Liturgia da Segunda Feira — 07.10.2013
NOSSA SENHORA DO ROSÁRIO
( BRANCO, PREFÁCIO DE MARIA – OFÍCIO DA
MEMÓRIA )
Antífona da entrada: Ave, Maria, Cheia de graça, o Senhor é
convosco. Bendita sois vós entre as mulheres, e bendito é o fruto do vosso
ventre (Lc 1,28.42).
Leitura (Atos 1,12-14)
Leitura dos Atos dos Apóstolos.
1 12 Voltaram eles então para
Jerusalém do monte chamado das Oliveiras, que fica perto de Jerusalém,
distante uma jornada de sábado.
13 Tendo entrado no cenáculo, subiram ao quarto de cima, onde costumavam
permanecer. Eram eles: Pedro e João, Tiago, André, Filipe, Tomé, Bartolomeu,
Mateus, Tiago, filho de Alfeu, Simão, o Zelador, e Judas, irmão de Tiago.
14 Todos eles perseveravam unanimemente na oração, juntamente com as
mulheres, entre elas Maria, mãe de Jesus, e os irmãos dele.
Salmo responsorial Lc 1
Bendita sejais, ó virgem Maria;
trouxestes no ventre a palavra eterna!
A minha alma engrandece ao Senhor,
e se alegrou o meu espírito em Deus, meu salvador.
Pois ele viu a pequenez de sua
serva,
desde agora as gerações hão de chamar-me de bendita.
O Poderoso fez por mim maravilhas
e santo é o seu nome!
Seu amor, de geração em geração,
chega a todos os que o respeitam.
Demonstrou o poder de seu braço,
dispersou os orgulhosos.
Derrubou os poderosos de seus
tronos
e os humildes exaltou.
De bens saciou os famintos
e despediu, sem nada, os ricos.
Acolheu Israel, seu servidor,
fiel ao seu amor,
como havia prometido aos nossos pais,
em favor de Abraão e de seus filhos, para sempre.
Aclamação do Evangelho
Aleluia, aleluia, aleluia.
Maria, alegra-te, ó cheia de graça, o Senhor é contigo; és bendita entre
todas as mulheres da terra! (Lc 1,28)
EVANGELHO (Lucas 1,26-38)
1 26 No sexto mês, o anjo Gabriel
foi enviado por Deus a uma cidade da Galiléia, chamada Nazaré,
27 a uma virgem desposada com um homem que se chamava José, da casa de Davi e
o nome da virgem era Maria.
28 Entrando, o anjo disse-lhe: "Ave, cheia de graça, o Senhor é
contigo".
29 Perturbou-se ela com estas palavras e pôs-se a pensar no que significaria
semelhante saudação.
30 O anjo disse-lhe: "Não temas, Maria, pois encontraste graça diante de
Deus.
31 Eis que conceberás e darás à luz um filho, e lhe porás o nome de Jesus.
32 Ele será grande e chamar-se-á Filho do Altíssimo, e o Senhor Deus lhe dará
o trono de seu pai Davi; e reinará eternamente na casa de Jacó,
33 e o seu reino não terá fim".
34 Maria perguntou ao anjo: "Como se fará isso, pois não conheço
homem?"
35 Respondeu-lhe o anjo: "O Espírito Santo descerá sobre ti, e a força
do Altíssimo te envolverá com a sua sombra. Por isso o ente santo que nascer
de ti será chamado Filho de Deus.
36 Também Isabel, tua parenta, até ela concebeu um filho na sua velhice; e já
está no sexto mês aquela que é tida por estéril,
37 porque a Deus nenhuma coisa é impossível".
38 Então disse Maria: "Eis aqui a serva do Senhor. Faça-se em mim
segundo a tua palavra". E o anjo afastou-se dela.
COMENTÁRIOS DO EVANGELHO
1. "JESUS, O FILHO DE
MARIA!"
Depois do nome, a referência mais importante de uma pessoa é a sua filiação,
filho de fulano e de cicrana, ter uma mãe e um pai, uma origem, algo que está
na essência da nossa humanidade, sem essa referência, até da existência se
pode duvidar. Quem é ele, filho de quem, onde mora? O Filho de Deus,
onipotente, onipresente, onisciente, aceita trilhar o mesmo caminho do homem.
A encarnação é obra de Deus, mas que irá acontecer com a colaboração do
homem.
O rei Davi era a dinastia mais
famosa de Israel, pois unificara o norte e o sul formando um dos maiores
impérios do oriente, o povo sonhava com aqueles tempos em que Israel era uma
nação respeitada e temida pelas demais, pois o rei Davi impunha respeito,
pelo poder do seu numeroso exército, mas acima de tudo por ter sido ungido do
Senhor, pois ser rei era uma missão divina. As profecias falavam que o
esperado messias era dessa família e que seria igual ou até melhor que Davi,
ele era para o povo o braço poderoso de Deus lutando a favor dos pobres,
alinhando-se com os homens justos e punindo os maus.
Os grandes acontecimentos ou
decisões importantes que representem mudança na vida do povo, só poderiam
ocorrer no meio dos poderosos, ao povo cabia ouvir, dizer amém e agüentar as
conseqüências. Entretanto a vinda do messias começa a ser articulada entre
Deus e uma mocinha pobre da periferia chamada Nazaré, até ela própria fica
assustada e surpresa quando percebe que está em suas mãos mudar os rumos da
história do seu povo. A mudança dos rumos de uma nação, só começa a acontecer
de fato, quando o povo descobre a sua força. Deus nunca seguiu as estruturas
humanas para realizar a salvação da humanidade, escolhe como parceiro pessoas
fracas, aparentemente incapazes de fazer qualquer mudança.
Por caminhos tortuosos,
incompreensíveis para os homens, Deus irá cumprir com a promessa, o noivo de
Maria chama-se José e pertence a família do grande rei Davi mas apesar disso,
José é um homem do povo, que vive de sua profissão de carpinteiro. E Maria?
Quais eram seus planos de vida?
Todos nós temos de ter um projeto
de vida, quem não tem, acaba não vivendo bem e nem sabe o sentido da vida.
Maria estava prometida em casamento a José, como seu povo ela também esperava
o messias, ela também alimentava no coração a esperança de dias melhores.
E em um momento de oração Maria se
abre para ouvir a Deus e descobrir a sua vontade a seu respeito. Somente uma
fé madura e consciente consegue se abrir diante de Deus e ao mesmo o
questiona. Há certas coisas em nossa vida de difícil solução, e que seria tão
bom se Deus fizesse do nosso jeito. Não que Deus seja sempre do contra, mas
nunca vai ser do nosso jeito. Em Maria vemos o que é realmente a fé, quando
não fazemos questão que seja do nosso jeito, mas sim do jeito de Deus, daí é
que as coisas vão acontecer. Só que o jeito de Deus não é muito fácil de
aceitar porque ultrapassa a lógica humana.
Maria não é casada, não tem marido,
quando ela apresenta essa dificuldade o anjo anuncia que as coisas irão
acontecer do jeito de Deus e para que Maria possa confiar é lhe dado um
sinal, a prima Isabel, avançada em idade e ainda por cima estéril, irá
conceber uma criança. Os sinais de Deus nunca seguem a lógica humana, mas é
preciso confiar. E Maria aceita totalmente a missão, que não será das mais
fáceis, abre mão de todos os seus planos, inclusive o casamento com José, ela
aceita o risco de ser acusada de infidelidade, o que poderia fazer com que
fosse condenada á morte, caso o noivo a denunciasse.
Eis aqui a serva do Senhor, faça-se
em mim segundo a vossa palavra - Para nós, hoje é muito fácil aceitar e
entender essa história. Mas pensemos um pouco em Maria, que não fazia idéia
do que vinha pela frente, mas sabia que Deus estava com ela.
Hoje o reino de Deus vai
acontecendo e sendo edificado em meio aos homens, na medida em que, como
Maria, nós aceitamos o desafio, fazendo de nossa vida uma entrega total e
silenciosa nas mãos do Pai. Para isso é sempre preciso renovar a cada dia a
decisão em favor de Jesus e seu reino...
2. Maria, é a mulher que acolhe a
Palavra e se deixa conduzir por ela
O anúncio de Gabriel a Maria faz parte dos relatos denominados de evangelhos
da infância. Está relacionado com a gravidez de Isabel. Isto porque os
evangelhos da infância estão construídos num paralelismo constante entre João
Batista e Jesus, com a finalidade de mostrar que Jesus é maior que João; que
João é o precursor e Jesus, o Messias.
O relato enfatiza a iniciativa
absoluta de Deus na encarnação do seu Filho. A iniciativa de Deus conta com a
colaboração de Maria, que, modelo do discípulo, é a mulher que acolhe a
Palavra e se deixa conduzir por ela: "Eis aqui a serva do Senhor!
Faça-se em mim segundo a tua palavra" (v. 38).
ORAÇÃO
Senhor Jesus, que eu me deixe modelar pelo exemplo de Maria, a serva humilde
que se fez capaz de assumir, com total disponibilidade, o projeto de Deus.
3. CONCEBIDA SEM PECADO
A festa da Imaculada Conceição leva-nos a pensar em Maria como a perfeita
discípula que correspondeu plenamente aos anseios de Deus, movida pela graça.
A fidelidade de Maria decorreu de um especial dom divino, o dom de nascer
mais integrada do que nós, com mais capacidade de ser livre e de acolher a
proposta divina.
O anjo Gabriel alude a este dom
divino quando a saudou como "repleta de graça". Toda envolvida pelo
amor divino, Maria soube colocar-se, em total disponibilidade, nas mãos de
Deus, para cumprir sua santa vontade: "Eis a serva do Senhor, faça-me em
mim conforme a tua palavra". Uma tal comunhão com Deus excluía qualquer
traço de egoísmo e de pecado. Só a plenitude da graça permitiu-lhe ser
totalmente despojada de si para cumprir o projeto de Deus. Daqui brota a fé
de que Maria, mesmo antes de nascer, foi preservada do pecado.
A condição de agraciada por Deus
não a eximiu do esforço de ser peregrina na fé, necessitada de crescer e de
aprender, como acontece com todo ser humano. Sua originalidade consistiu em
ter trilhado um caminho sempre positivo, sem fazer concessões às paixões
desordenadas, ou ao próprio querer. A grandeza de seu testemunho de fé
expressou-se na humildade com que o viveu, num contínuo esforço de discernir
a vontade de Deus e em ser solícita em cumpri-la.
Oração
Pai, dá-me a graça de ser fiel a ti, como Maria, a perfeita discípula que
soube discernir a tua santa vontade, e se mostrar solícita em realizá-la.
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XXVII SEMANA DO TEMPO COMUM *
( VERDE – OFÍCIO DO DIA )
Antífona da entrada: Senhor, tudo está em vosso poder e ninguém
pode resistir à vossa vontade. Vós fizestes todas as coisas: o céu, a terra e
tudo o que eles contêm; sois o Deus do universo! (Est 1,9ss)
Leitura (Jonas 3,1-10)
Leitura da profecia de Jonas.
3 1 A palavra do Senhor foi
dirigida pela segunda vez a Jonas nestes termos:
2 "Vai a Nínive, a grande cidade, e faze-lhe conhecer a mensagem que te
ordenei".
3 Jonas pôs-se a caminho e foi a Nínive, segundo a ordem do Senhor. Nínive
era, diante de Deus, uma grande cidade: eram precisos três dias para
percorrê-la.
4 Jonas foi pela cidade durante todo um dia, pregando: "Daqui a quarenta
dias Nínive será destruída".
5 Os ninivitas creram (nessa mensagem) de Deus, e proclamaram um jejum,
vestindo-se de sacos desde o maior até o menor.
6 A notícia chegou ao conhecimento do rei de Nínive; ele levantou-se do seu
trono, tirou o manto, cobriu-se de saco e sentou-se sobre a cinza.
7 Em seguida, foi publicado pela cidade, por ordem do rei e dos príncipes,
este decreto: "Fica proibido aos homens e aos animais, tanto do gado
maior como do menor, comer o que quer que seja, assim como pastar ou beber.
8 Homens e animais se cobrirão de sacos. Todos clamem a Deus, em alta voz;
deixe cada um o seu mau caminho e converta-se da violência que há em suas
mãos.
9 Quem sabe, Deus se arrependerá, acalmará o ardor de sua cólera e deixará de
nos perder!"
10 Diante de uma tal atitude, vendo como renunciavam aos seus maus caminhos,
Deus arrependeu-se do mal que resolvera fazer-lhes, e não o executou.
Salmo responsorial 129/130
Se levardes em conta nossas faltas,
quem haverá de subsistir?
Das profundezas eu clamo a vós,
Senhor,
escutai a minha voz!
Vossos ouvidos estejam bem atentos,
ao clamor da minha prece!
Se levardes em conta nossas faltas,
quem haverá de subsistir?
Mas em vós se encontra o perdão,
eu vos temo e em vós espero.
Espere Israel pelo Senhor
mais que o vigia pela aurora!
Pois no Senhor se encontra toda graça
e copiosa redenção.
ele vem libertar a Israel
de toda a sua culpa.
Aclamação do Evangelho
Aleluia, aleluia, aleluia.
Feliz quem ouve e observa a palavra de Deus! (Lc 11,27)
EVANGELHO (Lucas 10,38-42)
Naquele tempo, 10 38 estando Jesus
em viagem, entrou numa aldeia, onde uma mulher, chamada Marta, o recebeu em
sua casa.
39 Tinha ela uma irmã por nome Maria, que se assentou aos pés do Senhor para
ouvi-lo falar.
40 Marta, toda preocupada na lida da casa, veio a Jesus e disse:
"Senhor, não te importas que minha irmã me deixe só a servir? Dize-lhe
que me ajude".
41 Respondeu-lhe o Senhor: "Marta, Marta, andas muito inquieta e te
preocupas com muitas coisas;
42 no entanto, uma só coisa é necessária; Maria escolheu a boa parte, que lhe
não será tirada".
COMENTÁRIOS DO EVANGELHO
1. SER ou FAZER, eis a questão!
Pensei em conversar com Maria ou a própria Marta, mas o Evangelista São Lucas
seria o mais indicado, afinal como autor ele é imparcial na história dessas
duas mulheres.
___São Lucas, quem ganha essa
parada, Marta ou Maria? Está muito claro que Maria escolheu a melhor parte,
será que a reflexão é só isso mesmo?
São Lucas____ Não podemos nos esquecer que o evangelho é uma reflexão das
comunidades onde nós evangelistas estávamos em contato permanente, e é como
uma colcha de retalhos, pegavam uma palavra de Jesus aqui, um relato
diferente acolá, alguma coisa que alguém de outra comunidade falou sobre o
fato, costura-se tudo e se faz o evangelho, sempre inspiração do Espírito
Santo, no chão das comunidades, Palavra de Deus revelada.
___O Senhor está querendo com isso,
dizer o que? Que esse episódio não ocorreu?
São Lucas____ Quero dizer que o mais importante é prestarmos muita atenção na
reflexão em si, que se tira desse ensinamento do mestre, a reflexão é a
essência, é como uma laranja onde a casca é importante, mas não mais do que
aquilo que está dentro. Ao chupar uma laranja, se você ficar prestando
atenção excessivamente nos detalhes da casca, irá perder o melhor, que são os
gomos com o suco doce.
___Mas São Lucas, Jesus ia sempre
hospedar-se na casa dessas duas irmãs, que são também irmãs de Lázaro, não?
São Lucas____ Claro que sim, eles formavam a Comunidade Betânia, mas sendo escrito
pós pascal, por trás de Marta e Maria há duas comunidades, isso é muito
claro. Uma dessas comunidades, muito hospitaleira por sinal, havia ao que
parece muitas atividades que hoje chamaríamos de pastorais. Era uma correria
com reunião prá cá, reunião para lá, decisões e encontros, planejamento. Um
ativismo exacerbado.
___Opa! Parece que o Senhor está
falando de nossas comunidades? Ás vezes é assim também aqui em nosso tempo!
São Lucas ____ E a outra comunidade fazia um pouco menos de todas essas tarefas,
pois tinham como prioridade as celebrações com a escuta da Santa Palavra, dos
ensinamentos de Jesus. Não chegava a ser uma comunidade contemplativa, mas
eram capazes de ficar horas e horas meditando a Palavra e não se cansavam em
ouvi-la.
_____ São Lucas, nem precisa dizer
mais nada, agora ficou fácil a meditação. Pois o Documento 94 das DGAE
(Diretrizes Gerais da Ação Evangelizadora) nos ensina a fazer tudo, A PARTIR
DE JESUS. Ele é o ponto inicial e o ponto final, sem ele, não
caminhamos e nem chegamos a lugar nenhum. Uma Igreja Sacramentalista e
Pastoralista parece Marta, que até acolhe, mas depois prioriza o FAZER em
detrimento do SER, e o ideal mesmo é ser como Maria, primeiro o SER que vem
com a Palavra de Jesus que transforma o nosso íntimo, daí o nosso FAZER será
requalificado.
2. Apelo a dar prioridade à escuta
da palavra do Senhor
O evangelho não apresenta uma oposição entre ação e contemplação. Neste caso,
Jesus daria prioridade à contemplação sobre a ação. Aqui, a questão é bem
outra: trata-se de receber Jesus, e de recebê-lo de verdade.
Foi Marta quem o recebeu (cf. v.
38). Daí que é não só precipitado, mas uma má leitura do texto, desqualificar
Marta. Jesus aceita o convite de Marta. Aliás, ele espera ser convidado:
"Eis que estou à porta e bato: se alguém ouvir a minha voz e abrir a
porta, entrarei em sua casa e cearei com ele, e ele comigo" (Ap 3,20).
Nós temos sempre uma porta a abrir para acolher Jesus. A fé em Jesus é
hospitalidade – trata-se de recebê-lo em si, em sua intimidade pessoal e
familiar. E recebê-lo bem! Receber bem é deixar o outro falar e se dispor a
ouvi-lo.
Frequentemente, há muito barulho à
nossa volta, muito barulho em nós. Escutar alguém exige atenção. Escutar
distraidamente, continuando a fazer as tarefas, é um modo de dizer àquele que
fala que o que ele diz não tem nada de decisivo.
Nosso relato tem um valor
simbólico. Ele responde a uma questão fundamental para o cristão: o que é
ser, realmente, discípulo de Jesus? A lição deste episódio é que ele não opõe
duas opções. Ele afirma uma prioridade: escutar, receber uma palavra que se
instala em nós como um hóspede se instala em nossa casa. Nosso texto é um apelo
a dar prioridade à escuta da palavra do Senhor.
ORAÇÃO
Pai, que o meu agir não seja movido por um ativismo insensível à palavra de
Jesus. Antes, seja toda a minha ação decorrência da escuta atenta desta
palavra.
3. QUEM AGIU CORRETAMENTE?
A experiência de acolhida e hospitalidade na casa de uma família amiga é um
alívio para Jesus, depois dos tristes episódios de rejeição, na sua longa
marcha para Jerusalém.
Afinal, a cena evangélica torna-se uma ilustração viva das diferentes
maneiras de acolher Jesus. Marta e Maria expressam duas formas de
acolhimento: por um lado, o serviço generoso; por outro, a escuta atenta.
Qual das duas atitudes apresenta-se como mais conveniente?
O texto evangélico recupera o papel
da mulher, na comunidade cristã. Marta representa o tipo tradicional de
mulher, ocupada nas lides domésticas. A atitude de Maria tem um quê de
novidade: ela assume a condição de discípula, que se coloca aos pés do Mestre
para escutá-lo e, posteriormente, torna-se apóstola do Evangelho.
Evangelicamente, só tem sentido escutar a Palavra, se fôr para colocá-la em
prática. Esta é a situação de Maria. Sua escuta não é mero passatempo, nem
puro gesto de deferência a Jesus.
A atitude de Maria corresponde a um
avanço em relação àquela de Marta. A mulher cristã pode também tornar-se
apóstola, superando o simples âmbito doméstico de sua ação. O único
pré-requisito é estar em profunda comunhão com o Mestre, compreender o
sentido de suas palavras e esforçar-se para testemunhá-las com a vida.
Oração
Espírito de escuta, predispõe-me para ouvir as palavras de Jesus,
assimilá-las e testemunhá-las com a minha vida.
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XXVII SEMANA DO TEMPO COMUM *
( VERDE – OFÍCIO DO DIA )
Antífona da entrada: Senhor, tudo está em vosso poder e ninguém
pode resistir à vossa vontade. Vós fizestes todas as coisas: o céu, a terra e
tudo o que eles contêm; sois o Deus do universo! (Est 1,9ss)
Leitura (Jonas 4,1-11)
Leitura da profecia de Jonas.
4 1 Jonas ficou profundamente
indignado com isso e, muito irritado, dirigiu ao Senhor esta prece: "Ah,
Senhor, era bem isto que eu dizia quando estava ainda na minha terra! É por
isso que eu tentei esquivar-me, fugindo para Társis,
2 porque sabia que sois um Deus clemente e misericordioso, de coração grande,
de muita benignidade e compaixão pelos nossos males.
3 Agora, Senhor, toma a minha alma, porque me é melhor a morte que a
vida".
4 O Senhor respondeu-lhe: "Julgas que tens razão para te afligires
assim?"
5 Então saiu Jonas da cidade e fixou-se a oriente da mesma cidade. Fez uma
cabana para si e lá permaneceu, à sombra, esperando para ver o que
aconteceria à cidade.
6 O Senhor Deus fez crescer um pé de mamona, que se levantou acima de Jonas,
para fazer sombra à sua cabeça e curá-lo de seu mau humor. Jonas alegrou-se
grandemente com aquela mamoneira.
7 Mas, no dia seguinte, ao romper da manhã, mandou Deus um verme que roeu a
raiz da mamona, e esta secou.
8 Quando o sol se levantou, Deus fez soprar um vento ardente do oriente, e o
sol dardejou seus raios sobre a cabeça de Jonas, de forma que o profeta,
desfalecido, desejou a morte, dizendo: Prefiro a morte à vida.
9 O Senhor disse a Jonas: "Julgas que fazes bem em te irritares por
causa de uma planta?" Jonas respondeu: "Sim, tenho razão de me irar
até a morte".
10 "Tiveste compaixão de um arbusto", replicou-lhe o Senhor,
"pelo qual nada fizeste, que não fizeste crescer, que nasceu numa noite
e numa noite morreu.
11 E então, não hei de ter compaixão da grande cidade de Nínive, onde há mais
de cento e vinte mil seres humanos, que não sabem discernir entre a sua mão
direita e a sua mão esquerda, e uma inumerável multidão de animais?"
Salmo responsorial 85/86
Ó Senhor, sois amor, paciência e
perdão.
Piedade de mim, ó Senhor,
porque clamo por vós todo o dia!
Animai e alegrai vosso servo,
pois a vós eu elevo a minha alma.
Ó Senhor, vós sois bom e clemente,
sois perdão para quem vos invoca.
Escutai, ó Senhor, minha prece,
o lamento da minha oração!
As nações que criastes virão
adornar e louvar vosso nome.
Sois tão grande e fazeis maravilhas:
vós somente sois Deus e Senhor!
Aclamação do Evangelho
Aleluia, aleluia, aleluia.
Recebestes um espírito de adoção, no qual chamamos Aba! Pai! (Rm 8,15).
Evangelho (Lucas 11,1-4)
11 1 Um dia, num certo lugar,
estava Jesus a rezar. Terminando a oração, disse-lhe um de seus discípulos:
"Senhor, ensina-nos a rezar, como também João ensinou a seus
discípulos".
2 Disse-lhes ele, então: "Quando orardes, dizei: 'Pai, santificado seja
o vosso nome; venha o vosso Reino;
3 dai-nos hoje o pão necessário ao nosso sustento;
4 perdoai-nos os nossos pecados, pois também nós perdoamos àqueles que nos
ofenderam; e não nos deixeis cair em tentação'".
COMENTÁRIOS DO EVANGELHO
1. Uma Oração que compromete
No tempo de Jesus havia dois modos de se rezar, um que era a mais pura
ostentação, rezava porque "se achava" justo, piedoso, modelo de
pessoas, quem rezava, se orgulhava de ser bom, e louvava a Deus por isso,
tudo bem que eles observavam a Lei de MOISÉS, que Deus tinha dado, mas
acontece que achavam isso suficiente para a salvação e aí estava o grande
problema...
Mas havia também naquele tempo,
como também há hoje, uma oração muito ingênua, conseqüência de uma Fé
infantil que quer tudo "mastigado" e reza para que Deus os atenda
desse modo. Os discípulos percebiam que Jesus rezava diferente, não era uma
oração nem só de pedidos e muito menos de ostentação, pois em sua oração
Jesus louvava o Pai do Céu e não a si próprio.
O que Jesus ensina aos discípulos é
a oração do compromisso, pede-se o Reino, mas ao mesmo tempo se compromete em
fazê-lo acontecer. O Pai Nosso é a oração universal de todos os que se dizem,
cristãos, mas desde que estejam comprometidos com a construção do Reino, ou
seja, em uma linguagem mais simples, comprometer-se com o Reino é refletir a
imagem de Deus para com o próximo, em uma relação pautada sempre pela
misericórdia, amor, compreensão e perdão, só isso já é o suficiente para dar
uma visibilidade ao Reino que Jesus inaugurou.
Podemos nessa vida cair em tentação
sim, a tentação de ignorar nosso compromisso com o Reino, deixando tudo por
conta de Deus, e a proteção Divina nesse sentido vai se fazendo sentir em
nossa vida, quando Ele coloca-nos diante de situações onde temos que fazer
nossas escolhas e tomar decisões. Deus sinaliza o Reino, nas pessoas que
conosco convivem, nos acontecimentos da nossa vida, crer nele e estabelecê-lo
como parâmetro, é algo que compete a cada pessoa, lembrando sempre que o
Reino de Deus é de todos e para todos, e nesse sentido a oração nos
compromete também com as pessoas, por isso somos comunidade e dizemos Pai
Nosso, e não Pai Meu
2. A oração do Pai-Nosso
Esta oração é o que o discípulo deve ter presente no seu relacionamento com
Deus.
O modo como Jesus vive a sua vida
e, em particular, a sua relação com o Pai provoca os discípulos, pois eles
são chamados a se identificarem com o seu Mestre (cf. Lc 6,40; Mt 10,24-25).
Constantemente, Lucas apresenta Jesus em oração (3,21; 5,16; 6,12; 9,29). Por
isso, depois da sua oração, os discípulos apresentam este pedido: "...
ensina-nos a orar, como também João ensinou a seus discípulos" (v. 1).
O que Jesus ensina é o que, hoje,
nós chamamos de Pai-Nosso. A versão de Lucas é mais breve que a de Mateus (Mt
6,9-13). Não se trata de multiplicar palavras, pois Deus nos conhece
profundamente (cf. Sl 139[138]) e sabe do que necessitamos. A atitude de
escuta (cf. 10,30-42) deve caracterizar a oração do discípulo. Tantas vezes
nós atropelamos Deus com nossas muitas palavras e nossa ansiedade.
A oração do Pai-Nosso é o que o
discípulo deve ter presente no seu relacionamento com Deus: em primeiro
lugar, ela exprime, da parte do discípulo, seu engajamento filial diante do
Pai; depois, a súplica por questões fundamentais da vida concreta do ser
humano: pão e perdão das ofensas, como nós perdoamos aos que nos ofendem;
finalmente, como o mal está presente no mundo, a súplica de não cair no poder
da tentação, e de não ser enredado na armadilha do mal.
ORAÇÃO
Pai, inspira-me a rezar como convém, de forma que a minha oração se expresse
em gestos de solidariedade e de reconciliação, sinais inequívocos de minha
comunhão contigo.
3. QUANDO REZAREM, DIGAM...
A oração era um elemento importante no dia-a-dia de Jesus. Os Evangelhos
observam seu costume de rezar, por exemplo, nos momentos-chaves de seu
ministério, quando deveria dar passos decisivos.
Vendo o seu Mestre rezar, os
discípulos interessaram-se também pela prática da oração. O testemunho de
Jesus impele-os a pedir-lhe orientações a respeito do modo mais conveniente
de buscar a intimidade com Deus. Foi a prática de Jesus, e não uma bela
teoria sobre a oração, que motivou os discípulos.
A oração ensinada pelo Mestre
deveria ter como efeito inculcar, nos seus seguidores uma série de atitudes.
Em relação ao Pai: o esforço para santificar-lhe o nome, ou seja, superar
toda idolatria e pôr em prática as exigências do Reino, de modo que a
história humana fosse regida pela vontade divina.
Em relação ao próximo: criar o
sentido da partilha fraterna dos bens, superando a tentação de reter tudo
para si; viver o perdão e a reconciliação, sem dar lugar ao ódio e à
violência; não se deixar levar pelas sugestões do espírito mau, cuja ação
principal consiste em desviar o ser humano da vontade de Deus.
Por conseguinte, a oração cristã é
um caminho de compromisso e comunhão, um projeto de vida. Ela consiste na
busca de conformação da própria vida com o querer divino.
Oração
Espírito de intimidade com o Pai, dá-me a graça da oração, pela qual descubro
o caminho do compromisso e da comunhão, como projeto de vida.
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XXVII SEMANA DO TEMPO COMUM *
( VERDE – OFÍCIO DO DIA )
Antífona da entrada: Senhor, tudo está em vosso poder e ninguém
pode resistir à vossa vontade. Vós fizestes todas as coisas: o céu, a terra e
tudo o que eles contêm; sois o Deus do universo! (Est 1,9ss)
Leitura (Malaquias 3,13-20)
Leitura da profecia de Malaquias.
3 13 "Tendes proferido
palavras violentas contra mim - diz o Senhor. E perguntais: 'O que é que
dissemos contra vós?'
14 Dissestes: 'É trabalho perdido servir a Deus. Que ganhamos com a
obediência às suas ordens e com as procissões de luto diante do Senhor dos
exércitos?
15 Agora, temos por ditosos os arrogantes e prosperam os que cometem a
iniqüidade; ousam, até, tentar a Deus e escapam ao castigo'".
16 Assim falavam os que temem o Senhor. Mas o Senhor ouviu atento: diante
dele foi escrito o livro que conserva a memória daqueles que temem o Senhor e
respeitam o seu nome.
17 "Eles serão para mim um bem particular - diz o Senhor dos exércitos -
no dia em que eu agir; tratá-los-ei benignamente como um pai trata com indulgência
o filho que o serve.
18 E vereis de novo que há uma diferença entre justo e ímpio, entre quem
serve a Deus e quem não o serve.
19 Porque eis que vem o dia, ardente como uma fornalha. E todos os soberbos,
todos os que cometem o mal serão como a palha; este dia que vai vir os
queimará - diz o Senhor dos exércitos - e nada ficará: nem raiz, nem ramos.
20 Mas, sobre vós que temeis o meu nome, levantar-se-á o sol de justiça que
traz a salvação em seus raios".
Salmo responsorial 1
É feliz quem a Deus se confia!
Feliz é todo aquele que não anda
conforme os conselhos dos perversos;
que não entra no caminho dos malvados
nem junto aos zombadores vai sentar-se;
mas encontra seu prazer na lei de Deus
e a medita, dia e noite, sem cessar.
Eis que ele é semelhante a uma
árvore
que à beira da torrente está plantada;
ela sempre dá seus frutos a seu tempo,
e jamais as suas folhas vão murchar.
Eis que tudo o que ele faz vai prosperar.
Mas bem outra é a sorte dos
perversos.
Ao contrário, são iguais à palha seca
espalhada e dispersada pelo vento.
Pois Deus vigia o caminho dos eleitos,
mas a estrada dos malvados leva à morte.
Aclamação do Evangelho
Aleluia, aleluia, aleluia.
Abri-nos, ó Senhor, o coração para ouvirmos a palavra de Jesus! (At 16,14)
EVANGELHO (Lucas 11,5-13)
Naquele tempo, 11 5 disse Jesus aos
seus discípulos: "Se alguém de vós tiver um amigo e for procurá-lo à
meia-noite, e lhe disser: ´Amigo, empresta-me três pães,
6 pois um amigo meu acaba de chegar à minha casa, de uma viagem, e não tenho
nada para lhe oferecer´;
7 e se ele responder lá de dentro: ´Não me incomodes; a porta já está
fechada, meus filhos e eu estamos deitados; não posso levantar-me para te dar
os pães´;
8 eu vos digo: no caso de não se levantar para lhe dar os pães por ser seu
amigo, certamente por causa da sua importunação se levantará e lhe dará
quantos pães necessitar.
9 E eu vos digo: pedi, e dar-se-vos-á; buscai, e achareis; batei, e
abrir-se-vos-á.
10 Pois todo aquele que pede, recebe; aquele que procura, acha; e ao que
bater, se lhe abrirá.
11 Se um filho pedir um pão, qual o pai entre vós que lhe dará uma pedra? Se
ele pedir um peixe, acaso lhe dará uma serpente?
12 Ou se lhe pedir um ovo, dar-lhe-á porventura um escorpião?
13 Se vós, pois, sendo maus, sabeis dar boas coisas a vossos filhos, quanto
mais vosso Pai celestial dará o Espírito Santo aos que lho pedirem".
COMENTÁRIOS DO EVANGELHO
1. Não pedir o peixe pronto!
Na reflexão anterior dizíamos que a Oração requer comprometimento, não tem
sentido pedir "tudo mastigado" a Deus, infelizmente há muitos
cristãos bem intencionados em nossas comunidades, mas que costumam pedir o
"Peixe" já frito, daí a gente só tem o trabalho de sentar e
comer...
O evangelho nos dá uma informação
importante, se soubermos pedir, a nossa oração jamais deixará de ser
atendida, Deus não condiciona os pedidos, ele não faz uma seleção de quais
orações irá atender, e também não adiante imaginar que, os que tem mais Fé
terão prioridade no atendimento das orações encaminhadas a Deus.
Então, o ensinamento é muito claro,
o que pedimos a Deus É O CANIÇO completo, com todas as condições necessárias
para que a pescaria tenha êxito, e o meio para termos as nossas orações
atendidas, é o Espírito Santo, que é Perfeito em si mesmo, ele nos dá o
discernimento do que devemos pedir, e depois nos capacita com seus dons
celestiais, nos dá força e coragem para irmos a luta e vermos realizado tudo
o que pedimos, claro que se pedirmos algo que esteja direcionado para o mal,
não seremos atendidos.
A insistência e a perseverança na
oração autêntica é por demais importante, pois quanto mais pedimos der
maneira insistente, Deus em seu Espírito vai nos mostrando e nos dando o
discernimento, e daí a experiência da Vida nos ensina o quanto Deus nos ama.
Digo isso porque na minha vida, andei pedindo a Deus certas coisas, que se
Ele atendesse, provavelmente não seria hoje um escriba da sua Santa Palavra.
Já pedi muito "peixe pronto" a Deus, confesso aos leitores, mas
Deus com o passar do tempo foi me moldando, me ajustando, e o seu Espírito
Santo foi apontando as saídas, e algumas ferramentas importantes para
conquistar o que eu tinha pedido, posso garantir que não foi da noite para o
dia...
Ser sempre insistente e
perseverante, ter um foco e um sentido para a nossa Vida, acreditar nos
sonhos e projetos, principalmente quando se sabe que eles estão em sintonia
com os desígnios de Deus, oração assim, Deus não resiste e atende de maneira
generosa, sempre nos dando mais do que pedimos.
2. Perseverança na súplica
A parábola, como toda parábola, se oferece a muitas interpretações. Ligada ao
tema da oração, ela, em primeiro lugar, apresenta a necessidade de perseverar
na súplica pelo que é essencial para acolher e servir os outros (cf. v. 8).
A perseverança na súplica é
importante, pois só Deus pode nos dar o que realmente necessitamos. Tudo é
dom dele.
A súplica perseverante exige
confiança de ser atendido: "... pedi e vos será dado…" (vv. 9-10).
Mas a oração deve ser marcada por uma súplica irrenunciável: a súplica pelo
Espírito Santo, que é o dom escatológico de Deus por excelência (cf. At 1,5;
2,1-11).
ORAÇÃO
Pai, que a minha oração seja plena de confiança em ti, pois sei que queres
dar-me o que tens de melhor, o Espírito Santo.
3. A ORAÇÃO CONFIANTE
O modo como a pessoa reza depende da imagem de Deus que traz no coração.
Quanto mais correta for esta imagem, mais disposição terá para a oração, e
mais confiante e perseverante esta será.
A primeira parábola ensina como a
pessoa de fé sabe a quem recorrer, sem se importar com as circunstâncias.
Aquele que crê, tem absoluta certeza de ser atendido, mesmo devendo esperar.
Jesus apresenta o Pai como quem
jamais decepciona aos que recorrem a ele. Ao pedir, a pessoa recebe; ao
buscar, encontra; ao bater, abre-se-lhe a porta. De maneira nenhuma, existe
frustração.
É próprio do Pai manifestar seu
imenso amor a todos os seus filhos. Da comparação com o modo de agir dos pais
da Terra, deduz-se a atitude do Pai do Céu. Se um pai, por pior que seja,
jamais frustra as expectativas de seu filho, dando-lhe coisas ruíns, quando
lhe pede coisas boas, quanto mais o fará Pai celeste!
Jesus indica qual é o dom principal
que devemos pedir ao Pai: o Espírito Santo. E quem se dirige a ele, pedindo
esse dom, pode estar certo de que será atendido. A bondade do Pai é
insuperável. Jamais um ser humano poderá superar sua misericórdia.
Oração
Espírito de confiança em Deus, dá-me a graça de perseverar na oração, certo
de que o Pai atenderá, com bondade, os meus anseios profundos.
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XXVII SEMANA DO TEMPO COMUM
( VERDE – OFÍCIO DO DIA )
Antífona da entrada: Senhor, tudo está em vosso poder e ninguém pode
resistir à vossa vontade. Vós fizestes todas as coisas: o céu, a terra e tudo
o que eles contêm; sois o Deus do universo! (Est 1,9ss)
Leitura (Joel 1,13-15;2,1-2)
Leitura da profecia de Joel.
1 1 Oráculo do Senhor dirigido a
Joel, filho de Fatuel.
2 Ouvi isto, anciãos, estai atentos, vós todos habitantes da terra! Aconteceu
uma coisa semelhante em vossos dias, ou nos dias de vossos pais?
3 Narrai-o a vossos filhos, vossos filhos a seus filhos, e estes à geração
seguinte!
4 O que a lagarta deixou, o gafanhoto devorou; o que deixou o gafanhoto, o
roedor devorou; e o que ficou do roedor, o devastador comeu.
5 Despertai, ó ébrios, e chorai; bebedores de vinho, lamentai-vos, porque o
suco da vinha foi tirado da vossa boca!
6 Minha terra foi invadida por um povo forte e inumerável; seus dentes são
dentes de leão, e tem mandíbulas de leoa.
7 Devastou o meu vinhedo, destruiu minha figueira, descascou-a completamente,
lançou-a por terra e seus ramos tornaram-se brancos.
8 Clama como uma virgem cingida de saco para chorar o prometido de sua
juventude.
9 Já não há oferta nem libação no templo do Senhor. Os sacerdotes, servos do
Senhor, estão de luto.
10 Os campos estão devastados, o solo enlutado. O trigo foi destruído, o
mosto perdido, o óleo estragado.
11 Os lavradores estão desamparados, os vinhateiros lamentam-se por causa do
trigo e da cevada, porque a colheita foi destruída.
12 A vinha secou, a figueira murchou; a romãzeira, a palmeira, a macieira,
todas as árvores definham; a alegria, envergonhada, foi para longe dos
homens.
13 Revesti-vos de sacos, sacerdotes, e batei no peito! Lamentai-vos,
ministros do altar! Vinde, passai a noite vestidos de saco, servos de meu
Deus!
15 Clamai ao Senhor: "Ai, que dia!" O dia do Senhor, com efeito,
está próximo, e vem como um furacão desencadeado pelo Todo-poderoso.
1 Tocai a trombeta em Sião, dai alarme no meu monte santo! Estremeçam todos
os habitantes da terra, eis que se aproxima o dia do Senhor,
2 dia de trevas e de escuridão, dia nublado e coberto de nuvens. Tal como a
luz da aurora, derrama-se sobre os montes um povo imenso e vigoroso, como
nunca houve semelhante desde o princípio, nem depois haverá outro até as
épocas mais longínquas.
Salmo responsorial 9A(9)
O Senhor há de julgar o mundo
inteiro com justiça!
O Senhor, de coração vos darei
graças,
as vossas maravilhas cantarei!
Em vós exultarei de alegria,
cantarei ao vosso nome, Deus altíssimo!
Repreendestes as nações, e os maus
perdestes,
apagastes o seu nome para sempre.
Os maus caíram no buraco que cavaram,
nos próprios laços foram presos os seus pés.
Mas Deus sentou-se para sempre no
seu torno,
preparou o tribunal do julgamento;
julgará o mundo inteiro com justiça
e as nações há de julgar com equidade.
Aclamação do Evangelho
Aleluia, aleluia, aleluia.
Agora o príncipe deste mundo há de ser lançado fora; quando eu for elevado da
terra, atrairei para mim todo ser (Jo 12,31s).
EVANGELHO (Lucas 11,15-26)
11 15 Jesus estava expulsando um
demônio e alguns diziam: "Ele expele os demônios por Beelzebul, príncipe
dos demônios".
16 E para pô-lo à prova, outros lhe pediam um sinal do céu.
17 Penetrando nos seus pensamentos, disse-lhes Jesus: "Todo o reino
dividido contra si mesmo será destruído e seus edifícios cairão uns sobre os
outros.
18 Se, pois, Satanás está dividido contra si mesmo, como subsistirá o seu
reino? Pois dizeis que expulso os demônios por Beelzebul.
19 Ora, se é por Beelzebul que expulso os demônios, por quem o expulsam
vossos filhos? Por isso, eles mesmos serão os vossos juízes!
20 Mas se expulso os demônios pelo dedo de Deus, certamente é chegado a vós o
Reino de Deus.
21 Quando um homem forte guarda armado a sua casa, estão em segurança os bens
que possui.
22 Mas se sobrevier outro mais forte do que ele e o vencer, este lhe tirará
todas as armas em que confiava, e repartirá os seus despojos.
23 Quem não está comigo, está contra mim; quem não recolhe comigo, espalha.
24 Quando um espírito imundo sai do homem, anda por lugares áridos, buscando
repouso; não o achando, diz: 'Voltarei à minha casa', donde saí.
25 Chegando, acha-a varrida e adornada.
26 Vai então e toma consigo outros sete espíritos piores do que ele e entram
e estabelecem-se ali. E a última condição desse homem vem a ser pior do que a
primeira".
COMENTÁRIOS DO EVANGELHO
1. Mais uma tentativa de
desmoralizarem Jesus...
Quem é mais poderoso Deus ou o Demônio? Qualquer pessoa, independente se tem
uma Vida pautada pela Fé ou não, irá responder que o Poder Divino supera e
muito o poder das forças do mal. Mas Deus não é como um lutador de ringue,
que precisa da aposta e do incentivo da torcida para sair-se vencedor sobre o
seu adversário, ou seja, Deus não é maior forte que o mal porque nós cremos
Nele e lhe damos nosso crédito. Deus é completo e perfeito em si mesmo, em
nada depende do homem.
As forças e o poder de Deus se
manifestam plenamente em Jesus de Nazaré o Filho de Deus encarnado em nossa
natureza humana. Suas ações a favor do Bem são indiscutíveis, nenhuma força
maligna pode superá-lo. As forças demoníacas sempre farão suas incursões no
coração e na mente do ser humano, em uma tentativa de dominá-lo e subjugá-lo,
minando-lhe a razão e a capacidade de impor a sua vontade e de tomar
decisões. Jesus, ao trazer a Salvação á toda humanidade, trouxe-nos o
antídoto contra a força maligna, que é Ele próprio.
Os conterrâneos de Jesus, apegados
á doutrina Judaica, a Lei de Moisés, e aos ritos do templo, sentiam-se
poderosos contra a ação do maligno e não poderiam jamais admitir que um homem
tivesse em si, mais força e poder do que a Instituição Religiosa daquele
tempo. Por esta razão, para salvaguardarem o poder religioso, do qual só eles
tinham a chave, resolvem desmoralizar Jesus atribuindo suas ações a favor da
Vida, ás Forças do Mal, insinuando desta forma, que Jesus é subjulgado por
Belzebu – príncipe dos demônios.
O Poder de Jesus vem de Deus, pois
só ele é o sumo Bem e não há outro. Bem e Mal não se misturam e nem podem ser
confundidos. O que vemos no mundo é o mal maquiado de Bem, sistemas
diabólicos querendo apresentar-se como um sinal do Reino de Deus. Enfim,
Jesus reverte o quadro e vai acusar seus opositores de estarem sendo
dominados pelo mal, ao se colocarem contra o Reino de Deus Nêle manifestado.
Um Homem forte e bem armado, que guarda a própria casa – faz alusão a
Instituição Judaica que é a defensora e guardiã da tradição e de uma doutrina
intocável. Entretanto, no coração das autoridades religiosas, o Mal poderoso
se instalou arrancando-lhes a armadura na qual se apegavam, corrompendo
corações e pensamentos, transformando suas ações em maldade.
Um Sistema Religioso que não esteja
seriamente comprometido com o Reino de Deus manifestado e instalado por
Jesus, praticando na integridade os valores do evangelho, poderá sim,
sucumbir diante das forças do mal, cometendo atrocidades disfarçadas do Bem,
gerando divisões, desigualdades e injustiças, e insubordinando-se contra a
Verdade Absoluta que é Jesus Cristo, ainda que tenha uma bela fachada
Religiosa.
2. É o Espírito Santo que impele a
falar
O v. 14, que não está no texto de hoje, é que nos dá o contexto da acusação
de alguns dentre a multidão. A mudez era considerada possessão demoníaca. O
mal impede de falar, de bem falar; o mal distorce a linguagem.
Expulsando o demônio, que impedia
de falar, Jesus faz o mudo renascer para a palavra. Ora, o próprio Lucas, na
segunda parte da sua obra, os Atos dos Apóstolos, diz que é o Espírito Santo
quem faz falar as maravilhas de Deus (cf. At 2,1-11). À admiração da
multidão, opõe-se a resistência de alguns.
O leitor do evangelho já sabe que
Jesus possui o Espírito de Deus (Lc 3,21-22; 4,1.18). Dizer que é por
Beelzebu que Jesus expulsa os demônios é falta de discernimento, é confundir
o Espírito Santo com Beelzebu – eis aí o mal!
ORAÇÃO
Pai, afasta de meu coração todos os preconceitos que me impedem de acolher
Jesus Cristo como teu enviado para trazer ao mundo a salvação e a libertação.
3. O PODER DO ESPÍRITO
Não faltou quem interpretasse, de maneira maldosa, os milagres de Jesus.
Havia quem os atribuísse a um poder de origem demoníaca. Jesus estaria
pactuando com Satanás, seus milagres seriam uma macabra prova deste conluio.
Tal interpretação foi veementemente
refutada pelo Mestre. Seu argumento era muito simples.
A cura de um possesso significa que Satanás deixou de ter poder sobre um ser
humano. Para expulsar Satanás, é preciso que o exorcista seja seu inimigo e
se oponha a ele, de forma radical. Se não fosse assim, algo de errado estaria
acontecendo no mundo dos demônios.
Ao curar os possessos, Jesus
impunha uma derrota fatal a Satanás, uma vez que a ação do Mestre tinha sua
origem em Deus, portanto, indicava, claramente, que Deus estava exercendo seu
senhorio sobre a história humana. Doravante, as pessoas não mais iriam viver
submetidas às forças do mal. Em nome de Deus, Jesus viera para libertá-las
desta opressão.
O Reino de Deus fazia-se presente
no meio do povo, por meio do Filho. Seus gestos poderosos eram um claro sinal
desta novidade. Portanto, a expulsão dos demônios era prenúncio de que o
esquema antigo do pecado tinha sido abalado nos seus alicerces.
Oração
Senhor Jesus, faze-me ver, nos teus gestos poderosos, a presença do Reino de
Deus atuando em nossa história, para trazer-nos libertação.
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NOSSA SENHORA APARECIDA - PADROEIRA DO BRASIL
( BRANCO, GLÓRIA, CREIO, PREFÁCIO PRÓPRIO
– OFÍCIO DA SOLENIDADE )
Antífona da entrada: Com grande alegria rejubilo-me no Senhor, e
minha alma exultará no meu Deus, pois me revestiu de justiça e salvação, como
a noiva ornada de suas jóias.
Primeira Leitura (Ester
5,1-2;7,2-3)
Leitura do livro de Ester.
5 1 Três dias depois Ester se
revestiu de seus trajes reais e se apresentou na câmara interior do palácio,
diante do aposento real, onde estava o rei sentado sobre seu trono, diante da
porta de entrada do edifício.
2 Logo que o rei viu a rainha Ester no átrio, esta conquistou suas boas
graças, de sorte que ele estendeu o cetro de ouro que tinha na mão. E Ester
se aproximou para tocá-lo.
7 2 No segundo dia, bebendo vinho, disse ainda o rei a Ester: "Qual é
teu pedido, rainha Ester? Será atendido. Que é que desejas? Fosse mesmo a
metade de meu reino, tu obterias".
3 A rainha respondeu: "Se achei graça a teus olhos, ó rei, e se ao rei
lhe parecer bem, concede-me a vida, eis o meu pedido; salva meu povo, eis o
meu desejo".
Salmo responsorial 44/45
Escutai, minha filha, olhai, ouvi
isto:
que o rei se encante com vossa beleza!
Escutai, minha filha, olhai, ouvi
isto:
"Esquecei vosso povo e casa paterna!
Que o rei se encante com vossa beleza!
Prestai-lhe homenagem: é vosso senhor!
O povo de Tiro vos traz seus
presentes,
os grandes do povo vos pedem favores.
Majestosa, a princesa real vem chegando,
vestida de ricos brocados de ouro.
Em vestes vistosas ao rei se
dirige,
e as virgens amigas lhe formam cortejo;
entre cantos de festa e com grande alegria,
ingressam, então, no palácio real"
Segunda Leitura (Apocalipse
12,1.5.13.15-16)
Leitura do livro do Apocalipse de são João.
12 1 Apareceu em seguida um grande
sinal no céu: uma Mulher revestida do sol, a lua debaixo dos seus pés e na
cabeça uma coroa de doze estrelas.
5 Ela deu à luz um Filho, um menino, aquele que deve reger todas as nações
pagãs com cetro de ferro. Mas seu Filho foi arrebatado para junto de Deus e
do seu trono.
13 O Dragão, vendo que fora precipitado na terra, perseguiu a Mulher que dera
à luz o Menino.
15 A Serpente vomitou contra a Mulher um rio de água, para fazê-la submergir.
16 A terra, porém, acudiu à Mulher, abrindo a boca para engolir o rio que o
Dragão vomitara.
Aclamação do Evangelho
Aleluia, aleluia, aleluia.
Disse a mãe de Jesus aos serventes: "Fazei tudo o que ele disser!"
(Jo 2,5)
Evangelho (João 2,1-11)
Naquele tempo, 2 1 três dias
depois, celebravam-se bodas em Caná da Galiléia, e achava-se ali a mãe de
Jesus.
2 Também foram convidados Jesus e os seus discípulos.
3 Como viesse a faltar vinho, a mãe de Jesus disse-lhe: "Eles já não têm
vinho".
4 Respondeu-lhe Jesus: "Mulher, isso compete a nós? Minha hora ainda não
chegou".
5 Disse, então, sua mãe aos serventes: "Fazei o que ele vos
disser".
6 Ora, achavam-se ali seis talhas de pedra para as purificações dos judeus,
que continham cada qual duas ou três medidas.
7 Jesus ordena-lhes: "Enchei as talhas de água". Eles encheram-nas
até em cima.
8 "Tirai agora" , disse-lhes Jesus, "e levai ao chefe dos
serventes". E levaram.
9 Logo que o chefe dos serventes provou da água tornada vinho, não sabendo de
onde era (se bem que o soubessem os serventes, pois tinham tirado a água),
chamou o noivo
10 e disse-lhe: "É costume servir primeiro o vinho bom e, depois, quando
os convidados já estão quase embriagados, servir o menos bom. Mas tu
guardaste o vinho melhor até agora".
11 Este foi o primeiro milagre de Jesus; realizou-o em Caná da Galiléia.
Manifestou a sua glória, e os seus discípulos creram nele.
COMENTÁRIOS DO EVANGELHO
1. Aparecida e o Vinho Novo
Pertencemos a uma sociedade sacudida pela violência, diante da qual nos
sentimos impotentes, onde predomina o sentimento de insegurança e medo, a
chacina de jovens e adolescentes vai ganhando proporções alarmantes e
assustadoras, há, por outro lado, uma falta de perspectiva por parte dos
jovens, os escândalos de ordem moral, em instituições consideradas
inabaláveis, são denunciados a cada dia pela grande mídia. Dizem que o
Brasil, não tem mesmo jeito, porque a nossa origem lá na época do
descobrimento, já estava podre e corrompida, e quem veio para cá era gente
sem moral, sem escrúpulo e sem nenhum compromisso com a ética e a moral.
Na família, há centenas de
casamentos de curta duração, uniões ilegítimas aumentam, o estado quer
reconhecer como legítima, uma horrível caricatura da Instituição Familiar,
desmantelam e desmoronam valores sagrados na ética e na moral cristã, se de
um lado a humanidade avança em velocidade espantosa no mundo científico,
tecnológico, nas comunicações e informática, por outro, as pessoas vão sendo
acometidas de inúmeras enfermidades orgânicas e psicossomáticas, as coisas
boas e os acontecimentos alegres duram pouco, e não conseguem nos livrar do
peso das forças do mal, que vão nos levando para o caos em meio a desordem
estabelecida.
Nem o fenômeno religioso consegue
reverter esse quadro, os templos suntuosos cada vez mais lotados, tomados por
uma multidão de coração vazio, que busca muitas vezes na espiritualidade algo
que ela não pode dar: a solução de tantos problemas originados pelo pecado,
como o egoísmo, a luxúria, a proliferação de falsas divindades que prometem
vida, felicidade e liberdade, e que arrebanham a cada dia novos adeptos,
arrastados impiedosamente para a desgraça e a morte, entre eles a Droga e a
Prostituição, uns dizem que já chegamos ao fundo do poço, outros mais
pessimistas, acham que o pior ainda não aconteceu. O fato é que certa
tristeza tem invadido o coração do homem deste terceiro milênio.
Em uma sociedade assim, inquieta,
insegura e temerosa, traumatizada por tanta dor e sofrimento, marcada pela
injustiça e desigualdade, a V Conferência Geral do Episcopado Latino
Americano e do Caribe, realizada de 13 a 31 de maio de 2007 em Aparecida,
resgata o nosso papel de Discípulos e Missionários de Jesus Cristo, fazendo
um forte apelo para que proclamemos aos homens a Verdade de Deus, revelada em
Jesus Cristo, porém, o que leva alguém a ser cristão não é uma decisão ética
ou uma grande idéia, mas sim um encontro com um acontecimento, com uma
pessoa: Jesus Cristo, que dá um novo horizonte à vida, e com isso uma
orientação decisiva de se viver bem, vivendo em Deus. Foi essa a experiência
dos primeiros discípulos, que os evangelhos nos apresentam, um encontro de fé
com a pessoa de Jesus.
Neste dia de Nossa Senhora
Aparecida – Padroeira do Brasil, o evangelho das Bodas de Caná é um convite a
irmos ao encontro do único e verdadeiro amor de nossas vidas, Maria aparece
como a intercessora e mediadora, aquela que sabendo olhar a necessidade dos
irmãos, vai dizer ao Filho que está faltando algo essencial para uma festa.
A devoção popular é citada pelo
documento de Aparecida, que tornou-se uma importante referência nas reflexões
da Igreja, como um dos muitos elementos que propiciam esse encontro pessoal
com Jesus Cristo e nesse sentido, considerando-se toda a história de
Aparecida, desde o século XVIII, podemos afirmar sem medo, que Maria nunca
deixou faltar no coração dos cristãos da América Latina, esse vinho novo da
graça de Deus.
O Deus dos cristãos continua
obstinado em seu amor pelos homens. Com a mediação de Maria, Jesus oferece em
nossos conturbados tempos, o Vinho novo, de incomparável sabor, que não caiu
do céu, mas surgiu a partir da água da purificação, Jesus transforma a antiga
forma de se relacionar com Deus, no Judaísmo, em uma relação nova, onde basta
ao homem crer e abrir o seu coração para esta graça que une para sempre Deus
e o homem, solidificando a comunhão um dia rompida, e pela qual Jesus pagou
com a vida ao morrer na cruz., descendo com o homem ao fundo do poço para de
lá resgatá-lo e libertá-lo, vitorioso e ressuscitado, arrancando-o da vida
sem graça, dominada pela morte do pecado, e devolvendo-o ao paraíso, na
condição de Filhos e Filhas de Deus.
Esse processo de ressurreição é
dinâmico e acontece todo dia, hora e momento, o Cordeiro Santo, Perfeito e
Imaculado, se casa com a sua Igreja, tornando-a sem ruga e sem mancha, de
modo que nem os pecados da Igreja conseguem abalar esta íntima comunhão. Esse
casamento de Deus com o homem, na encarnação de Jesus, deverá ter um final
feliz, porém, como povo da Nova Aliança, não teremos uma segunda chance, quem
recusar esse amor e buscar os amores ilusórios e efêmeros, nos amantes e
deuses da Modernidade, sentirá um dia na pele e no coração, a dor de ter
perdido para sempre o autêntico e verdadeiro amor de sua vida.
Somos essa Igreja, a noiva do
Senhor, por quem ele dá a vida, a espera da Lua de Mel, da Vida Eterna, para
a qual ele nos conduzirá. Por hora, só é preciso uma coisa: FAZER TUDO O QUE
ELE NOS DISSER, como nos pede Maria, Mãe de Jesus, a primeira a experimentar
a delícia desse amor Divino.
Essa noiva das Bodas de Caná tem um
rosto e um nome, é você, sou eu, são todos os que buscam a Deus em Jesus
Cristo, é também o rosto de cada homem, desfigurado pela tristeza do pecado,
a espera desse vinho da eterna alegria...
2. A Mãe de Jesus, símbolo da
Igreja que espera
Hoje é festa da padroeira maior do Brasil: N. Sra. da Conceição Aparecida.
Ela, modelo de todo discípulo, intercede junto a Deus por todos nós para que
sejamos, como ela, ouvintes da Palavra.
O texto das "Bodas de
Caná" mostra o primeiro sinal que Jesus realiza, no evangelho segundo
João. Dizer que é o primeiro ou o início dos sinais significa dizer que ele é
o fundamento de todos os demais: "Manifestou sua glória, e os seus
discípulos creram nele" (v. 11), isto é, revelou o que ele efetivamente
é: o Messias.
Os sinais que Jesus realiza se
relacionam à fé dos discípulos. O sinal, sendo por natureza ambíguo,
necessita ser bem interpretado e discernido. Oferecendo, das próprias talhas
de purificação, o vinho novo da salvação, Jesus inaugura um novo tempo em que
já não se está mais sobre o regime da Lei, mas sob o da graça, conforme está
no Prólogo: "Da sua plenitude nós recebemos graça no lugar de
graça" (Jo 1,16).
A festa de casamento é, para a
tradição bíblica, símbolo do Reino de Deus, do amor do Senhor por seu povo. A
mãe de Jesus, chamada de "mulher" no relato, é símbolo da Igreja
que espera, suplica e vê realizada a salvação, em Jesus. As Bodas de Caná têm
um valor simbólico: é símbolo da união do Messias com sua Igreja.
ORAÇÃO
Pai, que o testemunho de Maria cale fundo no meu coração, transformando-me em
perfeito discípulo de Jesus. E que eu possa conduzir muitas outras pessoas a
crerem em teu Filho.
3. O FIM DO REINO DO MAL
MÃE E DISCÍPULA
Embora as atenções do texto evangélico se concentrem em Jesus, não se pode
subestimar o papel de Maria, co-protagonista no primeiro sinal que ele
realizou, como manifestação do amor misericordioso de Deus derramado sobre a
humanidade.
Sua condição de "mãe de
Jesus", sua maternidade e os vínculos de dependência com o seu filho
passam para um segundo plano. Destaca-se, sim, sua adesão pessoal e sua
confiança radical em Jesus. Por sua intervenção, o Messias antecipou a
"hora" de se manifestar ao mundo. A transformação da água em vinho
de excelente qualidade simboliza os tempos messiânicos, tempo de festa e de
alegria pela salvação operada por Deus.
Por outro lado, Maria conduz os
discípulos à fé em Jesus: "Façam tudo o que ele mandar!". Ela os
estimula a assumir uma postura de acolhida obediente em relação aos
ensinamentos de Jesus, desempenhando uma função pedagógica e orientadora.
Ensina-os a serem servidores e amigos de Jesus, perfeitamente sintonizados
com ele.
A postura de Maria é uma luz para a
comunidade empenhada viver com perfeição o discipulado cristão. Sua dupla
atenção, a Jesus e ao que acontecia a seu redor, permitiu-lhe intervir a favor
de um casal de noivos em apuros. Assim se comporta o discípulo no seu esforço
de coadunar fé (adesão a Jesus) e vida (profunda atenção às necessidades do
próximo). Como Maria, o discípulo deve ajudar as pessoas a abrirem o coração
para a fé.
Oração
Pai, que o testemunho de Maria cale fundo no meu coração, transformando-me em
perfeito discípulo de Jesus. E que eu possa conduzir muitas outras pessoas a
crerem em teu Filho.
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Liturgia do Domingo 13.10.2013
28º DOMINGO DO TEMPO COMUM — ANO C
( VERDE, GLÓRIA, CREIO – IV SEMANA DO
SALTÉRIO )
__ "Uma exigência da fé: viver sempre em contínuo agradecimento!"
__
OUTUBRO - MÊS DAS MISSÕES
Ambientação:
Sejam bem-vindos amados irmãos e
irmãs!
INTRODUÇÃO DO FOLHETO DOMINICAL
PULSANDINHO: Nossas comunidades são um
espaço onde o Deus da vida se manifesta. Não nos reunimos para "pagar
graças", e sim para celebrar o Deus que dá gratuitamente a vida para
todos. A gratidão, embora todos a queiram, poucos a manifestam com
sinceridade. Ela é um ornamento da humildade. Por isso, o senso de gratidão
revela o interior do ser humano, tendo como elemento importante para sua
vivência a fé o amor. A ausência do senso de gratidão é, evidente
manifestação de egoísmo e de incapacidade de perceber como Deus age em favor
do ser humano necessitado.
INTRODUÇÃO DO FOLHETO DOMINICAL O
POVO DE DEUS: Como Jesus curou os que
recorreram ao seu poder, hoje também ele transforma as nossas vidas, curando
e libertando das enfermidades e desvios. Neste mês missionário, reforcemos
nossa convicção de que todos os cristãos devem ser anunciadores desta
verdade, de forma que a Igreja esteja sempre em constante estado de missão.
Conscientes de que a salvação vem pela fé na pessoa e na obra de Jesus,
reforcemos, no Ano da Fé, nossa adesão a Cristo. E comemorando o Dia do
Professor, na próxima terça-feira, rezemos pela valorização dos professores
que trabalham no Ensino e lutemos por uma educação de qualidade e acessível a
todos.
INTRODUÇÃO DO WEBMASTER: O anúncio do reino de Deus é anúncio de
salvação, proclamado não só com a palavra, mas também com ações. Os milagres
confirmam o triunfo do Espírito sobre satanás, e é por isso que Jesus,
investido do Espírito, entra em luta com satanás no deserto. O Cristo é o
homem forte, que, lutando arduamente, tira o espírito do mal aquilo que ele
usurpou. Jesus inaugura o reino messiânico destruindo a obra do adversário.
Sintamos em nossos corações a
alegria do Amor ao Próximo e entoemos alegres cânticos ao Senhor!
XXVIII DOMINGO DO TEMPO COMUM
A FÉ SE TORNA AÇÃO DE GRAÇAS
Antífona da entrada: Senhor, se levardes em conta as nossas
faltas, quem poderá subsistir? Mas em vós encontra-se o perdão, Deus de
Israel (129,3s).
Comentário das Leituras: A liturgia da Palavra de hoje, convida-nos a
refletir sobre a gratidão. Dimensão, aliás, muito esquecida em nossa
sociedade. Em nossos dias de individualismo e de egocentrismo exacerbado, por
causa do mito do bemestar e da idolatria do mercado, a gratidão brilha como
uma luz nas trevas. Ouçamos como a Palavra realiza maravilhas na história e
glorifiquemos a Deus para sempre.
Primeira Leitura (2 Reis 5,14-17)
Leitura do segundo livro dos Reis.
2 14 Naamã desceu ao Jordão e
banhou-se ali sete vezes, como lhe ordenara o homem de Deus, e sua carne
tornou-se tenra como a de uma criança.
15 Voltando então para o homem de Deus, com toda a sua comitiva, entrou,
apresentou-se diante dele e disse: "Reconheço que não há outro Deus em
toda a terra, senão o de Israel. Aceita este presente do teu servo".
16 "Pela vida do Senhor a quem sirvo, replicou Eliseu, não aceitarei
nada". E apesar da instância de Naamã, ele recusou.
17 Então Naamã disse: "Se não o aceitas, permite ao menos que se dê ao
teu servo da terra deste país, tanto quanto possam carregar duas mulas,
porque doravante este teu servo não oferecerá mais holocausto nem sacrifício
a outros deuses, mas só ao Senhor".
Salmo responsorial 97/98
O Senhor fez conhecer a salvação
e às nações revelou sua justiça.
Cantai ao Senhor Deus um canto
novo,
porque ele fez prodígios!
Sua mão e o seu braço forte e santo
alcançaram-lhe a vitória.
O Senhor fez conhecer a salvação
e, às nações, sua justiça;
recordou o seu amor sempre fiel
pela casa de Israel.
Os confins do universo contemplaram
a salvação do nosso Deus.
Aclamai o Senhor Deus, ó terra inteira,
alegrai-vos e exultai!
Segunda Leitura (2 Timóteo 2,8-13)
Leitura da segunda carta de são Paulo a Timóteo.
2 8 Lembra-te de Jesus Cristo,
saído da estirpe de Davi e ressuscitado dos mortos, segundo o meu Evangelho,
9 pelo qual estou sofrendo até as cadeias como um malfeitor. Mas a palavra de
Deus, esta não se deixa acorrentar.
10 Pelo que tudo suporto por amor dos escolhidos, para que também eles
consigam a salvação em Jesus Cristo, com a glória eterna.
11 Eis uma verdade absolutamente certa: Se morrermos com ele, com ele
viveremos.
12 Se soubermos perseverar, com ele reinaremos.
13 Se, porém, o renegarmos, ele nos renegará. Se formos infiéis... ele
continua fiel, e não pode desdizer-se.
Aclamação do Evangelho
Aleluia, aleluia, aleluia.
Em tudo dai graças, pois esta é a vontade de Deus convosco em Cristo Jesus
(1Ts 5,18).
EVANGELHO (Lucas 17,11-19)
17 11 Sempre em caminho para
Jerusalém, Jesus passava pelos confins da Samaria e da Galiléia.
12 Ao entrar numa aldeia, vieram-lhe ao encontro dez leprosos, que pararam ao
longe e elevaram a voz, clamando:
13 Jesus, Mestre, tem compaixão de nós!
14 Jesus viu-os e disse-lhes: "Ide, mostrai-vos ao sacerdote". E
quando eles iam andando, ficaram curados.
15 Um deles, vendo-se curado, voltou, glorificando a Deus em alta voz.
16 Prostrou-se aos pés de Jesus e lhe agradecia. E era um samaritano.
17 Jesus lhe disse: "Não ficaram curados todos os dez? Onde estão os
outros nove?
18 Não se achou senão este estrangeiro que voltasse para agradecer a
Deus?!"
19 E acrescentou: "Levanta-te e vai, tua fé te salvou".
LEITURAS DA SEMANA DE 14 a 20 Outubro de 2013:
2ª Br - Rm 1,1-7; Sl 97(98); Lc 11,29-32
3ª Vd - Rm 1,16-25; Sl 18(19); Lc 11,37-41
4ª Vm - Rm 2,1-11; Sl 61(62); Lc 11,42-46
5ª Vm - Rm 3,21-30; Sl 129(130); Lc 11,47-54
6ª Vd - 2Tm 4,10-17b; Sl 144(145); Lc 10,1-9
Sb Vd - Rm 4,13.16-18; Sl 104(105); Lc 12,8-12
29º DTC Vd - Ex 17,8-13; Sl 120 (121); 2Tm 3,14–4,2; Lc 18,1-8 (Juiz iníquo e
viúva)
COMENTÁRIOS DO EVANGELHO
1. De novo Israel perde para um
estrangeiro...
Mateus, que escreve para os Judeus, não provocaria dessa maneira seus
leitores, mas estamos diante de Lucas, para quem Jesus é o Salvador e a
oferece gratuitamente a todos os homens. Por isso o personagem em evidência é
novamente um estrangeiro, um Samaritano, mal visto pelos Judeus, considerado
impuro e que por isso mesmo jamais iria ser salvo, uma vez que não tinha
acesso aos ritos de purificação e expiação dos pecados. A palavra
“Estrangeiro” com a qual Jesus se refere ao Samaritano nos induz a pensar que
os outros nove eram Judeus. Por que será que não voltaram?
A primeira leitura nos dá uma dica
importante quando Naamã, ao ver-se curado totalmente da lepra, como
predissera Eliseu que o mandou mergulhar sete vezes no rio Jordão, ele quer
de alguma forma retribuir ao profeta com presentes, que Eliseu recusa
veementemente. Naamã professa uma fé maravilhosa mas se vê na obrigação de
“dar algo em troca da cura”. O judeu pensa a mesma coisa “Deus faz, mas eu
preciso dar algo, eu preciso merecer, com minhas boas ações, rituais,
holocaustos e a prática da Lei. Eis aí porque os outros não voltaram, pensavam
assim: se foram curados, é porque mereceram aquela ação Divina a seu
favor e agora o mais importante a fazer era apresentar-se diante do Sacerdote
do templo, que iria homologar a cura” .Depois certamente iriam procurar Jesus
para agradecê-lo. Mas o Samaritano não pensa assim, para ele, a sua cura não
está em nível institucional, mas físico e espiritual. Cura de lepra, por
aquele tempo, era algo fantástico, que somente o Poder Divino poderia
fazê-lo. Lepra significava pecado, e a Instituição apenas separava os
“Impuros” dos “puros” , os pecadores dos que estavam
salvos. Era a religião altamente excludente!
Compreender a Graça como Dom
realmente gratuito não é nada fácil, até mesmo para nós,pois, quando
alguém de nossas relações, recebe algum ganho ou benefício, seja ele material
ou espiritual, logo dizemos “Você merece!”. Por que será que Deus atende a
alguns, cura esses, e não cura aqueles? Parece que atende mais a oração de
alguém em especial. Isso me lembra “Súplica Cearense” onde a certa altura da
música, a letra diz “Desculpe, eu não rezei direito o Senhor me perdoe, eu
acho que a culpa foi, deste pobre que não sabe fazer oração”. Existirá uma
fórmula certa para se rezar? O Segredo está no mais íntimo do ser humano,
quando percebemos Deus e a sua Graça agindo em nossas entranhas, somos
impelidos a louvá-lo, manifestando assim nossa gratidão.
O Samaritano deixa que o coração
fale mais alto, não há nada com que possa retribuir aquela cura, que para
ele, diferente do modo de pensar dos outros nove, era imerecida! Só Deus
poderia manifestar um amor tão grande, gratuito e incondicional, por isso ele
volta e se prostra aos pés de Jesus, reconhecendo o seu messianismo,
possivelmente disposto a tornar-se um seguidor. Os outros nove como já o
dissemos anteriormente, também viriam agradecê-lo, mas certamente não iriam
se prostrar, pois a Ação Divina estava no templo e no sacerdote, que para
eles estava acima de qualquer coisa.
Não coloquemos a Instituição,
nossas virtudes e labutas pastorais, como uma paga á Deus pelos inúmeros
benefícios que Ele nos concede no dia a dia. Antes, sintamos a alegria da sua
Graça presente em nós, e que é muito maior que nossos pecados e limitações.
Gratidão e louvor que expressamos em nossas liturgias, por esse Deus
manifestado em Jesus, e que nos ama do jeito que somos agora. Dando abertura
a essa Graça, como aquele Samaritano, sentiremos sempre uma alegria
inexplicável, que um dia se tornará plena, quando o Reio de Deus for
manifestado á toda a Humanidade!
2. É uma palavra que comunica o
Sopro de Deus e faz viver
O episódio da purificação do sírio Naamã, um pagão, pelo profeta Eliseu, já
foi evocado por Jesus, no início do terceiro evangelho (4,25-27), para
responder às objeções dos nazarenos do porquê Jesus não havia realizado em sua
própria pátria os atos de poder realizados em Cafarnaum: "Certamente
ireis me citar o provérbio: 'Médico, cura-te a ti mesmo'. Tudo o que ouvimos
dizer que fizeste em Cafarnaum, faze-o, também, aqui, em tua pátria"
(4,23). Mas a falta de fé impedia os conterrâneos de Jesus de acolhê-lo como
dom de Deus e de ver em sua pessoa a irrupção da vida de Deus em favor de
toda a humanidade. O que eles pensavam saber de Deus os cegava. Desse modo,
Nazaré passará a ser o protótipo de Israel, que rejeita a salvação no modo
como ela é oferecida por Deus ao seu povo, na plenitude do tempo. Essa
rejeição será utilizada, no Novo Testamento, como um dos argumentos para
afirmar a abertura da salvação aos pagãos.
O evangelho deste domingo trata da
cura por Jesus de dez leprosos, entre os quais um samaritano, um estrangeiro
(cf. v. 18), o único que retorna a Jesus para agradecer (cf. v. 16). Nós já
conhecemos a situação dos leprosos e como, mesmo do ponto de vista religioso,
eles eram desprezados e excluídos da graça de Deus. O Levítico descreve a
situação com detalhes: "O leproso portador desta enfermidade trará suas
vestes rasgadas e seus cabelos sem pentear; cobrirá o bigode e clamará:
Impuro! Impuro!… morará à parte: sua habitação será fora do acampamento"
(Lv 13,45-46). A lepra era tida como castigo de Deus e somente Deus podia
libertar a pessoa de tal enfermidade (cf. Nm 12,9-13). Há uma outra
purificação de um leproso, em Lucas 5,12-14, com o mesmo alcance messiânico.
"Dez" era o número dos leprosos que gritam implorando compaixão
(cf. vv. 12-13). Não há qualquer gesto, ao contrário da história de Eliseu;
somente a palavra de Jesus foi suficiente para purificá-los. É uma palavra
que é e comunica o Sopro de Deus que faz viver; palavra eficaz, pois,
"enquanto estavam a caminho, foram purificados" (v. 14).
"Dez" é um número que simboliza a totalidade de um povo. Todo um
povo é visitado pela graça de Deus. No entanto, dos dez somente um retorna
para agradecer; os outros nove não souberam reconhecer o tempo da graça e da
salvação. A cura da lepra é um dos sinais dos tempos messiânicos (cf.
7,22-23).
A salvação da qual Jesus é portador
e oferta a todos. Mas, se os dez foram beneficiados pela Palavra do Senhor,
por que somente o samaritano reconheceu e retornou para agradecer? "Não
foram dez os curados? E os outros nove, onde estão?" (v. 17). Somente o
samaritano, considerado herético pelos judeus, é que retornou cumprindo a
missão de Israel (cf. Sl 96[95],1-3). O texto interpela o leitor do
evangelho: quão difícil é reconhecer o Reino de Deus que se aproxima. O que é
necessário fazer ou cultivar para que não percamos a oportunidade de
reconhecer o tempo em que somos visitados?
Não obstante nós mesmos, "Deus
permanece fiel, mesmo quando nós lhe somos infiéis, pois não pode negar-se a
si mesmo" (2Tm 2,13).
ORAÇÃO
Pai, que o meu coração, repleto de fé, reconheça Jesus como a mediação de
todas as graças e favores que recebo de ti.
3. O PECADO DA INGRATIDÃO
O modo como os leprosos agem em relação ao benefício recebido de Jesus
corresponde às nossas atitudes perante a misericórdia divina.
No seu desespero, os leprosos
recorrem a Jesus, implorando piedade. Era insuportável a situação em que se
encontravam, vítimas da doença. Mesmo para recorrer ao Mestre, deviam
manter-se à distância, como mandava a Lei. Esta os obrigava a andar com as
vestes rasgadas, com os cabelos desgrenhados e a barba coberta. E mais,
deveriam habitar fora da cidade, e gritar: "impuro, impuro!",
quando alguém se aproximasse, para evitar a contaminação. Situação dolorosa!
A súplica pungente do grupo de
doentes encontra guarida no coração de Jesus. Ele os atende imediatamente,
ordenando que se apresentem aos sacerdotes, como se já estivessem curados.
Só um sentiu-se motivado a voltar atrás e agradecer a quem o havia curado.
Jogou-se aos pés de Jesus, dando gritos de louvor a Deus. E este era um
samaritano, membro de um povo inimigo dos judeus, visto com desprezo.
A gratidão brotou-lhe espontânea do
coração. Já os outros nove, judeus de origem, esqueceram-se de agradecer.
Assim, deram mostras de não ter dado o passo da fé, reconhecendo a condição
messiânica de Jesus. E perderam a chance de receber os benefícios da
salvação.
Oração
Espírito de agradecimento, torna-me sensível aos benefícios que eu recebo
cada dia, e dá-me um coração que seja sempre capaz de agradecer.
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