MISSIOLOGIA
Missiologia,
estudo teológico que ressalta dois aspectos “PNEUMA E MISSÃO”.
PNEUMA. Designa
força de Deus, ação do Espírito Santo que realiza a missão. A obra não é
humana, embora os homens sejam chamados como instrumento.
MISSÃO. O
ícone da Igreja é o sair para a missão. Missão é o caminho, mobilização, é o
ir... É ordem de Jesus (MT 28,18-20).
Para ser
missionário é necessário em primeiro, “sair de si mesmo” para ir ao mundo em
missão.
Missão é
sinal de esperança anunciando a nossa identidade que é Jesus Cristo.
O
missionário tem que ser despojado. O despojamento torna o missionário leve.
Quem carrega muito peso se torna pesado, não consegue caminhar, tem dificuldade
de se locomover (Lc 10,2-4).
O
missionário deve se tornar leve, despojado de toda bagagem inútil. Missão nunca termina. Jesus está sempre a
dizer: “Éfata” – abra-te.
“Não
podemos deixar de falar das coisas que temos visto e ouvido” (At 4,20).
Na pessoa,
na vida e nas obras de Jesus, Deus Pai revela o Reino a todos os povos de todos
os tempos. O anúncio da Boa Nova é o centro da missão.
A missão
encontra sua continuidade na atuação daqueles que recebem o Espírito de
Pentecostes, o Espírito da missão (At 1,8).
O
missionário tem uma direção, “O OUTRO”.
O caminho
é a forma mais radical da missão, é ir ao encontro.
O bonito
da missão é o VAI e VEM, isto é, o ENSINAR e APRENDER.
O MANDATO MISSIONÁRIO
A missão
que Cristo redentor confiou à Igreja está ainda longe de seu pleno cumprimento.
A missão ainda está no começo, é preciso empenhar-nos com todas as forças no
serviço missionário. É o Espírito Santo que impele o missionário a anunciar as
grandes obras de Deus.
Paulo
Apóstolo é testemunho e modelo de missionário (1Cor 9,16; Gl 2,20). Em nome da
Igreja, pelo Batismo recebido devemos sentir o dever imperativo de repetir este
grito de Paulo Apóstolo: “Ai de mim se não evangelizar”.
O Concílio
Vaticano II foi um sopro renovador na vida e atividade da Igreja. Sublinhou o
caráter missionário fundamentando-se na própria Missão Trinitária. O Pai envia
o Filho, o Filho envia o Espírito Santo.
O impulso
missionário pertence à natureza íntima da vida cristã.
São muitos
os frutos missionários do Concílio Vaticano II, entre eles o ECUMENISMO. “Para
que todos sejam um...” (Jo 17,21) é o pedido de Jesus
Nossa
identidade é Católica, aberta a universalidade de todos os povos, de todas as
pessoas. Portanto ser católico é ser ecumênico.
O Diálogo
Ecumênico é algo novo, embora seja tão antigo, “sempre esteve no coração de
Deus Pai”.
Na
Parábola do Filho Pródigo (Lc 15,11-32), Jesus conta que entre dois irmãos não
há diálogo e sim um abismo de rejeição e distância. O desejo na parábola é ter
os filhos em casa.
O diálogo
verdadeiro torna-se o desejo da descoberta de Deus no outro. Descobrir virtudes
nos outros é aprendizado, é treinamento. Bem podemos usar a expressão: “O amor
autêntico é o outro nome do diálogo”.
Jesus de
Nazaré dialogava com todos. No evangelho salta aos nossos olhos o “Amai-vos uns
aos outros”, vivido e pedido por Jesus Cristo.
Jesus
anunciou o amor ao próximo como o grande Mandamento, como milagre transformador
da sociedade e das pessoas.
Todo ato
de amor atinge como fim último o próprio Senhor. Quem crê na presença de Jesus
no outro não deve isolá-lo.
O Diálogo
ecumênico para ser verdadeiro se dá no respeito, no acolher o outro como ele é,
na sua identidade. Por exemplo, não abrimos mão de nada da nossa identidade
católica para dialogarmos com um irmão de outra denominação cristã.
O
preconceito inibe o diálogo. Se Jesus fosse preconceituoso não teria aberto o
diálogo com a mulher samaritana. O contexto cultural proibia o diálogo de judeu
e samaritano (Jo 4,5-29). É através do diálogo que acontece as descobertas.
Para Jesus o amor não é uma teoria, é um movimento do coração e de verdade (1Jo
3,18).
Cada
pessoa, cada igreja, é um tesouro não explorado. Jesus não pede para sermos bem
comportados na sociedade, pede para sermos irmãos.
O Dom do
Espírito em Pentecostes foi derramado, não para construir uma nova Babel, mas
sim, a “unidade na diversidade”, querida, rezada e pedida por Jesus.
Alegrar-se
com a diferença pode ser um jeito bonito de louvor à Sabedoria do Criador,
inesgotável na variedade.
Deus não
faz clones. Cada um é inteiramente original, ninguém é cópia de ninguém. É
preciso afastar-se da tentação da uniformidade. Os diferentes precisam se entender
e se respeitar.
Ecumenismo
não é tentar converter os outros irmãos aos nossos jeitos de rezar, pregar,
celebrar, cantar, fazer liturgia, teologia... Ecumenismo é superar o medo do
diferente.
A palavra
“Pai”, ensinada por Jesus “nos faz irmãos”, isso deve soar muito forte em nós. A Igreja tem
por dever dar o testemunho da “Koinonia” (comunhão).
Num mundo
onde aflora a intolerância a Igreja deve ser o espaço para o exercício amoroso
dos diferentes. O Movimento Ecumênico é uma escola na qual vamos aprendendo a
arte da convivência. A Bíblia usa a imagem do corpo: muitos membros, cada um
com sua função, porém todos importantes (1Cor 12,12-20).
Apesar de
ser o Diálogo Ecumênico uma dimensão indispensável da nossa missão, afirmada e
exigida nas declarações oficiais da Igreja Católica, desde o Concílio Vaticano
II, ainda há muitos católicos que parecem estar longe e não ter ouvido este
apelo, mais grave ainda, há católicos que pensam estar traindo sua Igreja se
tiver alguma aproximação com cristãos de outras Igrejas. Enquanto não
superarmos a divisão existente permanece aberta essa ferida.
É claro
que o Ecumenismo não é feito de qualquer jeito, é necessário estudo,
conhecimento, preparo, formação, prudência, competência... Gente instável e sem
conhecimento é perigo à vista.
O
Documento 71 da CNBB, Diretrizes Gerais da Ação Evangelizadora da Igreja no
Brasil, aponta caminhos para o Diálogo Ecumênico Surge uma nova consciência de
que a missão compete a todos os cristãos, aurora de um novo tempo.
A
evangelização missionária constitui no primeiro serviço que a Igreja presta ao
homem e à humanidade inteira.
O número
daqueles que ignoram Cristo, e não fazem parte da Igreja, está em contínuo
aumento.
A URGÊNCIA DA MISSÃO
Neste
campo novas oportunidades são oferecidas à Igreja. Deus abre à Igreja os
horizontes de uma nova evangelização, nova no ardor, nova nos métodos, como nos
pediu desde o projeto do Grande Jubileu do ano 2000.
Ninguém
deve esquivar-se deste dever supremo: Anunciar Cristo a todos os povos. Semear
sementes do Evangelho.
Anunciar
aos crentes e não crentes os valores que Jesus encarnou em sua vida: paz,
justiça, fraternidade, dedicação aos pequenos, pobres, oprimidos,
marginalizados... Evangelizar constitui a vocação própria da Igreja, é sua
identidade mais profunda e sua missão específica. O núcleo vital da
evangelização é a pessoa de Jesus Cristo, sua vida, seus ensinamentos, o
anúncio do Reino.
O anúncio
do Reino de Jesus Cristo deve ser o resultado de um encontro pessoal com Ele,
fruto de uma profunda experiência de amor com o Senhor.
O cristão
é missionário por natureza: é a razão de ser. Nenhuma Igreja, nenhuma comunidade,
nenhum cristão pode afastar-se dessa responsabilidade, ser missionário da Boa
Nova de Jesus Cristo. Tomar parte dessa missão vai além da auto-satisfação
pessoal. A missão não se move por puro idealismo ou por certo voluntariado. São
necessários projetos bem definidos, oração incessante, formação,
disponibilidade, despojamento, coragem e paixão missionária. A dinâmica do
processo total de evangelização aparece definida de maneira paradigmática por
três fases ou etapas sucessivas:
- Ação
Missionária (com os não crentes);
- Ação
Catecumenal (com os recém convertidos);
- Ação
Pastoral (com os fiéis da comunidade cristã).
A missão é
bonita, mas assustadora. Jesus chama o missionário e muitas vezes inverte as
coisas, convida-nos a ir a lugares que não gostaríamos de ir. Faz coisas que
não consideramos estratégicas. Faz a gente se relacionar com gente que
costumamos evitar. Jesus sempre insiste a nos levar a Nínive quando nós
preferimos Társis (o exemplo do profeta Jonas).
Társis é o
lugar que consideramos melhor e mais estratégico, é mais puro, é mais bonito e
mais estético. O ar que se respira cheira bem, o ambiente é carregado de
ilusões. As vitrines são bonitas, mas os preços são caros. De Társis se sai com
menos do que se chega. Társis é um lugar avesso a transformação, mas nos atrai.
Nínive
pelo contrário cheira mal, as pessoas parecem carregadas de medo, de suspeita,
de agressividade e de solidão. Nínive aparenta um lugar onde não há espaço para
mudança e transformação. Porém, Nínive esconde um aprofunda surpresa, esconde
um potencial de salvação. Nínive para surpresa de Jonas é transformada. A graça
de Deus tem sua surpreendente performance de amor e salvação.
Aonde
queremos ir? A Társis que nos agrada ou Nínive que não nos encanta?
“Hoje se ouvir
a minha voz não endureceis o vosso coração” (Sl 94,7-8).
Somos
vasos de barro, porém Deus faz coisas maravilhosas conosco, gente tão frágil.
Só através de um amor que nunca desiste é que somos fiéis ao chamado de Cristo.
O caminho da santificação é aquele que Deus escolheu para nós. Deus escolhe um
caminho, nós queremos fazer outro.
A Igreja
nos exorta a irmos para águas mais profundas, mas teimamos em ficar com a água
pela canela.
Tem pessoa
que não se sente importante na obra do Senhor e assim vão levando a missão em banho-maria. Missionário
assim não entusiasma, não empolga, não motiva, não partilha, guardou o talento.
“A razão da nossa fé é a obra”.
O
missionário não deve ter medo, pois a missão se baseia verdade. A segurança do
missionário está na promessa de Jesus; “Eis que estou convosco todos os dias,
até o fim do mundo” (Mt 28,20).
Evangelizar
não é querer, ou não querer, é mandato bíblico, é ordem de Jesus, “Ide...” (Mt
28,19).
Muitas
vezes no Evangelho, ouvimos Cristo dizer: “Segue-me”. Segui-lo não é resultado
de uma escolha entre muitas, mas é escolha única.
Jesus é o
caminho único. Tem seguidores de Jesus que apreciam a sabedoria da sua palavra,
mas o abandonam após ter assimilado o que lhes interessam. É preciso saber que
seguir Jesus Cristo é fazer a escolha de um Mestre único e definitivo. Ligados
à pessoa de Jesus não somos eventuais seguidores conforme as diferentes fases
da nossa vida, mas sim sempre (Mc 13,13; Lc 9,62).
O
missionário precisa ser generoso, despojado, oferecer o dom de si mesmo. Sem
oferta não há missão (Jesus é modelo, é exemplo perfeito).
O
missionário é alguém apaixonado por Cristo, pelo Evangelho, pela Igreja, pela
causa do Reino. Paulo Apóstolo para falar do amor usa a expressão simbólica do
sino (Cor 13,1). “Se não tiver amor sou como um sino... ”O sino tem som, mas
não tem vida. Missionário sem paixão é missionário sem vida. A Palavra de Deus
não pode ficar algemada em nós.
Não somos
nós que escolhemos a missão, somos escolhidos. O exemplo do profeta Jeremias
(Jr 1,4-8). Jeremias sofre, mas não abandona a missão (Jr 20, 7).
O
missionário é marcado por uma profunda experiência espiritual intensa e
profunda. “Pois todo que quiser viver piedosamente, em Jesus Cristo terão de
sofrer perseguição” (2Tm 3,12).
Só abraça
verdadeiramente o chamado (a missão) quem tem o coração abrasado. Isso nos
passa discípulos de Emaús, “não abrasava o nosso coração quando Ele nos falava
pelo caminho e nos explicava as escritura?” (Lc 24, 32)
JESUS CRISTO ÚNICO SALVADOR
- NINGUÉM
VAI AO PAI, SENÃO POR MIM
- A FÉ EM
CRISTO É UMA PROPOSTA À LIBERDADE DO HOMEM
- A
IGREJA, SINAL E INSTRUMENTO DE SALVAÇÃO
- A
SALVAÇÃO É OFERECIDA A TODOS OS HOMENS
- NÃO
PODEMOS CALAR-NOS.
A tarefa
fundamental da Igreja de todos os tempos e, particularmente do nosso é a de
dirigir o olhar ao homem e a humanidade inteira orientando sua consciência e
experiência para o mistério de Cristo. A missão universal da Igreja nasce da fé
em Jesus Cristo.
Somente na fé se fundamenta e se compreende a missão.
Desde a
origem da igreja, aparece clara a afirmação: “Jesus Cristo é o único salvador
de todos” (At 4,12; Jo 14,6). A universalidade desta salvação em Cristo é
afirmada em todo novo testamento. São Paulo Apóstolo reconhece em Cristo Ressuscitado ,
“O Senhor”, diante de uma multidão de deuses e senhores (1Cor 8, 5-6).
As
autoridades judaicas interrogam os apóstolos e proíbem de anunciarem o nome de
Jesus. Pedro não se acovarda e, diante das autoridades do Sinédrio anuncia
corajosamente o nome de Jesus (At 4,10).
O
Evangelho se São João põe em destaque a universalidade salvífica de Jesus
Cristo.
O verbo é
a luz verdadeira que ilumina a todo homem.
Aspectos
da missão de Jesus: GRAÇA, VERDADE E REVELAÇÂO.
Jo 1,16 –
Trata-se da graça salvífica. Jesus é a graça que salva.
Jo 1,17 -
Na cultura judaica da época, achavam os judeus que nada era maior do que a lei.
Era a piedade legalista que salva (cumprir os preceitos). Neste contexto
cultural religioso, não se concebe um bem maior que Deus tinha reservado a
todos os homens. Jesus Cristo é maior que a lei de Moisés, Ele é o filho de
Deus, total dom do Pai. Ambos num eterno diálogo e mútua comunicação. (Jo
1,18). A revelação de Deus em
Jesus Cristo coloca o mundo em julgamento. Diante
da luz da revelação a vida dos homens se esclarece.
João
salienta no seu evangelho a reação dos homens diante de Jesus: Aceitação que
leva à vida; Rejeição que leva à morte. Recusa e hostilidade dos homens
que levam Jesus á morte, aceitação que produz a primeira comunidade reunida em
nome de Jesus.
Coube a
essa comunidade continuar a missão de Jesus.
O Senhor
quis introduzir os homens, onde jamais os homens teriam pensado partilhar a
vida e a felicidade de Deus.
Jesus
ilumina a nossa vida e nos leva a tomar uma decisão, aceitar e continuar a sua
obra (Mt 11, 27).
A
revelação de Deus tornou-se definitiva e completa, na obra do seu Filho
Unigênito. Deus falou definitivamente em Jesus Cristo. (Hb 1,1-2),
Jesus Cristo é a palavra viva e concreta de Deus.
Tudo o que
podemos falar sobre o projeto de Deus está presente em Jesus: CRIAÇÃO,
REVELAÇÃO E REDENÇÃO. Tudo encontra sua expressão definitiva em Cristo. Ele é quem faz
existir e salva toda criatura. Ele é igual em tudo ao Pai. Jesus está
intimamente unido a Deus Pai, mas ao mesmo tempo está próximo dos homens e
solidário a nós. Nossa missão é construir a história em direção a Cristo e com
Ele.
A
auto-revelação definitiva de Deus em Jesus Cristo é o motivo fundamental pelo qual a
Igreja é por sua natureza missionária. A Igreja não pode deixar de anunciar o
Evangelho que é a plenitude da verdade. Deus nos deu a conhecer a si mesmo.
Cristo é o
único mediador entre Deus e os homens (1Tm 2,5-6). Deus enviou seu filho como
homem para salvar o mundo inteiro. Sendo Jesus o único mediador, Ele é o
absoluto. É Jesus o único SANTUÁRIO, SACERDOTE E O SACRIFÍCIO.
SANTUÁRIO:
O corpo de Jesus é o novo templo, morre e ressuscita. O templo era para os
judeus o lugar sagrado e privilegiado de encontro com Deus. Jesus inaugura uma
nova liturgia em relação ao templo de Jerusalém e o seu corpo, “Destruí vós
este templo e eu o reerguerei em três dias” (Jo 2,19). Deus não quer habitar em
edifícios, mas no próprio homem.
SACERDOTE:
Jesus substitui o sacerdócio judaico fundamentado na lei de Moisés, não é uma simples
troca, pois Jesus é superior a qualquer liturgia terrena. Jesus é o mediador
perfeito, pois não tem pecado nenhum, não está sujeito as fraquezas que outros
sacerdotes têm.
Naquele
tempo (AT) o povo praticamente não tinha acesso à liturgia, tudo era delegado,
feito através de intermediários (sacerdotes). Jesus realiza uma nova aliança
(nova liturgia), o povo novo (NT) pode ter acesso a Deus.
SACRIFÍCIO:
Jesus não faz oferta de vítimas e animais, mas, “oferta da sua própria
pessoa”. A paixão é a mais solene prece
de intercessão e o mais sublime ato de obediência. Jesus com único ato salvador
(único sacrifício), de uma vez por todas obtém o perdão dos pecados. Ele é o
Cordeiro de Deus que tira os pecados do mundo (Jo 1,29).
O perdão
dos pecados realizou-se concretamente e definitivamente na “Páscoa de Cristo”.
Jesus derrama o próprio sangue e oferece conscientemente sua vida a Deus em
benefício dos homens.
A liturgia
dos judeus para perdão dos pecados era grandiosa na sua intenção, mas limitada
no que realizava “é impossível eliminar pecados com o sangue de touros e bodes”
(Hb 10,4).
Em Jesus
está presente o santuário (altar, tabernáculo), o sacerdote, o sacrifício. Ele
é o templo, a liturgia, a oferta.
Os homens,
portanto só poderão entrar em comunhão com Deus por meio de Cristo e sob ação
do Espírito Santo. Cristo é a mediação única e universal, via estabelecida pelo
próprio Deus (Jo 14,6).
João
afirma claramente: a Palavra se fez homem e veio à sua própria casa (neste seu
mundo) (Jo 1,1-18). Jesus é o verbo encarnado, pessoa uma e indivisa. Não se
pode separar não se pode falar de Jesus Verbo no princípio junto de Deus, do
Jesus Verbo encarnado junto aos homens. Não se pode separar, falar de maneira
diferente de Jesus o Filho de Deus, do Jesus o filho nascido de Maria. Não se
pode separar o Jesus da história, do Jesus da fé. Jesus homem de Nazaré é o
mesmo Jesus ressuscitado.
A ressurreição de Jesus, não é
fruto da imaginação dos discípulos, nem se reduz o fenômeno puramente
espiritual. A ressurreição é o fato que atinge o próprio corpo, daí a
identidade do ressuscitado com o Jesus terrestre, “vede minhas mãos e pés, sou
eu mesmo: apalpai e vede um espírito não tem carne, nem ossos, como vedes que
tenho” (Lc 24,36-39).
Sou eu
mesmo, sinal concreto da sua identidade. O ressuscitado é o mesmo Jesus homem
(fato central da nossa fé).
No homem
Jesus de Nazaré, se encontra a plenitude de Deus. Não parte, mas o todo de Deus
em pessoa. Jesus
homem sim, sem nunca deixar de ser Deus (Cl 2,9).
Jesus de
Nazaré é o verbo feito homem, para a salvação de todos. Em Cristo nós temos a
segurança única, absoluta e universal. Jesus Cristo está no centro da economia
salvífica, no centro da história da salvação (Ap 22,13).
Pela
encarnação, o Filho de Deus “uniu-se” de alguma forma a todo homem. Assim, o
Espírito Santo oferece a todos, de um modo que só Deus conhece a possibilidade
de serem associados ao Mistério Pascal.
O projeto
de Deus se propõe levar a história á sua plena realização, reunindo em Cristo
tudo que existe (Ef 1,9-10).
A FÉ EM CRISTO É UMA PROPOSTA À LIBERDADE DO HOMEM.
A urgência
da atividade missionária deriva da radical novidade de vida trazida por Cristo
e vivida pelos seus discípulos. Esta nova vida é Dom de Deus, e ao homem
pede-se que a acolha e desenvolva se quiser realizar integralmente sua vocação,
conformando-se a Cristo (Ef 4,13).
A Igreja
deve ir se desenvolvendo para que seus membros atinjam a idade da fé e se
conformem mais e mais a Cristo, o seu modelo.
Todo o
Novo Testamento se apresenta como um hino á vida nova. A salvação em Cristo,
testemunhada e anunciada pela Igreja é auto comunicação de Deus.
Deus
oferece ao homem essa novidade de vida. (2Cor 5,17). O missionário (a) é alguém
que traz em si essa vida nova. A missão é apresentar essa vida em Cristo. Há um grande
número de católicos que ainda não tem experiência da vida nova em Cristo.
A Igreja
Católica só poderá cumprir de fato sua essencial vocação missionária se
preocupar-se com a formação dos fiéis para uma espiritualidade bíblica cristã,
capaz de motivá-los e de entusiasmá-los pelo ideal cristão, capaz de
fornecer-lhes bases para uma mística envolvente que resgate neles o sentido
cristão da oração e do compromisso com Deus e sua Igreja.
Está muito
presente hoje o chamado trânsito religioso. É grande o número de pessoas que
passam de uma denominação para outra.
Fica uma
pergunta para nós: O que se passa no coração de tantos homens e mulheres
católicos, especialmente das classes pobres e populares a buscar nas igrejas
evangélicas o que dizem não ter encontrado na proposta católica?
Por esses
dados do censo, um alerta, fica claro, estamos falhando na nossa missão
católica de evangelizar.
O Senhor
oferece a nós e através de nós leva aos outros essa novidade de vida. O homem
por ser livre pode rejeitar a Cristo e o que Ele oferece. Onde o homem dizer
não.
No mundo
moderno, tende-se a reduzir o homem unicamente ao plano horizontal. O homem é
tentado a construir a vida nova sem Deus. O resultado está ai na história,
muito sangue derramado.
O Concílio
Vaticano II diz: “A pessoa humana tem a liberdade religiosa...” Todos os homens
devem viver imunes de coação em matéria religiosa. Ninguém seja obrigado a agir
contra sua consciência, nem impedido de acordo com ela.
O anúncio
e o testemunho de Cristo, quando feitos no respeito das consciências, não
violam a liberdade.
A fé exige
a livre adesão do homem, mas tem de ser proposta e não imposição. As multidões
têm o direito de conhecer as riquezas do mistério de Cristo. Em Cristo, o homem
pode encontrar a “plenitude inimaginável”, tudo aquilo que ele busca como
anseio interior.
A IGREJA SINAL E INSTRUMENTO DE SALVAÇÃO
A primeira
beneficiária da salvação é a Igreja: Cristo adquiriu-a com seu sangue (At 20,28).
Cristo tornou a Igreja sua cooperadora na obra da salvação universal. Com
efeito, Cristo vive na Igreja, é seu esposo, realiza seu crescimento e cumpre a
sua missão através dela. Deus ama todos os homens e dá a possibilidade de se
salvarem (1Tm 2,4).
A Igreja
professa que Deus constituiu Cristo único mediador e que ela própria foi posta
como instrumento universal de salvação. Todos os homens são chamados a esta
católica unidade do povo de Deus.
Todos os
homens são chamados a salvação pela graça de Deus. Quer os fiéis católicos, quer
outros crentes em Cristo, o Senhor quer todos universalmente salvos. A salvação
é dom do Espírito, exige a colaboração do homem para se salvar tanto a si
próprio como aos outros. Assim Deus comprometeu a Igreja no plano da salvação.
A SALVAÇÃO É OFERCIDA A TODOS OS HOMENS
A
universalidade da salvação em Cristo não significa que ela se destina apenas
aqueles que, de maneira explícita, crêem em Cristo e entram na Igreja, se é
destinada a todos, a salvação deve ser posta concretamente á disposição de todos.
Diz o Concílio Vaticano II: “Isto não vale apenas para aqueles que crêem em
Cristo, mas para todos os homens de boa vontade, no coração dos quais opera
invisivelmente a graça”.
Na verdade
Cristo morreu por todos. Nossa fé é Cristo, único salvador do homem. A fé que
recebemos é dom do alto, sem mérito algum de nossa parte (Rm 1,16). Muitos
mártires cristãos em todos os tempos deram suas vidas para testemunhar aos
homens esta fé. Cada homem necessita de Jesus Cristo, Ele destruindo o pecado e
a morte, reconciliou os homens com Deus. A Igreja e aspirações do coração
humano. O Evangelho é e sempre será a Boa Nova.
A Igreja
não pode deixar de proclamar que Jesus veio revelara face de Deus, e pela cruz
e ressurreição merecer e oferecer a salvação para todos os homens. Somos salvos
pelos méritos de Cristo. Vem a pergunta: porque a missão? Respondemos: com a fé
e a experiência da Igreja. Abrir-se ao amor de Cristo e a verdadeira
libertação. Muitos vivem alienados, escravizados por um tipo de fé, de
superstições e uma religião de magia que não levam á conversão. Nele, Jesus de
Nazaré, e só Nele, somos libertos de toda alienação e extravio da escravidão do
pecado e da morte.
Cristo é
verdadeiramente a nossa Paz (Ef 2,13-14).
- Muro de
separação: antes da redenção, judeus e pagãos desprezavam-se mutuamente.
Cristo
derruba o muro de inimizades para que todos se considerem irmãos de uma só
família. A participação de judeus e pagãos no único povo de Deus é sinal
concreto do homem novo. A Igreja tem a missão de se abrir a todos os homens e
os colocar sob uma cabeça única, “CRISTO”. O Evangelho do Senhor Jesus faz cair
todas as diferenças.
É o amor
de Cristo que nos impulsiona a missão. Jesus missionário do Pai foi enviado ao
mundo em forma de amor (Jo 3,16). Jesus é a grande novidade de Deus para os
homens. Jesus no mistério da cruz revela a vida nova. Dá a maior importância de
amor na doação da própria vida em nosso favor. Jesus com um gesto supremo
preenche o abismo da divisão causada pelo pecado dos homens, oferecendo a
redenção e reconciliação.
O amor de
Cristo é a fortaleza que sustenta o testemunho do missionário cristão. O amor
verdadeiro tudo desculpa, tudo crê, tudo espera, tudo suporta... O amor é a
vida do próprio Deus, da qual o missionário cristão já participa. Nenhum dom
pode substituir o amor, porque sem o amor os dons nada significam (1Cor
13,1-13).
Sem amor
aparecem coisas inconvenientes: a inveja, o orgulho, a arrogância, a
prepotência, a ostentação, o escândalo, a divisão..., sem amor aparece a busca
de nós mesmos, dos nossos interesses próprios. Aparece a irritação, o rancor, a
injustiça, a mentira, a opressão, a exploração, o ciúme... O amor é a fonte que
direciona o comportamento verdadeiro do missionário cristão. Jesus coloca como
centro do Evangelho o mandamento do amor (Jo 13,34). O novo está em amar á
maneira de Jesus. Abraçamos a missão na medida em que amamos e temos fé em
Jesus.
NÃO PODEMOS CALAR-NOS
Hoje
existe uma tentação, reduzir o cristianismo a uma sabedoria meramente humana.
Como se fosse a ciência do bom viver (secularização da salvação do mundo
globalizado), tudo reduzido à dimensão horizontal.
O anúncio
pascal de Cristo deve levar quem ouve a abandonar os falsos caminhos e sair dos
desvios incorretos da fé. O homem traz em si o anseio de Deus, mesmo as vezes
confusamente, pois não tem uma direção, buscam a novidade de vida. O
missionário é aquele que indica o caminho e proporciona um diálogo
evangelizador com as pessoas.
O anúncio
da palavra é, por excelência, uma missão missionária. O pregador recebeu de
Jesus Cristo por sua Igreja, “missão e autoridade” (Rm 10,14-15). “Quão
formosos são os pés daqueles que anunciam as boas novas!”
Por que a
missão? Para nós, como para Paulo Apóstolo, nos foi dada a graça de anunciar
aos outros a insondável riqueza de Cristo (Ef 3,8). O missionário anuncia a Boa
Nova de Jesus Cristo como novidade de vida, a todos os homens, em todos os
tempos. O missionário é alguém que traz em si a profunda exigência de ter
experimentado a vida de Deus, as riquezas de Cristo. Incorporados a Igreja
Católica, devemos nos sentir privilegiados e comprometidos a testemunhar a fé e
a vida cristã. O missionário presta serviço aos irmãos e dá sua resposta a
Deus. Tudo isso não é mérito nosso, mas é graça de Deus.
O REINO DE DEUS
- CRISTO
TORNA PRESENTE O REINO
-
CARACTERÍSTICAS E EXIGÊNCIAS DO REINO
- EM CRISTO RESSUSCITADO ,
O REINO CUMPRE-SE E É PROCLAMADO
- O REINO
EM RELAÇÃO Á CRISTO E A IGREJA
- A IGREJA
A SERVIÇO DO REINO
Jesus
Cristo é a revelação e a encarnação do Reino de Deus entre nós. Ele é a
misericórdia do Pai a nós revelada. A salvação consiste em crer e acolher este
mistério de Deus Pai. O reino é revelado e oferecido por Jesus Cristo por meio
do Espírito Santo. Assim se cumpre o Reino de Deus, preparado no antigo
Testamento (como em enxoval), é realizado por Cristo e em Cristo. A missão da
Igreja é anunciar esse Reino a todos os povos. A Igreja atua para que este
reino se realize de modo perfeito e definitivo.
No Antigo
Testamento Deus escolheu para si e formou um povo, para revelar e cumprir seu
plano de amor, Deus fez uma aliança (Gn 12, 1-3). Israel faz a experiência de
um Deus pessoal e salvador (Dt 7,6-8). Israel se torna porta voz de Deus único
e verdadeiro no meio das nações. No transcorrer da história Israel toma
consciência de sua eleição com a missão universal (Jr 3,17; Is 60,1-6).
CRISTO TORNA PRESENTE O REINO
Jesus de
Nazaré levou o plano de Deus ao seu pleno cumprimento. Depois de ter recebido o
Espírito Santo no Batismo, Ele manifesta sua vocação messiânica pregando a Boa
Nova de Deus.
No
Evangelho de São Marcos são estas as primeiras palavras de Jesus: “Completou-se
o tempo e o Reino de Deus está próximo: fazei penitência e crede no Evangelho.”
(Mc 1,15).
O acesso
ao Reino se faz pela fé e conversão. Não é mais tempo de esperar, “completou o
tempo”. É hora de agir. Em Jesus se dá o Reino, na sua doação como filho, dom
total ao Pai. O Reino é o amor de Deus que provoca transformação, mudança,
conversão. O Reino está próximo (chegou), está perto, é dinâmico e está sempre
crescendo. Crer no Evangelho é aceitar o reino, é se oferecer empenhar-se por
Cristo, com Cristo, em
Cristo. Nele o Reino se realiza progressivamente.
A
instauração do reino de Deus é o objetivo central de Jesus como missionário do
Pai (Lc 4,43). Jesus vai ao encontro daqueles que ainda não conhecem a Boa
Nova. Em Jesus o Reino está presente, ele próprio é a Boa Nova. Em Jesus Cristo há uma
identidade, Ele é mensagem e mensageiro. Em Jesus se encontra o dizer, o fazer,
o ser. Na sua pessoa o Evangelho é encarnado.
Jesus
oferece um novo elemento, o Reino é também uma realidade escatológica. Começa
aqui e projeta-se para toda a eternidade. Roga-se que o Pai venha (MT
12,25-28). Jesus testemunha a chegada do Reino de Deus que liberta o homem. A
ação de Jesus é ao mesmo tempo presença da salvação e julgamento (Lc 7,23). O
Reino começa a cumprir-se na escolha dos doze (Mc 3,13-19). Jesus escolhe doze,
um pequeno grupo que será o começo do novo povo. A missão desse grupo (os doze)
compreende três atitudes:
Comprometer-se
com Jesus (estar com ele);
Anunciar o
reino (pregar);
Libertar
os homens de todo mal que escraviza e aliena (expulsar os demônios).
O anúncio
do reino (Boa Nova) chega por Jesus aos deserdados (pobres, sofredores, sem
voz, sem vez, sem direitos...). Excluídos pela sociedade, os pobres recebem a
Boa Nova da inclusão, em Jesus e no seu reino encontram Justiça e Esperança (Lc
4,18). Jesus traz um reino sensível ás necessidades e aos sofrimentos do homem,
revela a compaixão de um Deus próximo que se abaixa até a pessoa caída. Jesus
revela a face de Deus e do reino. Especialmente nas parábolas: o semeador (Mt
13,1-23), o joio e o trigo (Mt 13,24-30), o grão de mostarda (Mt 13,31-32), o
fermento (Mt 13,33), o tesouro no campo (Mt 13,44), a pérola (Mt 15,45-46), a
rede e os peixes (Mt 13,47-50). O reino se dá na intimidade filial com Deus Pai
e no desejo de tê-lo, assim nos ensina Jesus: “Pai santificado seja o vosso
nome; venha a nós o vosso Reino” (Mt 6,9-10).
O reino de
Deus crescerá à medida que cada homem aprender a entrar na intimidade de Deus
que é Pai. Jesus usa uma expressão muito familiar e íntima para falar DO e COM
o Pai. Para Jesus o Pai é “ABA” (papaizinho), expressão incomum na época (Gl
4,6). Mesmo nessa situação dramática e angustiante Jesus confia e entrega-se á
vontade do “ABA” – Pai (Papaizinho). Jesus revela a compaixão de um Deus Pai
próximo, que se abaixa até a humanidade caída e ferida. Todo homem é convidado
a converter-se e crer no amor misericordioso de Deus. O Reino de Deus crescerá à
medida que cada homem aprender a entrar na intimidade de Deus que é o Pai (Mt
7,21).
CARACTERÍSTICAS E EXIGÊNCIAS DO REINO
Jesus
revela progressivamente as características e exigências do Reino; por meio de
suas palavras, de suas obras e de sua pessoa.
O Reino de
Deus destina-se a todos os homens e mulheres. Todos são chamados a
pertence-lhes. Para sublinhar este aspecto, Jesus aproximou-se, sobretudo
daqueles que eram marginalizados pela sociedade. “Fui enviado a anunciar a Boa
Nova aos pobres” (Lc 4,18). Jesus acolhe as vítimas da rejeição e do desprezo
(Lc 6,20).
O Reino
anunciado por Jesus tem a característica de produzir uma sociedade justa e
fraterna. Jesus revela que os pobres e marginalizados são amados por Deus que
não os rejeita.
Outra
característica do reino é quebrar os preconceitos, por causa disto Jesus é
duramente criticado, por exemplo: “Partilhar a mesma mesa” (Lc 15,2; Lc 5,30).
A ação de
Jesus é completa, é um dizer e fazer, que cura por dentro e por fora.
O Reino
revela a ternura de Deus pelos necessitados e pecadores.
Jesus
através de parábolas expressa a misericórdia: A ovelha perdida (Lc 15,1-7), A
moeda perdida (Lc 15,8-10), O filho pródigo (Lc 15,11-32).
Essas
parábolas são como o coração do Evangelho. A grande notícia é o amor do Pai
misericordioso, que se alegra pela volta dos pecadores e pela perseverança dos
justos. A compaixão, a misericórdia do pai se fundamenta e se manifesta na
atitude de Jesus diante dos homens.
A salvação
e a libertação oferecidas pelo Reino de Deus atingem a pessoa humana tanto nas
dimensões físicas como espirituais. Dois gestos caracterizam a missão de Jesus:
curar e perdoar, amar e salvar.
Na
perspectiva de Jesus, as curas são também sinais de salvação. São sinais que
provam sua imensa compaixão. Recebida com fé, a cura impele a ir mais longe:
introduz a salvação (Lc 18, 42-43), “Tua fé te salvou”.
Nenhum mal
pode atingir ou ser maior do que o Reino apresentado e revelado por Jesus. O
Reino pretende transformar as relações entre os homens. O Reino se realiza á
medida que progressivamente os homens aprendem a amar, perdoar, a ajudar-se
mutuamente. Essa é a natureza do reino de Deus, comunhão de todos os seres
humanos entre si e com Deus. Isto só pode ser entendido e vivido no mandamento
novo, o “amai-vos uns aos outros! mas á maneira de Jesus.
Ao
ressuscitar Jesus dos mortos, Deus vence a morte, e Nele inaugurou
definitivamente o seu Reino. Durante a vida terrena, Jesus é o profeta do
reino, sua paixão, morte, ressurreição, ascensão aos céus, atestam o poder de
Deus e do seu domínio sobre o mundo (Mt 28,18; At 2,36).
Jesus é a
única autoridade entre Deus e os homens. É o Senhor do universo e da história.
Os
discípulos constatam que o reino já está presente na pessoa de Jesus, e pouco a
pouco vai se instaurando no homem e no mundo. O Reino anunciado pelos
discípulos tem uma identidade, “a pessoa de Jesus Cristo”.
Filipe
missionário, Filipe chamado à missão (At 8,26-38).
Não basta
ler a Bíblia, é preciso alguém que explique.
Abre-se a oportunidade para Filipe evangelizar. Qual o ponto de partida?
Principiando pela passagem da Escritura Filipe ”anuncia Jesus”. O ponto de
partida é a pessoa de Jesus Cristo, tomando a profecia de Isaías (Is 53,7-9)
que relata a paixão do servo sofredor, justo e inocente morre esmagado sob o
peso dos erros de todos. Aparentemente derrotado, humilhado, fracassado, o
servo de Javé triunfa sobre o pecado, o mal e traz a salvação.
Para levar
o etíope eunuco à conversão, Filipe usa esse processo (esses passos): Encontro,
Anúncio, Catequese, Batismo. Assim era o processo de iniciação cristã na Igreja
primitiva.
Para
evangelizar o etíope eunuco, Filipe tem que quebrar todo o contexto judaico de
fortes preconceitos que tem força de lei. Filipe precisa ultrapassar quatro
barreiras discriminatórias e segregadora:
- Barreira
racial, o etíope é negro;
- Barreira
nacional, ele é estrangeiro;
- Barreira
Social, ele é escravo;
- Barreia religiosa,
o Judaísmo (a lei) não permitia que uma pessoa mutilada pertencesse á
comunidade (Dt 23,1).
É sobre o
anúncio de Jesus Cristo que o Reino se identifica. Existe um a inseparável
relação entre Cristo e o Reino.
A pregação
da Igreja nascente, como a pregação da Igreja hoje, deve unir ao anúncio do
Reino:
O conteúdo
do Querigma de Jesus, o conteúdo do Querigma dos Apóstolos;
O anúncio
de Jesus Cristo abre a possibilidade e o caminho para a conversão. A mudança se
dá com as rupturas das estruturas de idolatria e início de uma nova caminhada
que leve a participação da vida nova, vida em Deus. Para receber a
vida nova que é a Páscoa, é preciso deixar tudo que é velho e atrapalha (Ef
5,5). Não se fala mais num Deus e num Reino que vem, porque ele já veio no
testemunho de Jesus e no testemunho profético de seus seguidores (missionários)
(Ap 11,15).
O REINO EM RELAÇÃO À CRISTO E A IGREJA
Fala-se
muito do Reino, mas nem sempre em consonância com o sentir da Igreja. Existe
hoje uma concepção de salvação e missão que podem se chamada “Antropocêntrica”.
Um reino que se concentra apenas nas necessidades terrenas do homem. Um reino
secularizado, fundamentado num processo e progresso terreno, um reino
horizontal, fechado ao transcendente.
Um reino
apenas deste mundo. Em João 18,36 Jesus declara: “Meu Reino não é deste mundo”.
Jesus assim ao se expressar, não é para projetar seu Reino para fora deste
mundo. Jesus não quer que os seus se contaminem com o modelo de reino de César,
de Herodes... Seu Reino é da verdade, e não da mentira. No seu reino não há
exploração, nem opressão, mas sim partilha, solidariedade, fraternidade. No
Reino de Jesus o poder não é para mandar, mas para servir (Mc 9,35). Jesus
confirma que é o Rei, porém sua realeza não é semelhante aos reis e poderosos
deste mundo, que enganam, exploram e oprimem o povo. O Reino de Jesus é baseado
no amor infinito e misericordioso.
Jesus é um
modelo incomum de rei, a ponto de por amor dar sua vida em favor dos homens,
seu trono é a cruz.
No anúncio,
é preciso ressaltar a imagem de uma Igreja como sinal do Reino, que não pensa
em si, se doa, testemunha o servir.
Os
escribas, os fariseus, os saduceus, com o fermento da malícia, da perversidade,
procuravam transformar o saber em poder para impor e dominar. Jesus os censura
duramente, não são modelos (Mt 16 ,11-12). Jesus cristo veio para os outros.
Ele é o modelo, é o ícone da Igreja.
A tarefa
da Igreja é orientada para um duplo sentido: por um lado promover os valores do
Reino como a Paz, a justiça, a liberdade, a fraternidade...; por outro lado
favorecer o diálogo entre os povos, as culturas, as religiões, para que, num
mútuo enriquecimento, ajude o mundo a renovar-se, a caminhar cada vez mais na
direção do Reino.
O Reino é
muito amplo, não pode ser reduzido apenas ás necessidades materiais terrenas do
homem. Não vamos negar os valores dos programas, as lutas para libertação
sócio-econômica, política, cultural na promoção do homem.
O Reino de
Deus não pode ser separado de Cristo nem da Igreja. O reino de Deus não é um
conceito, uma doutrina, um programa sujeito a livre elaboração, mas é acima de
tudo uma pessoa. Pessoa que tem nome e rosto, Jesus de Nazaré, imagem do Deus
invisível. Separar o Reino de Jesus é ficarmos sem o Reino de Deus, apenas um
reino humano. Do mesmo modo não podemos separar o reino da Igreja. A Igreja não
é um fim em si mesma, mas se ordena ao Reino de Deus. Embora sendo distinta de
Cristo e do reino, a Igreja, todavia está unida indissoluvelmente a ambos como
princípio, sinal e instrumento.
Cristo
dotou a Igreja, seu corpo, da plenitude de bens e de meios de salvação. O
Espírito Santo reside nela e dá-lhe a vida.
O Papa
Paulo VI afirmou existir uma profunda ligação entre Cristo, a Igreja e a
evangelização, disse também que, a Igreja não é um fim em si mesma, pelo
contrário, deseja intensamente ser toda de Cristo, em Cristo e para Cristo,
toda dos homens, entre os homens e para os homens.
A IGREJA AO SERVIÇO DO REINO
A Igreja
está efetiva e concretamente ao serviço do reino, é sinal e promotora. A Igreja
serve o reino, difundindo pelo mundo os valores evangélicos, levando os homens
a conversão e a vida nova em Cristo. A Igreja está ordenada ao Reino. Reino
temporal (presente neste mundo), Reino escatológico (no mundo vindouro). O
triunfo definitivo de Cristo no final dos tempos, quando ele entrega o Reino de
Deus Pai (1Cor 15,24). No acabamento do Reino se dará a perfeita comunhão,
“Deus tudo em todos” (1Cor 15,28).
O ESPÍRITO SANTO, PROTAGONISTA DA MISSÃO.
- O ENVIO
ATÉ OS CONFINS DA TERRA
- O
ESPÍRITO GUIA A MISSÃO
- O
ESPÍRITO TORNA MISSIONÁRIA TODA IGREJA
- O
ESPÍRITO ESTÁ PRESENTE E OPERANTE EM TODO TEMPO E LUGAR
- A
ATIVIDADE MISSIONÁRIA ESTÁ AINDA NO INÍCIO.
Verdadeiramente,
o Espírito Santo é o protagonista de toda missão eclesial (Pneuma). Pela ação
do Espírito Santo a Boa Nova ganha corpo nas consciências e nos corações
humanos. O Espírito Santo age em quem prega e em quem ouve (At 2,41). Não é
permitido ao missionário ser hipócrita, ser falso.
Hipocrisia.
Alguém querer parecer ser o que não é. Isto é muito grave, porque afasta as
pessoas, enfraquece o testemunho da comunidade cristã. È um sério pecado o de
querer ser generoso sem o ser. Tem pessoas que tem o costume de proclamar atos
virtuosos que não são tão grandiosos como se conta. Muitas vezes as pessoas se
afastam do projeto cristão porque encontram mentira, hipocrisia, fraude
falsidade... Por causa de alguém desonesto se faz julgamento de toda uma
comunidade. Julgam o conjunto por causa da má conduta de um ou de uns.
Para
entendermos a gravidade da mentira, da fraude, vejamos a conduta de Ananias e
Safira (At 5,1-11). O grave na conduta de Ananias e Safira não foi reter parte
do dinheiro da venda do terreno. O terreno e o dinheiro lhes pertenciam, nestas
condições tinham a liberdade da partilha ou não. O grave foi mentir, praticando
uma fraude como se fosse um ato de fé e em um ambiente religioso. São acusados
de mentirem ao Espírito Santo, Isto é, de serem desonestos exatamente quando se
colocavam diante de Deus e da comunidade. Isso é muito perigoso porque envenena
e bloqueia o caminho da salvação da própria pessoa e dos outros. Não se faz
esse tipo de hipocrisia, de fraude, de mentira, só em questão que envolva
dinheiro, cada vez que uma pessoa se faz melhor do que realmente é as relações
comunitárias sofrem. Dar falso testemunho é mentir ao Espírito Santo e gerar
sérios prejuízos a comunidade cristã. Ananias e Safira tentaram infiltrar na
comunidade cristã o espírito pagão que corrompe. O Evangelho é radical, o mal
deve ser cortado pela raiz pela gravidade dos efeitos (Mt 18,7; Mc 9,42). Se
nosso alicerce não for construído com firmeza e sinceridade, de nada adianta
belos discursos, porque a casa um dia vai abaixo (Mt 7,21-27). Mentir usando
disfarce religioso é muito grave. O exibicionismo religioso é um dos muitos
tipos de casa construída sobre terreno inseguro, movediço, não se sustenta,
mais cedo ou mais tarde desaba. O que é pior, muitas vezes leva junto partes
inocentes.
O
missionário consciente sabe que é sustentado pela graça de Deus e não por
méritos pessoais. (1Cor 15,10). Apesar de todas as dificuldades, o missionário
não entristece, não perde a esperança, nem o entusiasmo, pois sabe que
encontrou um caminho precioso.
O ENVIO ATÉ OS CONFINS DA TERRA
Cristo
envia os seus pelo mundo. É o Espírito que capacita o enviado a cumprir o
mandato missionário. O missionário não fica sozinho, mas recebe a força e os
meios para desenvolver a sua missão. Receba a força do Espírito e assistência
de Cristo (Mc 16,20; Jo 17,18). A missão não se baseia na capacidade humana,
mas na força do Cristo ressuscitado.
O ESPÍRITO GUIA A MISSÃO
A missão
da Igreja, tal como a de Jesus, é obra de Deus, obra do Espírito Santo.
Depois da
ressurreição e a ascensão de Jesus, os apóstolos viveram uma experiência
intensa e extraordinária de transformação. A vinda do Espírito Santo
(Pentecostes) fez deles testemunhas e profetas (At 1,8). Recebendo o mesmo
Espírito que guiou toda a missão de Jesus, o missionário está preparado para
continuar o que Jesus começou a fazer e ensinar. Através do testemunho do
missionário, Jesus ressuscitado continua presente e atuante dentro da história.
O Espírito dá a capacidade de testemunhar Jesus, sem medo. É o Espírito que
indica o itinerário da missão (At 13, 46-48).
No livro
dos Atos dos Apóstolos encontramos seis discursos missionários (Discursos
Condensados): At 2,2-39; 3, 12-26; 4, 9-12; 5, 29-32; 10, 34-43; 13, 16-41.
A partir
de Pentecostes, a Igreja abre as portas para tornar-se a casa de todos (Judeus
e pagãos). Sob o impulso do Espírito, a fé cristã e o testemunho de Cristo
expandem-se aos centros mais importantes até chegar a Roma. A evangelização
através dos missionários vai ultrapassando barreiras étnicas e religiosas na
sua missão universal.
O ESPÍRITO TORNA MISSIONÁRIA TODA A IGREJA
O Espírito
impele o grupo dos que crêem a constituir comunidades, a ser Igreja (At
2,42-47; 4,32-35). A partilha livre e consciente de Koinonia (comunhão) é um
fermento novo. O fermento cristão deve penetrar e transformar a sociedade.
Hoje está
muito presente a idéia do individualismo, uma Igreja solta, sem vínculo ou
compromisso com a comunidade: “Deus sim, Igreja não”. Está muito comum o: vale
o que se pensa. Cada um confecciona sua fé de acordo com as conveniências, põe
e tira os ingredientes da fé a seu gosto. Uma das finalidades centrais da
missão é levar o povo a escuta e aprendizado do Evangelho. A comunidade é
conscientizada a viver a Koinonia, a comunhão no aspecto humano, espiritual e
material. Logo no início, na origem, a missão foi vista e vivida como um
compromisso comunitário, como responsabilidade do ser Igreja. “A multidão dos
fiéis era um só coração e uma só alma” (At 4,32).
Havia a
irradiação do testemunho. Isso empolgava, cativava o povo e, levava a Igreja a
gozar de estima e confiança (At 2,47). O anúncio de Cristo precisa sempre
atingir novos corações, novas fronteiras.
O ESPÍRITO ESTÁ PRESENTE E OPERANTE EM TODO O TEMPO E LUGAR
O Espírito
manifesta-se particularmente n Igreja e em seus membros. Porém sua presença e
ação são universais, sem limites de tempo e espaço. O Espírito sopra onde, como
e quando quer (Jo 3,8). Deus não é monopólio de ninguém.
Lembra o
Concílio Vaticano II: “A obra do Espírito
não está no coração de cada homem, cuidando e fazendo germinar as Sementes
do Verbo presentes nas iniciativas
religiosas e nos espaços humanos a procura da verdade, do bem e de Deus”.
Todo ato
bom é movido pelo Espírito de Deus, mesmo no coração daqueles que dizem não
crer em Deus. O
Espírito oferece ao homem luz e força que lhe permitem
corresponder á sua altíssima vocação. O Espírito oferece a todos de um modo que
só Deus conhece a possibilidade de serem associados ao mistério Pascal. É o
Espírito que está na própria origem da questão existencial e religiosa do
homem. É o Espírito que dirige o curso dos tempos e renova a face da terra. É o
Espírito de Deus que está no governo da história do mundo.
Sobre o
encontro inter-religioso de Assis, em 22/12/1986, declarou o Papa João Paulo II
aos Cardeais, a família pontifícia: “Excluída toda e qualquer interpretação
equívoca, reforçou minha convicção de que toda oração autêntica é suscitada
pelo Espírito Santo, que está misteriosamente presente no coração dos homens”.
A ação
universal do Espírito, não pode se separada da obra peculiar que ele desenvolve
no corpo de Cristo, que é a Igreja. Compete sim a Igreja, discernir os sinais,
pois a ela Igreja que Cristo deu o Espírito para guiar até a verdade total (Jo
16,13).
A ATIVIDADE MISSIONÁRIA AINDA ESTÁ NO INÍCIO
Os grandes
desafios do nosso tempo exigem um renovado impulso na atividade missionária. É
pedida a cada um de nós cristãos, a coragem apostólica, total confiança ao
Espírito.
O Espírito
é o protagonista da missão, sem ele a missão não se realiza.
A Igreja
hoje deve lançar-se, enfrentar novos desafios, lançando-se para novas
fronteiras da evangelização, da missão. A Igreja sempre respondeu e deve
responder com generosidade. A Igreja hoje deve ter a mesma coragem que moveu os
missionários do passado, a mesma disponibilidade para escutar a voz do
Espírito. Certamente como no passado não faltarão os frutos. Nos dias de hoje,
no mundo atual, não cabe mais uma evangelização tímida, mas sim audaciosa e
corajosa. É preciso investir numa evangelização planejada, estruturada, eficaz.
Isso não se faz sem gasto. Portanto, é também através do testemunho da minha
oferta do dízimo que ajudo a missão da Igreja. Neste sentido, infelizmente,
muitos católicos vivem na ignorância do que é ser Igreja.
OS IMENSOS HORIZONTES DA MISSÃO ADGENTES
- UM
QUADRO RELIGIOSO COMPLEXO E EM MUTAÇÃO
- IR,
APESAR DAS DIFICULDADES
A Igreja
recebeu de Cristo a missão universal, levar a salvação a todos os povos.
A Igreja é
enviada SEM limites a comunicar a caridade de Deus a todos os homens e povos.
São milhões de homens e mulheres que ainda não conhecem Cristo Redentor do
homem. Esta é a tarefa mais especificamente missionária a qual foi confiada a
Igreja, o conhecimento de Jesus Cristo.
A missão
como compromisso essencial e fundamental, está inserida no âmago da vida da
Igreja. Portanto, todo católico (a) é chamado à missão por vocação específica
recebida pelo Batismo. É o ser missionário pela vida e por toda a vida.
UM QUADRO RELIGIOSO COMPLEXO E EM MUTAÇÃO
Nós
encontramos hoje diante de uma situação religiosa diversificada e em mutação
(constantes e rápidas mudanças).
Existem
alguns fenômenos que colaboram para isso como: o urbanismo (não se pode pensar
hoje em vida urbana só nas cidades, no modo atual as distantes células na zona
rural são atingidas através dos meios modernos de progresso e comunicação), as
migrações em massa, a descristinização, o popular de messianismo e seitas
religiosas, o relativismo religioso (muitas pessoas pensam que tanto faz uma religião
como outra), batizados católicos (uma grande parte vivem uma fé infantil e
precisa ser re-evangelizados), os complexos problemas sociais (desemprego,
fome, violência, prostituição, vícios como alcoolismo, drogas, tóxico, jogo,
promiscuidade, etc).
Diante
deste quadro desafiador, aparece a missão da Igreja e, torna-se necessário uma
nova evangelização ou re-evangelização. O(A) missionário(a) se apresenta como
fermento de fé e de vida, irradiando os valores do Reino.
APESAR DAS DIFICULDADES
As dificuldades
parecem insuperáveis, intransponíveis e poderiam desanimar se tratasse de uma
obra puramente humana. A missão jamais pode ser ou ficar enfraquecida. Temos
diante de nós uma tarefa imensa que está muito longe de ser concluída: “A messe
é grande, poucos são os operários”.
Temos
dificuldades externas e, dificuldades internas que são as mais dolorosas, as
mais graves, porque nascem dentro da comunidade Igreja, que, se manifesta na
falta de fervor, no desânimo, no cansaço, na desilusão, no desencanto, no
comodismo, no desinteresse, na falta de alegria e esperança, no escasso
interesse pelo empenho missionário.
As
dificuldades internas e externas não nos devem deixar pessimistas inativos. O
que deve contar é a confiança que provem da fé, a certeza de não sermos nós os
protagonistas da missão, mas Jesus Cristo e seu Espírito. Somos apenas
colaboradores e, depois de termos feito tudo o que estava ao nosso alcance,
devemos dizer: “somos servos inúteis, só fizemos o que devíamos fazer”.
ARDOR MISSIONÁRIO
O ardor
missionário é da maior relevância para alguém desenvolver esse ministério.
Um
missionário sem ardor é como alguém que oferece comida sem sabor. Ninguém se
anima a comer uma comida sem sabor.
ARDOR.
Significa entusiasmo, amor ardente, paixão missionária. É a inteiração
(comunhão) entre o missionário e o fogo do Divino Espírito Santo. Diz Jesus:
“Eu vim trazer fogo e terra e como eu gostaria que ele estivesse aceso” (Lc 12,49).
FOGO DO
ESPÍRITO SANTO. É o dom de Deus que faz o nosso ser queimar, arder de vontade
de anunciar a Palavra do Senhor em todos os lugares. Jesus é a fonte primária
do ardor, João Batista, o profeta, apontando para Jesus diz: “Ele é quem vos
batizará com o Espírito Santo e com o fogo” (Mt 3,11).
Em
verdade, cada uma das pessoas da Santíssima Trindade, é fonte de ardor
missionário. Portanto, podemos pedir o ardor missionário tanto ao Pai, quanto
ao Filho, quanto ao Espírito Santo. Não só pedir, mas também se abrir e
acolher, querer e se entregar.
Jesus foi
um missionário muito ardoroso. O exemplo de Jesus é motivo suficiente para nos
levar ao ardor missionário. Jesus formou e forma discípulos seguidores,
missionários, para serem como ele.
A
comunidade dos discípulos pede ao Senhor a graça de ter coragem de continuar
evangelizando como convinha a Jesus.
Para
vencer os obstáculos, o missionário precisa do ardor do Espírito Santo.
Alguns
obstáculos que podem intimidar o missionário: medos, inseguranças, fraquezas,
dúvidas, projetos pessoais – apego á própria imagem, depressão missionária,
desânimo, tibieza, desconfiança excessiva de si mesmo, autoconfiança,
independência de Deus, incertezas a respeito da missão, incapacidade técnica...
MEDO. Um
pouco de medo é natural. Mas existe um medo imobilizador, a pessoa paralisada
nada consegue fazer, se esconde , não se arrisca, tem medo de fracassar, de
fazer feio. Pessoas assim, normalmente são possuidor de um senso crítico
aguçadíssimo e como autodefesa estão sempre a ver defeitos nos outros.
DÚVIDA. É
um misto de certeza e incredulidade, é o crer e não crer, crer, mas não
confiar, crer sem esperança. O duvidoso crê, mas é um desconfiado. Tudo o que
Deus precisa para operar é um coração aberto, porque o coração duvidoso se
fecha. O missionário com o coração duvidoso fica destituído de autoridade
espiritual. Como pode o Espírito Santo fluir livremente num coração que duvida?
Dúvida significa pouca fé.
PROJETOS
PESSOAIS, APEGO À PRÓPRIA IMAGEM. Um traço marcante na espiritualidade do
missionário é o desapego a tudo que possa impedi-lo de servir o Senhor e o
Reino. Quem busca dinheiro, poder, honrarias, fama, com certeza estará no lugar
errado. Jesus é sempre o modelo missionário, foi despojado de tudo, dependurado
em uma cruz foi despido até das roupas, nu de honras e fama.
DEPRESSÃO
MISSIONÁRIA. A depressão missionária é identificada como desânimo, tibieza,
frustração, decepção, falta de vontade, sensação de derrota. Pedro e outros
discípulos até prometiam morrer por Jesus. Bastou Jesus ser crucificado e
morrer para eles experimentarem a pior depressão missionária de que se tem
notícia. Com medo se trancaram se fecharam. Os discípulos de Emaús espelham o
quadro de depressão missionária, “tristes sem esperança”. A decepção dos
discípulos foi tão grande que não conseguem sequer se lembrar das promessas de
ressurreição feita por Jesus.
A
depressão missionária tornou os discípulos sem confiança, chorosos, com medo,
frustrados, frágeis. Missionário, com depressão se torna sem ânimo, sem vontade
para evangelizar e assim não produz bom fruto. Sem uma profunda experiência do
Jesus vivo e ressuscitado não nos entusiasmamos com o fermento do Evangelho (Rm
10, 9-10).
DESCONFIANÇA
EXCESSIVA DE SI MESMO. A pessoa não acredita que o senhor fará sua obra por
meio dele ou dela; se considera inferior aos outros, se acha indigno,
imprestável para ser missionário. Acha que Deus só atende os santos.
AUTOCONFIANÇA.
Se por um lado a desconfiança excessiva é um grande mal, por outro a
autoconfiança também o é. Autoconfiança é confiança em si mesma, em sua própria
capacidade, em seus próprios merecimentos, é a atitude de soberba
(auto-suficiência).
INDEPENDÊNCIA
DE DEUS. Confessam independência e até desejam, mas no momento do trabalho agem
sozinhos. Oram a Deus, mas é como se o Deus da oração não existisse. Falam a
Deus, mas não escutam a Deus. É uma espécie de ateísmo prático. São tentados a
querer realizar a obra apenas pelas forças humanas. É muito difícil dizer se as
pessoas que assim se comportam agem consciente ou inconscientemente.
Alguns
sinais de independência de Deus: acha que não necessita de estudo, de formação,
a palavra de Deus é só teórica, a oração não se traduz em prática, não busca
conversão, mudança de vida, vive distante do sacramento da penitência,
Eucaristia...
O
missionário autêntico sabe que só pode vencer unido ao Senhor. “Tudo posso
naquele que me fortalece” (Fl 4,13).
INCERTEZAS
A RESPEITO DA MISSÃO. A incerteza leva á
dúvida da própria vocação, neutraliza o chamado. Quem vive na incerteza se
abala com qualquer crítica que ouve. Neste estado de coisas vão esfriando
paulatinamente. Um missionário frio vai também esfriando os outros. O ambiente
de melancolia contamina. Um dos principais motivos de arrefecimento é o
ressentimento com alguém da comunidade, principalmente com o sacerdote. Outro
fato de incerteza que pode acontecer, é a pessoa fazer missão só para agradar
pessoas, entre elas o padre.
INCAPACIDADE
TÉCNICA. Se o missionário não for capacitado tecnicamente para o exercício do
seu ministério, com certeza sentirá inseguro e com medo de evangelizar. O medo
suscitado pela falta de formação (no mais amplo sentido) gera bloqueios, que
vão ser obstáculos e diminuirá a abertura do Espírito Santo. A capacitação
técnica dá segurança ao missionário.
FRUTOS DO ARDOR MISSIONÁRIO
Como todo
dom, o ardor missionário pode ser comparado a uma árvore. A sabedoria
evangélica nos ensina “árvore boa, dá bons frutos” (Mt 7,17). Os frutos são
inúmeros e vem do Espírito Santo, apresentamos alguns que basicamente se
relacionam com a vocação missionária: aceitação da missão, zelo pelo Evangelho,
manifestação de amor a Deus e aos irmãos, desejo de fazer o melhor para o
Senhor e pela ação evangelizadora.
ACEITAÇÃO
DA MISSÃO. Estamos nos referindo de um aceitar definitivo, não de uma aceitação
temporária ou movida pelas circunstâncias. Quanto mais ardoroso for o
missionário, mais ele aceita a missão, sem escolher hora, lugar, de que jeito,
como, pessoas e sem dizer que já fez muito.
ZÊLO PELO
EVANGELHO. O zelo é traduzido pelas coisas que nos são caras (sagradas). É o
cuidado zeloso, carinhoso, apaixonado. O zelo evangélico deve ser visto pelo
missionário como graça, como presente divino e precioso.
MANIFESTAÇÃO
DE AMOR A DEUS E AOS IRMÃOS. Não se trata de um amor qualquer, mas do amor
ágape (amor gratuito, desinteressado). É o amor nobre, na doação de si mesmo
por querer bem, sem nenhum interesse de recompensa. É o amor que Jesus nos pede
(Jo 15,12). Viver o amor ágape exige um caminhar de dedicação, serviço,
renúncia, entrega... É o constante pedir e viver o Espírito de Jesus. Não basta
só dizer que se ama, é preciso testemunhar. É quando verdadeiramente amamos que
damos o melhor de nós e conseguimos chegar ao coração de Deus e ao coração dos
irmãos (1Jo 4,7-16).
OS CAMINHOS DA MISSÃO
A
atividade missionária é epifania, manifestação, realização dos desígnios de
Deus no mundo e na história. Pela missão, Deus realiza claramente a história da
salvação.
A PRIMEIRA FORMA DE EVANGELIZAÇÃO É O TESTEMUNHO
Disse o
Papa Paulo VI: “O homem contemporâneo acredita mais nas testemunhas do que nos
mestres, mais na experiência do que na doutrina, mais na vida e nos fatos do
que nas teorias”.
O
testemunho da vida cristã é a primeira e insubstituível forma de missão. Jesus
Cristo, cuja missão nós continuamos, é a testemunha por excelência (Ap 1,5;
3,14).
A primeira
forma de testemunho é a própria vida do missionário. Apesar dos seus limites e
defeitos humanos, se esforçar por imitar o Divino Mestre. É o procurar corrigir
em si aquilo que é antievangélico e desfigura o rosto de Cristo.
Não existe
testemunho sem testemunhas, como não há missão sem missionários.
O anúncio
tem prioridade permanente na missão: A Igreja não pode esquivar-se ao mandato
explícito de Cristo, não pode privar os homens da Boa Nova de que Deus os ama e
salva como dom da graça e misericórdia. O missionário atua em virtude de um
mandato recebido, mesmo que estiver sozinho, está unido por meio de laços
invisíveis e profundos à atividade evangelizadora de toda Igreja.
O
missionário é ciente que não anuncia uma verdade humana, mas a “Palavra de
Deus”.
A ESPIRITUALIDADE MISSIONÁRIA
A
espiritualidade missionária é a motivação de fundo que anima toda atividade
missionária, enraizada na experiência de Jesus Cristo, torna-se como um fogo
que queima por dentro e gera a combustão. A atividade missionária exige
uma espiritualidade específica, o deixar-se conduzir pelo Espírito Santo, viver
em plena docilidade ao Espírito, deixar-se plasmar interiormente por ele. Quem
tem espírito missionário, sente o ardor de Cristo pelas almas e ama a Igreja
como Cristo amou.
Quem põe
seus pés sobre o caminho missionário não pode voltar atrás, é o caminho sem
retorno, é vida doada e oferecida no seguimento do mestre, é ter o espírito do
lava-pés.
Na base da
missão está o projeto Trinitário (a missão é de Deus), o missionário percorre o
longo caminho para o coração de Deus. O missionário não inventa e nem é o
protagonista da missão, somente Deus o é. Missão é, antes de tudo, estarmos no
lugar em que Deus
nos quer e fazer o que ele pede.
“Missão é
partir, caminhar, deixar tudo, sair de si, quebrar a crosta do egoísmo que nos
fecha em nosso eu. É parar de dar voltas ao redor de nós mesmos como se
fôssemos o centro do mundo e da vida” (D. Hélder Câmara)
Dez formas diferentes para exercer o ministério de missionário |
1. Missionário sempre: no lar,na rua, no ônibus, na fila, no lazer e no trabalho. |
2. Visitando e conhecendo as famílias de sua rua, propondo um Grupo de Evangelização.
3. Visitando a família de quem se afastou da Igreja.
4. Visitando a família de quem pediu um sacramento.
5. Visitando a família de quem está passando momentos difíceis.
6. Visitando a família recém-chegada no bairro.
7. Para levar uma mensagem ou convite da Paróquia ou Comunidade.
8. Para fazer uma oração ou ler uma página da Bíblia.
9. Para manifestar um sentimento de solidariedade.
10. Para comunicar que a Comunidade precisa deles.
Dez atitudes do missíonário
1. Ler uma página da Bíblia todos os dias.
2. Conhecer e amar seu bairro, as pessoas e a Comunidade, onde se reabastece espiritualmente.
3. Começar o dia com uma oração missionária, pedindo em favor de pelo menos uma pessoa.
4. Sair de casa com o coração reconciliado com todos os familiares.
5. Saudar as pessoas com sentimentos cristãos.
6. Ganhar a amizade de todos os vizinhos e colegas, tendo espírito de serviço
7. Sempre dar o testemunho de pessoa honesta, dedicada e comprometida com o Evangelho.
8. Falar da sua igreja com amor e entusiasmo, respeitando as outras.
9. Saber introduzir a mensagem de Jesus na conversa.
10. Convidar a conhecer alguma atividade da nossa Igreja.
Dez razões para ser missíonário
1. Porque Jesus me chamou a ser missionário. (Mt. 28, 19)
2. Porque o nome do missionário estará escrito nos Céus. (Lc. 10, 20)
3. Porque não deve acontecer que Jesus seja esquecido (Jo 1,10-11)
4. Porque nós encontramos, vimos e ouvimos o Senhor e é uma alegria anunciá-lo. ( IJo, 1,3-4)
5. Porque todos precisam saber que Deus é Amor e a nova lei é o Amor. (I Jo, 4,7-8)
6. Porque todos saibam que a nossa Salvação custou a morte do seu Filho único, Jesus. (Jo, 3,16)
7. Porque todos saibam que Jesus é o descanso e o alivio das pessoas aflitas. ( Mt. 11, 28-30)
8. Porque todos saibam que Jesus veio procurar e salvar o que estava perdido. (Lc 19,10)
9. Porque todos saibam que Jesus veio para dar vida em abundância ( Jo 10,10)
10. Porque devo anunciar que Jesus é Vida e Ressurreição e que um mundo novo é possível. ( Ap.21,1)
Neste caminho até o Reino definitivo, acompanha-nos a
Virgem Santíssima, Aurora Luminosa do Novo Milênio. Caminhando conosco vai o
Peregrino de Emaús, aquecendo nossos corações com suas palavras e deixando-se
reconhecer “ao partir do pão” tornando-nos testemunhas que correm junto aos
irmãos, levando-lhes o grande anúncio: “Vimos o Senhor”.
(DGAE DOC 71 da CNBB nº 211).
FONTES DE CONSULTA
- Diácono Neves
- BÍBLIA, EDIÇÃO PASTORLA E AVE
MARIA
- CARTA ENCÍCLICA DE JOÃO PAULO II
– REDEMPTORIS MISSIO – PAULINAS
- DIRETRIZES GERAIS DA AÇÃO
EVANGELIZADORA DA IGREJA NO BRASIL (DOC 71 DA CNBB) – PAULINAS
- COLEÇÃO SER IGREJA NO NOVO
MILÊNIO
- ARDOR MISSIONÁRIO – EDITORA
SANTUÁRIO
- ESPIRITUALIDADE E MISSÃO –
PAULINAS
- ESPÍRITO E MISSÃO NA OBRA DE
LUCAS – PAULINAS
- www.catequisar.com.br
“Só conseguirás rezar
verdadeiramente quando fores teólogo, e só serás teólogo quando rezares
verdadeiramente.”
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