segunda-feira, 1 de outubro de 2012

Liturgia da 26ª semana comum Ano Par

Liturgia da Segunda Feira — 01.10.2012
SANTA TERESINHA - VIRGEM E DOUTORA
(BRANCO, PREFÁCIO COMUM OU DAS VIRGENS – OFÍCIO DA MEMÓRIA)
Antífona da entrada: Deus cercou-a de cuidados e a instruiu, guardou-a como a pupila dos seus olhos. Ele abriu suas asas como a águia e em cima dos seus ombros a levou. E só ele, o Senhor, foi o seu guia (Dt 32,10ss).
Leitura (Jó 1,6-22)
Leitura do livro de Jó.
1 6 Um dia em que os filhos de Deus se apresentaram diante do Senhor, veio também Satanás entre eles. 
7 O Senhor disse-lhe: "De onde vens tu?" "Andei dando volta pelo mundo", disse Satanás, "e passeando por ele". 
8 O Senhor disse-lhe: "Notaste o meu servo Jó? Não há ninguém igual a ele na terra: íntegro, reto, temente a Deus, afastado do mal". 
9 Mas Satanás respondeu ao Senhor: "É a troco de nada que Jó teme a Deus? 
10 Não cercaste como de uma muralha a sua pessoa, a sua casa e todos os seus bens? Abençoas tudo quanto ele faz e seus rebanhos cobrem toda a região. 
11 Mas estende a tua mão e toca em tudo o que ele possui; juro-te que te amaldiçoará na tua face". 
12 "Pois bem!", respondeu o Senhor. "Tudo o que ele tem está em teu poder; mas não estendas a tua mão contra a sua pessoa". E Satanás saiu da presença do Senhor. 
13 Ora, um dia em que os filhos e filhas de Jó estavam à mesa e bebiam vinho em casa do seu irmão mais velho, 
14 um mensageiro veio dizer a Jó: "Os bois lavravam e as jumentas pastavam perto deles. 
15 De repente, apareceram os sabeus e levaram tudo; e passaram à espada os escravos. Só eu consegui escapar para te trazer a notícia". 
16 Estando ele ainda a falar, veio outro e disse: "O fogo de Deus caiu do céu; queimou, consumiu as ovelhas e os escravos. Só eu consegui escapar para te trazer a notícia". 
17 Ainda este falava, e eis que chegou outro e disse: "Os caldeus, divididos em três bandos, lançaram-se sobre os camelos e os levaram. Passaram a fio de espada os escravos. Só eu consegui escapar para te trazer a notícia!" 
18 Ainda este estava falando e eis que entrou outro, e disse: "Teus filhos e filhas estavam comendo e bebendo vinho em casa do irmão mais velho, 
19 quando um furacão se levantou de repente do deserto, abalou os quatro cantos da casa e esta desabou sobre os jovens. Morreram todos. Só eu consegui escapar para te trazer a notícia". 
20 Jó então se levantou, rasgou o manto e rapou a cabeça. Depois, caindo prosternado por terra, 
21 disse: "Nu saí do ventre de minha mãe, nu voltarei. O Senhor deu, o Senhor tirou: bendito seja o nome do Senhor!" 
22 Em tudo isso, Jó não cometeu pecado algum, nem proferiu contra Deus blasfêmia alguma. 
Salmo responsorial 16/17
Inclinai o vosso ouvido e escutai-me!
Ó Senhor, ouvi a minha justa causa, 
escutai-me e atendei o meu clamor! 
Inclinai o vosso ouvido à minha prece, 
pois não existe falsidade nos meus lábios!
De vossa face é que venha o julgamento, 
pois vossos olhos sabem ver o que é justo. 
Provai meu coração durante a noite, 
visitai-o, examinai-o pelo fogo, 
mas em mim não achareis iniquidade.
Eu vos chamo, ó meu Deus, porque me ouvis, 
inclinai o vosso ouvido e escutai-me! 
Mostrai-me vosso amor maravilhoso, 
vós que salvais e libertais do inimigo 
quem procura a proteção junto de vós.
Aclamação do Evangelho
Aleluia, aleluia, aleluia.
Veio o filho do homem, a fim de servir dar sua vida em resgate por muitos (Mc 10,45).

Evangelho (Lucas 9,46-50)
Naquele tempo, 9 46 veio então, aos discípulos, o pensamento de qual deles seria o maior. 
47 Penetrando Jesus nos pensamentos de seus corações, tomou um menino, colocou-o junto de si e disse-lhes: 
48 Todo o que recebe este menino em meu nome, a mim é que recebe; e quem recebe a mim, recebe aquele que me enviou; pois quem dentre vós for o menor, esse será grande. 
49 João tomou a palavra e disse: "Mestre, vimos um homem que expelia demônios em teu nome, e nós lho proibimos, porque não é dos nossos". 
50 Mas Jesus lhe disse: "Não lho proibais; porque, o que não é contra vós, é a vosso favor". 
COMENTÁRIOS DO EVANGELHO
1. A SIMPLICIDADE DO PEQUENO
A palavra "poder" ganhou uma conotação do mal, por causa da opressão e da exploração, de alguns que ocupam o Poder, e a famigerada "busca do poder" virou sinônimo de coisa ruim, proveniente do maligno, algo que corrompe. Entretanto, basta ligarmos a palavra ao seu sentido correto que é a Possibilidade, poder, portanto, vem de possibilidade de fazer coisas e agir.
Na comunidade há pessoas que tem pouca possibilidade de fazer algo, outras, ao contrário, pela responsabilidade que tem, podem e devem fazer muito mais, pois tanto um quanto outro são carismas que Deus concedeu. Entre um irmão que se ocupa humildemente da limpeza do templo, e outro que tem a função de coordenar a comunidade, este último pode mais, não no sentido de mandar, de ser o maioral e o mais importante, mas no sentido de fazer, implementando as ações das quais a comunidade têm necessidade.
O Pároco tem Poder em uma paróquia, que poder é esse? As possibilidades decorrentes do ministério específico que exerce; nesse sentido ele pode muito mais que todos, e por isso mesmo deve fazer mais do que todos. O Senhor Bispo Diocesano pode muito mais, e deve fazer mais do que todos, o seu trabalho de supervisor. A questão não é o que fazemos, mas como fazemos...
Não podemos nos esquecer de que o próprio Senhor delegou a Pedro a Chefia da Igreja, nunca no sentido de ficar dando ordens, e ser o todo poderoso chefão, mas no sentido de fazer muito mais que os outros. Mas os discípulos não haviam, compreendido isso, e os cristãos dos nossos tempos também não... Pensavam em qual deles era o mais importante, o maioral, aquele que tinha de ser obedecido, e que dominaria sobre os demais... Jesus não desmonta a hierarquia, ao contrário, lhe dá um significado novo. Poder torna-se sinônimo de serviço e nessa ótica, o todo Poderoso é aquele que serve. O próprio Jesus usa o seu Poder para tornar-se um Servo, eis aí algo que o homem nunca conseguirá compreender, um Deus Todo Poderoso que se faz servo.
Mas servir a quem? Na sociedade, servir a alguém poderoso dá status e prestígio, mas servir aos miseráveis, marginalizados, sem voz e sem poder algum, um morador de rua, um dependente químico, que recebe carinho e atenção, como ele poderá retribuir? Por isso Jesus faz a dinâmica do acolhimento e serviço, colocando no meio deles uma criança, mostrando então que esses pequenos, totalmente dependentes, devem ser o centro das atenções dos servos e servas de Deus. Quanto mais insignificante for a pessoa a quem se serve, mais autêntico será o amor manifestado, porque é sempre feito em nome de Jesus de Nazaré, o Deus que inverteu o quadro e se fez um Deus Servidor dos Homens, por isso agora vem até eles naqueles que têm necessidades.
Por isso quando alguém de fora do grupo anuncia o evangelho, realiza curas e prodígios, em sintonia com Jesus, o que lhe dá autenticidade é a ação em si, e não a fachada religiosa a qual pertence. Não dá para monopolizar o amor e por isso Jesus censura os discípulos que o haviam proibido de fazê-lo em nome de Jesus, se o que se faz em nome de Jesus, é um ato de amor, seja no anúncio da Palavra libertadora, ou em um gesto de solidariedade com quem sofre e passa alguma necessidade, essa ação torna-se autêntica e ninguém poderá impedi-la de ser feita...
2. A criança como modelo
Já no fim do ministério de Jesus, os discípulos ainda não compreendem plenamente a novidade de seu anúncio. Eles persistem na compreensão messiânica de que Jesus seria um novo Davi que restauraria o reino de Israel. Pensam que em Jerusalém, para onde se dirigem, Jesus poderia liderar um movimento de tomada do poder. Discutem entre si quem é o maior, isto é, quem ficará com os cargos mais importantes.
O que importa é o serviço com amor e não o poder. Tomando a criança como modelo, Jesus mostra a inversão de valores no Reino. A novidade do Reino deve ser acolhida como crianças que, na humildade e simplicidade, com admiração, acolhem os valores da vida. Este é o terreno fecundo para o ressurgir da vida que permanece para sempre.
A narrativa final onde João afirma terem proibido outros grupos de agir em nome de Jesus revela ainda a mentalidade segregacionista do seu grupo. É a mentalidade da autoridade que coíbe a liberdade do Espírito. Jesus remove esta mentalidade, acolhendo todo o bem que é feito em seu nome.
Oração
Pai, que eu busque sempre destacar-me no serviço ao meu semelhante, de modo especial, os mais necessitados, pois nisto consiste minha verdadeira grandeza de discípulo.
3. O MAIOR SE FAZ PEQUENINO
O Reino de Deus estabeleceu, para a comunidade dos discípulos, escalas de valores diferentes daquelas calcadas em critérios mundanos. Apresentou uma verdadeira contraposição, desvalorizando o que o mundo valoriza e apresentando como valor fundamental o que não parece importante aos olhos das pessoas. Neste contexto, Jesus fez frente a uma mentalidade mesquinha que grassava entre os discípulos, preocupados em saber qual deles seria o maior. Evidentemente, segundo os padrões humanos.
Para detectar quem, entre eles, estaria em condições de considerar-se o maior, Jesus propôs-lhes uma prova concreta: ser capaz de acolher uma criança em seu nome. Na cultura da época, este gesto supunha uma reviravolta na mentalidade em vigor. Acolher significava valorizar, dar atenção, colocar-se totalmente à disposição de alguém e mostrar-se gentil e atencioso. Mas tudo isto deveria ser feito às crianças, cuja desvalorização social era bem conhecida. Na perspectiva do mundo, acolher uma criança era pura perda de tempo. No horizonte do Reino, acolher uma criança em nome de Jesus transformava-se num gesto de grandeza. Acolhendo-a, acolhia-se o próprio Jesus.
A grandeza, neste caso, consistia em amar a quem não era amado, valorizar quem não era valorizado, mostrar-se solidário com quem era vítima da marginalização.
Oração
Senhor Jesus, não permitas que eu me engane, buscando grandezas humanas, quando a verdadeira grandeza consiste em amar-te na pessoa dos pequeninos.
Liturgia da Terça-Feira
SANTOS ANJOS DA GUARDA
(BRANCO, PREFÁCIO DOS ANJOS – OFÍCIO DA MEMÓRIA)
Antífona da entrada: Anjos todos do Senhor, bendizei o Senhor; cantai a sua glória, louvai-o eternamente (Dn 3,58).
Leitura (Êxodo 23,20-23)
Leitura do livro do Êxodo.
Assim diz o Senhor: 23 20 "Vou enviar um anjo adiante de ti para te proteger no caminho e para te conduzir ao lugar que te preparei. 
21 Está de sobreaviso em sua presença, e ouve o que ele te diz. Não lhe resistas, pois ele não te perdoaria tua falta, porque meu nome está nele. 
22 Mas, se lhe obedeceres pontualmente, se fizeres tudo o que eu te disser, serei o inimigo dos teus inimigos, e o adversário dos teus adversários. 
23 Porque meu anjo marchará adiante de ti e te conduzirá entre os amorreus, os hiteus, os ferezeus, os cananeus, os heveus e os jebuseus, que exterminarei". 
Salmo responsorial 90/91
O Senhor deu uma ordem aos seus anjos
para em todos os caminhos te guardarem.
Quem habita ao abrigo do altíssimo
e vive à sombra do Senhor onipotente
diz ao Senhor: "Sois meu refúgio e proteção,
sois o meu Deus, no qual confio inteiramente".
Do caçador e do seu laço ele te livra.
Ele te salva da palavra que destrói.
Com suas asas haverá de proteger-te,
com seu escudo e suas armas, defender-te.
Não temerás terror algum durante a noite
nem a flecha disparada em pleno dia;
nem a peste que caminha pelo escuro
nem a desgraça que devasta ao meio-dia.
Nenhum mal há de chegar perto de ti,
nem a desgraça baterá à tua porta;
pois o Senhor deu uma ordem a seus anjos
para em todos os caminhos te guardarem.
Aclamação do Evangelho
Aleluia, aleluia, aleluia.
Bendizei ao Senhor Deus, os seus poderes, seus ministros que fazeis suas vontade! (Sl 102,21).

Evangelho (Mateus 18,1-5.10)
18 1 Neste momento os discípulos aproximaram-se de Jesus e perguntaram-lhe: "Quem é o maior no Reino dos céus?" 
2 Jesus chamou uma criancinha, colocou-a no meio deles e disse: 
3 "Em verdade vos declaro: se não vos transformardes e vos tornardes como criancinhas, não entrareis no Reino dos céus. 
4 Aquele que se fizer humilde como esta criança será maior no Reino dos céus. 
5 E o que recebe em meu nome a um menino como este, é a mim que recebe. 
10 Guardai-vos de menosprezar um só destes pequenos, porque eu vos digo que seus anjos no céu contemplam sem cessar a face de meu Pai que está nos céus". 
COMENTÁRIOS DO EVANGELHO
1. Servir com alegria aos menos importantes
A gente está habituada a servir, ser gentil e acolhedor com gente importante. No trabalho profissional buscamos agradar ao chefe e demais superiores, quando mais importante o cargo e a função de quem nos pede algo, mais que vamos nos esforçar para atendê-lo. Talvez não só por questão de obediência, mas muito mais porque, sendo importante, aquela pessoa pode nos ajudar a subir dentro da empresa, nomeando-nos quem sabe para algum cargo. Quando esse modo de agir é uma obcessão, determinando nossas relações com essas pessoas, acaba se tornando puxa-saquice sem tamanho, mas no fundo é isso mesmo, gostamos de servir a quem pode nos retribuir com algo vantajoso.
Podem reparar que trazemos esse modo de agir para a comunidade, o pessoal da liturgia trata o Padre de um jeito, o Diácono de outro, e o coitado do Ministro da Palavra é o último que fala e o primeiro que apanha. Por que isso? Por que se observam as pessoas através de uma visão hierarquizada. Conforme se tem um cargo maior, mais “servidores” vão aparecer.
Não sou contra, dar uma atenção maior ao sacerdote, ao arcebispo, quando está em uma comunidade, são nossos pastores que nos orientam, nos apontam caminhos. Não há nada de errado nisso. Mas as pessoas são iguais e o espírito cristão tem que nos levar a agir dentro dessa igualdade.
No evangelho de hoje Jesus vai além e coloca como referência as criancinhas e os meninos, que naquele tempo eram insignificantes na sociedade, além das mulheres. Criança nem entrava nas estatísticas e eram totalmente dependentes dos adultos, começando pelos pais e parentes. Não tinham nenhuma autonomia e só lhes restava obedecer e fazer o que os adultos mandavam, diferente de hoje quando há até leis específicas que garante o direito das pessoas, crianças, adolescentes, jovens e idosos.
Os discípulos fizeram uma pergunta “Quem é o maior no Reino dos Céus?” porque seguiam essa lógica da submissão a quem é o maior. Jesus, entretanto desmonta esse esquema de domínio sobre as pessoas e afirma que no Reino, os pequenos, pobres, insignificantes, é que devem ser servidos. Esse ensinamento, tanto nos tempo dos discípulos e das primeiras comunidades, como em nossos dias, parece absurdo porque na lógica humana somente as pessoas importantes são valorizadas. Mas Jesus não está fazendo um belo discurso demagógico como o de alguns políticos, pois na conclusão do evangelho, com a parábola da ovelha desgarrada, ele nos mostra que o Pai do Céu age assim com todos nós, buscando a ovelha perdida e a valorizando mais que as outras.
2. O maior no Reino dos Céus
Os discípulos de Jesus que estavam sob a influência da doutrina do judaísmo não conseguiam se libertar da ideologia tradicional do messias glorioso, e viam Jesus como tal. Mais de uma vez os evangelistas narram a aspiração deles por serem os maiores ou assumirem posições de poder. Tal postura é comum nas sociedades competitivas e individualistas, onde se busca a ascensão para junto dos poderosos. Jesus tenta de várias maneiras demovê-los de tal compreensão.
Agora toma uma criança e a coloca como modelo ao qual os discípulos devem se converter. Ser criança nas mãos de Deus, abandonar-se aos seus cuidados, sem preocupações e livre para o compromisso e a luta da construção do Reino dos Céus, aqui na terra. É o Reino sem rei, onde reina o amor, onde se vive o jogo do serviço, a roda da partilha, o abraço da Paz.
A proclamação final está associada à crença judaica nos anjos do céu, que servem a Deus. Este texto, característico da redação de Mateus, indica a proteção de Deus para com os discípulos que se fazem pequenos e humildes.
Oração
Pai, poupa-me de cair na tentação de querer fazer-me grande aos olhos do mundo, pois a verdadeira grandeza consiste em fazer-me amigo e servidor do meu próximo.
3. AMAR OS PEQUENINOS
O amor aos pequeninos deve ser um ponto de honra para a comunidade cristã. Trata-se, aqui, de atitudes concretas de apreço, incentivo e estima, mormente em relação a quem está dando os primeiros passos na fé, uma vez que, nem sempre, é capaz de superar os obstáculos com que se defronta. Corre-se o grande perigo de assumir, diante desses pequeninos, uma atitude farisaica de rigorismo, apresentando-lhes exigências descabidas, a ponto de jogá-los fora da comunidade cristã e afastá-los da salvação.
A exortação de Jesus - "Cuidem de não desprezar um só destes pequeninos" - revela que a fé é uma dinâmica, cujos passos vão sendo dados pouco a pouco. É inútil querer impor-se aos demais, e determinar o ritmo que devem seguir.
Quem está dando os primeiros passos deve ser objeto de especial atenção. O abandono de certos hábitos e a acolhida do modo de ser próprio do discípulo do Reino, muitas vezes, é muito penoso. A simples força de vontade ou a firme decisão de ser diferente podem mostrar-se insuficientes quando se trata de mudar de vida. O efetivamente conseguido não corresponde àquilo que se deseja. Nem por isso, a comunidade tem o direito de desfazer-se de quem vai caminhando com dificuldade. Pelo contrário, este deve ser objeto de atenção redobrada, para não vir a esmorecer na sua opção pelo Reino.
Oração
Espírito de apreço e estimulo, torna-me especialmente atento em relação a quem dá os primeiros passos na fé, buscando, penosamente, trilhar os caminhos da fidelidade ao Reino.
Liturgia da Quarta-Feira
BEATOS ANDRÉ E AMBRÓSIO - PRESBÍTEROS E MÁRTIRES
(VERMELHO, PREFÁCIO COMUM OU DOS MÁRTIRES – OFÍCIO DA MEMÓRIA)
Antífona da entrada: Pelo amor de Cristo, o sangue dos mártires foi derramado na terra. Por isso sua recompensa é eterna.
Leitura (Jó 9,1-12.14-16)
Leitura do livro de Jó.
9 1 Jó tomou a palavra nestes termos: 
2 "Sim; bem sei que é assim; como poderia o homem ter razão contra Deus? 
3 Se quisesse disputar com ele, não lhe responderia uma vez entre mil. 
4 Deus é sábio em seu coração e poderoso, quem pode afrontá-lo impunemente? 
5 Ele transporta os montes sem que estes percebam, ele os desmorona em sua cólera. 
6 Sacode a terra em sua base, e suas colunas são abaladas. 
7 Dá uma ordem ao sol que não se levante, põe um selo nas estrelas. 
8 Ele sozinho formou a extensão dos céus, e caminha sobre as alturas do mar. 
9 Ele criou a Grande Ursa, Órion, as Plêiades, e as câmaras austrais. 
10 Fez maravilhas insondáveis, prodígios incalculáveis. 
11 Ele passa despercebido perto de mim, toca levemente em mim sem que eu tenha percebido. 
12 Quem poderá impedi-lo de arrebatar uma presa? Quem lhe dirá: 'Por que fazes isso?' 
14 Quem sou eu para replicar-lhe, para escolher argumentos contra ele? 
15 Ainda que eu tivesse razão, não responderia; pediria clemência a meu juiz. 
16 Se eu o chamasse, e ele não me respondesse, não acreditaria que tivesse ouvido a minha voz". 
Salmo responsorial 87/88
Chegue a minha oração até a vossa presença!
Clamo a vós, ó Senhor, sem cessar, todo o dia, 
Minhas mãos para vós se levantam em prece. 
Para os mortos, acaso, faríeis milagres? 
Poderiam as sombras erguer-se e louvar-vos?
No sepulcro haverá quem vos cante o amor 
E proclame entre os mortos a vossa verdade? 
Vossas obras serão conhecidas nas trevas, 
Vossa graça, no reino onde tudo se esquece?
Quanto a mim, ó Senhor, clamo a vós na aflição, 
Minha prece se eleva até vós desde a aurora. 
Por que vós, ó Senhor, rejeitais a minha alma? 
E por que escondeis vossa face de mim?
Aclamação do Evangelho
Aleluia, aleluia, aleluia.
Eu tudo considero como perda e como lixo a fim de eu ganhar Cristo e ser achado nele! (Fl 3,8s)

Evangelho (Lucas 9,57-62)
Naquele tempo, 9 57 enquanto caminhavam, um homem disse a Jesus: "Senhor, seguir-te-ei para onde quer que vás". 
58 Jesus replicou-lhe: "As raposas têm covas e as aves do céu, ninhos, mas o Filho do Homem não tem onde reclinar a cabeça". 
59 A outro disse: "Segue-me". Mas ele pediu: "Senhor, permite-me ir primeiro enterrar meu pai". 
60 Mas Jesus disse-lhe: "Deixa que os mortos enterrem seus mortos; tu, porém, vai e anuncia o Reino de Deus". 
61 Um outro ainda lhe falou: "Senhor, seguir-te-ei, mas permite primeiro que me despeça dos que estão em casa". 
62 Mas Jesus disse-lhe: "Aquele que põe a mão no arado e olha para trás, não é apto para o Reino de Deus". 
COMENTÁRIOS DO EVANGELHO
1. O Discipulado é incondicional
Motivado pela busca de segurança e proteção, alguns cristãos tem a mesma atitude desse primeiro homem que Jesus encontrou no caminho "Senhor, eu te seguirei para onde quer que fores..." Certamente esse homem estava admirado com Jesus, seus milagres e prodígios, sua liderança natural, seu carisma maravilhoso, pensou com certeza em segurança e proteção, não diferente de certa mentalidade cristã da pós modernidade, presente na afirmação "Com Jesus eu tenho tudo".
O Cristianismo não oferece nenhuma segurança nesse sentido, isenção de doenças, tribulações, dificuldades de toda ordem, inclusive de bens materiais. Conheci uma pessoa que desanimou na Fé porque teve o carro roubado justamente na hora em que se encontrava na Igreja, trabalhando na comunidade.
Jesus vai dizer em sua resposta a esse fanático discípulo, que nem ele mesmo tem um lugar certo, de sua propriedade, para repousar. Na Sociedade de consumo, quando se entra em algum empreendimento lucrativo, vale a pena dar tudo, pois quanto mais a gente dar, mais lucro a gente vai ter. Para um seguidor de Jesus, somente a primeira parte é verdadeira, "dar tudo de si, priorizando o Reino como o valor absoluto em nossa vida, e todo o resto como secundário.
Diante do chamado as pessoas reagem, exatamente assim, sempre há algo mais urgente a ser feito, o primeiro queria primeiro obedecer a Lei e fazer o enterro do Pai, o outro queria primeiro uma Festa de despedida dos parentes e amigos.
A missão e o chamado para o discipulado vem sempre como proposta, porém, quem der o seu SIM não poderá ter outra prioridade na Vida que não seja a de anunciar o Reino de Deus, quem coloca certas condições para ser cristão e membro da comunidade, ainda não está preparado para ser um verdadeiro discípulo.
2. Prerrogativas do seguimento de Jesus
Jesus, com seus discípulos, estava a caminho de Jerusalém, tendo em vista fazer o seu anúncio da Boa-Nova entre os peregrinos que para lá se dirigiam para a celebração da festa da Páscoa.
Enquanto na passagem paralela a esta, em Mateus (cf. 2 jul.), são duas pessoas que se dispõem a seguir Jesus, aqui, em Lucas, são três. A primeira e a terceira tomam a iniciativa de pedi-lo, enquanto a segunda é convidada por Jesus.
Respondendo a cada um, Jesus apresenta um elenco de propostas para seu seguimento. Aquele que se oferece, de imediato, com grande disponibilidade deve estar disposto a assumir a pobreza e insegurança à semelhança de Jesus. Ao segundo, convidado por Jesus, porém apegado às tradições familiares ("enterrar o pai"), Jesus destaca a primazia a ser dada ao anúncio da novidade do Reino de Deus, por ele revelada. Ao terceiro, que se mostra afetivamente muito ligado aos de sua casa, Jesus propõe olhar para a frente e perceber as portas que se abrem para a comunhão com a grande família dos que fazem a vontade do Pai, com seu projeto vivificante.
Oração
Pai, torna-me apto para o serviço do teu Reino, dando-me as virtudes necessárias para não me desviar do caminho traçado por ti, mesmo devendo pagar um alto preço por isso.
3. EU TE SEGUIREI
O seguimento de Jesus comporta exigências radicais e supõe rupturas. Só quem, de fato, optou pelo Reino é capaz de submeter-se a elas. Jesus defrontou-se com pessoas dispostas a segui-lo, mas sem terem suficiente consciência do que isto comportaria.
Àquele homem que se dispôs a segui-lo por toda parte, Jesus recordou a pobreza que o discípulo deveria abraçar: assim como o Filho do Homem não tinha onde reclinar a cabeça, o mesmo se passaria com quem desejasse segui-lo. Deveria estar disposto, nas suas longas caminhadas, a abrir mão de muitas comodidades e não perder o ânimo, quando se visse privado até mesmo do alimento. O seguimento se dá na pobreza e no despojamento.
A quem pediu permissão para, antes, ir enterrar o pai, Jesus exigiu a imediata execução da ordem: "Segue-me". Não havia por que esperar até a morte do pai para sentir-se liberado para seguir Jesus. Quanto ao pai, haveria quem cuidasse dele em suas necessidades. O discípulo foi desafiado a colocar o serviço do Reino acima do afeto familiar.
E aquele que desejou ir despedir-se dos familiares antes de seguir Jesus, foi alertado quanto à necessidade de ter um coração indiviso. Nada de seguir Jesus e, ao mesmo tempo, ter a atenção desviada para outra direção. E necessário entregar-se todo ao projeto do Reino,
Portanto, o Mestre não aceitava adaptar o discipulado à conveniência de seus seguidores.
Oração
Senhor Jesus, quero seguir-te, submetendo-me às exigências do discipulado, sem olhar para as minhas conveniências e meus interesses.
Liturgia da Quinta-Feira
SÃO FRANCISCO DE ASSIS - RELIGIOSO E PAI DA ECOLOGIA
(BRANCO, PREFÁCIO COMUM OU DOS SANTOS – OFÍCIO DA MEMÓRIA)
Antífona da entrada: Francisco de Assis, homem de Deus, deixou sua casa e sua herança e se fez pobre e desvalido. O Senhor, porém, o acolheu com amor.
Leitura (Jó 19,21-27)
Leitura do livro de Jó.
Disse Jô: 19 21 "Compadecei-vos de mim, compadecei-vos de mim, ao menos vós, que sois meus amigos, pois a mão de Deus me feriu. 
22 Por que me perseguis como Deus, e vos mostrais insaciáveis de minha carne? 
23 Oh!, se minhas palavras pudessem ser escritas, consignadas num livro, 
24 gravadas por estilete de ferro em chumbo, esculpidas para sempre numa rocha! 
25 Eu o sei: meu vingador está vivo, e aparecerá, finalmente, sobre a terra. 
26 Por detrás de minha pele, que envolverá isso, na minha própria carne, verei Deus. 
27 Eu mesmo o contemplarei, meus olhos o verão, e não os olhos de outro; meus rins se consomem dentro de mim".
Salmo responsorial 26/27
Sei que a bondade do Senhor eu hei de ver 
na terra dos viventes.
Ó Senhor, ouvi a voz do meu apelo, 
atendei por compaixão! 
Meu coração fala convosco confiante 
e os meus olhos vos procuram.
Senhor, é vossa face que eu procuro; 
não me escondais a vossa face! 
Não afasteis em vossa ira o vosso servo, 
sois vós o meu auxílio! 
Não me esqueçais nem me deixeis abandonado, 
meu Deus e salvador!
Aclamação do Evangelho
Aleluia, aleluia, aleluia.
Convertei-vos e crede no Evangelho, pois o reino de Deus está chegando!

EVANGELHO (Lucas 10,1-12)
Naquele tempo, 10 1 designou o Senhor ainda setenta e dois outros discípulos e mandou-os, dois a dois, adiante de si, por todas as cidades e lugares para onde ele tinha de ir. 
2 Disse-lhes: "Grande é a messe, mas poucos são os operários. Rogai ao Senhor da messe que mande operários para a sua messe. 
3 Ide; eis que vos envio como cordeiros entre lobos. 
4 Não leveis bolsa nem mochila, nem calçado e a ninguém saudeis pelo caminho. 
5 Em toda casa em que entrardes, dizei primeiro: 'Paz a esta casa!' 
6 Se ali houver algum homem pacífico, repousará sobre ele a vossa paz; mas, se não houver, ela tornará para vós. 
7 Permanecei na mesma casa, comei e bebei do que eles tiverem, pois o operário é digno do seu salário. Não andeis de casa em casa. 
8 Em qualquer cidade em que entrardes e vos receberem, comei o que se vos servir. 
9 Curai os enfermos que nela houver e dizei-lhes: 'O Reino de Deus está próximo'. 
10 Mas se entrardes nalguma cidade e não vos receberem, saindo pelas suas praças, dizei: 
11 'Até o pó que se nos pegou da vossa cidade, sacudimos contra vós; sabei, contudo, que o Reino de Deus está próximo'. 
12 Digo-vos: naqueles dias haverá um tratamento menos rigoroso para Sodoma". 
COMENTÁRIOS DO EVANGELHO
1. Enviados para a Messe
Nada melhor do que uma conversa (ainda que seja em nosso imaginário) para apimentarmos a nossa reflexão , fomos atrás de um dos 72 enviados:
____Assim que vocês foram enviados, Jesus falou aquela frase de caráter vocacional”A messe é grande e os operários são poucos. Por que?
Disc. Anônimo ----Bom, a frase expressa a realidade daquele tempo, depois dos tempos pós-pascais, projetando-se para o futuro e chegando hoje a vocês também, a demanda de pessoas a serem evangelizadas será sempre maior do que os missionários.
____E por que tem que rezar ao Dono da Messe, para que resolva a situação enviando mais operários?
Discípulo anônimo ____Ah...isso é importante, ninguém se torna missionário evangelizador por conta própria, se o próprio Senhor não suscitar em seu coração esta graça, em suma, não se trata de um empreendimento humano....
____Ser enviado como cordeiro no meio de lobos, é algo meio desanimador, não é?
Discípulo anônimo ____Sim, mas é um alerta que o Senhor nos faz, cordeiro representa a fraqueza, a fragilidade do missionário diante dos poderes do mundo, estaremos sempre em menor número, sempre haverá alguém, alguma força ou ideologia que quer devorar e exterminar quem anuncia a Boa Nova. O texto aponta para os últimos 40 anos do primeiro século, quando a perseguição aos cristãos foi intensa.
___Então hoje estamos livres dos lobos? 
Discípulo anônimo ____Claro que não! O cordeiro é presa fácil nas garras do lobo, os cristãos discípulos missionários pagam um alto preço pela sua fidelidade nos dias de hoje. Os lobos famintos para destruir a vida, estão por toda parte....
____Há uma série de recomendações para os discípulos, dá para resumir tudo isso, ou cada uma delas têm um significado especial?
Discípulo anônimo ____Primeiramente o texto afirma que o discípulo missionário é um peregrino por este mundo, daí vem as recomendações de desapegar-se de toda e qualquer segurança que esta vida possa nos oferecer.
____E a questão da hospedagem, que não pode ser mudada do começo ao fim da missão?
Discípulo anônimo ____Em encontros de CEBs e outros movimentos populares, as comunidades oferecem hospedagem aos que vêm de fora, nas casas de membros da própria comunidade, imagine você querer um hotel 5 estrelas e acaba pegando uma casa mais modesta? O autêntico discípulo missionário contenta-se como o que lhe oferecem, pois não anda atrás de luxo e grandezas mas o seu foco é o anúncio da Palavra.
_____Finalmente a  última e mais intrigante exortação, que negócio é esse , de quando não for bem recebido, saia na rua e rogar uma praga pro Dono da casa, batendo os pés no chão para deixar a poeira? Não parece coisa de cristão, não é? 
Discípulo anônimo ____Espere aí, não é praga ou maldição, como muita gente pensa. Esse gesto é um profundo apelo á conversão, pois a pessoa têm o direito de rejeitar a Palavra de Deus, é livre para isso, porém, o discípulo missionário, não pode compactuar com essa recusa e deve mostrar que a pessoa está fazendo uma ruptura com Deus, está recusando o maior dos tesouros que é a sua Palavra. Não deve portanto o discípulo missionário calar-se diante dessa recusa, mas de alguma forma mostrar que ouve esta ruptura entre a Palavra de Deus e a Vida daquela pessoa.  Um dia, pela graça de Deus aquela pessoa cairá em si, percebendo a besteira que fez ao recusar ouvir a Palavra, se estiver ainda nesta vida, poderá retornar em tempo, mas se for na outra, então o rigor será bem maior, pois, terá plena consciência de que a Verdade lhe foi comunicada, mas só que agora a ruptura é definitiva e NUNCA mais ouvirá Deus lhe falando...
2. Convite universal ao discipulado
Com este texto, Lucas desenvolve um pouco mais as instruções para os missionários que já foram apresentadas no envio dos doze (cf. 26 set). Agora se trata do envio dos setenta e dois em missão nos territórios dos gentios. Está aumentando o número de trabalhadores para a colheita. Lucas é o único a mencionar este envio dos setenta e dois. Como Lucas tem uma perspectiva universalista, percebe-se que ele quer registrar a abrangência maior do movimento de Jesus, não restrito ao universo do judaísmo.
Oração
Pai, que a perspectiva de dificuldades a serem encontradas no apostolado não me faça recuar da missão de preparar o mundo para acolher teu Filho Jesus.
3. A MESSE É GRANDE
No caminho para Jerusalém, Jesus enviou discípulos à sua frente com a missão de preparar sua passagem. Eram trinta e seis duplas que visitavam cidades e lugarejos, anunciando a chegada do Reino de Deus e restituindo a saúde aos doentes. Exatamente o que Jesus fazia. Portanto, os discípulos antecipavam o que Jesus faria, depois, predispondo as pessoas para acolherem sua mensagem.
Esta colaboração com a missão de Jesus era fundamental. Ele reconhecia a grandiosidade da tarefa que tinha pela frente e a necessidade de muita gente, com ele e como ele, dedicar-se ao serviço do Reino. Desta forma, os discípulos estavam sendo preparados, pouco a pouco, para dar continuidade à missão de Jesus, quando sua ação missionária tivesse chegado ao fim. E isto aconteceria em breve.
As instruções dadas por Jesus aos seus enviados preveniram-nos quanto à realidade da missão. Ser ovelhas em meio a lobos foi a metáfora que o Mestre encontrou para descrever o desafio da missão. Os discípulos deveriam contar com dificuldades, perseguições, e até mesmo a morte. Isto, porém, não deveria ser motivo para abandonarem a tarefa recebida. Não haveria de faltar quem os acolhesse e partilhasse com eles o próprio pão. Caso fossem rejeitados, deveriam seguir adiante, pois tinham o mundo inteiro para evangelizar.
Oração
Senhor Jesus, confirma minha missão de servidor do Reino e não me deixe desanimar diante das dificuldades.
Liturgia da Sexta-Feira
XXVI SEMANA DO TEMPO COMUM - * - Memória Faciltativa - São Benedito
(VERDE – OFÍCIO DO DIA)
Antífona da entrada: Senhor, tudo o que fizestes conosco com razão o fizestes, pois pecamos contra vós e não obedecemos aos vossos mandamentos. Mas honrai o vosso nome, tratando-nos segundo vossa misericórdia (Dn 3,31.29s.43.42).
Leitura (Jó 38,1.12-21; 40,3-5)
Leitura do livro de Jó.
38 1 Então, do seio da tempestade, o Senhor deu a Jó esta resposta: 
12 "Algum dia na vida deste ordens à manhã? Indicaste à aurora o seu lugar, 
13 para que ela alcançasse as extremidades da terra, e dela sacudisse os maus, 
14 para que ela tome forma como a argila de sinete e tome cor como um vestido, 
15 para que seja recusada aos maus a sua luz, e sejam quebrados seus braços já erguidos? 
16 Foste até as fontes do mar? Passaste até o fundo do abismo? 
17 Apareceram-te, porventura, as portas da morte? Viste, por acaso, as portas da tenebrosa morada? 
18 Abraçaste com o olhar a extensão da terra? Fala, se sabes tudo isso! 
19 Qual é o caminho da morada luminosa? Onde é a residência das trevas? 
20 Poderias alcançá-la em seu domínio, e reconhecer as veredas de sua morada? 
21 Deverias sabê-lo, pois já tinhas nascido: são tão numerosos os teus dias!" 
40 3 "Queres reduzir a nada a minha justiça, e condenar-me antes de ter razão? 
4 Tens um braço semelhante ao de Deus, e uma voz troante como a dele? 
5 Orna-te então de grandeza e majestade, reveste-te de esplendor e glória!" 
Salmo responsorial 138/139
Conduzi-me no caminho para a vida, ó Senhor!
Senhor, vós me sondais e conheceis, 
sabeis quando me sento ou me levanto; 
de longe penetrais meus pensamentos, 
percebeis quando me deito e quando eu ando, 
os meus caminhos são todos conhecidos.
Em que lugar me ocultarei de vosso espírito? 
E para onde fugirei de vossa face? 
Se eu subir até os céus, ali estais; 
se eu descer até o abismo, estais presente.
Se a aurora me emprestar as suas asas, 
para eu voar e habitar no fim dos mares; 
mesmo lá vai me guiar a vossa mão 
e segurar-me com firmeza a vossa destra.
Fostes vós que me formastes as entranhas, 
e no seio de minha mãe vós me tecestes. 
Eu vos louvo e vos dou graças, ó Senhor, 
porque de modo admirável me formastes! 
Que prodígio e maravilha as vossas obras!
Aclamação do Evangelho
Aleluia, aleluia, aleluia.
Oxalá ouvísseis hoje a sua voz: Não fecheis os corações como em Meriba! (Sl 94,8)

EVANGELHO (Lucas 10,13-16)
Naquele tempo, disse Jesus: 10 13 "Ai de ti, Corozaim! Ai de ti, Betsaida! Porque, se em Tiro e Sidônia tivessem sido feitos os prodígios que foram realizados em vosso meio, há muito tempo teriam feito penitência, cobrindo-se de saco e cinza. 
14 Por isso haverá no dia do juízo menos rigor para Tiro e Sidônia do que para vós. 
15 E tu, Cafarnaum, que te elevas até o céu, serás precipitada até aos infernos. 
16 Quem vos ouve, a mim ouve; e quem vos rejeita, a mim rejeita; e quem me rejeita, rejeita aquele que me enviou".
COMENTÁRIOS DO EVANGELHO
1. Tenho medo do Cristo que passa...
Neste mês da Bíblia, na minha comunidade estamos cantando para acolher a Santa Palavra, antes das leituras e o hino é muito significativo "É como a chuva que lava, é como o fogo que arrasa, tua Palavra é assim, não passa por mim sem deixar um sinal, tenho medo de me esconder, de fingir que não escutei, tenho medo do Cristo que passa, oferece uma graça e eu digo que não, tenho medo de virar as costas, fingir que a coisa não é comigo, enfim, ser indiferente as manifestações de Deus em nossa vida...
Seria este o contexto da reflexão, as cidades de Coroazim, e Betsaida, conheceram Jesus, viram seus prodígios mas o rejeitaram. A responsabilidade de quem ouviu o anúncio e conheceu a Jesus Cristo, o seu Reino e seu evangelho, é enorme de grande.
As cidades de Tiro e Sidônia, habitada por pagãos, ainda não haviam tido essa experiência com Jesus, não o conheciam, nada sabiam das escrituras ou sobre o tal Messias. É difícil afirmar quem conhece a Jesus e quem ainda não o conhece, a verdade é que, na Força do Espírito Santo Deus chega a todos os homens e consegue penetrar-lhes no mais profundo do coração e da vida.
Neste evangelho poderíamos refletir sobre o nosso papel de Cristãos no mundo enquanto Igreja de Cristo, temos os Sacramentos, a Palavra Viva de Deus em nossas liturgias, e o mais importante, temos a Santa Eucaristia, presença real do Senhor em nossa Vida, que nos fortalece.
Tudo isso é pura Graça de Deus, dom imerecido de nossa parte, com todos esses dons, cada um de nós deverá ter feito uma profunda experiência com Jesus Cristo, e a partir disso dar o testemunho a todas as pessoas com quem convivemos ou que de algum modo fazem parte de nossa vida.
Se essas pessoas ainda não conhecem Jesus, a responsabilidade é toda nossa, que não o testemunhamos, principalmente fora da comunidade, na Família, no trabalho, na escola, enfim, aonde estivermos. A esse respeito lembro-me do Testemunho de Iris Gomes, uma negra que deu o seu testemunho a mais de 80 Bispos em um encontro no Rio de Janeiro, ela queria ser religiosa de Vida Consagrada, mas o seu Diretor Espiritual orientou que o seu lugar não era no convento, mas sim no mundo do trabalho.
Iris trabalha há mais de 20 anos nos bastidores das novelas da Rede Globo, e diante deste evangelho fiquei pensando, que se ela insistisse na idéia de ser Religiosa fechada em um convento, quantos artistas teriam deixado de conhecer a Jesus... Lá onde parece que só há hostilidade contra o evangelho de Jesus, é o melhor lugar para se viver autenticamente o cristianismo. Esse evangelho nos convence disso.
2. Advertências
Após a escolha dos setenta e dois, a serem enviados em missão dois a dois, aos gentios na Samaria, Jesus lhes transmite suas orientações, concluindo com este texto de imprecação contra as cidades que rejeitaram Jesus. Este texto, praticamente com as mesmas palavras, está também no evangelho de Mateus (cf. 17 jul.).
Nestas imprecações temos um estilo característico do Antigo Testamento. São os "ai" como anúncio de desgraça. Têm origem em lamentações fúnebres, tendo passado ao uso literário como lamentações de advertência sobre pessoas ou cidades passíveis de condenação. No evangelho de Lucas encontramos quatro "ais" dirigidos aos ricos, em contraposição às quatro bem-aventuranças e, como também em Mateus, sete "ais" dirigidos aos fariseus, censurando sua hipocrisia.
A ressalva feita às cidades gentílicas de Tiro e Sidônia e as ameaças às cidades onde se sentia a influência do judaísmo, Corazim, Betsaida e Cafarnaum, indicam que os gentios estavam mais abertos do que os judeus à acolhida da novidade de Jesus. A frase final apresenta o missionário como legítimo representante de Jesus, enviado do Pai.
Oração
Pai, move-me à conversão e à penitência diante do testemunho de Jesus, de modo que eu não incorra em castigo por minha incapacidade de reconhecer o apelo da salvação.
3. UMA SEVERA REPREENSÃO
A pregação de Jesus nem sempre era bem acolhida, nem suas palavras sempre surtiam efeito na vida das pessoas. Muitas vezes, ele era ouvido com suspeita, desprezo, quando não, com aberta rejeição. Essas reações lhe não passavam despercebidas. Ele as acompanhava com atenção, pois não podia ficar impassivo diante de pessoas que menosprezavam a oferta de salvação que o Pai lhes fazia, preferindo, assim, o caminho da condenação.
A rejeição de Jesus e de sua mensagem provinha, em alguns casos, de toda a população de uma cidade. Corozaim, Betsaida e Cafarnaum tornaram-se símbolo desta realidade. Seus habitantes, em conjunto, fecharam os ouvidos à pregação do Mestre. As palavras fortes, que Jesus lhes dirigiu, revelam a gravidade do fato. Elas não souberam reconhecer nele a presença misericordiosa de Deus, que os convidava à conversão. Seu pecado chegou a tal ponto que se tornaram insensíveis aos apelos divinos, nem reconheceram a necessidade de fazer penitência.
Jesus lançou um olhar para o futuro e anteviu a sorte que estava reservada para esta gente, quando se defrontassem com o Pai, no dia do juízo. Seu linguajar chocante, entretanto, tinha como finalidade chamar, uma vez mais, esses pecadores à conversão. Não lhe interessava que fossem condenados, mas que se convertessem e tivessem a vida.
Oração
Senhor Jesus, livra-me da dureza de coração que me impede de converter-me sinceramente diante de tua Palavra de salvação.
Liturgia do Sábado
XXVI SEMANA DO TEMPO COMUM *
(VERDE – OFÍCIO DO DIA)
Antífona da entrada: Senhor, tudo o que fizestes conosco com razão o fizestes, pois pecamos contra vós e não obedecemos aos vossos mandamentos. Mas honrai o vosso nome, tratando-nos segundo vossa misericórdia (Dn 3,31.29s.43.42).
Leitura (Jó 42,1-3.5-6.12-16)
Leitura do livro de Jó.
42 1 Jó respondeu ao Senhor nestes termos: 
2 "Sei que podes tudo, que nada te é muito difícil. 
3 Quem é que obscurece assim a Providência com discursos ininteligíveis? É por isso que falei, sem compreendê-las, maravilhas que me superam e que não conheço. 
5 Meus ouvidos tinham escutado falar de ti, mas agora meus olhos te viram. 
6 É por isso que me retrato, e arrependo-me no pó e na cinza". 
12 O Senhor abençoou os últimos tempos de Jó mais do que os primeiros, e teve Jó quatorze mil ovelhas, seis mil camelos, mil juntas de bois e mil jumentas. 
13 Teve também sete filhos e três filhas: 
14 chamou a primeira Jêmina, a segunda Quetsia e a terceira Queren-Hapuc. 
15 Em toda a terra não poderiam ser encontradas mulheres mais belas do que as filhas de Jó. E seu pai lhes destinou uma parte da herança entre seus irmãos. 
16 Depois disso, Jó viveu ainda cento e quarenta anos, e conheceu até a quarta geração dos filhos de seus filhos. 
Salmo responsorial 118/119
Fazei brilhar vosso semblante ao vosso servo 
E ensinai-me vossas leis e mandamentos.
Dai-me bom senso, retidão, sabedoria, 
Pois tenho fé nos vossos santos mandamentos!
Para mim foi muito bom ser humilhado, 
Porque assim eu aprendi vossa vontade!
Sei que os vossos julgamentos são corretos, 
E com justiça me provastes, ó Senhor!
Porque mandastes, tudo existe até agora; 
Todas as coisas, ó Senhor, vos obedecem!
Sou vosso servo: concedei-me inteligência, 
Para que eu possa compreender vossa aliança!
Vossa palavra, ao revelar-se, me ilumina, 
Ela dá sabedoria aos pequeninos.
Aclamação do Evangelho
Aleluia, aleluia, aleluia.
Graças te dou, ó Pai, Senhor do céu e da terra, pois revelaste os mistérios do teu reino aos pequeninos, escondendo-os aos doutores! (Mt 11,25).

Evangelho (Lucas 10,17-24)
Naquele tempo, 10 17 voltaram alegres os setenta e dois discípulos, dizendo: "Senhor, até os demônios se nos submetem em teu nome!" 
18 Jesus disse-lhes: "Vi Satanás cair do céu como um raio. 
19 Eis que vos dei poder para pisar serpentes, escorpiões e todo o poder do inimigo. 
20 Contudo, não vos alegreis porque os espíritos vos estão sujeitos, mas alegrai-vos de que os vossos nomes estejam escritos nos céus". 
21 Naquele mesma hora, Jesus exultou de alegria no Espírito Santo e disse: "Pai, Senhor do céu e da terra, eu te dou graças porque escondeste estas coisas aos sábios e inteligentes e as revelaste aos pequeninos. Sim, Pai, bendigo-te porque assim foi do teu agrado. 
22 Todas as coisas me foram entregues por meu Pai. Ninguém conhece quem é o Filho senão o Pai, nem quem é o Pai senão o Filho, e aquele a quem o Filho o quiser revelar". 
23 E voltou-se para os seus discípulos, e disse: "Ditosos os olhos que vêem o que vós vedes, 
24 pois vos digo que muitos profetas e reis desejaram ver o que vós vedes, e não o viram; e ouvir o que vós ouvis, e não o ouviram". 
COMENTÁRIOS DO EVANGELHO
1. Os discípulos entram em campo
Quando militei no jornalismo da minha cidade, acompanhava o campeonato varzeano e gostava de estar no vestiário das equipes, antes e depois de uma partida importante. Havia um técnico que tinha um discurso assim, quando a equipe vencia um jogo importante "Ganhamos só uma partida, ainda não somos campeões de nada!". Claro que ele vibrava muito com o desempenho da sua equipe, a frase não queria acabar com a festa, mas apenas lembrar que haveriam outras partidas a serem vencidas à frente.
Jesus colocou os seus discípulos em "campo" isso é, enviou-os em missão e deu-lhes poder sobre o mal, não podemos aqui pensar em um Poder sobrenatural de realizar prodígios, senão uma pessoa comum que vive a sua Fé nos dias de hoje, jamais iria entender o discipulado como missão, ou acharia que se trata de pessoas especiais, ungidas, fora do comum.
Geralmente, a maioria dos técnicos de times de várzea, já foram jogadores das equipes da cidade, conhecem bem as estratégias e artimanhas do adversário, conhece o campo e sabe onde seus pupilos irão pisar e é comum que em jogos importantes e decisivos, transmitam essa bagagem e experiência aos jogadores, que tem disposição, energia, mas às vezes falta-lhes experiência para o confronto.
Assim, é Jesus Cristo na relação com os discípulos, ele é homem, conhece o Bem que habita plenamente nele enquanto Deus, mas conhece também as Forças do Mal, sabe qual a estratégia do inimigo do Reino, sabe que a missão dos discípulos não será um mar de rosas e os envia, não sem antes instruí-los e municiá-los com dons, carismas e todo conhecimento. A missão foi bem sucedida, a se julgar pela euforia dos discípulos, eles ganharam o jogo, e agora Jesus, como aquele técnico prudente, quer prepará-los para novos combates contra o mal. "Não vos alegreis porque os espíritos se sujeitaram a vocês, mas sim porque estão fortalecidos para o resto do combate que terá um final de glória para o Reino de Deus.
Os discípulos não são super homens, são pessoas comuns, que seguem a Jesus e Nele acreditam, na sociedade daquele tempo, de nada valiam, não eram poderosos, nem ricos ou importantes, mas perceberam que o Reino Messiânico está em Jesus e não nas Instituições Humanas. Por isso Jesus louva o Pai extravasando toda sua alegria, os poderosos não sabem, mas ali naquele grupo de homens humildes algo grandioso está surgindo e se tornando realidade, marcando o início de um reino que prevalecerá sobre todos os reinos e impérios do mundo, em todos os tempos.
Hoje os discípulos somos nós, e, portanto, a cada dia devemos também nos recolher em Jesus Cristo louvando e agradecendo, porque em sua Graça vivemos mais um dia comprometidos com o Bem, e usando a liberdade que a sua Salvação nos conferiu, em nossas ações e palavras, botamos o Mal prá correr, reafirmando assim a nossa esperança na plenitude do Reino que já está entre nós...
2. Alegre recompensa
Os discípulos voltam com grande alegria pela missão bem-sucedida na Samaria. Porém, maior do que esta alegria é alegria de ter seu nome gravado nos céus, o que significa a comunhão de amor e vida com Deus.
O Reino é o espaço de convívio dos pequeninos, que, conhecedores de seus limites e de sua fragilidade, se solidarizam com os irmãos no serviço recíproco e empenham-se em resgatar e promover a vida neste mundo.
Presenciar e estar envolvido no projeto do Reino de Deus é uma bem-aventurança. A partir da encarnação, o mundo é renovado. A humanidade, assumida em Jesus, é resgatada em sua dignidade e é revestida de eternidade.
Oração
Pai, por ter meu nome inscrito no céu e por estar unido a ti, única fonte de vida e de libertação, ajuda-me a lutar contra o mal que mantém a humanidade cativa do egoísmo.
3. A ALEGRIA DO APÓSTOLO
A missão dos discípulos de Jesus teve seu lado bonito de eficácia e acolhida. Eles foram testemunhas da ação da palavra de Deus na vida das pessoas e como elas se transformavam. Perceberam, igualmente, como as forças demoníacas que mantinham as pessoas cativas, seja do pecado seja da doença, eram vencidas. Viram o Reino expandir-se e se implantar na vida de muita gente. Por isso, voltavam cheios de alegria para junto de Jesus.
Jesus, porém, temperou o entusiasmo desses missionários, chamando-lhes a atenção para algo que lhes passava despercebido: sua alegria deveria consistir em saber que seus nomes estavam inscritos no céu, ou seja, que eram cidadãos do Reino, cujo Senhor era o Pai. O que faziam, portanto, só tinha sentido enquanto compreendido como serviço desinteressado e gratuito à causa do Reino. Os Apóstolos foram, também, alertados para não se deixarem enredar pela glória mundana provinda do sucesso da missão, e sim, descobrir a raiz verdadeira da alegria, que consistia em saber-se instrumento nas mãos do Pai para levar a salvação a toda humanidade.
A alegria e a felicidade despontaram, também, no coração de Jesus. Ele exultou, porque o Pai revelou a pessoas tão simples, como eram os Apóstolos, os mistérios do Reino, e contou com eles para serem seus servidores. Eis um grande motivo para louvar e agradecer!
Oração
Senhor Jesus, que meu coração exulte de alegria por saber que o Pai conta comigo para ser servidor de seu Reino.
Liturgia do Domingo 07.10.2012
27º Domingo do Tempo Comum — ANO B
(VERDE, GLÓRIA, CREIO – III SEMANA DO SALTÉRIO)
__ "Portanto, o que Deus uniu o homem não separe" __
Ambientação:
Sejam bem-vindos amados irmãos e irmãs!
INTRODUÇÃO DO FOLHETO DOMINICAL PULSANDINHO: Mais uma vez o Senhor nos reúne ao redor da mesa da Palavra e da Eucaristia. A celebração da Eucaristia é a união de todos os cristãos, em comunhão com Cristo e o Pai, na força do Espírito Santo. Hoje, de modo especial, celebramos o Mistério Pascal na ótica do amor conjugal, amor e fidelidade que envolve a vida do homem e da mulher na vida de Deus. Deus criou as pessoas para a comunhão e união, na igualdade de condições. Sem o outro, somos incompletos e inacabados. Outubro é o mês das missões, do Rosário e também um mês político, pois, nas eleições para prefeito e vereadores, escolheremos aqueles que governarão nossas cidades nos próximos quatro anos. O Papa Bento XVI proclamou, para toda a Igreja, um "Ano da Fé". Começará no próximo dia 11, no cinquentenário da abertura do Concílio Ecumênico Vaticano II e aniversário de 20 anos da publicação do Catecismo da Igreja Católica, e terminará na Solenidade de Nosso Senhor Jesus Cristo, Rei do Universo, no dia 24 de novembro de 2013. Entremos em comunhão com a Igreja que hoje, em Roma, inicia mais um Sínodo dos Bispos sobre a Nova Evangelização para a transmissão da fé cristã.
INTRODUÇÃO DO FOLHETO DOMINICAL O POVO DE DEUS: Rezemos nesta Missa pelas intenções da nossa Igreja. Inicia-se neste domingo, em Roma, a XIII Assembleia Ordinária do Sínodo dos Bispos, com o tema: "A nova evangelização para a transmissão da fé cristã". No dia 11 deste mês, celebramos o cinquentenário do início do Concílio Vaticano II e o começo do Ano da Fé, determinado pelo Papa Bento XVI, com o objetivo de tornar cada vez mais firme nossa relação com Cristo Senhor. Em nossa Arquidiocese celebramos o Mês do Dízimo, a fim de nos conscientizarmos sobre a necessidade da nossa participação na manutenção da evangelização. Ainda, Em nível nacional realizam-se hoje as eleições municipais, o que também precisa das nossas orações para que o Brasil aprofunde a cultura democrática e cidadã.
Sintamos o júbilo real de Deus em nossos corações e cheios dessa alegria divina entoemos alegres cânticos ao Senhor!
XXVII DOMINGO DO TEMPO COMUM
Antífona da entrada: Senhor, tudo está em vosso poder, e ninguém pode resistir à vossa vontade. Vós fizestes todas as coisas: o céu, a terra e tudo o que eles contêm; sois o Deus do universo! (Est 13,9ss)
Comentário das Leituras:
As leituras de hoje apresentam uma temática sempre atual: a união matrimonial. Fruto do amor de um homem e uma mulher, o matrimônio aparece como projeto de Deus para a humanidade na busca da realização e da felicidade. Esse amor fiel, construído e fundamentado na doação e na entrega, será para o mundo um reflexo do amor de Deus para com o ser humano.
Primeira Leitura (Gênesis 2,18-24)
Leitura do Livro do Gênesis
2 18 O Senhor Deus disse: "Não é bom que o homem esteja só; vou dar-lhe uma ajuda que lhe seja adequada." 
19 Tendo, pois, o Senhor Deus formado da terra todos os animais dos campos, e todas as aves dos céus, levou-os ao homem, para ver como ele os havia de chamar; e todo o nome que o homem pôs aos animais vivos, esse é o seu verdadeiro nome. 
20 O homem pôs nomes a todos os animais, a todas as aves dos céus e a todos os animais dos campos; mas não se achava para ele uma ajuda que lhe fosse adequada. 
21 Então o Senhor Deus mandou ao homem um profundo sono; e enquanto ele dormia, tomou-lhe uma costela e fechou com carne o seu lugar. 
22 E da costela que tinha tomado do homem, o Senhor Deus fez uma mulher, e levou-a para junto do homem. 
23 "Eis agora aqui, disse o homem, o osso de meus ossos e a carne de minha carne; ela se chamará mulher, porque foi tomada do homem." 
Salmo responsorial 127/128
O Senhor te abençoe de Sião cada dia de tua vida.
Feliz és tu se temes o Senhor
e trilhas seus caminhos!
Do trabalho de tuas mãos hás de viver,
serás feliz, tudo irá bem!
A tua esposa é uma videira bem fecunda
no coração da tua casa;
os teus filhos são rebentos de oliveira
ao redor de tua mesa.
Será assim abençoado todo homem
que teme o Senhor.
O Senhor te abençoe de Sião
cada dia de tua vida.
Para que vejas prosperar Jerusalém
e os filhos dos teus filhos.
Ó Senhor, que venha a paz a Israel,
que venha a paz ao vosso povo!
Segunda Leitura (Hebreus 2,9-11)
Leitura da carta aos Hebreus.
2 9 Mas aquele que fora colocado por pouco tempo abaixo dos anjos, Jesus, nós o vemos, por sua Paixão e morte, coroado de glória e de honra. Assim, pela graça de Deus, a sua morte aproveita a todos os homens. 
10 Aquele para quem e por quem todas as coisas existem, desejando conduzir à glória numerosos filhos, deliberou elevar à perfeição, pelo sofrimento, o autor da salvação deles, 
11 para que santificador e santificados formem um só todo. Por isso, (Jesus) não hesita em chamá-los seus irmãos.
Aclamação do Evangelho
Aleluia, aleluia, aleluia.
Se amarmos uns aos outros, Deus em nós há de estar; e o seu amor em nós se aperfeiçoará (1Jo 4,12).

EVANGELHO (Marcos 10,2-16)
Naquele tempo, 10 2 chegaram os fariseus e perguntaram a Jesus, para o pôr à prova, se era permitido ao homem repudiar sua mulher. 
3 Ele respondeu-lhes: "Que vos ordenou Moisés?" 
4 Eles responderam: "Moisés permitiu escrever carta de divórcio e despedir a mulher." 
5 Continuou Jesus: "Foi devido à dureza do vosso coração que ele vos deu essa lei; 
6 mas, no princípio da criação, Deus os fez homem e mulher. 
7 Por isso, deixará o homem pai e mãe e se unirá à sua mulher; 
8 e os dois não serão senão uma só carne. Assim, já não são dois, mas uma só carne. 
9 Não separe, pois, o homem o que Deus uniu." 
10 Em casa, os discípulos fizeram-lhe perguntas sobre o mesmo assunto. 
11 E ele disse-lhes: "Quem repudia sua mulher e se casa com outra, comete adultério contra a primeira. 
12 E se a mulher repudia o marido e se casa com outro, comete adultério." 
13 Apresentaram-lhe então crianças para que as tocasse; mas os discípulos repreendiam os que as apresentavam. 
14 Vendo-o, Jesus indignou-se e disse-lhes: "Deixai vir a mim os pequequinos e não os impeçais, porque o Reino de Deus é daqueles que se lhes assemelham. 
15 Em verdade vos digo: todo o que não receber o Reino de Deus com a mentalidade de uma criança, nele não entrará." 
16 Em seguida, ele as abraçou e as abençoou, impondo-lhes as mãos. 
FORMAÇÃO LITÚRGICA
Ofertório
As palavras que seguem após a anamnese, correspondem - segundo alguns liturgistas – exatamente ao ofertório da Missa: Celebrando [...] nós vos oferecemos, ó Pai, o pão da vida e o cálice da salvação. Assim, o verdadeiro "ofertório" eucarístico não se encontra na apresentação dos dons, mas nessa parte central da Oração Eucarística. A rigor, o essencial e único que podemos e devemos oferecer ao Pai é o seu próprio Filho, Jesus Cristo, oferenda perfeita pela obediência e pelo sacrifício de si mesmo. E, por Cristo, oferecemos também cada um de nós.
TEXTOS BÍBLICOS PARA A SEMANA:
2ª Vd – Gl 1,13-24; Sl 110 (111); Lc 10, 25-37
3ª Vd – Gl 1,13-24; Sl 138 (139); Lc 10,38-42
4ª Vd – Gl 2, 1-2.7-14; Sl 116 (117); Lc 11,1-4
5ª Vd – Gl 3,1-5; Cant. Lc 1,69-70.71-72.73.75; Lc 1 1,5-13
6ª Br – N.Sra Aparecida – Est 5,1b-2; 7,2b-3; Sl 44 (45); Ap 12,1.5.13ª15-16; Jo 2,1-11
Sb Vd – Gl 3,22-29; Sl 104 (105); Lc 1 1, 27-28
28º DTC – Sb 7,7-11; Sl 89 (90),12-13.14-15.16-17 (R/. cf. 14); Hb 4,12-13; Mc 10,17-30 (Homem rico)
COMENTÁRIOS DO EVANGELHO
1. QUE O HOMEM NÃO SEPARE...
Não há quem não goste de originalidade, é assim no mundo das artes e no processo de produção principalmente no ramo de auto peças. Peça original custa mais caro, justamente porque é original. Nas artes há o direito autoral, que visa assegurar entre outras coisas que a obra não será descaracterizada, pois caso isso venha a ocorrer, ela se torna uma falsificação e perde o seu valor.
Sobre a importância de uma peça original em um veículo, por exemplo, nem é preciso argumentar sobre a qualidade e o desempenho, além da sua vida útil, que é bem maior quando a mesma é original.
Nos anos 70, durante a “febre” dos produtos importados, quando se queria desdenhar do objeto de alguém, a gente dizia de maneira irônica que aquele objeto era do Paraguai, isso significava falsificado.
Fiz essa introdução porque me parece ser esta a “queixa” de Jesus em relação a Lei do divórcio, que tinha um embasamento religioso “no princípio Deus os fez Homem e Mulher, e o homem deixará pai e mãe, se unirá à sua mulher e os dois serão uma só carne”.
O texto é uma denúncia explícita sobre a “falsificação” que os homens fizeram da união do homem e da mulher, idealizada pelo Criador. Ás vezes deparo com casais em segunda união, cuja primeira fui eu quem assisti em nome da Igreja, que fazem questão de dizer que agora sim, são felizes. Na misericórdia ensinada por Jesus, não nos deve faltar a compreensão, mas lá no fundo eu volto aos meus tempos de jovem e digo para mim mesmo “É do Paraguai, não tem nada de original”.
Uma lei, mesmo de caráter religioso como era a Lei de Moisés, nunca poderá permitir a separação do casal, porque vai contra o Plano do Criador ao falsificar sua obra prima, tirando dela o seu traço mais original: o amor ágape, da entrega e doação um ao outro, do amor que busca o bem e a felicidade do outro, do amor capaz de renunciar-se a si mesmo, do amor que sabe ser fiel sem que isso represente um peso insuportável, do amor que busca constantemente o diálogo, a compreensão, o perdão, do amor que se alegra, que é sempre caridoso e compassivo. Essas virtudes fazem da união conjugal o sinal mais evidente do amor de Deus.
Na obra da criação nada há mais perfeito que o homem e a mulher, pois os rios, florestas, montanhas e planícies, na sua beleza e esplendor falam-nos de Deus, mas nunca serão à sua imagem e semelhança por isso, na criação do homem e da mulher, toda a obra da Criação é exaltada e atinge o seu cume.
Homem e mulher formam uma unidade perfeita, só comparável a união de Cristo e da sua Igreja, como ensina o Apóstolo Paulo. O próprio homem reconhece essa perfeição quando exclama, diante da mulher “Essa sim é osso dos meus ossos e carne da minha carne”. Jesus não só confirma a legitimidade e autenticidade dessa união, como a coloca em nível de sacramento, tornando-a um sinal do Amor de Deus. Ninguém em sã consciência faltará ao respeito para com o Pavilhão Nacional, mesmo porque se for feito em público, o transgressor sofrerá punição da Lei, é isso que Jesus coloca como exortação a todos – Por isso o Homem não separe aquilo que Deus uniu.
Os discípulos não entenderam toda a magnitude da comunhão de vida entre o homem e a mulher, e em casa falaram reservadamente ao Mestre. Jesus vai então deixar bem claro “O homem que deixar sua mulher e se unir à outra, cometerá adultério contra a primeira, e se a mulher repudia o marido e se casa com outro, comete adultério”.
Que nunca falte de nossa parte enquanto Igreja, a misericórdia e o acolhimento a tantos recasados, mas que também não falte a eles, a humildade de reconhecer que romperam um vínculo sagrado, preferindo falsificar uma união, porque não acreditaram no poder e na força da Graça que um dia receberam no altar, quando manifestaram diante de Deus a decisão de viverem juntos a vida inteira.
2. Um projeto de igualdade
Os fariseus, procurando motivo para condenar Jesus em questões da Lei, o questionam, agora, sobre o preceito do Decálogo que permite ao homem despedir a sua mulher (Dt 24,1). A Lei, que era atribuída a Moisés, com seu caráter patriarcal machista, vinculava os bens do casamento à posse do marido, relegando a mulher a uma posição de submissão. Reconhecendo o direito do homem de repudiar sua mulher, não explicitava, contudo, quais os motivos que justificariam tal repúdio. Entre os rabinos debatiam-se quais seriam estes motivos. A escola do rabino Hillel, mais seguida, autorizava o repúdio pela simples insatisfação do homem. A escola do rabino Shammai limitava o repúdio apenas nos casos de infidelidade da mulher.
Os fariseus, apegados à Lei, não duvidavam deste direito do homem. Jesus, em sua resposta, associa a Lei à dureza dos corações daquele povo e recorre ao projeto criador de Deus: homem e mulher, criados em uma só carne (primeira leitura), em igualdade de condições. Descartando, assim, o legalismo e o machismo, Jesus remete o homem e a mulher ao projeto criador de Deus, que é elevar a humanidade à plenitude do amor.
Na passagem paralela, no evangelho de Mateus (Mt 19,9; 5,32) é mencionado o direito de despedir a mulher no caso de pornéia (no original grego), de duvidosa interpretação, possivelmente com o sentido de adultério. Neste texto de Marcos, tanto o marido como a mulher podem dispensar o cônjuge, contudo, uma nova união é considerada como adultério. Porém, diante da complexidade da situação, é importante que sejam avaliados com bastante discernimento os casos de novas uniões.
Algumas pessoas, ao trazerem crianças para serem abençoadas por Jesus, são repreendidas pelos discípulos. As crianças são o símbolo dos excluídos, e os discípulos ainda guardam a mentalidade repressiva, o que leva Jesus a aborrecer-se. Acolher uma criança é assumir a humildade, a pequenez e a fragilidade diante de Deus.
Na Epístola aos Hebreus (segunda leitura) fica em evidência seu caráter eminentemente sacrifical, pelo qual, sob dois aspectos, contradiz a imagem de Jesus, Filho de Deus. Jesus, Deus presente humildemente na história, entre os humanos, passa a ser coroado de gloria e honra nos céus; e tal glória é a recompensa do sofrimento, uma vez que Jesus sempre se empenhou em aliviar os sofrimentos, comunicando vida plena com seu amor carinhoso.
Oração
Senhor Jesus, que os casais cristãos compreendam a profundidade de sua união, obra do próprio Deus.
3. DEFESA DO MATRIMÔNIO
O divórcio, prática comum na época, foi fortemente condenado por Jesus. Baseados na Lei mosaica, os maridos não tinham escrúpulos de se desfazer das próprias mulheres, mesmo por motivos banais. Os fariseus, com más intenções, sondaram Jesus para saber a opinião dele a esse respeito. No fundo, queriam saber como ele se posicionava diante da Lei: se a respeitava e se submetia a seus ditames, ou não.
A resposta de Jesus não permitiu aos fariseus concretizar seu intento. O Mestre retomou o relato da criação, fundamento bíblico do matrimônio, e explicitou o projeto de Deus a partir daí. Segundo a vontade divina, ele consiste numa união tão profunda entre homem e mulher, a ponto de atingir o auge da comunhão. Aí, a diversidade é superada por uma unidade indissolúvel, representada pela expressão: "serão os dois uma só carne". Na raiz desta união está o Pai. Ele é quem une. E o que for unido por ele não poderá dissolver-se.
Em última análise, Jesus estava afirmando que, quando se dá o divórcio, é porque, de fato, não houve matrimônio. Um homem que se sente à vontade para mandar embora sua mulher é porque não chegou a formar com ela uma só carne. Quando, porém, Deus une homem e mulher nada e ninguém tem o direito de desuni-los.
Oração
Senhor Jesus, que os casais cristãos compreendam a profundidade de sua união, obra do próprio Deus.


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