quarta-feira, 11 de abril de 2012

4º semana da quaresma Ano B

4º semana da quaresma

4º Domingo da Quaresma  ANO B
(ROXO, CREIO – IV SEMANA DO SALTÉRIO)
"...é pela graça que sois salvos, mediante a fé."
Ambientação:
Sejam bem-vindos amados irmãos e irmãs! Na celebração damos graças ao Pai , porque em Jesus realiza o maior gesto de amor para conosco. Contemplando-o erguido na cruz, nossas trevas são desmascaradas e vencidas e a esperança de um mundo feliz e libertado é reavivada. Como povo peregrino, comemos de seu pão, antecipando na fé a realização da comunhão entre nós, com o mundo e com Deus. A comunidade cresce e se fortalece na medida em que põe em prática o projeto de Jesus, a serviço da vontade do Pai, manifestada pelos mandamentos e pela vida de Jesus. Lembramos que este domingo é de muita alegria, pois a Igreja nos lembra que a Páscoa do Senhor está se aproximando. Sintamos o júbilo real de Deus em nossos corações e cheios dessa alegria divina entoemos cânticos jubilosos ao Senhor!

LITURGIA DA PALAVRA
Comentário: A Liturgia da Palavra nos garante que Deus oferece, de forma totalmente gratuita e incondicional, a vida eterna. Somos convidados a olhar para Jesus, a aprender com Ele a lição do amor total, a percorrer com Ele o caminho da entrega e do dom da vida.
PRIMEIRA LEITURA 2Cr 36,14-16.19-23
LEITURA DO SEGUNDO LIVRO DAS CRÔNICAS
Naqueles dias, todos os chefes dos sacerdotes e o povo multiplicaram suas infidelidades, imitando as   práticas abomináveis das nações pagãs, e profanaram o templo que o Senhor tinha santificado em Jerusalém. Ora, o Senhor Deus de seus pais dirigia-lhes freqüentemente a palavra por meio de seus mensageiros, admoestando-os com solicitude todos os dias, porque tinha compaixão do seu povo e da sua própria casa. Mas eles zombavam dos enviados de Deus, desprezavam as suas palavras, até que o furor do Senhor se levantou contra o seu povo e não houve mais remédio. Os inimigos incendiaram a casa de Deus e deitaram abaixo os muros de Jerusalém, atearam fogo a todas as construções fortificadas e destruíram tudo o que havia de precioso. Nabucodonosor levou cativos para a Babilônia, todos os que escaparam à espada, e eles tornaram-se escravos do rei e de seus filhos, até que o império passou para o rei dos persas. Assim se cumpriu a palavra do Senhor pronunciada pela boca de Jeremias: "Até que a terra tenha desfrutado de seus sábados, ela repousará durante todos os dias da desolação, até que se completem setenta anos". No primeiro ano do reinado de Ciro, rei da Pérsia, para que se cumprisse a palavra do Senhor pronunciada pela boca de Jeremias, o Senhor moveu o espírito de Ciro, rei da Pérsia, que mandou publicar em todo o seu reino, de viva voz e por escrito, a seguinte proclamação: "Assim fala Ciro, rei da Pérsia: O Senhor, Deus do céu, deu-me todos os reinos da terra, e encarregou-me de lhe construir um templo em Jerusalém, que está no país de Judá. Quem dentre vós todos pertence ao seu povo? Que o Senhor, seu Deus, esteja com ele, e que se ponha a caminho".

SALMO RESPONSORIAL – Sl 137(136)
Ref.: Que se prenda minha língua ao céu da boca, se de ti, Jerusalém, eu me esquecer!
1. Junto aos rios da Babilônia nos sentá- vamos chorando, com saudade de Sião. Nos salgueiros por ali penduramos nossas harpas.
2. Pois foi lá que os opressores nos pediram nossos cânticos; nossos guardas exigiam alegria na tristeza: cantai hoje para nós algum canto de Sião.
3. Como havemos de cantar os cantares do Senhor numa terra estrangeira: Se de ti, Jerusalém, eu me esquecer, que resseque a minha mão.
4. Que se cole a minha língua e se prenda ao céu da boca, se de ti não me lembrar! Se não for Jerusalém minha grande alegria!
SEGUNDA LEITURA Ef 2,4-10
LEITURA DA CARTA DE SÃO PAULO AOS EFÉSIOS
Mas Deus, que é rico em misericórdia, impulsionado pelo grande amor com que nos amou, quando estávamos mortos em conseqüência de nossos pecados, deu-nos a vida juntamente com Cristo - é por graça que fostes salvos, juntamente com ele nos ressuscitou e nos fez assentar nos céus, com Cristo Jesus. Ele demonstrou assim pelos séculos futuros a imensidão das riquezas de sua graça, pela   bondade que tem para conosco, em Jesus Cristo. Porque é gratuitamente que fostes salvos mediante a fé. Isto não provém de vossos méritos, mas é puro dom de Deus. Não provém das obras, para que ninguém se glorie. Somos obra sua, criados em Jesus Cristo para as boas ações, que Deus de antemão preparou para que nós as praticássemos.
EVANGELHO Jo 3, 14-21
ACLAMAÇÃO AO EVANGELHO
Ref.: Louvor e glória a ti, Senhor, Cristo, Palavra de Deus! Cristo, Palavra de Deus!
1. Tanto Deus amou o mundo, que lhe deu seu Filho único; todo aquele que crer nele há de ter a vida eterna.

Naquele tempo, disse Jesus a Nicodemos: "Do mesmo modo como Moisés levantou a serpente no deserto, assim é necessário que o Filho do homem seja levantado, para que todos os que nele crerem tenham a vida eterna. Pois Deus amou tanto o mundo, que deu seu Filho unigênito, para que não morra todo o que nele crer, mas tenha a vida eterna. De fato, Deus não enviou o seu Filho ao mundo para condenar o mundo, mas para que o mundo seja salvo por ele. Quem nele crê, não é condenado, mas, quem não crê, já está condenado, porque não acreditou no nome do Filho unigênito. Ora, o julgamento é este: a luz veio ao mundo, mas os homens preferiram as trevas à luz, porque suas ações eram más. Quem pratica o mal odeia a luz e não se aproxima da luz, para que suas ações não sejam denunciadas. Mas, quem age conforme a verdade, aproxima-se da luz, para que se manifeste que suas ações são realizadas em Deus".
Formação Litúrgica – O Sinal da Cruz
O sinal da cruz no início da celebração tem como finalidade "fazer com que os fiéis, reunindo-se em assembléia, constituam uma comunhão e se disponham para ouvir atentamente a palavra de Deus e celebrar dignamente a Eucaristia". É a primeira ação litúrgica, pela qual se constitui "oficialmente" a assembleia. É como se a pessoa que preside dissesse assim: "Em nome da Trindade Santa (Pai, e Filho e Espírito Santo) declaro (declaramos) constituída esta assembleia litúrgica". E toda a assembleia expressa o seu assentimento, dizendo: "Amém" (assim seja, aprovado!). Assim, junto com a saudação presidencial subseqüente e a resposta do povo, se expressa (como diz a Instrução Geral) "o mistério da Igreja reunida" (n. 50). No fundo, o que se quer dizer é isso: "A partir desse instante, está constituída a assembléia litúrgica". Quem nos reúne em comunhão de fé e amor para ouvir a Palavra e celebrar a Eucaristia é o Deus comunhão (Pai, e Filho e Espírito Santo), e mais ninguém. Neste Deus comunhão todos nós estamos em comunhão, formando um só corpo místico para celebrar a divina Liturgia, na qual somos 'tocados' pelo seu amor misericordioso em todos os âmbitos do nosso ser. Por isso, proclamando que quem nos reúne é a Trindade Santa, nós tocamos o nosso corpo em forma de cruz. Esse "toque" tem um sentido simbólico e espiritual profundo. Por ele, no fundo, testemunhamos que, pelo mistério pascal (cruz e ressurreição), fomos (e somos!) "tocados" pelo amor da Trindade. Não tem sentido chamar esta ação litúrgica de "invocação" à Trindade. Pois é Ela que, por gratuita iniciativa sua já nos reúne em assembléia para, em comunhão de fé e amor, ouvirmos "atentamente" a Palavra e celebrarmos "dignamente" a Eucaristia... Simplesmente celebramos o fato de ser Ela que nos reúne para sermos "tocados" pela presença viva do Senhor, na Palavra, no Sacramento e na vida comunitária.
TEXTOS BÍBLICOS PARA A SEMANA:

2ª Rx - 2Sm 7,4-5a.12-14a.16; Sl 88(89); Rm 4,13.16-18.22; 
Lc 2,41-51 ou Mt 1,16.18-21.24
3ª Rx - Ez 47,1-9.12; Sl 45; Jo 5,1-3a.5-16
4ª Br - Is 7,10-14;8,10; Sl 39(40); hb 10,4-10; Lc 1,26-38
5ª Rx - Ex 32,7-14; Sl 105; Jo 5,31-47
6ª Rx - Sb 2,1a.12-22; Sl 33; Jo 7,1-2.10.25-30
Sb Rx - Jr 11,18-20; Sl 7; Jo 7,40-53

COMENTÁRIOS DO EVANGELHO
1. "Deus elevado na cruz..."
(O comentário do Evangelho abaixo é feito pelo Diácono José da Cruz )
Talvez se substituirmos a palavra elevar-se pela palavra Subir, a gente possa compreender melhor a profundidade do versículo inicial desse evangelho. Subir significa estar em ascensão, ser referência, mostrar seu poder, ser visto e notado por todos. Entretanto, o modo como Jesus é elevado só serviu para ser escarnecido em uma morte humilhante e vergonhosa. Naquele momento de amargura e derrota, ninguém, nem mesmo os apóstolos pensariam que Jesus estava solidificando a sua Soberania e seu Senhorio sobre todas as coisas, ninguém ousaria dizer que ali, naquele "maldito" pendente da cruz do calvário, estava a Salvação da humanidade, o resgate do Ser humano, a sua remissão e redenção. O que se viu foi um corpo ensangüentado, dilacerado, chagado, entretanto, foi   um momento Bendito e glorioso para toda a humanidade. Deus mostrou na cruz toda a Força e o Poder do Amor verdadeiro.
Por isso que, após introduzir a reflexão, o evangelista João vai direto ao tema central "Deus amou tanto o mundo que lhe deu seu Filho único, para que todo o que Nele crê não pereça, mas tenha a Vida Eterna." Crer em Jesus Salvador é Crer no Amor que vivifica, restaura, reconstrói o Homem, eterno objeto do Amor de Deus. Quem Nele não crer já está condenado, justamente porque não crê no Poder libertador do Amor de Deus. E a vida de quem fecha o seu coração para o amor, é amarga, vazia e sem sentido, porque não optar pelo amor significa a solidão total e completa, que é ficar longe de Deus já nesta vida.
Em seguida João desfaz o equívoco dos que trazem no coração e na mente a imagem de um Deus que condena e castiga o pecador. Deus não enviou Jesus ao mundo para vingar-se do pecado cometido por Adão e Eva e que toda a humanidade acabou herdando. Mesmo com a tragédia da cruz, Deus Pai não planejou uma vingança contra os que mataram a Jesus, ao contrário, o próprio Filho pede para que o Pai os perdoe...
O amor é sempre transparente e iluminador isso é, a tudo dá sentido, tudo crê, tudo espera, tudo tolera, é compassivo e fiel, Viver nesse amor é antecipar a Vida Eterna, mas sem o amor, o homem acabará naufragando nas profundezas dos mares do seu próprio egoísmo.
Crer e aceitar Jesus Cristo significa acolhê-lo por inteiro, vestindo a camisa do seu evangelho, aceitando com ele construir o novo Reino. Essa nossa opção por Cristo ou contra ele, reflete nos atos e ações que fazemos. É impossível fazer o Bem e permanecer nas trevas, assim como também é impossível praticar o mal e permanecer na Luz, pois são coisas contrárias que jamais estarão juntas em, um mesmo lugar ou em mesmo coração.
Nossas comunidades cristãs vivem essas duas realidades que caracterizam o Reino de Deus, por um lado, apresentam um Cristo elevado na cruz, anunciando assim a sua morte, mas por outro lado, esse Cristo crucificado faz nascer cada vez mais forte no coração de quem crê, a esperança escatológica de quem espera a Ressurreição. O Cálice Bendito elevado pelas mãos do Sacerdote é ao mesmo tempo amargura e doçura, Vida Morte e Ressurreição do Senhor, é a nossa humanidade tão frágil e pequena, mergulhada no mistério da Grandeza de Deus.

2. O objeto do amor de Deus é o mundo
(O comentário do Evangelho abaixo é feito por José Raimundo Oliva )
Estas palavras de Jesus fazem parte da sua fala no diálogo com Nicodemos, na primeira visita de Jesus a Jerusalém, no evangelho de João. Temos aqui o anúncio fundamental que pervaga o evangelho de João. Deus, no seu grande amor, enviou seu Filho ao mundo, no qual a humanidade é elevada em dignidade e a vida eterna é comunicada a todos que nele crerem.
O termo "mundo" (kósmos, no grego) é um conceito da cultura helênica, não tendo correspondente na cultura semita. No Novo Testamento tem sentidos diversos. Pode indicar toda a criação, ou a Terra apenas, mas com a centralidade na humanidade. Na criação, Deus viu que tudo era bom. Agora, com imenso amor doa seu Filho, portador da vida eterna, ao mundo. Está em questão a condenação ou a salvação. A salvação, na tradição de Israel, diz respeito ao resgate do castigo e da condenação dos infiéis pecadores (primeira leitura).
Com Jesus esta ideia de salvação vai sendo didaticamente substituída pelo anúncio da libertação e do dom da vida eterna. O estar condenado ou não estar condenado é substituído pelas atitudes de não crer ou crer em Jesus, Filho único de Deus. Quem crer em Jesus recebe o dom da vida eterna. Quem não crer, exclui-se deste dom.
O Pai que "entrega" seu Filho ao mundo para que o mundo seja salvo, foi entendido dentro das categorias do judaísmo como oferta sacrifical. Jesus seria sacrificado na cruz nos moldes dos cordeiros no altar do Templo de Jerusalém, ou como Isaac que é levado ao sacrifício por seu pai Abraão.
Terrível compreensão! Deus é amor! Seu Filho Jesus não vem para condenar, mas, com seu amor divino, vem, no Espírito Santo, para comunicar a vida aos homens e mulheres. É um renascer para a eternidade, é a ressurreição. Ao dom de Deus ao mundo seguem-se o crer e o não crer.
No evangelho de João o mundo está submisso ao príncipe das trevas. Não é necessário pensar em entidades demoníacas. Trata-se do poder da morte. São os poderosos deste mundo que semeiam a morte em vista de garantir e consolidar suas riquezas, seu poder econômico, militar e ideológico, apelando para contravalores seculares ou religiosos. Os discípulos eram do mundo, mas foram libertados de seu poder e de sua ideologia pela adesão ao projeto de Jesus. Eles são a semente da libertação do mundo. Na solidariedade e na fraternidade promovem a vida, que é dom gratuito de Deus em seu imenso amor (segunda leitura).
O crer é a porta para a vida eterna. Crer no nome do Filho é seguir Jesus. É ser portador da misericórdia e da vida ao mundo. Viver o amor no convívio familiar, comunitário e social, desvelando a presença de Deus no mundo.
Oração
Senhor Jesus, livra-me do poder das trevas e da morte, e faze-me voltar sempre mais para ti, que és penhor de vida e salvação.
3. JESUS E NICODEMOS
(O comentário do Evangelho abaixo é feito pelo Pe. Jaldemir Vitório ).
Neste texto do Evangelho de hoje, temos a conclusão do diálogo de Jesus com Nicodemos. O evangelista João recorre ao simbolismo da serpente de bronze (cf. Nm 21,9) - a qual, pela fé, libertava das mordidas mortais das serpentes do deserto para aplicá-lo à fé em Jesus, pelo qual se tem a vida eterna.
Este diálogo com Nicodemos é um convite à conversão. Coloca em confronto as duas opções: aquele que crê e aquele que não crê, aquele que pratica o mal e ama as trevas e aquele que pratica a verdade e se aproxima da luz. Cabe ao leitor fazer sua opção.
Na primeira leitura temos a teologia do castigo e do arrependimento, com a retomada da aliança. Os   habitantes de Judá, exilados na Babilônia por Nabucodonosor, após o sofrimento do exílio, encontram a benevolência de Ciro, da Pérsia, o qual os contempla com a reconstrução do templo de Jerusalém. O tema predominante no Evangelho de João é o dom da vida eterna por Jesus.
Neste tempo de quaresma, somos convidados à conversão, a nascer do Espírito, a nascer para a liberdade e para o amor, pois para isto fomos feitos (segunda leitura). Pelas obras praticadas em Deus, unimo-nos com Jesus e vivemos com ele na eternidade, na unidade do Pai e do Espírito. 
Liturgia da Segunda Feira

Antífona da entrada: Eis o servo fiel e prudente, a quem o Senhor confiou a sua casa (Lc 12,42).

Primeira Leitura (2 Samuel 7,4-5.12-14.16)
Leitura do segundo livro de Samuel.
7 4 Mas a palavra do Senhor foi dirigida a Natã naquela mesma noite, e dizia: 
5 "Vai e dize ao meu servo Davi: 'eis o que diz o Senhor: Não és tu quem me edificará uma casa para eu habitar. 
12 Quando chegar o fim de teus dias e repousares com os teus pais, então suscitarei depois de ti a tua posteridade, aquele que sairá de tuas entranhas, e firmarei o seu reino. 
13 Ele me construirá um templo, e firmarei para sempre o seu trono real. 
14 Eu serei para ele um pai e ele será para mim um filho. Se ele cometer alguma falta, castigá-lo-ei com vara de homens, e com açoites de homens, 
16 Tua casa e teu reino estão estabelecidos para sempre diante de mim, e o teu trono está firme para sempre'". 

Salmo responsorial 88/89
Eis que a sua descendência durará eternamente.
Ó Senhor, eu cantarei eternamente o vosso amor, 
de geração em geração eu cantarei vossa verdade! 
Porque dissestes: "O amor é garantido para sempre!" 
E a vossa lealdade é tão firme como os céus.
"Eu firmei uma aliança com meu servo, meu eleito, 
e eu fiz um juramento a Davi, meu servidor. 
Para sempre, no teu trono, firmarei tua linhagem, 
de geração em geração garantirei o teu reinado!"
Ele, então me invocará: "Ó Senhor, vós sois meu Pai, 
sois meu Deus, sois meu rochedo onde encontro a salvação!" 
Guardarei eternamente para ele a minha graça 
e com ele firmarei minha aliança indissolúvel.
Aclamação do Evangelho
Louvor e glória a ti, Senhor, Cristo, palavra de Deus! 
Felizes os que habitam vossa casa, para sempre eles hão de vos louvar!

Evangelho (Mateus 1,16.18-21.24)

1 16 Jacó gerou José, esposo de Maria, da qual nasceu Jesus, que é chamado Cristo. 
18 Eis como nasceu Jesus Cristo: Maria, sua mãe, estava desposada com José. Antes de coabitarem, aconteceu que ela concebeu por virtude do Espírito Santo. 
19 José, seu esposo, que era homem de bem, não querendo difamá-la, resolveu rejeitá-la secretamente. 
20 Enquanto assim pensava, eis que um anjo do Senhor lhe apareceu em sonhos e lhe disse: "José, filho de Davi, não temas receber Maria por esposa, pois o que nela foi concebido vem do Espírito Santo. 
21 Ela dará à luz um filho, a quem porás o nome de Jesus, porque ele salvará o seu povo de seus pecados". 
24 Despertando, José fez como o anjo do Senhor lhe havia mandado e recebeu em sua casa sua esposa. 

COMENTÁRIOS DO EVANGELHO
1. "O discreto José..."
(O comentário do Evangelho abaixo é feito pelo Diácono José da Cruz )
É admirável em São José, esposo de Maria e Pai adotivo do menino Jesus, á sua discrição. É o homem do silêncio, mesmo em momentos como este, narrado pelo evangelho, onde poderia, quem sabe, usar da sua autoridade de Pai para dar uma "dura" no menino que ficou no templo sem sua prévia autorização. Na maioria dos relatos que o envolvem, e que são bem poucos, menos que Maria, o nosso "Bom José" entra mudo e sai calado. Não é que seja tímido e não queira se expor, é que José, este Santo Homem venerado no mundo inteiro, sabia ocupar o seu lugar na comunidade.
Em nossas comunidades conhecemos pessoas que se identificam muito com José, dão o melhor de si, mas sempre muito discretamente, sem muito alarde cumprem um papel importante na caminhada da igreja, cientes de estarem cumprindo a Vontade de Deus. Um certo dia fui ao velório de um irmão Vicentino  e fiquei pasmo em ver a presença de um grande número de assistidos por ele, que sofriam com a sua morte, uma senhora bem pobrezinha disse chorando que "Ele dava-nos muito mais do que uma cesta básica, nos valorizava e nos fazia sentir importantes, pelo jeito com que nos tratava". Pensei comigo mesmo que ele poderia ter sido um coordenador da comunidade, mas o meu pároco, muito sabiamente comentou "Ele era exatamente aquilo que Deus queria que ele fosse...". Penso que São José também era exatamente aquilo que Deus queria que ele fosse...
São José é Patrono da nossa Igreja, e se Maria Santíssima é a primeira cristã, José merece o título de primeiro agente de Pastoral, pois sua missão foi servir Maria e a ela se dedicou de tal forma que mudou os planos de sua vida para poder ficar para sempre ao seu lado. Evidentemente ocupou na vida de Jesus o lugar de Pai, ensinando-o a sobreviver transmitindo-lhe seus conhecimentos de artesão e carpinteiro.
Teve uma morte Santa, não se sabe exatamente em que momento, pois quando Jesus iniciou sua vida pública, já era falecido. A morte santa não é pelo simples fato de ter morrido nos braços de Jesus e de Maria, mas por tê-los servido durante a sua vida, sendo um homem justo e reto. Nem Jose e nem Maria nunca quiseram ser na comunidade o centro das atenções, tinham razões de sobra para fazê-lo, mas preferiram o anonimato, seguindo a mesma linha de conduta de João Batista, o Precursor "E preciso que Ele cresça e eu desapareça".
Admirar José e tê-lo com Padroeiro ou o Santo da nossa devoção, deve fazer parte da piedade cristã de todos os tempos, entretanto, o bom mesmo é seguir o seu santo exemplo, dar tudo de nós, aos irmãos e irmãs de caminhada, e passar sempre desapercebido...
Oh Glorioso São José, Rogai por todos Nós. Amém!
2. Anúncio a José
(O comentário do Evangelho abaixo é feito por José Raimundo Oliva )
Enquanto no evangelho de Lucas o anúncio do anjo é feito a Maria, no evangelho de Mateus este anúncio é feito a José. A narrativa de Mateus, com caráter teológico, se fosse interpretada historicamente, levaria à tristeza ao pensar-se nas dúvidas e sofrimentos de José.
José, de estirpe davídica conforme a genealogia, tinha Maria em promessa de casamento. Dela, que está fora da genealogia, nascerá Jesus, virginalmente. José, um justo, representa os judeus sinceros. Maria representa a novidade de Jesus nas comunidades cristãs.
Porém, o novo que surge escapa à compreensão de José. Para não denunciá-la, resolve romper o vínculo que os unia. Contudo, iluminado pelo anjo, percebe que se trata de obra de Deus e resolve acolhê-la. A mensagem teológica de Mateus é que os judeus devem aceitar as novas comunidades cristãs, vendo nelas a obra de Deus.
Oração
Pai, ajuda-me a contemplar tua ação maravilhosa em relação à concepção de teu Filho Jesus. Que eu reconheça nela tua oferta gratuita de salvação para toda a humanidade.
3. A CORAGEM DO MESSIAS
(O comentário do Evangelho abaixo é feito pelo Pe. Jaldemir Vitório ).
Na medida em que avançava no seu ministério, levantavam-se, para Jesus, toda espécie de barreiras. Seus adversários sentiam-se questionados por ele, e não sabiam como enfrentá-lo, na base do diálogo. Os argumentos do Mestre deixavam-nos desarmados. E eles não tinham a quem apelar, mesmo recorrendo à sabedoria que pensavam possuir.
A decisão de matar Jesus visava eliminar o mal pela raiz. Seria uma maneira de fazer calar, para sempre, aquela voz incômoda, banindo-o do meio do povo. Recorrendo à violência, os inimigos de Jesus pensavam resolver um problema com o qual recusavam defrontar-se: é possível Deus fazer-se presente na história humana, na pessoa de um homem?
Apesar de se precaver, o Mestre não se deixou levar pelo medo. Antes, mostrou-se suficientemente corajoso para defrontar-se, cara-a-cara, com quem ameaçava tirar-lhe a vida. O templo de Jerusalém foi o palco do confronto. Aí ele se pôs a pregar, abertamente, sua condição de enviado do Pai, ou seja, sua condição divina. Sua pregação derrubava o orgulho de seus adversários, pois ele é quem tinha o verdadeiro conhecimento do Pai. Enganavam-se seus adversários ao cultuar um Deus diferente daquele anunciado por ele. Por isso, a atitude mais sensata seria a de converter-se ao Deus de Jesus, deixando de lado a violência inútil.
Oração 
Espírito de destemor, em meio às contrariedades por causa da fé, faze-me imitar a coragem do Mestre Jesus.
Liturgia da Terça-Feira 

IV SEMANA DA QUARESMA
(ROXO – OFÍCIO DO DIA)
Antífona da entrada: Vós, que tendes sede, vinde às águas; vós que não tendes com que pagar, vinde e bebei com alegria (Is 55,1).

Primeira Leitura (Ezequiel 47,1-9.12)
Leitura da profecia de Ezequiel.
47 1 Conduziu-me então à entrada do templo. Eis que águas jorravam de sob o limiar do edifício, em direção ao oriente (porque a fachada do templo olhava para o oriente). Essa água escorria por baixo do lado direito do templo, ao sul do altar. 
2 Fez-me sair pela porta do norte e contornar o templo do lado de fora até o pórtico exterior oriental; eu vi a água brotar do lado sul. 
3 O homem foi para o oriente com uma corda na mão: mediu mil côvados; a seguir fez-me passar na água, que me chegou até os tornozelos. Mediu ainda mil côvados e me fez atravessar a água, que me subiu até os joelhos. 
4 Mediu de novo mil côvados e fez-me atravessar a água, que me subiu até os quadris. 
5 Mediu, enfim, mil côvados; e era uma torrente que eu não podia atravessar, de tal modo as águas tinham crescido! E era preciso nadar, era um curso de água que não se podia passar (a vau). 
6 "Viste, filho do homem?" falou-me, e me levou ao outro lado da torrente. 
7 Ora, retornando, avistei nas duas margens da torrente uma grande quantidade de árvores. 
8 "Essas águas, disse-me ele, dirigem-se para a parte oriental, elas descem à planície do Jordão; elas se lançarão no mar, de sorte que suas águas se tornarão mais saudáveis. 
9 Em toda parte aonde chegar a corrente, todo animal que se move na água poderá viver, e haverá lá grande quantidade de peixes. Tudo o que essa água atingir se tornará são e saudável e em toda parte aonde chegar a torrente haverá vida. 
10 Na praia desse mar estarão pescadores; eles estenderão suas redes desde Engadi até Engalim, e haverá aí peixes de toda espécie em abundância, como no grande mar. 
11 Mas seus mangues e charcos não serão saneados, abandonados que estão ao sal. 
12 Ao longo da torrente, em cada uma de suas margens, crescerão árvores frutíferas de toda espécie, e sua folhagem não murchará, e não cessarão jamais de dar frutos: todos os meses frutos novos, porque essas águas vêm do santuário. Seus frutos serão comestíveis e suas folhas servirão de   remédio". 

Salmo responsorial 45/46
Conosco está o Senhor do universo! 
O nosso refúgio é o Deus de Jacó.
O Senhor para nós é refúgio e vigor, 
sempre pronto, mostrou-se um socorro na angústia; 
assim não tememos se a terra estremece, 
se os montes desabam, caindo nos mares.
Os braços de um rio vêm trazer alegria 
à cidade de Deus, à morada do Altíssimo. 
Quem a pode abalar? Deus está no seu meio! 
Já bem antes da aurora, ele vem ajudá-la.
Conosco está o Senhor do universo! 
O nosso refúgio é o Deus de Jacó! 
Vinde ver, contemplai os prodígios de Deus 
e a obra estupenda que fez no universo.
Aclamação do Evangelho
Glória a vós, Senhor Jesus, primogênito dentre os mortos! 
Criai em mim um coração que seja puro, dai-me de novo a alegria de ser salvo! (Sl 50,12.14)

Evangelho (João 5,1-16)

5 1 Houve uma festa dos judeus, e Jesus subiu a Jerusalém. 
2 Há em Jerusalém, junto à porta das Ovelhas, um tanque, chamado em hebraico Betesda, que tem cinco pórticos. 
3 Nestes pórticos jazia um grande número de enfermos, de cegos, de coxos e de paralíticos, que esperavam o movimento da água. 
4 
5 Estava ali um homem enfermo havia trinta e oito anos. 
6 Vendo-o deitado e sabendo que já havia muito tempo que estava enfermo, perguntou-lhe Jesus: "Queres ficar curado?" 
7 O enfermo respondeu-lhe: "Senhor, não tenho ninguém que me ponha no tanque, quando a água é agitada; enquanto vou, já outro desceu antes de mim". 
8 Ordenou-lhe Jesus: "Levanta-te, toma o teu leito e anda". 
9 No mesmo instante, aquele homem ficou curado, tomou o seu leito e foi andando. Ora, aquele dia era sábado. 
10 E os judeus diziam ao homem curado: "E sábado, não te é permitido carregar o teu leito". 
11 Respondeu-lhes ele: "Aquele que me curou disse: 'Toma o teu leito e anda'". 
12 Perguntaram-lhe eles: "Quem é o homem que te disse: 'Toma o teu leito e anda?'" 
13 O que havia sido curado, porém, não sabia quem era, porque Jesus se havia retirado da multidão que estava naquele lugar. 
14 Mais tarde, Jesus o achou no templo e lhe disse: "Eis que ficaste são; já não peques, para não te acontecer coisa pior". 
15 Aquele homem foi então contar aos judeus que fora Jesus quem o havia curado. 
16 Por esse motivo, os judeus perseguiam Jesus, porque fazia esses milagres no dia de sábado. 

COMENTÁRIOS DO EVANGELHO
1. "Mergulhando nas águas borbulhantes..."
(O comentário do Evangelho abaixo é feito pelo Diácono José da Cruz )
Imaginem a cena nos pórticos em redor da piscina de Betesda, tomada de cegos, coxos e paralíticos, quando é dada a largada começa a correria e o esforço dos coitados dos deficientes em conseguir chegar e se jogar na piscina, e pelo que entendi, só um por vez era curado. Havia aqueles que tinham sorte e traziam seus acompanhantes que os guiavam ou o carregavam até a piscina, mesmo assim, era uma verdadeira disputa para ver quem chegava primeiro. O problema não era a cura em si, mas superar os demais e chegar á frente de todos...
Nosso pobre paralítico nem isso tem, fica em seu lugarzinho e quando é dada a largada o coitado até tenta, mas inutilmente, sempre alguém, melhor das pernas passa á sua frente. Há 38 anos ele sonha com uma cura física, mas pelo jeito iria morrer paralítico se Jesus não aparecesse por ali. A pergunta de Jesus parece bem óbvia "Queres ficar curado?". Se o cara estivesse estressado, iria responder de maneira indelicada "Não, só estou aqui me bronzeando um pouco". Mas prestemos atenção nessa pergunta, Jesus não perguntou se ele queria chegar á piscina, mas se queria ser curado, o que é diferente...
Mas o paralítico entendeu dessa forma, isso é, a cura era o de menos, a dificuldade era chegar na piscina, sua resposta assim o demonstra "Senhor, não tenho ninguém que me ponha no tanque, quando a água é agitada, enquanto vou, já outro desceu antes de mim"Trata-se de alguém que só enxerga na ótica do sistema, nada vê e nem experimenta fora de sua religião, o que fazia dele um paralítico, não penso, Deus pensa por mim, não preciso fazer nada, Deus fará por mim, nem tenho vontade própria.
Poderão argumentar que a resposta está correta e o paralítico expõe sua necessidade, precisa de alguém que o carregue até  o tanque. Talvez Jesus esteja ali, se oferecendo para fazê-lo. Entretanto, Jesus supera tudo quanto a religião possa oferecer, ele não precisa de nenhum método de cura, fórmula mágica ou rito misterioso, simplesmente vai dizer ao paralítico "Levanta-te, toma o teu leito e   anda".
A cura que as águas borbulhantes propiciavam, provém de Deus, ora, a presença de Jesus dispensava, portanto qualquer rito. A reflexão leva nossas comunidades cristãs a pensar, que é muito grande o perigo de super valorizarmos o rito e o formalismo religioso, tornando secundária a ação da Graça de Deus, que está em tudo e em todos como algo essencial.
Qual o perigo desse modo de pensar? Atermos-nos à cura física que é o caso desse homem ex-paralítico. Jesus o encontrou no templo e o exortou a uma conversão profunda e sincera, que iria lhe trazer muito mais do que a simples cura. "Não tornes a pecar". Mas qual pecado? Podemos nos perguntar... Exatamente o pecado de deixar passar despercebido em nossa relação com Deus, aquilo que é o essencial, transformando a religião em uma barganha para atender aos nossos interesses, menosprezando assim a verdadeira e única água borbulhante, a Fonte de água Viva que é Jesus Cristo.
2. Jesus liberta, recuperando a dignidade humana
(O comentário do Evangelho abaixo é feito por José Raimundo Oliva )
Nesta narrativa do evangelho de João destacam-se o seu simbolismo e os detalhes do diálogo.
A Porta das Ovelhas era o acesso dos comerciantes estrangeiros a Jerusalém. A cura pelas águas da piscina era uma crença pagã. Jesus se dedica àquela multidão de doentes, cegos, coxos e paralíticos que ali estavam e eram excluídos do judaísmo. Não participavam da festa da Páscoa, que estava sendo celebrada. Buscavam socorro para suas doenças em uma devoção pagã.
Jesus revela que ele próprio é a resposta tanto para as crenças do judaísmo como para as crenças pagãs. Ele liberta as pessoas restaurando-lhes a capacidade de ver e agir, recuperando sua dignidade e vida. Isto perturba os poderosos.
Oração
Pai, aproxima-me de Jesus, de quem jorra a fonte da vida, para que eu possa ser curado de todas as doenças e enfermidades que me afastam de ti.
3.COLABORANDO COM O PRÓXIMO
(O comentário do Evangelho abaixo é feito pelo Pe. Jaldemir Vitório ).
A presença de Jesus era aquilo que faltava para que o paralítico obtivesse a cura desejada. O imenso desejo de ser curado levou-o, durante 38 longos anos, à piscina de Betesda, cujas águas, ao pôr-se em movimento, restituíam a saúde ao primeiro que nelas entrasse. No entanto, por ser paralítico, aquele homem não tinha agilidade suficiente para antecipar-se aos demais doentes. Resultado: permanecia ali, curtindo sua esperança de cura, enquanto outros eram miraculados.
A chegada de Jesus abriu-lhe a inesperada perspectiva de ser curado, sem necessidade do contato com as águas revoltas. E o milagre aconteceu. A seguir, obedecendo à ordem de Jesus, ele pegou a cama na qual jazia, e pôs-se a caminhar, sem dificuldade.
Este fato evangélico ajuda-nos a descobrir um sentido novo, na paixão de Jesus. Tal qual este doente de Jerusalém, toda a humanidade encontrava-se como que paralisada por causa do pecado, ansiando, ardentemente, pela libertação. Por si mesmas, as pessoas não conseguiriam atingir este objetivo. Necessitaram, pois, da ajuda de Jesus, cuja vida consistiu em colaborar para que todos nós pudéssemos superar a paralisia do pecado, e caminhar livremente para Deus. Em última análise,   todos somos como o paralítico. Só Jesus, por sua morte e ressurreição, pode propiciar-nos a libertação.
Oração 
Espírito de acolhida, torna-me sensível para eu reconhecer que, pela morte e ressurreição de Jesus, o Pai possibilitou a minha salvação.
Liturgia da Quarta-Feira

IV SEMANA DA QUARESMA
(ROXO – OFÍCIO DO DIA)
Antífona da entrada: A vós, Senhor, minha oração dirijo, no tempo em que me ouvis; respondei-me, ó Deus, com a largueza de vossa misericórdia e com a verdade de vossa salvação (Sl 68,14).

Primeira Leitura (Isaías 49,8-15)
Leitura do livro do profeta Isaías.
8 Eis o que diz o Senhor: no tempo da graça eu te atenderei, no dia da salvação eu te socorrerei, (Eu te formei e designei para fazer a aliança com os povos), para restaurar o país e distribuir as heranças devastadas, 
9 para dizer aos prisioneiros: Saí! E àqueles que mergulham nas trevas: Vinde à luz! Ao longo de todo o trajeto terão o que comer. Sobre todas as dunas encontrarão seu alimento. 
10 Não sentirão fome nem sede; o vento quente e o sol não os castigarão, porque aquele que tem piedade deles os guiará e os conduzirá às fontes. 
11 Tornar-lhes-ei acessíveis todas as montanhas, e caminhos atingirão as alturas. 
12 Ei-los que vêm de longe, ei-los do norte e do poente, e outros da terra dos sienitas. 
13 Cantai, ó céus; terra, exulta de alegria; montanhas, prorrompei em aclamações! Porque o Senhor consolou seu povo, comoveu-se e teve piedade dos seus na aflição. 
14 Sião dizia: O Senhor abandonou-me, o Senhor esqueceu-me. 
15 Pode uma mulher esquecer-se daquele que amamenta? Não ter ternura pelo fruto de suas entranhas? E mesmo que ela o esquecesse, eu não te esqueceria nunca. 

Salmo responsorial 144/145
Misericórdia e piedade é o Senhor.
Misericórdia e piedade é o Senhor, 
ele é amor, é paciência, é compaixão. 
O Senhor é muito bom para com todos, 
sua ternura abraça toda criatura.
O Senhor é amor fiel em sua palavra, 
é santidade em toda a obra que ele faz. 
Ele sustenta todo aquele que vacila 
e levanta todo aquele que tombou.
É justo o Senhor em seus caminhos, 
é santo em toda obra que ele faz. 
ele está perto da pessoa que o invoca, 
de todo aquele que o invoca lealmente.
Aclamação do Evangelho
Jesus Cristo, sois bendito, sois o ungido de Deus Pai! 
Eu sou a ressurreição, eu sou a vida; quem crê em mim, ainda que morra, viverá (Jo 11,25s).

Evangelho (João 5,17-30)

17 Jesus lhes disse: Meu Pai continua agindo até agora, e eu ajo também. 
18 Por esta razão os judeus, com maior ardor, procuravam tirar-lhe a vida, porque não somente violava o repouso do sábado, mas afirmava ainda que Deus era seu Pai e se fazia igual a Deus. 
19 Jesus tomou a palavra e disse-lhes: Em verdade, em verdade vos digo: o Filho de si mesmo não pode fazer coisa alguma; ele só faz o que vê fazer o Pai; e tudo o que o Pai faz, o faz também semelhantemente o Filho. 
20 Pois o Pai ama o Filho e mostra-lhe tudo o que faz; e maiores obras do que esta lhe mostrará, para que fiqueis admirados. 
21 Com efeito, como o Pai ressuscita os mortos e lhes dá vida, assim também o Filho dá vida a quem ele quer. 
22 Assim também o Pai não julga ninguém, mas entregou todo o julgamento ao Filho. 
23 Desse modo, todos honrarão o Filho, bem como honram o Pai. Aquele que não honra o Filho, não honra o Pai, que o enviou. 
24 Em verdade, em verdade vos digo: quem ouve a minha palavra e crê naquele que me enviou tem a vida eterna e não incorre na condenação, mas passou da morte para a vida. 
25 Em verdade, em verdade vos digo: vem a hora, e já está aí, em que os mortos ouvirão a voz do Filho de Deus; e os que a ouvirem viverão. 
26 Pois como o Pai tem a vida em si mesmo, assim também deu ao Filho o ter a vida em si mesmo, 
27 e lhe conferiu o poder de julgar, porque é o Filho do Homem. 
28 Não vos maravilheis disso, porque vem a hora em que todos os que se acham nos sepulcros sairão deles ao som de sua voz: 
29 os que praticaram o bem irão para a ressurreição da vida, e aqueles que praticaram o mal ressuscitarão para serem condenados. 
30 De mim mesmo não posso fazer coisa alguma. Julgo como ouço; e o meu julgamento é justo, porque não busco a minha vontade, mas a vontade daquele que me enviou. 

COMENTÁRIOS DO EVANGELHO
1. "Tal Pai tal Filho..."
(O comentário do Evangelho abaixo é feito pelo Diácono José da Cruz )
Longe de esconder sua filiação Divina diante dos Judeus que sempre o ameaçavam quando esse assunto vinha a baila em suas discussões, Jesus afirma categoricamente ser o Filho de Deus e revela que todas as suas ações estão em perfeita sintonia com a vontade do Pai, os dois agem juntos.
Com Jesus falando as claras com eles, ficaria muito fácil perceber que o Pai a quem Ele se refere é o Deus da Aliança, que transmitiu suas Santas Leis a Moisés. Bastaria que quisessem saber mais, e deixassem que seus corações se inquietassem com as palavras de Jesus e rapidamente descobririam a Verdade.
Entretanto os Judeus, que estão distantes da Verdade e o coração fechado para a Boa Nova, se enfurecem ainda mais e querem matá-lo de qualquer jeito, pois violou a Lei do Sábado e ainda por cima chama a Deus de Pai e se faz igual a Ele. Um absurdo... um sacrilégio... uma blasfêmia que justificava a sua condenação.
Ao falar de si, da sua imagem e semelhança com o Pai, do seu agir em conjunto com Ele, da relação   extremamente amorosa que há entre os dois, Jesus está falando da relação Deus - Humanidade, Jesus está mostrando com extrema clareza quem é o homem e qual é o seu destino junto de Deus. Jesus está se apresentando como aquele que irá Salvar, redimir e resgatar a imagem e semelhança de Deus, que o homem havia perdido com o pecado e diante desse fato inédito para a humanidade toda, as Leis de Moisés não representavam mais nenhuma novidade.
E essa rejeição por esta Divindade que se Humaniza e reflete quem Ele é nas ações humanas, continua hoje, talvez por outras razões, mas com muito mais intensidade.
O homem da pós modernidade anda em busca de algo grandioso, mas a sua cegueira espiritual não deixa ver que essa grandiosidade está na própria natureza humana, porque Deus regravou sua imagem em cada um de nós, quando Jesus se encarnou. Nosso Deus não está lá em cima em algum lugar do espaço cósmico, escondido de todos para nos fazer uma surpresa no final da História, Ele está oculto nas entranhas do Ser humano, morando em sua alma e em seu coração, Feliz do Homem que o encontra bem dentro de si, tão perto e tão longe ao mesmo tempo, porque o Homem ainda não se descobriu e não se reconhece como Filho amado de Deus...
2. A filiação divina de Jesus
(O comentário do Evangelho abaixo é feito por José Raimundo Oliva )
A ira dos chefes judeus, de início, resultava do fato de Jesus não observar o sábado. Não só curou um paralítico no sábado, como ainda o mandou carregar sua maca. Agora, quando Jesus refere-se a Deus como "meu Pai", os judeus decidem matá-lo.
De uma forma admirável, o evangelho de João nos mostra a filiação divina de Jesus. Ele não é "filho de Deus" como assim se afirmavam os faraós e imperadores. Ele é Filho do Deus, Pai e Mãe, carinhoso e misericordioso, autor da vida. Jesus continua a obra criadora de Deus. Esta continuidade implica a libertação dos oprimidos e a restauração da vida, onde ela é ameaçada.
A vontade do Pai é que façamos o bem, que coloquemos nossa vida a serviço da vida para todos. A comunhão de vida com o irmão é a comunhão de vida eterna com Deus. 

Oração
Senhor Jesus, faze-me compreender que tua união com o Pai prepara o caminho para que também eu viva em comunhão com ele.
3. O FILHO E O PAI
(O comentário do Evangelho abaixo é feito pelo Pe. Jaldemir Vitório ).
Elemento fundamental da ação de Jesus foi sua constante referência ao Pai. O Filho realizava as obras do Pai. O Pai expressava-se nas obras do Filho. O Filho não se fechava no seu mundo, limitando-se a cultivar um projeto terreno, cujas perspectivas não ultrapassavam seu próprio eu. Por sua vez, o Pai também não se fechava na sua transcendência, prescindindo dos seres humanos e sua história. A comunhão entre o Pai e o Filho acabava por entrelaçar Céu e Terra, divino e humano, transcendência e História.
Apesar de terem sido educados numa tradição teológica em que Deus revela sua relação histórica com o povo de Israel, os contemporâneos de Jesus foram incapazes de compreender que, nele, Deus se aproximava da humanidade de um modo diferente. Eles não podiam suportar que um indivíduo, como eles, tivesse a ousadia de julgar-se tão próximo de Deus. Por isso é que decidiram eliminar o Mestre.
A decisão violenta dos judeus obrigou Jesus a explicitar como se dá a relação Pai-Filho. É uma relação de amor, que leva o Pai a revelar ao Filho todos seus pensamentos, e como deve agir. O amor desemboca na ação.
A paixão de Jesus deve ser contemplada nesta perspectiva: sua fidelidade extrema, corresponde à vontade do Pai.
Oração
Espírito de fidelidade, leva-me a contemplar a paixão de Jesus como o gesto supremo de sua comunhão com o Pai, o qual sempre lhe revelava o modo mais conveniente de agir.
Liturgia da Quinta-Feira 

IV SEMANA DA QUARESMA 
(ROXO – OFÍCIO DO DIA)
Antífona da entrada: Exulte o coração dos que buscam a Deus. Sim, buscai o Senhor e sua força, procurai sem cessar a sua face (Sl 104,3s).

Leitura (Êxodo 32,7-14)
Leitura do livro do Êxodo.
32 7 O Senhor disse a Moisés: "Vai, desce, porque se corrompeu o povo que tiraste do Egito. 
8 Desviaram-se depressa do caminho que lhes prescrevi; fizeram para si um bezerro de metal fundido, prostraram-se diante dele e ofereceram-lhe sacrifícios, dizendo: eis, ó Israel, o teu Deus que te tirou do Egito. 
9 Vejo, continuou o Senhor, que esse povo tem a cabeça dura. 
10 Deixa, pois, que se acenda minha cólera contra eles e os reduzirei a nada; mas de ti farei uma grande nação." 
11 Moisés tentou aplacar o Senhor seu Deus, dizendo-lhe: "Por que, Senhor, se inflama a vossa ira contra o vosso povo que tirastes do Egito com o vosso poder e à força de vossa mão? 
12 Não é bom que digam os egípcios: com um mau desígnio os levou, para matá-los nas montanhas e suprimi-los da face da terra! Aplaque-se vosso furor, e abandonai vossa decisão de fazer mal ao vosso povo. 
13 Lembrai-vos de Abraão, de Isaac e de Israel, vossos servos, aos quais jurastes por vós mesmo de tornar sua posteridade tão numerosa como as estrelas do céu e de dar aos seus descendentes essa terra de que falastes, como uma herança eterna." 
14 E o Senhor se arrependeu das ameaças que tinha proferido contra o seu povo. 

Salmo responsorial 105/106
Lembrai-vos de nós, ó Senhor, 
segundo o amor para com vosso povo!
Construíram um bezerro no Horeb 
e adoraram uma estátua de metal; 
eles trocaram o seu Deus que é sua glória, 
pela imagem de um boi que come feno.
Esqueceram-se do Deus que os salvara, 
que fizera maravilhas no Egito; 
no país de Cam fez tantas obras admiráveis, 
no mar Vermelho, tantas coisas assombrosas.
Até pensava em acabar com sua raça, 
não se tivesse Moisés, o seu eleito, 
interposto, intercedendo junto a ele 
para impedir que sua ira os destruísse.
Aclamação do Evangelho
Jesus Cristo, sois bendito, sois o ungido de Deus Pai! 
Deus o mundo tanto amou, que lhe deu seu próprio Filho, para que todo o que nele crer encontre vida eterna (Jo 3,16).

EVANGELHO (João 5,31-47)

5 31 Disse Jesus aos judeus: "Se eu der testemunho de mim mesmo, não é digno de fé o meu testemunho. 
32 Há outro que dá testemunho de mim, e sei que é digno de fé o testemunho que dá de mim. 
33 Vós enviastes mensageiros a João, e ele deu testemunho da verdade. 
34 Não invoco, porém, o testemunho de homem algum. Digo-vos essas coisas, a fim de que sejais salvos. 
35 João era uma lâmpada que arde e ilumina; vós, porém, só por uma hora quisestes alegrar-vos com a sua luz. 
36 Mas tenho maior testemunho do que o de João, porque as obras que meu Pai me deu para executar - essas mesmas obras que faço - testemunham a meu respeito que o Pai me enviou. 
37 E o Pai que me enviou, ele mesmo deu testemunho de mim. Vós nunca ouvistes a sua voz nem vistes a sua face...
38 e não tendes a sua palavra permanente em vós, pois não credes naquele que ele enviou. 
39 Vós perscrutais as Escrituras, julgando encontrar nelas a vida eterna. Pois bem! São elas mesmas que dão testemunho de mim. 
40 E vós não quereis vir a mim para que tenhais a vida... 
41 Não espero a minha glória dos homens, 
42 mas sei que não tendes em vós o amor de Deus. 
43 Vim em nome de meu Pai, mas não me recebeis. Se vier outro em seu próprio nome, haveis de recebê-lo. 
44 Como podeis crer, vós que recebeis a glória uns dos outros, e não buscais a glória que é só de Deus? 
45 Não julgueis que vos hei de acusar diante do Pai; há quem vos acusa: Moisés, no qual colocais a vossa esperança.
46 Pois se crêsseis em Moisés, certamente creríeis em mim, porque ele escreveu a meu respeito. 
47 Mas, se não acreditais nos seus escritos, como acreditareis nas minhas palavras?" 

COMENTÁRIOS DO EVANGELHO
1. "As Testemunhas Fiéis..."
(O comentário do Evangelho abaixo é feito pelo Diácono José da Cruz )
As comunidades Joaninas e a comunidade Judaica estavam sempre em conflito por causa de Jesus. A rejeição por Jesus, da parte do Judaísmo era algo definitivo e sem chances de uma abertura ao novo, aquela novidade trazida por Jesus.
O evangelho de hoje apresenta três fontes importantes sobre as quais estava fundamentada a Fé cristã por aqueles tempos, o testemunho de João Batista sobre Jesus, o Pai de Jesus que realizou obras e falou Nele á toda humanidade, e a escritura que sempre trouxe em si, mesmo na escritura antiga, elementos cristológicos que não deixavam dúvidas sobre a Filiação Divina de Jesus.
O evangelista projeta no passado essa rejeição a Jesus Cristo, lembrando de sua injusta condenação onde as falsas testemunhas tiveram credibilidade diante do Sinédrio, que desprezou essas fontes fidedignas sobre Jesus, preferindo acreditar em uma mentira.
Podemos aqui compreender que o Judaísmo tradicional e ultraconservador fazia uma releitura equivocada do Antigo Testamento e não conseguiam ver nenhuma relação entre Jesus e o Deus da Antiga Aliança. Houve até mesmo uma heresia que falava em dois deuses, um do antigo testamento e um do Novo Testamento.
Entretanto, muito mais do que essa releitura equivocada das escrituras antigas, na realidade o Judaísmo tradicional não queria mudanças no modo de pensar e nas normas e preceitos antigos, principalmente porque iriam perder alguns privilégios conquistados na estrutura da Religião tradicional.
Podemos hoje cometer esse mesmo pecado, quando temos medo de dialogar com o mundo, como determina o Concílio Vaticano II, quando preferimos a prática tradicional de ser Igreja, usando ainda métodos arcaicos de evangelização, que não estão convencendo.
Lideranças religiosas e lideranças pastorais que se fecham em uma religião cheirando a mofo, querendo impor ao mundo sua prática religiosa e seu modo de pensar, é bem provável que no fundo estejam defendendo algumas conveniências e interesses particulares e para isso, muitas vezes usam Dogmas e Doutrinas, exatamente como fazia a comunidade judaica primitiva.
2. A credibilidade do testemunho
(O comentário do Evangelho abaixo é feito por José Raimundo Oliva )
Aos judeus que o acusavam de infrator da Lei, Jesus apresenta três testemunhas da autenticidade de suas palavras e de sua missão.
O evangelho de João narra que João Batista, logo no início de seu ministério, foi interrogado por enviados das autoridades de Jerusalém (Jo 1,19-28), testemunhando-lhes a verdade de Jesus. Reconhecido como o precursor de Jesus, o Batista atraiu-o por sua pregação, a qual Jesus assumiu no Espírito, dando-lhe uma nova dimensão.
A própria tradição mosaica, com suas propostas de libertação e resgate da vida, também testemunha a favor de Jesus. Porém, Jesus denuncia os dirigentes judeus de não serem fiéis a esta tradição.
Principalmente as próprias ações de Jesus acolhendo as pessoas, reconhecendo sua dignidade e comunicando-lhes vida, testemunham seu amor divino.
Oração
Pai, dá-me suficiente inteligência para descobrir, no testemunho de Jesus, sua condição de Filho enviado por ti, para a nossa salvação.
3. A GLÓRIA PROVINDA DO PAI
(O comentário do Evangelho abaixo é feito pelo Pe. Jaldemir Vitório ).
Os adversários de Jesus tentavam deturpar o sentido de suas ações. No parecer deles, as obras de Jesus não tinham relevância, por não existir nenhuma instância que pudesse dar-lhe base de sustentação. Que possuía ele, de especial, para justificar sua intimidade com Deus? Quem podia garantir não ser ele um charlatão como tantos outros, cujas histórias de milagres corriam o mundo? Quais seriam suas reais intenções, ao se colocar numa posição tão elevada, como senhor da vida humana?
A argumentação de Jesus, para fundamentar sua ação, não chegou a sensibilizar os seus adversários. Ele apelava para o testemunho dado pelo Pai: para servi-lo é que fora enviado. Sua ação estava na mais estreita sintonia com o Pai. Para entendê-la, era suficiente reportar-se ao Pai.
Para Jesus, mesmo as Escrituras falavam a seu favor. Se seus inimigos fossem capazes de lê-las, de maneira conveniente, sem dúvida, haveriam de descobrir que, nas entrelinhas, elas apontam para o Messias-Filho de Deus.
A glória de Jesus não provém de nenhum ser humano. É o Pai quem o glorifica. Por isso, ele não teme fazer frente a seus adversários, uma vez que querem impedi-lo de cumprir sua missão. Com a força que lhe vem do Pai, Jesus segue em frente.
Oração 
Espírito de coragem, reveste-me com a força do Alto, para que eu possa estar do lado de Jesus, até o fim.
Liturgia da Sexta-Feira 

IV SEMANA DA QUARESMA *
(ROXO – OFÍCIO DO DIA)
Antífona da entrada: Salvai-me, ó Deus, por vosso nome, libertai-me por vosso poder. Deus, ouvi a minha oração, escutai as palavras que vos digo (Sl 53,3s).

Leitura (Sabedoria 2,1.12-22)
Leitura do livro da Sabedoria.
2 1 Dizem, com efeito, nos seus falsos raciocínios: Curta é a nossa vida, e cheia de tristezas; para a morte não há remédio algum; não há notícia de ninguém que tenha voltado da região dos mortos. 
12 Cerquemos o justo, porque ele nos incomoda; é contrário às nossas ações; ele nos censura por violar a lei e nos acusa de contrariar a nossa educação. 
13 Ele se gaba de conhecer a Deus, e se chama a si mesmo filho do Senhor! 
14 Sua existência é uma censura às nossas idéias; basta sua vista para nos importunar. 
15 Sua vida, com efeito, não se parece com as outras, e os seus caminhos são muito diferentes. 
16 Ele nos tem por uma moeda de mau quilate, e afasta-se de nosso caminhos como de manchas. Julga feliz a morte do justo, e gloria-se de ter Deus por pai. 
17 Vejamos, pois, se suas palavras são verdadeiras, e experimentemos o que acontecerá quando da sua morte, 
18 porque, se o justo é filho de Deus, Deus o defenderá, e o tirará das mãos dos seus adversários. 
19 Provemo-lo por ultrajes e torturas, a fim de conhecer a sua doçura e estarmos cientes de sua paciência. 
20 Condenemo-lo a uma morte infame. Porque, conforme ele, Deus deve intervir. 
21 Eis o o que pensam, mas enganam-se, sua malícia os cega: 
22 eles desconhecem os segredos de Deus, não esperam que a santidade seja recompensada, e não acreditam na glorificação das 

Salmo responsorial 33/34
Do coração atribulado está perto o Senhor.
O Senhor volta a sua face contra os maus 
para da terra apagar sua lembrança. 
Clamam os justos, e o Senhor bondoso escuta 
e de todas as angústias os liberta.
Do coração atribulado ele está perto 
e conforta os de espírito abatido. 
Muitos males se abatem sobre os justos, 
mas o Senhor de todos eles os liberta.
Mesmo os seus ossos ele os guarda e os protege, 
e nenhum deles haverá de se quebrar. 
Mas o Senhor liberta a vida dos seus servos, 
e castigado não será quem nele espera.
Aclamação do Evangelho
Glória a Cristo, imagem do Pai, a plena verdade nos comunicai! 
O homem não vive somente de pão, mas de toda palavra da boca de Deus.

EVANGELHO (João 7,1-2.10.25-30)

7 1 Depois disso, Jesus percorria a Galiléia. Ele não queria deter-se na Judéia, porque os judeus procuravam tirar-lhe a vida. 
2 Aproximava-se a festa dos judeus chamada dos Tabernáculos. 
10 Mas quando os seus irmãos tinham subido, então subiu também ele à festa, não em público, mas despercebidamente. 
25 Algumas das pessoas de Jerusalém diziam: "Não é este aquele a quem procuram tirar a vida? 
26 Todavia, ei-lo que fala em público e não lhe dizem coisa alguma. Porventura reconheceram de fato as autoridades que ele é o Cristo? 
27 Mas este nós sabemos de onde vem. Do Cristo, porém, quando vier, ninguém saberá de onde seja". 
28 Enquanto ensinava no templo, Jesus exclamou: "Ah! Vós me conheceis e sabeis de onde eu sou! Entretanto, não vim de mim mesmo, mas é verdadeiro aquele que me enviou, e vós não o conheceis. 
29 Eu o conheço, porque venho dele e ele me enviou. 
30 Procuraram prendê-lo, mas ninguém lhe deitou as mãos, porque ainda não era chegada a sua hora". 

COMENTÁRIOS DO EVANGELHO
1. "Humano demais..."
(O comentário do Evangelho abaixo é feito pelo Diácono José da Cruz)
Há até uma bela música com este nome, e aqui está o problema dos Judeus para com Jesus: eles queriam um MESSIAS misterioso, de origem desconhecida, talvez vindo de alguma nuvem do céu e eis que aparece no meio deles um homem comum como qualquer outro judeu, mas que se diz um enviado do Pai em uma missão especial.
Como pode um ser humano anunciar-se como um enviado especial do Pai? Para o Judaísmo é uma afronta! Pois esse anúncio explicita a divindade de Jesus, foi Deus quem o enviou e ele, apesar de homem, é o Filho de Deus. De um modo bem simples eis aí a razão da condenação de Jesus.
Talvez ao ler o evangelho de João, onde o confronto com o Judaísmo vai ficando cada vez mais acirrado, alguém possa pensar que Jesus "Gostava de cutucar a onça com a vara curta", fazendo provocação aos Judeus. Entretanto é a fidelidade ao Pai e a sua Vontade que leva Jesus a agir desse modo. Se ele não falar de onde veio e quem o enviou, não estará revelando o Pai, evitando assim que os homens o conheçam.
Sendo quem é, e assumindo com fidelidade a missão que lhe foi confiada, Jesus age com inteira liberdade, de fato, no evangelho de João é Jesus quem se entrega, tudo aconteceu pela vontade do Pai, mas com o seu consentimento. Por isso, embora já ameaçado de morte, ele anda livremente por Jerusalém pregando e ensinando, fazendo prodígios, e as pessoas se admiram que ninguém o tenha impedido. Na hora da sua glorificação na cruz ele irá se entregar, pois na visão Joanina, ninguém tem força e poder, para impedir a obra da Salvação que em Cristo irá se realizar.
Nos dias de hoje há uma multidão de homens e mulheres que se dizem Filhos e Filhas de Deus, ou porque receberam um Batismo, como nós cristãos, ou porque assim se sentem. Entretanto, falta a coragem a ousadia e a fidelidade de Jesus, para de fato viver e pensar como autênticos Filhos e Filhas de Deus, já que qualquer poder do mundo, as vezes é suficiente pára nos fazer dobrar os nossos joelhos diante das forças do mal.
Ser livre não é falar e fazer sempre o que se quer, mas a nossa verdadeira liberdade está em Deus.
2. CONFLITO DE INTERESSES
(O comentário do Evangelho abaixo é feito por José Raimundo Oliva )
Enquanto no Evangelho de João há um destaque maior ao conflito entre Jesus e os judeus em geral, nos sinóticos ele se restringe aos dirigentes, fariseus, escribas e sacerdotes. Tal polarização parece resultar da origem deste Evangelho, em uma comunidade cristã samaritana. É a expressão do tradicional conflito entre Israel, reino do norte, e Judá, reino davídico do sul.
O messias ("Cristo", do grego) esperado pelo judaísmo seria um líder que conquistaria a liberdade nacional dos judeus e imporia ao mundo sua religião. Os chefes religiosos do templo e das sinagogas rejeitavam o messianismo de Jesus e procuravam matá-lo. Jesus, descartando qualquer aspiração ao poder, revela-se como o enviado que comunica.
3. A PRIMAZIA DO AMOR
(O comentário do Evangelho abaixo é feito pelo Pe. Jaldemir Vitório ).
É de se admirar que um escriba - mestre da Lei - tenha-se colocado diante de Jesus, na posição de discípulo. Os escribas eram reconhecidos como pessoas sábias. Por conseguinte, capazes de interpretar a Lei e descobrir-lhe sentidos novos. O povo consultava-os quando tinham dúvidas. Por sua vez, os escribas tinham consciência de sua posição elevada.
O escriba, que sabia dar respostas a tantas questões complicadas, tinha, agora, sérias dúvidas a respeito de uma questão fundamental: qual ação humana mais agrada a Deus, e coloca o ser humano em comunhão com o Pai?
A resposta de Jesus é como que o resumo de toda a Escritura: amar a Deus, consagrando-se totalmente a ele, e amar ao próximo como a si mesmo. Estes são os dois eixos da religião que agrada a Deus. Tudo o mais será complemento e terá valor relativo. É preciso dar primazia ao amor!
A preocupação do mestre da Lei tinha sua razão de ser. Com muita facilidade, no caminho para Deus, o ser humano embrenha-se por atalhos, abandonando a estrada principal. Deixando de lado o caminho do amor a Deus e ao próximo, por mais que alguém se esforce, jamais alcançará a meta almejada. Só o caminho do amor pode levar-nos ao destino esperado: o Pai.
Oração
Espírito de conhecimento, conduze-me sempre pelo caminho do amor, o único que pode me levar até o Pai.
Liturgia do Sábado 

IV SEMANA DA QUARESMA 
(ROXO – OFÍCIO DO DIA)
Antífona da entrada: As ondas da morte me cercavam, tragavam-me as torrentes infernais; na minha angústia, chamei pelo Senhor, de seu templo ouviu a minha voz (Sl 17,5ss).

Leitura (Jeremias 11,18-20)
Leitura do livro do profeta Jeremias.
11 18 Instruído pelo Senhor, eu o desvendei. Vós me fizestes conhecer seus intentos. 
19 E eu, qual manso cordeiro conduzido à matança, ignorava as maquinações tramadas contra mim: "destruamos a árvore em seu vigor. Arranquemo-la da terra dos vivos, e que seu nome caia no esquecimento". 
20 Vós sois, porém, Senhor dos exércitos, justo juiz que sondais os rins e os corações. Serei testemunha da vingança que tomarei deles e a vós confio minha causa. 

Salmo responsorial 7
Senhor meu Deus, em vós procuro o meu refúgio.
Senhor meu Deus, em vós procuro o meu refúgio; 
vinde salvar-me do inimigo, libertai-me! 
Não aconteça que agarrem minha vida 
como um leão que despedaça a sua presa, 
sem que ninguém venha salvar-me e libertar-me!
Julgai-me, Senhor Deus, como eu mereço 
e segundo a inocência que há em mim! 
Ponde um fim à iniqüidade dos perversos 
e confirmai o vosso justo, ó Deus-justiça, 
vós que sondai os nossos rins e corações.
O Deus vivo é um escudo protetor 
e salva aqueles que têm reto coração. 
Deus é juiz e ele julga com justiça, 
mas é um Deus que ameaça cada dia.
Aclamação do Evangelho
Glória a Cristo, palavra eterna do Pai, que é amor! 
Felizes os que observam a palavra do Senhor de reto coração e produzem muitos frutos, até o fim perseverantes! (Lc 8,15)

Evangelho (João 7,40-53)

7 40 Ouvindo Jesus falar, alguns daquela multidão diziam: "Este é realmente o profeta". 
41 Outros diziam: "Este é o Cristo". Mas outros protestavam: "É acaso da Galiléia que há de vir o Cristo? 
42 Não diz a Escritura: O Cristo há de vir da família de Davi, e da aldeia de Belém, onde vivia Davi?" 
43 Houve por isso divisão entre o povo por causa dele. 
44 Alguns deles queriam prendê-lo, mas ninguém lhe lançou as mãos. 
45 Voltaram os guardas para junto dos príncipes dos sacerdotes e fariseus, que lhes perguntaram: "Por que não o trouxestes?" 
46 Os guardas responderam: "Jamais homem algum falou como este homem!" 
47 Replicaram os fariseus: "Porventura também vós fostes seduzidos? 
48 Há, acaso, alguém dentre as autoridades ou fariseus que acreditou nele? 
49 Este poviléu que não conhece a lei é amaldiçoado!" 
50 Replicou-lhes Nicodemos, um deles, o mesmo que de noite o fora procurar: 
51 "Condena acaso a nossa lei algum homem, antes de o ouvir e conhecer o que ele faz?" 
52 Responderam-lhe: "Porventura és também tu galileu? Informa-te bem e verás que da Galiléia não saiu profeta". 
53 E voltaram, cada um para sua casa. 

COMENTÁRIOS DO EVANGELHO
1. "Os guardas voltaram de mãos abanando..."
(O comentário do Evangelho abaixo é feito pelo Diácono José da Cruz )
As pessoas definiam Jesus não de acordo com aquilo que ele era, mas aquilo que a elas interessava, para uns ele era realmente um grande Profeta, talvez inspirados pelos profetas que Deus mandara no antigo Testamento, estes buscavam uma esperança que só Deus lhes poderia dar.
Para outros ele era o Cristo, isso é, o ungido, o enviado de Deus, colocavam nele todas as suas esperanças e acreditavam em seu Messianismo que iria trazer a Salvação a todos. O grande problema continua sendo aquele que já comentamos na reflexão de ontem: Jesus era humano demais, e o fato da sua origem ser da Galiléia não credenciava a ser o Messias que segundo as escrituras viria de uma linhagem nobre.
E para alguns, o fato dele não ser quem esperavam que fosse, transformava a frustração em raiva. Um comportamento onde se joga no irmão ou na irmã toda a nossa frustração, pelos nossos fracassos e derrotas, a culpa é das pessoas que não são o que a gente esperava que fossem. Não será assim em nossas comunidades, até hoje? "Se depender de mim e do que eu penso, a comunidade vai bem, mas tem fulano e cicrano que nunca correspondem".
O segundo aspecto importante a ser considerado nessa reflexão, é a atitude dos Guardas que, pertencendo ao povo, e não estando atrelados a nenhuma lei ou tradição escriturista, estão abertos para ouvir as palavras de Jesus e elas o encantam de tal modo que os impede de o prender.
O pior papel fica mais uma vez com os famigerados Fariseus, a quem o messianismo de Jesus não lhes interessava, uma vez que suas palavras e obras não coincidiam com o conhecimento deles, que provinha da Lei e da tradição. Eram eles os guardiães da tradição e deles teria que vir o aval que iria autenticar o messianismo de Jesus.
Nas comunidades temos os nossos conselhos pastorais e econômicos, que representam a assembléia e não podem fazer valer a opinião pessoal,  ou a deste ou aquele grupo. O verdadeiro cristianismo é dialogante e interativo, virtudes estas que brotam da comunhão fraterna, e que os Fariseus não tiveram e que também, infelizmente faz falta em nossas comunidades...
2. Incompreensão da missão de Jesus
(O comentário do Evangelho abaixo é feito por José Raimundo Oliva )
Jesus ensinava a multidão em Jerusalém, durante a festa das Tendas. Entre eles se discutia se Jesus seria o messias ("cristo"). Sabem que Jesus vem da Galileia, enquanto o messias davídico deveria vir de Belém (na elaboração teológica de Mateus e Lucas, em seus evangelhos, Jesus nasce em Belém).
Os próprios guardas enviados para prender Jesus ficaram tocados por suas palavras dirigidas ao povo. Na censura a estes, os chefes religiosos judeus mostram o desprezo que tinham pelo povo, considerado ignorante da Lei, maldito e pecador.
Estes chefes, com uma compreensão messiânica diferente da popular, descartavam o messianismo de Jesus, por sua origem humilde, e procuravam matá-lo, porque sua prática libertadora ameaçava a estrutura religioso-política do Templo.
Oração
Pai, ajuda-me a acolher, sem preconceitos, a revelação de Jesus, pois sua identidade messiânica de Filho de Deus transparece nas palavras e nos sinais que ele realizou.
3. UMA SUGESTÃO SENSATA
(O comentário do Evangelho abaixo é feito pelo Pe. Jaldemir Vitório ).
A presença de Jesus, em Jerusalém, era motivo de controvérsia. Ninguém sabia ao certo, quem era aquele homem, cujo ensinamento destoava das doutrinas tradicionais dos escribas, e cuja autoridade não se fundamentava na pertença a algum dos grupos conhecidos. Muitos acreditavam tratar-se do Messias; não faltava, porém, quem duvidasse, pelo fato de Jesus não se enquadrar nas pistas que o povo tinha à disposição para identificar o Messias. Até mesmo os soldados, enviados para prendê-lo, não tiveram coragem de fazê-lo. E isto, não tanto por medo do povo, e sim, por estarem convencidos da sinceridade da pregação do Mestre.
Esta situação colocava em pânico a cúpula religiosa. Era um caso difícil de ser tratado. Na verdade, Jesus não havia cometido nenhum delito, passível de punição. Tampouco se mostrava como um indivíduo socialmente perigoso. Tudo se passava no âmbito teológico: seus ensinamentos desconcertavam os inimigos.
Nicodemos dá um tom de sensatez à situação. Por respeito à Lei, o acusado devia ser ouvido, antes de ser condenado. Caso contrário, corria-se o risco de cometer uma injustiça.
No caso de Jesus, seus inquisidores teriam dificuldade de ouvi-lo com imparcialidade, abrindo mão da sentença de morte já decidida.
Oração 
Espírito de ponderação, que eu acolha Jesus com a devida prudência, descobrindo sua identidade, mediante a escuta benevolente de sua palavra.





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