domingo, 2 de junho de 2013

Liturgia da 09ª semana comum Ano Impa

Liturgia da Segunda Feira - 03.06.2013
Antífona da entrada: Muitas são as tribulações dos justos, mas Deus os livrará de todas. Ele guarda todos os seus ossos, nem um só será partido (Sl 33,20s).
Leitura (Tobias 1,3;2,1-8)
Leitura do livro de Tobias.
1 3 Tudo aquilo, de que podia dispor, distribuía cada dia a seus irmãos de raça, que partilhavam com ele sua sorte de cativo. 
1 Algum tempo depois, num dia de festa religiosa, foi preparado um grande banquete na casa de Tobit. 
2 Ele disse então ao seu filho: Vai buscar alguns homens piedosos de nossa tribo, para comerem conosco. 
3 Ele saiu, mas logo voltou, anunciando ao pai que um dos filhos de Israel jazia degolado na praça. Tobit levantou-se imediatamente da mesa, sem nada haver comido, e foi aonde estava o cadáver. 
4 Tomou-o e levou-o clandestinamente para a sua casa, a fim de sepultá-lo com cuidado depois do sol posto. 
5 Tendo escondido o cadáver, começou a comer com pranto e tremor, 
6 lembrando-se do oráculo que o Senhor tinha pronunciado pela boca do profeta Amós: Vossas festas mudar-se-ão em luto e lamentações (Am 8,10). 
7 Quando o sol se pôs, ele foi e o sepultou. 
8 Seus vizinhos criticavam-no unanimemente. Já uma vez ordenaram que te matassem, precisamente por isso, e mal escapaste dessa sentença de morte, recomeças a enterrar os cadáveres! 
Salmo responsorial 111/112
Feliz aquele que respeita o Senhor!
Feliz o homem que respeita o Senhor 
e que ama com carinho a sua lei! 
Sua descendência será forte sobre a terra, 
abençoada a geração dos homens retos!
Haverá glória e riqueza em sua casa, 
e permanece para sempre o bem que fez. 
Ele é correto, generoso e compassivo, 
como luz brilha nas trevas para os justos.
Feliz o homem caridoso e prestativo, 
que resolve seus negócios com justiça. 
Porque jamais vacilará o homem reto, 
sua lembrança permanece eternamente!
Aclamação do Evangelho
Aleluia, aleluia, aleluia.
Jesus Cristo, a fiel testemunha, primogênito dos mortos, nos amou e do pecado nos lavou, em seu sangue derramado (Ap 1,5).

EVANGELHO (Marcos 12,1-12)
Naquele tempo, 12 1 E Jesus começou a falar-lhes em parábolas. "Um homem plantou uma vinha, cercou-a com uma sebe, cavou nela um lagar, edificou uma torre, arrendou-a a vinhateiros e ausentou-se daquela terra. 
2 A seu tempo enviou aos vinhateiros um servo, para receber deles uma parte do produto da vinha. 
3 Ora, eles prenderam-no, feriram-no e reenviaram-no de mãos vazias. 
4 Enviou-lhes de novo outro servo; também este feriram na cabeça e o cobriram de afrontas. 
5 O senhor enviou-lhes ainda um terceiro, mas o mataram. E enviou outros mais, dos quais feriram uns e mataram outros. 
6 Restava-lhe ainda seu filho único, a quem muito amava. Enviou-o também por último a ir ter com eles, dizendo: 'Terão respeito a meu filho!' 
7 Os vinhateiros, porém, disseram uns aos outros: 'Este é o herdeiro! Vinde, matemo-lo e será nossa a herança!' 
8 Agarrando-o, mataram-no e lançaram-no fora da vinha. 
9 Que fará, pois, o senhor da vinha? Virá e exterminará os vinhateiros e dará a vinha a outro. 
10 Nunca lestes estas palavras da Escritura: 'A pedra que os construtores rejeitaram veio a tornar-se pedra angular. 
11 Isto é obra do Senhor, e ela é admirável aos nossos olhos?'"
12 Procuravam prendê-lo, mas temiam o povo; porque tinham entendido que a respeito deles dissera esta parábola. E deixando-o, retiraram-se. 
COMENTÁRIOS DO EVANGELHO
1. O Dono da Vinha
Na história dos grandes romances, o pior que pode acontecer é quando um grande e sincero amor não é correspondido, ou o Amado é traído pela amada. Em nossos tempos a história real ou fictícia, dessa dor de amar sem ser amado,  acaba virando moda de viola no cancioneiro sertanejo, ou nos compositores românticos remanescentes dos tempos em que se ouvia boas músicas...
Há nos profetas algo ligado a esse tema "Meu amigo tinha uma vinha....", onde alguém, muito chegado do amado traído, ou não correspondido, como um compositor de música sertaneja, faz uma canção - poesia, para contar da decepção de um amigo que amou alguém e deu tudo de si, mas que não foi correspondido.
No evangelho de hoje Jesus, o Filho de Deus (o Amado não correspondido) conta essa história da Vinha e pergunta aos seus interlocutores, que fazem parte dos que rejeitam esse Amor de Deus, que atitude deverá tomar esse Homem que fez o possível e o impossível para que a sua "Vinha"  frutificasse, e que de maneira surpreendente, além de não dar os frutos desejados, ainda trataram com violência os servos que ele enviou, para lhe trazer os frutos que eram seus, por direito.
Volto aos anos 70 quando não tínhamos e-mails, Orkut, MSN e outros canais de comunicação imediata, quando gostávamos prá valer de uma menina, e ela não acreditava na sinceridade do afeto, costumávamos mandar recados através dos amigos mais chegados, até que um belo dia tínhamos que ir pessoalmente se declarar...
O Filho do Dono da Vinha não veio para se vingar dos que rejeitaram os servos e bateram  neles,mas com certeza Deus pensou "Chega de recados, eu mesmo vou lá declarar o meu amor por eles"....Mas deu no que deu....Pegaram o Filho do Homem e planejaram matá-lo para ficar com a Vinha. O que isso significa? Exatamente a criação de um amor que é caricatura do Amor Único e Verdadeiro, os homens se apossaram de algo que não lhes pertencia e o tomaram para si, criando um amor falsificado e sem nenhum valor, não quiseram saber de uma relação autêntica e sincera com Aquele que é o Amor, mas preferiram os amantes.....Entretanto, Deus não desistiu do seu projeto e levou o seu Amor até as últimas consequências e este venceu e superou o amor medíocre que os maus empregados tinham transformado o que pertencia a Deus.
Em toda essa trama que envolve a mais bela, verdadeira e sublime História de Amor, diante dessa parábola, é forçoso que nos perguntemos: o amor que vivemos na comunidade, em nossas relações com as pessoas, vem de onde? Daquele que é o Amor, ou dos empregados corruptos, ladrões e assassinos. Falamos e testemunhamos o Amor Verdade, ou vivemos no amor da mediocridade e da mentira....?
2. Vamos matá-lo, e a herança será nossa!
Estamos na segunda parte do evangelho segundo Marcos, em que predominam os relatos pré-marcanos da paixão. A imagem de fundo da parábola é Is 5,1-7, que recomendamos seja relido. Esta parábola, com modificações importantes, está presente também nos outros dois sinóticos (Mt 21,33-46; Lc 20,9-19). O cerco sobre Jesus vai se fechando cada vez mais; a sua morte se aproxima. Jesus parte para o ataque. Os destinatários da parábola são os chefes do povo. O texto é a história da rejeição do dom de Deus desde tempos remotos até Jesus, inclusive, que será morto fora dos muros de Jerusalém: "Desde o dia em que vossos pais saíram da terra do Egito até hoje, enviei-vos os meus servos, os profetas, cada dia os enviei, incansavelmente. Mas não me escutaram, nem prestaram ouvidos, mas endureceram a sua cerviz e foram piores que seus pais" (Jr 7,25-26).
Para a tradição bíblica, o povo, simbolizado pela vinha, é a herança de Deus (Jr 50,11; Sl 79,1). A parábola permite-nos concluir que uma das causas da morte de Jesus foi a cobiça: os chefes do povo, de meros administradores, quiseram para si tudo o que era de Deus; quiseram se apossar do que não lhes pertencia. A cobiça elimina quem quer que seja, até o verdadeiro herdeiro; ela traz em si mesma um dinamismo de morte: "Este é o herdeiro. Vamos matá-lo, e a herança será nossa!" (v. 7).
ORAÇÃO
Pai, porque és misericordioso, nunca te cansas de querer levar a mim e a toda a humanidade para junto de ti. Que eu perceba e acolha a manifestação deste teu imenso amor.
3. A PEDRA REJEITADA
Possivelmente a similaridade fonética entre as palavras hebraicas ben (filho) e eben (pedra) levou Jesus a recorrer à citação de um salmo para ilustrar a sua situação. Ele, como Filho, sentia-se como uma pedra rejeitada pelos construtores, que acabou se tornando pedra de sustentação de um edifício. O destino dado pelos primeiros construtores foi superado por quem faria a edificação definitiva.
Assim se passava com Jesus. As lideranças religiosas rejeitavam-no, pois não aderiam à sua pregação e nem reconheciam o testemunho de suas obras. Tinham-no na conta de uma pessoa perigosa que devia ser evitada. Não sabiam como encaixá-lo em seus esquemas, por ser demasiadamente desconforme com tudo quanto eles ensinavam. 
Todavia, o curso da história de Jesus não estava nas mãos dessas lideranças. Apenas ao Pai competia determinar tudo o que se referia a seu Filho. Não seriam elas que haveriam de frustrar os planos divinos.
A pedra rejeitada estava destinada a ocupar um lugar fundamental na história de Israel. Garantiria salvação e segurança para o povo, e seria penhor de bênçãos para ele. Por meio dela, o Pai realizaria maravilhas e prodígios, exatamente como proclamava o salmo, em relação ao antigo Israel.
Coube ao Pai desdizer o veredicto dos líderes religiosos a respeito de Jesus.
Oração
Espírito de sintonia com o Pai, faze-me compreender o seu desígnio a respeito do Filho Jesus, enviado como penhor de salvação para toda a humanidade.

Liturgia da Terça-Feira
IX SEMANA DO TEMPO COMUM
(VERDE – OFÍCIO DO DIA)
Antífona da entrada: Olhai para mim, Senhor, e tende piedade, pois vivo sozinho e infeliz. Vede minha miséria e minha dor e perdoai todos os meus pecados! (Sl 24,16.18)
Leitura (Tobias 2,9-14)
Leitura do livro de Tobias.
2 9 Mas Tobit temia mais a Deus que ao rei, e continuava a levar para a sua casa os corpos daqueles que eram assassinados, onde os escondia e os inumava durante a noite. 
10 Ora, aconteceu que um dia, cansado desse trabalho, voltou para a sua casa e deitou-se junto à parede onde adormeceu. 
11 Enquanto dormia, caiu-lhe de um ninho de andorinhas esterco quente nos olhos, e ele tornou-se cego. 
12 Deus permitiu que lhe acontecesse essa prova, para que a sua paciência, como a do santo homem Jó, servisse de exemplo à posteridade. 
13 Como havia sempre temido a Deus, desde a sua infância, e guardado seus mandamentos, ele não se afligiu (nem murmurou) contra Deus por ter sido atingido pela cegueira. 
14 Mas perseverou firme no temor de Deus, e continuou a dar-lhe graças em todos os dias de sua vida.
Salmo responsorial 111/112
O coração do justo é firme e confiante no Senhor.
Feliz o homem que respeita o Senhor 
e que ama com carinho a sua lei! 
Sua descendência será forte sobre a terra, 
abençoada a geração dos homens retos!
Ele não teme receber notícias más: 
confiando em Deus, seu coração está seguro. 
Seu coração está tranqüilo e nada teme, 
e confusos há de ver seus inimigos.
Ele reparte com os pobres os seus bens, 
permanece para sempre o bem que fez, 
e crescerão a sua glória e seu poder.
Aclamação do Evangelho
Aleluia, aleluia, aleluia. 
Que o Pai do Senhor Jesus Cristo nos dê do saber o Espírito, para que conheçais a esperança reservada para vós como herança! (Ef 1,17s)

EVANGELHO (Marcos 12,13-17)
Naquele tempo, 12 13 enviaram a Jesus alguns fariseus e herodianos, para que o apanhassem em alguma palavra. 
14 Aproximaram-se dele e disseram-lhe: "Mestre, sabemos que és sincero e que não lisonjeias a ninguém; porque não olhas para as aparências dos homens, mas ensinas o caminho de Deus segundo a verdade. É permitido que se pague o imposto a César ou não? Devemos ou não pagá-lo?" 
15 Conhecendo-lhes a hipocrisia, respondeu-lhes Jesus: "Por que me quereis armar um laço? Mostrai-me um denário". 
16 Apresentaram-lho. E ele perguntou-lhes: "De quem é esta imagem e a inscrição?" "De César", responderam-lhe. 
17 Jesus então lhes replicou. "Dai, pois, a César o que é de César e a Deus o que é de Deus". E admiravam-se dele. 
COMENTÁRIOS DO EVANGELHO
1. Cesar ou Deus? A inteligência na resposta...
Nem tínhamos acabado de ler esse evangelho, e a minha equipe de debatedores da comunidade já estava debatendo.
___Pagar imposto não têm nada a ver com religião! - exclamou o Miltão, que não gosta de falar em política na igreja. Afonso, uma pessoa nova na comunidade replicou:
___Olha Sêo Milton, tem sim! Um bom cristão cumpre bem os seus deveres de cidadão.
___Em nosso país a Lei tributária é uma roubalheira, por mim não pagaria imposto nenhum.....-   comentou Jorge, que é sempre contra qualquer governo.
__Calma meus irmãos... Vamos ver o que há por trás desse texto. --- disse, chamando a atenção do grupo.
___Bom, prá mim está bem claro, esses caras, que eram “Pelêgos” do partido dos Fariseus, e do poderoso Herodes, foram buscar lã e saíram tosquiados. Jesus acabou com eles! -  disse Jorge, que via em Jesus um Líder inigualável, que poderia encabeçar uma revolução contra os Romanos e até contra o poder religioso da época.
___Gente, espere um pouco... A pergunta era uma armadilha para tentar pegar Jesus, para qualquer um dos lados que ele pendesse, Cesar ou Deus, seria condenado por seus opositores. --- disse Vera, catequista que chegou atrasada no debate, mas que mandou bem, em sua primeira intervenção. 
___Bom, se é assim, uma contenda entre eles e Jesus, o que esse evangelho tem a ver com a nossa realidade? Por que Lucas o escreveu? - indaguei do grupo todo.
___A imagem de Cesar cunhada na moeda, mostrava que o cara era poderoso e todas as pessoas deviam se submeter a ele, parece até que o imperador era um deus, se não me engano. --- comentou Miltão.
Jesus não entra nessa questão, apenas aproveita a imagem da moeda para lembrar que o Reino de Deus supera e de longe, qualquer estrutura política-econômica desse mundo, e que no homem há também uma imagem, não de um imperador que quer ser deus, mas de um Deus que se fez homem. Dar a Deus o que é de Deus, significa ter esse reconhecimento, manifestando gratidão ao Deus da Vida, que nada nos impõe, mas propõe um jeito novo de se viver a Vida, colocando o Reino que Jesus inaugurou, com um valor absoluto, e sabendo que as estruturas imperiais são transitórias e relativas. De fato, podemos perguntar “Onde está o poderoso Cesar e o Império Romano que fazia tremer os povos vizinhos?”.
2. O ser humano é portador da imagem de Deus e de sua Lei
Os adversários de Jesus sentem-se irritados pela parábola dos vinhateiros homicidas, pois reconhecem nela a sua própria maldade revelada (12,1-12). O desejo dos chefes do povo é prender Jesus (cf. 12,12). Insistentemente procuram armar uma armadilha para terem uma razão para prendê-lo e matá-lo (vv. 13.15; cf. 3,6). O que os fariseus e os herodianos que vão ter com Jesus dizem dele é verdade (vv. 13.14), mas eles não acreditam no que dizem, pois são hipócritas (v. 15), fazem encenação, usam máscaras. À questão posta pela delegação, que tinha cunho político (v. 14), Jesus responde com uma pergunta, esquema próprio dos diálogos didáticos: "De quem é esta figura?" Deus não está em concorrência com as coisas deste mundo: "Devolvei, pois, a César o que é de César..." (v. 17).
Nossa perícope fala de imagem e inscrição (v. 16). Para a Bíblia o ser humano é imagem de Deus (cf. Gn 1,26-27); a inscrição pode se referir à Lei inscrita no coração (Jr 31,33; Pr 7,3). Nesse sentido, o que é de Deus (v. 17) é o ser humano, portador da imagem de Deus e de sua Lei.
ORAÇÃO
Pai, tudo quanto existe no universo te pertence. Ensina-me a subordinar tudo ao teu querer e a considerar-te a medida de tudo.
3. QUE É DE DEUS?
Jesus não caiu na armadilha armada por seus adversários para fazê-lo declarar sua posição diante dos romanos, opressores do povo. Os fariseus era contrários à dominação estrangeira, enquanto os herodianos eram a favor. Portanto, qualquer posição de Jesus haveria de fazê-lo cair nas malhas de seus acusadores.
Engana-se quem toma a afirmação enigmática de Jesus como se colocasse Deus e César em pé de igualdade. Dar a César o pertencente a César significa não ter nada demais satisfazer suas exigências de pagamento de tributo. Isso pode mesmo ser uma exigência passável. Dar a Deus o que a Deus pertence significa existirem coisas que só Deus pode exigir como é, por exemplo, o caso a adoração. Enquanto César exigia o tributo, não havia mal em pegá-lo. Quando exigia ser adorado como Deus, passava dos limites e não devia ser atendido. Afinal, era uma criatura e, por conseguinte, também pertencente a Deus e devedor de honra a Deus.
A resposta de Jesus coloca as coisas nos seus devidos lugares. É idolatria igualar Deus e César, o Criador e as criaturas. Seus âmbitos de reconhecimento têm limites bem distintos. Enquanto o âmbito da criatura é bem restrito e não pode ser ultrapassado, o Criador tem tudo sob seu domínio. Jesus serve só a Deus e a mais ninguém. Ele não se submete aos tiranos.
Oração
Senhor Jesus, que eu não confunda as criaturas com o Criador e só a Deus tribute a honra e o louvor devidos.
Liturgia da Quarta-Feira
Antífona da entrada: Este santo lutou até a morte pela lei de seu Deus e não temeu as ameaças dos ímpios, pois se apoiava numa rocha inabalável.
Leitura (Tobias 3,1-11.16-17)
Leitura do livro de Tobias.
3 1 Tobit, então, suspirando em meio de suas lágrimas, pôs-se a orar: 
2 Vós sois justo, Senhor! Vossos juízos são cheios de eqüidade, e vossa conduta é toda misericórdia, verdade e justiça. 
3 Lembrai-vos, pois, de mim, Senhor! Não me castigueis por meus pecados e não guardeis a memória de minhas ofensas, nem das de meus antepassados. 
4 Se fomos entregues à pilhagem, ao cativeiro e à morte, e se nos temos tornado objeto de mofa e de riso para os pagãos entre os quais nos dispersastes, é porque não obedecemos às vossas leis. 
5 Agora os vossos castigos são grandes, porque não procedemos segundo os vossos preceitos e não temos sido leais para convosco. 
6 Tratai-me, pois, ó Senhor, como vos aprouver; mas recebei a minha alma em paz, porque me é melhor morrer que viver. 
7 Aconteceu que, precisamente naquele dia, Sara, filha de Raguel, em Ecbátana na Média, teve também de suportar os ultrajes de uma serva de seu pai. 
8 Ela tinha sido dada sucessivamente a sete maridos. Mas logo que eles se aproximavam dela, um demônio chamado Asmodeu os matava. 
9 Tendo Sara repreendido a jovem criada por alguma falta, esta respondeu-lhe: Não vejamos jamais filho nem filha nascidos de ti sobre a terra! Foste tu que assassinaste os teus maridos. 
10 Queres porventura matar-me, como mataste todos os sete? Ouvindo isso, Sara subiu ao seu quarto e aí ficou três dias completos, sem comer nem beber. 
11 E, orando com fervor, ela suplicava a Deus, chorando, que a livrasse dessa humilhação. 16 Vós sabeis que eu nunca desejei homem algum, e que guardei minha alma pura de todo o mau desejo. 
17 Nunca freqüentei lugares de prazer nem tive comércio com pessoas levianas. 
Salmo responsorial 24/25
A vós, Senhor, eu elevo a minha alma.
Senhor meu Deus, a vós elevo a minha alma, 
em vós confio: que eu não seja envergonhado 
nem triunfem sobre mim os inimigos! 
Não se envergonha quem em vós põe a esperança, 
mas, sim, quem nega por um nada a sua fé.
Mostrai-me, ó Senhor, vossos caminhos, 
fazei-me conhecer a vossa estrada! 
Vossa verdade me oriente e me conduza, 
porque sois o Deus da minha salvação; 
em vós espero, ó Senhor, todos os dias!
Recordai, Senhor meu Deus, vossa ternura 
e a vossa compaixão, que são eternas! 
De mim lembrai-vos, porque sois misericórdia 
e sois bondade sem limites, ó Senhor!
O Senhor é piedade e retidão 
e reconduz ao bom caminho os pecadores. 
Ele dirige os humildes na justiça 
e aos pobres ele ensina o seu caminho.
Aclamação do Evangelho
Aleluia, aleluia, aleluia.
Eu sou a ressurreição, eu sou a vida, quem crê em mim, ainda que morra, viverá (Jo 11,25s).

Evangelho (Marcos 12,18-27)
12 18 Ora, vieram ter com Jesus os saduceus, que afirmam não haver ressurreição, e perguntaram-lhe: 
19 "Mestre, Moisés prescreveu-nos: Se morrer o irmão de alguém, e deixar mulher sem filhos, seu irmão despose a viúva e suscite posteridade a seu irmão. 
20 Ora, havia sete irmãos; o primeiro casou e morreu sem deixar descendência. 
21 Então o segundo desposou a viúva, e morreu sem deixar posteridade. Do mesmo modo o terceiro. 
22 E assim tomaram-na os sete, e não deixaram filhos. Por último, morreu também a mulher. 
23 Na ressurreição, a quem destes pertencerá a mulher? Pois os sete a tiveram por mulher". 
24 Jesus respondeu-lhes: "Errais, não compreendendo as Escrituras nem o poder de Deus. 
25 Na ressurreição dos mortos, os homens não tomarão mulheres, nem as mulheres, maridos, mas serão como os anjos nos céus. 
26 Mas quanto à ressurreição dos mortos, não lestes no livro de Moisés como Deus lhe falou da sarça, dizendo: 'Eu sou o Deus de Abraão, o Deus de Isaac e o Deus de Jacó'?"
27 Ele não é Deus de mortos, senão de vivos. Portanto, estais muito errados. 
COMENTÁRIOS DO EVANGELHO
1. Realidades diferentes...
Tenho um amigo que o pai morreu de Alzheimer e cuja preocupação é que no dia em que ele também morrer e for encontrar-se com o pai na Vida Eterna, este não o reconheça. Outro colega de serviço quis saber, em certa ocasião que falávamos sobre o assunto, se ele na Vida Eterna irá se reencontrar com o cachorrinho de estimação que perdeu vítima de uma doença.
Um outro disse em tom de brincadeira que não quer se encontrar com a sua sogra na Eternidade, e se registrarmos todas as conversas e opiniões sobre o assunto, facilmente percebemos que a maioria confunde ressurreição com ressuscitação, que são coisas bem distintas. Queremos todos chegar na Vida Eterna e dar continuidade a tudo que somos e fizemos nesta vida, com as mesmas emoções e sentimentos, com o mesmo modo de se relacionar com as pessoas.
Os Saduceus, um grupo que não acreditava na ressurreição, resolveu contar uma piadinha para Jesus, sim, uma historinha dessa só pode ser uma piada, é o caso de uma super mulher, que teve sete maridos e todos “bateram a cacholeta”, e por fim um belo dia a viúva por sete vezes também morreu, essa realmente descansou... Só que na cabeça dos Saduceus espirituosos, a história continuou, agora a coitada chega no Céu e dá de cara com os sete que a esperavam, e no final veio a perguntinha descabida : “De quem ela terá que ser esposa?” Pronto! Está feito a “misturança”, uma realidade terrestre com uma realidade ultra-terrestre, alguém aí já imaginou se fosse assim, levar conosco para a Vida Eterna os problemas mal resolvidos ou a resolver aqui nesta terra, para dar continuidade a historia? Podem ter a certeza de que não valeria a pena ressuscitar. Um pouco pior é o pensamento reencarnacionista onde a gente sobe e desce, vai e volta, até terminar o processo de purificação total, pagando todas as nossas faltas.
Ressurreição não é nada disso! Como é que podemos afirmar isso? Na ressurreição de Jesus e nas suas aparições na comunidade. É um processo de continuidade, Jesus é o mesmo, nós seremos os mesmos, a pessoa que construímos com nossas ações boas ou más, porém, de um outro jeito, Jesus Ressuscitado é o Jesus crucificado, mas de um outro jeito, o mesmo irá acontecer com todos nós, seremos os mesmos, mas de um outro jeito.
Por não termos a união hipostática das duas naturezas como Jesus, só seremos revelados o que de fato somos, após a consumação dos séculos, quando a história chegar ao seu final e o Reino atingir a sua plenitude, sempre lembrando que a nossa Vida se dá no tempo e espaço, enquanto que Deus é Eterno, não tem passado nem futuro, e portanto a nossa morte biológica nos permite mergulharmos no infinito de Deus. Não estaremos mais sujeitos ao tempo ou ao espaço, não teremos mais nenhuma necessidade de qualquer ordem, seja ela corporal, afetiva ou espiritual, por isso as relações de afetividade não terão mais razão de ser. Em Deus estaremos completos e perfeitos. O Amor que nos ama nos transformará, e nós também seremos Amor, e viveremos eternamente nesse Amor.
2. Deus é surpreendente
Agora, é a vez dos saduceus. Eles não são propriamente um grupo religioso, mas uma espécie de aristocracia ligada ao Templo de Jerusalém. A questão é sobre a ressurreição que eles não acreditam, ao contrário dos fariseus. Apresentam um caso absurdo com o intuito de ridicularizar a fé na ressurreição. Para isso, recorrem à lei do levirato (ver: Dt 25,5-6).
Na resposta Jesus revela a ignorância deles: interpretam mal a Escritura e desconhecem o poder de Deus, supondo que a morte anulasse o poder de Deus. Os saduceus, buscando ridicularizar a crença na ressurreição, a apresentam como pura continuidade da vida terrestre. Engano! Deus é surpreendente. É preciso abrir-se à novidade de Deus e nele esperar. Pensaram poder falar da ressurreição prescindindo de Deus. Ora, sem a relação ao Deus dos vivos, a própria Escritura é letra morta.
ORAÇÃO
Pai, tu és o Senhor da vida e me conduzes para a vida eterna junto de ti. Aumenta a minha fé de que não estou destinado à morte, e sim à comunhão contigo.
3. O DEUS DOS VIVOS
A ressurreição dos mortos era uma doutrina rejeitada pelos saduceus e aceita pelos fariseus. A pergunta dos saduceus visa, em vão, fazer Jesus optar por uma destas facções.
O exemplo contado pelos saduceus peca gravemente por interpretar, de maneira indevida, a ressurreição dos mortos com categorias terrenas. O esquema da história dos sete casamentos sucessivos da mulher com sete diferentes homens vale para a existência terrena. Com a ressurreição se passa de modo diverso. Aí não se pode falar de casar e dar-se em casamento, pois a condição do ser humano após a morte o faz semelhante aos anjos no céu, ou seja, não subordinado às categorias de espaço e tempo e não sujeitos às carências próprias da existência terrena. Não vale falar em relação matrimonial em se tratando da ressurreição.
A resposta de Jesus redunda em denúncia da concepção de ressurreição tanto dos fariseus quanto dos saduceus. Eles, sem dúvida, viviam em constante litígio por causa de problemáticas inconvenientes em torno das quais giravam suas reflexões. Jesus propõe a ambos refazerem seu modo de pensar e não atrelarem as coisas de Deus a seus próprios esquemas. A perspectiva aberta parte do pressuposto de ser seu Deus o Deus de vivos e não de mortos. Junto dele, as categorias terrenas perdem seu valor. Quem quiser pensar a ressurreição deve partir da indicação dada por Jesus, senão se enredará em falsos problemas.
Oração
Senhor Jesus, ajuda-me a pensar corretamente o mistério da ressurreição sem projetar nele minhas categorias humanas.
Liturgia da Quinta-Feira
IX SEMANA DO TEMPO COMUM *
(VERDE – OFÍCIO DO DIA)
Antífona da entrada: Olhai para mim, Senhor, e tende piedade, pois vivo sozinho e infeliz. Vede minha miséria e minha dor e perdoai todos os meus pecados! (Sl 24,16.18)
Leitura (Tobias 6,10-11;7,1.9-17;8,4-9)
Leitura do livro de Tobias.
6 10 Em seguida Tobias disse-lhe: "Onde queres que pousemos?" 
11 "Há aqui", respondeu o anjo, "um homem de tua tribo e de tua família, chamado Raguel, que tem uma filha chamada Sara; além dela não tem mais filha". 
7 1 Chegaram, pois à casa de Raguel, que os recebeu cordialmente. 
9 Depois que conversaram, Raguel mandou matar um carneiro para preparar um jantar. E quando lhes rogava que tomassem lugar à mesa, 
10 Tobias disse-lhe: "Não comerei nem beberei aqui hoje, antes que me tenhas prometido conceder o que te vou pedir: dá-me Sara, tua filha, (por mulher). 
11 Estas palavras encheram Raguel de espanto, pensando no que tinha acontecido aos sete maridos que se tinham aproximado dela, e começou a temer que tal desgraça se repetisse mais uma vez. E como ele hesitasse em dar uma resposta a Tobias, 
12 o anjo disse-lhe: "Não temas dar-lhe tua filha, porque é deste piedoso servo de Deus que ela deve ser mulher. Por isso nenhum outro pôde tê-la". 
13 Então Raguel disse: "Não tenho mais dúvidas de que Deus admitiu em sua presença minhas lágrimas.
14 Estou persuadido de que ele vos fez vir à minha casa unicamente para que minha filha desposasse um seu parente, segundo a lei de Moisés. Não temas: eu ta hei de dar". 
15 E, tomando a mão direita de sua filha, pô-la na de Tobias, dizendo: "Que o Deus de Abraão, o Deus de lsaac, o Deus de Jacó esteja convosco; que ele vos una e derrame sobre vós a sua bênção". 
16 Tomou em seguida o papel, e redigiram o ato do matrimônio. 
17 E celebraram alegremente uma festa, agradecendo a Deus. 
8 4 Então Tobias encorajou a jovem com estas palavras: "Levanta-te, Sara, e roguemos a Deus, hoje, amanhã e depois de amanhã. Estaremos unidos a Deus durante essas três noites. Depois da terceira noite consumaremos nossa união; 
5 porque somos filhos dos santos (patriarcas), e não nos devemos casar como os pagãos que não conhecem a Deus". 
6 Levantaram-se, pois, ambos, e oraram juntos fervorosamente para que lhes fosse conservada a vida. 
7 Tobias disse: "Senhor Deus de nossos pais, bendigam-vos os céus, a terra, o mar, as fontes e os rios, com todas as criaturas que neles existem. 
8 Vós fizestes Adão do limo da terra, e destes-lhe Eva por companheira. 
9 Ora, vós sabeis, ó Senhor, que não é para satisfazer a minha paixão que recebo a minha prima como esposa, mas unicamente com o desejo de suscitar uma posteridade, pela qual o vosso nome seja eternamente bendito". 
Salmo responsorial 127/128
Felizes todos que respeitam o Senhor!
Feliz é tu se temes o Senhor 
e trilhas seus caminhos! 
Do trabalho de tuas mãos hás de viver, 
serás feliz, tudo irá bem!
A tua esposa é uma videira bem fecunda 
no coração da tua casa; 
os teus filhos são rebentos de oliveira 
ao redor de tua mesa.
Será assim abençoado todo homem 
que teme o Senhor. 
O Senhor te abençoe de Sião 
cada dia de tua vida.
Aclamação do Evangelho
Aleluia, aleluia, aleluia. 
Jesus Cristo salvador destruiu o mal e a morte; fez brilhar pelo evangelho a luz e a vida imperecíveis (2Tm 1,10).

EVANGELHO (Marcos 12,28-34)
Naquele tempo, 12 28 achegou-se a Jesus um dos escribas que os ouvira discutir e, vendo que lhes respondera bem, indagou dele: "Qual é o primeiro de todos os mandamentos?" 
29 Jesus respondeu-lhe: "O primeiro de todos os mandamentos é este: Ouve, Israel, o Senhor nosso Deus é o único Senhor; 
30 amarás ao Senhor teu Deus de todo o teu coração, de toda a tua alma, de todo o teu espírito e de todas as tuas forças". 
31 Eis aqui o segundo: "Amarás o teu próximo como a ti mesmo. Outro mandamento maior do que estes não existe". 
32 Disse-lhe o escriba: "Perfeitamente, Mestre, disseste bem que Deus é um só e que não há outro além dele. 
33 E amá-lo de todo o coração, de todo o pensamento, de toda a alma e de todas as forças, e amar o próximo como a si mesmo, excede a todos os holocaustos e sacrifícios". 
34 Vendo Jesus que ele falara sabiamente, disse-lhe: "Não estás longe do Reino de Deus. E já ninguém ousava fazer-lhe perguntas". 
COMENTÁRIOS DO EVANGELHO
1. Você concorda com Ele?
Muitas vezes nos evangelhos, algumas pessoas importantes que se aproximam de Jesus para o interrogá-lo, entre elas Escribas e Doutores da Lei, já o rejeitaram e só estão a procura de um argumento para denunciá-lo ao Conselho visando a sua condenação e morte.
Mas no evangelho de hoje esse Escriba procurou Jesus com sinceridade para lhe perguntar qual era o Mandamento mais importante de toda a Lei de Moisés.
Jesus mostra com absoluta clareza aquilo que está no centro da Lei “O amor sem medidas para com Deus, em primeiro lugar, e o amor ao próximo” que é tão importante quanto o primeiro, e que , no dizer de Jesus, não há nenhum outro que supere esses dois.
É fácil percebermos quando a pessoa que se aproxima de Jesus para conhecê-lo e experimentá-lo, está a procura de algo novo. Basta ver o entusiasmo na concordância com a Palavra “Perfeitamente Mestre, dissestes bem...”. E o Escriba repetiu exatamente, palavra por palavra, o ensinamento que Jesus acabara de fazer, respondendo a sua pergunta e ainda fez uma bela interpretação “Esse amor a Deus e ao próximo supera todos os holocaustos e sacrifícios”. O Escriba captou que algo bem maior e mais profundo do que as Verdades do Judaísmo estava ali diante dele, trazido por Jesus, o grande Mestre.
Vivemos em uma sociedade que até conhece e crê em Jesus, mas que dificilmente concorda com a sua Palavra e o seu ensinamento, centralizado na preservação da Vida e da Dignidade humana, em um Reino pautado pela Justiça e Igualdade. Basta ver o que a nefasta cultura da pós Modernidade apregoa sobre aborto, divórcio, eutanásia e outros pontos que contrariam totalmente esse Amor a Deus e ao próximo.
Jesus ao final da conversa encheu o coração daquele Escriba de alegria e esperança quando lhe disse “Na verdade não estás longe do Reino de Deus”. Certamente não dirá o mesmo do Homem ateu da pós-modernidade, perdido na sua arrogância, prepotência e Egocentrismo, sempre pensando que o Homem é o Centro do Mundo. Quanta ilusão...
2. A razão e a plenitude da Lei de Deus é o amor
Dessa vez, um escriba, um intérprete da Lei, entra em cena para perguntar acerca do primeiro entre todos os mandamentos. Ele estava presente à discussão de Jesus com os saduceus. O tom, aqui, não é de controvérsia, pois ele viu que Jesus respondera muito bem à objeção dos saduceus. Há um mútuo apreço entre Jesus e ele. No tempo de Jesus, a Torá oral circulava como norma e reivindicava o status de inspirada, como a Torá escrita. A exigência de cumprir de modo irrepreensível os 613 preceitos poderia levar a não mais se saber qual mandamento é o fundamento da Lei, ou qual mandamento tem precedência em relação a todos os outros. A resposta de Jesus faz com que o reconhecimento da unicidade de Deus preceda tudo (v. 29; cf. Dt 6,4-5).
O fundamento de toda a Lei é o amor a Deus e ao próximo (ver: Lv 19,18). A resposta de Jesus é apreciada e repetida pelo escriba anônimo. A razão e a plenitude da Lei de Deus é o amor. No amor a Lei é levada à sua plenitude.
ORAÇÃO
Senhor Jesus, que o Reino aconteça sempre mais em minha vida, pela vivência radical do amor a Deus e ao próximo.
3. AS EXIGÊNCIAS DE DEUS
A religião tem suas exigências. É preciso, porém, ter bom senso para não atribuir a Deus exigências humanas muitas vezes sem relevância. Assim como existem pessoas cuja tendência é minimizar as exigências religiosas, existem outras que tendem para o exagero. Ambas as posturas são incorretas, e não colaboram para um experiência religiosa sadia.
No tempo de Jesus, havia uma ala do judaísmo tendente ao exagero, a ponto de reduzir a fé a um complexo de leis e mandamentos, de difícil execução. Será que Deus quer transformar nossa vida num infindável pode/não pode, deve/não deve, é permitido/é proibido? Uma religião assim vivida torna-se empobrecedora, porque torna o indivíduo escravo da Lei, sem tempo para relacionar-se com Deus de maneira prazerosa e alegre.
A fé pregada por Jesus apoia-se em dois pilares: o amor a Deus e o amor ao próximo. Isto é o essencial. Tudo o mais é complemento, e pode ser relativizado. Quem ama a Deus, recusa toda forma de idolatria, não aceitando ser subjugado por nenhum outro Absoluto fora dele. Quem ama o próximo, põe freios ao seu egoísmo, de modo a jamais desejar-lhe o mal, ou a fazer algo que possa prejudicá-lo.
Portanto, a única exigência da religião de Jesus é que a pessoa não coloque a si mesma como centro, e sim, Deus e o amor ao próximo.
Oração
Espírito de equilíbrio, que eu encontre, no amor a Deus e ao próximo, o eixo de minha prática religiosa, sem desviar-me para o exagero nem para a lassidão.
Liturgia da Sexta-Feira

SAGRADO CORAÇÃO DE JESUS
(BRANCO, GLÓRIA, CREIO, PREFÁCIO PRÓPRIO – OFÍCIO DA SOLENIDADE)

Antífona da entrada: Eis os pensamentos do seu coração, que permanecem ao longo das gerações: libertar da morte todos os homens e conservar-lhes a vida em tempo de penúria (Sl 32,11.19).
Primeira Leitura (Ezequiel 34,11-16)
Leitura da profecia de Ezequiel.
34 11 Pois eis o que diz o Senhor Javé: "vou tomar eu próprio o cuidado com minhas ovelhas, velarei sobre elas. 
12 Como o pastor se inquieta por causa de seu rebanho, quando se acha no meio de suas ovelhas tresmalhadas, assim me inquietarei por causa do meu; eu o reconduzirei de todos os lugares por onde tinha sido disperso num dia de nuvens e de trevas. 
13 Eu as recolherei dentre os povos e as reunirei de diversos países, para reconduzi-las ao seu próprio solo e fazê-las pastar nos montes de Israel, nos vales e nos lugares habitados da região. 
14 Eu as apascentarei em boas pastagens, elas serão levadas a gordos campos sobre as montanhas de Israel; elas repousarão sobre as verdes relvas, terão sobre os montes de Israel abundantes pastagens. 
15 Sou eu que apascentarei minhas ovelhas, sou eu que as farei repousar - oráculo do Senhor Javé. 
16 A ovelha perdida eu a procurarei; a desgarrada, eu a reconduzirei; a ferida, eu a curarei; a doente, eu a restabelecerei, e velarei sobre a que estiver gorda e vigorosa. Apascentá-las-ei todas com justiça". 
Salmo responsorial 22/23
O Senhor é o pastor que me conduz;
não me falta coisa alguma.
O Senhor é o pastor que me conduz;
não me falta coisa alguma.
Pelos prados e campinas verdejantes
ele me leva a descansar.
Para as águas repousantes me encaminha
e restaura as minhas forças.
Ele me guia no caminho mais seguro
pela honra do seu nome.
Mesmo que eu passe pelo vale tenebroso,
nenhum mal eu temerei.
Estais comigo com bastão e com cajado,
eles me dão a segurança!
Preparais à minha frente uma mesa,
bem à vista do inimigo;
com óleo vós ungis minha cabeça,
e o meu cálice transborda.
Felicidade e todo bem hão de seguir-me
por toda a minha vida;
e na casa do Senhor habitarei
pelos tempos infinitos.
Segunda Leitura (Romanos 5,5-11)
Leitura da carta de São Paulo aos Romanos.
5 5 A esperança não engana. Porque o amor de Deus foi derramado em nossos corações pelo Espírito Santo que nos foi dado. 
6 Com efeito, quando éramos ainda fracos, Cristo a seu tempo morreu pelos ímpios. 
7 Em rigor, a gente aceitaria morrer por um justo, por um homem de bem, quiçá se consentiria em morrer. 
8 Mas eis aqui uma prova brilhante de amor de Deus por nós: quando éramos ainda pecadores, Cristo morreu por nós. 
9 Portanto, muito mais agora, que estamos justificados pelo seu sangue, seremos por ele salvos da ira. 
10 Se, quando éramos ainda inimigos, fomos reconciliados com Deus pela morte de seu Filho, com muito mais razão, estando já reconciliados, seremos salvos por sua vida. 
11 Ainda mais: nós nos gloriamos em Deus por nosso Senhor Jesus Cristo, por quem desde agora temos recebido a reconciliação! 
Aclamação do Evangelho
Aleluia, aleluia, aleluia.
Tomai sobre vós o meu jugo e de mim aprendei, que sou de manso e humilde coração (Mt 11,29).

EVANGELHO (Lucas 15,3-7)
15 3 Jesus propôs aos escribas e fariseus a seguinte parábola: 
4 "Quem de vós que, tendo cem ovelhas e perdendo uma delas, não deixa as noventa e nove no deserto e vai em busca da que se perdeu, até encontrá-la? 
5 E depois de encontrá-la, a põe nos ombros, cheio de júbilo, 
6 e, voltando para casa, reúne os amigos e vizinhos, dizendo-lhes: 'Regozijai-vos comigo, achei a minha ovelha que se havia perdido'. 
7 Digo-vos que assim haverá maior júbilo no céu por um só pecador que fizer penitência do que por noventa e nove justos que não necessitam de arrependimento". 
Santo do Dia / Comemoração (SAGRADO CORAÇÃO DE JESUS)
A devoção ao Sagrado Coração de Jesus é uma das expressões mais difundidas da piedade eclesial, tal como refere recentemente o "Directório sobre a Piedade Popular e a Liturgia" da Congregação para o Culto Divino. Os Pontífices romanos têm salientado constantemente o sólido fundamento na Sagrada Escritura desta maravilhosa devoção.
Como conseqüência das aparições de Nosso Senhor a Santa Margarida Maria Alacoque no mosteiro de Paray-le-Monial a partir de 1673, este culto teve um incremento notável e adquiriu a sua feição hoje conhecida. Nenhuma outra comunicação divina, fora as da Sagrada Escritura, receberam tantas aprovações e estímulos da parte do Magistério da Igreja como esta.
Entre os documentos mestres nesta matéria encontramos a encíclica de Pio XII, Haurietis aquas, de 15 de Maio de 1956. Pio XII salienta que é o próprio Jesus que toma a iniciativa de nos apresentar o Seu Coração como fonte de restauração e de paz: "Vinde a mim, todos vós, que estais cansados e oprimidos, que Eu vos aliviarei. Tomai sobre vós o meu jugo e aprendei de mim, porque sou manso e humilde de coração e encontrareis descanso para o vosso espírito. Pois o meu jugo é suave e o meu fardo é leve". (Mt. 11, 28-30)
Não é por acaso que as aparições a Santa Margarida Maria deram-se num momento crucial em que se pretendia afirmar secularização e que a devoção ao Sagrado Coração apareceu sempre como o mais característico de todos os movimentos que resistiram à descristianização da sociedade moderna.
COMENTÁRIOS DO EVANGELHO
1. UMA CONVERSA COM A OVELHA DESGARRADA
___Escute ovelhinha, o que você sentiu quando percebeu que não fazia mais parte do rebanho e que estava completamente perdida, em outro rumo e direção totalmente contrárias? 
___Tristeza, mágoa e desespero... Vaguei dias na escuridão, por entre caminhos tenebrosos e espinheiros que me feriam.
___E por que você se desgarrou do rebanho, porque quis ou porque as demais ovelhas a olhavam com desdém? 
___Digamos que começou a me sentir uma estranha no ninho, as outras ovelhas sempre bem comportadinhas, carinhas de santinhas, obedeciam ao pastor, só faziam o que ele mandava sem se desviar nem para a direita e nem para a esquerda...
___Ah entendi, ovelhas piedosas, perfeitas, obedientes, e de conduta irrepreensível... 
___Isso mesmo, eu ao contrário nunca fui perfeita, de vez em quando andava pelas quebradas e atalhos, ouvia a voz do pastor lá longe e achava bom ficar sozinha, fazer o que me dava na cabeça, sem qualquer compromisso com o rebanho e o pastor...Afinal, quem é que não quer ser livre? Os homens aí do seu tempo são todos assim, preferem o isolamento de uma vida egoísta do que comprometer-se em andar com o rebanho, ao comando do Pastor Eterno.
___Bom, mas e daí Dona Ovelha, conte-nos o que aconteceu... 
___Pois é, um dia tentei alcançar o rebanho e entrei em um caminho errado, vaguei ao léu, sem rumo e direção, comecei a compreender que minha visa só tinha sentido junto ao rebanho, aos cuidados do Pastor...mas daí era tarde, veio tempestade, noites escuras e tenebrosas, passei frio e medo e até desejei que viesse um Lobo e me devorasse, dando um fim á minha desgraçada existência....Foi então que.....
___Você foi salva... 
___Ah que momento sublime, quando senti umas mãos me tocando com ternura, quando olhei, quase morri de vergonha, era o nosso Pastor, achei que ele iria me estrangular pela minha rebeldia, infidelidade e desobediência, mas ao contrário, com palavras doces chamando-me de "minha pequenina pobrezinha, não se assuste, pare de tremer, eu estava a sua procura há dias e dias...”.
E quando lhe perguntei se o rebanho tinha se acabado ele sorriu, apanhou-me com carinho, pois uma de minhas patas estava ferida e não conseguia caminhar, colocou-me sobre seus ombros, e disse-me:
__As outras estão à sua espera, sem você o rebanho está incompleto, vamos para casa que até uma festa vou fazer porque te encontrei com vida minha querida ovelhinha. E bem acomodada nos ombros do pastor, fiquei pensando que eu não merecia nada daquilo, foi daí que compreendi que o amor desse pastor pelo rebanho era gratuito e incondicional, juntei-me aos meus irmãos e irmãs do rebanho e somos todos muito felizes, em saber que ele nos ama tanto...
2. Deus não desiste de ninguém que ele criou à sua imagem
A festa do Sagrado Coração de Jesus é a festa do amor de Deus, manifestado em Jesus Cristo, por toda a humanidade. Que o Senhor faça o nosso coração semelhante ao Seu: compassivo, cheio de misericórdia.
O capítulo 15 do evangelho segundo Lucas é composto de uma sucessão de três parábolas de misericórdia. As parábolas são a resposta de Jesus à murmuração dos escribas e fariseus: "Este homem recebe os pecadores e come com eles!". Na tradição bíblica, Deus é o pastor (Sl 23[22]) que procura a ovelha que se perdeu: "Procurarei as ovelhas perdidas, recolherei as desgarradas, curarei as feridas e as doentes…" (Ez 34,16). Deus não desiste de ninguém que ele criou à sua imagem: deixando em segurança as outras ovelhas, ele vai atrás da que se perdeu até encontrá-la (cf. v. 4).
Já no capítulo quinto, Jesus respondeu a questão semelhante: "... os sãos não têm necessidade de médico e sim os doentes; não vim chamar os justos, mas os pecadores para que se convertam" (5,31-32). A alegria de Deus é a conversão dos seres humanos. Portanto, a atitude de Jesus de acolher bem os pecadores está fundamentada no modo como Deus age. A parábola é ocasião de afirmar, como nos capítulos 5,31-31 e 19,10, a missão de Jesus.
ORAÇÃO
Espírito de comiseração pelos pecadores, leva-me a buscar quem vive transviado pelo pecado e pelo egoísmo, e a manifestar-lhe a grandeza do amor do coração de Jesus.
3. O CORAÇÃO TRANSPASSADO
A morte de cruz foi, na vida de Jesus, a expressão consumada de seu amor pela humanidade pecadora e de sua fidelidade ao Pai. Ela resumiu seu projeto de serviço ao Reino de Deus e comprovou que sua vida estava totalmente centrada no Pai.
A cena do coração de Jesus, transpassado pela lança com o conseqüente jorrar de água e sangue, foi carregada de simbolismo sacramental. Do coração de Jesus, brotava a água do Batismo, que purificaria o cristão do pecado e refaria seu relacionamento com Deus. Pelo Batismo, o cristão se converteria ao amor e ao perdão, redescobriria a importância da comunhão fraterna e passaria a fazer parte do povo novo, salvo por Jesus. O sangue jorrado do coração de Jesus simbolizava a Eucaristia, em que sua paixão e morte seriam revividas como memorial, recordando, sem cessar, a presença de seu sacrifício redentor, na história humana.
O coração transpassado não correspondeu à pura constatação de que Jesus, realmente, tinha chegado ao fim. Pelo contrário, a abundância de água e sangue apontavam para a inauguração de tempos novos. Do coração aberto nasceria a Igreja, cuja missão seria levar adiante a obra redentora de Jesus e manter viva sua memória na consciência da humanidade, mediante um testemunho de vida modelado em Jesus. Seu coração seria um apelo aos cristãos para viverem o amor e manifestarem sua fidelidade ao Pai, até o extremo.
Oração
Senhor Jesus, que a água e o sangue, jorrados de teu coração transpassado, revigorem o amor e a fidelidade que estão no meu coração.
Liturgia do Sábado
IMACULADO CORAÇÃO DE MARIA
(BRANCO, PREFÁCIO DE MARIA – OFÍCIO DA MEMÓRIA)
Antífona da entrada: Meu coração exulta porque me salvais. Cantarei ao Senhor pelo bem que me fez (Sl 12,6).
Leitura (Isaías 61,9-11)
Leitura do livro do profeta Isaías.
6 9 Sua raça tornar-se-á célebre entre as nações, e sua descendência entre os povos: todos, vendo-os, reconhecerão que são a abençoada raça do Senhor. 
10 Com grande alegria eu me rejubilarei no Senhor e meu coração exultará de alegria em meu Deus, porque me fez revestir as vestimentas da salvação. Envolveu-me com o manto de justiça, como um neo-esposo cinge o turbante, como uma jovem esposa se enfeita com suas jóias. 
11 Porque, quão certo o sol faz germinar seus grãos e um jardim faz brotar suas sementes, o Senhor Deus fará germinar a justiça e a glória diante de todas as nações. 
Salmo responsorial 1Sm 2
Meu coração se regozija no Senhor.
Exulta no Senhor meu coração
e se eleva a minha fronte no meu Deus;
minha boca desafia os meus rivais
porque me alegro com a vossa salvação.
O arco dos fortes foi dobrado, foi quebrado,
mas os fracos se vestiram de vigor.
Os saciados se empregaram por um pão,
mas os pobres e os famintos se fartaram.
Muitas vezes deu à luz a que era estéril,
mas a mãe de muitos filhos definhou.
É o Senhor quem dá a morte e dá a vida,
faz descer à sepultura e faz voltar;
é o Senhor quem faz o pobre e faz o rico,
é o Senhor quem nos humilha e nos exalta.
O Senhor ergue do pó o homem fraco,
do lixo ele retira o indigente,
para fazê-los assentar-se com os nobres
num lugar de muita honra e distinção.
Aclamação do Evangelho
Aleluia, aleluia, aleluia.
Bendita é a virgem Maria, que guardava a palavra de Deus, meditando-a no seu coração (Lc 2,19).

Evangelho (Lucas 2,41-51)
2 41 Os pais de Jesus iam todos os anos a Jerusalém para a festa da Páscoa. 
42 Tendo ele atingido doze anos, subiram a Jerusalém, segundo o costume da festa. 
43 Acabados os dias da festa, quando voltavam, ficou o menino Jesus em Jerusalém, sem que os seus pais o percebessem. 
44 Pensando que ele estivesse com os seus companheiros de comitiva, andaram caminho de um dia e o buscaram entre os parentes e conhecidos. 
45 Mas não o encontrando, voltaram a Jerusalém, à procura dele. 
46 Três dias depois o acharam no templo, sentado no meio dos doutores, ouvindo-os e interrogando-os. 
47 Todos os que o ouviam estavam maravilhados da sabedoria de suas respostas. 
48 Quando eles o viram, ficaram admirados. E sua mãe disse-lhe: "Meu filho, que nos fizeste?! Eis que teu pai e eu andávamos à tua procura, cheios de aflição". 
49 Respondeu-lhes ele: "Por que me procuráveis? Não sabíeis que devo ocupar-me das coisas de meu Pai?" 
50 Eles, porém, não compreenderam o que ele lhes dissera. 
51 Em seguida, desceu com eles a Nazaré e lhes era submisso. Sua mãe guardava todas estas coisas no seu coração. 
COMENTÁRIOS DO EVANGELHO
1. Simplicidade e Humildade...
Em nossas comunidades ocorre uma situação não muito diferente desse quadro que se apresenta aos olhos de Jesus, narrado por São Marcos, onde os afortunados desfilavam de maneira ostentosa na hora de levar a sua oferta para o lugar a elas destinado. Sem discutir aqui a questão do valor do dízimo que ofertamos, vamos conduzir a mesma reflexão em uma outra direção: vamos como Jesus observar com atenção a comunidade, há nela uma verdadeira passarela onde ostentamos nossos carismas e talentos naturais, gostamos muito de rasgação de seda, e chuva de confetes sobre nós, e assim nossos egos são constantemente alisados e nos sentimos sempre lisonjeados pelo que fazemos, e do modo como fazemos. É a mesma situação que Jesus presencia no templo, onde muitos ricos depositavam grandes quantias.
De repente, no meio de tantos talentos grandiosos de causar admiração, surge aquela viúva que devia ser idosa, não entrou na fila da oferta de cabeça baixa, constrangida pelas suas duas pequeninas moedinhas que carregava para ofertar, mas com consciência de quem sabe que está dando tudo de si, colocou na cesta de coleta e voltou ao seu lugar na assembleia. Jesus não olhou o valor, mas o modo como estava sendo ofertado.
Certamente os que ofertavam grandes quantias eram os “Mandões” da comunidade, suas ofertas eram como se fossem quotas de participação no empreendimento, exigiam prestação de contas e não admitiam que se tomassem decisões sem consultá-los previamente.
Mas e a nossa viúva, quem era ela na comunidade? Era alguém considerada? Ouviam sempre sua opinião? Davam-lhe sempre atenção necessária? Chamavam-na para participar da reunião do Conselho? Estamos acostumados a pensar que pessoas simplesinhas dessa maneira, só atrapalham porque nunca têm uma opinião formada e, coitadinhas, às vezes nem sabem falar o que pensam...
Recentemente o nosso Arcebispo foi laureado em uma Universidade local, com o título de “Doutor em Honoris Causa”, e no momento em que fez os agradecimentos, mandou levantar-se uma mulher humilde que estava ali na assembleia e afirmou “Essa é minha convidada muito especial, trata-se da minha cozinheira, e sem ela o meu intelecto nem funcionaria direito, por isso reparto com ela esse título que vocês me concedem”.
E nesse momento a mesa das autoridades e toda a assembleia aplaudiu com entusiasmo aquela mulher tão simples, que se sentiu valorizada e que, quem sabe, jamais poria os pés em uma Universidade, a não ser para trabalhar na cozinha...
Há em nossas comunidades irmãos e irmãs que aparentemente dão pouco, mas pelo modo como dão, superam aos talentosos e importantes, porque se dão com toda humildade e alegria, oferecendo o melhor de si naquilo que fazem...
2. Por que me procuráveis? Não sabíeis que devo estar na casa de meu Pai?
O relato de Jesus no Templo, aos doze anos, idade em que Jesus assume as obrigações legais tornando-se "filho do preceito", é a transição dos relatos da infância para o relato do seu batismo e de toda a sua missão. Todo o episódio está centrado na primeira palavra de Jesus que, por sua vez, está voltada para o futuro, e não para a sua infância: "Por que me procuráveis? Não sabíeis que devo estar na casa de meu Pai?" (v. 49). Esta palavra confirma a mensagem do anúncio do nascimento de Jesus: "… será chamado Filho de Deus" (1,35), e é prelúdio das revelações do evangelho.
Maria e José não compreenderam o que ele lhes dissera, e sua mãe "guardava todas estas coisas no coração". Maria, como também José, terá que fazer a mesma peregrinação pela qual se chega à compreensão do mistério da encarnação e do nascimento de Jesus. Será preciso acompanhar o desenvolvimento do filho, passar a vida com ele, sofrer com ele a paixão, experimentar a ruptura da morte, para que no advento da Luz da ressurreição ela possa compreender o mistério daquele que ela gerou.
ORAÇÃO
Espírito que orienta nossa vida para Deus, ajuda-me a crescer, cada dia, em sabedoria e graça, buscando, como Jesus, adequar minha vida ao querer do Pai.
3. MARIA, CHEIA DE GRAÇA
A Igreja, refletindo sobre a mãe de Jesus, foi entendendo, pouco a pouco, toda a verdade desta figura singular. Neste processo, a Igreja chegou a professar que o pecado original, tendo marcado para sempre a história da humanidade, mas não lançou raízes no ser de Maria. Vivendo num mundo de egoísmo, ela não foi contaminada pelo pecado.
Esta graça e privilégio, conferidos por Deus à mãe do Salvador, aconteceram por causa de Jesus Cristo. Deus preparou para receber seu Filho, que seria imune da culpa original, um ventre não corrompido pelo pecado. Maria, de certo modo, experimentou, por antecipação, o fruto da ação de seu filho Jesus, que viria ao mundo para salvar a humanidade do pecado. A mãe foi a primeira a tirar partido da missão do Filho. A santidade do Filho Jesus santificou todo o ser da mãe Maria, desde que fora concebida.
A proclamação do anjo "Ave, cheia de graça, o Senhor está contigo" fundamenta a total santidade de Maria. Sendo cheia de graça, nela não podia haver espaço para o pecado e para a infidelidade a Deus. E sua existência, desde o início, só podia ser total comunhão com Deus. Por outro lado, toda a vida de Maria foi marcada pela pessoa de Jesus, a quem estaria ligada desde o momento do anúncio da encarnação. A concepção imaculada é, pois, mais uma maravilha da graça de Deus na vida de Maria.
Oração
Senhor Jesus, que a contemplação da concepção imaculada de tua mãe desperte em mim o desejo de romper, definitivamente, com o pecado que maculou a humanidade.
Liturgia do Domingo 09.06.2013
10º Domingo do Tempo Comum — ANO C
(
VERDE, GLÓRIA, CREIO – II SEMANA DO SALTÉRIO)
__ "Um grande profeta apareceu entre nós e Deus veio salvar o seu povo" __
Ambientação:
Sejam bem-vindos amados irmãos e irmãs!
INTRODUÇÃO DO FOLHETO DOMINICAL PULSANDINHO: Eucaristia é a festa da vida. É a celebração da compaixão do Senhor. A compaixão foi distintivo do modo de proceder de Jesus. Onde houvesse sofredores, ali estava para trazer consolo e recuperar a alegria. Jamais um ser humano necessitado cruzou-lhe o caminho, passando despercebido. Pelo contrário, chamava-lhe a atenção e era socorrido. A compaixão deve ser, também, o traço característico da ação do discípulo do Reino. A rispidez e a dureza no trato como semelhante, especialmente os mais fracos e carentes, indicam ruptura com o projeto de Jesus. No sentido contrário, quanto maior for a misericórdia e a capacidade de solidarizar-se tanto mais profunda e sincera será a adesão ao Reino. Por isso, peçamos nesta Eucaristia, a força para que sejamos mais compassivos, prontos a encarnar o amor do Pai no trato com a humanidade sofredora.
INTRODUÇÃO DO FOLHETO DOMINICAL O POVO DE DEUS: Neste domingo, somos chamados a contemplar o Cristo, apontado pelo Evangelho como o "grande Profeta que apareceu entre nós", para nos fazer crer que Deus visitou o seu povo e nos arrancou das trevas da morte, colocando-nos no eixo da vida. É por isso que a vocação cristã implica numa permanente disposição para a missão, pois todos necessitam da vida nova trazida por Jesus. Foi por essa causa que o Beato José de Anchieta se entregou à missão em terras brasileiras e hoje merece a honra dos altares.
INTRODUÇÃO DO WEBMASTER: O Cristo mediador perfeito de salvação é o Cristo vencedor da morte. Para Lucas, a ressurreição do jovem de Naim (evangelho) é sinal da chegada dos tempos messiânicos. Com esta finalidade constrói sua narrativa calcada sobre o milagre de Elias (1ª leitura), mostrando, por uma série de particularidades, a infinita superioridade de Jesus.
Sintamos em nossos corações a alegria da Ressurreição e entoemos alegres cânticos ao Senhor!

X DOMINGO DO TEMPO COMUM
Antífona da entrada: O Senhor é minha luz e minha salvação, a quem poderia eu temer? O Senhor é o baluarte de minha vida, perante quem tremerei? Meus opressores e inimigos, são eles que vacilam e sucumbem (Sl 26,1s).
Comentário das Leituras: O discípulo é o mediador da compaixão divina pela humanidade sofredora, carente de amor. Deus ama servindo-se dele. Quando se volta para o próximo e é pródigo de caridade, é Deus quem ama através dele. Jesus Cristo nos arranca da morte e nos coloca no eixo da vida.
Primeira Leitura (1 Reis 17,17-24)
Leitura do primeiro livro dos Reis.
17 17 Algum tempo depois, o filho desta mulher, dona da casa, adoeceu, e seu mal era tão grave que já não respirava. 
18 A mulher disse a Elias: "Que há entre nós dois, homem de Deus? Vieste, pois, à minha casa para lembrar-me os meus pecados e matar o meu filho?" 
19 "Dá-me o teu filho", respondeu-lhe Elias. Ele tomou-o dos braços de sua mãe e levou-o ao quarto de cima onde dormia e deitou-o em seu leito. 
20 Em seguida, orou ao Senhor, dizendo: "Senhor, meu Deus, até a uma viúva, que me hospeda, quereis afligir, matando-lhe o filho?" 
21 Estendeu-se em seguida sobre o menino por três vezes, invocando de novo o Senhor: "Senhor, meu Deus, rogo-vos que a alma deste menino volte a ele". 
22 O Senhor ouviu a oração de Elias: a alma do menino voltou a ele, e ele recuperou a vida. 
23 Elias tomou o menino, desceu do quarto superior ao interior da casa e entregou-o à mãe, dizendo: "Vê: teu filho vive". 
24 A mulher exclamou: "Agora vejo que és um homem de Deus e que a palavra de Deus está verdadeiramente em teus lábios". 
Salmo responsorial 29/30
Eu vos exalto, ó Senhor, pois me livrastes
e preservastes minha vida da morte!
Eu vos exalto, ó Senhor, pois me livrastes
e não deixastes rir de mim meus inimigos!
Vós tirastes minha alma dos abismos
e me salvastes quando estava já morrendo!
Cantai salmos ao Senhor, povo fiel,
dai-lhe graças e invocai seu santo nome!
Pois sua ira dura apenas um momento,
mas sua bondade permanece a vida inteira;
se à tarde vem o pranto visitar-nos,
de manhã vem saudar-nos a alegria.
Escutai-me, Senhor Deus, tende piedade!
Sede, Senhor, o meu abrigo protetor!
Transformastes o meu pranto em uma fresta,
Senhor meu Deus, eternamente hei de louvar-vos!
Segunda Leitura (Gálatas 1,11-19)
Leitura da carta de são Paulo aos Gálatas.
1 11 Asseguro-vos, irmãos, que o Evangelho pregado por mim não tem nada de humano. 
12 Não o recebi nem o aprendi de homem algum, mas mediante uma revelação de Jesus Cristo. 
13 Certamente ouvistes falar de como outrora eu vivia no judaísmo, com que excesso perseguia a Igreja de Deus e a assolava; 
14 avantajava-me no judaísmo a muitos dos meus companheiros de idade e nação, extremamente zeloso das tradições de meus pais. 
15 Mas, quando aprouve àquele que me reservou desde o seio de minha mãe e me chamou pela sua graça, 
16 para revelar seu Filho em minha pessoa, a fim de que eu o tornasse conhecido entre os gentios, imediatamente, sem consultar a ninguém, 
17 sem ir a Jerusalém para ver os que eram apóstolos antes de mim, parti para a Arábia; de lá regressei a Damasco. 
18 Três anos depois subi a Jerusalém para conhecer Cefas, e fiquei com ele quinze dias. 
19 Dos outros apóstolos não vi mais nenhum, a não ser Tiago, irmão do Senhor. 
Aclamação do Evangelho
Aleluia, aleluia, aleluia.
Um grande profeta surgiu entre nós e Deus visitou o seu povo sofrido; um grande profeta surgiu entre nós, amém, aleluia, aleluia! (Lc 7,16)

EVANGELHO (Lucas 7,11-17)
7 11 No dia seguinte dirigiu-se Jesus a uma cidade chamada Naim. Iam com ele diversos discípulos e muito povo. 
12 Ao chegar perto da porta da cidade, eis que levavam um defunto a ser sepultado, filho único de uma viúva; acompanhava-a muita gente da cidade. 
13 Vendo-a o Senhor, movido de compaixão para com ela, disse-lhe: "Não chores!" 
14 E aproximando-se, tocou no esquife, e os que o levavam pararam. Disse Jesus: "Moço, eu te ordeno, levanta-te." 
15 Sentou-se o que estivera morto e começou a falar, e Jesus entregou-o à sua mãe. 
16 Apoderou-se de todos o temor, e glorificavam a Deus, dizendo: "Um grande profeta surgiu entre nós: Deus voltou os olhos para o seu povo". 
17 A notícia deste fato correu por toda a Judéia e por toda a circunvizinhança. 
'LEITURAS DA SEMANA DE 03 a 09 de junho de 2013:
2ª Vd - 1Rs 17,1-6; Sl 120 (121); Mt 5,1-12
3ª Vd - 1Rs 17,7-16; Sl 4; Mt 5,13-16
4ª Br - 1Rs 18,20-39; Sl 15 (16); Mt 5,17-19
5ª Vd - 1Rs 18,41-46; Sl 64 (65); Mt 5,20-26
6ª Br - Ez 34,11-16; Sl 22 (23); Rm 5,5b-11; Lc 15,3-7
Sb Br - Is 61,9-11; Sl 1Sm 2,1.4-8;Lc 2,41-51
11º DTC. 2Sm 12,7-10.13; Sl 31 (32),1-2. 5. 7. 11 (R/. cf. 5ad); Gl 2,16.19-21; Lc 7, 36 – 8, 3 (Pecadora no festim)
COMENTÁRIOS DO EVANGELHO
1. O SENHOR DA VIDA
Jesus não ressuscitou muita gente naquele tempo, os evangelhos mencionam apenas três: Lázaro de Betania, irmão de Marta e Maria, a filhinha de Jairo, Chefe da Sinagoga, e o filho da viúva de Naim, que Lucas narra no evangelho desse domingo.
Conclui-se, portanto, que não era propósito de Jesus libertar e salvar os homens da morte biológica, pois se fosse assim, sua missão teria sido um fracasso já que ressuscitou apenas esses três e nem José, seu pai adotivo, ele teria conseguido livrar da morte. Há ainda outra questão importante a ser considerada: que vantagem teria se ressuscitar fosse apenas retornar a esta vida, com todas as suas limitações e aprendizado, suas angústias e tribulações? Por acaso não iríamos morrer novamente, como o próprio Lázaro, a filha de Jairo e o moço que Jesus ressuscita nesse evangelho? Não, não valeria a pena, com toda certeza!
Essa vida nova que Cristo nos dá, através de sua paixão, morte e ressurreição, é infinitamente melhor e superior a esta existência terrena, a ponto do apóstolo Paulo afirmar em uma de suas cartas “os sofrimentos do tempo presente nem se comparam àquilo que Deus irá nos revelar”, ou ainda “o que vemos hoje é como se fosse em um espelho, mas depois nos veremos como de fato o somos”.
A chave que decifra esse mistério da Vida e da morte está precisamente em Cristo, nele o Pai não só se revela, mas revela também quem é o homem. A graça de Deus que em Cristo recebemos nos faz criaturas novas onde o mistério é iluminado pela luz da Fé.
Essa grande e feliz Verdade chegou até nós por causa do evangelho, anunciado pelo próprio Cristo – filho de Deus feito homem, que ao trazer-nos a Boa Nova permitiu-nos conhecer a Deus, descobrindo o sentido da nossa vida na Vida de Cristo, onde todos os limites humanos foram superados, ao dar-nos acesso a Deus, rompendo para sempre a barreira do pecado.
Sem este anúncio e esta graça, a nossa esperança por uma Vida Nova, seria vã, não passaria de uma grande utopia, uma fantasia e ilusão que um belo dia chegaria ao seu final, mas o homem que vive pela fé, a comunhão com Cristo, sabe em seu coração que não caminha para o fracasso da morte e esta esperança viva é que dá a esta vida terrena um sentido novo.
Portanto, nossa Vida está em Cristo porque nele nos movemos e somos, sem ele, nossa caminhada terrena não passa de um cortejo fúnebre, onde somos como um morto vivo, caminhando para a ruína da morte biológica, para ser devorado pela terra.
A vida do homem que tomou a decisão de viver sem Deus, ignorando esta Salvação e Libertação oferecida por Jesus, é muito triste, porque ele se ilude com toda pompa que esta vida oferece, satisfazendo seus desejos egoístas, colocando toda sua esperança nas coisas que passam, e no final, descobre que foi enganado, quando percebe que caminha para a morte. Mas nunca é tarde para reverter esse quadro doloroso, pois, para quem caminha assim, como se fosse um corpo sem vida, irradiando tristeza e dor aos que o acompanham, o evangelho desse domingo anuncia algo maravilhoso: no sentido contrário, vem chegando Cristo Jesus, Senhor da Vida, aquele que movido de compaixão, como na entrada da cidade de Naim, irá dizer a viúva e aos que a seguiam no enterro de seu filho: não chores!
Hoje há tantas mães caminhando tristes, levando seus filhos para a sepultura, há tanta gente caminhando cabisbaixa, sem uma perspectiva de vida e sem esperança no coração. Não chores mais – diz o Senhor, que ao tocar no esquife, que são as misérias do homem, dirá com firmeza “Moço, eu te ordeno, levanta-te!”.
E diante de sua palavra libertadora e restauradora, o homem renasce e se torna uma nova criatura, só Cristo é a nossa vida, só ele tem a palavra de ordem, capaz de nos levantar de todos os nossos pecados que querem nos arrastar inexoravelmente para a morte. Longe de Deus e da sua Salvação oferecida por Jesus, iremos fatalmente morrer, mas com ele teremos a Vida Eterna, que extrapola os nossos limites e nos reconduz ao paraíso da plenitude, resgatando a nossa imagem e semelhança com que fomos criados por Deus.
É missão nossa como Igreja anunciar a toda criatura esta vida que vem de Jesus, mas isso só será possível se como ele, tivermos no coração essa compaixão, que nos leve a sofrer e chorar com quem sofre e chora, onde um sorriso, um abraço, uma palavra de consolo ou um gesto de caridade, sempre feito em nome de Jesus, terá a mesma força de sua palavra libertadora, capaz de levantar quem se julga morto. O cristão, como qualquer ser humano, também pranteia seus mortos, mas a diferença está naquilo que ele espera: a plenitude da Vida, reservada aos que crêem que esta vida é uma peregrinação para a casa do Pai, predestinados que fomos desde toda a eternidade.
2. O Senhor encheu-se de compaixão
O relato do evangelho é próprio a Lucas. Inspira-se em 1Rs 17,8-24, no episódio do filho de uma viúva, em Sarepta.
Jesus vai para Naim, pequeno vilarejo entre Cafarnaum e a Samaria. É acompanhado de seus discípulos e grande multidão (v. 11). Às portas da cidade, Jesus e seus discípulos se encontram com outro grupo: "... levavam um morto para enterrar, um filho único, cuja mãe era viúva. Uma grande multidão da cidade a acompanhava" (v. 12). O paralelo é evidente: os dois grupos caminham em direções opostas; o primeiro segue um homem poderoso em gestos e palavras, o segundo grupo, um morto. Até este ponto a descrição da cena e dos personagens é puramente objetiva. De repente somos surpreendidos por uma focalização interna, a menção da compaixão de Jesus: "Ao vê-la, o Senhor encheu-se de compaixão por ela e disse: 'Não chores!'" (v. 13). A iniciativa de Jesus é provocada pela sua compaixão. A palavra de Jesus permite entrar no coração das pessoas. É por Jesus que somos informados do sofrimento da mulher: "Não chores" (v. 13), e da idade do morto: um "jovem" (v. 14). Não é da morte que Jesus tem compaixão, nem do morto, mas da pessoa que sofre.
O acento de todo o episódio é posto em Jesus, sobre sua compaixão e sua palavra poderosa. Nomeando Jesus como senhor no versículo 13, o narrador nos informa que se trata do Senhor da vida que se dirige à viúva.
Nesta passagem não é a morte nem o morto que importam, nem mesmo o retorno à vida, mas que uma mãe já viúva tenha perdido o seu filho único. O retorno à vida não é o objetivo da iniciativa de Jesus, mas a consolação da mãe que chora. A ação de Jesus termina com uma observação: "E Jesus o entregou à sua mãe" (v. 15b). O texto apresenta uma transformação que se dá não somente pelo retorno de um jovem à vida, mas das duas multidões que, primeiramente separadas, são reunidas, num segundo momento, no louvor a Deus. A passagem de Jesus por Naim possibilita um duplo reconhecimento, a saber: da identidade de Jesus (Profeta) e da visita salvífica de Deus (cf. v. 16).
Lucas situou o episódio do filho da viúva de Naim antes do da mulher pecadora (7,36-50). A razão: ele quer ir da morte física à espiritual, da ressurreição física à espiritual. Procedimento semelhante ele utilizará com relação aos dois tipos de cegueira (18,35-43; 19,1-10).
ORAÇÃO
Pai, torna-me sensível ao sofrimento e à dor de cada pessoa que encontro no meu caminho. Que a minha compaixão se demonstre com gestos concretos.
3. A VIDA RESTAURADA
A ressurreição do filho único da viúva de Naim revela Jesus como o Messias, prenunciado pelos profetas, restaurador da vida fragilizada pelo pecado. Esta será uma chave de leitura importante de seu ministério.
O profeta Elias havia ressuscitado o filho de uma pobre viúva, que lhe havia dado de comer, num tempo de seca e de carestia. A expectativa da volta desse profeta, no fim dos tempos, levava muitos a nutrir a esperança de que ele realizaria a mesma sorte de milagres. No apocalipse de Isaías, os habitantes do pó - os mortos - são convocados para despertar e se alegrar, já que, pela força de Deus, os defuntos reviverão e os cadáveres ressurgirão. Estes e outros textos do Antigo Testamento levavam os judeus a esperar uma era messiânica, na qual haveria uma ressurreição geral de todos os justos de Israel.
O milagre evangélico projeta-se neste pano de fundo. Em Jesus, as esperanças messiânicas atingem seu pleno cumprimento. Ele é o Messias esperado. Mas, seu modo de ser superava em muito os esquemas messiânicos acalentados pela piedade popular. Tinham razão as testemunhas do milagre, quando proclamaram: "um grande profeta surgiu entre nós, e Deus visitou seu povo!" Entre eles, porém, estava o Filho querido do Pai, com a missão de oferecer vida nova à humanidade. O rapaz ressuscitado tornava-se um símbolo desta realidade.
Oração
Espírito que gera vida, ajuda-me a reconhecer, em Jesus, o Messias enviado pelo Pai, para comunicar vida à humanidade.


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