Liturgia da Segunda Feira — 21.10.2013
XXIX SEMANA DO TEMPO COMUM
( VERDE, GLÓRIA, CREIO – I SEMANA DO SALTÉRIO )
Antífona da entrada: Clamo por vós,
meu Deus, porque me atendestes; inclinai vosso ouvido e escutai-me.
Guardai-me como a pupila dos olhos, à sombra das vossas asas abrigai-me (Sl
16,6.8).
Leitura (Romanos 4,20-25)
Leitura do livro da carta de são Paulo aos Romanos.
4 20 Ante a promessa de Deus, não vacilou, não
desconfiou, mas conservou-se forte na fé e deu glória a Deus.
21 Estava plenamente convencido de que Deus era poderoso para cumprir o que
prometera.
22 Eis por que sua fé lhe foi contada como justiça.
23 Ora, não é só para ele que está escrito que a fé lhe foi imputada em conta
de justiça.
24 É também para nós, pois a nossa fé deve ser-nos imputada igualmente,
porque cremos naquele que dos mortos ressuscitou Jesus, nosso Senhor,
25 o qual foi entregue por nossos pecados e ressuscitado para a nossa
justificação.
Salmo responsorial Lc 1
Bendito seja o Senhor Deus de Israel,
porque a seu povo visitou e libertou!
Fez surgir um poderoso salvador
na casa de Davi, seu servidor,
como falara pela boca de seus santos,
os profetas desde os tempos mais antigos.
Para salvar-nos do poder os inimigos
e da mão de todos quantos nos odeiam.
Assim mostrou misericórdia a nossos pais,
recordando a sua santa aliança.
E o juramento a Abraão, o nosso pai,
de conceder-nos que, libertos do inimigo,
a ele nós sirvamos sem temos,
em santidade e em justiça diante dele,
enquanto perdurarem nossos dias.
Aclamação do Evangelho
Aleluia, aleluia, aleluia.
Felizes os humildes de espírito, porque deles é o reino dos céus (Mt 5,3).
EVANGELHO (Lucas 12,13-21)
Naquele tempo, 12 13 disse-lhe então alguém do meio do
povo: "Mestre, dize a meu irmão que reparta comigo a herança".
14 Jesus respondeu-lhe: "Meu amigo, quem me constituiu juiz ou árbitro
entre vós?"
15 E disse então ao povo: "Guardai-vos escrupulosamente de toda a
avareza, porque a vida de um homem, ainda que ele esteja na abundância, não
depende de suas riquezas".
16 E propôs-lhe esta parábola: "Havia um homem rico cujos campos
produziam muito.
17 E ele refletia consigo: 'Que farei? Porque não tenho onde recolher a minha
colheita'.
18 Disse então ele: 'Farei o seguinte: derrubarei os meus celeiros e
construirei maiores; neles recolherei toda a minha colheita e os meus bens.
19 E direi à minha alma: ó minha alma, tens muitos bens em depósito para
muitíssimos anos; descansa, come, bebe e regala-te'.
20 Deus, porém, lhe disse: 'Insensato! Nesta noite ainda exigirão de ti a tua
alma. E as coisas, que ajuntaste, de quem serão?'
21 Assim acontece ao homem que entesoura para si mesmo e não é rico para
Deus".
COMENTÁRIOS DO EVANGELHO
1. O VERDADEIRO TESOURO
Certamente que as dúvidas de um desempregado, aposentado ou assalariado, são
outras, bem diferentes do homem que protagoniza o evangelho de hoje. Enquanto
os primeiros se perguntam como irão sobreviver e pagar tantas contas, o
segundo está com uma dúvida cruel: onde irá armazenar o trigo, que produziu
muito mais do que o esperado... Será que vale a pena derrubar os celeiros e
fazer outros maiores para armazenar a produção excedente? Que dúvida cruel,
não?
Segundo a lógica capitalista que prioriza o lucro e o
patrimônio, nem é preciso pensar duas vezes, pois se o lucro será ainda
maior, seria uma burrice não investir. Mas segundo a lógica do evangelho, e a
linha de raciocínio de um sábio chamado Coélet, é uma grande perda de tempo
correr atrás da felicidade, pensando que ela está nas riquezas que este mundo
pode oferecer, pois tudo é vaidade, conclui o sábio. Jesus por sua vez, não
faz nenhum discurso inflamado contra o capitalismo, ou contra os grandes
latifundiários ou grupos econômicos que monopolizam a economia, ele apenas
constata o terrível engano que cometem os que depositam toda sua segurança e
felicidade apenas nos bens deste mundo.
De fato, podemos imaginar a frustração e o terror que
se apodera do coração de um homem, que chegando de maneira consciente ao
derradeiro instante de sua vida, descobre de maneira surpreendente que passou
toda sua existência acumulando riquezas, que na verdade não passavam de
quinquilharias sem valor, perto do tesouro inestimável do amor e da graça que
em Jesus o Pai ofereceu ao mundo. E o que é pior, tudo isso vai ficar para
trás, nenhum centavo irá com ele e outros que talvez nem trabalharam, irão
usufruir do seu capital.
Ele bem que poderia ter investido no verdadeiro
tesouro, partilhando seus bens e sua riqueza com os pobres, poderia ter feito
para os empregados uma forma de participação nos lucros, dando aos mesmos
esta alegria, poderia quem sabe, ter investido forte no social, não apenas de
uma maneira mesquinha, visando isenção tributária, mas com o objetivo
verdadeiro de melhorar as condições de vida de tantas pessoas.
Poderia ainda ter gerado novos empregos, elaborar uma
política salarial digna e séria, onde os empregados tivessem a oportunidade
de crescer e dar mais conforto á família, e não apenas oferecer alguns
míseros percentuais para repor a inflação. Isso também vale para os
governantes, que muitas vezes colocam a saúde e o social em segundo plano,
deixando morrer à míngua e sem assistência os infelizes que não podem contar
com um plano de saúde que atenda suas necessidades. Quantas bênçãos para o
patrimônio de uma empresa ou nação, Deus envia do céu, quando se coloca a
vida do ser humano em primeiro lugar e não os seus interesses políticos, ou
os seus gordos lucros!
Mas não! Nada disso fez este homem, que preferiu
relacionar-se de maneira possessiva com seus bens: “MEU trigo, MEUS
celeiros”, armazenar, acumular, ganhar mais para ter um lucro ainda maior, em
nenhum momento ele fez planos que incluíssem a família, a mulher e os filhos,
em nenhum momento ocorreu-lhe a idéia de ajudar seus empregados.
O fim de tal homem será terrível! Não porque Deus irá
se vingar mandando-o para as profundezas do inferno, mas sim porque, como já
o dissemos, na última hora vai “cair à ficha” descobrirá amargurado que viveu
sempre de maneira egoísta, o remorso e o arrependimento lhe baterão no coração,
e a dor por estar longe de Deus e do seu reino, será eterna e insuportável!
Isso é o inferno! Esse homem durante a sua vida não conseguiu se descobrir
como um Filho de Deus, vocacionado ao amor, que partilha que é generoso e
solidário com os que não têm. Uma partilha que não pode ser imposta pelo
poder de alguma lei, mas ditada por um coração transbordante de amor, esta é
a razão porque Jesus se recusa a interferir em uma briga de irmãos na disputa
de uma herança.
Na verdade este homem perdeu toda a sua existência
correndo atrás do brilho falso e ilusório das riquezas materiais, cultuando o
deus dinheiro e fazendo das grandes magazines e shopins, as imponentes
catedrais de adoração ao poderoso deus do consumo, permanecendo no “Homem
velho” não se dando conta que a ressurreição de Jesus marcou uma “virada”
definitiva na vida do homem, que precisa sim dos bens deste mundo para viver,
mas que em seu coração só busca as coisas do alto onde está a verdadeira
glória e o mais valioso de todos os tesouros da terra. Enquanto lhe restar um
dia de vida, este homem mesquinho, avarento e egoísta poderá mudar o seu
destino, abrindo-se á graça de Deus para esta lhe inunde a alma e o coração.
Depois será tarde...
2. Desejo de poder
A parábola tem alcance muito maior. O verbo
"dizer" é repetido várias vezes (vv. 17.18.19), num monólogo do
personagem único, solitário e sem próximo. Esta observação, e se é
necessário, pode nos levar a intitular a parábola deste modo: "O
esquecimento fatal do diálogo".
Esquecimento do diálogo com Deus, no que concerne ao
rico proprietário (vv. 16ss), e do diálogo entre os dois irmãos acerca da
partilha dos bens (vv. 13-14). O v. 15 faz a transição entre o pedido de
arbitragem de um dos irmãos e a parábola.
A palavra traduzida por "ganância", no v. 15,
em grego exprime uma vontade de ter superioridade, um desejo de poder.
"... pois mesmo que se tenha muitas coisas, a vida não consiste na
abundância de bens" (v. 15). Isto significa que a riqueza não impede a
morte inesperada. A abundância, o ter, pode substituir Deus. Ao invés de nos
fazer disponíveis, esta facilidade ou abundância é em que nós confiamos, de
fato. Isto é uma ilusão: eu creio possuir, mas, de fato, eu sou possuído! O
importante é a nossa maneira de possuir, isto é, o papel que tem em nosso
íntimo o que nós possuímos.
Resumidamente, a parábola nos faz perguntar: Você é por
ou contra Deus? É esta a questão posta ao rico: "E para quem ficará o
que acumulaste?" (v. 20). Cabe a nós, diante do Senhor, respondermos
também esta questão: O que é que me enriquece de bens que não se
contabilizam, mas modela meu rosto, meu olhar sobre o mundo, sobre os outros
e sobre mim mesmo?
ORAÇÃO
Pai, preserva-me do apego exagerado às riquezas, as quais me tornam
insensível às necessidades do meu próximo. Que eu descubra na partilha um
caminho de salvação.
3. A
RIQUEZA VÃ
Jesus deve ter percebido a mentalidade de muitas pessoas exageradamente
preocupadas em adquirir e acumular bens. Se os discípulos desejassem ser
fiéis ao Reino, deveriam precaver-se contra atitudes deste gênero. Daí a
preocupação do Mestre em alertá-los.
Tudo, na vida do rico, gira em torno do próprio eu:
"meus celeiros", "meu trigo", "meus bens". Em
sua vida, não existe espaço para Deus e para o próximo. Tudo é pensado em
função de sua satisfação pessoal: "Ó minha alma, descansa, come, bebe,
regala-te, pois tens bens acumulados para muitos anos". Solidariedade,
partilha, misericórdia são palavras banidas de seu vocabulário. Sua avareza
impede-o de sensibilizar-se diante das necessidades do próximo.
Todavia, como não somos feitos só para esta vida, a
morte confronta-nos com outra realidade: a vida eterna. Aqui, só têm valor os
gestos de fraternidade, a bondade para com o excluídos e carentes, a
capacidade de fazer-se próximo de quem sofre. Este é o verdadeiro tesouro a
ser acumulado durante a vida terrena. Os bens materiais, quando partilhados,
podem ser instrumentos para adquirir este tesouro eterno. Acumulá-los
significa torná-los infrutíferos, ou seja, inúteis.
O discípulo do Reino, por ter seu coração centrado em
Deus e no próximo, sabe ser generoso com quem necessita de seu ajuda
fraterna.
Oração
Espírito de partilha fraterna, afasta para longe de mim toda avareza, porque
ela me impede de manifestar meu amor ao próximo, partilhando com ele os meus
bens.
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XXIX SEMANA DO TEMPO COMUM *
( VERDE, GLÓRIA, CREIO – I SEMANA DO SALTÉRIO )
Antífona da entrada: Clamo por vós,
meu Deus, porque me atendestes; inclinai vosso ouvido e escutai-me.
Guardai-me como a pupila dos olhos, à sombra das vossas asas abrigai-me (Sl
16,6.8).
Leitura (Romanos 5,12.15.17-21)
Leitura do livro da carta de são Paulo aos Romanos.
5 12 Por isso, como por um só homem entrou o pecado no
mundo, e pelo pecado a morte, assim a morte passou a todo o gênero humano,
porque todos pecaram...
15 Mas, com o dom gratuito, não se dá o mesmo que com a falta. Pois se a
falta de um só causou a morte de todos os outros, com muito mais razão o dom
de Deus e o benefício da graça obtida por um só homem, Jesus Cristo, foram
concedidos copiosamente a todos.
17 Se pelo pecado de um só homem reinou a morte (por esse único homem), muito
mais aqueles que receberam a abundância da graça e o dom da justiça reinarão
na vida por um só, que é Jesus Cristo!
18 Portanto, como pelo pecado de um só a condenação se estendeu a todos os
homens, assim por um único ato de justiça recebem todos os homens a
justificação que dá a vida.
19 Assim como pela desobediência de um só homem foram todos constituídos
pecadores, assim pela obediência de um só todos se tornarão justos.
20 Sobreveio a lei para que abundasse o pecado. Mas onde abundou o pecado,
superabundou a graça.
21 Assim como o pecado reinou para a morte, assim também a graça reinaria
pela justiça para a vida eterna, por meio de Jesus Cristo, nosso Senhor.
Salmo responsorial 39/40
Eis que venho fazer, com prazer,
a vossa vontade, Senhor!
Sacrifício e oblação não quisestes,
mas abristes, Senhor, meus ouvidos;
não pedistes ofertas nem vítimas,
holocaustos por nossos pecados,
e então eu vos disse: "Eis que venho!"
Sobre mim está escrito no livro:
"Com prazer faço a vossa vontade,
guardo em meu coração vossa lei!"
Boas novas de vossa justiça
anunciei numa grande assembléia;
vós sabeis: não fecheis os meus lábios!
Mas se alegre e em vós rejubile
todo ser que vos busca, Senhor!
Digam sempre: "É grande o Senhor!"
os que buscam em vós seu auxílio.
Aclamação do Evangelho
Aleluia, aleluia, aleluia.
Vigiai e orai para ficardes de pé ante o Filho do Homem! (Lc 21,36)
EVANGELHO (Lucas 12,35-38)
12 35 Disse Jesus: "Estejam cingidos os vossos rins e
acesas as vossas lâmpadas.
36 Sede semelhantes a homens que esperam o seu senhor, ao voltar de uma
festa, para que, quando vier e bater à porta, logo lha abram.
37 Bem-aventurados os servos a quem o senhor achar vigiando, quando vier! Em
verdade vos digo: cingir-se-á, fá-los-á sentar à mesa e servi-los-á.
38 Se vier na segunda ou se vier na terceira vigília e os achar vigilantes,
felizes daqueles servos!"
COMENTÁRIOS DO EVANGELHO
1. Entendendo a Palavra
___Lucas, dá uma forcinha prá gente na reflexão desse evangelho. Tem umas
coisinhas que a gente não entende bem.
Lucas____ Bom, tratam-se de ditos de Jesus, é uma coletânea de frases e
exortações que o Mestre fez em diversas circunstâncias, diante de situações
que exigiam uma reflexão. Mas vamos lá...
___Rim cingido e lâmpada acesa... Que negócio é esse?
Lucas____ Essa é fácil, vocês não dizem assim: “Vamos arregaçar as mangas e
trabalhar”, diante de alguma tarefa urgente para se fazer?
___Sim, é essa a expressão que usamos.... Arregaçar as
mangas, ou arregaçar as calças se o negócio for andar.
Lucas____ Pois é, cingir os rins é amarrar a túnica dobrada prá cima,
deixando-a curta facilitando a caminhada. Lâmpada acesa é estar sempre alerta,
sabendo o que está pela frente, na escuridão não se enxerga nada e não dá
para caminhar.
___E esse negócio de ficar esperando o Patrão voltar da
festa, o homem foi para o “Béim-Bão”, e os empregados têm quer ficar
acordados esperando o cara voltar sei lá a que horas da madrugada?
Lucas____ Pois é, significa que nas horas mais improváveis, diante de
acontecimentos inesperados, a toda Hora o Senhor chega em nossa vida. Se o
patrão foi a uma festa, ninguém sabe a que horas ele vai voltar, a primeira
atitude é não dar a mínima para essa volta, e ficar a vontade ou ir dormir, a
outra atitude mais sensata, é ficar esperando e na hora em que ele chegar,
estar atento para abrir-lhe a porta...
___Ah entendi, então é uma referência direta ao dia em que Jesus voltar em
definitivo?
Lucas____ Isso mesmo, quem faz experiência e está em comunhão com Ele a todo
momento, nas horas e condições improváveis e imprevistas, não será
surpreendido nessa volta.
___Então, vigiar é estar comprometido com o evangelho,
e fazer as obras de amor e justiça, na relação com todas as pessoas?
Lucas____ Isso mesmo! Não é ter um comportamento cristão, só porque o Senhor
um dia vai voltar, mas sim porque já se tem ele em nossa vida.
2. Apelo à vigilância e à disponibilidade
Nosso texto está situado, como temos insistido, na parte central do evangelho
segundo Lucas, à subida de Jesus para Jerusalém. Este caminho para o Pai é
caracterizado por lições que Jesus dá aos seus discípulos. Estas lições têm
força normativa, pois orientam o modo de viver a vocação cristã.
Nosso texto é um apelo à vigilância e à
disponibilidade. Cingir-se (v. 35) é estar disponível, pronto para partir. O
livro do Êxodo descreve desta maneira como deve ser comido o cordeiro pascal,
imediatamente antes da saída do Egito, o país da escravidão: "Assim
devereis comê-lo: com os rins cingidos, sandálias nos pés e vara na
mão…" (Ex 12,11). "Lâmpadas acesas" (v. 35) é sinal de que a
cena acontece de noite, numa provável alusão à Páscoa.
Tal disponibilidade e vigilância, mantidas pela luz da
Palavra de Deus, é o que é exigido do discípulo para esperar e acolher o
Senhor que retorna de uma festa de casamento, símbolo do Reino de Deus. O
interessante a ser observado é que o patrão, ao voltar da festa de casamento,
age como servo: "... ele mesmo vai arregaçar sua veste, os fará sentar à
mesa e passará para servi-los" (v. 37). O Cristo é o servo de todos (cf.
Jo 13,13-15).
ORAÇÃO
Pai, somente em ti quero centrar as minhas opções mais profundas, para não
permitir que o egoísmo tome conta do meu coração e me afaste de ti.
3. ESTAR SEMPRE PRONTO
O discípulo de Jesus vive numa contínua espera do Senhor que vem. Essa,
porém, é uma espera ativa e responsável, porque a chama do amor está sempre
acesa em seu coração. Quem escolhe a inação ou se envereda pelo caminho do
mal corre o risco de ser excluído do Reino. Não é fácil perseverar, quando se
desconhece a hora em que o Senhor virá. Sabendo disso, Jesus exortou seus
discípulos a não esmorecerem diante da incerteza da hora.
A vigilância cristã foi comparada à dos servos à espera
do senhor que chega para sua festa de núpcias. Quanto mais tarde for, maior a
necessidade de manter-se atentos. O senhor poderá chegar a qualquer momento.
E não ficaria satisfeito se os servos estivessem dormindo e não lhe abrissem
a porta. Mas, se ao chegar, os encontrar acordados, convida-los-á para
participar do banquete e ter a honra de serem servidos pelo próprio patrão.
O mesmo se passa com o discípulo de Jesus. A incerteza
da hora em que virá o Senhor não abala suas convicções. Antes, vai adiante
seguro de que vale a pena fazer o bem, embora viva rodeado pelo mal. Não abre
mão de lutar pela justiça, mesmo que ela resista a ser eliminada. Está sempre
disposto a perdoar e a buscar a reconciliação, ainda que o ódio e a violência
tenham contaminado a humanidade. A vigilância perseverante leva-lo-á a ser
considerado bem-aventurado pelo Senhor, quando ele vier.
Oração
Senhor Jesus, reforça minha disposição a estar sempre vigilante, à tua
espera, para que eu possa ser acolhido por ti, no teu Reino.
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XXIX SEMANA DO TEMPO COMUM *
( VERDE – OFÍCIO DO DIA )
Antífona da entrada: Clamo por vós,
meu Deus, porque me atendestes; inclinai vosso ouvido e escutai-me.
Guardai-me como a pupila dos olhos, à sombra das vossas asas abrigai-me (Sl
16,6.8).
Leitura (Romanos 6,12-18)
Leitura do livro da carta de são Paulo aos Romanos.
6 12 Não reine, pois, o pecado em vosso corpo mortal,
de modo que obedeçais aos seus apetites.
13 Nem ofereçais os vossos membros ao pecado, como instrumentos do mal.
Oferecei-vos a Deus, como vivos, salvos da morte, para que os vossos membros
sejam instrumentos do bem ao seu serviço.
14 O pecado já não vos dominará, porque agora não estais mais sob a lei, e
sim sob a graça.
15 Então? Havemos de pecar, pelo fato de não estarmos sob a lei, mas sob a
graça? De modo algum.
16 Não sabeis que, quando vos ofereceis a alguém para lhe obedecer, sois
escravos daquele a quem obedeceis, quer seja do pecado para a morte, quer da
obediência para a justiça?
17 Graças a Deus, porém, que, depois de terdes sido escravos do pecado,
obedecestes de coração à regra da doutrina na qual tendes sido instruídos.
18 E, libertados do pecado, vos tornastes servos da justiça.
Salmo responsorial 123/124
Nosso auxílio está no nome do Senhor.
Se o Senhor não estivesse ao nosso lado,
que o diga Israel neste momento;
se o Senhor não estivesse ao nosso lado
quando os homens investiram contra nós,
com certeza nos teriam devorado
no furor de sua ira contra nós.
Então as águas nos teriam submergido,
a correnteza nos teria arrastado
e, então, por sobre nós teriam passado
essas águas sempre mais impetuosas.
Bendito seja o Senhor, que não deixou
cairmos como presa de seus dentes!
Nossa alma como um pássaro escapou
do laço que lhe armara o caçador;
o laço arrebentou-se de repente,
e assim nós conseguimos libertar-nos.
O nosso auxílio está no nome do Senhor,
do Senhor que fez o céu e fez a terra!
Aclamação do Evangelho
Aleluia, aleluia, aleluia.
Vigiai, diz Jesus, vigiai, pois, no dia em que não esperais, o vosso Senhor
há de vir (Mt 24,42.44).
Evangelho (Lucas 12,39-48)
Naquele tempo, 12 39 disse Jesus: "Sabei, porém,
isto: se o senhor soubesse a que hora viria o ladrão, vigiaria sem dúvida e
não deixaria forçar a sua casa.
40 Estai, pois, preparados, porque, à hora em que não pensais, virá o Filho
do Homem".
41 Disse-lhe Pedro: "Senhor, propões esta parábola só a nós ou também a
todos?"
42 O Senhor replicou: "Qual é o administrador sábio e fiel que o senhor
estabelecerá sobre os seus operários para lhes dar a seu tempo a sua medida
de trigo?
43 Feliz daquele servo que o senhor achar procedendo assim, quando vier!
44 Em verdade vos digo: confiar-lhe-á todos os seus bens.
45 Mas, se o tal administrador imaginar consigo: 'Meu senhor tardará a vir',
e começar a espancar os servos e as servas, a comer, a beber e a
embriagar-se,
46 o senhor daquele servo virá no dia em que não o esperar e na hora em que
ele não pensar, e o despedirá e o mandará ao destino dos infiéis.
47 O servo que, apesar de conhecer a vontade de seu senhor, nada preparou e
lhe desobedeceu será açoitado com numerosos golpes.
48 Mas aquele que, ignorando a vontade de seu senhor, fizer coisas
repreensíveis será açoitado com poucos golpes. Porque, a quem muito se deu,
muito se exigirá. Quanto mais se confiar a alguém, dele mais se há de
exigir".
COMENTÁRIOS DO EVANGELHO
1. Cargos de confiança
Vamos entender o que é um cargo de confiança, o governante nomeia alguém para
um cargo de confiança, comandando uma área ou um setor de trabalho da sua
administração.
É alguém em quem ele confia cegamente, honesto,
íntegro, e que pensa e age exatamente como ele pensaria e agiria, estando no
comando direto daquele setor. Tem uma boa remuneração, não precisa fazer
concurso, mas em compensação tem responsabilidades pesadas, e terá que estar
sempre prestando contas ao Administrador que lhe confiou tal encargo. Essa
deveria de ser a linha de conduta mas...infelizmente os apadrinhamentos
políticos criam cada vez mais cargos de confiança, para atender as
conveniências do partido e do eleitorado, e os favorecimentos políticos estão
em todas as esferas da nossa Vida Pública, de maneira vergonhosa e
pecaminosa.
No evangelho que refletimos, Jesus está falando dos
Cargos de Confiança, que Deus delega a algumas pessoas na sua vocação cristã,
pensando aqui na vida de família e comunidade.
Qualquer encargo que se tem, na vida da Igreja, seja em
comunidade, paróquia ou até mesmo na Diocese ou arquidiocese, não é por
mérito e muito menos por apadrinhamento político (pelo menos não deveria ser,
pois comunidade cristã é o último lugar onde se pode fazer barganha de cargos
e funções) . O evangelho começa nos lembrando que aquilo que fazemos, ou pelo
qual somos responsáveis, não é nosso, não nos pertence, é transitório e pode
nos ser tomado a qualquer momento, sem aviso prévio, nesse sentido
compreende-se, de maneira mais profunda, o dom da vida que Deus nos concede.
São Pedro, com suas pergunta, quer saber se aquilo tem
algo a ver com o grupo dos discípulos, ou é só para o povão. Pobre do Pedro,
poderia dormir sem essa, pois Jesus lembra com rigor a responsabilidade que
eles tem, enquanto discípulos, de alimentar o povo com o trigo, dando-lhes
vida e não os deixando perecer. O recado é muito direto para todos nós, que
temos alguma função na comunidade, seja ela qual for, estamos á frente de
todos, não para mandar e desmandar, dar ordens e ser obedecido, dominar e ser
importante, mas para servir, para ajudar as pessoas a crescerem na Fé e na
Vida da Igreja.
A advertência final, é de que, seremos energicamente
cobrador diante de Deus, se as pessoas que ele nos confiou perecerem, por
falta de cuidados e atenção. Pode até ser que elas se salvem, e a gente se
perca, porque o Senhor confiou em nós, e não correspondemos a sua confiança.
Pensei nisso, você que aí na comunidade tem um encargo considerado
"importante".
2. Busca que exige "vigilância"
É bastante provável que o "atraso da parúsia" tenha criado na
comunidade cristã primitiva um clima de desânimo e de laxismo. Isto pode ser
verificado pela insistência e pelo espaço que o tema da vigilância ocupa no
relato (vv. 35.40.43). Nosso texto é constituído por uma série de conselhos
que Jesus dá aos discípulos; compreenda-se que eram os responsáveis pela vida
da comunidade.
Trata-se de agir em conformidade com a vontade de Deus
(v. 47) – isto é o essencial para a comunidade cristã. A história, nosso
caminho para a pátria celeste, é o lugar do testemunho dos cristãos.
Antes de tudo é preciso ter presente que o Reino é dom
de Deus (v. 32; cf. vv. 22-31), e que, por isso mesmo, ninguém pode tirá-lo
ou se apropriar dele como sendo seu. Daí que não há o que temer (v. 31). Da
comunidade é exigido não se dispersar, nem ser assimilada pelos bens
terrenos, mas viver o valor fundamental de sua vocação: buscar o Reino de
Deus (v. 31). Este é o seu tesouro (v. 34)! Esta busca exige
"vigilância" (vv. 35.40.43) e, como toda busca, empenho para
buscar, encontrar e realizar a vontade de Deus.
A comunidade cristã deve ser caracterizada pela
disponibilidade cultivada pela iluminação da Palavra de Deus: "Ficai de
prontidão, com o cinto amarrado e as lâmpadas acesas" (v. 35).
O Senhor vem continuamente ao encontro do seu povo. A
imprevisibilidade desse encontro exige a atitude religiosa da vigilância. É
ela que possibilita viver a expectativa e o desejo permanentes desse encontro
vital para a vida e o testemunho cristãos.
ORAÇÃO
Pai, leva-me a tomar consciência de que muito será exigido de mim, pois muito
me foi dado. Que minha vida seja compatível com minha condição de discípulo
do teu Reino.
3. UM ALERTA PARA OS LÍDERES
A parábola do dispenseiro prudente e fiel é uma chamada de atenção para os
líderes das comunidades cristãs, na perspectiva da demora em consumar-se a
segunda vinda do Senhor.
O dispenseiro confiável corresponde ao líder que exerce
a tarefa de coordenar a comunidade, sem extrapolar os limites de suas
atribuições. No trato com os irmãos e as irmãs, sabe ser benevolente e justo,
fraterno e solidário, equânime e respeitoso. Ele não cede à tentação de
sentir-se superior aos demais, nem de fazer acepção de pessoas. Antes, exerce
a liderança, consciente de estar a serviço do Senhor, a quem deverá prestar
contas.
O dispenseiro insensato assemelha-se ao líder que
tiraniza a comunidade, despreza as pessoas, e é inescrupuloso no trato com
elas. Comporta-se como se fosse o senhor de seus semelhantes. Um senhor
impiedoso e cruel! Os efeitos danosos de sua atitude são imediatamente
sentidos pela comunidade, a qual se dispersa, desanima, perde o gosto de
testemunhar sua fé.
A reação do senhor diante das duas atitudes
contrastantes alerta para o destino de cada tipo de líder: quem é fiel
receberá a bênção divina, em forma de herança dos bens eternos. Sua
fidelidade a um projeto histórico torná-lo-á merecedor de um prêmio celeste.
Já o líder tirano será punido com severidade, recebendo a mesma sorte dos
ímpios, ou seja, o castigo eterno.
Oração
Espírito de fraterna bondade, ilumina nossos líderes para que exerçam com
responsabilidade a missão recebida, conscientes de que deverão prestar contas
ao Pai.
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XXIX SEMANA DO TEMPO COMUM *
( VERDE – OFÍCIO DO DIA )
Antífona da entrada: Clamo por vós,
meu Deus, porque me atendestes; inclinai vosso ouvido e escutai-me. Guardai-me
como a pupila dos olhos, à sombra das vossas asas abrigai-me (Sl 16,6.8).
Leitura (Romanos 6,19-23)
Leitura do livro da carta de são Paulo aos Romanos.
6 19 Vou-me servir de linguagem corrente entre os
homens, por causa da fraqueza da vossa carne. Pois, como pusestes os vossos
membros a serviço da impureza e do mal para cometer a iniqüidade, assim ponde
agora os vossos membros a serviço da justiça para chegar à santidade.
20 Quando éreis escravos do pecado, éreis livres a respeito da justiça.
21 Que frutos produzíeis então? Frutos dos quais agora vos envergonhais. O
fim deles é a morte.
22 Mas agora, libertados do pecado e feitos servos de Deus, tendes por fruto
a santidade; e o termo é a vida eterna.
23 Porque o salário do pecado é a morte, enquanto o dom de Deus é a vida
eterna em Cristo Jesus,
nosso Senhor.
Salmo responsorial 1
É feliz quem a Deus se confia!
Feliz é todo aquele que não anda
conforme os conselhos dos perversos;
que não entra no caminho dos malvados
nem junto aos zombadores vai sentar-se;
mas encontra seu prazer na lei de Deus
e medita, dia e noite, sem cessar.
Eis que ele é semelhante a uma árvore
que à beira da torrente está plantada;
ela sempre dá seus frutos a seu tempo
e jamais as suas folhas vão murchar.
Eis que tudo o que ele faz vai prosperar.
Mas bem outra é a sorte dos perversos.
Ao contrário, são iguais à palha seca
espalhada e dispersada pelo vento.
Pois Deus vigia o caminho dos eleitos,
mas a estrada dos malvados leva à morte.
Aclamação do Evangelho
Aleluia, aleluia, aleluia.
Eu tudo considero como perda e como lixo a fim de eu ganhar Cristo e ser
achado nele! (Fl 3,8s)
EVANGELHO (Lucas 12,49-53)
Naquele tempo, 12 49 disse Jesus: "Eu vim lançar fogo
à terra, e que tenho eu a desejar se ele já está aceso?
50 Mas devo ser batizado num batismo; e quanto anseio até que ele se cumpra!
51 Julgais que vim trazer paz à terra? Não, digo-vos, mas separação.
52 Pois de ora em diante haverá numa mesma casa cinco pessoas divididas, três
contra duas, e duas contra três;
53 estarão divididos: o pai contra o filho, e o filho contra o pai; a mãe
contra a filha, e a filha contra a mãe; a sogra contra a nora, e a nora
contra a sogra".
COMENTÁRIOS DO EVANGELHO
1. Jesus tal qual ele é...
Um Jesus que gera conflitos e até divisões entre parentes e familiares, um
Jesus que não veio trazer paz a terra! Muita gente não gosta de um Jesus
assim, preferem um Jesus mais calmo, tranquilo e menos agitado, um Jesus doce
cheio de harmonia e paz, enfim, um Jesus que não incomode. Esse é o modelo de
Jesus que agrada o mundo consumista da Pós-modernidade, seria o Jesus da Paz
e amor, bonzinho e manso.
Não que Jesus Cristo não tenha em si essas virtudes,
mas o Jesus que Lucas apresenta aqui é a pura realidade, suas palavras e
ensinamentos geraram conflitos de toda ordem, exatamente porque os seus
seguidores não podem ser "frouxos" ou "Maria vai com as
outras", mas devem tomar uma posição radical e fazer a sua opção a favor
ou contra Jesus, ele não aceita aquela velha expressão "Muito antes,
pelo contrário", posição ambígua, palavras em duplo sentido.
O fogo como elemento destruidor é lembrado por Jesus,
mas é necessário saber interpretá-lo, pois os que gostam de espalhar medo e
pânico garantem que na primeira vez o mundo acabou em água, referindo-se ao
dilúvio ( para decepção dos sensacionalistas, informamos que o mundo não
acabou com o dilúvio) e também nem vai acabar com fogo como pregam certos
evangelizadores de araque. Esse fogo a que se refere Jesus é a purificação
que o seu ato salvífico trará á toda humanidade, é um fogo que irá destruir
sim, as Forças do Mal, presente no homem, mas não o homem.
2. Fogo do Espírito
Fogo é a explicação da ação do Espírito Santo: purificação e julgamento.
"Fogo eu vim lançar sobre a terra" (v. 49). É
difícil não pensar no batismo de Jesus. João disse: "Eu vos batizo com
água, mas depois de mim, vem aquele que é mais forte do que eu… ele vos
batizará com o Espírito Santo e com o fogo" (3,16). Fogo é a explicação
da ação do Espírito Santo: purificação e julgamento.
A morte de Jesus (v. 50) é, também, um verdadeiro fogo
lançado sobre a terra, que dividirá e dispersará os próprios discípulos. Ela
será o lugar do juízo dos que o mataram ou foram coniventes com a sua morte:
"E toda a multidão que havia acorrido para o espetáculo, vendo o que
tinha acontecido, voltou batendo no peito" (23,48).
A lealdade a Jesus e a decisão de segui-lo está acima
de qualquer lealdade e de qualquer outra decisão. Ele não promove a guerra
nem sequer a discórdia. Por vezes os inimigos serão os próprios familiares
(vv. 52-53). Nenhum laço afetivo deve preceder o amor por Jesus, pois este é
o fundamento e a inspiração de todo amor plenamente humano. Nenhum laço
afetivo pode ser obstáculo para o seguimento de Jesus Cristo.
ORAÇÃO
Pai, que o batismo de Jesus, por sua morte de cruz, purifique-me de todo
pecado e de toda maldade, como um fogo ardente, abrindo o meu coração
totalmente para ti.
3. FOGO E DIVISÃO
As afirmações de Jesus devem ser entendidas no contexto do linguajar da época
e no âmbito de seu serviço ao Reino de Deus. Caso contrário, arriscamo-nos a
tirar conclusões precipitadas, que não correspondem à sua intenção: levar os
discípulos a se engajarem, de forma mais decidida, no projeto proposto por
ele.
Na tradição bíblico-profética, o "fogo" era
sinal do julgamento definitivo de Deus. É um elemento purificador, que
consome as impurezas. Vir trazer fogo à Terra significa, pois, que a presença
de Jesus tem a força de purificar o mundo da impureza do egoísmo e do pecado,
permitindo que a graça e a salvação brilhem em todo seu esplendor.
O batismo tem a ver com a morte de Jesus. Ela se torna
uma espécie de banho purificador donde nasce um povo novo, sem maldade. Ser
batizado, portanto, torna-se um imperativo tanto na vida de Jesus quanto na
dos discípulos. Ele é imprescindível para quem pretende viver a vida nova do
Reino.
A divisão imposta por Jesus significa a eliminação da
ilusória convivência do bem com mal, da justiça com a injustiça. Os falsos
profetas são promotores desta falsa conciliação, que impede as pessoas de se
decidirem, resolutamente, pelo Reino. Ninguém pode servir a dois senhores.
Transformar a falsa conciliação em tensão purificadora
é tarefa de quem foi enviado a este mundo para reconduzir a humanidade à
amizade plena com Deus.
Oração
Espírito que nos leva a ser resolutos, embora em meio a conflitos e tensões,
torna-me capaz de decidir-me pelo Reino, e, como Jesus, viver em plena
amizade com o Pai.
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SANTO ANTÔNIO GALVÃO - PRESBÍTERO
( BRANCO, PREFÁCIO COMUM OU DOS PASTORES – OFÍCIO DA
MEMÓRIA )
Antífona da entrada: Eu vos darei
pastores segundo o meu coração, que vos conduzam com inteligência e sabedoria
(Jr 3,15).
Leitura (Romanos 7,18-25)
Leitura do livro da carta de são Paulo aos Romanos.
7 18 Eu sei que em mim, isto é, na minha carne, não
habita o bem, porque o querer o bem está em mim, mas não sou capaz de
efetuá-lo.
19 Não faço o bem que quereria, mas o mal que não quero.
20 Ora, se faço o que não quero, já não sou eu que faço, mas sim o pecado que
em mim habita.
21 Encontro, pois, em mim esta lei: quando quero fazer o bem, o que se me
depara é o mal.
22 Deleito-me na lei de Deus, no íntimo do meu ser.
23 Sinto, porém, nos meus membros outra lei, que luta contra a lei do meu
espírito e me prende à lei do pecado, que está nos meus membros.
24 Homem infeliz que sou! Quem me livrará deste corpo que me acarreta a
morte?...
25 Graças sejam dadas a Deus por Jesus Cristo, nosso Senhor!
Salmo responsorial 118/119
Ensinai-me a fazer vossa vontade!
Dai-me bom senso, retidão, sabedoria,
pois tenho fé nos vossos santos mandamentos!
Porque sois bom e realizais somente o bem,
ensinai-me a fazer vossa vontade!
Vosso amor seja m consolo para mim,
conforme a vosso servo prometestes.
Venha a mim o vosso amor e viverei,
porque tenho em vossa lei o meu prazer!
Eu jamais esquecerei vossos preceitos,
por meio deles conservais a minha vida.
Vinde salvar-me, ó Senhor, eu vos pertenço!
Porque sempre procurei vossa vontade.
Aclamação do Evangelho
Aleluia, aleluia, aleluia.
Graças te dou, ó Pai, Senhor do céu e da terra, pois revelaste os mistérios
do teu reino aos pequeninos, escondendo-os aos doutores! (Mt 11,25)
EVANGELHO (Lucas 12,54-59)
Naquele tempo, 12 54 Jesus ainda dizia ao povo:
"Quando vedes levantar-se uma nuvem no poente, logo dizeis: 'Aí vem
chuva'. E assim sucede.
55 Quando vedes soprar o vento do sul, dizeis: 'Haverá calor'. E assim
acontece.
56 Hipócritas! Sabeis distinguir os aspectos do céu e da terra; como, pois,
não sabeis reconhecer o tempo presente?
57 Por que também não julgais por vós mesmos o que é justo?
58 Ora, quando fores com o teu adversário ao magistrado, faze o possível para
entrar em acordo com ele pelo caminho, a fim de que ele te não arraste ao
juiz, e o juiz te entregue ao executor, e o executor te ponha na prisão.
59 Digo-te: não sairás dali, até pagares o último centavo".
COMENTÁRIOS DO EVANGELHO
1. Os sinais de Deus
É até bonito de se ver algumas pessoas remanescentes dos anos 60,
principalmente as que vieram do campo, fazerem previsão do tempo, saem na
porta ou na janela da casa, olham o horizonte ao longe e ditam a sentença
"Hoje a tarde vai chover...", meu saudoso sogro era do tipo
assim..., e quanta chuva tomei por não lhe dar crédito. O homem sabe
interpretar os sinais da natureza e por conta disso prevê frio, calor, chuva
e até vento.
Entretanto, quando se trata dos sinais do Reino de
Deus, a coisa fica mais difícil, porque essa interpretação dos tempos, mais
do que experiência de vida, necessita da Fé, tive um amigo de estudo que
dizia "Ter Fé é saber enxergar as coisas por dentro, às
avessas...". Os fatos aparentes todo mundo enxerga e sabe interpretar,
porque é algo evidente. Mas sinais de algo que ainda virá, mas que de certo
modo já está em nosso meio, daí a coisa fica bem mais difícil.
Jesus sempre anunciou o Reino colocando ao homem a
necessidade de um esforço para ver, ouvir e interpretar, citando os ouvidos e
os olhos, mais do que isso, curando algumas deficiências nesses sentidos,
justamente mostrando-nos que é possível enxergar algo que os olhos ainda não
viram, e ouvir algo que ainda não chegou até os ouvidos.
Jesus tornou visível o que era invisível, e fez ouvir,
o que era inaudível, nele o Reino do Céu se fez presente de maneira
definitiva no meio dos homens. Por aquele tempo, os sábios e entendidos que
deveriam por primeiro ver, ouvir e dar crédito, anunciando aos demais, nesse
sentido não enxergavam um palmo diante do nariz. Jesus volta para o Pai,
envia o seu espírito que na igreja e nos acontecimentos da história, continua
dando visibilidade do Reino.
A Igreja é a própria imagem da Esperança, que aguarda
ansiosamente a plenitude do Reino, ela sinaliza nos sacramentos a graça
operante e santificante de Deus, que só é perceptível na Fé. O que o
evangelho nos pede, é para que não nos detenhamos no presente, mas que
saibamos como igreja e com a Igreja esperar por algo que ainda virá, mas que
ao mesmo tempo já vamos construindo. Mas no meio do mundo, toda força do bem
é um sinal mais que evidente de que o Reino já está acontecendo...
Não sejamos hipócritas, não somos os Donos do Reino,
apenas os seus colaboradores agraciados por Deus... E por isso haverá um
julgamento final, onde seremos cobrados talvez por aquilo.
2. É preciso renunciar à hipocrisia
Os sinais do novo tempo já estão presentes e é preciso compreendê-los e
discerni-los; irromperam na história da humanidade com a encarnação do Filho
único de Deus, que pela sua vida, paixão, morte e ressurreição reconciliou a
humanidade com Deus.
Nosso texto desta sexta-feira é uma repreensão de Jesus
àqueles que não são capazes de reconhecer o "hoje" da salvação (cf.
4,21). Este novo tempo é tempo de reconciliação, para o que são necessários
iniciativa e empenho: "Quando, pois, estás indo com teu adversário apresentar-te
diante do magistrado, procura resolver o caso com ele enquanto ainda a
caminho" (v. 58). É preciso renunciar à hipocrisia (v. 56), pois o novo
tempo engaja o ser humano todo. É preciso passar do que é exterior a uma
verdadeira e profunda conversão.
ORAÇÃO
Pai, corrige a negligência que me impede de entregar-me inteiramente a ti,
sem demora. Torna-me hábil para as coisas do teu Reino!
3.
A ÚLTIMA CHANCE
A parábola dos inimigos a caminho do tribunal quer mostrar aos discípulos a
necessidade inadiável de aderir, sem restrições, ao Reino, e deixar-se
transformar por ele, antes da chegada do Senhor.
O fato da vida, que serve como referencial para a
parábola, funda-se no bom senso: é preferível reconciliar-se antes de
comparecer diante do juiz, para evitar ser submetido a pesados castigos. Por
outro lado, a necessidade de reconciliação é mais forte entre os pobres.
Resolver os problemas, sem a necessidade de processo judicial, é o caminho
para se evitar a prisão ou outro tipo de condenação.
Jesus oferecia aos seus a última chance de conversão.
Adiar tal decisão poderia resultar em conseqüências trágicas. Seria mais
inteligente reconciliar-se, imediatamente, com Deus e com o próximo.
Jesus admirava-se da capacidade de discernimento das
pessoas em relação às coisas do mundo, como também, da incapacidade de
discernir quais atitudes deveriam tomar, em se tratando da salvação. Ou seja,
a incapacidade de acolher sua palavra, seu convite a aderir ao Reino. Só um
louco haveria de preferir ver-se diante do tribunal, correndo o risco de ser
severamente punido. No entanto, os contemporâneos de Jesus acharam por bem
virar-lhe as costas.
Oração
Espírito que move à decisão, faze-me suficientemente sensato para não adiar
ainda mais minha decisão de viver, de fato, reconciliado com Deus e com meu
próximo.
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XXIX SEMANA DO TEMPO COMUM
( VERDE – OFÍCIO DO DIA )
Antífona da entrada: Clamo por vós,
meu Deus, porque me atendestes; inclinai vosso ouvido e escutai-me.
Guardai-me como a pupila dos olhos, à sombra das vossas asas abrigai-me (Sl
16,6.8).
Leitura (Romanos 8,1-11)
Leitura do livro da carta de são Paulo aos Romanos.
8 1 De agora em diante, pois, já não há nenhuma
condenação para aqueles que estão em Jesus Cristo.
2 A lei do Espírito de Vida me libertou, em Jesus Cristo, da
lei do pecado e da morte.
3 O que era impossível à lei, visto que a carne a tornava impotente, Deus o
fez. Enviando, por causa do pecado, o seu próprio Filho numa carne semelhante
à do pecado, condenou o pecado na carne,
4 a fim de que a justiça, prescrita pela lei, fosse realizada em nós, que
vivemos não segundo a carne, mas segundo o espírito.
5 Os que vivem segundo a carne gostam do que é carnal; os que vivem segundo o
espírito apreciam as coisas que são do espírito.
6 Ora, a aspiração da carne é a morte, enquanto a aspiração do espírito é a
vida e a paz.
7 Porque o desejo da carne é hostil a Deus, pois a carne não se submete à lei
de Deus, e nem o pode.
8 Os que vivem segundo a carne não podem agradar a Deus.
9 Vós, porém, não viveis segundo a carne, mas segundo o Espírito, se
realmente o espírito de Deus habita em vós. Se alguém não possui o Espírito de Cristo,
este não é dele.
10 Ora, se Cristo está em vós, o corpo, em verdade, está morto pelo pecado,
mas o Espírito vive pela justificação.
11 Se o Espírito daquele que ressuscitou Jesus dos mortos habita em vós, ele,
que ressuscitou Jesus Cristo dos mortos, também dará a vida aos vossos corpos
mortais, pelo seu Espírito que habita em vós.
Salmo responsorial 23/24
É assim a geração dos que buscam vossa face,
ó Senhor, Deus de Israel.
Ao Senhor pertence a terra e o que ela encerra,
o mundo inteiro com os seres que o povoam;
porque ele a tornou firme sobre os mares
e, sobre as águas, a mantém inabalável.
"Quem subirá até o monte do Senhor,
quem ficará em sua santa habitação?"
"Quem tem mãos puras e inocente coração,
quem não dirige sua mente para o crime.
Sobre este desce a bênção do Senhor
e a recompensa de seu Deus e salvador."
"É assim a geração dos que o procuram
e do Deus de Israel buscam a face".
Aclamação do Evangelho
Aleluia, aleluia, aleluia.
Não quero a morte do pecado, diz o Senhor, mas que ele volte, se converta e
tenha vida (Ez 33,11).
Evangelho (Lucas 13,1-9)
13 1 Neste mesmo tempo contavam alguns o que tinha
acontecido a certos galileus, cujo sangue Pilatos misturara com os seus
sacrifícios.
2 Jesus toma a palavra e lhes pergunta: "Pensais vós que estes galileus
foram maiores pecadores do que todos os outros galileus, por terem sido
tratados desse modo?
3 Não, digo-vos. Mas se não vos arrependerdes, perecereis todos do mesmo
modo.
4 Ou cuidais que aqueles dezoito homens, sobre os quais caiu a torre de Siloé
e os matou, foram mais culpados do que todos os demais habitantes de
Jerusalém?
5 Não, digo-vos. Mas se não vos arrependerdes, perecereis todos do mesmo
modo".
6 Disse-lhes também esta comparação: "Um homem havia plantado uma
figueira na sua vinha, e, indo buscar fruto, não o achou.
7 Disse ao viticultor: 'Eis que três anos há que venho procurando fruto nesta
figueira e não o acho. Corta-a; para que ainda ocupa inutilmente o terreno?'
8 Mas o viticultor respondeu: 'Senhor, deixa-a ainda este ano; eu lhe cavarei
em redor e lhe deitarei adubo.
9 Talvez depois disto dê frutos. Caso contrário, cortá-la-ás'".
COMENTÁRIOS DO EVANGELHO
1. O JULGAMENTO É CERTO!
Nesta vida tudo é discutível e negociável à exceção da morte, que irá nos
acontecer mais cedo ou mais tarde, sendo que a morte nos trará o juízo de
Deus. É uma verdade que não gostamos nem de pensar mas que somos convidados
pela palavra de Deus a pensarmos naquele primeiro momento, em que estaremos
diante de Deus, após a morte.
Sabemos que haverá um julgamento e isso significa que
Deus espera algo de cada um de nós e poderíamos até afirmar que temos uma
meta a ser alcançada, uma missão a ser cumprida e nesse caso, a primeira
coisa a ser feita é estarmos disponíveis para Deus, mesmo que não nos
julguemos capazes para isso, como tantos vocacionados da Sagrada Escritura.
A nossa Fé deverá ser inabalável, mesmo que algo dê errado,
pois como simples mortais, estamos sujeitos as imprevisibilidades desta vida
que são aqueles acontecimentos que não esperamos, e que podem nos atingir ou
a alguém do nosso relacionamento, como aqueles galileus, que se envolveram em
um conflito com os soldados de Pilatos no templo de Jerusalém e foram
brutalmente assassinados, ou como aquele grupo de trabalhadores que morreram
tragicamente na queda de uma torre que estava sendo construída. Em minha
paróquia, há duas semanas celebrei o batismo de 11 crianças, e o Pai de uma
delas, que estava na celebração, na terça feira foi vítima de uma acidente de
trabalho e veio a falecer e eu fiz as ezéquias na terça feira a noite, dois
dias depois de celebrar com ele o Batismo de sua filhinha.
Não é Deus que provoca esses acontecimentos, para punir
e castigar os pecadores, como podem pensar algumas correntes religiosas, o
massacre dos galileus foi um ato de violência contra a vida, a mando de
Pilatos, e a queda da torre, pelo menos naquele tempo, não foi nenhum atentado
terrorista, mas um acidente de trabalho, aliás, que também merece uma
reflexão, pois os acidentes de trabalho acontecem por causa de alguma falha
humana ou alguma condição insegura. Porém, Deus consente estes fatos porque
respeita a liberdade humana, mas a partir da tragédia, nos ensina alguma
verdade que serve para a nossa edificação.
Sobre tudo o que ocorre no mundo de hoje, guerras,
conflitos, chacinas, execuções, crimes hediondos até contra crianças, falamos
e ouvimos muitos discursos inflamados, desde o simples cidadão até as altas
celebridades que nos grandes meios de comunicação promovem debates acirrados,
ao lado de uma imprensa sensacionalista onde indignados jornalistas gritam
palavras de ordem, dando-se a impressão de que, por conta disso, grandes
mudanças irão ocorrer. Mas ao final, tudo continua como antes até que
aconteça a próxima tragédia, para sacudir a opinião pública.
Jesus não entra nessa onda, não declarou guerra contra
Pilatos, que era o que muitas lideranças queriam, e nem arquitetou alguma
severa punição para aplicar aos responsáveis pela queda da torre. De
investigação e denúncias, o povo já está saturado, porque no final da
história, os culpados sempre ficam impunes.
Jesus aproveita o fato para nos alertar sobre a
urgência da nossa conversão, que se inicia quando mudamos a nossa mentalidade
em relação a Deus, ele não é aquele que abençoa dando saúde e bens materiais
a quem lhe obedece, e que faz cair a desgraça na cabeça de quem não o aceita,
pois se fosse assim, não ocorreriam tragédias na vida de um cristão.
Ele quer que concentremos nossa atenção no presente,
percebendo a cada minuto á sua vontade a nosso respeito, fazendo o reino
acontecer a partir de pequenos gestos de amor e de solidariedade em nosso
quotidiano, porque se deixarmos esta vida passar em branco, sem nos darmos
conta de que temos uma missão a cumprir, frutificando segundo a palavra e a
graça de Deus, iremos nos surpreender ao final, porque seremos semelhantes a
uma árvore seca e improdutiva justo na hora da colheita.
Nesta vida Deus nos fertiliza todos os dias com a sua
graça e a sua santa palavra dando-nos todas as condições para produzirmos
bons frutos. Só depende de nós! E não precisa dizer o que vai acontecer com a
árvore seca, que não dá nenhum fruto...
2.
A teoria da retribuição é
ultrapassada
Jesus sobe para Jerusalém. Essa subida é ocasião de ensinamento, por isso ela
é constituída de lições que Jesus dá aos seus discípulos. Nosso texto não
encontra paralelo nos outros dois sinóticos. Do ponto de vista histórico, nós
não temos nenhuma informação, nem mesmo na literatura extrabíblica, dos fatos
mencionados nos versículos 1 a
4.
No entanto, o importante, aqui, é o valor de
interpelação dos fatos, repetido duas vezes: "... se vós não vos
converterdes, perecereis todos do mesmo modo" (vv. 3.5). A teoria da
retribuição é ultrapassada: "Pensais que esses galileus eram mais
pecadores do que qualquer outro Galileu? … Digo-vos que não! … Pensais que
eram mais culpados do que qualquer outro morador de Jerusalém? Eu vos digo
que não!" (vv. 2-5).
A morte de uns e não de outros é sinal do julgamento
definitivo, sinal que precisa ser discernido: "… sabeis discernir os
aspecto da terra e do céu, e por que não discernis o tempo presente?"
(Lc 12,56). São Paulo o exprime muito bem: "Esses acontecimentos se
tornaram símbolos para nós, a fim de não desejarmos coisas más…" (1Cor
10,6). A morte dos galileus e dos moradores de Jerusalém é um convite à
conversão e ao reconhecimento, no tempo presente, da "visita salvífica"
de Deus.
Os versículos 6 a 9 ilustram os versículos precedentes. A
figueira é, na tradição rabínica, símbolo da Torá. Ela está plantada na
vinha. O povo de Deus tem a Lei cujo fruto deveria ser a conversão. Mas ela
não produziu o fruto. Será cortada? Será arrancada do meio da vinha? A
parábola acentua a bondade de Deus: a maldade humana não impede Deus de ser
bom.
ORAÇÃO
Pai, que a minha vida seja uma contínua busca de comunhão contigo, por meio
de um arrependimento sincero e de minha conversão urgente para ti.
3.
A FIGUEIRA INFRUTÍFERA
Os profetas do Antigo Testamento haviam comparado com uma árvore infrutífera
a incapacidade do povo de praticar o bem. Por meio do profeta Jeremias, Deus
ameaçou o povo com castigos porque, querendo fazer uma colheita, a videira
estava sem uva, a figueira, sem figos, e a folhagem estava seca. O profeta
Miquéias comparava a corrupção generalizada do povo com o término de uma
colheita, quando não existe um só cacho de uva para ser colhido, nem um figo
temporão para ser apanhado.
Esta imagem foi retomada por Jesus para ilustrar a
situação do povo de sua época, cujos frutos, até então, havia esperado em vão. A parábola é
carregada de esperança. Durante três anos, o dono da figueira veio procurar
fruto, sem resultado. Por insistência de um empregado, ele se dispõe a dar
mais um ano de prazo, durante o qual seriam tomadas todas as providências
necessárias para fazê-la produzir frutos. Caso contrário, seria cortada.
Apesar da paciência divina, parecia que o povo não
estava disposto a mudar de vida e converter-se. Mesmo assim, Jesus aposta na
liberdade humana e na sua capacidade de conversão. Seu otimismo funda-se na
certeza de que o ser humano pode abrir-se para a graça e deixar-se tocar por
ela. O castigo vem somente quando, esgotadas todas as tentativas, a pessoa
escolhe seguir o caminho do egoísmo. Logo, esse castigo é resultado de seu
livre arbítrio.
Oração
Espírito do Deus paciente, mesmo conhecendo a paciência divina em relação ao
meu egoísmo e aos meus erros, leva-me a mudar de vida, sem demora.
|
Liturgia do Domingo
27.10.2013
30º DOMINGO DO TEMPO COMUM — ANO C
( VERDE, GLÓRIA, CREIO – II SEMANA DO SALTÉRIO )
__ "A misericórdia de Deus é que justifica o homem pecador" __
Ambientação:
Sejam bem-vindos amados irmãos e irmãs!
INTRODUÇÃO DO FOLHETO DOMINICAL PULSANDINHO:
Mais uma vez o Senhor nos reúne para a celebração de sua Páscoa e nossa.
A liturgia de hoje nos chamará a atenção para a realidade do farisaísmo. O
farisaísmo é uma atitude religiosa que nos impede de ver-nos tal como somos,
deturpando, deste modo, nossa relação com Deus e os irmãos. Infelizmente,
este tipo de piedade farisaica não é coisa do passado, porque não morreu e
nem morrerá nunca, pois seu fundamento é a perene soberba humana. Por isso,
quase ninguém está isento de sua contaminação. Todos nós possuímos parcelas
pessoais de farisaísmo, às vezes até reconhecendo que somos pecadores, mas
sem acreditar nisso. Uma falsa humildade é a forma mais refinada de orgulho.
Celebremos, hoje, em comunhão com a juventude, em sua jornada em busca de uma
vida plena de sentido.
INTRODUÇÃO DO FOLHETO DOMINICAL O POVO DE DEUS:
Irmãos e irmãs, celebramos o Dia do Senhor acrescido de uma motivação
especial que aparece em muitos calendários: o Dia Mundial de Oração pela Paz.
A Eucaristia nos lembra que ser discípulo de Jesus é ser também missionário,
seja em nossa realidade ou em regiões distantes. Lembremo-nos de todas as
pessoas que saem de si e se entregam ao anúncio da Boa-Nova de Jesus,
tornando-se assim construtoras da Paz. Peçamos que os jovens sejam
profundamente motivados e motivadores da missão de anunciar o Evangelho a
todos os povos e em todos os locais de trabalho e de convivência na cidade e
no campo.
INTRODUÇÃO DO WEBMASTER: Todos os
homens participam da mesma impotência e são solidários no mesmo estado de
ruptura com Deus; não podem salvar-se por sí mesmos, isto é, não podem entrar
sozinhos na amizade de Deus. O primeiro ato de verdade que o homem deve fazer
é reconhecer-se pecador, impotente para se salvar, e abri-se pois, à ação de
Deus.
Sintamos em nossos corações a alegria do Amor
ao Próximo e entoemos alegres cânticos ao Senhor!
XXX DOMINGO DO TEMPO COMUM
DEUS TORNA JUSTO QUEM O BUSCA COM FÉ
Antífona da entrada: Exulte o coração
que buscam a Deus. Sim, buscai o Senhor e sua força, procurai sem cessar a
sua face (Sl 104,3s).
Comentário das Leituras: A atitude na
relação com o próximo expressa nosso comportamento na relação com Deus.
Desprezar os outros corresponde a desprezar a Deus. Confiar na própria
justiça significa dispensar a ajuda divina, pois o soberbo basta a si mesmo.
Abramos o nosso coração para ouvir a Palavra de Deus e compreender os seus
ensinamentos.
Primeira Leitura (Eclesiástico 35;15-17.20-22)
Leitura do livro do Eclesiástico.
35 15 Nada esperes de um sacrifício injusto, porque o
Senhor é teu juiz, e ele não faz distinção de pessoas.
16 O Senhor não faz acepção de pessoa em detrimento do pobre, e ouve a oração
do ofendido.
17 Não despreza a oração do órfão, nem os gemidos da viúva.
20 Aquele que adora a Deus na alegria será bem recebido, e sua oração se
elevará até as nuvens.
21 A oração do humilde penetra as nuvens; ele não se consolará, enquanto ela
não chegar (a Deus), e não se afastará, enquanto o Altíssimo não puser nela
os olhos.
22 O Senhor não concederá prazo: ele julgará os justos e fará justiça. O
fortíssimo não terá paciência com (os opressores), mas esmagar-lhes-á os
rins.
Salmo responsorial 33/34
O pobre clama a Deus e ele escuta:
o Senhor liberta a vida dos seus servos.
Bendirei o Senhor Deus em todo o tempo,
seu louvor estará sempre em minha boca.
Minha alma se gloria no Senhor;
que ouçam os humildes e se alegrem.
Mas ele volta a sua face contra os maus,
para da terra apagar sua lembrança.
Clamam os justos, e o Senhor bondoso escuta
e de todas as angústias os liberta.
Do coração atribulado ele está perto
e conforta os de espírito abatido.
Mas o Senhor liberta a vida dos seus servos,
e castigado não será quem nele espera.
Segunda Leitura (2 Timóteo 4,6-8.16-18)
Leitura da segunda carta de são Paulo a Timóteo.
4 6 Quanto a mim, estou a ponto de ser imolado e o
instante da minha libertação se aproxima.
7 Combati o bom combate, terminei a minha carreira, guardei a fé.
8 Resta-me agora receber a coroa da justiça, que o Senhor, justo Juiz, me dará
naquele dia, e não somente a mim, mas a todos aqueles que aguardam com amor a
sua aparição.
16 Em minha primeira defesa não houve quem me assistisse; todos me
desampararam! (Que isto não seja imputado.)
17 Contudo, o Senhor me assistiu e me deu forças, para que, por meu
intermédio, a boa mensagem fosse plenamente anunciada e chegasse aos ouvidos
de todos os pagãos. E fui salvo das fauces do leão.
18 O Senhor me salvará de todo mal e me preservará para o seu Reino
celestial. A ele a glória por toda a eternidade! Amém.
Aclamação do Evangelho
Aleluia, aleluia, aleluia.
O Senhor reconciliou o mundo em Cristo, confiando-nos sua palavra; a palavra
da reconciliação, a palavra que hoje, aqui, nos salva (2Cor 5,19).
EVANGELHO (Lucas 18,9-14)
18 9 Jesus lhes disse ainda esta parábola a respeito de
alguns que se vangloriavam como se fossem justos, e desprezavam os outros:
10 Subiram dois homens ao templo para orar. Um era fariseu; o outro,
publicano.
11 O fariseu, em pé, orava no seu interior desta forma: "Graças te dou,
ó Deus, que não sou como os demais homens: ladrões, injustos e adúlteros; nem
como o publicano que está ali.
12 Jejuo duas vezes na semana e pago o dízimo de todos os meus lucros".
13 O publicano, porém, mantendo-se à distância, não ousava sequer levantar os
olhos ao céu, mas batia no peito, dizendo: "Ó Deus, tem piedade de mim,
que sou pecador!
14 Digo-vos: este voltou para casa justificado, e não o outro. Pois todo o
que se exaltar será humilhado, e quem se humilhar será exaltado".
LEITURAS DA SEMANA DE 28
Outubro a 03 de Novembro de 2013:
2ª Vd - Ef 2,19-22; Sl 18(19); Lc 6,12-19
3ª Br - Rm 8,18-25; Sl 125(126); Lc 13,18-21
4ª Br - Rm 8,26-30; Sl 12(13); Lc 13,22-30
5ª Vd - Rm 8,31b-39; Sl 108(109); Lc 13,31-35
6ª Vd - Rm 9,1-5; Sl 147(147b); Lc 14,1-6
Sb Br - Is 25,6a.7-9; Sl 24(25); Rm 8,14-23; Mt 25,31-46
31º DTC - TODOS OS SANTOS Br - Ap 7, 2-4.9-14; Sl 23(24); 1Jo 3,1-3; Mt
5,1-12a (Bem-Aventuranças)
COMENTÁRIOS DO EVANGELHO
1. Fariseu Sangue Bom...
A palavra Fariseu quer dizer separado e eu sempre afirmo que, se ele pudesse
avançar pela linha do tempo e visitar nossas comunidades, todos iriam gostar
pois o Fariseu é um Sangue Bom”, um tipo de cristão que anda ali, no caminho
do Justo e é muito difícil pegá-lo em alguma contradição. Trazendo para os
nossos tempos poderíamos dizer, é Católico de carteirinha, se puder, vai na
missa todos os dias e comunga. Faz longas orações no Santíssimo, reza o terço
ou o rosário com frequência, é pessoa íntegra, de reputação e moral
inabalável, extremamente simpático com todos e na Pastoral ou Movimento é um
Trator para trabalhar. Frequenta Sacramentos com frequência, é batizado,
crismado, confessa-se toda semana e enfim...é o tal que, prá ir para o céu,
só falta mesmo morrer....Tê-lo em nossa comunidade seria uma honra e
ficaríamos envaidecidos pois ele seria uma referência muito positiva de
Cristão!
Mas qual é o problema do nosso “amigo”, será que o
evangelista São Lucas tinha problema com algum Fariseu e ao escrever o seu
evangelho aproveita para lhe dar umas “cutucadas”? Claro que não! Reparem bem
na oração que ele faz e já vamos descobrir qual é o problema. Quero prevenir
o leitor que o tal de Publicano não passaria no teste de “Bom Cristão”, era
um tipão assim de Católico de “Meia Tijela” desses que ás vezes gostamos de
dar umas indiretas nos cursos de Noivos ou na Pastoral de Batismo. Pode ser
que seja até um desses recasados que não podem receber a Eucaristia e na
Missa, não falta quem o olhe de lado...com uma certa desconfiança. Na minha
comunidade proibiram um coitado de Segunda União, até de ofertar o Dízimo,
porque não era casado na Igreja. Bom, para não esticar muito a prosa, ninguém
iria querer um Publicano na comunidade...Pois esse tal tinha todos esses
defeitos que comprometiam sua moral e sua relação com a Santa Igreja, mas o
danado sabia fazer uma oração coisa mais linda, daquelas que derretem o
coração de Deus lá no céu, porque é extremamente sincera.
O Fariseu, em pé, para não perder a “pose”, arrotava
suas vantagens e virtudes diante de Deus, principalmente porque não era como
os “outros”, ladrões, injustos e adúlteros. E ao olhar com o canto dos
olhos, viu o Publicano lá no último banco, ajoelhado, cabeça baixa, e não
resistiu “Olha Senhor, principalmente esse tipo que está aí atrás e não se
enxerga, tendo a ousadia de vir nas celebrações...”.
O Publicano talvez até tivesse o Fariseu como modelo e
referência, talvez quisesse ser como ele, Justo e Temente a Deus, fiel á Lei
Divina, prestigiado na comunidade pelo seu ótimo exemplo, mas sabia que não
conseguiria mudar sua vida, via-se como um Caso perdido, como diziam a seu
respeito. Restava-lhe o último banco onde se ajoelhou, tinha vergonha de
levantar a cabeça ou rezar alto, atrapalhando a prece piedosa do Fariseu, lá
dentro do seu coração cochichava “Tem piedade de mim Senhor, que sou
pecador!”. Reparem bem, que nesta curta oração, ele não disse que queria se
converter, só clamou por piedade, sentindo-se impotente diante dos seus
pecados. Pronto! É Essa a mais linda oração que Deus escuta na mesma
hora pois o seu amor e a sua misericórdia iria alcançar aquele homem e sua
Graça Santificante e operante, iria mudar a sua vida, porque ele havia
afirmado em sua oração que somente a Graça Divina para ter piedade dele e
quem sabe...mudá-lo.
Quanto a oração do Fariseu, o Email voltou... pois de
oração pautada pela soberba e arrogância, a Caixa de Correspondência do Céu
está abarrotada e volta tudo. Sair justificado do templo, significa que, o
Publicano voltou para casa com a certeza de que Deus o ouviu. Já o Fariseu...
2.
A salvação é dom de Deus
Os destinatários da parábola deste domingo são "aqueles que confiavam na
sua própria justiça e desprezavam os outros" (v. 9). A "própria
justiça", aqui, diz respeito à prática da Lei. A teologia da retribuição
reitera que o homem que cumpre de modo irrepreensível todos os mandamentos é
salvo (ver Dt 28,1ss). Ora, a salvação é dom de Deus.
O empenho de pôr em prática os mandamentos é reflexo da
consciência de ter sido salvo. O reconhecimento do dom recebido, em Jesus,
tem implicações para a vida prática de quem quer que seja. No tempo do
Messias, nós não estamos mais sob o regime da Lei, mas da graça:
"Ninguém é justificado diante dele pelas obras da lei […].
Agora, independente da Lei, a justiça de Deus foi
manifestada; a Lei e os Profetas lhe dão testemunho. É a justiça de Deus pela
fé em Jesus Cristo
para todos os que creem" (Rm 3,20-22).
Os personagens da parábola são um fariseu e um
publicano. O publicano é considerado um pecador público (cf. Lc 19,7); estava
a serviço dos romanos, e sua função era odiosa: cobrar os impostos. Eram
considerados ladrões e exploradores. Zaqueu, que era chefe dos cobradores de
impostos, dirá a Jesus: "Senhor, se defraudei alguém…"; trata-se de
um condicional de realidade, isto é, ele efetivamente havia defraudado as
pessoas. Apresenta-se diante de Deus na sua verdade: "Meu Deus, tem
compaixão de mim, que sou pecador!" (v. 13).
Na sua imensa bondade e misericórdia, é Deus quem o
salva, pois "A oração do humilde penetra as nuvens e não se consolará
enquanto não se aproximar de Deus" (Eclo 35,21). Reconhecer-se na sua
miséria diante de Deus, eis a verdadeira oração!
O fariseu, ao contrário, é considerado um homem justo
que cumpre de maneira irrepreensível todos os mandamentos da Lei. Na sua
oração, recita a própria justiça: "Deus, eu te agradeço porque não sou
como os outros, ladrões, desonestos, adúlteros, nem como este publicano.
Jejuo duas vezes por semana e pago o dízimo de toda a
minha renda" (vv. 11-12). O fariseu certamente não mente; pratica a
lista de prescrições que recita diante de Deus. A referência de sua oração é
ele mesmo; ele se basta, não pede nada, não necessita de coisa alguma. A sua
oração é uma volta sobre si mesmo e sobre a sua própria obra. A salvação para
ele não é dom, é merecimento.
A última frase do texto é muito ampla e convida a
Igreja a tirar as consequências: "... quem se exalta será humilhado, e
quem se humilha será exaltado" (v. 14). Isto significa que diante de
Deus ninguém pode se orgulhar do quer que seja, pois tudo é dom (cf. 1Cor
1,29-30).
ORAÇÃO
Pai, faze-me consciente de minha condição de pecador, livrando-me da soberba
que me dá a falsa ilusão de ser superior a meu próximo e mais digno de me
dirigir a ti.
3.
A PIEDADE CORRETA
A parábola do fariseu e do publicano aponta para dois diferentes tipos de
piedade, representando posições extremas. O discípulo do Reino deve
decidir-se pela maneira correta de agradar a Deus, evitando os caminhos
enganosos.
A piedade farisaica, baseada na prática cotidiana da
Lei, em seus mínimos detalhes, tinha seus defeitos: era cheia de orgulho, uma
vez que levava a pessoa a olhar com desprezo para os considerados pecadores e
incapazes de perfeição; pregava a segregação das outras pessoas, por temor de
contaminação. Os fariseus julgavam-se com direito de exigir de Deus a
salvação, em vista dos méritos adquiridos com sua vida piedosa.
A piedade do povo simples e desprezado, como o cobrador
de impostos, tem outros fundamentos: a humildade e a consciência das próprias
limitações e da necessidade de Deus para salvá-lo, a certeza de que a
salvação resulta da misericórdia divina, sem méritos humanos, o espírito
solidário com os demais pecadores que esperam a manifestação da bondade de
Deus.
A oração do fariseu prepotente e egoísta dificilmente
será atendida. É uma oração formal, da boca para fora. Já a oração do
publicano é totalmente humilde, porque ele reconhece que sua salvação vem de
Deus. Só a oração sem estardalhaço é ouvida!
Oração
Espírito de humildade na oração, ensina-me a rezar, pondo minha confiança
totalmente em Deus, pois só sua misericórdia pode salvar-me.
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