6º Domingo de
  Páscoa — ANO B
 
  
  
Ambientação: 
  Sejam bem-vindos amados irmãos e irmãs! Na
  liturgia recordamos e bendizemos o grande amor de Deus para conosco. Amor que
  se manifestou de tantas maneiras e em tantos momentos na histór ia de nossa
  salvação, sobretudo na vida, morte e ressurreição de Jesus. A união vital e
  fecunda entre a videira e os ramos é união de amor que se expande do Pai ao
  Filho, do Filho aos discípulos e dos discípulos a todas as pessoas. É preciso
  sempre recordar o mandamento do amor: "Isto é o que vos ordeno: amai-vos
  uns aos outros." Somos chamados a contemplar o amor de Deus, manifestado
  na pessoa, nos gestos e nas palavras de Jesus, e dia a dia tornado presente
  na vida dos homens por ação dos discípulos de Jesus, que hoje somos todos
  nós. Recordamos o dia das mães e rezamos por todas elas. Neste período
  pascal, as leituras nos convidam a refletir e mergulhar no amor de Deus com
  todo o nosso ser, pois como diz São João, Deus é amor e quem ama permanece em Deus. Assim nos
  preparamos para celebrar o Pentecostes, o derramamento mais visível do amor
  de Deus sobre a Igreja, transformando-a em anunciadora corajosa do Reino.  
VI SEMANA DA PÁSCOA 
Antífona da entrada: Anunciai com gritos de alegria, proclamai até os
  extremos da terra: o Senhor libertou o seu povo, aleluia! (Is 48,20) 
  
Primeira Leitura (Atos
  10,25-26.34-35.44-48) 
  Leitura dos Atos dos Apóstolos. 
10 25 Quando Pedro estava para
  entrar, Cornélio saiu a recebê-lo e prostrou-se aos seus pés para adorá-lo.  
  26 Pedro, porém, o ergueu, dizendo: "Levanta-te! Também eu sou um
  homem!"  
  34 Então Pedro tomou a palavra e disse: "Em verdade, reconheço que Deus
  não faz distinção de pessoas,  
  35 mas em toda nação lhe é agradável aquele que o temer e fizer o que é
  justo".  
  44 Estando Pedro ainda a falar, o Espírito Santo desceu sobre todos os que
  ouviam a (santa) palavra.  
  45 Os fiéis da circuncisão, que tinham vindo com Pedro, profundamente se
  admiraram, vendo que o dom do Espírito Santo era derramado também sobre os
  pagãos;  
  46 pois eles os ouviam falar em outras línguas e glorificar a Deus.  
  47 Então Pedro tomou a palavra: "Porventura pode-se negar a água do
  batismo a estes que receberam o Espírito Santo como nós?"  
  48 E mandou que fossem batizados em nome de Jesus Cristo. Rogaram-lhe então
  que ficasse com eles por alguns dias. 
 
  
Salmo responsorial 97/98 
O Senhor fez conhecer a salvação  
  e revelou sua justiça às nações. 
Cantai ao Senhor Deus um canto
  novo,  
  porque ele fez prodígios!  
  Sua mão e o seu braço forte e santo  
  alcançaram-lhe a vitória. 
O Senhor fez conhecer a salvação  
  e, às nações, sua justiça;  
  recordou o seu amor sempre fiel  
  pela casa de Israel. 
Os confins do universo
  contemplaram  
  a salvação do nosso Deus.  
  Aclamai o Senhor Deus, ó terra inteira,  
  alegrai-vos e exultai! 
Segunda Leitura (1 João
  4,7-10) 
  Leitura da primeira carta de São João. 
4 7 Caríssimos, amemo-nos uns
  aos outros, porque o amor vem de Deus, e todo o que ama é nascido de Deus e
  conhece a Deus.  
  8 Aquele que não ama não conhece a Deus, porque Deus é amor.  
  9 Nisto se manifestou o amor de Deus para conosco: em nos ter enviado ao
  mundo o seu Filho único, para que vivamos por ele.  
  10 Nisto consiste o amor: não em termos nós amado a Deus, mas em ter-nos ele
  amado, e enviado o seu Filho para expiar os nossos pecados. 
 
  
Aclamação do Evangelho 
Aleluia, aleluia, aleluia.  
  Quem me ama realmente guardará minha palavra, e meu Pai o amará, e a ele nós
  viremos (Jo 14,23). 
 
  EVANGELHO (João 15,9-17) 
  
15 9 Disse Jesus: "Como o
  Pai me ama, assim também eu vos amo. Perseverai no meu amor. 10 Se guardardes
  os meus mandamentos, sereis constantes no meu amor, como também eu guardei os
  mandamentos de meu Pai e persisto no seu amor.  
  11 Disse-vos essas coisas para que a minha alegria esteja em vós, e a vossa
  alegria seja completa.  
  12 Este é o meu mandamento: amai-vos uns aos outros, como eu vos amo.  
  13 Ninguém tem maior amor do que aquele que dá a sua vida por seus amigos.  
  14 Vós sois meus amigos, se fazeis o que vos mando.  
  15 Já não vos chamo servos, porque o servo não sabe o que faz seu senhor. Mas
  chamei-vos amigos, pois vos dei a conhecer tudo quanto ouvi de meu Pai.  
  16 Não fostes vós que me escolhestes, mas eu vos escolhi e vos constituí para
  que vades e produzais fruto, e o vosso fruto permaneça. Eu assim vos
  constituí, a fim de que tudo quanto pedirdes ao Pai em meu nome, ele vos
  conceda.  
  17 O que vos mando é que vos ameis uns aos outros". 
  
Santo do Dia: Nossa
  Senhora de Fátima 
No dia 5 de maio de 1917, o mundo ainda vivia os
  horrores da Primeira Guerra Mundial, então o papa Bento XV convidou todos os
  católicos a se unirem em uma corrente de orações para obter a paz mundial com
  a intercessão da Virgem Maria. Oito dias depois ela respondeu à humanidade
  através das aparições em Fátima, Portugal. 
Foram três humildes pastores,
  filhos de famílias pobres, simples e profundamente católicas, os mensageiros
  escolhidos por Nossa Senhora. Lúcia, a mais velha, tinha dez anos, e os
  primos, Francisco e Jacinta, nove e sete anos respectivamente. Os três eram
  analfabetos. 
Contam as crianças que brincavam
  enquanto as ovelhas pastavam. Ao meio-dia, rezaram o terço. Porém rezaram à
  moda deles, de forma rápida, para poder voltar a brincar. Em vez de recitar
  as orações completas, apenas diziam o nome delas: "ave-maria,
  santa-maria" etc. Ao voltar para as brincadeiras, depararam com a Virgem
  Maria pairando acima de uma árvore não muito alta. Assustados, Jacinta e
  Francisco apenas ouvem Nossa Senhora conversando com Lúcia. Ela pede que os
  pequenos rezem o terço inteirinho e que venham àquele mesmo local todo dia 13
  de cada mês, desaparecendo em
   seguida. O encontro acontece pelos sete meses seguintes. 
As crianças mudam radicalmente.
  Passam a rezar e a fazer sacrifícios diários. Relatam aos pais e autoridades
  religiosas o que se passou. Logo, uma multidão começa a acompanhar o encontro
  das crianças com Nossa Senhora. 
As mensagens trazidas por ela
  pediam ao povo orações, penitências, conversão e fé. A pressão das
  autoridades sobre os meninos era intensa, pois somente eles viam a Virgem
  Maria e depois contavam as mensagens recebidas, até mesmo previsões para o
  futuro, as quais foram reveladas nos anos seguintes e, a última, o chamado
  "terceiro segredo de Fátima", no final do segundo milênio,
  provocando o surgimento de especulações e histórias fantásticas sobre seu
  conteúdo. Agora divulgado ao mundo, soube-se que previa o atentado contra o
  papa João Paulo II, ocorrido em 1981. 
Na época, muitos duvidavam das
  visões das crianças. As aparições só começaram a ser reconhecidas
  oficialmente pela Igreja na última delas, em 13 de outubro, quando sinais
  extraordinários e impressionantes foram vistos por todos no céu,
  principalmente no disco solar. Poucos anos depois, os irmãos Francisco e
  Jacinta morreram. A mais velha tornou-se religiosa de clausura, tomando o
  nome de Lúcia de Jesus, e permaneceu sem contato com o mundo por muitos anos. 
O local das aparições de Maria
  foi transformado num santuário para Nossa Senhora de Fátima. Em 1946, na
  presença do cardeal representante da Santa Sé e entre uma multidão de
  católicos, houve a coroação da estátua da Santíssima Virgem de Fátima. Em 13
  de maio de 1967, por ocasião do aniversário dos cinqüenta anos das aparições
  de Fátima, o papa Paulo VI foi ao santuário para celebrar a santa missa a
  mais de um milhão de peregrinos que o aguardavam, entre eles irmã Lúcia de
  Jesus, a pastora sobrevivente, que viu e conversou com Maria, a Mãe de Deus. 
Esta mensagem de Fátima foi um
  apelo à conversão, alertando a humanidade para não travar a luta entre o bem
  e o mal deixando Deus de lado, pois não conseguirá chegar à felicidade, pois,
  ao contrário, acabará destruindo-se a si mesma. Na sua solicitude materna, a
  Santíssima Virgem foi a Fátima pedir aos homens para não ofender mais a Deus
  Nosso Pai, que já está muito ofendido. Foi a dor de mãe que a fez falar, pois
  o que estava em jogo era a sorte de seus filhos. Por isso ela sempre dizia
  aos pastorzinhos: "Rezai, rezai muito e fazei sacrifícios pelos
  pecadores, que vão muitas almas para o inferno por não haver quem se
  sacrifique e peça por elas". 
FORMAÇÃO
  LITÚRGICA 
Liturgia da Palavra - Deus nos
  fala 
Deus nos reúne como assembleia,
  para dialogar conosco e nos comunicar seus segredos, a Boa-Notícia que nos
  faz viver livres, fraternos e felizes. Sua Palavra não é um conjunto de
  vocábulos ou uma sequência de textos escritos e lidos. Ela é sempre
  acontecimento, ação concreta a favor da vida, da libertação, da salvação de
  seu povo. Na Liturgia, esta Palavra é celebrada, é festejada e constitui uma
  ação simbólico-ritual central, um só ato de culto com o rito eucarístico.
  Como Deus nos fala no rito da palavra da celebração eucarística? Ele nos
  fala, primeiramente, nos acontecimentos, onde se realiza a páscoa-vida e que,
  agradecidos, trazemos para celebrar, reconhecendo neles a ação amorosa de
  Deus. O Senhor nos fala, também, pelas Sagradas Escrituras, nos dois
  testamentos, com textos escolhidos, proclamados e meditados como palavra viva
  e atual. Como afirma o documento do Concílio Vaticano II sobre a liturgia:
  "É Cristo quem fala" (SC 7). E sua fala é ação libertadora que nos
  ajuda a compreender os fatos da realidade, a corrigir os rumos, nos anima e
  dá força para prosseguirmos na caminhada, testemunhando e realizando a páscoa
  na história. Por isso, o leitor/a afirma após as leituras: "Palavra do
  Senhor" e depois do evangelho: "Palavra da Salvação", ou seja,
  acontecimento que nos salva, nos faz passar da morte para a vida! Palavra,
  canto, silêncio e gestos constituem as ações simbólicas do rito da Palavra
  que tem a proclamação do evangelho como ponto alto. A primeira leitura é um
  texto, em geral, do primeiro testamento e sempre escolhido em relação ao
  evangelho daquele domingo. O salmo, que vem a seguir, é escolhido como eco,
  como resposta à primeira leitura. Trechos significativos das cartas
  apostólicas, do segundo testamento, são oferecidos na segunda leitura. O
  canto de aclamação é um verso baseado ou tirado do próprio evangelho. De
  domingo a domingo, vamos sendo alimentados pelo Senhor, com o Pão da Palavra,
  que nos revela seu mistério, que nos comunica sua força e nos transforma em
  suas testemunhas. Movida pela Palavra de Deus proclamada, ouvida, entendida e
  acolhida no íntimo de cada pessoa, a comunidade faz ecoar, livre e corajosa
  sua adesão, na profissão de fé. Pelas preces, une-se a Cristo, suplicando ao
  Pai pelas suas necessidades e pelas "urgências" do mundo. 
TEXTOS BÍBLICOS PARA A
  SEMANA: 
   
  2ª Br - At 1,15-17.20; Sl 112; Jo 15,9-17 
  3ª Br - At 16,22-34; Sl 137; Jo 16,5-11 
  4ª Br - At 17,15-22-18,1; Sl 148; Jo 16,12-15 
  5ª Br - At 18,1-8; Sl 97; Jo 16,16-20 
  6ª Br - At 18,9-18; Sl 46; Jo 16,20-23a 
  Sb Br - At 18,23-28; Sl 46; Jo 16,23b-28 
  Dom. da Ascensão do Senhor: At 1,1-11; Sl 46 (47),2-3.6-7.8-9 (R/.6); Ef
  1,17-23; Mc 16,15-20 Ou 2ª leitura facultativa: Ef 4,1-13 
   
   
COMENTÁRIOS DO EVANGELHO 
  
1. "PERMANECEI EM
  MIM..."
 
  
Às vezes quando me deparo com o
  evangelho de São João, apelo para o meu imaginário grupo de debates onde o
  Maneco, membro de uma comunidade das mais simples, replica, logo após a
  conclusão “Êta que esse tal de João gosta de complicar, porque não vai direto
  ao assunto?” Já o Ernesto, que é encarregado em uma empresa, gosta de ver o
  jeito de Jesus falar com os discípulos nesse evangelho, “Esse Jesus é dos
  meus, lá na fábrica é assim que eu digo para a minha turma “Se quiser ser meu
  amigo, faça o que eu mando”. Confesso que tomei um susto, não tinha reparado
  que o versículo 14 é exatamente assim “Vós sois meus amigos, se fizerdes o
  que vos mando”. 
Esta não é uma frase solta no
  meio do texto, mas há sempre o perigo de se fazer uma leitura fundamentalista
  da Palavra de Deus, pois o meu irmão de grupo gosta de ser mandão na
  comunidade, porque é essa a sua rotina na empresa, e assim ele se identifica
  com Jesus, que nessa frase parece mesmo ser “mandão” e autoritário, bem do
  tipo, se não for pra fazer do meu jeito, então não quero. Entretanto o
  ensinamento é outro... Foi quando Dona Maria, que trabalha de doméstica há
  muito tempo, fez uma observação interessante, que eu nem havia pensado. “O
  senhor me desculpe, pode ser que vou falar bobagem, porque não tenho estudo
  de teologia, mal fiz o antigo ginásio, mas parece que Jesus diz aí, que ele
  nos trata como amigos e não como servos, mas o gozado é que ele mesmo falou
  em um outro evangelho, que veio para servir e não para ser servido, quem
  serve é servo”. 
Dona Maria não quer nem saber se
  o jeito de João escrever seu evangelho é diferente dos sinóticos, mas parece
  que “matou em cima” a questão intrigante. Na relação de trabalho, quem serve
  é quem é mandado, na comunidade enquanto igreja, quem serve é aquele que ama.
  Diante dessa observação feita ao grupo, levantou-se o “Mota” pessoa que na
  paróquia é o responsável em buscar as hóstias e partículas no Mosteiro das
  irmãs. “Óia gente, andei contando por curiosidade e vi que só nesse
  evangelho, João escreveu nove vezes o verbo amar, acho que isso quer dizer
  alguma coisa” Parece que o Mota “mordeu a isca” -- pensei com meus botões -
  Quem experimentou tão intensamente e de maneira profunda, o amor de Deus
  manifestado em Jesus de Nazaré, não vai mais falar de outra coisa na vida,
  que não seja desse amor, não é atoa que o evangelho o chama de “Aquele
  discípulo que Jesus amava”, não porque o Senhor o amava mais que aos outros,
  mas porque ele, o discípulo, compreendeu que Jesus é o Amor do Pai
  manifestado entre os homens, não só compreendeu, mas experimentou, e esta
  manifestação não é exclusiva para alguém, mas a todos os homens. 
Roseli, uma jovem que também
  integra o nosso grupo, e que anda nas nuvens porque está namorando um
  catequista da comunidade, fez um comentário belíssimo “Então a gente pode
  dizer que Jesus é o amor ESCANCARADO de Deus para os homens!”. Escancarado é
  aquilo que não se tem como esconder, não dá para disfarçar, como os olhos
  brilhantes da Roseli, quando está perto do namorado. Quem se sente amado por
  alguém, não tem como disfarçar a alegria, o bem que a outra pessoa lhe faz,
  só de estar perto, e aqui dá para entender a expressão “Eu vos digo isso,
  para que a minha alegria esteja em vós, e a vossa alegria seja plena”. 
A descoberta de que Deus nos ama
  tanto, e de maneira apaixonada em Jesus, faz a gente se tocar, a vida ganha
  um novo sentido, um novo horizonte se descortina, pois há uma palavra chave
  em João, que nos permite sonhar esse sonho realizável, que é ser feliz
  plenamente. 
Permanecei em mim. Permanecei
  no meu amor. Quem ama quer o outro sempre junto, e aqui, o poder de Deus
  torna-se frágil diante da liberdade humana, Deus não pode nos manter junto
  dele, sem o nosso consentimento, sem a nossa vontade! Cá entre nós, sei que é
  isso que acontece com a Roseli, que se encantou com o moço da catequese, eles
  até estão namorando, mas a verdade é que ele, embora muito sério, não está
  muito afim da coitada, mas para não magoá-la, mantém o namoro, e o pior é que
  um dia, uma amiga confidenciou à Roseli essa verdade, e para espanto da
  outra, a Roseli disse simplesmente “Não tem problema, eu só quero amá-lo, não
  precisa que ele me ame”. 
Pronto, chegamos a um ponto
  culminante da nossa reflexão, Deus quer e sempre quis, e sempre vai querer
  nos amar, mesmo que não seja correspondido, o seu amor Ágape é o amor
  oblativo, é o verdadeiro e único amor, enquanto que o nosso jeito de amar é
  ainda tão pequeno, não passa do amor Filia. Afinal, quem é que conseguiria
  retribuir a altura, todo esse amor e ternura, que Jesus Cristo tem por cada
  um de nós? Esta é uma dívida impagável... 
Entretanto há algo que podemos
  fazer, que está ao nosso alcance, e que faz com que Deus se sinta
  correspondido em seu amor... “Amais-vos uns aos outros, assim como eu vos
  amei”. O “ASSIM COMO...” não é uma exigência que o nosso amor seja perfeito
  como o dele, mas se refere a gratuidade e incondicionalidade, se amarmos
  desse jeito as pessoas, já está de muito bom tamanho. 
Amar assim é ir além da
  "FILIA", é meio caminho andado para o AMOR ágape. Permanecer em
  Cristo e no seu amor, é viver de tal forma a comunhão com ele, que o nosso
  jeito de ser, de viver e de amar, acaba refletindo para o próximo, o próprio
  Cristo. E assim, em nosso amor tão frágil, as pessoas descobrirão a fonte do
  verdadeiro amor, que é Jesus Cristo, foi isso que aconteceu com João, e que
  revolucionou a sua vida, ele olhou para Jesus, e descobriu nele o Amor de Deus,
  por isso deu com a boca no trombone e saiu falando aos quatro cantos, QUE O
  NOSSO DEUS É AMOR! ( VI Domingo da Páscoa – João 15, 9-17). 
  
2. Permanecer no amor
 
  
Cada frase de João é densa de
  conteúdo. Seu evangelho, a cada passo, abre janelas para uma contemplação da
  revelação de Deus na encarnação de seu Filho, Jesus. João apresenta-nos as
  palavras de Jesus, desabrochadas e vividas na vida de suas comunidades. 
A partir da imagem na qual os
  galhos devem permanecer unidos à videira, Jesus convidara os discípulos a permanecerem
  nele a fim de que dessem muito fruto. Agora os discípulos são estimulados a
  permanecerem no seu amor. Compreendemos que o amor de Jesus por nós é o mesmo
  amor do Pai por ele, em uma plenitude transbordante. A fonte do amor é o amor
  entre o Pai e o Filho, que é o amor apropriado ao Espírito Santo. Permanecer
  no amor de Jesus é inserir-se nesta comunhão de amor e vida entre o Pai e o
  Filho. Partindo de uma adesão pessoal, o permanecer no amor de Jesus
  significa inserir-se na comunidade de discípulos e irradiar-se, envolvendo a
  outros, ampliando a comunidade de amor e prolongando-a no tempo. 
Eram tradicionais, na religião
  de Israel, os mandamentos de Moisés, elaborados no decorrer da história de
  Israel e do judaísmo. Os mandamentos de Jesus estão contidos nas
  bem-aventuranças registradas nos evangelhos de Mateus e Lucas, as quais
  ultrapassam aqueles mandamentos antigos. E, agora, Jesus revela o mandamento
  maior: "Amai-vos uns aos outros, assim como eu vos amei" (cf. Jo
  13,34). 
O atributo de "poder" aplicado
  a Deus no Primeiro Testamento é associado a características tais como
  disputa, inimigo, guerra, destruição e morte, com o título "Deus dos
  exércitos". O Deus de Amor, revelado por Jesus, não comporta nenhuma
  destas características. É o Deus da misericórdia e da compaixão, que entra em
  comunhão de vida plena com seus filhos, homens e mulheres, em Jesus. E os discípulos
  são chamados a dar frutos que permanecem para sempre, rompendo quaisquer
  barreiras de exclusivismos e exclusões, favorecendo o desabrochar da vida e
  instaurando a paz. 
Na primeira leitura vemos como o
  Espírito Santo de Amor desconheceu as fronteiras do judaísmo e infundiu-se
  nos corações dos pagãos na Samaria. Pedro dá testemunho de que o Deus de Amor
  não faz discriminação entre as pessoas, revelando-se a todos os povos e
  nações: "Ele aceita quem o teme e pratica a justiça, qualquer que seja a
  nação a que pertença". 
A Primeira Carta de João
  (segunda leitura) é um exuberante hino ao amor. Nos seus cinco capítulos ele
  usa cinquenta e duas vezes as palavras amar ou amor. "Deus é amor, e
  quem permanece no amor permanece em Deus, e Deus permanece nele" (1Jo
  4,16). Esta é a realidade de Deus, revelada por Jesus aos discípulos e às
  multidões, em sua vida e em seus atos. Se Deus é todo poderoso na criação do
  universo, ele é todo Amor em sua relação com seus filhos, homens e mulheres,
  em todos os tempos e em todos os povos. 
Oração 
  Senhor Jesus, agradecido(a) por ter sido escolhido(a) e enviado(a) por ti,
  prometo entregar-me totalmente à missão que me confiaste. 
3. FONTE DE AMOR
  
  
O Evangelho de João abre janelas
  para a contemplação do mistério da encarnação do Verbo, através das palavras
  de Jesus, desabrochadas e vividas em suas comunidades. Somos estimulados a
  permanecer no amor de Jesus. Compreendemos que o amor dele por nós é o mesmo
  amor do Pai por ele. A fonte do amor é o amor entre o Pai e o Filho. É o amor
  apropriado ao Espírito Santo. 
Permanecer no amor de Jesus é
  entrar em comunhão com esta dinâmica de amor e vida entre o Pai e o Filho,
  inserindo-se na comunidade de discípulos. É irradiar envolvendo a outros,
  ampliando a comunidade de amor e prolongando-a no tempo. 
Jesus permanece no amor do Pai,
  e isto significa que ele observa e cumpre o que o Pai mandou. Não se trata de
  uma obediência cega, de um inferior a um superior, mas de uma união amorosa
  de vontades. O amor vivido em nossas comunidades é fruto da nossa permanência
  em Jesus. Este
  amor, que é o amor de Jesus, é transbordante. As comunidades, em sua missão,
  comunicam este amor ao mundo, gerando vida e alegria. 
Na primeira leitura, vemos como
  o Espírito Santo de amor desconheceu as fronteiras do judaísmo e infundiu-se
  no coração dos pagãos na Samaria. Pedro, pioneiro apóstolo dos gentios, dá
  testemunho de que o Deus de amor não faz discriminação entre as pessoas.
  "Pelo contrário, ele aceita quem o teme e pratica a justiça, qualquer
  que seja a nação a que pertença." 
A Primeira Carta de João
  (segunda leitura) é um exuberante hino ao amor. Nos seus cinco capítulos, ele
  usa cinqüenta e duas vezes as palavras amar ou amor. Deus é amor. Esta é a
  realidade de Deus, revelada por Jesus aos discípulos e às multidões, em sua
  vida e em seus atos. 
Se Deus é todo-poderoso na
  criação do universo, ele é todo amor em sua relação com seus filhos, homens e
  mulheres, em todos os tempos e em todos os povos. 
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  Liturgia da Segunda
  Feira  
  
 
   
  
Antífona da entrada: Não fostes vós que mês escolhestes. Fui eu que vos
  escolhi e vos enviei para produzirdes fruto e o vosso fruto permaneça,
  aleluia! (Jo 15,16) 
  
Leitura (Atos
  1,15-17.20-26) 
  Leitura dos Atos dos apóstolos. 
1 15 Num daqueles dias, levantou-se
  Pedro no meio de seus irmãos, na assembléia reunida que constava de umas
  cento e vinte pessoas, e disse:  
  16 "Irmãos, convinha que se cumprisse o que o Espírito Santo predisse na
  escritura pela boca de Davi, acerca de Judas, que foi o guia daqueles que
  prenderam Jesus.  
  17 Ele era um dos nossos e teve parte no nosso ministério.  
  20 Pois está escrito no livro dos Salmos: 'Fique deserta a sua habitação, e
  não haja quem nela habite; e ainda mais: Que outro receba o seu cargo'.  
  21 Convém que destes homens que têm estado em nossa companhia todo o tempo em
  que o Senhor Jesus viveu entre nós,  
  22 a começar do batismo de João até o dia em que do nosso meio foi
  arrebatado, um deles se torne conosco testemunha de sua Ressurreição".  
  23 Propuseram dois: José, chamado Barsabás, que tinha por sobrenome Justo, e
  Matias.  
  24 E oraram nestes termos: Ó Senhor, que conheces os corações de todos,
  mostra-nos qual destes dois escolheste  
  25 para tomar neste ministério e apostolado o lugar de Judas que se
  transviou, para ir para o seu próprio lugar.  
  26 Deitaram sorte e caiu a sorte em Matias, que foi incorporado aos onze
  apóstolos. 
 
  
Salmo responsorial
  112/113 
O Senhor fez o indigente
  assentar-se com os nobres. 
Louvai, louvai, ó servos do
  Senhor,  
  louvai, louvai o nome do Senhor!  
  Bendito seja o nome do Senhor,  
  agora e por toda a eternidade! 
Do nascer do sol até o seu
  ocaso,  
  louvado seja o nome do Senhor!  
  O Senhor está acima das nações,  
  sua glória vai além dos altos céus. 
Quem pode comparar-se ao nosso
  Deus,  
  ao Senhor, que no alto céu tem o seu trono  
  e se inclina para olhar o céu e a terra? 
Levanta da poeira o indigente  
  e do lixo ele retira o pobrezinho,  
  para faze-lo assentar-se com os nobres,  
  assentar-se com os nobres do seu povo. 
Aclamação do Evangelho 
Aleluia, aleluia, aleluia.  
  Eu vos designei para que vades e deis frutos e o vosso fruto permaneça (Jo
  15,16). 
 
  Evangelho (João
  15,9-17) 
  
15 9 Disse Jesus: "Como o
  Pai me ama, assim também eu vos amo. Perseverai no meu amor. 10 Se guardardes
  os meus mandamentos, sereis constantes no meu amor, como também eu guardei os
  mandamentos de meu Pai e persisto no seu amor.  
  11 Disse-vos essas coisas para que a minha alegria esteja em vós, e a vossa
  alegria seja completa.  
  12 Este é o meu mandamento: amai-vos uns aos outros, como eu vos amo.  
  13 Ninguém tem maior amor do que aquele que dá a sua vida por seus amigos.  
  14 Vós sois meus amigos, se fazeis o que vos mando.  
  15 Já não vos chamo servos, porque o servo não sabe o que faz seu senhor. Mas
  chamei-vos amigos, pois vos dei a conhecer tudo quanto ouvi de meu Pai.  
  16 Não fostes vós que me escolhestes, mas eu vos escolhi e vos constituí para
  que vades e produzais fruto, e o vosso fruto permaneça. Eu assim vos
  constituí, a fim de que tudo quanto pedirdes ao Pai em meu nome, ele vos
  conceda.  
  17 O que vos mando é que vos ameis uns aos outros". 
  
COMENTÁRIOS DO EVANGELHO 
1. "Matias,
  indicado pela Igreja, escolhido por Jesus..."
 
  
Este evangelho é o mesmo de
  ontem, que foi o 6º Domingo da Páscoa, isso porque é  festa de São
  Matias, que pertencia ao grupo dos 70 discípulos e que conforme relato do Ato
  dos Apóstolos, foi escolhido pela comunidade dos discípulos para ser apóstolo
  e testemunha da ressurreição do Senhor. 
Nos relatos de Atos a respeito
  da escolha de Matias, o fato de se ter tirado a sorte entre ele e um certo
  José, chamado Barsabás, pode parecer estranho, afinal era um jogo de azar
  para decidir algo tão sério e sagrado: fazer parte do grupo dos doze. Claro
  que hoje não se tira a sorte para ver quem vai ser Padre, Diácono ou
  religioso, ou para exercer os ministérios dos Leigos. Ocorre que para o povo
  judeu era algo comum Deus se servir do acaso para manifestar a sua vontade e
  por isso, em certas decisões na comunidade, se usavam gravetos, pedrinhas
  marcadas como a Urime e Tumim. 
Na verdade em Atos, no episódio
  da escolha de Matias, é a última vez que se usa dessa prática para se saber a
  vontade de Deus, pois a partir daí, o Espírito Santo foi derramado na Igreja
  e no coração de todos os que crêem, então o Espírito manifesta claramente a
  vontade Divina e ninguém precisa mais tirar a sorte para saber o que Deus
  quer. Mas pior do que isso são os cristãos do nosso tempo, que menosprezando
  a ação do Espírito Santo, quando estão diante de uma encruzilhada da vida,
  consultam horóscopo, cartomante, cartas de tarô, Búzios e outras besteiras
  mais que inventaram. Fique bem claro que Deus não aprova e não usa desses recursos
  para revelar a sua santa vontade... 
Mas o evangelho fala algo que
  também nos faz pensar, "Não fostes vós que me escolhestes, mas eu é que
  vos escolhi...". Na pastoral vocacional esse chamado de Deus, esse
  apelo  que Deus faz através de sua graça, é o ponto inicial de qualquer
  vocação...". É a resposta que damos a alguém que nos procura porque
  sente o desejo de ir para o seminário, ou de ser Diácono, ou até mesmo de
  exercer algum ministério leigo na comunidade. É preciso que Deus chame! 
E como é que Deus vai chamar,
  como vamos saber que é Ele mesmo que está nos chamando ? Como saber
  distinguir aquilo que é a nossa vontade humana e a vontade de Deus? Aqui é
  que entra a autoridade da Igreja, que conduzida pelo Espírito Santo nos ajuda
  a discernir. Quando Samuel foi chamado por três vezes, foi o Sacerdote Eli
  que o ajudou a discernir que o Senhor o chamava, com Matias foi a mesma
  coisa, a comunidade entrou  em clima de oração para saber qual era a
  vontade de Deus. Qualquer vocação e qualquer chamado apresenta três aspectos
  que a tornam autêntica. Primeiro, que o vocacionado tenha no coração não só o
  desejo, mas a disponibilidade para servir a Deus, foi o que Eli recomendou a
  Samuel "Fala Senhor, que o teu Servo escuta...", segundo, a
  comunidade têm necessidade daquele serviço ou ministério, e aí podemos evocar
  a visão de Ezequiel, Deus preocupado dizendo com seus botões "A quem
  enviarei para esse serviço?", e em terceiro, que haja um convite ou um
  chamado que ajude o vocacionado a discernir.... 
Enfim, São Matias fez toda essa
  trajetória, com humildade, paciência e confiança, não caiu no desânimo quando
  não foi selecionado para o apostolado junto com os doze que Jesus escolhera,
  também não torceu para que alguém do grupo "pisasse na bola" para
  ele ter a sua chance, e quando Jesus morreu, mais ainda que Matias acreditou
  e jamais enterrou o seu sonho, que agora se realiza, sendo que ele apenas vai
  ser ratificado pelo grupo, como uma testemunha fiel de Jesus, desde o seu
  Batismo por João, até a ressurreição. 
A perseverança no amor é a
  palavra chave em qualquer vocação, por isso é o tema central desse evangelho
  de João, uma das primeiras testemunhas de Jesus, tocado por este amor que
  entra pelo coração mas que se clareia na razão, tornando-se a prática cristã
  essencial nas nossas comunidades. 
2. Amai-vos uns aos
  outros, como eu vos amei
  
  
O evangelho de João nos envolve
  na atmosfera do amor de Deus. O amor de Jesus e do Pai é comunicado a nós
  também! Somos carinhosamente impelidos a observar os mandamentos de Jesus, a
  guardar a sua palavra, ter fé e praticar o que ele viveu, seguir seu exemplo
  de serviço. Jesus os resume neste seu "novo" (Jo 13,34) mandamento:
  "Amai-vos uns aos outros, assim como eu vos amei". É uma novidade
  na história do mundo e das religiões. É tarefa humanamente impossível, pois
  se trata do amor divino! Mas a tarefa se torna viável uma vez que o próprio
  Jesus nos comunica este amor ao nos escolher e nos designar para darmos
  frutos que permaneçam. Este amor é solidário e comunicativo, na comunidade e
  na missão, tornando-se fecundo pela oração. 
Oração 
  Pai, completa a alegria que o Espírito Santo faz brotar em mim, pois estou
  disposto a permanecer unido a ti e a teu Filho, e a ser fiel aos teus
  mandamentos, apesar das adversidades. 
3. AMAR COMO JESUS AMOU
 
  
Em continuidade às suas
  palavras, a partir da metáfora dos ramos que permanecem unidos à videira,
  Jesus insiste na permanência dos discípulos com ele. O vínculo da permanência
  é o amor. O amor une e comunica. O amor entre Jesus e o Pai se comunica aos
  discípulos e, neles, é também um amor transbordante. O mandamento do Pai é a
  comunicação do amor. Pelo dom de si aos outros, permanece-se em Jesus e se
  tem a certeza de ser amado por Deus. O amor que comunica funda a comunidade e
  irradia-se na missão de transformar este mundo em um mundo novo possível. A
  alegria é um dos frutos do amor. E Jesus, cheio de amor, é alegre. E seu
  desejo é que a alegria dos discípulos tenha a qualidade da sua própria
  alegria e seja completa. 
   
 
   
 
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  Liturgia da Terça-Feira  
  
  
   
VI
  SEMANA DA PÁSCOA *
 
  
Antífona da entrada: Alegremo-nos, exultemos e demos glória a Deus, porque o
  Senhor todo-poderoso tomou posse do seu reino, aleluia! (Ap 19,7.6) 
  
Leitura (Atos 16,22-34) 
  Leitura dos Atos dos Apóstolos. 
16 22 O povo insurgiu-se contra
  eles. Os magistrados mandaram arrancar-lhes as vestes para açoitá-los com
  varas.  
  23 Depois de lhes terem feito muitas chagas, meteram-nos na prisão, mandando
  ao carcereiro que os guardasse com segurança.  
  24 Este, conforme a ordem recebida, meteu-os na prisão inferior e
  prendeu-lhes os pés ao cepo.  
  25 Pela meia-noite, Paulo e Silas rezavam e cantavam um hino a Deus, e os
  prisioneiros os escutavam.  
  26 Subitamente, sentiu-se um terremoto tão grande que se abalaram até os
  fundamentos do cárcere. Abriram-se logo todas as portas e soltaram-se as
  algemas de todos.  
  27 Acordou o carcereiro e, vendo abertas as portas do cárcere, supôs que os
  presos haviam fugido. Tirou da espada e queria matar-se.  
  28 Mas Paulo bradou em alta voz: "Não te faças nenhum mal, pois estamos
  todos aqui".  
  29 Então o carcereiro pediu luz, entrou e lançou-se trêmulo aos pés de Paulo
  e Silas.  
  30 Depois os conduziu para fora e perguntou-lhes: "Senhores, que devo
  fazer para me salvar?"  
  31 Disseram-lhe: "Crê no Senhor Jesus e serás salvo, tu e tua
  família".  
  32 Anunciaram-lhe a palavra de Deus, a ele e a todos os que estavam em sua
  casa.  
  33 Então, naquela mesma hora da noite, ele cuidou deles e lavou-lhes as
  chagas. Imediatamente foi batizado, ele e toda a sua família.  
  34 Em seguida, ele os fez subir para sua casa, pôs-lhes a mesa e alegrou-se
  com toda a sua casa por haver crido em Deus. 
 
  
Salmo responsorial
  137/138 
Ó Senhor, me estendeis o vosso
  braço e me ajudais. 
Ó Senhor, de coração eu vos dou
  graças,  
  porque ouvistes as palavras dos meus lábios1  
  Perante os vossos anjos vou cantar-vos  
  e ante o vosso templo vou prostrar-me. 
Eu agradeço vosso amor, vossa
  verdade,  
  porque fizestes muito mais que prometestes;  
  naquele dia em que gritei, vós me escutastes  
  e aumentastes o vigor da minha alma. 
Estendereis o vosso braço em meu
  auxílio  
  e havereis de me salvar com vossa destra.  
  Completai em mim a obra começada;  
  ó Senhor, vossa bondade é para sempre!  
  eu vos peço: não deixeis inacabada  
  esta obra que fizeram vossas mãos. 
Aclamação do Evangelho 
Aleluia, aleluia, aleluia.  
  Eu hei de enviar-vos o Espírito da verdade; ele vos conduzirá a toda a
  verdade (Jo 16,7.13). 
 
  Evangelho (João
  16,5-11) 
  
16 5 Disse Jesus: "Agora
  vou para aquele que me enviou, e ninguém de vós me pergunta: 'Para onde
  vais?'  
  6 Mas porque vos falei assim, a tristeza encheu o vosso coração.  
  7 Entretanto, digo-vos a verdade: convém a vós que eu vá! Porque, se eu não
  for, o Paráclito não virá a vós; mas se eu for, vo-lo enviarei.  
  8 E, quando ele vier, convencerá o mundo a respeito do pecado, da justiça e
  do juízo.  
  9 Convencerá o mundo a respeito do pecado, que consiste em não crer em mim.  
  10 Ele o convencerá a respeito da justiça, porque eu me vou para junto do meu
  Pai e vós já não me vereis;  
  11 ele o convencerá a respeito do juízo, que consiste em que o príncipe deste
  mundo já está julgado e condenado". 
  
   
COMENTÁRIOS DO EVANGELHO 
  
1. "O Espírito que
  desmascara as Forças do Mal..."
 
  
Os que se opunham radicalmente a
  Jesus Cristo, estavam confiantes de que tinham acabado com ele
  definitivamente e agora os seus seguidores se dispersariam e aos poucos
  ninguém iria mais se lembrar do tal Jesus de Nazaré. Mas o Poder de Deus é
  infinitamente maior do que esse pensamento mesquinho do ser humano, quando
  pensavam que tudo estava acabado, inclusive os discípulos, que ao ouvirem Jesus
  falar em partida, deixam-se dominar por uma grande tristeza, eis que Jesus
  faz uma promessa.... 
Vai enviar o Espírito Paráclito,
  um Juiz que irá dar o veredicto final sobre Jesus, apontando-o como grande
  vencedor sobre todas as forças do mal, confirmando seus ensinamentos e obras,
  atestando que Ele está bem vivo, Glorioso á direita do Pai, e ao mesmo tempo
  em Espírito caminhando com a sua Igreja. 
Entretanto, esse veredicto e
  esse julgamento teve apenas início, porque se perpetua na Igreja nos cristãos
  de todos os tempos que são fiéis á Jesus e exatamente no anúncio e nas obras
  dos discípulos, o Espírito vai confirmando o Bem supremo que é Jesus de
  Nazaré, e ao mesmo tempo desmascarando e fazendo ruir por terra os planos dos
  que optaram pelo mal. 
Por isso esse Espírito é também
  chamado de Consolador, mas não uma consolação que faz os discípulos de Jesus
  se conformarem com a derrota, ao contrário, é uma consolação santa que os
  impele para a frente, a caminhar e a resistir na luta contra o mal.  A
  comunidade apostólica por primeiro, e depois as primeiras comunidades,
  experimentaram, perceberam e sentiram essa ação do Espírito Santo, que
  inaugurou o Kairós, tempo que vive a Igreja até a parusia,  quando vier
  a Plenitude do Reino. 
Logicamente que a história é encíclica
  e hoje como ontem, há os que se opõe radicalmente á Jesus, recusam a sua
  divindade, rejeitam o Jesus do Evangelho e aderem a um Jesus do Consumismo
  que não passa de uma grotesca caricatura do nosso Deus. Jesus voltou ao Pai,
  vencedor da missão que lhe foras confiada, agora caberá á sua Igreja,
  assistida, orientada e conduzida pelo seu Espírito, percorrer os mesmos
  caminhos que ele percorreu, na mesma Fidelidade que o levou a nos amar até o
  fim, entregando á própria vida.  
  Não há o que temer e os discípulos de hoje podem dizer sem medo "O
  Espírito do Senhor está sobre nós..." 
2. A nova forma de presença de Jesus
 
  
Tendo já anunciado o envio do
  Espírito (Jo 15,26), Jesus esclarece seus discípulos com mais detalhes. João
  é o único evangelista a referir-se ao Espírito com um termo (paráklêtos) que
  tem um amplo sentido, englobando as várias traduções adotadas (Defensor,
  Consolador, Advogado, etc.). 
Jesus fala em sua partida, o que
  causa tristeza nos corações dos discípulos. Sentir-se-ão sós, em um mundo de
  conflitos. A partida de Jesus é o fecho de sua vida que foi plenitude de dom
  de amor aos discípulos e ao mundo. O amadurecimento da compreensão da vida de
  Jesus exige tempo. Na ausência de Jesus é o Espírito de Verdade e de Amor que
  os iluminará neste amadurecimento e os fortalecerá na perseverança no
  seguimento de Jesus. Pelo Espírito, os discípulos encontram a nova forma de
  presença de Jesus. 
O Espírito fará os discípulos
  verem que os valores oferecidos pelo mundo levam ao pecado da rejeição a
  Jesus. Verão também que o anúncio da justiça feito por Jesus foi coroado com
  sua ida para o Pai, e que a estrutura opressora do mundo e seu chefe estão
  condenados. 
Oração 
  Pai, concede-me o Espírito que me dá forças para enfrentar e vencer o mundo,
  e manter-me fiel a teu Filho Jesus. 
3. O PARÁCLITO
 
  
João é o único evangelista a
  referir-se ao Espírito Santo como o Paráclito (Parakletos), também traduzido
  por Defensor, Consolador, Advogado. Tendo já mencionado várias vezes o dom do
  Espírito Santo, agora Jesus retoma o anúncio de sua partida, detendo-se mais
  na missão do Espírito que será enviado. É bom que Jesus vá, porque o
  Defensor, o Espírito Santo, enviado aos discípulos unidos em comunidade, dará
  continuidade histórica ao ministério de Jesus, restaurador da vida. Agora, os
  próprios discípulos, unidos ao Espírito, são os protagonistas da missão
  libertadora e vivificante. O Espírito, que já estava presente em Jesus, é
  colocado em destaque a partir da ocultação do Jesus visível e sensível. O Espírito
  é uma presença tão forte entre nós como era a presença de Jesus no momento
  histórico de seu ministério. O Espírito Santo atualiza a presença dele na
  comunidade dos discípulos. A ação do Espírito é reconhecida, pela fé, em todo
  ato de amor que remove a injustiça, promove a vida e constrói a comunhão e a
  paz. 
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  Liturgia da
  Quarta-Feira  
  
  
   
VI
  SEMANA DA PÁSCOA
  
  
Antífona da entrada: Senhor, eu vos louvarei entre os povos, anunciarei
  vosso nome aos meus irmãos, aleluia! (Sl 17,50;21,23) 
  
Leitura (Atos
  17,15.22-18,1) 
  Leitura dos Atos dos apóstolos. 
17 15 Os que conduziam Paulo
  levaram-no até Atenas. De lá voltaram e transmitiram para Silas e Timóteo a
  ordem de que fossem ter com ele o mais cedo possível.  
  22 Paulo, em pé no meio do Areópago, disse: "Homens de Atenas, em tudo
  vos vejo muitíssimo religiosos.  
  23 Percorrendo a cidade e considerando os monumentos do vosso culto,
  encontrei também um altar com esta inscrição: 'A um Deus desconhecido'. O que
  adorais sem o conhecer, eu vo-lo anuncio!  
  24 O Deus, que fez o mundo e tudo o que nele há, é o Senhor do céu e da
  terra, e não habita em templos feitos por mãos humanas.  
  25 Nem é servido por mãos de homens, como se necessitasse de alguma coisa,
  porque é ele quem dá a todos a vida, a respiração e todas as coisas.  
  26 Ele fez nascer de um só homem todo o gênero humano, para que habitasse
  sobre toda a face da terra. Fixou aos povos os tempos e os limites da sua
  habitação.  
  27 Tudo isso para que procurem a Deus e se esforcem por encontrá-lo como que
  às apalpadelas, pois na verdade ele não está longe de cada um de nós.  
  28 Porque é nele que temos a vida, o movimento e o ser, como até alguns dos
  vossos poetas disseram: Nós somos também de sua raça...  
  29 Se, pois, somos da raça de Deus, não devemos pensar que a divindade é
  semelhante ao ouro, à prata ou à pedra lavrada por arte e gênio dos homens.  
  30 Deus, porém, não levando em conta os tempos da ignorância, convida agora a
  todos os homens de todos os lugares a se arrependerem.  
  31 Porquanto fixou o dia em que há de julgar o mundo com justiça, pelo
  ministério de um homem que para isso destinou. Para todos deu como garantia
  disso o fato de tê-lo ressuscitado dentre os mortos".  
  32 Quando o ouviram falar de ressurreição dos mortos, uns zombavam e outros
  diziam: "A respeito disso te ouviremos outra vez".  
  33 Assim saiu Paulo do meio deles.  
  34 Todavia, alguns homens aderiram a ele e creram: entre eles, Dionísio, o
  areopagita, e uma mulher chamada Dâmaris; e com eles ainda outros.  
  18 1 Depois disso, saindo de Atenas, Paulo dirigiu-se a Corinto. 
 
  
Salmo responsorial 148 
Da vossa glória estão cheios o
  céu e a terra. 
Louvai o Senhor Deus nos altos
  céus,  
  louvai-o no excelso firmamento!  
  Louvai-o, anjos seus, todos louvai-o,  
  louvai-o, legiões celestiais! 
Reis da terra, povos todos,
  bendizei-o,  
  e vós, príncipes e todos os juízes;  
  e vós, jovens, e vós moças e rapazes,  
  anciãos e criancinhas, bendizei-o! 
Louvem o nome do Senhor,
  louvem-no todos,  
  porque somente o seu nome é excelso!  
  A majestade e esplendor de sua glória  
  ultrapassam em grandeza o céu e a terra. 
Ele exaltou seu povo eleito em
  poderio,  
  ele é o motivo de louvor para os seus santos.  
  é um hino para os filhos de Israel,  
  este povo que ele ama e lhe pertence. 
Aclamação do Evangelho 
Aleluia, aleluia, aleluia.  
  Rogarei ao meu Pai e ele há de enviar-vos um outro paráclito, que há de
  permanecer eternamente convosco (Jo 14,16). 
 
  Evangelho (João 16,12-15) 
  
16 12 Assim falou Jesus:
  "Muitas coisas ainda tenho a dizer-vos, mas não as podeis suportar
  agora.  
  13 Quando vier o Paráclito, o Espírito da Verdade, ensinar-vos-á toda a
  verdade, porque não falará por si mesmo, mas dirá o que ouvir, e
  anunciar-vos-á as coisas que virão.  
  14 Ele me glorificará, porque receberá do que é meu, e vo-lo anunciará.  
  15 Tudo o que o Pai possui é meu. Por isso, disse: Há de receber do que é
  meu, e vo-lo anunciará".  
  
   
COMENTÁRIOS DO EVANGELHO 
  
1. "O Espírito que
  atualiza o ANÚNCIO..."
 
  
Já imaginaram um site de
  notícias que só é atualizado de vez em quando ou nunca é atualizado? O
  segredo para se fazer sucesso é diariamente ter o site atualizado, o
  internauta entra uma vez, e ao perceber que as notícias são
  "velhas" nunca mais acessam. Algo parecido ocorre com a Palavra de
  Deus que Jesus nos trouxe, Ele é o Verbo Encarnado, como afirma São João,
  entretanto, Jesus de Nazaré viveu em um contexto histórico, religioso,
  político e social lá do Oriente Médio, diferente da Pós-modernidade de 2012,
  com o mundo globalizado. 
Os problemas que enfrentou, os
  desafios que teve de encarar, foram diferentes dos que hoje os cristãos do
  mundo inteiro enfrentam e além do mais, o Cristianismo naqueles primeiros
  tempos estava fechado em uma religião, e trazia uma identidade da tradição de
  Israel. Há muitos cristãos sonhadores que hoje se perguntam "O que será
  que Jesus faria em meu lugar nos dias de hoje, que ensinamentos daria, que
  orientações faria aos discípulos, que atitudes iria tomar..." 
O evangelho de hoje responde
  direitinho essa questão, se o Jesus Histórico não está em nosso meio, o seu
  Espírito Santo, enviado pelo Pai está presente em sua Igreja e na vida
  dos que crêem. Não se trata de um Espírito Mágico, monopólio de uma Religião
  ou Igreja, aprisionado em uma doutrina, e que de vez em quando faz revelações
  surpreendentes. Nem é preciso entrar em transe, para atingir o alfa como
  pensam alguns orientais. 
A missão do Espírito é atualizar
  o Anúncio de Jesus com uma ação evangelizadora eficaz, que tenha força de
  tocar no coração das pessoas. Trata-se do mesmo Cristo, do mesmo evangelho,
  da mesma Verdade e da mesma Revelação, porém atualizada para os dias de hoje,
  pois nosso Deus não é igual aqueles Velhos Resmungões que fica choramingando
  pelos cantos, dizendo que no seu tempo as coisas eram melhores... 
O Espírito renovador,
  santificador e restaurador, inspira os cristãos a como agir nos dias de hoje.
  Na comunidade apostólica o Espírito Santo recordou tudo o que Jesus ensinou,
  hoje ele nos recorda e vai mais longe: define uma autêntica prática cristã,
  para se fazer o anúncio e dar o testemunho, que é tão eficaz como o
  testemunho das primeiras comunidades. Porque muitas vezes imaginamos que o
  fervor cristão vai diminuindo com o passar do tempo, mas é o contrário, o
  Espírito Santo garante essa ebulição por todo o sempre. E assim, aos cristãos
  de cada tempo o Espírito se manifesta e atualiza a Santa Palavra anunciada,
  tornando-se sempre nova e restauradora, não permitindo que se torne uma
  Velharia do passado, mas algo muito atual, seja qual for o tempo em que se
  vive... 
  
2. Espírito Santo guiará
  os discípulos em toda a verdade
 
  
Durante a última ceia, nas
  palavras de Jesus aos seus discípulos pode-se perceber como eles sempre
  tiveram dificuldades de compreendê-lo em seus propósitos e em seu anúncio. Os
  cerca de três anos de convívio durante o ministério de Jesus não chegou a
  remover-lhes as expectativas messiânicas tradicionais. A prática libertadora
  e vivificante de Jesus deixava-os perplexos. Mesmo depois da crucifixão de
  Jesus, os discípulos foram lentos em perceber a continuidade de sua presença
  entre eles. Jesus mencionou o envio do Espírito Santo, que guiará os
  discípulos em toda a verdade. É o Espírito que já estava presente em Jesus,
  mas que fica em destaque a partir da ocultação do Jesus visível e sensível.
  Há uma perfeita comunhão entre Jesus, o Pai e o Espírito, sendo o ensinamento
  deste a continuidade do ensinamento de Jesus. É o Espírito que ajudará os
  discípulos a compreenderem o projeto de Deus para mundo. 
O Espírito Santo é revelador de
  toda a verdade, em todos os tempos, em todos os povos. É a revelação da
  presença de Jesus, hoje, entre os discípulos reunidos em comunidades que se
  empenham na construção do mundo novo, no qual é abolida a violência e vive-se
  a paz. 
Oração 
  Pai, que o Espírito me ensine toda a verdade e me revele às coisas que hão de
  vir, para que eu possa enveredar, com toda segurança, pelo caminho que é
  Jesus. 
  
3. O ANÚNCIO DO ESPÍRITO
 
  
Neste seu discurso de revelação,
  na última ceia, Jesus destaca a ação iluminadora do Espírito Santo. Tanto o
  Evangelho de João como os sinóticos, Marcos, Mateus e Lucas, registram a
  dificuldade dos discípulos em entender toda a profundidade do anúncio de
  Jesus. Depois da sua crucifixão, foram lentos também em perceber a
  ressurreição e a continuidade da presença de Jesus entre eles. Será o
  Espírito da Verdade, enviado por Jesus e pelo Pai, que os ajudará a
  compreender toda a verdade. O Espírito anunciará o que é do Pai e do Filho.
  Os discípulos, confirmados por este anúncio, serão testemunhas de Jesus e o
  glorificarão. É o anúncio da Verdade que continua a ser revelada ao longo dos
  séculos, em todas as gerações. Erros históricos vão sendo revistos e as
  influências das ideologias do poder, sobre a fé, estão sendo esvaziadas. As
  mentiras dos poderosos deste mundo são denunciadas e as esperanças dos povos
  pela vida e pela paz, fortalecidas. Ao longo dos séculos, o Espírito ilumina
  e revigora os bem-aventurados, pobres, mansos, pacíficos, misericordiosos,
  espoliados, comprometidos, que lutam pela justiça na construção do Céu e
  terra louvem mundo novo. 
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  Liturgia da
  Quinta-Feira  
  
  
   
VI
  SEMANA DA PÁSCOA 
 
  
Antífona da entrada: Ó Deus, quando saístes à frente do vosso povo,
  abrindo-lhe o caminho e habitando entre eles, a terra estremeceu, fundiram-se
  os céus, aleluia! (Sl 67,8s.20) 
  
Leitura (Atos 18,1-8) 
  Leitura dos Atos dos Apóstolos. 
18 1 Depois disso, saindo de
  Atenas, Paulo dirigiu-se a Corinto.  
  2 Encontrou ali um judeu chamado Áquila, natural do Ponto, e sua mulher
  Priscila. Eles pouco antes haviam chegado da Itália, por Cláudio ter decretado
  que todos os judeus saíssem de Roma. Paulo uniu-se a eles.  
  3 Como exercessem o mesmo ofício, morava e trabalhava com eles. (Eram
  fabricantes de tendas.)  
  4 Todos os sábados ele falava na sinagoga e procurava convencer os judeus e
  os gregos.  
  5 Quando Silas e Timóteo chegaram da Macedônia, Paulo dedicou-se inteiramente
  à pregação da palavra, dando aos judeus testemunho de que Jesus era o
  Messias.  
  6 Mas como esses contradissessem e o injuriassem, ele, sacudindo as vestes,
  disse-lhes: "O vosso sangue caia sobre a vossa cabeça! Tenho as mãos
  inocentes. Desde agora vou para o meio dos gentios".  
  7 Saindo dali, entrou em casa de um prosélito, chamado Tício Justo, cuja casa
  era contígua à sinagoga.  
  8 Entretanto Crispo, o chefe da sinagoga, acreditou no Senhor com todos os da
  sua casa. Sabendo disso, muitos dos coríntios, ouvintes de Paulo, acreditaram
  e foram batizados. 
 
  
Salmo responsorial 97/98 
O Senhor fez conhecer seu poder
  salvador  
  perante as nações. 
Cantai ao Senhor Deus um canto
  novo,  
  porque ele fez prodígios!  
  Sua mão e o seu braço forte e santo  
  alcançaram-lhe a vitória. 
O Senhor fez conhecer a salvação  
  e, às nações, sua justiça;  
  recordou o seu amor sempre fiel  
  pela casa de Israel. 
Os confins do universo contemplaram  
  a salvação do nosso Deus.  
  Aclamai o Senhor Deus, ó terá inteira,  
  alegrai-vos e exultai! 
Aclamação do Evangelho 
Aleluia, aleluia, aleluia.  
  Eu não vos deixarei órfãos: eu irei, mas voltarei, e o vosso coração muito há
  de se alegrar (Jo 14,18). 
 
  EVANGELHO (João 16,16-20) 
  
16 16 Jesus disse: "Ainda
  um pouco de tempo, e já me não vereis; e depois mais um pouco de tempo, e me
  tornareis a ver, porque vou para junto do Pai".  
  17 Nisso alguns dos seus discípulos perguntavam uns aos outros: "Que é
  isso que ele nos diz: 'Ainda um pouco de tempo, e não me vereis; e depois
  mais um pouco de tempo, e me tornareis a ver?' E que significa também: 'Eu
  vou para o Pai?'"  
  18 Diziam então: "Que significa este pouco de tempo de que fala? Não
  sabemos o que ele quer dizer".  
  19 Jesus notou que lho queriam perguntar e disse-lhes: "Perguntais uns
  aos outros acerca do que eu disse: 'Ainda um pouco de tempo, e não me vereis;
  e depois mais um pouco de tempo, e me tornareis a ver'.  
  20 Em verdade, em verdade vos digo: haveis de lamentar e chorar, mas o mundo
  se há de alegrar. E haveis de estar tristes, mas a vossa tristeza se há de
  transformar em alegria".  
   
  
COMENTÁRIOS DO EVANGELHO 
  
1. "Tristezas e
  alegrias, Luzes e sombras..."
 
  
A vida de todo discípulo de
  Jesus não é diferente das demais pessoas, ela é cheia de altos e baixos,
  "Um dia chove, outro dia faz sol", como cantou o poeta Chico
  Buarque de Holanda, um dia resplandece como uma manhã belíssima, mas logo
  mais a tarde vêm as nuvens negras com raios e relâmpagos. Na Vida de Fé esse
  dualismo também está presente, e Jesus está dizendo aos discípulos que será
  sempre assim: um pouco de tempo e me vereis, mais um pouco e não me vereis, e
  outro pouco e tornareis a me ver... 
A gente queria só luz, alegria,
  entusiasmo, sucesso, em nossa vida de Fé, na vida em comunidade, mas não é
  assim, desde o começo Jesus deixou bem claro. Os discípulos não entenderam e
  nós também não. Então Jesus, que conhece o homem profundamente, todos os
  pensamentos e sentimentos humanos, vai dizer que ao final, toda a angústia e
  tristeza dos discípulos vai se transformar em alegria eterna. 
Há no mundo uma falsa alegria,
  que hoje poderíamos dizer, provocada pelo consumismo, pelo sucesso, prestígio
  e poder, na verdade as alegrias terrenas são legítimas mas não podem
  substituir na vida dos discípulos aquela que é a Verdadeira alegria e que um
  dia se tornará plena. A suposta "ausência" de Jesus, a partir da
  sua Ascensão, é preenchida totalmente pelo Espírito que acompanha a Igreja
  neste tempo do Kairós até a Parusia. 
Em suma, Ver ou não ver Jesus,
  sentir sua presença em nossa vida ou não, é uma contingência humana por conta
  das nossas limitações, Deus está sempre presente na ação Trinitária em cuja
  vida de comunhão somos envolvidos, mas que não nos arrebata desse Vale de
  Lágrimas, onde é preciso caminhar e Crer, alimentando em nós essa esperança,
  de que o Senhor caminha conosco, falando e agindo, como fez um dia junto aos
  seus discípulos. 
  
2. A promessa do Espírito é Verdade e Amor
 
  
Uma das características do
  evangelho de João é o uso da repetição didática de palavras ou frases. A
  afirmação sobre o ver e o não ver Jesus é repetida três vezes, e a
  dificuldade de entendimento dos discípulos fica patente. 
Jesus já mencionara a sua
  partida, causando receios e tristeza nos discípulos que já vinham
  experimentando as ameaças do poder religioso do Templo e das sinagogas. Jesus
  os confortara com a promessa do Espírito que é Verdade e Amor. Agora
  esclarece que ele próprio voltará a estar presente entre os discípulos.
  Dentro de pouco tempo os discípulos não mais verão (theôreite - visão
  sensível) Jesus. Com mais um pouco de tempo eles o perceberão (opsesthe) em
  sua presença que foge aos sentidos. 
De início os discípulos se
  entristecem com a morte de cruz e a ausência de Jesus. Mas logo se alegrarão
  com a presença do Espírito e do próprio Jesus, percebendo que a todos é
  concedido o dom da vida eterna, o que renova a face da terra, gerando um
  mundo novo. 
Oração 
  Pai, que o meu testemunho de vida cristã seja tal, que as pessoas possam
  "ver" Jesus nas minhas palavras e nos meus gestos de amor ao
  próximo. 
  
3. PERMANECER EM JESUS
 
  
Em seqüência ao anúncio de sua
  partida, Jesus confirma a continuidade de sua presença entre os discípulos
  com o sugestivo jogo de palavras sobre o pouco tempo que resta para não mais
  vê-lo e mais um pouco em que será visto de novo. A dinâmica do dom da vida
  eterna, em João, segue a seguinte trajetória: a Palavra, o Filho, que estava
  em Deus se faz carne e habita entre nós; é glorificado em sua missão vivificante
  e libertadora, comunicando a vida eterna, como enviado do Pai; e volta ao
  Pai. Ao contrário dos sinóticos, João não fala de uma outra "volta"
  de Jesus ao mundo, mas sim no "permanecer nele". Serão os
  discípulos que o verão de novo, agora glorificado pelo Pai. O verão dentro de
  um pouco mais de tempo, ao permanecerem nele, e ele e o Pai nos discípulos. O
  permanecer em Jesus, unidos em comunidade e fazendo a vontade do Pai,
  significa, já, a alegria de participar da glória de Jesus, em comunhão de
  vida eterna com o Pai. 
   
 
   
 
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  Liturgia da Sexta-Feira  
  
  
   
VI
  SEMANA DA PÁSCOA *
 
  
Antífona da entrada: Vós nos resgatastes, Senhor, pelo vosso sangue, de
  todas as raças, línguas, povos e nações e fizestes de nós um reino e
  sacerdotes para o nosso Deus, aleluia! (Ap 5,9s) 
  
Leitura (Atos 18,9-18) 
  Leitura dos Atos dos Apóstolos. 
18 9 Numa noite, o Senhor disse
  a Paulo em visão: "Não temas! Fala e não te cales.  
  10 Porque eu estou contigo. Ninguém se aproximará de ti para te fazer mal,
  pois tenho um numeroso povo nesta cidade".  
  11 Paulo deteve-se ali um ano e seis meses, ensinando a eles a palavra de
  Deus.  
  12 Sendo Galião procônsul da Acaia, levantaram-se os judeus de comum acordo
  contra Paulo e levaram-no ao tribunal e disseram:  
  13 Este homem persuade os ouvintes a (adotar) um culto contrário à lei.  
  14 Paulo ia falar, mas Galião disse aos judeus: "Se fosse, na realidade,
  uma injustiça ou verdadeiro crime, seria razoável que vos atendesse.  
  15 Mas se são questões de doutrina, de nomes e da vossa lei, isso é lá
  convosco. Não quero ser juiz dessas coisas". 
  16 E mandou-o sair do tribunal.  
  17 Então todos pegaram em Sóstenes, chefe da sinagoga, e o espancaram diante
  do tribunal, sem que Galião fizesse caso algum disso.  
  18 Paulo permaneceu ali (em Corinto) ainda algum tempo. Depois se despediu
  dos irmãos e navegou para a Síria e com ele Priscila e Áquila. Antes, porém,
  cortara o cabelo em Cêncris, porque terminara um voto. 
 
  
Salmo responsorial 46/47 
O Senhor é o grande rei de toda
  a terra. 
Povos todos do universo, batei
  palmas,  
  gritai a Deus aclamações de alegria!  
  Porque sublime é o Senhor, o Deus altíssimo,  
  o soberano que domina toda a terra. 
Os povos sujeitou ao nosso jugo  
  e colocou muitas nações aos nossos pés.  
  Foi ele que escolheu a nossa herança,  
  a glória de Jacó, seu bem-amado. 
Por entre aclamações Deus se
  elevou,  
  o Senhor subiu ao toque da trombeta.  
  Salmodiai ao nosso Deus ao som da harpa,  
  salmodiai, ao som da harpa, ao nosso rei! 
Aclamação do Evangelho 
Aleluia, aleluia, aleluia.  
  Era preciso que Cristo sofresse e ressuscitasse dos mortos para entrar em sua
  glória (Lc 24,46.26). 
 
  EVANGELHO (João 16,20-23) 
  
16 20 Disse Jesus: "Em
  verdade, em verdade vos digo: haveis de lamentar e chorar, mas o mundo se há
  de alegrar. E haveis de estar tristes, mas a vossa tristeza se há de
  transformar em alegria.  
  21 Quando a mulher está para dar à luz, sofre porque veio a sua hora. Mas,
  depois que deu à luz a criança, já não se lembra da aflição, por causa da
  alegria que sente de haver nascido um homem no mundo.  
  22 Assim também vós: sem dúvida, agora estais tristes, mas hei de ver-vos
  outra vez, e o vosso coração se alegrará e ninguém vos tirará a vossa
  alegria.  
  23 Naquele dia não me perguntareis mais coisa alguma. Em verdade, em verdade
  vos digo: o que pedirdes ao Pai em meu nome, ele vo-lo dará".  
   
  
   
COMENTÁRIOS DO EVANGELHO 
  
1. " VAI PASSAR
  ...."
 
  
"Seus filhos erravam
  cegos pelo continente, 
  levavam pedras feito penitentes 
  Erguendo estranhas catedrais 
  E um dia, afinal, tinham o direito a uma alegria fugaz 
  Meu Deus, vem olhar, vem ver de perto uma cidade a cantar 
  A evolução da liberdade até o dia clarear...." 
Grandes poetas como o nosso
  Chico Buarque de Holanda, sempre cantaram a esperança nos momentos difíceis e
  turbulentos da nossa história. Nesse evangelho de João os discípulos estão ás
  vésperas da tragédia que irá se abater sobre eles e Jesus os consola,
  afirmando poeticamente e teologicamente que "Toda aquela tristeza vai
  passar..." 
"Haveis de estar tristes
  mas toda a vossa tristeza há de se transformar em alegria..." A paixão e
  a morte de Jesus é necessária, mas não se trata de uma dor do desespero, mas
  de uma dor toda feita de esperança exatamente como a dor do parto que depois
  se transforma em risos de alegria. 
De fato, os discípulos de Jesus
  passaram por um período tenebroso, da sua ascensão ao Céu até o dia em que o
  Espírito os confirmou como Igreja dando-lhes a certeza esperança de que Jesus
  estava vivo e continuava a caminhar com eles. 
Dia desses um irmão da comunidade
  desabafou de um jeito triste que há muitas coisas erradas na nossa Igreja e
  que ele tem medo de pensar no que tudo isso vai dar, pois as vezes a Igreja
  parece tomar decisões contrárias ao evangelho e aos ensinamentos de Jesus,
  quando não se abre, para sair de si mesma e ir ao encontro das pessoas para
  fazer o anúncio querigmático, uma igreja que muitas vezes parece estar tão
  longe dos que sofrem, dos que são injustiçados, dos marginalizados e
  excluídos... 
Exatamente aí, onde tudo parece
  estar errado, o Espírito de Jesus está agindo, e o coração do autêntico
  discípulo consegue perceber a sua presença e se enche de alegria. Aos
  discípulos Jesus falava dos novos tempos que estavam por vir, com a expansão
  do cristianismo no mundo inteiro, muito além de Jerusalém, onde estava a
  Igreja Mãe. 
Para nós esse evangelho também
  nos encoraja, a superarmos todas as dificuldades, momentos cruciais marcados
  por angústias e incertezas, divisões e outras amarguras no meio do povo de
  Deus, contudo, como a cantiga do poeta, essa Palavra nos consola o coração
  ferido; TUDO VAI PASSAR... A VOSSA ANGÚSTIA E TRISTEZA SE TRANSFORMARÁ EM
  ALEGRIA... 
2. Promessa de Jesus de
  permanecer entre os discípulos.
 
  
Jesus conclui sua fala de
  despedida, com a promessa de sua permanência entre os discípulos. 
O mundo, com seu chefe,
  alegrar-se-á com a morte de Jesus, pensando ter assim garantido o seu poder.
  Os discípulos chorarão e lamentarão os sofrimentos e a morte de Jesus e a sua
  ausência. Porém, a tristeza é passageira. Com o dom do Espírito e a nova
  manifestação de Jesus, a alegria voltará para ficar para sempre. 
Em conclusão, Jesus usa a
  comparação da mulher que dá à luz uma criança. A imagem do sofrimento do
  parto que antecipa o surgimento da vida é usada com frequência no Antigo
  Testamento. No Novo Testamento, Paulo fará uso desta imagem, ele próprio
  sofrendo as dores do parto até que Cristo seja formado em seus discípulos (Gl
  4,19). Também a própria criação sofre como que em um parto, aguardando a sua
  libertação (Rm 8,22). A alegria é a alegria da vida, a alegria de viver. Esta
  alegria se torna estável e permanente quando, mesmo nos sofrimentos, tendo
  Jesus, se percebe que, no amor, a vida é eterna e a morte não tem poder sobre
  ela. 
Oração 
  Espírito de felicidade, que a certeza da ressurreição me ajude a suportar as
  dores e os sofrimentos, sem desfalecer. 
3. A NOVA PRESENÇA DE JESUS
 
  
Nesta seqüência da fala de Jesus
  sobre sua ida ao Pai, permanecendo, contudo, junto dos discípulos, o tema é a
  alegria que supera a tristeza. O ministério de Jesus é inaugurado na alegria,
  em Caná da Galiléia. Alegria das bodas, com o vinho de Jesus. Agora, com sua
  partida, não cessará esta alegria, mesmo que passem por momentos de tristeza.
  As mulheres que têm a experiência de dar à luz uma criança conhecem a
  supremacia da alegria sobre a tristeza passageira. Enganado, o mundo,
  submetido aos chefes do poder que matam para se manter, alegrar-se-á com a
  aparente ausência de Jesus. Porém, os discípulos e todos os que forem
  libertos deste poder alegrar-se-ão com a nova presença de Jesus entre eles. E
  ninguém lhes poderá tirar sua alegria. É a vida que supera a morte e é
  assumida na eternidade. "Aquele dia" é o dia da glória do Pai pelo
  pleno cumprimento da missão de Jesus. É o dia do dom do Espírito, que
  revelará aos discípulos a permanência de Jesus entre eles, após sua morte de
  cruz. Então, o próprio Espírito instruirá os discípulos e os unirá, pelo
  amor, nas comunidades e no anúncio de Jesus ao mundo. 
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Liturgia
  do Sábado  
  
   
VI
  SEMANA DA PÁSCOA 
 
  
Antífona da entrada: Povo resgatado por Deus, proclamai suas maravilhas: ele
  vos chamou das trevas à sua luz admirável, aleluia! (1Pd 2,9) 
  
Leitura (Atos 18,23-28) 
  Leitura dos Atos dos Apóstolos. 
18 23 Paulo se demorou aí apenas
  por algum tempo, partiu de novo e atravessou sucessivamente as regiões da
  Galácia e da Frígia, fortalecendo todos os discípulos.  
  24 Entrementes, um judeu chamado Apolo, natural de Alexandria, homem
  eloqüente e muito versado nas Escrituras, chegou a Éfeso.  
  25 Era instruído no caminho do Senhor, falava com fervor de espírito e
  ensinava com precisão a respeito de Jesus, embora conhecesse somente o
  batismo de João.  
  26 Começou, pois, a falar na sinagoga com desassombro. Como Priscila e Áquila
  o ouvissem, levaram-no consigo, e expuseram-lhe mais profundamente o caminho
  do Senhor.  
  27 Como ele quisesse ir à Acaia, os irmãos animaram-no e escreveram aos
  discípulos que o recebessem bem. A sua presença (em Corinto) foi, pela graça
  de Deus, de muito proveito para os que haviam crido,  
  28 pois com grande veemência refutava publicamente os judeus, provando, pelas
  Escrituras, que Jesus era o Messias. 
 
  
Salmo responsorial 46/47 
O Senhor é o grande rei de toda
  a terra. 
Povos todos do universo, batei
  palmas,  
  gritai a Deus aclamações de alegria!  
  Porque sublime é o Senhor, o Deus altíssimo,  
  o soberano que domina toda a terra. 
Porque Deus é o grande rei de
  toda a terra,  
  ao som da harpa acompanhai os seus louvores!  
  Deus reina sobre todas as nações,  
  está sentado no seu trono glorioso. 
Os chefes das nações se reuniram  
  com o povo do Deus santo de Abraão,  
  pois só Deus é realmente o Altíssimo,  
  e os poderosos desta terra lhe pertencem! 
Aclamação do Evangelho 
Aleluia, aleluia, aleluia.  
  Saí do Pai e vim ao mundo, eu deixo o mundo e vou ao Pai (Jo 16,28). 
 
  Evangelho (João 16,23-28) 
  
Naquele tempo, disse Jesus aos
  seus discípulos: 16 23 "Naquele dia não me perguntareis mais coisa alguma.
  Em verdade, em verdade vos digo: o que pedirdes ao Pai em meu nome, ele vo-lo
  dará.  
  24 Até agora não pedistes nada em meu nome. Pedi e recebereis, para que a
  vossa alegria seja perfeita.  
  25 Disse-vos essas coisas em termos figurados e obscuros. Vem a hora em que
  já não vos falarei por meio de comparações e parábolas, mas vos falarei
  abertamente a respeito do Pai.  
  26 Naquele dia pedireis em meu nome, e já não digo que rogarei ao Pai por
  vós.  
  27 Pois o mesmo Pai vos ama, porque vós me amastes e crestes que saí de Deus.  
  28 Saí do Pai e vim ao mundo. Agora deixo o mundo e volto para junto do
  Pai". 
  
   
COMENTÁRIOS DO EVANGELHO 
  
1. "Rezar em nome
  de Jesus..."
 
  
Muitas vezes em nossas relações
  sociais, somos recomendados a uma pessoa importante por um amigo "Pode
  falar com ele em meu nome...". E somos tratados bem, e até com certa
  intimidade pela pessoa importante, em consideração ao amigo que nos
  recomendou. 
A mesma coisa acontece na nossa
  relação para com Deus, sem vê-lo e sem ouvi-lo diretamente, o homem o
  conheceu através de Jesus Cristo, e Deus que era alguém tão longe, tornou-se
  nosso íntimo amigo e companheiro de caminhada, pois Jesus resgatou aquela
  comunhão de vida entre Deus e o primeiro casal Adão e Eva, com quem andava ao
  entardecer pelo paraíso, conversando como velhos amigos. 
Em nossas orações á Deus, é
  preciso pedir em nome de Jesus. É claro que nesse caso, não fomos apenas
  recomendados, mas fomos salvos e libertos., Jesus nos credenciou de novo a
  entrarmos em comunhão com o Pai. A oração só pode ser em seu nome, porque o
  Ser humano, só com os seus recursos, jamais iria conseguir se reaproximar de
  Deus. E quando falamos ao Pai em nome de Jesus, o Pai imediatamente nos
  reconhece, porque quem conheceu Jesus e o experimentou em sua via, conheceu o
  Pai e o experimentou. 
Ainda tomando o exemplo com que
  iniciamos a reflexão, muitas vezes a pessoa importante até nos atende por
  causa do nosso amigo, mas não vai além disso, faz-nos o favor pedido e depois
  saímos de sua presença, muitas vezes essa pessoa importante vai comentar com
  alguém "Só o atendi porque Fulano recomendou....". Não é o caso
  aqui do nosso evangelho, onde quando falamos com Deus em nome de Jesus, o Pai
  nos acolhe com imenso amor, nos cerca de toda sua ternura e bondade, e nos
  acolhe como seus por causa do seu Filho. 
Enfim, Deus não é aquele que
  simplesmente "engole o sapo", em consideração ao Filho, mas é
  aquele que nos chama de Filho amado e nos abre a sua Vida para entrarmos em
  comunhão para sempre. A razão é muito simples: ao lado do Pai está Aquele que
  tornou-se Sumo Sacerdote e nosso Intercessor para Sempre. Ao acolher nossas
  orações, em nome de Jesus, o Pai olha com carinho e amor para o Filho ao seu
  lado e este, com um leve sorriso assente com um aceno. 
2. Pedir em nome de
  Jesus é pedir em comunhão com ele.
 
  
A oração do Pai-Nosso, nos
  evangelhos de Mateus e Lucas, é simplesmente dirigida ao Pai. O evangelho de
  João completa o sentido da oração. Trata-se de pedir ao Pai em nome de Jesus.
  Pedir em nome de Jesus é pedir em comunhão com ele. Jesus não é um
  intercessor separado, que permanece à parte, mas intercede em comunhão
  conosco. O intercessor já é o próprio Deus, presente e atencioso às nossas
  necessidades. O impulso da oração brota do nosso convívio com Jesus e da
  inspiração do Espírito Santo. 
Jesus falará claramente aos
  discípulos através do Espírito Santo que enviará conjuntamente com o Pai. A
  oração de Jesus pelos seus funda a comunidade e a consolida com o dom do
  Espírito Santo. Com a iniciativa do pedir, o discípulo integra-se no projeto
  de Deus em renovar todas as coisas, inserido em comunidades solidárias que
  testemunham o amor que jorra para a vida eterna. 
A presença de Jesus junto ao
  Pai, como realidade da humanidade divinizada, se constitui em vínculo de
  comunhão eterna entre Deus e esta humanidade. 
Oração 
  Pai, dá-me um coração que saiba reconhecer e agradecer tudo quanto teu Filho
  fez para salvar a humanidade pecadora. E que seja ele o meu eterno
  intercessor junto de ti. 
  
3. PEDIR AO PAI EM NOME DE JESUS
 
  
A oração comporta o contemplar e
  o louvar a Deus, o pedir e a ação de graças. Ação de graças são os atos de
  amor ao próximo, praticados graciosamente. Pedir em nome de Jesus significa
  pedir em união de vontade com ele. Pedir tudo o que é necessário para a
  realização da vontade do Pai. O convite ao pedir, dirigido aos discípulos,
  dá-lhes responsabilidade e integra-os no dinamismo da missão. Com a
  iniciativa do pedir, o discípulo integra-se no plano libertador e vivificante
  de Deus. E com a certeza do atendimento de seu pedido pelo Pai, fortalece sua
  esperança e perseverança na luta, em completa alegria. Jesus falará com
  clareza, aos discípulos, através do Espírito da Verdade, que enviará.
  Completa-se a sua missão: ele saiu do Pai, veio ao mundo e, agora, deixa o
  mundo e vai para o Pai. Quem está em união com Jesus e, nele, com o Pai,
  participa de uma só vontade. O seu pedir é a realização da vontade do Pai. Em
  união com Jesus, vive-se o amor na comunidade, a oração e a missão de servir
  os pobres em suas necessidades e seus direitos. 
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