segunda-feira, 22 de outubro de 2012

Liturgia da 29ª semana comum Ano Par

Liturgia da Segunda Feira — 22.10.2012
XXIX SEMANA DO TEMPO COMUM *
(VERDE – OFÍCIO DO DIA)
Antífona da entrada: Clamo por vós, meu Deus, porque me atendestes; inclinai vosso ouvido e escutai-me. Guardai-me como a pupila dos olhos, à sombra das vossas asas abrigai-me (Sl 16,6.8).
Leitura (Efésios 2,1-10)
Leitura do livro da carta de são Paulo aos Efésios.
2 1 E vós outros estáveis mortos por vossas faltas, pelos pecados 
2 que cometestes outrora seguindo o modo de viver deste mundo, do príncipe das potestades do ar, do espírito que agora atua nos rebeldes. 
3 Também todos nós éramos deste número quando outrora vivíamos nos desejos carnais, fazendo a vontade da carne e da concupiscência. Éramos como os outros, por natureza, verdadeiros objetos da ira (divina). 
4 Mas Deus, que é rico em misericórdia, impulsionado pelo grande amor com que nos amou, 
5 quando estávamos mortos em conseqüência de nossos pecados, deu-nos a vida juntamente com Cristo - é por graça que fostes salvos! -, 
6 juntamente com ele nos ressuscitou e nos fez assentar nos céus, com Cristo Jesus. 
7 Ele demonstrou assim pelos séculos futuros a imensidão das riquezas de sua graça, pela bondade que tem para conosco, em Jesus Cristo. 
8 Porque é gratuitamente que fostes salvos mediante a fé. Isto não provém de vossos méritos, mas é puro dom de Deus. 
9 Não provém das obras, para que ninguém se glorie. 
10 Somos obra sua, criados em Jesus Cristo para as boas ações, que Deus de antemão preparou para que nós as praticássemos. 
Salmo responsorial 99/100
O Senhor mesmo nos fez e somos seus.
Aclamai o Senhor, ó terra inteira, 
Servi ao Senhor com alegria, 
Ide a ele, cantando jubilosos!
Sabei que o Senhor, só ele, é Deus, 
Ele mesmo nos fez, e somos seus, 
Nós somos seu povo e seu rebanho.
Entrai por suas portas dando graças 
E em seus átrios com hinos de louvor, 
Dai-lhe graças, seu nome bendizei!
Aclamação do Evangelho
Aleluia, aleluia, aleluia.
Felizes os humildes de espírito, porque deles é o reino dos céus (Mt 5,3).

Evangelho (Lucas 12,13-21)
Naquele tempo, 12 13 disse-lhe então alguém do meio do povo: "Mestre, dize a meu irmão que reparta comigo a herança". 
14 Jesus respondeu-lhe: "Meu amigo, quem me constituiu juiz ou árbitro entre vós?" 
15 E disse então ao povo: "Guardai-vos escrupulosamente de toda a avareza, porque a vida de um homem, ainda que ele esteja na abundância, não depende de suas riquezas". 
16 E propôs-lhe esta parábola: "Havia um homem rico cujos campos produziam muito. 
17 E ele refletia consigo: 'Que farei? Porque não tenho onde recolher a minha colheita'. 
18 Disse então ele: 'Farei o seguinte: derrubarei os meus celeiros e construirei maiores; neles recolherei toda a minha colheita e os meus bens. 
19 E direi à minha alma: ó minha alma, tens muitos bens em depósito para muitíssimos anos; descansa, come, bebe e regala-te'. 
20 Deus, porém, lhe disse: 'Insensato! Nesta noite ainda exigirão de ti a tua alma. E as coisas, que ajuntaste, de quem serão?' 
21 Assim acontece ao homem que entesoura para si mesmo e não é rico para Deus". 
COMENTÁRIOS DO EVANGELHO
1. O VERDADEIRO TESOURO
Certamente que as dúvidas de um desempregado, aposentado ou assalariado, são outras, bem diferentes do homem que protagoniza o evangelho de hoje. Enquanto os primeiros se perguntam como irão sobreviver e pagar tantas contas, o segundo está com uma dúvida cruel: onde irá armazenar o trigo, que produziu muito mais do que o esperado... Será que vale a pena derrubar os celeiros e fazer outros maiores para armazenar a produção excedente? Que dúvida cruel, não?
Segundo a lógica capitalista que prioriza o lucro e o patrimônio, nem é preciso pensar duas vezes, pois se o lucro será ainda maior, seria uma burrice não investir. Mas segundo a lógica do evangelho, e a linha de raciocínio de um sábio chamado Coélet, é uma grande perda de tempo correr atrás da felicidade, pensando que ela está nas riquezas que este mundo pode oferecer, pois tudo é vaidade, conclui o sábio. Jesus por sua vez, não faz nenhum discurso inflamado contra o capitalismo, ou contra os grandes latifundiários ou grupos econômicos que monopolizam a economia, ele apenas constata o terrível engano que cometem os que depositam toda sua segurança e felicidade apenas nos bens deste mundo.
De fato, podemos imaginar a frustração e o terror que se apodera do coração de um homem, que chegando de maneira consciente ao derradeiro instante de sua vida, descobre de maneira surpreendente que passou toda sua existência acumulando riquezas, que na verdade não passavam de quinquilharias sem valor, perto do tesouro inestimável do amor e da graça que em Jesus o Pai ofereceu ao mundo. E o que é pior, tudo isso vai ficar para trás, nenhum centavo irá com ele e outros que talvez nem trabalharam, irão usufruir do seu capital.
Ele bem que poderia ter investido no verdadeiro tesouro, partilhando seus bens e sua riqueza com os pobres, poderia ter feito para os empregados uma forma de participação nos lucros, dando aos mesmos esta alegria, poderia quem sabe, ter investido forte no social, não apenas de uma maneira mesquinha, visando isenção tributária, mas com o objetivo verdadeiro de melhorar as condições de vida de tantas pessoas.
Poderia ainda ter gerado novos empregos, elaborar uma política salarial digna e séria, onde os empregados tivessem a oportunidade de crescer e dar mais conforto á família, e não apenas oferecer alguns míseros percentuais para repor a inflação. Isso também vale para os governantes, que muitas vezes colocam a saúde e o social em segundo plano, deixando morrer à míngua e sem assistência os infelizes que não podem contar com um plano de saúde que atenda suas necessidades. Quantas bênçãos para o patrimônio de uma empresa ou nação, Deus envia do céu, quando se coloca a vida do ser humano em primeiro lugar e não os seus interesses políticos, ou os seus gordos lucros!
Mas não! Nada disso fez este homem, que preferiu relacionar-se de maneira possessiva com seus bens: “MEU trigo, MEUS celeiros”, armazenar, acumular, ganhar mais para ter um lucro ainda maior, em nenhum momento ele fez planos que incluíssem a família, a mulher e os filhos, em nenhum momento ocorreu-lhe a idéia de ajudar seus empregados.
O fim de tal homem será terrível! Não porque Deus irá se vingar mandando-o para as profundezas do inferno, mas sim porque, como já o dissemos, na última hora vai “cair à ficha” descobrirá amargurado que viveu sempre de maneira egoísta, o remorso e o arrependimento lhe baterão no coração, e a dor por estar longe de Deus e do seu reino, será eterna e insuportável! Isso é o inferno! Esse homem durante a sua vida não conseguiu se descobrir como um Filho de Deus, vocacionado ao amor, que partilha que é generoso e solidário com os que não têm. Uma partilha que não pode ser imposta pelo poder de alguma lei, mas ditada por um coração transbordante de amor, esta é a razão porque Jesus se recusa a interferir em uma briga de irmãos na disputa de uma herança.
Na verdade este homem perdeu toda a sua existência correndo atrás do brilho falso e ilusório das riquezas materiais, cultuando o deus dinheiro e fazendo das grandes magazines e shoppings, as imponentes catedrais de adoração ao poderoso deus do consumo, permanecendo no “Homem velho” não se dando conta que a ressurreição de Jesus marcou uma “virada” definitiva na vida do homem, que precisa sim dos bens deste mundo para viver, mas que em seu coração só busca as coisas do alto onde está a verdadeira glória e o mais valioso de todos os tesouros da terra. Enquanto lhe restar um dia de vida, este homem mesquinho, avarento e egoísta poderá mudar o seu destino, abrindo-se á graça de Deus para esta lhe inunde a alma e o coração. Depois será tarde...
2. Insensatez da ambição da riqueza
O evangelho de Lucas se destaca por sua crítica ao escândalo da divisão da sociedade em ricos e pobres. Temos aqui uma narrativa com uma parábola, exclusiva de Lucas, que mostra a insensatez da ambição da riqueza.
A Jesus é solicitada a arbitragem em uma questão de partilha de herança. Jesus mostra que o problema não está no desejo de justiça da partilha da herança, mas sim na insanidade da injusta acumulação da herança. Apresenta, então, uma parábola ilustrativa.
Encontramos, nas palavras dos Padres da Igreja, contundentes denúncias da riqueza. João Crisóstomo afirma: não se pode acumular riquezas sem, com injustiça, apropriar-se do alheio. E se alguém afirma que foi uma herança que recebeu, o que foi recebido também foi acumulado por força da iniquidade.
Oração
Pai, preserva-me do apego exagerado às riquezas, as quais me tornam insensível às necessidades do meu próximo. Que eu descubra na partilha um caminho de salvação.
3. O RICO INSENSATO
O discípulo do Reino é instruído para se portar com liberdade diante dos bens deste mundo, para não correr o risco de cair na idolatria. A relação incorreta com as criaturas tende a levá-los a um comportamento errôneo em relação aos irmãos: coisificar as pessoas e tiranizá-las sem piedade, por absolutizar as riquezas. Por isso, Jesus denunciava energicamente a insensatez dos ricos. Alertava seus discípulos contra a avareza, insistindo para que não contassem com a abundância de bens como fator de segurança e felicidade. E isto na tentativa de levá-los a se manterem imunes contra a idolatria da riqueza.
A parábola do rico avarento apresenta uma atitude que todo discípulo deve evitar. O homem rico fechou-se na sua ganância de acumular, esquecendo-se de Deus e de seus irmãos. Não nutria nenhum desejo de partilhar, mas só de acumular. Quanto mais tinha, tanto mais queria ter. As necessidades dos outros não contavam. Pensava tão-somente em encontrar conforto e fartura para si mesmo, e assim, poder descansar tranqüilo uma vez que tinha garantido para si uma vida abastada.
Ele, porém, não contou com a morte, quando seria chamado a prestar contas a Deus. Só então, haveria de aparecer a total pobreza em que vivia, pois, faltando-lhe o amor, faltava-lhe tudo. Tendo acumulado só para si mesmo, acabou na mais total pobreza diante de Deus.
Oração
Senhor Jesus, que as riquezas deste mundo jamais polarizem meu coração, impedindo-me de viver o amor que sabe partilhar.
Liturgia da Terça
XXIX SEMANA DO TEMPO COMUM *
(VERDE – OFÍCIO DO DIA)
Antífona da entrada: Clamo por vós, meu Deus, porque me atendestes; inclinai vosso ouvido e escutai-me. Guardai-me como a pupila dos olhos, à sombra das vossas asas abrigai-me (Sl 16,6.8).
Leitura (Efésios 2,12-22)
Leitura da carta de são Paulo aos Efésios.
2 12 lembrai-vos de que naquele tempo estáveis sem Cristo, sem direito da cidadania em Israel, alheios às alianças, sem esperança da promessa e sem Deus, neste mundo. 
13 Agora, porém, graças a Jesus Cristo, vós que antes estáveis longe, vos tornastes presentes, pelo sangue de Cristo. 
14 Porque é ele a nossa paz, ele que de dois povos fez um só, destruindo o muro de inimizade que os separava, 
15 abolindo na própria carne a lei, os preceitos e as prescrições. Desse modo, ele queria fazer em si mesmo dos dois povos uma única humanidade nova pelo restabelecimento da paz, 
16 e reconciliá-los ambos com Deus, reunidos num só corpo pela virtude da cruz, aniquilando nela a inimizade. 
17 Veio para anunciar a paz a vós que estáveis longe, e a paz também àqueles que estavam perto; 
18 porquanto é por ele que ambos temos acesso junto ao Pai num mesmo espírito. 
19 Conseqüentemente, já não sois hóspedes nem peregrinos, mas sois concidadãos dos santos e membros da família de Deus, 
20 edificados sobre o fundamento dos apóstolos e profetas, tendo por pedra angular o próprio Cristo Jesus. 
21 É nele que todo edifício, harmonicamente disposto, se levanta até formar um templo santo no Senhor. 
22 É nele que também vós outros entrais conjuntamente, pelo Espírito, na estrutura do edifício que se torna a habitação de Deus. 
Salmo responsorial 84/85
O Senhor anunciará a paz para o seu povo.
Quero ouvir o que o Senhor irá falar: 
é a paz que ele vai anunciar; 
está perto a salvação dos que o temem, 
e a glória habitará em nossa terra.
Quero ouvir o que o Senhor irá falar: 
é a paz que ele vai anunciar; 
está perto a salvação dos que o temem, 
e a glória habitará em nossa terra.
A verdade e o amor se encontrarão, 
a justiça e a paz se abraçarão; 
da terra brotará a fidelidade, 
e justiça olhará dos altos céus.
O Senhor nos dará tudo o que é bom, 
e a nossa terra nos dará suas colheitas; 
a justiça andará na sua frente 
e salvação há de seguir os passos seus.
Aclamação do Evangelho
Aleluia, aleluia, aleluia.
Vigiai e orai para ficardes de pé ante o Filho do Homem! (Lc 21,36)

Evangelho (Lucas 12,35-38)
Naquele tempo, 12 35 disse Jesus: "Estejam cingidos os vossos rins e acesas as vossas lâmpadas. 
36 Sede semelhantes a homens que esperam o seu senhor, ao voltar de uma festa, para que, quando vier e bater à porta, logo lha abram. 
37 Bem-aventurados os servos a quem o senhor achar vigiando, quando vier! Em verdade vos digo: cingir-se-á, fá-los-á sentar à mesa e servi-los-á. 
38 Se vier na segunda ou se vier na terceira vigília e os achar vigilantes, felizes daqueles servos!" 
COMENTÁRIOS DO EVANGELHO
1. Diálogo com Lucas
___Lucas, dá uma forcinha prá gente na reflexão desse evangelho. Tem umas coisinhas que a gente não entende bem.
Lucas ___Bom, trata-se de ditos de Jesus, é uma coletânea de frases e exortações que o Mestre fez em diversas circunstâncias, diante de situações que exigiam uma reflexão. Mas vamos lá...
___Rim cingido e lâmpada acesa... Que negócio é esse? 
Lucas ___Essa é fácil, vocês não dizem assim  “Vamos arregaçar as mangas e trabalhar”, diante de alguma tarefa urgente para se fazer?
___Sim, é essa a expressão que usamos... Arregaçar as mangas, ou arregaçar as calças se o negócio for andar
Lucas___ Pois é,  cingir os rins é amarrar a túnica dobrada prá cima, deixando-a curta facilitando a caminhada. Lâmpadas acesas é estar sempre alerta, sabendo o que está pela frente, na escuridão não se enxerga nada e não dá para caminhar. 
___E esse negócio de ficar esperando o Patrão voltar da festa, o homem foi para o Béim- Bão, e os empregados têm quer ficar acordados esperando o cara voltar sei lá a que horas da madrugada?
Lucas____ Pois é, significa que nas horas mais improváveis, diante de acontecimentos inesperados, a toda Hora o Senhor chega em nossa vida. Se o patrão foi a uma festa, ninguém sabe a que horas ele vai voltar, a primeira atitude é não dar a mínima para essa volta, e ficar a vontade ou ir dormir, a outra atitude mais sensata, é ficar esperando e na hora em que ele chegar, estar atento para abrir-lhe a porta...
___Ah entendi, então é uma referência direta ao dia em que Jesus voltar em definitivo?
Lucas____Isso mesmo, quem faz experiência e está em comunhão com Ele a todo momento, nas horas e condições improváveis e imprevistas, não será surpreendido nessa volta. 
___Então, vigiar é estar comprometido com o evangelho, e fazer as obras de amor e justiça, na relação com todas as pessoas? 
Lucas __Isso mesmo! Não é ter um comportamento cristão, só porque o Senhor um dia vai voltar, mas sim porque já se tem ele em nossa vida.
2. Permanecer vigilante
Esta parábola de Jesus situa-se em um contexto de ensinamento aos discípulos, durante o caminho para Jerusalém. Como Jesus pressentia o desfecho de seu ministério, pois sabia da disposição dos chefes do Templo e das sinagogas em matá-lo, este ensinamento tem um caráter escatológico, como preparação para um fim. E a melhor maneira para se preparar para o fim é viver a plenitude do momento presente, no dom do amor total, no desapego e na vigilância.
Estar acordado, de prontidão, em trajes de serviço e com as lâmpadas acesas significa estar atento e praticando a vontade de Deus, unido e servindo à comunidade no anúncio da Palavra. Por duas vezes é proclamada a bem-aventurança dos que assim estiverem. O próprio Senhor vai trajar-se para o serviço e os servirá à mesa. A afirmação lembra a cena do "lava-pés" de evangelho de João. Curiosamente, por outro lado, esta mesma afirmação contradiz a parábola do senhor abusivo que de maneira alguma serviria seus servos, na qual predomina a antiga visão do Primeiro Testamento.
As comunidades, conscientes da presença de Jesus no seu meio, movidas pelo amor, permanecem vigilantes, empenhando-se na implantação da justiça e da paz no mundo.
Oração
Pai, somente em ti quero centrar as minhas opções mais profundas, para não permitir que o egoísmo tome conta do meu coração e me afaste de ti.
3. A VIGILÂNCIA CRISTÃ
O discípulo de Jesus vive numa contínua espera do Senhor que vem. Essa, porém, é uma espera ativa e responsável, porque a chama do amor está sempre acesa em seu coração. Quem escolhe a inação ou se envereda pelo caminho do mal corre o risco de ser excluído do Reino. Não é fácil perseverar, quando se desconhece a hora em que o Senhor virá. Sabendo disso, Jesus exortou seus discípulos a não esmorecerem diante da incerteza da hora.
A vigilância cristã foi comparada à dos servos à espera do senhor que chega para sua festa de núpcias. Quanto mais tarde for, maior a necessidade de manter-se atentos. O senhor poderá chegar a qualquer momento. E não ficaria satisfeito se os servos estivessem dormindo e não lhe abrissem a porta. Mas, se ao chegar, os encontrar acordados, convidá-los-á para participar do banquete e ter a honra de serem servidos pelo próprio patrão.
O mesmo se passa com o discípulo de Jesus. A incerteza da hora em que virá o Senhor não abala suas convicções. Antes, vai adiante seguro de que vale a pena fazer o bem, embora viva rodeado pelo mal. Não abre mão de lutar pela justiça, mesmo que ela resista a ser eliminada. Está sempre disposto a perdoar e a buscar a reconciliação, ainda que o ódio e a violência tenham contaminado a humanidade. A vigilância perseverante leva-lo-á a ser considerado bem-aventurado pelo Senhor, quando ele vier.
Oração
Senhor Jesus, reforça minha disposição a estar sempre vigilante, à tua espera, para que eu possa ser acolhido por ti, no teu Reino.
Liturgia da Quarta-Feira
XXIX SEMANA DO TEMPO COMUM *
(VERDE – OFÍCIO DO DIA)
Antífona da entrada: Clamo por vós, meu Deus, porque me atendestes; inclinai vosso ouvido e escutai-me. Guardai-me como a pupila dos olhos, à sombra das vossas asas abrigai-me (Sl 16,6.8).
Leitura (Efésios 3,2-12)
Leitura da carta de são Paulo aos Efésios.
3 2 Vós deveis ter aprendido o modo como Deus me concedeu esta graça que me foi feita a vosso respeito. 
3 Foi por revelação que me foi manifestado o mistério que acabo de esboçar. 
4 Lendo-me, podereis entender a compreensão que me foi concedida do mistério cristão, 
5 que em outras gerações não foi manifestado aos homens da maneira como agora tem sido revelado pelo Espírito aos seus santos apóstolos e profetas. 
6 A saber: que os gentios são co-herdeiros conosco (que somos judeus), são membros do mesmo corpo e participantes da promessa em Jesus Cristo pelo Evangelho. 
7 Eu me tornei servo deste Evangelho em virtude da graça que me foi dada pela onipotente ação divina. 
8 A mim, o mais insignificante dentre todos os santos, coube-me a graça de anunciar entre os pagãos a inexplorável riqueza de Cristo, 
9 e a todos manifestar o desígnio salvador de Deus, mistério oculto desde a eternidade em Deus, que tudo criou. 
10 Assim, de ora em diante, as dominações e as potestades celestes podem conhecer, pela Igreja, a infinita diversidade da sabedoria divina, 
11 de acordo com o desígnio eterno que Deus realizou em Jesus Cristo, nosso Senhor. 
12 Pela fé que nele depositamos, temos plena confiança de aproximar-nos junto de Deus. 
Salmo responsorial Is 12
Com alegria bebereis do manancial da salvação.
Eis o Deus, meu salvador, eu confio e nada temo; 
o Senhor é minha força, meu louvor e salvação. 
com alegria bebereis do manancial da salvação.
E direis naquele dia: "Dai louvores ao Senhor, 
invocai seu santo nome, anunciai suas maravilhas, 
entre os povos proclamai que seu nome é o mais sublime.
Louvai, cantando ao nosso Deus, que fez prodígios e portentos, 
publicai em toda a terra suas grandes maravilhas! 
Exultai, cantando alegres, habitantes de Sião, 
porque é grande em vosso meio o Deus santo de Israel!"
Aclamação do Evangelho
Aleluia, aleluia, aleluia.
Vigiai, diz Jesus, vigiai, pois, no dia em que não esperais, o vosso Senhor há de vir (Mt 24,42.44).

Evangelho (Lucas 12,39-48)
Naquele tempo, 12 39 disse Jesus: "Sabei, porém, isto: se o senhor soubesse a que hora viria o ladrão, vigiaria sem dúvida e não deixaria forçar a sua casa. 
40 Estai, pois, preparados, porque, à hora em que não pensais, virá o Filho do Homem". 
41 Disse-lhe Pedro: "Senhor, propões esta parábola só a nós ou também a todos?" 
42 O Senhor replicou: "Qual é o administrador sábio e fiel que o senhor estabelecerá sobre os seus operários para lhes dar a seu tempo a sua medida de trigo? 
43 Feliz daquele servo que o senhor achar procedendo assim, quando vier! 
44 Em verdade vos digo: confiar-lhe-á todos os seus bens. 
45 Mas, se o tal administrador imaginar consigo: 'Meu senhor tardará a vir', e começar a espancar os servos e as servas, a comer, a beber e a embriagar-se, 
46 o senhor daquele servo virá no dia em que não o esperar e na hora em que ele não pensar, e o despedirá e o mandará ao destino dos infiéis. 
47 O servo que, apesar de conhecer a vontade de seu senhor, nada preparou e lhe desobedeceu será açoitado com numerosos golpes. 
48 Mas aquele que, ignorando a vontade de seu senhor, fizer coisas repreensíveis será açoitado com poucos golpes. Porque, a quem muito se deu, muito se exigirá. Quanto mais se confiar a alguém, dele mais se há de exigir". 
COMENTÁRIOS DO EVANGELHO
1. Cargos de confiança
Vamos entender o que é um cargo de confiança, o governante nomeia alguém para um cargo de confiança, comandando uma área ou um setor de trabalho da sua administração.
É alguém em quem ele confia cegamente, honesto, íntegro, e que pensa e age exatamente como ele pensaria e agiria, estando no comando direto daquele setor. Tem uma boa remuneração, não precisa fazer concurso, mas em compensação tem responsabilidades pesadas, e terá que estar sempre prestando contas ao Administrador que lhe confiou tal encargo. Essa deveria de ser a linha de conduta mas...infelizmente os apadrinhamentos políticos criam cada vez mais cargos de confiança, para atender as conveniências do partido e do eleitorado, e os favorecimentos políticos estão em todas as esferas da nossa Vida Pública, de maneira vergonhosa e pecaminosa.
No evangelho que refletimos, Jesus está falando dos Cargos de Confiança, que Deus delega a algumas pessoas na sua vocação cristã, pensando aqui na vida de família e comunidade.
Qualquer encargo que se tem, na vida da Igreja, seja em comunidade, paróquia ou até mesmo na Diocese ou arquidiocese, não é por mérito e muito menos por apadrinhamento político (pelo menos não deveria ser, pois comunidade cristã é o último lugar onde se pode fazer barganha de cargos e funções) . O evangelho começa nos lembrando que aquilo que fazemos, ou pelo qual somos responsáveis, não é nosso, não nos pertence, é transitório e pode nos ser tomado a qualquer momento, sem aviso prévio, nesse sentido compreende-se, de maneira mais profunda, o dom da vida que Deus nos concede.
São Pedro, com suas pergunta, quer saber se aquilo tem algo a ver com o grupo dos discípulos, ou é só para o povão. Pobre do Pedro, poderia dormir sem essa, pois Jesus lembra com rigor a responsabilidade que eles tem, enquanto discípulos, de alimentar o povo com o trigo, dando-lhes vida e não os deixando perecer. O recado é muito direto para todos nós, que temos alguma função na comunidade, seja ela qual for, estamos á frente de todos, não para mandar e desmandar, dar ordens e ser obedecido, dominar e ser importante, mas para servir, para ajudar as pessoas a crescerem na Fé e na Vida da Igreja.
A advertência final, é de que, seremos energicamente cobrador diante de Deus, se as pessoas que ele nos confiou perecerem, por falta de cuidados e atenção. Pode até ser que elas se salvem, e a gente se perca, porque o Senhor confiou em nós, e não correspondemos a sua confiança. Pensei nisso, você que aí na comunidade tem um encargo considerado "importante".
2. Discípulos conscientes
A vinda do Filho do Homem, mencionada dentro deste texto sobre a vigilância, é a revelação de que, a partir de Jesus, o humano se torna o lugar do encontro com Deus. Libertos das ambições do mundo, os discípulos, confiantes no Pai, não devem ficar inertes, apáticos, acomodados. A eles foi revelada a vontade do Pai, oferecendo a todos o Reino de amor, na fraternidade e no serviço. Cabe, então, aos discípulos empenhar-se em servir o Filho do Homem presente em seus irmãos. Na comunhão de amor com os irmãos acontece a comunhão de vida eterna com Deus.
Percebe-se que a menção aos castigos cruéis, no fim da parábola, não corresponde à índole de Jesus, correndo por conta das comunidades vinculadas a Jerusalém, com sua tradição de "culpa e castigo", própria do Primeiro Testamento.
Oração
Pai, leva-me a tomar consciência de que muito será exigido de mim, pois muito me foi dado. Que minha vida seja compatível com minha condição de discípulo do teu Reino.
3. O SERVO PRUDENTE E FIEL
O discípulo do Reino não se deixa pegar de surpresa. Pelo contrário, ele se precavém e cuida para não deixar o pecado se apoderar de seu coração, indispondo-o a receber o Senhor. Sua atenção deve ser como a de um homem que guarda sua casa, sabendo a que horas virá o ladrão. O homem sábio protege sua propriedade e frustra a ação do arrombador. O ladrão não o pega desprevenido.
O cristão sabe apenas que o Senhor virá de maneira improvisa e não quer se deixar pegar de surpresa. Daí seu esforço para superar a preguiça e a indolência. Ele age sempre com prudência e fidelidade. A prudência leva-o a não perder de vista a exortação do Senhor que anunciou sua vinda como certa. A fidelidade mantém-no na via traçada pelo Senhor, porque sabe que é inútil optar por desvios ou falsas propostas de salvação. A prudência coloca diante dele o Reino e o que está reservado para quem se encontrar preparado, por ocasião da vinda do Senhor. A fidelidade convence-o de que vale a pena consagrar toda a vida ao Senhor e ao seu Reino.
Sobretudo, o cristão está convencido da responsabilidade que lhe foi confiada. Na ausência do Senhor, compete-lhe entregar-se, sem reserva, à construção do Reino. É arriscado não levar a sério esta missão. Bem-aventurado quem for encontrado fazendo o bem!
Oração
Senhor Jesus, reforça minha responsabilidade no serviço ao Reino, para eu ser encontrado fazendo o bem.
Liturgia da Quinta-Feira
SANTO ANTÔNIO GALVÃO - PRESBÍTERO
(BRANCO, PREFÁCIO COMUM OU DOS PASTORES – OFÍCIO DA MEMÓRIA)
Antífona da entrada: Eu vos darei pastores segundo o meu coração, que vos conduzam com inteligência e sabedoria (Jr 3,15).
verdadeira concórdia.
Leitura (Efésios 3,14-21)
Leitura da carta de são Paulo aos Efésios.
3 14 Por esta causa dobro os joelhos em presença do Pai, 
15 ao qual deve a sua existência toda família no céu e na terra, 
16 para que vos conceda, segundo seu glorioso tesouro, que sejais poderosamente robustecidos pelo seu Espírito em vista do crescimento do vosso homem interior. 
17 Que Cristo habite pela fé em vossos corações, arraigados e consolidados na caridade, 
18 a fim de que possais, com todos os cristãos, compreender qual seja a largura, o comprimento, a altura e a profundidade, 
19 isto é, conhecer a caridade de Cristo, que desafia todo o conhecimento, e sejais cheios de toda a plenitude de Deus. 
20 Àquele que, pela virtude que opera em nós, pode fazer infinitamente mais do que tudo quanto pedimos ou entendemos, 
21 a ele seja dada glória na Igreja, e em Cristo Jesus, por todas as gerações de eternidade. Amém. 
Salmo responsorial 32/33
Transborda em toda a terra a bondade do Senhor!
Ó justos, alegrai-vos no Senhor! 
Aos retos fica bem glorifica-lo. 
Dai graças ao Senhor ao som da harpa, 
na lira de dez cordas celebrai-o!
Pois reta é a palavra do Senhor, 
e tudo o que ele faz merece fé. 
Deus ama o direito e a justiça, 
transborda em toda a terra a sua graça.
Mas os desígnios do Senhor são para sempre, 
e os pensamentos que ele traz no coração, 
de geração em geração, vão perdurar. 
Feliz o povo cujo Deus é o Senhor 
e a nação que o escolheu por sua herança!
Mas o Senhor pousa o olhar sobre os que o temem 
e que confiam, esperando em seu amor, 
para da morte libertar as suas vida 
e alimenta-los quando é tempo de penúria.
Aclamação do Evangelho
Aleluia, aleluia, aleluia.
Eu tudo considero como perda e como lixo a fim de eu ganhar Cristo e ser achado nele! (Fl 3,8s)

EVANGELHO (Lucas 12,49-53)
Naquele tempo, 12 49 disse Jesus: "Eu vim lançar fogo à terra, e que tenho eu a desejar se ele já está aceso? 
50 Mas devo ser batizado num batismo; e quanto anseio até que ele se cumpra! 
51 Julgais que vim trazer paz à terra? Não, digo-vos, mas separação. 
52 Pois de ora em diante haverá numa mesma casa cinco pessoas divididas, três contra duas, e duas contra três; 
53 estarão divididos: o pai contra o filho, e o filho contra o pai; a mãe contra a filha, e a filha contra a mãe; a sogra contra a nora, e a nora contra a sogra". 
COMENTÁRIOS DO EVANGELHO
1. Jesus tal qual ele é...
Um Jesus que gera conflitos e até divisões entre parentes e familiares, um Jesus que não veio trazer paz a terra! Muita gente não gosta de um Jesus assim, preferem um Jesus mais calmo, tranquilo e menos agitado, um Jesus doce cheio de harmonia e paz, enfim, um Jesus que não incomode. Esse é o modelo de Jesus que agrada o mundo consumista da Pós-modernidade, seria o Jesus da Paz e amor, bonzinho e manso.
Não que Jesus Cristo não tenha em si essas virtudes, mas o Jesus que Lucas apresenta aqui é a pura realidade, suas palavras e ensinamentos geraram conflitos dr toda ordem, exatamente porque os seus seguidores não podem ser "frouxos" ou "Maria vai com as outras", mas devem tomar uma posição radical e fazer a sua opção a favor ou contra Jesus, ele não aceita aquela velha expressão "Muito antes, pelo contrário", posição ambígua, palavras em duplo sentido.
O fogo como elemento destruidor é lembrado por Jesus, mas é necessário saber interpretá-lo, pois os que gostam de espalhar medo e pânico garantem que na primeira vez o mundo acabou em água, referindo-se ao dilúvio ( para decepção dos sensacionalistas, informamos que o mundo não acabou com o dilúvio) e também nem vai acabar com fogo como pregam certos evangelizadores de araque. Esse fogo a que se refere Jesus é a purificação que o seu ato salvífico trará á toda humanidade, é um fogo que irá destruir sim, as Forças do Mal presente no homem, mas não o homem.
2. A paz inquieta
João Batista, ao batizar Jesus, já anunciara que o próprio Jesus batizaria no Espírito Santo e no fogo. É o fogo do amor, que Jesus deseja ver aceso na terra. O batismo, que exprime a entrada no Reino pela prática da justiça, atinge sua plenitude em Jesus, com sua vida de amor, até a morte na cruz, armada pelos poderosos deste mundo. Porém, o amor é mais forte do que a morte, e a vida cheia de amor é eterna.
Aparentemente, causa surpresa a afirmação sobre as divisões na família. Antes, Jesus, ao enviar seus discípulos em missão, incumbiu-os de levar a paz às casas que o recebessem. No evangelho de João, Jesus afirma: "Deixo-lhes a paz, a minha paz lhes dou, não como o mundo dá". A paz do mundo é a paz do império, seja romano ou estadunidense, com sua coalizão. Faz-se as guerras de conquista, e sobre os escombros da guerra decreta-se a paz da submissão ao império. É a falsa paz de uma sociedade individualista, excludente, ambiciosa do dinheiro e prenhe de violência. A própria família está sob a influência desta ideologia, muitas vezes resistindo à mensagem de Jesus. A ruptura com valores tradicionais de sucesso e enriquecimento neste mundo, pela opção à prática do serviço e do amor, gera conflitos e divisão.
Oração
Pai, que o batismo de Jesus, por sua morte de cruz, purifique-me de todo pecado e de toda maldade, como um fogo ardente, abrindo o meu coração totalmente para ti.
3. A CISÃO DO REINO
O Reino anunciado por Jesus criou rupturas no seio da humanidade. Pode parecer estranho, considerando que pretendia ser um Reino de paz. Entretanto, Jesus afirmou não ter vindo trazer paz à Terra, e sim, a divisão.
Como se explica a ruptura causada pelo Reino? Ele consiste numa proposta de Jesus à humanidade. Sendo proposta, pode ser acolhido ou rejeitado. Rejeitar o Reino significa optar pelos valores que lhe são contrários. Assim se estabelece uma dupla polaridade de ação. De um lado, coloca-se quem acredita no amor, na justiça e no perdão. De outro, posiciona-se quem se entrega ao egoísmo, à injustiça e à violência. Não existe conciliação possível entre estes dois projetos de vida. É ingênuo e inútil pretender juntá-los a qualquer custo, pois são inconciliáveis.
Pode acontecer que, numa mesma família, o pai faça sua opção pelo Reino e o filho não, a mãe sim e a filha não, a sogra sim e a nora não, ou vice-versa. Assim, se estabelece uma divisão irremediável dentro da família, por causa do Reino. Este não une, ao contrário, desune. Não pode acontecer, porém, que o pai pactue com a maldade do filho, ou a mãe ceda ao egoísmo da filha e, ainda, a sogra concorde com a injustiça da nora, ou vice-versa, só para não desagradar. As exigências do Reino colocam-se acima dos laços familiares.
Oração
Senhor Jesus, que eu saiba colocar o Reino e suas exigências acima do afeto familiar, de modo a não pactuar com nada que se lhe oponha.
Liturgia da Sexta-Feira
XXIX SEMANA DO TEMPO COMUM 
(VERDE – OFÍCIO DO DIA)
Antífona da entrada: ANTÍFONA DE ENTRADA Clamo por vós, meu Deus, porque me atendestes; inclinai vosso ouvido e escutai-me. Guardai-me como a pupila dos olhos, à sombra das vossas asas abrigai-me (Sl 16,6.8).
Leitura (Efésios 4,1-6)
Leitura da carta de são Paulo aos Efésios.
4 1 Exorto-vos, pois, - prisioneiro que sou pela causa do Senhor -, que leveis uma vida digna da vocação à qual fostes chamados, 
2 com toda a humildade e amabilidade, com grandeza de alma, suportando-vos mutuamente com caridade. 
3 Sede solícitos em conservar a unidade do Espírito no vínculo da paz. 
4 Sede um só corpo e um só espírito, assim como fostes chamados pela vossa vocação a uma só esperança. 
5 Há um só Senhor, uma só fé, um só batismo. 
6 Há um só Deus e Pai de todos, que atua acima de todos, por todos e em todos. 
Salmo responsorial 23/24
É assim a geração dos que buscam vossa face, 
ó Senhor, Deus de Israel.
Ao Senhor pertence a terra e o que ela encerra, 
o mundo inteiro com os seres que o povoam; 
porque ele a tornou firme sobre os mares 
e, sobre as águas, a mantém inabalável.
"Quem subirá até o monte do Senhor, 
quem ficará em sua santa habitação?" 
"Quem tem mãos puras e inocente coração, 
quem não dirige sua mente para o crime.
"Sobre este desce a bênção do Senhor 
e a recompensa de seu Deus e salvador". 
"É assim a geração dos que o procuram 
e do Deus de Israel buscam a face".
Aclamação do Evangelho
Aleluia, aleluia, aleluia.
Graças te dou, ó Pai, Senhor do céu e da terra, pois revelaste os mistérios do teu reino aos pequeninos, escondendo-os aos doutores! (Mt 11,25)

EVANGELHO (Lucas 12,54-59)
Naquele tempo, 12 54 Jesus ainda dizia ao povo: "Quando vedes levantar-se uma nuvem no poente, logo dizeis: 'Aí vem chuva'. E assim sucede. 
55 Quando vedes soprar o vento do sul, dizeis: 'Haverá calor'. E assim acontece. 
56 Hipócritas! Sabeis distinguir os aspectos do céu e da terra; como, pois, não sabeis reconhecer o tempo presente?
57 Por que também não julgais por vós mesmos o que é justo? 
58 Ora, quando fores com o teu adversário ao magistrado, faze o possível para entrar em acordo com ele pelo caminho, a fim de que ele te não arraste ao juiz, e o juiz te entregue ao executor, e o executor te ponha na prisão. 
59 Digo-te: não sairás dali, até pagares o último centavo". 
COMENTÁRIOS DO EVANGELHO
1. Entendendo os sinais
É até bonito de se ver algumas pessoas remanescentes dos anos 60, principalmente as que vieram do campo, fazerem previsão do tempo, saem na porta ou na janela da casa, olham o horizonte ao longe e ditam a sentença "Hoje a tarde vai chover...", meu saudoso sogro era do tipo assim, e quanta chuva tomei por não lhe dar crédito. O homem sabe interpretar os sinais da natureza e por conta disso prevê frio, calor, chuva e até vento.
Entretanto, quando se trata dos sinais do Reino de Deus, a coisa fica mais difícil, porque essa interpretação dos tempos, mais do que experiência de vida, necessita da Fé, tive um amigo de estudo que dizia "Ter Fé é saber enxergar as coisas por dentro, às avessas...". Os fatos aparentes todo mundo enxerga e sabe interpretar, porque é algo evidente. Mas sinais de algo que ainda virá, mas que de certo modo já está em nosso meio, daí a coisa fica bem mais difícil.
Jesus sempre anunciou o Reino colocando ao homem a necessidade de um esforço para ver, ouvir e interpretar, citando os ouvidos e os olhos, mais do que isso, curando algumas deficiências nesses sentidos, justamente mostrando-nos que é possível enxergar algo que os olhos ainda não viram, e ouvir algo que ainda não chegou até os ouvidos.
Jesus tornou visível o que era invisível, e fez ouvir, o que era inaudível, nele o Reino do Céu se fez presente de maneira definitiva no meio dos homens. Por aquele tempo, os sábios e entendidos que deveriam por primeiro ver, ouvir e dar crédito, anunciando aos demais, nesse sentido não enxergavam um palmo diante do nariz. Jesus volta para o Pai, envia o seu espírito que na igreja e nos acontecimentos da história, continua dando visibilidade do Reino.
A Igreja é a própria imagem da Esperança, que aguarda ansiosamente a plenitude do Reino, ela sinaliza nos sacramentos a graça operante e santificante de Deus, que só é perceptível na Fé. O que o evangelho nos pede, é para que não nos detenhamos no presente, mas que saibamos como igreja e com a Igreja esperar por algo que ainda virá, mas que ao mesmo tempo já vamos construindo. Mas no meio do mundo, toda força do bem é um sinal mais que evidente de que o Reino já está acontecendo... Não sejamos hipócritas, não somos os Donos do Reino, apenas os seus colaboradores agraciados por Deus, e por isso haverá um julgamento final, onde seremos cobrados talvez por aquilo que não fizemos, embora sendo agraciados.
2. Capacidade de julgar com discernimento
Neste texto articulam-se dois temas, o sinal dos tempos e a reconciliação.
Jesus interpela as multidões sobre a percepção dos sinais dos tempos. A partir do tempo meteorológico, cujos sinais são bem avaliados, Jesus questiona a indisposição que têm em avaliar o tempo da presença de Deus entre eles. "Por que não julgais por vós mesmos o que é justo?"
É um questionamento contundente e sempre atual. Nas questões fundamentais da vida, tais como a justiça, o direito e a dignidade, a mente humana fica enganada e embotada pela massificação da mídia, sob controle dos poderosos. Jesus, com sua prática e sua palavra, leva o povo a se libertar da ideologia que o oprime e começar a fazer seu juízo crítico sobre a realidade violenta que vive. Às comunidades dos discípulos cabe a continuidade desta missão libertadora.
Somos chamados a perceber que este é o tempo da misericórdia e da reconciliação, que são os passos fundamentais no caminho da paz, no mundo novo.
Oração
Pai, corrige a negligência que me impede de entregar-me inteiramente a ti, sem demora. Torna-me hábil para as coisas do teu Reino!
3. O DISCERNIMENTO URGENTE
A sabedoria cristã aconselha os discípulos do Reino a se colocarem numa situação de discernimento urgente e contínuo. E mais: a tirar dele conseqüências práticas.
Certo de que o Senhor vem, o cristão jamais se deixará levar pela loucura de entregar-se a um projeto de vida mundano, que lhe oferece prazeres efêmeros. Antes, será perseverante no caminho do amor, seguro do fim que lhe espera.
A exigência de discernimento indica que o Senhor não aceitará falsas desculpas de quem for excluído do Reino. Quem não se decide seriamente, não terá como se justificar diante do Senhor. É sempre possível saber o que é justo e corresponde ao projeto do Reino. Basta que o cristão, com a graça de Deus, se empenhe.
A parábola da reconciliação, antes do processo, alude à urgência do discernimento e da decisão. Se não se chega a um acordo, enquanto os adversários estão a caminho do tribunal, o culpado será punido na certa. O bom senso recomenda não perder a chance.
O discípulo de Jesus vê-se como se estivesse sempre diante da última oportunidade de aderir integralmente ao Reino e conformar sua vida com ele. Adiar esta decisão pode ser fatal. O tempo urge e o cristão não pode se dar ao luxo de agir como se tivesse um longo tempo pela frente. A prudência recomenda decidir-se já.
Oração
Senhor Jesus, faze-me viver consciente de que urge entregar-me integralmente ao Reino e conformar minha vida com ele.
Liturgia do Sábado
XXIX SEMANA DO TEMPO COMUM 
(VERDE – OFÍCIO DO DIA)
Antífona da entrada: Clamo por vós, meu Deus, porque me atendestes; inclinai vosso ouvido e escutai-me. Guardai-me como a pupila dos olhos, à sombra das vossas asas abrigai-me (Sl 16,6.8).
Leitura (Efésios 4,7-16)
Leitura da carta de são Paulo aos Efésios.
4 7 Mas a cada um de nós foi dada a graça, segundo a medida do dom de Cristo, 
8 pelo que diz: "Quando subiu ao alto, levou muitos cativos, cumulou de dons os homens". 
9 Ora, que quer dizer "ele subiu", senão que antes havia descido a esta terra? 
10 Aquele que desceu é também o que subiu acima de todos os céus, para encher todas as coisas. 
11 A uns ele constituiu apóstolos; a outros, profetas; a outros, evangelistas, pastores, doutores, 
12 para o aperfeiçoamento dos cristãos, para o desempenho da tarefa que visa à construção do corpo de Cristo, 
13 até que todos tenhamos chegado à unidade da fé e do conhecimento do Filho de Deus, até atingirmos o estado de homem feito, a estatura da maturidade de Cristo. 
14 Para que não continuemos crianças ao sabor das ondas, agitados por qualquer sopro de doutrina, ao capricho da malignidade dos homens e de seus artifícios enganadores. 
15 Mas, pela prática sincera da caridade, cresçamos em todos os sentidos, naquele que é a cabeça, Cristo. 
16 É por ele que todo o corpo - coordenado e unido por conexões que estão ao seu dispor, trabalhando cada um conforme a atividade que lhe é própria - efetua esse crescimento, visando a sua plena edificação na caridade. 
Salmo responsorial 121/122
Que alegria quando ouvi que me disseram: 
"Vamos à casa do Senhor!"
Que alegria quando ouvi que me disseram: 
"Vamos à casa do Senhor!" 
E agora nossos pés já se detêm, 
Jerusalém, em tuas portas.
Jerusalém, cidade bem edificada 
num conjunto harmonioso; 
para lá sobem as tribos de Israel, 
as tribos do Senhor.
Para louvar, segundo a lei de Israel, 
o nome do Senhor. 
A sede da justiça lá está 
e o trono de Davi.
Aclamação do Evangelho
Aleluia, aleluia, aleluia.
Não quero a morte do pecado, diz o Senhor, mas que ele volte, se converta e tenha vida (Ez 33,11).

Evangelho (Lucas 13,1-9)
13 1 Neste mesmo tempo contavam alguns o que tinha acontecido a certos galileus, cujo sangue Pilatos misturara com os seus sacrifícios. 
2 Jesus toma a palavra e lhes pergunta: "Pensais vós que estes galileus foram maiores pecadores do que todos os outros galileus, por terem sido tratados desse modo? 
3 Não, digo-vos. Mas se não vos arrependerdes, perecereis todos do mesmo modo. 
4 Ou cuidais que aqueles dezoito homens, sobre os quais caiu a torre de Siloé e os matou, foram mais culpados do que todos os demais habitantes de Jerusalém? 
5 Não, digo-vos. Mas se não vos arrependerdes, perecereis todos do mesmo modo". 
6 Disse-lhes também esta comparação: "Um homem havia plantado uma figueira na sua vinha, e, indo buscar fruto, não o achou. 
7 Disse ao viticultor: 'Eis que três anos há que venho procurando fruto nesta figueira e não o acho. Corta-a; para que ainda ocupa inutilmente o terreno?' 
8 Mas o viticultor respondeu: 'Senhor, deixa-a ainda este ano; eu lhe cavarei em redor e lhe deitarei adubo. 
9 Talvez depois disto dê frutos. Caso contrário, cortá-la-ás'". 
COMENTÁRIOS DO EVANGELHO
1. O JULGAMENTO É CERTO!
Nesta vida tudo é discutível e negociável à exceção da morte, que irá nos acontecer mais cedo ou mais tarde, sendo que a morte nos trará o juízo de Deus. É uma verdade que não gostamos nem de pensar mas que somos convidados pela palavra de Deus a pensarmos naquele primeiro momento, em que estaremos diante de Deus, após a morte.
Sabemos que haverá um julgamento e isso significa que Deus espera algo de cada um de nós e poderíamos até afirmar que temos uma meta a ser alcançada, uma missão a ser cumprida e nesse caso, a primeira coisa a ser feita é estarmos disponíveis para Deus, mesmo que não nos julguemos capazes para isso, como tantos vocacionados da Sagrada Escritura.
A nossa Fé deverá ser inabalável, mesmo que algo dê errado, pois como simples mortais, estamos sujeitos as imprevisibilidades desta vida que são aqueles acontecimentos que não esperamos, e que podem nos atingir ou a alguém do nosso relacionamento, como aqueles galileus, que se envolveram em um conflito com os soldados de Pilatos no templo de Jerusalém e foram brutalmente assassinados, ou como aquele grupo de trabalhadores que morreram tragicamente na queda de uma torre que estava sendo construída. Em minha paróquia, há duas semanas celebrei o batismo de 11 crianças, e o Pai de uma delas, que estava na celebração, na terça feira foi vítima de um acidente de trabalho e veio a falecer e eu fiz as ezéquias na terça feira a noite, dois dias depois de celebrar com ele o Batismo de sua filhinha.
Não é Deus que provoca esses acontecimentos, para punir e castigar os pecadores, como podem pensar algumas correntes religiosas, o massacre dos galileus foi um ato de violência contra a vida, a mando de Pilatos, e a queda da torre, pelo menos naquele tempo, não foi nenhum atentado terrorista, mas um acidente de trabalho, aliás, que também merece uma reflexão, pois os acidentes de trabalho acontecem por causa de alguma falha humana ou alguma condição insegura. Porém, Deus consente estes fatos porque respeita a liberdade humana, mas a partir da tragédia, nos ensina alguma verdade que serve para a nossa edificação.
Sobre tudo o que ocorre no mundo de hoje, guerras, conflitos, chacinas, execuções, crimes hediondos até contra crianças, falamos e ouvimos muitos discursos inflamados, desde o simples cidadão até as altas celebridades que nos grandes meios de comunicação promovem debates acirrados, ao lado de uma imprensa sensacionalista, onde, indignados jornalistas gritam palavras de ordem, dando-se a impressão de que, por conta disso, grandes mudanças irão ocorrer. Mas ao final, tudo continua como antes até que aconteça a próxima tragédia, para sacudir a opinião pública.
Jesus não entra nessa onda, não declarou guerra contra Pilatos, que era o que muitas lideranças queriam, e nem arquitetou alguma severa punição para aplicar aos responsáveis pela queda da torre. De investigação e denúncias, o povo já está saturado, porque no final da história, os culpados sempre ficam impunes.
Jesus aproveita o fato para nos alertar sobre a urgência da nossa conversão, que se inicia quando mudamos a nossa mentalidade em relação a Deus, ele não é aquele que abençoa dando saúde e bens materiais a quem lhe obedece, e que faz cair a desgraça na cabeça de quem não o aceita, pois se fosse assim, não ocorreriam tragédias na vida de um cristão.
Ele quer que concentremos nossa atenção no presente, percebendo a cada minuto á sua vontade a nosso respeito, fazendo o reino acontecer a partir de pequenos gestos de amor e de solidariedade em nosso quotidiano, porque se deixarmos esta vida passar em branco, sem nos darmos conta de que temos uma missão a cumprir, frutificando segundo a palavra e a graça de Deus, iremos nos surpreender ao final, porque seremos semelhantes a uma árvore seca e improdutiva justo na hora da colheita.
Nesta vida Deus nos fertiliza todos os dias com a sua graça e a sua santa palavra dando-nos todas as condições para produzirmos bons frutos. Só depende de nós! E não precisa dizer o que vai acontecer com a árvore seca, que não dá nenhum fruto...
2. É a conversão que nos liberta
Temos neste tipo de narrativa de Lucas um caso único nos evangelhos: dois fatos recentemente acontecidos são exemplos para o ensinamento de Jesus.
Pilatos mandara matar, no Templo, galileus que faziam ofertas. "Algumas pessoas", provavelmente fariseus, vieram contá-lo a Jesus, para intimidá-lo: os galileus eram subversivos zelotas e o mesmo fim poderia acontecer com Jesus. Jesus responde com outro fato: a torre que desabara em Jerusalém matando várias pessoas, o que era tido como castigo de Deus. Em nenhum dos dois casos aquelas pessoas eram pecadoras. E a conclusão final: é a conversão que vos livrará da morte.
A parábola final esclarece sobre a longanimidade de Deus: ele conta com a conversão de todos.
Oração
Pai, que a minha vida seja uma contínua busca de comunhão contigo, por meio de um arrependimento sincero e de minha conversão urgente para ti.
3. A PENITÊNCIA NECESSÁRIA
Baseado em fatos conhecidos dos discípulos, Jesus exortou-os a não se considerarem isentos da necessidade de fazer penitência. A condição de discípulos poderia dar-lhes uma falsa segurança e levá-los a se considerarem perfeitos. Portanto, com a salvação garantida.
Por mais decidida que seja a entrega do discípulo ao Reino, ela tenderá sempre a ser precária. Além disso, a linha que delimita as fronteiras entre a fidelidade e a infidelidade é muito tênue. A passagem de um lado para outro acontece com facilidade. Só o discípulo insensato tem a pretensão de se considerar plenamente fiel e senhor de uma decisão intocável pelo Reino. Por isso, recomenda-se não excluir a penitência, pois ela manifesta a disposição de não acomodar-se no empenho de ser sempre mais fiel ao Senhor.
A exclusão da penitência pode tornar estéril a vida do discípulo. Seu orgulho não lhe permitirá agir de forma compatível com o Reino. Ele não produzirá os frutos de amor e justiça esperados pelo Senhor. Não se sentido pecador, colocar-se-á na condição de juiz do próximo e será incapaz de reconhecer a malícia de sua ação.
Jesus age com paciência em relação aos discípulos que se julgam dispensados de fazer penitência. Entretanto, a paciência tem seus limites. Chegará a hora em que se confrontarão com o Senhor e não terão como se justificar.
Oração
Senhor Jesus, que eu saiba reconhecer minha condição de pecador e expressar, pela penitência, minha disposição de ser fiel a ti.
Liturgia do Domingo 28.10.2012
30º Domingo do Tempo Comum — ANO B
(VERDE, GLÓRIA, CREIO – II SEMANA DO SALTÉRIO)
Dia mundial das Missões e da Obra Pontifícia da Infância Missionária 
__ "Ele recuperou a vista e seguia Jesus pelo caminho" __
Ambientação:
Sejam bem-vindos amados irmãos e irmãs!
INTRODUÇÃO DO FOLHETO DOMINICAL PULSANDINHO: Chegamos ao último final de semana do mês de outubro, em que a Igreja nos propõe um reflexão maior e mais profunda sobre nossa tarefa missionária. Celebramos, neste domingo, o Mistério da Salvação divina, marcados pela luz de Cristo e pela esperança de caminhar na direção de uma cidade nova. A liturgia torna-se profética nessa celebração porque abre nossos olhos e nos coloca na estrada de Jesus. Neste domingo, em alguns municípios, realiza-se o segundo turno das eleições. A política sempre é um desafio para a evangelização, pois esta deve se traduzir em valores que nascem da vivência da fé em comunidade. Celebremos, hoje, em comunhão com a juventude, em sua jornada em busca de uma vida plena de sentido.
INTRODUÇÃO DO FOLHETO DOMINICAL O POVO DE DEUS: Encerra-se hoje o Sínodo dos Bispos e começa um novo tempo para a evangelização cristã. O desafio de encontrar novos caminhos para anunciar Jesus Cristo, a partir dos novos cenários que o mundo atual apresenta, deve ser assumido por todos. Agradeçamos pelo esforço que os Padres Conciliares fizeram na busca desses caminhos e peçamos a Deus a graça de colocarmos em prática o que propõem para toda a Igreja. Rezemos também para que o segundo turno das eleições municipais transcorra em paz e que o voto livre e consciente eleja os melhores candidatos.
INTRODUÇÃO DO WEBMASTER: Neste mês da Missões, rezemos nesta Eucaristia para que o Senhor faça descer sobre nós a força do Espírito Santo, a fim de que sejamos missionários da Palavra e do Amor de Deus, segundo a vontade do Pai.
Sintamos o júbilo real de Deus em nossos corações e cheios dessa alegria divina entoemos alegres cânticos ao Senhor!
XXX DOMINGO DO TEMPO COMUM
Antífona da entrada: Exulte o coração que buscam a Deus. Sim, buscai o Senhor e sua força, procurai sem cessar a sua face (Sl 104,3s).
Comentário das Leituras:
O conhecimento da palavra de Deus e das promessas que alimentam a vida do povo de Israel leva o cego a reconhecer Jesus. Este fato deve também nos mover a buscar não só conhecer a palavra de Deus, mas a fazer dela um alimento para a fé, para podermos reconhecer a presença e a ação de Jesus hoje, entre os homens e na comunidade dos fiéis.
Primeira Leitura (Jeremias 31,7-9)
Leitura do livro do profeta Jeremias.
31 7 Porque isto diz o Senhor: "Lançai gritos de júbilo por causa de Jacó. Aclamai a primeira das nações. E fazei retumbar vossos louvores, exclamando: 'O Senhor salvou o seu povo, o resto de Israel'. 
8 Eis que os trago da terra do norte, e os reúno dos confins da terra. O cego e o coxo estarão entre eles, e também a mulher grávida e a que deu à luz. Será imensa a multidão que há de voltar, 
9 e que voltará em lágrimas. Conduzi-la-ei em meio às suas preces; levá-la-ei à beira de águas correntes, por caminhos em que não tropeçarão, porque sou para com Israel qual um pai, e Efraim é o meu primogênito". 
Salmo responsorial 125/126
Maravilhas fez conosco o Senhor, 
exultemos de alegria!
Quando o Senhor reconduziu nossos cativos, 
parecíamos sonhar; 
encheu-se de sorriso nossa boca, 
nossos lábios, de canções.
Entre os gentios se dizia: "Maravilhas 
fez com eles o Senhor!" 
Sim, maravilhas fez conosco o Senhor, 
exultemos de alegria!
Mudai a nossa sorte, ó Senhor, 
como torrentes no deserto. 
Os que lançam as sementes entre lágrimas 
ceifarão com alegria.
Chorando de tristeza sairão, 
espalhando suas sementes; 
cantando de alegria voltarão, 
carregando os seus feixes!
Segunda Leitura (Hebreus 5,1-6)
Leitura da carta aos Hebreus.
5 1 Em verdade, todo pontífice é escolhido entre os homens e constituído a favor dos homens como mediador nas coisas que dizem respeito a Deus, para oferecer dons e sacrifícios pelos pecados. 
2 Sabe compadecer-se dos que estão na ignorância e no erro, porque também ele está cercado de fraqueza. 
3 Por isso, ele deve oferecer sacrifícios tanto pelos próprios pecados quanto pelos pecados do povo. 
4 Ninguém se apropria desta honra, senão somente aquele que é chamado por Deus, como Aarão. 
5 Assim também Cristo não se atribuiu a si mesmo a glória de ser pontífice. Esta lhe foi dada por aquele que lhe disse: "Tu és meu Filho, eu hoje te gerei", 
6 como também diz em outra passagem: "Tu és sacerdote eternamente, segundo a ordem de Melquisedec". 
Aclamação do Evangelho
Aleluia, aleluia, aleluia. 
Jesus Cristo, salvador, destruiu o mal e a morte; fez brilhar, pelo Evangelho, a luz e a vida imperecíveis (2Tm 1,10).

EVANGELHO (Marcos 10,46-52)
Naquele tempo, 10 46 Jesus e seus discípulos chegaram a Jericó. Ao sair dali Jesus, seus discípulos e numerosa multidão, estava sentado à beira do caminho, mendigando, Bartimeu, que era cego, filho de Timeu. 
47 Sabendo que era Jesus de Nazaré, começou a gritar: "Jesus, filho de Davi, em compaixão de mim!" 
48 Muitos o repreendiam, para que se calasse, mas ele gritava ainda mais alto: "Filho de Davi, tem compaixão de mim!" 
49 Jesus parou e disse: "Chamai-o" Chamaram o cego, dizendo-lhe: "Coragem! Levanta-te, ele te chama." 
50 Lançando fora a capa, o cego ergueu-se dum salto e foi ter com ele. 
51 Jesus, tomando a palavra, perguntou-lhe: "Que queres que te faça?" "Rabôni", respondeu-lhe o cego, "que eu veja!" 
52 Jesus disse-lhe: "Vai, a tua fé te salvou." No mesmo instante, ele recuperou a vista e foi seguindo Jesus pelo caminho. 
FORMAÇÃO LITÚRGICA
Doxologia e amém conclusivo
Com a doxologia, conclui-se o grande momento da Oração Eucarística. Doxologia é termo de origem grega (Doxa: glória, e logia: palavra; portanto, "palavra de glória"), indicando aqui o louvor ou benção, quase sempre de caráter trinitário, com a qual se conclui um hino ou oração. Tem ainda um valor todo particular o "Amém" do povo, que completa a doxologia e finaliza a oração. Sobre ele já encontramos referências em duas passagens da I Apologia de São Justino Mártir, do século II. Também Santo Agostinho interessa-se muito por ele, quando diz que tal "Amém" conclusivo dos fiéis é o assentimento, a assinatura que cada um põe naquilo que foi proclamado: "A isso vós dizeis 'Amém'. E dizer 'Amém' é subscrever" (Santo Agostinho)
TEXTOS BÍBLICOS PARA A SEMANA:
2ª Vd – Ef 4,32-5,8; Sl 1; Lc 13,10-17
3ª Vd – Ef 5,21-33; Sl 127 (128); Lc 13,18-21
4ª Vd - Ef 6, 1-9; Sl 144 (145); Lc 13,22-30
5ª Vd – Ef 6,10-20; Sl 143 (144); Lc 13,31-35
6ª Rx – Jó 19,1.23-27; Sl 27 (26); Jo 6,37-40
Sb Vd – Fl 1,18b-26; Sl 41 (42); Lc 14,1.7-11
31º DTC-TODOS OS SANTOS Ap 7, 2-4.9-14; Sl 23 (24),1-2.3-4ab.5-6 (R/. cf. 6); 1Jo 3,1-3; Mt 5,1-12a (Bem-aventuranças)
COMENTÁRIOS DO EVANGELHO
1. SENTADO À BEIRA DO CAMINHO
Há uma canção de Roberto e Erasmo Carlos, que eu vivia cantarolando nos meus tempos de jovem, quando tomado por alguma tristeza ou decepção, o poeta compositor da letra, fala de alguém, que por conta de uma decepção amorosa, desistiu de viver e ficou sentado á beira do caminho, onde até a poeira é triste. A dinâmica da vida nos impele a caminhar, quem não se deixa contagiar por esse dinamismo, acaba ficando fora do processo, a letra da canção mostra bem esse sentimento de que não existimos, quando a pessoa a quem amamos permanece indiferente "Preciso lembrar que eu existo....". Quem é esse cego Bartimeu, mendigando amor á beira de um caminho, senão o próprio homem, que não conhecendo a Deus revelado em Jesus, lhe permanece indiferente? A pós modernidade oferece ao homem Muitas "luzes" na ciência, na tecnologia, no avanço das pesquisas, acontece que o ser humano, apropriando-se desses bens, que são dons de Deus, julga ver tudo, compreender tudo, e sentindo-se Senhor absoluto da situação, pensa e faz o que quer, usa sua liberdade da pior maneira possível e fazendo coro ao racionalismo dos intelectuais, decreta a morte de Deus. Entretanto, um belo dia este homem prepotente e arrogante, irá descobrir-se como este cego de Jericó. Tem tudo mas não tem a graça de Deus, que Jesus trouxe com a Salvação. Nesse sentido não se conhece, porque não conhece a Jesus, é cego, porque não viu em sua vida a luz da verdade, está a margem da verdadeira vida, é um milionário mendigando um pouco de amor áquele que é amor.
Em um coração e uma alma, ferida pela descrença, agonizante de vida e esperança, é que sai esse grito de Bartimeu, ao saber que Jesus de Nazaré passava por ali, bem ao lado de onde ele expunha aos que passavam, a sua miséria vergonhosa. "Jesus, Filho de Davi, tem compaixão de mim!". Foi assim que Jesus, o Verbo Encarnado de Deus, encontrou o homem, morto pelo pecado, andarilho e mendigo á beira da estrada da Vida, sem forças para caminhar, em sua cegueira tenebrosa. No canto da Verônica, no caminho do calvário, inverte-se esse quadro e Jesus ocupa o lugar que é do homem "Oh Vós todos que passais, vinde ver se há uma dor igual a minha..."
Na verdade é a humanidade toda que estava á beira do caminho, sucumbida em sua miséria, quem passa é Jesus, que não fica indiferente as nossas chagas e feridas, como o Sacerdote e o Levita, na parábola do Bom Samaritano, que ouviu por certo os gemidos daquele homem caído á beira do caminho, Jesus também ouviu nossos lamentos e queixumes, o grito desesperado de quem perdeu quase toda a esperança, "Senhor, Tende compaixão".
Sempre haverá vozes contrárias, tentando abafar esse grito de quem já não encontra mais razão para viver, há aqueles que como esse grupo numeroso que segue a Jesus, querem dele se apossar, fecham o anúncio e a graça em suas "Igrejinhas particulares", idealizam um Jesus exclusivo que só atende a eles, os santos, justos e perfeitos, é o grito dos casais em segunda união, talvez, é o grito de tantas jovens mães solteiras, de drogados e prostituídos, de pessoas rotuladas como irrecuperáveis, banidos de nossas relações, explorados pelo sistema pecaminoso, e oprimidos muitas vezes pelo próprio poder religioso, de tantas igrejas que se intitulam de "Cristãs".
O grito de desespero não passa despercebido por Jesus, quando o seu povo gemia sob o chicote dos Faraós do Egito, Deus ouviu, viu e desceu para libertá-los. A Igreja de Cristo não pode tapar os ouvidos diante de tantos que gritam, as vezes dentro da própria comunidade, a Igreja de Cristo não pode abafar o clamor dos pequenos que perderam a esperança e a ela recorrer, deve ser aquela que chama o cego, o acolhe em seu meio, coloca as pastorais a disposição para lhe curar as feridas, e mais ainda, o encoraja a fazer esse encontro pessoal com aquele que é a Vida, a Verdade, o caminho . Coragem! Levanta-te, Ele te chama! Jesus chama esse homem cego, morto, como um dia chamou a Lázaro, inerte no fundo de uma sepultura. O chamado de Jesus é para a Vida, para desencostarmos do barranco do comodismo, e de olhos bem abertos, na visão da Fé, abraçar o discipulado com coragem e desprendimento.
Impressionante a reação do cego, ao saber que Jesus o chamava, sentiu-se importante, deu um salto e foi ter com ele, jogando a capa de lado. Era a única coisa que possuía, mas despojou-se dela ao conhecer Jesus, ao descobrir-se amado e querido por Deus, ao sentir que todo esse amor está presente em Jesus, redobra a força e a coragem, descobre a nova razão de viver, por isso consegue "pular" do seu canto, Jesus é o seu protetor, o seu amor o envolverá totalmente, não precisa mais de nenhuma outra capa.
O seu desejo de VER, manifestado com simplicidade diante de Jesus, foi atendido, "Vai, a tua fé te salvou" – lhe dirá o Senhor. Ir para onde? Para o caminho do discipulado. Salvos pela fé, todos os que fizeram e fazem, essa experiência de ter uma nova visão, no encontro pessoal com Jesus, tornam-se seus discípulos, ontem e hoje, e todos juntos, enquanto Igreja, deixam-se conduzir pelo dinamismo desta vida nova, percorrendo as estradas do mundo, para encorajar os que estão á margem, e chamá-los para se encontrarem também eles com Jesus, a Luz Verdadeira, diante da qual as trevas não resistem.... (XXX Domingo do Tempo Comum Mc 10, 46-52)
2. Cegueira dos discípulos
Podemos perceber que Marcos, ao escrever seu evangelho, teve a intenção de caracterizar três etapas do ministério de Jesus. A primeira, até o capítulo 8, versículo 21, envolvendo o ministério de Jesus na Galileia e nas regiões gentílicas vizinhas, abrange desde o batismo de João até a passagem por Betsaida; é uma fase de formação dos discípulos, e a palavra chave é a "casa", mencionada frequentemente como lugar onde a comunidade se encontra com Jesus. A segunda etapa, do capítulo 8, versículo 22, ao capítulo 10, versículo 52, que envolve a viagem com destino a Jerusalém, a partir de Betsaida e dos povoados de Cesareia de Filipe, ao norte da Galileia; nesta etapa a palavra-chave é o "caminho", repetida várias vezes, ao longo do qual Jesus prepara os discípulos para o desfecho de seu ministério em Jerusalém, destacando-se nesta etapa os três "anúncios da Paixão" (Mc 8,31-32; 9,30-32; 10,32-34; cf. 30 maio). A terceira etapa, a partir do capítulo 11, abrange o ministério de Jesus em Jerusalém, culminando com a Paixão, morte e ressurreição.
A leitura de hoje, com a cura do cego de Jericó, fecha a segunda etapa do ministério de Jesus, cujo início foi demarcado também com a cura de um cego em Betsaida. Com este artifício literário, incluindo a caminhada para Jerusalém entre duas curas de cegos, Marcos realça que Jesus está empenhado em abrir os olhos dos próprios discípulos quanto à natureza de sua missão no mundo.
Nesta caminhada, aproximando-se de Jerusalém, passam por Jericó, situada a cerca de 25 km daquela cidade de destino. Os discípulos acompanham Jesus, sem ainda compreender, com clareza, o sentido pleno de sua missão, pois tinham dele uma visão messiânica triunfalista.
A narrativa da cura é feita em cores vivas, como em uma cena teatral: a multidão que acompanha Jesus; o cego, mendigo, sentado à beira da estrada; seus gritos insistentes, indiferente à repreensão de muitos; o chamado de Jesus e o seu pulo, jogando o manto fora, concluindo com a recuperação da visão.
Pode-se imaginar que os mendigos de Jericó se instalassem à beira do caminho que, vindo do norte, levava a Jerusalém, contando com a benevolência e a piedade dos peregrinos, que, em grandes grupos, viajavam para a cidade a fim de cumprir o preceito de participação na festa da Páscoa judaica, no Templo.
O cego que estava à beira do caminho, de certo modo, é a imagem destes discípulos em sua incompreensão. Ele "vê", equivocadamente, Jesus como o "Filho de Davi", messias poderoso e triunfante da tradição judaica do Primeiro Testamento. Contudo, este homem quer libertar-se de sua cegueira. Jesus pergunta-lhe: "Que queres que eu te faça?". Esta pergunta havia sido dirigida, pouco antes (cf. 30 maio) a Tiago e João, cuja resposta revela que, cegamente, aspiravam ao poder. Bartimeu, simplesmente, quer "ver", e, vendo Jesus Nazareno com clareza, ele o segue em seu caminho.
Nossa fé consiste em "ver" Jesus presente, hoje, no mundo, humilde e amoroso, caminhando com seus discípulos na construção de um mundo novo de justiça e paz.
Oração
Pai, dá-me forças para lutar contra a cegueira que me impede de reconhecer teu amor misericordioso manifestado em Jesus. Faze com que eu veja!
3. A GRANDEZA DE SERVIR
O Reino de Deus introduziu nova ordem de relações entre as pessoas, muito diferente da mentalidade do mundo. Para quem é mundano, a grandeza consiste em exercer o domínio sobre as pessoas, e mostrar-se cheio de poder, porque a submissão lhe parece fruto do medo. O serviço prestado ao tirano não resulta de um ato amoroso, mas revela-se uma pesada obrigação.
O Reino, pelo contrário, segue na direção oposta. O domínio transforma-se em serviço. O dominado assume a feição do irmão a quem se deve amar e servir. O poder não é utilizado para oprimir, antes, para libertar. A relação de escravidão transforma-se em relação de fraternidade. A grandeza, portanto, para o discípulo do Reino não consiste em ser servido mas em servir e oferecer a própria vida para que o outro possa crescer.
Foi por esta razão que Jesus convidou Tiago e João a mudarem de mentalidade e pensarem segundo os critérios do Reino. O pedido que fizeram ao Mestre talvez escondesse o desejo de exercerem poder sobre os demais companheiros de discipulado, numa espécie de dominação. Pretendiam ocupar um lugar de destaque junto de Jesus, para usufruir do poder. Jesus denunciou esta maneira errada de pensar.
O discípulo deve espelhar-se nele, enviado pelo Pai para colocar-se a serviço da humanidade e dar a vida pela salvação de todos. Esta é a sua grandeza!
Oração
Senhor Jesus, leva-me a escolher sempre o caminho do serviço feito na gratuidade, para eu me sentir grande junto de ti.


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