quarta-feira, 14 de agosto de 2013

Liturgia da 19ª semana comum Ano Impar

Liturgia da Segunda Feira — 12.08.2013
XIX SEMANA DO TEMPO COMUM *
VERDE – OFÍCIO DO DIA )
Antífona da entrada: Considerai, Senhor, vossa aliança e não abandoneis para sempre o vosso povo. Levantai-vos, Senhor, defendei vossa causa e não desprezeis o clamor de quem vos busca (Sl 73,20.19.22s).
Leitura (Deuteronômio 10,12-22)
Moisés falou ao povo, dizendo: 10 12 "E agora, ó Israel, o que pede a ti o Senhor, teu Deus, senão que o temas, andando nos seus caminhos, amando-o e servindo-o de todo o teu coração e de toda a tua alma,
13 observando os mandamentos do Senhor e suas leis, que hoje te prescrevo, para que sejas feliz?
14 Vê: ao Senhor, teu Deus, pertencem os céus e os céus dos céus, a terra e tudo o que nela se encontra.
15 Não obstante, só a teus pais se apegou o Senhor com amor, e elegeu a sua posteridade, depois deles, a vós, dentre todas as nações, como o vedes presentemente.
16 Cortai, pois, o prepúcio de vosso coração, e cessai de endurecer vossa cerviz;
17 porque o Senhor, vosso Deus, é o Deus dos deuses e o Senhor dos senhores, o Deus grande, poderoso e temível, que não faz distinção de pessoas, nem aceita presentes.
18 Ele faz justiça ao órfão e à viúva, e ama o estrangeiro, ao qual dá alimento e vestuário.
19 Também vós, amai o estrangeiro, porque fostes estrangeiros no Egito.
20 Temerás o Senhor, teu Deus, e o servirás. Estarás unido a ele, e só pelo seu nome farás os teus juramentos.
21 Ele é a tua glória e o teu Deus, que fez por ti estas grandes e terríveis coisas que viste com os teus olhos.
22 Quando os teus pais desceram ao Egito eram em número de setenta pessoas, e agora o Senhor, teu Deus, multiplicou-te como as estrelas do céu". 
Salmo responsorial 147/147B
Glorifica o Senhor, o Jerusalém.
Glorifica o Senhor, Jerusalém!
Ó Sião, canta louvores ao teu Deus!
Pois reforçou com segurança as tuas portas
e os teus filhos, em teu seio, abençoou.
A paz em teus limites garantiu
e te dá como alimento a flor do trigo.
Ele envia suas ordens para a terra,
e a palavra que ele diz corre veloz.
Anunciai a Jacó sua palavra,
seus preceitos e suas leis a Israel.
Nenhum povo recebeu tanto carinho,
a nenhum outro revelou os seus preceitos.
Aclamação do Evangelho
Aleluia, aleluia, aleluia.
Pelo Evangelho o Pai nos chamou, a fim de alcançarmos a glória de nosso Senhor Jesus Cristo (2Ts 2,14).

EVANGELHO (Mateus 17,22-27)
17 21 Enquanto caminhava pela Galiléia, Jesus lhes disse: "O Filho do Homem deve ser entregue nas mãos dos homens.
22 Matá-lo-ão, mas ao terceiro dia ressuscitará". E eles ficaram profundamente aflitos.
23 Logo que chegaram a Cafarnaum, aqueles que cobravam o imposto da didracma aproximaram-se de Pedro e lhe perguntaram: "Teu mestre não paga a didracma?"
24 "Paga sim", respondeu Pedro. Mas quando chegaram à casa, Jesus preveniu-o, dizendo: "Que te parece, Simão? Os reis da terra, de quem recebem os tributos ou os impostos? De seus filhos ou dos estrangeiros?"
25 Pedro respondeu: "Dos estrangeiros". Jesus replicou: "Os filhos, então, estão isentos.
26 Mas não convém escandalizá-los. Vai ao mar, lança o anzol, e ao primeiro peixe que pegares abrirás a boca e encontrarás um estatere. Toma-o e dá-o por mim e por ti". 
COMENTÁRIOS DO EVANGELHO
1. Um Reino do Céu, mas que está na terra...
Difícil entender esta verdade do Reino de Deus, que é do Céu, mas que está assentado na terra, no meio dos homens, entretanto há uma lógica muito simples: se Jesus se encarnou em nosso meio, assumindo totalmente a nossa frágil natureza humana, com o Reino acontece  a mesma coisa, e Jesus é o Reino.
O Reino não é da terra, Jesus disse isso diante do Governador Pôncio Pilatos, no seu processo de julgamento “O Meu Reino não é deste mundo”, e nos versículos iniciais deste evangelho ele anuncia, enquanto caminhavam pela Galiléia que o Filho do Homem deve ser entregue nas mãos dos homens. Eles irão matá-lo mas ao terceiro dia ressuscitará”.E diante dessa revelação, os discípulos ficam aflitos. Por que?
Eles imaginavam um reino terreno, com vitórias e glórias sobre os maus, e o Messias um Libertador Político e cheio de poder como Moisés e depois o grande Rei Davi, ficam aflitos porque descobrem que o Reino que Jesus anuncia, não acontece nos moldes dos reinos humanos, não terá inicialmente glória e vitória, mas sim fracasso, sofrimento e morte, daquele Messias que eles seguiam.
Entretanto, no episódio a seguir, mostra como Jesus é fiel á natureza humana, e não um alienado e fanático religioso. Pedro não quer saber de confusão e informa ao cobrador de impostos que Jesus paga em dia seus impostos. Mas em casa Jesus lhe garante que não está atrelado a nenhuma instituição humana, sua Filiação Divina o faz Poderoso e todas as coisas, inclusive as instituições humanas, estão sob seu poder e domínio. Isso é, Jesus não é estrangeiro, mas Filho de Deus, tendo portanto todas as prerrogativas Divinas.
Por isso mesmo vai disponibilizar o recurso para o imposto, tanto para ele como para Pedro, de uma forma inusitada. Vai ao mar e lança o anzol, o primeiro peixe que pegares, abrirás a sua boca e encontrarás um estater. Toma-o e dá-o, por mim e por ti”. O fato mostra o domínio completo de Deus, presente em Jesus, sobre todas as coisas. Entretanto, aquele que tem sob si todas as coisas, se submete á natureza humana, tão limitada e frágil.
Nossas comunidades devem vivenciar esta verdade, da presença real, porém invisível, de um reino que é do Céu, mas que nem por isso nos aliena, ao contrário, nos compromete a usar a força da Fé que transforma, até que um dia o Reino se torna visível e o Senhor reine para sempre.
2. Jesus é maior que o Templo
Ante o segundo anúncio da paixão-morte-ressurreição (o primeiro: 16,21-23), "os discípulos ficaram extremamente tristes" (v. 23). Nós já observamos que os anúncios da paixão do Senhor são acompanhados da incompreensão dos discípulos. Aqui se diz da "forte tristeza". De que tristeza se trata? Tristeza da incompreensão. Talvez se fixem somente nas palavras paixão-morte e se esquecem de que a ressurreição passa pela paixão e morte do Senhor.
O episódio do imposto devido ao Templo é próprio do primeiro evangelho. A obrigação de pagar um imposto para o Templo se encontra em Neemias 10,33ss: "Impusemo-nos como obrigação: dar uma terça parte de um ciclo por ano para o culto do Templo de nosso Deus…" (ver também Ex 30,13).
No entanto, a questão legal, aqui, é menos importante. Jesus amplia a questão do v. 24, perguntando a Simão: "os reis da terra cobram impostos ou tributos de quem, do próprio povo ou dos estranhos?" (v. 25). Ao que Pedro respondeu: "Dos estranhos!" (v. 26). Jesus ultrapassa, assim, um primeiro nível de sentido: os filhos, aqui, são filhos do Rei, isto é, os que reconhecem em Jesus o Filho bem amado do Pai. Desse modo, os discípulos estariam liberados do imposto. E Jesus? Ora, Jesus não é só maior que o Templo, mas onde aprouve a Deus habitar com a plenitude de sua graça.
A moeda na boca do peixe é um modo de sugerir a Simão pagar o imposto com o fruto do seu trabalho, isto é, a pesca.
ORAÇÃO
Pai, que eu saiba desfrutar minha condição de filho, que me faz livre diante das imposições injustas dos poderes deste mundo, pois só a ti devo submeter-me.
3. A ISENÇÃO DO IMPOSTO
Jesus encontrou-se numa situação constrangedora para sua consciência de Filho de Deus, quando quiseram saber se ele pagava, ou não, o imposto devido ao templo de Jerusalém. Os galileus, marginalizados do contexto religioso judaico, recusavam-se a pagá-lo. Isso gerava sérios conflitos.
A resposta de Pedro aos cobradores de impostos mostra que Jesus não estava disposto a criar confusão por algo sem relevância. Entretanto, Jesus tinha consciência de estar dispensado de recolher o imposto do templo, tido como o lugar escolhido por Deus para estabelecer sua habitação. Sua condição de Filho de Deus isentava-o deste imposto.
A submissão de Jesus à exigência da Lei tinha uma motivação pastoral. Ele não queria escandalizar os cobradores de impostos, ou seja, não queria criar neles resistência em relação ao Reino, nem fechá-los para uma eventual acolhida de sua mensagem. Uma atitude intransigente de Jesus, neste caso, poderia ter como efeito afastar dele pessoas que já não gozavam da estima do povo. Para elas Jesus se sentia enviado de modo especial.
Foi Pedro quem pagou o imposto por si e por Jesus. Este gesto singelo ligava, definitivamente, seu destino ao do Mestre. Apesar dos percalços por que passaria sua relação com o Mestre, a sorte de ambos estava irremediavelmente ligadas.
Oração
Senhor Jesus, que eu me sinta livre diante de certas exigências humanas, tendo sempre em vista atrair as pessoas para o Reino.
Liturgia da Terça-Feira
XIX SEMANA DO TEMPO COMUM *
VERDE – OFÍCIO DO DIA )
Antífona da entrada: Considerai, Senhor, vossa aliança e não abandoneis para sempre o vosso povo. Levantai-vos, Senhor, defendei vossa causa e não desprezeis o clamor de que vos busca (Sl 73,20.19.22s).
Leitura (Deuteronômio 31,1-8)
Leitura do livro do Deuteronômio.
31 1 Moisés dirigiu ainda a todo o Israel o discurso seguinte:
2 "Eis-me hoje com a idade de cento e vinte anos; não posso mais ir e vir, e o Senhor disse-me que eu não passaria o Jordão.
3 O Senhor, teu Deus, passará diante de ti; ele mesmo exterminará essas nações para que possuas a sua terra. E Josué vos conduzirá, como o declarou o Senhor.
4 O Senhor fará a esses povos como fez a Seon e a Og, reis dos amorreus, e à sua terra, aniquilando-os.
5 O Senhor vo-los entregará, e vós os tratareis exatamente como vos ordenei.
6 Coragem! E sede fortes. Nada vos atemorize, e não os temais, porque é o Senhor vosso Deus que marcha à vossa frente: ele não vos deixará nem vos abandonará".
7 Moisés chamou em seguida Josué e disse-lhe em presença de todo o Israel: "Mostra-te varonil e corajoso, porque entrarás com esse povo na terra que o Senhor jurou a seus pais dar-lhes, e a repartirás entre eles.
8 O Senhor mesmo marchará diante de ti, e estará contigo, e não te . deixará nem te abandonará. Nada temas, e não te amedrontes".
Salmo responsorial Dt 32
A porção do Senhor é o seu povo.
O nome do Senhor vou invocar;
vinde todos e dai glória ao nosso Deus!
Ele é a rocha: suas obras são perfeitas.
Recorda-te dos dias do passado
e relembra as antigas gerações;
pergunta, e teu pai te contará,
interroga, e teus avós te ensinarão.
Quando o Altíssimo os povos dividiu
e pela terra espalhou os filhos de Adão,
as fronteiras das nações ele marcou
de acordo com o número de seus filhos.
Mas a parte do Senhor foi o seu povo,
e Jacó foi a porção de sua herança.
O Senhor, somente ele, foi seu guia,
e jamais um outro deus com ele estava.
Aclamação do Evangelho
Aleluia, aleluia, aleluia.
Tomai meu jogo sobre vós e aprendei de mim, que sou de coração humilde e manso! (Mt 11,29)

EVANGELHO (Mateus 18,1-5.10.12-14)
18 1 Neste momento os discípulos aproximaram-se de Jesus e perguntaram-lhe: "Quem é o maior no Reino dos céus?"
2 Jesus chamou uma criancinha, colocou-a no meio deles e disse:
3 "Em verdade vos declaro: se não vos transformardes e vos tornardes como criancinhas, não entrareis no Reino dos céus.
4 Aquele que se fizer humilde como esta criança será maior no Reino dos céus.
5 E o que recebe em meu nome a um menino como este, é a mim que recebe..
10 Guardai-vos de menosprezar um só destes pequenos, porque eu vos digo que seus anjos no céu contemplam sem cessar a face de meu Pai que está nos céus.
12 Que vos parece? Um homem possui cem ovelhas: uma delas se desgarra. Não deixa ele as noventa e nove na montanha, para ir buscar aquela que se desgarrou?
13 E se a encontra, sente mais júbilo do que pelas noventa e nove que não se desgarraram.
14 Assim é a vontade de vosso Pai celeste, que não se perca um só destes pequeninos".
COMENTÁRIOS DO EVANGELHO
1. Servir com alegria aos menos importantes
A gente está habituado a servir, ser gentil e acolhedor com gente importante; no trabalho profissional buscamos agradar ao chefe e demais superiores, quando mais importante o cargo e a função de quem nos pede algo, mais que vamos nos esforçar para atendê-lo. Talvez não só por questão de obediência, mas muito mais porque, sendo importante, aquela pessoa pode nos ajudar a subir dentro da empresa, nomeando-nos quem sabe para algum cargo. Quando esse modo de agir é uma obcessão, determinando nossas relações com essas pessoas, acaba se tornando puxa - saquice sem tamanho, mas no fundo é isso mesmo, gostamos de servir a quem pode nos retribuir com algo vantajoso.
Podem reparar que trazemos esse modo de agir para a comunidade, o pessoal da liturgia trata o Padre de um jeito, o Diácono de outro, e o coitado do Ministro da Palavra é o último que fala e o primeiro que apanha. Por que isso? Por que se observam as pessoas através de uma visão hierarquizada. Conforme se tem um cargo maior, mais “servidores” vão aparecer.
Não sou contra, dar uma atenção maior ao sacerdote, ao arcebispo, quando está em uma comunidade, são nossos pastores que nos orientam, nos apontam caminhos. Não há nada de errado nisso. Mas as pessoas são iguais e o espírito cristão tem que nos levar a agir dentro dessa igualdade.
No evangelho de hoje Jesus vai além e coloca como referência as criancinhas e os meninos, que naquele tempo eram insignificantes na sociedade, além das mulheres. Criança nem entrava nas estatísticas e eram totalmente dependentes dos adultos, começando pelos pais e parentes. Não tinham nenhuma autonomia e só lhes restava obedecer e fazer o que os adultos mandavam, diferente de hoje quando há até leis específicas que garante o direito das pessoas, crianças, adolescentes, jovens e idosos.
Os discípulos fizeram uma pergunta “Quem é o maior no Reino dos Céus?” porque seguiam essa lógica da submissão a quem é o maior. Jesus, entretanto desmonta esse esquema de domínio sobre as pessoas e afirma que no Reino, os pequenos, pobres, insignificantes, é que devem ser servidos. Esse ensinamento, tanto nos tempo dos discípulos e das primeiras comunidades, como em nossos dias,  parece absurdo porque na lógica humana somente as pessoas importantes são valorizadas. Mas Jesus não está fazendo um belo discurso demagógico como o de alguns políticos, pois na conclusão do evangelho, com a parábola da ovelha desgarrada, ele nos mostra que o Pai do Céu age assim com todos nós, buscando a ovelha perdida e a valorizando mais que as outras.
2. O maior é o menor
O capítulo 18 do evangelho segundo Mateus é denominado "discurso eclesial" ou discurso sobre a Igreja. Trata-se de instrução para a vida comunitária.
"Quem é o maior no Reino dos céus?" (v. 1). O maior é o menor. Por isso, Jesus afirma que é preciso converter-se.
É preciso mudar de mentalidade porque o maior no Reino dos céus é o que serve a todos: "Quem quiser ser o primeiro, seja o último de todos e o servo de todos" (Mc 9,35). A "criança" é símbolo do próprio Cristo, que se fez servo de todos e que "sendo de condição divina não se apegou ao ser igual a Deus, mas se despojou, tomando a forma de escravo" (Fl 2,6-7a).
Os versículos 12-14 identificam os "pequenos com as ovelhas". Os "pequenos" são também os membros do povo de Deus. Da comunidade é exigido empenho para que os seus membros não se dispersem. Se acontecer, a comunidade deve fazer todo esforço possível para recuperá-los (vv. 10-14; ver Ez 34,11-16).
ORAÇÃO
Pai, poupa-me de cair na tentação de querer fazer-me grande aos olhos do mundo, pois a verdadeira grandeza consiste em fazer-me amigo e servidor do meu próximo.
3. QUE NINGUÉM SE PERCA
A severidade e o desprezo dos líderes da comunidade em relação àqueles que davam os primeiros passos na vida de fé foram seriamente censurados por Jesus. Não era possível exigir deles uma maturidade própria de quem já havia feito uma longa caminhada. Os pequeninos deveriam ser tratados de maneira muito especial, com paciência e benignidade. Só assim sua fé haveria de se consolidar e se tornariam capazes de dar um testemunho autêntico de sua condição de discípulos.
O carinho dos líderes pelos pequeninos não se parecia, por nada, com o amor do Pai para com eles.
A parábola da ovelhinha desgarrada serviu de motivo para a compreensão deste amor paterno. Vale a pena deixar noventa e nove ovelhas, que estão em segurança, para ir em busca de uma que se desviou. O desinteresse pela ovelha desgarrada não tem justificativa. O pastor está em relação pessoal com cada ovelha. Por isso, não pode contentar-se com a perda de nenhuma delas. Para ele, o rebanho não é questão de número. As ovelhas são consideradas na sua individualidade. E a perda de uma só delas é motivo de dor.
O mesmo se passa com o Pai. Ele não considera a comunidade de discípulos sob o aspecto numérico. Cada um deles, por menor que seja, é objeto de um carinho especial. Portanto, os líderes da comunidade não têm o direito de desprezá-los.
Oração
Senhor Jesus, que eu jamais perca de vista o desejo do Pai em relação aos pequeninos, de forma a me tornar um incansável defensor deles.
Liturgia da Quarta-Feira
SÃO MAXIMILIANO KOLBE - PRESBÍTERO E MÁRTIR
VERMELHO, PREFÁCIO COMUM OU DOS MÁRTIRES – OFÍCIO DA MEMÓRIA )
Antífona da entrada: Vinde, benditos de meu Pai, diz o Senhor. Em verdade vos digo, tudo o que fizestes ao menor do meus irmãos, foi a mim que o fizestes (Mt 25,34.40).
Leitura (Deuteronômio 34,1-12)
Leitura do livro do Deuteronômio.
34 1 Subiu Moisés das planícies de Moab ao monte Nebo, ao cimo do Fasga, defronte de Jericó. O Senhor mostrou-lhe toda a terra, desde Galaad até Dá,
2 todo o Neftali, a terra de Efraim e de Manassés, todo o território de Judá até o mar ocidental,
3 o Negeb, a planície do Jordão, o vale de Jericó, a cidade das palmeiras, até Segor.
4 O Senhor disse-lhe: "Eis a terra que jurei a Abraão, a Isaac e a Jacó dar à sua posteridade. Viste-a com os teus olhos, mas não entrarás nela".
5 E Moisés, o servo do Senhor, morreu ali na terra de Moab, como o Senhor decidira.
6 E ele o enterrou no vale da terra de Moab, defronte de Bet-Fogor, e ninguém jamais soube o lugar do seu sepulcro.
7 Moisés tinha cento e vinte anos no momento de sua morte: sua vista não se tinha enfraquecido, e o seu vigor não se tinha abalado.
8 Os israelitas choraram-no durante trinta dias nas planícies de Moab; e, passado esse tempo, acabaram-se os dias de pranto consagrados ao luto por Moisés.
9 Josué, filho de Nun, ficou cheio do Espírito de Sabedoria, porque Moisés lhe tinha imposto as suas mãos. Os israelitas obedeceram-lhe, assim como o Senhor tinha ordenado a Moisés.
10 Não se levantou mais em Israel profeta comparável a Moisés, com quem o Senhor conversava face a face.
11 (Ninguém o igualou) quanto a todos os sinais e prodígios que o Senhor o mandou fazer na terra do Egito, diante do faraó, de seus servos e de sua terra,
12 nem quanto a todos os feitos e às terríveis ações que ele operou sob os olhos de todo o Israel. 
Salmo responsorial 65/66
Bendito seja o Senhor Deus que me escutou,,
é ele que dá vida à nossa vida.
Bendito seja o Senhor Deus que me escutou,
cantai salmos a seu nome glorioso,
dai a Deus a mais sublime louvação!
Dizei a Deus: "Como são grandes vossas obras!"
Vinde ver todas as obras do Senhor:
seus prodígios estupendos entre os homens!
Todos vós que a Deus temeis, vinde escutar:
vou contar-vos todo bem que ele me fez!
Quando a ele o meu grito se elevou,
já havia gratidão em minha boca!
Aclamação do Evangelho
Aleluia, aleluia, aleluia.
Em Cristo, Deus reconciliou consigo mesmo a humanidade; e a nós ele entregou esta reconciliação (2Cor 5,19).

Evangelho (Mateus 18,15-20)
Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos: 18 15 "Se teu irmão tiver pecado contra ti, vai e repreende-o entre ti e ele somente; se te ouvir, terás ganho teu irmão.
16 Se não te escutar, toma contigo uma ou duas pessoas, a fim de que toda a questão se resolva pela decisão de duas ou três testemunhas.
17 Se recusa ouvi-los, dize-o à Igreja. E se recusar ouvir também a Igreja, seja ele para ti como um pagão e um publicano.
18 Em verdade vos digo: tudo o que ligardes sobre a terra será ligado no céu, e tudo o que desligardes sobre a terra será também desligado no céu.
19 Digo-vos ainda isto: se dois de vós se unirem sobre a terra para pedir, seja o que for, consegui-lo-ão de meu Pai que está nos céus.
20 Porque onde dois ou três estão reunidos em meu nome, aí estou eu no meio deles". 
COMENTÁRIOS DO EVANGELHO
1. Se o teu irmão errar...
Esse evangelho deveria ser proclamado solenemente em todas as nossas reuniões pastorais, porque traz ensinamentos profundos para um desafio sempre presente, e que nunca sabemos enfrentar: como administrar os conflitos surgidos dentro da comunidade...
Muitas vezes a gente prefere fazer “vista grossa” diante de certas “briguinhas” entre membros da comunidade, e quando nos omitimos diante dessas situações, que transformam a pastoral, o movimento, ou até a comunidade, em um barril de pólvora, pronto para ir aos ares, estamos fazendo como aquela faxineira desleixada, que empurra a sujeira em baixo do tapete, fazendo de conta que tudo está limpo. "Aqui em nossa comunidade as pessoas se amam e se querem bem", como se o ser humano já fosse em sua essência esse bem supremo. Nesse evangelho somos convidados a olhar a nossa relação com o próximo, marcada por tantos limites. No fundo o apelo é, para que nos reconheçamos assim, incapazes de uma relação perfeita, pois a plenitude do amor faz parte da nossa esperança escatológica, um dia nós seremos assim como imaginamos, aquela comunidade ideal sonhada por Lucas no Livro dos Atos, onde todos se amavam...
Até que chegue esse dia tão esperado, temos que ter muito presente em nossa vida de comunidade, os ensinamentos do evangelho, tendo uns pelos outros um amor corresponsável que quer ajudar o outro a crescer, pois assim é a correção fraterna. Se faltar-nos essa compreensão para com o outro, a nossa alegria nunca estará completa e este nosso pecado irá contaminar toda comunidade.
A conclusão do evangelho nos faz pensar seriamente nas relações conturbadas existentes no seio da comunidade, como é que duas pessoas que não se querem bem, vão orar com toda assembleia, fazendo diante de Deus um só pedido, uma só prece? Preces que brotam de corações tomados por ressentimentos, além de não serem ouvidas por Deus, comprometem a oração de toda assembleia. Que Pai ou Mãe, se alegra ao saber que um dos irmãos está brigado com o outro? Com Deus é a mesma coisa. Sem misericórdia, amor e compreensão, não há de se resolver nenhum conflito.
É nesse sentido que Jesus recomenda a correção fraterna, que só pode ser feita entre irmãos, entre os quais há uma total liberdade de expressão, é preciso ter humildade, tanto para fazer a correção como para aceitá-la. A Comunidade é como o circuito de um aparelho eletrônico, tem que estar bem unido, bem ligado um ao outro, senão a graça de Deus, conectada a nós pelo Santo Batismo, não fará seus efeitos. Como é que o amor de Deus vai passar de um irmão para o outro, se há na comunidade relações que foram rompidas?
As divergências de opiniões só nos ajudam a crescer, desde que o debate em nossas reuniões, não seja marcado por velhas mágoas, ciúmes ou inveja, afinal, a nossa unidade se torna mais consistente na adversidade e no pluralismo de valores, precisamos sim, de ter oposição, pessoas que pensa diferente, mas que sejam inteligentes e sempre direcionados ao bem comum e não ao bem particular ou pessoal.
Uma oposição assim, que não seja burra, enriquece a comunidade e a faz crescer nos valores do evangelho. Mas que nunca nos falte a consciência de que o Senhor está no meio de nós, que o Dono da Obra é Ele, somos apenas obreiros, cada um com seus carisma e suas possibilidades de realizar ações concretas, esse poder, enquanto possibilidade de fazer sempre o melhor para a comunidade, é sempre muito bem vindo.
Admoestação de Jesus: Se o teu irmão errar... O ato do erro não é uma exceção, não se trata de uma maça poder no meio das outras que estão ótimas, pois o erro do outro é oportunidade para exercemos a caridade, a misericórdia e a compreensão, manifestando um amor que se sente responsável pelo outro, e só quer ajudá-lo a crescer, e não humilhá-lo em seu pecado.
2. Deus não desiste de nós, apesar de nós
No episódio ficou claro que a comunidade cristã deve ser caracterizada pelo serviço generoso, pelo acolhimento e pelo interesse pelo outro, a tal ponto de não medir esforços para recuperá-lo caso ele se distancie da comunidade.
A comunidade cristã é chamada a ser a comunidade dos reconciliados, em que o perdão deve ser oferecido e aceito. O próprio Cristo, cabeça da Igreja, nos reconciliou com o Pai.
A perícope de hoje é a consequência prática exigida pelo desejo expresso do Pai: "O Pai que está nos céus não deseja que se perca nenhum desses pequenos" (v. 14). Nesse sentido, a atitude exigida de cada membro do povo que Cristo reúne é a iniciativa na reconciliação: "Se teu irmão pecar contra ti, vai corrigi-lo, tu e ele a sós!" (v. 15).
É simplesmente, em primeiro lugar, ter presente que a Igreja é uma comunidade de irmãos ("Se teu irmão"). Tendo sido ofendido pelo pecado do irmão, a questão, aqui, é tomar a iniciativa de ajudá-lo no seu processo de conversão, de agir com misericórdia para com ele. É um empenho que exige não medir esforços para que ele se converta e viva.
Por que o Senhor vai atrás da ovelha que se perdeu até encontrá-la, os membros da Igreja devem proceder do mesmo modo, pois a Igreja é sinal de Cristo no mundo, e não se pode proceder de outra maneira, porque Deus não desiste de nós, apesar de nós. O único limite para o perdão e a reconciliação é o fechamento do outro. O amor fraterno deverá sempre ser constituído e exigirá sempre o empenho de cada um e de todos os membros da comunidade.
ORAÇÃO
Pai, que a presença de teu Filho ressuscitado na comunidade cristã seja um incentivo para que nós busquemos pautar nossa ação pela tua santa vontade.
3. CORREÇÃO FRATERNA
Ninguém está isento do pecado. Mas, se alguém erra, não pode ser punido impiedosamente e ser excluído da comunidade, sem a devida ponderação.
Havia, nas primeiras comunidades cristãs, uma tendência a resolver, com uma certa dose de leviandade, os casos de desvio da fé. Os pequeninos eram as primeiras vítimas desta intransigência.
Deve-se percorrer um longo caminho, antes de se tomar a decisão de afastar da comunidade alguém que errou. O primeiro passo consiste em ser advertido, a sós, por quem se sente ofendido. Isto pode ser suficiente para que a pessoa refaça sua conduta. Pode, entretanto, acontecer de a pessoa não se deixar tocar, e persistir no erro. O passo seguinte consistirá em convocar as testemunhas previstas pela Lei mosaica e, diante delas, admoestar quem pecou, tentando demovê-lo de sua má conduta. Talvez, ele se deixe convencer e se converta. Também esta iniciativa pode resultar inútil. Só então a comunidade toda, neste caso, deve ser convocada para discernir, com muita responsabilidade, se a melhor decisão consiste em afastar o pecador de seu meio.
Jesus, porém, cuida para que a reunião da comunidade não se transforme numa espécie de tribunal. Antes, que busque descobrir o desígnio do Pai a este respeito. A certeza da presença do Filho de Deus visa garantir a justiça num assunto tão fundamental.
Oração
Senhor Jesus, livra-me de tratar a quem erra, com impiedade e dureza; antes, que eu procure, por todos os meios, fazê-lo voltar para ti.
Liturgia da Quinta-Feira
XIX SEMANA DO TEMPO COMUM
VERDE – OFÍCIO DO DIA )
Antífona da entrada: Considerai, Senhor, vossa aliança e não abandoneis para sempre o vosso povo. Levantai-vos, Senhor, defendei vossa causa e não desprezeis o clamor de quem vos busca (Sl 73,20.19.22s).
Leitura (Josué 3,7-11.13-17)
Leitura do livro de Josué
3 7 O Senhor disse a Josué: "Hoje começarei a exaltar-te diante de todo o Israel, para que saibam que, assim como estive com Moisés, assim estarei contigo.
8 Eis o que ordenarás aos sacerdotes que levam a arca da aliança: quando chegardes ao Jordão, deter-vos-eis junto às águas do rio".
9 Então Josué disse aos israelitas: "Aproximai-vos e ouvi as palavras do Senhor, vosso Deus".
10 "Por isso", prosseguiu ele, "sabereis que o Deus vivo está no meio de vós, e que ele expulsará de diante de vós os cananeus, os hiteus, os heveus, os ferezeus, os gergeseus, os amorreus e os jebuseus.
11 Eis que a arca da aliança do Senhor de toda a terra vai atravessar diante de vós o Jordão.
13 Logo que os sacerdotes que levam a arca de Javé, o Senhor de toda a terra, tiverem tocado com a planta dos seus pés as águas do Jordão, estas serão cortadas, e as águas que vêm de cima pararão, amontoando-se".
14 O povo dobrou suas tendas e dispôs-se a passar o Jordão, tendo diante de si os sacerdotes que marchavam na frente do povo levando a arca.
15 No momento em que os portadores da arca chegaram ao rio e os sacerdotes mergulharam os seus pés na beira do rio - o Jordão estava transbordante e inundava suas margens durante todo o tempo da ceifa -,
16 as águas que vinham de cima detiveram-se e amontoaram-se em uma grande extensão, até perto de Adom, localidade situada nas proximidades de Sartã; e as águas que desciam para o mar da planície, o mar Salgado, foram completamente separadas. O povo atravessou defronte de Jericó.
17 Os sacerdotes, que levavam a arca da aliança do Senhor, conservaram-se de pé sobre o leito seco do Jordão, enquanto que todo o Israel passava a pé enxuto. E ali permaneceram até que todos passassem para a outra margem. 
Salmo responsorial 113A/114
Aleluia, aleluia, aleluia.
Quando o povo de Israel saiu do Egito
e os filhos de Jacó, de um povo estranho,
Judá tornou-se o templo do Senhor
e Israel se transformou em seu domínio.
O mar, à vista disso, pôs-se em fuga,
e as águas do Jordão retrocederam;
as montanhas deram pulos como ovelhas,
e as colinas, parecendo cordeirinhos.
Ó mar, o que tens tu para fugir?
E tu, Jordão, por que recuas desse modo?
Por que dai pulos como ovelhas, ó montanhas?
E vós, colinas, parecendo cordeirinhos?
Aclamação do Evangelho
Aleluia, aleluia, aleluia.
Fazei brilhar vosso semblante ao vosso servo e ensinai-me vossas leis e mandamentos! (Sl 118,135)

EVANGELHO (Mateus 18,21-19,1)
18 21 Então Pedro se aproximou dele e disse: "Senhor, quantas vezes devo perdoar a meu irmão, quando ele pecar contra mim? Até sete vezes?"
22 Respondeu Jesus: "Não te digo até sete vezes, mas até setenta vezes sete.
23 Por isso, o Reino dos céus é comparado a um rei que quis ajustar contas com seus servos.
24 Quando começou a ajustá-las, trouxeram-lhe um que lhe devia dez mil talentos.
25 Como ele não tinha com que pagar, seu senhor ordenou que fosse vendido, ele, sua mulher, seus filhos e todos os seus bens para pagar a dívida.
26 Este servo, então, prostrou-se por terra diante dele e suplicava-lhe: 'Dá-me um prazo, e eu te pagarei tudo!'
27 Cheio de compaixão, o senhor o deixou ir embora e perdoou-lhe a dívida.
28 Apenas saiu dali, encontrou um de seus companheiros de serviço que lhe devia cem denários. Agarrou-o na garganta e quase o estrangulou, dizendo: 'Paga o que me deves!'
29 O outro caiu-lhe aos pés e pediu-lhe: 'Dá-me um prazo e eu te pagarei!'
30 Mas, sem nada querer ouvir, este homem o fez lançar na prisão, até que tivesse pago sua dívida.
31 Vendo isto, os outros servos, profundamente tristes, vieram contar a seu senhor o que se tinha passado.
32 Então o senhor o chamou e lhe disse: 'Servo mau, eu te perdoei toda a dívida porque me suplicaste.
33 Não devias também tu compadecer-te de teu companheiro de serviço, como eu tive piedade de ti?'
34 E o senhor, encolerizado, entregou-o aos algozes, até que pagasse toda a sua dívida.
35 Assim vos tratará meu Pai celeste, se cada um de vós não perdoar a seu irmão, de todo seu coração".
19 1 Após esses discursos, Jesus deixou a Galiléia e veio para a Judéia, além do Jordão. 
COMENTÁRIOS DO EVANGELHO
1. O Perdão
Sempre que meditamos esse evangelho, nosso coração certamente se questiona de maneira inquietante porque se dá conta de que perdoar sempre, sem nenhum limite ou condição, a quem nos ofender, é algo quase impossível, pois a gente perdoa, mas quando a vê a pessoa lá vem no coração um restinho da raiva que ali sobrou, pelo mal que ela nos fez. E não adia ta querer disfarçar, pois isso acontece com todos nós, na família, no trabalho e na comunidade.
A prática cristã deixada por Jesus parece sempre tão fascinante, mas quando chega nesse amor radical pelo próximo, que ama sempre e perdoa sempre, a gente fica se lamentando, quando percebe que não somos capazes de tal proeza. Será que Jesus, sendo nosso Deus e Senhor, não sabe que teríamos dificuldade para por isso em prática? Se esse for um dos critérios principais para demonstrarmos nossa total fidelidade a Jesus Cristo e a seu evangelho, quem irá sobrar no final? Ou melhor, irá sobrar alguém?
Precisamos compreender esse evangelho com muita clareza, para que o desânimo não nos faça desistir de ser cristão, achando que o mesmo não é para nós, pois não somos perfeitos e santos como Deus espera que sejamos. Então vamos para algumas observações importantes nesse sentido. Em primeiro lugar, como membros da Igreja peregrina nesta terra, na prática das virtudes morais e da relação com o nosso próximo, sem por cento não conseguiremos atingir, pois o amor é infinito e sempre há algo novo a ser alcançado na experiência amorosa que fazemos com Deus e com o próximo. É como se marcássemos uma montanha como a nossa referência do horizonte, e quando chegamos lá, descortinamos outro horizonte mais á frente, a ser alcançado.
Foi esta lógica que levou o apóstolo Pedro a descortinar um patamar bem acima das práticas judaicas do perdão, que se limitava a três vezes, com as pessoas mais próximas, Pedro descortinou um horizonte novo, que ao ser alcançado, estaria em concordância com os ensinamentos do Mestre, ou seja, há um limite, um patamar que é a referência, e que cada um deve esforçar-se em atingi-lo. Talvez isso possa se aplicar a outras religiões como o próprio Judaísmo, o Hinduísmo, os Mulçumanos e outras mais, onde a Divindade se deixa encontrar, mas isso requer o esforço humano de elevar-se a patamares mais altos, na virtude moral e na relação com o outro. No cristianismo, porém, isso cai por terra, pois a iniciativa é sempre de Deus, é ele que nos atrai para a Salvação que ele mesmo oferece.
Esse evangelho não exige de nós que da noite para o dia a gente saia por aí, á procura de quem nos ofendeu, ofereça a ele o nosso perdão e tudo volte a ser como era antes. Isso seria uma grande utopia. Exatamente por isso que a parábola nos mostra algo de grandioso... A relação amorosa de Deus para com cada um de nós, tínhamos para com ele uma dívida impagável (o Devedor da parte 1 da parábola, aquele que implorou e suplicou pedindo um prazo) o Credor sabia que jamais ele pagaria, e perdoou totalmente toda a dívida. É aqui que vem a prática que Jesus ensinou aos discípulos: ter pelo menos um coração que consiga perdoar o “pouco” que o próximo nos deve e para isso, basta apenas sempre termos presente que a nossa dívida era impagável  e ele nos perdoou.
Fica como conclusão desta reflexão, prestarmos muita atenção ao nosso dia a dia, onde as pequenas ofensas que possamos receber, no trânsito, na família, no trabalho e até na comunidade, possam ser relevadas, sinal de que há em nós uma misericórdia Cristã, que sempre se exercita em pequenos gestos de perdão, estando assim preparados para perdoar também uma grande ofensa, quantas vezes seja necessário.
2. Há um limite para o perdão?
Esta é a pergunta matemática de Pedro: "... quantas vezes devo perdoar, se meu irmão peca contra mim?" (v. 21).
A parábola vai explicitar a imensa generosidade do Rei que perdoa, não importa qual seja o montante da dívida. É a compaixão do Rei que é enfatizada na parábola. Para não ter a sorte daquele que foi perdoado, mas se recusou a perdoar, é necessário "perdoar de coração ao seu irmão" (v. 35).
ORAÇÃO
Pai, predispõe meu coração para o perdão, e que eu esteja sempre disposto a perdoar e a querer viver reconciliado com meu semelhante.
3. RECONHECER-SE PERDOADO
A parábola evangélica visava desmascarar a intransigência de certos líderes da comunidade cristã primitiva, por demais severos, quando se tratava de perdoar as faltas alheias. Quiçá, o contraponto desta atitude fosse uma condescendência com os próprios pecados, para os quais fechavam os olhos.
Tais líderes são comparados com o servo desalmado que, após ter sido perdoado de uma dívida incalculável, mostra-se sem compaixão para com o companheiro que lhe devia uma quantia insignificante. A quantia exagerada que o primeiro servo devia - dez mil talentos - sublinha que, por maior que fosse o perdão concedido aos membros faltosos, sempre seria inferior ao perdão que Deus concedia à liderança da comunidade. Em última análise, o perdão concedido deveria corresponder a um gesto de reconhecimento pelo perdão recebido de Deus.
O senhor da parábola foi inclemente com o servo incapaz de ser misericordioso, uma vez que tinha sido, por primeiro, objeto de misericórdia. A lição é evidente. Quem não perdoa, não será perdoado. Quem não corresponde à misericórdia de Deus, sendo misericordioso com seu próximo, receberá o castigo divino. Quem não demonstra para com o próximo a mesma paciência que recebeu de Deus, será vítima da cólera divina. Portanto, quem se sabe infinitamente perdoado, tem a obrigação de estar sempre disposto a perdoar.
Oração
Espírito que ensina a perdoar, dispõe-me a conceder o perdão a quem me ofende, consciente de que o Pai também está sempre pronto a me perdoar.
Liturgia da Sexta-Feira
XIX SEMANA DO TEMPO COMUM *
VERDE – OFÍCIO DO DIA )
Antífona da entrada: Considerai, Senhor, vossa aliança e não abandoneis para sempre o vosso povo. Levantai-vos, Senhor, defendei vossa causa e não desprezeis o clamor de que vos busca (Sl 73,20.19.22s).
Leitura (Josué 24,1-13)
Leitura do livro de Josué.
24 1 Josué convocou a Siquém todas as tribos de Israel, seus anciãos, seus chefes, seus juízes e seus oficiais. Eles apresentaram-se diante de Deus,
2 e Josué disse a todo o povo: Eis o que diz o Senhor, Deus de Israel: outrora, vossos ancestrais, Taré, pai de Abraão e de Nacor, habitavam além do rio e serviam a deuses estrangeiros.
3 Tomei vosso pai Abraão do outro lado do Jordão e conduzi-o à terra de Canaã. Multipliquei sua descendência e dei-lhe Isaac,
4 ao qual dei Jacó e Esaú, e dei a este último a montanha de Seir; Jacó, porém, e seus filhos desceram ao Egito.
5 Depois mandei Moisés e Aarão e feri o Egito com tudo o que fiz no meio dele; e em seguida vos tirei de lá.
6 Fiz sair vossos pais do Egito e, quando chegastes ao mar, os egípcios perseguiram vossos pais com carros e cavaleiros até o mar Vermelho.
7 Os israelitas clamaram ao Senhor, o qual pôs trevas entre vós e os egípcios, e fez vir o mar sobre eles, cobrindo-os. Vistes com os vossos olhos o que fiz aos egípcios, e depois disso habitastes muito tempo no deserto.
8 Conduzi-vos em seguida à terra dos amorreus, que habitavam além do Jordão. Eles combateram contra vós, mas eu os entreguei em vossas mãos; tomastes posse de sua terra e eu os exterminei diante de vós.
9 Balac, filho de Sefor, rei de Moab, combateu contra Israel. Mandou chamar Balaão, filho de Beor, para vos amaldiçoar.
10 Mas eu não quis ouvir Balaão, e ele teve de vos abençoar; e tirei-vos da mão de Balac.
11 Passastes o Jordão e chegastes a Jericó. Combateram contra vós os homens dessa cidade, bem como os amorreus, os ferezeus, os cananeus, os hiteus, os gergeseus, os heveus e os jebuseus, e eu os entreguei todos nas vossas mãos.
12 Mandei adiante de vós vespas que expulsaram os dois reis dos amorreus, não com a vossa espada, nem com o vosso arco.
13 Desse modo, dei-vos uma terra que não lavrastes, cidades que não construístes, onde agora habitais, vinhas e oliveiras que não plantastes, das quais comeis agora os frutos. 
Salmo responsorial 135/136
Eterna é a sua misericórdia!
Demos graças ao Senhor, porque ele é bom:
porque eterno é seu amor!
Demos graças ao Senhor, Deus dos deuses:
porque eterno é seu amor!
Demos graças ao Senhor dos senhores:
porque eterno é seu amor!
Ele guiou pelo deserto o seu povo:
porque eterno é seu amor!
E feriu por causa dele grandes reis:
porque eterno é seu amor!
Reis poderosos fez morrer por causa dele:
porque eterno é seu amor!
Repartiu a terra deles como herança:
porque eterno é seu amor!
Como herança de Israel, seu servido:
porque eterno é seu amor!
De nossos inimigos libertou-nos:
porque eterno é seu amor!
Aclamação do Evangelho
Aleluia, aleluia, aleluia.
Acolhei a palavra de Deus não como palavra humana, mas como mensagem de Deus, o que ela é, em verdade! (1Ts 2,13)

EVANGELHO (Mateus 19,3-12)
Naquele tempo, 19 3 os fariseus vieram perguntar a Jesus para pô-lo à prova: "É permitido a um homem rejeitar sua mulher por um motivo qualquer?"
4 Respondeu-lhes Jesus: "Não lestes que o Criador, no começo, fez o homem e a mulher e disse:
5 'Por isso, o homem deixará seu pai e sua mãe e se unirá à sua mulher; e os dois formarão uma só carne'?
6 Assim, já não são dois, mas uma só carne. Portanto, não separe o homem o que Deus uniu".
7 Disseram-lhe eles: "Por que, então, Moisés ordenou dar um documento de divórcio à mulher, ao rejeitá-la?"
8 Jesus respondeu-lhes: "É por causa da dureza de vosso coração que Moisés havia tolerado o repúdio das mulheres; mas no começo não foi assim.
9 Ora, eu vos declaro que todo aquele que rejeita sua mulher, exceto no caso de matrimônio falso, e desposa uma outra, comete adultério. E aquele que desposa uma mulher rejeitada, comete também adultério".
10 Seus discípulos disseram-lhe: "Se tal é a condição do homem a respeito da mulher, é melhor não se casar!"
11 Respondeu ele: "Nem todos são capazes de compreender o sentido desta palavra, mas somente aqueles a quem foi dado.
12 Porque há eunucos que o são desde o ventre de suas mães, há eunucos tornados tais pelas mãos dos homens e há eunucos que a si mesmos se fizeram eunucos por amor do Reino dos céus. Quem puder compreender, compreenda". 
COMENTÁRIOS DO EVANGELHO
1. A decisão de amar por toda a vida, não pode ser revogada.
Eis aqui um evangelho que seria melhor tirar do Novo Testamento, pois falar sobre ele e a verdade que proclama, é arranjar encrenca até em família. Como é que vamos falar desse evangelho em família se temos um filho ou uma filha, um sobrinho ou neto, que está nesta situação? Na própria comunidade, já vi pregadores da Palavra tentarem amenizar a pregação, para não ofender casais em segunda união, levando estes ao desanimo na Fé. Para a pós-modernidade esse ensinamento evangélico é uma velharia do passado, pois hoje em dia não dá mais para se falar em adultério.
Prestemos atenção nessa palavra tão pesada “Adultério”, que significa coisa “Falsa” ou que foi adulterada, mudada, como os ladrões de veículos fazem com o número do chassi, tentam assim, fazer com que o veículo roubado passe por outro e não mais aquele original em sua numeração saída da fábrica.
Com dinheiro falso é também essa atitude, não ficamos escandalizados quando compramos algo e o caixa examina a nota de cem ou cinquenta na nossa frente, para certificar-se de que ela não é falsa. Também na compra de peças para veículos ou outro equipamento, exigimos originais, porque sabemos que têm qualidade, não são imitação, não foram adulteradas.
Mas quando tratamos das coisas de Deus, e principalmente desse ensinamento sobre a vida conjugal dos que se uniram um dia na Igreja, deixamos de lado nosso rigorismo e exigências, e começamos a achar que tanto faz casar-se na igreja ou não e uma vez casados a separação é sempre uma possibilidade, e a união com outra pessoa também é coisa normalíssima em nossos dias. A confusão e o desconhecimento são tão grandes nessa área, (com certeza culpa da nossa própria igreja) que amasiados ou divorciados procuram os Ministros Ordinários do Matrimônio, para pedir uma bênção, às vezes em um salão durante a festa. E tem mais ainda, quando o caso acontece com a filha ou o filho da vizinha, logo alardeamos que se trata de um adultério, quando, porém, é com o nosso filho ou filha, daí não é adultério, pois temos uma justificativa.
Claro que Bênção também significa compromisso, mas para a maioria é um modo de envolver o Divino em nossos interesses humanos, e se ter dele a necessária proteção ou ter “sorte” no casamento, como me dizia um amigo, nessa situação, e que queria que eu fosse ministrar a bênção para ele e a sua Terceira esposa... Esse descompromisso total que têm marcado a vida conjugal de tantos casais, mesmo os cristãos, nada mais é do que influência do Neo-ateísmo que impera em nossa sociedade, onde se crê em Deus, mas Ele não tem nada a ver com minha vida da qual faço o que quiser...
Sacramento do matrimonio é uma Graça Santificante e Operante, que eleva o amor humano dando a este a mesma força e grandeza do amor Divino. No altar, homem e mulher dizem o SIM não para um amor sentimental ou somente do Eros, mas trata-se de uma decisão sagrada, manifestada naquele sim e que significa “Sei das minhas fraquezas, mas diante de Deus e da Igreja, tomo a decisão de amar para sempre, até a morte esta pessoa que Deus colocou na minha vida, confiando que só conseguirei isso com a Graça de Deus que vou agora receber”.
O SIM dos noivos supõe exatamente isso, daí que neste evangelho, Jesus manifesta o desejo e a vontade, de que este projeto original, iniciado para o casal precisamente no dia do casamento, seja mantido até o fim. Quando ocorre o contrário, e a união com uma segunda pessoa quebra e rompe este vínculo, esta união foi adulterada, falsificada e nem por isso Deus manda do céu a sua Ira na vida do casal. E então, perante a Santa Igreja, que acolheu a decisão dos nubentes no dia do casamento, a comunhão de vida do casal já não existe, e como a Igreja não pode voltar atrás em sua decisão, ela precisa sinalizar que a ruptura aconteceu e por isso, casais em segunda união são orientados a não receberem a Eucaristia, que é a expressão mais alta e por Excelência, da nossa comunhão com Deus, uma vez que, recebendo-a, não podem vivê-la na vida conjugal de maneira autêntica, já que a pessoa com quem se vive, não é aquela que diante de Deus e da Igreja decidiu amar para sempre.
E se foi um casamento errado, celebrado diante de Deus em cima de mentiras e falsidades, compete ao Tribunal Eclesiástico verificar cada caso, dando as pessoas envolvidas o direito de recomeçar a sua vida conjugal.
2. "por causa da dureza do vosso coração"
A perícope sobre o divórcio, em Mateus, está construída sobre a de Marcos 10,1-12. Tanto num como noutro evangelista, o tom é de controvérsia: trata-se de "pôr Jesus à prova" (Mt 19,3; Mc 10,2).
Como Deuteronômio 24,1-4 não especificava claramente por que motivo o marido poderia dar à sua esposa uma carta de divórcio, deixava espaço para interpretações diferentes e divergentes. Jesus defende com clareza a indissolubilidade do matrimônio, recorrendo ao projeto original de Deus (Mt 19,4-6; Gn 1,27; 2,24; 5,2). O projeto original de Deus impede o repúdio: "... o que Deus uniu, o homem não separe" (v. 6).
À pergunta do porquê da prescrição de Moisés, Jesus responde: "por causa da dureza do vosso coração" (v. 8), isto é, da incapacidade de compreender e pôr em prática os mandamentos de Deus, da resistência de amar verdadeiramente. Uma única exceção é feita por Jesus: em caso de "união ilícita" (v 9), ou seja, em casos de consanguinidade, por exemplo (ver: Lv 18).
ORAÇÃO
Pai, infunde nos casais cristãos o desejo de experimentarem a santidade do matrimônio, porque tu és a causa e a razão da comunhão que existe entre eles.
3. SUPERANDO UMA MENTALIDADE
Jesus recusou-se a pactuar com a mentalidade de certas correntes rabínicas de sua época, no tocante à indissolubilidade do matrimônio. O modo superficial como colocavam o problema levava-os a se desviarem do projeto original de Deus.
A introdução do divórcio, na Lei mosaica, era uma forma de concessão divina à dureza de coração do povo. "No começo não foi assim." Isto é, o divórcio não estava, originalmente, nos planos de Deus. Se a humanidade fosse menos obstinada e mesquinha, seria desnecessário prever o direito de o homem repudiar sua mulher.
No projeto divino, o matrimônio corresponderia a uma união tão profunda entre os esposos, a ponto de se tornarem uma só carne. A comunhão, assim pensada, exclui qualquer possibilidade de separação. Esta corresponderia a privar o corpo humano de um de seus membros. O esposo separado da esposa e, vice-versa, seria, pois, um corpo mutilado.
O discípulo do Reino sabe precaver-se da mentalidade divorcista leviana, esforçando-se por comungar com o pensar de Deus. E se recusa a agir como os fariseus, preocupados em conhecer os motivos pelos quais o marido pode repudiar sua mulher. O casal cristão, pelo contrário, interessa-se por conhecer aquilo que pode uni-lo mais ainda, de forma a consolidar a união realizada por Deus. E nada poderá separá-lo.
Oração
Espírito que gera comunhão, inspira os casais cristãos a buscarem sempre o caminho da consolidação dos laços matrimoniais, obra do próprio Deus.
Liturgia do Sábado
XIX SEMANA DO TEMPO COMUM
VERDE – OFÍCIO DO DIA )
Antífona da entrada: Considerai, Senhor, vossa aliança e não abandoneis para sempre o vosso povo. Levantai-vos, Senhor, defendei vossa causa e não desprezeis o clamor de que vos busca (Sl 73,20.19.22s).
Leitura (Josué 24,14-29)
Leitura do livro de Josué
Naqueles dias, Josué disse a todo o povo: 24 14 "Agora, pois, temei o Senhor e servi-o com toda a retidão e fidelidade. Tirai os deuses que serviram vossos pais além do rio e no Egito, e servi o Senhor.
15 Porém se vos desagrada servir o Senhor, escolhei hoje a quem quereis servir: se aos deuses, a quem serviram os vossos pais além do rio, se aos deuses dos amorreus, em cuja terra habitais. Porque, quanto a mim, eu e minha casa serviremos o Senhor".
16 O povo respondeu: "Longe de nós abandonarmos o Senhor para servir outros deuses.
17 O Senhor é o nosso Deus, ele que nos tirou, a nós e a nossos pais, da terra do Egito, da casa da servidão; e que operou à nossa vista maravilhosos prodígios e guardou-nos ao longo de todo o caminho que percorremos, entre todos os povos pelos quais passamos.
18 O Senhor expulsou diante de nós todas essas nações, assim como os amorreus que habitam na terra. Nós também, nós serviremos o Senhor, porque ele é o nosso Deus".
19 Josué disse ao povo: "Vós não podereis servir o Senhor, porque ele é um Deus santo, um Deus zeloso que não perdoará as vossas rebeliões e os vossos pecados.
20 Se abandonardes o Senhor para servir outros deuses, ele se voltará contra vós e vos fará mal, e vos consumirá, depois de vos ter feito bem.
21 Não, clamou o povo, porque é o Senhor que nós queremos servir!"
22 Josué disse-lhes: "Sois testemunhas contra vós mesmos de que escolhestes o Senhor para prestar-lhe culto". "Somos testemunhas!", responderam eles.
23 "Agora, pois, tirai os deuses estranhos que estão no meio de vós e inclinai os vossos corações para o Senhor, Deus de Israel".
24 "Nós serviremos o Senhor, nosso Deus", respondeu o povo a Josué, "e obedeceremos à sua voz".
25 Desse modo, Josué fez um pacto naquele dia com o povo e deu-lhe, em Siquém, leis e prescrições.
26 Josué escreveu tudo isso no livro da lei de Deus, tomou em seguida uma pedra muito grande e erigiu-a ali, debaixo do carvalho que estava no santuário do Senhor.
27 E disse a todo o povo: "Esta pedra servirá de testemunho contra nós, porque ela ouviu todas as palavras que o Senhor nos disse; ela servirá de testemunho contra vós, para que não abandoneis o vosso Deus".
28 Então Josué despediu o povo, cada um para a sua propriedade.
29 E aconteceu depois disso que Josué, filho de Nun, servo do Senhor, morreu com a idade de cento e dez anos.
Salmo responsorial 15/16
O Senhor é a porção da minha herança!
Guardai-me, ó Deus, porque em vós me refugio!
Digo ao Senhor: "Somente vós sois meu Senhor.
Ó Senhor, sois minha herança e minha taça,
meu destino está seguro em vossas mãos!"
Eu bendigo o Senhor, que me aconselha
e até de noite me adverte o coração.
Tenho sempre o Senhor ante meus olhos,
pois, se o tenho ao meu lado, não vacilo.
Vós me ensinais vosso caminho para a vida;
junto a vós, felicidade sem limites,
delícia eterna e alegria ao vosso lado!
Aclamação do Evangelho
Aleluia, aleluia, aleluia.
Graças te dou, ó Pai, Senhor do céu e da terra, pois revelaste os mistérios do teu reino aos pequeninos, escondendo-os aos doutores! (Mt 11,25)

Evangelho (Mateus 19,13-15)
COMENTÁRIOS DO EVANGELHO
1. Os pequeninos: prediletos do Pai
Dizia um sacerdote na nossa paróquia, lá nos anos 80 uma frase que nunca esqueci “Comunidade sem crianças é comunidade sem futuro”. Trazendo para a nossa atualidade, a questão das crianças em nossas celebrações é um assunto polêmico. Uns dizem que elas atrapalham porque ficam correndo pelos corredores, brincando e distraindo a atenção da assembleia, o que não deixa de ser uma verdade. Há outras pessoas que fazem dura crítica ao pai ou a coitada da mãe que é maior culpada, porque é folgada e não sabe educar a criança.
Uma saída que as comunidades têm encontrado é retirar as crianças do ambiente celebrativo, levando-as para outra sala onde um jovem ou alguma catequista os distrai com brinquedos e outros passatempos próprios de crianças. Essa prática que vem sendo incentivada por um grande número de comunidades dos grandes centros urbanos, resolve de imediato mas é muito perigosa, uma vez que a criança nunca irá fazer uma experiência comunitária na assembleia e certamente não se sentirão parte da igreja.
No tempo de Jesus, nessa comunidade do evangelista Mateus, já tinha esse problema, e um dia os pais levaram as criancinhas até perto de onde Jesus estava e pediram que ele impusesse as mãos sobre elas, porém, os coordenadores de liturgia, ministros, que eram os discípulos, não gostaram da ideia e acharam que iria atrapalhar a celebração. Em nossas comunidades muitas vezes os pais ou até catequistas tentam fazer com que as crianças se comportem, dizendo que o “padre” está olhando feio lá de cima do altar, “Olha que o padre vai xingar heim”. Daí a criança cresce com medo do padre e some da Igreja...
Jesus acolheu as crianças, as abençoou e ainda deu um “sabão” nos discípulos, dizendo que era para deixar as crianças virem até ele, porque o Reino dos Céus era para quem se parecesse com uma daquelas crianças.
É preciso dizer que, essa afirmação de Jesus tinha uma razão de ser: naquele tempo as crianças eram insignificantes, nem eram contadas no censo, por isso Jesus as inclui no Reino e diz com isso que elas, e todos os pequenos, marginalizados e desprezados, são os prediletos do Pai. E assim, o ensinamento torna-se um apelo para que as nossas comunidades cristãs não deixem de acolher com amor as crianças, através de uma catequese que as insira cada vez mais na vida em comunidade.
2. A criança como simbolo do Reino de Deus
No discurso eclesial, Mateus já havia utilizado a imagem da criança (18,1-4) como símbolo de que, no Reino dos céus, o maior é o menor, isto é, aquele que serve a todos.
A criança é também um símbolo do próprio Cristo que se fez servo de todos (cf. 18,5). A criança é igualmente símbolo dos membros da comunidade que vivem sua existência na dependência de Deus, como a criança depende de seus pais para crescer e amadurecer.
A atitude dos discípulos contrasta com a de Jesus (vv. 13.14). As crianças são membros da Palavra de Deus (ver: Js 8,35) e, como tal, devem ser acolhidas. Nós não temos notícia de que Jesus tenha se recusado a acolher alguém. A Igreja, sacramento de Cristo, não pode proceder diferente daquele que é a sua Cabeça, mas deve ser acolhedora. A atitude das pessoas que levam as crianças até Jesus é uma atitude de fé. As crianças são levadas para ser abençoadas. A comunidade sabe que sua bênção é o Senhor. Impor as mãos é transmitir poder; o poder que Jesus transmite é o Espírito Santo – é ele quem faz crescer e amadurecer na fé.
Se as crianças são símbolo de "pureza de coração" e humildade, a elas pertence o Reino dos céus (cf. Mt 5,3.8).
ORAÇÃO
Pai, seja a simplicidade e a pureza de coração das crianças um exemplo no qual devo inspirar-me para ser fiel a ti.
3. UM REPÚDIO À MARGINALIZAÇÃO
A atitude de Jesus de acolher as criancinhas, que eram apresentadas para que lhes impusesse as mãos e rezasse por elas, foi chocante para os discípulos. Estes as repeliam. A reação deles não foi motivada pelo receio de que estivessem esperando de Jesus um gesto mágico, nem eram movidos por ciúme ou por impaciência. Simplesmente, eram ainda incapazes de compreender o verdadeiro sentido do ministério de Jesus. A atitude do Mestre deveria ser bem considerada, para dela tirar as devidas lições.
O gesto de impor as mãos sobre as criancinhas aconteceu quando Jesus estava a caminho de Jerusalém, onde se consumaria o seu ministério. Momento terrivelmente sério de sua vida! No entanto, pelo caminho, mostrava-se sempre pronto a deter-se para acolher os humildes, os doentes e quem carecia de sua misericórdia. Embora a situação fosse grave, os pequeninos continuavam a ocupar o mesmo lugar no seu coração. Gesto semelhante deveriam fazer os seus discípulos.
Contrariando a mentalidade de seu tempo, Jesus repudiava a marginalização à qual as criancinhas eram relegadas. As que lhe foram apresentadas, tornaram-se símbolo das crianças de todos os tempos e lugares, as quais deverão ser tidas como modelo de atitude existencial dos discípulos do Reino. Estes devem primar pela humildade e pequenez diante de Deus, rejeitando toda atitude soberba e orgulhosa.
Oração
Espírito de pequenez diante de Deus, leva-me a ser humilde como as criancinhas, desprovido de soberba e de orgulho que me induzem a marginalizar o meu próximo.
Liturgia do Domingo 18.08.2013 20ºDTC 
- SOLENIDADE DA ASSUNÇÃO DE NOSSA SENHORA — ANO C
BRANCO, GLÓRIA, CREIO, PREFÁCIO PRÓPRIO – OFÍCIO DA SOLENIDADE )
__ "Maria é elevada ao céu, alegrem-se os coros dos anjos" __
AGOSTO — MÊS VOCACIONAL — Terceira Semana:
VOCAÇÃO PARA A VIDA CONSAGRADA
Religiosos(as) e Consagrados e Consagradas Seculares
Ambientação:
Sejam bem-vindos amados irmãos e irmãs!
INTRODUÇÃO DO FOLHETO DOMINICAL PULSANDINHO: A liturgia de hoje é dedicada à Solenidade da Assunção de Nossa Senhora. Celebramos, também, a vocação consagrada como manifestação do amor de Deus pelo mundo, e como sinal da resposta do mundo ao amor de Deus. Todos os consagrados, já vivenciaram a experiência de um SIM definitivo a Deus, dado livremente e na totalidade de suas vidas. Em comunhão com eles, queremos celebrar a plena doação que fazem de todo seu ser a Deus através do serviço aos irmãos e irmãs. Como a Virgem Maria, também nós somos destinados à ressurreição, isto é, à participação plena e definitiva na vida de Deus. Mas, para isso, faz-se necessário que sejamos corajosos para acolhermos em nossa vida o Evangelho de Jesus, que é força e causa de salvação para todo o mundo e fonte de energia para a plena doação de nossa vida ao serviço de nossos irmãos e irmãs.
INTRODUÇÃO DO FOLHETO DOMINICAL O POVO DE DEUS: Celebramos a Eucaristia na qual se destaca a glorificação da Virgem Maria por causa do mistério de Cristo. O Dogma da Assunção de Nossa Senhora, proclamado pelo Papa Pio XII em 1950, nos mostra que Deus eleva os humildes e exalta aqueles que se colocam na posição de servos. Maria é servidora por excelência. É imagem da Igreja, povo de Deus a caminho do Reino definitivo. É mãe intercessora, que, junto do Pai, nos abençoa e protege. Dentre os temas do mês vocacional, enfocamos hoje a vida consagrada de religiosos e religiosas e de pessoas consagradas totalmente ao serviço de Deus e do próximo. Maria é modelo tanto da consagração a Deus como do serviço ao próximo.
INTRODUÇÃO DO WEBMASTER: Maria, imagem da Igreja, glorificada na Assunção, é a criatura que atingiu a plenitude da salvação, até a transfiguração do corpo. É a mulher vestida de sol e coroada de doze estrelas. É a mãe que nos espera e convida a caminhar para o Reino de Deus. A Mãe do Senhor é a imagem da Igreja: luminosa garantia de seu destino de salvação, porque o Espírito do Ressuscitado cumprirá plenamente sua missão em todos nós, como fez nela, que já é aquilo que nós seremos.
Sintamos em nossos corações a alegria do Amor ao Próximo e entoemos alegres cânticos ao Senhor!

ASSUNÇÃO DE NOSSA SENHORA
ASSUNTA AO CÉU, MARIA ESTÁ MAIS PERTO DE NÓS.
Antífona da entrada: Grande sinal apareceu no céu: uma mulher que tem o sol por manto, a lua sob os pés e uma coroa de doze estrelas na cabeça (Ap 12,1).
Comentário das Leituras: As fontes da Liturgia da Palavra de hoje demonstram, como Maria é humana e, enquanto humana, participa plenamente do Mistério da Salvação. Por isso, como ela, também nós somos convidados a não reter o Cristo apenas para nós, mas levá-lo a todos, colocando- -nos sempre à serviço de nossos irmãos e irmãs. Somente assim descobriremos o sentido profundo de nossa fé. Maria é Imagem da nova humanidade e do povo redimido.
Primeira Leitura (Apocalipse 11,19;12,1.3-6.10)
Leitura do livro do Apocalipse.
11 19 Abriu-se o templo de Deus no céu e apareceu, no seu templo, a arca do seu testamento. Houve relâmpagos, vozes, trovões, terremotos e forte saraiva.
12 1 Apareceu em seguida um grande sinal no céu: uma Mulher revestida do sol, a lua debaixo dos seus pés e na cabeça uma coroa de doze estrelas.
3 Depois apareceu outro sinal no céu: um grande Dragão vermelho, com sete cabeças e dez chifres, e nas cabeças sete coroas.
4 Varria com sua cauda uma terça parte das estrelas do céu, e as atirou à terra. Esse Dragão deteve-se diante da Mulher que estava para dar à luz, a fim de que, quando ela desse à luz, lhe devorasse o filho.
5 Ela deu à luz um Filho, um menino, aquele que deve reger todas as nações pagãs com cetro de ferro. Mas seu Filho foi arrebatado para junto de Deus e do seu trono.
6 A Mulher fugiu então para o deserto, onde Deus lhe tinha preparado um retiro para aí ser sustentada por mil duzentos e sessenta dias.
10 Eu ouvi no céu uma voz forte que dizia: Agora chegou a salvação, o poder e a realeza de nosso Deus, assim como a autoridade de seu Cristo, porque foi precipitado o acusador de nossos irmãos, que os acusava, dia e noite, diante do nosso Deus.
Salmo responsorial 44/45
À vossa direita se encontra a rainha
com veste esplendente de ouro de Ofir.
As filhas de reis vêm ao vosso encontro,
e à vossa direita se encontra a rainha
com veste esplendente de ouro de Ofir.
Escutai, minha filha, olhai, ouvi, isto:
"Esquecei vosso povo e a casa paterna!
Que o rei se encante com vossa beleza!
Prestai-lhe homenagem: é vosso Senhor!
Entre cantos de festa e com grande alegria,
ingressam, então, no palácio real".
Segunda Leitura (1 Coríntios 15,20-27)
Leitura da primeira carta de são Paulo aos Coríntios.
Irmãos, 15 20 Cristo ressuscitou dentre os mortos, como primícias dos que morreram!
21 Com efeito, se por um homem veio a morte, por um homem vem a ressurreição dos mortos.
22 Assim como em Adão todos morrem, assim em Cristo todos reviverão.
23 Cada qual, porém, em sua ordem: como primícias, Cristo; em seguida, os que forem de Cristo, na ocasião de sua vinda.
24 Depois, virá o fim, quando entregar o Reino a Deus, ao Pai, depois de haver destruído todo principado, toda potestade e toda dominação.
25 Porque é necessário que ele reine, até que ponha todos os inimigos debaixo de seus pés.
26 O último inimigo a derrotar será a morte, porque Deus sujeitou tudo debaixo dos seus pés.
27 Mas, quando ele disser que tudo lhe está sujeito, claro é que se excetua aquele que lhe sujeitou todas as coisas.
Aclamação do Evangelho
Aleluia, aleluia, aleluia.
Maria é elevada ao céu, alegram-se os coros dos anjos.

EVANGELHO (Lucas 1,39-56)
1 39 Naqueles dias, Maria se levantou e foi às pressas às montanhas, a uma cidade de Judá.
40 Entrou em casa de Zacarias e saudou Isabel.
41 Ora, apenas Isabel ouviu a saudação de Maria, a criança estremeceu no seu seio; e Isabel ficou cheia do Espírito Santo.
42 E exclamou em alta voz: "Bendita és tu entre as mulheres e bendito é o fruto do teu ventre.
43 Donde me vem esta honra de vir a mim a mãe de meu Senhor?
44 Pois assim que a voz de tua saudação chegou aos meus ouvidos, a criança estremeceu de alegria no meu seio.
45 Bem-aventurada és tu que creste, pois se hão de cumprir as coisas que da parte do Senhor te foram ditas!"
46 E Maria disse: "Minha alma glorifica ao Senhor,
47 meu espírito exulta de alegria em Deus, meu Salvador,
48 porque olhou para sua pobre serva. Por isto, desde agora, me proclamarão bem-aventurada todas as gerações,
49 porque realizou em mim maravilhas aquele que é poderoso e cujo nome é Santo.
50 Sua misericórdia se estende, de geração em geração, sobre os que o temem.
51 Manifestou o poder do seu braço: desconcertou os corações dos soberbos.
52 Derrubou do trono os poderosos e exaltou os humildes.
53 Saciou de bens os indigentes e despediu de mãos vazias os ricos.
54 Acolheu a Israel, seu servo, lembrado da sua misericórdia,
55 conforme prometera a nossos pais, em favor de Abraão e sua posteridade, para sempre.
56 Maria ficou com Isabel cerca de três meses. Depois voltou para casa".

LEITURAS DA SEMANA DE 19 a 25 de Agosto de 2013:
2ª Vd - Jz 2,11-19; Sl 105(106); Mt 19,16-22
3ª Br - Jz 6,11-24a; Sl 84(85); Mt 19,23-30
4ª Br - Jz 9,6-15; Sl 20(21); Mt 20,1-16a
5ª Br - Is 9,1-6; Sl 112(113); Lc 1,26-38
6ª Br - 2Cor 10,17-11,2; Sl 148(149); Mt 13,44-46
Sb Vm - Ap 21,9b-14; Sl 144(145); Jo 1,45-51
21º DTC Vd - Is 66,18-21; Sl 116(117); Hb 12,5-7.11-13; Lc 13,22-30 (Salvação dos pagãos)
COMENTÁRIOS DO EVANGELHO
1. O CÉU DE MARIA!
Maria foi assunta ao céu, elevada para junto de Deus em corpo e alma. Se Jesus nos abriu as portas do céu que estavam fechadas, Maria foi o primeiro ser vivente a entrar por ela. Na verdade, em Maria os Filhos degredados de Eva puderam sentir o “gostinho” da volta ao Paraíso e viver de novo na plenitude da comunhão com Deus, como era antes do pecado original. Na vida de Maria, desde o seu nascimento, até a sua “dormição” como preferem denominar o término da sua vida terrena os católicos ortodoxos, a gente vai aprendendo que o céu, dom de Deus, é também uma conquista do homem.
A partir de Jesus nos tornamos todos combatentes “Pois é preciso que ele reine, até que todos os seus inimigos estejam debaixo dos seus pés. O último inimigo a ser derrotado é a morte” afirma o apóstolo Paulo na segunda leitura desse domingo em 1Cor 15, 20-27, mostrando-nos que a conquista do céu vai acontecendo na medida em que, em nossa caminhada vamos combatendo e destruindo as forças do mal, que querem nos levar à morte, para longe de Deus e do seu Paraíso, que é o nosso destino glorioso.
É assim que a vitória de Cristo vai sendo confirmada, pois quando falamos que o céu é dom que Deus nos concede, estaríamos sendo ingênuos se imaginarmos que podemos conquistá-lo sem nenhum esforço. Mas o que mais nos surpreende nessa liturgia Mariana é a bela visão apocalíptica de João na primeira leitura, que vê no céu o sinal de uma mulher Guerreira, destemida e Vitoriosa, imagem que a Igreja atribuiu a Maria, pois para chegar vitoriosa no céu, Maria foi também vitoriosa na terra, aliás, a partir da obra que Deus realizou em Maria, o céu desceu a terra. “Uma mulher vestida de sol, tendo a lua debaixo dos pés, e sobre a cabeça uma coroa de doze estrelas”.
A visão do mal sempre é aterradora, mesmo em uma linguagem simbólica e figurativa como a de João “Um Dragão de sete cabeças e dez chifres, e sobre a cabeça sete coroas” Quem é que não se assusta diante de um bicho feio como este, com tanta força e poder?! Quem é que não se assusta com o mal hoje presente no mundo, marcado por tanta violência, medo, insegurança e o terror? Mas no espaço do céu, que é o lugar de Deus, esse mal tem o poder limitado. “Sua cauda varria apenas um terço das estrelas, atirando-as sobre a terra”, ou seja, a força do bem presente em Maria consegue neutralizar as forças avassaladoras do mal. Mas quem é essa mulher ousada e vitoriosa, que chamamos de Mãe?
No evangelho festivo da Festa da Assunção, na catequese de Lucas percebemos algo encantador, que faz a diferença na vida de Maria, e que faz a diferença nossa vida também: A Força do Espírito de Deus! Prestemos atenção nas expressões verbais colocadas por Lucas, e que indicam uma ação imediata: Maria partiu – dirigindo-se apressadamente – entrou na casa e cumprimentou Isabel. Maria, essa mulher Guerreira e Vitoriosa, deixa-se mover no dinamismo do Espírito de Deus. Sua vida pacata na pequena Nazaré passa por uma “sacudida”, a partir de então, ela se moverá a partir do Espírito de Deus presente nela e que irá impulsioná-la a sair de Nazaré e a sair de si mesma, abrindo-se cada vez mais para Deus e os irmãos e Maria diante da revelação do anjo descobre a sua vocação de servir “Eis aqui a serva do Senhor...”
Tudo começou quando ela se fez pequena diante de Deus, é aí que o céu já começa a acontecer em sua vida. Quando os homens descobrem nessa vida a vocação para o amor, o céu já se faz presente. A entrada de Maria no céu, na Festa da Assunção, é apenas uma referência de sua glória, esta glória do Senhor que a envolveu totalmente, fazendo-a viver para Deus, sem deixar de viver para os irmãos. E quais são as conseqüências, na vida de Maria e em nossa vida, quando nos deixamos mover pelo Espírito Santo presente em nós? Isso é fácil de perceber nessa catequese de Lucas, olhando para a reação de Isabel - “Logo que a sua saudação chegou aos meus ouvidos, a criança pulou de alegria em meu ventre”. Quem é de Deus e a ele pertence e se entrega, transmite a paz verdadeira, o Shalon que traz alegria.
Quando o evangelho narra que Maria saudou Isabel, não foi uma saudação costumeira de Bom Dia ou Boa Tarde, mas sim a saudação desejando a Paz. Maria é anunciadora da Paz e portadora da Salvação, pois ali, naquela região montanhosa em casa de Israel, o Espírito de Deus transbordante em Maria, preenche também a Isabel e lhe revela: Chegou o Salvador, Deus já está entre vós! João dá cambalhotas no ventre de sua mãe e com ele a humanidade inteira pode pular e cantar, dançar e extravasar sua alegria: Jesus já chegou! Chegou através dos pobres e pequenos como Maria e Isabel.
Nossos sonhos e esperança de chegar a esse céu das plenitudes como Maria, já começa a se tornar feliz realidade quando descobrimos a nossa vocação para o amor e o serviço, tornando-nos também portadores dessa Paz e alegria, que vem do Espírito de Deus presente em nós. SALVE MARIA! ( Festa da Assunção –LUCAS 1, 39-5 )
2. A festa da vitória de Deus
A solenidade da Assunção da Mãe de Deus é, em primeiro lugar, a festa da vitória de Deus e do seu Cristo sobre o mal e a morte. Deus é o Senhor da vida. "Por um só homem a morte entrou no mundo, também por um só homem vem a ressurreição dos mortos. Assim como todos morrem em Adão, em Cristo todos receberão a vida" (1Cor 15,21-22).
A festa da Assunção da Mãe de Deus é a festa da Páscoa do ser humano, da participação da nossa humanidade na Páscoa de Cristo.
O trecho do livro do Apocalipse é uma visão, uma revelação de um grande sinal. Como se trata de um sinal, ele precisa ser interpretado e bem compreendido. Este grande sinal é o da Igreja triunfante, na eternidade ("lua debaixo dos pés – v. 1), vitoriosa ("coroa de doze estrelas" – v. 1), iluminada com a luz do Cristo Ressuscitado ("vestida com o sol" – v. 1), pronta para dar à luz (v. 2); a Igreja fiel ao seu Senhor gera, pela fé, novos filhos.
É ameaçada pelo Dragão (vv. 3-4), e protegida, ela e seu filho (v. 5-6). Essa imagem não foi aplicada imediatamente a Maria, somente mais tarde e como fruto do amadurecimento da fé da Igreja na ressurreição de Jesus Cristo. A mãe de Deus é modelo do discípulo que, não obstante a perseguição e o sofrimento, guarda fielmente a palavra de Cristo. O texto do Apocalipse tem como finalidade manter viva a esperança da Igreja peregrina e sustentar o seu testemunho. A mãe do Senhor é ícone da Igreja.
O dogma da Assunção, defendido em 1950 pelo Papa Pio XII, afirma que Maria foi "elevada à glória celeste". Não se trata de um deslocamento espacial. Não se afirma uma nova localização, mas a transfiguração do corpo e a passagem de sua condição terrestre para a condição gloriosa da totalidade de sua pessoa (= corpo e alma).
A festa da Assunção é a festa do destino do ser humano: destinado à plenitude da felicidade – isto é, à "glória celeste". A vida de Maria, como a nossa vida, não se encerra nos limites desta história, mas tende plenamente para Deus, por quem ela é atraída desde sua concepção. A Assunção de Maria é sinal concreto de esperança para todo o gênero humano; é sinal da dignidade presente e futura do homem criado e redimido por Deus.
ORAÇÃO
Senhor Jesus, que a contemplação da assunção de tua mãe santíssima me inspire a viver em comunhão com Deus, servindo-o como servo humilde.
3. A GLORIFICAÇÃO DE MARIA
A festa da assunção de Nossa Senhora leva-nos a repensar todo o seu peregrinar neste nosso mundo, pois se trata de celebrar o desfecho de sua caminhada. O fim da existência terrena de Maria consistiu na plenificação de todos os seus anseios de mulher de fé e disponível para servir. A expressão "repleta de graça", dita pelo anjo, encontrou sua expressão consumada na exaltação dela junto de Deus.
A estreita conexão entre a existência terrena de Maria e a sua sorte eterna foi percebida desde cedo pela comunidade cristã, apesar de a Bíblia não contar os detalhes de sua vida e de sua morte. A comunidade deu-se conta de que Deus assumiu e transformou toda a sua história, suas ações e seu corpo.
O relato evangélico é um pequeno retrato de Maria. Sua condição de mãe do Messias, o "Senhor" esperado pelo povo, proveio da profunda comunhão com Deus e da disponibilidade total em fazer-se sua servidora. Expressou sua fé no canto de louvor – o Magnificat –, no qual proclamou as maravilhas do Deus e as grandezas de seus feitos em favor dos fracos e pequeninos.
A comunhão com Deus desdobrava-se, na vida de Maria, na sua disponibilidade a servir o próximo. A ajuda prestada à prima Isabel é uma pequena amostra do que era a Mãe de Deus no seu dia-a-dia.
Assunta ao céu, Maria experimentou, em plenitude, a comunhão vivida na Terra.
Oração
Pai, conduze-me pelos caminhos de Maria, tua fiel servidora, cuja vida se consumou, sendo exaltada por ti. Que, como Maria, eu saiba me preparar para a comunhão plena contigo.


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