segunda-feira, 13 de janeiro de 2014

Liturgia da 01ª semana comum Ano Par



 Segunda 13 de Janeiro de 2014

Antífona da entrada: Ergamos os nossos olhos para aquele que tem o céu como trono; a multidão dos anjos o adora, cantando a uma só voz: Eis aquele cujo poder é eterno.

Leitura (1 Samuel 1,1-8)

1 1 Havia em Ramataim-Sofim um homem das montanhas de Efraim, chamado Elcana, filho de Jeroão, filho de Eliu, filho de Tolu, filho de Suf, o efraimita.
2 Tinha ele duas mulheres, uma chamada Ana e outra Fenena. Esta última tinha filhos; Ana, porém, não os tinha.
3 Cada ano subia esse homem de sua cidade para adorar o Senhor dos exércitos e oferecer-lhe um sacrifício em Silo, onde se encontravam os dois filhos de Heli, Ofini e Finéias, sacerdotes do Senhor.
4 Cada vez que Elcana oferecia um sacrifício, dava porções à sua mulher Fenena, bem como aos filhos e filhas que ela teve;
5 a Ana, porém, dava uma porção dupla, porque a amava, embora o Senhor a tivesse tornado estéril.
6 Sua rival afligia-a duramente, provocando-a a murmurar contra o Senhor que a tinha feito estéril.
7 Isto se repetia cada ano quando ela subia à casa do Senhor; Fenena continuava provocando-a. Então, Ana punha-se a chorar e não comia.
8 Seu marido dizia-lhe: Ana, por que choras? Por que não comes? Por que estás triste? Não valho eu para ti como dez filhos?

Os livros de Samuel são talvez os mais modernos de toda a Sagrada Escritura. Neles, Deus faz-se presente ao homem, ao homem concreto, ao homem pecador mas também generoso, com todas as contradições que o caracterizam. Deus já não se revela diretamente. Mas está presente na piedade de David, na sua generosidade, no seu arrependimento. O homem é sacramento de Deus. Este humanismo caracteriza os livros de Samuel e o seu exemplo é o rei David, rodeado por uma coroa de outras personalidades concretas: Samuel, Saúl, Jónatas… Deus parece intervir quando parece que tudo tinha acabado. Israel fora derrotado, e parecia não haver salvação possível. Mas Deus continuava presente e activo no silêncio, no escondimento. A nação iria ressurgir. A mensagem da derrota será confiada a uma criança levada pela mãe para o templo. Mas a mesma criança terá por missão anunciar e preparar uma nova era. Samuel há-de ungir o primeiro rei de Israel. Ana conceberá e dará à luz um filho. Depois do pranto, virá a oração e a escuta da mesma por Deus. Samuel será uma das maiores figuras vetero-testamentárias de Jesus, no Qual se hão-se realizar as promessas de Deus.

Salmo responsorial 115/116

Oferto ao Senhor um sacrifício de louvor.

Que poderei retribuir ao Senhor Deus
por tudo aquilo que ele fez em meu favor?
Elevo o cálice da minha salvação,
invocando o nome santo do Senhor.

Vou cumprir minhas promessas ao Senhor
na presença de seu povo reunido.
Por isso oferto um sacrifício de louvor,
invocando o nome santo do Senhor.

Vou cumprir minhas promessas ao Senhor
na presença de seu povo reunido;
nos átrios da casa do Senhor,
em teu meio, ó cidade de Sião!

Evangelho (Marcos 1,14-20)

Aleluia, aleluia, aleluia.
Convertei-vos e crede no Evangelho, pois o reino de Deus está chegando! (Mc 1,15).

1 14 Depois que João foi preso, Jesus dirigiu-se para a Galiléia. Pregava o Evangelho de Deus, e dizia:
15 "Completou-se o tempo e o Reino de Deus está próximo; fazei penitência e crede no Evangelho."
16 Passando ao longo do mar da Galiléia, viu Simão e André, seu irmão, que lançavam as redes ao mar, pois eram pescadores.
17 Jesus disse-lhes: "Vinde após mim; eu vos farei pescadores de homens."
18 Eles, no mesmo instante, deixaram as redes e seguiram-no.
19 Uns poucos passos mais adiante, viu Tiago, filho de Zebedeu, e João, seu irmão, que estavam numa barca, consertando as redes. E chamou-os logo.
20 Eles deixaram na barca seu pai Zebedeu com os empregados e o seguiram.

Comentário ao Evangelho

OS SEGUIDORES DE JESUS
Dois traços marcaram o ministério de Jesus desde os seus primórdios. Jesus não foi um pregador solitário, apegado à tarefa recebida do Pai, sem partilhá-la com ninguém. Pelo contrário, ele quis contar com colaboradores que o ajudassem a levar a cabo sua missão. Os escolhidos foram pessoas simples, pescadores do lago da Galiléia, cujas vidas se transformaram totalmente a partir do encontro com o Senhor. Eles foram convidados a deixar tudo e seguirem o Senhor, que lhes deu como missão saírem pelo mundo atraindo as pessoas para Deus. Um horizonte novo despontou para eles. Mas, o desafio lançado por Jesus foi acolhido com generosidade. Nada os impediu de fazer a ruptura em favor de Jesus.
Outro traço do ministério de Jesus é que, ao chamar os discípulos e confiar-lhes uma missão, o Senhor deu a entender que sua obra deveria ser levada adiante e expandir-se a partir da sementinha lançada por ele. Jesus anunciou a chegada do Reino e realizou sinais indicadores de sua presença. No espaço de sua vida terrena, não se poupou no seu afã de fazer o Reino acontecer. Competiria aos discípulos levar adiante o anúncio da boa-nova, de modo que o apelo do Reino atingisse a todos sem distinção. O Senhor colocava diante deles um mar diferente, a humanidade inteira, onde a função de pescadores deveria ser continuada. Era hora de pescar muitas pessoas para Deus.

Oração
Senhor Jesus, reforça minha consciência de ter sido chamado para colaborar contigo na obra de proclamar a boa-nova do Reino a toda humanidade.


Terça 14 de Janeiro de 2014

Antífona da entrada: Ergamos os nossos olhos para aquele que tem o céu como trono; a multidão dos anjos o adora, cantando a uma só voz: Eis aquele cujo poder é eterno.

Leitura (1 Samuel 1,9-20)

1 9 Ana levantou-se, depois de ter comido e bebido em Silo. Ora, o sacerdote Heli estava sentado numa cadeira à entrada do templo do Senhor.
10 Ana, profundamente amargurada, orou ao Senhor e chorou copiosamente.
11 E fez um voto, dizendo: “Senhor dos exércitos, se vos dignardes olhar para a aflição de vossa serva, e vos lembrardes de mim; se não vos esquecerdes de vossa escrava e lhe derdes um filho varão, eu o consagrarei ao Senhor durante todos os dias de sua vida, e a navalha não passará pela sua cabeça”.
12 Prolongando ela sua oração diante do Senhor, Heli observava o movimento dos seus lábios.
13 Ana, porém, falava no seu coração, e apenas se moviam os seus lábios, sem se lhe ouvir a voz.
14 Heli, julgando-a ébria, falou-lhe: “Até quando estarás tu embriagada? Vai-te e deixa passar o teu vinho”.
15 “Não é assim, meu Senhor, respondeu ela, eu sou uma mulher aflita: não bebi nem vinho, nem álcool, mas derramo a minha alma na presença do Senhor.
16 Não tomes a tua escrava por uma pessoa frívola, porque é a grandeza de minha dor e de minha aflição que me fez falar até aqui”.
17 Heli respondeu: “Vai em paz, e o Deus de Israel te conceda o que lhe pedes”.
18 “Encontre a tua serva graça aos teus olhos”, ajuntou ela. A mulher se foi, comeu, e o seu rosto não era mais o mesmo.
19 No dia seguinte pela manhã, prostraram-se diante do Senhor, e voltaram para a sua casa em Ramá.
20 Elcana conheceu Ana, sua mulher, e o Senhor lembrou-se dela. Ana concebeu, e, passado o seu tempo, deu à luz um filho que chamou Samuel; porque, dizia, “eu o pedi ao Senhor”.


I Samuel - 1, 9-20 - “ a amargura da mulher estéril”

Para nós o exemplo de Ana é muito edificante, porque nos ensina a pedir a Deus, com humildade e confiança, tudo o que Ele pode nos conceder e a buscar com afinco aquilo que o nosso coração deseja. Derramando lágrimas como uma forma de expressar todo o seu desespero e com o coração angustiado e aflito, Ana resolveu, finalmente, suplicar o auxílio de Deus por causa da sua esterilidade, o seu grande sofrimento. Diante do Senhor ela expôs a sua amargura e num gesto concreto de confiança prometeu-Lhe ofertar o filho homem que dela poderia nascer. Ana não se intimidou diante do sacerdote Eli, que a julgou uma mulher perdida, por causa do seu aspecto, mas esclareceu a sua angústia e foi por ele abençoada. Da mesma forma nós aprendemos com Ana a esclarecer as dúvidas quando outras pessoas nos julgarem pelas aparências. Ao invés de ressentir-se ela se defendeu e alcançou a graça de ser por ele abençoada. Muitas vezes nós nos ofendemos quando as pessoas nos julgam mal, porém não tentamos esclarecer o equívoco e levamos a mágoa no coração impedindo que a graça do Senhor atue em nós. Precisamos, portanto, abrir o nosso coração para aqueles que nos julgam erroneamente por ignorância: depois que Ana conseguiu se explicar com Eli, ela voltou para casa e o seu semblante já não era mais o mesmo. O Senhor escutou a prece de Ana e ela foi atendida! “Ana concebeu e, no devido tempo, deu à luz um filho e chamou-o Samuel!” Não podemos desanimar nem deixar de confiar na intervenção de Deus para conseguirmos as coisas difíceis da nossa vida. Muitas vezes podemos ser julgados pelos homens apenas pelos nossos gestos, mas Deus está atento às nossas necessidades.

Salmo responsorial 1Sm 2

Meu coração se alegrou em Deus, meu salvador.

Exulta no Senhor meu coração,
e se eleva a minha fonte no meu Deus;
minha boca desafia os meus rivais
porque me alegro com a vossa salvação.

O arco dos fortes foi dobrado, foi quebrado,
mas os fracos se vestiram de vigor.
Os saciados se empregaram por um pão,
mas os pobres e os famintos se fartaram.
Muitas vezes deu à luz a que era estéril,
mas a mãe de muitos filhos definhou.

É o Senhor quem dá a morte e dá a vida,
faz descer à sepultura e faz voltar;
é o Senhor quem faz o pobre e faz o rico,
é o Senhor quem nos humilha e nos exalta.

O Senhor ergue do pó o homem fraco,
e do lixo ele retira o indigente,
para fazê-los assentar-se com os nobres
nem lugar de muita honra e distinção.

Salmo – 1 Samuel 2 – “Meu coração se alegrou em Deus, meu salvador!”

O salmo faz uma apologia do poder de Deus sobre as criaturas e coloca em evidência as bênçãos que recebem aqueles (as) que são mais fracos (as), os pobres, os famintos, os incapazes, porque confiam no Senhor. Quando nós temos consciência de que tudo vem de Deus, a morte e a vida, a riqueza e a pobreza, nós aprendemos a confiar em que todas as coisas que nos acontecem têm um sentido maior. Por isso, o nosso coração exulta e a nossa boca desafia àqueles que se acham “fortes”.

Evangelho (Marcos 1,21-28)

Aleluia, aleluia, aleluia.
Acolhei a palavra de Deus não como palavra humana, mas como mensagem de Deus, o que ela é, em verdade! (1Ts 2,13).
.
1 21 Jesus e seus discípulos dirigiram-se para Cafarnaum. E já no dia de sábado, Jesus entrou na sinagoga e pôs-se a ensinar.
22 Maravilhavam-se da sua doutrina, porque os ensinava como quem tem autoridade e não como os escribas.
23 Ora, na sinagoga deles achava-se um homem possesso de um espírito imundo, que gritou:
24 "Que tens tu conosco, Jesus de Nazaré? Vieste perder-nos? Sei quem és: o Santo de Deus!
25 Mas Jesus intimou-o, dizendo: "Cala-te, sai deste homem!"
26 O espírito imundo agitou-o violentamente e, dando um grande grito, saiu.
27 Ficaram todos tão admirados, que perguntavam uns aos outros: "Que é isto? Eis um ensinamento novo, e feito com autoridade; além disso, ele manda até nos espíritos imundos e lhe obedecem!"
28 A sua fama divulgou-se logo por todos os arredores da Galiléia.

Comentário ao Evangelho

VENCENDO O MAL
O Reino anunciado por Jesus provocou as fôrças do mal que reagiram de imediato. Sua pregação desmascarava a malignidade de tudo quanto redundava em escravidão para o ser humano e o impedia de se realizar e ser feliz. Jesus se sabia destinado a libertar os oprimidos e escravizados pelas forças diabólicas do mal.
Evidentemente, o processo de libertação não era fácil. Por um lado, os opressores não queriam abrir mão de suas intenções e métodos. Por outro lado, os oprimidos acabavam por se acostumar à sua situação, já não fazendo mais caso dela.
A libertação começava quando o escravo do mal se insurgia contra sua situação, com a ajuda de Jesus. Tratava-se de uma terrível luta interior! Às vezes, se pensava que a presença de Jesus só servisse para perturbar. Ele, porém, não se deixava intimidar e sua presença purificava o ser humano dos espíritos imundos que o flagelavam e contaminavam. Livres de toda escravidão, os beneficiários de Jesus tornavam-se sinal do poder efetivo do Reino.
Toda a vida de Jesus foi perpassada de luta contra as forças demoníacas do mal. Com sua palavra, ele as desarticulava, fazendo o Reino dar seus frutos na história humana. Jesus não cruzava os braços ao se deparar com quem era vítima do mal e do pecado. Sua presença fazia o dinamismo libertador do Reino entrar em ação.

Oração
Senhor Jesus, afasta para longe de mim o mal que me impede de ser livre e fazer-me servidor do Reino.


Quarta 15 de Janeiro de 2014

Antífona da entrada: Ergamos os nossos olhos para aquele que tem o céu como trono; a multidão dos anjos o adora, cantando a uma só voz: Eis aquele cujo poder é eterno.

Leitura (1 Samuel 3,1-10.19-20)

3 1 O jovem Samuel servia ao Senhor sob os olhos de Heli. a palavra do Senhor era rara naqueles dias, e as visões não eram freqüentes.
2 Ora, aconteceu certo dia que Heli estava deitado (seus olhos tinham-se enfraquecido, e ele mal podia ver),
3 e a lâmpada de Deus ainda não se apagara. Samuel repousava no templo do Senhor, onde se encontrava a arca de Deus.
4 O Senhor chamou Samuel, o qual respondeu: “Eis-me aqui”.
5 Samuel correu para junto de Heli e disse: “Eis-me aqui: chamaste-me”. “Não te chamei, meu filho, torna a deitar-te”. Ele foi e deitou-se.
6 O Senhor chamou de novo Samuel. Este levantou-se e veio dizer a Heli: “Eis-me aqui, tu me chamaste”. “Eu não te chamei, meu filho, torna a deitar-te”.
7 Samuel ainda não conhecia o Senhor; a palavra do Senhor não lhe tinha sido ainda manifestada.
8 Pela terceira vez o Senhor chamou Samuel, que se levantou e foi ter com Heli: “Eis-me aqui, tu me chamaste”. Compreendeu então Heli que era o Senhor quem chamava o menino.
9 “Vai e torna a deitar-te”, disse-lhe ele, “e se ouvires que te chamam de novo, responde: ‘Falai, Senhor; vosso servo escuta!’” Voltou Samuel e deitou-se.
10 Veio o Senhor pôs-se junto dele e chamou-o como das outras vezes: “Samuel! Samuel!” “Falai”, respondeu o menino; “vosso servo escuta!”
19 Samuel crescia, e o Senhor estava com ele. Ele não negligenciava nenhuma de suas palavras.
20 Todo o Israel, desde Dã até Bersabéia, reconheceu que Samuel era um profeta do Senhor.


Samuel é uma das figuras mais significativas do Antigo Testamento, uma figura plurifacetada: sacerdote, profeta e juiz. É protagonista da transição da fase das tribos para o regime monárquico.
A vocação de Samuel está enquadrada num contexto de simplicidade e sublimidade, serenidade e dramatismo, silêncio e eloquência, quietude e dinamismo. A mãe tinha-o oferecido a Deus para o serviço do templo. Aí permaneceu silencioso e escondido durante alguns anos. Agora o Senhor chama-o, durante a noite, - «A lâmpada de Deus ainda não se tinha apagado e» v. 3, - tempo propício para a revelação, pois não havia o ruído das coisas, descansavam os sentidos do corpo e estavam mais sensíveis os da alma. O Senhor chama três, quatro vezes: «Samuel! Samuel!». Um chamamento divino nunca é anónimo. Dirige-se sempre a uma pessoa concreta, a uma pessoa que Deus ama. Samuel ainda não é capaz de reconhecer imediatamente a voz de Deus. Por isso, o Senhor usa uma pedagogia adaptada: chama gradualmente, dá tempo ao homem, repete o chamamento… À terceira vez, entra em cena um intermediário, Eli, que ajuda Samuel a reconhecer a voz de Deus. As mediações humanas são importantes para sairmos da dúvida, da incerteza. Samuel escuta Eli e faz-se totalmente disponível para Deus: «Fala, Senhor; o teu servo escuta!» (v. 9).
Samuel evoca, em várias situações, a figura de João Baptista. Lucas sublinha esses paralelismos: em ambos os casos estamos em ambiente sacerdotal, e ambas as anunciações acontecem no santuário; nos dois casos, as mães são estéreis e os filhos são consagrados nazireus Lc 1, 7. 15-17.25. Mas o mais forte paralelismo talvez esteja no facto de ambos anunciarem uma nova fase da história da salvação. João Baptista é o último dos profetas e anuncia a plenitude dos tempos. Samuel é o primeiro dos profetas e consagra os inícios da monarquia, onde ocupa papel de destaque a dinastia de David, da qual havia de nascer o Messias.

Salmo responsorial 39/40

Eis que venho fazer, com prazer,
a vossa vontade, Senhor!


Esperando, esperei no Senhor,
e, inclinando-se, ouviu meu clamor.
É feliz que a Deus se confia;
quem não segue os que adoram os ídolos
e se perdem por falsos caminhos.

Sacrifício e oblação não quisestes,
mas abristes, Senhor, meus ouvidos;
não pedistes ofertas nem vítimas,
holocaustos por nossos pecados.
E então eu vos disse: “Eis que venho!”

Sobre mim está escrito no livro:
“Com prazer faço a vossa vontade,
guardo em meu coração vossa lei!”

Boas-novas de vossa justiça
anunciei numa grande assembléia;
vós sabeis: não fechei os meus lábios!

Evangelho (Marcos 1,29-39)

Aleluia, aleluia, aleluia.
Minhas ovelhas escutam minha voz, e as conheço e elas me seguem (Jo 10,27).

1 29 Assim que saíram da sinagoga, Jesus, com Tiago e João, dirigiu-se à casa de Simão e André.
30 A sogra de Simão estava de cama, com febre; e sem tardar, falaram-lhe a respeito dela.
31 Aproximando-se ele, tomou-a pela mão e levantou-a; imediatamente a febre a deixou e ela pôs-se a servi-los.
32 À tarde, depois do pôr-do-sol, levaram-lhe todos os enfermos e possessos do demônio. 33 Toda a cidade estava reunida diante da porta.
34 Ele curou muitos que estavam oprimidos de diversas doenças, e expulsou muitos demônios. Não lhes permitia falar, porque o conheciam.
35 De manhã, tendo-se levantado muito antes do amanhecer, ele saiu e foi para um lugar deserto, e ali se pôs em oração.
36 Simão e os seus companheiros saíram a procurá-lo.
37 Encontraram-no e disseram-lhe: "Todos te procuram."
38 E ele respondeu-lhes: "Vamos às aldeias vizinhas, para que eu pregue também lá, pois, para isso é que vim."
39 Ele retirou-se dali, pregando em todas as sinagogas e por toda a Galiléia, e expulsando os demônios.

Comentário ao Evangelho

O PODER DE CURAR
O poder taumatúrgico de Jesus chamava a atenção de todos. Por onde passava, atraía multidões de pessoas que recorriam a ele em busca de cura para suas doenças e enfermidades. E ninguém ficava sem ser atendido.
Os milagres de Jesus, entretanto, nada tinham de exibicionismo. Seu poder de curar não o transformava em milagreiro ambulante, a serviço do interesse e da curiosidade alheia. Talvez, houvesse quem se aproximasse dele com esta visão deturpada de sua ação. Mas, ele manteve até o fim sua pureza de intenção.
Os milagres de Jesus estavam em função de seu serviço ao Reino. Através deles, ficava patente que o Reino estava acontecendo em forma de recuperação da saúde e de tudo quanto mantinha cativo o ser humano. O Reino, por conseguinte, se concretizava em forma de saúde e libertação desencadeadas pela ação de Jesus.
Os benefícios do poder de Jesus chegavam a todos indistintamente. Jesus não se perguntava se a pessoa era digna ou não de ser beneficiada por ele. Importava-lhe apenas o fato de ter diante de si alguém carente de vida, em quem o Reino podia dar seus frutos. Por isso, não se recusava a acolher ninguém e fazê-lo participar da vida recebida do Pai, para ser partilhada com a humanidade.

Oração
Senhor Jesus, recupera em mim a vida e a liberdade, fazendo assim o Reino acontecer na minha existência.


Quinta 16 de Janeiro de 2014

Antífona da entrada: Ergamos os nossos olhos para aquele que tem o céu como trono; a multidão dos anjos o adora, cantando a uma só voz: Eis aquele cujo poder é eterno.

Leitura (1 Samuel 4,1-11)

4 1 A palavra de Samuel foi dirigida a todo o Israel. Israel saiu ao encontro dos filisteus para combatê-los. Acamparam junto de Eben-Ezer, enquanto os filisteus acampavam em Afec.
2 Os inimigos puseram-se em linha de batalha diante de Israel e começou o combate. Israel voltou as costas aos filisteus, e foram mortos naquele combate cerca de quatro mil homens.
3 O povo voltou ao acampamento e os anciãos de Israel disseram: “Por que nos deixou o Senhor sermos batidos hoje pelos filisteus? Vamos a Silo e tomemos a arca da aliança do Senhor, para que ela esteja no meio de nós e nos livre da mão de nossos inimigos”.
4 O povo mandou, pois, buscar em Silo a arca da aliança do Senhor dos exércitos, que se senta sobre querubins. Os dois filhos de Heli, Ofni e Finéias, acompanhavam a arca da aliança de Deus.
5 Quando a arca do Senhor entrou no acampamento, todo o Israel rompeu num grande clamor, que fez tremer a terra.
6 Os filisteus, ouvindo-o, disseram: “Que significa esse grande clamor no acampamento dos hebreus?” E souberam que a arca do Senhor tinha chegado ao acampamento.
7 Então tiveram medo e disseram: “Deus chegou ao acampamento. Ai de nós! Até agora nunca se viu coisa semelhante!
8 Ai de nós! Quem nos salvará da mão destes deuses poderosos? São eles que feriram os egípcios com toda a sorte de pragas no deserto.
9 Coragem, ó filisteus! Portai-vos varonilmente, não suceda que sejais escravizados aos hebreus como eles o são a vós. Sede homens e combatei”.
10 Começaram a luta e Israel foi derrotado, fugindo cada um para a sua tenda. Houve um espantoso massacre, tendo caído de Israel trinta mil homens de pé.
11 A arca de Deus foi tomada e os dois filhos de Heli, Ofni e Finéias, pereceram.


O povo de Israel comandado pelos filhos do sacerdote Eli, se acomodou diante da presença da Arca da Aliança pensando que ela iria tirá-los das mãos do inimigo. Comemoraram antes do tempo, fizeram um grande clamor, mas seguindo os passos dos dois filhos de Eli, não largaram as más ações. Diante disso, nós podemos tomar como exemplo de que não nos adianta confiar em Deus e agir contra a Sua vontade. Precisamos dar passos de conversão para não continuarmos os mesmos. Deus não é mágico, nem milagreiro. Ele precisa da nossa adesão total. A guerra é espiritual e o inimigo nos ronda com toda força, armado até os dentes. É imperioso que estejamos atentos (as) à presença do Senhor, porém, não nos basta que Ele esteja presente se nós continuarmos ausentes, cuidando de nós mesmos. Não adianta também Deus estar conosco se nós não consentirmos que Ele aja em nós para nos modificar. Enquanto estivermos dando brecha ao inimigo, ele nos vencerá. A derrota de Israel serve de lição para nós: somos povo de Deus, mas Ele conta com a nossa participação.

Salmo responsorial 43/44

Libertai-nos, Senhor, pela vossa compaixão!

Porém, agora nos deixastes e humilhastes,
já não saís com nossas tropas para a guerra!
Vós nos fizestes recuar ante o inimigo,
os adversário nos pilharam à vontade.

De nós fizestes o escárnio dos vizinhos,
zombaria e gozação dos que nos cercam;
para os pagãos somos motivo de anedotas,
zombam de nós a sacudir sua cabeça.

Levantai-vos, ó Senhor, por que dormis?
Despertai! Não nos deixeis eternamente!
Por que nos escondeis a vossa face
e esqueceis nossa opressão, nossa miséria?

Salmo 43 – “Libertai-nos, Senhor pela vossa compaixão!”

O salmista expressa a agonia do homem que se sente abandonado por Deus por causa do pecado. Nestes momentos nós nos sentimos completamente humilhados e cheios de vergonha, no entanto, na verdade, é o momento em que o Senhor mais quer nos amparar. O pecado nos afasta da graça e faz com que nós nos sintamos nus diante de Deus, porém se confiarmos na Sua misericórdia e compaixão sentiremos novamente a paz e a alegria, sinais da Sua presença e do Seu amor.

Evangelho (Marcos 1,40-45)

Aleluia, aleluia, aleluia.
Jesus pregava a boa-nova, o reino anunciando, e curava toda espécie de doenças entre o povo (Mt 4,23).


1 40 Aproximou-se de Jesus um leproso, suplicando-lhe de joelhos: "Se queres, podes limpar-me."
41 Jesus compadeceu-se dele, estendeu a mão, tocou-o e lhe disse: "Eu quero, sê curado."
42 E imediatamente desapareceu dele a lepra e foi purificado.
43 Jesus o despediu imediatamente com esta severa admoestação:
44 "Vê que não o digas a ninguém; mas vai, mostra-te ao sacerdote e apresenta, pela tua purificação, a oferenda prescrita por Moisés para lhe servir de testemunho."
45 Este homem, porém, logo que se foi, começou a propagar e divulgar o acontecido, de modo que Jesus não podia entrar publicamente numa cidade. Conservava-se fora, nos lugares despovoados; e de toda parte vinham ter com ele.

Comentário ao Evangelho

Jesus age hoje como agia no tempo em quem andava por aqui. Quando acreditamos, pedimos, suplicamos, de coração, Ele realiza. Precisamos abrir a nossa boca e o nosso coração para manifestar a Ele os nossos desejos. O leproso deu uma prova de fé e humildade ao condicionar a sua cura ao querer de Jesus. Por isso, Jesus cheio de compaixão confirmou o desejo de libertar aquele homem da sua enfermidade. O querer de Deus está condicionado à sinceridade do nosso coração, nosso anseio interior. Deus habita no nosso coração e sabe realmente qual é a nossa intenção e a nossa disposição. Deus sempre quer nos curar, na hora certa, Ele age. O leproso é o pecador que se aproxima de Jesus consciente do seu pecado, mas confiante na misericórdia do Pai. É assim que Jesus olha para cada um de nós que arrependido, se aproxima dele com confiança. Ele nos conhece, sabe dos nossos motivos e nos perdoa, porém nos alerta: “vai, mostra-te ao sacerdote e oferece algo pela tua purificação” Somos curados, para amar e servir a Deus segundo adiante na nossa vida, fazendo o mesmo que Jesus: olhar com compaixão e bondade para aqueles que também precisam de cura.
Oração
Senhor Jesus, possa eu descobrir no teu poder taumatúrgico sua verdadeira identidade de Filho, servidor da humanidade.

Sexta 17 de Janeiro de 2014

Antífona da entrada: O justo florescerá como a palmeira; crescerá como o cedro do Líbano, plantado na casa do Senhor, nos átrios de nosso Deus (Sl 91,13s).

Leitura (1 Samuel 8,4-7.10-22)

8 4 Todos os anciãos de Israel vieram em grupo ter com Samuel em Ramá,
5 e disseram-lhe: “Estás velho e teus filhos não seguem as tuas pisadas. Dá-nos um rei que nos governe, como o têm todas as nações”.
6 Estas palavras: “Dá-nos um rei que nos governe”, desagradaram a Samuel, que se pôs em oração diante do Senhor.
7 O Senhor disse-lhe: “Ouve a voz do povo em tudo o que te disseram. Não é a ti que eles rejeitam, mas a mim, pois já não querem que eu reine sobre eles”.
10 Referiu Samuel todas as palavras do Senhor ao povo que reclamava um rei:
11 “Eis”, disse ele, “como vos há de tratar o vosso rei: tomará os vossos filhos para os seus carros e sua cavalaria, ou para correr diante do seu carro.
12 Fará deles chefes de mil e chefes de cinqüenta, empregá-los-á em suas lavouras e em suas colheitas, na fabricação de suas armas de guerra e de seus carros.
13 Fará de vossas filhas suas perfumistas, cozinheiras e padeiras.
14 Tomará também o melhor de vossos campos, de vossas vinhas e de vossos olivais, e dá-los-á aos seus servos.
15 Tomará também o dízimo de vossas semeaduras e de vossas vinhas para dá-los aos seus eunucos e aos seus servos.
16 Tomará também vossos servos e vossas servas, vossos melhores bois e vossos jumentos, para empregá-los no seu trabalho.
17 Tomará ainda o dízimo de vossos rebanhos, e vós mesmos sereis seus escravos.
18 E no dia em que clamardes ao Senhor por causa do rei, que vós mesmos escolhestes, o Senhor não vos ouvirá”.
19 O povo recusou ouvir a voz de Samuel. “Não”, disseram eles; “é preciso que tenhamos um rei!
20 Queremos ser como todas as outras nações; o nosso rei nos julgará, marchará à nossa frente e será nosso chefe na guerra”.
21 Samuel ouviu todas as palavras do povo e referiu-as ao Senhor.
22 E respondeu-lhe o Senhor: “Ouve-os; dá-lhes um rei”. Samuel disse aos israelitas: “Volte cada um para a sua cidade”.


Em Israel existiam duas correntes: uma a favor da monarquia e outra contra a monarquia. Acabou por vencer a corrente favorável à monarquia e Deus, diríamos nós, condescendeu com a nova forma de governo e converteu-a em meio para levar por diante a obra da salvação (cf. 1 Sam 1, 12).
A corrente antimonárquica apontava as consequências sociais da instituição da monarquia: enriquecimento da família real e dos nobres à custa do povo, que será cada vez mais pobre. Os profetas apontam o dedo contra esses abusos. Basta lembrar as censuras de Natã a David (2 Sam 12), as de Elias a Acab e Jesabel (1 Re 21). Vários reis favorecem a idolatria, ou não tomam medidas eficazes contra ela. A monarquia pressupõe a secularização da concepção teocrática da comunidade israelita, que assim entra no jogo político do Médio Oriente, facto que trará descalabro e desastres sucessivos. O povo já não confia unicamente em Deus. Quer um rei como as outras nações. Quer certezas, garantias mais evidentes. Só um rei poderá realizar a união das tribos. Deus condescende e exorta Samuel a dar um rei ao povo.
As consequências negativas não se fazem esperar. Então, nasce o profetismo. Os profetas censuram com frequência as injustiças, a paganização do culto, a política de alianças com as grandes potências do Médio Oriente. Os autores sagrados fazem uma avaliação pessimista e negativa da instituição monárquica.

Salmo responsorial 88/89

Ó Senhor, eu cantarei eternamente o vosso louvor.

Quão feliz é aquele povo que conhece a alegria;
seguirá pelo caminho, sempre à luz de vossa face!
Exultará de alegria em vosso nome dia a dia
e, com grande entusiasmo, exaltará vossa justiça.

Pois sois vós, ó Senhor Deus, a sua força e sua glória,
é por vossa proteção que exaltais nossa cabeça.
Do Senhor é o nosso escudo, ele é nossa proteção,
ele reina sobre nós, é o santo de Israel.

Evangelho (Marcos 2,1-12)

Aleluia, aleluia, aleluia.
Um grande profeta surgiu entre nós e Deus visitou o seu povo, aleluia (Lc 7,16).

2 1 Alguns dias depois, Jesus entrou novamente em Cafarnaum e souberam que ele estava em casa.
2 Reuniu-se uma tal multidão, que não podiam encontrar lugar nem mesmo junto à porta. E ele os instruía.
3 Trouxeram-lhe um paralítico, carregado por quatro homens.
4 Como não pudessem apresentar-lho por causa da multidão, descobriram o teto por cima do lugar onde Jesus se achava e, por uma abertura, desceram o leito em que jazia o paralítico.
5 Jesus, vendo-lhes a fé, disse ao paralítico: "Filho, perdoados te são os pecados."
6 Ora, estavam ali sentados alguns escribas, que diziam uns aos outros:
7 "Como pode este homem falar assim? Ele blasfema. Quem pode perdoar pecados senão Deus?"
8 Mas Jesus, penetrando logo com seu espírito tios seus íntimos pensamentos, disse-lhes: "Por que pensais isto nos vossos corações?
9 Que é mais fácil dizer ao paralítico: Os pecados te são perdoados, ou dizer: Levanta-te, toma o teu leito e anda?
10 Ora, para que conheçais o poder concedido ao Filho dó homem sobre a terra (disse ao paralítico),
11 eu te ordeno: levanta-te, toma o teu leito e vai para casa."
12 No mesmo instante, ele se levantou e, tomando o. leito, foi-se embora à vista de todos. A, multidão inteira encheu-se de profunda admiração e puseram-se a louvar a Deus, dizendo: "Nunca vimos coisa semelhante."

Comentário ao Evangelho

O PODER DA FÉ
Os gestos poderosos realizados por Jesus pressupunham a fé por parte de quem era se beneficiava deles. Não eram gestos mágicos, cujos efeitos independiam da liberdade humana. Antes, fluíam de uma relação com Jesus, onde o amor se manifestava em forma de misericórdia.
Jesus defrontou-se com muitas pessoas cujas expressões de fé o sensibilizavam. A fé do homem carente de cura para sua paralisia e de seus ajudantes foi claramente observada por Jesus. Ela não foi expressa com palavras, mas se escondeu atrás da sucessão de gestos que os fizeram chegar até Jesus. A fé os moveu a procurar Jesus como única possibilidade de solução para aquela grave doença. Levou-os a recorrer a um caminho difícil e perigoso para atingir seu objetivo. Deu ao doente uma certeza tal no poder de Jesus, a ponto de não hesitar em cumprir a ordem recebida, levantando-se e indo embora carregando o leito onde jazia. Na raiz do milagre, portanto, estava uma fé entranhada em Jesus.
Muitos, ao contemplarem o milagre, puseram-se a louvar a Deus que ofereceu à humanidade um dom tão excelente. Os milagres, todavia, tinham um objetivo mais radical: levar ao reconhecimento de Jesus como Filho de Deus. Em outras palavras, eles visavam suscitar a fé em Jesus e o seu seguimento.

Oração
Senhor Jesus, suscita no meu coração uma fé profunda em ti que me faça capaz de experimentar a grandeza de tua misericórdia.


Sábado 18 de Janeiro de 2014

Antífona da entrada: Ergamos os nossos olhos para aquele que tem o céu como trono; a multidão dos anjos o adora, cantando a uma só voz: Eis aquele cujo poder é eterno.

Leitura (1 Samuel 9,1-4.17-19; 10,1)

9 1 Havia um homem de Benjamim, chamado Cis, filho de Abiel, filho de Seror, filho de Becorat, filho de Afia, de família benjaminita, que era um homem valente.
2 Tinha um filho chamado Saul, que era jovem e belo. Não havia em Israel outro mais belo do que ele; dos ombros para cima sobressaía a todo o povo.
3 Tendo-se perdido as jumentas de Cis, pai de Saul, disse aquele ao seu filho: “Toma um servo contigo e vai procurar as jumentas”.
4 Saul atravessou a montanha de Efraim e entrou na terra de Salisa, sem nada encontrar; percorreu a terra de Salim, mas em vão. Na terra de Benjamim não as encontrou tampouco.
17 Quando Samuel viu Saul, Deus disse-lhe: “Eis o homem de quem te falei: este reinará sobre o meu povo”.
18 Saul aproximou-se de Samuel à porta da cidade e disse-lhe: “Rogo-te que me digas onde é a casa do vidente”.
19 “Sou eu mesmo o vidente”, respondeu Samuel; “sobe na minha frente ao lugar alto; comereis hoje comigo. Amanhã te deixarei partir, depois de ter revelado a ti tudo o que tens no coração”.
10 1 Samuel tomou um pequeno frasco de óleo e derramou-o na cabeça de Saul; beijou-o e disse: “O Senhor te confere esta unção para que sejas chefe da sua herança”.


Saul jovem e belo, filho de um homem valente foi o escolhido de Deus para ser o rei de Israel. Ele era da tribo de Benjamim a menor de Israel. Samuel, profeta do Senhor, foi incumbido para encontrar e ungir um rei para Israel. Por “acaso” e por causa de algumas jumentas que se perderam, eles dois se encontraram. Samuel estava atento aos sinais do Senhor e logo percebeu quando Ele lhe disse: “Este é o homem de quem te falei. Ele reinará sobre o meu povo”. Samuel não relutou nem duvidou quanto às circunstâncias do encontro, mas sem demoras aproximou-se de Saul e prometeu-lhe “revelar tudo o que o Senhor já havia colocado no seu coração”. Deus, por meio do profeta revela o que Ele mesmo já colocara no coração de Saul. É assim a metodologia do Senhor para as Suas escolhas. Ele nunca nos pedirá algo que não tenha colocado no nosso coração, porque Ele dá o querer e a capacidade para que possamos realizar o que nos propõe. O Senhor sempre escolhe a pessoa apropriada, segundo o Seu pensamento, para tomar conta da Sua herança, que é o Seu povo. A unção de Deus confere ao homem a missão, a autoridade e a capacidade. Cabe a cada um de nós, quando formos escolhidos, usarmos toda a potencialidade que Ele nos confere e cumprir com a nossa parte na missão. Dentro da nossa casa, na nossa família, na comunidade, no trabalho, na Igreja, no mundo, nós também somos escolhidos (as) para governar o povo de Deus aqui na terra, mesmo que não
sejamos alguém muito preparado (a) intelectualmente, nem sejamos os
“melhores”. Para isso, o Senhor nos unge com o óleo santo do Seu amor, nos concede o Espírito Santo e confia que nós também possamos livrar as pessoas que dependem de nós das mãos dos inimigos que estão ao seu redor.

Salmo responsorial 20/21

Ó Senhor, em vossa força o rei se alegra.

Ó Senhor, em vossa força o rei se alegra;
quando exulta de alegria em vosso auxílio!
O que sonhou seu coração, lhe concedestes;
não recusastes os pedidos de seus lábios.

Com bênção generosa o preparastes;
de ouro puro coroastes sua fronte.
A vida ele pediu e vós lhe destes,
longos dias, vida longa pelos séculos.

É grande a sua glória em vosso auxílio;
de esplendor e majestade o revestistes.
Transformastes o seu nome numa bênção
e o cobristes de alegria em vossa face.

Salmo 20 – “Ó Senhor, em vossa força o rei se alegra.”

O salmo expressa a gratidão dos escolhidos de Deus e a alegria que sentem
aqueles que atendem ao chamado do Senhor. Todos nós temos gravado no
coração o desígnio para o qual fomos criados e viemos a este mundo. Somos
preparados para a missão e recebemos do Senhor bênção generosa, vida longa,
glória e esplendor que significam um estado de espírito de paz, de força, poder e
luz.

Evangelho (Marcos 2,13-17)

Aleluia, aleluia, aleluia.
O Espírito do Senhor repousa sobre mim e enviou-me a anunciar aos pobres o Evangelho (Lc 4,18).


2 13 Jesus saiu de novo para perto do mar e toda a multidão foi ter com ele, e ele os ensinava.
14 Quando ia passando, viu Levi, filho de Alfeu, sentado no posto da arrecadação e disse-lhe: "Segue-me." E Levi, levantando-se, seguiu-o.
15 Em seguida, pôs-se à mesa na sua casa e muitos cobradores de impostos e pecadores tomaram lugar com ele e seus discípulos; com efeito, eram numerosos os que o seguiam.
16 Os escribas, do partido dos fariseus, vendo-o comer com as pessoas de má vida e publicamos, diziam aos seus discípulos: "Ele come com os publicamos e com gente de má vida?"
17 Ouvindo-os, Jesus replicou: "Os sãos não precisam de médico, mas os enfermos; não vim chamar os justos, mas os pecadores."

Comentário ao Evangelho

O ESCÂNDALO DA SOLIDARIEDADE
Jesus, na sua condição de Mestre, realizou gestos inusitados que escandalizavam determinados grupos de seu tempo. Entre eles, estavam os mestres da Lei (escribas) que gozavam de grande prestígio e admiração por parte do povo. Este prestígio, de certa forma, os distanciava da massa. Sendo especialistas na interpretação da Lei, pretendiam, juntamente com os fariseus, ser estritos no seu cumprimento. Isso era para eles um ponto de honra! Um dos tópicos da Lei dizia respeito às impurezas que se podia contrair no contato com pessoas consideradas impuras. Tais pessoas, por isso, deveriam ser vítimas da marginalização.
O caminho do Mestre-Jesus seguiu na direção oposta. Ele se fez solidário com marginalizados de seu tempo - cobradores de impostos e pecadores - não temendo contrair impureza. Sua presença, pelo contrário, era fator de purificação. Jesus estava imune do contágio e a impureza deles não o podiam atingir.
O Mestre-Jesus priva da amizade dos excluídos, não se furtando a sentar-se à mesa com eles, para partilhar uma refeição, símbolo de comunhão sincera. Essa eventualidade o fez compreender o sentido de sua missão de enviado: os destinatários privilegiados de seu amor e de sua ação misericordiosa não eram aqueles já inseridos na comunidade religiosa e social. E, sim, aqueles colocados à margem do sistema por qualquer razão que seja.

Oração
Senhor Jesus, sua solidariedade com os marginalizados é sinal da presença do Reino. Ensina-me a ser solidário como tu, para que na minha ação o Reino continue a desabrochar.


Domingo 19 de Janeiro de 2014
02º Domingo Tempo Ordinário 
Ambientação:
Sejam bem-vindos amados irmãos e irmãs!
INTRODUÇÃO DO FOLHETO DOMINICAL PULSANDINHO: O primeiro domingo do Tempo Comum é consagrado ao início da missão de Jesus (seu batismo) e é o início de nossa missão (nosso batismo). Neste segundo domingo nos é dita a razão fundamental do seguimento de Jesus: Ele é o Filho de Deus, que veio com a força divina para limpar a criatura humana do pecado e dar-lhe a santidade e a vida de Deus. É-nos descrito, em figuras, o modo como Jesus cumprirá essa missão (por seu sangue derramado) e o método que usará (pela ternura da mansidão).
INTRODUÇÃO DO FOLHETO DOMINICAL O POVO DE DEUS: Voltando ao Tempo Comum da nossa liturgia e iluminados pelas celebrações do ciclo do Natal, neste domingo acolhemos o testemunho de João Batista a respeito de Cristo, cujo batismo se realizou no Jordão. Assim, hoje a Igreja apresenta o Menino que nasceu em Belém e, já adulto, foi batizado no Jordão, como o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo e justifica o pecador que acredita em Jesus Cristo. Munidos dessa graça, os cristãos têm força para transformar o mundo pelo amor. É esta fé que, com júbilo, a Igreja celebra todos os domingos até que chegue o Domingo que não tem fim, na Pátria celeste.
INTRODUÇÃO DO WEBMASTER: A expressão "Cordeiro de Deus" lembra aos ouvintes hebreus duas imagens distintas, mas no fundo, convergentes: a imagem do Servo de Javé que aparece como cordeiro levado ao matadouro, como ovelha muda diante dos tosquiadores, e a imagem do cordeiro do sacrifício pascal. Em outras palavras Jesus, o Cristo, é o cordeiro da nova páscoa que, com sua morte, inaugura e ratifica a libertação do povo de Deus.
Sentindo em nossos corações a alegria do Amor ao Próximo entoemos alegres cânticos ao Senhor!
Antífona da entrada: Que toda a terra se prostre diante de vós, ó Deus, e cante louvores ao vosso nome, Deus altíssimo! (Sl 65,4).

Comentário das Leituras: As três leituras bíblicas deste domingo são centradas, a partir de diversos ângulos, no testemunho sobre Jesus Cristo. Ao aval do Senhor em favor de seu Servo como “luz das nações” e portador de sua salvação universal, e à confissão de Paulo que se proclama “apóstolo de Jesus Cristo”, soma-se o esplêndido testemunho de João Batista sobre Jesus como “Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo”. Ouçamos com o coração de discípulos as leituras que nos apresentam Jesus, o Cristo, e nos convocam a viver em íntima comunhão com ele.

Leitura (Isaías 49,3.5-6)

49 3 E disse-me o Senhor: "Tu és meu servo, (Israel), em quem me rejubilarei".
5 E agora o Senhor fala, ele, que me formou desde meu nascimento para ser seu Servo, para trazer-lhe de volta Jacó e reunir-lhe Israel, (porque o Senhor fez-me esta honra, e meu Deus tornou-se minha força).
6 Disse-me: "Não basta que sejas meu servo para restaurar as tribos de Jacó e reconduzir os fugitivos de Israel; vou fazer de ti a luz das nações, para propagar minha salvação até os confins do mundo".


1ª. Leitura – Isaías 49, 3.5-6 – “luz das nações”

Isaías profetiza a respeito de Jesus Cristo, o próprio Deus que se fez servo para a Sua glória e salvação da humanidade.Todavia, ao se fazer homem como nós, Jesus Cristo nos deu dignidade e nos distinguiu para também realizar aqui na terra as mesmas obras que Ele. Portanto, nós também, somos chamados a ser servos e servas fiéis ao projeto de Salvação que Cristo veio instaurar. Da mesma forma, nós fomos preparados (as), desde o nosso nascimento, para concretizar a missão à qual fomos destinados (as). Assim sendo, esta palavra hoje se destina a cada um de nós, homens e mulheres, que temos a Bíblia como farol que ilumina nossos passos na caminhada para Deus. A Palavra de Deus é o próprio Jesus que nos ilumina e nos faz irradiar Sua Luz no mundo. No percurso da nossa vida temos inúmeras oportunidades de irradiar a mesma luz que recebemos de Jesus, no intuito de propagar a salvação até os confins da terra. Os confins da terra significam os lugares aos quais temos acesso, onde podemos levar a paz, a harmonia, o consolo a quem precisa, por meio da pregação da Sua Palavra e da vivência do Seu Amor. Ser luz das nações também é o chamado que recebemos no nosso Batismo, pois fomos mergulhados no mistério da Paixão, Morte e Ressurreição de Jesus Cristo. Temos em nós todos os atributos de Cristo, não podemos nos esquecer dessa verdade. Às vezes, nós nos omitimos, deixamos passar as ocasiões favoráveis, dessa forma estamos abafando a luz que mora em nós e nos esquecemos de manifestar ao mundo, a glória de Deus.

Salmo responsorial 34/40

Eu disse: “Eis que venho, Senhor,
com prazer faço a vossa vontade!”


Esperando, esperei no Senhor
e, inclinando-se, ouviu meu clamor.
Canto novo ele pôs em meus lábios,
um poema em louvor ao Senhor.

Sacrifício e oblação não quisestes,
mas abristes, Senhor, meus ouvidos;
não pedistes ofertas nem vítimas,
holocaustos por nossos pecados.

E então eu vos disse: “Eis que venho!”
Sobre mim está escrito no livro:
“Com prazer faço a vossa vontade,
guardo em meu coração vossa lei!”

Boas novas de vossa justiça
anunciei numa grande assembléia;
vós sabeis: não fechei os meus lábios!

Salmo 39 – “Eu disse: Eis que venho, Senhor, com prazer faço a vossa vontade!”

A esperança é o alimento da nossa fé! Por isso, o salmista nos ensina que a maneira mais eficaz para ver atendidos os nossos pedidos é esperar no Senhor com paciência. Enquanto esperamos, o próprio Senhor nos ensina a cantar louvores e poemas e coloca nos nossos lábios as palavras certas. E acrescenta como a nos orientar: “sacrifício e oblação não quisestes, mas abristes, Senhor meus ouvidos”. É isso o que devemos fazer, então: escutar a Palavra de Deus, cantar louvores e oferecer a Ele, não as coisas nem penitências, mas o nosso serviço e a nossa disposição de fazer a Sua vontade. . 

Leitura (1 Coríntios 1,1-3)

1 1 Paulo, apóstolo de Jesus Cristo por chamamento e vontade de Deus, e o irmão Sóstenes,
2 à igreja de Deus que está em Corinto, aos fiéis santificados em Jesus Cristo, chamados à santidade, juntamente com todos os que, em qualquer lugar que estejam, invocam o nome de nosso Senhor Jesus Cristo, Senhor deles e nosso;
3 A vós, graça e paz da parte de Deus, nosso Pai, e da parte do Senhor Jesus Cristo!


2ª. Leitura – 1 Coríntios 1, 1-3 – “aos que invocam o nome de Jesus”

Quando verdadeiramente nos apossamos da Palavra de Jesus que nos é revelada por meio dos profetas, dos Seus apóstolos e discípulos Ela se torna vida na nossa vida. Por isso, hoje, precisamos acolher a graça e a paz que Deus derrama sobre nós, por meio do apóstolo São Paulo, no início da sua carta aos Coríntios. Somos hoje, os que somos santificados em Cristo Jesus, chamados a ser santos e santas. Somos também o povo que invoca o nome de nosso Senhor Jesus Cristo em qualquer circunstância e lugar que estivermos. Consequentemente, se todos os dias nós acolhermos as bênçãos do céu que se derramam através da reflexão da Palavra, seremos pessoas abençoadas e felizes, apesar das tribulações e surpresas da vida. Podemos com muita facilidade fazer o teste, comparando o nosso dia a dia, quando somos fiéis à nossa oração pessoal e à meditação da liturgia diária, assim como também quando com perseverança nós participamos da Eucaristia. Assim sendo, nós comprovamos que, o que antes nos deixava “desesperados e confusos”, hoje nós enfrentamos com serenidade. Em Jesus Cristo, somos mais que vencedores, esta é uma verdade que nunca deveremos esquecer, pelo contrário devemos propagar aos quatro cantos da terra.

Evangelho (João 1,29-34)

Aleluia, aleluia, aleluia.
A palavra se fez carne, entre nós ela acampou; todo aquele que a acolheu, de Deus filho se tornou (Jo 1,14.12).


Naquele tempo, 1 29 no dia seguinte, João viu Jesus que vinha a ele e disse: "Eis o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo.
30 É este de quem eu disse: ´Depois de mim virá um homem, que me é superior, porque existe antes de mim´.
31 Eu não o conhecia, mas, se vim batizar em água, é para que ele se torne conhecido em Israel".
32 João havia declarado: "Vi o Espírito descer do céu em forma de uma pomba e repousar sobre ele.
33 Eu não o conhecia, mas aquele que me mandou batizar em água disse-me: ´Sobre quem vires descer e repousar o Espírito, este é quem batiza no Espírito Santo´.
34 Eu o vi e dou testemunho de que ele é o Filho de Deus".


Evangelho – João 1, 29-34 “o sinal do Espírito Santo”

Às vezes não conseguimos entender muito os segredos de Deus, no entanto, precisamos nos firmar no que é essencial para que a mensagem evangélica se transforme em vida para a nossa caminhada. João Batista veio abrir o caminho para Jesus! Plano e estratégia de Deus Pai. Assim sendo, ele conclamava a todos, para que se arrependessem dos pecados, batizando-os com água a fim de acolher Àquele que existia antes dele, (embora não O conhecesse) e que viria tirar o pecado do mundo. E o sinal dado por Deus Pai a João Batista, a fim de que reconhecesse Jesus, foi o Espírito Santo, em forma de uma pomba descida do céu. Dessa forma, João Batista apontava com segurança para Jesus e dizia: “Eis o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo”. Depois do Batismo de Jesus, João Batista encerrou a sua missão, porque agora, Jesus, cheio do Espírito Santo, com poder iniciaria a Sua Missão. Jesus cheio do Espírito Santo iniciou sua vida pública e o Seu maior objetivo era realmente nos dar posse do poder do Seu Espírito. Ao mencionarmos o Batismo de Jesus, não podemos esquecer-nos do nosso Batismo e tomar consciência de que também nós temos a força do Espírito dentro de nós e o Seu sinal se faz notar através das nossas ações, reações, atitudes, gestos, etc… Precisamos averiguar se o testemunho que damos ao mundo é realmente, o de alguém que vive pleno do Espírito Santo ou de quem já o guardou e não se importa com Ele! O Espírito Santo é o doce hóspede da nossa alma, no entanto Ele é educado e não quer se intrometer nas nossas ações, sem o nosso conhecimento. Deus Pai deu testemunho do Seu Filho Jesus, com o sinal do Espírito Santo. Assim também Ele só poderá dar testemunho ao mundo de que somos Seus filhos e filhas, se deixarmos que o Espírito Santo manifeste em nós o Seu poder e a Sua força. Seremos as pessoas mais insensatas se recusarmos essa grande ajuda do céu.

Comentário ao Evangelho

O MESSIAS RECONHECIDO
A atividade frenética do Batista, às margens do Jordão, não o fez perder a consciência de sua missão. No afluxo de penitentes à procura do batismo, ele se deu conta da presença do Messias Jesus. Por isso, advertiu a multidão para a presença do Cordeiro de Deus, enviado para abolir o pecado do mundo.
A situação do batismo de Jesus estava carregada de evocações. Sua exclamação lembrava o cordeiro pascal. As águas do Jordão recordavam o mar Vermelho. A eliminação do pecado do mundo aproximava Jesus de Moisés, condutor do povo de Israel para a terra prometida. Tudo isso servia para alertar a multidão acerca da presença do Messias.
João só reconheceu Jesus, por que movido pelo Pai, uma vez que já tinha declarado, por duas vezes, não ter um conhecimento prévio do Messias. Para não se enganar na identificação do Messias, João colocou-se numa atitude de contínuo discernimento. Teria sido desastroso um falso reconhecimento e a conseqüente atribuição do título de Cordeiro de Deus à pessoa indevida. João, ao contrário, não titubeou quando viu Jesus diante de si. Seu testemunho foi firme, pois estava certo de não ter sido induzido ao erro. Diante dele, estava, realmente, o Filho de Deus. Foi o Pai quem lhe revelara a identidade do Filho, e o movera a reconhecê-lo publicamente.

Oração

Senhor Jesus, ajuda-me a reconhecer tua presença libertadora de nossa humanidade, desejosa de salvação.


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