5º semana da quaresma
5º Domingo da
Quaresma — ANO B
(ROXO,
CREIO – I SEMANA DO SALTÉRIO)
"Se o grão de trigo não cai
na terra e não morre, ele continua só grão de trigo."
Ambientação:
Sejam bem-vindos amados irmãos e irmãs! A
hora de Jesus, também chamada de "glória", é o momento decisivo da
cruz, hora do serviço total da entrega da vida. "Se o grão de trigo cair
na terra e morrer, produzirá muito fruto". Hoje o Pai nos entrega Jesus,
o grão fecundado pela força do Espírito, feito Pão da Vida para nossa
salvação. Com alegria renovamos nossa aliança e comungamos seu projeto,
aceitando a cruz de nossa vida, como passagem necessária para a ressurreição
e alegria plena. Sintamos
o júbilo real de Deus em nossos corações e cheios dessa alegria divina
entoemos cânticos jubilosos ao Senhor!
LITURGIA DA PALAVRA
Comentário: A Palavra de Deus garante-nos que a salvação passa por
uma vida vivida na escuta atenta dos projetos de Deus e na doação total aos
irmãos. Viver a glória em Deus não pode ser compreendida como exaltação da
própria pessoa, mas sim adesão aos propósitos de Deus.
PRIMEIRA LEITURA Jr
31,31-34
LEITURA DO LIVRO DO PROFETA JEREMIAS
Eis que virão dias, diz o
Senhor, em que concluirei com a casa de Israel e a casa de Judá uma nova
aliança; não como a aliança que fiz com seus pais, quando os tomei pela mão
para retirá-los da terra do Egito, e que eles a violaram, mas eu fiz valer a
força sobre eles, diz o Senhor. "Esta será a aliança que concluirei com
a casa de Israel, depois desses dias, - diz o Senhor: - imprimirei minha lei
em suas entranhas, e hei de inscrevê-la em seu coração; serei seu Deus e eles
serão meu povo. Não será mais necessário ensinar seu próximo ou seu irmão,
dizendo: 'Conhece o Senhor!' Todos me conhecerão do menor ao maior deles, diz
o Senhor, pois perdoarei sua maldade e não mais lembrarei o seu pecado"
SALMO RESPONSORIAL – Sl
51(50)
Ref.: Criai em mim um
coração que seja puro, dai-me de novo um espírito decidido.
1. Tende piedade, ó meu Deus,
misericórdia! Na imensidão de vosso amor, purificai-me! Lavai-me todo inteiro
do pecado, e apagai completamente a minha culpa!
2. Criai em mim um coração que seja puro, dai-me de novo um espírito decidido.
Ó Senhor, não me afasteis de vossa face, nem retireis de mim o vosso Santo
Espírito!
3. Dai-me de novo a alegria de ser salvo e confirmai-me com espírito
generoso! Ensinarei vosso caminho aos pecadores, e para vós se voltarão os
transviados.
SEGUNDA LEITURA Hb 5,
7-9
LEITURA DA CARTA AOS HEBREUS
Cristo, nos dias de sua vida
terrestre, dirigiu preces e súplicas, com forte clamor e lágrimas, àquele que
era capaz de salvá-lo da morte. E foi atendido por causa da sua entrega a
Deus. Mesmo sendo filho, aprendeu o que significa a obediência a Deus por
aquilo que ele sofreu. Mas na consumação de sua vida tornou-se causa de
salvação eterna para todos que lhe obedecem.
EVANGELHO Jo 12, 20-33
ACLAMAÇÃO AO EVANGELHO
Ref.: Louvor e glória a ti, Senhor, Cristo, Palavra de Deus! Cristo,
Palavra de Deus!
1. Se alguém me quer servir, que venha atrás de mim; e onde eu estiver,
ali estará meu servo.
Naquele tempo, havia alguns
gregos entre os que tinham subido a Jerusalém, para adorar durante a festa.
Aproximaram-se de Filipe, que era de Betsaida da Galiléia, e disseram:
"Senhor, gostaríamos de ver Jesus". Filipe combinou com André, e os
dois foram falar com Jesus. Jesus respondeu-lhes: "Chegou a hora em que
o Filho do Homem vai ser glorificado. Em verdade, em verdade vos digo: se o
grão de trigo que cai na terra não morre, ele continua só grão de trigo; mas
se morre, então produz muito fruto. Quem se apega à sua vida, perde-a; mas
quem faz pouca conta de sua vida neste mundo, conserva-la-á para a vida
eterna. "Se alguém me quer seguir, siga-me, e onde eu estou estará
também o meu servo. Se alguém me serve, meu Pai o honrará. Agora sinto-me
angustiado. E que direi? 'Pai, livra-me desta hora?' Mas foi precisamente
para esta hora que eu vim. Pai, glorifica o teu nome!" Então veio uma
voz do céu: "Eu o glorifiquei e o glorificarei de novo!" A
multidão, que aí estava e ouviu, dizia que tinha sido um trovão. Outros
afirmavam: foi um anjo que falou com ele". Jesus respondeu e disse:
"Essa voz que ouvistes não foi por causa de mim, mas por causa de vós. É
agora o julgamento deste mundo. Agora o chefe deste mundo vai ser expulso, e
eu quando for elevado da terra, atrairei todos a mim". Jesus falava
assim para indicar de que morte iria morrer.
Formação Litúrgica – Ato
Penitencial
Historicamente, sabemos que o
ato penitencial comunitário na Missa, assim como o conhecemos hoje, não
existia antes da reforma proposta pelo último Concílio do Vaticano,
constituindo-se numa verdadeira novidade.
Existem quatro modelos de atos penitenciais no missal. O primeiro é a
recitação comunitária do Confiteor (Confesso a Deus todo poderoso). O segundo
é um breve diálogo: Tende compaixão de nós, Senhor, porque somos pecadores...
O terceiro é uma série de aclamações a Cristo, o Senhor, com a resposta:
Senhor, tende piedade de nós. O quarto é a bênção e aspersão da água sobre o
povo.
Segundo o Missal Romano, a bênção e a aspersão da água não é ato penitencial,
mas seu substituto (Missal Romano p. 1001). No entanto, na opinião de muitos
liturgistas, "constitui, sem dúvida, um dos mais belos e mais autênticos
atos penitenciais. Ela é, ao mesmo tempo, uma recordação do batismo e um ato
penitencial, uma ablução e uma purificação, um reconforto e um ato de
salvação... Infelizmente o texto e o cântico só se encontram num apêndice do
Missal" (Theodor Schnitzler, Missa, mensagem e vida, p. 91).
A dinâmica do ato penitencial é a seguinte: o presidente ou outro ministro
faz uma monição, convidando à atitude de humildade e confiança. Segue-se um
momento de silêncio, a realização de um dos quatro modelos, descritos acima e
encerra-se com a oração de conclusão, que é uma absolvição em forma de
pedido.
TEXTOS BÍBLICOS PARA A
SEMANA:
2ª Rx - Is 7,10-14; 8,10; Sl 39(40); Hb 10,4-10; Lc 1,26-38
3ª Rx - Nm 21,4-9; Sl 101; Jo 8,21-30
4ª Rx - Dn 3,14-20.91-92.95; Cânt. Dn 3,52-56; Jo 8,31-42
5ª Rx - Gn 17,3-9; Sl 104; Jo 8,51-59
6ª Rx - Jr 20,10-13; Sl 17; Jo 10,31-42
Sb Rx - Ez 37,21-28; Cânt. Jr 31,10-13; Jo 11, 45-56
COMENTÁRIOS DO EVANGELHO
1. "MORRER PARA
FRUTIFICAR"
(O comentário do Evangelho abaixo
é feito pelo Diácono José da Cruz )
Capitão Tininho era o nome de um
grão de feijão, que certa ocasião usei como cobaia, na minha adolescência,
para saber como era o desenvolvimento das plantas. Na minha fantasia, o
Capitão Tininho retrucou, mas eu o convenci de que ele iria se tornar um
herói, e poderia até quem sabe, reescrever a “Viagem ao Centro da Terra”, na
visão de um grão de Feijão, e então ingenuamente ele aceitou. Ainda
fantasiando, cavei um buraco, fiz um belo discurso para a “tropa” reunida
ali, e aplaudimos o Capitão Tininho, que coloquei com carinho no buraco e
jogamos a terra por cima. Todos os dias eu regava e revolvia a terra até que
em uma manhã surgiu um brotinho quase invisível, fiquei eufórico, era como se
estivesse nascendo um filho.
Quando finalmente o pezinho de
feijão estava “espigadinho” inclusive com algumas folhas, reuni a “tropa”, na
minha fantasia, e começamos aquilo que eu chamei de “Operação retorno”, mas
cadê o coitado do Capitão Tininho? Examinei cuidadosamente a raiz do meu pé
de feijão, e não tinha nem vestígio do meu herói, de noite comentei com um
colega na aula de ciência, que sorriu e me explicou friamente que o Capitão
Tininho tinha “esticado a canela”.
Não entendendo perguntei: “Você quer dizer que ele morreu?” E o colega
esclareceu que se o Tininho não tivesse morrido, eu não teria o meu pé de
feijão. Ainda na minha fantasia, no outro dia reuni a tropa e comuniquei
oficialmente o ocorrido “Ele morreu como um herói, nessa missão perigosa” –
disse em meu discurso, dando assim por encerrada a minha experiência,
concluindo que no ciclo das plantas, senão houver morte, a vida não terá
continuidade.
Por isso, no primeiro contato
com esse evangelho, quando ministro da palavra, nos anos 80, comentei com
meus botões “Eis aqui mais um Capitão Tininho”, referindo-me ao grão de trigo
da parábola que Jesus contou em Jerusalém, praticamente às vésperas da sua
paixão e morte. Qualquer criança em idade escolar, bem cedo irá aprender que
a semente morre nas profundezas da terra, para poder brotar nova plantinha.
Mas na dimensão teológica, como poderíamos interpretar esse ensinamento de
Jesus, o que significa morrer, nesse sentido?
Eu diria que a morte de Jesus
teve início com a sua encarnação, pois no paraíso, o homem sentiu-se tão
importante que teve a pretensão de ser o Deus - Todo Poderoso, conhecedor do
Bem e do Mal, e senhor de todos os seus atos, enquanto isso, para iniciar a
obra da salvação, o Deus Todo Poderoso se fez tão pequeno, que se tornou
homem. Essa pequenez de Jesus está diretamente ligada à sua missão – eu vim
para servir.
Poderíamos até afirmar que
pequeno, é todo aquele que serve, é aquele que sabe partilhar com os outros,
aquilo que tem inclusive os carismas. Na teologia judaica, a glorificação
divina estava reservada aos justos, que no pós-morte seriam levantados por
Deus para nunca mais morrerem. Ora, todas as personalidades bíblicas do A.T
são uma prefiguração de Jesus e em alguns gêneros literários, como os
evangelhos, por exemplo, encontramos em Mateus uma relação mais direta de
Jesus com Moisés. Com a Salvação, Jesus insere de novo o homem na plenitude
original do paraíso, sendo esse o anúncio que ele faz aos discípulos no evangelho
desse quinto domingo da quaresma, com a afirmativa própria de João de que
“Chegou a hora em que o Filho do homem vai ser glorificado”.
Quando o homem busca a santidade
e a perfeição em todas as suas ações e pensamentos, manifestando fidelidade
ao projeto de Deus, revelando o amor ágape em suas relações com o próximo a
glorificação não é simplesmente um prêmio divino, por ele ter sido bom, mas é
o resgate perfeito da imagem original de cada ser humano, enquanto imagem e
semelhança de Deus, é a volta do Filho pródigo à casa do Pai, recuperando a
dignidade perdida com o pecado. Esse processo aconteceu primeiro com Jesus de
Nazaré, chamado nas cartas paulinas de primogênito de todas as criaturas e
embora não tivesse nele nenhum pecado, ao receber a glória, também glorificou
o Pai, que agora poderá olhar o homem realmente como Filho, e restabelecer
com ele uma vida de comunhão, para comunicar a sua graça.
É este precisamente o caminho do
cristão, não há nenhum outro, é o mesmo caminho de Jesus, o caminho do serviço,
do amor ágape, da doação, da fidelidade ao Pai, do despojamento e do
esvaziamento, e tudo isso significa “morrer” para si mesmo, ou deixar-se
morrer para que o irmão seja bem servido e tenha mais vida. A comunidade é o
lugar ideal para se viver a vocação do grão de trigo, morrer para atingir a
plenitude, uma linguagem e um ensinamento estranho, para uma sociedade onde
ainda prevalece, em todos os segmentos, a famosa Lei de Gerson...
2. Desejo de ver Jesus
(O comentário do Evangelho abaixo é feito por José Raimundo Oliva )
Jesus, chegando a Jerusalém para
a festa da Páscoa judaica, é aclamado pela multidão de peregrinos que acorrem
à cidade para o cumprimento do preceito religioso de participação nesta
festa. Entre estes peregrinos encontram-se gregos, os quais se dirigem a
Filipe, manifestando o desejo de ver Jesus, o qual os atrai mais do que a
própria festa.
Jesus, na ocasião de seu batismo
por João, disse a André e ao outro discípulo que o acompanhava, quando lhe
perguntavam onde morava: "Vem e vê" (Jo 1,39). Depois, o próprio
Filipe, que já havia sido chamado por Jesus para segui-lo, convidou também
Natanael para o encontro com Jesus, com a mesma expressão: "Vem e
vê" (Jo 1,46). Agora são os gregos da região de Betsaida que se empenham
em ver Jesus.
"Ver" significa conhecer, ter a experiência da presença e do
diálogo, em um tempo de convívio e comunicação com Jesus.
Filipe, diante do pedido dos
gregos, vai dizê-lo a André. Filipe, bem como André e Pedro, era de Betsaida,
cidade de cultura grega. Os próprios nomes de Filipe (Philippos) e André
(Andréas) têm origem grega.
Quando Filipe e André falam com
Jesus, ele lhes responde procurando remover qualquer equívoco. Está próximo o
desenlace de seu ministério de amor e dom de si, sem temer perseguições,
ameaças e morte. A sua glória não é o poder e o sucesso, mas o dom total de
sua vida no amor, a ser assumido também pelos discípulos. O dom da própria
vida é o ato fecundo que gera mais vida, tanto naquele que se doa como
naqueles que são tocados por seu amor. A vida é fruto do amor e ela será
tanto mais pujante quanto maior for a plenitude do amor, no dom total.
A metáfora do grão que se
transforma exprime que o homem possui muito mais potencialidades do que
aquelas que lhe são conhecidas. O grão que desaparece para dar lugar à planta
e ao fruto é a conversão de vida. É libertar a vida de submissão e escravidão
aos interesses dos chefes deste mundo e colocá-la a serviço de Jesus presente
no nosso próximo. É alcançar a liberdade da vida eterna na prática do amor.
Com o dom de si, novas e surpreendentes potencialidades se revelam.
A morte, sem ser um fim trágico,
pode ser também o começo de uma vida nova, mais plena, já neste mundo. Morrer
para os limites e valores impostos por uma cultura de consumo e opressão,
para viver livre na comunhão de amor e vida com os irmãos, particularmente os
mais necessitados. Isto é servir Jesus, e assim se manifesta a glória de
Jesus e a glória do Pai.
Quem não teme a própria morte
confunde o opressor poderoso, chefe deste mundo, e conquista a liberdade que
tudo transforma pelo amor. Viver é dar a vida e tem-se a vida à medida que
ela é dada.
Oração
Senhor Jesus, a vida jorrou abundante de tua fidelidade até à morte de cruz.
Possa eu beneficiar-me desta plenitude de vida.
3. A Glória de Jesus
(O comentário do Evangelho abaixo
é feito pelo Pe. Jaldemir Vitório ).
Os Evangelhos são coletâneas de
memórias de Jesus de Nazaré, elaboradas em meio às primeiras comunidades de
discípulos, principalmente aquelas vinculadas a Jerusalém, oriundas do
judaísmo. Estas memórias foram surgindo de acordo com as expectativas
tradicionais do Primeiro Testamento, voltadas para o messias glorioso e
poderoso. Após a morte de Jesus, este messias foi projetado no Cristo ressuscitado.
Em conseqüência, os Evangelhos,
escritos algumas décadas após a morte de Jesus, interpretam sua vida sob a
ótica do ressuscitado. Assim, nas falas de Jesus foram inseridas referências
a sua própria morte e ressurreição. Filipe e André, bem como seu irmão Pedro,
eram de Betsaida, cidade de cultura predominantemente grega, situada ao norte
do Mar da Galiléia. Alguns gregos, provavelmente seus conhecidos, se
aproximam manifestando o desejo de ver Jesus. Evidencia-se como os gregos se
interessaram em participar da vida que ele comunica. É o testemunho de que
existiam comunidades de discípulos de Jesus no mundo gentílico, fora da
influência do judaísmo.
Jesus afirma que chegou a hora
da sua glorificação. É a glória do Filho do homem (o humano), e não do
messias poderoso. A glória de Jesus é sua missão levada até o fim com os
frutos do anúncio e a comunicação da vida eterna ("salvação
eterna", conforme a teologia sacrifical da carta aos hebreus - segunda
leitura) a todos os povos, sem restrições étnicas, nacionalistas, ou de
particularidades religiosas.
Os discípulos são convidados a
dedicar a vida a esta missão do anúncio da esperança e à comunicação de amor
e vida, que é a glória de Deus. A "lei no coração" anunciada por
Jeremias (primeira leitura) é o mandamento do amor comunicado por Jesus, que
une a todos e traz a paz.
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Liturgia da Segunda
Feira
ANUNCIAÇÃO
DO SENHOR
Antífona da entrada: Ao entrar no mundo, Cristo disse: Eis-me aqui, ó Pai,
para fazer a tua vontade (Hb 10,5.7).
Primeira Leitura (Isaías
7,10-14;8,10)
Leitura do livro do profeta Isaías.
7 10 O Senhor disse ainda a
Acaz: 11" Pede ao Senhor teu Deus um sinal, seja do fundo da habitação
dos mortos, seja lá do alto".
12 Acaz respondeu:" De maneira alguma! Não quero pôr o Senhor à
prova".
13 Isaías respondeu: "Ouvi, casa de Davi: Não vos basta fatigar a
paciência dos homens? Pretendeis cansar também o meu Deus?
14 Por isso, o próprio Senhor vos dará um sinal: uma virgem conceberá e dará
à luz um filho, e o chamará Deus Conosco.
8,10 preparai um plano, e ele malogrará; dai ordens e elas não serão
executadas, porque Deus está conosco".
Salmo responsorial 39/40
Eis que venho fazer, com prazer,
a vossa vontade, Senhor!
Sacrifício e oblação não
quisestes,
mas abristes, Senhor, meus ouvidos;
não pedistes ofertas nem vítimas,
holocaustos por nossos pecados,
e então eu vos disse: "Eis que venho!"
Sobre mim está escrito no livro:
"Com prazer faço a vossa vontade,
guardo em meu coração vossa lei!"
Boas novas de vossa justiça
anunciei numa grande assembléia;
vós sabeis: não fechei os meus lábios!
Proclamei toda a vossa justiça
sem retê-la no meu coração;
vosso auxílio e lealdade narrei.
Não calei vossa graça e verdade
na presença da grande assembléia.
Segunda Leitura (Hebreus
10,4-10)
Leitura da carta aos Hebreus.
10 4 Pois é impossível que o
sangue de touros e de carneiros tire pecados.
5 Eis por que, ao entrar no mundo, Cristo diz: "Não quiseste sacrifício
nem oblação, mas me formaste um corpo.
6 Holocaustos e sacrifícios pelo pecado não te agradam.
7 Então eu disse: Eis que venho (porque é de mim que está escrito no rolo do
livro), venho, ó Deus, para fazer a tua vontade".
8 Disse primeiro: "Tu não quiseste, tu não recebeste com agrado os
sacrifícios nem as ofertas, nem os holocaustos, nem as vítimas pelo pecado
(quer dizer, as imolações legais)".
9 Em seguida, ajuntou: "Eis que venho para fazer a tua vontade. Assim,
aboliu o antigo regime e estabeleceu uma nova economia".
10 Foi em virtude desta vontade de Deus que temos sido santificados uma vez
para sempre, pela oblação do corpo de Jesus Cristo.
Aclamação do Evangelho
Glória a Cristo, palavra eterna
do Pai, que é amor!
A palavra se fez carne e habitou entre nós. E nós vimos sua glória que recebe
de Deus Pai (Jo 1,14).
Evangelho (Lucas 1,26-38)
1 26 No sexto mês, o anjo
Gabriel foi enviado por Deus a uma cidade da Galiléia, chamada Nazaré,
27 a uma virgem desposada com um homem que se chamava José, da casa de Davi e
o nome da virgem era Maria.
28 Entrando, o anjo disse-lhe: "Ave, cheia de graça, o Senhor é
contigo".
29 Perturbou-se ela com estas palavras e pôs-se a pensar no que significaria
semelhante saudação.
30 O anjo disse-lhe: "Não temas, Maria, pois encontraste graça diante de
Deus.
31 Eis que conceberás e darás à luz um filho, e lhe porás o nome de Jesus.
32 Ele será grande e chamar-se-á Filho do Altíssimo, e o Senhor Deus lhe dará
o trono de seu pai Davi; e reinará eternamente na casa de Jacó,
33 e o seu reino não terá fim".
34 Maria perguntou ao anjo: "Como se fará isso, pois não conheço
homem?"
35 Respondeu-lhe o anjo: "O Espírito Santo descerá sobre ti, e a força
do Altíssimo te envolverá com a sua sombra. Por isso o ente santo que nascer
de ti será chamado Filho de Deus.
36 Também Isabel, tua parenta, até ela concebeu um filho na sua velhice; e já
está no sexto mês aquela que é tida por estéril,
37 porque a Deus nenhuma coisa é impossível".
38 Então disse Maria: "Eis aqui a serva do Senhor. Faça-se em mim
segundo a tua palavra". E o anjo afastou-se dela.
COMENTÁRIOS DO EVANGELHO
1. Festa da Anunciação
do Senhor
(O comentário do Evangelho abaixo
é feito pelo Diácono José da Cruz )
Lucas condensa em um único
momento algo que foi toda uma experiência de vida de Maria Santíssima, pois
se permanecermos apenas com a narrativa Lucana tal como está, não vamos
entender como é que em um momento de oração, que talvez durou uma hora ou
alguns minutos, aquela adolescente de Nazaré abriu mão de todos os seus
sonhos e projetos de vida, para aceitar algo que um ser humano comum nem cogitaria:
Ser Mãe de Deus!
Maria era uma pessoa conhecedora
da Escritura e que estava sempre em oração, aberta ao conhecimento de Deus e
sempre disponível para fazer a sua Santa Vontade. A anunciação do anjo, isso
é, a manifestação da Vontade de Deus foi acontecendo de maneira gradativa,
até que chegou o momento em que tudo estava mais claro sobre o que Deus
queria daquela jovem... Mesmo assim, sem vídeo tape para ver o futuro, sem
bola de cristal para ver tudo o que iria acontecer.
Possivelmente aquele momento da
anunciação tenha sido o instante em que na mente e no coração de Maria ela
descobriu a vontade de Deus a seu respeito, mas considerando-se a sua tenra
idade, também é possível que naquele momento tudo tenha se iniciado na sua
vida, quando ela descobriu que a vontade de Deus era um pouco diferente dos
seus planos de se unir para sempre com o noivo José. A menina tinha em seu
coração essa dúvida, expressada na interrogação que fez ao anjo "Como
isso vai acontecer se não conheço homem algum?"
Mais próximos de Maria, essa
adolescente que tinha planos para sua vida, filha do Sr. Joaquim e Ana,
pessoas que pertenciam á comunidade, fiéis na oração e na meditação da
Palavra de Deus revelada nas escrituras antigas, a tarefa de meditar a
Anunciação, fica bem mais agradável, porque vai mexer com a nossa vida e a
nossa espiritualidade. Pois não sendo assim, corremos o risco de terminar a
reflexão com uma pergunta boba e sem sentido "Com Maria, moça recatada e
toda pura, virgem e temente a Deus, ornada de todas as virtudes celestiais, a
predileta do Pai, foi assim... Mas e eu um vil mortal, frágil e pecador, nem
sempre fiel na Fé, na oração e na meditação da Palavra de Deus, será que Deus
quer alguma coisa de mim? Será que há algo que eu possa fazer, para colaborar
com Deus?
Não é necessário destacarmos o
papel e a importância de Maria na História da Salvação, ela está acima dos
Santos e Santas de Deus, ocupando um lugar de destaque na Vida da Igreja e na
Fé dos Fiéis, claro que Maria não é deusa, mas uma Filha muito especial Dele.
Guardadas, portanto, as devidas proporções, o que Deus realizou em Maria ele
quer fazer também em cada um de nós e para tanto temos Maria como exemplo,
ela é nossa Mãe, nossa irmã de caminhada, nossa companheira de luta, a
primeira discípula e a primeira cristã.
Nela aprendemos que devemos
estar permanentemente abertos à Vontade de Deus, e isso se faz na oração, na
escuta e na aceitação da Palavra de Deus. Não há problema confrontarmos a
nossa vida com a Vontade de Deus, percebendo que nem sempre estamos afinados
com Ele e em harmonia com o seu Plano. Sempre é tempo de corrigirmos a rota,
de nos voltarmos totalmente para Deus, buscando a sua Graça e Santidade, nos
moldando ao seu desígnio, abrindo espaço em nossa vida para a ação renovadora
do seu Espírito, mas principalmente nos colocando como servos e servas de
Deus, dispostos a servi-lo com a alma e o coração a nossa vida inteira,
mergulhando assim no seu mistério, ainda que às vezes a compreensão nos
falte, o que não pode faltar é a confiança Nele.
2. O "Sim" de
Maria
(O comentário do Evangelho abaixo
é feito por José Raimundo Oliva - e disponibilizado no Portal Paulinas)
Na intimidade de uma casa pobre,
no pequeno vilarejo de Nazaré, na Galileia, Deus revela seus planos. Com o
"sim" da jovem Maria, céus e terra se unem. O humano é elevado ao
divino e Deus se faz presente entre os humanos. A ação de Deus é sumamente
discreta. As teofanias são coisas dos homens.
No evangelho de Marcos, o
primeiro a ser escrito dentre os canônicos, Jesus só começa a ser destacado a
partir do encontro com os discípulos, no batismo de João. Seu nascimento e as
primeiras décadas de vida ocultam-se entre os comuns dos mortais.
Assim se dá a ação de Deus, nos
homens e mulheres, no mundo, fomentando a vida de diversas maneiras na vida
comum, entre todos os povos.
Oração
Senhor Jesus, que a contemplação da concepção imaculada de tua mãe desperte
em mim o desejo de romper, definitivamente, com o pecado que maculou a
humanidade.
3. A ANUNCIAÇÃO
(O comentário do Evangelho abaixo
é feito pelo Pe. Jaldemir Vitório ).
Esta narrativa de Lucas, com a
anunciação do anjo e a concepção do Filho de Deus no ventre de Maria, a partir
do seu "Faça-se em mim segundo a tua palavra", realça o realismo da
encarnação em plena corporeidade. Deus, ao fazer-se humano, torna-nos
divinos. O acontecimento se dá em uma casa simples da desconhecida cidade de
Nazaré, na periférica Galiléia. A protagonista é uma jovem e pobre
adolescente. Estes são os grandes sinais de que o projeto de Deus é fazer-se
presente no mundo de maneira simples e humilde, em comunicação e comunhão com
os pequenos e marginalizados. São descartadas quaisquer aspirações de ostentação,
grandeza e poder.
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Liturgia da Terça-Feira
V
SEMANA DA QUARESMA
(ROXO,
PREFÁCIO DA QUARESMA I – OFÍCIO DO DIA)
Antífona da entrada: Espera no Senhor e sê corajoso! Fortifique-se teu
coração; espera no Senhor! (Sl 26,14)
Leitura (Números 21,4-9)
Leitura do livro dos Números.
21 4 Partiram do monte Hor na
direção do mar Vermelho, para contornar a terra de Edom.
5 Mas o povo perdeu a coragem no caminho, e começou a murmurar contra Deus e
contra Moisés: "Por que, diziam eles, nos tirastes do Egito, para morrermos
no deserto onde não há pão nem água? Estamos enfastiados deste miserável
alimento."
6 Então o Senhor enviou contra o povo serpentes ardentes, que morderam e
mataram muitos.
7 O povo veio a Moisés e disse-lhe: "Pecamos, murmurando contra o Senhor
e contra ti. Roga ao Senhor que afaste de nós essas serpentes." Moisés
intercedeu pelo povo,
8 e o Senhor disse a Moisés: "Faze para ti uma serpente ardente e mete-a
sobre um poste. Todo o que for mordido, olhando para ela, será salvo."
9 Moisés fez, pois, uma serpente de bronze, e fixou-a sobre um poste. Se
alguém era mordido por uma serpente e olhava para a serpente de bronze,
conservava a vida.
Salmo responsorial
101/102
Ouvi, Senhor, e escutai minha
oração,
e chegue até vós o meu clamor.
Ouvi, Senhor, e escutai minha
oração,
e chegue até vós o meu clamor!
De mim não oculteis a vossa face
no dia em que estou angustiado!
Inclinai o vosso ouvido para mim,
ao invocar-vos, atendei-me sem demora!
As nações respeitarão o vosso
nome,
e os reis de toda a terra, a vossa glória;
quando o Senhor reconstruir Jerusalém
e aparecer com gloriosa majestade,
ele ouvirá a oração dos oprimidos
e não desprezará a sua prece.
Para as futuras gerações se
escreva isto,
e um povo novo a ser criado louve a Deus.
Ele inclinou-se de seu templo nas alturas,
e o Senhor olhou a terra do alto céu,
para os gemidos dos cativos escutar
e da morte libertar os condenados.
Aclamação do Evangelho
Glória a Cristo, palavra eterna
do Pai, que é amor!
Semente é de Deus a palavra, Cristo é o semeador; todo aquele que o encontra,
vida eterna encontrou.
Evangelho (João 8,21-30)
8 21 Jesus disse aos judeus
fariseus: "Eu me vou, e procurar-me-eis e morrereis no vosso pecado.
Para onde eu vou, vós não podeis ir".
22 Perguntavam os judeus: "Será que ele se vai matar, pois diz: 'Para
onde eu vou, vós não podeis ir'?"
23 Ele lhes disse: "Vós sois cá de baixo, eu sou lá de cima. Vós sois
deste mundo, eu não sou deste mundo.
24 Por isso vos disse: morrereis no vosso pecado; porque, se não crerdes o
que eu sou, morrereis no vosso pecado".
25 "Quem és tu?", perguntaram-lhe eles então. Jesus respondeu:
"Exatamente o que eu vos declaro.
26 Tenho muitas coisas a dizer e a julgar a vosso respeito, mas o que me enviou
é verdadeiro e o que dele ouvi eu o digo ao mundo".
27 Eles, porém, não compreenderam que ele lhes falava do Pai.
28 Jesus então lhes disse: "Quando tiverdes levantado o Filho do Homem,
então conhecereis quem sou e que nada faço de mim mesmo, mas falo do modo
como o Pai me ensinou.
29 Aquele que me enviou está comigo; ele não me deixou sozinho, porque faço
sempre o que é do seu agrado".
30 Tendo proferido essas palavras, muitos creram nele.
COMENTÁRIOS DO EVANGELHO
1. "Entrada
proibida para quem não crê..."
(O comentário do Evangelho abaixo
é feito pelo Diácono José da Cruz )
"Para onde eu vou, vós não
podeis ir". Jesus neste evangelho está em discussão com os Escribas e
Fariseus que não aceitavam o seu Messianismo e procuravam a todo custo um
motivo para condená-lo á morte, porque ele era uma ameaça á Religião
tradicional de Israel.
Talvez a gente se pergunte, mas
se Jesus veio para salvar a todos, como é que vai dizer aos seus interlocutores
que para onde ele vai, eles não poderão ir? Aliás, ele diz através desse
mesmo evangelista "Eu sou o Caminho, a Verdade e a Vida...". Jesus
anuncia um Reino em uma perspectiva escatológica, os Judeus não acreditavam
na Vida Eterna e na crença deles, as recompensas e promessas que Deus
havia feito a Abraão, eram realizadas aqui nesta vida terrena, e ao morrer, a
pessoa ia para o Xeol, a Mansão dos mortos que ficava em baixo da terra.
Embora Judeu, Jesus é Deus, e
sua origem é Divina, é isso que os Judeus não admitem, para eles basta a
tradição, a Lei de Moisés e toda a prática judaica, não tinham portanto essa
perspectiva escatológica que é própria do Cristianismo. Todas as palavras de
Jesus, seus ensinamentos e obras prodigiosas apontam nessa direção da
Plenitude Divina da qual ele veio e a qual conduzirá o ser humano.
A sua missão atingirá o ápice na
cruz do calvário, quando então se revelará, não do jeito como os Judeus
imaginavam, dando uma volta por cima, dando uma virada espetacular na história,
descendo da cruz e impondo seu domínio e poder sobre os seus opositores que
fugirão humilhados ao verem que haviam mandado para a morte o verdadeiro
Messias...
Mas o Cristo agonizante da cruz
revela o poder do amor de Deus e esta revelação só será compreendida por quem
o aceita e nele professa a Fé. Isso depende de cada homem, seu desejo e sua
vontade, sua decisão em nele crer e tornar-se um seguidor. Jesus, que conhece
os corações profundamente, sabia que os Judeus não o aceitariam em nenhum
momento nem mesmo na cruz, por isso vai dizer que para onde ele vai, eles não
irão...
A entrada na Vida de Comunhão
com Deus, em Jesus
Cristo só é permitida para quem Crê, para quem alimenta no
coração a esperança de algo que um dia virá, e que supera de longe qualquer
sonho ou projeto humano...
2. Nova criatura em Deus
(O comentário do Evangelho abaixo
é feito por José Raimundo Oliva )
"Morrereis no vosso
pecado." O pecado era qualquer falta à observância da Lei. Esta servia
tanto para excluir os pobres e pequenos, taxados de pecadores, como, também,
para a autossuficiência e garantia dos privilégios das elites religiosas do
Templo e das sinagogas, que se julgavam justas e santas. O apego à Lei
("de baixo") leva à rejeição da verdade de Jesus e do Pai ("do
alto"), e, com isto, "morrereis no vosso pecado".
A "elevação do Filho do
Homem (Jesus-humanidade)" é um tema característico de João. A
"elevação" de Jesus na cruz é a consumação da nova criatura de
Deus. Então, a humanidade é "elevada" à participação da vida
divina. Estar com o Pai, fazer o que é do seu agrado, é nossa vocação.
Oração
Pai, reforça minha fé em
teu Filho Jesus, cuja morte nos resgata da escravidão do
pecado e nos introduz no reino da fraternidade.
3. O QUE VEM DO ALTO
(O comentário do Evangelho abaixo
é feito pelo Pe. Jaldemir Vitório ).
Os contínuos desencontros entre
Jesus e seus adversários, no parecer do Mestre, tinham sua origem na
diferença de perspectiva de cada um. Este considerava tudo na perspectiva
"do alto", de onde viera. Isto lhe possibilitava perceber a
realidade com os olhos de Deus: olhar de amor misericordioso, de desejo de
salvação e reconciliação, de interesse por todos, sem exceção. E mais:
levava-o a agir como agia seu Pai.
Seus inimigos, ao invés, seguiam
o caminho inverso, agindo como quem é "cá de baixo".
Conseqüentemente, deixavam-se levar pelas paixões e pelo espírito mesquinho
de intolerância, mostrando-se insensíveis em relação aos mais pequeninos, e
não suportando quem lhes apontava os pecados. E o que era mais grave: não se
davam conta do desígnio divino manifestado em Jesus, insurgindo-se
abertamente contra ele.
É impossível entrar em comunhão
com Jesus, sem o esforço decidido de colocar-se na mesma perspectiva dele, e
considerar o mundo com o olhar de quem vê tudo com os olhos de Deus. Quanto
mais puro for este olhar, maior o grau de comunhão com Jesus. Ao contrário,
quem se deixa levar pelas paixões, jamais chegará a saber quem é o Mestre,
nem tirará proveito de sua missão. Ele veio o Alto. Por conseguinte, é
preciso elevar-se para poder descobrir-lhe a verdadeira identidade.
Oração
Espírito do Alto, eleva-me das minhas baixezas, para que eu possa conhecer
Jesus, o enviado do Pai.
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Liturgia da
Quarta-Feira
V
SEMANA DA QUARESMA
(ROXO,
PREFÁCIO DA PAIXÃO I – OFÍCIO DO DIA DA I SEMANA)
Antífona da entrada: Vós me livrais, Senhor, de meus inimigos; vós me fazeis
suplantar o agressor e do homem violento me salvais! (17,48s)
Leitura (Daniel
3,14-20.24.49.91-92.95))
Leitura da profecia de Daniel.
3 14 Nabucodonosor disse-lhes:
"É verdade, Sidrac, Misac e Abdênago, que recusais o culto a meus deuses
e a adoração à estátua de ouro que erigi?
15 Pois bem, estais prontos, no momento em que ouvirdes o som da trombeta, da
flauta, da cítara, da lira, da harpa, da cornamusa e de toda espécie de
instrumentos de música, a vos prostrardes em adoração diante da estátua que
eu fiz? Se não o fizerdes, sereis precipitados de relance na fornalha
ardente; e qual é o deus que poderia livrar-vos de minha mão?"
16 Sidrac, Misac e Abdênago responderam ao rei Nabucodonosor: "De nada
vale responder-te a esse respeito.
17 Se assim deve ser, o Deus a quem nós servimos pode nos livrar da fornalha
ardente e mesmo, ó rei, de tua mão.
18 E mesmo que não o fizesse, saibas, ó rei, que nós não renderemos culto
algum a teus deuses e que nós não adoraremos a estátua de ouro que
erigiste".
19 Então a fúria de Nabucodonosor desencadeou-se contra Sidrac, Misac e
Abdênago; os traços de seu rosto alteraram-se e ele elevou a voz para ordenar
que se aquecesse a fornalha sete vezes mais que de costume.
20 Depois deu ordem aos soldados mais vigorosos de suas tropas para amarrar
Sidrac, Misac e Abdênago, e jogá-los na fornalha ardente.
24 Ora, estes passeavam dentro das chamas, louvando a Deus e bendizendo o
Senhor.
49 Mas o anjo do Senhor havia descido com Azarias e seus companheiros à
fornalha e afastava o fogo.
50 Fez do centro da fogueira como um lugar onde soprasse uma brisa matinal: o
fogo nem mesmo os tocava, nem lhes fazia mal algum, nem lhes causava a menor
dor.
91. Então Nabucodonosor, admirado, levantou-se precipitadamente, dizendo a
seus conselheiros: "Não foram três homens amarrados que jogamos no
fogo?" "Certamente, majestade", responderam.
92. "Pois bem", replicou o rei, "eu vejo quatro homens soltos,
que passeiam impunemente no meio do fogo; o quarto tem a aparência de um
filho dos deuses".
95. Nabucodonosor tomou a palavra: "Bendito seja", disse, "o
Deus de Sidrac, de Misac e de Abdênago! Ele enviou seu anjo para salvar seus
servos, os quais, depositando nele toda a sua confiança, e transgredindo as
ordens do rei, preferiram expor suas vidas a se prostrarem em adoração diante
de um deus que não era o seu".
Salmo responsorial Dn 3
A vós louvor, honra e glória
eternamente!
Sede bendito, Senhor Deus de
nossos pais.
A vós louvor, honra e glória eternamente!
Sede bendito, nome santo e glorioso.
A vós louvor, honra e glória eternamente!
No templo santo onde refulge a
vossa glória.
A vós louvor, honra e glória eternamente!
E em vosso trono de poder vitorioso.
A vós louvor, honra e glória eternamente!
Sede bendito, que sondais as
profundezas.
A vós louvor honra e glória eternamente!
E superior aos querubins vos assentais.
A vós louvor, honra e glória eternamente!
Sede bendito no celeste
firmamento.
A vós louvor, honra e glória eternamente!
Obras todas do Senhor,
glorificai-o.
A ele louvor, honra e glória eternamente!
Aclamação do Evangelho
Honra, glória, poder e louvor a
Jesus, nosso Deus e Senhor!
Felizes os que observam a palavra do Senhor de reto coração e que produzem
muitos frutos, até o fim perseverantes! (Lc 8,15)
Evangelho (João 8,31-42)
8 31 E Jesus dizia aos judeus
que nele creram: "Se permanecerdes na minha palavra, sereis meus
verdadeiros discípulos;
32 conhecereis a verdade e a verdade vos livrará".
33 Replicaram-lhe: "Somos descendentes de Abraão e jamais fomos escravos
de alguém. Como dizes tu: 'Sereis livres'"?
34 Respondeu Jesus: "Em verdade, em verdade vos digo: todo homem que se
entrega ao pecado é seu escravo.
35 Ora, o escravo não fica na casa para sempre, mas o filho sim, fica para
sempre.
36 Se, portanto, o Filho vos libertar, sereis verdadeiramente livres.
37 Bem sei que sois a raça de Abraão; mas quereis matar-me, porque a minha
palavra não penetra em vós.
38 Eu falo o que vi junto de meu Pai; e vós fazeis o que aprendestes de vosso
pai".
39 "Nosso pai", replicaram eles, "é Abraão". Disse-lhes
Jesus: "Se fôsseis filhos de Abraão, faríeis as obras de Abraão.
40 Mas, agora, procurais tirar-me a vida, a mim que vos falei a verdade que
ouvi de Deus! Isso Abraão não o fez.
41 Vós fazeis as obras de vosso pai". Retrucaram-lhe eles: "Nós não
somos filhos da fornicação; temos um só pai: Deus".
42 Jesus replicou: "Se Deus fosse vosso pai, vós me amaríeis, porque eu
saí de Deus. É dele que eu provenho, porque não vim de mim mesmo, mas foi ele
quem me enviou".
COMENTÁRIOS DO EVANGELHO
1. "Permanecer na
Palavra"
(O comentário do Evangelho abaixo
é feito pelo Diácono José da Cruz )
Jesus está falando com um grupo
de Judeus que a princípio acreditaram nele, entusiasmados pelas suas sábias
palavras e pelos prodígios que realizava. Jesus os convida a darem um passo à
frente: permanecer na Palavra que um dia acolheram... É aí que vem o grande
desafio.
Às vezes as pessoas vagam de
paróquia em paróquia, principalmente nos grandes centros urbanos, á, procura
de padres que sejam pregadores de primeira. O que essas pessoas buscam? A
palavra transformadora ou palavras bonitas e frases de efeito, buscam um
evangelizador ou um exímio orador?
Claro que hoje em dia se exige
um desempenho melhor dos nossos pregadores de celebrações, sejam eles
sacerdotes, Diáconos ou Ministros Leigos, evidentemente nos estudos
teológicos deve constar da grade curricular uma boa aula de comunicação, técnicas
para aprimorar a oratória, postura, impostação da voz, pois a concorrência é
muito grande e há pastores evangélicos que nesse particular são ótimos
comunicadores.
Mas uma pregação, para ser boa,
depende de como ela é acolhida, conheço sacerdotes que não têm muita
eloqüência no falar, mas são sábios no pouco que dizem, pois o Espírito Santo
não fica selecionando oradores para inspirá-los, não é esse o critério de
Deus...
Quando não se acolhe
interiormente a Santa Palavra, mas apenas a ouve como algo bonito e
comovedor, acontece o que aconteceu com esse grupo de admiradores de Jesus:
não percebem que a Palavra de Deus manifestada em Jesus é essencialmente
Libertadora!
Em resumo, Jesus fala muito bem,
prega muitas verdades, tem uma linha profética diferenciada e superior aos
demais, entretanto, a pregação serve para o meu vizinho, pois em mim não há
nada a ser mudado, está tudo muito bem... "Pertencemos a Tradição de
Israel, somos descendentes de Abraão e nunca fomos escravos de ninguém, não
precisamos tanto assim da sua Palavra.
É o homem da pós modernidade
"escritinho"! Aprecia o cristianismo, é capaz até de freqüentar a
celebração dominical, vibra ao ouvir as leituras e a pregação (quando o
pregador tem cultura e conhecimento teológico) entretanto, do jeito que entra
ele sai, não sendo um crente sincero, mas apenas um admirador de Jesus e da
sua Igreja.
E quando esse grupo de
fervorosos Judeus que haviam manifestado uma certa queda por Jesus,
perceberam que seus ensinamentos e o seu modo de viver, contrariava certas
regrinhas e normas importantes do Judaísmo, passaram a rejeitá-lo e agora
articulam sua morte.
E no final Jesus os chama de
"Judeus de meia Pataca", porque se diziam descendentes de Abraão,
mas não seguiam o seu exemplo de Homem Santo, temente a Deus e fiel na sua
Fé, quem é realmente de Deus, jamais apóia as forças da morte e da
violência...
Muitos cristãos há que, finda a
celebração, guardam o seu cristianismo em uma das gavetas junto com a Bíblia,
e vivem e pensam de um modo que contradiz tudo o que celebram aos domingos:
aborto, pena de morte, desigualdade social, intolerância religiosa, opressão,
exploração e violência. Filhos de Abraão ou Cristãos de meia tigela?
2. A novidade de Jesus
(O comentário do Evangelho abaixo
é feito por José Raimundo Oliva )
Neste capítulo oitavo do
evangelho de João, a oposição entre a novidade de Jesus e a ortodoxia dos
judeus é apresentada envolvendo agressivas acusações recíprocas. No texto de
hoje, na primeira parte, Jesus está se dirigindo a judeus que creram nele. Em
seguida, o diálogo é com judeus que o querem matar. Com a justaposição dos
dois diálogos, o evangelista João faz uma advertência às comunidades de
cristãos convertidos do judaísmo para que não retornem às sinagogas.
Jesus afirma que a libertação
verdadeira é ele quem traz, como enviado de Deus. Quem rejeita o Pai de
Jesus, adota um deus de poder e passa a oprimir os pequeninos. Assim
permanecem escravos do pecado.
É Jesus quem fala a verdade que
ouviu de Deus, não Abraão.
Oração
Pai, liberta-me por tua palavra de verdade que afasta o egoísmo do coração, e
capacita-me a amar meu semelhante, como amor total, a exemplo de Jesus.
3. ESCRAVIDÃO E LIBERDADE
(O comentário do Evangelho abaixo
é feito pelo Pe. Jaldemir Vitório ).
Escravidão e liberdade resultam
da postura que as pessoas assumem, diante de Jesus e de seu projeto. A
liberdade brota da obediência ao Mestre, explicitada em forma de comunhão e
solidariedade, de maneira especial, com os mais fracos e pequeninos. Este
gesto de amor é possível quando o discípulo se liberta da tirania do egoísmo,
e se projeta para além de si mesmo. A escravidão acontece quando, tiranizadas
pelo egoísmo, as pessoas não são capazes de superar seus pequenos interesses,
abrindo-se para Deus e para o próximo.
Existem religiosidades
falsamente libertadoras, que levam as pessoas a se apegarem a elementos
secundários, tornando-se incapazes de acolher o projeto de Deus.
Jesus entrou em atrito com gente
deste tipo. O orgulho de pertencerem à descendência de Abraão levava certas
pessoas a se oporem, abertamente, a Jesus, o enviado do Pai, e à sua proposta
de conversão. Pensando ser filhos de Deus, acabavam por se fazer filhos de
outro pai. Não pode haver contradição no agir de quem provém de Deus. Se
rejeitam o Filho, é porque não estão enraizados no Pai.
A missão de Jesus consistiu em
libertar a humanidade, fazendo-a conhecer a verdade. Não podemos nos
contentar com uma libertação apenas aparente e enganadora. Só Jesus pode
tornar-nos, efetivamente, livres.
Oração
Espírito de libertação, não permitas que eu me deixe enganar pela liberdade
aparente, e sim, que eu conheça a verdade que me torna livre.
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Liturgia da
Quinta-Feira
V
SEMANA DA QUARESMA
(ROXO,
PREFÁCIO DA PAIXÃO I – OFÍCIO DO DIA)
Antífona da entrada: Cristo e o mediador de uma nova aliança, para que, por
meio de sua morte, recebam os eleitos a herança eterna que lhes foi prometida
(Hb 9,15).
Leitura (Gênesis 17,3-9)
Leitura do livro do Gênesis.
17 3 Abrão prostrou-se com o
rosto por terra. Deus disse-lhe:
4 "Este é o pacto que faço contigo: serás o pai de uma multidão de
povos.
5 De agora em diante não te chamarás mais Abrão, e sim Abraão, porque farei
de ti o pai de uma multidão de povos.
6 Tornar-te-ei extremamente fecundo, farei nascer de ti nações e terás reis
por descendentes.
7 Faço aliança contigo e com tua posteridade, uma aliança eterna, de geração
em geração, para que eu seja o teu Deus e o Deus de tua posteridade.
8 Darei a ti e a teus descendentes depois de ti a terra em que moras como
peregrino, toda a terra de Canaã, em possessão perpétua, e serei o teu
Deus."
9 Deus disse ainda a Abraão: "Tu, porém, guardarás a minha aliança, tu e
tua posteridade nas gerações futuras".
Salmo responsorial
104/105
O Senhor se lembra sempre da
aliança!
Procurai o Senhor Deus e seu
poder,
buscai constantemente a sua face!
Lembrai as maravilhas que ele fez,
seus prodígios e as palavras de seus lábios!
Descendentes de Abraão, seu
servidor,
e filhos de Jacó, seu escolhido,
ele mesmo, o Senhor, é nosso Deus,
vigoram suas leis em toda a terra.
Ele sempre se recorda da
aliança,
promulgada a incontáveis gerações;
da aliança que ele fez com Abraão
e do seu santo juramento a Isaac.
Aclamação do Evangelho
Glória a Cristo, palavra eterna
do Pai, que é amor!
Oxalá ouvísseis hoje a sua voz. Não fecheis os corações como em Meriba! (Sl
94,8)
EVANGELHO (João 8,51-59)
8 51 Disse Jesus aos judeus:
"Em verdade, em verdade vos digo: 'se alguém guardar a minha palavra,
não verá jamais a morte'".
52 Disseram-lhe os judeus: "Agora vemos que és possuído de um demônio.
Abraão morreu, e também os profetas. E tu dizes que, se alguém guardar a tua
palavra, jamais provará a morte.
53 És acaso maior do que nosso pai Abraão? E, entretanto, ele morreu e os
profetas também. Quem pretendes ser?"
54 Respondeu Jesus: "Se me glorifico a mim mesmo, a minha glória não é
nada; meu Pai é quem me glorifica, aquele que vós dizeis ser o vosso Deus
55 e, contudo, não o conheceis. Eu, porém, o conheço e, se dissesse que não o
conheço, seria mentiroso como vós. Mas conheço-o e guardo a sua palavra.
56 Abraão, vosso pai, exultou com o pensamento de ver o meu dia. Viu-o e
ficou cheio de alegria".
57 Os judeus lhe disseram: "Não tens ainda cinqüenta anos e viste
Abraão!"
58 Respondeu-lhes Jesus: "Em verdade, em verdade vos digo: antes que
Abraão fosse, eu sou".
59 A essas palavras, pegaram então em pedras para lhas atirar. Jesus, porém,
se ocultou e saiu do templo.
COMENTÁRIOS DO EVANGELHO
1. "O perigo da
leitura fundamentalista..."
(O comentário do Evangelho abaixo
é feito pelo Diácono José da Cruz )
Podemos dizer que os Judeus eram
fundamentalistas em extremo e entendiam a escritura antiga ao Pé da Letra.
Desta visão distorcida e equivocada dos Profetas e da Torá, é que vem o confronto
com Jesus, que jamais contradisse uma só letra da escritura antiga, mas fazia
dela uma releitura aplicando á sua vida, tornando-se ele próprio a Palavra
Viva e a revelação mais clara da vontade de Deus, o mesmo Deus Javé ou o Deus
da Aliança, Pai de Jesus Cristo.
Jesus interpretava a Lei e os
Profetas mostrando em seu conteúdo o Deus que se revela e que busca o homem
para salvá-lo e resgatá-lo em definitivo das Forças do Mal. Interpretar
significa exatamente aplicar a Palavra de Deus escrita na Bíblia, nos dias de
hoje, na minha vida e na vida da comunidade, se não houver essa
interpretação, corre-se o risco de ser fundamentalista e isso acontece quando
não se faz a hermenêutica.
Jesus mostra com palavras e
obras á sua relação direta com o Pai, que é o Deus da Aliança, o Deus de
Moisés, o Deus de Abrão, Isaac e Jacó. Os Judeus julgam serem exímios
conhecedores de Deus, apenas pelas escrituras, são eles os interpretadores
oficiais e não admitem que nenhum outro o faça, muito menos Jesus, um simples
Galileu. O que na verdade eles conhecem de Deus é o que dele escreveram os
profetas e se falaram dos Patriarcas, conheciam na teoria, mas Jesus, o Filho
Vivo de Deus está ali diante deles, mais do que conhecer a Deus, Ele provém
de Deus, Ele é o Deus vivo...
Jesus nunca se preocupou em
fazer sinais prodigiosos para superar os profetas ou os Patriarcas, pois
estes apenas prepararam o caminho para aquele que haveria de vir,
preliminarmente Deus se manifestou nesses Santos Homens, mas jamais com a
perfeição com que se manifestou em Jesus Cristo, seu Filho. Todos os que o
precederam anunciaram a Salvação e a libertação, Jesus é a Salvação e a
Libertação, ele não mostra o caminho, mas ele é o caminho, ele não mostra a
Verdade, ele é a Verdade, ele não mostra a Vida, ele é a Vida!
Jesus é a Escritura Viva de
Deus, é o Verbo Encarnado, mas os Judeus fundamentalistas só o vêem como um
intermediário, na linha dos Patriarcas e dos Profetas de Israel, valorizam a
"casca" e menosprezam o fruto doce que está dentro dela, enfiam as
mãos pelos pés e confundem o meio com o fim... Confusão típica de quem é
fundamentalista e não consegue sentir em sua vida os efeitos maravilhosos da
Graça operante e santificante que Jesus oferece mediante a Fé...
2. Conflito entre Jesus
e os dirigentes judeus
(O comentário do Evangelho abaixo
é feito por José Raimundo Oliva )
Este texto de João é a
conclusão, de modo contundente, do conflitante diálogo entre Jesus e os
dirigentes judeus. Jesus convida-os a acolher a sua palavra, que dá a vida
para sempre. Para eles isto é loucura. Argumentam que o próprio patriarca
Abraão e os profetas morreram. Jesus reafirma sua filiação divina e sua
igualdade com o Pai. Termina assumindo para si a revelação de Deus a Moisés
no monte Sinai: "Eu sou".
O diálogo encerra-se
tragicamente. Os judeus procuram matar Jesus por apedrejamento. Jesus não é
realmente compreendido por eles, pois situa-se fora de seu esquema religioso
e da ideologia do Templo.
Aos discípulos fiéis fica a certeza
da participação na vida eterna, em Jesus.
Oração
Pai, coloca-me em sintonia com as palavras e o modo de pensar de teu Filho
Jesus, para que eu possa compreender seus ensinamentos, sem deturpá-los.
3. TENSÃO ENTRE OS JUDEUS
(O comentário do Evangelho abaixo
é feito pelo Pe. Jaldemir Vitório ).
Concluindo o tenso diálogo com
os judeus, Jesus mostra-se acolhedor: quem guardar sua palavra não provará a
morte. É a promessa da eternidade. Contudo, não entendem a participação do
próprio Abraão ou dos profetas na vida eterna. Voltam a interrogar sobre a
identidade de Jesus. Jesus é aquele que, em sua vida e em sua morte, revela a
glória do Pai. Ele é superior a Abraão e identifica-se com o Deus revelado no
Sinai: "Eu Sou". E é quem conhece o Pai e cumpre sua palavra: vem
trazer a liberdade e a vida aos homens e mulheres. Em vão: os judeus
acusam-no de ter um demônio e pegam pedras para matá-lo por apedrejamento.
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Liturgia da Sexta-Feira
V
SEMANA DA QUARESMA
(ROXO,
PREFÁCIO DA PAIXÃO I – OFÍCIO DO DIA)
Antífona da entrada: Tende piedade de mim, Senhor, a angústia me oprime.
Libertai-me das mãos dos inimigos e livrai-me daqueles que me perseguem. Não
serei confundido, Senhor, porque vos chamo (Sl 30,10.16.18).
Leitura (Jeremias
20,10-13)
Leitura do livro do profeta Jeremias.
20 10 Ouço as invectivas da
multidão: "Cerca-nos o terror! Denunciai-o! Vamos denunciá-lo!" Os
que eram meus amigos espiam-me agora os passos. "Se cair em abusos,
tiraremos vantagem, e dele nos vingaremos".
11 O Senhor, porém, está comigo, qual poderoso guerreiro. Por isso, longe de
triunfar, serão esmagados meus perseguidores. Sua queda os mergulhará na
confusão. Será, então, a vergonha eterna, inesquecível.
12 Senhor, Deus dos exércitos, vós que sondais o justo, e que escrutais os
rins e os corações, concedei-me o poder de contemplar a vingança que deles
ides tirar! Pois em vossas mãos depositei a minha causa.
13 Cantai ao Senhor, glorificai-o, porque salvou a vida do miserável das mãos
do mau.
Salmo responsorial 17/18
Ao Senhor eu invoquei na minha
angústia
e ele escutou a minha voz.
Eu vos amo, ó Senhor! Sois minha
força,
minha rocha, meu refúgio e salvador!
Ó meu Deus, sois o rochedo que
me abriga,
minha força e poderosa salvação,
sois meu escudo e proteção: em vós espero!
Invocarei o meu Senhor: a ele a glória!
E dos meus perseguidores serei salvo!
Ondas da morte me envolveram
totalmente,
e as torrentes da maldade me aterraram;
os laços do abismo me amarraram
e as própria morte me prendeu em suas redes.
Ao Senhor eu invoquei na minha
angústia
e elevei o meu clamor para o meu Deus;
de seu templo ele escutou a minha voz
e chegou a seus ouvidos o meu grito.
Aclamação do Evangelho
Glória a Cristo, palavra eterna
do Pai, que é amor!
Senhor, tuas palavras são espírito, são vida; só tu tens palavras de vida
eterna! (Jo 6,63.68)
EVANGELHO (João 10,31-32)
10 31 Os judeus pegaram pela
segunda vez em pedras para apedrejar Jesus.
32 Disse-lhes Jesus: "Tenho-vos mostrado muitas obras boas da parte de
meu Pai. Por qual dessas obras me apedrejais?"
33 Os judeus responderam-lhe: "Não é por causa de alguma boa obra que te
queremos apedrejar, mas por uma blasfêmia, porque, sendo homem, te fazes
Deus".
34 Replicou-lhes Jesus: "Não está escrito na vossa lei: 'Eu disse: Vós
sois deuses'?
35 Se a lei chama deuses àqueles a quem a palavra de Deus foi dirigida (ora,
a Escritura não pode ser desprezada),
36 como acusais de blasfemo aquele a quem o Pai santificou e enviou ao mundo,
porque eu disse: Sou o Filho de Deus?
37 Se eu não faço as obras de meu Pai, não me creiais.
38 Mas se as faço, e se não quiserdes crer em mim, crede nas minhas obras,
para que saibais e reconheçais que o Pai está em mim e eu no Pai".
39 Procuraram então prendê-lo, mas ele se esquivou das suas mãos.
40 Ele se retirou novamente para além do Jordão, para o lugar onde João
começara a batizar, e lá permaneceu.
41 Muitos foram a ele e diziam: "João não fez milagre algum,
42 mas tudo o que João falou deste homem era verdade". E muitos
acreditaram nele.
COMENTÁRIOS DO EVANGELHO
1. "Ser Filho de
Deus... A grande Blasfêmia"
(O comentário do Evangelho abaixo
é feito pelo
Diácono José da Cruz )
Todas as ações de Jesus a favor
do bem das pessoas, incomodava os Judeus, afinal ele brilhava mais do que os
Doutores da LEI, Escribas e Fariseus, porque ensinava com autoridade então,
qualquer ação de Jesus era motivo para tentar condená-lo. A preocupação
constante das lideranças religiosas era realmente fazer Jesus calar a boca,
entretanto, havia algo que fazia toda aquela fúria dobrar-se... Era quando
Jesus se fazia Deus assumindo diante deles a sua Filiação Divina.
Naquelas cabeças duras e
corações insensíveis, a idéia de um Deus feito homem, de um Deus entranhado
na carne humana, era algo inconcebível, uma grande blasfêmia! Hoje, pelo modo
com que o Ser humano é tratado, despojado de sua dignidade, violentado em
seus direitos, massacrado e humilhado em sua dor e sofrimento, podemos dizer
que, o homem não acredita que o seu irmão é Filho de Deus, não consegue crer
em uma dignidade tão grande.
As obras que Jesus realizava
eram incontestáveis, seu posicionamento a favor da vida, dos mais pequenos e
dos miseráveis, dos impuros e excluídos, o fazia desprezível diante das
lideranças religiosas que tinham no coração e na mente um outro Deus, uma
outra verdade. e não queriam, trocar isso por nada desse mundo.
A religião do comodismo continua
ainda hoje a ser uma grande tentação, quando nos deparamos com algum profeta
corajoso e ousado que questiona a religião e o sentido de se viver na Fé,
mexendo com as nossas estruturas espirituais e eclesiais, trememos na base e
damos um jeitinho de fazê-lo calar a boca. A pregação de Jesus questionava e
os fazia pensar e eles queriam uma pregação que anunciasse um messianismo
glorioso e vencedor. Eles bem que tentaram acabar com Jesus ali mesmo, mas
uma vez mais Jesus se retira imune para o deserto onde tudo havia começado
com o Batismo e a pregação de João.
Nesta quaresma devemos também
buscar o deserto onde Deus nos fala ao coração apontando-nos a missão e o
caminho a ser seguido. Que nada desvie a nossa atenção e que não tenhamos
medo de mudanças, mesmo que estas sejam bem no íntimo de nós...
2. Rejeição dos judeus à
revelação de Jesus
(O comentário do Evangelho abaixo é feito por José Raimundo Oliva )
Nos capítulos 8 a 11 de seu evangelho, João
narra exacerbados conflitos entre os judeus e seus chefes e Jesus. É
destacada no texto, de maneira repetida, a decisão de matarem Jesus.
Jesus afirmara sua unidade com o
Pai (10,30). Insensíveis às boas obras de Jesus, os judeus querem
apedrejá-lo. Atendem, assim, aos interesses das elites religiosas e
econômicas de Jerusalém, as quais oprimem e matam para garantir seus
privilégios.
Jesus revelou as boas obras do Pai por seu amor, sua misericórdia, no dom de sua
vida ao longo de seus anos, para libertar os oprimidos e excluídos. Estas
obras foram compreendidas por muitos que creram nele "do outro lado do
Jordão", isto é, fora do judaísmo.
Oração
Pai, reforça minha fé em Jesus, em cujas palavras e ensinamentos tu te fazes
presente na nossa história humana.
3. SOU O FILHO DE DEUS
(O comentário do Evangelho abaixo
é feito pelo Pe. Jaldemir Vitório ).
A intimidade que Jesus mostrava
ter com seu Pai constituía o ponto central do atrito com seus adversários. Na
história de Israel, pontilhada de pessoas piedosas, jamais alguém havia
manifestado estar tão próximo de Deus, como Jesus afirmava estar. Por isso,
seus adversários não sabiam como tratá-lo. Preferiram apedrejá-lo, para se
verem livres de sua presença incômoda.
E isto, não porque Jesus fosse
arrogante e orgulhoso, e se prevalecesse de um poder que as outras pessoas
não possuíam. Em verdade, ele não exigia para si um tratamento especial, por
sua condição divina, nem tinha ambições políticas de tomar o poder, e
submeter o povo a seus caprichos. Pelo contrário, o projeto de Jesus
opunha-se a tudo isto.
O Mestre irritava os seus
adversários, porque se recusava a aderir a uma das facções religiosas
existentes. Pelo contrário, criticava-as e denunciava-lhes as incoerências. E
tais denúncias eram feitas com uma autoridade, até então, desconhecida, que
Jesus atribuía ao Pai.
Por outro lado, seus adversários
pensavam estar agindo perfeitamente de acordo com a vontade de Deus.
Conseqüentemente, não podiam aceitar que alguém, invocando a autoridade
divina na condição de Filho, pudesse lançar-lhes em face acusações tão
severas.
A situação de Jesus era
extremamente perigosa diante de seus adversários. Entretanto, não teve medo
de enfrentá-los, mesmo sabendo que podia ser eliminado por eles.
Oração
Espírito do Filho, livra-me da dureza de coração, que não me deixa reconhecer
a filiação divina de Jesus.
|
V
SEMANA DA QUARESMA
(ROXO,
PREFÁCIO DA PAIXÃO I – OFÍCIO DO DIA)
Antífona da entrada: Ó Senhor, não fiqueis longe de mim! Ó minha força,
correi em meu socorro! Sou um verme, e não um homem, opróbrio dos homens e
rebotalho da plebe (Sl 21,20.7).
Leitura (Ezequiel
37,21-28)
Leitura da profecia de Ezequiel.
37 21 Eis o que diz o Senhor
Javé: "Vou recolher os israelitas de entre as nações onde se acham
dispersos; vou congregá-los de toda parte e trazê-los para a sua terra.
22 Farei com que, em sua terra, sobre as montanhas de Israel, não formem mais
do que uma só nação, que não possuam mais do que um rei. Não mais existirá a
divisão em dois povos e em dois reinos.
23 Não mais se mancharão com seus ídolos nem cometerão infames abominações:
libertá-los-ei de todas as transgressões de que se tornaram culpados e
purificá-los-ei. Eles serão o meu povo, e eu serei o seu Deus.
24 Meu servo Davi será o seu rei; não terão todos senão um só pastor;
obedecerão aos meus mandamentos, observarão as minhas leis e as porão em
prática.
25 Habitarão a terra que concedi a meu servidor Jacó, aquela em que vossos
pais residiram; eles aí permanecerão; eles, seus filhos e os filhos de seus
filhos para sempre. Davi, meu servo, será para sempre o seu rei.
26 Concluirei com eles uma aliança de paz, um tratado eterno. Eu os plantarei
e multiplicá-los-ei. Estabelecerei para sempre o meu santuário entre eles.
27 Minha residência será no meio deles. Eu serei o seu Deus, e eles serão o
meu povo.
28 E as nações saberão que sou eu, o Senhor, quem santifica Israel, quando o
meu santuário se achar constituído para sempre no meio do (meu) povo.
Salmo responsorial Jr 31
O Senhor nos guardará qual
pastor a seu rebanho.
Ouvi, nações, a palavra do
Senhor
e anunciai-a nas ilhas mais distantes:
"Quem dispersou Israel vai congregá-lo
e o guardará qual pastor a seu rebanho!"
Pois, na verdade, o Senhor remiu
Jacó
e o libertou do poder do prepotente.
Voltarão para o monte de Sião,
entre brados e cantos de alegria
afluirão para as bênçãos do Senhor.
Então a virgem dançará
alegremente,
também o jovem e o velho exultarão;
mudarei em alegria o seu luto,
serei consolo e conforto após a guerra.
Aclamação do Evangelho
Salve, ó Cristo, imagem do Pai,
a plena verdade nos comunicai!
Laçai para bem longe toda a vossa iniquidade! Criai em vós um novo espírito e
um novo coração! (Ez 18,31)
Evangelho (João 11,45-56)
11 45 Muitos dos judeus, que
tinham vindo a Marta e Maria e viram o que Jesus fizera, creram nele.
46 Alguns deles, porém, foram aos fariseus e lhes contaram o que Jesus
realizara.
47 Os pontífices e os fariseus convocaram o conselho e disseram: "Que
faremos? Esse homem multiplica os milagres.
48 Se o deixarmos proceder assim, todos crerão nele, e os romanos virão e
arruinarão a nossa cidade e toda a nação".
49 Um deles, chamado Caifás, que era o sumo sacerdote daquele ano,
disse-lhes: "Vós não entendeis nada!
50 Nem considerais que vos convém que morra um só homem pelo povo, e que não
pereça toda a nação".
51 E ele não disse isso por si mesmo, mas, como era o sumo sacerdote daquele
ano, profetizava que Jesus havia de morrer pela nação,
52 e não somente pela nação, mas também para que fossem reconduzidos à
unidade os filhos de Deus dispersos.
53 E desde aquele momento resolveram tirar-lhe a vida.
54 Em conseqüência disso, Jesus já não andava em público entre os judeus.
Retirou-se para uma região vizinha do deserto, a uma cidade chamada Efraim, e
ali se detinha com seus discípulos.
55 Estava próxima a Páscoa dos judeus, e muita gente de todo o país subia a
Jerusalém antes da Páscoa para se purificar.
56 Procuravam Jesus e falavam uns com os outros no templo: "Que vos
parece? Achais que ele não virá à festa?"
COMENTÁRIOS DO EVANGELHO
1. "Quem tem poder
de dar a Vida, é condenado á morte"
(O comentário do Evangelho abaixo
é feito pelo Diácono José da Cruz )
Eu lembrei-me das nossas
comunidades por um instante, ao deparar com esses evangelho, Jesus havia
ressuscitado Lázaro, o último sinal no evangelho de João, um grupo de Judeus
que ali estava encontraram a Verdade e passaram a crer Nele, mas o outro
grupo, foi correndo para "botar lenha na fogueira", envenenando os
Fariseus, como se dissessem "Olha, se ninguém fizer algo esse homem vai
ser Rei pois demonstrou uma vez mais o seu poder até sobre a morte".
Nas comunidades, quando Deus
suscita os carismas nos irmãos e irmãs, que a ele se entregam, também
acontece a mesma coisa, para alguns é fruto da graça e ao verem o crisma do
outro ficam admirados e se enchem de salutar alegria louvando e bendizendo ao
Bom Deus, outros há porém, que vão levar a notícia do sucesso daquele irmão,
a pessoas que não gostam dele, só para semear ainda mais o ódio e a discórdia
entre elas.
Os Fariseus levaram o assunto ao
Conselho da Comunidade, que naquele tempo chamava-se Sinédrio, e o
coordenador do Conselho, que era o Caifás teve uma idéia para fazer calar a
Jesus e acabar com a sua fama. Certamente ele alardeou primeiro as
"ameaças" que pesavam sobre a Comunidade Judaica, que estava bem
afinada com o poder romano, se Jesus continuasse com aquela fama toda. Um
Líder novo que não tinha compromisso nem com os Judeus e nem com os romanos,
era muito perigoso naquela altura do campeonato. Então o melhor mesmo era
matá-lo, para defender a segurança da nação de Israel.
O que Caifás defendia de unhas e
dentes na realidade era o poder religioso e os privilégios e regalias que a sua
classe dominante e opressora detinha. E assim, Aquele que era o Senhor da
Vida e provara isso ressuscitando a Lázaro, acabara de ser condenado á morte,
pelos da sua própria comunidade.
Fico pensando se hoje também,
muitas vezes em nossas comunidades cristãs, não se sufoca novas lideranças,
por medo de se perder o cargo ou o ministério que se ocupa. Certamente que
sim... E a nova liderança, que poderia trazer ainda mais vida, acaba
condenado à morte, desvalorizado e até ridicularizado naquilo que faz...
2. Decisão de matar
Jesus
(O comentário do Evangelho abaixo é feito por José Raimundo Oliva )
No evangelho de João, hoje,
temos a continuidade da narrativa em que Jesus, em casa de Maria, ressuscitara seu
irmão Lázaro. Esta ressurreição marca o fim do ministério de Jesus. Diante da
adesão de muitos a Jesus, os chefes religiosos de Jerusalém se reúnem e
decidem matá-lo. Jesus se isola por um tempo, porém, sua meta é voltar a
Jerusalém para sua última proclamação, convidando todos a crerem nele, que é
a luz do mundo e que a todos comunica a vida eterna.
Nestes últimos dias da Quaresma,
preparando a Semana Santa e a Páscoa, a liturgia destacou, no evangelho de
João, as perseguições dos chefes judeus a Jesus, com a decisão firmada de
matá-lo.
Oração
Pai, ajuda-me a compreender, sempre mais profundamente, o caminho para
encontrar-me contigo, que Jesus nos ensinou. Livra-me, também, do apego aos
esquemas já superados.
3. A MORTE DE UM POR TODOS
(O comentário do Evangelho abaixo
é feito pelo Pe. Jaldemir Vitório ).
Não deixa de ser estranho o fato
de o sentido da morte de Jesus ter sido explicitado exatamente por quem
estava tramando eliminá-lo: Caifás. Sem dúvida alguma, o sumo-sacerdote não
tinha a intenção de profetizar a respeito de Jesus. O evangelista, no
entanto, assim o interpretou.
Tudo culminou com a ressurreição
de Lázaro. Os sumos-sacerdotes e os fariseus, reunidos em conselho, decidiram
matar Jesus, baseando-se num falso argumento. Eles temiam pela sobrevivência
da nação, se os romanos ficassem revoltados com os sinais realizados pelo
Mestre. Evidentemente, Jesus representava menos perigo para os romanos do que
outros grupos, reconhecidos como refratários aos dominadores estrangeiros.
Caifás propôs que Jesus fosse
eliminado, e, assim, fosse poupada toda a nação. Eles cuidariam de eliminar o
perigo, antes que se acendesse a ira dos romanos.
Embora o raciocínio do sumo-sacerdote
fosse infundado, suas palavras tinham um quê de verdade. De fato, Jesus
haveria de morrer em favor de toda a humanidade. Seu sacrifício traria
benefício para todos, sem exceção. Por sua morte, ninguém mais estaria fadado
à morte eterna. Este seria o sentido último da cruz.
Oração
Espírito de gratidão, que eu seja profundamente grato a Jesus, cuja morte de
cruz trouxe-me a salvação.
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