domingo, 3 de março de 2013

Liturgia da 03ª semana da Quaresma

Liturgia da Segunda Feira — 04.03.2013
III SEMANA DA QUARESMA *
(ROXO – OFÍCIO DO DIA)
Antífona da entrada: Minha alma anseia, até desfalecer, pelos átrios do Senhor; meu coração e minha carne exultam pelo Deus vivo! (Sl 83,3)
Leitura (2 Reis 5,1-15)
Leitura do segundo livro dos Reis.
5 1 Naamã, general do exército do rei da Síria, gozava de grande prestígio diante de seu amo, e era muito considerado, porque, por meio dele, o Senhor salvou a Síria; era um homem valente, mas leproso. 
2 Ora, tendo os sírios feito uma incursão no território de Israel, levaram consigo uma jovem, a qual ficou a serviço da mulher de Naamã. 
3 Ela disse à sua senhora: "Ah, se meu amo fosse ter com o profeta que reside em Samaria, ele o curaria da lepra!" 
4 Ouvindo isso, Naamã foi e contou ao seu soberano o que dissera a jovem israelita. 
5 O rei da Síria respondeu-lhe: "Vai, que eu enviarei uma carta ao rei de Israel". Naamã partiu com dez talentos de prata, seis mil siclos de ouro e dez vestes de festa. 
6 Levou ao rei de Israel uma carta concebida nestes termos: "Ao receberes esta carta, saberás que te mando Naamã, meu servo, para que o cures da lepra". 
7 Tendo lido a missiva, o rei de Israel rasgou as vestes e exclamou: "Sou eu porventura um deus, que possa dar a morte ou a vida, para que esse me mande dizer que cure um homem da lepra? Vede bem que ele anda buscando pretextos contra mim". 
8 Quando Eliseu, o homem de Deus, soube que o rei tinha rasgado as vestes, mandou-lhe dizer: "Por que rasgaste as tuas vestes? Que ele venha a mim, e saberá que há um profeta em Israel". 
9 Naamã veio com seu carro e seus cavalos e parou à porta de Eliseu. 
10 Este mandou-lhe dizer por um mensageiro: "Vai, lava-te sete vezes no Jordão e tua carne ficará limpa". 
11 Naamã se foi, despeitado, dizendo: "Eu pensava que ele viria em pessoa, e, diante de mim, invocaria o Senhor, seu Deus, poria a mão no lugar infetado e me curaria da lepra. 
12 Porventura os rios de Damasco, o Abana e o Farfar, não são melhores que todas as águas de Israel? Não me poderia eu lavar neles e ficar limpo?" E, voltando-se, retirou-se encolerizado. 
13 Mas seus servos, aproximando-se dele, disseram-lhe: "Meu pai, mesmo que o profeta te tivesse ordenado algo difícil, não o deverias fazer? Quanto mais agora que ele te disse: 'Lava-te e serás curado'". 
14 Naamã desceu ao Jordão e banhou-se ali sete vezes, como lhe ordenara o homem de Deus, e sua carne tornou-se tenra como a de uma criança. 
15 Voltando então para o homem de Deus, com toda a sua comitiva, entrou, apresentou-se diante dele e disse: "Reconheço que não há outro Deus em toda a terra, senão o de Israel. Aceita este presente do teu servo". 
Salmo responsorial 41/42
Minha alma tem sede de Deus, do Deus vivo:
e quando verei a face de Deus?
Assim como a corça suspira pelas águas correntes,
suspira igualmente minha alma
por vós, ó meu Deus!
A minha alma tem sede de Deus
e deseja o Deus vivo.
Quando terei a alegria de ver
a face de Deus?
Enviai vossa luz, vossa verdade:
elas serão o meu guia;
que me levem ao vosso monte santo,
até a vossa morada!
Então irei aos altares do Senhor,
Deus da minha alegria.
Vosso louvor cantarei ao som da harpa,
meu Senhor e meu Deus!
Aclamação do Evangelho
Jesus Cristo, sois bendito, sois o ungido de Deus Pai!
No Senhor ponho a minha esperança, espero em sua palavra. Pois no Senhor se encontra toda graça e copiosa redenção (Sl 129,5.7).

Evangelho (Lucas 4,24-30)
Vindo a Nazaré, disse Jesus: 4 24 "Em verdade vos digo: nenhum profeta é bem aceito na sua pátria. 
25 Em verdade vos digo: muitas viúvas havia em Israel, no tempo de Elias, quando se fechou o céu por três anos e meio e houve grande fome por toda a terra; 
26 mas a nenhuma delas foi mandado Elias, senão a uma viúva em Sarepta, na Sidônia. 
27 Igualmente havia muitos leprosos em Israel, no tempo do profeta Eliseu; mas nenhum deles foi limpo, senão o sírio Naamã". 
28 A estas palavras, encheram-se todos de cólera na sinagoga. 
29 Levantaram-se e lançaram-no fora da cidade; e conduziram-no até o alto do monte sobre o qual estava construída a sua cidade, e queriam precipitá-lo dali abaixo. 
30 Ele, porém, passou por entre eles e retirou-se. 
COMENTÁRIOS DO EVANGELHO
1. Contrato de Exclusividade
Na Sinagoga de Nazaré, onde o evangelista Lucas faz questão de colocar Jesus no início da sua missão, o conflito com as lideranças da comunidade, acabou acontecendo porque perceberam que o Humilde Nazareno justificava a fama sobre a qual tinham ouvido falar.
Sua pregação era tocante e causava admiração nos ouvintes e além do mais, realizava prodígios, evidenciando ser mesmo um grande profeta como aqueles que o povo guardava na lembrança e no coração, por seus ditos e feitos.
Jesus percebe o que a comunidade e os seus conterrâneos querem dele: um contrato de exclusividade e ampliando a reflexão, era o que o povo Judeu também queria um Messias Libertador e Salvador, da sua raça e da sua gente.
A  Ação divina presente em Elias e Eliseu, dois profetas de renome, a favor de pessoas que não faziam parte do Povo Eleito, é lembrada por Jesus ao falar com a sua gente, enfatizando aí o caráter universal da Salvação.
A  Salvação Divina está disponível para toda humanidade, e não apenas a este ou aquele grupo, a esta ou aquela Igreja, o critério para te-la implica em uma abertura total ao Dom Salvívico que Deus oferece, a exclusividade não está em quem a recebe, mas sim naquele que a oferece: Jesus o Filho de Deus e nenhum outro! Aceitá-lo é abrir-se á Salvação, rejeitá-lo significa rejeitá-la.
A sua gente da pequena Nazaré não queria entender e aceitar essa Verdade de que Jesus é o portador da Salvação por Excelência, e quando suas palavras firmes de Profeta,  denuncia o particularismo religioso, eles se enfureceram e tentaram-no matar.
A pertença á Igreja Católica, através do Batismo, não nos dá exclusividade na Salvação pois, senão nos abrirmos á Graça Divina, diante dos “Sinais Sacramentais” que o Senhor realiza em nossa Igreja, vamos ficar na ilusão como os conterrâneos de Jesus, achando que “quem não ler na nossa cartilha, está fora da Salvação”
2. Incredulidade dos concidadãos de Jesus
Nosso texto é parte do discurso programático de Jesus, na sinagoga de Nazaré (Lc 4,16-30). O versículo precedente (v. 23), no qual é dito, em forma proverbial, a incredulidade dos concidadãos de Jesus, é o que permite a citação dos fatos do Antigo Testamento.
A evocação dos fatos tirados do ciclo de Elias e Eliseu estabelece um paralelo entre Israel e Nazaré. Nazaré passa a ser o protótipo da rejeição de Jesus por Israel. Jesus é um profeta não somente porque ele se sabe enviado, mas porque é rejeitado. Eis o critério que permite verificar a autenticidade de sua vocação: "... nenhum profeta é aceito na sua própria terra" (v. 24).
O profeta é consciente das dificuldades na realização da missão, por isso é chamado a viver na confiança: "Farão guerra contra ti, mas não te vencerão, porque estou contigo para te defender, oráculo do Senhor" (Jr 1,19).
Não há nada nem ninguém que possa impedir o Senhor de continuar o seu caminho de realização da vontade do Pai: ". passando pelo meio deles, continuou o seu caminho" (v. 30).
ORAÇÃO
Pai, que eu saiba acolher Jesus e reconhecê-lo como de Filho de Deus, de modo a tornar-me beneficiário de seu ministério messiânico.
3. A DUREZA DE CORAÇÃO
A reação dos habitantes de Nazaré, diante da pregação de Jesus, foi de aberta rejeição. Foi tal o desprezo pelas palavras do Mestre, que eles decidiram eliminá-lo lançando-o de um precipício.
É possível imaginar a decepção de Jesus, diante da rejeição de seus conterrâneos. Ele tentou compreender a situação, rememorando as experiências de profetas do passado que, rejeitados por seu povo, foram bem acolhidos pelos estrangeiros. Assim aconteceu com Elias: num tempo de seca e fome, beneficiou uma mulher estrangeira, da terra dos sidônios. O mesmo sucedeu com Eliseu: curou da lepra um general sírio, ao passo que, em Israel, essa doença vitimava muitas pessoas.
A conclusão de Jesus foi clara: já que o povo de sua cidade insistia em não lhe dar atenção, ele sentiu-se obrigado a ir em busca de quem estivesse disposto a acolhê-lo. Aos duros de coração, no entanto, só restava o castigo.
Longe de nós seguirmos o exemplo do povo de Nazaré. Jesus quer encontrar, em nós, abertura para acolhê-lo e disponibilidade para converter-nos. Ninguém é obrigado a aceitar este convite. Entretanto, fechar-se para Jesus significa recusar a proposta de salvação que ele, em nome do Pai, veio nos trazer.
Oração
Espírito de docilidade, abre meu coração para aceitar o convite à conversão, que Jesus me dirige, em nome do Pai.
Liturgia da Terça-Feira
III SEMANA DA QUARESMA
(ROXO – OFÍCIO DO DIA)
Antífona da entrada: Eu vos chamo, meu Deus, porque me atendeis; inclinai vosso ouvido e escutai-me. Guardai-me como a pupila dos olhos, à sombra das vossas asas abrigai-me (Sl 16,6.8).
Leitura (Daniel 3,25.34-43)
Leitura da profecia de Daniel.
3 25 Azarias, em pé bem no meio do fogo, fez a seguinte oração: 
34 "Pelo amor de vosso nome, não nos abandoneis para sempre; não destruais de modo algum vossa aliança. 
35 Não nos retireis vossa misericórdia em consideração a Abraão, vosso amigo, Isaac, vosso servo, Israel, vosso santo, 
36 aos quais prometestes multiplicar sua descendência como as estrelas do céu e a areia que se encontra à beira do mar. 
37 Senhor, fomos reduzidos a nada diante das nações, fomos humilhados diante de toda a terra: tudo, devido a nossos pecados! 
38 Hoje, já não há príncipe, nem profeta, nem chefe, nem holocausto, nem sacrifício, nem oblação, nem incenso, nem mesmo um lugar para vos oferecer nossas primícias e encontrar misericórdia. 
39 Entretanto, que a contrição de nosso coração e a humilhação de nosso espírito nos permita achar bom acolhimento junto a vós, Senhor, 
40 como (se nós nos apresentássemos) com um holocausto de carneiros, de touros e milhares de gordos cordeiros! Que assim possa ser hoje o nosso sacrifício em vossa presença! Que possa (reconciliar-nos) convosco, porque nenhuma confusão existe para aqueles que põem em vós sua confiança. 
41 É de todo nosso coração que nós vos seguimos agora, que nós vos reverenciamos, que buscamos vossa face. 
42 Não nos confundais; tratai-nos com vossa habitual doçura e com todas as riquezas de vossa misericórdia. 
43 Ponde em execução vossos prodígios para nos salvar, Senhor, e cobri vosso nome de glória". 
Salmo responsorial 24/25
Recordai, Senhor, a vossa compaixão!
Mostrai-me, ó Senhor, vossos caminhos 
e fazei-me conhecer a vossa estrada!
Vossa verdade me oriente e me conduza, 
porque sois o Deus da minha salvação.
Recordai, Senhor meu Deus, vossa ternura
e a vossa compaixão, que são eternas!
De mim lembrai-vos, porque sois misericórdia
e sois bondade sem limites, ó Senhor!
O Senhor é piedade e retidão
e reconduz ao bom caminho os pecadores.
Ele dirige os humildes na justiça
e aos pobres ele ensina o seu caminho.
Aclamação do Evangelho
Jesus Cristo, sois bendito, sois o ungido de Deus Pai!
Voltai ao Senhor, vosso Deus, ele é bom, compassivo e clemente (Jl 2,12s).

EVANGELHO (Mateus 18,21-35)
18 21 Então Pedro se aproximou dele e disse: "Senhor, quantas vezes devo perdoar a meu irmão, quando ele pecar contra mim? Até sete vezes?" 
22 Respondeu Jesus: "Não te digo até sete vezes, mas até setenta vezes sete. 
23 Por isso, o Reino dos céus é comparado a um rei que quis ajustar contas com seus servos. 
24 Quando começou a ajustá-las, trouxeram-lhe um que lhe devia dez mil talentos. 
25 Como ele não tinha com que pagar, seu senhor ordenou que fosse vendido, ele, sua mulher, seus filhos e todos os seus bens para pagar a dívida. 
26 Este servo, então, prostrou-se por terra diante dele e suplicava-lhe: 'Dá-me um prazo, e eu te pagarei tudo!' 
27 Cheio de compaixão, o senhor o deixou ir embora e perdoou-lhe a dívida. 
28 Apenas saiu dali, encontrou um de seus companheiros de serviço que lhe devia cem denários. Agarrou-o na garganta e quase o estrangulou, dizendo: 'Paga o que me deves!' 
29 O outro caiu-lhe aos pés e pediu-lhe: 'Dá-me um prazo e eu te pagarei!' 
30 Mas, sem nada querer ouvir, este homem o fez lançar na prisão, até que tivesse pago sua dívida. 
31 Vendo isto, os outros servos, profundamente tristes, vieram contar a seu senhor o que se tinha passado. 
32 Então o senhor o chamou e lhe disse: 'Servo mau, eu te perdoei toda a dívida porque me suplicaste. 
33 Não devias também tu compadecer-te de teu companheiro de serviço, como eu tive piedade de ti?' 
34 E o senhor, encolerizado, entregou-o aos algozes, até que pagasse toda a sua dívida. 
35 Assim vos tratará meu Pai celeste, se cada um de vós não perdoar a seu irmão, de todo seu coração". 
COMENTÁRIOS DO EVANGELHO
1. A Paciência não têm limites
O pronome possessivo “meu irmão”, presente na pergunta que Pedro dirige ao Mestre  explicita que se trata das relações entre os irmãos e irmãs da comunidade. O ensinamento está portanto na vida em comunidade e não fora, a meu ver algo bem mais difícil, pois a pessoa a quem devemos perdoar não é um estranho que nos ofendeu em uma ocasião, e que depois dificilmente iremos nos encontrar com ele. Certa vez um sujeito que eu não conhecia, me derrubou da bicicleta ao empurrar-me quando eu passei pedalando perto dele. Vim embora com os cotovelos ralados e foi fácil perdoá-lo, nunca mais o vi em minha vida.
O perdão a que se refere o evangelho é para aquela pessoa que se vê todo dia e que se convive na comunidade, na pastoral, na catequese, no ministério ou no movimento. E por que é muito mais difícil de perdoá-lo ? Porque cada vez que o vemos ao nosso lado ou á nossa frente, vamos lembrar sua falta pois o nosso subconsciente armazena muito bem os detalhes da ofensa recebida. Por isso, quando dizemos “Nem me lembro mais do mal que ele, ou ela, me fez”, estamos sendo no mínimo hipócritas.
Pedro exagerou ao colocar sete, como a quantia de vezes a ser perdoada, pois, com as pessoas mais próximas do relacionamento, como esposa ou parentes, perdoar três vezes estava de muito bom tamanho para os Judeus. Jesus não se deixa levar por números dessa matemática mesquinha e miserável na relação com os irmãos e irmãs de comunidade, mas procura mostrar, através da parábola, como Deus se relaciona com o Homem nessa questão.
Nas nossas comunidades há muitos relacionamentos que têm como parâmetro essa matemática de Pedro, quantas pessoas que desistem de viver em comunidade, porque chegou no limite da sua capacidade de amar e perdoar, passou de sete vezes e preferiu cair fora porque o padre, o diácono, o ministro ou seja lá quem for, é intragável e insuportável. Essas pessoas migram para outras Paróquias ou até Igrejas, na ilusão de que vão encontrar uma comunidade perfeita, com pessoas angelicais, de relações sempre harmoniosas. Na vida conjugal e familiar, que é também a pequena comunidade, casais de relações sólidas e testemunhos estupendos na vida cristã, de repente se separam, porque um deles passou dos limites, estourando a quota estabelecida, e o outro não aguentou.
O amor de Deus, sua misericórdia e paciência para com todos nós, é eterno, infinito e sem limites. O atestado de que somos todos Filhos e filhas de Deus, não está em algum carisma prodigioso ou em coisas fantásticas que somos capazes de fazer, mas sim em amar sinceramente as pessoas com quem convivemos na Igreja e na Família, aceitando-as do jeito que elas são, com suas fraquezas e defeitos, pois... É exatamente assim que DEUS NOS AMA!
2. Perdoar à medida da compaixão de Deus
Como parte do "discurso eclesiológico" (Mt 18), o texto de hoje apresenta o tema dominante de todo o discurso: o perdão. Não se trata de quantificar o perdão, mas de imitar a compaixão de Deus que perdoa toda dívida . A experiência, consciência e reconhecimento de ter sido perdoado por Deus, tem para o membro da comunidade uma implicação prática: perdoar.
Nesse sentido os versículos 32b-33 resumem o ensinamento da parábola: ". eu te perdoei toda a tua dívida, porque me suplicaste. Não devias tu também ter compaixão do teu companheiro, como eu tive compaixão de ti?".
ORAÇÃO
Pai, é meu desejo imitar teu modo de agir, no tocante ao perdão. Faze-me ser pródigo e misericordioso em relação ao próximo que precisa do meu perdão.
3. ATÉ QUANDO PERDOAR?
Conviver é uma arte. Não basta boa vontade e paciência para que o relacionamento interpessoal seja perfeito. Embora com todas as precauções, é grande a possibilidade de desentendimento entre pessoas amigas, e até mesmo entre cristãos convictos.
Entretanto, a questão não reside na ruptura, e sim, na disposição a refazer os laços de amizade rompidos. Ninguém pode garantir que uma única reconciliação seja suficiente para cimentá-los, para sempre. É possível que outras rupturas aconteçam, pelo mesmo motivo. A tendência humana é impor limites bem definidos a esta situação. "A paciência tem limite" - assim justificamos a ruptura definitiva.
O discípulo de Jesus defronta-se com a lição de perdoar, toda vez que for ofendido. É exortado a fazer frente a uma tendência humana muito forte, a de não perdoar. O motivo apresentado pelo Mestre é inquestionável: é assim que somos perdoados pelo Pai. Quem se julga tão fiel a Deus a ponto de estar seguro de jamais correr o risco de pecar? Só um insensato poderá ter tal pretensão.
Todos somos pecadores e precisamos do perdão de Deus. Da mesma forma, quando alguém precisar do nosso perdão, por respeito a Deus somos obrigados a concedê-lo. Trata-se de dar o que também recebemos.
Oração 
Espírito de perdão, liberta-me da tendência a colocar limites ao perdão. Pelo contrário, que eu esteja sempre pronto a perdoar a quem me ofendeu.
Liturgia da Quarta-Feira
III SEMANA DA QUARESMA
(ROXO – OFÍCIO DO DIA)
Antífona da entrada: Orientai meus passos, Senhor, segundo a vossa palavra, e que o mal não domine sobre mim! (Sl 118,133)
Leitura (Deuteronômio 4,1.5-9)
Leitura do livro do Deuteronômio.
4 1 "E agora, ó Israel, ouve as leis e os preceitos que hoje vou ensinar-vos. Ponde-os em prática para que vivais e entreis na posse da terra que o Senhor, Deus de vossos pais, vos dá. 
5 Vede: ensinei-vos leis e ordenações, conforme o Senhor, meu Deus, me ordenou, a fim de as praticardes na terra que ides possuir. 
6 Observai-as, praticai-as, porque isto vos tornará sábios e inteligentes aos olhos dos povos, que, ouvindo todas essas prescrições, dirão: 'eis uma grande nação, um povo sábio e inteligente'. 
7 Haverá, com efeito, nação tão grande, cujos deuses estejam tão próximos de si como está de nós o Senhor, nosso Deus, cada vez que o invocamos? 
8 Qual é a grande nação que tem mandamentos e preceitos tão justos como esta lei que vos apresento hoje? 
9 Guarda-te, pois, a ti mesmo: cuida de nunca esquecer o que viste com os teus olhos, e toma cuidado para que isso não saia jamais de teu coração, enquanto viveres; e ensina-o aos teus filhos, e aos filhos de teus filhos". 
Salmo responsorial 147/147B
Glorifica o Senhor, Jerusalém!
Glorifica o Senhor, Jerusalém!
Ó Sião, canta louvores ao teu Deus!
Pois reforçou com segurança as atuas portas
e os teus filhos em teu seio abençoou.
Ele envia suas ordens para a terra,
e a palavra que ele diz corre veloz.
Ele faz cair a neve como lã
e espalha a geada como cinza.
Anuncia a Jacó sua palavra,
seus preceitos e suas leis a Israel.
Nenhum povo recebeu tanto carinho,
a nenhum outro revelou os seus preceitos.
Aclamação do Evangelho
Glória a Cristo, palavra eterna do Pai, que é amor!
Senhor, tuas palavras são espírito, são vida; só tu tens palavras de vida eterna! (Jo 6,63.68)

Evangelho (Mateus 5,17-19)
5 17 Disse Jesus aos seus discípulos: "Não julgueis que vim abolir a lei ou os profetas. Não vim para os abolir, mas sim para levá-los à perfeição. 
18 Pois em verdade vos digo: passará o céu e a terra, antes que desapareça um jota, um traço da lei. 
19 Aquele que violar um destes mandamentos, por menor que seja, e ensinar assim aos homens, será declarado o menor no Reino dos céus. Mas aquele que os guardar e os ensinar será declarado grande no Reino dos céus". 
COMENTÁRIOS DO EVANGELHO
1. Conhecer o Caminho
Quando estamos viajando para um lugar que não conhecemos, ao avistarmos na estrada alguma placa indicativa da cidade onde queremos chegar, a gente se alegra e pensa “Estou na direção certa”. Claro que hoje em dia com o GPS a viagem ficou bem mais fácil, mas eu que gosto de uma aventura, não costumo fazer uso desse instrumento.
Imaginem eu parar na placa e ficar ali curtindo o fato de estar certo, seria uma grande idiotice, às vezes a placa indica que aquele é o caminho, mas a cidade ainda está super longe. Os rigorosos Fariseus ficaram parados na Placa Indicativa do Antigo Testamento, na Lei de Moisés e dos Profetas. Não queriam compreender que a Lei e as Profecias acenavam apenas a direção a seguir, para algo mais valioso que estava á frente.
Jesus nunca mandou arrancar as placas indicativas do Antigo Testamento, muito presentes na História e na Vida do Povo de Israel, ao contrário sempre as valorizou, mas queria apenas mostrar, que aquilo que a Lei e os Profetas indicavam, já havia chegado no meio deles. Violar mandamentos é arrancar as placas indicativas, levando a perdição os que vêm mais atrás, é menosprezar as orientações que Deus havia dado no Decálogo.
Quem valorizar as normas e doutrinas da Igreja, as Santas Leis de Deus, sempre vendo-as como Placas que indicam o caminho a seguir, para quem quiser se encontrar com Deus manifestado e presente em Jesus de Nazaré, será engrandecido no Reino de Deus, porque ajudou o outro a encontrar a direção certa.
Uma constatação: quando voltamos da viagem, ninguém mais perde tempo olhando as placas, porque já conhece o caminho e já se chegou aonde queria. Por esta razão o apóstolo Paulo diz “Quem ama, já cumpre toda Lei”.
2. "A Lei e os Profetas"
Como parte do primeiro grande discurso do evangelho segundo Mateus, o sermão da montanha (5-7), o texto começa eliminando um equívoco: "Não penseis que eu vim abolir a Lei e os Profetas" (v. 7a). A expressão "a Lei e os Profetas" não é um registro puramente jurídico, mas um modo de designar a Escritura na sua totalidade. Não há tensão entre os dois termos: a Lei é necessária para atestar e confirmar a veracidade da palavra profética; a profecia é indispensável para interpretar a Lei.
Toda a Escritura é inspirada por Deus (cf. 1Tm 3,16) e, enquanto tal, não pode ser abolida. Jesus veio para dar pleno cumprimento à Escritura (cf. v. 17b). A Lei é dada por Deus para preservar o dom da vida e da liberdade. Jesus leva a Lei e os Profetas à plenitude na medida em que ele é a realização da promessa e, enquanto tal, faz com que a Lei e os Profetas dependam do mandamento do amor a Deus e ao próximo (cf. Mt 22,40).
Com isso, Jesus oferece uma chave hermenêutica à qual todas as prescrições devem se ajustar. A Lei de Moisés continua válida, mas precisa ser interpretada à luz da revelação de Jesus Cristo (cf. 5,17; 7,12; 22,40).
ORAÇÃO
Pai, livra-me do perigo de reduzir minha obediência aos teus mandamentos à execução mecânica de gestos exteriores. Revela-me, cada vez mais profundamente, a tua vontade.
3. O MANDAMENTO INVIOLÁVEL
A severidade com que Jesus tratou a questão da violação dos mandamentos – "mesmo dos menores" – deve ser entendida no contexto de sua pregação e de seu próprio testemunho de vida. Estaria equivocado quem tentasse entendê-la com a mentalidade dos fariseus legalistas da época. O apego deles aos mandamentos estava longe da prática de Jesus. Os fariseus apegavam-se à letra da Lei, o Messias Jesus, no entanto, ia além, buscando viver o espírito escondido nas entrelinhas dessa mesma Lei.
Jesus estava pouco interessado em minúcias, em questões irrelevantes com as quais os fariseus se debatiam. Sua preocupação centrava-se na prática do amor misericordioso, de modo especial em relação aos pobres e marginalizados; na busca constante de fidelidade ao Pai, cuja vontade era um imperativo inquestionável; na relativização das prescrições religiosas, quando estava em jogo a defesa da vida; na liberdade profética diante de tudo quanto se apresentava como empecilho para a realização do Reino. Portanto, seu horizonte era mais vasto e mais radical que o de seus adversários.
Esta é a dinâmica na qual a vida do discípulo deve se inserir, tornando-se para ele como que um mandamento inviolável. E por acreditar que este é o caminho correto de acesso a Deus, o discípulo tanto o pratica como o ensina. O legalismo farisaico é, pois, substituído pela fidelidade incondicional ao Pai.
Oração 
Pai, revela-me, cada dia, a tua vontade, transformando-a em mandamento ao qual toda a minha vida se submeta.
Liturgia da Quinta-Feira
III SEMANA DA QUARESMA *
(ROXO – OFÍCIO DO DIA)
Antífona da entrada: Eu sou a salvação do povo, diz o Senhor: quando, em qualquer aflição, clamarem por mim, eu os ouvirei e serei seu Deus para sempre.
Leitura (Jeremias 7,23-28)
Leitura do livro do profeta Jeremias.
7 23 "Foi esta a única ordem que lhes dei: escutai minha voz, serei vosso Deus e vós sereis o meu povo; segui sempre a senda que vos indicar, a fim de que sejais felizes. 
24 Eles, porém, não escutaram, nem prestaram ouvidos, seguindo os maus conselhos de seus corações empedernidos; voltaram-me as costas em lugar de me apresentarem seus rostos. 
25 Desde o dia em que vossos pais deixaram o Egito até agora, enviei-vos todos os meus servos, os profetas. Todos os dias sem cessar os mandei. 
26 Eles, porém, não os escutaram, nem lhes deram atenção; endureceram a cerviz e procederam pior que os pais. 
27 Quando tudo isso lhes transmitires, também a ti não escutarão. Chamá-los-ás e não obterás resposta. 
28 Dir-lhes-ás então: 'Esta é a nação que não escuta a voz do Senhor, seu Deus, e não aceita suas advertências. A lealdade desapareceu, tendo sido banida de sua boca'". 
Salmo responsorial 94/95
Oxalá ouvísseis hoje a voz do Senhor: 
não fecheis os vossos corações.
Vinda, exultemos de alegria no Senhor,
aclamemos o rochedo que nos salva!
Ao seu encontro caminhemos com louvores 
e, com cantos de alegria, o celebremos!
Vinde, adoremos e prostremo-nos por terra,
e ajoelhemos ante o Deus que nos criou!
Porque ele é o nosso Deus, nosso pastor,
e nós somos o seu povo e seu rebanho,
as ovelhas que conduz com sua mão.
Oxalá ouvísseis hoje a sua voz:
"Não fecheis os corações como em Meriba,
como em Massa, no deserto, aquele dia,
em que outrora vossos pais me provocaram,
apesar de terem visto as minhas obras".
Aclamação do Evangelho
Jesus Cristo, sois bendito, sois o ungido de Deus Pai!
Voltai ao Senhor, vosso Deus, ele é bom, compassivo e clemente (Jl 2,12s).

EVANGELHO (Lucas 11,14-23)
Naquele tempo, 11 14 Jesus expelia um demônio que era mudo. Tendo o demônio saído, o mudo pôs-se a falar e a multidão ficou admirada. 
15 Mas alguns deles disseram: "Ele expele os demônios por Beelzebul, príncipe dos demônios". 
16 E para pô-lo à prova, outros lhe pediam um sinal do céu. 
17 Penetrando nos seus pensamentos, disse-lhes Jesus: "Todo o reino dividido contra si mesmo será destruído e seus edifícios cairão uns sobre os outros. 
18 Se, pois, Satanás está dividido contra si mesmo, como subsistirá o seu reino? Pois dizeis que expulso os demônios por Beelzebul. 
19 Ora, se é por Beelzebul que expulso os demônios, por quem o expulsam vossos filhos? Por isso, eles mesmos serão os vossos juízes! 
20 Mas se expulso os demônios pelo dedo de Deus, certamente é chegado a vós o Reino de Deus. 
21 Quando um homem forte guarda armado a sua casa, estão em segurança os bens que possui. 
22 Mas se sobrevier outro mais forte do que ele e o vencer, este lhe tirará todas as armas em que confiava, e repartirá os seus despojos. 
23 Quem não está comigo, está contra mim; quem não recolhe comigo, espalha". 
COMENTÁRIOS DO EVANGELHO
1. A Verdadeira Proteção
Tive uma pessoa de minhas relações que enveredou pelos caminhos do mal e tornou-se traficante. Morávamos no mesmo bairro e quando nos encontrávamos de vez em quando, ele me oferecia proteção e segurança, dizendo que se alguém importunasse a mim ou a minha família, bastava dizer que era amigo dele, e o delinquente não nos faria nenhum mal, porque ele era muito temido no mundo do crime. Hoje em dia vem sendo muito comum essa inversão de valores, e nas grandes favelas os traficantes tornam-se ídolos da população, por oferecer segurança e proteção a todos.
As pessoas que aceitam isso estão subestimando as forças do bem e se aliando as forças do mal, é a inversão de valores onde aquele que pratica o mal explicitamente, toma a aparência do bem.
No evangelho de hoje os adversários de Jesus, não tendo argumentos diante dos seus ensinamentos e prodígios realizados, solidificando a supremacia do Bem que é o Reino de Deus, atribuem suas obras as Forças do Mal, sendo imediatamente desmascarados por Jesus.
Também podemos em uma releitura mais detalhada, percebermos aqui a crítica contundente de Jesus contra as Lideranças Religiosas daquele tempo, que não falavam uma mesma linguagem e era como se eles lhes dissesse “Até as Forças do Mal são unidas e têm uma mesma e única meta“. Nas nossas comunidades e nas do evangelista Lucas isso também acontece: somos todos batizados, cremos em um único Deus manifestado em Jesus, uma única Fé e uma única Igreja entretanto, nem sempre prevalece a comunhão de Vida e o Espírito Comunitário e certas pastorais e Movimentos não estão ali para SOMAR, mas sim para dividir, e não é culpa da Pastoral ou do Movimento, são as pessoas com aquilo que trazem no coração e na mente.
A Comunidade age em nome e no Poder de Cristo Jesus e todo e qualquer trabalho deve ser sempre direcionado para o Bem e não para o Mal. O que acontece é que muitas vezes o Mal se infiltra na Comunidade e como esses interlocutores de Jesus, começam a criticar tudo de bom que há na comunidade, querendo inverter o quadro e alegando que são ações do Mal. Jesus desmascara as Forças do Mal, que dividem e hostilizam o Reino...
Sejamos prudentes e fiquemos de olhos bem abertos, pois nem a comunidade escapa da ação do Malígno...
2. O mal impede de falar as maravilhas de Deus
Na subida para a sua Páscoa, Jesus vai fazendo as pessoas viverem. Sua presença na vida das pessoas comunica o Espírito Santo e arranca o mal que desfigura, no homem, o brilho originário da imagem de Deus.
A mudez era considerada possessão demoníaca. O mal impede de falar, de bem falar; o mal distorce a linguagem. Expulsando o demônio, que impedia de falar, Jesus faz o mudo renascer para a palavra. Ora, o próprio Lucas, na segunda parte da sua obra, os Atos dos Apóstolos, diz que é o Espírito Santo quem faz falar as maravilhas de Deus (cf. At 2,1-11).
À admiração da multidão, opõe-se a resistência de alguns. O leitor do evangelho já sabe que Jesus possui o Espírito de Deus (Lc 3,21-22; 4,1.18). Dizer que é por Beelzebu que Jesus expulsa os demônios é falta de discernimento, é confundir o Espírito Santo com Beelzebu - eis aí o mal!
ORAÇÃO
Pai, transforma-me em instrumento de teu amor misericordioso, a exemplo de Jesus. Por onde eu passar, possa ser testemunha de que teu Reino já chegou para nós.
3. O REINO ESTÁ ENTRE NÓS
A presença do Reino de Deus na história da humanidade revelava-se no poder de Jesus de expulsar os demônios, libertando todo ser humano desse poder opressor. Essa libertação significava a retomada do senhorio de Deus na vida de quem era dominado pelo maligno, possibilitando-lhe, novamente, a vivência do amor e da solidariedade.
Jesus personificava o Reino de Deus na medida em que estava todo centrado no Pai, cujas obras buscava realizar. Em suas ações, revelava-se "o dedo de Deus" na vida de tantas pessoas privadas de sua dignidade.
Contudo, isto não era evidente! Só quem estava sintonizado com Jesus tinha condições de perceber Deus agindo por meio dele. Caso contrário, corria-se o risco de interpretá-lo mal e fazê-lo objeto de falsas acusações.
Foi o que aconteceu quando o acusaram de agir com o poder de Belzebu, o chefe dos demônios. Ou quando exigiam dele sinais sempre mais mirabolantes, como prova da autenticidade do seu messianismo.
O fato de ser incompreendido não impedia Jesus de seguir adiante. Movia-o somente a consciência de dever ser fiel ao Pai. Por isso, não cessava de dar testemunho do amor que Deus derramava sobre a humanidade.
Oração
Pai, transforma-me em instrumento de teu amor misericordioso, a exemplo de Jesus. Por onde eu passar, possa ser testemunha de que teu Reino já chegou para nós.
Liturgia da Sexta-Feira
III SEMANA DA QUARESMA *
(ROXO – OFÍCIO DO DIA)
Antífona da entrada: Senhor, não há entre os deuses nenhum que se vos compare, porque sois grande e fazeis maravilhas: só vós, Senhor, sois Deus (Sl 85,8.10).
Leitura (Oséias 14,2-10)
Leitura da profecia de Oséias
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Assim fala o Senhor Deus: 14 1" Volta, Israel, ao Senhor teu Deus, porque foi teu pecado que te fez cair. 
2 Muni-vos de palavras (de súplicas) e voltai ao Senhor. Dizei-lhe: 'Perdoai todos os nossos pecados, acolhei-nos favoravelmente. Queremos oferecer em sacrifício a homenagem de nossos lábios. 
3 O assírio não nos salvará, não mais montaremos nossos cavalos, e não mais teremos como Deus obra alguma de nossas mãos, porque só junto de vós encontra o órfão compaixão'. 
4 Curarei a sua infidelidade, amá-los-ei de todo o coração, (porque minha cólera apartou-se deles). 
5 Serei para Israel como o orvalho; ele florescerá como o lírio, e lançará raízes como o álamo. 
6 Seus galhos estender-se-ão ao longe, sua opulência igualará à da oliveira e seu perfume será como o odor do Líbano. 
7 (Os de Efraim) virão sentar-se à sua sombra. Cultivarão o trigo. Crescerão com a vinha. E serão famosos como o vinho do Líbano. 
8 Que terá ainda Efraim de comum com os ídolos? Eu mesmo, que o afligi, torná-lo-ei feliz. Eu sou como o cipreste sempre verde: graças a mim é que produzes fruto. 
9 Quem é sábio atenda a estas coisas! Que o homem inteligente reflita nelas, porque os caminhos do Senhor são retos. Os justos andam por eles, mas os pecadores neles tropeçam". 
Salmo responsorial 80/81
Ouve, meu povo, porque eu sou o teu Deus!
Eis que ouço uma voz que não conheço:
"Aliviei as tuas costas de seu fardo,
cestos pesados eu tirei de tuas mãos.
Na angústia a mim clamaste, e te salvei.
De uma nuvem trovejante te falei
e junto às águas de Meriba te provei.
Ouve, meu povo, porque vou te advertir!
Israel, ah! se quisesses me escutar.
Em teu meio não exista um deus estranho,
nem adores a um deus desconhecido!
Porque eu sou o teu Deus e teu Senhor,
que da terra do Egito te arranquei.
Quem me dera que meu povo me escutasse!
Que Israel andasse sempre em meus caminhos.
Eu lhe daria de comer a flor do trigo
e com o mel que sai da rocha o fartaria".
Aclamação do Evangelho
Glória a vós, Senhor Jesus, primogênito dentre os mortos!
Convertei-vos, nos diz o Senhor, está próximo o reino de Deus! (Mt 4,17)

EVANGELHO (Marcos 12,28-34)
Naquele tempo, 12 28 achegou-se dele um dos escribas que os ouvira discutir e, vendo que lhes respondera bem, indagou dele: "Qual é o primeiro de todos os mandamentos?" 
29 Jesus respondeu-lhe: "O primeiro de todos os mandamentos é este: Ouve, Israel, o Senhor nosso Deus é o único Senhor; 
30 amarás ao Senhor teu Deus de todo o teu coração, de toda a tua alma, de todo o teu espírito e de todas as tuas forças. 
31 Eis aqui o segundo: Amarás o teu próximo como a ti mesmo. Outro mandamento maior do que estes não existe". 
32 Disse-lhe o escriba: "Perfeitamente, Mestre, disseste bem que Deus é um só e que não há outro além dele. 
33 E amá-lo de todo o coração, de todo o pensamento, de toda a alma e de todas as forças, e amar o próximo como a si mesmo, excede a todos os holocaustos e sacrifícios". 
34 Vendo Jesus que ele falara sabiamente, disse-lhe: "Não estás longe do Reino de Deus". E já ninguém ousava fazer-lhe perguntas. 
COMENTÁRIOS DO EVANGELHO
1. Amor a Deus e ao Próximo
Muitas vezes nos evangelhos, algumas pessoas importantes que se aproximam de Jesus para o interrogá-lo, entre elas Escribas e Doutores da Lei, já o rejeitaram e só estão a procura de um argumento para denunciá-lo ao Conselho visando a sua condenação e morte.
Mas no evangelho de hoje esse Escriba procurou Jesus com sinceridade para lhe perguntar qual era o Mandamento mais importante de toda a Lei de Moisés.
Jesus mostra com absoluta clareza aquilo que está no centro da Lei “O amor sem medidas para com Deus, em primeiro lugar, e o amor ao próximo” que é tão importante quanto o primeiro, e que , no dizer de Jesus, não há nenhum outro que supere esses dois.
É fácil percebermos quando a pessoa que se aproxima de Jesus para conhecê-lo e experimentá-lo, está a procura de algo novo. Basta ver o entusiasmo na concordância com a Palavra “Perfeitamente Mestre, dissestes bem...”. E o Escriba repetiu exatamente, palavra por palavra, o ensinamento que Jesus acabara de fazer, respondendo a sua pergunta e ainda fez uma bela interpretação “Esse amor a Deus e ao próximo supera todos os holocaustos e sacrifícios”. O Escriba captou que algo bem maior e mais profundo do que as Verdades do Judaísmo estava ali diante dele, trazido por Jesus, o grande Mestre.
Vivemos em uma sociedade que até conhece e crê em Jesus, mas que dificilmente concorda com a sua Palavra e o seu ensinamento, centralizado na preservação da Vida e da Dignidade humana, em um Reino pautado pela Justiça e Igualdade. Basta ver o que a nefasta cultura da pós Modernidade apregoa sobre aborto, divórcio, eutanásia e outros pontos que contrariam totalmente esse Amor a Deus e ao próximo.
Jesus ao final da conversa encheu o coração daquele Escriba de alegria e esperança quando lhe disse “Na verdade não estás longe do Reino de Deus”. Certamente não dirá o mesmo do Homem ateu da pós-modernidade, perdido na sua arrogância, prepotência e Egocentrismo, sempre pensando que o Homem é o Centro do Mundo. Quanta ilusão...
2. O amor como origem da Lei
O texto que nos ocupa faz parte de uma série de textos que, no evangelho de Marcos, são caracterizados como "diálogos didáticos". Tais diálogos têm por finalidade instruir os discípulos a apresentar o que é fundamental para a vida cristã.
O que é óbvio para muitos de nós, hoje, não o era para os contemporâneos de Jesus. Não era difícil, entre tantos mandamentos a serem observados (613), se perguntar: Qual é o maior? Qual deles é o primeiro, isto é, o fundamento de todos os demais? Qual deles, numa situação de conflito entre dois ou mais preceitos, tem precedência e é exigido pela Lei?
A resposta de Jesus é sem equívoco: o amor a Deus que exige o amor ao próximo. O amor não é um entre outros mandamentos, mas é ele que está na origem da Lei. Para o discípulo, o amor é a expressão máxima da vida cristã.
ORAÇÃO
Pai, faze-me compreender sempre mais que o eixo da minha vida de fé deve consistir num amor entranhado a ti e a meu próximo.
3. ONDE CENTRAR NOSSA VIDA
A pergunta pelo primeiro dos mandamentos comporta uma preocupação: onde a vida humana deve centrar-se? A resposta a este problema é fundamental para a vida do discípulo. Mas não basta responder teoricamente. É mister que discípulo tome consciência onde efetivamente sua vida está centrada. O engano, aqui, pode ser fatal!
A resposta de Jesus ao mestre da Lei aponta para os dois eixos vertebradores da vida do discípulo: Deus e o próximo. Considerando bem, ambos os eixos se exigem mutuamente, a ponto de um levar ao outro, e a ausência de um provocar a ausência do outro.
Quem está centrado em Deus, está necessariamente aberto ao amor e à solidariedade, está sempre pronto para lutar pela justiça, não suportando ver o próximo ser vilipendiado. Sobretudo, torna-se um lutador incansável pela causa do Reino, ansiando por vê-lo acontecer em sua própria vida e na de seus semelhantes.
Por outro lado, tem sua vida centrada no próximo quem é capaz de superar o egoísmo e romper as amarras das paixões, quem se esforça para se libertar da tirania do pecado, tornando-se livre para Deus. Em outras palavras, quem tem Deus no coração.
Todos os demais eixos são espúrios e devem ser rejeitados pelo discípulo do Reino. Basta considerar o modo de proceder de quem não ama a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a si mesmo. São pessoas desumanizadas e desumanizadoras.
Oração
Pai, realiza meu anseio de ver minha vida sempre mais centrada em ti e no meu próximo. Só assim poderei dar testemunho verdadeiro de ser discípulo do Reino.
Liturgia do Sábado
III SEMANA DA QUARESMA *
(ROXO – OFÍCIO DO DIA)
Antífona da entrada: Bendize, ó minha alma, ao Senhor, não esqueças nenhum dos seus benefícios: é ele quem te perdoa todas as ofensas (Sl 102,2s).
Leitura (Oséias 6,1-6)
Leitura da profecia de Oséias.
6 1 "Vinde, voltemos ao Senhor, ele feriu-nos, ele nos curará; ele causou a ferida, ele a pensará. 
2 Dar-nos-á de novo a vida em dois dias; ao terceiro dia levantar-nos-á, e viveremos em sua presença. 
3 Apliquemo-nos a conhecer o Senhor; sua vinda é certa como a da aurora; ele virá a nós como a chuva, como a chuva da primavera que irriga a terra". 
4 Que te farei, Efraim? Que te farei, Judá? Vosso amor é como a nuvem da manhã, como o orvalho que logo se dissipa. 
5 Por isso é que os castiguei pelos profetas, e os matei pelas palavras de minha boca, e meu juízo resplandece como o relâmpago, 
6 porque eu quero o amor mais que os sacrifícios, e o conhecimento de Deus mais que os holocaustos. 
Salmo responsorial 50/51
Eu quis misericórdia e não o sacrifício!
Tende piedade, ó meu Deus, misericórdia!
Na imensidão de vosso amor, purificai-me! 
Lavai-me todo inteiro do pecado
e apagai completamente a minha culpa!
Pois não são de vosso agrado os sacrifícios,
e, se oferto um holocausto, o rejeitais.
Meu sacrifício é minha lama penitente,
não desprezeis um coração arrependido!
Sede benigno com Sião, por vossa graça,
reconstruí Jerusalém e os seus muros!
E aceitareis o verdadeiro sacrifício,
os holocaustos e oblações em vosso altar!
Aclamação do Evangelho
Honra, glória poder e louvor a Jesus, nosso Deus e Senhor!
Oxalá ouvísseis hoje a sua voz: não fecheis os corações como em Meriba! (Sl 94,8)

Evangelho (Lucas 18,9-14)
Naquele tempo, 18 9 Jesus lhes disse ainda esta parábola a respeito de alguns que se vangloriavam como se fossem justos, e desprezavam os outros: 
10 "Subiram dois homens ao templo para orar. Um era fariseu; o outro, publicano. 
11 O fariseu, em pé, orava no seu interior desta forma: 'Graças te dou, ó Deus, que não sou como os demais homens: ladrões, injustos e adúlteros; nem como o publicano que está ali. 
12 Jejuo duas vezes na semana e pago o dízimo de todos os meus lucros'. 
13 O publicano, porém, mantendo-se à distância, não ousava sequer levantar os olhos ao céu, mas batia no peito, dizendo: 'Ó Deus, tem piedade de mim, que sou pecador!' 
14 Digo-vos: este voltou para casa justificado, e não o outro. Pois todo o que se exaltar será humilhado, e quem se humilhar será exaltado". 
COMENTÁRIOS DO EVANGELHO
1. A Oração e Nós
O Evangelho de hoje nos mostra o que há por trás da Oração. Um salmo afirma que “A boca proclama aquilo do qual o coração está cheio” e por isso, quem é arrogante e prepotente, dominado pela soberba, não consegue tirar a “Carapuça” nem na hora de rezar, colocando-se diante de Deus como uma pessoa Santa, Piedosa e Justa, comparada com as demais. Eu cansei de ouvir certas invocações da Oração dos Fiéis, que foram elaboradas por alguém que tem problemas de relacionamento com algum irmão, com o Padre, Diácono, Ministro ou Catequista.
“Rezemos pelo nosso padre, para que se converta verdadeiramente a Cristo, rezemos ao Senhor”  Por trás dessa fórmula está a denúncia de que o Padre tem algum pecado público gravíssimo e ainda não é um convertido.
Rezemos para que o Movimento tal se comprometa mais com o autêntico evangelho de Cristo. Rezemos ao Senhor. Aqui o autor da oração está dizendo que o Movimento tal não prega e nem vive o Evangelho.
Rezemos para que aquela jovem do Grupo de jovens, que está grávida, acolha com amor a criança e não busque no aborto a saída para o seu namoro que deu errado. Rezemos ao Senhor. E só faltava a oração ser mais explícita, como essa “Rezemos para que aquele Ministro Sem Vergonha, pare de agredir a esposa e deixe a bebida. Rezemos ao Senhor...Em todas essas orações, o autor se julga Santo e irrepreensível diante de Deus.
Eis aí se repetindo a história da oração do Fariseu e do Publicano, que longe de querer pedir ajuda Divina, em todos esses casos, o que faz na verdade é denunciar publicamente os pecados dessas pessoas. Na minha comunidade isso já ocorreu não de maneira explícita como aqui coloquei, mas de maneira velada...o que é ainda pior.
Que tipos de sentimentos tais orações despertam na assembleia? Certamente que os piores possíveis, eu ouvi de alguém , após a celebração, essa afirmativa “Então a menina do Grupo de jovens está grávida e tentando abortar, sempre soube que ela era da “Pá Virada”, e ainda pousa de santinha na comunidade...”
O evangelho deixa claro que orações assim não justificam a ninguém, e o que é uma oração justificada? Aquela que em nosso coração temos a certeza de que Deus ouviu. Por isso o Publicado, lá no último banco, de cabeça baixa e contrito, ao reconhecer o seu pecado, tendo certeza de que Deus o ama apesar disso, clamou por Misericórdia e foi atendido, voltando para casa satisfeito, por saber que a sua oração chegou até o Céu.
Quanto a oração do nosso amigo Fariseu, bem como as fórmulas da Oração dos Fiéis que citei como exemplo, podem ter certeza de que “O Email voltou”...
2. Atitudes do homem diante de Deus
A parábola do fariseu e do publicano é própria a Lucas. A parábola confronta duas atitudes do homem diante de Deus. Os destinatários da parábola são aqueles que confiam em si mesmos porque se julgam justos, e desprezam os outros (cf. v. 14).
O fariseu retém na sua oração o motivo de sua justiça: jejuava duas vezes por semana e pagava o dízimo de toda a sua renda (v. 12). Sabe que a observância dos preceitos da Lei é dom de Deus, por isso agradece (cf. v. 11). A contradição da sua justiça expressa na sua oração, que ele faz intimamente, é o desprezo e o juízo dos outros que ele considera ladrões, desonestos, adúlteros; nem o publicano, que rezava ao lado dele, escapou.
A oração do publicano está centrada na sua falta, e ele se apresenta humilde diante de Deus: ". ficou à distância e nem se atrevia a levantar os olhos para o céu." (v. 13). A falta do fariseu é que ele se cria justo e a causa de sua justiça era, segundo ele, mérito seu; quanto ao publicano, ele é justificado porque se abre para o dom da salvação de Deus. A salvação que vem de Deus não é mérito, é dom e, enquanto tal, deve ser recebida.
ORAÇÃO
Pai, faze-me consciente de minha condição de pecador, livrando-me da soberba que me dá a falsa ilusão de ser superior a meu próximo e mais digno de me dirigir a ti.
3. DOIS MODOS DE REZAR
O contraste entre a oração do fariseu e a do publicano ilustra duas posturas diante de Deus, o modo inconveniente e o modo conveniente de rezar.
O fariseu encarna o modo inconveniente de se dirigir a Deus. Sua postura empertigada deixa transparecer a consciência de ser estimado por Deus e gozar de grande prestígio diante dele. Suas palavras denotam o grande conceito que tinha de si mesmo. Sabia-se ser uma pessoa acima de qualquer suspeita, muito diferente do resto da humanidade formada por ladrões, injustos e adúlteros. Deus não tinha como fazer-lhe nenhuma censura, uma vez que era fiel no cumprimento dos mandamentos, dentre os quais, o pagamento do dízimo.
A oração revestida de tal soberba, de forma alguma pode ser agradável a Deus. Quem se serve dela, terá a humilhação como resposta.
O publicano situa-se no pólo oposto: mantém-se distante, de cabeça baixa, temendo erguer os olhos para os céus, pois tinha consciência de ser pecador, carente da misericórdia e do perdão divinos. Sem títulos de grandeza nem provas de virtude, só lhe restava colocar-se, humildemente, nas mãos do Pai.
A oração do humilde toca o coração de Deus e é atendida. Ele vem em socorro de quem sabe reconhecer-se limitado e impotente para se salvar com as próprias forças.
Oração
Pai, faze-me consciente de minha condição de pecador, livrando-me da soberba que me dá a falsa ilusão de ser superior a meu próximo e mais digno de me dirigir a ti.
Liturgia do Domingo — 10.03.2013
4º Domingo da Quaresma — ANO C

(ROXO OU RÓSEO, CREIO – IV SEMANA DO SALTÉRIO)
__ "Venha participar da Mesa! Um Pai espera a volta do Filho!" __
Ambientação:
Sejam bem-vindos amados irmãos e irmãs!
INTRODUÇÃO DO FOLHETO DOMINICAL PULSANDINHO: O 4o Domingo da Quaresma é chamado domingo da alegria, em vista da proximidade da Páscoa. Nesse sentido, a liturgia de hoje convida-nos à alegria e a nos saciar com a bondade com que Deus nos acolhe em sua mesa. O convite do Pai é um elemento iluminador no Evangelho do Filho Pródigo, que ouviremos hoje. Temos um Deus que é Pai bondoso e, em sua bondade, vive nos convidando para participar de sua mesa. Não façamos como o filho mais velho da parábola, mas nos aproximemos da mesa, aceitando com alegria o convite do Pai.
INTRODUÇÃO DO FOLHETO DOMINICAL O POVO DE DEUS: Neste Domingo da Quaresma, chamado "Domingo da alegria", somos convidados por Jesus a acolher a misericórdia divina como um caminho profundamente marcado pela desafio do perdão. Deus é como o pai que acolhe com festa o filho ingrato que esbanjou os bens irresponsavelmente, mas voltou arrependido. Iluminados por esta lição, devemos construir a cultura do perdão, que põe em relevo o arrependimento e minimiza o ressentimento. Isso criará um clima propício ao rejuvenescimento da comunidade de fé, que busca junto com os jovens um caminho mais fraterno e solidário no mundo.
INTRODUÇÃO DO WEBMASTER: À luz da fé, o pecado do homem surge sobretudo como uma recusa de amor, um afastamento da corrente do amor que Deus é a fonte. Mas Deus se manifesta infinitamente maior do que a recusa que lhe opomos; vai ao encontro do homem mesmo sem seu pecado; perdoando, vence o ódio e dá início à história da misericórdia.
Sintamos o júbilo real de Deus em nossos corações e cheios dessa alegria divina entoemos alegres cânticos ao Senhor!
4º DOMINGO DA QUARESMA
Antífona da entrada: Alegra-te, Jerusalém! Reuni-vos, vós todos que a amais; vós que estais tristes, exultai de alegria! Saciai-vos com a abundância de suas consolações (Is 66,10s).
Oração do dia
Ó Deus, que por vosso Filho realizais de modo admirável a reconciliação do gênero humano, concedei ao povo cristão correr ao encontro das festas que se aproximam cheio de fervor e exultando de fé. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, Vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.
Comentário das Leituras: A parábola do filho pródigo ou do amor do Pai, que hoje se proclama como Evangelho, é a terceira das parábolas da misericórdia que lemos no capítulo 15 de Lucas. Sendo um resumo de toda a história da salvação, a parábola é, ao mesmo tempo, uma síntese da história pessoal de cada um de nós.
Primeira Leitura (Josué 5,9-12)
Leitura do livro de Josué.
5 9 O Senhor disse a Josué: "Hoje tirei de cima de vós o opróbrio do Egito. E deu-se àquele lugar o nome de Gálgala, nome que subsiste ainda". 
10 Os israelitas acamparam em Gálgala, e celebraram a Páscoa no décimo quarto dia do mês, pela tarde, na planície de Jericó. 
11 No dia seguinte à Páscoa comeram os produtos da região, pães sem fermento e trigo tostado. 
12 E o maná cessou (de cair) no dia seguinte àquele em que comeram os produtos da terra. Os israelitas não tiveram mais o maná. Naquele ano alimentaram-se da colheita da terra de Canaã. 
Salmo responsorial 33/34
Provai e vede quão suave é o Senhor!
Bendirei o Senhor Deus em todo o tempo,
seu louvor estará sempre em minha boca.
Minha alma se gloria no Senhor;
que ouçam os humildes e se alegrem!
Comigo engrandecei ao Senhor Deus,
exaltemos todos juntos o seu nome!
Todas as vezes que o busquei, ele me ouviu
e de todos os temores me livrou.
Contemplai a sua face e alegrai-vos,
e vosso rosto não se cubra de vergonha!
Este infeliz gritou a Deus e foi ouvido,
e o Senhor o libertou de toda angústia.
Segunda Leitura (2 Coríntios 5,17-21)
Leitura da segunda carta de são Paulo aos Coríntios.
5 17 Todo aquele que está em Cristo é uma nova criatura. Passou o que era velho; eis que tudo se fez novo! 
18 Tudo isso vem de Deus, que nos reconciliou consigo, por Cristo, e nos confiou o ministério desta reconciliação. 
19 Porque é Deus que, em Cristo, reconciliava consigo o mundo, não levando mais em conta os pecados dos homens, e pôs em nossos lábios a mensagem da reconciliação. 
20 Portanto, desempenhamos o encargo de embaixadores em nome de Cristo, e é Deus mesmo que exorta por nosso intermédio. Em nome de Cristo vos rogamos: reconciliai-vos com Deus! 
21 Aquele que não conheceu o pecado, Deus o fez pecado por nós, para que nele nós nos tornássemos justiça de Deus. 
- Palavra do Senhor.
- Graças a Deus.
Aclamação do Evangelho
Louvor e honra a vós, Senhor Jesus.
Vou levantar-me e vou a meu pai e lhe direi: Meu pai, eu pequei contra o céu e contra ti (Lc 15,18).

EVANGELHO (Lucas 15,1-3.11-32)
15 1 Aproximavam-se de Jesus os publicanos e os pecadores para ouvi-lo. 
2 Os fariseus e os escribas murmuravam: Este homem recebe e come com pessoas de má vida! 
3 Então lhes propôs a seguinte parábola: 
11 "Um homem tinha dois filhos. 
12 O mais moço disse a seu pai: 'Meu pai, dá-me a parte da herança que me toca'. O pai então repartiu entre eles os haveres. 
13 Poucos dias depois, ajuntando tudo o que lhe pertencia, partiu o filho mais moço para um país muito distante, e lá dissipou a sua fortuna, vivendo dissolutamente. 
14 Depois de ter esbanjado tudo, sobreveio àquela região uma grande fome e ele começou a passar penúria. 
15 Foi pôr-se ao serviço de um dos habitantes daquela região, que o mandou para os seus campos guardar os porcos. 
16 Desejava ele fartar-se das vagens que os porcos comiam, mas ninguém lhas dava. 
17 Entrou então em si e refletiu: 'Quantos empregados há na casa de meu pai que têm pão em abundância e eu, aqui, estou a morrer de fome!' 
18 Levantar-me-ei e irei a meu pai, e dir-lhe-ei: 'Meu pai, pequei contra o céu e contra ti; 
19 já não sou digno de ser chamado teu filho. Trata-me como a um dos teus empregados'. 
20 Levantou-se, pois, e foi ter com seu pai. Estava ainda longe, quando seu pai o viu e, movido de compaixão, correu-lhe ao encontro, lançou-se-lhe ao pescoço e o beijou. 
21 O filho lhe disse, então: 'Meu pai, pequei contra o céu e contra ti; já não sou digno de ser chamado teu filho'. 
22 Mas o pai falou aos servos: 'Trazei-me depressa a melhor veste e vesti-lha, e ponde-lhe um anel no dedo e calçado nos pés. 
23 Trazei também um novilho gordo e matai-o; comamos e façamos uma festa. 
24 Este meu filho estava morto, e reviveu; tinha se perdido, e foi achado. E começaram a festa'. 
25 O filho mais velho estava no campo. Ao voltar e aproximar-se da casa, ouviu a música e as danças. 
26 Chamou um servo e perguntou-lhe o que havia. 
27 Ele lhe explicou: 'Voltou teu irmão. E teu pai mandou matar um novilho gordo, porque o reencontrou são e salvo'. 
28 Encolerizou-se ele e não queria entrar, mas seu pai saiu e insistiu com ele. 
29 Ele, então, respondeu ao pai: 'Há tantos anos que te sirvo, sem jamais transgredir ordem alguma tua, e nunca me deste um cabrito para festejar com os meus amigos. 
30 E agora, que voltou este teu filho, que gastou os teus bens com as meretrizes, logo lhe mandaste matar um novilho gordo!' 
31 Explicou-lhe o pai: 'Filho, tu estás sempre comigo, e tudo o que é meu é teu. 
32 Convinha, porém, fazermos festa, pois este teu irmão estava morto, e reviveu; tinha se perdido, e foi achado'". 
TEXTOS BÍBLICOS PARA A SEMANA:
2ª Br: Mq 7,7-9; Sl 26 (27); Jo 9,1-41
3ª Rx: Ez 47,1-9.12; Sl 45 (46); Jo 5,1-16
4ª Rx: Is 49,8-15; Sl 144 (145); Jo 5,17-30
5ª Rx: Ex 32,7-14; Sl 105 (106); Jo 5,31-47
6ª Rx: 2Sm 7,4-5a.12-14a.16; Sl 88 (89); Rm 4.13.16-22; Mt 1,16.18-21.24
Sa Rx: Jr 11,18-20; Sl 7; Jo 7,40-53
5º DOM. DA QUARESMA-: Is 43,16-21; Sl 125 (126),1-2ab. 2cd-3. 4-5. 6 (R/ 3); Fl 3,8-14; Jo 8,1-11 (Mulher adúltera)
COMENTÁRIOS DO EVANGELHO
1. Bate-Papo Interessante...
Esta parábola traz a reflexão praticamente pronta: O Filho mais novo se arrependeu e voltou a casa do Pai que o perdoou. Será? Deixemos que o Filho sem juízo nos conte nesta breve entrevista.

____Por que você voltou para a casa do Pai?
Filho Pródigo ___ Vou ser sincero, a fome apertou meu amigo, quando eu pensei que escravos e empregados na casa do meu pai, tinham pão a vontade, decidi voltar.

___Opa ! Espere um pouco, e aquele arrependimento todo que você manifestou nesse evangelho?
Filho Pródigo___Apenas um discurso para convencer o Pai de que eu estava arrependido, palavras bonitas e bem colocadas que iriam tocar no coração do meu “Velho”

___Mais uma coisinha Filho Pródigo, o que te levou a sair de casa, se lá você tinha tudo que precisava? 
Filho Pródigo___Na Casa do Pai tinha a impressão de que não era livre, eu queria aproveitar a vida, fazer tudo o que meu coração desejava gozar e desfrutar de todos os prazeres e alegrias que o mundão nos oferece. Enfim, como vocês dizem por aí “Cair na gandaia” de cabeça e ser livre...

___Deixa ver se eu entendi, as vezes nós cristãos achamos que os maus, os que não conhecem a Deus e a sua verdade, são mais felizes porque fazem muitas coisas, sem se importar com a ética, moral, doutrina da Fé e tudo mais. É a liberdade que o adolescente quer, sem a ingerência dos pais em sua vida....
Filho Pródigo ____Isso mesmo, eles tem com os pais não uma relação de amor, mas de compromisso e obrigatoriedade em fazer o que eles mandam, parecem mais empregados do que Filhos. 

____E o que mudou na sua vida após a volta a casa paterna?
Filho Pródigo____Bom, confesso que não fazia ideia de quanto meu Pai me amava, imagine você que todos os dias ele ficava á minha espera. O jeito que ele me abraçou, me pos aquele manto, me deu a sandália e o cajado, tudo isso sem exigir que eu tomasse um banho, ele cobriu a minha sujeira e imundície com aquela veste. E fez uma festa inesquecível. Nesse retorno descobri algo inédito, o amor do Pai, imenso, grandioso, gratuito e incondicional. Juro que eu não sabia....

___Então nessa parábola, o foco é o Pai Infinitamente Bom e Misericordioso?
Filho Pródigo ___Pois é, Se o Pai não me desse a liberdade de pecar, indo embora da sua casa, jamais eu saberia o quanto ele me ama. Eu sou cada um de vocês aí na Igreja de 2013, a gente vai e vem, e o Pai ali, de braços sempre abertos, nos acolhendo com imensa alegria, porque nos ama de maneira apaixonada...
2. A fidelidade de Deus
A Sagrada Escritura recorda a história da obra de Deus em favor do seu povo para que Israel, nascido do êxodo, viva a fidelidade a seu Deus. A fidelidade de Israel ao Deus único e verdadeiro se apoia na memória da obra de Deus em seu favor. No Antigo Testamento, o povo é sustentado pela fidelidade de Deus.
O protagonista da parábola dos dois filhos é o pai misericordioso e compassivo. O filho mais novo, depois de esbanjar tudo o que ele tinha recebido do pai, volta para a casa do pai, não por consideração a ele, propriamente, mas porque queria matar a fome (cf. vv. 6-17).
Tudo o que pensa dizer e dirá ao pai é meio para alcançar o que efetivamente queria: matar a fome. Mas o pai conhece profundamente o seu filho (ver: Sl 138[139]), por isso não leva em conta a sua artimanha: acolhe-o e devolve a ele a dignidade que o pecado o fizera perder (cf. vv. 20b-24). A atitude de compaixão do pai provoca a reação surpreendente do filho mais velho: a raiva e a recusa de participar da festa (cf. v. 28). O filho mais velho é convidado a entrar no coração do pai, pois "há mais alegria no céu por um pecador que se converte do que noventa e nove justos que não precisam de conversão" (cf. vv. 7.10.23-24).
A acolhida, o perdão e o cuidado de Deus, expressão da sua fidelidade, é o que permite ao filho mais novo, que esbanjou os bens recebidos, entrar na casa do pai e receber, como dom, a esperança de uma vida transfigurada pelo amor, manifestado também no abraço e nos beijos paternos (cf. Lc 15,20). O filho mais velho, resistente, fechado na sua própria "justiça", é convidado a entrar no coração do mistério do amor misericordioso de Deus, e tirar as consequências práticas de sua filiação (cf. v. 31). A um e outro filho, a todos, é instigante esta palavra: "Se alguém está em Cristo, é uma criatura nova. O que era antigo passou, agora tudo é novo" (2Cor 5,17).
ORAÇÃO
Pai, coloca-me no caminho da vida, banindo todo egoísmo que me afasta de ti, e não permitindo que eu jamais duvide de teu amor.
3. A MESQUINHEZ CENSURADA
É flagrante o contraste entre a misericórdia do pai que recebe o filho arrependido de volta à casa paterna, e a mesquinhez do filho mais velho. A alegria contagiante de um choca-se com a irritação do outro. A capacidade de perdoar de um não corresponde à dureza de coração do outro. A largueza de visão de um não bate com o egoísmo do outro.
A parábola do pai cheio de amor - Deus - é uma aberta denúncia a determinado tipo de cristãos que, fechados na segurança de sua vida devota, acabam por cultivar atitudes contrárias ao modo de ser divino. Entre elas, a incapacidade de se alegrar com a conversão dos pecadores, quiçá preferindo que continuem em seu meu caminho, a fim de não se misturarem com os que se consideram justos diante de Deus. Tais pessoas parecem cultivar um desejo mórbido de ver os pecadores devidamente castigados por suas faltas. Tudo pelo falso orgulho de se julgarem perfeitos e impecáveis diante de Deus.
Pensando bem, embora tendo permanecido na casa paterna, também o filho mais velho deveria passar por um processo de conversão. Sua recusa em alegrar-se com a volta do irmão manifestou o quanto estava distante do pai. A proximidade física não correspondia à proximidade espiritual. Estava mais distante do pai do que o filho mais novo, em sua fase de vida desregrada. Por isto, devia, ele também, empreender o caminho de volta para a casa paterna.
Oração
Espírito de conversão, dá-me a graça de superar meu modo mesquinho de pensar, o qual me impede de estar em sintonia com o Pai.


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