TEOLOGIA
FUNDAMENTAL
A Teologia Fundamental é aquela disciplina que
estuda os fundamentos da Teologia.
Este curso tem por objetivo refletir sobre:
1.
O
fenômeno religioso que acompanha o homem desde os seus primórdios;
2.
As razões para crer em Deus;
3.
As razões para crer em Jesus Cristo ;
4.
As razões para crer na Igreja Católica.
Objeto da Teologia:
- A revelação de Deus Trino em Jesus Cristo ;
- A manifestação de Deus através dos Patriarcas e dos
Profetas;
- A transmissão da revelação;
- A pessoa humana nas suas várias dimensões;
- A pessoa humana nas suas várias dimensões;
Justificativa:
A Teologia busca interpretar a revelação e a partir daí
relacionar a fé com a razão, a fé católica com outras religiões, a fé com o
ateísmo. É também da competência da Teologia procurar ler os acontecimentos do homem de hoje à luz da revelação.
PRESSUPOSTO BÁSICO PARA A
TEOLOGIA
O ponto de partida da teologia é
a fé. A teologia nasce do coração da própria fé. – Teologia é a fé que ama
saber.
A fé possui três elementos
básicos que nos ajudam a elaborar uma concepção do que é teologia:
- Fé +
elemento cognitivo = fé-palavra (texto).
- Fé +
elemento afetivo = fé-experiência.
- Fé +
elemento ativo = fé-prática.
* Fé e Teologia = fé e razão.
FÉ ----------------- TEOLOGIA
- Em quê? - A Fé que ama
saber, busca de se compreender.
- Para quem? - O crer para entender
(S. Agostinho).
- Para quê? - A fé que se
experimenta como construção
humana
e aposta em Deus.
Hermenêutica - movimento circular (dialético) entre:
Contexto-Situação ------------ Texto-Tradição ------------ Interpretação
# Primeiramente do contexto aos dados da
revelação (o texto) e, depois, no sentido contrário e, assim
sucessivamente.
a) Texto:
contém a Escritura, a Tradição e o Magistério da Igreja.
b) Contexto:
é o lugar e os diversos modos como o ser humano interage
sua realidade. Abrange
toda a realidade cultural circundante.
c) Intérprete:
é importante não pensar de imediato em uma pessoa individual
Como teólogo, mas a
comunidade eclesial a que o teólogo
pertence e a serviço da
qual é chamado.
O intérprete é a comunidade de fé local,
como povo de Deus
Que vive sua
experiência de fé em comunhão diacrônica
(ligação com a
realidade histórica do passado, desde os
Apóstolos) e em
comunhão sincrônica com todas as Igrejas
Locais na unidade da fé
e do amor.
Etimologia do termo:
Teologia (do grego theos =
"Deus" + logos = "palavra", por extensão,
"estudo"), no sentido literal, é o estudo sobre Deus.
Porém, partindo do princípio da definição hegeliana do termo
"Teologia", a teologia é o estudo das manifestações sociais de grupos
em relação às divindades. Como toda área do conhecimento, possui então objetos de estudo
definidos. Como não é possível estudar Deus diretamente, como sugere o termo
literalmente observado, a definição de Hegel que, somente se pode estudar
aquilo que se pode observar se torna pertinente e atual, conforme as
representações sociais nas mais variadas culturas.
Evolução do termo
“Teologia”
No cristianismo, isso se dá a partir da Bíblia. O teólogo suíço Karl Barth definiu a Teologia como um
"falar a partir de Deus". O termo teologia foi usado pela
primeira vez por Platão, no diálogo A República, para referir-se à compreensão
da natureza divina de forma racional, em oposição à compreensão literária
própria da poesia, tal como era conduzida pelos seus
conterrâneos. Mais tarde, Aristóteles empregou o termo em numerosas
ocasiões, com dois significados:
- Teologia como o ramo fundamental da filosofia, também chamada filosofia
primeira ou ciência dos primeiros princípios, mais tarde
chamada de Metafísica por seus
seguidores;
- Teologia como denominação do
pensamento mitológico
imediatamente anterior à Filosofia, com uma
conotação pejorativa, e sobretudo utilizado para referir-se aos pensadores
antigos não-filósofos (como Hesíodo e Ferécides de Siro).
Santo Agostinho
tomou o conceito de teologia natural
da obra Antiquitates rerum humanarum et divinarum,
de Terêncio Varrão, como única teologia verdadeira dentre as
três apresentadas por Varrão: a mítica, a política e a natural. Acima desta, situou a
Teologia Sobrenatural, baseada nos dados da revelação e, portanto, considerada
superior. A Teologia Sobrenatural, situada fora do campo de ação da Filosofia,
não estava subordinada, mas sim acima da última, considerada como uma serva que
ajudaria a primeira na compreensão de Deus.
Na tradição cristã (de matriz agostiniana), a Teologia é organizada segundo
os dados da revelação e da experiência humana. Esses dados são organizados no
que se conhece como Teologia Sistemática
ou Teologia Dogmática.
A teologia é fortemente influenciada pelas mais diversas religiões e, portanto, existe a teologia
budista, a teologia islâmica, a teologia católica, a teologia mórmon, a
teologia protestante, a teologia umbandista, a teologia hindu, e outras.
A Teologia se constrói
sobre a fé. A fé, por sua vez, tem que estar fundamentada em critérios objetivos,
que dêem credibilidade às proposições da fé. O cristão deve saber por que
crê..., e por que crê em Jesus e não neste ou naquele mestre. Essa
credibilidade é obtida mediante o emprego da razão. A fé precisa da razão, como
lembra o Papa João Paulo II na sua encíclica "Fé e Razão".
É importante lembrar
que, antes de crer, o Apóstolo Tomé quis tocar em Jesus; e o Senhor lhe
permitiu. Em nossos dias Cristo permite a quem o queira, que o toque ou o
alcance pela razão antes de nele crer. Sem dúvida, muitas e muitas pessoas
sinceras desejam saber por que hão de crer ou quais as credenciais dos artigos
de fé.
Embora o cristão não
veja o que crê, ele deve ver que deve crer; a fé não é um ato cego, mas ao
contrário, um ato altamente inteligente. Para crer, o homem, longe de renunciar
a sua razão, põe em exercício a sua inteligência dotada de toda a capacidade
que lhe é peculiar.
A Identidade da Teologia
Apologética (derivação de "apologia", do grego:
"defesa verbal").
A origem da Teologia está na Apologética clássica.
A Apologética surgiu com
uma função de ataque e de defesa da Igreja católica. Ela procurava responder a
todos os ataques contra a fé e o seu modo de compreender e sistematizar os
dogmas cristãos..
Apologética é a disciplina teológica própria de uma
certa religião que se propõe a demonstrar a verdade da própria doutrina,
defendendo-a de teses contrárias.
A apologética desenvolveu-se sobretudo no Cristianismo –"apologética cristã", ou
seja, como a prática da explanação, demonstração (de ordem moral, científica,
histórica, etc.) e defesa sistematizada da fé cristã, sua origem, credibilidade,
autenticidade e superioridade em relação às demais religiões.
Na Patrística, chamam-se apologistas alguns Padres da Igreja que, sobretudo no século II, se dedicaram a escrever apologias ao Cristianismo, usando temas e
argumentos filosóficos que se mostraram compatíveis com a
revelação cristã. O objetivo desses escritos além de defender o Cristianismo contra correntes
filosóficas diferentes ou contra religiões a ele opostas, também intencionava
convencer o Imperador do
direito de existência legal dos cristãos dentro do Império Romano. Os textos apologéticos
constituíram as bases para o esclarecimento posterior dos dogmas
teológicos e portanto, dos conceitos fundamentais usados em teologia.
Período
Patrístico (I ao VII d/C)
É um período que se caracteriza pelo resultado dos esforços dos apóstolos
(João e Paulo) e dos primeiros Padres da Igreja para conciliar a nova religião
com o pensamento filosófico mais corrente da época entre os gregos e os
romanos. Não obstante, tomou como tarefa a defesa da fé cristã, frente às
diversas críticas advindas de valores teóricos e morais dos “antigos”.
Os nomes mais salientes desse período são os de Justino, Tertuliano,
Clemente de Alexandria, Orígenes, Gregório de Nazianzo, Basílio, Gregório de
Nissa. Eles representam a primeira tentativa de harmonizar determinados
princípios da Filosofia grega (particularmente do Epicurismo, do Estoicismo e
do pensamento de Platão) com a doutrina cristã. (...). Eles não só estavam
envolvidos com a tradição cultural helênica como também conviviam com filósofos
estóicos, epicuristas, peripatéticos (sofistas), pitagóricos e neoplatônicos. E
não só conviviam, como também foram educados nesse ambiente multiforme da
Filosofia grega ainda antes de suas conversões”.
Apologética filosófica
Esta escola procura demonstrar que o cristianismo é a religião mais
conforme o raciocínio correto. Ela especula sobre o sentido da vida, a origem
das coisas e a natureza humana, para apontar a doutrina bíblica como um sistema
coerente.
Um exemplo dessa abordagem: o apologista procura provar a existência de
Deus.
Ora, tudo o que começa a
existir deve ter uma causa. O Universo começou a existir. Logo, o Universo tem
uma causa.
Agora, continua o apologista, se o Universo (espaço, tempo
e energia) teve um início, é porque existe Algo
maior e diferente do próprio Universo, que deu-lhe causa,
e que não possui causa. O Deus descrito na Bíblia se encaixa nessa
definição.
Outro exemplo: a existência da moralidade. O apologista argumenta que, sem
valores absolutos, não há razão para lutar por melhorias na sociedade, ou para
condenar os atos de barbaridade. Agora, valores são formas de julgar ações, e o
cristianismo apresenta um Deus que decide o que é correto, e que revelou Sua
lei na mente de cada pessoa e na Bíblia. Assim, o fato de que todas as pessoas
têm noção de culpa e responsabilidade seria uma evidência a favor do
cristianismo, que contém um manual de regras para vivermos em harmonia com os
outros, de acordo com palavra divina.
Teologia natural
Teologia
Natural é uma parte da filosofia da religião
que lida com as tentativas de se provar a existência de Deus
e outros atributos divinos
puramente filosóficos, isto é, sem recurso a qualquer revelações especiais ou
sobrenaturais. (O outro lado deste esforço é por vezes chamado como "Ateísmo
natural", em que filósofos ateus tentam provar que Deus
não existe, ou tentam refutar as provas dos filósofos teístas.)
Teologia Natural (ou religião natural) é Teologia baseada na razão e na experiência, explicando os deuses racionalmente,
como parte do mundo físico. Assim é diferenciado deTeologia da Revelação,
que é baseada na bíblia e em experiências
religiosas de vários tipos; E também da teologia transcendental, do
raciocínio teológico a priori A Teologia Natural era originalmente parte
de filosofia e Teologia, e teólogos continuam a estudá-la, mas
a maior parte do seu conteúdo faz parte do filosofia da religião.
Teodicéia,
termo empregado atualmente como sinônimo de teologia natural, foi criado no século XVIII por Leibniz,
como título de uma de suas obras (chamada Ensaio de Teodicéia. Sobre a bondade de Deus, a liberdade
do ser humano e a origem do mal), embora Leibniz utilize tal
termo para referir-se a qualquer investigação cujo fim seja explicar a
existência do mal e justificar a bondade
de Deus.
Platão dá os primeiros passos de uma "teologia natural", em suas
leis que estabelecem a existência dos deuses pela argumentação racional.
Aristóteles em sua
Metafísica sustenta a existência de um "Primeiro Motor”.
Tomás de Aquino (c.1225-1274), escreveu a Summa Theologica e a Summa Contra Gentiles,
ambas apresentam diversas versões do argumento cosmológico e teleológico ,
respectivamente.
A metafísica é uma área da
filosofia que busca investigar os aspectos mais fundamentais da existência por
meio da razão. Ela trata daquilo que não nos é imediatamente acessível através
dos sentidos, daquilo não poderia ser investigado direta e experimentalmente,
isto é, por meio da ciência. Faz perguntas como “o que é existir?”, “o que é a
razão?”, “o que é a realidade?” Etc. A metafísica faz questionamentos tão
básicos que a ciência não pode respondê-los diretamente. A própria prática da
ciência pressupõe muitos assuntos que apenas a metafísica investiga. A ciência
somente observa fatos e os registra metodicamente — ela investiga com os olhos;
a noção de realidade da ciência atual está baseada nas suposições metafísicas
que conhecemos por objetivismo e naturalismo.
O objetivismo afirma
que, fora de nossas cabeças, existe uma realidade comum a todos. O naturalismo
afirma que o mundo funciona em seus próprios termos, que não possui qualquer
essência sobrenatural que o determina de fora para dentro. metafísica, com a razão.
Gnosis vem de gignósko, conhecer.
Para os Gnósticos, Gnosis é um
conhecimento superior, interno, espiritual e iniciático.
Na gnose a pessoa procura alcançar o ápice de seu autoconhecimento
espiritual, em sintonia com o cosmo, desenvolvendo uma harmonia prazerosa com
sua Essência Eterna. O seu princípio é a intuição de seus sentimentos e o
rompimento com as situações de sofrimento.
A Instituição que desenvolve a Gnose são escolas e seitas esotéricas. O
promotor Avatar da gnose no século XX é Samael Aun Weor, tido pela cabala como
Arcanjo ou Quinto Anjo do Apocalipse. No
Brasil, o centro de difusão está em Curitiba.
Existencialismo Niilista
A
filosofia
niilista (do latim, nihil = nada) concebe a existência humana como
desprovida de qualquer sentido.
Aquilo que se preocupa
em buscar o que está além da realidade não é a ciência, mas a metafísica, que
significa literalmente depois da física. Mas o que está além da
física? Ora, a resposta é óbvia: nada; muito menos razões. Num mundo onde tudo
é físico, só aquilo que inventamos pode ser metafísico.
Com o niilismo moral,
toda a moral é reduzida a nada. A redução da moral a nada, está respaldada não
na gramática, mas na suposição de que a moral é vazia em si mesma, de que ela
não tem fundamentos reais e objetivos.
Maniqueísmo
Considerado
durante muito tempo uma heresia cristã, possivelmente por sua influência sobre
algumas delas, o maniqueísmo foi uma religião que, pela coerência da doutrina e
a rigidez das instituições, manteve firme unidade e identidade ao longo de sua
história.
Denomina-se maniqueísmo
a doutrina religiosa pregada por Maniqueu -- também chamado Mani ou Manes -- na
Pérsia, no século III da era cristã. Sua principal característica é a concepção
dualista do mundo como fusão de espírito e matéria, que representam
respectivamente o bem e o mal.
Maniqueu e sua doutrina
Maniqueu
nasceu em 14 de abril do ano 216, no sul da Babilônia, região atualmente
situada no Iraque, e na juventude sentiu-se chamado por um anjo para pregar uma
nova religião. Pregou na Índia e em todo o império persa. Durante o reinado de
Bahram I, porém, foi perseguido pelos sacerdotes do zoroastrismo e morreu em
cativeiro entre os anos 274 e 277.
Maniqueu se
acreditava o último de uma longa sucessão de profetas, que começara com Adão e
incluía Buda, Zoroastro e Jesus, e portador de uma mensagem universal destinada
a substituir todas as religiões. Para garantir a unidade de sua doutrina,
registrou-a por escrito e deu-lhe forma canônica. Pretendia fundar uma religião
ecumênica e universal, que integrasse as verdades parciais de todas as
revelações anteriores, especialmente as do zoroastrismo, budismo e
cristianismo.
O maniqueísmo
é fundamentalmente um tipo de gnosticismo, filosofia dualista segundo a qual a
salvação depende do conhecimento (gnose) da verdade espiritual. Como todas as
formas de gnosticismo, ensina que a vida terrena é dolorosa e radicalmente
perversa. A iluminação interior, ou gnose revela que a alma, a qual participa
da natureza de Deus, desceu ao mundo maligno da matéria e deve ser salva pelo
espírito e pela inteligência.
O conhecimento
salvador da verdadeira natureza e do destino da humanidade, de Deus e do
universo é expresso no maniqueísmo por uma mitologia segundo a qual a alma,
enredada pela matéria maligna, se liberta pelo espírito.
Epicuro (341-270 a .C.),
não só considerava sem sentido as angústias em relação à morte, como ria do
destino e pregava que o sentido da vida era o prazer: filosofia hedonista. O
prazer do epicurismo é calmo e sereno. O sábio deve evitar a dor e as
perturbações, levando uma vida isolada da multidão, dos luxos e excessos.
Colocando-se em harmonia com a natureza, ele desfruta da paz.
O papel da
filosofia, para Epicuro, é bem claro: cuidar da saúde da alma. Assim como a
medicina precisa se ocupar dos males do corpo, a filosofia só tem valor se
cuidar da alma, longe de consistir num
discurso vazio e abstrato. Epicuro resumiu a sabedoria de seu mestre em quatro
“remédios” de cunho bem prático:
1) Os deuses não devem ser
temidos;
2) A morte não deve amedrontar;
3) O bem é fácil de ser obtido;
4) E o mal, fácil de suportar.
Antropocentrismo que vem do Renascimento(séc. XIII – XVII, do grego άνθρωπος, anthropos, "humano"; e
κέντρον, kentron, "centro") é uma concepção que considera que a
humanidade deve permanecer no centro do entendimento dos humanos, isto é o
universo deve ser avaliado de acordo com a sua relação com o Homem.
É normal se pensar na ideia de "o Homem no centro das atenções". Se
na Idade Média a cultura era teocêntrica, Deus estava sempre no centro; com a
Renascença, o homem passa a ocupar o centro.
Materialismo, em filosofia é o tipo de fisicalismo (física) que sustenta que a única
coisa da qual se pode afirmar a existência é a matéria; que, fundamentalmente, todas as coisas
são compostas de matéria e todos os fenômenos são o resultado de interações
materiais; que a matéria é a única substância.
O estoicismo
é uma doutrina filosófica fundada por Zenão de Cítio (III a/C),
que afirma que todo o universo é corpóreo e governado por um Logos
divino. A alma está identificada com este princípio divino, como parte de um
todo ao qual pertence. Este lógos (ou razão universal) ordena todas as coisas:
tudo surge a partir dele e de acordo com ele, graças a ele o mundo é um kosmos (termo que em grego significa "harmonia").
O estoicismo
propõe viver de acordo com a lei racional da natureza e aconselha a indiferença
(apathea) em relação a tudo que é externo ao ser. O homem sábio obedece
à lei natural reconhecendo-se como uma peça na grande ordem e propósito do
universo, devendo assim manter a serenidade perante as tragédias e coisas boas.
Deve-se «viver conforme a natureza»: sendo a natureza essencialmente o logos,
essa máxima é prescrição para se viver de acordo com a razão.
Filosofia
ou Doutrina Cínica,
desenvolvida por Diógenes, o Cínico, a/C.
Filosofia que se transformou em uma “ordem religiosa sem religião”. Os
“cínicos” viviam como pobres e ocupavam seu tempo como professores, e não
tinham lar. Provavelmente a influência de sua doutrina, de seu modo de viver,
terá reaparecido entre os essênios.
Nas concepções filosóficas do cinismo,
sobressaía um sistema de livre pensamento como o maior bem social da
humanidade. Um livre pensar sem obstáculos e sem peias, capaz de levar o homem
a buscar por si próprio a sua própria verdade.
“A Maçonaria dos homens superiores, da elite
pensante e compenetrada do seu papel na sociedade, abraçando esse supremos
ideais de Diógenes, se constituiria em uma alavanca eficiente para o progresso
da humanidade.” (Portal Massônico - Samaúma)
Essênios - Em 1923, o húngaro Edmond Szekely obteve permissão para
pesquisar os arquivos secretos do Vaticano. Viu uma obra em especial lhe chamou
a atenção. Era o Evangelho Essênio da Paz. O livro teria sido escrito pelo
apóstolo João e narrava passagens desconhecidas da vida de Jesus Cristo,
apresentado ali como o principal líder de uma seita judaica até então pouco
comentada - os essênios.
Gideon Ouseley, inglês, 1880, achou um manuscrito chamado O Evangelho dos Doze Santos em um mosteiro budista na índia. O texto em aramaico - a língua que Jesus falava - teria sido levado para o Oriente por essênios refugiados.
Gideon Ouseley, inglês, 1880, achou um manuscrito chamado O Evangelho dos Doze Santos em um mosteiro budista na índia. O texto em aramaico - a língua que Jesus falava - teria sido levado para o Oriente por essênios refugiados.
Ouseley ficou eufórico e saiu espalhando que tinha
descoberto o verdadeiro Novo Testamento. Afirmava que a Bíblia estava
incorreta, pois Cristo era um essênio que defendia a reencarnação e o
vegetarianismo.
Os Essênios Hoje
Em 1984, o americano Abba Nazariah fundou a Igreja Essênia
de Cristo.Tudo começou em 1966, quando tinha apenas 8 anos de idade. Naquele
ano, Abba, que então se chamava David Owen, teria recebido a visita de Jesus
Cristo, que, em carne e osso, teria lhe passado a missão de preparar a sua
segunda vinda a Terra. Mais tarde, com 17 anos, Owen teria encontrado um
egípcio de nome Zadok pedindo carona numa estrada da Califórnia, sentado na posição
de lótus - a mesma do Buda. Ele afirmava ser um essênio e acabou ajudando Owen
a formar a nova igreja.
Desde então, Abba (o nome significa "pai" em
aramaico) tem professado sua teoria e recrutado muitos seguidores.
Os novos essênios são despojados. Vestem-se de branco, usam barba longa e cabelos que em alguns casos tocam o chão. Pregam uma vida saudável que passa por uma dieta absolutamente vegetariana e por exercícios espirituais. Fazem relaxamentos, meditações e preces.
Segundo a Igreja Essênia de Cristo, depois de dez anos de constante aperfeiçoamento, os féis se tornam aptos a receber a visita de Jesus. Eles também acreditamem reencarnação. Para
Fernando Travi, líder da igreja essênia no Brasil,
"todas as pessoas iniciadas estão aptas a conhecer suas vidas
passadas".
Os novos essênios são despojados. Vestem-se de branco, usam barba longa e cabelos que em alguns casos tocam o chão. Pregam uma vida saudável que passa por uma dieta absolutamente vegetariana e por exercícios espirituais. Fazem relaxamentos, meditações e preces.
Segundo a Igreja Essênia de Cristo, depois de dez anos de constante aperfeiçoamento, os féis se tornam aptos a receber a visita de Jesus. Eles também acreditam
Fontes da Teologia: Sagrada Escritura, Tradição e
Magistério da Igreja.
A Revelação traz, portanto, para a
Razão fontes novas que lhe eram necessárias para saciar esta sede de conhecer o
que há para além daquilo que ela já possa ser. É o que se tem chamado de fontes teológicas, às quais tem que se
reportar constantemente todo discurso elaborado ao nível da Fé. Estas fontes
são: Sagrada Escritura, Tradição e frente a estas duas temos o Magistério da Igreja.
Sagrada
Escritura: Ao oferecer-nos sua Palavra
na Sagrada Escritura, Deus nos atinge como seres conscientes que sempre tem
necessidade de compreender e entender o que se lhes diz e o que se espera
deles. Esta Palavra só age na medida em que encontra uma palavra que lhe
responda: Palavra de Deus ao Homem, palavra do Homem a Deus. Em se revelando
nas Escrituras, Deus se nos oferece suscitando de nossa parte um consentimento
do espírito, consentimento este objetivamente definido.
Um dos grandes problemas com que
deparamos na Revelação está precisamente em não cairmos em subjetivismo que nos
levaria a conferir à nossa pobre palavra humana o mesmo valor que tem a Palavra
de Deus. Com isto substituiríamos a Revelação pelas nossas próprias palavras,
extraídas da linguagem humana, com o risco de anular completamente a Palavra de
Deus.
É a esta altura que intervém a
Tradição. Em suma, trata-se de perguntar-nos onde encontra a Palavra de Deus,
em função da qual arriscamos nossa vida, nossa morte, enfim, toda a nossa existência.
Para bem interpretarmos a mensagem divina, impõe-se retornar àqueles que
desfrutaram da maior proximidade com Cristo, e cuja fidelidade era mais fácil
em razão da própria proximidade em relação ao temo em que deus se manifestou
diretamente. Nesta tradição, é evidente
que os apóstolos são os primeiros, pois viveram, dia após dia, todo i
itinerário de Jesus e tiveram a possibilidade de fazer-lhe perguntas e
esclarecer suas dúvidas, de compreender bem o que o Senhor lhes dizia e o que
ele tencionava ensinar-lhes ao dizê-lo. É o que se denomina Tradição
Apostólica.
Mas os apóstolos não eram eternos.
Para que a Palavra não se extinguisse, transmitiram-na, portanto, àqueles que
os cercavam, e estes, por sua vez, aos seus contemporâneos. Os primeiros séculos
irradiavam sempre o eco da Palavra de Jesus. Esta ecoava neles de modo a
atravessar a História e a chegar até nós. A Igreja se organizava justamente sob
a orientação daqueles que haviam recebido autoridade dos Apóstolos ou de seus
sucessores consecutivos. Estes eram
chamados de Padres da Igreja. É com eles que se organizou o que se costuma
denominar Tradição Patrística, à qual
tem que se reportar toda Teologia que queira ser fiel à Palavra de Cristo.
Nesta Tradição reencontramos aquilo que Jesus deixou ao Povo da nova Aliança
como garantia de sua presença e de sua fidelidade. Ela é o lugar por Excelência
do Espírito, o Qual, através dela, vigia para que não se deturpe o sentido
autêntico da Palavra revelada. Entretanto, é importante na medida em que dá
testemunho da fé das primeiras comunidades da Igreja dispersas pelo mundo.
Por outra parte, se, de um lado, há
que se precaver para não deturpar o carisma de verdade recebido pela Igreja
fundada sobre Pedro, por outro lado
cumpre reconhecer que o Espírito de verdade é fonte de discernimento e
de conhecimento interior também nos fiéis. Das comunidades cristãs primeiras às comunidades cristãs de hoje.
Esta é a razão pela qual a Teologia da Libertação se preocupar tanto com as
Comunidades Eclesiais de Base. É porque deseja que a Tradição se prolongue
simultaneamente na fidelidade e na renovação. Para que a Igreja permaneça
viva, há que prestar ouvido atento a essas Comunidades, através das quais Deus
fala, como fazia outrora nas comunidades dos primeiros séculos. Negar isto
seria fazer a Tradição perder todo o seu sentido nos dias de hoje. Assim como
os Bispos que nos guiam estão ligados aos Apóstolos, da mesma forma as
comunidades de hoje estão ligadas às comunidades primitivas. Assim como se
prestava ouvido as estas últimas, da mesma forma é preciso saber prestar ouvido
àquelas. A Revelação se nos oferece através das comunidades de hoje, assim como
se oferecia às comunidades da época patrística. Negar isto equivaleria a
esvaziar a Tradição de todo o seu sentido.
A Teologia interpreta essas Fontes
sob a orientação e a vigilância do Magistério. Ele é exercido de três formas: o
Magistério Extraordinário, o Magistério Ordinário e Universal, e o Magistério
Simplesmente-Ordinário.
O Magistério Extraordinário e o
Magistério Ordinário-Universal envolvem a infabilidade e, por conseguinte, não
deixam dúvida quando se trata de definir um dogma.
O Magistério Simplesmente-Ordinário
não envolve a autoridade infalível, se bem que mereça respeito.
O Magistério Extraordinário é
constituído do Papa e os bispos reunidos em Concílio Ecumênico.
O Magistério Ordinário e Universal é
constituído pela pregação unânime dos bispos, sucessores diretos dos apóstolos.
O Magistério Simplesmente-Ordinário
é constituído através dos documentos pontifícios, de acordo com as situações
temporais e necessidade de pronunciamento da Igreja.
Doutrina da Igreja Católica
A doutrina
da Igreja Católica, ou simplesmente a doutrina católica, é
constituída por um conjunto de crenças, de ensinamentos, de preceitos e de leis"
da Igreja
Católica Apostólica Romana. Segundo o Catecismo de São Pio X,
a doutrina católica "é a doutrina que Jesus Cristo Nosso Senhor nos ensinou, para nos
mostrar o caminho da salvação" e da vida eterna "As partes principais e
mais necessárias da Doutrina […] são quatro: o Credo,
o Pai-Nosso, os Mandamentos e os Sacramentos".
A Igreja Católica professa que todas as coisas que
ela acredita foram sendo gradualmente reveladas por Deus
através dos tempos, atingindo a sua plenitude e perfeição em Jesus Cristo, que é considerado pelos católicos como o Filho de Deus, o Messias e o Salvador do mundo e da humanidade. Mas,
a definição e compreensão da doutrina católica (que é baseada na Revelação) é
progressiva, necessitando por isso do constante estudo e reflexão da Teologia, mas
sempre fiel à Revelação divina
e sempre orientada pelo Magistério da
Igreja.
Para
os católicos, a sua fé em Deus inclui a sua livre e total entrega (e
amor)
"a Deus, prestando ao Deus revelador o obséquio pleno do seu intelecto e da sua vontade, e dando voluntário assentimento à
Revelação feita por Ele". Esta Revelação é transmitida pela Igreja sob a forma de Tradição. A fé
em Deus "opera pela caridade" ou amor
(Gal 5,6), por isso a vida de santificação de um católico obriga-o, além de
participar e receber os sacramentos,
a "conhecer e fazer a vontade de Deus",através, como por
exemplo, da prática dos ensinamentos revelados (que se resumem nos mandamentos de amor
ensinados por Jesus), das boas obras e também das
regras de vida
propostas pela Igreja fundada e atualmente encabeçada por Jesus.Essa entrega a Deus tem por
finalidade e esperança últimas à sua
própria salvação e à implementação
do Reino de Deus. Neste reino misterioso, o Mal
será inexistente e os homens salvos e justos, após a ressurreição dos mortos e o fim do mundo, passarão a viver eternamente em Deus, com Deus e junto de
Deus.
As
principais verdades da fé encontram-se expressas e resumidas no Credo dos Apóstolos,
no Credo
Niceno-Constantinopolitano e também em variadíssimos documentos da
Igreja, como por exemplo no "Catecismo da
Igreja Católica" (CIC). Actualmente, para um acesso e
compreensão mais fácil à doutrina, encontra-se também a síntese do CIC,
designada por "Compêndio
do Catecismo da Igreja Católica" (CCIC).
Dogmas, verdades de fé e hipóteses
A Igreja Católica, bem como todas as outras
Igrejas cristãs, professa um conjunto bastante alargado de doutrinas. No
entanto, apesar de todas fazerem parte da fé professada pela Igreja, existe
entre elas "uma ordem ou hierarquia […], já que o nexo delas com o
fundamento da fé cristã é diferente".
O Papa São Pio X foi um grande defensor da ortodoxia doutrinária
e condenou, por isso, o modernismo.
Foi o único Papa do século XX a ser canonizado.
Deste
modo existem os Dogmas,
que são verdades infalíveis e "absolutamente seguras sobre as quais não
podem pairar nenhuma dúvida", constituindo por isso a base de toda a
doutrina católica. Os dogmas são definidos e proclamados
solenemente pelo Supremo
Magistério (Papa ou Concílio ecumênico
com o Papa) como sendo verdades definitivas e imutáveis, porque eles estão
contidos, implícita ou explicitamente, na Revelação
imutável ou têm com ela uma "conexão necessária".Uma vez proclamado
solenemente, "nenhum dogma pode ser negado, nem mesmo pelo Papa ou por
decisão conciliar". Por isso, o católico é obrigado a aderir, aceitar
e acreditar nos dogmas de uma maneira irrevogável.
Além
dos Dogmas, existe ainda muitas definições doutrinárias que, não estando "expressamente
definidas nas Sagradas Escrituras
ou pela Tradição, […]
suscitam ainda dúvidas porque seus contornos não se encontram plenamente
desenvolvidos". Estas definições, que depois podem se tornar em dogmas
(ver a subsecção Magistério da Igreja e desenvolvimento da Doutrina),
são divididas em:
- "Verdades de fé", que "são
objeto de crença e reverência por toda a Igreja, mesmo que ainda não
tenham recebido o selo do dogma e possam sofrer alguma modificação"
ou desenvolvimento posterior;
- "Verdades próximas à fé",
que "são aquelas verdades que estão a um passo de se tornarem"
verdades de fé;
- Hipóteses que a Igreja, como tal, não
subscreve oficialmente, mas que podem ser acreditadas ou não por parte dos
seus fiéis, sem prejuízo da fé católica, e que permanecem só como
hipóteses de trabalho e reflexão "por parte de teólogos devidamente credenciados pela Santa Sé".
Ortodoxia, Heterodoxia
e Heresia
Além da Doutrina oficial ou ortodoxa
proposta pela Magistério da
Igreja Católica, apareceram várias outras versões teológicas heterodoxas, sendo actualmente a teologia da libertação
um dos seus exemplos mais paradigmáticos. Estes desvios do "ensino
normativo da Igreja" podem ser tolerados ou então condenados pela
Igreja. Porém, estas doutrinas não são consideradas heréticas por não pôr em causa dogmas
ou outras verdades fundamentais.
Revelação divina e Tradição
Segundo
a fé católica, "Deus revela-se ao
homem […], mediante acontecimentos e palavras", para que o homem
conheça Deus e o "seu desígnio de benevolência, que Ele,
desde a eternidade, preestabeleceu em Cristo a favor dos homens. Tal desígnio consiste em fazer
participar, pela graça do Espírito Santo, todos os homens na vida divina, como seus filhos adotivos no seu
único Filho, que é Jesus Cristo. Esta infalível Revelação divina,
manifestada já desde do princípio do mundo e ao longo dos séculos que
correspondem ao Antigo Testamento,
é plenamente realizada e completada em Jesus Cristo. "Com a morte e a
ressurreição de Cristo, nada mais será revelado aos homens até à Parusia". Mas, "apesar de a
Revelação já estar completa, ainda não está plenamente explicitada. E está
reservado à fé cristã apreender gradualmente todo o seu alcance, no decorrer
dos séculos".
A
partir daí, com a assistência e inspiração sobrenatural do Espírito Santo, a Revelação imutável (ou o depósito
de fé) é transmitida ininterrupta e integralmente pela Igreja através de uma dupla Tradição (que em latim
significa entrega ou acto de confiar) indissociável, que pode ser oral
ou escrita (2
Tessalonicenses 2,15; 2 Tim
1,13-14; 2,2):
- a Tradição oral ou
simplesmente a Tradição, radicada essencialmente no testemunho dos Apóstolos à revelação de Jesus, aos quais Ele "deixou o
encargo de levar o Evangelho da Salvação a todas as criaturas, testemunho
depois assumido" e transmitido integralmente aos fiéis pelos bispos. A Tradição "conserva a
Palavra de Deus, confiada por Cristo Senhor e pelo Espírito Santo aos Apóstolos, e transmite-a integralmente aos seus sucessores"
(os bispos unidos com o Papa), "para que eles, com a luz do
Espírito Santo, fielmente a conservem, exponham e difundam na sua pregação".
- a Tradição escrita ou a Sagrada Escritura
(Bíblia), que é o produto do registro
escrito da Tradição oral pelos 4 evangelistas e outros escritores sagrados,
sempre inspirados pelo Espírito Santo. Para os católicos, a Bíblia é constituída
por 73 livros divinamente inspirados, que são organizados no Antigo Testamento
e no Novo Testamento
(a palavra testamento significa, neste caso, aliança entre Deus e o homem).
Nem
toda a tradição oral foi registrada, sendo ela hoje ainda transmitida oralmente
e sob a forma de hábitos, ensinamentos ou costumes de geração para geração
pelos bispos e pelo Papa.
Apesar
de a Revelação divina
já estivesse completada em Jesus, isto não impede que, "no decurso dos
séculos, tem havido revelações ditas «privadas», algumas das quais foram
reconhecidas pela autoridade da Igreja". Mas, estas revelações
privadas (ex: as aparições marianas)
"não pertencem ao depósito da fé. O seu papel não é «aperfeiçoar» ou
«completar» a Revelação definitiva de Cristo, mas ajudar a vivê-la mais
plenamente, numa determinada época da história". Por isso, "o Magistério da
Igreja […] não pode" aceitar as revelações privadas "que
pretendem superar ou corrigir a Revelação definitiva que é Cristo".
Magistério da Igreja e
desenvolvimento da Doutrina
A Tradição, seja
ela oral ou escrita, é interpretada e aprofundada autentica e progressivamente,
à luz da Revelação, pela Igreja. Foi com base nesta interpretação fiel que ela
"definiu quais os livros que fazem parte do cânone das Escrituras". A Igreja "não
tira só da Sagrada Escritura a sua certeza a respeito de todas as coisas
reveladas", querendo isto dizer que as Tradições oral e escrita "devem
ser recebidas e veneradas com igual espírito de piedade e reverência".
Esta autoridade de poder interpretar e ensinar a Tradição chama-se Magistério.
O Catecismo da
Igreja Católica afirma que, "apesar de a Revelação já estar
completa, ainda não está plenamente explicitada. E está reservado à fé cristã
apreender gradualmente todo o seu alcance, no decorrer dos séculos".
Por isso, a Igreja admite a clarificação e o desenvolvimento progressivo da sua
doutrina, bem como os costumes e a expressão da fé
dos seus fiéis, ao longo dos séculos. Mas, nunca se deve confundir a
interpretação gradual da Revelação (que resulta depois na formulação e no
desenvolvimento doutrinal) e a matéria da própria Revelação (ou depósito de fé), que é
inalterável. Por outras palavras, o Magistério da Igreja, ao meditar sobre
"as realidades […] e as palavras do depósito da fé",
aperceberá progressivamente "de certas facetas deste diamante da
Revelação que antes não [se notou] explicitamente".
Este
entendimento progressivo, que não adiciona nada à Revelação em si, é designado
por "crescimento na inteligência da fé". Este crescimento
fez-se à custa do estudo de inúmeros teólogos, bispos
e Papas, muitas vezes reunidas em concílios ecuménicos,
bem como dos famosos Pais e Doutores da Igreja, sempre sob a orientação do Magistério da
Igreja e sempre sob a assistência e a "graça do Espírito Santo". Fazendo isto, esta pessoa divina
purifica gradualmente a Igreja, levando-a a conhecer mais profunda e
correctamente as variadas facetas e realidades da Tradição.
O
processo do desenvolvimento doutrinal, que tem que ser sempre contínuo e fiel à
Tradição católica,
implica a formulação (e não a criação) gradual e infalível de dogmas,
que, uma vez proclamados, são imutáveis e eternas. Mas, "a definição
dos dogmas ao longo da história da
Igreja não quer dizer que tais verdades só tardiamente tenham sido
reveladas, mas que se tornaram mais claras e úteis para a Igreja na sua
progressão na fé". Uma vez proclamado solenemente, "nenhum
dogma pode ser negado, nem mesmo pelo Papa ou por decisão conciliar".
Notas históricas
O Primeiro Concílio
de Niceia (325) formulou o Credo Niceno e, ao debater sobre a natureza de
Jesus Cristo, condenou o arianismo.
Os
principais dogmas da doutrina cristã acerca de Deus,
da Santíssima Trindade,
de Cristo (e da sua natureza e concepção virginal) e da Salvação ficaram praticamente definidas nos
primeiros concílios ecumênicos:
Primeiro Concílio
de Niceia (325), Primeiro
Concílio de Constantinopla (381), Concílio de Éfeso
(431) e Concílio de Calcedónia
(451). Tais verdades definitivas estão sintetizadas no Credo
Niceno-Constantinopolitano.
Santo Agostinho, no século V, baseando-se nas epístolas de S. Paulo, desenvolveu a doutrina do pecado original e da graça. A partir do século XIII, vários teólogos, nomeadamente São Tomás de Aquino, procurou reafirmar que a fé
supera mas não contradiz a razão humana. No século XVI, o Concílio de Trento
tornou definitiva a doutrina dos sete sacramentos e reiterou a presença real de Cristo
na Eucaristia. Após este Concílio, no confronto com
os protestantes, desenvolveram-se as grandes
doutrinas relativas à Igreja.
O Concílio de Trento
(1545 - 1563) lutou contra a Reforma Protestante,
que foi, a par do Cisma do Oriente,
uma das maiores cisões que a Igreja Católica jamais enfrentou.
Ao
longo dos séculos XVII e XVIII, os jesuítas e os jansenistas confrontaram-se com polêmicas acerca
do papel da graça e da participação do homem na sua própria
salvação. Durante o século XIX, foram
proclamadas como dogmas a Imaculada Conceição
de Maria e a Infalibilidade Papal.
E, em meados do século XX, foi
proclamado pelo Papa Pio XII o dogma
da Assunção da Virgem
Maria ao céu. Este foi a única vez que um Papa usou solenemente a
infalibilidade papal.
O
último concílio ecumênico
realizado foi o Concílio Vaticano II,
onde se tratou de vários temas como a Liturgia, a constituição e a pastoral da Igreja (que passou a ser alicerçada
na igual dignidade de todos os fiéis e a ser mais virada para o mundo moderno),
a relação entre a Revelação divina
e a Tradição, a liberdade religiosa,
o ecumenismo e o apostolado
dos leigos. Não foi proclamado nenhum dogma, mas as
suas orientações doutrinais e pastorais são de extrema importância para acção
da Igreja nos tempos actuais.[46][47][48]
A doutrina e o conhecimento científico
São Tomás de Aquino (século XIII) afirmou que a fé
e a razão podem ser conciliadas, porque "provêm
ambas de Deus", sendo a razão um meio de entender a fé.
O Magistério da
Igreja Católica defende que boa parte da Tradição, nomeadamente da Bíblia e mais especificamente o livro de Gênesis, devem ser interpretadas como alegorias e de acordo com os costumes e com os
conhecimentos científicos da época. Neste caso, estas alegorias seriam
portadoras de verdade teológica, mas
que não possuiriam necessariamente verdade histórica ou científica. Logo, as interpretações literais
são oficialmente abandonadas, muito embora ainda permaneçam certos sectores
mais conservadores e fundamentalistas que
não o aceitam por inteiro. Esse modo alegórico de interpretar a Bíblia não é
algo surgido apenas nos tempos atuais. Por exemplo, já no século V, Santo Agostinho afirmava que as Sagradas Escrituras deveriam ser interpretadas
de modo a harmonizá-las com os conhecimentos disponíveis em cada época sobre o
mundo natural.
Aliás,
a Igreja Católica, defendendo o pensamento de Santo Agostinho e de São Tomás de Aquino,
afirma que, "embora a fé supere a razão, não poderá nunca existir
contradição entre a fé e a ciência porque ambas têm origem em Deus. É o
mesmo Deus que dá ao homem seja a luz da razão seja a luz da fé".
Logo, a partir do século XX, a Igreja foi lentamente aceitando várias
descobertas científicas modernas. Por exemplo, acabou por aceitar oficialmente
as teorias do Big Bang e da evolução, defendendo que são compatíveis com a crença da criação divina do mundo.
Além disso, não considera o criacionismo e o design inteligente
como teorias científicas ou teológicas.
A
Igreja Católica e a Ciência continuam a discordarem-se em questões
relacionadas, como por exemplo, com a infalibilidade e a autenticidade da Tradição revelada;
com a negação da existência de Deus e da alma
(e da sua imortalidade); com os
momentos exactos do princípio e do fim da vida humana; e com as implicações éticas da clonagem, da contracepção ou fertilização artificiais, da manipulação genética
e do uso de células-tronco embrionárias na investigação científica.
Deus e a Santíssima
Trindade
A
Igreja Católica, como parte do Cristianismo, acredita obviamente no monoteísmo, que é a crença na existência de um único Deus.
Ele é o Criador de todas as coisas e consegue intervir na História da sua
própria Criação, bem como perdoar e salvar a humanidade,
por isso alguns dos atributos divinos
mais importantes são a onipotência, a onipresença e onisciência. Além destes atributos, Deus também
é fortemente referido ao longo do Novo Testamento como sendo a própria Verdade e o próprio Amor:
Deus ama e quer salvar todas as pessoas e estas podem estabelecer uma relação pessoal e filial com Ele através da oração.
Mas,
os católicos acreditam também no mistério da Santíssima Trindade,
isto é, que Deus é um ser uno mas simultaneamente trino, constituído por
três pessoas indivisíveis: o Pai, o Filho e o Espírito Santo, que se estabelecem entre si uma
comunhão perfeita de amor. Para a Igreja, este dogma,
que é uma das suas verdades centrais, não viola o monoteísmo. Estas
3 Pessoas eternas, apesar de possuírem a mesma natureza, "são realmente
distintas, pelas relações que as referenciam umas às outras: o Pai gera o
Filho, o Filho é gerado pelo Pai, o Espírito Santo procede do Pai e do Filho".
Deus Pai: Criador do Mundo
Deus Pai, a primeira pessoa da Trindade, é
considerado o Pai perfeito porque Ele amou e nunca abandonou os homens, os seus
filhos adotivos, querendo sempre salvá-los e perdoando-os infinitamente, desde
que eles se arrependam de um modo sincero. Ele não foi criado nem gerado e é
considerado o “princípio e o fim, princípio sem princípio” da Vida,
estando por isso mais associado à criação do mundo. Mas isto não quer dizer que
as outras duas pessoas da SS Trindade não participassem também neste importante
ato divino.
Criação do mundo e Anjos
O mundo,
que é bom, ordenado e amado por Deus, foi criado "livremente, com
sabedoria e amor", a partir do nada
(2Mac 7,28), para que Deus possa "manifestar e comunicar a sua bondade, verdade, beleza" e amor supremos. A obra da
criação culmina na obra ainda maior da salvação, por isso "o fim último da
criação", nomeadamente da humanidade, "é que Deus, em Cristo, possa ser «tudo em todos» (1 Cor 15,28)" no seu eterno Reino.
A
criação é constituída por "seres espirituais", que são os anjos,
e por "seres materiais", que constituem o "mundo
visível" ou o mundo natural.[66] Os anjos são seres pessoais "puramente
espirituais, incorpóreas, invisíveis, imortais" e inteligentes. Eles
servem e obedecem à vontade de Deus, especialmente "no cumprimento da
missão de salvação, em prol de todos
os homens". Segundo São Basílio Magno,
«cada fiel tem ao seu lado um anjo como protetor e pastor, para o conduzir à
vida», sendo estes protetores chamados de anjos da guarda.
Segundo
a doutrina católica, o Gênesis, ao narrar que o
mundo foi criado em «seis dias» por Deus, quer acima de tudo revelar à
humanidade "o valor dos seres criados e a sua finalidade de louvor"
e serviço a Deus, dando particular destaque ao valor do Homem,[68] que é "o vértice da criação
visível".[69] Logo, a Igreja Católica, corroborando
com a ideia de Santo Agostinho,
admite a possibilidade de o mundo não ser criado literalmente em apenas seis
dias.
Demônios e Mal
No
princípio do mundo, ocorreu a chamada queda dos anjos, que consiste na
rebelião de um grupo de anjos, liderado por Satanás (ou Lúcifer). Eles, sendo "criados bons por
Deus", transformaram-se em demônios, "porque, mediante uma opção
livre e irrevogável, recusaram Deus e o seu Reino, dando assim origem ao Inferno". Eles, o símbolo do mal,
"procuram associar o homem à sua rebelião […]; mas Deus afirma em
Cristo a Sua vitória segura sobre o Maligno", que se irá realizar
plenamente no fim dos tempos, quando o Mal acabará por desaparecer.
A
Igreja ensina que o mal "é uma certa falta, limitação ou
distorção do bem"
e é ainda a causa do sofrimento humano, que
"está na interação do bem e do mal no mundo" e que "está
enredado no mistério da liberdade humana".
Os católicos professam que a existência do Mal é um grande mistério, mas eles
têm a certeza de que Deus, sendo bom e onipotente, não pode nunca ser a causa e
origem do Mal. Eles têm fé de que Deus "não permitiria o mal se do
próprio mal não extraísse o bem". O exemplo mais
marcante disso seria "a morte e ressurreição de Cristo", que,
sendo o maior mal moral, trouxe a salvação para a humanidade.
Homem, a sua Queda e o Pecado original
O
homem foi "criado à imagem e semelhança de Deus", significando
que, ao contrário de todas as criaturas, ele "tem a dignidade de pessoa: não é uma coisa, mas alguém capaz de se conhecer a si
mesmo, de se dar livremente e de entrar em comunhão com Deus e com as outras pessoas",
sendo por isso chamado à santidade e à
bem-aventurança (felicidade) eternas.
Segundo
o Gênesis, que pode ser interpretada como uma alegoria, todo o gênero humano é descendente de Adão e Eva, o primeiro casal da Terra. Ambos têm
"uma igual dignidade enquanto pessoas humanas e, ao mesmo tempo",
vivem "numa complementaridade recíproca enquanto masculino e feminino".
Logo, são chamados a serem "um para o outro", formando um matrimônio indissolúvel de «uma só carne»
(Gn 2, 24), e também "a transmitir a vida humana […] e a dominar
a Terra como «administradores» de Deus", daí a grande responsabilidade do Homem no eterno projeto ou
plano de Deus.
Na
perspectiva católica, o homem é "ao mesmo tempo corpóreo e espiritual",
sendo o corpo mortal, mas a alma imortal. Isto porque a alma
"é criada diretamente por Deus", por isso ela "voltará
a unir-se novamente ao corpo, no momento da ressurreição final". Segundo
o projeto inicial de Deus, todo o gênero humano não devia "nem sofrer
nem morrer", mas sim, viver eternamente em santidade e junto de Deus.[77] Mas, Adão e Eva, como eram livres e
por isso sucumbiram à tentação do Diabo, comeram o fruto proibido, desobedecendo assim a Deus e
querendo "tornar-se «como Deus», sem Deus e não segundo Deus (Gn 3, 5)".
Assim, eles perderam a sua santidade original e cometeram o seu primeiro
pecado, dando origem ao pecado original
(veja a subsecção Pecado).
Além
disso, eles espalharam este pecado a todos os homens, que
são seus descendentes, fazendo com que todos passassem a morrer, a cometer
muitos pecados, a sofrer e a serem ignorantes.[79] Mas, felizmente, "Deus não
abandonou o homem ao poder da morte. Pelo contrário, pré-anunciou de modo
misterioso que o mal seria vencido". É o primeiro anúncio da vinda de Jesus,
o Salvador, que, entre outras coisas, instituiu o Batismo para a remissão (mas não a eliminação)
do pecado original e de outros pecados.
Deus Filho: Jesus Cristo, o Salvador
Jesus
Cristo é a figura central do Cristianismo, porque, por vontade de Deus Pai, ele encarnou-se (veio à Terra) para anunciar a salvação e as Bem-aventuranças à humanidade inteira, "ou seja: para nos
reconciliar a nós pecadores com Deus;
para nos fazer conhecer o seu amor infinito; para ser o nosso
modelo de santidade; para nos tornar «participantes da
natureza divina» (2 Ped 1, 4)"; e para "anunciar as boas novas
do Reino de Deus".Santo Atanásio, um famoso Padre e Doutor da Igreja, afirmou que Jesus, "o Filho de Deus, Se fez homem, para nos fazer Deus",
ou seja, para nos tornarmos santos como Deus.
Jesus (do hebraico, Yeshua), que significa "Deus Salva", é o
o «Messias» (em hebraico) ou o «Cristo» (em grego), porque é o «Ungido
do Senhor». Mais especificamente, Ele é consagrado por Deus Pai e ungido pelo Espírito Santo para a sua missão salvífica. Para
os cristãos, Ele aceitou o título de Messias e exprimiu o seu verdadeiro significado
e sentido para toda a Humanidade: Jesus, «descido do céu» (Jo 3,13),
foi crucificado e depois ressuscitado, e é o Servo Sofredor «que dá a sua
vida em resgate pela multidão» (Mt 20,28).
O Credo
Niceno-Constantinopolitano (texto aprovado pela Conferência
Episcopal Portuguesa) faz referência a Jesus Cristo:
Creio em um só Senhor, Jesus Cristo,
Filho Unigênito de Deus,
nascido do Pai antes de todos
os séculos:
Deus verdadeiro de Deus
verdadeiro;
gerado, não criado, consubstancial ao Pai.
Por Ele todas as coisas foram
feitas.
E por nós, homens, e para
nossa salvação
desceu dos Céus.
E encarnou pelo Espírito Santo,
no seio da Virgem Maria.
e se fez homem.
Também por nós foi crucificado
sob Pôncio Pilatos;
padeceu e foi sepultado.
Ressuscitou ao terceiro dia,
conforme as Escrituras;
e subiu aos Céus, onde está
sentado à direita do Pai.
De novo há-de vir em sua
glória
para julgar os vivos e os
mortos;
e o seu Reino não terá fim.
O
dogma cristológico ensina que Jesus
Cristo, Nosso Senhor, é a encarnação do Verbo
divino, verdadeiro Deus e
verdadeiro homem, Salvador e Bom Pastor da Humanidade. Ele é também
«o Filho Unigénito de Deus» (1 Jo 2, 23), a segunda Pessoa da Santíssima Trindade,
porque, "no momento do Batismo e da Transfiguração,
a voz do Pai designa Jesus como seu «Filho predileto»" Aliás, Jesus
Cristo apresenta-se a Si mesmo como o Filho que «conhece o Pai» (Mt
11,27), afirmando assim "a Sua relação única e eterna com Deus Seu
Pai". Por isso, ele é o único e verdadeiro Sumo Sacerdote e Mediador entre os homens e o Pai que está
nos céus, chegando a afirmar que "«Eu
sou o Caminho, a Verdade e a Vida. Ninguém vai ao Pai senão por Mim» (Jo 14, 6)"
Jesus,
sendo Deus, rebaixou-se da sua condição divina para ser um homem, tendo
aprendido, tal como as outras pessoas, muitas coisas através da experiência e
da sua inteligência humana,
apesar de conhecer íntima e plenamente os desígnios eternos de Deus e logo a
Sua infinita sabedoria.[93] Segundo o dogma
mariológico, Jesus foi concebido virginalmente no seio da Virgem Maria pelo poder do Espírito Santo. Ele nasceu em Belém, na Palestina, no tempo de Herodes, o Grande e do imperador romano Otávio César Augusto.
Jesus
procede de Deus Pai e é eternamente consubstancial (pertencente à mesma natureza e
substância) a Ele. Não foi criado pelo Pai, mas gerado porque encarnou-se,
assumindo a Sua natureza humana. Jesus é considerado o filho perfeito porque
subordinou a sua vontade humana à vontade divina do Pai, que
consiste na salvação de toda a humanidade. Por isso, é-lhe atribuído a redenção do mundo.
Ministério e ensinamentos
Durante
o seu ministério, é dito que Jesus fez vários milagres, como andar sobre a água, transformar
água em vinho, várias curas, exorcismos e ressuscitação
de mortos (como Lázaro). Ele desenvolveu seu
ministério principalmente na Galiléia, tendo feito de Cafarnaum uma de suas bases evangelísticas.
Esteve também em vários lugares de Israel, nomeadamente na Samaria, na Judéia e sobretudo em Jerusalém logo antes de sua crucificação.
Nas
suas muitas pregações, Jesus Cristo ensinou, entre outras coisas, o Pai Nosso, as bem-aventuranças e insistiu sempre «que o Reino dos Céus está próximo» (Mt 10,7)
e que Deus estava preparando a Terra
para um novo estado de coisas. Anunciou também que quem quisesse fazer parte do
Reino de Deus teria de nascer de novo, de
se arrepender dos seus pecados, de se converter e
purificar. Jesus ensinava também que o amor, o poder,
a graça e a misericórdia de Deus
era muito maior que o pecado e todas as forças do mal,
insistindo por isso que o arrependimento
sincero dos pecados e a fé
em Deus podem salvar os homens.
Ele
também mandou os seus discípulos a amar a Deus
de todo teu coração, de toda tua alma
e de todo teu espírito (Mateus
22:37) e amar o teu próximo como a ti mesmo (Mateus
22:39). Para Jesus, estes dois mandamentos constituem o resumo
de toda a Lei e os Profetas do Antigo Testamento (Mateus
22:40). Ele deu inclusivamente aos homens um novo e radical mandamento de Amor:
«amai-vos uns aos outros, como Eu vos amo» (João
15:10).
Jesus
alertou aos seus crentes e discípulos que só "quem
aceita os meus mandamentos e lhes obedece, esse é que Me ama. E quem Me ama
será amado por meu Pai. Eu o amarei e manifestar-Me-ei a ele.
[…] Nós viremos a
ele e nele faremos a nossa morada"
(João
14:21-23). Sobre este aspecto, a Igreja acredita também que quem
ama a Deus permanecerá no amor. E quem "permanecer no amor
permanece em Deus e Deus nele", porque "Deus é amor"
(1
João 4:16).
Jesus e o Antigo Testamento
Durante
o Antigo Testamento,
Deus, através de profetas, já anunciava a vinda do Messias, para que a humanidade, nomeadamente o povo escolhido de Israel (ou povo judaico),
possa reconhecê-lo quando Ele vier. A Igreja ensina que Jesus, sendo o Messias, cumpriu todas as profecias do Antigo Testamento
acerca dessa vinda salvífica, nomeadamente as do profeta Isaías.
Logo,
Jesus não veio para superar, substituir ou «abolir a Lei ou os Profetas» do Antigo Testamento, «mas sim
para levá-los à perfeição» (Mt 5,17). Isto quer dizer que Ele deu o
sentido último e pleno à doutrina e às verdades reveladas por Deus
ao longo do Antigo Testamento, levando-as e cumprindo-as perfeitamente. Isto
significa também que Jesus, que trouxe simultaneamente continuidade e inovação,
renovou também a Aliança entre Deus e os
homens, instaurando assim o Novo Testamento (ou a Nova Aliança).
Mistério pascal e Salvação
amou
tanto os homens que entregou-se incondicional e totalmente para eles, chegando
ao ponto de sacrificar voluntariamente a sua própria vida na cruz
para livrar-lhes do pecado e abrir-lhes na plenitude o caminho da salvação e da santidade (temas tratados na secção Salvação
e Santidade). Foi também Jesus que, ao cumprir a vontade de Deus Pai,
derrotou o pecado e o mal, através da sua morte redentora na cruz. E, para
derrotar a própria morte, ele ressuscitou ao terceiro dia, após a sua crucificação em Jerusalém. Este fato dá aos católicos esperança que Jesus já garantiu aos homens
"a graça da adoção filial que é a participação real na sua vida"
divina e trinitária e também esperança que, no dia do Juízo Final, todos os homens serão ressuscitados
por Deus.
Após
a ressurreição, Jesus
continuou na Terra durante quarenta dias, junto dos apóstolos, passando-lhes ainda ensinamentos e
confirmando que eles e a Igreja em geral receberiam o Espírito Santo, algo que aconteceu no Pentecostes. Após este período de 40 dias, Ele foi elevado ao céu,
mas continua actualmente a "permanecer misteriosamente sobre a terra,
onde o Seu Reino já está presente como germe e início
na Igreja" fundada e encabeçada por Ele. Ele está também
presente na Eucaristia, um dos sacramentos instituídos por Ele para a salvação
e santificação do Homem
No dia do Juízo Final, que
coincide com a realização final do seu novo Reino, Jesus "voltará em
glória, mas não sabemos quando"
Deus Espírito Santo: o Guardião da Igreja
O Espírito Santo "procede do Pai e do
Filho" e, apesar de invisível, personaliza o Amor íntimo e infinito de Deus sobre os homens.
Manifestou-se primeiramente no Batismo de Jesus e
plenamente revelado no dia de Pentecostes, 50 dias
após a ressurreição de Cristo.
Foi comunicado e enviado aos corações dos fiéis, por meio dos sacramentos, para "recebermos a vida
nova de filhos de Deus",[117] estabelecendo entre estes e Jesus
uma comunhão íntima, tornando-os unidos num só Corpo Místico. Por isso, "finalmente, o
Espírito Santo é o Mestre da oração". Ele foi enviado por Jesus para
guiar, edificar, animar e santificar a Igreja e para que ela sempre testemunhe e interprete bem a
Palavra de Deus, revelado plenamente por Jesus.
Em
relação à Virgem Maria, o
Espírito Santo enche-a de graça e concebeu Jesus Cristo,
o Filho de Deus encarnado, no seio desta mulher virgem. O Espírito faz dela a Mãe de Cristo e, como Jesus Cristo
é o próprio Deus encarnado, também a Mãe de Deus. O Espírito inspirou também os
profetas do Antigo Testamento para falarem "em nome
de Deus", sendo estas profecias conduzidas "ao
seu pleno cumprimento em Cristo", que revelou a existência do Espírito
Santo, a Pessoa divina que o ungiu e consagrou Messias.
Resumindo,
atribuiu-se ao Espírito Santo, a terceira Pessoa da Trindade, a santificação da Igreja e do Mundo com a graça divina e os seus dons.
O Credo
Niceno-Constantinopolitano (texto aprovado pela Conferência
Episcopal Portuguesa) faz referência ao Espírito Santo:
Creio no Espírito Santo,
Senhor que dá a vida,
e com o Pai e o Filho
é adorado e glorificado:
Ele que falou pelos Profetas
A Oração
A oração, ou simplesmente "falar com Deus",
é uma graça de "Deus
que vem ao encontro do homem" e permite o estabelecimento de uma
"relação pessoal e viva dos filhos de Deus com o Pai infinitamente bom, com o seu Filho Jesus Cristo e com o Espírito Santo que habita no coração daqueles".
Na oração, o crente eleva "a alma a Deus" para O louvar ou
pede "a Deus bens conformes à sua vontade".A Igreja acredita
que "a fé e a oração são forças que podem influir na história"
e que podem mudar assim o destino da humanidade
A
oração "pressupõe acreditar num Deus pessoal e na possibilidade de
entrar em contacto" directo com Ele, sendo por isso "a
expressão mais espontânea" do "desejo de Deus por parte do
homem". Esta desejo humano é testemunhado
por "todas as religiões e, em especial, toda a história da salvação,
[…] se bem que é sempre Deus que primeiro e incessantemente atrai cada uma das
pessoas para o encontro misterioso da oração". A Igreja acha que a
"maravilha da oração revela-se precisamente" nesta atração e
nesta procura de Deus por nós. Logo, a oração é "o encontro da sede de
Deus com a nossa. Deus tem sede de que nós tenhamos sede d'Ele".
No Antigo Testamento, a oração já estava presente,
como por exemplo, nos vários episódios importantes de personagens bíblicos
(nomeadamente de Abraão, Moisés, David,
Isaías, etc.) e do próprio povo de Deus, sendo
os salmos um exemplo da sua expressão. Já no Novo Testamento, Jesus, apesar de estar em
íntima comunhão com Deus Pai, é considerado o
perfeito modelo e mestre de oração, "rezando ao Pai em longas vigílias e em momentos decisivos da sua vida,
desde o batismo no Jordão à morte no Calvário".
Jesus,
para além de ensinar o Pai-Nosso, ensinou também
"os discípulos a rezar devota e persistentemente",
transmitindo-lhes "as disposições requeridas para uma verdadeira oração".[127] Jesus garantiu-lhes também "que
seriam ouvidos sempre que rezassem bem",[123] porque a oração humana "está
unida à de Jesus mediante a fé. N’Ele, a oração cristã torna-se comunhão de
amor com o Pai". Aliás, é o próprio Jesus que manda rezar: "«Pedi
e recebereis, assim a vossa alegria será completa» (Jo 16,24)".
Oração na vida da Igreja
O Espírito Santo é o "Mestre interior da
oração cristã", porque "forma a Igreja para a vida de oração e a faz entrar cada vez mais
profundamente na contemplação e na união com o insondável mistério de Cristo".
Por isso, a oração é "inseparável do progresso da vida espiritual"
e, em suma, da vida cristã da Igreja e de cada católico. Logo, pouco a pouco, a
liturgia foi-se desenvolvendo e tornou-se na
"oração oficial da Igreja", com particular destaque para a missa
(e a Eucaristia, que "contém e exprime todas
as formas de oração" [132]) e a Liturgia das Horas.
"Paralelamente, desenvolveu-se também a oração devocional (piedade popular), tanto comunitária como
individual".
Assim
sendo, "as formas essenciais da oração cristã" são "a bênção e a adoração, a oração de petição e a intercessão, a ação de graças e o
louvor". Embora a "adoração e
louvor a Deus seja a mais perfeita", a oração de petição e intercessão
"pelo próprio, por outras pessoas (vivas ou no Purgatório) ou por causas nobres é necessária e
meritória".
Apesar
de toda a oração ter "como destino final" a Santíssima Trindade,
isto não impede os crentes de prestarem devoção e de rezarem "a Nossa Senhora, aos Anjos
e aos Santos do Céu como intercessores junto de Deus".
Aliás, "a Igreja gosta de orar à Virgem Maria e de orar com Maria, a Orante
perfeita", porque ela "«mostra-nos o caminho» que é o Seu
Filho Jesus, o único Mediador" junto de Deus Pai. Orações como a Ave Maria e o Rosário são exemplos disso.
A
oração, que "pressupõe sempre uma resposta decidida da nossa parte",
é também considerada um combate "contra si mesmo, contra o ambiente e
sobretudo contra o Tentador". O Diabo tenta a todo o custo
retirar o crente da oração, através, como por exemplo, da distracção, da
preguiça, "das dificuldades e dos insucessos aparentes".
Para
concluir, no século XX, São Pio de Pietrelcina
afirmou que:
A oração bem feita toca o coração de Deus,
incitando-O a ouvir-nos. Quando rezamos, que todo o nosso ser se volte para
Deus. […] O Senhor deixar-Se-á vencer e virá em nosso auxílio. […] Reza e
espera. Não te agites; a agitação é inútil. Deus
é misericórdia e há-de
escutar a tua oração. A oração é a nossa melhor arma: é a chave que abre o
coração de Deus. Deves dirigir-te a Jesus, menos com os lábios do que com o
coração.
|
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Pai-Nosso: a síntese do Evangelho
No Sermão da Montanha,
Jesus ensinou o Pai Nosso aos seus discípulos, que estavam
ansiosos em saber como rezar bem. O Pai-Nosso é uma "oração cristã insubstituível", "a
«síntese de todo o Evangelho» (Tertuliano) e «a oração perfeitíssima» (São Tomás de Aquino)".[136] O Pai-Nosso é também "a
oração da Igreja por excelência […] visto que as suas sete petições, fundadas no mistério da salvação já realizada, […] serão plenamente
atendidas na vinda do Senhor. O Pai Nosso é também parte
integrante da Liturgia das Horas".[137] Nestas "sete petições a Deus
Pai", os católicos pedem "a santificação do Nome de Deus, a vinda do seu Reino, a realização da sua Vontade",
o alimento quotidiano, o perdão divino dos pecados e a possibilidade de livrarem-se das tentações e
"do Maligno".
Para
além destas petições, o Pai-Nosso também revela à humanidade a sua relação
especial e filial com Deus Pai. A partir de
então, "podemos invocar a Deus como «Pai» […] porque Ele nos foi
revelado por seu Filho feito homem e porque o seu Espírito no-Lo faz conhecer. […] Ao rezar a oração do Senhor estamos conscientes" e
absolutamente confiantes de sermos filhos de Deus e de sermos "amados e
atendidos" por Deus Pai. "Sempre que rezamos ao Pai,
adoramo-Lo e glorificamo-Lo com o Filho e o Espírito", porque estas
três Pessoas divinas formam a Santíssima Trindade.
Igreja: Corpo de Cristo e semente do Reino de Deus
A
Igreja é "o povo que Deus convoca e reúne de todos os confins da Terra,
para constituir a assembléia daqueles que, pela fé e pelo Batismo, se tornam filhos de Deus,
membros de Cristo e templo do Espírito Santo".Os católicos acreditam
que a única Igreja fundada e encabeçada por Jesus Cristo,[12] "como sociedade constituída e
organizada no mundo, subsiste (subsisti in) na Igreja Católica, governada pelo sucessor
de Pedro e pelos Bispos em comunhão com ele".] Segundo a Tradição católica,
a Igreja está alicerçada sobre o Apóstolo Pedro, a quem Cristo prometeu o Primado, ao afirmar que "sobre esta pedra edificarei a minha Igreja" e
que "dar-te-ei as chaves do Reino dos Céus" (cf. Mt
16, 17-20).
A
Igreja de Cristo é a detentora na plenitude dos sete sacramentos e dos outros meios necessários
para a salvação, dados por Jesus
à Igreja. Tudo isto para reunir, santificar, purificar e salvar toda a
humanidade e para antecipar a realização do Reino de Deus, cujo semente é
necessariamente a Igreja ] (para mais informações, veja a secção Salvação
e Santidade). Por esta razão, a Igreja, guiada e protegida pelo Espírito Santo, insiste na sua missão de
anunciar o Evangelho a todo o mundo, sendo aliás ordenada
pelo próprio Cristo: "ide e ensinai todas as nações, batizando-as no
nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo" (Mt 28,19).[147] A Igreja, mediante os sacramentos do
Batismo e da Reconciliação, tem
também a missão e o poder de perdoar os pecados, porque o próprio Cristo lho conferiu"
No Credo Niceno-Constantinopolitano,
é atribuída à Igreja as propriedades de “una, santa, católica
e apostólica”. Além disto, ela é também chamada de <<Esposa de Cristo>>,
<<Templo do Espírito Santo>>
e <<Corpo de Cristo>>,
sendo este último revestido de um significado importante e mais especial para a
Igreja. Este último nome assenta na crença de que a Igreja não é apenas uma
simples instituição, mas um corpo místico constituído por Jesus,
que é a Cabeça, e pelos fiéis, que são membros deste corpo inquebrável, através
da fé e do sacramento do Batismo. Este nome é assente também na crença de
que os fiéis são unidos intimamente a Cristo, por meio do Espírito Santo, sobretudo no sacramento da Eucaristia.
Organização hierárquica e regional
A
Igreja Católica, regida pelo Código de Direito
Canônico, é formada pelo clero e por leigos,
podendo estes dois grupos terem também como membros pessoas consagradas, que normalmente agrupam-se
em ordens religiosas
ou em institutos seculares.[154] A Igreja dispõe de uma hierarquia
ascendente, baseado nos 3 graus do Sacramento da Ordem (o Episcopado, o Presbiterado e o Diaconado) que
vai desde do simples diácono até chegar ao cargo
supremo de Papa, que é o Chefe e Pastor da Igreja.
Considerado o Vigário de Cristo
na Terra, o Papa é eleito pelo Colégio dos Cardeais.[156] A Igreja defende que todos os seus Bispos
(que são coadjuvados pelos presbíteros e diáconos), devido ao sacramento da Ordem, são os sucessores dos
Doze Apóstolos,
sendo o Papa o sucessor directo do Apóstolo Pedro.[ Daí a autoridade e primazia que o Papa goza. É ainda considerado
como "perpétuo e visível princípio e fundamento da unidade da Igreja".
A Igreja acredita que os seus ministros sagrados são "ícones de Cristo",logo todos eles são
homens, porque os doze Apóstolos são todos homens e Jesus, na sua forma humana,
também é homem. Mas isto não quer dizer que o papel da mulher na Igreja seja menos importante, mas apenas diferente.
Excetuando em casos referentes aos diáconos e a padres ordenados pelas Igrejas orientais, todo o clero católico é celibatário
Ao
todo, a Igreja Católica é constituída por 23 Igrejas
particulares autônomas sui juris, que, professando a mesma
doutrina e fé católicas, possuem uma tradição histórica, cultural, teológica e litúrgica diferentes, bem como uma estrutura
hierárquica e organização territorial separadas. Estas Igrejas autônomas são,
por sua vez, constituídas por uma ou mais circunscrições
eclesiásticas ou Igrejas particulares locais, sendo o seu modelo
paradigmático a diocese (na Igreja Latina sui
juris) ou a eparquia (nas Igrejas Orientais sui juris). Todas estas
igrejas particulares,
sejam elas autônomas ou locais, são lideradas por ministros sagrados, que, em
última instância, respondem todos ao Papa.
Com
toda esta organização regional
e constituição hierárquica,
a Igreja Católica desenvolveu um sistema elaborado de governo global, centrado
no Papa e em Roma,
enquanto que, no dia a dia, o catolicismo é vivido na
comunidade local, unida na sua paróquia, liderada pelo pároco (um presbítero).
Culto católico
Na Igreja Católica, para além do culto de adoração
a Deus (latria), existe também o culto de veneração aos Santos
(dulia) e à Virgem Maria (hiperdulia). Estes dois cultos, sendo o
primeiro mais importante, são muito diferentes, mas ambos são expressos através
da liturgia, que é o culto oficial e público da
Igreja, e também através da piedade popular, que é o culto privado dos fiéis
[167][168]
Dentro
da piedade popular, destacam-se indubitavelmente as devoções e as orações quotidianas; enquanto que na liturgia,
destaca-se a Missa (de frequência obrigatória aos Domingos e festas de guarda) e a Liturgia das Horas.
A Igreja permite também a veneração de imagens
e de relíquias sagradas de Cristo, dos Santos e da
Virgem Maria. Apesar de a piedade popular
ser de certo modo facultativa, ela é muito importante para o crescimento
espiritual dos católicos.
Liturgia
A liturgia é a celebração pública e oficial do
"Mistério de Cristo e em particular do seu Mistério Pascal",sendo por isso "o
cume para onde tendem todas as ações da Igreja e, simultaneamente, a fonte
donde provém toda a sua força vital". Através deste serviço de culto cristão, "Cristo continua na sua Igreja, com ela e por meio dela, a obra da
nossa redenção".[170] Esta "presença e atuação de
Jesus" são assegurados eficazmente pelos sete sacramentos,[167][168] com particular destaque para a Eucaristia, que renova e perpetua "o sacrifício da cruz no decorrer dos séculos
até ao regresso" de Jesus.[171] Por isso, toda a liturgia centra-se
na celebração eucarística (ou Missa), porque a Eucaristia
"é fonte e cume da vida cristã" e nela "a ação santificadora de
Deus em nosso favor e o nosso culto para com Ele"
atingem o cume
A Missa (ou celebração
eucarística) é a celebração litúrgica e sacramental mais importante da Igreja.[171]
Mais
concretamente, na liturgia, mediante "o exercício da função sacerdotal
de Jesus Cristo", "o culto
público devido a Deus" (a latria) é exercido pela Igreja; e "a santificação dos homens é significada e
realizada mediante" os sacramentos. Jesus, como Cabeça,
celebra a liturgia com os membros do seu Corpo,
ou seja, com a sua "Igreja celeste e terrestre",
constituída por santos e pecadores, por habitantes da Terra e do
Céu.[169][173] Cada membro da Igreja terrestre
celebra e atua na liturgia "segundo a sua própria função, na unidade do
Espírito Santo: os
batizados oferecem-se em sacrifício espiritual
[…]; os Bispos e os presbíteros agem na pessoa de Cristo Cabeça",
representando-O no altar. Daí que só os clérigos (excetuando os diáconos) é que podem celebrar e conduzir a
Missa, nomeadamente a consagração da hóstia.
Toda
a liturgia centra-se no Domingo e "na Páscoa anual".[175] Embora o culto católico não
estivesse "ligado a nenhum lugar exclusivo, porque Cristo", e
logo toda a Igreja, "é o verdadeiro templo de Deus", a Igreja terrestre tem necessidade
de reunir-se em certos lugares sagrados (ex: igrejas, capelas e catedrais) "para celebrar a liturgia".[176] Apesar de celebrar o único Mistério
de Cristo, a Igreja possui muitas tradições litúrgicas diferentes, devido ao seu
encontro, sempre fiel à Tradição católica,
com os vários povos e culturas. Isto constitui uma
das razões pela existência das 23 Igrejas sui juris que compõem a Igreja Católica.
Sacramentos
A
Igreja Católica acredita que os sete sacramentos foram instituídos por Jesus Cristo e confiados à Igreja, durante o seu
ministério, como "sinais sensíveis e eficazes […] mediante os quais nos
é concedida a vida" e a graça divinas. Através deles, "Cristo
age e comunica a graça, independentemente da santidade pessoal do ministro", embora
"os frutos dos sacramentos dependam também das disposições de quem os
recebe". Sobre os sacramentos, São Leão Magno diz:
"«o que era visível no nosso Salvador passou para os seus sacramentos»".
Ao
celebrá-los, a Igreja Católica alimenta, exprime e fortifica a sua fé, sendo
por isso os sacramentos uma parte integrante e inalienável da vida de cada
católico e fundamentais para a sua salvação. Isto porque eles conferem ao crente a graça divina, os dons do Espírito Santo, "o perdão dos pecados, […] a conformação a Cristo Senhor e a pertença à
Igreja", que o torna capaz "de viver a vida nova de filhos de
Deus em Cristo acolhido com a fé". Daí a grande
importância dos sacramentos na liturgia católica.
Os sete sacramentos marcam as várias fases
importantes de vida cristã, sendo estes divididos em três categorias:
- sacramentos da iniciação cristã (Batismo, Confirmação e Eucaristia), que "lançam os
alicerces da vida cristã: os fiéis, renascidos pelo Batismo, são
fortalecidos pela Confirmação e alimentados pela Eucaristia";
- sacramentos da cura (Reconciliação e Unção dos enfermos),
que possibilitam à Igreja a cura e o fortalecimento da "vida nova,
que Jesus nos deu nos sacramentos da iniciação cristã", visto que
ela "pode ser enfraquecida e até perdida por causa do pecado";[183]
- sacramentos ao serviço da comunhão e
da missão (Ordem e Matrimônio),
que "conferem uma graça especial para uma missão particular na
Igreja em ordem à edificação do povo de Deus", contribuindo
especialmente "para a comunhão eclesial e para a salvação dos
outros"
"Todos os sacramentos estão ordenados para a
Eucaristia «como para o seu fim» (S. Tomás de
Aquino)". Na Eucaristia,
renova-se o mistério pascal de Cristo,
actualizando e renovando assim a salvação da humanidade.
Salvação e Santidade
Segundo
a soteriologia católica, a salvação, que é oferecida por Deus, realiza-se,
após a morte, no Céu, "com a visão de Deus, face a face,
e comunhão eterna com Ele" e, após a ressurreição final, no seu novo Reino (veja também a secção Morte e Vida
eterna). Esta salvação, que conduzirá o Homem à santidade, à suprema felicidade e à vida eterna, pode ser conseguida por muitas
formas e caminhos, mas, para os católicos, ela deve ser obtida através da fé em
Jesus Cristo e "da adesão vital"
à Igreja fundada e encabeçada por Ele.
O
caminho de santificação do cristão
começou no momento do seu Batismo, quando ele recebeu
a graça santificante, e deve progredir com a ajuda
dos meios de salvação dispostos pela Igreja. Esta progressão, que busca também
a perfeição, deve ser sempre motivada pela esperança da salvação e animada pelo "fervor
da caridade". Este fervor traduz-se na
realização dos ensinamentos cristãos (que se resumem nos mandamentos de amor)
e na prática das boas obras, que
exprimem a fé em Cristo e eliminam as penas temporais
causadas pelo pecado. Esta postura e ação do católico e da Igreja contribuiria
também para a construção de um mundo melhor e para a aceleração da realização
do Reino de Deus na Terra.
Este
caminho espiritual "terá o seu acabamento na ressurreição final". No novo Reino de Deus, cada santo ou salvo gozará
eternamente, em "íntima união com Cristo e, n’Ele, com a Santíssima Trindade",
a plenitude da felicidade e da santidade. Por esta razão, todos "são
chamados à plenitude da vida cristã e à perfeição da caridade", que é justamente a definição
de santidade.[188]
Justificação, Graça, Misericórdia, Mérito e Liberdade
Devido
ao pecado e à queda do Homem, "a salvação é necessária, e é Deus Quem salva,
através de Jesus Cristo" e do seu mistério pascal. Logo, a partir disto, todos os
pecados dos homens, no passado e no futuro, serão perdoados por Deus, desde que
os homens se arrependam de um modo livre e sincero Por outras palavras, a
salvação deve-se à justificação,
que é "a ação misericordiosa e gratuita de Deus" de nos
conceder a salvação. Por isso, esta ação não é fruto do "merecimento
humano", mas somente da misericórdia e da graça divinas.
A graça é um dom sobrenatural ou "socorro
gratuito que Deus nos dá" para sermos "capazes de agir por
amor d’Ele", para conceder aos homens todos os bens (espirituais ou
materiais) necessários à sua existência e também para tornar-nos filhos de Deus
e "participantes da natureza divina, da Vida Eterna" Aliás,
"a própria preparação do homem para acolher" livremente a
graça "já é obra da graça" e da predestinação
(não-absoluta) de Deus. Existem vários tipos de graça, sendo o mais importante
a graça habitual ou santificante,
que é a origem, o início e a responsável pela justificação, conversão e santificação dos homens e por isso
"nos foi merecida pela paixão de Cristo e nos foi dada no Baptismo".Além desta graça, existem
ainda as graças atuais, as graças sacramentais e as graças especiais (ou carismas).
Na
dinâmica da justificação, a liberdade é fundamental porque "Deus age
de forma livre, concedendo a graça, e a resposta do homem também deve ser
livre, pois «a alma só pode entrar livremente na comunhão do amor»".Por
isso, pode-se dizer que "a concretização da salvação de cada pessoa
depende também da sua adesão de fé e caridade ao Salvador",
estabelecendo-se assim uma colaboração indissociável entre a graça e o livre-arbítrio do Homem de escolher entre a
redenção e a perdição.
Isto
explica o fato de a santidade não ser atingido
por todos, apesar da vontade de Deus de salvar toda a humanidade. Há sempre
pessoas que vão para o Inferno, simplesmente porque
recusaram livremente o arrependimento e a graça da salvação, mesmo até no momento da
morte. Mas a liberdade, que foi concedida por Deus, permite também à humanidade
receber "o grande presente que brota do sacrifício redentor de Cristo: o participar
livremente na construção do seu Reino"
e o "tomar o nosso lugar no plano de Deus", como seus filhos e
"co-herdeiros de Cristo".
Esta
nossa participação, para além da fé, assenta-se também na prática quotidiana
das boas obras, cujo mérito ou direito à recompensa deve "ser
atribuído antes de mais à graça de Deus e depois à vontade livre do homem".
O homem, que juridicamente "não pode merecer nada" porque
recebeu tudo gratuitamente de Deus, pode merecer, por concessão e caridade de Deus, "as graças úteis para
nos santificarmos e para alcançar a vida eterna, bem como os bens temporais
necessários segundo os desígnios de Deus". Mas, ninguém pode ter o
mérito da graça santificante
Enquanto
reconhece que Deus ama todos os homens e lhes dá a
possibilidade de se salvarem (cf. 1 Tim 2, 4), a Igreja professa que Deus
constituiu Cristo como único mediador e que ela própria foi posta como
instrumento universal de salvação. […] A universalidade da salvação em Cristo não significa que ela se destina apenas
àqueles que, de maneira explícita, crêem em Cristo e entraram na Igreja. Se é destinada a todos, a salvação deve ser posta concretamente à
disposição de todos. É evidente, porém, que, hoje como no passado, muitos
homens não têm a possibilidade de conhecer ou aceitar a revelação do
Evangelho, e de entrar na Igreja. Vivem em condições socio-culturais que o
não permitem, e frequentemente foram educados noutras tradições religiosas.
Para eles, a salvação de Cristo torna-se acessível em virtude de uma graça que, embora dotada de uma misteriosa
relação com a Igreja, todavia não os introduz formalmente nela, mas ilumina
convenientemente a sua situação interior e ambiental. Esta graça provém de
Cristo, é fruto do Seu sacrifício e
é comunicada pelo Espírito Santo:
ela permite a cada um alcançar a salvação, com a sua livre colaboração, […]
de um modo que só Deus conhece.
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Comunhão dos santos
A
"comunhão dos santos"
indica, por um lado, "a participação de todos os membros da Igreja nas coisas santas (sancta): a fé,
os sacramentos […], os carismas e os outros dons espirituais".[215] Por outro lado, e mais vulgarmente,
significa a união viva "de todos os cristãos em estado de graça (ou seja, que não estão manchados
por pecados mortais e, portanto, são considerados santos
em sentido lato), que estão em três estádios espirituais diferentes:[216][217]
- "Igreja militante",
formada pelos "peregrinos na terra" que não têm nenhum
pecado mortal cuja culpa ainda não foi perdoada.[216][217]
- "Igreja padecente",
"composta pelas almas que ainda padecem no Purgatório" [216] e que, por isso, necessitam das
nossas "orações de sufrágio, em particular o Sacrifício eucarístico, mas também [das
nossas] esmolas, indulgências e
obras de penitência" (ex: sacrifícios e boas obras),[218] para acelerar a sua purificação e
posterior entrada no Céu.[217]
- "Igreja triunfante",
formada pelos habitantes do Céu, que alcançaram a eterna e
definitiva santidade e que,
portanto, "intercedem por nós"
junto de Deus.[216][217]
Todos
estes são irmãos e membros da Igreja, logo eles podem
intercederem e ajudarem-se mutuamente, através de orações, boas obras, sacrifícios e indulgências.[216] Mas, a Igreja é também constituída
por pessoas que têm pecados mortais, embora sejam consideradas como membros
imperfeitos e, por isso, não entram na comunhão dos santos, se considerarmos a
segunda definição.[217]
Vulgarmente
e em sentido mais restrito, um santo é considerado somente
como uma pessoa canonizada ou beatificada (ou seja, reconhecida) pela Igreja
por se distinguir pela sua santidade. Por isso, a
Igreja reconhece-a, com certeza, como um habitante do Céu, uma intercessora dos
homens junto de Deus e um modelo exemplar de imitação. Além disso, um Santo é
ainda digno de culto, mas, apenas
de veneração (a dulia), que é diferente do culto de adoração à Santíssima Trindade.[186] Pode-se dizer então que um Santo
canonizado ou beatificado é um habitante do Céu digno de veneração pelos fiéis
e mais ilustre e conhecido do que os santos anónimos do Céu.[217]
Virgem Maria: Mãe de Deus
De
acordo com a Mariologia católica,
"Deus escolheu gratuitamente Maria desde
toda a eternidade para que fosse a Mãe de seu
Filho: para cumprir tal missão, foi […] preservada do pecado original desde a sua concepção"
(Imaculada Conceição).[219] O arcanjo Gabriel anunciou à Virgem Maria que Deus faria com que ela
concebesse Jesus "do Espírito Santo", ou seja, em virgindade e sem participação de homem algum.[94] Logo, o Espírito faz dela a Mãe de
Cristo e, como Jesus Cristo é o próprio Deus encarnado, também a Mãe de Deus.[120][220] Maria aceitou obedientemente esta
missão divina tão necessária à salvação. Casou-se com São José, que assumiu a paternidade terrena de
Jesus, mas, mesmo assim, ela conseguiu conservar a sua virgindade por toda a vida.[221]
Devido
ao fato de ter concebido Jesus, que é a Cabeça da Igreja, ela torna-se, por isso, também
na "Mãe da Igreja"
e na "verdadeira Mãe dos vivos", sendo a
sua maternidade espiritual estendida "a todos os homens que Jesus veio
salvar". Ela "coopera com amor
de mãe no nascimento e na formação na ordem da graça" de qualquer ser humano.[222] Após a sua assunção ao céu,
ela "continua a interceder pelos seus
filhos e a ser para todos um modelo de fé e de caridade". Os católicos "vêem
nela uma imagem e uma antecipação da ressurreição que os espera", sendo
por isso o "ícone escatológico da Igreja"
(ou a realização mais perfeita da Igreja).[223]
O culto de veneração a Maria (chamado de hiperdulia) difere "essencialmente
do culto de adoração, prestado apenas à Santíssima Trindade".
O culto mariano é expresso "nas festas litúrgicas dedicadas à Mãe de Deus", nas peregrinações aos locais onde Maria apareceu
e "na oração mariana, como o santo Rosário".[224] Uma das principais causas da devoção popular e
do culto a Maria tem a ver com a crença dos católicos na poderosa intercessão de Maria junto de Deus, o
destinatário último de todas as orações e pedidos dos homens.[225][226]
Morte e Vida eterna
Segundo
a escatologia católica, após a morte de cada
pessoa, a sua alma separa-se do seu corpo
mortal e corruptível, iniciando assim a sua vida eterna, que "não terá fim"
e que é "precedida para cada um por um juízo particular
realizado por Cristo […] e que será confirmada pelo juízo final".[227] Este juízo final realizar-se-á nos
últimos momentos antes do fim do mundo.[228]
Juízo particular
Basicamente,
o juízo particular
"é o julgamento de retribuição imediata, que cada um, a partir da morte,
recebe de Deus na sua alma imortal, em relação à sua fé e às suas obras"
realizadas durante o seu caminho de santificação terrestre.[229] Após essa epifania particular, a
alma será destinada a estar:
- no Paraíso (ou Céu), que é o estado de salvação e de "felicidade suprema e
definitiva", reservado somente às pessoas que, devido à aceitação
de Deus (e do seu amor) e ao
seu arrependimento,
morreram em estado de graça,
isto é, sem "manchas" de qualquer pecado. Estes santos formam assim a Igreja triunfante,
"onde vêem Deus «face a face» (1 Cor 13,12), vivem em comunhão de
amor com a Santíssima Trindade
e intercedem por nós".[230]
- no Purgatório, que "é o estado dos que
morrem na amizade de Deus, mas, embora seguros da sua salvação eterna,
precisam ainda de purificação para
entrarem" puros no Céu. Esta purificação temporária, que "os
fiéis ainda peregrinos na terra" podem ajudar a acelerar (veja a
subsecção Comunhão dos santos), consiste na eliminação das penas temporais
dos pecados cujas culpas já estão perdoadas.[231]
- no Inferno, que "consiste na
condenação eterna daqueles que, por escolha livre", decidiram
viver eternamente separados de Deus. Mais concretamente, eles recusaram
Deus, o Seu "amor misericordioso" e a Sua graça de salvação, escolhendo
voluntariamente "persistir no pecado mortal", mesmo até no momento
da morte.[232] Estas decisões são respeitadas
por Deus, porque Ele criou o homem como um ser "livre e
responsável", apesar de Ele "querer «que todos tenham
modo de se arrepender» (2Ped 3,9)".[233]
Esta
doutrina escatológica, que trata sobre o destino individual das almas após a
sua morte, está sintetizada nos chamados novíssimos, que são quatro: "morte,
juízo, inferno e paraíso". O purgatório não entra porque é só um
estado espiritual transitório e temporário.[234]
Fim do mundo, Juízo Final, Ressurreição e
Reino de Deus
Acerca
do destino coletivo do Homem no fim do mundo, a Igreja ensina que ocorrerá um Juízo final nos últimos momentos que precedem ao
fim do mundo, "do qual só Deus conhece o dia e a hora".[228] Mesmo antes disso, Jesus Cristo, que
também "verdadeiramente ressuscitou dos mortos e vive para sempre",
ressuscitará toda a humanidade, dando, mais concretamente, uma nova vida, mas
desta vez imortal, para todos os corpos que pereceram. Neste momento, todas as almas,
quer estejam no Céu, no Purgatório ou no Inferno, regressarão definitivamente aos seus
novos corpos.[235]
Assim
sendo, toda a humanidade reunir-se-á diante de Deus, mais concretamente de
Jesus, que irá regressar triunfalmente à terra "como
juiz dos vivos e dos mortos". Ele confirmará os inúmeros juízos
particulares e permitirá consequentemente que o corpo ressuscitado possa "participar
na retribuição que a alma teve no juízo particular".
Esta retribuição consiste na "vida bem-aventurada" e santa
(para os que estão no Céu ou no Purgatório) ou "na condenação eterna"
(para os que estão no Inferno).[236]
Depois
do juízo final, dá-se finalmente o fim do mundo. O antigo mundo, que foi criado no
início por Deus, é "libertado da escravidão" do pecado e
transformado nos "«novos céus e na nova terra» (2 Ped 3,13)".
Neste novo estado de coisas, é também "alcançada a plenitude do Reino de Deus, ou seja, a realização definitiva
do desígnio salvífico de Deus de «recapitular em Cristo todas as coisas, as do
céu e as da terra» (Ef 1,10)". Nesse misterioso Reino, onde o mal é
inexistente, os santos (ou salvos) gozarão a sua vida e
felicidade eternas e "Deus será «tudo em todos» (1 Cor 15,28)",
formando assim uma grande família e comunhão de amor. Os condenados ou ímpios
(maus) viverão para sempre no "fogo eterno" e afastados do
Reino de Deus.[20]
Logo,
"todo o batizado é chamado à castidade" [278] porque a sexualidade só se "torna
pessoal e verdadeiramente humana quando integrada na relação de pessoa a
pessoa, no dom mútuo total e temporalmente ilimitado, do homem e da mulher",[276] ambos unidos pelo sacramento do Sagrado Matrimônio
(que é indissolúvel).[279] Por isso, os atos sexuais só podem
"ter lugar exclusivamente no Matrimônio;
fora dele constituem sempre um pecado grave".[280] Por estas razões, o sexo pré-marital,
"o adultério, a masturbação, a fornicação, a pornografia, a prostituição, o estupro" e os actos sexuais entre
homossexuais são condenados pela Igreja como sendo "expressões do vício da luxúria".[281]
Para a Igreja, o Amor é uma virtude teologal,[262] uma "dádiva de si mesmo"
e "é o oposto de usar" e de afirmar-se a si mesmo.[282] Aplicado nas relações conjugais
humanas, o Amor verdadeiramente vivido e plenamente realizado é uma "comunhão de entrega e receptividade",
de "dádiva mútua do eu e […] de afirmação mútua da dignidade de cada parceiro". Esta
comunhão "do homem e da mulher" é "um ícone da vida do próprio Deus" e "leva
não apenas à satisfação, mas à santidade".[283] Este tipo de relação conjugal
Antropologia teológica é
a parte da Teologia que estuda a realidade do ser humano
sob o ponto de vista da teologia.
O Homem: sua dignidade nativa
A
Revelação diz que o homem é uma criatura feita no tempo, que não teve
existência espiritual antes da corpórea. Os textos bíblicos não pretendem
apresentar dados científicos, mas mostrar o relacionamento de Deus com os homens,
sua superioridade em relação à natureza, etc. O homem é apresentado como imagem
e semelhança de Deus, sendo Jesus imagem verdadeira do Pai, e nós, seu reflexo.
O homem é “imagem de Deus”, porque foi criado com a capacidade de conhecer e
amar seu Criador.
A estrutura do ser humano
O
homem é um organismo psicofísico de corpo e alma, em perfeita unidade e
complementaridade.
Alma
e corpo se apresentam como duas substâncias independentes, porém, formando uma
unidade. A alma é imortal ao passo que o corpo é corruptível, embora destinado
à ressurreição. Entre corpo e alma existe uma dualidade perfeita, ao contrário
do dualismo maniqueísta que coloca o corpo como cárcere da alma.
A
visão perfeita da estrutura do ser humano nos apresenta são Tomás de Aquino. Ele
diz que a alma é a forma do corpo, podendo subsistir sem a matéria corporal,
pois mantém sua operação intelectiva aprendida mediante a operação sensorial.
Sobre a espiritualidade e imortalidade da
alma
Os
documentos do Magistério da Igreja afirmam que a alma é espiritual, fazendo da
espiritualidade a fundamentação racional para a afirmação da imortalidade. Se a
alma é espiritual, não pode ser corrompida, pois sendo espírito dotado de
existência própria e independente da matéria, não se extingue com a corrupção
do corpo. A Revelação não apresente profundamente o caráter natural ou
sobrenatural da imortalidade da alma, pois a Escritura considera toda a vida do
ser em relação a Deus.
O Homem e a Mulher
Segundo
o dogma da criação, Deus criou o homem e a mulher à sua “imagem e semelhança”,
com aptidão para a vida na graça e deu-lhes a missão de perpetuar a espécie,
através de sua sexualidade, embasados no amor, que ultrapassa o plano carnal e
exprime uma vinculação e complementação profunda dos dois.
Homem
e mulher são seres idênticos e complementares: idênticos quanto à natureza, e
complementares quanto às particularidades físicas e psicológicas. Realizam-se
humanamente e santificam-se mutuamente dentro da Lei Moral.
Têm
igual dignidade, embora no Antigo Testamento a mulher tenha sua participação
limitada na sociedade. Porém, no Novo Testamento, essa situação muda,
principalmente por causa da participação de Maria.
Dentro
dessa igualdade, a sexualidade humana é orientada para o matrimônio monogâmico
indissolúvel, destinado à complementação mútua e à procriação da espécie, sendo
no Novo Testamento elevado, por Cristo, à categoria de Sacramento.
O Concurso Divino
Desde
que começou a meditar sobre a Providência, o homem se pergunta como conciliá-la
com a liberdade das criaturas, pois a Providência lhes tiraria a liberdade.
Chegou-se
à conclusão de que Deus está na raiz do ser e do agir das criaturas. Deus dá e
conserva o seu agir. E mais, as criaturas só conseguem agir porque são
dependentes de Deus e como tais, são instrumentos nas mãos do Criador. Tudo o
que a criatura faz é mais obra de Deus do que dela própria.
A Providência e o Mal
Esta
é outra questão que surge ao homem: como aliar a verdade da Providência com a
existência do mal?
Antes
de tudo se deve distinguir duas categorias do mal: o sofrimento que é contra a
vontade do homem, ou seja, a dor, a miséria, a aflição, etc.; e a maldade, que
é própria do homem, pois parte de sua vontade, que são o crime, o pecado,
etc...
As
religiões têm concepções diversas sobre o tema, chegando algumas delas a
atribuírem o mal à providência e a seus deuses.
Outras
atribuem, num dualismo latente, o mal a um princípio mal, e o bem a um
princípio bom, numa concepção maniqueísta platônica.
O
pensamento filosófico moderno, de fundo ateísta, considera o sofrimento um mal
necessário, já que o homem é apenas uma peça na engrenagem que faz o mundo
funcionar. Tudo pode ser resolvido pela técnica e pelo progresso.
O
cristianismo tem outra compreensão do problema do mal, tendo em vista dois pensamentos
básicos: primeiro, que o sofrimento não é uma ilusão. É passageiro, mas existe.
É fruto do pecado do homem; segundo, que a morte entra no mundo por causa do
pecado do homem.
E
não há nada de mal que aconteça no mundo que não passe pelo crivo da Providência.
Conseqüentemente, o mal não é eterno, mas sempre esteve sob o controle de Deus.
Isto
não significa que Deus seja o autor do mal, pois o mal é a ausência de um bem
devido.
Surge,
então, a questão de como e porque o mal existe. A resposta é que Deus criou o
mundo em estado de “caminhada”, para atingir a perfeição última e, enquanto não
atingi-la, o mal permanecerá, já que Deus criou tudo bom, mas o desvio das
criaturas produz o mal.
Resumindo:
Deus é o Senhor do mundo e da história, mas os caminhos de sua Providência
muitas vezes nos são desconhecidos. Somente quando estivermos “face a face” com
ele, teremos pleno conhecimento dos caminhos pelos quais terá conduzido sua
criação até a glória definitiva.
Providência sobrenatural
Todos
os seres criados, de maneira especial os homens e os anjos, estão sob o regime
da providência sobrenatural.
Sob
essa Providência, Deus tem um desígnio a nosso respeito: oferece-nos a salvação
através da mediação de Cristo.
A
Utilização do termo “sobrenatural” não exclui o que é “natural” ao ser humano.
Porém, não se pode relativizar e achar que o homem vai encontrar a felicidade
no plano meramente natural, pois Deus propôs à humanidade uma vocação
sobrenatural, desaparecendo assim, todo lugar para um fim último natural. As
duas dimensões integram a existência humana de forma intrínseca.
A História da Salvação
Deus
se associa na nossa história no plano pessoal, e nos dá a graça através da fé.
Mas também se associa no plano social e universal da história, através de suas
obras.
É o
que costuma se chamar de História da Salvação. Mas nem por isso o homem está
livre das tribulações cotidianas.
Porém,
Deus dá a todos a graça para que, perseverantes na prática do bem, procurem a
salvação.
Deus
revela seu plano de salvação e vem até o meio de seu povo. Entra na história de
suas criaturas, tornando-se muito próximo do homem, comunicando-se por ações e
por sua Palavra, pois a Revelação vem associada a acontecimentos, de modo que
esses eventos ilustram e fundamentam as palavras e as palavras decifram esses
eventos.
Os sinais de Deus
Na
História da Salvação, Deus se faz presente por sinais, sendo Jesus o sinal
máximo entre todos os outros, pois é a imagem visível do Deus invisível.
Existem
outros sinais: os milagres de Cristo e diversos outros que aconteceram ao longo
da História da Salvação. Os milagres apontam para Deus, seu autor e estão a
serviço da manifestação divina.
PROF. ULISSES ABRUZIO
MESTRE EM CIÊNCIAS DA RELIGIÃO
– PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA – PUC – SP
ANTROPOLOGIA TEOLÓGICA
1.
Origem e evolução da Antropologia
A Antropologia
(anthropos
= homem, ser humano; Logos = estudo,
tratado) surgiu com o filósofo grego Heródoto, no século V a.C. Por ser o
primeiro, pelo que se sabe, a tratar sistematicamente do tema é considerado o
pai da Antropologia. Ao longo da história, porém, esta ciência passou por
grandes mudanças, gerando várias correntes. Destacamos três delas:
a) A
Antropologia Filosófica pagã, mas aberta ao transcendente. Os filósofos antigos buscavam a autonomia da razão, mas não
desprezavam ou negavam a possibilidade da existência de divindades e até as
levavam em conta, chegando até mesmo à divinização do cosmos.
b) A Antropologia
Teológica (de índole judaico-cristã). É a que estuda o ser humano (Anthropos)
tendo como referência fundamental Deus (Theos).
Passou-se da centralização no cosmo divinizado (fase pagã) para Deus, quando o cristianismo suplantou a visão grega
da realidade e colocou tudo o que existe na relação com o Deus revelado (fase cristã). A Antropologia teológica
trabalha sobre a profundidade do ser: origem e fim,
riquezas e limites, aspirações e linguagem, comportamentos, mas à luz da
revelação divina. Visa-se chegar a algo fundamental: o ser humano é capaz de
Deus, de acolhê-lo, conviver com ele, em comunhão e parceria com ele (cf. Catecismo da Igreja Católica – nºs 27-73).
Há um pressuposto para
esta vertente da Antropologia: Deus não é uma fantasia ou um agregado mental na
vida humana. Ele integra a própria estrutura humana e lhe confere a vocação
transcendente, que impulsiona o ser humano a ir além de si, a aspirar ao
infinito, a reconhecer suas limitações (fraqueza, enfermidade, erros, morte,
pecado), que o desafiam a respeito do sentido da vida, do sofrimento, da morte
e da pós-morte. Deus lhe dá ao ser humano a capacidade de reconhecer o valor de
tudo o que existe e de transcender à realidade do aqui-agora, por um valor
maior e mais plenificador. É exatamente esta busca do transcendente que ele
humaniza de modo maravilhoso a si mesmo como ser humano (o humanum), isto é, quanto mais ele se insere em Deus e no Projeto
dele, mais encontra a felicidade. E é esta extraordinária capacidade que o faz,
também, humanizar tudo no cosmos, estudá-lo, manipulá-lo e canalizar todas as
suas riquezas em vista da felicidade, um desejo insaciável que faz parte de seu
ser como gente.
Aos poucos apareceram dois princípios
estruturais na antropologia teológica: o arquitetônico e o hermenêutico. O arquitetônico como eixo do ordenamento
de todos os eventos da história da salvação em função de um Plano que Deus tem
para a história do cosmos, da terra e da humanidade: é o Plano Salvífico. O hermenêutico como portador da verdade
primária sob cuja luz a teologia procura compreender e interpretar e interligar
os aspectos da história da salvação.
c) A Antropologia
Filosófica Secularista realiza a mudança da centralização em Deus para a
centralização no homem, mas sem Deus. Este passo ocorreu na época moderna em
conseqüência da secularização e do ateísmo, este último desenvolvido no seio da
filosofia européia e, especialmente, pelo comunismo. Para os filósofos
secularistas, Deus desaparece de cena e cede lugar ao homem. O espírito humano
abre-se a um novo modo de ver e agir. Dá-se um violento contraste com o modo
precedente de entender todas as coisas e acontecimentos, que tinha Deus como
centro de tudo e de todo interesse humano, e passa a assumir o homem como
centro de tudo. Acontece, portanto, a passagem do teocentrismo para o antropocentrismo. Os mais importantes filósofos
dessa virada histórica do modo de pensar o sentido e a razão de ser do ser
humano são Descartes, Hume, Spinosa, Hobbes, Kant. Mas é Immanuel Kant, sem
dúvida, quem atinge o ápice do pensamento independente da referência a Deus, à
religião, ao afirmar que o homem não é mais simplesmente o ponto de partida,
mas também o ponto de chegada da reflexão filosófica e de toda a história. É
ele que abre as possibilidades para que dali em diante muitos filósofos dêem
continuidade, aprofundem e motivem levar à prática o secularismo ateu.
2.1 –A humanidade continua sua busca do sentido da vida e da
história, do sentido da existência do cosmos e de tudo o que nele existe,
especialmente do próprio ser humano na complexidade da história do cosmos.
Multiplicam-se sem cessar artigos, livros, filmes, canções, obras de arte, que
alimentam o debate levando-se em conta a existência de Deus nesta trama
misteriosa do mundo e da vida humana ou negando-a, ridicularizando-a e
considerando toda e qualquer religião como uma invenção prejudicial ao ser
humano.
A Igreja continua firme em sua fé e em sua
missão, afirmando que o mistério do ser humano só encontra sua verdadeira
explicação e compreensão no mistério do Verbo encarnado, isto é, no Filho de Deus
que assumiu a condição humana na história com o nome de Jesus de Nazaré (cf. GS 22). Para a Igreja o referencial é o ser
humano [1][1] criado à imagem e semelhança do próprio
Deus (mistério da criação). Este ser humano, no uso de sua liberdade, assim o
ensina a Igreja, rompeu com o seu Criador (pecado original), Deus, porém, não
somente não o abandonou, mas deixou plasmado na natureza própria do ser humano
a necessidade de Deus e o impulso natural para buscá-lo. E ele concedeu à
liberdade humana a graça do chamado incessante para restabelecer a união
homem-Deus, Deus-homem. Depois de manifestar-se de muitos modos ao longo da
história, quando chegou à plenitude do tempo, na linguagem bíblica, Deus
deu-lhe a maior prova de amor, o seu próprio Filho divino em forma humana (cf.
Hb 1, 1; 1Jo 4, 9-10), que viveu entre nós com plenitude humana, como o ser
humano perfeito, por ser ao mesmo tempo “verdadeiramente Deus e verdadeiramente
homem”.
Portanto, assim crê a Igreja, é pelo Cristo
que o ser humano é “justificado” (recupera a justiça perdida pelo pecado).
É em direção a Cristo, o referencial
humano-divino que, na liberdade, o ser humano procura alcançar progressivamente
e com o impulso da graça que ele nos alcançou, “o estado adulto, a estatura de
Cristo em sua plenitude” (Ef. 4,13). É este o cerne da Antropologia teológica
cristã.
É a partir do
olhar antropológico-teológico que detectamos o que a Revelação diz sobre o ser
humano no contexto da obra da criação: uma criatura feita no tempo e que não
teve existência espiritual antes da corpórea para usufruir da felicidade neste
mundo e da glória de Deus na vida eterna feliz.
Este mesmo olhar
de comunhão, assim plena, considera o homem como “imagem e semelhança de Deus”
e tem a Jesus como a imagem verdadeira do Pai, e nós, como seu reflexo. E o ser
humano como “imagem de Deus” (imago Dei), carrega em si mesmo as
marcas do Criador, do Filho Redentor e do Espírito Santificador, principalmente
em sua a capacidade de conhecer e amar o Pai, por meio de Filho, no amor do
Espírito Santo e como co-criador e cooperado em seu Plano de Amor sobre
o mundo e a humanidade.
2.3 Homem e a Mulher. Segundo o dogma da criação,
Deus criou o homem e a mulher à sua “imagem e semelhança”, com aptidão para a
vida na graça e com dons, talentos, tendências e capacidades para cooperar no
desenvolvimento deles mesmos até alcançar a plenitude deste crescimento pessoal
e social e, também, para trabalharem no desenvolvimento e aperfeiçoamento do
cosmos, primeiramente garantindo a continuidade de novos seres humanos na
história. Deus, segundo a fé cristã, ao fazer o mundo com tudo o que ele
encerra, deu a todos os seres a capacidade de se prepetuarem na história e se
aperfeiçoarem.
A fé revelada diz
que ambos têm igual dignidade, embora no Antigo Testamento, dentro das
limitações da evolução da consciência e da praxis humana naquela época, a
mulher tenha tido sua participação restringida na família, sociedade e na
religião, o que imcompreensivelmente ainda perdura em muitas partes do mundo e
nas religões todas, inclusiva na cristã. No Novo Testamento, essa situação tem
tudo para ser mudada a partir do fato de Jesus ter aberto espaço para a mulher
e, também por Deus ter dado um destaque todo especial a Maria de Nazaré, Mãe do
Senhor Jesus, na história da salvação. A Igreja cristã, porém, deixou-se
dominar pela ideologia machista do judaísmo do qual brotou e, também, da
cultura greco-romana na qual se inseriu, e isso perdura até hoje. Ela não
assumiu realmente a “igualdade da dignidade humana entre homem e mulher”,
restando-lhe, portanto, uma dívida história, que ainda está longe de ser
solucionada.
A Igreja cristã
ensina que a sexualidade-genitalidade humana encontra sua perfeita orientação e
canalização no matrimônio monogâmico indissolúvel, destinado à complementação
mútua no amor conjugal e familiar e à procriação da espécie para perpetuá-la no
mundo.
2.4 O mistério
do mal: Pecado e Justiça Original. A Antropologia teológica
estuda, também, a historicidade, fragilidade, finitude humana com base em dados
bíblicos. Ela explicita que o ser humano perdeu a justiça original (sua
harmonia plena), quando cometeu o pecado convencionalmente denominado de
original. Para reconquistar esse estado foi necessária a redenção, oferecida
gratuitamente por Deus e selada no mistério pascal de Jesus Cristo. Embora o
ser humano recupere esse estado original no Batismo, a teologia ensina que as
conseqüências do pecado original continuam a existir enquanto permanecemos
neste mundo. Disso decorre que todo ser humano não apenas deve ser
constantemente vigilante para não errar, mas, que ao pecar - pois isso acontece
e sempre acontecerá -, ele tome consciência e se levante, confiante na
misericórida de Deus e no seu próprio esforço, para continuar crescendo na
fidelidade ao seu infinito amor de Pai e Mãe.
O “pecado original” foi apresentado e continua
sendo apresentado como “o tipo” do pecado, pelo qual teria o ser humano
começado a utilizar a liberdade para se tornar autônomo e independente em
relação a Deus, fazendo-se a si mesmo um absoluto. Deste modo, com o pecado de
um ou de alguns, todos pecaram e estão na condição de pecadores. A participação
dos descendentes no “pecado de Adão e Eva” se dá, portanto, pela
“solidariedade” universal dos próprios seres humanos como corresponsáveis pela
instalação do mal no mundo e por sua continuidade ao longo da história.
3. Catequese e realidade humana. Partir de realidade humana (ver) é
óbvio no modo de Jesus ser, ensinar, fazer. O episódio dos Discípulos de Emaús
(Lc 24, 13-35) evidencia isso, logo no começo, quando Jesus se soma aos dois
caminhantes. Ele observa, escuta atentamente, interroga sobre o sofrimento
deles, sobre o que de tão grave aconteceu para deixá-los assim tão abatidos e
fazê-los desistir de tudo e fugir... Só depois de cuidar da realidade humana
dos dois discípulos, da situação social, política e religiosa deles é que Jesus
ousa dar sua opinião, iluminando tudo a partir das Escrituras Sagradas, desde
Moisés. Mas ele o faz com tal pedagogia que chega a atingir a natureza humana
integral dos dois, fazendo seus corações arderem, mobilizando-os para a oração,
para a eucaristia e para a missão. Durante sua missão de ensinar ele está
atento às pessoas e se sensibiliza com os sofrimentos, de modo especial a fome
e as doenças e as injustiças sociais. De acordo com este olhar atento sobre as
manifestações da natureza humana Jesus adapta e incultura seu modo de ser e
viver, sua mensagem e sua missão. Como judeu não se enquadra na racionalidade
dos argumentos, mas se interessa por afeto, sensibilidade, relações humanas,
sentimentos, amor, fraternidade, serviço, cura, justiça.
A Fé Antropológica é fé nos oprimidos. Ela nasce da práxis.
Práxis entendida como ação transformadora da situação de injustiça social, na
qual viva um indivíduo, um grupo, um povo. A Fé Antropológica é, pois,
conflitiva e sua racionalidade é a decisão dialética para a construção de uma
sociedade não opressora. Ela não se confunde simplesmente com a fé humana,
confiança em qualquer pessoa. Nem com a ideologia (de domínio ou de mudança),
proposta de um substitutivo, que tanto pode ser desumanizante como humanizador.
A racionalidade da Fé Antropológica, ao contrário, é sempre de-cisão para a
sobrevivência humanizante dos seres humanos. Muitas mulheres e homens cristãos,
bem como muitos ateus, vivem a Fé Antropológica. Jesus de Nazaré também viveu
sua Fé Antropológica. Sua preocupação-vertente foi a fome injusta que a maioria
de seu povo sofria. O presente trabalho quer mostrar que Jesus viveu
radicalmente a Fé Antropológica, sem que seja necessário negar sua divindade.
CATECISMO DA IGREJA CATÓLICA
A RESPOSTA DO HOMEM A DEUS
142. Pela sua
revelação, «Deus invisível, na riqueza do
seu amor, fala aos homens como amigos e convive com eles, para os convidar e
admitir à comunhão com Ele» (1). A resposta adequada a este convite é a fé.
143. Pela fé, o homem submete completamente a Deus a inteligência e a
vontade; com todo o seu ser, o homem dá assentimento a Deus revelador (2). A
Sagrada Escritura chama «obediência da fé» a esta resposta do homem a Deus
revelador (3).
EU CREIO
I. A «obediência da fé»
144. Obedecer (ob-audire)
na fé é submeter-se livremente à palavra escutada, por a sua verdade ser
garantida por Deus, que é a própria verdade. Desta obediência, o modelo que a
Sagrada Escritura nos propõe é Abraão. A sua realização mais perfeita é a da
Virgem Maria.
ABRAÃO – «O PAI DE TODOS OS CRENTES»
146. Abraão realiza
assim a definição da fé dada pela Epístola aos Hebreus: «A fé constitui a
garantia dos bens que se esperam, e a prova de que existem as coisas que não se
vêem» (Heb 11, 1). «Abraão acreditou em Deus, e isto foi-lhe atribuído
como justiça» (Rm 4, 3) (7). «Fortalecido» por esta fé (Rm 4,
20), Abraão tornou-se «o pai de todos os crentes» (Rm 4, 11. 18) (8).
147. O Antigo
Testamento é rico em testemunhos desta fé. A Epístola aos Hebreus faz o elogio
da fé exemplar dos antigos, «que lhes valeu um bom testemunho» (Heb 11,
2. 39). No entanto, para nós, «Deus previra destino melhor»: a graça de crer no
seu Filho Jesus, «guia da nossa fé, que Ele leva à perfeição» (Heb 11,
40; 12, 2).
MARIA – «FELIZ AQUELA QUE ACREDITOU»
149. Durante toda a
sua vida e até à última provação (11), quando Jesus, seu filho, morreu na cruz,
a sua fé jamais vacilou. Maria nunca deixou de crer «no cumprimento» da Palavra
de Deus. Por isso, a Igreja venera em Maria a mais pura realização da fé.
II. «Eu sei em quem pus a minha fé» (2 Tm 1, 12)
CRER SÓ EM DEUS
150. Antes de mais, a
fé é uma adesão pessoal do homem a Deus. Ao mesmo tempo, e
inseparavelmente, é o assentimento livre a toda a verdade revelada por Deus.
Enquanto adesão pessoal a Deus e assentimento à verdade por Ele revelada, a
fé cristã difere da fé numa pessoa humana. É justo e bom confiar totalmente em
Deus e crer absolutamente no que Ele diz. Seria vão e falso ter semelhante fé
numa criatura (12).
CRER EM JESUS CRISTO , FILHO
DE DEUS
151. Para o cristão,
crer em Deus é crer inseparavelmente n'Aquele que Deus enviou – «no seu Filho
muito amado» em quem Ele
pôs todas as suas complacências (13): Deus mandou-nos que O escutássemos (14).
O próprio Senhor disse aos seus discípulos: «Acreditais em Deus, acreditai
também em Mim» (Jo 14, 1). Podemos crer em Jesus Cristo , porque
Ele próprio é Deus, o Verbo feito carne: «A Deus, nunca ninguém O viu. O Filho
Unigênito, que está no seio do Pai, é que O deu a conhecer» (Jo 1, 18).
Porque «viu o Pai» (Jo 6, 46), Ele é o único que O conhece e O pode
revelar (15).
CRER NO ESPÍRITO SANTO
152. Não é possível
acreditar em Jesus Cristo
sem ter parte no seu Espírito. É o Espírito Santo que revela aos homens quem é
Jesus. Porque «ninguém é capaz de dizer: "Jesus é Senhor", a não ser
pela ação do Espírito Santo» (1 Cor 12, 3). «O Espírito penetra todas as
coisas, até o que há de mais profundo em Deus [...]. Ninguém conhece o que há
em Deus senão o Espírito de Deus» (1 Cor 2, 10-11). Só Deus
conhece inteiramente Deus. Nós cremos no Espírito Santo, porque Ele é
Deus.
A Igreja não cessa de confessar a sua fé num só Deus, Pai,
Filho e Espírito Santo.
III. As características da fé
A FÉ É UMA GRAÇA
153. Quando Pedro
confessa que Jesus é o Cristo, o Filho do Deus vivo, Jesus declara-lhe que esta
revelação não lhe veio «da carne nem do sangue, mas do seu Pai que está nos
Céus» (Mt 16, 17) (16). A fé é um dom de Deus, uma virtude
sobrenatural infundida por Ele. «Para prestar esta adesão da fé, são
necessários a prévia e concomitante ajuda da graça divina e os interiores
auxílios do Espírito Santo, o qual move e converte o coração para Deus, abre os
olhos do entendimento, e dá "a todos a suavidade em aceitar e crer a
verdade"» (17).
A FÉ É UM ATO HUMANO
154. O ato de fé só é
possível pela graça e pelos auxílios interiores do Espírito Santo. Mas não é
menos verdade que crer é um ato autenticamente humano. Não é contrário nem à
liberdade nem à inteligência do homem confiar em Deus e aderir às verdades por
Ele reveladas. Mesmo nas relações humanas, não é contrário à nossa própria
dignidade acreditar no que outras pessoas nos dizem acerca de si próprias e das
suas intenções, e confiar nas suas promessas (como, por exemplo, quando um
homem e uma mulher se casam), para assim entrarem em mútua comunhão. Por isso,
é ainda menos contrário à nossa dignidade «prestar, pela fé, submissão plena da
nossa inteligência e da nossa vontade a Deus revelador» (18) e entrar assim em
comunhão intima com Ele.
155. Na fé, a
inteligência e a vontade humanas cooperam com a graça divina: «Credere est
actas intellectus assentientis veritati divinae ex imperio voluntatis, a Deo
motae per gratiam» — «Crer é o ato da inteligência que presta o seu assentimento
à verdade divina, por determinação da vontade, movida pela graça de Deus» (19).
A FÉ E A INTELIGÊNCIA
156. O motivo de
crer não é o fato de as verdades reveladas aparecerem como verdadeiras e
inteligíveis à luz da nossa razão natural. Nós cremos «por causa da autoridade
do próprio Deus revelador, que não pode enganar-se nem enganar-nos» (20).
«Contudo, para que a homenagem da nossa fé fosse conforme à razão, Deus quis
que os auxílios interiores do Espírito Santo fossem acompanhados de provas exteriores
da sua Revelação» (21). Assim, os milagres de Cristo e dos santos (22), as
profecias, a propagação e a santidade da Igreja, a sua fecundidade e
estabilidade «são sinais certos da Revelação, adaptados à inteligência de
todos» (23), «motivos de credibilidade», mostrando que o assentimento da fé não
é, «de modo algum, um movimento cego do espírito» (24).
A ORAÇÃO NA VIDA CRISTÃ
534. O que é a oração?
2558-2565
2590
A oração consiste em elevar a alma a Deus ou em pedir a Deus bens conformes à sua vontade. Ela é sempre um dom de Deus que vem ao encontro do homem. A oração cristã é relação pessoal e viva dos filhos de Deus com o Pai infinitamente bom, com o seu Filho Jesus Cristo e com o Espírito Santo que habita no coração daqueles.
535. Porque é que existe um chamamento universal à oração?
2566-2567
Porque primeiramente Deus, através da criação, chama do nada todos os seres e ainda porque, mesmo depois da queda, o homem continua a ser capaz de reconhecer o seu Criador, conservando o desejo d’Aquele que o chamou à existência. Todas as religiões e, em especial, toda a história da salvação, testemunham este desejo de Deus por parte do homem, se bem que é sempre Deus que primeiro e incessantemente atrai cada uma das pessoas para o encontro misterioso da oração.
A
REVELAÇÃO DA ORAÇÃO NO ANTIGO TESTAMENTO
536.
Como é que Abraão é um modelo de oração? 2570-2573
2592
Abraão é um modelo de oração porque caminha na presença de Deus, O escuta e Lhe obedece. A sua oração é um combate da fé, porque ele continua a crer na fidelidade de Deus mesmo nos momentos de provação. Além disso, depois de receber na sua tenda a visita do Senhor, que lhe confia os seus desígnios, Abraão ousa interceder pelos pecadores, com audaciosa confiança.
537. Como rezava Moisés?
2574-2577
2593
A oração de Moisés é o tipo da oração contemplativa: Deus, que, da Sarça ardente, chama Moisés, conversa muitas vezes e longamente com ele «face a face, como um homem com o seu amigo» (Ex 33,11). Nesta intimidade com Deus, Moisés recebe a força para interceder tenazmente em favor do povo: a sua oração prefigura assim a intercessão do único mediador, Cristo Jesus.
538. Quais as relações do templo e do rei com a oração, no Antigo Testamento?
2578-2580;
2594
À sombra da morada de Deus – a Arca da Aliança e mais tarde o templo – cresce a oração do Povo de Deus, sob a orientação dos seus pastores. Entre eles, David é o rei «segundo o coração de Deus», o pastor que reza pelo seu povo. A sua oração é um modelo da oração do povo, pois é adesão à promessa divina e confiança cheia de amor n’Aquele que é o único Rei e Senhor.
539. Qual a importância da oração na missão dos profetas?
2581-2584
Os profetas recebem da oração luz e força para exortar o povo à fé e à conversão do coração. Entram numa grande intimidade com Deus e intercedem pelos irmãos, aos quais anunciam tudo o que viram e ouviram da parte do Senhor. Elias é o pai dos profetas, isto é, dos que procuram o Rosto de Deus. No Monte Carmelo, obtém o regresso do povo à fé, graças à intervenção de Deus, a quem suplica: «Responde-me Senhor, responde-me!» (1 Re 18,37).
540. Qual é a importância da oração dos salmos?
2579;
2585-2589
2596-2597
Os Salmos são o vértice da oração no Antigo Testamento: a Palavra de Deus torna-se oração do homem. Inseparavelmente pessoal e comunitária, esta oração, inspirada pelo Espírito Santo, canta as maravilhas de Deus na criação e na história da salvação. Cristo rezou os Salmos, e deu-lhes pleno cumprimento. E é por isso que eles permanecem um elemento essencial e permanente da oração da Igreja, adaptados aos homens de todas as condições e de todos os tempos.
A ORAÇÃO
PLENAMENTE REVELADA
E REALIZADA EM JESUS
541. Quem ensinou Jesus a rezar? E REALIZADA EM JESUS
2599
2620
Jesus, segundo o seu coração de homem, foi ensinado a rezar por sua Mãe e pela tradição judaica. Mas a sua oração brota duma fonte secreta, porque Ele é o Filho eterno de Deus, que, na sua santa humanidade, dirige a seu Pai a oração filial perfeita.
542. Quando Jesus rezava?
2600-2604
2620
O Evangelho apresenta muitas vezes Jesus
543. Como rezou Jesus na sua paixão?
2605-2606
2620
A oração de Jesus durante a agonia no Jardim de Getsemani e nas últimas palavras sobre a cruz revelam a profundidade da sua oração filial: Jesus conduz à sua realização o desígnio de amor do Pai e toma sobre si todas as angústias da humanidade, todas as interrogações e intercessões da história da salvação. Ele apresenta-as ao Pai que as acolhe e escuta, para lá de toda a esperança, ressuscitando-O dos mortos.
544. Como Jesus nos ensina a rezar?
2608 – 2614
2621
Jesus ensina-nos a rezar, não só com a oração do Pai nosso, mas também com a sua própria oração. Assim, para além do conteúdo, ensina-nos as disposições requeridas para uma verdadeira oração: a pureza do coração que procura o Reino e perdoa aos inimigos; a confiança audaz e filial que se estende para além do que sentimos e compreendemos; a vigilância que protege o discípulo da tentação; a oração no Nome de Jesus, nosso Mediador junto do Pai.
545. Porque é eficaz a nossa oração?
2615-2616
A nossa oração é eficaz porque está unida à de Jesus mediante a fé. N’Ele, a oração cristã torna-se comunhão de amor com o Pai. Podemos, neste caso, apresentar os nossos pedidos a Deus e ser atendidos: «Pedi e recebereis, assim a vossa alegria será completa» (Jo 16,24).
546. Como é que a Virgem Maria rezava?
2617; 2622;
2618;2674;
2679
A ORAÇÃO NO TEMPO DA IGREJA
548. Como rezava a primeira comunidade cristã de Jerusalém?
2623 - 2624
No início dos atos dos Apóstolos está escrito que na primeira comunidade de Jerusalém, educada pelo Espírito Santo na vida de oração, os crentes «eram assíduos ao ensino dos Apóstolos, fiéis à união fraterna, à fração do pão e às orações» (At 2, 42).
549. Como intervém o Espírito Santo na oração da Igreja?
2623; 2625
O Espírito Santo, Mestre interior da oração cristã, forma a Igreja para a vida de oração e a faz entrar cada vez mais profundamente na contemplação e na união com o insondável mistério de Cristo. As formas de oração, tais como as revelam os Escritos apostólicos e canônicos, permanecerão sempre normativas para a oração cristã.
Caracteriza-se pela fé e pela oferta generosa de todo o seu ser a Deus. A Mãe de Jesus é a Nova Eva, a «Mãe dos viventes»: ela pede a Jesus, seu Filho, pelas necessidades de todos. Como é que os Santos são guias de oração?
2683 - 2684
2692 - 2693
Os santos são modelos de oração e a eles pedimos para, junto da Santíssima Trindade, intercederem por nós e pelo mundo inteiro. A sua intercessão é o mais alto serviço que prestam ao desígnio de Deus. Na comunhão dos santos, desenvolveram-se, ao longo da história da Igreja, diversos tipos de espiritualidade, que ensinam a viver e a pôr em prática a oração.
565. Quem pode educar na oração?
2685-2690
2694-2695
A família cristã é o primeiro lugar da educação na oração. A oração familiar quotidiana é especialmente recomendada porque é o primeiro testemunho da vida de oração da Igreja. A catequese, os grupos de oração, a «direção espiritual» constituem uma ajuda e uma escola de oração.
AS
EXPRESSÕES DA ORAÇÃO
569. Como se caracteriza a oração vocal?
2700-2704
2722
A oração vocal associa o corpo à oração interior do coração. Mesmo a mais interior das orações não poderia prescindir da oração vocal. Em todo o caso, ela deve brotar duma fé pessoal. Com o Pai Nosso, Jesus ensinou-nos uma fórmula perfeita de oração vocal.
570. O que é a meditação?
2705-2708
2723
A meditação é uma reflexão orante, que parte sobretudo da Palavra de Deus na Bíblia. Mobiliza a inteligência, a imaginação, a emoção, o desejo, para aprofundar a nossa fé, suscitar a conversão do nosso coração e fortalecer a nossa vontade de seguir a Cristo. É uma etapa preliminar em direção à união de amor com o Senhor.
571. O que é a oração contemplativa?
2709-2719;
2724;
2739-2741
A oração contemplativa é um simples olhar sobre Deus no silêncio e no amor. É um dom de Deus, um momento de fé pura durante o qual o orante procura Cristo, se entrega à vontade amorosa do Pai e concentra o seu ser sob a ação do Espírito. Santa Teresa de Ávila define-a como uma íntima relação de amizade, «em que muitas vezes dialogamos a sós com Deus, por Quem sabemos ser amados».
CREIO NA RESSURREIÇÃO DA CARNE”
O termo carne designa o homem na sua condição de fraqueza e
de mortalidade. “A carne é o eixo da salvação" (Tertuliano). Com efeito,
nós cremos em Deus criador da carne; cremos no Verbo feito carne para redimir a
carne; cremos na ressurreição da carne, consumação da criação e da redenção da
carne.(990 1015)
Significa que o estado definitivo do homem não será apenas
a alma espiritual separada do corpo, mas que também os nossos corpos mortais um
dia readquirirão a vida.(990)
Como Cristo ressurgiu verdadeiramente dos mortos e vive
para sempre, assim ele próprio ressuscitará a todos no último dia, com um corpo
incorruptível: "Aqueles que fizeram o bem ressuscitarão para a vida; e
aqueles que praticaram o mal, para a condenação" [Jo 5,29]. (998
1002-1003)
Com a morte, separação da alma e do
corpo, o corpo cai na corrupção, ao passo que a alma, que é imortal, se
encaminha para o juízo de Deus e espera unir-se novamente ao corpo quando ele
ressurgir transformado na volta do Senhor. Compreender como acontecerá a
ressurreição supera as possibilidades da nossa imaginação e do nosso intelecto.
992-1004 1016-1018
Significa morrer na graça de Deus, sem pecado mortal. O
crente em Cristo, seguindo o seu exemplo pode assim transformar a própria morte
num ato de obediência e de amor para com o Pai. "E digna de fé esta
palavra: Se já morremos com ele, com ele viveremos" [2Tm 2,11].
(1005-1014 1019)
"CREIO NA VIDA ETERNA"
A vida eterna é a que terá início logo depois da morte. Ela
não terá fim. Será precedida para cada um por um juízo particular por obra de
Cristo, juiz dos vivos e dos mortos, e será sancionada pelo juízo final. (1020
1051)
É o juízo de retribuição imediata, que cada qual, desde a
sua morte, recebe de Deus na sua alma imortal, em relação à sua fé e às suas
obras. Essa retribuição consiste no acesso à bem-aventurança do céu,
imediatamente ou depois de uma adequada purificação, ou na condenação eterna no
inferno. (1021-10221051)
Por "céu" se entende o estado de felicidade
suprema e definitiva. Os que morrem na graça de Deus e não têm necessidade de
ulterior purificação são reunidos em torno de Jesus e de Maria, dos anjos e dos
santos. Formam assim a Igreja do céu, onde eles vem a Deus "face a
face" (1 Cor 13,12), vivem em comunhão de amor coma Santíssima Trindade e
intercedem por nós.(1023-10261053)
"A vida, na sua mesma realidade e verdade, é o Pai,
que, mediante o Filho e no Espírito Santo, derrama como fonte sobre todos nós
os seus dons celestes. E por sua bondade promete verdadeiramente também a nós
homens os bens divinos da vida eterna" (São Cirilo de Jerusalém).
O purgatório é o estado dos que morrem na amizade de Deus,
mas, embora certos de sua salvação eterna, têm ainda necessidade de purificação
para entrar na bem-aventurança celeste. (1030-10311054)
Em virtude da comunhão dos santos, os fiéis ainda
peregrinos nesta terra podem ajudar as almas do purgatório, oferecendo por elas
orações de sufrágio, em particular o Sacrifício eucarístico, mas também
esmolas, indulgências e obras de penitência. (1032)
Consiste na
condenação eterna dos que, por livre escolha, morrem no pecado mortal. A pena
principal do inferno consiste na separação eterna de Deus, em quem unicamente o
homem tem a vida e a felicidade para as quais foi criado e às quais aspira.
Cristo exprime essa realidade com as palavras: "Afastai-vos de mim,
malditos. Ide para o fogo eterno" [Mt 25,41]. (1033-10351056-1057)
Deus, embora desejando "que todos venham a
converter-se" (2Pe 3,9), todavia, tendo criado o homem livre e responsável,
respeita as decisões dele. Portanto, é o próprio homem que, em plena autonomia,
se exclui voluntariamente da comunhão com Deus se, até o momento da própria
morte, persiste no pecado mortal, recusando o amor misericordioso de Deus.
(1036-1037)
O juízo final (universal) consistirá na sentença de vida
bem-aventurada ou de condenação eterna, que o Senhor Jesus, ao retornar como
juiz dos vivos e dos mortos, emitirá a respeito "dos justos e dos
injustos" (At 24,15), reunidos todos juntos diante dele. Depois desse
juízo final, o corpo ressuscitado participará da retribuição que a alma teve no
juízo particular.
1038-1041 1058-1059
Esse juízo
acontecerá no final do mundo, cujo dia e hora somente Deus conhece. (1040)
Depois do juízo final, o próprio universo, livre da
escravidão da corrupção, participará da glória de Cristo com a inauguração dos
"novos céus" e de uma "nova terra" (2Pe 3,13). Atingir-se-á
assim a plenitude do Reino de Deus, ou seja, a realização definitiva do
desígnio salvífico de Deus de "recapitular tudo em Cristo, tudo o que está
no céu e na terra" (Ef 1,10). Deus então será "tudo em todos" (1
Cor 15,28) na vida eterna. (1042-1050
1060)
Alma é um termo que deriva do latim anǐma, este
refere-se ao princípio que dá movimento ao que é vivo, o que é animado ou o
que faz mover. De anǐma, derivam diversas palavras tais como: animal
(em latim, animalia), animador, ... Religiosamente definida como um ser independente da matéria e que sobrevive à morte do corpo, que se julga continuar viva após a morte do corpo, podendo o seu destino ser a beatitude celestial ou o tormento eterno. Segundo este ponto de vista, a morte é considerada como a passagem da alma para a vida eterna, no domínio espiritual. A grande maioria das religiões, cristãs e não-cristãs, concorda em linhas gerais com esta definição. O conceito de uma alma imortal é muito antigo. De facto, as suas raízes remontam ao princípio da história humana |
Alma Intelectiva
a alma
intelectual
Parte más elevada del alma humana. Maior parte da alma humana.
Esta parte
del alma humana no se encuentra ni en los vegetales ni en los animales y
gracias a ella el hombre posee las actividades vitales propias de la
voluntad o apetito superior y del intelecto o entendimiento . Esta parte
da alma humana não é encontrada nem em plantas, nem em animais, mas somente
no ser humano dado às atividades vitais da vontade e intelecto.
alma Sensitiva alma
sensível
Presente en los
animales y los hombres, el alma sensitiva permite el conocimiento inferior o
sensible (la percepción), el apetito inferior (los deseos y apetitos que
tienen que ver con el cuerpo como el deseo sexual o las ganas de comer) y el
movimiento local. Presente
Alma Vegetativa ALMA Vegetativa
Presente en las plantas, los animales y los hombres, permite las
actividades vitales más básicas como la reproducción, el crecimiento y la
nutrición. Presente nas plantas, animais e homens, permitindo as atividades mais básicas da
vida, tais como reprodução, crescimento e nutrição. |
Régis
Jolivet
A ALMA HUMANA
Até aqui,
limitamo-nos a descrever e analisar os fatos psicológicos, a fim de determinar
suas leis empíricas. Trata-se, agora, de deduzir dos fatos observados e das
leis estabelecidas a própria natureza desse sujeito metafísico sem o qual os
fatos psicológicos e a própria realidade do sujeito são ininteligíveis. É este
sujeito metafísico que designamos pelo nome de alma, e que é, como tal,
o objeto do que se chama muitas vezes Psicologia racional, uma vez que
seu objeto só é acessível à razão.
Neste último capítulo, que não é, em suma,
senão, a conclusão» do conjunto da Psicologia, teremos, então, de tratar das
seguintes questões: natureza da alma, união da alma e do corpo e destinada
alma.
NATUREZA DA ALMA
O estudo objetivo dos fenômenos psicológicos leva-nos a afirmar que o homem
possui uma alma, que é uma substância simples e espiritual. Ao demonstrar
cada uma das partes desta asserção, veremos que só temos que tirar conclusões
contidas nos resulta dos positivos de nossos precedentes estudos de Cosmologia
e de Psicologia.
Existência e unidade da alma
1.
Existência da alma. — É impossível negar a existência da alma, sem tornar, no
mesmo instante, ininteligíveis todos os fatos que estudamos.
Com efeito, quando duas coisas têm
propriedades opostas, concluímos, legitimamente, que têm duas naturezas diferentes.
Ora, constatamos no homem duas categorias de fenômenos perfeitamente
distintos: fenômenos materiais, redutíveis a movimentos e por isso
quantitativamente mensuráveis (peso, inércia etc), e fenômenos qualitativos (pensamento,
vontade, sentimento), irredutíveis a movimentos. Não é possível que
fenômenos tão opostos procedam de um só princípio ou, ao menos, de um princípio
perfeitamente uno em si mesmo. Devemos, então, admitir no homem a dupla
realidade de um corpo e de uma alma, ato primeiro do corpo orgânico.
Unicidade da alma.
a)
O princípio vital único. O homem não é apenas uma inteligência; exerce,
também, as funções da vida vegetativa e da vida sensível, que exigem, cada uma,
um princípio proporcionado a suas operações próprias. Todavia, o homem,
natureza intelectual, não possui três almas, assim como o animal não possui
duas almas, uma vegetativa, outra sensitiva. A alma superior assume as funções
dos graus inferiores e, sob este aspecto, a alma humana é a um tempo
principio da vida vegetativa, da vida sensível e da vida intelectual.
É isto,
por outro lado, o que mostra a análise psicológica da consciência: ela nos
revelou a existência de um "eu", que aparece no turbilhão e no fluxo
incessante dos fenômenos interiores, de qualquer natureza que sejam, como
centro de convergência de todos estes fenômenos, como fonte ativa de todos os
estados psíquicos (158). Ora, esta consciência do "eu", com
seus caracteres, seria completamente inexplicável se a alma não fosse única.
b)
O sentimento de identidade e de responsabilidade. Por outro lado, a
alma não é apenas una em número, é também uma no tempo, ou seja, permanece idêntica
a si mesma. É isto o que demonstra, claramente, nossa consciência
invencível de identidade através de todas as transformações de nossa vida.
É o que demonstra, também, o sentimento da responsabilidade: sentimos
que temos de responder por nossos atos passados e não poderíamos experimentar
um tal sentimento se nossa alma não permanecesse idêntica a si mesma.
SUBSTANCIALIDADE DA ALMA
1. Noção. — Certos filósofos materialistas quiseram reduzir a alma apenas a uma
coleção de fenômenos. Mas esta doutrina contradiz os fatos psicológicos mais
positivos. Esses fatos nos obrigam a admitir que a alma é uma substância, quer
dizer, uma realidade -permanente, fonte e suporte dos fenômenos da vida.
2. Prova.
— Com efeito, se eu posso, a cada instante, evocar meus atos de consciência
passados e reconhecê-los como meus, é necessário que alguma coisa de permanente
subsista em mim, senão, longe de me reconhecer nos meus estados passados, minha
consciência de mim mesmo se desvaneceria à medida que esses estados
desaparecessem, e eu só teria de mim mesmo uma consciência sucessiva, sempre
limitada ao imediatamente presente.
Assim, a alma é uma
substância. Mas esta substância é material ou espiritual? É o que nos falta
estabelecer.
Simplicidade da alma
A alma é simplesmente una em número e una no tempo, quer dizer, idêntica a si
mesma, ela é ainda una em sua essência, quer dizer, simples e indivisível, ao
contrário das coisas materiais, que são compostas e divisíveis. É o que
demonstra a análise das operações da alma.
a)
A sensação. Temos das coisas materiais uma percepção indivisa. Ora,
isto não se pode explicar senão pela simplicidade da alma. Se a alma fosse
composta de partes, cada uma destas partes perceberia ou todo o objeto ou uma
parte apenas do objeto, e nós teríamos então, no primeiro caso, tantas
percepções totais quantas partes a alma tivesse, e, no segundo caso, tanta
percepções parciais quantas partes tivesse a alma, mas jamais uma percepção una
e indivisa do objeto.
b)
A reflexão. A alma pode voltar-se sobre si mesma para conhecer-se nos
seus atos. Ora, o que é composto não pode conhecer-se a si mesmo como um todo,
porque as partes do composto permanecem necessariamente exteriores umas às
outras. A supor que uma parte possa conhecer-se a si mesma, as outras
permaneceriam sempre estranhas a ela. Unicamente uma substância simples é
capaz de se voltar sobre si mesma, quer dizer, conhecer-se por reflexão.
Espiritualidade da alma
165 Chama-se espiritual todo ser que não depende
da matéria nem na sua existência, nem nas suas operações. Ora, dizemos que a
alma humana é espiritual. Mas é necessário entender bem em que sentido nós
o dizemos. É um fato que as operações sensíveis da alma aproveitam o concurso
direto do corpo e que as operações superiores, inteligência e vontade, não
podem exercer-se senão através de certas condições orgânicas. Mas a alma, por
sua própria natureza, permanece independente do corpo, no sentido de que exerce
sem órgão suas funções superiores de inteligência e de vontade, e que é
capaz de existir sem o corpo. Dito isto, quais são as provas da
espiritualidade da alma?
a)
Prova pela natureza da inteligência. Tal operação, tal natureza. Ora, as
operações da inteligência e da vontade, em si mesmas ou intrinsecamente, não
dependem do corpo. Logo, a alma, de que procedem, não depende dele, com maior
razão, e deve ser chamada subsistente, quer dizer, capaz de
existir sem o corpo.
A
inteligência, pelas idéias, conhece imaterialmente as coisas corporais, e seu
ato, que nada tem de material nem de quantitativo, não pode proceder de uma
faculdade orgânica. A inteligência é, então, uma faculdade espiritual, e a alma
de que procede não pode ser senão uma substância espiritual.
b)
A vontade manifesta igualmente a espiritualidade da alma: tende ao bem
imaterial e infinito, deseja os bens espirituais, persegue a ciência e a
virtude. Ora, isto não se poderia dar se a vontade não fosse uma faculdade
espiritual; nenhum ser deseja o que ultrapassa essencialmente a sua natureza e
lhe é, portanto, incognoscível. Uma pedra não pode desejar pensar. Devemos, por
isso, concluir que a alma, de que procede a vontade, é uma substância
espiritual.
c)
Todavia, a alma não é um espírito puro; ela é apenas
incompletamente espiritual. Porque,
como já dissemos, certas de suas
funções (vegetativas e sensitivas) dependem intrinsecamente dos órgãos
corporais, e suas funções superiores (inteligência e vontade) deles dependem
extrinsecamente (82). Por isso, é uma substância incompleta, destinada a
ser unida a um corpo, e a formar com ele uma única e mesma substância composta
que se chama, por esta razão, o composto humano.
O DESTINO DA ALMA
168
A união da alma e do corpo não é indissolúvel: chega um dia em que ela se
rompe. Sabemos o que acontece ao corpo. Mas que acontece à alma? Morremos
completamente?
Mas antes
de mostrar que a alma humana é imortal, cumpre; precisar bem o que se deve entender
por imortalidade.
Noção de imortalidade
1.
Definição. — A imortalidade natural é uma propriedade em virtude da qual um
ser não pode morrer. Tal é a imortalidade da alma humana. Chama-se natural,
enquanto deriva da própria, natureza da alma.
2.
Condições da imortalidade. — A imortalidade natural exige três condições, a
saber: que a alma continue a existir, após a dissolução do composto
humano, — que, nesta sobrevivência, a alma, conserve sua individualidade e permaneça,
por conseguinte, consciente de si mesma e de sua identidade, — que a
sobrevivência seja ilimitada.
Bibliografia
- Teologia Fundamental
1 - CATECISMO DA
IGREJA CATÓLICA: Compêndio Copyright 2005 - Libreria Editrice Vaticana.
2 – Libanio, J. B. e
Murad, Afonso. Introdução à Teologia:
Perfil, Enfoques, Tarefas. São Paulo: Loyola.
3 – Libanio, J. B. Crer num mundo de muitas crenças e pouca
libertação. São Paulo: Paulinas.
4 - _________ Eu
Creio, Nós Cremos: tratado da Fé. São Paulo: Loyola.
5 – Charbonneau, E. Da Teologia ao Homem: ensaio sobre a
teologia da libertação. São Paulo: Loyola.
6 – Forte, Bruno. A Teologia como companhia, memória e
profecia. São Paulo: Paulinas.
7 – Schillebeeckk, Edward. História Humana: revelação de Deus. São
Paulo: Paulus.
8 – Ladaria, Luís F. Introdução à Antropologia Teológica. São
Paulo: Loyola.
9 – Queiruga, Andrés Torres. A Revelação de Deus na Realização Humana.
São Paulo: Paulus.
10 – Miranda, Mário de França. Libertados para a práxis da justiça: a
teologia da graça no atual contexto latino-americano. São Paulo: Loyola.
11 – Mesters, Carlos. Deus, onde estás?
12 – Frosini, Giordano. A Teologia Hoje: síntese do pensamento
teológico. Portugal: Editorial Perpétuo Socorro.
13 – Bettencout, Pe Estevão, OSB.
Curso de Teologia Fundamental [Escola
“Mater Eccleiae”: cursos por correspondência]; Rio de Janeiro: Mosteiro São
Bento.
14 – Compêndio do Vaticano II, Petrópolis, RJ: Vozes.
15
- Wikipédia, a enciclopédia livre.
Prof. Pe José Roberto
Rosa
[1][1] “Adam”
(originado do húmus, do barro) denominação usada em Gênesis é um termo ambíguo
já que pode ser traduzido para se referir a um indivíduo como para o gênero
humano, o ser humano. O mais comum, tanto no uso hebraico como cristão, foi
aplicá-lo a um indivíduo que passou a ser denominado de “Adão”. Isso ocasionou,
portanto, a limitação de a “imagem e semelhança de Deus” ao homem,
fundamentando, em grande parte, o machismo judeu e cristão. Aconteceu que não
se prestou suficientemente atenção ao fato de que na tradução dos 70 para o
grego a distinção é realizada corretamente. A tradução de Adam é Anthropos,
portanto, gênero humano e não um indivíduo. Ora, a partir dessa compreensão,
fica claro que a mulher, integrante do gênero humano, é antropos, portanto,
imagem e semelhança de Deus igual ao homem.
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