segunda-feira, 16 de julho de 2012

Liturgia 15ª semana comum Ano Par


Liturgia da Segunda Feira 16.07.2012
NOSSA SENHORA DO CARMO 
(BRANCO, GLÓRIA, PREFÁCIO DE MARIA – OFÍCIO DA FESTA)
Antífona da entrada: Salve, ó santa mãe de Deus, vós destes à luz o rei, que governa o céu e a terra pelos séculos eternos..
Leitura (Zacarias 2,14-17)
Leitura da profecia de Zacarias.
2 14 "Solta gritos de alegria, regozija-te, filha de Sião. Eis que venho residir no meio de ti - oráculo do Senhor. 
15 Naquele dia se achegarão muitas nações ao Senhor, e se tornarão o meu povo: habitarei no meio de ti, e saberás que fui enviado a ti pelo Senhor dos exércitos. 
16 O Senhor possuirá Judá como seu domínio, e Jerusalém será de novo (sua cidade) escolhida. 
17 Toda criatura esteja em silêncio diante do Senhor: ei-lo que surge de sua santa morada".
Salmo responsorial Lc 1
O Poderoso fez por mim maravilhas 
e santo é o seu nome.
A minha alma engrandece ao Senhor 
e se alegrou o meu espírito em Deus, meu salvador.
Pois ele viu a pequenez de sua serva, 
desde agora as gerações hão de chamar-me de bendita. 
O Poderoso fez por mim maravilhas 
e santo é o seu nome!
Seu amor, de geração em geração, 
chega a todos os que o respeitam. 
Demonstrou o poder de seu braço, 
dispersou os orgulhosos.
Derrubou os poderosos de seus tronos 
e os humildes exaltou. 
De bens saciou os famintos 
e despediu, sem nada, os ricos.
Acolheu Israel, seu servidor, 
fiel ao seu amor, 
como havia prometido aos nossos pais, 
em favor de Abraão e de seus filhos para sempre.
Aclamação do Evangelho
Aleluia, aleluia, aleluia. 
Feliz quem ouve e observa a palavra de Deus! (Lc 11,28)

Evangelho (Mateus 12,46-50)
12 46 Jesus falava ainda à multidão, quando veio sua mãe e seus irmãos e esperavam do lado de fora a ocasião de lhe falar. 
47 Disse-lhe alguém: "Tua mãe e teus irmãos estão aí fora, e querem falar-te". 
48 Jesus respondeu-lhe: "Quem é minha mãe e quem são meus irmãos?" 
49 E, apontando com a mão para os seus discípulos, acrescentou: "Eis aqui minha mãe e meus irmãos. 
50 Todo aquele que faz a vontade de meu Pai que está nos céus, esse é meu irmão, minha irmã e minha mãe". 
COMENTÁRIOS DO EVANGELHO
1. “Por que achavam que Jesus era Louco...”
Neste evangelho, os parentes de Jesus, sua Mãe e seus irmãos, nos diz o texto, foram à sua procura, pois queriam levá-lo de volta à casa. Havia um consenso de que ele estivesse louco, falando e fazendo coisas sem o saber.
Jesus era uma ameaça constante á estrutura do templo, pois quebrava todas as regras e normas religiosas excludentes, curava as pessoas de todas as suas enfermidades, e a pessoa nãom precisava oferecer sacrifício algum pela sua cura. Como a Medicina não estava avançada e as doenças ou enfermidades psicsomáticas eram muitas, a clientela do templo era bem numerosa e as ofertas tinham que ser feitas, nem que fossem rolinhas e pombinhos, para os mais pobres, todos eram tarifados. Era uma forma de se obter a “pureza” institucionalizada. Quem ganhava com isso? A casta sacerdotal, que era em sua maioria Latifundiários proprietários doa animais, vendidos  aos cambistas, que os revendiam por um alto preço nas portas do templo, e os sacerdotes ganhavam duas vezes, na venda para o atravessador e depois na oferta, onde uma boa parte lhes pertencia, segundo a lei.
Ora, se eu sou beneficiado com um negócio assim, altamente lucrativo, qualquer pessoa que interferir nesse sistema, tirando a clientela, eu vou fazer de tudo para tirá-lo de circulação, daí taxaram de Jesus de Louco, e com certeza pressionaram seus familiares sobre os riscos que ele estava correndo, por mexer em um Vespeiro, quando tornava menos lucrativo o negócio dos poderosos.
Agora fica fácil compreender a reação de Jesus diante da comunidade, quando alguém o comunica que sua mãe e seus irmãos estavam fora e queriam falar-lhe. Os que se deixam levar pelas orientações dos poderosos desse mundo, não pertencem à Cristo, não são, portanto, sua Mãe e seus irmãos, uma vez que, não é sistema religioso que garante a salvação, mas trata-se de um Dom oferecido a todos os homens através de Jesus Cristo.
A partir de agora Jesus estabelece laços fortes na união dos Homens com Deus, quem  ouvir a sua Palavra e seguir seus ensinamentos, procurando fazer a Vontade de Deus, que quer a Vida para todos, este sim tem com ele intimidade, está com ele em sintonia, esse sim pode ser chamado de “sua Família” sua Mãe e seus irmãos. Não dá para pertencer a Cristo, mas viver segundo a vontade do mundo, ditada por um sistema que se omite diante de injustiças e desigualdades, e que decreta a morte do mais pobre. Quem concorda ou se omite diante dessa estrutura social injusta, não pode e nem deve apresentar-se como cristão...
É bom também deixar claro que, “A Mãe de Jesus” aqui citada, pode ser ou não Maria de Nazaré, pois Mãe era um termo aplicado a uma Matriarca de várias famílias, que seria a Bisavó ou Tataravó.  Então há aqui duas vertentes, primeiro, Maria de Nazaré não era uma supermulher que sabia tudo sobre o Filho, então que ninguém se escandalize se historicamente fosse ela de fato, ali junto com os parentes de Jesus, pois, que mãe não se preocuparia se viessem lhe dizer que as atividades do seu filho o estão pondo em perigo? Segundo, é pouco provável que se tratasse de Maria a Mãe de Jesus, e nesse caso, Maria está do lado de dentro, isso é, ela faz parte da comunidade nova, fundada por Jesus, e que tem uma relação diferente com Deus, aliás, ela é a primeira cristã, a primeira discípula, pela Fidelidade á Vontade Divina...
2. A verdadeira família de Jesus
A mãe e a família são o destaque nesta narrativa, com representações simbólicas. Seu sentido é didático, visando à conversão. 
A família é a célula básica da sociedade. Uma família conservadora, por exemplo, é o suporte de uma sociedade opressora e excludente. Jesus substituiu a sinagoga pela casa. Agora propõe a substituição de um conceito hermético de família para um conceito aberto e solidário. Jesus substitui os laços tradicionais familiares pelos laços do amor verdadeiro, que vão muito além dos interesses particulares da família.
A verdadeira família, na perspectiva do Reino de Deus, é aquela constituída por pessoas que, fazendo a vontade do Pai, tornam-se discípulos de Jesus. Na medida em que a família se comprometa com o fazer a vontade do Pai, ela se abre para a partilha, a solidariedade e a acolhida aos mais excluídos, sem preconceitos e com amor.
As palavras de Jesus, com sua novidade, abalavam os fundamentos da antiga tradição, particularmente a de Israel. Maria, acompanhando seu filho, guardava em seu coração tudo que observava e ouvia, e ia amadurecendo sua compreensão a respeito da revelação de Jesus.
Oração
Pai, reforça os laços que me ligam aos meus irmãos e irmãs de fé, de forma a testemunhar que formamos uma grande família, cujo pai és tu.
3. Nossa Senhora do Carmo
No dia 16 de julho, celebra-se na Igreja Católica, a memória de Nossa Senhora do Carmo, um título da Virgem Maria que remonta ao século XIII, quando, no monte Carmelo, Palestina, começou a formar-se um grupo de eremitas. Estes, querendo imitar o exemplo do profeta Elias, reuniram-se ao redor de uma fonte chamada "fonte de Elias", e iniciaram um estilo de vida que, mais tarde, se estenderia ao mundo todo. Devido ao lugar onde nasceu, este grupo de ex-cruzados e eremitas foi chamado de "carmelitas".
A história nos assegura que os eremitas construíram também uma pequena capela dedicada à Nossa Senhora que, mais tarde, e pela mesma circunstância de lugar, seria chamada de "Nossa Senhora do Carmo" ou " Nossa Senhora do Carmelo". Os carmelitas viram-se obrigados a emigrar para a Europa, para continuar a própria vida religiosa e lutar por seu espaço entre as várias ordens mendicantes. O título de Nossa Senhora do Carmo está unido ao "símbolo do escapulário".
A presença de Maria com o nome de Nossa Senhora do Carmo foi se espalhando por toda a Europa, e esta devoção foi levada para a América Latina, na primeira hora da evangelização. É difícil encontrar uma diocese latino-americana que não tenha, pelo menos, uma igreja dedicada a Nossa Senhora do Carmo. Não somente são igrejas matrizes ou catedrais dedicadas a Maria, sob o título de Nossa Senhora do Carmo, mas também lugarejos, capelas, oratórios etc. Isso prova como esta devoção saiu dos âmbitos restritos dos conventos carmelitanos e se tornou propriedade do povo e da Igreja Universal, como diz o Papa João Paulo II, em sua carta dirigida aos Superiores Gerais do "Carmelo da Antiga Observância e do Carmelo Descalço".
Esta devoção, enraizada no coração do povo, está sendo resgatada, e os devotos de Nossa Senhora do Carmo aumentam cada vez mais.
Liturgia da Terça-Feira
Leitura (Isaías 7,1-9)
Leitura do livro do profeta Isaías.
7 1 No tempo de Acaz, filho de Joatão, filho de Ozias, rei de Judá, Rasin, rei de Arão, foi com Pecá, filho de Romelia, rei de Israel, contra Jerusalém para lhe dar combate; mas não pôde apoderar-se dela. 
2 Quando se soube, na casa de Davi, que (o exército da) Síria estava acampado em Efraim, o coração do rei e o de seu povo ficaram perturbados como as árvores das florestas agitadas pelos ventos. 
3 Então disse o Senhor a Isaías: "Vai ter com Acaz, com Sear-Jasub, teu filho, na extremidade do aqueduto do reservatório superior, no caminho do campo do pisoeiro. 
4 E dize-lhe: ´Tem ânimo, não temas, não vacile o teu coração diante desses dois pedaços de tições fumegantes. (Diante do furor de Rasin, da Síria, e do filho de Romelia). 
5 Visto que a Síria decidiu tua perdição, com Efraim e o filho de Romelia, dizendo: 
6 Vamos contra Judá, nós o bateremos, e nos apoderaremos dele, e proclamaremos rei o filho de Tabeel. 
7 Eis o que disse o Senhor Javé: Isso não acontecerá, essas coisas não se realizarão, 
8 porque a capital da Síria é Damasco, e a cabeça de Damasco é Rasin. (Dentro de sessenta e cinco anos Efraim desaparecerá do rol dos povos.) 
9 E a capital de Efraim é Samaria, e a cabeça de Samaria é o filho de Romelia. Se não o crerdes, não subsistireis´". 
Salmo responsorial 47/48
O Senhor estabelece sua cidade para sempre.
Grande é o Senhor e muito digno de louvores 
na cidade onde ele mora; 
seu monte santo, esta colina encantadora 
é a alegria do universo.
Monte Sião, no extremo norte situado, 
és a mansão do grande rei! 
Deus revelou-se, em suas fostes cidadelas, 
um refúgio poderoso.
Pois eis que os reis da terra se aliaram 
e todos juntos avançaram; 
mal a viram, de pavor estremeceram, 
debandaram perturbados.
Como as dores da mulher sofrendo parto, 
uma angústia os invadiu; 
semelhante ao vento leste impetuoso, 
que despedaça as naus de Társis.
Aclamação do Evangelho
Aleluia, aleluia, aleluia. 
Oxalá ouvísseis hoje a sua voz. Não fecheis os corações como em Meriba! (Sl 94,8)

Evangelho (Mateus 11,20-24)
11 20 Jesus começou a censurar as cidades, onde tinha feito grande número de seus milagres, por terem recusado arrepender-se: 
21 "Ai de ti, Corozaim! Ai de ti, Betsaida! Porque se tivessem sido feitos em Tiro e em Sidônia os milagres que foram feitos em vosso meio, há muito tempo elas se teriam arrependido sob o cilício e a cinza. 
22 Por isso vos digo: no dia do juízo, haverá menor rigor para Tiro e para Sidônia que para vós! 
23 E tu, Cafarnaum, serás elevada até o céu? Não! Serás atirada até o inferno! Porque, se Sodoma tivesse visto os milagres que foram feitos dentro dos teus muros, subsistiria até este dia. 
24 Por isso te digo: no dia do juízo, haverá menor rigor para Sodoma do que para ti!" 
COMENTÁRIOS DO EVANGELHO
1. “Ter Fé ou viver a Fé, eis a questão”
Este é um evangelho que cai como uma luva para todos nós, cristãos da pós-modernidade. Recentemente a grande mídia deu grande destaque ao fato do IBGE ter divulgado suas estatísticas onde um percentual grande de católicos deixou a nossa Igreja, migrando para igrejas evangélicas, principalmente as da pós-modernidade, com sua tentadora linha neo pentecostalista, que oferece a Religião do descompromisso, onde o membro nãomprecisa fazer nada de concreto a não ser, pagar o dízimo, o resto Deus faz, é só pagar a taxa de contribuição que o milagre vem, principalmente o “Econômico” que transforma da noite para o dia endividados em empresários muito bem sucedidos. O homem da pós modernidade busca exatamente esse tipo de religião e a nossa Igreja Católica não têm esse perfil. Resta uma pergunta: será que todos esses que deixaram a nossa igreja, como alardeia o IBGE, eram cristãos comprometidos com o evangelho e viviam a sua Fé? Há que se duvidar... E muito!
É este o tema do evangelho de hoje, pois em Corazim, Betsaida e Cafarnaum, haviam muitas pessoas que se diziam “Cristãos Fervorosos”, desses que afirmavam categoricamente que TINHAM Fé, como hoje encontramos milhares de pessoas que garantem ter Fé, até mesmo em Jesus Cristo, aqui não se trata de TER mas de VIVER a Fé, o que são coisas completamente diferentes.  Quem vive verdadeiramente a sua Fé, jamais abandona a igreja ou a troca por outra denominação cristã, simplesmente porque, com os olhos da Fé saber ver nela os Sinais que Jesus continua a realizar, principalmente nos Sacramentos, que têm poder e eficácia para transformar a vida dos que o acolhem com Fé madura, comprometida com o evangelho.
O Conhecimento desta verdade aumenta e muito a nossa responsabilidade como cristãos, membros da nossa Igreja, pois muitas vezes, nos orgulhamos de ser católicos da gema, de nascença, entretanto apenas temos Fé, mas não a vivemos de modo maduro e responsável, comprometidos com o evangelho e seus valores revolucionários para o mundo de hoje. Nas outras igrejas cristãs também há sinais que Jesus se manifesta, mas eles não são tão contundentes como os nossos Sete Sacramentos, contudo, se não os valorizarmos enquanto sinais do Senhor em nossa vida, nossos irmãos de outras denominações, poderão se salvar se levarem a sério os Sinais que o Senhor realiza em suas comunidades... TER Fé, ou VIVER a Fé? Cada um examine-se a si mesmo...
2. Apelo à conversão
Mateus narra estas imprecações de Jesus seguindo o estilo apocalíptico. É o mesmo estilo tradicional das imprecações proféticas sobre os inimigos de Israel, particularmente citando Tiro e Sidônia, recriminadas pelo profeta Isaías (Is 23,1-18). Corazim, de difícil identificação hoje, situar-se-ia a três quilômetros a noroeste de Cafarnaum. Betsaida, que é a cidade de Pedro, André e Filipe (Jo 1,44), situa-se a cerca de dez quilômetros a nordeste de Cafarnaum, próxima à desembocadura do rio Jordão no lago ("mar") da Galileia. Cafarnaum, à margem do lago, era a cidade que se tornou o centro de irradiação da missão de Jesus. Ela será julgada com mais rigor do que Sodoma, símbolo da corrupção na tradição de Israel.
Estas cidades representam o centro de poder econômico, político e religioso. As censuras, que são também um apelo à conversão, decorrem da sua rejeição à mensagem de Jesus que esteve tão próximo delas. Por outro lado, são os pobres e humildes que acolhem Jesus.
Oração
Pai, que eu seja movido à conversão e à penitência pelo testemunho de Jesus, o qual me atrai para ti.
3. IMPENITÊNCIA CENSURADA
Como os antigos profetas, Jesus lançou terríveis invectivas contras Corozaim, Betsaida e Cafarnaum, cidades que se recusaram a acolher sua pregação e converter-se de seus pecados. A impenitência destas cidades era injustificável. Afinal, a pregação de Jesus tinha sido suficientemente clara, revelando as exigências de Deus para aquele povo pecador. E mais, suas palavras haviam sido confirmadas por meio de numerosos milagres. Portanto, só lhes restava dar ouvidos às palavras de Jesus, e se converterem.
As palavras incisivas do Mestre são justificáveis. Sua passagem pela vida das pessoas corresponde a um apelo escatológico, último, dirigido pelo Pai. Rejeitá-lo significa fechar-se à oferta da salvação provinda de Deus. Acolhê-lo é sinal de abertura para o Pai e para a vida eterna propiciada por ele.
Seria admirável se Jesus, vendo alguém colocar-se no caminho da condenação, nada fizesse para demovê-lo desta atitude insensata. Ao falar duro, estava tentando chamar as cidades impenitentes ao bom senso. Bastava ver o que aconteceu com Sodoma e Gomorra, para se darem conta do futuro que teriam pela frente. Insistir na impenitência correspondia a caminhar para o mesmo destino delas.
Oração
Espírito de penitência, que eu saiba acolher o apelo de Jesus, e me disponha a mudar de vida, segundo as exigências do Reino.
Liturgia da Quarta-Feira
XV SEMANA DO TEMPO COMUM 
(VERDE – OFÍCIO DO DIA)
Antífona da entrada: Contemplarei, justificado, a vossa face; e serei saciado quando se manifestar a vossa glória (Sl 16,15).
Leitura (Isaías 10,5-7.13-16)
Leitura do livro do profeta Isaías.
10 5 "Ai da Assíria, vara de minha cólera e bastão que maneja o meu furor. 
6 Eu o enviei contra uma nação ímpia, e o lancei contra o povo, o objeto de minha cólera, para que o entregasse à pilhagem e lhe levasse os despojos, e o calcasse aos pés como a lama das ruas. 
7 Mas ele não entendeu dessa maneira, e este não foi o seu pensamento. Ele só pensa em destruir, em exterminar nações em massa. 
13 Foi pela força de minha mão que eu agi, e pela minha destreza, porque sou hábil. Dilatei as fronteiras, saqueei os tesouros e lancei por terra aqueles que estavam no trono. 
14 Minha mão tomou como um ninho a riqueza dos povos. Assim como se recolhem os ovos abandonados, eu reuni a terra inteira. Ninguém moveu a asa, nem abriu o bico, nem piou. 
15 Acaso o machado se vangloria à custa do lenhador? Ou a serra se levanta contra o serrador? Como se a vara fizesse agitar aquele que a maneja, como se o bastão fizesse mover o braço! 
16 Por isso o Senhor Deus dos exércitos fará enfraquecer seus robustos guerreiros, e debaixo de sua glória acender-se-á um fogo como o de um incêndio". 
Salmo responsorial 93/94
O Senhor não rejeita o seu povo.
Eis que oprimem, Senhor, vosso povo 
e humilham a vossa herança; 
estrangeiro e viúva trucidam, 
e assassinam o pobre e o órfão!
Eles dizem: "O Senhor não nos vê 
e o Deus de Jacó não percebe!" 
Entendei, ó estultos do povo; 
insensatos, quando é que vereis?
O que fez o ouvido não ouve? 
Quem os olhos formou não verá? 
Quem educa as nações não castiga? 
Quem os homens ensina não sabe?
O Senhor não rejeita o seu povo 
e não pode esquecer sua herança: 
voltarão a juízo as sentenças; 
quem é reto andará na justiça.
Aclamação do Evangelho
Aleluia, aleluia, aleluia. 
Graças te dou, ó Pai, Senhor do céu e da terra, pois revelaste os mistérios do teu reino aos pequeninos, escondendo-os aos doutores! (Mt 11,25)

Evangelho (Mateus 11, 25-27)
11 25 Por aquele tempo, Jesus pronunciou estas palavras: "Eu te bendigo, Pai, Senhor do céu e da terra, porque escondeste estas coisas aos sábios e entendidos e as revelaste aos pequenos. 
26 Sim, Pai, eu te bendigo, porque assim foi do teu agrado. 
27 Todas as coisas me foram dadas por meu Pai; ninguém conhece o Filho, senão o Pai, e ninguém conhece o Pai, senão o Filho e aquele a quem o Filho quiser revelá-lo". 
COMENTÁRIOS DO EVANGELHO
1.  “GRANDES E PEQUENOS”
Confesso que sempre entendi errado esse evangelho, principalmente na hora  se responder: quem são os Sábios e entendidos, e quem são os pequeninos, diante de Deus. É preciso por os “pingos nos is”, para que a reflexão nos ajude a ser mais santos mediante a Palavra.
Sábios e entendidos, neste evangelho, não se referem simplesmente à intelectualidade da pessoa, nem aos conhecimentos adquiridos com os estudos de caráter científico ou teológicos, foi o próprio Deus que dotou o homem com o dom da inteligência e não seria Ele a menosprezar tão precioso dom, que impulsiona o homem a evoluir cada vez mais. A questão aqui é outra...
O conhecimento humano adquirido poderia em tese, levar o homem a uma experiência com o Criador de tudo, mas o que acontece, principalmente com o homem da pós-modernidade, é que, quanto mais ele sabe e consegue avançar na tecnologia, nas ciências, na medicina e outras áreas científicas, mais ele se torna arrogante, prepotente e autossuficiente, julgando-se maior do que Aquele que o dotou de inteligência. Então esse homem  “Sábio” olha com maus olhos a religião, vê a Igreja como um estorvo nos avanços da pós modernidade, classifica como retrógrado e arcaico todo ensinamento cristão, e ainda muitas vezes rotula de ignorantes aos que buscam viver na Fé, em suma, olham as outras pessoas de cima para baixo, como seres inferiores, porque não evoluíram. Este homem “sábio”, em uma linguagem bem chula, acaba cuspindo no prato em que comeu, negando sua origem Divina e a sua condição de Criatura elevada à condição de Filho de Deus com a obra da Salvação.
E quem são os pequenos? Exatamente esse mesmo homem, dotado de inteligência, que evoluiu no conhecimento e nas ciências humanas, e ao mesmo tempo abriu-se para Deus, contemplando Aquele que é Onipotente, Onipresente e Onisciente, e mais ainda, sentindo que Deus manifesta todo seu poder exatamente no amor, que busca e reconhece o homem como seu Filho, dando a ele a própria vida em seu Filho Jesus Cristo, no grandioso mistério da encarnação onde o Onisciente se rebaixa ao mesmo patamar das suas criaturas, que nada sabem, e inicia com elas um longo aprendizado, através da revelação aonde Deus vai se apresentando gradativamente, respeitando as nossas limitações.
E então, este homem grandioso, enriquecido pelo conhecimento humano, e repleto na Fé, pela sabedoria que vem do alto, dotado de ricos e numerosos carismas Divinos, se sente motivado e inclinado a imitar a Deus, de quem é Filho, não em essência, mas por adoção, e se faz pequeno, inclinando diante dos seus irmãos e irmãs, na comunidade ou em família, para simplesmente servir. Eis a finalidade de todo conhecimento humano, eis o fim primeiro de toda ciência e tecnologia:  servir, ajudar, promover a pessoa humana. Foi isso que Deus fez, um pequenino que se curva, que se inclina diante do homem, para  servi-lo (Lava Pés).
Estes são os pequeninos benditos, os Bem-Aventurados que herdarão o céu, porque se tornaram tão íntimos de Deus que já vivem com ele em comunhão, ainda que em suas limitações. Jesus se alegra e bendiz ao Pai, que ele revelou aos homens, fazendo-se pequeno, e sendo agora revelado nos Grandes Homens, que o imitando, também se fazem pequenos, somente e exatamente para SERVIR...
2. União de Jesus e o Pai
Esta breve oração de louvor do evangelho de Mateus é também encontrada em Lucas, com as mesmas palavras no texto grego (cf. 4 dez.). Ela exprime a intimidade e o conhecimento entre Jesus e Deus Pai. Esta união entre Jesus e o Pai, e o mútuo conhecimento, que em Mateus só aparece aqui, é característica do evangelho de João, sendo encontrada nas seguintes passagens: dirigir-se diretamente ao Pai, em oração de louvor (Jo 11,41b-42); tudo entregue pelo Pai e a revelação do Filho (Jo 17,6), o conhecimento entre o Filho e o Pai (Jo 17,25-26).
O louvor é a expressão da alegria. O Pai é invocado como Senhor do céu e da terra. Jesus dá testemunho do Pai diante de todos. A vontade do Pai é que todos o acolhessem. Contudo, surge uma separação entre os "sábios e entendidos" e os "pequeninos". Os sábios e entendidos são os autossuficientes que se instalam no poder religioso ou econômico. Estes estão bem instalados em seus privilégios e não querem mudanças. Os pequeninos são os pobres bem-aventurados, privados e carentes, em busca do socorro de Deus e ansiosos pela mudança do sistema de opressão.
Completando a oração, Jesus afirma a sua união de conhecimento com o Pai. Em Deus, conhecimento e amor são inseparáveis e são a fonte da sua revelação ao mundo como sendo aquele que a todos quer acolher em sua vida divina e eterna.
Oração
Pai, que a arrogância dos sábios e doutos jamais contamine meu coração. E, fazendo-me pequenino, que eu esteja em condições de acolher a tua revelação.
3. LOUVANDO O PAI
A oração de Jesus resulta de uma experiência vivida no seu ministério. Enquanto os líderes religiosos do povo resistiam em aceitá-lo e converter-se ao Reino, o povo simples e inculto mostrava-se receptivo diante de sua mensagem, deixando-se tocar por ela. O fracasso junto aos sábios e doutores era, pois, compensado pelo êxito junto aos pequeninos.
Refletindo sobre este episódio, Jesus detecta a ação do Pai no coração de quem é tido como incapaz de penetrar nas profundezas do saber teológico. Evidentemente, o saber revelado pelo Pai aos pequeninos não é de caráter intelectual. Pouca serventia teria para eles um saber que leva ao orgulho e à arrogância. Eles carecem de um saber existencial, que lhes toque o fundo do coração, predispondo-os para assimilar a sabedoria do Reino. Esta, sim, pode trazer salvação, por gerar solidariedade, partilha, reconciliação, vida em comunhão.
A sabedoria revelada por Deus leva os pequeninos a se reconhecerem todos como irmãs e irmãos, convocados pelo Pai para viverem o amor. Quem adquire este tipo de sabedoria, coloca-se no caminho da salvação, o caminho de Deus.
Quanto aos sábios, a auto-suficiência impede-os de entrar numa dinâmica de amor-comunhão, por recusarem a se colocar no mesmo nível dos demais. Instruídos por si mesmos, estão fadados a cultivar uma sabedoria puramente humana, ineficaz em termos de salvação
Oração
Espírito de revelação, liberta meu coração da arrogância que me impede de captar a revelação transformadora do Pai aos pequeninos.
Liturgia da Quinta-Feira
XV SEMANA DO TEMPO COMUM
(VERDE – OFÍCIO DO DIA)
Antífona da entrada: Contemplarei, justificado, a vossa face; e serei saciado quando se manifestar a vossa glória (Sl 16,15).
Leitura (Isaías 26,7-9.12.16-19)
Leitura do livro do profeta Isaías.
7 O caminho do justo é reto; vós aplanais a senda do justo. 
8 Seguindo a vereda de vossos juízos, Senhor, nós vos esperamos; por vosso nome e vossa memória nossa alma aspira. 
9 Minha alma vos deseja durante a noite e meu espírito vos procura desde a manhã. Quando vossos juízos se exercem sobre a terra, os habitantes do mundo aprendem a justiça. 
12 Senhor, proporcionai-nos a paz! Pois vós nos tendes tratado segundo o nosso procedimento. 
16 Senhor, na tribulação, nós vos buscamos, e clamamos a vós na angústia em que vosso castigo nos abate. 
17 Como uma mulher grávida, prestes a dar à luz, se retorce e grita em suas dores, assim estamos diante de vós, Senhor: 
18 nós concebemos e sofremos para dar à luz (o vento), sem poder dar a salvação à nossa terra; não nasceram novos habitantes no mundo. 
19 Que os vossos mortos revivam! Que seus cadáveres ressuscitem! Que despertem e cantem aqueles que jazem sepultos, porque vosso orvalho é um orvalho de luz e a terra restituirá o dia às sombras. 
Salmo responsorial 101/102
O Senhor olhou a terra do alto céu.
Vós, Senhor, permaneceis eternamente, 
de geração em geração sereis lembrado! 
Levantai-vos, tende pena de Sião, 
já é tempo de mostrar misericórdia! 
Pois vossos servos têm amor aos seus escombros 
e sentem compaixão de sua ruína.
As nações respeitarão o vosso nome, 
e os reis de toda a terra, a vossa glória; 
quando o Senhor reconstruir Jerusalém 
e aparecer com gloriosa majestade, 
ele ouvirá a oração dos oprimidos 
e não desprezará a sua prece.
Para as futuras gerações se escreva isto, 
e um povo novo a ser criado louve a Deus. 
ele inclinou-se de seu templo nas alturas, 
e o Senhor olhou a terra do alto céu, 
para os gemidos dos cativos escutar 
e da morte libertar os condenados.
Aclamação do Evangelho
Aleluia, aleluia, aleluia. 
Vinde a mim, todos vós que estais cansados, e descanso eu vos darei, diz o Senhor (Mt 11,28).

EVANGELHO (Mateus 11,28-30)
11 28 Disse Jesus: "Vinde a mim, vós todos que estais aflitos sob o fardo, e eu vos aliviarei. 29 Tomai meu jugo sobre vós e recebei minha doutrina, porque eu sou manso e humilde de coração e achareis o repouso para as vossas almas. 
30 Porque meu jugo é suave e meu peso é leve." 
COMENTÁRIOS DO EVANGELHO
1. “A Leveza do Amor...”
O evangelho de hoje é um convite muito sério para refletir sobre tudo o que fazemos e principalmente nossos trabalhos pastorais. Jesus fala de um fardo pesado que nos cansa e traz grande fadiga, naquele tempo era a observância das leis de Moisés, que os Fariseus haviam multiplicado e como Guardiães da Lei, se davam ao direito de cobrar e exigir de toda a assembleia de maneira minuciosa, todos aqueles preceitos.
De igual modo hoje há em nossa igreja o perigo de um ativismo exagerado onde perdemos a noção daquilo que é essencial, que é sempre ter em vista o “Por que” fazemos. Os sintomas de fardo pesado sempre aparecem: são as brigas pelo poder, as discussões, desentendimentos, falta de compreensão e de paciência no relacionamento entre as pessoas de uma equipe, pastoral ou movimento.
Uma das equipes de serviço que mais evidencia esse Jugo Pesado é a equipe de eventos, espelho e reflexo do restante da comunidade. Se nessa equipe faltar: alegria, solidariedade, companheirismo, misericórdia, compreensão, pode saber que o restante das lideranças também está contaminado.
O que Jesus nos pede é para que o busquemos para sentirmos alívio em nosso fardo, e daí aquilo que é uma obrigação, e que vou arrastando entre gemidos, queixas e lamúrias, se torna leve, suave, alegre. Qual o segredo de Jesus? Exatamente o FAZER com e por AMOR. Jesus colocou um jugo diferente dos Fariseus: o Amor que se doa, que serve a todos, e que se entrega. Ele o tomou por primeiro ao carregar a cruz, sem praguejar, sem queixar-se, sem lamuriar-se e sem decepcionar-se com os homens que o condenaram.
Na comunidade há os que exigem e sempre reclamam, há os que querem dominar mas há outros que se entregam, se doam, sempre com alegria, tornando aquela ação prazerosa. Estes são os que fazem por amor, os que buscaram a Jesus e transformaram o peso insuportável das obrigações cristãs, na leveza do Amor que a todos ama e serve, exatamente como Jesus.
Na Comunidade nada façamos por mera obrigação, mas por amor, e chega de nos valorizarmos a todo o momento, afirmando ou pensando que, sem nós o trabalho não será feito. Que o nosso amor cristão se traduza unicamente em serviço, sempre feito na leveza do Amor, que gera em nós esta incontida e santa alegria no Senhor.
2. A ternura de Jesus
Estas palavras de Jesus são um dos mais belos, suaves e persuasivos convites ao seu seguimento. Elas são dirigidas a todas as pessoas em todos os tempos. Elas revelam seu coração compassivo e acolhedor a todos, comunicando vida e alegria. Os pequeninos, cansados e carregados de fardos são o povo oprimido e explorado pela tirania e ambição econômica do Templo e do império romano, e hoje pelo império estadunidense com seus aliados e comparsas.
"Vinde a mim, todos vós..." é um amplo chamado ao seguimento de Jesus, assim como foram chamados os primeiros discípulos. A adesão ao chamado é dada por todos aqueles que transformam seus corações na mansidão e na humildade. O jugo suave de Jesus é a renúncia à realização pessoal segundo os padrões de sucesso deste mundo, e a adesão às bem-aventuranças proclamadas no Sermão da Montanha, tais como a pobreza, a mansidão, a misericórdia, a paz e a fome e sede de justiça.
Este homem, manso e humilde de coração, é o próprio Deus conosco. É Deus que se faz homem e assim eleva a humanidade à condição divina, inserida na eternidade do amor de Deus. Este Jesus, manso e humilde de coração, é o Jesus do encontro, vem a nós e vamos a ele, no dia a dia. É o Jesus presente em nossa vida familiar, em nossa vida no mundo do trabalho, em nossa vida comunitária e na missão, comunicando alegria, conforto e paz a todos.
Oração
Pai, dá-me um coração manso e humildade, a exemplo de teu Filho Jesus, cujo testemunho de vida deve inspirar toda a minha ação.
3. O REPOUSO PROMETIDO
O Mestre Jesus propôs-se a romper um certo esquema religioso de sua época, no qual as pessoas viviam assoberbadas em cumprir uma enorme quantidade de minuciosas prescrições religiosas, não tendo tempo para as coisas essenciais. Evidentemente, quem penava, carregando pesados fardos, era o povo simples, ao passo que fariseus e doutores da Lei adaptavam as exigências legais às suas comodidades.
O jugo suave e o fardo leve anunciados por Jesus não consistiam na abolição pura e simples das exigências religiosas, mas sim, na sua substituição por uma outra pauta de ação: seguir o Mestre no caminho do amor compassivo e misericordioso ao próximo. Nada de preocupação com coisas secundárias, nem neurotização para cumprir, nos mínimos detalhes, as coisas prescritas. A libertação disto tudo aconteceria, ao se buscar viver o amor misericordioso como exigência fundamental, no processo de comunhão com Deus.
Por isso, existe uma profunda diferença entre os discípulos dos mestres da Lei e os discípulos de Jesus. Os primeiros penam, sob o pesado fardo das exigências da Lei. Os segundos fazem a experiência da paz e do repouso, ao se submeterem somente à lei do amor. Os primeiros são orientados por espíritos arrogantes e prepotentes. Os segundos experimentam a mansidão e a humildade de Jesus.
"Vinde a mim" é o apelo de Jesus a quem é escravizado pela religião.
Oração
Espírito de paz e de repouso, liberta-me do pesado jugo do legalismo, e faze-me abraçar o jugo suave e leve, que me leva a ser misericordioso para com o meu próximo.
Liturgia da Sexta-Feira
XV SEMANA DO TEMPO COMUM *
(VERDE – OFÍCIO DO DIA)
Antífona da entrada: Contemplarei, justificado, a vossa face; e serei saciado quando se manifestar a vossa glória (Sl 16,15).
Leitura (Isaías 38,1-6.21-22.7-8)
Leitura do livro do profeta Isaías.
38 1 Naquele tempo, Ezequias esteve doente, quase à morte. O profeta Isaías, filho de Amós, veio ter com ele e lhe disse: "Eis o que disse o Senhor: põe em ordem a tua casa porque vais morrer, não te restabelecerás". 
2 Então Ezequias voltou-se para a parede e se pôs a orar ao Senhor; 
3 "Senhor", disse ele, "lembrai-vos de que tenho andado diante de vós com lealdade, de todo o coração, segundo a vossa vontade". E chorava abundantemente. 
4 Depois a palavra do Senhor foi dirigida a Isaías nestes termos: 
5 "Vai dizer a Ezequias: eis o que diz o Senhor, o Deus de Davi, teu pai: 'Ouvi tua oração e vi tuas lágrimas, prolongarei tua vida por quinze anos, 
6 livrar-te-ei, a ti e a esta cidade, das mãos do rei da Assíria. Protegerei esta cidade'". 
21 Isaías disse então: "Que tragam um cataplasma de figos para aplicar sobre a úlcera, e Ezequias sarará". 
22 Ezequias disse: "Que sinal me garantirá que eu tornarei ao templo do Senhor?" 
7 "E eis o sinal, da parte do Senhor, para convencer-te de que cumprirá a promessa: 
8 farei a sombra recuar os dez graus que o sol já lhe fez descer no relógio solar de Acaz". E o sol voltou dez graus para trás. 
Salmo responsorial Is 38
Vós livrastes minha vida do sepulcro, 
a fim de eu não deixar de existir.
Eu dizia: "É necessário que eu me vá 
no apogeu de minha vida e de meus dias; 
para a mansão dos mortos descerei, 
sem viver o que me resta dos meus anos"
Eu dizia: "Não verei o Senhor Deus 
sobre a terra dos viventes nunca mais; 
nunca mais verei um homem neste mundo!"
Minha morada foi à força arrebatada, 
desarmada como a tenda de um pastor. 
Qual tecelão, eu ia tecendo a minha vida, 
mas agora foi cortada a sua trama.
Ó Senhor, meu coração em vós espera; 
por vós há de viver o meu espírito, 
Curai-me e conservai a minha vida.
Aclamação do Evangelho
Aleluia, aleluia, aleluia. 
Minhas ovelhas escutam minha voz, eu as conheço e elas me seguem (Jo 10,27)

EVANGELHO (Mateus 12,1-8)
Naquele tempo, 12 1 atravessava Jesus os campos de trigo num dia de sábado. Seus discípulos, tendo fome, começaram a arrancar as espigas para comê-las. 
2 Vendo isto, os fariseus disseram-lhe: "Eis que teus discípulos fazem o que é proibido no dia de sábado". 
3 Jesus respondeu-lhes: "Não lestes o que fez Davi num dia em que teve fome, ele e seus companheiros, 
4 como entrou na casa de Deus e comeu os pães da proposição? Ora, nem a ele nem àqueles que o acompanhavam era permitido comer esses pães reservados só aos sacerdotes. 
5 Não lestes na lei que, nos dias de sábado, os sacerdotes transgridem no templo o descanso do sábado e não se tornam culpados? 
6 Ora, eu vos declaro que aqui está quem é maior que o templo. 
7 Se compreendêsseis o sentido destas palavras: 'Quero a misericórdia e não o sacrifício'... não condenaríeis os inocentes. 
8 Porque o Filho do Homem é senhor também do sábado". 
COMENTÁRIOS DO EVANGELHO
1.“Os policiais da comunidade...”
A exemplo dos moralistas de plantão, os Fariseus eram naquele tempo, aquilo que poderia ser chamado hoje de “policiais da comunidade”, só de olho no que os outros fazem para poder acusa-los perante a autoridade. Claro que a Policia Militar faz esse trabalho, e os bons policiais o fazem com todo zelo, e se perceber uma atitude suspeita de alguém, imediatamente irá abordá-lo, pois faz parte do seu trabalho.
Os moralistas também agem dessa forma, seguem á risca a lei e julgam-se no direito de fiscalizar as demais pessoas, para que também o façam e não admitem que alguém venha a violar algum preceito da lei. Pessoas assim tornam-se insuportáveis para os outros, porque são como uma engrenagem sem lubrificante, são secas, rigorosas, até que um dia a “casa cai”, quando os outros descobrem que esse grupo só enganava, porque lhes faltava o essencial: o amor e a misericórdia na relação com os demais.
Esse grupo de Fariseus parece que tiravam o dia para “fiscalizar” as pessoas suspeitas, principalmente Jesus e seus discípulos e neste evangelho, em um dia de sábado o flagram colhendo espigas para comerem, pois no meio da caminhada sentiram fome. Querendo mostrar a Jesus o Santo caminho da Lei de Moisés (quanta pretensão) acusam os discípulos de estarem fazendo algo que é proibido em dia de sábado: trabalhar!
Jesus toma então alguém importante da História de Israel, o grande Rei Davi, de cuja estirpe viria o Messias, e mostra-lhes que o próprio Davi infligiu aquela lei, quando junto com seus companheiros entrou no templo e comeu dos pães sagrados, exclusivos dos sacerdotes. O ensinamento de Jesus é exatamente esse: que acima de qualquer lei está a Lei do Amor e da preservação da Vida, e toda lei autêntica deve ter ao centro a Vida do Homem. Jesus não revoga a Lei de Moisés, mas lembra de o que está no centro dela, e que os Fariseus há muito tinham esquecido. Não se coloque nenhuma Lei ou norma acima do amor e da misericórdia para com as pessoas.
Os membros dos nossos Conselhos Pastorais, bem como os Coordenadores e Cooperadores, devem estar atentos e muito abertos à Palavra de Deus, para que não se corrompam com o velho Farisaísmo, que tanto Jesus condenou.
2. Deus quer misericórdia
Jesus, agindo com liberdade em relação à Lei de Moisés, suscitava a repressão dos chefes religiosos de Israel. Entre rabinos e doutores da lei discutia-se sobre qual seria a principal observância da Lei.
A opinião majoritária inclinava-se para o repouso sabático. Ao sábado vinculava-se o culto nas sinagogas, espalhadas na diáspora, garantindo-se, assim, a frequência ao culto àqueles que estavam longe de Jerusalém, impossibilitados da assídua frequência ao Templo.
A observância do sábado decorria de um texto tardio do livro do Êxodo que afirmava: "Todo aquele que trabalhar neste dia será punido com a morte" (Ex 31,15; 35,2). É a expressão do sagrado acima e contra a vida.
O Templo e as observâncias legais estão superados por Jesus. A vontade de Deus é a prática da misericórdia que consolida o amor, promove a vida e gera a paz.
Oração
Senhor Jesus, livra-me de todo rigor no trato com os demais e dá-me um coração que coloque a misericórdia acima de tudo.
3. O IMPERATIVO DA VIDA
Jesus foi firme ao rebater as críticas dos fariseus quando viram os discípulos colhendo espigas de trigo e comendo-as, em dia de sábado. Para os fariseus, este fato configurava-se como um aberto desrespeito à Lei. E, pior ainda, praticado com a anuência do Mestre Jesus. Algo de errado estava acontecendo: alguém, pensando ensinar em nome de Deus, mostrava-se incapaz de respeitar uma Lei dada pelo mesmo Deus. Daí podia-se concluir, sem perigo de errar, que Jesus não vinha da parte de Deus.
Entretanto, este desrespeito à Lei de Deus era só aparente. Jesus estava em perfeita comunhão com Deus ao concordar que, quem estivesse com fome, podia encontrar um meio de saciá-la, mesmo atropelando uma Lei religiosa. O imperativo da vida estava perfeitamente de acordo com a vontade de Deus. Errado seria obrigar os discípulos do Mestre a desfalecer pelo caminho, embora tivessem alimento à mão, só porque a colheita estava no rol das atividades proibidas em dia de sábado.
O gesto de Jesus teve um antecedente no Antigo Testamento, na pessoa de Davi. Fugindo da perseguição de Saul, chegara faminto a um santuário, cujo sacerdote, na falta de outro pão, ofereceu ao fugitivo o pão consagrado, que só aos sacerdotes era permitido comer. Gesto sensato, pois o pão consagrado destinava-se a garantir a vida de um ser humano. Portanto, a atitude do sacerdote foi plenamente agradável a Deus. O mesmo aconteceu com Jesus!
Oração
Espírito de flexibilidade, que eu não seja contaminado pela subserviência à Lei, sabendo que, para Deus, o imperativo da vida é mais importante.
Liturgia do Sábado
XV SEMANA DO TEMPO COMUM *
(VERDE – OFÍCIO DO DIA)
Antífona da entrada: Contemplarei, justificado, a vossa face; e serei saciado quando se manifestar a vossa glória (Sl 16,15).
Leitura (Miquéias 2,1-5)
Leitura da profecia de Miqueias.
2 1 Ai dos maquinadores de iniqüidade, dos que tramam o mal nos seus leitos, e o executam logo ao amanhecer do dia, porque têm o poder na mão! 
2 Cobiçam as terras e apoderam-se delas, cobiçam as casas e roubam-nas; fazem violência ao homem e à sua família, ao dono e à sua herança. 
3 "Por isso", eis o que diz o Senhor: "medito um mal contra essa raça, do qual não livrareis o vosso pescoço. Não andareis mais com a cabeça erguida, porque será um tempo de calamidades; 
4 naquele dia compor-se-ão canções a vosso respeito, e cantar-se-á uma elegia: ´Estamos perdidos, dir-se-á; fizeram passar a outros parte de meu povo. Como ma arrebataram? Nossas terras foram divididas entre os rebeldes´. 
5 Por isso não haverá ninguém que estenda o cordel para ti sobre uma parte na assembléia do Senhor". 
Salmo responsorial 9B/10
O Senhor não se esquece do clamor dos aflitos.
Ó Senhor, por que ficais assim tão longe 
e, no tempo da aflição, vos escondeis, 
enquanto o pecador se ensoberbece, 
o pobre sofre e cai no laço do malvado?
O ímpio se gloria em seus excessos, 
blasfema o avarento e vos despreza; 
em seu orgulho ele diz: "Não há castigo! 
Deus não existe!" É isso mesmo que ele pensa.
Só há maldade e violência em sua boca, 
em sua língua, só mentira e falsidade. 
Arma emboscadas nas saídas das aldeias, 
mata inocentes em lugares escondidos.
Vós, porém, vedes a dor e o sofrimento, 
vós olhais e tomais tudo em vossas mãos! 
A vós o pobre se abandona confiante, 
sois dos órfãos vigilante protetor.
Aclamação do Evangelho
Aleluia, aleluia, aleluia. 
Em Cristo, Deus reconciliou consigo mesmo a humanidade; e a nós ele entregou esta reconciliação (2Cor 5,19).

Evangelho (Mateus 12,14-21)
12 14 Os fariseus saíram dali e deliberaram sobre os meios de matar Jesus. 
15 Jesus soube disso e afastou-se daquele lugar. Uma grande multidão o seguiu, e ele curou todos os seus doentes.
16 Proibia-lhes formalmente falar disso, 
17 para que se cumprisse o anunciado pelo profeta Isaías: 
18 "Eis o meu servo a quem escolhi, meu bem-amado em quem minha alma pôs toda sua a afeição. Farei repousar sobre ele o meu Espírito e ele anunciará a justiça aos pagãos. 
19 Ele não disputará, não elevará sua voz; ninguém ouvirá sua voz nas praças públicas. 
20 Não quebrará o caniço rachado, nem apagará a mecha que ainda fumega, até que faça triunfar a justiça. 
21 Em seu nome as nações pagãs porão sua esperança". 
COMENTÁRIOS DO EVANGELHO
1. ”Um Messias desconcertante...”
O Messianismo de Jesus, sua maneira de agir, desconcerta a todos. Os Fariseus estão convencidos de que ele não é o Messias e estão decididos a buscarem os meios para matá-lo, pois representa um perigo ás tradições de Israel.
O evangelho de hoje faz a clássica apresentação do Ungido segundo o Profeta Isaias, onde Jesus é o Servo de Deus, o Bem amado e querido do Pai, Aquele sobre quem repousa o Espírito e que anunciará a Justiça. Alguém que não irá entrar no “jogo” do poder que infestava até mesmo a religião, não elevará a voz, como fazem os que querem mandar e dominar, não fará ouvir sua voz nas praças.
Mas é o versículo final que traz algo inédito: Não quebrará o caniço rachado, nem apagará a mecha que ainda fumega, até que faça triunfar a Justiça...
Este perfil do Messias desconcertou até o Precursor João Batista, que havia anunciado, com um discurso muito rigoroso “O machado já está posto á raiz, e toda árvore que não produzir bons frutos, será cortada e lançada ao fogo”.  Enfim, anunciara um Messias implacável, vingador, com quem os maus, impuros e pecadores iriam se ver... E Jesus toca nos leprosos, cura os enfermos, abre os olhos aos cegos, e faz cois ainda pior, tem amizade com pecadores públicos, com Mulheres da Vida, como Madalena, e janta na casa deles. Por isso João mandou discípulos sondarem se Jesus era mesmo o Messias esperado... Até ele ficou com dúvidas.
O cristianismo autêntico nos dias de hoje continua a ser desconcertante, porque o Jesus da Pós Modernidade, que os espertalhões criaram, em nada se parece com Ungido de Deus, o Cristo Jesus Nosso Senhor, aquele que transforma a miséria humana em esperança, porque cura, ressuscita e liberta os que morreram pelo pecado.
2. Prática libertadora de Jesus
Em Jesus, Filho de Deus e filho de Maria, a humanidade é resgatada em sua dignidade e liberdade, no amor. Jesus, ao longo de seu ministério, manifestou seu amor vivificante, empenhando-se na libertação dos oprimidos pelo império romano e pelo poder religioso sediado no Templo de Jerusalém, com filiais nas sinagogas. Os evangelhos narram como os chefes religiosos de Israel, sentindo-se ameaçados em seu poder, empenham-se em condenar Jesus decidindo matá-lo.
Jesus, dedicando-se à formação dos discípulos, que continuarão sua missão, procura, no momento, evitar a própria morte. Porém, continua em contato com as multidões, com sua prática libertadora. Mateus, que escreve para uma comunidade de cristãos oriundos do judaísmo, associa Jesus ao messiânico Servo de Deus, descrito pelo profeta Isaías (II): "Eis o meu servo, que escolhi..." (Is 42,1-4).
Jesus é manso e humilde de coração e rejeita toda violência. Contudo, com absoluta firmeza, empenha-se em resgatar a dignidade humana, em seus direitos e em sua liberdade, denunciando toda opressão e comunicando vida e amor ao mundo.
Oração
Pai, meu único desejo é estar em comunhão contigo, para que, como Jesus, eu saiba discernir, em cada circunstância, a melhor maneira de agir.
3. O PREDILETO DE DEUS
Um texto do profeta Isaías, referente a um personagem anônimo chamado de "servo de Deus", serve de base para identificar o Messias Jesus e sua ação misericordiosa em favor da humanidade sofredora. A profecia de Isaías realizara-se quando Jesus "curava a todos" os que o seguiam, como servidor do Pai, mostrando-se misericordioso com os doentes e sofredores.
O profeta apresenta o servo como escolhido de Deus, o seu predileto. Deus sente agrado pelo modo simples e humilde de agir de seu servidor. Este está todo repleto do Espírito divino, que lhe dá forças para levar adiante sua missão. Não é irascível, nem violento. Convence por seu modo discreto de falar. Por cultivar a esperança, não se desespera enquanto pode perceber a mais ínfima possibilidade de conversão por parte de seus interlocutores. Em termos simbólicos, se a cana está rachada, não a quebra; se resta ainda uma pequena chama fumegante, não a apaga. Está absolutamente certo de que, um dia, a justiça triunfará. E todos os povos depositarão nele a sua esperança.
O servo anônimo do Antigo Testamento encontrava em Jesus uma perfeita manifestação histórica. O modelo de vida assumido por ele, ao longo de seu ministério, correspondeu àquele do servo. Em tudo o que fazia, visava, única e exclusivamente, agradar o Pai, por saber-se seu Filho predileto. Contudo, recusava as aclamações populares, mostrando-se, pelo contrário, compassivo e misericordioso com os marginalizados.
Oração
Espírito que leva a agradar a Deus, dá-me um coração de servidor, que se coloca a serviço da justiça e se mostra misericordioso com os sofredores.


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