes a minha aliança, sereis minha propriedade exclusiva dentre todos os povos". O povo, prontamente, respondeu: "Faremos tudo o que o Senhor falou" (Ex 19,7-8).
SOLENIDADE DE CORPUS CHRISTI
Neste ano, na Solenidade de Corpus Christi - do Santíssimo Corpo e Sangue de Cristo (dia 07/06) -, vamos unir-nos com os católicos da Irlanda e de todo o mundo, que realizarão, logo mais, o próximo Congresso Eucarístico Internacional, em Dublim, nos dias 10 a 17 de junho. O Congresso Eucarístico de Dublim terá uma forte tônica missionária: Eucaristia, evangelização e missão estão estreitamente relacionadas.
E aqui, em São Paulo, vamos recordar os 70 anos do 4º Congresso Eucarístico Nacional, promovido em 1942 por Dom José Gaspar D'Affonseca e Silva, 2º Arcebispo de São Paulo. Foi um evento de extraordinário significado para a Cidade e para nossa Arquidiocese. Foi celebrado no Vale do Anhagabaú e teve como lema: "Vinde todos a mim!"
Faremos um Tríduo em preparação à Solenidade de Corpus Christi, em todas as Paróquias, Comunidades e igrejas. E, na Quinta Feira de Corpus Christi, próximo dia 07 de junho, faremos uma grande concentração eucarística na frente da igreja de Santa Ifigênia, a partir das 09h00; em seguida, sai a procissão eucarística, passando pelo viaduto de S.Ifigênia, o Largo de S.Bento, a Praça Patriarca e o Largo S.Francisco, até à Praça da Sé, onde será celebrada a Missa e dada a bênção. Convido todo o povo da Arquidiocese a participar. Acesso fácil pelo metrô. Será muito bonito!
A Igreja de Cristo é uma "Comunidade Eucarística", porque vive de Jesus Cristo. Isso vale também para cada Paróquia, Comunidade de discípulos reunidos em torno de Jesus Cristo, convocados pela sua Palavra, alimentados por essa mesma Palavra e pelo "Pão da Vida", que é Jesus, e enviados novamente em missão por Ele. Quando participamos da Eucaristia, tornamos perceptível e "visível" o Mistério profundo da Igreja. A Igreja celebra a Eucaristia e a Eucaristia faz a Igreja.
Participemos sempre com fé, alegria e gratidão da Missa. Sem participar da Eucaristia, sobretudo todos os domingos, nossa referência a Jesus Cristo e à Igreja fica muito vaga e tende a se perder por completo. Nesta festa de Corpus Christi, queremos reavivar a consciência de nossa relação essencial e inseparável com Cristo, Senhor da Igreja, que se faz presente entre nós no Sacramento da Eucaristia.
A participação, todos os Domingos, da celebração da Eucaristia, nos proporciona a comunhão íntima com Jesus Cristo e com a Igreja, seu Corpo Místico, seu Povo. Assim fazendo, nós crescemos na fé, na vida cristã e em santidade, junto com nossos irmãos de fé. Ao participarmos da única mesa eucarística e do mesmo Pão de Deus, entregue a nós pelo Pai celeste, crescemos na consciência dos profundos laços de fraternidade que nos unem a todos irmãos, membros do mesmo Corpo de Cristo, que é a Igreja.
Querido Povo de Deus em São Paulo, a Eucaristia é a maior Bênção de Deus para a humanidade pois, por Cristo, com Cristo e em Cristo, Deus continua a vir ao nosso encontro, a nos falar, a nos amar, alimentar e confortar no caminho da vida, rumo à Casa do Pai.
TEXTOS BÍBLICOS PARA A SEMANA:

2ª Vd - 2Pd 1,2-7; Sl 90; Mc 12,1-12
3ª Vm - 2Pd 3,12-15a.17-18; Sl 89; Mc 12,13-17
4ª Vd - 2Tm 1,1-3.6-12; Sl 122; Mc 12,18-27
5ª Br - Ex 24,3-8; Sl 115; Hb 9,11-15; Mc 14,12-16.22-26
6ª Br - 2Tm 3,10-17; Sl 118; Mc 12,35-37
Sb Vd - 2Tm 4,1-8; Sl 70; Mc 12,38-44
10º DOMINGO TC Gn 3,9-15; Sl 129 (130),1-2.3-4ab.4c-6.7-8 (R/. 7); 2Cor 4,3-18–5,1; Mc 3,20-35

COMENTÁRIOS DO EVANGELHO
1. "TRINDADE, NOSSA FAMÍLIA."
Chacrinha, o velho Guerreiro dos anos 70/80, revolucionou a TV com a sua comunicação irreverente nos programas de auditório ao vivo, foi um grande comunicador e há até uma frase sua que marcou o público “eu não vim para explicar, vim para confundir”. Há muita gente que pensa que Deus quis nos confundir ao revelar-se um Deus Trino, uma verdade ilógica, uma aberração matemática, segundo o raciocínio humano, pois 1 nunca será igual a 3, entretanto, é o contrário do que dizem, porque o homem jamais teria condições de penetrar no mistério de Deus e as leituras desse domingo, da Festa da Santíssima Trindade, mostra-nos como Deus se revela, permitindo ao homem contemplar toda a beleza desse amor.
Então penso que o maior e verdadeiro comunicador de todos os tempos é o Espírito Santo, chamado por Jesus neste evangelho, de Espírito de Verdade, que nos comunica não só quem é Deus, mas também quem somos, pois o mistério da vida do homem está em Deus Criador e fora dele, ou sem ele, não haverá compreensão que dê algum sentido ao ser humano, na sua caminhada terrena.
A pedagogia de Deus é perfeita, sem queimar nenhuma etapa, respeitando os limites do homem na sua dificuldade de compreender, ele se revela aos poucos, na medida em que o homem amadurece em sua fé, é, portanto, uma revelação pessoal, pois um comunicador de massa nos moldes que a mídia nos coloca, não sabe na verdade quem são as pessoas com quem se comunica, seu jeito de ser, suas dores e angústias, suas dificuldades, além do que, nem sempre o que a mídia nos comunica é verdadeiro, aliás, na maioria das vezes são “verdades” inventadas para se vender uma idéia, um conceito ou um produto. Mas Deus nos dá um tratamento personalizado, pois o Espírito Santo nos conduz à Verdade que é ele próprio.
O homem é muito especial, estando sempre no centro do projeto de Deus, basta ver a obra da criação em seus detalhes, feita com grande sabedoria, tudo foi preparado para que o homem fosse feliz, a sabedoria aqui mencionada em Provérbios, é como o amor de uma mãe que prepara com todo carinho o enxoval e o quarto onde o seu filho irá viver após o nascimento, amor que acolhe e que se alegra em ficar junto e a sabedoria de Deus tinha prazer de ficar junto com os filhos dos homens, o belo e perfeito, se apaixonando pelo feio e imperfeito. Nenhum Deus é assim, só o Pai de Jesus! O nosso Deus nunca foi um enigma que desafia os homens a decifrá-lo, ao contrário, torna-se acessível em Jesus Cristo, no qual pela fé somos justificados, isso não significa que alcançaremos à salvação de maneira passiva, pois a segunda leitura da carta de Paulo aos Romanos nos propõe o desafio de testemunharmos nossa esperança, que é Jesus Cristo, em meio às tribulações deste mundo.
As palavras de Jesus aos discípulos são consoladoras nesse sentido, porque na verdade eles estão tomados pela tristeza, por causa da idéia de que o senhor irá deixá-los, não havia se dado conta de que a volta de Jesus ao Pai, iria perpetuar a sua presença junto a eles, através do Espírito Santo. Os pecados e as misérias humanas não conseguem impedir essa comunicação de Deus aos homens, aberta a partir de Jesus Cristo, poderia se dizer que o emissor se comunica perfeitamente bem, mesmo que o receptor não seja muito eficiente, pois Deus nunca desiste do homem e o seu amor é eterno, comprovado em Jesus Cristo, ápice da revelação desse amor, que nos insere na vida de Deus através da comunhão.
Celebrar a Santíssima Trindade não é celebrar um mistério insondável, mas é sentir uma grande alegria, ao saber o quanto Deus nos ama, e se desdobra para nos alcançar e nos manter sempre junto a si. Uma Galinha que abre suas asas para proteger e abrigar os pintinhos, uma Águia que carrega sobre as asas seus filhotes para que apreendam a voar, são alegorias que aparecem na Bíblia e que facilitam à nossa compreensão a respeito de Deus. Enfim, embora não merecedores, somos todos membros desta Família Do PAI, do FILHO e do ESPÍRITO SANTO. (Festa da Santíssima Trindade)
2. Missão dos discípulos de Jesus
Nos evangelhos de Marcos e de Mateus, quando as mulheres, após a crucifixão de Jesus, vão visitar seu túmulo na madrugada do primeiro dia da semana, um anjo lhes diz: "Ide contar aos discípulos que ele ressuscitou dos mortos e que vos precede na Galileia. Lá o vereis" (Mc 16,7; Mt 28,7). No evangelho de Marcos, Jesus já havia dito aos discípulos: "Depois que eu ressurgir, eu vos precederei na Galileia" (Mc 14,28). Em Mateus, após as palavras do anjo, o próprio Jesus, vindo ao encontro das mulheres, lhes repete: "Ide anunciar a meus irmãos que se dirijam para a Galileia; lá me verão" (Mt 28,10).
Em continuidade a este anúncio, Mateus registra o encontro dos discípulos com Jesus em uma montanha da Galileia. Durante seu ministério na Galileia, Jesus já havia enviado os apóstolos em missão. Agora, permanecendo vivo entre eles, reenvia-os para fazer discípulos entre todas as nações. Não há nenhuma eleição particular, todos são chamados ao seguimento de Jesus, na adesão à vontade do Pai, que é que todos tenham vida, em comunhão plena de amor.
Os discípulos são enviados para batizar, em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo. Jesus assumiu o batismo de João revelando que este batismo da conversão é do agrado de Deus, e pela prática da justiça que promove a vida, removendo o pecado do mundo, somos inseridos na própria vida divina, na comunhão de amor entre o Pai e o Filho. Deixando-nos conduzir pelo Espírito de Amor, na fraternidade e na compaixão, tornamo-nos filhos de Deus (segunda leitura), ao qual chamamos de "Pai Nosso".
Em contraste com os evangelhos de Marcos e Mateus, Lucas não narra o retorno à Galileia. Na sua narrativa, com sua teologia particular, o ressuscitado ordena aos discípulos: "Permanecei em Jerusalém até serdes revestido da força do Alto" (Lc 24,49). E Lucas conclui seu evangelho com a observação: "Eles voltarem a Jerusalém com grande alegria e estavam continuamente no Templo, louvando a Deus" (Lc 24,52s). O empenho de Lucas é apresentar Jerusalém como sendo o centro de irradiação do cristianismo, após a morte de Jesus, relegando a Galileia à obscuridade.
O credo da tradição de Israel, bem desenvolvido no livro do Deuteronômio (primeira leitura), se fundamenta em uma divindade que elege um povo e o conduz à "terra prometida", por meio de "sinais e prodígios, por meio de combates, com mão forte e braço estendido, por meio de grandes terrores", exterminando os demais povos, que são considerados inimigos. É o deus do terror: "Hoje começarei a espalhar o terror e o medo de ti aos povos debaixo do céu. Ao ouvirem falar de ti, ficarão perturbados e tremerão de angústia à tua frente" (Dt 2,25). Esta crença, como foi destacado pelo Sínodo para o Oriente Médio, em 2010, tem sido o fundamento das violências perpetradas contra o povo da Palestina, em nossos dias. Removendo esta imagem de Deus, Jesus vem revelar o Deus de amor e misericórdia, na humildade, na mansidão e na paz, que acolhe todos os povos do mundo. Jesus se comunica não com terror e poder, mas com seu amor e suas palavras dirigidas aos seus discípulos, de irmão para irmão, de amigo para amigo. É a presença carinhosa, com palavras de vida que seduzem e conquistam.
Oração
Pai, que a certeza da presença de teu Filho Jesus seja estímulo para o cumprimento da missão que recebi: a de proclamar o Reino a todos os povos.
3. DELEGAÇÃO DE AUTORIDADE DE JESUS
Quando Maria Madalena e a outra Maria foram ao túmulo de Jesus, ao raiar do primeiro dia da semana, um anjo lhes anunciou que Jesus ressuscitara e que precedia os discípulos na Galiléia, para onde eles deviam se dirigir. A seguir, o próprio Jesus vai ao encontro delas e também lhes comunica que devem anunciar aos discípulos que se dirijam para a Galiléia (Mt 28,1-10). Isto indica que, após a crucifixão de Jesus em Jerusalém, a missão iniciada por ele foi retomada na Galiléia.
Dessa maneira, os onze discípulos voltam para lá e se encontram com Jesus ressuscitado, sendo por ele enviados em missão. Apenas no Evangelho de Lucas é que Jesus declara aos discípulos que devem permanecer em Jerusalém; com isto Lucas coloca como centro de irradiação da missão Jerusalém, e não a Galiléia.
O credo da tradição de Israel se fundamenta em uma divindade que elege um povo e, por meio de "sinais e prodígios, por meio de combates, com mão forte e braço estendido, por meio de grandes terrores", extermina os demais povos, que são considerados inimigos (primeira leitura). Contudo, Jesus vem revelar o Deus de amor e misericórdia, na humildade, na mansidão e na paz, que acolhe todos os povos do mundo. Jesus se comunica não com terrores e poder, mas com palavras dirigidas aos seus discípulos de irmão para irmão, de amigo para amigo. São palavras de vida que seduzem e conquistam.
Os discípulos são enviados de modo a eles próprios fazerem novos discípulos entre todas as nações. Não há nenhuma eleição particular; todos são chamados ao seguimento de Jesus, na observância de sua palavra e na adesão à vontade do Pai. O ministério de Jesus iniciou-se com o batismo de João. É o batismo da conversão à justiça, à fraternidade e à compaixão. Agora, os discípulos são enviados para batizar, em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo. Jesus assumiu o batismo de João revelando que este batismo da conversão é do agrado de Deus e, pela prática da justiça que promove a vida, somos inseridos na própria vida divina, na unidade da Trindade, Pai, Filho e Espírito Santo.
A justiça que promove a vida, na misericórdia e na compaixão, é a forma concreta do amor que une os filhos de Deus. Pela fidelidade a Jesus, movidos pelo Espírito, podemos chamar Deus de Pai (segunda leitura) e temos a presença de Jesus por toda a eternidade.
Liturgia da Segunda Feira
IX SEMANA COMUM 
(VERDE – OFÍCIO DO DIA)
Antífona da entrada: Olhai para mim, Senhor, e tende piedade, pois vivo sozinho e infeliz. Vede minha miséria e minha dor e perdoai todos os meus pecados! (Sl 24,16.18)
Leitura (2 Pedro 1,2-7)
Leitura da segunda carta de São Pedro
1 2 Caríssimos, graça e paz vos sejam dadas em abundância por um profundo conhecimento de Deus e de Jesus, nosso Senhor! 
3 O poder divino deu-nos tudo o que contribui para a vida e a piedade, fazendo-nos conhecer aquele que nos chamou por sua glória e sua virtude. 
4 Por elas, temos entrado na posse das maiores e mais preciosas promessas, a fim de tornar-vos por este meio participantes da natureza divina, subtraindo-vos à corrupção que a concupiscência gerou no mundo. 
5 Por estes motivos, esforçai-vos quanto possível por unir à vossa fé a virtude, à virtude a ciência, 
6 à ciência a temperança, à temperança a paciência, à paciência a piedade, 
7 à piedade o amor fraterno, e ao amor fraterno a caridade. 
Salmo responsorial 90/91
Vós sois meu Deus, no qual confio inteiramente.
Quem habita ao abrigo do Altíssimo 
E vive à sombra do Senhor onipotente, 
Diz ao Senhor: "Sois meu refúgio e proteção, 
Sois o meu Deus, no qual confio inteiramente".
"Porque a mim se confiou, hei de livrá-lo 
e protegê-lo, pois meu nome ele conhece. 
Ao invocar-me, hei de ouvi-lo e atendê-lo, 
A seu lado eu estarei em suas dores.
Hei de livrá-lo e de glória coroá-lo, vou conceder-lhe vida longa e dias plenos 
E vou mostrar-lhe minha graça e salvação".
Aclamação do Evangelho
Aleluia, aleluia, aleluia. 
Jesus Cristo, a fiel testemunha, primogênito dos mortos, nos amou e do pecado nos lavou, em seu sangue derramado (Ap 1,5).

Evangelho (Marcos 12,1-12)
12 1 E Jesus começou a falar-lhes em parábolas. "Um homem plantou uma vinha, cercou-a com uma sebe, cavou nela um lagar, edificou uma torre, arrendou-a a vinhateiros e ausentou-se daquela terra. 
2 A seu tempo enviou aos vinhateiros um servo, para receber deles uma parte do produto da vinha. 
3 Ora, eles prenderam-no, feriram-no e reenviaram-no de mãos vazias. 
4 Enviou-lhes de novo outro servo; também este feriram na cabeça e o cobriram de afrontas. 
5 O senhor enviou-lhes ainda um terceiro, mas o mataram. E enviou outros mais, dos quais feriram uns e mataram outros. 
6 Restava-lhe ainda seu filho único, a quem muito amava. Enviou-o também por último a ir ter com eles, dizendo: 'Terão respeito a meu filho!' 
7 Os vinhateiros, porém, disseram uns aos outros: 'Este é o herdeiro! Vinde, matemo-lo e será nossa a herança!' 
8 Agarrando-o, mataram-no e lançaram-no fora da vinha. 
9 Que fará, pois, o senhor da vinha? Virá e exterminará os vinhateiros e dará a vinha a outro. 10 Nunca lestes estas palavras da Escritura: 'A pedra que os construtores rejeitaram veio a tornar-se pedra angular. 
11 Isto é obra do Senhor, e ela é admirável aos nossos olhos'?" 
12 Procuravam prendê-lo, mas temiam o povo; porque tinham entendido que a respeito deles dissera esta parábola. E deixando-o, retiraram-se. 
COMENTÁRIOS DO EVANGELHO
1. "Um grande Amor não correspondido..."
Na história dos grandes romances, o pior que pode acontecer é quando um grande e sincero amor não é correspondido, ou o Amado é traído pela amada. Em nossos tempos a história real ou fictícia, dessa dor de amar sem ser amado, acaba virando moda de viola no cancioneiro sertanejo, ou nos compositores românticos remanescentes dos bons tempos em que se ouviam boas músicas...
Há nos profetas algo ligado a esse tema "Meu amigo tinha uma vinha...", onde alguém, muito chegado do amado traído, ou não correspondido, como um compositor de música sertaneja, faz uma canção - poesia, para contar da decepção de um amigo que amou alguém e deu tudo de si, mas que não foi correspondido.
No evangelho de hoje Jesus, o Filho de Deus ( o Amado não correspondido) conta essa história da Vinha e pergunta aos seus interlocutores, que fazem parte dos que rejeitam esse Amor de Deus, que atitude deverá tomar esse Homem que fez o possível e o impossível para que a sua "Vinha"  frutificasse, e que de maneira surpreendente, além de não dar os frutos desejados, ainda trataram com violência os servos que ele enviou, para lhe trazer os frutos que eram seus, por direito.
Volto aos anos 70 quando não tínhamos e-mails, ourkut, MSN e outros canais de comunicação imediata, quando gostávamos prá valer de uma menina, e ela não acreditava na sinceridade do afeto, costumávamos mandar recados através dos amigos mais chegados, até que um belo dia, tínhamos que ir pessoalmente se declarar... 

O Filho do Dono da Vinha não veio para se vingar dos que rejeitaram os servos e bateram  neles,mas com certeza Deus pensou "Chega de recados, eu mesmo vou lá declarar o meu amor por eles"... Mas deu no que deu... Pegaram o Filho do Homem e planejaram matá-lo para ficar com a Vinha. O que isso significa? Exatamente a criação de um amor que é caricatura do Amor Único e Verdadeiro, os homens se apossaram de algo que não lhes pertencia e o tomaram para si, criando um amor falsificado e sem nenhum valor, não quiseram saber de uma relação autêntica e sincera com Aquele que é o Amor, mas preferiram os amantes... Entretanto, Deus não desistiu do seu projeto e levou o seu Amor até as últimas consequências e este venceu e superou o amor medíocre que os maus empregados tinham transformado o que pertencia a Deus.
Em toda essa trama que envolve a mais bela, verdadeira e sublime História de Amor, diante dessa parábola, é forçoso que nos perguntemos: o amor que vivemos na comunidade, em nossas relações com as pessoas, vem de onde? Daquele que é o Amor, ou dos empregados corruptos, ladrões e assassinos. Falamos e testemunhamos o Amor Verdade, ou vivemos no amor medíocre e mentiroso...?
2. A "vinha" simbolo do povo
Jesus fala aos sacerdotes, aos escribas e anciãos. O contexto em que se insere a parábola, no evangelho de Marcos, é o do conflito final, no Templo de Jerusalém, entre Jesus e as elites religiosas. A referência ao "filho amado" é uma alusão direta a Jesus, possivelmente indicando uma redação tardia das comunidades sob a tradição da ressurreição.
A vinha, na tradição profética, simboliza o povo de Israel. Os líderes religiosos se apropriaram do povo, explorando-o e oprimindo-o. Inclusive mataram os profetas enviados por Deus. Agora, também procuram eliminar Jesus, o próprio Filho de Deus.
Oração
Pai, porque és misericordioso, nunca te cansas de querer levar a mim e a toda a humanidade para junto de ti. Que eu perceba e acolha a manifestação deste teu imenso amor.
3. A VINHA É O POVO DE DEUS
Esta parábola, contada por Jesus como crítica aos chefes religiosos do templo de Jerusalém, sacerdotes e proprietários de terras, parte da imagem de um conflito social entre um latifundiário e os agricultores. É, assim, bem inteligível para estes chefes religiosos. Na aplicação da parábola, apesar da prepotência e violência nela contida, Deus pode ser entendido como o proprietário da vinha. A vinha, conforme a tradição profética, é o povo amado por Deus. Os agricultores violentos são os chefes religiosos, que oprimem, exploram o povo e procuram eliminar quem busca libertação. Eles entenderam que Jesus falava deles. Irritam-se e procuram prendê-lo.
Liturgia da Terça-Feira
SÃO BONIFÁCIO - BISPO E MÁRTIR 
(VERMELHO, PREFÁCIO COMUM OU DOS MÁRTIRES – OFÍCIO DA MEMÓRIA)
Antífona da entrada: Este santo lutou até a morte pela lei de seu Deus e não temeu as ameaças dos ímpios, pois se apoiava numa rocha inabalável.
Leitura (2 Pedro 3,12-15.17-18)
Leitura da segunda carta de são Pedro.
3 12 enquanto esperais e apressais o dia de Deus, esse dia em que se hão de dissolver os céus inflamados e se hão de fundir os elementos abrasados! 
13 Nós, porém, segundo sua promessa, esperamos novos céus e uma nova terra, nos quais habitará a justiça. 
14 Portanto, caríssimos, esperando estas coisas, esforçai-vos em ser por ele achados sem mácula e irrepreensíveis na paz. 
15 Reconhecei que a longa paciência de nosso Senhor vos é salutar, como também vosso caríssimo irmão Paulo vos escreveu, segundo o dom de sabedoria que lhe foi dado. 
17 Vós, pois, caríssimos, advertidos de antemão, tomai cuidado para que não caiais da vossa firmeza, levados pelo erro destes homens ímpios. 
18 Mas crescei na graça e no conhecimento de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo. A ele a glória agora e eternamente. 
Salmo responsorial 89/90
Ó Senhor, vós fostes sempre um refúgio para nós!
Já bem antes que as montanhas fossem feitas 
ou a terra e o mundo se formassem, 
desde sempre e para sempre vós sois Deus. 
Vós fazeis voltar ao pó todo mortal, 
quando dizeis: "Voltai ao pó, filhos de Adão!" 
Pois mil anos para vós são como ontem, 
qual vigília de uma noite que passou.
Pode durar setenta anos nossa vida, 
os mais fortes talvez cheguem a oitenta; 
a maior parte é ilusão e sofrimento: 
passam depressa e também nós assim passamos.
Saciai-nos de manhã com vosso amor, 
e exultaremos de alegria todo o dia! 
Manifestai a vossa obra a vossos servos 
e a seus filhos revelai a vossa glória!
Aclamação do Evangelho
Aleluia, aleluia, aleluia. 
Que o Pai do Senhor Jesus Cristo vos dê do saber o Espírito, para que conheçais a esperança reservada para vós como herança! (Ef 1,17s)

Evangelho (Marcos 12,13-17)
12 13 As autoridades enviaram a Jesus alguns fariseus e herodianos, para que o apanhassem em alguma palavra. 
14 Aproximaram-se dele e disseram-lhe: "Mestre, sabemos que és sincero e que não lisonjeias a ninguém; porque não olhas para as aparências dos homens, mas ensinas o caminho de Deus segundo a verdade. É permitido que se pague o imposto a César ou não? Devemos ou não pagá-lo?" 
15 Conhecendo-lhes a hipocrisia, respondeu-lhes Jesus: "Por que me quereis armar um laço? Mostrai-me um denário". 
16 Apresentaram-lho. E ele perguntou-lhes: "De quem é esta imagem e a inscrição?" "De César", responderam-lhe. 
17 Jesus então lhes replicou. "Dai, pois, a César o que é de César e a Deus o que é de Deus". E admiravam-se dele.
COMENTÁRIOS DO EVANGELHO
1. "Um Cristianismo pela metade..."
Há tantas indagações que poderíamos colocar ao lado dessa pergunta capciosa que os Fariseus e Herodianos fizeram as Jesus. Vamos formular algumas delas, para que compreendamos a resposta de Jesus, para os cristãos de 2012.
"Senhor, é certo um cristão participar da política partidária? Deve um Cristão atuar no sindicalismo ou na associação de moradores? Deve um cristão preocupar-se com questões sociais do bairro, da cidade? Deve um cristão ocupar-se com problemas de ordem econômica? Pode um Cristão acompanhar trabalhos da câmara e cobrar os seus representantes n o legislativo? Deve um Cristão ocupar-se de questões referentes a cidadania, ao meio ambiente e ecologia? Deverá um Cristão preocupar-se com questões da Educação e Saúde? Pode em nossas comunidades um Cristão preocupar-se com administração, situação econômica da Paróquia, formas de gestão para melhorar a arrecadação do dízimo ? Deve um Cristão preocupar-se com a comunicação, e ocupar espaços na Mídia local ou na grande Mídia, para evangelizar? A lista é muito grande e paramos por aqui.
A verdade é que, muitas vezes preferimos ser Cristãos pela metade, ignorando ou menosprezando as realidades terrenas que nos cercam e que afetam diretamente a nossa vida. Para que ocupar-se com as coisas do mundo, se elas são transitórias, o que importa é preocupar-me com a salvação da minha alma na Vida Eterna... Esse é o pensamento que prevalecia na Igreja antes do Concílio Vaticano II, e infelizmente muitos ainda pensam assim, se recusam a ser fermento na massa, sal e luz do mundo, preferindo a Fé da Magia, que cuida das coisas santas e sagradas, entendendo que tudo mais são coisas profanas. Claro que, por conta desse pensamento, os cristãos "Metadinha" são péssimos administradores, maus pagadores, vivem "apertados", metidos em grandes dívidas e são capazes de pedir a Deus um milagre econômico para suas vidas.
Cristãos Metadinha odeiam ouvir falar em política dentro da Igreja e na relação com os políticos, legisladores e governantes, só querem uma coisa, ter algum ganho ou levar alguma vantagem com eles, incentivando, até mesmo políticos de dentro da comunidade, a praticarem o chamado clientelismo político, que é uma praga que infesta nossa sociedade.
Nesse sentido, e olhando por esse lado, podemos entender que a resposta de Jesus "Dai a Cesar o que é de Cesar, e a Deus o que é de Deus", é um convite a coerência, de uma Fé comprometida com a Vida e todas as suas implicações. Claro que a questão da imagem cunhada na moeda serve também como uma exortação para lembrarmos que o Homem é imagem e semelhança de Deus e não imagem, e semelhança das Instituições.
Portanto, sendo imagem e semelhança de Deus, temos que ser coerentes como Jesus de Nazaré, Homem fiel, Judeu e Cidadão, que inseriu-se plenamente na sua realidade Nacional e Religiosa, sem nunca fazer da relação com Deus uma forma de alienar-se. E por ser assim, tão comprometido com a transformação das estruturas do seu tempo, foi perseguido e condenado injustamente á morte da cruz, pois se fosse apenas um fanático religioso, um visionário místico, que vivia nas nuvens, certamente não incomodaria a ninguém e morreria velhinho, de cabelos brancos...
2. Deus é misericórdia, amor e vida
Por cerca de três anos Jesus exerceu seu ministério na Galileia e nas regiões gentílicas vizinhas. Agora, em Jerusalém dá-se o confronto fatal com o sistema religioso do Templo.
O imposto de César era exigido dos judeus, sob o domínio romano. Alguns fariseus e herodianos, procurando provocar em Jesus alguma palavra que o condenasse, perguntam-lhe se deviam ou não pagar este imposto. Se dissesse que não, incorreria na condenação dos romanos. Se dissesse que sim, ficaria desacreditado perante o povo. Diante da moeda cunhada com a cabeça de César, que se intitulava "Filho Augusto e Divino", Jesus devolve a pergunta: "De quem é esta figura e a inscrição?". E, depois da resposta, conclui: "Devolvei a César o que é de César e a Deus o que é de Deus".
César é diferente de Deus. César é a ambição do dinheiro e do poder. Deus é misericórdia, amor e vida. Libertar-se do dinheiro e comprometer-se com Deus, é o projeto de Jesus.
Oração
Pai, tudo quanto existe no universo te pertence. Ensina-me a subordinar tudo ao teu querer e a considerar-te a medida de tudo.
3. OPOSIÇÕES INEXISTENTES
Para confundir Jesus, fariseus e herodianos propuseram-lhe uma pergunta capciosa a respeito da liceidade de pagar o tributo ao imperador romano.
O pano de fundo desta questão era complexo. Sob o aspecto político, tratava-se de saber se Jesus era contra ou a favor da dominação estrangeira. Sob o aspecto religioso, a resposta de Jesus revelaria que imagem ele fazia de Deus, que escolhera Israel para ser o povo de sua predileção, e não se contentava em vê-lo oprimido. Afinal, o Deus de Jesus era um Deus libertador? Sob o aspecto econômico, a questão levava Jesus a posicionar-se diante da penúria do povo, do qual se exigia pagamento de tributo. Sob o aspecto social, Jesus deveria dizer se concordava com a situação de opressão a que estava reduzido o povo de Israel. 

A resposta do Mestre, aparentemente evasiva, revela sua visão da história, centrada no Reino de Deus. Não existe contraposição entre César e Deus, uma vez que estão situados em níveis diferentes. O pagamento do tributo ao imperador é irrelevante, quando este não cede à tentação de usurpar o lugar de Deus, tiranizando as pessoas. Deus é o Senhor absoluto da História. E César deve submeter-se a ele. Importa que todos, inclusive o imperador, acolham a vontade divina.
Conseqüentemente, a resposta de Jesus revela que ele se opunha a todo tipo de opressão e exploração, pois o Pai é um Deus libertador. É preciso ser perspicaz para compreender o sentido da posição de Jesus.
Oração 
Espírito de sagacidade, dá-me a graça de compreender o sentido oculto das palavras de Jesus, cuja sabedoria se esconde para quem não está sintonizado com ele.
Liturgia da Quarta-Feira
IX SEMANA COMUM *
(VERDE – OFÍCIO DO DIA DA I SEMANA)
Antífona da entrada: Olhai para mim, Senhor, e tende piedade, pois vivo sozinho e infeliz. Vede minha miséria e minha dor e perdoai todos os meus pecados! (Sl 24,16.18)
Leitura (2 Timóteo 1,1-3.6-12)
Leitura da Segunda Carta de São Paulo a Timóteo
1 1 Paulo, apóstolo de Jesus Cristo pela vontade de Deus para anunciar a promessa da vida que está em Jesus Cristo, 
2 a Timóteo, filho caríssimo: graça, misericórdia, paz, da parte de Deus Pai e de Jesus Cristo, nosso Senhor! 
3 Dou graças a Deus, a quem sirvo com pureza de consciência, tal como aprendi de meus pais, e me lembro de ti sem cessar nas minhas orações, de noite e de dia. 
6 Por esse motivo, eu te exorto a reavivar a chama do dom de Deus que recebeste pela imposição das minhas mãos.
7 Pois Deus não nos deu um espírito de timidez, mas de fortaleza, de amor e de sabedoria. 8 Não te envergonhes, portanto, do testemunho de nosso Senhor, nem de mim, seu prisioneiro, mas sofre comigo pelo Evangelho, fortificado pelo poder de Deus. 
9 Deus nos salvou e chamou para a santidade, não em atenção às nossas obras, mas em virtude do seu desígnio, da graça que desde a eternidade nos destinou em Cristo Jesus, 
10 e agora nos manifestou mediante a aparição de nosso Salvador Jesus Cristo, que destruiu a morte e suscitou a vida e a imortalidade, pelo Evangelho, 
11 do qual fui constituído pregador, apóstolo e mestre entre os gentios. 
12 É este o motivo por que estou sofrendo assim. Mas não me queixo, não. Sei em quem pus minha confiança, e estou certo de que é assaz poderoso para guardar meu depósito até aquele dia. 
Salmo responsorial 122/123
Ó Senhor, para vós eu levanto meus olhos.
Eu levanto os meus olhos para vós, 
que habitais nos altos céus. 
Como os olhos dos escravos estão fitos 
nas mãos do seu senhor.
Como os olhos das escravas estão fitos 
nas mãos de sua senhora, 
assim os nossos olhos no Senhor, 
até de nós ter piedade.
Aclamação do Evangelho
Aleluia, aleluia, aleluia. 
Eu sou a ressurreição, eu sou a vida, quem crê em mim, ainda que morra, viverá (Jo 11,25s).

Evangelho (Marcos 12,18-27)
12 18 Ora, vieram ter com Jesus os saduceus, que afirmam não haver ressurreição, e perguntaram-lhe: 
19 "Mestre, Moisés prescreveu-nos: Se morrer o irmão de alguém, e deixar mulher sem filhos, seu irmão despo-se a viúva e suscite posteridade a seu irmão. 
20 Ora, havia sete irmãos; o primeiro casou e morreu sem deixar descendência. 
21 Então o segundo desposou a viúva, e morreu sem deixar posteridade. Do mesmo modo o terceiro. 
22 E assim tomaram-na os sete, e não deixaram filhos. Por último, morreu também a mulher. 
23 Na ressurreição, a quem destes pertencerá a mulher? Pois os sete a tiveram por mulher". 
24 Jesus respondeu-lhes: "Errais, não compreendendo as Escrituras nem o poder de Deus. 
25 Na ressurreição dos mortos, os homens não tomarão mulheres, nem as mulheres, maridos, mas serão como os anjos nos céus. 
26 Mas quanto à ressurreição dos mortos, não lestes no livro de Moisés como Deus lhe falou da sarça, dizendo: 'Eu sou o Deus de Abraão, o Deus de Isaac e o Deus de Jacó'?" 
27 Ele não é Deus de mortos, senão de vivos. Portanto, estais muito errados. 
COMENTÁRIOS DO EVANGELHO
1.  “Ressurreição e Ressuscitação”
Tenho um amigo que o  pai morreu de Alzheimer e cuja preocupação é que no dia em que ele também morrer e for encontrar-se com o pai na Vida Eterna, este não o reconheça. Outro colega de serviço quis saber, em certa ocasião que falávamos sobre o assunto, se ele na Vida Eterna irá se reencontrar com o cachorrinho de estimação que perdeu vítima de uma doença.
Um outro disse em tom de brincadeira que não quer se encontrar com a sua sogra na Eternidade, e se registrarmos todas as conversas e opiniões sobre o assunto, facilmente percebemos que a maioria confunde ressurreição com ressuscitação, que são coisas bem distintas. Queremos todos chegar na Vida Eterna e dar continuidade a tudo que somos e fizemos nesta vida, com as mesmas emoções e sentimentos, com o mesmo modo de se relacionar com as pessoas.
Os Saduceus, um grupo que não acreditava na ressurreição, resolveram contar uma piadinha para Jesus, sim, uma historinha dessa  só pode ser uma piada, é o caso de uma super mulher, que teve sete maridos e todos “bateram a cacholeta”, e por fim um belo dia a viúva por sete vezes também morreu, essa realmente descansou... Só que na cabeça dos Saduceus espirituosos, a história continuou, agora a coitada chega no Céu e dá de cara com os sete que a esperavam, e no final veio a perguntinha descabida : “De quem ela terá que ser esposa?”
Pronto ! Está feito a “misturança”, uma realidade terrestre com uma realidade ultraterrestre, alguém aí já imaginou se fosse assim, levar conosco para a Vida Eterna os problemas mal resolvidos ou a resolver aqui nesta terra, para dar continuidade a historia? Podem ter a certeza de que não valeria a pena ressuscitar. Um pouco pior é o pensamento reencarnacionista  onde a gente sobe e desce, vai e volta, até terminar o processo de purificação total,  pagando todas as nossas faltas. Ressurreição não é nada disso! Como é que podemos afirmar isso?
Na ressurreição de Jesus e nas suas aparições na comunidade. É um processo de continuidade, Jesus é o mesmo, nós seremos os mesmos, a pessoa que construímos com nossas ações boas ou más, porém, de um outro jeito, Jesus Ressuscitado é o Jesus crucificado, mas de um outro jeito, o mesmo irá acontecer com todos nós, seremos os mesmos, mas de um outro jeito.
Por não termos a união hipostática das duas naturezas como Jesus, só seremos revelados o que de fato somos, após a consumação dos séculos, quando a história chegar ao seu final e o Reino atingir a sua plenitude, sempre lembrando que a nossa Vida se dá no tempo e espaço, enquanto que Deus é Eterno, não tem passado nem futuro, e portanto a nossa morte biológica nos permite mergulharmos no infinito de Deus.
Não estaremos mais sujeitos ao tempo ou ao espaço, não teremos mais nenhuma necessidade de qualquer ordem, seja ela corporal, afetiva ou espiritual, por isso as relações de afetividade não terão mais razão de ser. Em Deus estaremos completos e perfeitos. O Amor que nos ama nos transformará, e nós também seremos Amor, e viveremos eternamente nesse Amor.
2. Deus é Deus dos vivos
O evangelho de Marcos faz menção aos saduceus unicamente nesta passagem. Eles pertenciam à classe rica de latifundiários e não acreditavam na ressurreição. Eles querem confundir Jesus a partir da lei do levirato, cujo objetivo era conservar a posse das propriedades dentro da família patriarcal. No casamento a mulher, sem direito algum, era puro instrumento desta posse.
Diante do caso anedótico da mulher que casou com sete irmãos, Jesus critica a incompreensão e erro dos saduceus e destaca que Deus é Deus dos vivos. Citando os antepassados, Abraão, Isaac e Jacó, Jesus realça que eles estão vivos, isto é, já participam da vida eterna, para a qual Deus a todos criou.
O que permanece para toda a eternidade não são os interesses econômicos com seu apego aos bens materiais, mas os atos de amor que constroem a vida.
Oração
Pai, tu és o Senhor da vida e me conduzes para a vida eterna junto de ti. Aumenta a minha fé de que não estou destinado à morte, e sim à comunhão contigo.
3. UMA GROSSERIA TEOLÓGICA
A pergunta que os saduceus fizeram a Jesus revelou uma grosseria teológica. Por não aceitarem a ressurreição, imaginaram poder confundi-lo com um casuísmo sem fundamento. Assim é que se deve entender a história da mulher que se casou, sucessivamente, com sete irmãos, e, por fim, ela própria morreu. De qual dos sete irmãos seria esposa para na ressurreição?
Jesus questionou a teologia subjacente à problemática assim apresentada. Ela supõe que Deus seja tão sem criatividade, a ponto de dever repetir, na vida eterna, o mesmo esquema da vida terrena, devendo resolver as aporias pendentes da presente vida.
Esta imagem de Deus foi posta sob suspeita. Por seu poder divino, a experiência da ressurreição consiste numa nova criação, cuja perfeição deve ser entendida a partir de novos parâmetros. As relações interpessoais não serão uma cópia do modo de vida terreno. Simbolicamente, Jesus afirma que os seres humanos ressuscitados "serão como anjos no céu", sem estarem sujeitos à contingência da morte, sem necessidade de reproduzir-se e assegurar descendência.
A dificuldade de os saduceus aceitarem a ressurreição dependia do esquema teológico que eles tinham. Por isto, incorriam em erro. O Deus de Jesus, no entanto, é bem diferente!
Oração
Espírito que ressuscita, alarga meus horizontes teológicos para que eu possa compreender a ressurreição como mistério de plenificação da vida.
Liturgia da Quinta-Feira
Corpus Christi
A Eucaristia pertence a três grandes destinatários. Antes de tudo, a toda a humanidade. Na narrativa da instituição, o sacerdote repete as palavras de Jesus sobre o cálice do sangue, sinal da nova e eterna aliança, o qual foi derramado por todos para a remissão dos pecados. A doação de Cristo a todos no gesto da cruz, renovada no sacramento da Eucaristia, significa que ela se faz dom para a humanidade. Teilhard de Chardin avança mais longe. Na Missa sobre o mundo, vê a Eucaristia em ligação com o gigantesco processo cósmico evolutivo de bilhões de ano.
Os cristãos acreditam que o ato de entrega de Cristo na cruz se faz presente no sacramento eucarístico. A Eucaristia, portanto, renova sob sinais visíveis o amor infinito de Cristo, levado ao grau extremo na doação de sua vida. Em qualquer lugar em que se celebre o mistério eucarístico, o cristão se sente em casa. Aí vê realizado de modo misterioso nos sinais do pão e do vinho o maior mistério de amor acontecido na história humana por parte do próprio Filho de Deus.
Nessa fé se baseia o ecumenismo. Pouco a pouco, caminhamos para a grande intercomunhão entre todos os cristãos na Eucaristia. Porque nela se realiza o mistério da Reconciliação de todo pecado, de toda separação, de toda divisão pela força mesma da graça. O Concílio de Trento reafirmou a doutrina bíblica da reconciliação pela a cruz e ressurreição do Senhor e da sua presencialização na Eucaristia.
No entanto, ela, já antecipada pela natureza mesma da Eucaristia, ainda não se fez história. A Igreja católica se entende como a principal ministra dessa Eucaristia, cabendo-lhe a missão de velar e zelar pelas condições de sua realização. Ainda não conseguimos resolver o impasse ecumênico com todos os cristãos e muito menos com toda a humanidade, no sentido etimológico do término. Oikoumenos, em grego, deu ecúmeno em português, que, segundo Houaiss, significa "área geográfica que é permanentemente habitada pelo homem". Jesus e todo cristão sonham que a Eucaristia se torne alimento de todos os humanos.
O trabalho ecumênico consiste, por conseguinte, no duplo movimento. Teologicamente, mostrando a ecumenicidade, a universalidade da Eucaristia, como dom a toda humanidade. Pastoralmente, criando as condições e os passos para a intercomunhão entre todos os cristãos e depois entre todos os humanos que reconhecerem como todo o processo evolutivo, de hominização e de humanização, encontra no Cristo cósmico, o príncipio e o fim. Jesus eucarístico significa, portanto, Alfa e Ômega de toda realidade.


CORPUS CHRISTI - CORPO E SANGUE DE CRISTO
(BRANCO, GLÓRIA, SEQÜÊNCIA FACULTATIVA, CREIO, PREFÁCIO PRÓPRIO – OFÍCIO DA SOLENIDADE)
"VINDE E VEDE! ELE ESTÁ NO MEIO DE NÓS!"
Ambientação:
Sejam bem-vindos amados irmãos e irmãs!
INTRODUÇÃO DO FOLHETO PULSANDINHO: A Solenidade do Corpo e Sangue do Senhor é a celebração memorial da entrega total de Jesus que doa sua vida para a salvação de todos. Sua presença eucarística deve ser compreendida e vivida por quem comunga formando um só corpo e um só espírito. Celebrar a Eucaristia, que é Sacramento da Unidade, é renovar a aliança selada no sangue do Cordeiro, que se entregou por nós, que é fonte de vida e que nos convida a também nos doarmos, fazendo acontecer a Eucaristia como doação e serviço.
INTRODUÇÃO DO FOLHETO O POVO DE DEUS: Hoje a Arquidiocese de São Paulo se reúne no Largo Santa Ifigênia para caminhar em direção à Sé, a fim de celebrar a festa da unidade e fazer memória do IV Congresso Eucarístico Nacional, que reuniu o Brasil inteiro nesta cidade onde Deus habita. Em setembro de 1942, o Vale do Anhangabaú tornou-se palco da esperança em Cristo eucarístico diante dos temores da Segunda Guerra Mundial. Com o lema "Vinde todos a mim", o IV Congresso é recordado como estímulo aos fiéis para renovarem a fé na Eucaristia e fortalecer a unidade das nossas Regiões Episcopais em torno do Arcebispo e seus Bispos Auxiliares, atraídos por Cristo, cujo Corpo e Sangue comungamos como alimento de fé, alegria da vida presente e certeza da vida eterna.
Sintamos o júbilo real de Deus em nossos corações e cheios dessa alegria divina entoemos alegres cânticos ao Senhor!
Antífona da entrada: O Senhor alimentou seu povo com a flor do trigo e com o mel do rochedo o saciou (S 80,17).
Primeira Leitura (Êxodo 24,3-8)
Leitura do livro do Êxodo.
24 3 Moisés veio referir ao povo todas as palavras do Senhor, e todas as suas leis; e o povo inteiro respondeu a uma voz: "Faremos tudo o que o Senhor disse." 
4 E Moisés escreveu todas as palavras do Senhor. No dia seguinte, de manhã, edificou um altar ao pé da montanha e levantou doze estelas para as doze tribos de Israel. 
5 Enviou jovens dentre os israelitas, os quais ofereceram holocaustos e sacrifícios ao Senhor e imolaram touros em sacrifícios pacíficos. 
6 Moisés tomou a metade do sangue para metê-lo em bacias, e derramou a outra metade sobre o altar. 
7 Tomou o livro da aliança e o leu ao povo, que respondeu: "Faremos tudo o que o Senhor disse e seremos obedientes." 
8 Moisés tomou o sangue para aspergir com ele o povo: "Eis, disse ele, o sangue da aliança que o Senhor fez convosco, conforme tudo o que foi dito." 
Salmo responsorial 115/116
Elevo o cálice da minha salvação 
invocando o nome santo do Senhor.
Que poderei retribuir ao Senhor Deus 
por tudo aquilo que ele fez em favor? 
Elevo o cálice da minha salvação, 
invocando o nome santo do Senhor.
É sentida por demais pelo Senhor 
a morte de seus santos, seus amigos. 
Eis que sou o vosso servo, ó Senhor, 
que nasceu de vossa serva; 
mas me quebrastes os grilhões da escravidão!
Por isso oferto um sacrifício de louvor, 
invocando o nome santo do Senhor. 
Vou cumprir minhas promessas ao Senhor 
na presença de seu povo reunido.
Segunda Leitura (Hebreus 9,11-15)
Leitura da carta aos Hebreus.
9 11 Porém, já veio Cristo, Sumo Sacerdote dos bens vindouros. E através de um tabernáculo mais excelente e mais perfeito, não construído por mãos humanas (isto é, não deste mundo), 
12 sem levar consigo o sangue de carneiros ou novilhos, mas com seu próprio sangue, entrou de uma vez por todas no santuário, adquirindo-nos uma redenção eterna. 
13 Pois se o sangue de carneiros e de touros e a cinza de uma vaca, com que se aspergem os impuros, santificam e purificam pelo menos os corpos, 
14 quanto mais o sangue de Cristo, que pelo Espírito eterno se ofereceu como vítima sem mácula a Deus, purificará a nossa consciência das obras mortas para o serviço do Deus vivo? 
15 Por isso ele é mediador do novo testamento. Pela sua morte expiou os pecados cometidos no decorrer do primeiro testamento, para que os eleitos recebam a herança eterna que lhes foi prometida. 
Seqüência
Eis o pão que os anjos comem transformado em pão do homem; só os filhos o consomem: não será lançado aos cães! Em sinais prefigurado, por Abrão foi imolado, no cordeiro aos pais foi dado, no deserto foi maná. Bom pastor, pão de verdade, piedade, ó Jesus piedade, conservai-nos na unidade, extingui nossa orfandade, transportai-nos para o Pai! Aos mortais dando comida, dais também o pão da vida; que a família assim nutrida seja um dia reunida aos convivas lá do céu!
Aclamação do Evangelho
Aleluia, aleluia, aleluia. 
Eu sou o pão descido do céu; quem deste pão come, sempre há de viver! (Jo 6,51)

EVANGELHO (Marcos 14,12-16.22-26)
14 12 No primeiro dia dos Ázimos, em que se imolava a Páscoa, perguntaram-lhe os discípulos: Onde queres que preparemos a refeição da Páscoa? 
13 Ele enviou dois dos seus discípulos, dizendo: "Ide à cidade, e sair-vos-á ao encontro um homem, carregando um cântaro de água. 
14 Segui-o e, onde ele entrar, dizei ao dono da casa: 'O Mestre pergunta: Onde está a sala em que devo comer a Páscoa com os meus discípulos?' 
15 E ele vos mostrará uma grande sala no andar superior, mobiliada e pronta. Fazei ali os preparativos. 
16 Partiram os discípulos para a cidade e acharam tudo como Jesus lhes havia dito, e prepararam a Páscoa". 
22 Durante a refeição, Jesus tomou o pão e, depois de o benzer, partiu-o e deu-lho, dizendo: "Tomai, isto é o meu corpo". 
23 Em seguida, tomou o cálice, deu graças e apresentou-lho, e todos dele beberam. 
24 E disse-lhes: "Isto é o meu sangue, o sangue da aliança, que é derramado por muitos. 
25 Em verdade vos digo: já não beberei do fruto da videira, até aquele dia em que o beberei de novo no Reino de Deus". 
26 Terminado o canto dos Salmos, saíram para o monte das Oliveiras. 
SOLENIDADE DE CORPUS CHRISTI
Neste ano, na Solenidade de Corpus Christi - do Santíssimo Corpo e Sangue de Cristo (dia 07/06) -, vamos unir-nos com os católicos da Irlanda e de todo o mundo, que realizarão, logo mais, o próximo Congresso Eucarístico Internacional, em Dublim, nos dias 10 a 17 de junho. O Congresso Eucarístico de Dublim terá uma forte tônica missionária: Eucaristia, evangelização e missão estão estreitamente relacionadas.
E aqui, em São Paulo, vamos recordar os 70 anos do 4º Congresso Eucarístico Nacional, promovido em 1942 por Dom José Gaspar D'Affonseca e Silva, 2º Arcebispo de São Paulo. Foi um evento de extraordinário significado para a Cidade e para nossa Arquidiocese. Foi celebrado no Vale do Anhagabaú e teve como lema: "Vinde todos a mim!"
Faremos um Tríduo em preparação à Solenidade de Corpus Christi, em todas as Paróquias, Comunidades e igrejas. E, na Quinta Feira de Corpus Christi, próximo dia 07 de junho, faremos uma grande concentração eucarística na frente da igreja de Santa Ifigênia, a partir das 09h00; em seguida, sai a procissão eucarística, passando pelo viaduto de S.Ifigênia, o Largo de S.Bento, a Praça Patriarca e o Largo S.Francisco, até à Praça da Sé, onde será celebrada a Missa e dada a bênção. Convido todo o povo da Arquidiocese a participar. Acesso fácil pelo metrô. Será muito bonito!
A Igreja de Cristo é uma "Comunidade Eucarística", porque vive de Jesus Cristo. Isso vale também para cada Paróquia, Comunidade de discípulos reunidos em torno de Jesus Cristo, convocados pela sua Palavra, alimentados por essa mesma Palavra e pelo "Pão da Vida", que é Jesus, e enviados novamente em missão por Ele. Quando participamos da Eucaristia, tornamos perceptível e "visível" o Mistério profundo da Igreja. A Igreja celebra a Eucaristia e a Eucaristia faz a Igreja.
Participemos sempre com fé, alegria e gratidão da Missa. Sem participar da Eucaristia, sobretudo todos os domingos, nossa referência a Jesus Cristo e à Igreja fica muito vaga e tende a se perder por completo. Nesta festa de Corpus Christi, queremos reavivar a consciência de nossa relação essencial e inseparável com Cristo, Senhor da Igreja, que se faz presente entre nós no Sacramento da Eucaristia.
A participação, todos os Domingos, da celebração da Eucaristia, nos proporciona a comunhão íntima com Jesus Cristo e com a Igreja, seu Corpo Místico, seu Povo. Assim fazendo, nós crescemos na fé, na vida cristã e em santidade, junto com nossos irmãos de fé. Ao participarmos da única mesa eucarística e do mesmo Pão de Deus, entregue a nós pelo Pai celeste, crescemos na consciência dos profundos laços de fraternidade que nos unem a todos irmãos, membros do mesmo Corpo de Cristo, que é a Igreja.
Querido Povo de Deus em São Paulo, a Eucaristia é a maior Bênção de Deus para a humanidade pois, por Cristo, com Cristo e em Cristo, Deus continua a vir ao nosso encontro, a nos falar, a nos amar, alimentar e confortar no caminho da vida, rumo à Casa do Pai.
COMENTÁRIOS DO EVANGELHO
1. CORPUS CHRISTI - O ALIMENTO NOVO
Entre tantas tarefas sublimes que a vocação de ser mãe confere às mulheres, há uma em especial: a alimentação que vai desde a amamentação no peito, até a idade em que se atinge o uso da razão, onde a criança é totalmente dependente da mãe, para se alimentar. O ato de alimentar um filho requer grande amor e paciência, não só entre os seres humanos, mas também entre os animais, possivelmente seja esse o ato que mais expressa o amor materno, pois sem ele simplesmente a vida não se desenvolve.
Na ótica de alguns profetas Deus é Mãe e uma das particularidades que evidencia esse amor maternal, é a proteção e assistência que Deus dá ao seu povo na travessia do deserto, sobretudo quando sacia a sua fome e sede. Sem alimento e sem água não se caminha e não se chega a lugar algum. Ao desesperado Elias, profeta que fugia da fúria da Rainha Jezabel, após ter derrotado a divindade Baal, em baixo de uma árvore, sobre uma pedra onde o mesmo tinha adormecido por causa do desânimo e do cansaço, o anjo de Deus lhe servirá Pão e água, com a advertência “Levanta-te e come, o caminho é longo!”
O maná e as codornizes, bem como a água que jorrou da pedra, para alimentar e fortalecer a caminhada do povo, o pão e a água que revigorou Elias na sua caminhada de quarenta dias pelo deserto, até o Monte Horeb onde se encontrou com Deus, viria a ser uma prefiguração do verdadeiro e novo alimento.
Caminhar é imperativo cristão de quem vive segundo a Fé e que por isso mesmo têm consciência de que é peregrino nesse mundo, há no livro de canto pastoral uma música que aprofunda o sentido da caminhada “Se caminhar é preciso, caminharemos unidos!”, em meio a essa reflexão sobre a caminhada, não posso deixar de citar meu pai, que gostava de repetir um provérbio italiano “Manjare manjare, camina sempre!” Nosso caminho não tem fim, o infinito é o nosso tempo, há entre nós um sinal de que já chegamos, embora ainda estejamos a caminho.
Esse sinal é precisamente a Eucaristia onde Cristo Jesus, mais do que nos dar um novo alimento, vai além e faz algo que escandaliza os Fariseus e Saduceus: oferece-se a si próprio em alimento, ao dizer “Quem come a minha carne e bebe meu sangue permanece em mim e eu nele”. Comer a carne de Jesus e beber o seu sangue, só será possível se houver um sacrifício, no ritual judaico um animal morria para expiar pecados, um animal morria para render ação de graças e gratidão a Deus, mas sacrificar uma vida humana seria a maior das loucuras, contudo há nesse gesto algo muito mais do que simples heroísmo, pois nele o amor atingirá a sua plenitude “Prova de amor maior não há, que doar a vida pelo irmão”.
Eucaristia, o Corpo e Sangue de Cristo presente na hóstia consagrada, Deus se oculta em um pedaço de pão, em um ato supremo de amor, deu a sua vida para que isso fosse possível, e ao descer do céu na forma de pão, trouxe o céu para nós. No ato de alimentar-se humano, o alimento se transforma em parte integrante do nosso ser biológico, a partir do metabolismo, no ato de alimentar-se com a Eucaristia, algo extraordinário acontece: nos transformamos no corpo de Cristo, afirma Paulo na segunda leitura de hoje.
Somos o Corpo e Sangue de Cristo, nos divinizamos, a transubstanciação, de certa forma, se prolonga em todo o nosso ser, e ao nosso redor naquele momento, os anjos se ajoelham em adoração. Grande mistério, que nossos sentidos não alcançam, a não ser pela fé!
Sublime Sacramento, o maior de todos os tesouros da terra! Olhemos com ternura para a Hóstia consagrada, que nos alimenta e nos conforta, que nos inspira a caminharmos todos juntos como irmãos, pois só assim iremos romper as fronteira da morte “Quem come desse pão viverá eternamente!”.
2. Jesus, pão que dá a vida
A celebração do Corpo e Sangue de Cristo é uma retomada da última ceia de Jesus com os discípulos, já celebrada na semana santa. Os momentos de festa e comemoração são celebrados, na alegria, com uma refeição. Assim a ceia de Jesus, na qual ele se apresenta como o pão que dá a vida e o vinho que alegra a todos. Descartando a manducação do cordeiro pascal, Jesus inaugura uma nova celebração, a celebração do banquete do Reino de Deus. É a Eucaristia, a celebração da comunidade viva, animada pelo Espírito, em comunhão com Jesus, empenhada em cumprir a vontade do Pai, que é vida para todos.
Oração
Senhor Jesus, possa a Eucaristia recordar-me sempre que pertenço ao povo redimido por ti e a caminho da casa do Pai.
3. O CORPO DE CRISTO
A Festa de Corpus Christi foi instituída pelo papa Urbano IV em 11 de agosto de 1264, em vista de destacar a dimensão sacramental que a tradição romana associou à última ceia de Jesus, já celebrada na semana santa. 
A ceia é um momento de alegria, partilha e comunhão. Descartando a manducação do cordeiro pascal, Jesus apresenta-se como o pão que dá a vida, e o vinho que alegra a todos, inaugurando a nova celebração do Reino de Deus. A Eucaristia é a celebração da comunidade viva, animada pelo Espírito, unida em torno de Jesus, empenhada em cumprir a vontade do Pai, que é vida para todos.
Liturgia da Sexta-Feira
IX SEMANA COMUM *
(VERDE – OFÍCIO DO DIA)
Antífona da entrada: Olhai para mim, Senhor, e tende piedade, pois vivo sozinho e infeliz. Vede minha miséria e minha dor e perdoai todos os meus pecados! (Sl 24,16.18)
Leitura (2 Timóteo 3,10-17)
Leitura da segunda carta de são Paulo a Timóteo.
3 10 Tu, pelo contrário, te aplicaste a seguir-me de perto na minha doutrina, no meu modo de vida, nos meus planos, na minha fé, na minha paciência, na minha caridade, na minha constância, 
11 nas minhas perseguições, nas provações que me sobrevieram em Antioquia, em Icônio, em Listra. Que perseguições tive que sofrer! E de todas me livrou o Senhor. 
12 Pois todos os que quiserem viver piedosamente, em Jesus Cristo, terão de sofrer a perseguição. 
13 Mas os homens perversos e impostores irão de mal a pior, sedutores e seduzidos. 
14 Tu, porém, permanece firme naquilo que aprendeste e creste. Sabes de quem aprendeste. 
15 E desde a infância conheces as Sagradas Escrituras e sabes que elas têm o condão de te proporcionar a sabedoria que conduz à salvação, pela fé em Jesus Cristo. 
16 Toda a Escritura é inspirada por Deus, e útil para ensinar, para repreender, para corrigir e para formar na justiça. 
17 Por ela, o homem de Deus se torna perfeito, capacitado para toda boa obra. .
Salmo responsorial 118/119
Os que amam vossa lei têm grande paz!
Tantos são os que me afligem e perseguem, 
mas eu nunca deixarei vossa aliança!
Vossa palavra é fundada na verdade, 
os vossos justos julgamentos são eternos.
Os poderosos me perseguem sem motivo; 
meu coração, porém, só teme a vossa lei.
Os que amam vossa lei têm grande paz, 
e não há nada que os faça tropeçar.
Ó Senhor, de vós espero a salvação, 
pois eu cumpro sem cessar vossos preceitos.
Serei fiel à vossa lei, vossa aliança; 
os meus caminhos estão todos ante vós.
Aclamação do Evangelho
Aleluia, aleluia, aleluia. 
Quem me ama, realmente, guardará minha palavra e meu Pai o amará, e a ele nós viremos (Jo 14,23).

EVANGELHO (Marcos 12,35-37)
12 35 Continuava Jesus a ensinar no templo e propôs esta questão: "Como dizem os escribas que Cristo é o filho de Davi? 
36 Pois o mesmo Davi diz, inspirado pelo Espírito Santo: 'Disse o Senhor a meu Senhor: senta-te à minha direita, até que eu ponha os teus inimigos sob os teus pés'. 
37 Ora, se o próprio Davi o chama Senhor, como então é ele seu filho?" E a grande multidão ouvia-o com satisfação.
COMENTÁRIOS DO EVANGELHO
1. “Um Jesus atrelado à História”
Para os mestres da lei, o Messias está atrelado á história e embora seja anunciado como alguém excepcional, de grande poder e glória,  está exatamente dentro de uma categoria humana e nesse caso, inferior a Davi ou no mínimo igual a ele em valentia e conquista na vida terrena., pois o Povo de Israel também tinha seus mitos e o Rei Davi era um deles. Justamente por tê-lo como referência mais importante,  o maior de todos os reis, aquele que havia unificado o maior império que o Oriente já tinha visto, os demais mitos que fossem surgir na história, tinham que ter uma relação com ele para ter credibilidade, daí o Messias vindouro ser sempre apresentado como o Filho de Davi.
Nos escritos de Marcos, Jesus não quer fazer concorrência á Davi e nem menosprezar a sua importância e grandiosidade na historia de Israel, mas fica muito claro que a sua identidade enquanto Messias esperado, não se esgota nos acontecimentos da história, e nem pode ser compreendido apenas nessa linha da poderosa estirpe do Rei Davi. Ele é Deus e o seu Senhorio supera todo e qualquer empreendimento ou conquista humana. Jesus ao ensinar no templo, lembra a seus ouvintes que o próprio Davi chamou-o de “Meu Senhor”. Escrevendo sobre isso aos Efésios, o apóstolo Paulo afirmou que “O Pai o assentara  à sua direita nos lugares celestiais, muito acima de todo governo, e autoridade, e poder, e senhorio, e todo nome dado, não só neste sistema de coisas, mas também no que há de vir’. (Efésios 1:20, 21).
O homem de nossos tempos quer compreender Jesus não como Senhor Absoluto, mas como alguém atrelado á história, famoso, admirável, grandioso e poderoso, mas que apenas está entre as maiores personalidades do mundo e da história e assim, não se submetem a Ele, não aceitam como Deus e Senhor, e embora todos admirem seus ensinamentos contidos nos evangelhos, estes têm pouca ou nenhuma influência sobre o que se pensa e o que faz nesta pós-modernidade onde cada homem quer ser o Deus de si mesmo.
Como então não ser influenciado por este pensamento nefasto que venera o Antropocentrismo? Nós cristãos não estamos em uma redoma de vidro, protegidos de tais pensamentos e costumes...
A resposta sem sombra de dúvida está na primeira leitura da liturgia de hoje onde em sua carta pastoral direcionada a Timóteo, o apóstolo exorta com toda firmeza e convicção “Permanece firma naquilo que aprendeste e aceitastes como Verdade; Tu sabes de quem o aprendestes...”
2. Identidade de Jesus
Ao chegar a Jerusalém, Jesus foi aclamado pelo povo como "filho de Davi" (Mt 21,9). Agora, ensinando no Templo, refere-se à doutrina dos escribas em relação ao Messias. Trata-se da questão fundamental para a correta compreensão da sua missão.
Conforme a tradição do judaísmo, aguardava-se a vinda de um ungido ("messias", do hebraico; "cristo", do grego) à semelhança do antigo rei Davi, chamado por "filho de Davi". Seria um líder nacionalista que elevaria Israel à glória e ao poder sobre todas as nações, no estilo de um império que a tradição atribuía ao rei Davi. Tratava-se de uma sólida ideologia nacionalista com raízes na antiga corte real, cultivada pela casta sacerdotal pós-exílica e, por esta, disseminada entre o povo. Jesus remove esta compreensão a partir do texto de um salmo atribuído a Davi (Sl 110,1). Deus e seu ungido são chamados de "senhor" pelo salmista. Assim este ungido, com o qual é identificado Jesus, é senhor e não filho de Davi.
A imagem de Jesus como messias glorioso e poderoso ressuscitado foi incorporada na tradição cristã, favorecendo o estilo de Igreja imperial. Toda a vida de Jesus foi a revelação da dignidade da humanidade, na sua condição de fragilidade, humildade e simplicidade, assumida na participação da própria vida divina pelos laços do amor e da fraternidade.
Oração
Pai, revela-me a identidade de teu filho Jesus, para que eu não me acerque dele movido por falsas esperanças.
3. QUESTIONANDO UMA CRENÇA
A crença de que o Messias descenderia de Davi vinha de longa data. No início da monarquia, Deus prometera suscitar para Davi um descendente que o sucedesse no trono, de maneira a consolidar a realeza. A relação entre Deus e o monarca seria como a de pai e filho: "Eu serei para ele um pai, e ele será meu filho". O Senhor comprometia-se a garantir a estabilidade do trono real de Israel, a fim de que subsistisse para sempre.
O fim da monarquia deu lugar à crença de que, no final do tempos, Deus haveria de suscitar um descendente de Davi, para restaurar Israel. Esta esperança messiânica era muito viva no tempo de Jesus. Aliás, ele mesmo foi identificado como filho de Davi.
Contudo, Jesus olhava com reservas para esta antiga tradição, e a questionou servindo-se da citação de um salmo. Considerado do rei Davi, este salmo refere-se a alguém superior a seu autor: "Disse o Senhor ao meu Senhor". O Messias não seria um descendente de Davi, mas seu Senhor. Por conseguinte, deveria ser procurado fora da descendência davídica. Fixar-se na continuidade dinástica, ao longo dos tempos, poderia levar a identificações enganosas.
Relativizado o critério davídico, Jesus sugere aos ouvintes perguntar-se por uma outra identidade do Messias. Não seria ele o Filho de Deus?
Oração 
Espírito do Messias Jesus, leva-me a compreender que o Pai realizou sua promessa, enviando-nos seu Filho como penhor de salvação.
Liturgia do Sábado
BEATO JOSÉ DE ANCHIETA - PRESBÍTERO E MISSIONÁRIO
(BRANCO, PREFÁCIO COMUM OU DOS PASTORES – OFÍCIO DA MEMÓRIA)
Antífona da entrada: Estes são homens santos que se tornaram amigos de Deus, gloriosos arautos de sua mensagem.
Leitura (2 Timóteo 4,1-8)
Leitura de Segunda Carta de São Paulo a Timóteo
4 1 Eu te conjuro em presença de Deus e de Jesus Cristo, que há de julgar os vivos e os mortos, por sua aparição e por seu Reino: 
2 prega a palavra, insiste oportuna e importunamente, repreende, ameaça, exorta com toda paciência e empenho de instruir. 
3 Porque virá tempo em que os homens já não suportarão a sã doutrina da salvação. Levados pelas próprias paixões e pelo prurido de escutar novidades, ajustarão mestres para si. 
4 Apartarão os ouvidos da verdade e se atirarão às fábulas. 
5 Tu, porém, sê prudente em tudo, paciente nos sofrimentos, cumpre a missão de pregador do Evangelho, consagra-te ao teu ministério. 
6 Quanto a mim, estou a ponto de ser imolado e o instante da minha libertação se aproxima. 
7 Combati o bom combate, terminei a minha carreira, guardei a fé. 
8 Resta-me agora receber a coroa da justiça, que o Senhor, justo Juiz, me dará naquele dia, e não somente a mim, mas a todos aqueles que aguardam com amor a sua aparição. 
Salmo responsorial 70/71
Minha boca anunciará vossa justiça.
Vosso louvor é transbordamento de meus lábios, 
cantam eles vossa glória o dia inteiro. 
Não me deixeis quando chegar minha velhice, 
não me falteis quando faltarem minhas forças!
Eu, porém, sempre em vós confiarei, 
sempre mais aumentarei vosso louvor! 
Minha boca anunciará todos os dias 
vossa justiça e vossas graças incontáveis.
Cantarei vossos portentos, ó Senhor, 
lembrarei vossa justiça sem igual! 
Vós me ensinastes desde a minha juventude, 
e até hoje canto as vossas maravilhas.
Então, vos cantarei ao som da harpa, 
celebrando vosso amor sempre fiel; 
para louvar-vos, tocarei a minha cítara, 
glorificando-vos, ó santo de Israel!
Aclamação do Evangelho
Aleluia, aleluia, aleluia. 
Felizes os humildes de espírito, porque deles é o reino dos céus (Mt 5,3).

Evangelho (Marcos 12,38-44)
12 38 Jesus lhes dizia em sua doutrina: "Guardai-vos dos escribas que gostam de andar com roupas compridas, de ser cumprimentados nas praças públicas 
39 e de sentar-se nas primeiras cadeiras nas sinagogas e nos primeiros lugares nos banquetes. 
40 Eles devoram os bens das viúvas e dão aparência de longas orações. Estes terão um juízo mais rigoroso". 
41 Jesus sentou-se defronte do cofre de esmola e observava como o povo deitava dinheiro nele; muitos ricos depositavam grandes quantias. 
42 Chegando uma pobre viúva, lançou duas pequenas moedas, no valor de apenas um quadrante. 
43 E ele chamou os seus discípulos e disse-lhes: "Em verdade vos digo: esta pobre viúva deitou mais do que todos os que lançaram no cofre, 
44 porque todos deitaram do que tinham em abundância; esta, porém, pôs, da sua indigência, tudo o que tinha para o seu sustento". 
COMENTÁRIOS DO EVANGELHO
1. “As moedinhas insignificantes que valiam uma fortuna...”
Em nossas comunidades ocorre uma situação não muito diferente desse quadro que se apresenta aos olhos de Jesus, narrado por São Marcos, onde os afortunados desfilavam de maneira ostentosa na hora de levar a sua oferta para o lugar a elas destinado. Sem discutir aqui a questão do valor do dízimo que ofertamos, vamos conduzir a mesma reflexão em uma outra direção: vamos como Jesus observar com atenção a comunidade, há nela uma verdadeira passarela onde ostentamos nossos carismas e talentos naturais, gostamos muito de rasgação de seda, e chuva de confetes sobre nós, e assim nossos egos são constantemente alisados e nos sentimos sempre lisonjeados pelo que fazemos, e do modo como fazemos. É a mesma situação que Jesus presencia no templo, onde muitos ricos depositavam grandes quantias.
De repente, no meio de tantos talentos grandiosos de causar admiração, surge aquela viúva que devia ser idosa, não entrou na fila da oferta de cabeça baixa, constrangida pelas suas duas pequeninas moedinhas que carregava para ofertar, mas com consciência de quem sabe que está dando tudo de si, colocou na cesta de coleta e voltou ao seu lugar na assembleia. Jesus não olhou o valor, mas o modo como estava sendo ofertado.
Certamente os que ofertavam grandes quantias eram os “Mandões” da comunidade, suas ofertas eram como se fossem quotas de participação no empreendimento, exigiam prestação de contas e não admitiam que se tomassem decisões sem consultá-los previamente.
Mas e a nossa viúva, quem era ela na comunidade? Era alguém considerada? Ouviam sempre sua opinião? Davam-lhe sempre atenção necessária? Chamavam-na para participar da reunião do Conselho? Estamos acostumados a pensar que pessoas simplezinhas dessa maneira, só atrapalham porque nunca têm uma opinião formada e, coitadinhas, às vezes nem sabem falar o que pensam...
Recentemente o nosso Arcebispo foi laureado em uma Universidade local, com o título de “Doutor em Honoris Causa”, e no momento em que fez os agradecimentos, mandou levantar –se uma mulher humilde que estava ali na assembleia e afirmou “Essa é minha convidada muito especial, trata-se da minha cozinheira, e sem ela o meu intelecto nem funcionaria direito, por isso reparto com ela esse título que vocês me concedem”.
E nesse momento a mesa das autoridades e toda a assembleia aplaudiu com entusiasmo aquela mulher tão simples, que sentiu-se valorizada e que, quem sabe, jamais poria os pés em uma Universidade, a não ser para trabalhar na cozinha...
Há em nossas comunidades irmãos e irmãs que aparentemente dão pouco, mas pelo modo como dão, superam aos talentosos e importantes, porque se dão com toda humildade e alegria, oferecendo o melhor de si naquilo que fazem...
2. Denúncia dos sistemas desumanos
Jesus, em Jerusalém, encerra seu ministério com duras palavras contra o sistema do Templo. Ensinando no próprio Templo, adverte o povo contra a sua exploração por parte dos escribas, que "devoram as casas das viúvas". Estes ostentam poder e piedade para humilhar o povo simples e mantê-lo sob seu domínio.
Jesus senta-se em frente ao Tesouro, anexo ao Templo. Observava como a multidão depositava dinheiro nos cofres. Os ricos, interessados em fortalecer o sistema do Templo, do qual se beneficiavam, colocavam grandes quantias. Uma pobre viúva vem e deposita duas moedinhas. Jesus fala que a pobre viúva deu mais do que todos, pois deu tudo o que possuía. A piedade tradicional interpreta a fala de Jesus como sendo a apresentação de um modelo a ser seguido.
Na realidade, em continuidade à denúncia dos escribas que "devoravam a casa das viúvas", segue esta denúncia do sistema desumano do Templo que, claramente, explora os pequenos, humildes e pobres, como aquela viúva.
Oração
Senhor Jesus, dá-me pureza de coração, para que todas as minhas ações sejam marcadas pela sinceridade e por um amor verdadeiro ao Pai.
3. A GENEROSIDADE LOUVADA
O contraste entre a oferta dos ricos e a da pobre viúva foi sublinhado, de propósito, por Jesus. Dois gestos, materialmente idênticos, escondiam diferenças significativas. A oferta do rico, maior em quantidade, não tinha a qualidade da oferta da viúva: a primeira provinha do supérfluo, a segunda da penúria e significava abrir mão do próprio sustento. A generosidade do rico revelou exibição, enquanto a da viúva tinha a consistência de um gesto feito de coração.
A observação de Jesus deixava transparecer sua simpatia e predileção pelos pobres. A humildade e simplicidade destes tornavam-nos abertos para Deus, a ponto de se esquecerem de si mesmos e de suas necessidades materiais. A total confiança na misericórdia divina levava-os a se mostrarem desapegados mesmo daquilo que lhes era necessário para sobreviver.
Desta maneira, os pobres mostravam-se mais predispostos a acolher o Reino de Deus. Por não estarem apegados aos bens materiais, deixavam espaço aberto para Deus se tornar Senhor de suas vidas. Jesus dava-se conta de como a pobreza gerava liberdade, possibilitando a ação do Reino.
Louvando o gesto daquela pobre viúva, Jesus denunciava o daqueles que acreditavam poder comprar a benevolência divina com esmolas generosas.
Oração
Espírito de generosidade, liberta meu coração de todo apego aos bens deste mundo, tornando-me capaz de partilhar até mesmo do meu pouco.
Liturgia do Domingo — 10.06.2012
10º Domingo do Tempo Comum  ANO B
(VERDE, GLÓRIA, CREIO – II SEMANA DO SALTÉRIO)
"Fazer a vontade de Deus"
Ambientação:
Sejam bem-vindos amados irmãos e irmãs!
INTRODUÇÃO DO FOLHETO DOMINICAL PULSANDINHO: Somos família de Deus. Nossa liturgia nos ilumina a respondermos quem é Jesus e nele encontrarmos o sentido da vida cristã. O próprio Jesus Cristo prepara em nós a vida da "nova família", ou seja, aqueles que vivem segundo a vontade de Deus. A relação mais íntima com Jesus Cristo não se faz com o parentesco de sangue, mas em sintonia com a sua prática. É preciso aprender a comungar os ideais. E assim respondemos a pergunta: "quem são meus parentes?" São aqueles que fazem a vontade do Pai.
INTRODUÇÃO DO FOLHETO DOMINICAL O POVO DE DEUS: Neste domingo recordamos a vida pública de Jesus, tempo do anúncio da Palavra e do ensino da fé. As intervenções de Jesus na vida das pessoas são tão concretas e sua palavra é tão clara que ignorá-las constitui pecado contra o Espírito Santo. Por outro lado, quem se torna discípulo e missionário de Cristo se associa intimamente à família de Deus, da qual nunca se aparta, pois fazer a vontade de Deus é a perfeita comunhão com o mistério de Cristo. Celebramos na próxima sexta-feira a solenidade do Sagrado Coração de Jesus, festa que recorda, por meio do símbolo universal do amor, a infinita misericórdia de Deus. Essa festa lembra também a realização da profecia de que a misericórdia de Deus abraça todas as criaturas.
Sintamos o júbilo real de Deus em nossos corações e cheios dessa alegria divina entoemos alegres cânticos ao Senhor!
Antífona da entrada: O Senhor é minha luz e minha salvação, a quem poderia eu temer? O Senhor é o baluarte de minha vida, perante quem tremerei? Meus opressores e inimigos, são eles que vacilam e sucumbem (Sl 26,1s).
Primeira Leitura (Gênesis 3,9-15)
Leitura do Livro do Gênesis.
3 9 Mas o Senhor Deus chamou o homem, e disse-lhe: "Onde estás?"10 E ele respondeu: "Ouvi o barulho dos vossos passos no jardim; tive medo, porque estou nu; e ocultei-me."11 O Senhor Deus disse: "Quem te revelou que estavas nu? Terias tu porventura comido do fruto da árvore que eu te havia proibido de comer?"12 O homem respondeu: "A mulher que pusestes ao meu lado apresentou-me deste fruto, e eu comi."13 O Senhor Deus disse à mulher: Porque fizeste isso?" "A serpente enganou-me,– respondeu ela – e eu comi." 
14 Então o Senhor Deus disse à serpente: "Porque fizeste isso, serás maldita entre todos os animais e feras dos campos; andarás de rastos sobre o teu ventre e comerás o pó todos os dias de tua vida. 
15 Porei ódio entre ti e a mulher, entre a tua descendência e a dela. Esta te ferirá a cabeça, e tu ferirás o calcanhar."
Salmo responsorial 129/130
No Senhor, toda graça e redenção!
Das profundezas eu clamo a vós, Senhor, escutai a minha voz! 
Vossos ouvidos estejam bem atentos ao clamor da minha prece!
Se levardes em conta nossas faltas, quem haverá de subsistir? 
Mas em vós se encontra o perdão, eu vos temo e em vós espero.
No Senhor ponho a minha esperança, espero em sua palavra. 
A minha alma espera no Senhor mais que o vigia pela aurora.
Espere Israel pelo Senhor mais que o vigia pela aurora! 
Pois no Senhor se encontra toda graça e copiosa redenção. 
Ele vem libertar a Israel de toda a sua culpa.
Segunda Leitura (2 Coríntios 4,13-5,1)
Leitura da Segunda Carta de São Paulo aos Coríntios.
4 13 Animados deste espírito de fé, conforme está escrito: Eu cri, por isto falei, também nós cremos, e por isso falamos. 
14 Pois sabemos que aquele que ressuscitou o Senhor Jesus, nos ressuscitará também a nós com Jesus e nos fará comparecer diante dele convosco. 
15 E tudo isso se faz por vossa causa, para que a graça se torne copiosa entre muitos e redunde o sentimento de gratidão, para glória de Deus. 
16 É por isso que não desfalecemos. Ainda que exteriormente se desconjunte nosso homem exterior, nosso interior renova-se de dia para dia. 
17 A nossa presente tribulação, momentânea e ligeira, nos proporciona um peso eterno de glória incomensurável. 
18 Porque não miramos as coisas que se vêem, mas sim as que não se vêem . Pois as coisas que se vêem são temporais e as que não se vêem são eternas. 
5 1 Sabemos, com efeito, que ao se desfazer a tenda que habitamos neste mundo, recebemos uma casa preparada por Deus e não por mãos humanas, uma habitação eterna no céu. .
Aclamação do Evangelho
Aleluia, aleluia, aleluia. 
O príncipe deste mundo agora será expulso; e eu, da terra levantado atrairei todos a mim mesmo (Jo 12,31s).

EVANGELHO (Marcos 3,20-35)
Naquele tempo, 3 20 Dirigiram-se em seguida a uma casa. Aí afluiu de novo tanta gente, que nem podiam tomar alimento. 
21 Quando os seus o souberam, saíram para o reter; pois diziam: "Ele está fora de si." 
22 Também os escribas, que haviam descido de Jerusalém, diziam: "Ele está possuído de Beelzebul: é pelo príncipe dos demônios que ele expele os demônios." 
23 Mas, havendo-os convocado, dizia-lhes em parábolas: "Como pode Satanás expulsar a Satanás? 
24 Pois, se um reino estiver dividido contra si mesmo, não pode durar. 
25 E se uma casa está dividida contra si mesma, tal casa não pode permanecer. 
26 E se Satanás se levanta contra si mesmo, está dividido e não poderá continuar, mas desaparecerá. 
27 Ninguém pode entrar na casa do homem forte e roubar-lhe os bens, se antes não o prender; e então saqueará sua casa. 
28 "Em verdade vos digo: todos os pecados serão perdoados aos filhos dos homens, mesmo as suas blasfêmias; 
29 mas todo o que tiver blasfemado contra o Espírito Santo jamais terá perdão, mas será culpado de um pecado eterno." 
30 Jesus falava assim porque tinham dito: "Ele tem um espírito imundo." 
31 Chegaram sua mãe e seus irmãos e, estando do lado de fora, mandaram chamá-lo. 
32 Ora, a multidão estava sentada ao redor dele; e disseram-lhe: "Tua mãe e teus irmãos estão aí fora e te procuram." 
33 Ele respondeu-lhes: "Quem é minha mãe e quem são meus irmãos?" 
34 E, correndo o olhar sobre a multidão, que estava sentada ao redor dele, disse: "Eis aqui minha mãe e meus irmãos. 
35 Aquele que faz a vontade de Deus, esse é meu irmão, minha irmã e minha mãe." 
FORMAÇÃO LITÚRGICA
Liturgia da Palavra - Homilia: Conversa Familiar, ligando Vida, Bíblia e Celebração!
Cremos que é o próprio Cristo que fala, quando na liturgia, são lidas e explicadas as Escrituras. E a homilia é ação do seu Espírito. Ele abre a comunidade para compreender, saborear e aceitar a Palavra proclamada, perceber o sentido dos acontecimentos à luz da Páscoa, renovar em ação de graças sua fé, retomar os motivos de sua esperança e se comprometer com a fraternidade, a justiça e o mandamento do amor. Esta ação não se dá automaticamente. É trabalho conjunto do Espírito e da comunidade celebrante. Além de fazer a ligação entre os textos bíblicos e a vida, é função da homilia abrir e conduzir a assembleia para dentro mistério da salvação, acontecendo no momento celebrativo. É sua dimensão mistagógica, nem sempre levada em conta em nossas celebrações. E como fazer isto? Primeiramente, evocando as ações libertadoras que Deus realizou e realiza por nós em Jesus. Ele é o grande motivo da ação de graças que a comunidade faz a seguir, na oração eucarística. E depois, despertando na assembleia a atitude de oferenda e comunhão com Cristo ao Pai. A pessoa responsável pela homilia é normalmente quem preside, que poderá envolver outras pessoas e até toda a assembleia na partilha da Palavra. É uma tarefa sagrada. Daí decorre sua responsabilidade de preparar-se bem durante a semana. Neste sentido, muito tem ajudado um jeito antigo de ler a Bíblia, redescoberto e utilizado recentemente, por muitas comunidades cristãs, a leitura orante, ou lectio divina. Este método consta de quatro momentos ou passos: a) a leitura aprofundada e cuidadosa dos textos bíblicos indicados, ou pelo menos do evangelho; b) a meditação, ligando os textos bíblicos com nossa vida, com a realidade que nos cerca; c) a oração brotando desta meditação: "O que esta palavra nos leva a dizer a Deus?" d) a contemplação, momento de ent rar em comunhão íntima, deixando-nos conduzir pela ação amorosa do Senhor.
TEXTOS BÍBLICOS PARA A SEMANA:

2ª Vm - At 11,21b-26; 13,1-3; Sl 97(98); Mt 10,7-13
3ª Vd - 1Rs 17,7-16; Sl 4; Mt 5,13-16
4ª Br - 1Rs 18,20-39; Sl 15(16); Mt 5,17-19
5ª Vd - 1Rs 18,41-46; Sl 64(65); Mt 5,20-26 
6ª Br - Os 11,1.3-4.8c-9; Is 12,2-6; Ef 3,8-12.14-19; Jo 19,31-37
Sb Br - Is 61,9-11; 1Sm 2,1.4-8; Lc 2,41-51
11º DTC: Ez 17,22-24; Sl 91 (92),2-3.13-14.15-16 (R/. cf. 2a); 2Cor 5,6- 10; Mc 4,26-34 (A semente e o grão de mostarda)

COMENTÁRIOS DO EVANGELHO
1. PECADO SEM PERDÃO
Quando a gente está super ocupado , costuma-se dizer que não se tem tempo nem para comer, esse evangelho começa constatando exatamente isso, pois Jesus e seus discípulos chegaram na casa de alguém onde pretendiam tomar uma refeição, mas um  grande número de pessoas foram ali á sua procura e Jesus teve que lhes dar atenção. Não ter mais tempo para si,  vai ter  para os seus parentes a conotação de loucura “Ele está fora de si”.
Amar as pessoas preocupar-se com elas, doar-se aos serviços da comunidade para servir a Deus e aos irmãos, nos tempos da pós-modernidade também soa como uma loucura, pois vivermos no mundo das relações mercantilizadas onde tempo é dinheiro e perder  tempo com coisas que não dão nenhum  retorno, é realmente coisa de louco.
Pior que esses parentes de Jesus que não entendiam á sua missão, eram  os escribas que atribuíam suas ações libertadoras e curas prodigiosas  á Belzebu, príncipe dos demônios, acusando Jesus de fazer o Bem , através da força do mal, o que era uma grande incoerência, pois Bem e Mal são duas coisas que jamais podem agir em conjunto, se as obras de Jesus eram boas em si mesmo, curava e libertava as pessoas, elas jamais poderiam provir do mal.
Em nossa sociedade também sofremos desse mal,  porém no sentido contrário,  querendo atribuir ao Bem algo que provém do mal, senão vejamos, para muitos, inclusive cristãos, a pena de morte, o aborto, o divórcio, a eutanásia, são coisas do Bem, e tem até traficante de Favela pousando de herói do povo, defensor dos pobres, dos velhos e das crianças. Quando isso acontece e essa mentalidade começa a dominar a todos, é porque se está cometendo o temível pecado contra o Espírito Santo, que Jesus afirma não ter perdão. E que pecado terrível será este?
Exatamente o mesmo que os Escribas e os parentes de Jesus cometiam: o de não acreditar e não aceitar a Graça que Jesus nos trouxe, em uma recusa contra a ação Divina, libertadora e Salvadora nele presente, e colocada a favor das pessoas. Quem comete esse pecado está apostando todas as suas fichas nas forças do Mal presente no mundo, por crer no fundo, que esta é mais poderosa que o Bem supremo que Jesus nos oferece.
O Mal já foi derrotado por Jesus, mas o homem ainda não se apercebeu disso, o Reino está presente na vida da humanidade, não de maneira ostensiva como a Força do  mal, mas como semente em desenvolvimento e que requer cuidado e atenção para crescer e ser a maior de todas as árvores, mas o homem imediatista deste tempo prefere acreditar no Mal e deixa de investir e acreditar no Bem.
2. Jesus revela novos laços familiares no Reino
O evangelho de Marcos revela a nova relação entre o povo e Deus, que se estabelece através de Jesus. O que se vê é uma grande multidão de excluídos (ochlós), seja dentre os gentios, seja da dispersão do judaísmo, que se reúne em torno da casa onde se encontra Jesus. Esta multidão se diferencia do "pequeno resto", estabelecido na sinagoga e no Templo, gozando de privilégios e isolado da maioria do povo, considerada pecadora por infringir qualquer um dos 613 mandamentos da Lei, tendo como protótipo Eva, que infringiu a proibição do Criador (primeira leitura).
Com Jesus temos uma nova realidade, destacada pelos evangelhos ao mencionarem cento e quarenta e nove vezes a "multidão" que se relaciona com Jesus. Esta relação é uma característica muito mais marcante da índole e da personalidade de Jesus do que as narrativas de seus milagres possam significar. É uma chave de leitura para compreendermos a presença de Jesus no mundo, em relação com todos os povos e culturas, não se limitando a grupos religiosos específicos.
O termo grego traduzido por "familiares" pode significar uma proximidade consanguínea ou de amizade. Pode-se também interpretar que o verbo usado no texto, "enlouqueceu", refira-se a Jesus ou à multidão. Assim, pode-se entender que, ou os familiares ou os discípulos de Jesus, não o compreendendo e julgando-o fora de si, queiram retê-lo, ou julgando a multidão demais agitada queiram protegê-lo.
Os escribas vindos de Jerusalém são os enviados dos chefes religiosos que tinham em mãos o culto sacrifical do Templo e o dinheiro do Tesouro, anexo ao Templo. Eles se empenham em difamar Jesus, para afastar o povo dele. O Espírito Santo é o amor. Considerar as obras de amor do Espírito como sendo obras do demônio significa o distanciamento e até a ruptura com o próprio amor de Deus. Rejeitar e matar os que com amor buscam resgatar a dignidade humana dos empobrecidos explorados e excluídos significa a rejeição da vida e do amor de Deus.
A partir de uma referência à sua família carnal, Jesus afirma: "Quem é minha mãe? Quem são meus irmãos?... Quem faz a vontade de Deus, esse é meu irmão, minha irmã e minha mãe". É a união em torno da prática da vontade de Deus que cria os novos laços familiares no Reino.
Viver o amor, o serviço, a partilha, a misericórdia, solidariamente com os mais necessitados, é inserir-se na família de Jesus, quer seja por laços consanguíneos, quer não, certos da comunhão de vida eterna com Jesus (segunda leitura).
Oração
Senhor Jesus, ajuda-me a reconhecer a ação do Espírito em ti e a perceber a misericórdia do Pai atuando por teu intermédio.
3. O PECADO CONTRA O ESPÍRITO SANTO
Existe um tipo de pecado para o qual não haverá perdão. É o pecado contra o Espírito Santo. Em que consiste a gravidade deste pecado que o torna imperdoável? Jesus, desde o seu batismo, foi apresentado como o Filho de Deus, a quem se devia dar ouvido. Ele foi constituído mediador da salvação divina oferecida a toda humanidade. Suas palavras e ações, porém, tinham como princípio dinamizador o Espírito Santo, poder de Deus atuando nele, manifestado já por ocasião do batismo.
Portanto, a atitude de seus parentes, que o acusavam de louco ao verem as multidões acorrerem a ele, e a interpretação dos mestres da Lei, para quem ele agia pelo poder de Belzebu, chocava-se com a realidade da ação divina em Jesus. Pois significava negar que o Espírito Santo agia através de Jesus e atribuir ao demônio o que pertencia ao Espírito de Deus. Eis uma autêntica blasfêmia!
As acusações contundentes levantadas contra Jesus manifestam um fechamento à ação do Espírito. Assim como Jesus agia pela força do Espírito, do mesmo modo só quem se deixasse iluminar pelo Espírito poderia percebê-la. Quem se fechava ao Espírito, tornava-se incapaz de discernir a manifestação da misericórdia de Deus, em Jesus. Fechar-se para Jesus, portanto, significa fechar-se para Deus e, por conseguinte, tornar-se indigno de perdão.
Oração
Senhor Jesus, ajuda-me a reconhecer a ação do Espírito em ti e a perceber a misericórdia do Pai atuando através de ti.


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