segunda-feira, 15 de abril de 2013

Liturgia da 03ª semana da Páscoa

Liturgia da Segunda Feira — 15.04.2013

III SEMANA DA PÁSCOA
(BRANCO – OFÍCIO DO DIA)

Antífona da entrada: Ressuscitou o bom pastor, que deu a vida por suas ovelhas e quis morrer pelo rebanho, aleluia.
Leitura (Atos 6,8-15)
Leitura dos Atos dos Apóstolos.
Naqueles dias, 6 8 Estêvão, cheio de graça e fortaleza, fazia grandes milagres e prodígios entre o povo.
9 Mas alguns da sinagoga, chamada dos Libertos, dos cirenenses, dos alexandrinos e dos que eram da Cilícia e da Ásia, levantaram-se para disputar com ele.
10 Não podiam, porém, resistir à sabedoria e ao Espírito que o inspirava.
11 Então subornaram alguns indivíduos para que dissessem que o tinham ouvido proferir palavras de blasfêmia contra Moisés e contra Deus.
12 Amotinaram assim o povo, os anciãos e os escribas e, investindo contra ele, agarraram-no e o levaram ao Grande Conselho.
13 Apresentaram falsas testemunhas que diziam: "Esse homem não cessa de proferir palavras contra o lugar santo e contra a lei.
14 Nós o ouvimos dizer que Jesus de Nazaré há de destruir este lugar e há de mudar as tradições que Moisés nos legou".
15 Fixando nele os olhos, todos os membros do Grande Conselho viram o seu rosto semelhante ao de um anjo.
Salmo responsorial 118/119
Feliz é quem na lei do Senhor Deus vai progredindo.

Que os poderosos reunidos me condenem;
o que me importa é o vosso julgamento!
Minha alegria é a vossa aliança,
meus conselheiros são os vossos mandamentos.

Eu vos narrei a minha sorte e me atendestes,
ensinai-me, ó Senhor, vossa vontade!
Fazei-me conhecer vossos caminhos
e então meditarei vossos prodígios!

Afastai-me do caminho da mentira
e dai-me a vossa lei como um presente!
Escolhi seguir a trilha da verdade,
diante de mim eu coloquei vossos preceitos.
Aclamação do Evangelho
Aleluia, aleluia, aleluia.
O homem não vive somente de pão, mas de toda palavra da boca de Deus (Mt 4,4).

EVANGELHO (João 6,22-29)
6 22 No dia seguinte, a multidão que tinha ficado do outro lado do mar percebeu que Jesus não tinha subido com seus discípulos na única barca que lá estava, mas que eles tinham partido sozinhos.
23 Nesse meio tempo, outras barcas chegaram de Tiberíades, perto do lugar onde tinham comido o pão, depois de o Senhor ter dado graças.
24 E, reparando a multidão que nem Jesus nem os seus discípulos estavam ali, entrou nas barcas e foi até Cafarnaum à sua procura.
25 Encontrando-o na outra margem do lago, perguntaram-lhe: "Mestre, quando chegaste aqui?"
26 Respondeu-lhes Jesus: "Em verdade, em verdade vos digo: buscais-me, não porque vistes os milagres, mas porque comestes dos pães e ficastes fartos.
27 Trabalhai, não pela comida que perece, mas pela que dura até a vida eterna, que o Filho do Homem vos dará. Pois nele Deus Pai imprimiu o seu sinal".
28 Perguntaram-lhe: "Que faremos para praticar as obras de Deus?"
29 Respondeu-lhes Jesus: "A obra de Deus é esta: que creiais naquele que ele enviou".
COMENTÁRIOS DO EVANGELHO
1. Buscar as coisas do céu.
A multiplicação dos pães teve uma grande repercussão. A popularidade crescia com a fama de Jesus e os seus discípulos. Um Deus que supre as necessidades do ser humano, inclusive a fome, é único e verdadeiro. Por essa razão, aonde vai Jesus e seus discípulos a multidão de famintos e necessitados vai atrás. É o que ocorre nesse evangelho refletido junto as comunidades Joaninas, oitenta a noventa anos após a morte-ressurreição de Jesus.
Que olhar de Esperança temos para com Jesus? A perspectiva de uma Vida Nova que vem pela Salvação que Ele realiza, ou nossa esperança Nele se limita as necessidades desta Vidinha Terrena que um dia vai terminar?
O Evangelista convida suas comunidades a mudar o enfoque, e a reflexão é para todos nós, que muitas vezes somos Cristãos atrelados as coisas da Terra e temos pouca ou nenhuma expectativa para com as coisas do Céu. O próprio Jesus procura orientar seus seguidores e o povão que o procurava nessa circunstância. As pessoas não querem ir direto ao assunto, e em vez de indagarem se ele vai fazer ali um daqueles milagres espetaculares, como a multiplicação do pão, preferem perguntar quando foi que ele chegou ali.
Jesus não faz rodeios e vai direto ao assunto “Vocês me procuram, não porque viram os milagres, mas porque comeram o pão e ficaram saciados”.
Ver os milagres, no evangelho de João, significa ver o “Sinal” e aderir a Jesus, o que ele tem a oferecer é infinitamente superior a qualquer milagre. Em outras palavras Jesus está dizendo que aquelas pessoas não sabem quem é ele e o que tem a oferecer, pois ficaram parados no milagre da multiplicação dos pães, e acham que isso é suficiente para acreditarem Nele e o seguirem. Não compreendem que o discipulado significa comprometimento com o seu evangelho e com a edificação do Reino Novo que ele inaugurou em meio a humanidade.
Isso é bem típico do Cristianismo sem compromisso, religiãozinha que os espertalhões da pós Modernidade inventaram, para atender as necessidades do Homem que vê na Divindade um Posto de Autoatendimento, à serviço do homem, um Cristo do Consumismo, vendido em vitrines de luxo na grande Mídia onde o Céu é aqui mesmo, como sinônimo de riqueza, prosperidade, Felicidade terrena.
E acontece o mesmo que nesse evangelho, um Cristo assim atrai multidões...
2. É preciso procurar o Senhor pelo Senhor
A multidão, saciada de pão, procura ansiosamente Jesus. No entanto, Jesus revela sua verdadeira motivação, pois não é a ele propriamente que procuram, mas o que ele pode dar: “... estais me procurando não porque vistes sinais, mas porque comestes pão e ficastes saciados” (v. 26).
É preciso procurar o Senhor pelo Senhor. A vida do ser humano não pode se reduzir ao material, ao que perece, mas deve ser sustentada pelo alimento não perecível, que introduz na vida eterna e que é dom do Filho. O Filho é, por assim dizer, autenticado pelo Pai (cf. v. 27). Daí que a “obra de Deus”, o desejo de Deus, é a fé em Jesus, que ele enviou por amor ao mundo.
ORAÇÃO
Pai, leva-me a buscar sempre o alimento imperecível – teu Filho Jesus – que me dá vida eterna e verdadeira e me abre para o amor e a solidariedade.
3. A FÉ EM JESUS
Não foi fácil para Jesus levar o povo a estabelecer com ele um relacionamento correto. Muitas vezes, seus gestos poderosos despertavam sentimentos inoportunos, com os quais não ele estava de acordo. Jamais o Mestre se deixava aliciar!
A multiplicação dos pães prestou-se para mal-entendidos. Depois de ter sido alimentada, a multidão foi, novamente, ao encalço de Jesus. Não por reconhecer sua qualidade de enviado do Pai, mas por ter comido e se saciado, interessada na repetição do milagre.
No entanto, não interessava a Jesus ser procurado na qualidade de milagreiro. Ele esperava ser reconhecido como Filho do Homem, portador de um alimento especial para a humanidade, penhor de vida divina. O seu era um pão diferente: ele próprio.
A apropriação deste pão dar-se-ia por meio da fé, ou seja, da adesão a Jesus. Ao aderir a ele, o discípulo afasta de si tudo quanto gera morte, e assimila o dinamismo vital que o animava, cuja fonte era o próprio Pai. 
Jesus estava interessado em saciar, em primeiro lugar, não a fome física, mas uma outra muito mais fundamental. Saciado com o pão do céu, o discípulo estaria apto para promover a partilha do pão material que sacia a fome do povo. 
A fé em Jesus não se expressa num intimismo estéril. Pelo contrário, ela deve ser expressa através de gestos, à semelhança daqueles realizados por Jesus. Também o discípulo é chamado a multiplicar os pães.
Oração
Espírito de adesão, transforma minha fé numa assimilação sincera da vida do Ressuscitado, que me leve a transmitir esta mesma vida a quem está faminto de Deus.
Liturgia da Terça-Feira

III SEMANA DA PÁSCOA
(BRANCO – OFÍCIO DO DIA)

Antífona da entrada: Louvai o nosso Deus, todos vós que o temeis, pequenos e grandes; pois manifestou-se a salvação, a vitória e o poder do seu Cristo, aleluia! (Ap 19,5;12,10)
Leitura (Atos 7,51-8,1)
Leitura Atos dos Apóstolos.
Naqueles dias, Estevão disse ao povo, aos anciãos e aos doutores da lei: 7 51 “Homens de dura cerviz, e de corações e ouvidos incircuncisos! Vós sempre resistis ao Espírito Santo. Como procederam os vossos pais, assim procedeis vós também!
52 A qual dos profetas não perseguiram os vossos pais? Mataram os que prediziam a vinda do Justo, do qual vós agora tendes sido traidores e homicidas.
53 Vós que recebestes a lei pelo ministério dos anjos e não a guardastes".
54 Ao ouvir tais palavras, esbravejaram de raiva e rangiam os dentes contra ele.
55 Mas, cheio do Espírito Santo, Estêvão fitou o céu e viu a glória de Deus e Jesus de pé à direita de Deus:
56 "Eis que vejo, disse ele, os céus abertos e o Filho do Homem, de pé, à direita de Deus".
57 Levantaram então um grande clamor, taparam os ouvidos e todos juntos se atiraram furiosos contra ele.
58 Lançaram-no fora da cidade e começaram a apedrejá-lo. As testemunhas depuseram os seus mantos aos pés de um moço chamado Saulo.
59 E apedrejavam Estêvão, que orava e dizia: "Senhor Jesus, recebe o meu espírito".
60 Posto de joelhos, exclamou em alta voz: "Senhor, não lhes leves em conta este pecado". A estas palavras, expirou.
8 1 E Saulo havia aprovado a morte de Estêvão. Naquele dia, rompeu uma grande perseguição contra a comunidade de Jerusalém. Todos se dispersaram pelas regiões da Judéia e de Samaria, com exceção dos apóstolos.

Salmo responsorial 30/31
Em vossas mãos, Senhor, entrego o meu espírito.

Sede uma rocha protetora para mim,
um abrigo bem seguro que me salve!
Sim, sois vós a minha rocha e fortaleza;
por vossa honra, orientai-me e conduzi-me!

Em vossas mãos, Senhor, entrego o meu espírito,
porque vós me salvareis, ó Deus fiel!
quanto a mim, é ao Senhor que me confio,
vosso amor me faz saltar de alegria.

Mostrai serena a vossa face ao vosso servo
e salvai-me pela vossa compaixão!
Na proteção de vossa face defendeis,
bem longe das intrigas dos mortais.
Aclamação do Evangelho
Aleluia, aleluia, aleluia.
Eu sou o pão da vida, quem vem a mim não terá fome; assim nos fala o Senhor (Jo 6,35).

EVANGELHO (João 6,30-35)
Naquele tempo, 6 30 perguntaram eles: "Que milagre fazes tu, para que o vejamos e creiamos em ti? Qual é a tua obra?
31 Nossos pais comeram o maná no deserto, segundo o que está escrito: ‘Deu-lhes de comer o pão vindo do céu’".
32 Jesus respondeu-lhes: "Em verdade, em verdade vos digo: Moisés não vos deu o pão do céu, mas o meu Pai é quem vos dá o verdadeiro pão do céu;
33 porque o pão de Deus é o pão que desce do céu e dá vida ao mundo".
34 Disseram-lhe: "Senhor, dá-nos sempre deste pão!"
35 Jesus replicou: "Eu sou o pão da vida: aquele que vem a mim não terá fome, e aquele que crê em mim jamais terá sede".
COMENTÁRIOS DO EVANGELHO
1. JESUS, O PÃO VERDADEIRO
Nesse Evangelho, a multidão faz um grande esforço para buscar Jesus e seus discípulos, pegam os barcos disponíveis por ali e fazem a travessia até chegar a Cafarnaum, onde ele estava na outra margem do lago. Como hoje há também uma multidão que se esforça, dentro de suas igrejas, a buscarem Jesus. A pergunta é o que essas pessoas buscam? O que elas vêem em Jesus Cristo? As respostas variam muito, há os que buscam a cura de uma enfermidade, outros buscam a prosperidade em troca de um dízimo altíssimo, outros até buscam os sacramentos, mas sem compreender nada sobre eles, não é errado buscar coisas materiais ou pedi-las a Deus, por intercessão de Jesus Cristo, o problema, é quando nada mais enxergamos nele, além disso, cura física, patrimônio, ganhos financeiros um bom emprego com um ótimo salário, a libertação de toda e qualquer angústia que nos traga algum sofrimento físico ou moral.
Entretanto, sabemos muito bem que tudo isso, um belo dia vai ficar para trás: nosso corpo saudável, nossos bens materiais, nossa carreira profissional, tudo isso são coisas perecíveis, mas que, no entanto, muitas vezes estão no centro de nossas atenções, e a vida vai girando sempre em torno daquilo que podemos ter de bom, em todos os aspectos, e a religião entra como a grande aliada do homem, pois se me submeto a uma religião, Deus me recompensa dando-me tudo aquilo que preciso, para viver bem. É exatamente com essa intenção que nos dias de hoje, uma grande multidão lota alguns templos nas grandes metrópoles.
Mas esta reflexão é válida para todos nós cristãos, porque parece que não sabemos bem o que queremos, e nos contentamos apenas com a casca da fruta, colocamos nossa atenção na embalagem do produto, em resumo, nos contentamos com tão pouco, quando Jesus nos oferece um tesouro inestimável, algo novo, inédito e valiosíssimo, mas a multidão não quer arriscar deixar de lado a religião de Moisés, a cuja tradição estavam ligados, “O que faremos para praticar as obras de Deus?” Para eles Moisés era até agora a maior referência, porque garantiu alimento para o povo no deserto, e bastava cumprir a lei que já estava no caminho certo. Não precisava pensar e nem comprometer-se com nada, bastava não fazer nada de errado, e pronto, o resto era com Deus! “Que milagres fazes, para que vejamos e creiamos em ti, que obras realizas?” Em outras palavras, o que vamos ganhar se te seguirmos.
Hoje em dia, com o fenômeno religioso que se apresenta como uma resposta diante dos inúmeros problemas existenciais, a religião mais procurada é aquela que oferece maiores vantagens, não exige muito sacrifício nem comprometimento, é quase que o princípio do melhor custo benefício, investir bem pouco e ganhar muito. Muitas vezes, pensando desse modo acabamos pecando, quando valorizamos mais a quantidade do que a qualidade, vendo nisso um indicativo de crescimento em nossas comunidades.
Crer naquele que o Pai enviou, não significa deixar tudo por conta de Jesus, antes, é tê-lo como nossa referência única e autêntica, despojando-nos do Velho Homem e renovando os sentimentos de nossa alma, revestindo-nos do homem novo, criado a imagem e semelhança de Deus, em verdadeira justiça e santidade. Não é importante o TER mas o SER, é isso que Jesus nos oferece, um novo ser, totalmente livre para tomar decisões e fazer escolhas na vida, a partir de Jesus Cristo, aquele que nos renovou por completo com sua obra redentora.
2. Jesus o Pão de Deus
Os anônimos judeus perguntam pelos sinais que poderiam levá-los a crer que Jesus é o enviado do Pai. Esses sinais seriam uma obra espetacular que não deixasse dúvidas acerca da identidade de Jesus. Mas isso contradiria a própria natureza do sinal. A insistência dele sobre o maná dado durante a travessia pelo deserto permitirá a Jesus avançar sua reflexão sobre o pão verdadeiro.
Em primeiro lugar, Jesus parece desfazer um equívoco. O maná não era do céu, mas foi dado por Deus (cf. Ex 16,8), e não por Moisés. Mas o maná recolhido toda manhã, à exceção do sábado (cf. Ex 16,26-29), durava poucas horas. É prometido um pão do céu, dado por Deus. Desse pão verdadeiro, o maná era somente tênue figura. Jesus é o pão descido do céu, que sustenta quem nele crê e é capaz de dar vida ao mundo. Jesus é o pão de Deus.
ORAÇÃO
Pai, dá-me sensibilidade para perceber que a presença de Jesus, na nossa história, é a grande obra que realizaste: dar-nos a vida eterna.
3. A IDENTIDADE PROVADA
Por mais espetaculares que fossem os milagres, sobrava sempre uma ponta de desconfiança a respeito de identidade de Jesus. Exigia-se dele provas mais e mais contundentes de sua condição de Messias, Filho de Deus. 
Moisés havia alimentado o povo, na dura caminhada pelo deserto, com o maná vindo do céu, comprovando ser, deveras, enviado de Deus. Para ser aceito, também Jesus teria de realizar um feito de tal magnitude, que não seria possível duvidar ser ele, de fato, o enviado de Deus.
A resposta de Jesus às suspeitas do povo foi sutil. Ele negou ter sido Moisés o autor do milagre no deserto. Quem alimentou o povo faminto foi o Pai. Além disso, o alimento de outrora não era o alimento verdadeiro, como o que Jesus oferecia agora: o pão que desce do céu para trazer vida ao mundo. 
A multidão estava diante de um milagre, que era urgente reconhecer: Jesus. Ele é o milagre do Pai, seu dom excelente, prova de sua benevolência para com uma humanidade faminta, que caminha errante pelos desertos do mundo. É a única possibilidade de salvação, para quem não quer desfalecer pelo caminho. É o sinal permanente do amor do Pai, a indicar os rumos da pátria prometida.
Não tem cabimento a multidão exigir milagres de Jesus. Basta o sinal oferecido pelo Pai. Quem o acolhe coloca-se no caminho da salvação.

Oração
Espírito de benevolência, afasta de mim toda desconfiança, e conduze-me à uma fé sólida no Ressuscitado, sinal do amor do Pai para conosco.
Liturgia da Quarta-Feira

III SEMANA DA PÁSCOA
(BRANCO – OFÍCIO DO DIA)

Antífona da entrada: Que o vosso louvor transborde de minha boca; meus lábios exultarão, cantando de alegria, aleluia! (Sl 70,8.23)
Leitura (Atos 8,1-8)
Leitura dos Atos dos Apóstolos. 
8 1 E Saulo havia aprovado a morte de Estêvão. Naquele dia, rompeu uma grande perseguição contra a comunidade de Jerusalém. Todos se dispersaram pelas regiões da Judéia e de Samaria, com exceção dos apóstolos.
2 Entretanto, alguns homens piedosos trataram de enterrar Estêvão e fizeram grande pranto a seu respeito.
3 Saulo, porém, devastava a Igreja. Entrando pelas casas, arrancava delas homens e mulheres e os entregava à prisão.
4 Os que se haviam dispersado iam por toda parte, anunciando a palavra (de Deus).
5 Assim Filipe desceu à cidade de Samaria, pregando-lhes Cristo.
6 A multidão estava atenta ao que Filipe lhe dizia, escutando-o unanimemente e presenciando os prodígios que fazia.
7 Pois os espíritos imundos de muitos possessos saíam, levantando grandes brados. Igualmente foram curados muitos paralíticos e coxos.
8 Por esse motivo, naquela cidade reinava grande alegria.
Salmo responsorial 65/66
Aclamai o Senhor Deus, ó terra inteira.

Aclamai o Senhor Deus, ó terra inteira,
cantai salmos a seu nome glorioso,
dai a Deus a mais sublime louvação!
Dizei a Deus: “Como são grandes vossas obras!

Toda a terra vos adore com respeito
e proclame o louvor de vosso nome!”
Vinde ver todas as obras do Senhor:
seus prodígios estupendos entre os homens!

O mar ele mudou em terra firme,
e passaram pelo rio a pé enxuto.
Exultemos de alegria no Senhor!
Ele domina para sempre com poder!
Aclamação do Evangelho
Aleluia, aleluia, aleluia.
Quem vê o filho e nele crê, este tem a vida eterna, e eu o farei ressuscitar no último dia, diz Jesus (Jo 6,40).


Evangelho (João 6,35-40)
Naquele tempo, Jesus replicou à multidão: 6 35 "Eu sou o pão da vida: aquele que vem a mim não terá fome, e aquele que crê em mim jamais terá sede.
36 Mas já vos disse: ‘Vós me vedes e não credes’.
37 Todo aquele que o Pai me dá virá a mim, e o que vem a mim não o lançarei fora.
38 Pois desci do céu não para fazer a minha vontade, mas a vontade daquele que me enviou.
39 Ora, esta é a vontade daquele que me enviou: que eu não deixe perecer nenhum daqueles que me deu, mas que os ressuscite no último dia.
40 Esta é a vontade de meu Pai: que todo aquele que vê o Filho e nele crê, tenha a vida eterna; e eu o ressuscitarei no último dia".
COMENTÁRIOS DO EVANGELHO
1. "Eu sou o pão da vida"
Jesus fez várias afirmações como esta para que creiamos Nele: Eu sou: a luz do mundo, a porta, o bom pastor, a ressurreição e a vida, o caminho, a verdade e a vida, a videira verdadeira. É uma linguagem simbólica, mas que revela a sua verdadeira pessoa, usando imagens tradicionais de Israel.
A frase "Eu sou" coloca Jesus como objeto do crer. E acreditar em Jesus significa adesão a ele, e não apenas assimilação de uma doutrina. Eu posso saber na ponta da língua toda a mensagem deixada por Jesus Cristo, e posso até ensiná-la a outras pessoas. Mas se eu não a por em prática, eu serei candidato ao fogo do inferno. Foi o próprio Jesus quem o disse mais ou menos assim:“Afastai-vos de mim ide para o fogo eterno pois não vos conheço...”
E nós podemos estar nesta situação lamentável! E vamos responder: Mas nós evangelizamos, até expulsamos demônios em teu nome... não vos conheço vós que pratiqueis a iniquidade... Gente, a coisa é séria. Às vezes sinto-me tão seguro de mim mesmo, que até me esqueço desta afirmação de Cristo. Porque, ser cristão dentro da igreja é fácil. Difícil é ser cristão no emprego, na rua, ou até mesmo em casa ou em qualquer lugar principalmente quando somos injustiçados. A gente se esquece de sorrir como Jesus sorriu, e partimos para cima do injusto com toda razão, e nossa desculpa é que estamos combatendo uma injustiça, em vez de combater o irmão injusto.
Jesus é o pão da vida, que quantas vezes já comemos indignamente. Ou o pior, muito indignamente. “se tiveres levando uma oferta e te lembrares que o teu irmão tem alguma coisa contra ti deixa tua oferenda no lugar e vai reconciliar-te primeiro com o teu irmão...” Que dureza! Aqui Cristo jogou pesado! Veja que Ele não disse: Se você tem alguma mágoa do teu irmão, mais sim se o teu irmão tem algo contra ti. Isso por que se o meu irmão está zangado comigo, alguma coisa injusta eu devo ter feito contra ele. Então eu sou culpado, e culpado não pode comer o pão da vida.
2. A razão da vida de Jesus é o Pai que o enviou
O longo discurso ao pão da vida é uma catequese sobre a eucaristia. No ser humano, feito à imagem e semelhança de Deus, há uma sede, um anseio de vida e de Deus. Jesus, o Cristo, realiza esse desejo profundo do coração do homem. Pão e água, comer e beber, são essenciais para a nossa existência terrestre.
Do mesmo modo, a vida enraizada no Senhor é fundamental para que homem e mulher experimentem plenamente a vida que vem de Deus (ver: Jo 4,1-42). Para chegar à fé em Jesus é preciso outro olhar capaz de ultrapassar o imediatamente oferecido à visão. Por isso Jesus diz: “… me vistes, mas não credes” (v. 36). A razão da vida de Jesus é o Pai que o enviou. A razão de sua descida do céu é fazer a vontade de Deus (cf. v. 38).
A vontade de Deus é que todos os que creem em Jesus, Filho de Deus, sejam salvos e não se submetam à morte eterna, mas ressuscitem com ele. O desejo do Pai é que nenhum ser humano se perca. Isso nos faz lembrar o último versículo da perícope de Zaqueu: “O Filho do Homem veio buscar e salvar o que estava perdido” (Lc 19,10).
ORAÇÃO
Pai, transforma-me em discípulo autêntico de teu Filho Jesus, de modo que a tua vontade seja o centro de minha existência, e eu experimente, já na Terra, a vida eterna.
3. O PÃO DA VIDA
Ao afirmar ser o pão da vida, Jesus estava evocando um fato importante da história de Israel, o êxodo do Egito e a longa travessia pelo deserto, onde o povo, faminto e sedento, foi saciado pela Providência divina. Aliás, jamais o povo viu-se privado de pão e água, naquela circunstância delicada de sua história, pois Deus caminhava com ele. 
Da mesma forma, a Providência divina jamais deixou de agir em favor da humanidade. Sua bondade manifestou-se, de forma grandiosa, ao saciar, definitivamente, a fome e a sede da humanidade, por meio de seu Filho Jesus. Quem dele se acerca, não terá mais fome nem sede. Antes, poderá estar certo de ter forças para alcançar à meta da caminhada. 
A evocação do êxodo oferece uma perspectiva particular para considerar quem, na fé, adere ao Ressuscitado. O cristão faz parte do verdadeiro povo de Deus, a caminho para a casa do Pai. É o êxodo definitivo, durante o qual defronta-se com toda sorte de desafios, correndo o risco de não perseverar até o fim. 
Sabendo-se saciado pelo alimento celeste - Jesus -, o cristão recobra as forças, e não se deixa abater pelos reveses da vida. A Eucaristia sacramentaliza esta experiência de fé. Alimentando-se com o pão eucarístico os cristãos revigoram sua fé no Senhor ressuscitado. É o alimento verdadeiro. Engana-se quem imagina poder enfrentar o deserto do mundo, sem contar com ele.

Oração
Espírito que sacia nossos anseios profundos, guia-me ao Ressuscitado, junto do qual não terei mais fome nem sede.
Liturgia da Quinta-Feira

III SEMANA DA PÁSCOA
(BRANCO – OFÍCIO DO DIA)

Antífona da entrada: Cantemos ao Senhor, ele se cobriu de glória. O Senhor é a minha força e o meu cântico: foi para mim a salvação, aleluia! (Ex 15,1s)
Leitura (Atos 8,26-46)
Leitura dos Atos dos Apóstolos. 
Naqueles dias, 8 26 um anjo do Senhor dirigiu-se a Filipe e disse: “Levanta-te e vai para o sul, em direção do caminho que desce de Jerusalém a Gaza, a Deserta”.
27 Filipe levantou-se e partiu. Ora, um etíope, eunuco, ministro da rainha Candace, da Etiópia, e superintendente de todos os seus tesouros, tinha ido a Jerusalém para adorar.
28 Voltava sentado em seu carro, lendo o profeta Isaías.
29 O Espírito disse a Filipe: "Aproxima-te para bem perto deste carro".
30 Filipe aproximou-se e ouviu que o eunuco lia o profeta Isaías, e perguntou-lhe: "Porventura entendes o que estás lendo?"
31 Respondeu-lhe: "Como é que posso, se não há alguém que mo explique?" E rogou a Filipe que subisse e se sentasse junto dele.
32 A passagem da Escritura, que ia lendo, era esta: "Como ovelha, foi levado ao matadouro; e como cordeiro mudo diante do que o tosquia, ele não abriu a sua boca.
33 Na sua humilhação foi consumado o seu julgamento. Quem poderá contar a sua descendência? Pois a sua vida foi tirada da terra".
34 O eunuco disse a Filipe: "Rogo-te que me digas de quem disse isto o profeta: de si mesmo ou de outrem?"
35 Começou então Filipe a falar, e, principiando por essa passagem da Escritura, anunciou-lhe Jesus.
36 Continuando o caminho, encontraram água. Disse então o eunuco: "Eis aí a água. Que impede que eu seja batizado?"
37 Filipe respondeu: "Se crês de todo o coração, podes sê-lo". ["Eu creio", disse ele, "que Jesus Cristo é o Filho de Deus"].
38 E mandou parar o carro. Ambos desceram à água e Filipe batizou o eunuco.
39 Mal saíram da água, o Espírito do Senhor arrebatou Filipe dos olhares do eunuco, que, cheio de alegria, continuou o seu caminho.
40 Filipe, entretanto, foi transportado a Azoto. Passando além, pregava o Evangelho em todas as cidades, até que chegou a Cesaréia.
Salmo responsorial 65/66
Aclamai o Senhor, ó terra inteira.

Nações, glorificai ao nosso Deus,
anunciai em alta voz o seu louvor!
É ele quem dá vida à nossa vida
e não permite que vacilem nossos pés.

Todos vós que a Deus temeis, vinde escutar:
vou contar-vos todo bem que ele me fez!
Quando a ele o meu grito se elevou,
já havia gratidão em minha boca!

Bendito seja o Senhor Deus que me escutou,
não rejeitou minha oração e meu clamor
nem afastou longe de mim o seu amor
Aclamação do Evangelho
Aleluia, aleluia, aleluia.
Eu sou o pão vivo descido do céu, quem deste pão come, sempre há de viver (Jo 6,51).

EVANGELHO (João 6,44-51)
Naquele tempo, disse Jesus à multidão: 6 44 "Ninguém pode vir a mim se o Pai, que me enviou, não o atrair; e eu hei de ressuscitá-lo no último dia.
45 Está escrito nos profetas: ‘Todos serão ensinados por Deus’. Assim, todo aquele que ouviu o Pai e foi por ele instruído vem a mim.
46 Não que alguém tenha visto o Pai, pois só aquele que vem de Deus, esse é que viu o Pai.
47 Em verdade, em verdade vos digo: quem crê em mim tem a vida eterna.
48 Eu sou o pão da vida.
49 Vossos pais, no deserto, comeram o maná e morreram.
50 Este é o pão que desceu do céu, para que não morra todo aquele que dele comer.
51 Eu sou o pão vivo que desceu do céu. Quem comer deste pão viverá eternamente. E o pão, que eu hei de dar, é a minha carne para a salvação do mundo".
COMENTÁRIOS DO EVANGELHO
1. Único Caminho
Confesso que quando vou a algum lugar desconhecido, mesmo com GPS acabo me perdendo, normalmente porque há outros caminhos e modos de se chegar a este lugar, e o que temos de fazer é ver qual é o melhor caminho, o mais curto e fácil...Mas já conheci lugares que só há um caminho de acesso, os demais caminhos passam por perto mas não dão acesso ao lugar.
O acesso do homem a Deus tem um único e Verdadeiro caminho: Jesus Cristo! É único e verdadeiro por uma razão muito simples: Só Ele veio de Deus, Só Ele viu o Pai, todas as demais definições sobre Deus – Pai,  não merecem confiança e crédito, e usando uma linguagem bem de hoje, apenas a Revelação de Jesus sobre o Pai têm o certificado de garantia e autenticidade, o resto é imitação grotesca, se a Revelação não for cristã, não merece nenhum crédito.
É o próprio Pai que atrai a todos os homens, e esta atração é Jesus Cristo. Muitos existem que querem inventar um Deus diferente do Deus Cristão, principalmente na pós modernidade, tentando adequar Deus ao consumismo, um Deus que satisfaz plenamente o Cliente, em certas igrejas que asseguram ter entre seus ministros os Porta-Vozes Oficiais da Vontade Divina, e ainda usam Jesus Cristo, que nas mãos desses gananciosos torna-se apenas um garoto propaganda da Fé.
E o que faz Jesus Cristo, único caminho, único acesso para se chegar ao Pai? Fecha-se em uma comunhão egoísta na Vida de Deus, deixando os homens a incumbência de descobrirem por si só esse caminho? Não, de modo algum! E aqui está o Amor Divino em toda sua magnificência....Jesus não é só o caminho, ele nos ajuda a caminhar, Jesus não é só a Verdade, ele nos ajuda a encontrá-la, Jesus não é só a Vida, ele nos possibilita termos essa Vida, por isso se faz Pão, se dá e se entrega a cada Homem que Nele professa a sua Fé.
E o Pão enquanto alimento, se transforma em parte do nosso ser, e daí podemos experimentá-lo e senti-lo em nós, e cada vez mais por ele próprio, alimentados e maduros em nossa Fé, vamo-nos configurando a Ele, vivendo assim mergulhados na Vida de Deus e ao mesmo tempo permitindo que Deus mergulhe em nós.....E assim, aquele que é eterno penetra no mortal, e aquele que é mortal, penetra no que é Eterno e ganha a Vida Eterna para sempre.
2. A fé nos possibilita sermos atraidos para Deus
Somos criaturas de Deus. Enquanto tais, possuímos, na nossa existência terrena, um desejo de Deus que nos faz tender para ele. Dele, nós todos recebemos o sopro original da vida (cf. Gn 2,7).
Deus nos atrai para ele para nos fazer viver, para que o sopro original não se esvaia. O profeta Jeremias exprime belissimamente essa realidade: “Com amor eterno eu te amei, por isso te atraí” (Jr 31,3).
A fé é que possibilita ceder livremente a essa atração de Deus. O maná era somente figura do que haveria de vir: o pão que desce do céu é o que livra da morte. Jesus explicita que o pão descido do céu é a sua carne, sua existência histórica e terrena, sua vida entregue para que o mundo tenha vida, e vida em plenitude.
Jesus nos ensina a vida verdadeira que não está na garantia das seguranças pessoais, nem na defesa dos próprios interesses, nem tampouco na abundância de bens materiais, mas na entrega, no despojamento da própria vida.
ORAÇÃO
Espírito de docilidade ao Pai, reforça minha disposição para acolher os ensinamentos divinos e colocar-me, resolutamente, na busca do Ressuscitado.
3. O ENSINAMENTO DO PAI
É o Pai quem tem a iniciativa na dinâmica da fé dos cristãos. No seu amor, elege o ser humano para ser objeto de sua revelação, e o convida a aderir ao Filho Jesus. Só vai a Jesus quem é escolhido e impelido pelo Pai. Só se entrega a Jesus quem se deixa guiar pelo Pai. E tudo quanto o Pai realiza está em função de guiar a humanidade para o Filho. O ato de fé no Senhor Jesus é, portanto, indício de obediência ao ensinamento do Pai e de submissão à sua vontade.
A incredulidade configura-se como rebeldia contra o Pai. Não se trata de mera oposição a Jesus, numa atitude sem maiores conseqüências. Nem, tampouco, pode ser considerada como uma fatalidade na vida das pessoas, numa espécie de anulação de sua liberdade. 
No ato de fé, está implicada a liberdade humana. Instruído pelo Pai, cabe ao ser humano acolher ou não a instrução recebida. Se a acolhe, sem dúvida será capaz de reconhecer em Jesus o enviado do Pai. Se a rejeita, não somente se tornará um adversário do Filho, mas também do Pai. Não é possível acolher a moção do Pai, mas fechar-se para o Filho. Ou seja, não dá para ficar no meio do caminho. Quem recebeu o ensinamento do Pai, necessariamente, irá a Jesus.
Oração
Espírito de docilidade ao Pai, reforça minha disposição para acolher os ensinamentos divinos e colocar-me, resolutamente, na busca do Ressuscitado.
Liturgia da Sexta-Feira

III SEMANA DA PÁSCOA
(BRANCO – OFÍCIO DO DIA)

Antífona da entrada: O Cordeiro que foi imolado é digno de receber o poder, a divindade, a sabedoria, a força e a honra, aleluia! (Ap. 5,12)
Leitura (Atos 9,1-20)
Leitura dos Atos dos Apóstolos. 
Naqueles dias, 9 1 Saulo só respirava ameaças e morte contra os discípulos do Senhor. Apresentou-se ao príncipe dos sacerdotes,
2 e pediu-lhe cartas para as sinagogas de Damasco, com o fim de levar presos a Jerusalém todos os homens e mulheres que achasse seguindo essa doutrina.
3 Durante a viagem, estando já perto de Damasco, subitamente o cercou uma luz resplandecente vinda do céu.
4 Caindo por terra, ouviu uma voz que lhe dizia: "Saulo, Saulo, por que me persegues?"
5 Saulo disse: "Quem és, Senhor?" Respondeu ele: "Eu sou Jesus, a quem tu persegues. [Duro te é recalcitrar contra o aguilhão".
6 Então, trêmulo e atônito, disse ele: "Senhor, que queres que eu faça?" Respondeu-lhe o Senhor:] "Levanta-te, entra na cidade. Aí te será dito o que deves fazer".
7 Os homens que o acompanhavam enchiam-se de espanto, pois ouviam perfeitamente a voz, mas não viam ninguém.
8 Saulo levantou-se do chão. Abrindo, porém, os olhos, não via nada. Tomaram-no pela mão e o introduziram em Damasco,
9 onde esteve três dias sem ver, sem comer nem beber.
10 Havia em Damasco um discípulo chamado Ananias. O Senhor, numa visão, lhe disse: "Ananias! Eis-me aqui, Senhor", respondeu ele.
11 O Senhor lhe ordenou: "Levanta-te e vai à rua Direita, e pergunta em casa de Judas por um homem de Tarso, chamado Saulo; ele está orando".
12 (Este via numa visão um homem, chamado Ananias, entrar e impor-lhe as mãos para recobrar a vista.)
13 Ananias respondeu: "Senhor, muitos já me falaram deste homem, quantos males fez aos teus fiéis em Jerusalém.
14 E aqui ele tem poder dos príncipes dos sacerdotes para prender a todos aqueles que invocam o teu nome".
15 Mas o Senhor lhe disse: "Vai, porque este homem é para mim um instrumento escolhido, que levará o meu nome diante das nações, dos reis e dos filhos de Israel.
16 Eu lhe mostrarei tudo o que terá de padecer pelo meu nome".
17 Ananias foi. Entrou na casa e, impondo-lhe as mãos, disse: "Saulo, meu irmão, o Senhor, esse Jesus que te apareceu no caminho, enviou-me para que recobres a vista e fiques cheio do Espírito Santo".
18 No mesmo instante caíram dos olhos de Saulo umas como escamas, e recuperou a vista. Levantou-se e foi batizado.
19 Depois tomou alimento e sentiu-se fortalecido. Demorou-se por alguns dias com os discípulos que se achavam em Damasco.
20 Imediatamente começou a proclamar pelas sinagogas que Jesus é o Filho de Deus.
Salmo responsorial 116/117
Ide por todo o mundo, a todos pregai o Evangelho.

Cantai louvores ao Senhor, todas as gentes,
povos todos, festejai-o!

Pois comprovado é seu amor para conosco,
para sempre ele é fiel!
Aclamação do Evangelho
Aleluia, aleluia, aleluia.
Quem come a minha carne e bebe o meu sangue em mim permanece e eu vou ficar nele (Jo 6,56).

EVANGELHO (João 6,52-59)
Naquele tempo, os judeus discutiam entre si, dizendo: 6 52 "Como pode este homem dar-nos de comer a sua carne?"
53 Então Jesus lhes disse: "Em verdade, em verdade vos digo: se não comerdes a carne do Filho do Homem, e não beberdes o seu sangue, não tereis a vida em vós mesmos.
54 Quem come a minha carne e bebe o meu sangue tem a vida eterna; e eu o ressuscitarei no último dia.
55 Pois a minha carne é verdadeiramente uma comida e o meu sangue, verdadeiramente uma bebida.
56 Quem come a minha carne e bebe o meu sangue permanece em mim e eu nele.
57 Assim como o Pai que me enviou vive, e eu vivo pelo Pai, assim também aquele que comer a minha carne viverá por mim.
58 Este é o pão que desceu do céu. Não como o maná que vossos pais comeram e morreram. Quem come deste pão viverá eternamente".
59 Tal foi o ensinamento de Jesus na sinagoga de Cafarnaum.
COMENTÁRIOS DO EVANGELHO
1. Comer a carne e beber o sangue do Senhor...
Para a nossa cultura esse ato parece tão estranho...soa como canibalismo, como os primeiros cristãos foram acusados, de comer carne de criancinhas.
Entre os indígenas sempre existiram os Guerreiros valentes que tinham fama de heróis, mas na batalha que estes morriam, seu corpo era levado até a tribo e os mais jovens comiam a sua carne para se apossarem do seu espírito de herói.
A Eucaristia nos torna imortais porque recebemos a carne e o sangue daquele que é Eterno e este sinal Sacramental nos eterniza. É um ritual para que a nossa razão compreenda o que a Fé realiza em nós pois somos transformados em Cristo, suas palavras e seus ensinamentos, suas obras a favor da Vida têm continuidade há dois milênios de historia, e isso sem sombra de dúvida se deve a Eucaristia.
Na Eucaristia Jesus se faz presença real e concreta em milhões e milhões de homens e mulheres todos os dias. A pessoa que vamos construindo em nossa vida, com nossos pensamentos e projetos, com nossas ações a favor do bem, com nossos ideais de fraternidade, agregando tudo isso ao nosso Ser Existencial e ganhando uma identidade cristã própria. Essa pessoa, alimentada pela Eucaristia supera a matéria presente na corporiedade, quando passamos pela morte Biológica, essa pessoa, que fez de Cristo a razão do seu Viver, passa incólume pelo processo de morte e continua o seu viver, agora em Vida Plena e Eterna.
Não se trata apenas da nossa personalidade ou do nosso psique, mas desse homem espiritual que somos, presente em todas as nossas dimensões e que acaba se manifestando em nossas ações, feitas em nossa corporiedade, mas desencadeadas por este Ser, unido intimamente a Jesus Cristo, e que norteia toda a nossa caminhada.
A descoberta de quem realmente somos só se dá na Fé em Jesus Cristo, pois é ele o Revelador de Deus e revelador do homem. Quem portanto não se alimentar dele, sua carne e seu sangue, transubstanciado em Pão e vinho na Santa Eucaristia, sentirá esse homem espiritual se definhar junto com a matéria. Por absoluta falta desse alimento especial que contém a Vida Eterna.
2. Quem se alimenta com a minha carne e bebe o meu sangue permanece em mim, e eu nele
Comer a carne de Jesus e beber o seu sangue tem uma forte conotação eucarística, em que, aliás, a manducação é um elemento importante. Toda a vida de Jesus, simbolizada pela carne e pelo sangue, é verdadeiro sustento.
Ademais, “comer a carne” significa receber na fé a existência humana de Jesus; “beber o sangue” é o dom da vida do Enviado de Deus. Sem adesão livre e sem receber como dom “Aquele que desceu do céu” para fazer a vontade do Pai, não é possível viver plenamente, ou é permanecer como morto. Pela fé o discípulo participa da mesma vida do Filho único de Deus. O v. 54 representa uma ampliação do discurso: “Quem se alimenta com a minha carne e bebe o meu sangue tem a vida eterna, e eu o ressuscitarei no último dia” (v. 54).
Quem aceita esse verdadeiro alimento vive em comunhão com aquele que se dá como alimento: “Quem se alimenta com a minha carne e bebe o meu sangue permanece em mim, e eu nele” (v. 56).
ORAÇÃO
Pai, que o corpo e o sangue de teu Filho Jesus sejam alimento para a minha caminhada em busca de ti, de maneira que eu não venha a desfalecer pelo caminho.
3. EXPLICANDO UM MAL-ENTENDIDO
Os adversários relutavam em entender as palavras de Jesus. Em geral, tomavam-nas num sentido oposto à intenção do Mestre. Quando ele falou em dar sua carne em alimento para a vida do mundo, seus adversários sentiram um certo mal-estar, imaginando a cena macabra da devoração de um ser humano. Entretanto, Jesus não falava de antropofagia, e sim, da Eucaristia. Referia-se à relação a ser estabelecida entre ele e a comunidade dos discípulos, por meio do pão e do vinho eucarísticos.
Pão e vinho seriam constituídos como sacramento da presença do Senhor. Ao redor de uma mesa é que a comunidade de fé faria a experiência de comunhão profunda com o Ressuscitado. Ao comer o pão e beber o vinho, indicariam um tipo novo de relação estabelecida entre o Senhor e a comunidade. Os discípulos assimilariam plenamente o corpo de Jesus, e se deixariam transformar por ele. Seria a maneira de permanecerem nele, e permitir que o Mestre permanecesse em cada um deles. Resultado: toda a vida do discípulo seria um viver por Cristo, com Cristo, em Cristo, de modo a garantir a vida eterna, que só ele pode oferecer, pois lhe fora concedida pelo Pai.
A má-fé dos inimigos impediu-lhes de compreender o sentido profundo desse ensinamento de Jesus. Com isto, indicavam não estar em comunhão com ele, nem interessar-se em partilhar a vida que Jesus lhes oferecia.
Oração
Espírito de boa-fé arranca do meu coração toda dúvida a respeito das palavras de Jesus, e faze-me compreender o seu significado profundo.
Liturgia do Sábado

III SEMANA DA PÁSCOA
(BRANCO – OFÍCIO DO DIA)

Antífona da entrada: Sepultados com o Cristo no batismo, fostes também ressuscitados com ele, porque crestes no poder de deus, que o ressuscitou dos mortos, aleluia! (Cl 2,12).
Leitura (Atos 9,31-42)
Leitura dos Atos dos Apóstolos. 
9 31 A Igreja gozava então de paz por toda a Judéia, Galiléia e Samaria. Estabelecia-se ela caminhando no temor do Senhor, e a assistência do Espírito Santo a fazia crescer em número.
32 Pedro, que caminhava por toda parte, de cidade em cidade, desceu também aos fiéis que habitavam em Lida.
33 Ali achou um homem chamado Enéias, que havia oito anos jazia paralítico num leito.
34 Disse-lhe Pedro: “Enéias, Jesus Cristo te cura: levanta-te e faze tua cama”. E levantou-se imediatamente.
35 Viram-no todos os que habitavam em Lida e em Sarona, e converteram-se ao Senhor.
36 Em Jope havia uma discípula chamada Tabita - em grego, Dorcas. Esta era rica em boas obras e esmolas que dava.
37 Aconteceu que adoecera naqueles dias e veio a falecer. Depois de a terem lavado, levaram-na para o quarto de cima.
38 Ora, como Lida fica perto de Jope, os discípulos, ouvindo dizer que Pedro aí se encontrava, enviaram-lhe dois homens, rogando-lhe: “Não te demores em vir ter conosco”.
39 Pedro levantou-se imediatamente e foi com eles. Logo que chegou, conduziram-no ao quarto de cima. Cercavam-no todas as viúvas, chorando e mostrando-lhe as túnicas e os vestidos que Dorcas lhes fazia quando viva.
40 Pedro então, tendo feito todos sair, pôs-se de joelhos e orou. Voltando-se para o corpo, disse: “Tabita, levanta-te!” Ela abriu os olhos e, vendo Pedro, sentou-se.
41 Ele a fez levantar-se, estendendo-lhe a mão. Chamando os irmãos e as viúvas, entregou-lha viva.
42 Este fato espalhou-se por toda Jope e muitos creram no Senhor. 
Salmo responsorial 115/116B
Que poderei retribuir ao Senhor Deuspor tudo aquilo que ele fez em meu favor?

Que poderei retribuir ao Senhor Deus
por tudo aquilo que ele fez em meu favor?
Elevo o cálice da minha salvação,
invocando o nome santo do Senhor.

Vou cumprir minhas promessas ao Senhor
na presença de seu povo reunido.
É sentida por demais pelo Senhor
a morte de seus santos, seus amigos.

Eis que sou o vosso servo, ó Senhor,
vosso servo que nasceu de vossa serva;
mas me quebrastes os grilhões da escravidão!
Por isso oferto um sacrifício de louvor,
invocando o nome santo do Senhor.
Aclamação do Evangelho
Aleluia, aleluia, aleluia.
Senhor, tuas palavras são espírito, são vida; só tu tens palavras de vida eterna! (Jo 6,63.68)

Evangelho (João 6,60-69)
Naquele tempo, 6 60 muitos dos discípulos de Jesus, ouvindo-o, disseram: “Isto é muito duro! Quem o pode admitir?”
61 Sabendo Jesus que os discípulos murmuravam por isso, perguntou-lhes: “Isso vos escandaliza?
62 Que será, quando virdes subir o Filho do Homem para onde ele estava antes?
63 O espírito é que vivifica, a carne de nada serve. As palavras que vos tenho dito são espírito e vida.
64. Mas há alguns entre vós que não crêem”. Pois desde o princípio Jesus sabia quais eram os que não criam e quem o havia de trair.
65. Ele prosseguiu: “Por isso vos disse: Ninguém pode vir a mim, se por meu Pai não lho for concedido”.
66. Desde então, muitos dos seus discípulos se retiraram e já não andavam com ele.
67. Então Jesus perguntou aos Doze: “Quereis vós também retirar-vos?”
68. Respondeu-lhe Simão Pedro: “Senhor, a quem iríamos nós? Tu tens as palavras da vida eterna.
69. E nós cremos e sabemos que tu és o Santo de Deus!”
COMENTÁRIOS DO EVANGELHO
1. Discípulos em Crise...
O leitor mais atento vai perceber que nesta semana Jesus insistiu muito na necessidade da Fé Nele próprio, que é o Filho de Deus descido do céu, uma Fé que requer intimidade com ele, comendo sua carne e bebendo seu sangue, para ter a Vida Eterna que ele próprio, revelando-se como alimento que transmite e que dá a aquele que crê a Vida Eterna, mesmo com todas as limitações humanas. Que essas afirmações nos debates com os Judeus, acabou transformando-se em provas para a sua condenação, porque para os Judeus da "gema", para quem a referência máxima do Deus da Aliança era Moisés, isso era uma blasfêmia, passível de condenação.
Hoje alguns discípulos menos preparados também acabam se escandalizando com essa revelação e a crise está estabelecida na comunidade. Pois estes pensam exatamente como os Judeus conservadores, Jesus Cristo é bem conceituado entre eles, como grande profeta enviado por Deus (mas não Deus) homem de grandes prodígios e de uma sabedoria que causava admiração na comunidade, mas ainda o conceituavam em um patamar inferior a Moisés, isso é, estavam presos aos laços da carne e não conheciam outra vida que não fosse a Biológica, onde a grande bênção de Deus se manifestava na prosperidade material e na descendência, exatamente como havia prometido a Abraão.
Por isso, diante da afirmativa de Jesus de "O Espírito é que vivifica, a carne de nada serve, e que suas palavras são espírito e Vida...." desencadeou-se uma crise entre eles. Isso se aplica tanto ao grupo dos discípulos, onde a dificuldade de pensar as coisas de Deus, era muito grande, como também as comunidades do fim do primeiro século do Cristianismo.
E a frase que provocou ainda mais a crise foi esta "Ninguém pode vir a mim, se por meu Pai não for concedido", esse foi o estopim que eclodiu na comunidade, onde no pensamento judaico, as boas obras aproximavam o homem de Deus e o justificavam, Deus era estático, o homem é que se move em sua direção. Jesus havia acabado de dizer que as "boas obras" e a observância de toda Lei, eram apenas as placas sinalizadoras do Caminho, que era Ele próprio. A essas alturas do campeonato, muitos fizeram as malas e deixaram a comunidade, Judas foi o primeiro, atrás dele foram outros da comunidade de João, no primeiro século da Igreja, e hoje também a toda Hora tem cristão abandonando o barco, porque não concorda com a Fé proclamada por uma Igreja Cristocêntrica, institucional e mística, humana e Divina, onde o elo entre Deus e o Homem é a Eucaristia...quem comer a minha carne e beber do meu sangue permanece em mim e eu nele...
Diante da crise estabelecida, Jesus fez o contrário de certas lideranças fajutas, que não querendo perder ovelhas, abranda o discurso, ameniza a prática cristã, abre um caminho mais fácil e menos exigente, principalmente em nossos tempos. Mas Jesus encarou os que ficaram, e em vez de parabenizá-los e rasgar elogios por não terem abandonado a comunidade, endureceu ainda mais o "jogo" " Quereis vós também retirar-vos? " ou seja, para quem não aceitar esta verdade, vivendo o cristianismo do jeito que ele é, a porta da rua é a serventia da casa...
E nesta hora é belíssimo de Pedro, que não era nenhum super apóstolo, tinha muitas limitações, mas em seu coração professava uma Fé descomunal em Jesus, porque o Via como o próprio Deus "Senhor, a quem iremos se só tu tens palavras de Vida Eterna".....Talvez muita gente competente e intelectual, gente importante que poderia fazer a diferença na comunidade, a tenha abandonado, os que ficaram são simples mas fervorosos, pois em nossas comunidades o que vale é a Fé em Jesus Cristo, e não o brilho das pessoas, ou seu status, poder ou prestígio. Uma Fé assim, uma igreja assim, um Jesus Cristo assim, Real e Verdadeiro como João nos apresenta, é PEGAR ou LARGAR...não tem meio termo ou mais ou menos...
2. Esta palavra é dura. Quem consegue escutá-la?
A objeção não vem, agora, dos judeus, como é o caso nos versículos precedentes, mas de muitos dos próprios discípulos de Jesus: “Esta palavra é dura. Quem consegue escutá-la?” (v. 60).
Trata-se um grupo diferente e mais amplo que o dos Doze. Não é somente dos judeus que vem a dificuldade de crer em Jesus, mas também dos discípulos, daqueles que foram atraídos pela palavra e pelos sinais que Jesus realizava, havia resistência. Em que a palavra é dura? Ela é difícil de ser compreendida; é dura pelo que exige de quem adere a Jesus; é dura porque exige abertura à novidade de um novo tempo oferecido por Deus à humanidade, novo tempo inaugurado pela encarnação do Verbo; é dura porque exige uma conversão profunda e uma mudança de mentalidade. “É o Espírito que dá a vida” (v. 63; Gn 2,7).
Somente no e pelo Espírito é que se pode compreender e fazer a experiência de que as palavras de Jesus fazem viver, pois são um sopro de vida. O abandono de muitos dos discípulos de seguirem Jesus é a ocasião para Pedro fazer uma verdadeira profissão de fé: “A quem iremos, Senhor? Tu tens palavras de vida eterna?” (v. 68). Mas o seguimento e a fé só podem ser autenticamente vividos na liberdade: “Vós também quereis ir embora?” (v. 67).
ORAÇÃO
Pai, dá-me inteligência para compreender as palavras de Jesus e aderir a elas, pois só assim estarei seguro de estar acolhendo a salvação que me ofereces.
3. UMA LINGUAGEM DURA
A obstinação dos adversários de Jesus chegou a contaminar os discípulos. O linguajar acerca do alimento eucarístico parecia-lhes cada vez menos compreensível. O simbolismo das palavras carne, sangue, comer, beber, possuir a vida etc., por não ter sido decodificado, não permitia que as pessoas intuíssem o que Jesus realmente queria dizer. 
A situação agravou-se, quando os próprios discípulos de Jesus começaram a se escandalizar com a linguagem do Mestre. Não se pode ignorar, que eles viviam no mesmo ambiente cultural e teológico dos adversários de Jesus. A superação de seus esquemas mentais não era só questão de vontade ou de amizade com Deus. Era coisa muito mais séria.
Os discípulos eram convidados a abrir mão daquele universo teológico rígido e contaminado por uma mentalidade demasiado estreita, para aderir à proposta de Jesus. Esta foi a mesma exigência que o Mestre impôs aos seus adversários.
Muitos discípulos, incapazes de dar o salto qualitativo da fé, optaram por afastar-se do Mestre, aliando-se aos seus adversários. Entretanto, os que permaneceram foram também desafiados a fazer o mesmo. A intervenção de Pedro foi fundamental para recolocar as coisas nos seus devidos lugares. Era inútil correr atrás de outros mestres. Só em Jesus encontram-se palavras de vida eterna.

Oração
Espírito de convicção, que eu me deixe convencer pelas palavras de Jesus, e as acolha, na certeza de que, só nelas, conseguirei a vida eterna.
Liturgia do Domingo 14.04.2013
4º Domingo de Páscoa — ANO C

(BRANCO, GLÓRIA, CREIO – IV SEMANA DO SALTÉRIO)

__ "O CORDEIRO-PASTOR DA HUMANIDADE: Eu conheço as minhas ovelhas e elas me seguem!" __
Ambientação:
(Sugestões: Neste domingo do Bom Pastor, na procissão de entrada ou das oferendas, pode-se apresentar símbolos da caminhada pastoral da comunidade: cajado, sandálias, instrumentos de trabalho das várias pastorais.)
Sejam bem-vindos amados irmãos e irmãs!
INTRODUÇÃO DO FOLHETO DOMINICAL PULSANDINHO: A Liturgia deste domingo nos mostra Jesus como o Bom Pastor, como o único Pastor que dá a vida pelas suas ovelhas. Por isso, hoje, somos convidados por Jesus, Bom Pastor, a fazer parte de seu rebanho e aprender dele o jeito de ser Igreja. O Pastor dá a vida pelas ovelhas, de modo que ninguém as arranque de suas mãos. Assim foi a vida de Jesus no trato com os discípulos. Deu-se sem reservas, a ponto de doar a própria vida, convicto de que ninguém seria tão forte a ponto de desencaminhá- los. Deixemos que Jesus, nesta Missa, entre no nosso coração e nos guie pela mão. Neste domingo, a Igreja também nos convida a celebrar a jornada mundial pelas vocações. Um dia no qual devemos pedir a Deus que envie muitos e santos pastores, para que seu rebanho nunca pereça. No próximo dia 23, celebraremos os 200 anos de nascimento de Frederico Ozanam e os 180 anos da criação da conferência dos vicentinos. Frederico Ozanam como Vicente de Paulo foi pioneiro numa visão de igreja que o Vaticano II marcou fortemente em seus documentos. Um conceito de igreja predominantemente laical que Frederico Ozanam herdou de São Vicente de Paulo. Uma igreja na qual o pobre é o espelho de Cristo e que precisamente por isso é uma igreja viva e que se manifesta aos olhos dos seguidores de Cristo.
INTRODUÇÃO DO FOLHETO DOMINICAL O POVO DE DEUS: Celebramos o Domingo do Bom Pastor e a Jornada Mundial pelas Vocações Sacerdotais e Religiosas, que neste ano têm um sentido especial para os jovens, por causa da jornada Mundial da Juventude, de 23 a 28 de julho, no Rio de Janeiro. Fazer discípulos entre todas as nações é um chamado que precisa da presença de sacerdotes, religiosos e religiosas, os quais devem ser os pioneiros na evangelização. Além disso, nos preparamos para a 112ª Romaria da Arquidiocese a Aparecida, no dia 05 de maio próximo. Então, enquanto romeiros em busca da Terra Prometida, procuremos aprofundar a nossa intimidade com Cristo ressuscitado, a fim de sermos seus verdadeiros discípulos e missionários e atuar como sal e luz na cidade de São Paulo.
INTRODUÇÃO DO WEBMASTER: Na realidade da pessoa do Cristo se identificam as imagens do cordeiro-servo de Javé e do pastor-guia do povo em seu contínuo êxodo religioso. Na primeira imagem é expressa a proximidade conosco, pela qual o Filho de Deus quer assemelhar-se em tudo a seus irmãos, partilhar seu destino até à morte, derramando seu sangue inocente para nos resgatar. Na outra, é expresso o amor misericordioso de Deus que o Cristo nos deu a conhecer, vivo em sua pessoa, diversamente dos outros chefes religiosos e políticos do povo, que também se apresentavam como pastores em nome de Deus. O pastor supremo das nossas almas percorreu pessoalmente o itinerário que nos indica: a "grande tribulação" que tem como termo - dom gratuito de Deus - uma felicidade paradisíaca simbolizada nas "fontes das águas da vida".
Sintamos em nossos corações a alegria da Ressurreição e entoemos alegres cânticos ao Senhor!

IV DOMINGO DA PÁSCOA

Antífona da entrada: A terra está repleta do amor de Deus; por sua palavra foram feitos os céus, aleluia! (Sl 32,5s)
Comentário das Leituras: Jesus, Messias e Filho de Deus, é fonte perene de vida para todos aqueles que o seguem. Na origem da missão de Jesus, o Bom Pastor, está a ação do Pai que entregou as ovelhas a seus cuidados. Como pastor fiel, não se poupa em se tratando de defender o rebanho. Cristo ressuscitado é o Bom Pastor e o Cordeiro imolado que governa a terra e o céu. Ouçamos com atenção.
Primeira Leitura (Atos 13,14.43-52)
Leitura dos Atos dos Apóstolos. 
13 14 Mas eles, deixando Perge, foram para Antioquia da Pisídia. Ali entraram em dia de sábado na sinagoga, e sentaram-se.
43 Depois que a assembléia terminou, muitos judeus e prosélitos devotos seguiram Paulo e Barnabé, os quais com muitas palavras os exortavam a perseverar na graça de Deus.
44 No sábado seguinte, afluiu quase toda a cidade para ouvir a palavra de Deus.
45 Os judeus, vendo a multidão, encheram-se de inveja e puseram-se a protestar com injúrias contra o que Paulo falava.
46 Então Paulo e Barnabé disseram-lhes resolutamente: “Era a vós que em primeiro lugar se devia anunciar a palavra de Deus. Mas, porque a rejeitais e vos julgais indignos da vida eterna, eis que nos voltamos para os pagãos.
47 Porque o Senhor assim no-lo mandou: ‘Eu te estabeleci para seres luz das nações, e levares a salvação até os confins da terra’”.
48 Estas palavras encheram de alegria os pagãos que glorificavam a palavra do Senhor. Todos os que estavam predispostos para a vida eterna fizeram ato de fé.
49 Divulgava-se, assim, a palavra do Senhor por toda a região.
50 Mas os judeus instigaram certas mulheres religiosas da aristocracia e os principais da cidade, que excitaram uma perseguição contra Paulo e Barnabé e os expulsaram do seu território.
51 Estes sacudiram contra eles o pó dos seus pés, e foram a Icônio.
52 Os discípulos, por sua vez, estavam cheios de alegria e do Espírito Santo. 
Salmo responsorial 99/100
Sabei que o Senhor, só ele, é Deus,  nós somos seu povo e seu rebanho.

Aclamai o Senhor, ó terra inteira,
servi ao Senhor com alegria,
ide a ele cantando jubilosos!

Sabei que o Senhor, só ele, é Deus,
ele mesmo nos fez e somos seus,
nós somos seu povo e seu rebanho.

Sim, é bom o Senhor e nosso Deus,
sua bondade perdura para sempre,
seu amor é fiel eternamente!
Segunda Leitura (Apocalipse 7,9.14-17)
Leitura da primeira carta de são João. 
7 9 Depois disso, vi uma grande multidão que ninguém podia contar, de toda nação, tribo, povo e língua: conservavam-se em pé diante do trono e diante do Cordeiro, de vestes brancas e palmas na mão,
14 Respondi-lhe: “Meu Senhor, tu o sabes”. E ele me disse: “Esses são os sobreviventes da grande tribulação; lavaram as suas vestes e as alvejaram no sangue do Cordeiro.
15 Por isso, estão diante do trono de Deus e o servem, dia e noite, no seu templo. Aquele que está sentado no trono os abrigará em sua tenda. Já não terão fome, nem sede, nem o sol ou calor algum os abrasará,
16 porque o Cordeiro, que está no meio do trono, será o seu pastor e os levará às fontes das águas vivas; e Deus enxugará toda lágrima de seus olhos”. 
Aclamação do Evangelho
Aleluia, aleluia, aleluia.
Eu sou o bom pastor, conheço minhas ovelhas e elas me conhecem, assim fala o Senhor (Jo 10,14).

EVANGELHO (João 10,27-30)
27 Disse Jesus: “As minhas ovelhas ouvem a minha voz, eu as conheço e elas me seguem. 28 Eu lhes dou a vida eterna; elas jamais hão de perecer, e ninguém as roubará de minha mão.
29 Meu Pai, que mas deu, é maior do que todos; e ninguém as pode arrebatar da mão de meu Pai.
30 Eu e o Pai somos um”. 
TEXTOS BÍBLICOS PARA A SEMANA:
2ª Br - At 11,1-18; Sl 41(42), 2-3;42(43),3-4; Jo 10,1-10
3ª Br - At 11,19-26; Sl 86 (87); Jo 10,22-30
4ª Br - At 12,24-13,5a; Sl 66 (67); Jo 12,44-50
5ª Br - At 13,13-25; Sl 88 (89); Jo 13,16-20
6ª Br - At 13,26-33; Sl 2; Jo 14,1-6
Sb Br - Gn 1,26-2,3 ou Cl 3,14-15.17.23-24; Sl 89 (90); Mt 13,54-58
5º DOMINGO DA PÁSCOA. At 14,21b-27; Sl 144 (145),8-9. 10-11. 12-13ab (R/ cf. 1); Ap 21,1-5a; Jo 13, 31-33a.34-35 (Glorificação e amor)
COMENTÁRIOS DO EVANGELHO
1. NINGUÉM VAI ARRANCÁ-LAS DE MIM...
Vivemos em um tempo em que infelizmente somos muitas vezes dominados pelo medo e a insegurança porque vemos a ação do mal por todos os cantos.
Olhamos para nós mesmos e sentimos que embora nos esforcemos por viver bem, inúmeras vezes pecamos, por falta de amor, de fidelidade, de perseverança, de confiança em Deus, na própria igreja só olhamos a instituição, a igreja humana e às vezes o desânimo é tanto que não enxergamos a igreja divina, instituída por Jesus, e da qual participamos pelo nosso Batismo, apesar de sermos indignos. Sentimo-nos ameaçados a todo o momento e o medo de sucumbir no mal, é muito grande e diante do avanço das forças do mal, sentimo-nos impotentes.
Possivelmente era também esse o estado de espírito das comunidades de João no primeiro século da era cristã, por causa das intensas perseguições do império romano e dos próprios judeus ao cristianismo. O medo e a insegurança podem fazer–nos render diante do mal.
“Elas jamais hão de perecer e ninguém as roubará de minha mão. Meu pai que mas deu, é maior que todos; e ninguém as poderá arrebatar do meu pai. Eu e o pai somos um” - é uma afirmativa de Jesus no evangelho desse domingo, que refletido em profundidade irá nos tirar a todos desse marasmo, do comodismo e conformismo diante do mal.
A primeira idéia é de proteção, estamos nas mãos do Pai e do seu Filho Jesus e nada de mal irá nos ocorrer, podemos ficar tranqüilos e basta apenas que cumpramos nossas obrigações religiosas para com Deus e a igreja de Cristo. Esse pensamento é nefasto porque nos conduz a passividade e perdemos a capacidade de nos indignar diante de fatos ocasionados pelo mal. A outra idéia errada que podemos ter, é de que o nosso Deus é possessivo quando fala que ninguém nos arrancará de suas mãos.
Mas a mensagem é bem outra e aqui podemos nos lembrar das narrativas do livro dos reis, que enfoca a bravura e a coragem de Davi quando ainda pastor, que quando via o seu rebanho atacado pelo lobo, se atirava sobre ele e o estraçalhava com a força do seu braço e dos seus dentes. Talvez nos falte hoje essa bravura e esta coragem diante das forças do mal, temos medo do que vemos e assistimos no dia a dia, não queremos nos envolver ou nos comprometer com algum posicionamento mais radical contra a maldade presente no coração de muitos que matam, roubam, enganam, manipulam.
Temos medo de testemunhar o evangelho e sermos taxados de antiquados, retrógrados, preferimos muitas vezes nos deixar levar pela onda, “é melhor não falar, é melhor não dar a minha opinião, alguém pode não gostar”. Agimos assim no trabalho, na política, no ensino, na comunidade e na família. Preferimos ficar rezando para que Deus toque no coração dos que estão dominados pelo mal, fazemos a nossa parte rezando.
O evangelho de hoje é um incentivo e um grito de esperança e de ânimo para quem quiser ir à luta, combatendo abertamente o mal, não as pessoas, presente em todos os lugares. Cristo Jesus nosso único pastor nos deu a vida eterna, nos libertou e nos redimiu com seu sangue, fomos assim resgatados das forças do mal, pertencemos a Deus e o Pai nos confiou a seu Filho Jesus, “ninguém conseguirá nos arrebatar de suas mãos poderosas” , Jesus e o Pai são um, e com ele nós somos a Igreja, com a missão de evangelizar, de anunciar a verdade, a justiça e a paz, o Shalom que evoca a presença de Jesus em nosso meio. Não há o que temer! Mas é preciso ser discípulo, seguidor de Jesus, não tremer, não vacilar e nem recuar diante do mal.
É preciso conhecer a sua voz, sua palavra de ordem do evangelho, diante de tantas falsas palavras que nos iludem, oferecendo-nos um mundo novo que não passa de uma fantasia. Só Jesus é o nosso pastor e mais ninguém.
Ele é a nossa rocha, nossa fortaleza e segurança, o mal presente em nós, o pecado dos nossos irmãos, o mal presente na sociedade de tanta morte e violência, não conseguirá nos arrancar de suas mãos. Basta crer e se comprometer com o seu reino. E assim podermos rezar na firmeza do salmo 99 “sabei que o Senhor, só ele é Deus, nós somos seu povo e seu rebanho”.
2. O pastor dá a vida por suas ovelhas
As palavras de Jesus eram, ao mesmo tempo, sedutoras e desconcertantes, e causavam divisão entre os judeus: para alguns Jesus era um endemoninhado e louco, outros tinham dúvida (cf. Jo 10,19-21).
O texto do evangelho deste domingo nos oferece a possibilidade de composição de lugar: era inverno por ocasião da festa da Dedicação do Templo (1Mc 4,52-59); Jesus está no Templo, caminhava no Pórtico de Salomão (vv. 22-23). Os judeus querem uma resposta clara, sem rodeios, à seguinte pergunta: “Até quando nos manterás em suspense? Se és o Messias, dize-o claramente!” (v. 24). No entanto, nenhuma resposta seria convincente (ver: Lc 22,68).
Lembremo-nos de que para os judeus a afirmação da messianidade deveria vir acompanhada de gestos espetaculares: “Que sinal realizas para que creiamos em ti?” (Jo 6,30). Em nenhum dos evangelhos Jesus diz claramente ser o Messias. Como sói acontecer, Jesus não irá responder com a clareza pretendida por eles. Ao invés de responder diretamente à questão, Jesus passa a falar de suas ovelhas (vv. 27-30).
Lembremo-nos de que, em todo o Antigo Testamento, o povo de Israel é comparado a um rebanho, e Deus a um pastor (ver: Sl 23[22]). As ovelhas que escutam a voz é que conhecem o Pastor. A afirmação de Jesus referida às suas ovelhas, “eu lhes dou a vida eterna” (v. 28), estarrece os judeus, pois quem pode dar a vida eterna, a não ser Deus? Mas é em Jesus que Deus nos faz viver plenamente. As ovelhas são confiadas a Jesus pelo Pai (v. 29). É nas mãos do Filho e do Pai que as ovelhas estão. Nas mãos de Deus as ovelhas estão em segurança. Nas mãos fortes do Filho as ovelhas jamais se perderão.
O autor do Deuteronômio diz: “Todos os santos estão em tua mão” (Dt 33,3). Jesus afirma uma unidade profunda entre ele e o Pai: “Eu e o Pai somos um” (v. 30). Para quem todo dia recitava o Shemá Israel, a afirmação de Jesus soava a blasfêmia e escândalo.
ORAÇÃO
Espírito de proteção, nunca me falte teu amparo, especialmente nos momentos em que os adversários tentam afastar-me do Mestre Jesus.
3. AS OVELHAS PROTEGIDAS
O relacionamento de Jesus com seus discípulos articulava-se na base do diálogo, do conhecimento e da proteção. O imenso amor do Mestre era o pano de fundo deste relacionamento.
O ministério de Jesus consistiu em orientar seus discípulos sobre o Reino do Deus e suas exigências; falar-lhes do Pai, revelando seu perdão e sua misericórdia; ensinar-lhes o mandamento do amor mútuo. 
É próprio do discípulo escutar as palavras do Mestre, ou seja, aderir a elas, transformando-as em projeto de vida.
Os evangelhos referem-se à capacidade que Jesus tinha de conhecer o íntimo das pessoas. Ele sabia o que se passava no coração de seus interlocutores, mormente, do seu grupinho de seguidores. Não lhe passava despercebido a personalidade de cada um, com suas limitações e suas possibilidades. Tinha consciência de como suas palavras eram recebidas, às vezes, de maneira deturpada. Mantinha-se, contudo, otimista quanto à possibilidade de vê-los crescer, apesar dos altos e baixos. O seguimento, portanto, acontecia, sem ilusão por parte de Jesus.
O pequeno grupo de discípulos era uma espécie de sementinha, plantada com muita esperança. Era preciso ampará-los, e não deixá-los perecer diante das investidas do adversário. Eles constituíam o presente do Pai para Jesus. Por isso, o Mestre assim os tratava, consciente de ter recebido do Pai uma tarefa que devia ser cumprida com total dedicação.

Oração
Espírito de proteção, nunca me falte teu amparo, especialmente nos momentos em que os adversários tentam afastar-me do Mestre Jesus.


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