domingo, 5 de agosto de 2012

Liturgia da 18ª semana comum Ano Par

Liturgia da Segunda Feira  06.08.2012
TRANSFIGURAÇÃO DO SENHOR
(BRANCO, GLÓRIA, PREFÁCIO PRÓPRIO – OFÍCIO DA FESTA)
Antífona da entrada: O Espírito Santo apareceu na nuvem luminosa e a voz do Pai se fez ouvir: Este é o meu Filho amado, nele depositei todo o meu amor. Escutai-o (Mt 17,5).
Leitura (Daniel 7,9-10.13-14)
Leitura da profecia de Daniel.
7 9 Continuei a olhar, até o momento em que foram colocados os tronos e um ancião chegou e se sentou. Brancas como a neve eram suas vestes, e tal como a pura lã era sua cabeleira; seu trono era feito de chamas, com rodas de fogo ardente. 
10 Saído de diante dele, corria um rio de fogo. Milhares e milhares o serviam, dezenas de milhares o assistiam! O tribunal deu audiência e os livros foram abertos. 
13 Olhando sempre a visão noturna, vi um ser, semelhante ao filho do homem, vir sobre as nuvens do céu: dirigiu-se para o lado do ancião, diante de quem foi conduzido. 
14 A ele foram dados império, glória e realeza, e todos os povos, todas as nações e os povos de todas as línguas serviram-no. Seu domínio será eterno; nunca cessará e o seu reino jamais será destruído.
Salmo responsorial 96/97
Deus é rei, é o Altíssimo,
muito acima do universo.
Deus é rei! Exulte a terra de alegria,
e as ilhas numerosas rejubilem!
Treva e nuvem o rodeiam no seu trono,
que se apóia na justiça e no direito.
As montanhas se derretem como cera
ante a face do Senhor de toda a terra;
e assim proclama o céu sua justiça,
todos os povos podem ver a sua glória.
Porque vós sois o Altíssimo, Senhor,
muito acima do universo que criastes,
e de muito superais todos os deuses.
Aclamação do Evangelho
Aleluia, aleluia, aleluia. 
Eis meu Filho muito amado, nele está meu bem-querer, escutai-o, todos vós! (Mt 17,5).

Evangelho (Marcos 9,2-10)
9 2 Jesus tomou consigo a Pedro, Tiago e João, e conduziu-os a sós a um alto monte. E 
3 transfigurou-se diante deles. Suas vestes tornaram-se resplandecentes e de uma brancura tal, que nenhum lavadeiro sobre a terra as pode fazer assim tão brancas. 
4 Apareceram-lhes Elias e Moisés, e falavam com Jesus. 
5 Pedro tomou a palavra: "Mestre, é bom para nós estarmos aqui; faremos três tendas: uma para ti, outra para Moisés e outra para Elias". 
6 Com efeito, não sabia o que falava, porque estavam sobremaneira atemorizados. 
7 Formou-se então uma nuvem que os encobriu com a sua sombra; e da nuvem veio uma voz: "Este é o meu Filho muito amado; ouvi-o". 
8 E olhando eles logo em derredor, já não viram ninguém, senão só a Jesus com eles. 
9 Ao descerem do monte, proibiu-lhes Jesus que contassem a quem quer que fosse o que tinham visto, até que o Filho do homem houvesse ressurgido dos mortos. 
10 E guardaram esta recomendação consigo, perguntando entre si o que significaria: "Ser ressuscitado dentre os mortos". 
COMENTÁRIOS DO EVANGELHO
1. “TRANSFIGURAÇÃO DO SENHOR - A CERTEZA DA VITÓRIA”
Nem tudo o que reluz é ouro – Lembro-me bem deste provérbio que finalizava uma história no meu livro do antigo primário, ensinando-nos que nesta vida confundimos muita coisa com ouro valioso, mas que no fundo não passam de simples bijuteria.
Há pessoas que passam esta vida correndo atrás de quinquilharias, sem nunca descobrir o tesouro que Deus quer nos dar.
Os apóstolos pensavam que o Reino que Jesus havia implantado, era igual aos reinos deste mundo, e que ele seria um Rei muito rico e poderoso que iria dominar a todas as nações fazendo de Israel a mais importante de todas as nações da terra. Eles tinham muitos planos em seus corações e mentes, por causa de serem seguidores de Jesus, que naquele momento estava desacreditado, mas que em um futuro bem perto iria manifestar toda a sua força e poder. Muitas vezes como os apóstolos, buscamos um Jesus que atenda as nossas necessidades e realize os nossos sonhos neste mundo, essa fé tão distorcida nos impede de conhecer realmente quem é Jesus e para onde a sua graça nos leva.
Podemos afirmar que esta narrativa da transfiguração do Senhor está no coração do evangelho de Marcos porque se trata de um momento de profunda comunhão dos discípulos com Jesus, que ao transfigurar-se diante deles os introduz no mistério de Deus, que por sua vez revela quem é Jesus: O filho amado do Pai!
Ele não é simplesmente um profeta poderoso na linha de Elias, que foi arrebatado ao céu, nem um Líder como Moisés, principal protagonista da libertação do Povo da escravidão do Egito, esses dois personagens que aparecem ao lado de Jesus naquele momento representam todo o antigo testamento que preparou o coração dos homens para o tempo da plenitude inaugurado por Jesus.
Quando a voz se fez ouvir do meio da nuvem que os envolveu, os discípulos olharam e só viram a Jesus, que estava sozinho. As escrituras antigas apontam para Jesus, pois nele Deus irá falar diretamente aos homens, sem intermediários.
Pedro queria construir três tendas, uma para Jesus, outra para Moisés e outra para Elias, que estavam ali no monte Tabor onde poderia ser instalado o QG do grupo, de onde partiriam as ordens dadas por eles. Fazer tendas significa acomodar-se e interromper a caminhada porque já se alcançou o objetivo. Na verdade o apóstolo não sabia bem o que estava falando pois o Reino de Deus, requer planejamento e não se pode queimar etapas. Jesus transfigurado, tendo Moisés e Elias ao seu lado, era tudo o que Pedro queria, não precisaria enfrentar as cruzes do caminho, nem tribulações ou desencantos, sofrimentos e tribulações, o Reino já chegara e era uma realidade bem ali diante dele.
A humanidade toda iria se render à força do Reino de Cristo! Mas o brilho que seus olhos iriam contemplar no alto do monte, não seria do ouro e nem da prata com que talvez sonhasse mas à luz de Deus presente em Jesus, algo nunca visto, suas vestes ficaram brancas , de uma brancura jamais vista.
No Cristo transfigurado e proclamado solenemente Filho amado do Pai, descobrimos o nosso destino, Deus nos quer transfigurados, com vestes brancas resplandecentes, envolvidos pela sua Santidade que em Jesus eles nos dá.
Somos uma multidão de filhas e filhos amados do Pai que já participamos da vida de Deus ainda neste mundo, que um dia chegará para nós em plenitude. Jesus antecipou a glória que o envolveria na ressurreição, porém, nunca escondeu o que viria antes: a cruz da rejeição, o sofrimento e a paixão no calvário, e a morte na cruz. É disso que Pedro quer fugir ao construir as três tendas, é isso que às vezes nos causa angústia e medo.
Compreender a cruz e aceitar o calvário de cada dia, percorrer os caminhos desta vida que parecem tortuosos, mas sem tirar o olhar da glória Futura, como o profeta Daniel na primeira leitura dessa liturgia, pois na perspectiva da ressurreição vivemos esta vida em uma Igreja que não se fundamenta em fábulas ou lendas, mas sim no relato do apóstolo Pedro, que foi testemunha ocular do Cristo Transfigurado, que segundo ele, fez clarear o dia e nascer a estrela da manhã em nossos corações antes envolvido pelas trevas do pecado.
2. Experiência da transfiguração
Esta narrativa da transfiguração revela a dignidade e a glória já presentes na humanidade de Jesus, o que não era ainda percebido pelos discípulos. Ela tem o objetivo pedagógico de instrução das comunidades, as quais vão compreendendo-o progressivamente.
"O que significaria esse 'ressuscitar dos mortos'"? Nenhuma resposta teórica esgota o seu significado. O que os discípulos experimentaram foi o amor de Jesus, Filho de Deus, que glorifica o Pai no cumprimento de sua missão. Envolver-se nos laços desse amor, nas relações humanas, na família, na comunidade, na sociedade, é entrar em comunhão com o amor e a vida eterna de Deus.
Oração
Senhor Jesus, que a contemplação de tua transfiguração me prepare para contemplar tua crucifixão, seguro de que és o Filho amado de Deus.
3. O SENTIDO DA TRANSFIGURAÇÃO
A visão da transfiguração acontece quando Jesus e seus discípulos se dirigem a Jerusalém. Jesus já lhes falara sobre as provações por que passaria naquele centro religioso e político do judaísmo. Procurava esclarecer os discípulos que nutriam a falsa esperança, herdada da tradição messiânica do judaísmo, de que ele poderia ser um líder restaurador da glória e do poder de Israel. A transfiguração revela a dimensão gloriosa da humanidade de Jesus, assumida pelo Pai. O sofrimento e a morte são passageiros. Os discípulos não o entendem logo. Após a crucifixão é que perceberão o sentido da permanência de Jesus entre eles.
Liturgia da Terça-Feira
XVIII SEMANA DO TEMPO COMUM *
(VERDE – OFÍCIO DO DIA DA II SEMANA)
Antífona da entrada: Meus Deus, vinde libertar-me, apressai-vos, Senhor, em socorrer-me. Vós sois o meu socorro e o meu libertador; Senhor, não tardeis mais (Sl 69,2.6).
Leitura (Jeremias 30,1-2.12-15.18-22)
Leitura do livro do profeta Jeremias.
30 1 Dirigiu o Senhor nestes termos a palavra a Jeremias. 
2 "Eis o que disse o Senhor, Deus de Israel: consignarás em um livro todas as palavras que te tenho dito. 
12 Porque eis o que diz o Senhor: tua ferida é incurável e perigosa a tua chaga. 
13 Ninguém quer tomar o encargo de curá-la, não há para ti remédio nem emplasto. 
14 Esqueceram-te os que te amavam, e contigo nem mais se preocupam. Pois que te feri, como se fere um inimigo, com cruel castigo, por causa da gravidade de tua falta e do número de teus pecados. 
15 Por que choras sobre tua ferida? Por que incurável é tua dor? É por causa da gravidade de tua falta e do número de teus pecados que te fiz isso. 
18 Mas, eis o que diz o Senhor: restaurarei as tendas de Jacó, e me apiedarei de suas moradas. Será a cidade reconstruída em sua colina, e reedificado o palácio no primitivo lugar. 
19 Cânticos de louvor se erguerão e gritos de alegria. Multiplicar-lhes-ei o número, que não será mais reduzido; eu os exaltarei, e não serão mais humilhados. 
20 Os filhos serão como eram outrora, e forte será diante de mim sua assembléia; eu castigarei seus opressores. 
21 Um dentre eles será o chefe, e do meio deles sairá seu soberano. Mandarei buscá-lo, e perante mim terá acesso, porque nenhum homem se arriscaria a aproximar-se de mim - oráculo do Senhor. 
22 Sereis o meu povo, e eu, o vosso Deus". 
Salmo responsorial 101/102
O Senhor olhou a terra do alto céu.
As nações respeitarão o vosso nome, 
e os reis de toda a terra, a vossa glória; 
quando o Senhor reconstruir Jerusalém 
e aparecer com gloriosa majestade, 
ele ouvirá a oração dos oprimidos 
e não desprezará a sua prece.
Para as futuras gerações se escreva isto, 
e um povo novo a ser criado louve a Deus. 
Ele inclinou-se de seu templo nas alturas, 
e o Senhor olhou a terra do alto céu, 
para os gemidos dos cativos escutar 
e da morte libertar os condenados.
Assim também a geração dos vossos servos 
terá casa e viverá em segurança, 
e ante vós se firmará sua descendência. 
Para que cantem o seu nome em Sião 
e louve ao Senhor Jerusalém, 
quando os povos e as nações se reunirem 
e todos os impérios o servirem.
Aclamação do Evangelho
Aleluia, aleluia, aleluia. 
Mestre, tu és o Filho de Deus, és rei de Israel! (Jo 1,49).

Evangelho (Mateus 14,26-36)
14 22 Jesus obrigou seus discípulos a entrar na barca e a passar antes dele para a outra margem, enquanto ele despedia a multidão. 
23 Feito isso, subiu à montanha para orar na solidão. E, chegando a noite,estava lá sozinho. 
24 Entretanto, já a boa distância da margem, a barca era agitada pelas ondas, pois o vento era contrário. 
25 Pela quarta vigília da noite, Jesus veio a eles, caminhando sobre o mar. 
26 Quando os discípulos o perceberam caminhando sobre as águas, ficaram com medo: "É um fantasma!" disseram eles, soltando gritos de terror. 
27 Mas Jesus logo lhes disse: "Tranqüilizai-vos, sou eu. Não tenhais medo!" 
28 Pedro tomou a palavra e falou: "Senhor, se és tu, manda-me ir sobre as águas até junto de ti!" 
29 Ele disse-lhe: "Vem!" Pedro saiu da barca e caminhava sobre as águas ao encontro de Jesus. 
30 Mas, redobrando a violência do vento, teve medo e, começando a afundar, gritou: "Senhor, salva-me!" 
31 No mesmo instante, Jesus estendeu-lhe a mão, segurou-o e lhe disse: "Homem de pouca fé, por que duvidaste?"
32 Apenas tinham subido para a barca, o vento cessou. 
33 Então aqueles que estavam na barca prostraram-se diante dele e disseram: Tu és verdadeiramente o Filho de Deus. 
34 E, tendo atravessado, chegaram a Genesaré. 
35 As pessoas do lugar o reconheceram e mandaram anunciar por todos os arredores. Apresentaram-lhe, então, todos os doentes, 
36 rogando-lhe que ao menos deixasse tocar na orla de sua veste. E, todos aqueles que nele tocaram, foram curados. 
COMENTÁRIOS DO EVANGELHO
1. “Os Vendavais na Vida dos Discípulos”
Uma boa pergunta para entrarmos de cabeça nessa reflexão: por que os discípulos ficaram com medo e pensaram que Jesus, caminhando sobre as águas na direção deles, era um fantasma? Porque era exatamente o clima das primeiras comunidades cristãs naqueles primeiros anos do cristianismo. Tinham medo porque não sabiam em que ia dar tudo aquilo, segundo, Jesus de Nazaré tinha morrido e portanto, se apareceu andando sobre as águas, era mesmo um fantasma. Era Jesus mas se tratava de uma aparição fantasmagórica, que de concreto nada pode fazer a não ser passar por paredes, andar sobre as águas e outras coisas desse tipo, próprias de um fantasma.
Então no diálogo com Jesus, feito por Pedro, vem a primeira prova de que não é um fantasma, pois Pedro queria saber se era Jesus mesmo, e se ele pudesse fazer as mesmas coisas que Jesus fazia, então sua presença era real. Á ordem de Jesus “Vem” o velho Pedro andou sobre as águas exatamente como Jesus. Jesus tinha o mar sobre seus pés, dominava as forças do mal presente no fundo do mar, segundo os antigos acreditavam, em sua vida Jesus venceu essas forças e agora, á sua Igreja também poderá fazê-lo entretanto...
A Comunidade não supera as Forças do mal com seus próprios recursos, sua capacidade, seu conhecimento sobre o assunto, suas ideologias. Nada disso! Enquanto Pedro caminhava ao encontro de Jesus, isso é, pensava e agia exatamente como o Mestre, conseguia superar as forças malignas dos vendavais e tempestades que assolavam as comunidades.
Mas há momentos desse embate, que nos julgamos perdidos, o medo e o desânimo nos domina, e quando sentimos que tudo vai acabar, isso é, que as forças contrárias ao evangelho e á Igreja, são maiores e mais poderosas do que a nossa Fé, só há uma coisa a fazer: reconhecer que a Salvação vem de Jesus e somente dele! Não é a estrutura da Instituição que nos salva, não são os métodos pastorais ou as estratégias dos movimentos, ou a fama e o sucesso da Igreja na Mídia, mas somente e unicamente Jesus.
em nossa Igreja muitas vezes movimentos super bem organizados em nível de arquidiocese, de cidades, de região, de estado e até mundialmente. Que sempre reconheçamos a importância desses movimentos mas tenhamos muito claro que o centro da Salvação está no Cristo anunciado pelo Santo Evangelho. Jesus entra para dentro da barca após tomar Pedro pela mão. Jesus não leva Pedro junto a si, em um lugar exclusivo e isolado, mas ele entra na barca junto com os demais, que ao verem cessar a tempestade professaram a Fé “Tu és verdadeiramente o Filho de Deus!”
Não há nenhum outro lugar, fora da comunidade eclesial, onde se possa fazer essa experiência da presença real do Senhor agindo com os que creem, no combate interminável contra a ventania, as ondas e temporais que tentam em vão afundar essa Barca. Acreditamos no sucesso da missão evangelizadora, por causa do nosso desempenho, ou porque vemos em tudo a ação misteriosa de Jesus, fazendo a Salvação acontecer na vida das pessoas?
2. Vacilação de Pedro
Após a partilha dos pães, Jesus envia os discípulos de barco, enquanto despede as multidões e recolhe-se para orar.
O temor dos discípulos diante do mar agitado, o não reconhecimento de Jesus que se aproxima e a vacilação de Pedro ao caminhar ao encontro de Jesus são expressões da incompreensão que ainda existia diante da missão de Jesus e de sua própria pessoa.
Mateus faz um contraste. Enquanto os discípulos na barca não reconheceram Jesus, ao chegarem a Genesaré, uma região periférica do judaísmo, os habitantes o reconhecem.
Oração
Pai, aproxima-me de Jesus de quem brota a salvação e a vida, para que eu possa ser curado do egoísmo que me impede de fazer o bem ao próximo.
3. FÉ VACILANTE
A experiência de se encontrar num pequeno barco, no meio do mar agitado, serviu, para por à prova, a fé dos discípulos de Jesus. A fé vacilante deles não lhes permitiu perceber a presença do Senhor. Por isso, gritaram de pavor, pensando que iriam morrer. No momento de dificuldade, a fé dos discípulos fraquejou.
Pedro, líder da comunidade, também passou pela provação da fé. Jesus foi desafiado por ele, quando este lhe pediu permissão para caminhar sobre as águas. Seria um sinal de que, de fato, o Senhor estava com ele. As palavras - "Se és tu, Senhor! - soam como um desafio.
O apóstolo, porém, já próximo de Jesus, deixou-se vencer pelo medo, quando o vento soprou furioso. E começou a afundar. No auge do desespero, recorreu a Jesus. Este o salvou, censurando-lhe, porém, a pouca fé.
A cena da tempestade transmite uma mensagem importante. É nos momentos de tribulação que a fé do discípulo é posta à prova. Ninguém pode estar seguro de não vacilar. Pedro e os líderes da comunidade vacilaram. Quiçá, por confiar nas próprias forças, prescindindo do Senhor. Foi preciso que o Mestre fosse em seu socorro e os salvasse. De igual modo, a comunidade, esquecendo-se do Senhor, não seria capaz de sobreviver diante das perseguições. Ela só será salva, se segurar na mão estendida de seu Mestre.
Oração
Senhor Jesus, revigora minha fé vacilante, fazendo-me lembrar que tu estás sempre junto de mim, para me estender a mão.
Liturgia da Quarta-Feira
SÃO DOMINGOS - PRESBÍTERO E PREGADOR
(BRANCO, PREFÁCIO COMUM OU DOS PASTORES – OFÍCIO DA MEMÓRIA)
Antífona da entrada: Estes são os santos que receberam a bênção do Senhor e a misericórdia de Deus, seu salvador. É a geração dos que buscam a Deus (Sl 23,5s).
Leitura (Jeremias 31,1-7)
Leitura do livro do profeta Jeremias.
31 1 "Naquele tempo - oráculo do Senhor - serei o Deus de todas as tribos de Israel, e elas constituirão o meu povo".
2 Eis o que diz o Senhor: "Foi concedida graça no deserto ao povo que o gládio poupara. Dentro em pouco Israel gozará de repouso". 
3 De longe me aparecia o Senhor: "Amo-te com eterno amor, e por isso a ti estendi o meu favor. 
4 Reconstruir-te-ei, e serás restaurada, ó virgem de Israel! Virás, ornada de tamborins, participar de alegres danças.
5 E ainda plantarás vinhas nas colinas de Samaria. E delas colherão frutos os plantadores, 
6 pois dia virá em que os veladores gritarão nos montes de Efraim: 'Erguei-vos! Subamos a Sião, ao Senhor, nosso Deus!' 
7 Porque isto diz o Senhor: Lançai gritos de júbilo por causa de Jacó. Aclamai a primeira das nações. E fazei retumbar vossos louvores, exclamando: 'O Senhor salvou o seu povo, o resto de Israel'". 
Salmo responsorial Jr 31
O Senhor nos guardará qual pastor a seu rebanho.
Ouvi, nações, a palavra do Senhor 
e anunciai-a nas ilhas mais distantes: 
"Quem dispersou Israel, vai congregá-lo 
e o guardará qual pastor a seu rebanho!"
Pois, na verdade, o Senhor remiu Jacó 
e o libertou do poder do prepotente. 
Voltarão para o monte de Sião, 
entre brados e cantos de alegria 
afluirão para as bênçãos do Senhor.
Então a virgem dançará alegremente, 
também o jovem e o velho exultarão; 
mudarei em alegria o seu luto, 
serei consolo e conforto após a guerra.
Aclamação do Evangelho
Aleluia, aleluia, aleluia. 
Um grande profeta surgiu entre nós e Deus visitou o seu povo, aleluia (Lc 7,16).

Evangelho (Mateus 15,21-28)
15 21 Jesus partiu dali e retirou-se para os arredores de Tiro e Sidônia. 
22 E eis que uma cananéia, originária daquela terra, gritava: "Senhor, filho de Davi, tem piedade de mim! Minha filha está cruelmente atormentada por um demônio". 
23 Jesus não lhe respondeu palavra alguma. Seus discípulos vieram a ele e lhe disseram com insistência: "Despede-a, ela nos persegue com seus gritos". 
24 Jesus respondeu-lhes: "Não fui enviado senão às ovelhas perdidas da casa de Israel". 
25 Mas aquela mulher veio prostrar-se diante dele, dizendo: "Senhor, ajuda-me!" 
26 Jesus respondeu-lhe: "Não convém jogar aos cachorrinhos o pão dos filhos". 
27 "Certamente, Senhor", replicou-lhe ela; "mas os cachorrinhos ao menos comem as migalhas que caem da mesa de seus donos".
28 Disse-lhe, então, Jesus: "Ó mulher, grande é tua fé! Seja-te feito como desejas. E na mesma hora sua filha ficou curada". 
COMENTÁRIOS DO EVANGELHO
1. “A Graça Poderosa atinge a todos...”
Se nos lembrarmos da reflexão do evangelho de ontem, vamos compreender que a Graça de Deus é Soberana e autônoma, não estando atrelada a nenhum sistema institucionalizado, ou estruturas humanas que aprimorem a sua eficácia.  A Graça operante e santificante é eficaz em si mesma cabendo ao homem apenas acolhê-la em sua vida e seu coração, nada mais.
Poderá o leitor questionar, com toda razão: “Então as instituições, inclusive a religiosa, não serve para nada, por causa da sua neutralidade na questão Salvívica?” As estruturas institucionais mostram o esforço do homem em buscar a Deus e a Graça que ele tem para nos oferecer, e como de fato nos oferece, através de Jesus Cristo. Nesse sentido a Igreja é o grande, único e verdadeiro Sacramento de Jesus Cristo para o mundo.
A mulher Cananéia percebeu isso, que a Salvação estava em Jesus Cristo, e por isso não deu a mínima para a Rigorosa Instituição judaizante e aproximou-se de Jesus, que aqui, falando sob o ponto de vista da instituição religiosa, vai lembrar a mulher que a Salvação é exclusiva de Israel, Nação Santa e Raça escolhida. E nesse sentido o seu Messianismo estava focado na nação de Israel, e jamais fora dela.
Mas a mulher não vê sob o olhar da instituição, ela crê na misericórdia Divina que tem algo precioso a oferecer a todas as pessoas, e não apenas aquelas que estão dentro de um sistema religioso. Então aquela mulher pagã ganhou definitivamente o coração de Jesus que percebe nela a grandeza de uma Fé,  que não pauta pelos compromissos e obrigações decorrentes do legalismo Mosaico, mas que vislumbra a gratuidade do seu amor, capaz de salvar qualquer homem...
E Jesus inverte a ordem estabelecida, até agora Israel é a única referência e modelo de Povo Salvo, porque cumpre a Lei de Moisés, mas doravante o modelo e referência é aquela mulher Cananéia, que vislumbrou a Salvação enquanto dom gratuito, oferecida por Deus em Jesus Cristo, e por isso ali diante da comunidade dos discípulos Jesus a exalta, colocando-a acima de Israel, onde ele próprio ainda não tinha visto, até o momento, alguém com uma Fé assim.
2. A cananéia
Mateus adapta a narrativa de Marcos ao contexto de sua comunidade de cristãos oriundos do judaísmo.
Jesus parte para a região de Tiro e Sidônia, que são cidades gentílicas execradas pela tradição do judaísmo. Uma mulher desta região, identificada simplesmente a Cananeia, vem a Jesus. Ela pede a libertação da sua filha. Está atormentada pelo demônio da exclusão religiosa do judaísmo. Os discípulos incomodam-se com a insistência da mulher, pedindo que Jesus a mande embora.
Duas falas, uma seletiva, outra discriminatória, são atribuídas a Jesus. São próprias da instituição judaica. Porém, o lugar central é a mulher, sua fala, sua insistência. Revelam uma fé que move o coração de Jesus. A filha é libertada. A cananeia tem também direito ao pão que significa o banquete do Reino.
Oração
Senhor Jesus, tira de mim todo preconceito que me impede de aceitar que muitas pessoas marginalizadas possam ter uma fé verdadeira em ti.
3.  GRANDE É TUA FÉ!
A fé da mulher pagã contrasta com a fé vacilante dos discípulos. A formação que receberam de Jesus não foi suficiente para ajudá-los a fazer frente às situações adversas. Fraquejaram! Em contraposição, ao missionar na terra dos fenícios, o Mestre deparou-se com uma mulher cuja fé deixou-o admirado.
Vendo Jesus passar, ela pôs-se a gritar, implorando pela filhinha atormentada por um demônio, confiante de que somente Jesus poderia vir em seu socorro. Chamou-o de Senhor, filho de Davi, servindo-se de uma linguagem própria de quem tem fé e conhece as esperanças do povo judeu.
A insistência da mulher pareceu não encontrar acolhida por parte de Jesus. Entabulou-se, então, um diálogo meio forçado. O Mestre declarou estar a serviço apenas do povo judeu. A mulher reforçou seu pedido. E foi repelida, com dureza, por Jesus o qual afirmou-lhe não ser sensato deixar de ajudar seu povo para preocupar-se com os pagãos. A mulher retrucou com um argumento que desarmou o Mestre: os pagãos têm direito de receber pelo menos as migalhinhas dos benefícios feitos aos judeus. Admirado diante de tamanha fé, Jesus atendeu o pedido da mulher, curando-lhe a filha.
Portanto, também entre os pagãos havia quem tivesse fé autêntica em Jesus.
Oração
Senhor Jesus, tira de mim todo preconceito que me impede de aceitar que muitas pessoas marginalizadas possam ter uma fé verdadeira em ti.
Liturgia da Quinta-Feira
XVIII SEMANA DO TEMPO COMUM *
(VERDE – OFÍCIO DO DIA DA II SEMANA)
Antífona da entrada: Meus Deus, vinde libertar-me, apressai-vos, Senhor, em socorrer-me. Vós sois o meu socorro e o meu libertador; Senhor, não tardeis mais (Sl 69,2.6).
Leitura (Jeremias 31,31-34)
Leitura do livro do profeta Jeremias.
31 31 "Dias hão de vir - oráculo do Senhor - em que firmarei nova aliança com as casas de Israel e de Judá. 
32 Será diferente da que concluí com seus pais no dia em que pela mão os tomei para tirá-los do Egito, aliança que violaram embora eu fosse o esposo deles. 
33 Eis a aliança que, então, farei com a casa de Israel - oráculo do Senhor: Incutir-lhe-ei a minha lei; gravá-la-ei em seu coração. Serei o seu Deus e Israel será o meu povo. 
34 Então, ninguém terá encargo de instruir seu próximo ou irmão, dizendo: 'Aprende a conhecer o Senhor', porque todos me conhecerão, grandes e pequenos - oráculo do Senhor -, pois a todos perdoarei as faltas, sem guardar nenhuma lembrança de seus pecados". 
Salmo responsorial 50/51
Ó Senhor, criai em mim um coração que seja puro!
Criai em mim um coração que seja puro, 
dai-me de novo um espírito decidido. 
Ó Senhor, não me afasteis de vossa face 
nem retireis de mim o vosso Santo Espírito.
Dai-me de novo a alegria de ser salvo 
e confirmai-me com espírito generoso! 
Ensinarei vosso caminho aos pecadores, 
e para vós se voltarão os transviados.
Pois não são de vosso agrado os sacrifícios, 
e, se oferto um holocausto, o rejeitais. 
meu sacrifício é minha alma penitente, 
não desprezeis um coração arrependido!
Aclamação do Evangelho
Aleluia, aleluia, aleluia. 
Tu és Pedro e sobre esta pedra eu irei construir minha Igreja. E as portas do inferno não irão derrota-la! (Mt 16,18).

EVANGELHO (Mateus 16,13-23)
16 13 Chegando ao território de Cesaréia de Filipe, Jesus perguntou a seus discípulos: "No dizer do povo, quem é o Filho do Homem?" 
14 Responderam: "Uns dizem que é João Batista; outros, Elias; outros, Jeremias ou um dos profetas". 
15 Disse-lhes Jesus: "E vós quem dizeis que eu sou?" 
16 Simão Pedro respondeu: "Tu és o Cristo, o Filho de Deus vivo!" 
17 Jesus então lhe disse: "Feliz és, Simão, filho de Jonas, porque não foi a carne nem o sangue que te revelou isto, mas meu Pai que está nos céus. 
18 E eu te declaro: tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei a minha Igreja; as portas do inferno não prevalecerão contra ela. 
19 Eu te darei as chaves do Reino dos céus: tudo o que ligares na terra será ligado nos céus, e tudo o que desligares na terra será desligado nos céus". 
20 Depois, ordenou aos seus discípulos que não dissessem a ninguém que ele era o Cristo. 
21 Desde então, Jesus começou a manifestar a seus discípulos que precisava ir a Jerusalém e sofrer muito da parte dos anciãos, dos príncipes dos sacerdotes e dos escribas; seria morto e ressuscitaria ao terceiro dia. 
22 Pedro então começou a interpelá-lo e protestar nestes termos: "Que Deus não permita isto, Senhor! Isto não te acontecerá!" 
23 Mas Jesus, voltando-se para ele, disse-lhe: "Afasta-te, Satanás! Tu és para mim um escândalo; teus pensamentos não são de Deus, mas dos homens!" 
COMENTÁRIOS DO EVANGELHO
1. “Chegou a hora...”
No coração dos discípulos havia chegado a hora tão esperada, depois de questiona-los sobre quem era ele, para o povão, agora Jesus pergunta direto a eles sobre a sua identidade “E para vocês, quem sou eu?. Parece que Jesus fazia a prova final para saber se eles haviam entendido tudo certinho, pois estava chegando a hora da verdade.
Pedro fala em nome de todos, pareceu ser sempre um discípulo aplicado e bom, e a sua resposta está corretíssima sobre quem é Jesus  “O Cristo, o Filho de Deus vivo”. E Pedro tirou dez pois a resposta estava corretíssima contudo, faltava algo muito importante: Que Jesus era Deus, eles já o sabiam, na bela resposta de Pedro, mas como ele iria agir para libertar o povo?
Na cabeça dos discípulos, estava chegando a hora do Mestre, ele iria manifestar quem era de verdade, os poderosos iriam tremer na base com o seu poder, e os discípulos, naturalmente, seria o seleto grupo do primeiro escalão. Israel voltaria a ser a grande Nação, que imporia as demais a sua grandeza e magnificência e todos os reinos  da terra iriam se curvar diante de Israel e do Rei Messias, mais forte e poderoso do que o Rei Davi. Jesus pede-lhes que guardem aquele segredo Messiânico para que ele pudesse pegar todos de surpresa.
Por isso dá para se imaginar a cara de decepção, os olhares de espanto e frustração dos discípulos sonhadores, quando Jesus começa a falar de sua paixão e morte em Jerusalém. Pedro percebe o clima que pairou sobre o grupo e indignado exclamou “Que Deus não permita tal coisa, Senhor! Isso não te acontecerá!”.
Aqui a gente pode até pensar “Ah, mas esse Pedro não têm jeito mesmo, olha aí, querendo impedir que Jesus cumpra a sua missão de salvar a humanidade, que coisa, não é atoa que Jesus soltou os cachorros em cima dele, chamando-o de Satanás!”.
Mas temos que nos perguntar se por acaso não cometemos esse mesmo pecado, quando vivemos uma religião sem compromisso, a espera do “Dia do Senhor” quando Jesus vier nas nuvens para colocar as coisas em seu devido lugar...Imaginamos que neste dia os maus irão ver o que é bom prá tosse, e que nós, os bons iremos nos sentir confortados ao ver que o Senhor nos dará razão, pela nossa prática cristã.
Quem vive essa religião da Glória e do gozo celestial já aqui nesta terra, quem se esconde nas comunidades para não enfrentar os desafios da Vida Cristã no meio do mundão, quem procura viver um cristianismo bem light, sem muito radicalismo e exageros. Quem vive se iludindo com o Cristo criado pelo consumismo. Todos esses ouvirão naquele dia o mesmo que Pedro ouviu” Afasta-te de mim Satanás, pois não pensas as coisas de Deus”.
2. "Tu és o Cristo, o Filho do Deus vivo"
A profissão de fé de Pedro, "Tu és o Cristo, o Filho do Deus vivo", seguida do longo elogio de Jesus, é própria do evangelho de Mateus, não constando no evangelho de Marcos, que o antecedeu. A proclamação de Pedro como base da Igreja e portador das chaves do Reino é uma expressão eclesial de fé, o que sugere que este texto tenha surgido após o martírio do próprio Pedro.
Em contraste, a seguir, quando Jesus fala das provações que o esperam em Jerusalém, Pedro censura Jesus, rejeitando que se exponha a tais perigos. Jesus, por sua vez, faz uma contundente repreensão a Pedro por sua atitude e incompreensão.
Oração
Pai, consolida minha fé, a exemplo do apóstolo Pedro que, em meio às provações, soube dar, com o seu martírio, testemunho consumado de adesão a Jesus.
3. CUIDADO COM A TENTAÇÃO
A tentação, na vida de Jesus, provinha também de seus amigos mais íntimos. Por isso, ele se mantinha atento, tanto em relação a seus inimigos declarados, quanto àqueles que estavam a seu redor. Até de Pedro, Jesus teve de se precaver.
Este apóstolo reagiu forte, quando Jesus anunciou seu destino de sofrimento, morte e ressurreição. Pedro desejava para Jesus um futuro feito de glória e sucesso, não um fim trágico. Por isso, sugeriu-lhe não nutrir pensamentos que não convinham à sua condição de Messias.
A preocupação do apóstolo aparentemente dava mostras de ser fruto de sua amizade sincera pelo Mestre. Todavia, Jesus não pensava assim; antes, percebeu, imediatamente, na intervenção do discípulo, a presença do tentador. Daí a dureza com que o tratou, chamando-o de Satanás, pedra de tropeço, insensível para as coisas de Deus. Se Jesus tivesse dado ouvido à sabedoria humana de Pedro, teria sido infiel ao Pai. Não era possível realizar o modelo de Messias glorioso, prescindindo da cruz, sem pactuar com projetos contrários àqueles do Pai. O Mestre não estava disposto a escolher o caminho da ambigüidade, servindo a dois senhores. Sua vida estava toda nas mãos do Pai. Não seria um discípulo, mesmo o escolhido para ser líder da comunidade, quem o desviaria de seu caminho.
Oração
Senhor Jesus, abre meus olhos, para eu detectar e rejeitar tudo quanto possa me desviar do teu caminho.
Liturgia da Sexta-Feira
SÃO LOURENÇO - DIÁCONO E MÁRTIR
(VERMELHO, GLÓRIA, PREFÁCIO DOS MÁRTIRES – OFÍCIO DA FESTA)
Antífona da entrada: São Lourenço entregou-se a si mesmo ao serviço da Igreja. foi digno de sofrer o martírio e de subir com alegria para junto do Senhor Jesus.
Leitura (2 Coríntios 9,6-10)
Leitura da segunda carta de são Paulo aos Coríntios.
Irmãos, 9 6 convém lembrar: "aquele que semeia pouco, pouco ceifará. Aquele que semeia em profusão, em profusão ceifará. 
7 Dê cada um conforme o impulso do seu coração, sem tristeza nem constrangimento. Deus ama o que dá com alegria". 
8 Poderoso é Deus para cumular-vos com toda a espécie de benefícios, para que tendo sempre e em todas as coisas o necessário, vos sobre ainda muito para toda espécie de boas obras. 
9 Como está escrito: Espalhou, deu aos pobres, a sua justiça subsiste para sempre. 
10 Aquele que dá a semente ao semeador e o pão para comer, vos dará rica sementeira e aumentará os frutos da vossa justiça.
Salmo responsorial 111/112
Feliz o homem caridoso e prestativo.
Feliz o homem que respeita o Senhor
e que ama com carinho a sua lei!
Sua descendência será forte sobre a terra,
abençoada a geração dos homens retos!
Feliz o homem caridoso e prestativo,
que resolve seus negócios com justiça.
Porque jamais vacilará o homem reto,
sua lembrança permanece eternamente!
Ele não teme receber notícias más:
confiando em Deus, seu coração está seguro. 
Seu coração está tranqüilo e nada teme,
e confusos há de ver seus inimigos.
Ele reparte com os pobres os seus bens,
permanece para sempre o bem que fez,
e crescerão a sua glória e seu poder.
Aclamação do Evangelho
Aleluia, aleluia, aleluia. 
Aquele que me segue não caminha entre as trevas, mas terá a luz da vida (Jo 8,12).

EVANGELHO (João 12,24-26)
Naquele tempo, Jesus disse a seus discípulos: 12 24 "Em verdade, em verdade vos digo: se o grão de trigo, caído na terra, não morrer, fica só; se morrer, produz muito fruto. 
25 Quem ama a sua vida, perdê-la-á; mas quem odeia a sua vida neste mundo, conservá-la-á para a vida eterna. 
26 Se alguém me quer servir, siga-me; e, onde eu estiver, estará ali também o meu servo. Se alguém me serve, meu Pai o honrará".

COMENTÁRIOS DO EVANGELHO
1. “O Serviço que requer o Rebaixamento”
A palavra Diakonia, do grego que significa servir, nasceu ainda em forma embrionária na Igreja primitiva, conforme relato de Lucas em Atos 6. Muito pouco se fala no Novo Testamento dos sete primeiros Diáconos da nossa Igreja, a não ser Estevão, o proto mártir, e Felipe, que após a expulsão dos cristãos das sinagogas, saiu pregar na Samaria e depois em outras regiões, inclusive sendo ele o grande articulador do Cristianismo no mundo grego, pois neste evangelho de hoje é ele que conduz os gregos até Jesus.
A Diakonia, que começou com o autêntico espírito de serviço, foi passando por transformações no seio da igreja e entre os séculos seguindo e terceiro, o Diácono era papel de destaque enquanto principal colaborador do Bispo, que por aquele tempo era quem presidia a “Fração do Pão”, ou em uma linguagem de hoje, só o Bispo é que celebrava missa.E assim a diakonia, cada vez mais foi tendo destaque no serviço do altar e na administração dos bens terrenos da Igreja e daí, a concorrência, a busca de poder, contaminou o Diaconato que ao final do século IV despareceu por completo da nossa Igreja.
Foi o Concílio Vaticano II que restaurou o Diaconato Permanente fazendo com que a Diakonia fosse resgatada, deixando de ser apenas um ministério transitório, para ser um Sinal Sacramental do Serviço. O Diaconato Permanente é um Sinal Sacramental de todas as diakonias presentes em nossas comunidades, não há distinção entre a diakonia leiga e a do Diácono, uma supõe a outra, uma sinaliza e torna a outra autêntica em si mesma.
O evangelho de hoje, portanto, aponta para aquilo que é essencial no Diaconato: o morrer para si mesmo, esvaziar-se de qualquer ambição, glória ou poder, servir com alegria, generosidade e grande disposição. Morrer para si mesmo é não clericalizar-se em excesso, não fazer questão de qualquer honraria ou distinção, por causa do ministério, morrer para si mesmo é anunciar a Palavra e esquecer-se de si mesmo. Morrer para si mesmo é não olhar para o Presbítero com um ar inferior, e nem tão pouco olhar para o leigo com um ar superior.
Morrer para si mesmo é manter a serenidade em toda e qualquer situação, é ser paciencioso e compreensivo com quem quer que seja, é não fazer uso da sua autoridade clerical, para dominar, se impor, ou obter qualquer benefício. Morrer para si mesmo é abrir mão de celebrações da Palavra pomposas, onde se exalta o próprio ego, é priorizar as comunidades pobres de bairros distantes, com as quais o Cristo a quem se serve, se identifica mais.
Enfim, o Diaconato é um tesouro inestimável pertencente ao Senhor, que se permite guardá-lo na insignificância dos modestos vasos de barro, que são os nossos Diáconos. E que São Lourenço nos ajude a todos quantos imerecidamente receberam esse Santo Sacramento, a manter incólumes tal tesouro pertencente ao Senhor, e que refulge o seu maior brilho no amor que se traduz em serviço na Dimensão da Palavra, da Liturgia e da Caridade, colunas mestras que dão sustentabilidade a toda e qualquer Diakonia.
2. O grão de trigo que morre
Nos evangelhos sinóticos encontramos a parábola da semente que cai na terra, germina, e dá frutos. A semente, aí, significa a Palavra de Deus (Lc 8,4-15; cf. 22 set.) ou o Reino de Deus (Mc 4,26-34). João usa a mesma imagem, com o grão de trigo, porém seu significado é o próprio Jesus. Destaca o aspecto da "morte" do grão, para a transformação que dará origem à planta que germina e aos frutos que virão. É uma alusão a Jesus que entrega sua vida, com fidelidade total, até a morte, gerando os frutos das comunidades de discípulos que continuarão sua missão.
Este "morrer" é a expressão do desapego completo da vida enquanto sua realização conforme os critérios deste mundo. É com este desapego que se dão frutos para a vida eterna.
O encontro com a vida não se dá de forma individual e egoística. Este encontro se dá na comunhão solidária com os irmãos, particularmente os mais excluídos e carentes. Salva-se a vida neste mundo quando se compreende que a sua própria vida, sua alegria e felicidade são encontradas à medida que se empenha no resgate, na valorização e no desabrochar da vida dos irmãos, sem exclusões.
O seguimento de Jesus se faz com o dom total de si mesmo, a favor da vida. Assim se estará onde Jesus estiver, junto ao Pai, na união do eterno Amor.
Oração
Senhor Jesus, a vida jorrou abundante de tua fidelidade até à morte de cruz. Possa eu beneficiar-me desta plenitude de vida.
3.  MORRER PARA FRUTIFICAR
Após sua entrada em Jerusalém, com a acolhida entusiástica da multidão de peregrinos que também vinham à cidade, Jesus anuncia que é chegada a hora de sua glorificação pelo seu cumprimento fiel da vontade do Pai, até o fim, sem temor das ameaças de morte que sobre ele pairavam.
Os Evangelhos sinóticos narram a parábola da semente que cai na terra, germina e dá frutos. João usa a mesma imagem. O grão que não morre fica só. É o individualismo e o terror da solidão. O grão, para multiplicar-se em novos frutos, tem que cair na terra e morrer. É a comunicação, a fraternidade e o serviço à vida. A morte não é o último ato isolado da existência, mas é o termo de uma vida devotada ao amor. Apegar-se à vida é querer afirmá-la em conformidade com os critérios da ideologia de sucesso deste mundo sob controle dos poderosos, agentes da morte lenta ou violenta.
Guardar a vida na vida eterna supõe o desprezo desta ideologia de sucesso e poder, que impõe a submissão pelo temor. Quem não teme a própria morte está livre para colocar-se totalmente a serviço da vida. O seguimento de Jesus se faz com o dom total de si mesmo, a favor da vida. Assim se estará onde Jesus estiver, junto ao Pai, na união do eterno Amor.
Liturgia do Sábado
SANTA CLARA - CONSAGRADA AO SENHOR
(BRANCO, PREFÁCIO COMUM OU DAS VIRGENS – OFÍCIO DA MEMÓRIA)
Antífona da entrada: Estes são os santos que receberam a bênção do Senhor e a misericórdia de Deus, seu salvador. É a geração dos que buscam a Deus (Sl 23,5s).
Leitura (Habacuc 1,12-2,4)
Leitura da profecia de Habacuc.
1 12 Não sois vós, Senhor, desde o princípio, o meu Deus, o meu Santo, o Imortal? Senhor, vós destinastes este povo para fazer justiça, o Rochedo, vós o designastes para aplicar castigos. 
13 Vossos olhos são por demais puros para verem o mal, não podeis contemplar o sofrimento. Por que olharíeis os ímpios e vos calaríeis, enquanto o malvado devora o justo? 
14 Trataríeis os homens como os peixes do mar, como os répteis que não têm dono.
15 Ele pesca todos com o anzol, pega-os no covo, e recolhe-os na rede: e com isso se alegra e exulta. 
16 Por isso, oferece sacrifícios à sua causa, e queima perfumes à sua rede porque, graças a elas, teve pesca abundante e suculento manjar. 
17 Mas, continuará ele a esvaziar sua rede, e a degolar impiedosamente as nações? 
2 1 Vou ficar de sentinela, e postar-me sobre a trincheira; vou espreitar o que vai me dizer o Senhor, e o que ele vai responder ao meu pedido. 
2 E o Senhor respondeu-me assim: "Escreve esta visão, grava-a em tabuinhas, para que ela possa ser lida facilmente; 
3 porque há ainda uma visão para um termo fixado, ela se aproxima rapidamente de seu termo e não falhará. Mas, se tardar, espera-a, porque ela se realizará com toda a certeza e não falhará. 
4 Eis que sucumbe o que não tem a alma íntegra, mas o justo vive por sua fidelidade". 
Salmo responsorial 9A/9
Vós nunca abandonais quem vos procura, ó Senhor.
Deus sentou-se para sempre no seu trono, 
preparou o tribunal do julgamento; 
julgará o mundo inteiro com justiça, 
e as nações há de julgar com equidade.
O Senhor é o refúgio do oprimido, 
seu abrigo nos momentos de aflição. 
Quem conhece o vosso nome em vós espera, 
porque nunca abandonais quem vos procura.
Cantai hinos ao Senhor Deus de Sião, 
celebrai seus grandes feitos entre os povos! 
Pois não esquece o clamor dos infelizes, 
deles se lembra e pede conta do seu sangue.
Aclamação do Evangelho
Aleluia, aleluia, aleluia. 
Jesus Cristo salvador destruiu o mal e a morte; fez brilhar pelo Evangelho a luz e a vida imperecíveis (2Tm 1,10).

Evangelho (Mateus 17,14-20)
17 14 E, quando eles se reuniram ao povo, um homem aproximou-se deles e prostrou-se diante de Jesus, 
15 dizendo: "Senhor, tem piedade de meu filho, porque é lunático e sofre muito: ora cai no fogo, ora na água.
16 Já o apresentei a teus discípulos, mas eles não o puderam curar". 
17 Respondeu Jesus: "Raça incrédula e perversa, até quando estarei convosco? Até quando hei de aturar-vos? Trazei-mo". 
18 Jesus ameaçou o demônio e este saiu do menino, que ficou curado na mesma hora. 
19 Então os discípulos lhe perguntaram em particular: "Por que não pudemos nós expulsar este demônio?" 
20 Jesus respondeu-lhes: "Por causa de vossa falta de fé. Em verdade vos digo: se tiverdes fé, como um grão de mostarda, direis a esta montanha: 'Transporta-te daqui para lá', e ela irá; e nada vos será impossível. Quanto a esta espécie de demônio, só se pode expulsar à força de oração e de jejum". 
COMENTÁRIOS DO EVANGELHO
1.“A Fé é essencialmente transformadora...”
Quantas vezes choramingamos diante de certas situações dentro da comunidade, que não conseguimos transformar, de quadros repetitivos, de pessoas que nunca mudam, de atitudes e testemunhos que vão contra o próprio evangelho. Às vezes até achamos que se tivéssemos algum poder dentro da instituição da igreja, resolveríamos a coisa do nosso jeito. É comum certas queixas “Ah se eu fosse o coordenador, ou o Padre dessa paróquia...”.
Não é o poder ditatorial que muda as pessoas e as situações, mas a Fé em Jesus Cristo, o agir em seu nome, o agir com Cristo, isso é, do mesmo modo, da mesma maneira que ele. Nesse sentido a Fé comprometida com a comunhão, é realmente poderosa e capaz de transformar qualquer situação adversa.
Não se sabe que tática ou estratégia os discípulos tentaram usar para curar o moço Lunático, mas o que se sabe é que a estratégia não funcionou e podemos supor que, possivelmente, eles tentaram a seu jeito, a seu modo, e em si mesmo não tinham, e nem nós temos, força suficiente para mudar as coisas e derrotar o Mal que oprime e escraviza as pessoas.
Mas essa experiência de uma Fé com tal poder de transformação, deve iniciar-se em nós mesmos, mudando quem sabe, certos sentimentos estranhos ao Cristianismo, que insistem em se fazer presentes em nosso coração, pensamentos de grandeza, de dominação, ressentimentos e mágoas, espírito de grandeza que nos leva a concorrer com o outro. Primeiro é preciso consertar a casa, para depois experimentarmos esse potencial de uma Fé transformadora nas situações que nos rodeiam no dia a dia, ou nos acontecimentos da comunidade.
Mudar a situação não é TER FÉ QUE VAI DAR CERTO., mas é FAZER A COISA CERTA, sempre ao modo de Jesus, é a Fé que nos compromete e  que nos envolve com todas as pessoas e situações de nossa v ida, sem esquivarmo-nos ou nos omitir.
A Fé como um grão de mostarda, que Jesus nos apresenta na exortação final deste evangelho, é semente pequenina, com potencialidade de crescer de tal modo que possamos transportar montanhas e remover quaisquer obstáculos que impeçam o coração humano de viver a comunhão com Deus, na relação com os irmãos, expulsando para longe os demônios que insistem em permanecer no coração dos homens, dividindo e separando, deturpando as relações fraternas.
2. A pouca fé dos discípulos
Mateus resume aqui a narrativa bem mais detalhada de Marcos (cf. 20 fev.), tendo a questão da fé como tema central.
Pedro, André e Tiago, com Jesus, descem a montanha após o episódio da transfiguração. Encontram a multidão, com os demais discípulos que não conseguiram curar um menino com o demônio da epilepsia. A reprimenda "geração... perversa", frequente em Mateus, é uma alusão àqueles que, sob a doutrina das sinagogas, só são sensíveis a atos de poder, não reconhecendo a força do amor e da fé.
Os discípulos, na fraqueza de sua fé, influenciados por aquela doutrina, ainda não percebem que no "Filho amado", Jesus, que deve ser escutado, encontra-se a revelação plena de Deus. Porém a fé, mesmo que incipiente, pode mover os discípulos àquilo que parece impossível, a instauração do Reino de Deus na terra.
Oração
Pai, vem em meu auxílio e reforça minha fé a fim de que eu possa pôr em prática a missão recebida, realizando as tarefas que Jesus me confiou para o serviço do Reino.
3. NADA É IMPOSSÍVEL
Os discípulos viram-se em situações idênticas às de Jesus e foram solicitados a fazer milagres como ele. A missão dos discípulos correspondia àquela do Mestre e devia ser realizada, tomando-o como modelo. Contudo, nem sempre eles foram capazes de realizar, a contento, a tarefa recebida. E Jesus explicou-lhes o porquê não eram eficientes.
A ocasião surgiu quando alguém trouxe o filho para ser livre de uma terrível possessão demoníaca. Os discípulos não foram capazes de expulsar o demônio. Assim, o pai teve de recorrer diretamente a Jesus, que realizou o milagre desejado.
Quando se viram a sós com o Mestre, os discípulos perguntaram-lhe por que foram impotentes para expulsar o demônio. Ao que Jesus respondeu sem rodeios: porque vocês têm uma fé demasiado pequena. O que teria acontecido com os discípulos? Talvez não estivessem muito convencidos do que eram capazes, ou desconfiassem do próprio poder, ao se encontrarem diante de situações concretas. Ou, ainda, porque sua adesão ao Senhor não era consistente. Também poderia ser que o confronto com os poderes malignos do anti-Reino os intimidasse. Em todo caso, a mesquinhez de sua fé os bloqueava. Não poderiam dar continuidade à missão, sem possuir uma fé sólida. Com ela, tudo lhes seria possível, até mesmo o que, numa visão puramente humana, lhes pudesse parecer impossível, uma vez que tinham sido enviados a realizar grandes coisas.
Oração
Senhor Jesus, reforça minha fé para que, no cumprimento da missão, eu seja capaz de fazer o que aos olhos humanos parece impossível.


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