terça-feira, 5 de fevereiro de 2013

Liturgia da 04ª semana comum ano Impar

Liturgia da Segunda Feira — 04.02.2013
IV SEMANA DO TEMPO COMUM 
(VERDE – OFÍCIO DO DIA)
Antífona da entrada: Salvai-nos, Senhor nosso Deus, reuni vossos filhos dispersos pelo mundo, para que celebremos o vosso santo nome nos gloriemos em vosso louvor (Sl 105,47)
Leitura (Hebreus 11,32-40)
Leitura da carta aos Hebreus.
Irmãos, 11 32 que mais direi? Faltar-me-á o tempo, se falar de Gedeão, Barac, Sansão, Jefté, Davi, Samuel e dos profetas. 33 Graças à sua fé conquistaram reinos, praticaram a justiça, viram se realizar as promessas. Taparam bocas de leões, 34 extinguiram a violência do fogo, escaparam ao fio de espada, triunfaram de enfermidades, foram corajosos na guerra e puseram em debandada exércitos estrangeiros. 35 Devolveram vivos às suas mães os filhos mortos. Alguns foram torturados, por recusarem ser libertados, movidos pela esperança de uma ressurreição mais gloriosa. 36 Outros sofreram escárnio e açoites, cadeias e prisões. 37 Foram apedrejados, massacrados, serrados ao meio, mortos a fio de espada. Andaram errantes, vestidos de pele de ovelha e de cabra, necessitados de tudo, perseguidos e maltratados, 38 homens de que o mundo não era digno! Refugiaram-se nas solidões das montanhas, nas cavernas e em antros subterrâneos. 
39 E, no entanto, todos estes mártires da fé não conheceram a realização das promessas!40 Porque Deus, que tinha para nós uma sorte melhor, não quis que eles chegassem sem nós à perfeição (da felicidade).
Salmo responsorial 30/31
Fortalecei os corações, 
vós que ao Senhor vos confiais!
Como é grande, ó Senhor, vossa bondade, 
que reservastes para aqueles que vos temem! 
Para aqueles que em vós se refugiam, 
mostrando, assim, o vosso amor perante os homens.
Na proteção de vossa face os defendeis, 
bem longe das intrigas dos mortais. 
No interior de vossa tenda os escondeis, 
protegendo-os contra as línguas maldizentes.
Seja bendito o Senhor Deus que me mostrou 
seu grande amor numa cidade protegida!
Eu que dizia quando estava perturbado: 
"Fui expulso da presença do Senhor!" 
Vejo agora que ouvistes minha súplica 
quando a vós eu elevei o meu clamor.
Amai o Senhor Deus, seus santos todos, 
ele guarda com carinho seus fiéis, 
mas pune os orgulhosos com rigor.
Aclamação do Evangelho
Aleluia, aleluia, aleluia. 
Um grande profeta surgiu entre nós e Deus visitou o seu povo, aleluia! (Lc 7,16).

Evangelho (Marcos 5,1-20)
5 1 Passaram à outra margem do lago, ao território dos gerasenos. 
2 Assim que saíram da barca, um homem possesso do espírito imundo saiu do cemitério 
3 onde tinha seu refúgio e veio-lhe ao encontro. Não podiam atá-lo nem com cadeia, mesmo nos sepulcros, 
4 pois tinha sido ligado muitas vezes com grilhões e cadeias, mas os despedaçara e ninguém o podia subjugar. 
5 Sempre, dia e noite, andava pelos sepulcros e nos montes, gritando e ferindo-se com pedras. 
6 Vendo Jesus de longe, correu e prostrou-se diante dele, gritando em alta voz: 
7 "Que queres de mim, Jesus, Filho do Deus Altíssimo? Conjuro-te por Deus, que não me atormentes". 
8 É que Jesus lhe dizia: "Espírito imundo, sai deste homem!" 
9 Perguntou-lhe Jesus: "Qual é o teu nome?" Respondeu-lhe: "Legião é o meu nome, porque somos muitos". 
10 E pediam-lhe com instância que não os lançasse fora daquela região. 
11 Ora, uma grande manada de porcos andava pastando ali junto do monte. 
12 E os espíritos suplicavam-lhe: "Manda-nos para os porcos, para entrarmos neles". 
13 Jesus lhos permitiu. Então os espíritos imundos, tendo saído, entraram nos porcos; e a manada, de uns dois mil, precipitou-se no mar, afogando-se. 
14 Fugiram os pastores e narraram o fato na cidade e pelos arredores. Então saíram a ver o que tinha acontecido. 
15 Aproximaram-se de Jesus e viram o possesso assentado, coberto com seu manto e calmo, ele que tinha sido possuído pela Legião. E o pânico apoderou-se deles. 
16 As testemunhas do fato contaram-lhes como havia acontecido isso ao endemoninhado, e o caso dos porcos. 
17 Começaram então a rogar-lhe que se retirasse da sua região. 
18 Quando ele subia para a barca, veio o que tinha sido possesso e pediu-lhe permissão de acompanhá-lo. 
19 Jesus não o admitiu, mas disse-lhe: "Vai para casa, para junto dos teus e anuncia-lhes tudo o que o Senhor fez por ti, e como se compadeceu de ti". 
20 Foi-se ele e começou a publicar, na Decápole, tudo o que Jesus lhe havia feito. E todos se admiravam. 
eterna nos faça progredir na verdadeira fé. Por Cristo, nosso Senhor.
COMENTÁRIOS DO EVANGELHO
1. No olho do Furacão...
Jesus não é um mestre acomodado no sucesso, bem que poderia fazê-lo, ficar na sinagoga dando um "show de bola" aos seus ouvintes, realizando curas prodigiosas que só contribuiriam para aumentar ainda mais o seu já famoso Ibope. Tem muito cristão querendo ser famoso na comunidade, mas fora dela, em ambientes hostis ao evangelho, poucos tem coragem de meter a cara. Jesus vai com seus discípulos para uma área chamada Decápole formada por dez cidades onde impera o paganismo e onde as Forças do Mal "deita e rola".
Ao seu encontro vem um homem possesso de um espírito imundo, que vive em um cemitério (Deus me livre, que lugar para se morar) mas o evangelista não está mostrando o cenário de um filme de terror ou do exorcista, ao contrário, quer nos mostrar o quadro de morte presente naquela região e no mundo de hoje: Tráfico de drogas, corrupção, pessoas que deveriam estar do lado do bem, mas que passam para o lado do mal, enganadores e mentirosos, fraudadores, destruição de instituições sagradas como a Família...Parece que estamos todos em um grande cemitério cercado de mortos por todos os lados.... Pois bem, os que manipulam essa situação calamitosa, os que contribuem direta ou indiretamente para manter esse quadro tenebroso de morte e pânico por todos os lados, têm suas vantagens e não querem que nada mude.
O traficante não quer que o jovem se liberte das drogas, os policiais e autoridades corruptas que se beneficiam desse tráfico danoso e imoral, também não querem. Os políticos corruptos presentes em Brasília e em todos os estados e municípios não querem mudança na legislação. Os que vivem da prostituição de crianças, menores, mulheres, estão bem assim, se mexer no quadro para valorizar e libertar todas essas pessoas, vai causar um "Prejú" no Caixa dois. E assim vai com o cigarro, maconha, craque, heroína, bebida alcólica, a quem não interessa acabar com tudo isso? Os que faturam e que são muitos.....Interessante que muitos desses ainda querem sair bem na "fita", em um sistema marcado pela hipocrisia....
Representando todos esses possessos do "Mal", presente em nossa sociedade, o homem vem correndo até Jesus e prostrando-se diante dele implora que não o atormente. Não me venha com mudanças na ética e na moral, nos valores, não me venha falar em Justiça social, respeito a dignidade da Vida humana, paetilha e solidariedade, ética na política, na medicina, na educação. Novas oportunidades para quem errou, mudanças no sistema carcerário.... Mas Jesus não se deixa engambelar por "choramingos" ideológicos, dos que insistem em sustentar essa situação, "Espírito Imundo, sai desse homem!". Não adianta o mal disfarçar-se de bem, pode maquiar-se do jeito que quiser, o Bem supremo que é Jesus Cristo desmascara o Mal. O Mal é impuro e por isso o seu lugar é na manada de porcos, que se precipita de um lugar alto ao fundo do mar.
O coração humano não é lugar de impurezas, nele op mal não pode ter vez e nem domínio. E o possesso, agora livre começa a propagar a ação libertadora de Jesus, mas longe de acolhê-lo, o povo cativo do Mal, certamente liderado para aqueles que não querem mudanças, pedem para que Jesus se vá. Hoje não é diferente, a Consumismo criou um Jesus doce, bonzinho, acomodado e conformado com o mal, em uma religião que longe de libertar aprisiona cada vez mais o ser humano... .
2. O mal desfigura o ser humano
Toda a cena desenvolve-se num ambiente de impureza: a região pagã, um homem dominado por um espírito impuro, a menção de túmulos, mortos e porcos. O mal, ou os muitos males, que, por vezes, habita o ser humano, desfigura-o. O ser humano não pode ser o lugar da habitação do mal, pois ele é "templo do Espírito Santo". Expulsando e dominando o espírito impuro, Jesus é proclamado vitorioso sobre o mal e todas as suas manifestações. Até mesmo entre os pagãos a salvação de Deus é realizada. O homem liberto do seu mal pode proclamar que Jesus agiu em favor dele (cf. v. 20).
Oração
Pai, faze-me anunciador da compaixão que tens por mim, a qual se manifesta na libertação de meu egoísmo e na abertura do meu coração para o serviço ao meu semelhante.
3. BLASFÊMIA CONTRA O ESPÍRITO SANTO
UMA MISSÃO IMPORTANTE 
Escravo de uma legião de demônios, um infeliz estava levando uma vida desumana. Jesus libertou-o e o fez voltar ao convívio social. O gesto mais significativo que esse homem libertado do poder dos espíritos impuros encontrou, para expressar sua gratidão ao Mestre, foi oferecer-se para ser discípulo dele, que foi solidário com o seu sofrimento.
Jesus, porém, não aceitou este pedido. Antes, mandou o homem para casa com a missão de narrar aos familiares tudo quanto Deus realizara em seu favor, manifestando-lhe sua misericórdia.
A atitude do Mestre tem sua razão de ser. Num ambiente pagão, onde as pessoas viviam tomadas pelo medo dos espíritos demoníacos, era preciso haver alguém que fosse um sinal do poder libertador de Deus. Portanto, aquele homem recebera a importante missão de ser missionário entre os pagãos. Competia-lhe mostrar a todos que as pessoas não estão fadadas a serem escravas dos demônios, e que Deus havia enviado alguém com a tarefa de libertá-las. E esse alguém era Jesus! Seu poder superava o dos demônios, mesmo que fossem uma legião. Sua palavra, cheia de autoridade, subjugava os espíritos maus. A ele deviam recorrer todos quantos queriam libertar-se.
Oração 
Espírito de gratidão, seja minha vida um testemunho convincente da misericórdia que Deus manifestou para comigo.
Liturgia da Terça-Feira
Antífona da entrada: Esta é uma virgem sábia, do número das prudentes, que foi ao encontro de Cristo, com sua lâmpada acesa.
Leitura (Hebreus 12,1-4)
Leitura da carta aos Hebreus.
12 1 Desse modo, cercados como estamos de uma tal nuvem de testemunhas, desvencilhemo-nos das cadeias do pecado. Corramos com perseverança ao combate proposto, com o olhar fixo no autor e consumador de nossa fé, Jesus. 
2 Em vez de gozo que se lhe oferecera, ele suportou a cruz e está sentado à direita do trono de Deus.3 Considerai, pois, atentamente aquele que sofreu tantas contrariedades dos pecadores, e não vos deixeis abater pelo desânimo.
4 Ainda não tendes resistido até o sangue, na luta contra o pecado.
Salmo responsorial 21/22
Todos aqueles que vos buscam 
hão de louvar-vos, ó Senhor.
Sois meu louvor me meio à grande assembléia;
Cumpro meus votos ante aqueles que vos temem! 
Vossos pobres vão comer e saciar-se,
e os que procuram o Senhor o louvarão;
"Seus corações tenham a vida para sempre!"
Lembrem-se disso os confins de toda a terra,
para que voltem ao Senhor e se convertam,
e se prostrem, adorando, diante dele
todos os povos e as famílias das nações.
Somente a ele adorarão os poderosos,
e os que voltam para o pó o louvarão.
Para ele há de viver a minha alma,
toda a minha descendência há de servi-lo;
às futuras gerações anunciará
o poder e a justiça do Senhor;
ao povo novo que há de vir, ele dirá:
"Eis a obra que o Senhor realizou!"
Aclamação do Evangelho
Aleluia, aleluia, aleluia. 
Cristo tomou sobre si nossas dores, carregou em seu corpo as nossas fraquezas (Mt 8,17).

EVANGELHO (Marcos 5,21-43)
Naquele tempo, 5 21 tendo Jesus navegado outra vez para a margem oposta, de novo afluiu a ele uma grande multidão. Ele se achava à beira do mar, quando 
22 um dos chefes da sinagoga, chamado Jairo, se apresentou e, à sua vista, lançou-se-lhe aos pés, 
23 rogando-lhe com insistência: "Minha filhinha está nas últimas. Vem, impõe-lhe as mãos para que se salve e viva". 
24 Jesus foi com ele e grande multidão o seguia, comprimindo-o. 
25 Ora, havia ali uma mulher que já por doze anos padecia de um fluxo de sangue. 
26 Sofrera muito nas mãos de vários médicos, gastando tudo o que possuía, sem achar nenhum alívio; pelo contrário, piorava cada vez mais. 
27 Tendo ela ouvido falar de Jesus, veio por detrás, entre a multidão, e tocou-lhe no manto. 
28 Dizia ela consigo: "Se tocar, ainda que seja na orla do seu manto, estarei curada". 
29 Ora, no mesmo instante se lhe estancou a fonte de sangue, e ela teve a sensação de estar curada. 
30 Jesus percebeu imediatamente que saíra dele uma força e, voltando-se para o povo, perguntou: "Quem tocou minhas vestes?" 
31 Responderam-lhe os seus discípulos: "Vês que a multidão te comprime e perguntas: 'Quem me tocou?"
32 E ele olhava em derredor para ver quem o fizera. 
33 Ora, a mulher, atemorizada e trêmula, sabendo o que nela se tinha passado, veio lançar-se-lhe aos pés e contou-lhe toda a verdade. 
34 Mas ele lhe disse: "Filha, a tua fé te salvou. Vai em paz e sê curada do teu mal". 
35 Enquanto ainda falava, chegou alguém da casa do chefe da sinagoga, anunciando: "Tua filha morreu. Para que ainda incomodas o Mestre?" 
36 Ouvindo Jesus a notícia que era transmitida, dirigiu-se ao chefe da sinagoga: "Não temas; crê somente". 
37 E não permitiu que ninguém o acompanhasse, senão Pedro, Tiago e João, irmão de Tiago. 
38 Ao chegar à casa do chefe da sinagoga, viu o alvoroço e os que estavam chorando e fazendo grandes lamentações. 
39 Ele entrou e disse-lhes: "Por que todo esse barulho e esses choros? A menina não morreu. Ela está dormindo". 
40 Mas riam-se dele. Contudo, tendo mandado sair todos, tomou o pai e a mãe da menina e os que levava consigo, e entrou onde a menina estava deitada. 
41 Segurou a mão da menina e disse-lhe: "Talita cumi", que quer dizer: "Menina, ordeno-te, levanta-te!"
42 E imediatamente a menina se levantou e se pôs a caminhar (pois contava doze anos). Eles ficaram assombrados.
43 Ordenou-lhes severamente que ninguém o soubesse, e mandou que lhe dessem de comer.
COMENTÁRIOS DO EVANGELHO
1. A Fé não é algo aparente....
A devoção popular é algo até bonito de se ver e que precisa sempre ser respeitada pela Igreja, mas a vida de Fé não pode se resumir a uma devoção, é preciso fazer uma experiência mais profunda pois um ato de Fé não é apenas aquilo que aparenta ser.
Analisemos com cuidado esses dois casos do evangelho de hoje, Jairo é o chefe da sinagoga, um cargo importante na comunidade judaica onde Jesus não era muito bem visto, justamente por inspirar a todos uma nova forma de se relacionar com Deus. Mas Jairo o conhece e sabe quem ele é, embora a estrutura da sua religião o negue, passa por um momento difícil em sua vida, a filhinha muito jovem está nas últimas. Ele se prostra aos pés de Jesus e seu argumento é firme não dando margem para dúvidas, da fé que ele professava em Jesus, Jairo não pediu para Jesus estudar a possibilidade de ir á sua casa visitar a menina, mas falou como quem crê "Vem impõe-lhe as mãos, para que ela se salve e viva". A Fé não é uma possibilidade mais uma realização concreta.
Ele crê na Vida nova que provém de Jesus, ele sabe no fundo do seu coração, que somente Jesus pode dar essa vida e não tem vergonha de professar publicamente a sua Fé. Aqui parece que Marcos o evangelista, olhou para o outro lado e viu a mulher portadora de uma hemorragia da qual já tinha sido praticamente desenganada pelos médicos. Essa mulher, uma anônima no meio da multidão, nada diz mais apenas pensa em tocar na barra da túnica de Jesus, que já será suficiente para ser curada. Mas Jesus percebe o ocorrido e confirma diante de todos o que acabou de acontecer com ela "Vai em paz e sê curada do seu mal".
Voltemos a Jairo, onde está ele? Será que desanimou ao ver que Jesus dera atenção á mulher enferma? Claro que não mais, no meio do caminho alguns parentes que estavam na sua casa, vieram com a notícia final "Não adianta incomodar a Jesus, a menina morreu". Na vida de Fé também é assim, há pessoas que desistem fácil, qualquer coisa torna-se pretexto para desistir de tudo e abandonar a Fé em Jesus Cristo. Mas Jairo sabia que a Vida Nova que Jesus dava para as pessoas não tinha limites, nem a morte pode impedi-la de acontecer.
Muitas vezes queremos usar a nossa Fé para resolver coisas terrenas, uma Fé que coloca Jesus a nosso serviço, era assim que as pessoas da casa de Jairo viam Jesus, a parte que lhe cabia era curar doentes, mas em se tratando de morte, não havia mais o que fazer, a não ser cuidar do enterro. Tem muita gente, inclusive cristãos de comunidade, que pensa e age assim, não conseguem vislumbrar nada de novo em Jesus Cristo.
Na casa do chefe da sinagoga Jesus chegou e segurando a mão da menina que havia morrido, ordenou-lhe "Levanta-te!" e ela se levantou e começou a caminhar. O ressuscitado não é um cadáver ambulante que se movimenta mais ele caminha porque á frente ainda há algo a ser alcançado. Temos em nós esta Vida Nova que Deus nos concedeu em nosso Batismo, tocados pelo Senhor é preciso caminhar até que possamos vislumbrar a plenitude dessa Vida. A mulher enferma e o Jairo, chefe da sinagoga, acreditaram nisso...
2. DOIS GESTOS DE MISERICÓRDIA
Jesus não se furtava de mostrar-se misericordioso com cada pessoa que se aproximava dele. Não havia quem recorresse a ele e não fosse atendido. A única condição era ser movido pela fé.
A misericórdia de Jesus manifestava-se, fundamentalmente, em forma de restauração da vida. Por isso, ele se sensibilizou com o pedido pungente de um pai, cuja filhinha estava à beira da morte e que viria logo a falecer. Jesus foi salvá-la, exigindo do pai apenas manter viva sua fé. A multidão incrédula ridicularizava a afirmação de Jesus segundo a qual a menina não estava morta, mas apenas dormindo. Porém, a fé daquele pai não ficou sem resposta. A misericórdia de Jesus devolveu-lhe a filha sã e salva, como lhe havia sido pedido.
Na mesma circunstância, uma mulher penalizada por uma hemorragia de longa data também recorreu a Jesus, esperando ser curada. Ela, diferentemente do chefe da sinagoga, agia às escondidas, pensando ser agraciada por Jesus, com o dom da cura, sem que ele percebesse. Entretanto, Jesus não se deixou pegar de surpresa. E a mulher, já curada, foi obrigada a sair do anonimato. Jesus não deixou passar em silêncio aquele gesto de profunda fé. Ele mesmo declarou ter sido a fé quem levou aquela mulher a experimentar um pouco de sua misericórdia. A fé a conduziu à fonte da vida que jorrava de Jesus.
Oração 
Senhor Jesus, reforça minha fé, para que eu também possa desfrutar da vida que brota de ti.
3. PROCURA INÚTIL?
A procura de Jesus, por parte de sua mãe e irmãos, à primeira vista parece ter sido inconveniente e inútil. Inconveniente, por ter acontecido numa hora em que o Mestre estava rodeado por muita gente. Afastar-se, naquele momento, significava interromper o ensinamento dirigido ao povo. Inútil, por que, para ele, os laços de sangue tinham pouca importância. Logo, não havia motivo para dar-lhes um tratamento especial.
Entretanto, as coisas não foram bem assim. A chegada da mãe e dos irmãos de Jesus serviu-lhe de motivo para dar um ensinamento de extrema importância: o relacionamento entre os discípulos do Reino teria como ponto de referência a prática da vontade do Pai. Esta seria a maneira pela qual deveria articular-se o novo povo de Deus, para além de parentescos sangüíneos ou da pertença a este ou aquele povo. Doravante, a submissão à vontade do Pai, explicitada nas palavras do Filho, seria a forma de vincular-se ao Reino.
É incorreto interpretar as palavras de Jesus como uma forma de desprezo aos seus familiares. Se assim fosse, estaria indo na contramão da mais elementar piedade bíblica, a qual incluía o respeito aos genitores como algo quase sagrado, e da cultura judaica, fortemente alicerçada nas relações familiares.
Portanto, a procura de sua mãe e de seus irmãos foi de grande utilidade para Jesus, pois motivou-o a ensinar que os laços sangüíneos devem estar submetidos a algo muito mais radical e abrangente: a fidelidade a Deus.
Oração
Pai, ensina-me a pautar minha vida pela fidelidade à tua vontade, para que eu faça parte de tua família, fundada pela ação de Jesus.
Liturgia da Quarta-Feira
Antífona da entrada: Alegram-se nos céus os santos que na terra seguiram a Cristo. Por seu amor derramaram o próprio sangue; exultarão com ele eternamente.
Leitura (Hebreus 12,4-7.11-15)
Leitura da carta aos Hebreus.
12 4 Ainda não tendes resistido até o sangue, na luta contra o pecado. 
5 Estais esquecidos da palavra de animação que vos é dirigida como a filhos: "Filho meu, não desprezes a correção do Senhor. Não desanimes, quando repreendido por ele; 
6 pois o Senhor corrige a quem ama e castiga todo aquele que reconhece por seu filho". 
7 Estais sendo provados para a vossa correção: é Deus que vos trata como filhos. Ora, qual é o filho a quem seu pai não corrige? 
11 E verdade que toda correção parece, de momento, antes motivo de pesar que de alegria. Mais tarde, porém, granjeia aos que por ela se exercitaram o melhor fruto de justiça e de paz. 
12 "Levantai, pois, vossas mãos fatigadas e vossos joelhos trêmulos". 
13 Dirigi os vossos passos pelo caminho certo. Os que claudicam tornem ao bom caminho e não se desviem. 
14 Procurai a paz com todos e ao mesmo tempo a santidade, sem a qual ninguém pode ver o Senhor. 
15 Estai alerta para que ninguém deixe passar a graça de Deus, e para que não desponte nenhuma planta amarga, capaz de estragar e contaminar a massa inteira. 
Salmo responsorial 102/103
O amor do Senhor por quem o respeita
é de sempre e para sempre.
Bendize, ó minha alma, ao Senhor,
e todo o meu ser, seu santo nome!
Bendize, ó minha alma, ao Senhor,
não te esqueças de nenhum de seus favores!
Como um pai se compadece de seus filhos,
o Senhor tem compaixão dos que o temem.
Porque sabe de que barro somos feitos
e se lembra que apenas somos pó.
Mas o amor do Senhor Deus por quem o teme
é de sempre e perdura para sempre;
e também sua justiça se estende
por gerações até os filhos de seus filhos,
aos que guardam fielmente sua aliança.
Aclamação do Evangelho
Aleluia, aleluia, aleluia. 
Minhas ovelhas escutam minha voz; eu as conheço e as me seguem (Jo 10,27).

Evangelho (Marcos 6,1-6)
Naquele tempo, 6 1 depois, Jesus partiu dali e foi para a sua pátria, seguido de seus discípulos. 2 Quando chegou o dia de sábado, começou a ensinar na sinagoga. Muitos o ouviam e, tomados de admiração, diziam: "Donde lhe vem isso? Que sabedoria é essa que lhe foi dada, e como se operam por suas mãos tão grandes milagres? 
3 Não é ele o carpinteiro, o filho de Maria, o irmão de Tiago, de José, de Judas e de Simão? Não vivem aqui entre nós também suas irmãs?" E ficaram perplexos a seu respeito. 
4 Mas Jesus disse-lhes: "Um profeta só é desprezado na sua pátria, entre os seus parentes e na sua própria casa". 
5 Não pôde fazer ali milagre algum. Curou apenas alguns poucos enfermos, impondo-lhes as mãos. 
6 Admirava-se ele da desconfiança deles. E ensinando, percorria as aldeias circunvizinhas.
COMENTÁRIOS DO EVANGELHO
1. Rejeição do Profeta Santo de Casa
Jesus não tinha nem um cargo importante na comunidade da sua cidade de Nazaré, onde morara na adolescência e juventude, até que deixara o lar para formar o grupo dos discípulos. Mas todo Judeu adulto tinha o direito de conduzir a reflexão ou homilia sobre a Palavra de Deus, proclamada diante da assembleia. Não era Ministro da Palavra, Padre, Diácono ou catequista, porém, falava com grande sabedoria, causando espanto e admiração nos seus conterrâneos e em meu imaginário, vejo os “Caciques” da Comunidade alvoroçados e já se deixando levar pela inveja pois o povão, não só se encantava com Jesus mas era ainda beneficiado pelos seus milagres, pelo menos alguns o procuravam com Fé e eram curados de suas enfermidades.
Os “Caciques” não admitiam que alguém vindo de fora fizesse sucesso na comunidade, ainda que fosse alguém ali da terra. Jesus não era diplomado, não tinha Teologia, não tinha formação acadêmica e nem tinha credencial das autoridades Religiosas. Era simplesmente um Leigo, podia até usar da Palavra, como a Lei lhe facultava, mas brilhar daquele jeito e ter toda aquela fama? Ah ! Os invejosos da comunidade morriam de raiva. Então começaram a tentar diminuir a sua fama, alegando que não era nenhuma celebridade, pois era filho do “Sêo” José Carpinteiro, e da Dona Maria, Tiago, José, Judas e Simão eram seus irmãos, quer dizer, “primos”. Enfim, era um “Pé Rapado” ali da Vila e não poderia jamais ser o Grande Messias prometido e anunciado pelos Profetas.
Em nossas comunidades sempre há as pessoas humildes que acolhem com alegria e se admiram da Santa Palavra de Deus, vendo também os sinais que Jesus vai realizando na comunidade, nos trabalhos pastorais, na catequese, nos ministérios e na catequese, quanta sabedoria de Deus, manifestada em Jesus e que nos chega através das pessoas que se abrem a essa graça, sejam elas leigos, ministros, padres, ministros ou Diáconos.
Mas infelizmente há também os “Caciques”, que imitando os “Senhores Feudais” querem ter tudo sob seu controle e de repente se sentem no direito de monitorar até os carismas que Deus concede as pessoas para o serviço e com isso, eles abafam e sufocam os carismas e dons, como tentaram fazer com Jesus na sua comunidade de Nazaré.
Continuemos a nos encantar com as maravilhas que a Graça de Deus realiza em nosso meio, mas também peçamos perdão por tantos carismas e ministérios sufocados em nossas comunidades, por conta de tanta prepotência e arrogância dos “Importantes” que ainda não aprenderam a reconhecer Jesus nas pessoas mais simples...
2. A incredulidade impede de receber o dom
Jesus, na sua terra, que supomos ser Nazaré, muito embora o texto não a mencione, num dia de sábado, ensina na sinagoga. Marcos não nos informa acerca do conteúdo do ensinamento, porque o interesse maior, neste episódio, está centrado na reação dos ouvintes.
Se o tema da perícope precedente era o da fé, o de hoje é a incredulidade: "Ele (Jesus) se admirava da incredulidade deles" (v. 6). Se a fé, em certo sentido, é confiança, abertura do coração que permite reconhecer a presença e ação de Deus, a incredulidade é fechamento que impede de ver além das aparências, ou melhor, impede de reconhecer nas palavras e gestos de Jesus os sinais que remetem a Deus, e impede de receber o dom.
Por esta razão, Jesus não podia fazer, aí, qualquer milagre, literalmente, "ato de poder". Os concidadãos de Jesus se admiram, perguntam-se sem nada responder - é que a falta de humildade os cegava!
Oração
Pai, abre minha mente e meu coração, para que eu possa compreender que tu te serves de meios humanamente modestos para realizar as tuas maravilhas.
3. ONDE LHE VEM ISTO?
O saber de Jesus deixava admirados os seus conterrâneos. Especialmente quem convivera com ele, durante o longo período de vida escondida em Nazaré, perguntava-se pela origem de tanta sabedoria. Não havia explicação plausível, em se considerando sua origem familiar. Seus pais eram pessoas simples, desprovidas de recursos para oferecer-lhe uma formação esmerada, que o tornasse superior aos mestres conhecidos. Sua pregação, na sinagoga, não dava margem para dúvidas. Ele possuía, de fato, uma ciência elevada, desconhecida até então.
Diante desta incógnita, os conterrâneos de Jesus deixaram-se levar pelo preconceito: não é possível que o filho de um carpinteiro, pobre e bem conhecido de todos, possua uma tal sabedoria!
Sem dúvida, este preconceito escondia outro elemento muito mais sério. Quiçá desconfiassem que a sabedoria de Jesus fosse de origem espúria, por exemplo, obra do demônio. Em outras palavras: aquilo não parecia ser coisa de Deus.
A decisão de desprezá-lo e não lhe dar ouvidos decorre destas explicações. Era perigoso enveredar por um caminho contrário à fé tradicional, desviando-se de Deus.
A incredulidade de sua gente deixava Jesus admirado, a ponto de decidir realizar, em Nazaré, poucos milagres. Seu povo perdia, assim, uma grande oportunidade de conhecê-lo melhor, e descobrir, de maneira acertada, a origem de seu saber.
Oração 
Espírito de perspicácia, não me deixes ficar enredado em falsas questões a respeito de Jesus, a ponto de perder a ocasião de conhecê-lo mais profundamente.
Liturgia da Quinta-Feira
IV SEMANA DO TEMPO COMUM 
(VERDE – OFÍCIO DO DIA)
Antífona da entrada: Salvai-nos, Senhor nosso Deus, reuni vossos filhos dispersos pelo mundo, para que celebremos o vosso santo nome e nos gloriemos em vosso louvor (Sl 105,47)
Leitura (Hebreus 12,18-19.21-24)
Leitura da carta aos Hebreus.
12 18 Em verdade, não vos aproximastes de uma montanha palpável, invadida por fogo violento, nuvem, trevas, tempestade, 19 som da trombeta e aquela voz tão terrível que os que a ouviram suplicaram que ela não lhes falasse mais. 
21 E tão terrível era o espetáculo, que Moisés exclamou: "Eu tremo de pavor". 
22 Vós, ao contrário, vos aproximastes da montanha de Sião, da cidade do Deus vivo, da Jerusalém celestial, das miríades de anjos, 23 da assembléia festiva dos primeiros inscritos no livro dos céus, e de Deus, juiz universal, e das almas dos justos que chegaram à perfeição, 24 enfim, de Jesus, o mediador da Nova Aliança, e do sangue da aspersão, que fala com mais eloqüência que o sangue de Abel.
Salmo responsorial 47/48
Recordamos, ó Senhor, vossa bondade,
em meio ao vosso templo.
Grande é o Senhor e muito digno de louvores
na cidade onde ele mora;
seu monte santo, esta colina encantadora
é alegria do universo.
Monte Sião, no extremo norte situado,
és a mansão do grande rei!
Deus revelou-se em suas fortes cidadelas
um refúgio poderoso.
Como ouvimos dos antigos, contemplamos:
Deus habita esta cidade,
a cidade do Senhor onipotente,
que ele guarde eternamente!
Recordamos, Senhor Deus, vossa bondade
em meio ao vosso templo;
com vosso nome vai também vosso louvor
aos confins de toda a terra.
Aclamação do Evangelho
Aleluia, aleluia, aleluia. 
Convertei-vos e crede no Evangelho, pois o reino de Deus está chegando! (Mc 1,15).

EVANGELHO (Marcos 6,7-13)
6 7 Então, Jesus chamou os Doze e começou a enviá-los, dois a dois; e deu-lhes poder sobre os espíritos imundos. 
8 Ordenou-lhes que não levassem coisa alguma para o caminho, senão somente um bordão; nem pão, nem mochila, nem dinheiro no cinto; 
9 como calçado, unicamente sandálias, e que se não revestissem de duas túnicas. 
10 E disse-lhes: "Em qualquer casa em que entrardes, ficai nela, até vos retirardes dali. 
11 Se em algum lugar não vos receberem nem vos escutarem, saí dali e sacudi o pó dos vossos pés em testemunho contra ele". 
12 Eles partiram e pregaram a penitência. 
13 Expeliam numerosos demônios, ungiam com óleo a muitos enfermos e os curavam. 
COMENTÁRIOS DO EVANGELHO
1. A Sagrada Liberdade do Missionário
Uma interpretação equivocada das instruções que Jesus dá aos seus discípulos, ao enviar-lhes em missão, sempre nos dá a impressão de que o Discípulo Missionário é um Mendigo que vive na miséria. Até tivemos na Idade Média o surgimento de algumas ordens mendicantes que Deus suscitou, entre esses religiosos encontramos São Domingos e São Francisco de Assis, mas para ser um sinal a uma Igreja que chegava no ápice do seu poder temporal, alinhando-se com os poderosos do Império.
E qual era o recado da Palavra de Deus por aquele tempo e nos dias de hoje? O mesmo de sempre: o Discípulo Missionário seguidor de Jesus Cristo deve ser totalmente livre, em relação as pessoas, ás coisas materiais e aos bens desse mundo. Quando o coração do Evangelizador está atrelado a algum Bem terreno, seja material, ou símbolo de poder e status, que lhe dê prestígio e fama, a sua pregação cairá no vazio pois não irá convencer a ninguém. Bordão e sandália, os únicos objetos que o Discípulo Missionário poderá ter, segundo o evangelho, são símbolos da transitoriedade dessa Vida, estamos a caminho, fazemos a travessia em busca da terra prometida, tudo aqui é transitório e nada é definitivo nesta vida terrena.
Jesus nunca invadiu com sua Palavra a Vida de alguém, poder para isso ele tem. Poderia fazer o sujeito entrar em transe para assim sob seu domínio, permitir que a Graça e a Palavra de Deus entre em sua vida. Mas a Palavra que é anunciada em total liberdade, deve também ser acolhida com liberdade pelas pessoas, daí a recomendação de não “Forçar a Barra”, ao contrário, seguir o caminho e não levar nem a poeira na sandália, não em sinal de ódio pela rejeição, ao contrário, respeito pela liberdade do outro.
Pregar a penitência é anunciar as pessoas essa necessidade de se abrirem á Palavra de Deus, de se colocarem diante Dele com toda humildade, acolhendo a Palavra e permitindo-se transformar sob sua ação Divina. O Mal presente no coração das pessoas jamais resistirá ao anúncio da Palavra pois nenhum argumento será mais forte e convincente do que o anúncio da Salvação, por isso os demônios são expelidos e a unção com o óleo cura a todos os enfermos.
O Demônio detesta a palavra Liberdade, principalmente a Liberdade do Cristão, que a exemplo de Jesus, se entrega livremente por amor a toda humanidade. Cristo é a única razão de o Cristão tornar-se Discípulo Missionário, qualquer outra razão que não seja essa, será vazia e enganosa...
2. A missão exige disponibilidade para partir
É a primeira vez que os Doze são enviados por Jesus. O início da pregação deles é um convite à conversão. É com esse mesmo apelo que Jesus começou o seu ministério público: "Convertei-vos e crede no Evangelho" (Mc 1,15). Aqui se realiza o que já havia sido dito em 3,14-15: "... designou doze. para enviá-los a pregar, com poder de expulsar demônios". As recomendações para a missão requerem dos apóstolos serem livres e não buscarem a própria segurança, nem se apoiarem nos meios, mas na palavra daquele que os envia. O "cajado" e a "sandália" são instrumentos de viagem (cf. Ex 12,11) e implicam disponibilidade para partir. O poder dado aos Doze para expulsar os demônios, e que é participação no poder de Jesus Cristo, é o Espírito Santo, Deus em nós.
Oração
Pai, ajuda-me a superar toda tentação de acomodar-me, pois, como apóstolo do teu Reino, tenho de estar, continuamente, a caminho.
3. NUNCA DESANIMAR
Desde o início, os apóstolos foram alertados para contar com contrariedades, no desenrolar da missão. Esta chamada de atenção foi importante para que não ficassem frustrados diante dos insucessos. Os apóstolos do Reino precisam ser realistas. A missão não está encerrada, só por que alguns se mostram refratários à pregação. A reação do apóstolo deve ser seguir adiante, sem deixar esmorecer seu zelo missionário.
Seria incorreto lançar impropérios contra os que não acolhem o missionário. Seria igualmente incorreto desejar para eles o castigo divino.
Foi o que aconteceu, quando os discípulos pediram que Jesus mandasse fogo do céu para consumir os samaritanos que não lhes deram acolhida. O Mestre, porém, proibiu-lhes todo tipo de represália.
Aconselhava-os, no entanto, a fazer um gesto simbólico, caso não fossem acolhidos: sacudir o pó das sandálias, em sinal de protesto. Era o que os judeus costumavam fazer, quando regressavam à Palestina, depois de terem tido contato com cidades pagãs. Esse gesto continha dois significados possíveis: os que se recusam a acolher os apóstolos assemelham-se aos pagãos, e não pertencem ao verdadeiro Israel; os apóstolos não tem mais responsabilidade quanto ao destino do povo daquelas cidades, cuja poeira não querem levar consigo.
Seguindo em frente, os apóstolos recomeçam a missão, sem nunca desanimar.
Oração 
Espírito de zelo missionário, ensina-me a superar os desafios da missão, sem deixar-me abater pelos insucessos.
Liturgia da Sexta-Feira
IV SEMANA DO TEMPO COMUM *
(VERDE – OFÍCIO DO DIA)
Antífona da entrada: Salvai-nos, Senhor nosso Deus, reuni vossos filhos dispersos pelo mundo, para que celebremos o vosso santo nome e nos gloriemos em vosso louvor (Sl 105,47)
Leitura (Hebreus 13,1-8)
Leitura da carta aos Hebreus.
Irmãos, 13 1 conserve-se entre vós a caridade fraterna. 2 Não vos esqueçais da hospitalidade, pela qual alguns, sem o saberem, hospedaram anjos. 
3 Lembrai-vos dos encarcerados, como se vós mesmos estivésseis presos com eles. E dos maltratados, como se habitásseis no mesmo corpo com eles. 
4 Vós todos considerai o matrimônio com respeito e conservai o leito conjugal imaculado, porque Deus julgará os impuros e os adúlteros. 
5 Vivei sem avareza. Contentai-vos com o que tendes, pois Deus mesmo disse: "Não te deixarei nem desampararei". 6 Por isso é que podemos dizer com confiança: "O Senhor é meu socorro, e nada tenho que temer. Que me poderá fazer o homem?"
7 Lembrai-vos de vossos guias que vos pregaram a palavra de Deus. Considerai como souberam encerrar a carreira. E imitai-lhes a fé. 
8 Jesus Cristo é sempre o mesmo: ontem, hoje e por toda a eternidade.
Salmo responsorial 26/27
O Senhor é minha luz e salvação!
O Senhor é minha luz e salvação;
de que eu terei medo?
O Senhor é a proteção da minha vida;
perante quem eu tremerei?
Se contra mim um exército se armar,
não temerá meu coração;
se contra mim uma batalha estourar,
mesmo assim confiarei.
Pois um abrigo me dará sob o seu teto 
nos dias da desgraça;
no interior de sua tenda há de esconder-me
e proteger-me sobre a rocha.
Senhor, é vossa face que eu procuro;
não me escondais a vossa face!
Não agasteis em vossa ira o vosso servo,
sois vós o meu auxílio!
Não me esqueçais nem me deixeis abandonado.
Aclamação do Evangelho
Aleluia, aleluia, aleluia. 
Felizes os que observam a palavra do Senhor de reto coração e que produzem muitos frutos, até o fim perseverantes! (Lc 8,15).

EVANGELHO (Marcos 6,14-29)
Naquele tempo, 6 14 o rei Herodes ouviu falar de Jesus, cujo nome se tornara célebre. Dizia-se: "João Batista ressurgiu dos mortos e por isso o poder de fazer milagres opera nele". 
15 Uns afirmavam: "É Elias!" Diziam outros: "É um profeta como qualquer outro". 
16 Ouvindo isto, Herodes repetia: "É João, a quem mandei decapitar. Ele ressuscitou!" 
17 Pois o próprio Herodes mandara prender João e acorrentá-lo no cárcere, por causa de Herodíades, mulher de seu irmão Filipe, com a qual ele se tinha casado. 
18 João tinha dito a Herodes: "Não te é permitido ter a mulher de teu irmão". 
19 Por isso Herodíades o odiava e queria matá-lo, não o conseguindo, porém. 
20 Pois Herodes respeitava João, sabendo que era um homem justo e santo; protegia-o e, quando o ouvia, sentia-se embaraçado. Mas, mesmo assim, de boa mente o ouvia. 
21 Chegou, porém, um dia favorável em que Herodes, por ocasião do seu natalício, deu um banquete aos grandes de sua corte, aos seus oficiais e aos principais da Galiléia. 
22 A filha de Herodíades apresentou-se e pôs-se a dançar, com grande satisfação de Herodes e dos seus convivas. Disse o rei à moça: "Pede-me o que quiseres, e eu to darei". 23 E jurou-lhe: "Tudo o que me pedires te darei, ainda que seja a metade do meu reino". 
24 Ela saiu e perguntou à sua mãe: "Que hei de pedir?" E a mãe respondeu: "A cabeça de João Batista". 
25 Tornando logo a entrar apressadamente à presença do rei, exprimiu-lhe seu desejo: "Quero que sem demora me dês a cabeça de João Batista". 
26 O rei entristeceu-se; todavia, por causa da sua promessa e dos convivas, não quis recusar. 
27 Sem tardar, enviou um carrasco com a ordem de trazer a cabeça de João. Ele foi, decapitou João no cárcere, 
28 trouxe a sua cabeça num prato e a deu à moça, e esta a entregou à sua mãe. 
29 Ouvindo isto, os seus discípulos foram tomar o seu corpo e o depositaram num sepulcro.
COMENTÁRIOS DO EVANGELHO
1. O Preço do Pecado
O Evangelho nos mostra a conturbada relação de Herodes com Jesus. Claro que não há uma cronologia sequencial dos fatos aqui expostos, o que o evangelista ressalta muito bem é que os Poderosos desse mundo, aqui representados por Herodes, sempre se colocam acima de qualquer poder, mesmo o Divino, como donos absolutos da Vida podendo manipula-la á vontade, sempre é claro a seu favor.
Herodes não acreditava naquela onda de que o Batista, que ele mandara decapitar, atendendo o desejo de Salomé, a filha de sua amante Herodíades, teria ressuscitado em Jesus e voltara a vida para provocá-lo.
E qual é o pecado de Herodes? Exatamente o de colocar-se acima de Deus enquanto Rei, e mesmo que aprecie a quem prega, não pode voltar atrás em sua palavra, pois jurou durante um banquete no dia do seu aniversário. Celebrou a Vida decretando a morte do Justo que ousara denunciar o seu pecado de adultério.
A Eucaristia é um Banquete bem diferente do Banquete de Herodes, nela Jesus oferece a própria Vida para que toda Humanidade a tenha em abundância. Diferente de Herodes, Jesus mantém a sua Palavra, mesmo que isso represente perder a própria Vida. Se permanecesse fiel as Palavras de João Batista a quem tanto admirava, compreenderia que no Reino de Jesus, só ganha quem perde.
O homem da pós modernidade conhece Jesus Cristo, o seu evangelho e o seu Reino, admira os valores cristãos e  até os acha belos enquanto ideal de Vida, mas no momento em que, para decidir radicalmente a favor do Reino, correr o risco de perder algo, como Herodes prefere que prevaleça a mentira, a infidelidade e a morte do Justo, relativizando Jesus Cristo e seus ensinamentos, porque o seu egocentrismo só o leva a ver como absoluto seus interesses.
Os governantes e os legisladores do mundo, muitas vezes agem desse modo, decretando a morte do Justo, porque o seu testemunho é uma séria ameaça ao poder que ocupam. E assim, o banquete de morte se repete em todas as esferas, pois há sempre uma Herodíades caprichosa, querendo a cabeça dos que vivem e anunciam a Verdade Absoluta.
2. A fama de Jesus se espalhara
Quem não tinha ouvido falar de Jesus? Até Herodes o tinha! A fama de Jesus se espalhara (Mc 1,28). Se todo mundo falava e ouvia falar de Jesus, não havia unanimidade no que concerne a sua verdadeira identidade. O "fantasma" da morte de João perturbava Herodes, que era, no dizer de Lucas, um criminoso (Lc 3,19). João Batista, podemos dizer, é o primeiro mártir da moral. Por causa da denúncia de adultério de Herodes com Herodíades que ele foi encarcerado e brutalmente assassinado.
Oração
Pai, que as contrariedades da vida jamais me intimidem e impeçam de seguir adiante, cumprindo minha missão de evangelizador.
3. UM MÁRTIR DA VERDADE
A liberdade com a qual Jesus pregava levou-o a ser confundido com João Batista. A corte do rei Herodes, por exemplo, quando ouviu falar a respeito de Jesus, pensou tratar-se de João Batista ressuscitado, operando maravilhas.
João Batista se tornara conhecido pela sua defesa intransigente da verdade. Nem o rei escapou de ser denunciado, quando, de maneira arbitrária, tomou para si a mulher de seu irmão. O profeta João não hesitou de lançar-lhe em face não ser permitido conservar para si aquela que não lhe pertencia.
Sua figura frágil não se intimidou diante da fúria de rei e de sua concubina. Ele não podia pactuar com o pecado de quem quer que fosse. E não temia pagar o preço de sua liberdade. Ele devia fidelidade somente a Deus.
O destino de João chamava a atenção para o destino de Jesus e de seus discípulos. Eles deveriam contar com a rejeição e a morte, especialmente, quando o serviço do Reino os confrontasse com a prepotência dos poderosos. A atitude firme e corajosa do Batista serviria de modelo inspirador. Assim como ele não se curvou diante da iniqüidade do rei, Jesus também não se curvaria. Os discípulos deveriam tomar esta atitude como modelo. O serviço do Reino comporta o testemunho da verdade, mesmo com o risco de perder a vida.
Oração 
Senhor Jesus, seja o testemunho de liberdade e coragem demonstrado por João fonte de inspiração para minha caminhada de discípulo.
Liturgia do Sábado
IV SEMANA DO TEMPO COMUM 
(VERDE – OFÍCIO DO DIA)
Antífona da entrada: Salvai-nos, Senhor nosso Deus, reuni vossos filhos dispersos pelo mundo, para que celebremos o vosso santo nome e nos gloriemos em vosso louvor (Sl 105,47)
Leitura (Hebreus 13,15-17.20-21)
Leitura da carta aos Hebreus
Irmãos, 13 15 por ele ofereçamos a Deus sem cessar sacrifícios de louvor, isto é, o fruto dos lábios que celebram o seu nome . 
16 Não negligencieis a beneficência e a liberalidade. Estes são sacrifícios que agradam a Deus! 
17 Sede submissos e obedecei aos que vos guiam (pois eles velam por vossas almas e delas devem dar conta). Assim, eles o farão com alegria, e não a gemer, que isto vos seria funesto. 
20 E o Deus da paz que, no sangue da eterna aliança, ressuscitou dos mortos o grande pastor das ovelhas, nosso Senhor Jesus, 21 queira dispor-vos ao bem e vos conceder que cumprais,a sua vontade, realizando ele próprio em vós o que é agradável aos seus olhos, por Jesus Cristo, a quem seja dada a glória por toda a eternidade. Amém!
Salmo responsorial 22/23
O Senhor é o pastor que me conduz,
não me falta coisa alguma.
O Senhor é o pastor que me conduz;
não me falta coisa alguma.
Pelos prados e campinas verdejantes 
ele me leva a descansar.
Para as águas repousantes me encaminha
e restaura as minhas forças.
Ele me guia no caminho mais seguro,
pela honra do seu nome.
Mesmo que eu passe pelo vale tenebroso, 
nenhum mal eu temerei.
Estais comigo com bastão e com cajado,
eles me dão a segurança!
Preparais à minha frente uma mesa,
bem à vista do inimigo;
com óleo vós ungis minha cabeça,
e o meu cálice transborda.
Felicidade e todo bem hão de seguir-me
por toda a minha vida;
e, na casa do Senhor, habitarei
pelos tempos infinitos.
Aclamação do Evangelho
Aleluia, aleluia, aleluia. 
Minhas ovelhas escutam minha voz, eu as conheço e elas me seguem (Jô 10,27).

Evangelho (Marcos 6,30-34)
6 30 Os apóstolos voltaram para junto de Jesus e contaram-lhe tudo o que haviam feito e ensinado. 
31 Ele disse-lhes: Vinde à parte, para algum lugar deserto, e descansai um pouco. Porque eram muitos os que iam e vinham e nem tinham tempo para comer. 
32 Partiram na barca para um lugar solitário, à parte. 
33 Mas viram-nos partir. Por isso, muitos deles perceberam para onde iam, e de todas as cidades acorreram a pé para o lugar aonde se dirigiam, e chegaram primeiro que eles. 
34 Ao desembarcar, Jesus viu uma grande multidão e compadeceu-se dela, porque era como ovelhas que não têm pastor. E começou a ensinar-lhes muitas coisas. 
COMENTÁRIOS DO EVANGELHO
1. A SÓS COM O SENHOR...
Sempre ouço uma crítica contundente em nossa Igreja, de que, “no dia em que Jesus voltar, não vai nos encontrar unidos, mas reunidos”. Há de fato um excesso de reuniões, as vezes sem pauta e nem assunto determinado, e o que é pior, sem horário para terminar, onde patina-se em assuntos pessoais e troca-se muitas “farpas”. Seria necessário refletirmos sobre a qualidade de nossas reuniões, avaliando-se os resultados. Lembro-me da primeira vez em que fui convocado para uma reunião na igreja, isso já faz tempo. Senti-me muito importante, hoje confesso que o entusiasmo já não é tanto justamente porque ás vezes o clima de uma reunião torna-se tenso.
Pelo jeito os discípulos também gostavam de uma reunião, haviam sido enviados em missão, e no evangelho de hoje voltam para Jesus, querendo fazer uma reunião de avaliação, mas ao que parece, o Mestre não era muito chegado em reunião, porque assim que eles começaram a expor o relatório de tudo o que tinham feito, Jesus os convidou a irem para um lugar á parte: “Vamos descansar um pouco em um lugar á parte!”– Prestemos atenção nesse verbo, “descansar”, que tem muitos significados: descontrair, fazer algo diferente, jogar um pouco de conversa fora, dar boas risadas de coisas engraçadas que aconteceram na missão, rir dos próprios erros e enganos “Imagine Senhor, que eu por engano bati na porta de um ateu, e quando comecei a falar em teu nome, pensei que o home ia ter um “saracotico”!, Fico imaginando o grupo todo caindo na risada com aquele Missionário distraído, e Jesus exclamando bem humorado “Mas você é uma anta mesmo !”, e tome mais risada e até o sisudo Pedro, quase se engasga de tanto rir, e me dirão os extremamente conservadores, que isso não está no evangelho. E nem precisaria...O riso e o bom humor faz parte do ser humano e Jesus era Homem cem por cento, como bem definiu o Concílio de Calcedônia em 451. O leitor tire suas conclusões...
Modéstia á parte, nossas reuniões de diáconos da diocese de Sorocaba, são um pouco assim, as vezes o Dirigente tem que dar um “breque” para acalmar os faladores e piadistas, e não pensem que os mais idosos não gostam, até eles fazem rodinhas para contar suas anedotas ou coisas engraçadas do seu ministério. Faz muito bem a alma, ao coração e à nossa “psique”, esses momentos de pura alegria por estarmos juntos, pois não se conhece arma mais poderosa do que o isolamento, para destruir por completo uma vocação, agente de pastoral que se isola dos demais, catequistas, ministros, padres e diáconos. Começou a ficar sozinho, está dando “sopa” para a derrota e o fracasso na sua vocação, daí vêm certas tristezas, angústias e desvios de conduta, por falta de apoio.
Na correria dos trabalhos pastorais e ministérios, é preciso parar de vez em quando, e aqui há outro sentido belíssimo nessa reflexão, pois, descansar com o Senhor, significa abastecer-se, na intimidade da oração, no mistério da Eucaristia, onde Deus é um frágil pedacinho de pão, na palma da minha mão, ou ainda como Maria, irmã de Marta, sentar-se confortavelmente aos pés do Senhor, para ouvir a sua palavra. De que me adianta não ter tempo para mais nada, nem para mim mesmo, nem para os amigos, nem para a família, nem para comer, por conta de uma agenda lotadíssima de compromissos, se vou aos poucos me distanciando daquilo que é essencial?
O ativismo exacerbado das atividades pastorais e ministeriais começa a nos fazer sentir que somos Donos do reino e da igreja colocando-nos no centro das atenções, quando na verdade apenas trabalhamos para o Mestre Jesus.  É ele quem nos envia, quem nos confia a missão, é portanto ele, que no “intervalo” do jogo, como fazem os técnicos de futebol, irá nos dar as instruções, fazer as correções necessárias, mostrando-nos a melhor estratégia para sermos bem sucedidos na missão.
Não tenho nenhuma dúvida, de que sem essa intimidade dos bastidores, com Nosso Senhor, retirados em um lugar á parte, sem essa descontração com o grupo todo, que solidifica a amizade e o carinho entre os membros, qualificando as relações pessoais, corre-se o risco de estressar-se diante do volume de trabalho a ser feito na comunidade e na evangelização.
Fora da Igreja, a multidão que temos que servir é muito grande, as pessoas buscam desesperadamente algo que o cristianismo tem de sobra, que é a esperança, presente na palavra da qual somos portadores, mas é perigoso esse “corre-corre” nos tornar insensíveis a dor, ao sofrimento e as necessidades das pessoas, tornando-nos profissionais da palavra, realizando trabalhos belíssimos e ações arrojadas, mas não movidos por essa COMPAIXÃO, que Jesus tem pelas pessoas que o procuram, mas apenas levados por nossos interesses mesquinhos, pela nossa vaidade, prepotência e arrogância, manifestando de vez em quando o nosso mau humor e azedume naquilo que fazemos.
E  Agentes de Pastoral ou Ministros da Igreja, com essa característica, longe de atrair as pessoas, como o Mestre fazia, as vezes é melhor manter a devida distância, porque nunca se sabe em que hora que o “Rei ou a Rainha da Cocada”, vai dar o seu terrível “coice”, que magoa, machuca e gera tantas divisões e intrigas na comunidade, perdendo de vista a compaixão, vivida por Jesus. Compaixão que o levou a interromper o descanso, para atender os que o procuravam.
2. A compaixão não se confunde com dó
O texto é a continuidade de 6,7-13, e a preparação do episódio da "multiplicação dos pães" (6,34-44). O texto tem uma clara perspectiva eclesial. Os discípulos reúnem-se com Jesus para prestar contas da missão: ". contaram tudo o que tinham feito e ensinado" (v. 30). É o Senhor quem dá descanso aos que ele envia: "Vinde, a sós, a um lugar deserto, e descansai um pouco!" (v. 31).
O projeto foi frustrado, pois uma grande multidão os seguiu. Essa multidão que vai atrás de Jesus causa nele "compaixão", um sentimento divino que atinge o mais profundo da pessoa, as entranhas. A compaixão não se confunde com dó. Atingindo o mais profundo do ser humano, ela leva alguém a agir em favor do(s) outro(s). A razão da compaixão: "... porque eram como ovelhas que não têm pastor" (v. 34). É possível ouvir, aqui, ecos do Antigo Testamento: ". que a comunidade do Senhor não seja como um rebanho sem pastor" (Nm 27,17; ver também 1Rs 22,17; Zc 10,12). Jesus é apresentado como Pastor que cuida com compaixão do povo de Deus. Ensinando, não deixa que as ovelhas se percam.
Oração
Pai, dá-me as disposições necessárias para eu realizar bem a missão recebida de Jesus, tendo-o sempre como modelo.
3. A SÓS, COM JESUS
No processo de formação dos discípulos, Jesus evitava que caíssem num ativismo incontrolado. Eram tantas as pessoas que os rodeavam, fazendo solicitações de todo tipo, a ponto de não terem nem tempo para comer. Essa situação, com o passar do tempo, poderia se mostrar prejudicial. O excesso de atividades levaria os discípulos a se desviarem do verdadeiro sentido de sua missão.
Por isso, Jesus os convida para estarem à sós, com ele, de forma a criar um espaço de convivência e de troca de experiências, útil para quem se via tão atarefado. Os apóstolos tinham para partilhar sua experiência concreta de missão. Eles tinham experimentado a força de sua palavra, pela qual os demônios eram expulsos. Viram como os doentes recobravam a saúde quando eram ungidos. Presenciavam a transformação operada na vida de quem se predispunha a converter-se ao Reino e fazer penitência por seus pecados. Eram testemunhas da alegria que se apoderava de quem se descobria amado por Deus e objeto de sua misericórdia.
O desejo de Jesus de estar sozinho com os discípulos não se concretizou. A multidão chegou antes deles, no lugar afastado para onde se dirigiam. Embora irrealizado, o desejo de Jesus não pode ser descartado sem mais. O ativismo é um perigo que deve ser evitado.
Oração 
Senhor Jesus, que eu saiba encontrar momentos para estar a sós contigo, revendo a minha vida de discípulo e me predispondo para continuar melhor a missão.
Liturgia do Domingo — 10.02.2013
5º Domingo do Tempo Comum — ANO C

(VERDE, GLÓRIA, CREIO – I SEMANA DO SALTÉRIO)
__ " Em atenção à tua Palavra, vou lançar as redes. Somos uma comunidade de Missionários! " __
Ambientação:
Sejam bem-vindos amados irmãos e irmãs!
INTRODUÇÃO DO FOLHETO DOMINICAL PULSANDINHO: Reunidos para a celebração do mistério central da nossa fé, queremos, nesta liturgia, fazer a experiência da misericórdia e da santidade de Deus. Nos quatro Domingos da primeira parte do Tempo Comum, a Palavra de Deus esteve no centro de todas as reflexões. Nas Bodas de Caná, Maria pediu para fazer tudo o que Jesus diz. Com sua Palavra na sinagoga, Jesus declara que a Palavra anunciada pelos profetas realiza-se nele e, por causa da Palavra, Jesus é expulso de sua cidade natal. Agora, neste Domingo, ouvimos Pedro dizer: "em atenção à tua Palavra, vou lançar as redes". Portanto, através da Palavra se faz experiência de Deus e, dessa experiência, se acolhe a missão, o envio e a preparação para o discipulado de Jesus. Antes do envio, porém, é preciso passar pela experiência do encontro com Deus, que acontece pelo acolhimento da Palavra. Amanhã, dia 11, celebraremos o dia de Nossa Senhora de Lourdes, padroeira de nossa Diocese. Que Maria interceda por nós e por todos os que se dedicam no trabalho de evangelização.
INTRODUÇÃO DO FOLHETO DOMINICAL O POVO DE DEUS: Ao celebrar esta Eucaristia, somos chamados a mergulhar nas águas mais profundas da fé que age pelo amor. Nesse sentido nos preparamos para celebrar o Tempo da Quaresma, a iniciar na próxima quarta-feira. Que os quarenta dias de penitência que antecedem a Páscoa do Senhor purifiquem nossos corações e unifiquem nosso olhar na fé.
INTRODUÇÃO DO WEBMASTER: Para anunciar a Deus, é preciso tê-lo "conhecido". Para conhecer a Deus é necessário que "Ele se revele". Não podemos atingir a Deus com nossos silogismos, encerrá-lo em nossos raciocínios. A revelação de Deus é ato soberanamente livre, é iniciativa sua, totalmente gratuita. O homem não tem poder sobre Deus. Ora, o profeta não anuncia uma doutrina abstrata, meramente humana, mas o Deus vivo; ele só é profeta se Deus se lhe revela, se o chama, se o envia. Revelação, vocação e missão estão estreitamente unidas. A Igreja só pode revelar o amor de Deus partilhando este amor com todos os seres humanos.
Sintamos o júbilo real de Deus em nossos corações e cheios dessa alegria divina entoemos alegres cânticos ao Senhor!
V DOMINGO DO TEMPO COMUM
Antífona da entrada: Entrai, inclinai-vos e prostrai-vos: adoremos o Senhor que nos criou, pois ele é o nosso Deus (Sl 94,6s).
Oração do dia
Velai, ó Deus, sobre a vossa família com incansável amor; e, como só confiamos na vossa graça, guardai-nos sob a vossa proteção. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, Vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.
Comentário das Leituras: A palavra de Deus é dirigida a Isaías, no templo; a Pedro, na sua barca; e a Paulo, pelo estudo das Escrituras. Hoje, a mesma Palavra é dirigida a nós. Pelo acolhimento da Palavra, canta o salmista, Deus começa uma obra nova em nossas vidas.
Primeira Leitura (Isaías 6,1-8)
Leitura do livro do profeta Isaías.
6 1 No ano da morte do rei Ozias, eu vi o Senhor sentado num trono muito elevado; as franjas de seu manto enchiam o templo. 
2 Os serafins se mantinham junto dele. Cada um deles tinha seis asas; com um par (de asas) velavam a face; com outro cobriam os pés; e, com o terceiro, voavam. 
3 Suas vozes se revezavam e diziam: "Santo, santo, santo é o Senhor Deus do universo! A terra inteira proclama a sua glória"! 
4 A este brado as portas estremeceram em seus gonzos e a casa, encheu-se de fumo. 
5 "Ai de mim, gritava eu. Estou perdido porque sou um homem de lábios impuros, e habito com um povo (também) de lábios impuros e, entretanto, meus olhos viram o rei, o Senhor dos exércitos!" 
6 Porém, um dos serafins voou em minha direção; trazia na mão uma brasa viva, que tinha tomado do altar com uma tenaz. 
7 Aplicou-a na minha boca e disse: "Tendo esta brasa tocado teus lábios, teu pecado foi tirado, e tua falta, apagada". 
8 Ouvi então a voz do Senhor que dizia: "Quem enviarei eu? E quem irá por nós?" "Eis-me aqui", disse eu, "enviai-me". 
Salmo responsorial 137/138
Vou cantar-vos ante os anjos, ó Senhor, 
e ante o vosso templo vou prostrar-me.
Ó Senhor, de coração eu vos dou graças, 
porque ouvistes as palavras dos meus lábios! 
Perante os vossos anjos vou cantar-vos 
e ante o vosso templo vou prostrar-me.
Eu agradeço vosso amor, vossa verdade,
porque fizestes muito mais que prometestes;
naquele dia em que gritei, vós me escutastes
e aumentastes o vigor da minha alma.
Os reis de toda a terra hão de louvar-vos 
quando ouvirem, ó Senhor, vossa promessa. 
Hão de cantar vossos caminhos e dirão: 
"Como a glória do Senhor é grandiosa!"
Estendereis o vosso braço em meu auxílio 
e havereis de me salvar com vossa desta. 
Completai em mim a obra começada; 
ó Senhor, vossa bondade é para sempre! 
Eu vos peço: não deixeis inacabada 
esta obra que fizeram vossas mãos!
Segunda Leitura (1 Coríntios 15,1-11)
Leitura da primeira carta de são Paulo aos Coríntios.
15 1 Eu vos lembro, irmãos, o Evangelho que vos preguei, e que tendes acolhido, no qual estais firmes. 
2 Por ele sereis salvos, se o conservardes como vo-lo preguei. De outra forma, em vão teríeis abraçado a fé. 
3 Eu vos transmiti primeiramente o que eu mesmo havia recebido: que Cristo morreu por nossos pecados, segundo as Escrituras; 
4 foi sepultado, e ressurgiu ao terceiro dia, segundo as Escrituras; 
5 apareceu a Cefas, e em seguida aos Doze. 
6 Depois apareceu a mais de quinhentos irmãos de uma vez, dos quais a maior parte ainda vive (e alguns já são mortos); 
7 depois apareceu a Tiago, em seguida a todos os apóstolos. 
8 E, por último de todos, apareceu também a mim, como a um abortivo. 
9 Porque eu sou o menor dos apóstolos, e não sou digno de ser chamado apóstolo, porque persegui a Igreja de Deus. 
10 Mas, pela graça de Deus, sou o que sou, e a graça que ele me deu não tem sido inútil. Ao contrário, tenho trabalhado mais do que todos eles; não eu, mas a graça de Deus que está comigo. 
11 Portanto, seja eu ou sejam eles, assim pregamos, e assim crestes. 
Aclamação do Evangelho
Aleluia, aleluia, aleluia. 
"Vinde após mim!", o Senhor lhes falou, "e vos farei pescadores de homens".

EVANGELHO (Lucas, 5,1-11)
Naquele tempo, 5 1 Estando Jesus um dia à margem do lago de Genesaré, o povo se comprimia em redor dele para ouvir a palavra de Deus. 
2 Vendo duas barcas estacionadas à beira do lago, - pois os pescadores haviam descido delas para consertar as redes -, 
3 subiu a uma das barcas que era de Simão e pediu-lhe que a afastasse um pouco da terra; e sentado, ensinava da barca o povo. 
4 Quando acabou de falar, disse a Simão: "Faze-te ao largo, e lançai as vossas redes para pescar". 
5 Simão respondeu-lhe: "Mestre, trabalhamos a noite inteira e nada apanhamos; mas por causa de tua palavra, lançarei a rede". 
6 Feito isto, apanharam peixes em tanta quantidade, que a rede se lhes rompia. 
7 Acenaram aos companheiros, que estavam na outra barca, para que viessem ajudar. Eles vieram e encheram ambas as barcas, de modo que quase iam ao fundo. 
8 Vendo isso, Simão Pedro caiu aos pés de Jesus e exclamou: "Retira-te de mim, Senhor, porque sou um homem pecador". 
9 É que tanto ele como seus companheiros estavam assombrados por causa da pesca que haviam feito. 
10 O mesmo acontecera a Tiago e João, filhos de Zebedeu, que eram seus companheiros. Então Jesus disse a Simão: Não temas; doravante serás pescador de homens. 
11 E atracando as barcas à terra, deixaram tudo e o seguiram. 
11/02 - DIA MUNDIAL DO DOENTE - DIA DO ENFERMO
MAIS EMPATIA E MENOS TEOLOGIA JUNTO AOS ENFERMOS
A palavra empatia, segundo a definição do dicionário é uma palavra que vem do grego empátheia, ou tendência para sentir o que você sentiria se estivesse na situação da outra pessoa e sob as circunstâncias experimentadas por ela.
Quando visitamos doentes, no primeiro encontro, sempre tomamos muito cuidado com o que vamos falar e com nosso modo de agir. Para que o um diálogo seja de ajuda, é preciso que antes de tudo transmita compreensão. Ou seja, mais do que explicações teóricas, o agente deve tentar comunicar ao doente o que é capaz de compreender do seu mundo interior. Compreender o outro não apenas racionalmente, mas com o coração.
Jesus dá mostras de saber colocar-se no lugar do outro para compreender o que está sentindo. Ao mesmo tempo, sabe exprimir o que percebe como experiência ou sentimento do seu interlocutor.
No relacionamento com o doente e no diálogo empático podemos estabelecer, ao menos no início da visita, como prioridade as seguintes regras: falar sobre o que o doente quiser; deixá-lo expor suas convicções mesmo que sejam bem diferentes das nossas; acolher sua história, que embora triste e marcada por desencontros, dores e sofrimentos, é sempre algo sagrado.
Portanto, ao nos defrontarmos com as pessoas que sofrem, seja qual for o tipo de sofrimento, será sempre importante colocar a serviço do outro nossas técnicas de abordagem, nossa espiritualidade e nossos conhecimentos teológicos. Porém, antes de tudo, ser humanos, respeitar e acolher aquele que sofre. Os que sofrem não precisam só de nossas crenças, doutrinas e filosofias. Com certeza, nos momentos difíceis, precisam mais da nossa empatia do que da nossa teologia.
CAMPANHA DA FRATERNIDADE
No dia 13 de fevereiro, quarta-feira de Cinzas, inicia-se a Quaresma e será lançada a Campanha da Fraternidade 2013, com o Tema: Fraternidade e Juventude. Você que é de São Paulo, participe da Missa, na Catedral da Sé, às 15 horas.
TEXTOS BÍBLICOS PARA A SEMANA:
2ª Gn 1, 1-19; Sl 103 (104); Mc 6,53-56
3ª Gn 1,20-2,4a; Sl 8; Mc 7,1-13
4ª Jl 2,12-18; Sl 50 (51); 2Cor 5,20-6,2; Mt 6,1-6.16-18
5ª Dt 30,15-20; Sl 1; Lc 9,22-25
6ª Is 58,1-9; Sl 50 (51); Mt 9,14-15
Sa Is 58,9-14; Sl 85 (86); Lc 5, 27-32)
1º DOM. DA QUARESMA. Dt 26,4-10; Sl 90 (91),1-2. 10-11. 12-13. 14-15 (R/ cf. 15b); Rm 10,8-13; Lc 4,1-13 (Tentação de Jesus)
COMENTÁRIOS DO EVANGELHO
1. CHAMADOS PARA O DESAFIO
Não sei se os quatro primeiros discípulos, André, Pedro, Tiago e João, estavam de bom humor ao serem chamados por Jesus á margem do Lago de Genesaré, quando trabalhavam duramente limpando suas redes dos “enroscos” que havia nelas, após uma noite de pescaria fracassada. É bom lembrar que tratava-se de um trabalho profissional e não de uma pescaria de lazer, como é uma prática mais perto da nossa realidade.
A proposta de Jesus ao grupo de pescadores parecera descabida, ele pedia-lhes para que insistissem em uma tarefa, que não dera certo ao longo de uma jornada inteira de trabalho noturno, de um jeito diferente, jogando as redes onde ele fosse indicar. Ora, que profissional aceitaria orientação de um estranho em seu trabalho? O horário era desfavorável, quem conhece o litoral sabe que os barcos pesqueiros trabalham à noite, e que de manhã é hora de contabilizar os ganhos com a descarga dos peixes na praia. A proposta vinha como um desafio e implicava em aceitar ou não a palavra de Jesus. Após terem aceitado, fizeram conforme o Senhor lhes ordenara e o resultado fora surpreendente: as redes não resistiram a quantidade de peixes apanhados, sendo necessário partilhar a tarefa com companheiros da outra barca.
Nas barcas de nossas comunidades o resultado do nosso trabalho nem sempre é o que esperamos, pois é preciso estar sempre preparados para o fracasso das “noites” em que as redes voltam vazias, com “coisas indesejadas” que somos obrigados a ‘limpar”, buscamos a santidade de uma vida em comunhão, na justiça, partilha e fraternidade e acabamos encontrando fofocas, intrigas, divisões, coisas que estão em nossa rede embora não façam parte da vida da comunidade, não as queremos, ninguém as deseja, mas elas estão lá, exigindo um trabalho de superação que requer muita paciência e compreensão. Quem já tirou enrosco de uma linha de pesca ou de uma rede, sabe que não é tarefa das mais fáceis.
E de repente, em meio a essa tarefa somos chamados como os primeiros discípulos à “irmos mais fundo”, avançando para águas mais profundas. Será que o nosso papel na comunidade é só ficar consertando as coisas que não deram certo? Claro que não!
A missão primária da igreja não é a excessiva preocupação com si mesma, sua estrutura e seu funcionamento, mas sim em anunciar aos de fora o evangelho de Cristo. Por experiência própria e muitas vezes por puro comodismo, achamos que o trabalho proposto por Jesus não dará nenhum resultado e na maioria das vezes em que o nosso coração nos pede mais ousadia na missão, acabamos preferindo as águas sempre rasas da nossa comunidade, grupo, pastoral, movimento ou associação onde é sempre muito fácil falar de Jesus e do seu evangelho, pois todos gostam, aceitam e até aplaudem! As pessoas vêm até nós e assim passamos o nosso tempo “pescando” no aquário, onde até causamos espanto e admiração, não pelo resultado do trabalho, mas apenas pela nossa performance e desempenho.
Não foi para isso que Jesus chamou os discípulos e nem é para isso que o Senhor nos chamou. Ser missionário é sair do nosso “mundinho” conhecido e entrar na realidade das pessoas, lá onde elas estão e vivem, feiras livres, shopings, grandes avenidas, condomínios residenciais de alto luxo, favelas e áreas verdes onde o medo do narcotráfico mata qualquer esperança, nos hospitais, presídios, asilos etc. E se acharmos que a tarefa é muito grande para as nossas modestas possibilidades, então podemos começar pelas nossas famílias e ambiente de trabalho.
O verdadeiro missionário vai sempre além de suas expectativas, do seu conhecimento, da sua bagagem e experiência, ele sabe que sempre há o risco de um fracasso, mas arrisca-se de maneira corajosa porque é o Senhor quem determina. “...em atenção á sua palavra, vou lançar as redes”. Quando assim o fazemos, acabamos nos surpreendendo com o resultado e rapidamente, como Pedro, descobriremos que não foram nossas aptidões, mas sim a graça de Deus que realizou a missão, dando os frutos em quantidade muito maior do que esperávamos.
E ao tomarmos conhecimento de que a graça de Deus, derramada por Jesus Cristo, move-se e age mesmo em cima de nossas fraquezas e erros, somos tomados pelo medo de nos entregarmos totalmente a Deus.
Então aí só nos resta um caminho: confiar em Jesus e vivermos somente á luz da fé, na certeza de que doravante faremos não do nosso modo, mas do modo dele, mesmo que isso signifique ir contra a nossa lógica e razão. Essa atitude requer uma ruptura até mesmo com aquilo que nos pareça ser essencial, os primeiros discípulos abandonaram na praia as redes e o barco e seguiram a Jesus, pois é impossível edificarmos o reino de Deus do nosso modo.
Pensemos em nossa vocação e nos perguntemos em que águas andamos “pescando”. A resposta irá exigir de nós uma atitude, a partir do evangelho. (5º. Domingo do Tempo Comum)
2. Ação Missionária da Igreja
O relato da pesca está construído sobre o de Mc 1,16-20, o chamado dos quatro primeiros discípulos: Simão e André, Tiago e João, filhos de Zebedeu. O relato tem por finalidade fundar a ação missionária da Igreja. A missão da Igreja está fundada numa promessa - envio do Senhor: "De agora em diante serás pescador de homens" (Lc 5,10).
Os episódios precedentes ao relato criam um ambiente adequado ao chamado de Pedro, o que implica que o chamado e a resposta não pareçam tão surpreendentes (veja, por exemplo, Lc 4,38-39). Segundo Marcos, Jesus se dirige separadamente, e em terra, a cada uma das duplas de irmãos; para Lucas 5,10, todos foram chamados juntos, sobre o Lago, e mediante um apelo dirigido exclusivamente a Pedro. Mas Simão não está só, ainda que seja o primeiro a receber o chamado de Jesus; também outros deixam tudo para segui-lo (v. 11).
Pedro somente é destinatário da promessa de ser "pescador de homens", o que prefigura o seu papel de "chefe" e responsável do grupo. Ainda que controvertida, a expressão "pescador de homens" aponta para a participação do discípulo na missão de Jesus. Pode ainda significar o engajamento do discípulo no que se refere à unidade da Igreja: reunir da dispersão o povo de Deus (peixes), ou, então, o ato de tirar o peixe da água pode simbolizar a participação dos que são chamados à tarefa de libertar as pessoas do poder do mal. O mar é, para o mundo bíblico, símbolo da morte e do mal.
Oração
Pai, confirma minha vocação de pescador de pessoas humanas, e conduze-me para águas mais profundas onde se encontram os que mais carecem de meu amor.
3. PESCADORES DE HOMENS
A pesca milagrosa tornou-se uma espécie de parábola da missão dos discípulos. Doravante, eles seriam pescadores de seres humanos. Qual o significado desta metáfora? 
Eles passariam a servir a um novo "patrão": Jesus. Ele é quem sabe onde e quando a rede deve ser lançada, e quem necessita de ser atraído para o Reino.
Apesar de sua habilidade e conhecimento do mar, esses pescadores haviam trabalhado a noite inteira, sem resultado. Só lançaram a rede, fiados na palavra de Jesus. O resultado foi espetacular! O mesmo aconteceria daí para frente.
O mar da Galiléia seria trocado pelo mar do mundo, onde se encontra a humanidade a ser "apanhada" pela rede do Reino. Esta troca comportaria uma verdadeira revolução na vida dos discípulos. Deveriam deixar a tranqüilidade da vida às margens do mar da Galiléia para enfrentar o mar encapelado do mundo, com suas tempestades e possibilidade de pesca infrutífera. Além disso, os laços afetivos de família, a profissão, os projetos pessoais e tudo o mais seriam deixados para trás. Os estreitos horizontes de sua terra natal alargar-se-iam até abarcar o mundo inteiro.
A decisão dos primeiros discípulos foi um salto no escuro. Só mesmo uma profunda confiança na pessoa de Jesus permitiu-lhes lançarem-se na aventura do serviço ao Reino.
Oração
Espírito de desapego, corta todas as amarras que me impedem de ouvir a ordem de Jesus para tornar-me, com ele, pescador de seres humanos.


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