segunda-feira, 14 de janeiro de 2013

Liturgia da 1ª Semana comum Ano Impar

Liturgia da Segunda Feira — 14.01.2012
I SEMANA DO TEMPO COMUM 
(VERDE – OFÍCIO DO DIA DA I SEMANA DO SALTÉRIO)
Antífona da entrada: Ergamos os nossos olhos para aquele que tem o céu como trono; a multidão dos anjos o adora, cantando a uma só voz: Eis aquele cujo poder é eterno.
Leitura (Hebreus 1,1-6)
Leitura da carta aos Hebreus.
1 1 Muitas vezes e de diversos modos outrora falou Deus aos nossos pais pelos profetas. 2 Ultimamente nos falou por seu Filho, que constituiu herdeiro universal, pelo qual criou todas as coisas. 3 Esplendor da glória (de Deus) e imagem do seu ser, sustenta o universo com o poder da sua palavra. Depois de ter realizado a purificação dos pecados, está sentado à direita da Majestade no mais alto dos céus, 4 tão superior aos anjos quanto excede o deles o nome que herdou. 
5 Pois a quem dentre os anjos disse Deus alguma vez: "Tu és meu Filho; eu hoje te gerei?" Ou então: "Eu serei seu Pai e ele será meu Filho?" 
6 E novamente, ao introduzir o seu Primogênito na terra, diz: "Todos os anjos de Deus o adorem".
Salmo responsorial 96/97
Adorai o Senhor Deus, vós anjos todos!
Deus é rei! Exulte a terra de alegria,
e as ilhas numerosas rejubilem!
Treva e nuvem o rodeiam no seu trono,
que se apóia na justiça e no direito.
E assim proclama o céu sua justiça,
todos os povos podem ver a sua glória.
Aos pés de Deus vêm se prostrar todos os deuses!
Porque vós sois o Altíssimo, Senhor,
muito acima do universo que criastes,
e de muito superais todos os deuses.
Aclamação do Evangelho
Aleluia, aleluia, aleluia.
Convertei-vos e crede no Evangelho, pois o reino de Deus está chegando! (Mc 1,15).

Evangelho (Marcos 1,14-20)
1 14 Depois que João foi preso, Jesus dirigiu-se para a Galiléia. Pregava o Evangelho de Deus, e dizia: 
15 "Completou-se o tempo e o Reino de Deus está próximo; fazei penitência e crede no Evangelho." 
16 Passando ao longo do mar da Galiléia, viu Simão e André, seu irmão, que lançavam as redes ao mar, pois eram pescadores. 
17 Jesus disse-lhes: "Vinde após mim; eu vos farei pescadores de homens." 
18 Eles, no mesmo instante, deixaram as redes e seguiram-no. 
19 Uns poucos passos mais adiante, viu Tiago, filho de Zebedeu, e João, seu irmão, que estavam numa barca, consertando as redes. E chamou-os logo. 
20 Eles deixaram na barca seu pai Zebedeu com os empregados e o seguiram.
COMENTÁRIOS DO EVANGELHO
1. Na ínfima Galiléia começa algo novo para a humanidade
Longe dos Palácios dos Poderosos do Império Romano, e do sistema religioso, centralizado no Templo de Jerusalém, sem nenhuma comunicação prévia aos Escribas, Doutores da Lei e outros homens importantes da Comunidade Judaica, lá na desprezível Galiléia dos pagãos algo de totalmente novo começa a acontecer depois que João foi preso... Quanta ingenuidade dos poderosos achando que prendendo João Batista iriam calar a voz de Deus...
Sai de cena alguém que era somente uma voz do deserto, para entrar na vida pública aquele que é o próprio Verbo Encarnado, não foram os homens que interromperam a chegada do Reino de Deus anunciado por João, mas foi a vontade de Deus que fez chegar o tempo oportuno que havia se completado, de agora em diante Deus não mandará avisos, Ele próprio vai falar e tornar-se caminheiro junto ao seu povo...
Um projeto grandioso como esse, o único, verdadeiro e mais importante para toda humanidade, começa na Galiléia, Deus não se alia aos poderosos para fazer o Reino acontecer, mas busca os mais fracos e desprezíveis, que esperam por algo novo e guardam no coração a esperança de uma mudança para melhor, mas que só dependa de Deus, seu desígnio e sua iniciativa.
A Igreja de Cristo não pode querer construir o reino fazendo parceria com Instituições poderosas, pois o Reino não depende de nenhum poder humano, nem de algum sistema econômico ou ideologia política partidária, mesmo porque, no sistema conhecido como Padroado, Igreja e estado caminhavam juntos no poder, dentro de um imperialismo que só atrasou a Missão da Igreja de Evangelizar.
É essa a verdadeira e sincera conversão, romper com todo e qualquer sistema que queira manipular o homem e ser o Dono da Vida, o Homem é Filho de Deus e a Vida um dom que pertence unicamente a ele. Conversão é mudança de mentalidade e de atitude, uma volta e uma busca permanente de Deus a única Fonte de Vida. Os primeiros seguidores de Jesus eram simples pescadores, considerados impuros diante do sistema religioso juntamente com outras categorias marginalizadas e desprezadas.
Eles conhecem Jesus, ouvem suas palavras e a sua proposta de darem uma "guinada de 90 graus" em suas vidas e aceitam com sinceridade de coração. Não foram arrebatados dentro do templo, não entraram em êxtase em uma espécie de encantamento, mas Jesus de Nazaré os procurou em seu ambiente de trabalho, na labuta diária, com as mãos cheirando peixe.
Impactados pelo anúncio de Jesus, não pediram um tempo para pensarem n o assunto, afinal, deixar para trás trabalho e família, não é coisa que se possa fazer da noite para o dia... Mas o nosso evangelho, que não é uma reportagem jornalística, apenas quer nos mostrar a urgência que devemos ter ao responder o Senhor que nos chama para algo novo. Em nossa labuta diária, através de pessoas e acontecimentos Jesus continua a nos chamar, Ele poderia, de maneira violenta nos arrebatar e invadir a nossa vida, mas com a humildade de sempre, m manifestada na sua encarnação, vida, paixão e morte na cruz, nos faz uma proposta e um convite...
Afinemos bem os nossos ouvidos e o nosso coração, e não percamos mais tempo, vamos responder com generosidade a este chamado, como fizeram aqueles primeiros discípulos, que deixando tudo para trás, o seguiram...
2. Conversão é fé no Evangelho
No início do ministério público de Jesus, segundo Marcos, há um apelo: "convertei-vos e crede na Boa-Nova (o evangelho)". A conversão é necessária para acolher e reconhecer o Reino de Deus que, em Jesus, se fez próximo de nossa humanidade. A conversão não se confunde com um sentimento; ela é fé no evangelho, confiança na Boa-Nova que Jesus anuncia por gestos e palavras; confiança na própria pessoa de Jesus, que é a Boa-Notícia de Deus para todos.
O relato do chamado dos quatro primeiros discípulos apresenta a participação destes na missão de Jesus. Se o chamado, iniciativa de Jesus, é feito no presente, "segui-me", a missão é dita para o futuro: "... farei de vós pescadores de homens". Entre um e outro há o discipulado, tempo do aprendizado, da escuta, do exercício da liberdade interior, pois é preciso desapego para seguir o Senhor; é preciso deixar os laços afetivos e com as demais coisas ("deixaram as redes e o seguiram"; "deixando o pai Zebedeu no barco com os empregados, puseram-se a seguir Jesus").
Oração
Pai, torna-me solícito em atender o convite à conversão, proclamado por Jesus. Que eu não perca a chance que me é dada de aderir, com sinceridade, ao teu Reino.
3. COMPLETOU-SE O TEMPO!
A irrupção de Jesus, na nossa história, pôs fim ao anseio de salvação, longamente acalentado pela humanidade pecadora. Ao proclamar ter-se completado o tempo, afirmava ter chegado a libertação, e, com ela, a possibilidade de se criar um mundo novo, onde o império do pecado e do egoísmo seria desarticulado, para dar lugar ao amor. Em outras palavras, um mundo regido pela vontade de Deus.
Na língua grega, este tempo é chamado de kairós, distinto do tempo cronológico, mensurável. O kairós é um tempo especial, irrepetível. É aquele momento exato, em que nos defrontamos com a possibilidade única de fazer algo de grandioso, ou em que alguma coisa importante está acontecendo em nossa vida. O Mestre situa-se, exatamente, neste tempo oportuno, dando-lhe uma consistência especial.
Neste contexto de kairós, a admoestação de Jesus assume maior gravidade: "Mudem de mentalidade e se convertam ao Evangelho!". É o ser humano confrontado com a exigência de romper as amarras do egoísmo a fim de voltar-se, decidido, para o projeto de Reino querido pelo Pai.
Sendo um apelo irrepetível, urge acolhê-lo, decididamente, com sua exigência de ruptura com o passado, para abraçar a novidade oferecida por Deus. É pura insensatez adiar o momento da conversão. A prudência aconselha a não perder esta oportunidade singular.
Oração
Pai, torna-me solícito em atender o convite à conversão, proclamado por Jesus. Que eu não perca a chance que me é dada de aderir, com sinceridade, ao teu Reino.
Liturgia da Terça-Feira
I SEMANA DO TEMPO COMUM
(VERDE – OFÍCIO DO DIA)
Antífona da entrada: Ergamos os nossos olhos para aquele que tem o céu como trono; a multidão dos anjos o adora, cantando a uma só voz: Eis aquele cujo poder é eterno.
Leitura (Hebreus 2,5-12)
Leitura da carta aos Hebreus.
2 5 Não foi tampouco aos anjos que Deus submeteu o mundo vindouro, de que falamos.6 Alguém em certa passagem afirmou: "Que é o homem para que dele te lembres, ou o filho do homem, para que o visites? 
7 Por pouco tempo o colocaste inferior aos anjos; de glória e de honra o coroaste, 
8 e sujeitaste a seus pés todas as coisas". 
Ora, se lhe sujeitou todas as coisas, nada deixou que não lhe ficasse sujeito. Atualmente, é verdade, não vemos que tudo lhe esteja sujeito. 
9 Mas aquele que fora colocado por pouco tempo abaixo dos anjos, Jesus, nós o vemos, por sua Paixão e morte, coroado de glória e de honra. Assim, pela graça de Deus, a sua morte aproveita a todos os homens. 
10 Aquele para quem e por quem todas as coisas existem, desejando conduzir à glória numerosos filhos, deliberou elevar à perfeição, pelo sofrimento, o autor da salvação deles,11 para que santificador e santificados formem um só todo. Por isso, (Jesus) não hesita em chamá-los seus irmãos,
12 dizendo: "Anunciarei teu nome a meus irmãos, no meio da assembléia cantarei os teus louvores".
Salmo responsorial 8
Destes domínio ao vosso Filho
sobre tudo o que criastes.
Ó Senhor, nosso Deus, como é grande
vosso nome por todo o universo!
Perguntamos: "Senhor, que é o homem, 
para dele assim vos lembrardes 
e o tratardes com tanto carinho?"
Pouco abaixo de Deus o fizestes,
coroando-o de glória e esplendor;
vós lhe destes poder sobre tudo,
vossas obras aos pés lhe pusestes.
As ovelhas, os bois, os rebanhos,
todo o gado e as feras da mata;
passarinhos e peixes dos mares,
todo ser que se move nas águas.
Aclamação do Evangelho
Aleluia, aleluia, aleluia. 
Acolhei a palavra de Deus não como palavra humana, mas como mensagem de Deus, o que ela é, em verdade! (1Ts 2,13).

EVANGELHO (Marcos 1,21-28)
1 21 Jesus e seus discípulos dirigiram-se para Cafarnaum. E já no dia de sábado, Jesus entrou na sinagoga e pôs-se a ensinar. 
22 Maravilhavam-se da sua doutrina, porque os ensinava como quem tem autoridade e não como os escribas. 
23 Ora, na sinagoga deles achava-se um homem possesso de um espírito imundo, que gritou: 
24 "Que tens tu conosco, Jesus de Nazaré? Vieste perder-nos? Sei quem és: o Santo de Deus! 
25 Mas Jesus intimou-o, dizendo: "Cala-te, sai deste homem!" 
26 O espírito imundo agitou-o violentamente e, dando um grande grito, saiu. 
27 Ficaram todos tão admirados, que perguntavam uns aos outros: "Que é isto? Eis um ensinamento novo, e feito com autoridade; além disso, ele manda até nos espíritos imundos e lhe obedecem!" 
28 A sua fama divulgou-se logo por todos os arredores da Galiléia. 
COMENTÁRIOS DO EVANGELHO
1. Algo novo de lugar tão pequeno
Sempre me perguntei como era o ensinamento dos Mestres da Lei, ao meditar esse evangelho, pois o povo acabara de encontrar algo novo, um pregador diferente que não precisava de referências outras, para ter credibilidade.
Os Mestres da Lei também falavam bonito, mas eles o faziam com a autoridade da tradição, da Lei, dos Profetas e todos os Santos homens que o precederam. Não era uma autoridade própria que os levava a falar, mas ensinamentos e exortações embasadas nas escrituras, e nem poderia ser diferente e sempre confirmavam com um “Conforme está escrito”, “Conforme falou o profeta”, “Conforme disse nosso Santo Patriarca”. Sem essas referências, aquilo que falavam cairia no vazio, nunca poderiam falar por eles mesmos...
Por acaso não fazemos isso em nossas comunidades, quando queremos que aquilo que falamos, tenha credibilidade e aceitação? “Foi o Padre que falou”, “Foi o Coordenador que falou”, “Isso quem disse foi o Diácono, ou o Ministro da Palavra”. Se houver algum questionamento, a gente sai ileso, porque não fomos nós que falamos, apenas transmitimos o que outro falou. E quando falta incoerência daquele que anuncia, somente o que o outro falou, e falta testemunho de vida, o pessoal costuma dizer que se trata de “Bagre ensaboado”, sai sempre liso e nunca se compromete com aquilo que anuncia...
Assim eram os nossos amigos Mestres da Lei, que sabiam mas não viviam quase nada daquilo que pregavam e ensinavam. Jesus fala com autoridade própria, Ele não precisa embasar aquilo que diz, na tradição das Escrituras, ou na Lei e nos Profetas, ele até as cita em algumas passagens, mas para refrescar a memória dos seus interlocutores. Mas o grande diferencial é que ele VIVE tudo o que anuncia e ensina.
A sua autoridade vem do alto, Nele Deus não manda mais recados, mas fala claramente. Por isso que na sinagoga nesse dia, Deus confirmou essa autoridade única e legítima de Jesus, quando até um espírito mal, que dominava um irmão presente naquela celebração, reconheceu e se submeteu á sua autoridade “Eu sei quem tu és, Tu és o Santo de Deus!”. Mas Jesus não se deixa levar por títulos, ainda que seja a mais pura verdade, e intimou o espírito “Cala-te e sai dele”.
Sempre que anunciamos Jesus Cristo, seu reino e seu Santo Evangelho, mas não o vivemos em nosso dia a dia, incorremos no mesmo grave erro dos Doutores da Lei. Mas sempre que nos esforçamos, por viver, pelo menos um pouco daquilo que cremos e anunciamos aos outros, essa autoridade do alto está em nós, e nossas palavras movidas pela Graça, tem sim o poder de tocar no coração dos ouvintes.
2. Um sopro de vida nova
Um dos traços característicos do Jesus apresentado por Marcos é que ele ensina. O seu ensinamento é novo e feito com autoridade. Como nós teremos a oportunidade de ver, o seu ensinamento é novo porque ele representa uma nova interpretação da Lei que liberta o ser humano para a vida, e na qual é desvelado o rosto misericordioso de Deus. A autoridade do seu ensinamento, grosso modo, é a sua coerência interna, e porque ele comunica um "sopro" de vida. Jesus é apresentado como um judeu piedoso.
O sábado, dia de repouso para celebrar a obra de Deus na criação e na libertação do seu povo da escravidão do Egito, é o dia em que se manifesta o poder do Senhor sobre o mal. Esta é a finalidade do nosso relato: apresentar Jesus como vitorioso sobre o mal. Se o mal procura se esconder na sombra, a presença daquele que é a "Luz do mundo", o "Santo de Deus", desvela, para destruí-lo, o mal presente no ser humano e que o desfigura.
Oração
Senhor Jesus, leva-me a perceber, por trás de teus gestos e palavras, a presença do Pai agindo por meio de ti.
3. PERSONALIDADES INCOMPATÍVEIS
A pergunta desesperada do homem possuído por um espírito imundo revela a incompatibilidade radical que existe entre Jesus e tudo quanto lhe é contrário. A frase "Que temos nós contigo, Jesus de Nazaré?" pode ser assim desdobrada: "Que existe em comum entre nós?"; "O que você está querendo fazer conosco?"; "Qual a sua intenção a nosso respeito?".
Evidentemente, entre Jesus e o espírito imundo nada havia em comum. Um libertava o ser humano, o outro o escravizava. Um recuperava as pessoas para Deus, já o outro as afastava sempre mais do projeto do Pai, numa aberta afronta a ele. Um restaurava no coração humano o sentido da vida fraterna e solidária, o outro, pelo contrário, gerava discórdia e divisão. Um encarnava a novidade da misericórdia de Deus, o outro insistia no caminho inconveniente da soberba. Por isso, a única intenção de Jesus era derrotar este espírito mau.
À ordem do Mestre, ele deixou o possesso, depois de agitá-lo violentamente e fazer grande alarido.
Esta é a imagem do que se passa no coração de cada um de nós: o mau espírito reluta em abandonar o espaço conquistado no nosso interior. Se não nos deixamos ajudar por Jesus, corremos o risco de permanecer escravos desse espírito do mal. O discipulado cristão exige que façamos a experiência de ser libertados pelo Mestre, pois é impossível compatibilizá-lo com as forças do mal que age dentro de nós.
Oração
Pai, dá-me forças para que jamais eu permita ao poder do mal prevalecer sobre mim. Seja o meu coração totalmente voltado para ti e para o teu Reino.
Liturgia da Quarta-Feira
I SEMANA DO TEMPO COMUM
(VERDE – OFÍCIO DO DIA)
Antífona da entrada: Ergamos os nossos olhos para aquele que tem o céu como trono; a multidão dos anjos o adora, cantando a uma só voz: Eis aquele cujo poder é eterno.
Leitura (Hebreus 2,14-18)
Leitura da carta aos Hebreus.
2 14 Porquanto os filhos participam da mesma natureza, da mesma carne e do sangue, também ele participou, a fim de destruir pela morte aquele que tinha o império da morte, isto é, o demônio, 15 e libertar aqueles que, pelo medo da morte, estavam toda a vida sujeitos a uma verdadeira escravidão. 16 Veio em socorro, não dos anjos, e sim da raça de Abraão; 17 e por isso convinha que ele se tornasse em tudo semelhante aos seus irmãos, para ser um pontífice compassivo e fiel no serviço de Deus, capaz de expiar os pecados do povo. 18 De fato, por ter ele mesmo suportado tribulações, está em condição de vir em auxílio dos que são atribulados.
Salmo responsorial 104/105
O Senhor se lembra sempre da aliança.
Dai graças ao Senhor, gritai seu nome, 
anunciai entre as nações seus grandes feitos!
Cantai, entoai salmos para ele,
publicai todas as suas maravilhas!
Gloriai-vos em seu nome que é santo,
exulte o coração que busca a Deus!
Procurai o Senhor Deus e seu poder,
buscai constantemente a sua face!
Descendentes de Abraão, seu servidor,
e filhos de Jacó, seu escolhido,
ele mesmo, o Senhor, é nosso Deus,
vigoram suas leis em toda a terra.
Ele sempre se recorda da aliança,
promulgada a incontáveis gerações;
da aliança que ele fez com Abraão
e do seu santo juramento a Isaac.
Aclamação do Evangelho
Aleluia, aleluia, aleluia. 
Minhas ovelhas escutam minha voz, e as conheço e elas me seguem (Jo 10,27).

Evangelho (Marcos 1,29-39)
1 29 Assim que saíram da sinagoga, Jesus, com Tiago e João, dirigiu-se à casa de Simão e André. 
30 A sogra de Simão estava de cama, com febre; e sem tardar, falaram-lhe a respeito dela. 
31 Aproximando-se ele, tomou-a pela mão e levantou-a; imediatamente a febre a deixou e ela pôs-se a servi-los. 
32 À tarde, depois do pôr-do-sol, levaram-lhe todos os enfermos e possessos do demônio. 33 Toda a cidade estava reunida diante da porta. 
34 Ele curou muitos que estavam oprimidos de diversas doenças, e expulsou muitos demônios. Não lhes permitia falar, porque o conheciam. 
35 De manhã, tendo-se levantado muito antes do amanhecer, ele saiu e foi para um lugar deserto, e ali se pôs em oração. 
36 Simão e os seus companheiros saíram a procurá-lo. 
37 Encontraram-no e disseram-lhe: "Todos te procuram." 
38 E ele respondeu-lhes: "Vamos às aldeias vizinhas, para que eu pregue também lá, pois, para isso é que vim." 
39 Ele retirou-se dali, pregando em todas as sinagogas e por toda a Galiléia, e expulsando os demônios. 
COMENTÁRIOS DO EVANGELHO
1. A PERIGOSA FÉ DA MAGIA...
Gosto muito de ouvir histórias de pessoas que montaram um pequeno negócio, e após muito esforço foram bem sucedidas, tornando-se gestores de grandes empresas, agindo sempre com ética e honestidade.
O bom empreendedor é sempre ousado e pensa “grande”, tendo uma visão audaciosa do futuro, atitude muitas vezes até criticada e questionada pelos acomodados que pensam “pequeno”. porque têm medo de arriscar. Se o empreendorismo é fator dos mais importantes no desenvolvimento de uma nação, de uma empresa ou de qualquer negócio, no reino de Deus não poderia ser diferente, porém, é preciso ter os pés no chão, trabalhando a cada dia com vistas à grandiosidade que se vislumbra, pois o homem de fé, mais do que ser otimista, já vai construindo no hoje da história, o reino de Deus alicerçado pelo próprio Cristo.
No evangelho de hoje  podemos perceber nitidamente essa diferença no modo de pensar e agir, entre Jesus e os seus discípulos. Enquanto o mestre pensa em algo grandioso, querendo expandir o projeto recém-iniciado, os discípulos estão seguros de que já alcançaram o sucesso e demonstram grande interesse em montar ali, na casa de Simão, uma “Tenda dos Milagres”, pois o carisma de Jesus já tinha atraído uma grande e imensa clientela, ao curar os enfermos e expulsar os demônios, por isso aonde ele ia, a multidão maravilhada com os sinais prodigiosos, o seguia.
Há nesta fé da magia, a perspectiva de um negócio altamente lucrativo em todos os sentidos, pois Jesus tem o perfil do Messias esperado, poderia ser ele o salvador da pátria, capaz de dar a grande virada na história de Israel, e um populismo assim, era tudo que eles queriam para concretizar a libertação com que sonhavam.
Não conseguiam vislumbrar em Jesus algo além dos seus ideais humanos, que também eram importantes e tinham o seu valor, mas Jesus não veio para ser o Rei dos Milagreiros, nem para ser um libertador político, pensar assim é pensar “pequeno”, ter uma fé com essa expectativa de um Cristo prodigioso, que interfere com seu poder na vida das pessoas, quando essas fazem por merecer, realizando milagres e curas inexplicáveis, é menosprezar toda a obra da Salvação, é fazer da Igreja uma simples tenda dos milagres, é abusar de certos carismas recebidos, explorando assim a boa fé das pessoas, e Cristianismo não é isso.
Curas de enfermidades o Cristo as realizou ontem, e realiza também hoje, mas estas são simples sinais de algo maior, de um empreendimento mais arrojado, com o qual todos têm de se comprometer, acreditar, deixar de ser um torcedor para entrar em campo e “suar a camisa” por aquilo em que se acredita. E como é que podemos, com nossas limitações e fraquezas, sermos parceiros de Deus nesse projeto tão arrojado, que plenifica e ao mesmo tempo transcende, qualquer empreendimento humano?
O evangelho responde em seu início, logo que Jesus sai da sinagoga e vai á casa de Simão, onde os discípulos correm para lhe falar que a sogra de Pedro estava acamada e com muita febre. Era uma pessoa debilitada, entregue ao desânimo, que muitas vezes chega à vida de alguém, que doença seria essa? O comodismo e o desânimo, o egocentrismo, a indiferença na relação com as pessoas, nas comunidades cristãs há pessoas assim, que precisam de ajuda, para cair na realidade. Jesus não diz uma só palavra, mas apenas estende a mão e a ajuda a levantar-se do seu leito. Como é bom quando sentimos que o outro nos estende a mão, em um grandioso gesto de ajuda...
Como é bom agarrar com firmeza a mão amiga, que nos permite levantar e dar a volta por cima, diante de tantas situações difíceis da nossa vida.
Amor que se traduz em gestos de solidariedade, um toque de mão que transmite segurança, afeto, ânimo e esperança, sem muito ritual pomposo, sem êxtases arrebatadores. Como resultado desse gesto de ajuda, a mulher se levanta a febre a deixa e agora se põe a servir a comunidade. É na oração íntima com Deus Pai, que Jesus de Nazaré fortalece a sua missão, cumprindo a vontade daquele que o enviou, pois sem a oração, a nossa igreja seria apenas um Posto de atendimento de serviço religioso ou balcão de Sacramentos.
É na oração que acontece este colóquio com o Pai, aonde vai se descortinando para nós a plenitude do Reino, que humildemente vamos construindo com gestos simples como o de Jesus, capaz de erguer as pessoas que estão ao nosso lado.
Os discípulos, encantados com o carisma e o Poder do mestre, querem urgentemente abrir um “pequeno negócio”, um salãozinho de fundo de quintal, onde eles teriam naturalmente o monopólio sobre Jesus e seus milagres, mas o Mestre pensa grande, ele não veio para que as pessoas o buscassem, mas para ir ao encontro delas, curando de suas enfermidades e as libertando dos males físicos e espirituais, como um sinal da libertação plena.
É esse o Cristo que devemos anunciar como Igreja missionária, pois qualquer outra imagem diferente da que nos apresenta o evangelho, seria apenas uma caricatura grotesca, uma cópia falsificada de um mero “Salvador da pátria”, desses que vez ou outra, o povo gosta de aclamar como Rei...
2. Toda a vida humana é lugar da atuação do Senhor
Nosso texto deve ser dividido em duas partes: cura da sogra de Pedro (vv. 29-31) e sumário (vv. 32-39).
Do lugar público (sinagoga), Jesus se desloca para a casa de Simão e André, acompanhado dos outros dois discípulos, Tiago e João. Os discípulos são testemunhas oculares de tudo o que Jesus fez e ensinou. Todo âmbito da vida humana é lugar da atuação do Senhor: o público (sinagoga de Cafarnaum) e o privado (casa de Simão Pedro). Falaram a ele do mal da sogra de Pedro: a febre. Informado, ele toma a iniciativa de curá-la.
A cura se dá pelo gesto simbólico de tomar pela mão, que pode ser compreendido como gesto de transmissão de força e como gesto pelo qual se desperta alguém do sono, que, em várias passagens da Sagrada Escritura, é símbolo da morte. O gesto de Jesus tira a sogra de Pedro da sua situação de enfermidade e a põe em pé, em condições de servir e celebrar o descanso sabático.
O sumário, por sua vez, tem por finalidade ampliar hiperbolicamente a atividade e o sucesso da atuação de Jesus sobre o mal.
Oração
Senhor Jesus, eu te procuro com sinceridade, na certeza de encontrar, em ti, palavras que façam reviver a esperança no meu coração.
3. DO CULTO AO SERVIÇO
Como bom judeu, Jesus não se furtava de participar da assembléia sinagogal, em dia de sábado. A celebração do culto oferecia-lhe a possibilidade de exercer o ministério da palavra. Servindo-se de um direito facultado às pessoas adultas, do sexo masculino, ensinava na sinagoga, com uma autoridade desconhecida até então. Sua doutrina deixava os ouvintes admirados, pois era de qualidade diferente daquela dos rabinos tradicionais.
Nós conhecemos muito bem a doutrina de Jesus. Ele falava do amor, da necessidade de viver reconciliado, da urgência de ser solidário com os pobres e pequeninos, por serem os preferidos de Deus, enfim, falava do Reino do Pai a ser implantado num mundo marcado pela impiedade.
Das palavras Jesus passava à ação. E comprovava, com a vida, a força de seus ensinamentos. De certa forma, o culto prosseguia no serviço aos doentes, na libertação dos oprimidos pelos maus espíritos, na sua vida de profunda comunhão com o Pai, mediante a oração, no seu zelo incansável em ajudar a todos. Por isso, recusava-se a ficar preso a um só lugar, ou a esperar que viessem até ele. Pelo contrário, ia pelas cidades e aldeias exercendo o ministério da palavra e o ministério da caridade, duas faces da mesma moeda.
A íntima relação entre palavra e ação dava credibilidade ao ministério de Jesus. Sua vida consistia numa demonstração perfeita do que ensinava. Por conseguinte, ao deixar a sinagoga, só lhe restava fazer o bem.
Oração
Pai, faze minha vida espelhar-se no testemunho de Jesus, o primeiro a pôr em prática seus próprios ensinamentos, mostrando como é possível vivenciá-los.
Liturgia da Quinta-Feira
SANTO ANTÃO - PAI DA VIDA MONACAL
(BRANCO, PREFÁCIO COMUM OU DOS SANTOS – OFÍCIO DA MEMÓRIA)
Antífona da entrada: O justo florescerá como a palmeira; crescerá como o cedro do Líbano, plantado na casa do Senhor, nos átrios de nosso Deus (Sl 91,13s).
Leitura (Hebreus 3,7-14)
Leitura da carta aos Hebreus.
3 7 Por isso, como diz o Espírito Santo: "Hoje, se ouvirdes a sua voz, 
8 não endureçais os vossos corações, como por ocasião da revolta, como no dia da tentação no deserto, 
9 quando vossos pais me puseram à prova e viram o meu poder por quarenta anos. 10 Eu me indignei contra aquela geração, porque andavam sempre extraviados em seu coração e não compreendiam absolutamente nada dos meus desígnios. 
11 Por isso, em minha ira, jurei que não haveriam de entrar no lugar de descanso que lhes prometera! "
12 Tomai precaução, meus irmãos, para que ninguém de vós venha a perder interiormente a fé, a ponto de abandonar o Deus vivo. 13 Antes, animai-vos mutuamente cada dia durante todo o tempo compreendido na palavra "hoje", para não acontecer que alguém se torne empedernido com a sedução do pecado. 14 Porque somos incorporados a Cristo, mas sob a condição de conservarmos firme até o fim nossa fé dos primeiros dias.
Salmo responsorial 94/95
Oxalá ouvísseis hoje a sua voz:
Não fecheis os vossos corações.
Vinda, adoremos e prostremo-nos por terra,
E ajoelhemos ante o Deus que nos criou!
Porque ele é o nosso Deus, nosso pastor,
E nós somos o seu povo e seu rebanho,
As ovelhas que conduz com sua mão.
Oxalá ouvísseis hoje a sua voz:
"Não fecheis os corações como em Meriba,
Como em Massa, no deserto, aquele dia,
Em que outrora vossos pais me provocaram,
Apesar de terem visto as minhas obras.
Quarenta anos desgostou-me aquela raça,
E eu disse: Eis um povo transviado,
Seu coração não conheceu os meus caminhos!
E por isso lhes jurei na minha ira:
Não entrarão no meu repouso prometido!"
Aclamação do Evangelho
Aleluia, aleluia, aleluia. 
Jesus pregava a boa-nova, o reino anunciando, e curava toda espécie de doenças entre o povo (Mt 4,23).

EVANGELHO (Marcos 1,40-45)
1 40 Aproximou-se de Jesus um leproso, suplicando-lhe de joelhos: "Se queres, podes limpar-me." 
41 Jesus compadeceu-se dele, estendeu a mão, tocou-o e lhe disse: "Eu quero, sê curado." 
42 E imediatamente desapareceu dele a lepra e foi purificado. 
43 Jesus o despediu imediatamente com esta severa admoestação: 
44 "Vê que não o digas a ninguém; mas vai, mostra-te ao sacerdote e apresenta, pela tua purificação, a oferenda prescrita por Moisés para lhe servir de testemunho." 
45 Este homem, porém, logo que se foi, começou a propagar e divulgar o acontecido, de modo que Jesus não podia entrar publicamente numa cidade. Conservava-se fora, nos lugares despovoados; e de toda parte vinham ter com ele. 
COMENTÁRIOS DO EVANGELHO
1. SENTIU COMPAIXÃO...
A nossa compreensão da palavra “compaixão”, nunca será completa, pois, na Sagrada Escritura, “sentir compaixão” é uma virtude própria de Deus e na maioria das vezes, esse sentimento pelo próximo, que o nosso coração define como “compaixão” não passa na verdade de um, gesto de piedade, que também é um atributo Divino, porem em seu sentido mais amplo, que o coração humano nunca será capaz de alcançar. O evangelho de hoje nos ajuda a aprofundar o sentido dessa ação de Jesus, presente em momentos significativos, quando ele se defronta com a miséria humana, motivando-nos a rever se a estamos aplicando na relação com o próximo, em seu sentido autenticamente cristão.
Pelo conteúdo normativo de Levíticos, Jesus tinha mil e uma razões para nem sequer se aproximar de um leproso, que pertencia a classe dos “irrecuperáveis” daquele tempo, na ótica religiosa. A lepra era incurável e vista como consequência do pecado e assim, o leproso era considerado um maldito, que além da dor física, sofria também a dor moral da exclusão, sendo esta bem mais dolorosa porque o colocava à margem da salvação, banindo-o do convívio social e da comunidade, além de saber que a sua condenação no pós morte, era tida como certa e definitiva.
Em uma sociedade marcada pelo ateísmo moderno, onde a fé é subjetiva e Deus é perfeitamente dispensável, esse quadro não é tão tenebroso, mas no contexto histórico e religioso daquele tempo, esse desprezo tinha um peso muito maior, o leproso era tido como um lixo, escória da sociedade, confinado em acampamentos fora da cidade, tendo que mostrar a sua desgraça e miséria, mantendo uma aparência monstruosa, e quem se aproximasse dele e o tocasse, estaria violando os preceitos da lei, tornando-se também um impuro e tendo de isolar-se, até que pudesse oferecer um sacrifício de expiação, como prescrevia a lei de Moisés, para só então ser reconhecido como “purificado”.
Podemos então compreender a compaixão Divina, como uma ação coordenada não por normas legalistas, mas por uma lei nova, ensinada por Jesus: a Lei do amor, que não revoga a Lei antiga, mas lhe dá plenitude resgatando o seu sentido verdadeiro, que é a defesa e a preservação da vida humana. O evangelista Marcos faz questão de mostrar, da parte de Jesus essa “quebra de protocolo”, quando permite que o leproso se aproxime, é verdade que este o faz movido pelo desespero, infligindo também as normas do Levítico, e aqui percebe-se que o leproso é um homem diferente, uma vez que crê muito mais na misericórdia de Jesus, do que no cumprimento da Lei, determinada por uma instituição que não tem o poder da cura, mas apenas declara que ele está “impuro”, ao contrário de Jesus, que permite a aproximação, derrubando assim o preconceito.
Muito mais do que um simples encontro de Jesus com um leproso, este versículo sintetiza de forma brilhante o amor e a ternura de Deus pelo ser humano, permitindo uma reaproximação, após a queda do pecado, é o Deus que se deixa tocar, que se encarna e assume a natureza humana, com toda sua miserabilidade, o leproso se prostra diante dele, por uma razão muito simples: primeiro porque reconhece a sua insignificância, e em segundo porque não vê outra saída para sua dor, senão a de recorrer àquele que é diferente da instituição religiosa que o havia condenado, no fundo crê que Jesus de Nazaré é o seu Salvador e libertador, no sentido de ter o poder de resgatar a sua dignidade perdida, aquele leproso considerado um maldito, é na verdade alguém que consegue vislumbrar o verdadeiro messianismo de Jesus, em contradição com o Poder religioso, que o rejeita, mostrando uma fé madura, pois não pede simplesmente a cura física, mas a “purificação”.
Diante de uma fé assim, tão fiel e humilde, note-se que o leproso não impõe e nada exige e nem coloca a sua vontade como fator determinante, mas abandona-se à vontade de Deus: “Senhor, se queres...”. Que comovedora profissão de fé, para o homem arrogante e presunçoso de nossos tempos! Homem que a exemplo dos nossos primeiros pais, ousa ocupar o lugar que é de Deus, marginalizando e excluindo certas categorias sociais consideradas malditas, abandonadas em presídios de sistemas carcerários, que em quase nada contribuem para a recuperação de quem errou, de idosos, jovens, adolescentes e crianças, amontoados em asilos e instituições de caridade, gente que não tem mais esperança de nada, e que há muito tempo nem é mais contada na “aldeia global”, que só considera quem produz e consome.
Podemos encontrar com esse leproso no seio de nossas famílias e comunidades, onde isolamos certas pessoas em “acampamentos”, consideradas pervertidas, geniosas, temperamentais, desequilibradas, poderíamos incluir os aidéticos, efeminados, casais em segunda união, dependentes químicos, prostitutas, mães solteiras, pessoas que, como naquele tempo, sempre temos uma certa reserva, mantendo a necessária distância por medo de sermos “contaminados”, e a sua presença em nosso meio, causa asco e mal estar.
Como cristãos, temos que ter essa consciência do grave pecado da exclusão, e o evangelho nos mostra por onde devemos começar, é bem verdade que Jesus afrontou as instituições do seu tempo, mas em primeiro lugar, em sua relação com as pessoas, usou sempre da lei do amor, deixando de lado normas de conduta e formalismos religiosos, ao tocar no leproso. Poderíamos começar no nosso dia a dia, acolhendo com gestos cordiais, amizade e carinho, os “leprosos” que muitas vezes excluímos, por conta de preconceitos e até intolerância.
2. O segredo messiânico
No último dia 11, já apontamos a gravidade religiosa da lepra e como ela era tratada pelo sistema judaico de pureza.
Se no texto paralelo ao de hoje, a saber, Lc 5,12-16, é o narrador quem diz da recomendação de Jesus de que o homem purificado não dissesse nada a ninguém, em Marcos é o próprio Jesus quem toma a palavra: "Não contes nada a ninguém.". Com isso estamos diante de uma das características do segundo evangelho: o "segredo messiânico".
Esse recurso teológico-literário tem uma dupla finalidade:
a) permitir que o ouvinte ou leitor do evangelho responda, ele mesmo, à pergunta central do evangelho segundo Marcos: "quem é Jesus?"; resposta que só pode ser dada ao fim da narração evangélica;
b) não identificar Jesus com qualquer corrente messiânica do seu tempo, mas manter o ouvinte aberto à novidade de Jesus Cristo. Não obstante a recomendação, a fama de Jesus se espalha. Ele não é o promotor de sua fama, ao contrário, "ficava fora, em lugares desertos, mas de toda parte vinham a ele".
Oração
Senhor Jesus, move meu coração para fazer o bem a quem precisa de misericórdia. Que eu seja tua presença amorosa junto deles.
3. OS LUGARES DESERTOS
O assédio das multidões fazia Jesus evitar as cidades e preferir os lugares desertos, para onde acorria quem precisava de sua ajuda. Esta opção explica-se pelo desejo de realizar sua missão com plena liberdade, sem ser pressionado pelos ideais messiânicos, largamente difundidos nos meios populares. O deserto era apropriado para ele se proteger.
Mas é possível fazer uma interpretação simbólica desta opção de Jesus. O imaginário da época reportava-se às agruras do êxodo do Egito, quando pensava no deserto. Sendo desabitado, sem vegetação, este se torna perigoso e mortífero. O deserto é lugar de provação. Nele é preciso escolher entre confiar em Deus ou confiar em si mesmo e nas capacidades pessoais de vencer os desafios.
A configuração terrível do deserto gerou a crença de que, nele, habita o Diabo, como se fosse o lugar escolhido, por ser neutro, para o confronto com Deus. As cenas evangélicas da tentação são, por isso, situadas no deserto, para onde Jesus é conduzido pelo Espírito.
Escolhendo o deserto como lugar de ação, Jesus combatia o inimigo da humanidade, dentro dos domínios deste. Esta luta sem trégua marcou a ação do Mestre, pois a implantação do Reino supunha a derrota das forças diabólicas. Ele as enfrentou e venceu, com destemor. Sinal disto foram as curas e os milagres realizados nas regiões desertas. Com a chegada de Jesus, o Diabo perdeu o poder de oprimir o ser humano.
Oração
Pai, dá-me forças para combater e vencer as forças do mal que impedem o Reino acontecer na minha vida e na história humana.
Liturgia da Sexta-Feira
I SEMANA DO TEMPO COMUM
(VERDE – OFÍCIO DO DIA)
Antífona da entrada: Ergamos os nossos olhos para aquele que tem o céu como trono; a multidão dos anjos o adora, cantando a uma só voz: Eis aquele cujo poder é eterno.
Leitura (Hebreus 4,1-5.11)
Leitura da carta aos Hebreus.
4 1 Enquanto, pois, subsiste a promessa de entrar no seu descanso, tenhamos cuidado em que ninguém de nós corra o risco de ser excluído. 2 A boa nova nos foi trazida a nós, como o foi a eles. Mas a eles de nada aproveitou, porque caíram na descrença. 3 Nós, porém, se tivermos fé, haveremos de entrar no descanso. Ele disse: "Eu jurei na minha ira: não entrarão no lugar do meu descanso". Ora, as obras de Deus estão concluídas desde a criação do mundo; 4 pois, em certa passagem, falou do sétimo dia o seguinte: "E, terminado o seu trabalho, descansou Deus no sétimo dia". 5 Se, pois, ele repete: "Não entrarão no lugar do meu descanso". 
11 Assim, apressemo-nos a entrar neste descanso para não cairmos por nossa vez na mesma incredulidade.
Salmo responsorial 77/78
Não vos esqueçais das obras do Senhor!
Tudo aquilo que ouvimos e aprendemos,
E transmitiram para nós os nossos pais, 
À nova geração nós contaremos:
as grandezas do Senhor e seu poder.
Levantem-se e as contem a seus filhos,
Para que ponham no Senhor sua esperança; 
Das obras do Senhor não se esqueçam
E observem fielmente os seus preceitos.
Nem se tornem, a exemplo de seus pais,
Rebelde e obstinada geração,
Uma raça de inconstante coração,
Infiel ao Senhor Deus em seu espírito.
Aclamação do Evangelho
Aleluia, aleluia, aleluia. 
Um grande profeta surgiu entre nós e Deus visitou o seu povo, aleluia (Lc 7,16).

EVANGELHO (Marcos 2,1-12)
2 1 Alguns dias depois, Jesus entrou novamente em Cafarnaum e souberam que ele estava em casa. 
2 Reuniu-se uma tal multidão, que não podiam encontrar lugar nem mesmo junto à porta. E ele os instruía. 
3 Trouxeram-lhe um paralítico, carregado por quatro homens. 
4 Como não pudessem apresentar-lho por causa da multidão, descobriram o teto por cima do lugar onde Jesus se achava e, por uma abertura, desceram o leito em que jazia o paralítico. 
5 Jesus, vendo-lhes a fé, disse ao paralítico: "Filho, perdoados te são os pecados." 
6 Ora, estavam ali sentados alguns escribas, que diziam uns aos outros: 
7 "Como pode este homem falar assim? Ele blasfema. Quem pode perdoar pecados senão Deus?" 
8 Mas Jesus, penetrando logo com seu espírito tios seus íntimos pensamentos, disse-lhes: "Por que pensais isto nos vossos corações? 
9 Que é mais fácil dizer ao paralítico: Os pecados te são perdoados, ou dizer: Levanta-te, toma o teu leito e anda? 
10 Ora, para que conheçais o poder concedido ao Filho dó homem sobre a terra (disse ao paralítico), 
11 eu te ordeno: levanta-te, toma o teu leito e vai para casa." 
12 No mesmo instante, ele se levantou e, tomando o. leito, foi-se embora à vista de todos. A multidão inteira encheu-se de profunda admiração e puseram-se a louvar a Deus, dizendo: "Nunca vimos coisa semelhante." 
COMENTÁRIOS DO EVANGELHO
1. NOSSOS PARALÍTICOS...
Certa ocasião, quando refletíamos esse evangelho em grupo, alguém perguntou se na casa onde Jesus estava pregando, havia elevador ou coisa parecida, se olharmos o relato em si mesmo, vamos acabar fazendo outras perguntas como, “Será que eles não podiam pedir licença para passar no meio das pessoas e entrar na casa?” e mais ainda... Seria normal que as pessoas que estavam aglomeradas á entrada, quando vissem o esforço dos quatro homens, subindo na parede com o paralítico deitado em uma cama, oferecessem ajuda, buscando uma alternativa mais fácil...
O próprio Jesus, não poderia ter dado um jeito de sair para atender o paralítico, sem precisar tanto esforço de subir e ainda ter de abrir um buraco no telhado? Fazer perguntas como essas, é muito importante para a nossa reflexão, pois vamos e convenhamos, o modo que eles encontraram para colocar o paralítico á frente de Jesus, não foi o mais fácil, aliás, correu-se até o risco de um grave acidente.
Hoje em dia a gente sabe que nossos templos existentes, ou os que estão em construção, devem ter em seu projeto, a construção de rampas, para facilitar o acesso de nossos irmãos deficientes. Mas com certeza, não é este o tema do evangelista, ele está querendo dizer alguma coisa as suas comunidades e aos cristãos do nosso tempo.
Dia desses, alguém bastante estressado dizia-me que certas pessoas só atrapalham a vida da comunidade, porque são muito radicais, geniosas, incomodam a rodos, e o tempo todo só arranjam encrencas e mais encrencas, concluindo, dão muito trabalho, são sempre do contra, enfim, chatas e duras de engolir, e que sem elas, a comunidade é uma maravilha, o conselho deveria tomar providência, ou quem sabe, o padre impor a sua autoridade.
Pessoas com essas características não caminham, e ainda dificultam a vida de quem quer caminhar: pronto, já começamos a descobrir os paralíticos e paralíticas de nossas comunidades, irmãos e irmãs que não se emendam de seus defeitos, nunca mudam o seu jeito de ser, não se convertem e precisam portanto, ser acolhidas e carregadas. Há irmãos na comunidade que a gente tem prazer de encontrar, é sempre uma alegria imensa, mas há também esses, que nos perturbam, incomodam, e a gente não fica a vontade, se estão conosco em uma reunião da pastoral ou do movimento, a troca de “farpas” será inevitável...
Há no texto duas coisas que chamam a nossa atenção, primeiro o esforço desse quarteto, subir pela parede, desfazer o telhado e descer a cama com cordas. Jesus elogia-lhes a fé, parece até que fez o milagre como retribuição a tanto esforço. Eles tinham fé em Jesus Cristo, sabiam que se o levassem diante dele, seria curado, mas por outro lado, embora o texto não cite isso, a gente percebe que o amavam muito, tiveram com ele muita paciência, sei lá quantos quilômetros tiveram que andar, carregando aquela cama que deveria ser pesada, e ainda, ao deparar com a multidão aglomerada á frente da casa, poderiam ter desistido, já tinham feito a sua parte. Mas a força do amor e da fé, fez com que não desistissem, e se preciso fosse, seriam capazes de derrubar a casa.
Os quatro são uma referência para as nossas comunidades, onde muitas vezes falta-nos o amor e a fé, para carregar nossos paralíticos e superar os obstáculos, passando por cima dos preconceitos. Nas comunidades há pessoas amorosas, pacienciosas, que aceitam conviver com todos, amando-os como eles são, sem exigências, preconceitos ou radicalismo, mas há também a turma de “nariz empinado”, como aqueles doutores da lei, que não crê em um Deus que é misericórdia, e que perdoa pecados, seguem normas e preceitos, até trabalham na comunidade, mas são extremamente exigentes com os “paralíticos”, acham-se perfeitos e não aceitam a convivência com os imperfeitos.
Jesus elimina o problema pela raiz, “Filho, teus pecados te são perdoados...”, a cura física vem em segundo plano, e se a enfermidade impede que o paralítico se aproxime de Jesus, a comunidade os carrega, possibilitando que ele também faça a experiência do Deus que perdoa, ora, se houver na comunidade intolerância, preconceitos, e ranços ocultos, como é que essas pessoas poderão experimentar o amor, o perdão e a misericórdia? Os intolerantes têm sempre um olhar extremamente crítico e severo, para com os paralíticos, e não aceitam que outras pessoas tenham por eles amor e ternura, manifestada na paciência e tolerância.
Por isso Jesus ordena – levanta-te, toma o teu leito e vai para casa. Deus nunca faz as coisas pela metade, na obra da salvação, Jesus não fez simplesmente uma reforma no ser humano, mas o transforma em uma nova criatura, na graça santificante do Batismo, fazendo com que deixe de se relacionar com Deus na religião normativa, porque crê no Deus que é todo amor e misericórdia, que perdoa pecados e os liberta com a sua santa palavra, em Jesus de Nazaré.
2. Dificuldades da missão
Com o texto de hoje tem início o que chamamos, no evangelho de Marcos, as "controvérsias galileanas" (Mc 2,1-3,6), que devem ser compreendidas como disputas, dificuldades e oposições com as quais Jesus se deparou na realização de sua missão.
Em geral, as dificuldades provinham da interpretação e da consequente prática da Lei. Quem pode perdoar os pecados, a não ser Deus? Os escribas têm razão, pois "só Deus pode perdoar pecados". Jesus, no entanto, não disse outra coisa ao afirmar ao paralítico "os teus pecados são perdoados". O passivo divino revela que o sujeito da ação de perdoar é Deus. Mas como parte da aliança nova, em que a lei será posta no fundo do ser e escrita no coração (cf. Jr 31,33), está o perdão de toda culpa (Jr 31,34).
Jesus sente-se investido desse poder. A fé dos quatro homens que carregavam o paralítico provoca a reação de Jesus. Eles parecem representar os discípulos, cuja missão é conduzir as pessoas ao Senhor e suplicar por elas. Deus é bom para com todos.
Oração
Pai, cura os pecados que me paralisam e me impedem de caminhar para ti. Realiza em minha vida a maravilha do perdão.
3. SOB O PESO DO PECADO
A insistência sobre o tema do perdão dos pecados chama a atenção, na cena da cura do homem paralítico. Assim que Jesus o vê descer através de um buraco aberto no teto, declara que seus pecados estão perdoados. Esta declaração provoca alguns escribas que estavam por perto. Para eles, a palavra do Mestre soava como uma verdadeira usurpação de algo reservado exclusivamente a Deus. Portanto, Jesus era um blasfemo!
A maneira como ele rebate a maledicência dos escribas é significativa: cura o paralítico para provar que "o Filho do Homem tem, na Terra, o poder de perdoar os pecados". O gesto poderoso de cura parece insignificante diante do poder maior de perdoar os pecados. E Jesus, de certo modo, parece sentir-se mais feliz por perdoar os pecados do que por curar. Por quê?
O perdão dos pecados tem, também, uma função terapêutica. Trata-se da cura do ser humano na dimensão mais profunda de sua existência, ali onde acontece seu relacionamento com Deus. Sendo esta dimensão invisível aos olhos, as pessoas tendem a se preocupar mais com as dimensões aparentes de sua vida, buscando a cura quando algo não está bem no âmbito corporal. Jesus vê além, preocupando-se por libertar quem pena sob o peso do pecado, mais do que sob o peso da doença. O primeiro é muito mais grave. Permanecer no pecado significa viver afastado de Deus e correr o risco de ser condenado. Este é o motivo por que o Mestre, antes de mais nada, que ver o ser humano liberto de seus pecados.
Oração
Pai, cura os pecados que me paralisam e me impedem de caminhar para ti. Realiza em minha vida a maravilha do perdão.
Liturgia do Sábado
I SEMANA DO TEMPO COMUM
(VERDE – OFÍCIO DO DIA)
Antífona da entrada: Ergamos os nossos olhos para aquele que tem o céu como trono; a multidão dos anjos o adora, cantando a uma só voz: Eis aquele cujo poder é eterno.
Leitura (Hebreus 4,12-16)
Leitura da carta aos Hebreus.
Irmãos, 4 12 porque a palavra de Deus é viva, eficaz, mais penetrante do que uma espada de dois gumes e atinge até a divisão da alma e do corpo, das juntas e medulas, e discerne os pensamentos e intenções do coração. 13 Nenhuma criatura lhe é invisível. Tudo é nu e descoberto aos olhos daquele a quem havemos de prestar contas. 
14 Temos, portanto, um grande Sumo Sacerdote que penetrou nos céus, Jesus, Filho de Deus. Conservemos firme a nossa fé. 15 Porque não temos nele um pontífice incapaz de compadecer-se das nossas fraquezas. Ao contrário, passou pelas mesmas provações que nós, com exceção do pecado. 16 Aproximemo-nos, pois, confiadamente do trono da graça, a fim de alcançar misericórdia e achar a graça de um auxílio oportuno.
Salmo responsorial 18/19B
Vossas palavras são espírito, são vida,
tendes palavras, ó Senhor, de vida eterna.
A lei do Senhor Deus é perfeita,
Conforto para a alma!
O testemunho do Senhor é fiel,
Sabedoria dos humildes.
Os preceitos do Senhor são precisos,
Alegria ao coração.
O mandamento do Senhor é brilhante,
Para os olhos é uma luz.
É puro o temor do Senhor,
Imutável para sempre.
Os julgamentos do Senhor são corretos
E justos igualmente.
Que vos agrade o cantar dos meus lábios
E a voz da minha alma;
Que ela chegue até vós, ó Senhor,
Meu rochedo e redentor!
Aclamação do Evangelho
Aleluia, aleluia, aleluia. 
O Espírito do Senhor repousa sobre mim e enviou-me a anunciar aos pobres o Evangelho (Lc 4,18).

Evangelho (Marcos 2,13-17)
2 13 Jesus saiu de novo para perto do mar e toda a multidão foi ter com ele, e ele os ensinava. 
14 Quando ia passando, viu Levi, filho de Alfeu, sentado no posto da arrecadação e disse-lhe: "Segue-me." E Levi, levantando-se, seguiu-o. 
15 Em seguida, pôs-se à mesa na sua casa e muitos cobradores de impostos e pecadores tomaram lugar com ele e seus discípulos; com efeito, eram numerosos os que o seguiam. 
16 Os escribas, do partido dos fariseus, vendo-o comer com as pessoas de má vida e publicamos, diziam aos seus discípulos: "Ele come com os publicamos e com gente de má vida?" 
17 Ouvindo-os, Jesus replicou: "Os sãos não precisam de médico, mas os enfermos; não vim chamar os justos, mas os pecadores." 
COMENTÁRIOS DO EVANGELHO
1. O Mestre andando em más companhias
"Diga-me com quem andas e te direi quem és" - lembram-se deste provérbio? Na minha infância cresci ouvindo exortações dos meus pais e educadores para que evitássemos as más companhias e até confessávamos isso ao Padre porque era considerado pecado.
Quando comecei a ter uso da razão e deparei com esse evangelho, comecei a achar que tinha algo de errado, ou com a nossa formação ou com Jesus. Estar junto as pessoas desqualificadas não significa aprovar suas atitudes erradas e nem compactuar com elas, nossos pais e educadores tinham medo de que a influência do mal presente na vida dessas "pessoas" rotuladas como más companhias, acabasse nos contaminando. Mas... E o Bem presente em nós na Graça de Deus, será que não têm uma força para contagiar as pessoas com quem nos relacionamos?
Pois aí é que está o grande problema, inclusive de hoje em dia. O mal influencia a vida dos cristãos e as comunidades. Jesus, o Filho de Deus, não teme o mal presente na vida das pessoas, pois foi exatamente para isso que ele veio, para combatê-lo e eliminá-lo para sempre. Jesus não só andou com as más companhias, foi mais longe e assumiu a fragilidade humana por amor a humanidade que estava sob o domínio do mal.
Nos dias de hoje não podemos mais pensar dessa maneira, pois como discípulos e missionários de Jesus, nós temos que ter mais fé em nosso "Taco", na poderosa Graça de Deus presente em nossa vida, no poder de Deus manifestado no Espírito Santo e assim sairmos do nosso ambiente sagrado e entrarmos sem medo naquilo que muitas vezes consideramos profano, confiantes de que em Cristo somos mais que vencedores.
A casa de um Publicano cobrador de impostos não tinha nada de sagrado, ao contrário, os amigos de Levi eram todos da mesma "laia" que ele, isso é, pecadores considerados irrecuperáveis diante de Deus e dos homens. Sem a menor cerimônia Jesus vai á sua casa, o evangelista não menciona de quem partiu o convite, pode ser que tenha sido Levi, feliz da vida por ter sido convidado a ser discípulo e por isso queria comemorar, mas também pode ser que tenha partido de Jesus que nesse sentido era meio "oferecido", lembram-se da história do pequeno Zaqueuzinho?
O fato é que, quando se trata de salvar e oferecer as pessoas essa Vida totalmente Nova, Jesus de Nazaré faz de tudo e não está nem aí com certos preconceitos. Propõe, convida, chama, inclusive a "gentalha" que muitas vezes ainda continuamos a excluir em nossos tempos. Pensem um pouco... Quanta gente rotulada como má ( só porque não pertencem ao nosso grupo, igreja ou comunidade) dando por aí um testemunho maravilhoso com palavras e atitudes á favor da vida...
E ao final da reflexão deixo essa perguntinha, no mínimo provocadora: Quem são os "Enfermos" dessa história?
2. Jesus senta à mesa com os pecadores
É o segundo relato de vocação no evangelho de Marcos. Por que Jesus chama Mateus, um publicano, um pecador público, portanto, considerado impuro? A resposta: porque ele quis (cf. Mc 3,13). Como os quatro primeiros chamados (Mc 1,16-20), Mateus deixa tudo para seguir Jesus. A refeição oferecida em casa de Mateus a Jesus e seus discípulos, e cuja mesa é partilhada com "muitos publicanos e pecadores", é uma espécie de despedida de Mateus de sua vida anterior ao encontro com Jesus.
A partilha da mesa com os que eram considerados impuros é o que escandaliza os escribas e fariseus, e põe, para eles, em questão a identidade de Jesus. A ida de Jesus à casa de Mateus faz desmoronar um esquema religioso que exclui as pessoas da comunhão com Deus.
Jesus, assim como Deus no Antigo Testamento (Ex 15,26; Dt 32,39 etc.), se apresenta como médico que cura o ser humano das feridas profundas onde somente ele pode chegar e para as quais somente ele tem o remédio. O episódio é a ocasião em que Jesus define a sua missão: "Não é a justos que vim chamar, mas a pecadores" (v. 17).
Oração
Pai, coloca-me, cada dia, no seguimento de Jesus, pois, assim, estarei no bom caminho que me conduz a ti.
3. DA MARGINALIZAÇÃO AO DISCIPULADO
A passagem de Jesus pela vida de Levi provocou nele uma transformação considerável. Ele saiu imediatamente da marginalização sócio-religiosa para ingressar no discipulado, ao aceitar o convite do Mestre, exigindo dele a renúncia a uma atividade odiosa aos olhos de seus contemporâneos. Doravante, Levi não seria mais um publicano, e sim um discípulo de Jesus. A opção religiosa desse discípulo teve conseqüências também no plano social.
Na percepção de Jesus, porém, a mudança na vida de Levi deu-se num nível bem diverso. A discriminação, devida à profissão de cobrador de impostos, era irrelevante para o Mestre. Este procurava colocar-se acima dos preconceitos humanos. Importava-lhe, antes, o que se passava no coração de Levi, sentado no seu local de trabalho. Embora vivendo num ambiente corrompido e corruptor, sem dúvida, ele mantinha um elevado padrão de religiosidade. Os preconceitos que recaíam sobre sua categoria profissional não foram suficientes para levá-lo a apegar-se aos bens materiais. Assim, quando Jesus passou, estava suficientemente livre para segui-lo, sem restrições.
Ninguém ficou sabendo da mudança operada na vida de Levi, além dele mesmo, e do próprio Mestre. O homem de fé viu concretizar-se o que, até então, era objeto de esperança. Seguir o Messias Jesus significava ver realizada a promessa divina. Assim, mais que uma marginalização social, Levi superou a verdadeira marginalização religiosa, ao se fazer discípulo do Reino.
Oração
Pai, coloca-me, cada dia, no seguimento de Jesus, pois, assim, estarei no bom caminho que me conduz a ti.
Liturgia do Domingo — 20.01.2013
2º Domingo do Tempo Comum - Bodas de Caná — ANO C

(VERDE, GLÓRIA, CREIO – II SEMANA DO SALTÉRIO)
__ "Em Caná Jesus manifestou sua glória. Fazei tudo que ele vos disser!" __
Ambientação:
Sejam bem-vindos amados irmãos e irmãs!
INTRODUÇÃO DO FOLHETO DOMINICAL PULSANDINHO: Iniciamos os domingos do tempo comum. A partir de hoje, até quarta-feira de cinzas, a cor litúrgica será o verde. A celebração de hoje continua sendo iluminada pela teologia da Epifania. Com o milagre em Caná da Galiléia, Jesus começou a manifestar sua glória e a despertar a fé em seus discípulos. É uma celebração epifânica que convida os discípulos a crer e se inserir na Aliança. Neste sentido, a celebração esponsal de Caná recebe uma função programática: depois de ver a manifestação da glória de Deus, os discípulos são convidados a crescer na fé e participar da nova comunidade, que tem no Evangelho a proposta de justiça para que a vida ocupe o centro da nova humanidade.
INTRODUÇÃO DO FOLHETO DOMINICAL O POVO DE DEUS: Celebramos nesta Eucaristia as Bodas de Caná, ocasião em que Jesus realiza o primeiro sinal messiânico, transformando a água em vinho para sinalizar que era chegado o tempo da salvação, quando a humanidade pode festejar a presença de Cristo e do Espírito Santo; hora de mudar o coração das pessoas e o destino do mundo. O papel de Maria, como intercessora, acompanha a missão da Igreja em toda a sua jornada através do tempo e da história. Preparemo-nos para celebrar, na próxima sexta-feira, dia 25, a festa de Nosso Padroeiro, São Paulo.
INTRODUÇÃO DO WEBMASTER: Jesus é homem como nós; tem amigos e aceita o convite para um casamento, com sua mãe e seus primeiros discípulos. Esta semelhança torna-o "acessível", "conhecível" a nós. Mas Cristo é também "mistério", se ele não se revela, se não se manifesta sua identidade. Revelação que fará pouco a pouco, com sábia pedagogia. Cristo começa a revelar sua identidade não de modo verbal, explícito, como uma fórmula dogmática, mas faz isso através de uma linguagem de gestos. O sinal de Caná revela a glória de Jesus e desvela seu ser divino, através o pedido e da bondade de sua mãe ao interceder pelos noivos e a fé de Maria leva Jesus a "manifestar-se". Os discípulos crêem em Jesus; chegam de certo modo, até a fé de Maria. Não é esta também a missão da Igreja hoje, a missão de cada cristão, comunicar a fé?.
Sintamos o júbilo real de Deus em nossos corações e cheios dessa alegria divina entoemos alegres cânticos ao Senhor!
II DOMINGO DO TEMPO COMUM 
(VERDE, GLÓRIA, CREIO – II SEMANA DO SALTÉRIO)
Antífona da entrada: Que toda a terra se prostre diante de vós, ó Deus, e cante louvores ao vosso nome, Deus altíssimo! (Sl 65,4).
Comentário das Leituras: A leitura evangélica narra uma boda celebrada em Caná da Galiléia. Mas os protagonistas, mais do que os noivos, são Jesus e sua Mãe Maria como figuras centrais. Temos, portanto, dois níveis de leitura: o cristológico, referido a Jesus que realiza o milagre; e o mariológico, em relação com Maria, que intercede junto de seu filho. Este segundo nível centrará hoje nossa atenção.
Primeira Leitura (Isaías 62,1-5)
Leitura do livro do profeta Isaías.
62 1 Por amor a Sião, eu não me calarei, por amor de Jerusalém, não terei sossego, até que sua justiça brilhe como a aurora, e sua salvação como uma flama. 
2 As nações verão então tua vitória, e todos os reis teu triunfo. Receberás então um novo nome, determinado pela boca do Senhor. 
3 E tu serás uma esplêndida coroa na mão do Senhor, um diadema real entre as mãos do teu Deus; 
4 não mais serás chamada a desamparada, nem tua terra, a abandonada; serás chamada: minha preferida, e tua terra: a desposada, porque o Senhor se comprazerá em ti e tua terra terá um esposo; 
5 assim como um jovem desposa uma jovem, aquele que te tiver construído te desposará; e como a recém-casada faz a alegria de seu marido, tu farás a alegria de teu Deus. 
Salmo responsorial 95/96
Cantai ao Senhor Deus um canto novo, 
manifestai os seus prodígios entre os povos!
Cantai ao Senhor Deus um canto novo, 
cantai ao Senhor Deus, ó terra inteira! 
Cantai e bendizei seu santo nome!
Dia após dia anunciai sua salvação, 
manifestai a sua glória entre as nações 
e, entre os povos do universo, seus prodígios!
Ó família das nações, dai ao Senhor, 
ó nações, dai ao Senhor poder e glória, 
dai-lhe a glória que é devida ao seu nome! 
Oferecei um sacrifício nos seus átrios.
Adorai-o no esplendor da santidade, 
terra inteira, estremecei diante dele! 
Publicai entre as nações: "Reina o Senhor!", 
pois os povos ele julga com justiça.
Segunda Leitura (1 Coríntios 12,4-11)
Leitura da primeira carta de são Paulo aos Coríntios.
12 4 Há diversidade de dons, mas um só Espírito.
5 Os ministérios são diversos, mas um só é o Senhor.
6 Há também diversas operações, mas é o mesmo Deus que opera tudo em todos.
7 A
cada um é dada a manifestação do Espírito para proveito comum.
8 A um é dada pelo Espírito uma palavra de sabedoria; a outro, uma palavra de ciência, por esse mesmo Espírito;
9 a outro, a fé, pelo mesmo Espírito; a outro, a graça de curar as doenças, no mesmo Espírito;
10 a outro, o dom de milagres; a outro, a profecia; a outro, o discernimento dos espíritos; a outro, a variedade de línguas; a outro, por fim, a interpretação das línguas.
11 Mas um e o mesmo Espírito distribui todos estes dons, repartindo a cada um como lhe apraz.
Aclamação do Evangelho
Aleluia, aleluia, aleluia. 
O Senhor Deus nos chamou, por meio do Evangelho, a fim de alcançarmos a glória de Cristo (2Ts 2,14).

EVANGELHO (João 2,1-11)
2 1 Três dias depois, celebravam-se bodas em Caná da Galiléia, e achava-se ali a mãe de Jesus. 
2 Também foram convidados Jesus e os seus discípulos. 
3 Como viesse a faltar vinho, a mãe de Jesus disse-lhe: Eles já não têm vinho. 
4 Respondeu-lhe Jesus: "Mulher, isso compete a nós? Minha hora ainda não chegou". 
5 Disse, então, sua mãe aos serventes: "Fazei o que ele vos disser". 
6 Ora, achavam-se ali seis talhas de pedra para as purificações dos judeus, que continham cada qual duas ou três medidas. 
7 Jesus ordena-lhes: "Enchei as talhas de água". Eles encheram-nas até em cima. 
8 "Tirai agora", disse-lhes Jesus, e levai ao chefe dos serventes. E levaram. 
9 Logo que o chefe dos serventes provou da água tornada vinho, não sabendo de onde era (se bem que o soubessem os serventes, pois tinham tirado a água), chamou o noivo 
10 e disse-lhe: "É costume servir primeiro o vinho bom e, depois, quando os convidados já estão quase embriagados, servir o menos bom. Mas tu guardaste o vinho melhor até agora". 
11 Este foi o primeiro milagre de Jesus; realizou-o em Caná da Galiléia. Manifestou a sua glória, e os seus discípulos creram nele. 
TEXTOS BÍBLICOS PARA A SEMANA:
2ª Hb 5,1-10; Sl 109 (110); Mc 2,18-22.
3ª Hb 6,10-20; Sl 110 (111); Mc 2,23-28.
4ª Hb 7,1-3.15-17; Sl 109 (110); Mc 3,1-6.
5ª Hb 7,25-8,6; Sl 39 (40); Mc 3,7-12.
6ª At 22,3-16 ou At 9,1-22; Sl 116 (117); Mc 16,15-18.
Sa 2 Tm 1,1-8 ou Tt 1,1-5; Sl 95 (96); Lc 10,1-9.
3º DTC : Ne 8,2-4a.
5-6. 8-10; Sl 18(19),8. 9. 10. 15 (R/. Jo. 6, 63c); 1Cor 12,12-30; Lc 1,1-4; 4,14-21 (Jesus em Nazaré)
COMENTÁRIOS DO EVANGELHO
1. Vinho Novo
Não sei dizer a razão pela qual faltou o vinho nas Bodas de Cana, talvez a família não tivesse muitos recursos e fez uma festa bem modesta, só para os mais íntimos. Também pode ser que o Encarregado da cozinha, tenha errado no cálculo, ou então, porque havia um número excessivo de “penetras”. Só sei que os convidados das bodas de Canaã ficaram admirados com a qualidade e o sabor inigualável daquele vinho que serviram na última hora, quando muitos já estavam até embriagados. Os discípulos e os que serviam estavam de boca aberta, pois só eles sabiam que todo aquele vinho delicioso fora tirado de seis talhas de barro, cheias de água. Um prodígio promissor para Jesus iniciar seu ministério!
Em Israel muita gente andava descontente com a religião, porque transformaram o Deus da Aliança, tão rico em bondade e misericórdia, em um legislador implacável, alguém frio que passava os dias observando atentamente quem ousava desrespeitar a lei de Moisés. As pessoas iam ao templo ou nas sinagogas com o coração pesado, por medo do que pudesse acontecer, se deixassem de observar alguma das mais de seiscentas leis e prescrições da religião. Existiam para os faltosos a possibilidade de se livrarem da culpa, cumprindo os rituais de purificação feitos com água, mas que também era complicado pois naquele tempo não se tinha a facilidade da água encanada como hoje.
Às vezes a prática da religião se torna um peso quase insuportável, as vezes ao receber um sacramento, ou ao término de alguma celebração, há quem dê um suspiro de alívio “Arre ! já cumpri minha obrigação e estou livre!” para curtir o domingão. Certa ocasião depois da celebração de crisma, um adolescente em frente a igreja dava pulos e esmurrava o ar festejando quando alguém perguntou; “ feliz com a crisma recebida?” . ---Muito feliz --- desabafou o jovem – pois agora não preciso mais vir à igreja e estou livre!
Para ir a uma festa, um dia antes já estamos na expectativa, já para ir à igreja, chegamos na última hora e ás vezes, se a celebração se alongar um pouco, saímos antes da bênção final pois só temos paciência para agüentar a missa por uma hora. Precisamos rever o que está errado, nossas liturgias não podem resumir-se ao “oba-oba” mas temos que lhe dar vivacidade para que as pessoas saiam convencidas da graça de Deus e cheias de coragem para dar testemunho.
Não vale a pena praticar esse tipo de religião meramente cultual ! Nas bodas de canã Jesus, ao transformar a água da purificação em vinho da melhor qualidade, acabou com essa “chatice religiosa” mas muitos ainda hoje insistem em beber desse vinho azedo de uma religião angustiante, que bota freios no ser humano e coloca em seus olhos uma “viseira” para somente enxergar na direção que aponta os dirigentes “iluminados” sendo terminantemente proibido olhar em outra direção.
A verdadeira religião supõe liberdade e uma alegria incontida pelo fato de se tomar conhecimento de que Deus, apaixonado pelo homem, manifestou o seu amor no seu filho Jesus, que ao chegar a sua hora, a hora de mostrar a que veio, em um gesto de loucura aos olhos de muitos, derramou até a última gota do seu sangue na cruz do calvário, para que nós pudéssemos ser felizes e ter uma vida nova como homens livres.
É este o pensamento que deve nortear a nossa relação com Deus no âmbito da Igreja, uma alegria de saber que ele nos ama tanto, que ele só quer o nosso bem em seu sentido mais pleno, um amor que nos ama sem exigir nada, sem cara feia, sem mau humor, sem palavras amargas e sem nenhuma censura – Deus é amor infinito, bondade eterna e misericórdia para sempre! É essa, portanto, a novidade que Jesus traz ao mundo nas bodas de canã, ele é na verdade o noivo apaixonado pela noiva que é a Igreja, assembléia de todos os que crêem. Uma noiva não muito bela e nem sempre fiel, que às vezes se deixa seduzir por outros “amantes”.
Entendida e aceita essa verdade, a Palavra de Deus celebrada e proclamada em nossas comunidades, é uma carta de amor que ouvimos com o coração aos pinotes, e a eucaristia se transforma em um jantar a luz de velas com Cristo Jesus, o amado de nossa vida , ao sabor do vinho novo da graça santificante que nos salva e liberta. Irradiar este amor a todos com o testemunho de vida, é a única forma de transformar a sociedade e não adianta se buscar outras alternativas, pois somente assim a glória de Cristo será manifestada semeando a fé no coração dos descrentes! (2º. Domingo do Tempo Comum João 2, 1-11)
2. O princípio dos "sinais" de Jesus
O capítulo 62 do profeta Isaías faz parte do que se convencionou chamar, na exegese, trito-Isaías. Escrito no período pós-exílico, o texto apresenta a cidade como esposa, depositária de uma promessa de salvação.
O evangelho de João deste domingo está situado na parte do quarto evangelho denominada "livro dos sinais". O nosso relato é, no dizer do narrador, o "princípio" dos sinais (v. 11), o que nos leva a compreender que o sinal de Caná é um evento fundador. Trata-se de uma narração simbólica: ela torna presente algo diferente do que é imediatamente dito e que lhe serve de expressão. Aqui, o símbolo é mais importante que a materialidade dos fatos.
O tema geral é o cumprimento por Jesus da promessa do Antigo Testamento de abundância de vinho nos tempos messiânicos (Gn 49,10-11; Am 9,13-14). Jesus e seus discípulos são convidados para uma festa de casamento. A mãe de Jesus também estava lá. Falar de festa de bodas é evocar não só a Aliança passada (Noé, Abraão, Moisés), mas a nova, em Jesus, de cuja plenitude todos receberam graça no lugar de graça (cf. Jo 1,16).
A festa humana das bodas serve na tradição bíblica de metáfora para a Aliança de Deus com o seu povo (Os 2,18-21; Ez 16,8; Is 62,3-5). O vinho é dom de Deus para a alegria das pessoas, e sinal de prosperidade (Sl 104[103],15; cf. Jz 9,13; Eclo 31,27-28; Zc 10,7). É por essa razão que ele será abundante nas "bodas escatológicas" (Am 9,13; Is 25,6).
Em Caná, o vinho oferecido por Jesus é superior ao vinho servido primeiro. Graças à ação de Jesus, a Aliança atinge a perfeição. Por trás das palavras da mãe de Jesus está Israel, que confia na intervenção divina, espera e vê a promessa de salvação realizada. O termo "mulher" evoca Sião, representada na Bíblia com traços de uma mulher, de uma mãe (Is 49,20-22; 54,1; 66,7-11; Jo 16,21).
Como em nosso relato a noiva não aparece, é a mãe de Jesus que representa Sião, cujo esposo é Deus. Em razão de sua cor, o vinho era tido como o sangue da vinha. Daí ele ter se tornado, como o sangue, símbolo da vida. "Eu vim para que todos tenham vida, e a tenham em abundância", diz o Senhor (Jo 10,10). A nós, a tarefa de distribuir este vinho da alegria e de oferecer esta vida que é dom.
Oração
Senhor Jesus, que Maria me conduza sempre a ti e me leve a descobrir em ti o caminho da salvação que o Pai nos ofereceu.
3. A GLÓRIA DE JESUS
Com o milagre em Caná da Galiléia, Jesus começou a manifestar sua glória e a despertar a fé em seus discípulos.
Para evitarmos conclusões apressadas, é mister entender bem a relação entre milagre e glória. Esta, resultante do milagre, manifestou-se no serviço prestado, de forma escondida e gratuita, a um casal em dificuldades, em plena festa de casamento. Pela bondade de Jesus, os noivos livraram-se de uma humilhação pública. Assim acontecia com aqueles, em cujas bodas, vinha a faltar vinho.
No entanto, tudo aconteceu de maneira discreta. A mãe de Jesus deu-se conta da situação. Fez chegar ao conhecimento do Filho o constrangimento por que os noivos estariam prestes a passar. Após um diálogo misterioso com sua mãe, Jesus entra em ação, dando ordem aos empregados. Só estes ficarão sabendo da origem daquele vinho delicioso, servido, por último, aos convidados.
Não consta que alguém mais ficou sabendo ter sido Jesus o autor do milagre e o tenham prestado honra por uma tal façanha. Não foi esta a glória resultante do milagre, que o Mestre esperava. Sua glória consistiu em mostrar-se sensível e serviçal em relação ao casal em apuros.
Oração 
Espírito de solidariedade e de serviço, diante das necessidades de tantos irmãos e irmãs, move-me a servi-los com generosidade, sem buscar aplausos.


Nenhum comentário:

Postar um comentário