Liturgia da Segunda Feira — 28.10.2013
SANTOS SIMÃO E JUDAS - APÓSTOLOS
( VERMELHO, GLÓRIA, PREFÁCIO DOS APÓSTOLOS – OFÍCIO DA
FESTA )
Antífona da entrada: No seu amor
inabalável, o Senhor escolheu como apóstolo Simão e Judas e lhes deu uma
glória eterna.
Leitura (Efésios 2,19-22)
Leitura da carta de são Paulo aos Efésios.
2 19 Conseqüentemente, já não sois hóspedes nem
peregrinos, mas sois concidadãos dos santos e membros da família de Deus,
20 edificados sobre o fundamento dos apóstolos e profetas, tendo por pedra
angular o próprio Cristo Jesus.
21 É nele que todo edifício, harmonicamente disposto, se levanta até formar
um templo santo no Senhor.
22 É nele que também vós outros entrais conjuntamente, pelo Espírito, na
estrutura do edifício que se torna a habitação de Deus.
Salmo responsorial 18/19A
Seu som ressoa e se espalha em toda a terra.
Os céus proclamam a glória do Senhor,
e o firmamento, a obra de suas mãos;
o dia ao dia transmite essa mensagem,
a noite à noite publica essa notícia.
Não são discursos nem frases ou palavras,
nem são vozes que possa ser ouvidas;
seu som ressoa e se espalha em toda a terra,
chega aos confins do universo a sua voz.
Aclamação do Evangelho
Aleluia, aleluia, aleluia.
A vós, ó Deus, louvamos, a vós, Senhor, cantamos; vos louva, ó Senhor, o
corro dos apóstolos!
EVANGELHO (Lucas 6, 12-19)
6 12 Naqueles dias, Jesus retirou-se a uma montanha para
rezar, e passou aí toda a noite orando a Deus.
13 Ao amanhecer, chamou os seus discípulos e escolheu doze dentre eles que
chamou de apóstolos:
14 Simão, a quem deu o sobrenome de Pedro; André, seu irmão; Tiago, João,
Filipe, Bartolomeu,
15 Mateus, Tomé, Tiago, filho de Alfeu; Simão, chamado Zelador;
16 Judas, irmão de Tiago; e Judas Iscariotes, aquele que foi o traidor.
17 Descendo com eles, parou numa planície. Aí se achava um grande número de
seus discípulos e uma grande multidão de pessoas vindas da Judéia, de
Jerusalém, da região marítima, de Tiro e Sidônia, que tinham vindo para
ouvi-lo e ser curadas das suas enfermidades.
18 E os que eram atormentados dos espíritos imundos ficavam livres.
19 Todo o povo procurava tocá-lo, pois saía dele uma força que os curava a
todos.
COMENTÁRIOS DO EVANGELHO
1. Dois Judas e Duas Histórias
Há de se pensar que a diferença entre os dois Judas chamados pelo Senhor, é
que um era Santo e o outro era pecador. É bom que se diga que ninguém tem o
seu destino traçado diante de Deus, mas vamos escrevendo nossa história com
as decisões tomadas no dia a dia, e que podem ser favoráveis ou contrárias ao
Reino de Deus. Hoje é dia de São Judas Tadeu, que aparece como o penúltimo da
lista dos que foram “convocados” por Jesus sendo o outro Judas, o último.
Os dois tiveram a mesma oportunidade, os dois tinham
fraquezas e pecados, porém o nosso São Judas confiou na Graça de Deus e na
sua misericórdia, permitiu que a Força de Deus viesse ao encontro da sua
fraqueza, colocou-se disponível e abriu-se totalmente a Jesus que o chamou
para o apostolado. O outro Judas percorreu o caminho contrário, preferiu os seus
ideais do mundo, e em vez de se entregar e colocar a sua vida á
serviço do Reino que Jesus havia anunciado tentou dominar Jesus, para que ele
fizesse o seu "joguinho" e atendesse as suas conveniências, e o
pior, quando viu que deu tudo errado, não acreditou na misericórdia de Deus e
no fundo chorou de raiva, por ter se enganado diante da Verdade Absoluta.
A santidade não é ausência de pecado, alguém disse que,
os mais santos pecavam sete vezes ao dia, mas ser santo é ser separado,
consagrado para Deus, é um entrega total a ele, da nossa vida, daquilo que
somos, para que a sua missão e o seu anúncio ecoem e se prolonguem em nós,
que nos tornamos também Discípulos Missionários.
São Judas é um Santo muito popular e tem milhões de
devotos no mundo inteiro, mas a devoção não pode parar nele, mas sim naquele
que o santificou, a devoção aos nossos Santos e Santas de Deus, só é válida
quando nos conduzem a Jesus, pois a Graça maior que se pode conseguir de um
Santo como São Judas, é uma conversão profunda e sincera, inspirada pelo seu
exemplo, Fé e testemunho. São Judas Tadeu! Rogai por todos nós!
2.
A escolha dos Doze é precedida de uma
longa oração
Trata-se de uma segunda etapa no chamado dos doze
apóstolos. O primeiro relato do chamado foi junto ao mar da Galileia
(5,1-11). Que sejam "doze" (v. 13), significa que eles representam
todo o Israel, as doze tribos (ver: Lc 22,28-30). Não se fala ainda de sua
missão, o que será questão somente em 9,1-12. Há, como se pode notar, dois
grupos doravante: o grupo maior dos discípulos e o grupo dos Doze (cf. v.
13). O auditório amplo, aí presentes judeus, pagãos e enfermos, já sinaliza
para a universalidade da missão da Igreja.
A escolha dos Doze é precedida de uma longa oração de
Jesus sobre a montanha. A montanha é o lugar do conhecimento de Deus, lugar
de sua revelação; o monte é o lugar onde é dado ao ser humano conhecer os
desígnios salvíficos de Deus. É na oração que é concebida a escolha dos Doze.
Dizer isso não significa que a oração nos exime de equívocos. Ao nome de
Judas é acrescentada a observação de que ele se tornou o traidor. O ser
humano é livre e, muitas vezes, submetido a muitos condicionamentos. Isso
pode fazer com que ele não persevere no caminho que, inicialmente, aceitou
trilhar.
Ao tocar Jesus, as pessoas se sentiam tocadas pela
força que saía dele e curava a todos. É a força do Espírito Santo da qual ele
foi revestido e que move toda a sua existência terrestre.
ORAÇÃO
Pai, transforma-me em apóstolo de teu Filho Jesus para que, movido pelo
Espírito, eu possa ser sinal da presença dele neste mundo tão carente de
salvação.
3. APÓSTOLOS – DISCÍPULOS – MULTIDÃO
O Evangelho distingue com precisão três níveis no círculo dos que
acompanhavam Jesus. O primeiro e mais próximo era o grupo formado pelos doze
apóstolos, um punhado de discípulos escolhidos por Jesus, após ter passado
uma noite inteira em oração a Deus.
A palavra apóstolo vem do vocábulo grego e significa
enviado. Tratava-se de um termo de caráter jurídico bastante comum no
judaísmo da época. O apóstolo era o representante plenipotenciário de quem o
enviava. No caso de Jesus, ele conferia a seus enviados plenos poderes para
representá-lo. Daí a importância de escolhê-los com muito discernimento. O
sucesso de sua obra dependia do bom desempenho deste grupo seleto.
Os discípulos formavam um círculo mais amplo, composto
por todos quantos aderiram a Jesus e se esforçavam por conformar suas vidas
com os seus ensinamentos. Os discípulos do Senhor distinguiam-se dos
discípulos dos rabinos. Supunha-se haver entre eles e o Mestre uma profunda
comunhão de vida. Eram instruídos pela contemplação do comportamento do
Mestre, que ensinava com seu exemplo. Casuísmos e teorias não tinham sentido
na escola de Jesus.
A multidão era o círculo dos curiosos que esperavam ser
beneficiados pelo Mestre, sem, contudo, a intenção de se comprometerem mais
profundamente com ele. É desta multidão que surgirão novos discípulos que
livremente irão optar por seguir o Senhor.
Oração
Pai, transforma-me em apóstolo de teu Filho Jesus para que, movido pelo
Espírito, eu possa ser sinal da presença dele neste mundo tão carente de
salvação.
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XXX SEMANA DO TEMPO COMUM
( VERDE – OFÍCIO DO DIA )
Antífona da entrada: Exulte o coração
que buscam a Deus. Sim, buscai o Senhor e sua força, procurai sem cessar a
sua face (Sl 104,3s).
Leitura (Romanos 8,18-25)
Leitura da carta de são Paulo aos Romanos.
8 18 Tenho para mim que os sofrimentos da presente vida
não têm proporção alguma com a glória futura que nos deve ser manifestada.
19 Por isso, a criação aguarda ansiosamente a manifestação dos filhos de
Deus.
20 Pois a criação foi sujeita à vaidade (não voluntariamente, mas por vontade
daquele que a sujeitou),
21 todavia com a esperança de ser também ela libertada do cativeiro da corrupção,
para participar da gloriosa liberdade dos filhos de Deus.
22 Pois sabemos que toda a criação geme e sofre como que dores de parto até o
presente dia.
23 Não só ela, mas também nós, que temos as primícias do Espírito, gememos em
nós mesmos, aguardando a adoção, a redenção do nosso corpo.
24 Porque pela esperança é que fomos salvos. Ora, ver o objeto da esperança
já não é esperança; porque o que alguém vê, como é que ainda o espera?
25 Nós que esperamos o que não vemos, é em paciência que o aguardamos.
Salmo responsorial 125/126
Maravilhas fez conosco o Senhor,
exultemos de alegria!
Quando o Senhor reconduziu nossos cativos,
parecíamos sonhar;
encheu-se de sorriso nossa boca,
nossos lábios, de canções.
Entre os gentios se dizia: "Maravilhas
fez com eles o Senhor!"
Sim, maravilhas fez conosco o Senhor,
exultemos de alegria!
Mudai a nossa sorte, ó Senhor,
como torrentes no deserto.
Os que lançam as sementes entre lágrimas
ceifarão com alegria.
Chorando de tristeza sairão,
espalhando suas sementes;
cantando de alegria voltarão,
carregando os seus feixes!
Aclamação do Evangelho
Aleluia, aleluia, aleluia.
Graças te dou, ó Pai, Senhor do céu e da terra, pois revelaste os mistérios
do teu reino aos pequeninos, escondendo-os aos doutores! (Mt 11,25)
EVANGELHO (Lucas 13,18-21)
Naquele tempo, 13 18 Jesus dizia ainda: "A que é
semelhante o Reino de Deus, e a que o compararei?
19 É semelhante ao grão de mostarda que um homem tomou e semeou na sua horta,
e que cresceu até se fazer uma grande planta e as aves do céu vieram fazer
ninhos nos seus ramos".
20 Disse ainda: "A que direi que é semelhante o Reino de Deus?
21 É semelhante ao fermento que uma mulher tomou e misturou em três medidas
de farinha e toda a massa ficou levedada".
COMENTÁRIOS DO EVANGELHO
1. O Reino do Céu é como um filetezinho dágua
Certa ocasião em minha adolescência, eu fui conhecer a nascente de um grande
rio e fiquei admirado pois o filete que saia do olho d'água, próximo a uma
rocha, não dava nem meio palmo, sendo que há muitos quilômetros dali, havia
pontos em que, de uma margem quase que não conseguia se enxergar a
outra....tornando-se grandioso e imponente.
Jesus falava com gente simples da roça, que conhecia o
grão de mostarda, tão pequenina que era quase invisível a olho nu, sem exagero.
Depois provavelmente aproximou-se do grupo algumas Donas de casa
especialistas em fazer pão caseiro, e imediatamente comparou o Reino de Deus
a uma pitadinha de fermento, que embora insignificante em sua quantidade,
consegue levitar toda a massa, desaparecendo n o meio dela...
Eis aí o prenúncio de um Reino que vai começar pequeno,
insignificante e sem valor, para ser no final de uma grandeza tamanha que
envolverá toda a terra.
Jesus começou com 12 discípulos, depois enviou 72, e a
coisa foi crescendo e assim chegou até nós nos dias de hoje. Qual a lição que
podemos tirar desse Evangelho? Que o Reino é mais consistente nas pequenas
comunidades, nos pequenos grupos, que se tornam fermento na massa, e são
capazes de mudar até as estruturas. Isso não é marxismo, isso é o mais puro
cristianismo.
Experimente ser diferente e dar um sabor novo, imitando
Jesus Cristo, aí n o seu trabalho, na sua família ou no seu pequeno grupo ou
equipe e irá comprovar tudo o que Jesus está falando nesse evangelho. E não
se esqueçam: projetos megalomaníacos não combinam com o Reino de Deus,
Palavras de Jesus... Podes crer...
2. No dinamismo do Reino é preciso empenho e
confiança na ação de Deus
A perícope do evangelho de hoje é constituída por duas pequenas parábolas do
Reino, que visam ilustrar o dinamismo do seu crescimento: do pequeno/pouco se
torna grande. Nas duas parábolas se diz da contribuição das pessoas no
crescimento do Reino de Deus: na parábola do grão de mostarda, "alguém
pegou e semeou no seu jardim" (v. 19); na parábola do fermento, uma
mulher pegou o fermento "e pôs em três porções de farinha" (v. 21).
Numa e noutra parábola, o Reino de Deus conta com a
colaboração do ser humano, mas germinar, crescer e se tornar um arbusto, além
do crescimento da massa, já não depende do homem. É Deus quem faz crescer. No
dinamismo do Reino em crescimento é preciso empenho e, ao mesmo tempo,
paciência e confiança na ação de Deus.
ORAÇÃO
Senhor, faze de mim instrumento de teu Reino para que ele chegue a todas as
pessoas, sem exceção, mormente os pobres e marginalizados.
3. O CONTRASTE ENTRE O INÍCIO E O FIM
A caminho de Jerusalém, Jesus conta duas pequenas parábolas, para dispor os
discípulos para a experiência que haveriam de fazer. Nelas se estabelece o
contraste entre o início do Reino, na humildade e na perda, e seu fim
grandioso. Só quem foi alertado para esta dinâmica divina será capaz de
superar o desânimo e a decepção do momento.
A semente de mostarda era símbolo de pequenez. Todavia,
esse grão minúsculo, lançado na terra, germina e se torna um arbusto de até
três metros, permitindo às aves pousar em seus ramos.
Também a pitadinha de fermento, ao ser colocada numa
quantidade excepcional de farinha (três medidas) ou seja, cerca de 50 quilos,
era suficiente para fermentá-la e torná-la apta para a fabricação do pão.
Com o Reino dá-se algo semelhante. É preciso esperar
com confiança. Seu projeto iniciado com um punhado de pessoas sem projeção
social, tidas como estranhas para os esquemas religiosos da época, e sem
muitas perspectivas, era como o grão de mostarda e o fermento. Pequenos e
frágeis, mas destinados a um fim grandioso. Por trás desta dinâmica, estava o
dedo de Deus. Ele é que capacitaria este grupo inexpressivo para se tornar
mediação de propagação do Reino, de modo a fermentar toda a história humana.
Oração
Espírito de esperança em Deus, ensina-me a perceber a ação divina fermentando
a história humana por meio de pessoas frágeis e humildes.
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XXX SEMANA DO TEMPO COMUM
( VERDE – OFÍCIO DO DIA )
Antífona da entrada: Exulte o coração
que buscam a Deus. Sim, buscai o Senhor e sua força, procurai sem cessar a
sua face (Sl 104,3s).
Leitura (Romanos 8,26-30)
Leitura da carta de são Paulo aos Romanos.
8 26 Outrossim, o Espírito vem em auxílio à nossa fraqueza;
porque não sabemos o que devemos pedir, nem orar como convém, mas o Espírito
mesmo intercede por nós com gemidos inefáveis.
27 E aquele que perscruta os corações sabe o que deseja o Espírito, o qual
intercede pelos santos, segundo Deus.
28 Aliás, sabemos que todas as coisas concorrem para o bem daqueles que amam
a Deus, daqueles que são os eleitos, segundo os seus desígnios.
29 Os que ele distinguiu de antemão, também os predestinou para serem
conformes à imagem de seu Filho, a fim de que este seja o primogênito entre
uma multidão de irmãos.
30 E aos que predestinou, também os chamou; e aos que chamou, também os
justificou; e aos que justificou, também os glorificou.
Salmo responsorial 12/13
Senhor, eu confiei na vossa graça!
Olhai, Senhor, meu Deus, e respondei-me!
Não deixeis que se me apague a luz dos olhos
e se fechem, pela morte, adormecidos!
Que o inimigo não me diga: 'Eu triunfei!'
Nem exulte o opressor por minha queda.
Uma vez que confiei no vosso amor,
meu coração, por vosso auxílio, rejubile
e que eu vos cante pelo bem que me fizestes!
Aclamação do Evangelho
Aleluia, aleluia, aleluia.
Pelo evangelho o Pai nos chamou, a fim de alcançarmos a glória de nosso
Senhor Jesus Cristo (2Ts 2,14)
Evangelho (Lucas 13,22-30)
Naquele tempo, 13 22 sempre em caminho para Jerusalém,
Jesus ia atravessando cidades e aldeias e nelas ensinava.
23 Alguém lhe perguntou: "Senhor, são poucos os homens que se
salvam?" Ele respondeu:
24 "Procurai entrar pela porta estreita; porque, digo-vos, muitos
procurarão entrar e não o conseguirão.
25 Quando o pai de família tiver entrado e fechado a porta, e vós, de fora,
começardes a bater à porta, dizendo: 'Senhor, Senhor, abre-nos', ele
responderá: 'Digo-vos que não sei de onde sois'.
26 Direis então: 'Comemos e bebemos contigo e tu ensinaste em nossas praças'.
27 Ele, porém, vos dirá: 'Não sei de onde sois; apartai-vos de mim todos vós
que sois malfeitores'.
28 Ali haverá choro e ranger de dentes, quando virdes Abraão, Isaac, Jacó e
todos os profetas no Reino de Deus, e vós serdes lançados para fora.
29 Virão do oriente e do ocidente, do norte e do sul, e sentar-se-ão à mesa
no Reino de Deus.
30 Há últimos que serão os primeiros, e há primeiros que serão os
últimos".
COMENTÁRIOS DO EVANGELHO
1.
A Porta Estreita
Quando medito este evangelho sempre me lembro do “Miudinho”, apelido de um
amigo da minha adolescência, que era bem “robusto” para não dizer que ele era
“gordinho”. Por conta da obesidade ganhou fama de ser o molenga da nossa
turma onde era sempre o último nas brincadeiras ou aprontações que fazíamos.
Certa ocasião ficou entalado em um tubo de concreto que ficava no final da
rua, por onde entrávamos sorrateiramente por uma galeria em desuso, tendo
acesso a um terreno que pertencia a Dona Assunta, e onde deliciávamos com a
doçura das mangas e amoras.
O muro era alto e o portão antigo era inacessível, até
o dia em que descobrimos a tubulação e passamos a utilizá-la sendo para nós
uma aventura porque engatinhando, varávamos coisa de três ou quatro metros
por baixo do muro. Ao ficar entalado na galeria, por causa de ser gordinho, e
não saindo para frente e nem para trás, Miudinho armou o maior berreiro
chamando a atenção da vizinhança e assim, fomos pegos em flagrante pela
proprietária do terreno, enquanto que os moradores, com muito esforço
conseguiram desentalar o coitado do Miudinho. Decidimos, a partir daquele
dia, deixá-lo fora de nossas aventuras porque ele não conseguia ter agilidade
para nos acompanhar. O reino do céu é meio parecido com aquele terreno baldio,
palco das nossas aventuras e onde curtíamos a doçura da fruta madurinha á
sombra de grandes árvores: o acesso é por uma passagem bem estreita...
A pergunta dos discípulos, feita a Jesus, se é verdade
que poucos irão se salvar, deve-se ao fato de que a salvação, para eles, era
uma espécie de troféu, com que Deus premiava os que faziam boas obras e
observavam com rigor a lei e todos os demais preceitos religiosos. Nós
cristãos, que pertencemos à igreja, devemos também pensar nisso e perguntar
se iremos nos salvar... Jesus nos alerta que a passagem é bem estreita e
requer certo esforço de quem se fez discípulo. Há uma porta larga do
ritualismo e do seguimento da lei, há eventos religiosos que reúne milhares
de pessoas, há igrejas cristãs de todas as denominações, cujos templos ficam
lotados de fiéis nos finais de semana. Será que nesta religião sem
compromisso, todos já tem o passaporte carimbado para entrar no reino?
Para passar pela porta estreita é preciso se fazer
pequeno e ter no coração e na mente esta consciência de que a salvação é dom
de Deus e não fruto das nossas obras ou práticas religiosas, quem pensa
diferente disso é semelhante ao meu amigo Miudinho e vai acabar ficando
“entalado” no seu egoísmo e orgulho. Mas ser pequeno também significa servir aos
irmãos e irmãs, a palavra servir vem de servo, escravo, aquele que se
rebaixa, que se curva diante do outro, Jesus fez isso no “Lava-pés”, fazendo
uma tarefa que pertencia a um escravo, o que prefigurou o rebaixamento final
que iria ocorrer em Jerusalém, para onde Jesus caminha decidido a entregar-se
por todos.
Portanto, o amor que se rebaixa traduzindo-se em
serviço é que faz de nós verdadeiros cristãos, Filhos do Pai, que nos
vocaciona para o amor, irmãos de Jesus, servo maior com quem nos
identificamos e por quem somos reconhecidos. Os que pensam que já estão
salvos, com um pé na vaga do céu, só porque pertencem a esta ou aquela
denominação religiosa, e são observantes zelosos de toda doutrina e preceito,
irão certamente ficar bem desapontados porque o Senhor não os reconhecerá
como diz o evangelho: “Nós não saíamos de sua casa, comíamos e bebíamos na
tua presença...”. “Sumam”! Não sei quem são vocês! Não os conheço!”--- dirá o
Senhor”.
2.
A porta estreita é oposta à prática
da iniquidade
O texto do evangelho menciona a subida para Jerusalém (v. 22; cf. 9,51).
Trata-se da parte central do evangelho segundo Lucas, que, mais que um
trajeto geograficamente determinado, tem um valor simbólico e didático: são
lições que Jesus dá aos discípulos na perspectiva de sua "saída"
deste mundo.
"Senhor, é verdade que são poucos os que se
salvam?" (v. 23). A salvação é um dom de Deus e compete somente a ele.
Aos discípulos compete viver esta graça, configurando a sua vida à vida de
Cristo.
O discípulo é chamado a fazer uma opção: entrar pela
"porta estreita" (v. 24). A porta estreita é oposta à prática da
iniquidade (v. 27). No evangelho segundo João, Jesus se apresenta como a
porta das ovelhas (Jo 10,7.9): "Eu sou a porta. Quem entrar por mim será
salvo" (Jo 10,9). É por Jesus que se alcança a salvação.
Toda a sua existência terrestre e a sua vida gloriosa é
que dá acesso ao Reino de Deus. Os que "praticam a iniquidade" (v.
27) são os que resistem em fazer a vontade de Deus, os que, pela dureza de
coração, se opõem e perseguem Jesus. A humanidade inteira é destinatária da
salvação de Deus em
Jesus Cristo: "Virão muitos do oriente e do ocidente,
do norte e do sul, e tomarão parte à mesa do Reino de Deus" (v. 29).
Não necessariamente os que foram chamados primeiro
aceitarão participar do banquete do Cordeiro. Mas os últimos, os pagãos, têm
também lugar assegurado, desde que aceitem entrar pela "porta
estreita".
ORAÇÃO
Pai, conduze-me pelo verdadeiro caminho da salvação que passa pelo serviço
misericordioso e gratuito a quem carece de meu amor.
3. A
FALSA SEGURANÇA
Jesus recusa-se a entrar na discussão casuística sobre quem se salvará, por
considerá-la inútil. Importante para ele era empenhar-se, com sinceridade,
por viver uma vida agradável a Deus, e assim, ser acolhido por ele, no final
da caminhada terrena.
As palavras do Mestre são uma denúncia contra aqueles
que se iludem pensando ter garantido uma vaga no céu, quando, de fato, estão
vagando longe da salvação. "Comemos e bebemos na tua presença, e tu
ensinaste nas nossas praças" dizem os que se iludem pensando que, no
Reino de Deus, tem valor evocar determinadas procedências étnicas, práticas
religiosas ou formação cultural como privilégios para se ingressar nele.
É a falsa segurança dos judeus, mormente, dos fariseus.
Mas pode ser também a falsa segurança da comunidade cristã. Sem a prática da
justiça e da caridade, sem um amor entranhado ao semelhante, de nada valerá
evocar, diante de Deus, a condição de cristão para se ingressar no Reino. Se
neste existem privilegiados, estes são os pobres, os marginalizados, os
oprimidos, os desclassificados. Ou seja, os que estão reduzidos a uma
condição tão deplorável, a ponto de não conseguirem voltar-se para Deus, a
fim de exigir dele a salvação. Quiçá, no seu entender, a salvação esteja fora
de seus horizontes. Para que preocupar-se com ela?
Quem se considera privilegiado, não procurando
vivenciar o amor, será expulso do Reino; ao passo que os últimos serão
acolhidos pelo Senhor.
Oração
Espírito de justiça e caridade, torna-me solícito em dedicar-me à prática do
bem, de forma a agradar ao Senhor e alcançar a salvação.
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XXX SEMANA DO TEMPO COMUM
( VERDE – OFÍCIO DO DIA )
Antífona da entrada: Exulte o coração
que buscam a Deus. Sim, buscai o Senhor e sua força, procurai sem cessar a
sua face (Sl 104,3s).
Leitura (Romanos 8,31-39)
Leitura da carta de são Paulo aos Romanos.
8 31 Que diremos depois disso? Se Deus é por nós, quem
será contra nós?
32 Aquele que não poupou seu próprio Filho, mas que por todos nós o entregou,
como não nos dará também com ele todas as coisas?
33 Quem poderia acusar os escolhidos de Deus? É Deus quem os justifica.
34 Quem os condenará? Cristo Jesus, que morreu, ou melhor, que ressuscitou,
que está à mão direita de Deus, é quem intercede por nós!
35 Quem nos separará do amor de Cristo? A tribulação? A angústia? A
perseguição? A fome? A nudez? O perigo? A espada?
36 Realmente, está escrito: Por amor de ti somos entregues à morte o dia
inteiro; somos tratados como gado destinado ao matadouro.
37 Mas, em todas essas coisas, somos mais que vencedores pela virtude daquele
que nos amou.
38 Pois estou persuadido de que nem a morte, nem a vida, nem os anjos, nem os
principados, nem o presente, nem o futuro, nem as potestades,
39 nem as alturas, nem os abismos, nem outra qualquer criatura nos poderá
apartar do amor que Deus nos testemunha em Cristo Jesus, nosso
Senhor.
Salmo responsorial 108/109
Salvai-me, Senhor, segundo a vossa bondade!
Agi a meu favor, ó Senhor Deus,
por amor do vosso nome, libertai-me,
pois vossa lealdade é benfazeja!
Necessitado e infeliz, eis o que sou,
dentro de mim meu coração está ferido!
Senhor, meu Deus, vinde ajudar-me e salvar-me
segundo vosso amor e compaixão.
Para que nisso reconheçam vossa mão
e saibam que sois vós que o fizestes!
Celebrarei o meu Senhor em alta voz,
em meio à multidão hei de louvá-lo.
Pois ele defende o indigente e o salva
daqueles que condenam sua alma.
Aclamação do Evangelho
Aleluia, aleluia, aleluia.
Bendito é o rei que vem em nome do Senhor! Glória a Deus nos altos céus e na
terra paz aos homens! (Lc 19,38;2,14)
EVANGELHO (Lucas 13,31-35)
13 31 No mesmo dia chegaram alguns dos fariseus, dizendo a
Jesus: "Sai e vai-te daqui, porque Herodes te quer matar".
32 Disse-lhes ele: "Ide dizer a essa raposa: eis que expulso demônios e
faço curas hoje e amanhã; e ao terceiro dia terminarei a minha vida.
33 É necessário, todavia, que eu caminhe hoje, amanhã e depois de amanhã,
porque não é admissível que um profeta morra fora de Jerusalém.
34 Jerusalém, Jerusalém, que matas os profetas e apedrejas os enviados de
Deus, quantas vezes quis ajuntar os teus filhos, como a galinha abriga a sua
ninhada debaixo das asas, mas não o quiseste!
35 Eis que vos ficará deserta a vossa casa. Digo-vos, porém, que não me
vereis até que venha o dia em que digais: 'Bendito o que vem em nome do
Senhor!'"
COMENTÁRIOS DO EVANGELHO
1. No Terceiro Dia terminarei meu trabalho
Até os Fariseus, que tiveram sua conduta muitas vezes censurada por Jesus,
sabem que ele corre perigo de morte e o alertam sobre Herodes. Tudo por causa
da sua linha profética, que o torna incômodo, porque o profeta fiel á sua
missão, não fala o que o mundo quer ouvir, não fala para agradar as pessoas,
e também por outro lado, não tem medo de falar tudo o que se refere a Verdade
Divina. E uma qualidade primordial de um profeta: não fala para fazer média
ou com segundas intenções, para tirar proveito dos seus ouvintes, como alguns
pregadores de hoje em dia, que falam muito mais não dizem nada... Isto é, só fazem
barulho...
Em sua resposta onde chama Herodes de Raposa, alguém
que usa sua astúcia para o mal, Jesus deixa claro que tem uma missão a
cumprir, um trabalho a fazer, e que nada irá detê-lo, mesmo sabendo que em
Jerusalém sua vida será tirada. Jesus não é alguém "marcado para
morrer" e a sua vida é uma desgraça e uma fatalidade... O que nele está
em evidência é a sua total fidelidade á missão de Salvar a Humanidade, missão
esta que terá pleno êxito...
Muito séria e atual a exortação sobre Jerusalém, pois
aí a gente pode se enxergar nesse evangelho, pois a Jerusalém é a nossa
Igreja, onde por excelência o Reino deve ser sinalizado, o lugar do
acolhimento, da convivência fraterna, da comunhão, lugar do encontro de Deus
manifestado em Jesus, com os Homens, lugar onde a Vida do irmão está em
primeiro lugar, lugar do amor que se doa, que se ajuda, que se compreende,
que é solidário e busca sempre a justiça.
Com um perfil assim, legado pelo próprio Senhor Jesus,
a nossa Igreja nunca será simpática aos olhos do mundo e de algumas
instituições. Os profetas da pós modernidade, pregam sempre o contrário do
que prega a Igreja. Ninguém pense que a Igreja será vitoriosa no confronto
com o mundo, Jesus não saiu-se vitorioso em Jerusalém, ao contrário, passou
pelo vexame de uma morte humilhante e vergonhosa, entretanto, ao terceiro dia
completou sua obra com a Ressurreição.
Que a nossa Igreja, que percorre a mesma estrada de
Jesus e dos profetas, não se curve, não se submeta ás Forças contrárias ao
Reino, ainda que venha o fracasso, ainda que a Igreja seja ridicularizada,
pois haverá um "Terceiro Dia" , o Dia do Senhor, o Dia da Verdade,
o dia em que Deus
"dará o troco" aos que não acreditaram, aos que o combateram...
2. Um verdadeiro profeta
A intenção dos fariseus não é clara. Certamente, não estão preocupados com a
vida de Jesus, pois eles mesmos, juntamente com os escribas e os chefes do
povo, querem matá-lo, como de fato o farão. O mais provável é que queiram
intimidar Jesus.
No entanto, Jesus não se deixa intimidar, nem permite
que alguém ou algo o demova do firme propósito de fazer a vontade de Deus. No
início de seu ministério público, quando os nazarenos queriam precipitá-lo
morro abaixo, o narrador do evangelho observa: "Passando pelo meio
deles, prosseguia o seu caminho" (4,30). Por que Herodes quereria matar
Jesus? Esta notícia parece surpreendente ao leitor e revela mais uma das
armadilhas dos fariseus.
A rejeição de Jerusalém à mensagem salvífica de Deus
vai ser levada a termo na rejeição e condenação à morte de Jesus, Filho de
Deus, um verdadeiro profeta, homem poderoso em gestos e palavras.
ORAÇÃO
Pai, predispõe-me, pela força do teu Espírito, a acolher a salvação que teu
Filho Jesus me oferece, fazendo-me digno deste dom supremo de tua bondade.
3. SEM MEDO DOS PREPOTENTES
É interessante notar como alguns fariseus tenham ido avisar Jesus a respeito
das intenções assassinas de Herodes. A hostilidade deles contra o Mestre, e
as contínuas controvérsias entre eles, leva-nos a suspeitar de suas reais
intenções. À primeira vista, tem-se a impressão de que os fariseus queriam
proteger Jesus das tramas do facínora Herodes. Este já havia eliminado João
Batista. Agora, queria eliminar também Jesus. Quiçá desejassem evitar
complicações com os romanos, supondo-se ser Jesus deveras um revolucionário,
um sublevador da ordem. Contudo, a notória hipocrisia dos fariseus
recomendava pôr em xeque suas boas intenções. Não conseguiram, porém, enredar
o Mestre nesta trama.
Jesus sabia serem eles emissários de Herodes, com quem
pactuavam. Por isso, mandou-os de volta com um recado para aquela
"raposa" política.
Apesar das ameaças, o Mestre levaria em frente sua
missão, sem se intimidar com a prepotência e a arrogância de Herodes. O
conselho mal-intencionado dos fariseus jamais haveria de demovê-lo do caminho
traçado pelo Pai. Sua missão só chegaria ao fim, quando o Pai assim o
determinasse. Seria inútil querer detê-lo, servindo-se de malícia ou de
astúcia.
Foi vão o projeto assassino de Herodes contra Jesus.
Este "privilégio" caberia a Jerusalém, a Cidade Santa, que se
tornou assassina dos enviados de Deus. A morte de Jesus seria mais uma
demonstração da vocação desta cidade: ser assassina dos profetas.
Oração
Espírito de firmeza e determinação, fortalece minha fé, de modo a
predispor-me para enfrentar e vencer todas as forças contrárias à minha
decisão de ser fiel ao projeto do Pai.
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XXX SEMANA DO TEMPO COMUM *
( VERDE – OFÍCIO DO DIA )
Antífona da entrada: Exulte o coração
que buscam a Deus. Sim, buscai o Senhor e sua força, procurai sem cessar a
sua face (Sl 104,3s).
Leitura (Romanos 9,1-5)
Leitura da carta de são Paulo aos Romanos.
9 1 Digo a verdade em Jesus Cristo, não
minto; a minha consciência me dá testemunho pelo Espírito Santo:
2 sinto grande pesar, incessante amargura no coração.
3 Porque eu mesmo desejaria ser reprovado, separado de Cristo, por amor de
meus irmãos, que são do mesmo sangue que eu, segundo a carne.
4 Eles são os israelitas; a eles foram dadas a adoção, a glória, as alianças,
a lei, o culto, as promessas
5 e os patriarcas; deles descende Cristo, segundo a carne, o qual é, sobre
todas as coisas, Deus bendito para sempre. Amém.
Salmo responsorial 147/147B
Glorifica o Senhor, Jerusalém!
Glorifica o Senhor, Jerusalém!
Ó Sião, canta louvores ao teu Deus!
Pois reforçou com segurança as tuas portas,
e os teus filhos em teu seio abençoou.
A paz em teus limites garantiu
e te dá como alimento a flor do trigo.
Ele envia suas ordens para a terra,
e a palavra que ele diz corre veloz.
Anuncia a Jacó sua palavra,
seus preceitos e suas leis de Israel.
Nenhum povo recebeu tanto carinho,
a nenhum outro revelou os seus preceitos.
Aclamação do Evangelho
Aleluia, aleluia, aleluia.
Minhas ovelhas escutam minha voz, eu as conheço e elas me seguem (Jo 10,27).
EVANGELHO (Lucas 14,1-6)
14 1 Jesus entrou num sábado em casa de um fariseu
notável, para uma refeição; eles o observavam.
2 Havia ali um homem hidrópico.
3 Jesus dirigiu-se aos doutores da lei e aos fariseus: "É permitido ou
não fazer curas no dia de sábado?"
4 Eles nada disseram. Então Jesus, tomando o homem pela mão, curou-o e
despediu-o.
5 Depois, dirigindo-se a eles, disse: "Qual de vós que, se lhe cair o
jumento ou o boi num poço, não o tira imediatamente, mesmo em dia de
sábado?"
6 A isto nada lhe podiam replicar.
COMENTÁRIOS DO EVANGELHO
1. Uma resposta linda
Um amigo muito espirituoso comentou comigo, sobre este evangelho, que Jesus
parecia que gostava de “Cutucar a onça com vara curta”. Entrou na casa de um
Fariseu notável em dia de sábado, para tomar uma refeição, estava sob a
vigilância severa do grupo de Fariseus, e eis que ali estava um Homem
Hidrópico. Há que se desconfiar até que os próprios Fariseus levaram este
homem lá, para ver a reação de Jesus, achando que ele não teria o “topete” de
fazer uma cura em dia de sábado, justo na casa de um Fariseu importante.
Não se sabe se foi armação dos Fariseus, pode até ser
que sim, pois não era novidade que eles estavam “doidinhos” para pegar o
Mestre em uma armadilha. Jesus, como sempre, manteve a serenidade e ainda
perguntou se era permitido ou não, fazer curas em dia de Sábado. Os Fariseus
nada disseram mas certamente com os olhares “fuzilaram” Jesus.
Se não fossem tão cegos e cabeça dura, se não tivessem
um coração tão endurecido e fechado á Graça de Deus, e reconhecessem a Jesus
como o Messias esperado e prometido, que viera para Salvar a Humanidade,
poderiam dar uma linda resposta.
“Olha mestre, ao Senhor tudo é permitido, pois hoje nós
celebramos o repouso, o Dia em que nosso Deus Eterno e Poderoso criou todas
as coisas, como o Senhor é o Filho Dele e Aquele que nós todos esperamos,
tens o poder de restaurar e refazer todas as coisas, inclusive devolver a
saúde a este nosso irmão, para nós será motivo de muita alegria e iremos dar
Glórias a Deus. O Senhor nem precisava perguntar, és o Senhor da Vida e da
História...”
Esta é a resposta que qualquer um de nós daria, se lá
estivéssemos. Então mudemos a pergunta, em lugar dos Fariseus está um grupo
de zelosos agentes da pastoral do Batismo, com uma larga caminhada e que
sabem de cor cada regra ou norma da Igreja “Deve-se batizar o filho de uma
mãe solteira, ou não?”. “Pode um casal em segunda união receber a Comunhão?”
“Pode um evangélico visitar a Igreja Católica e vir em uma celebração?” Pode
um católico ter amizade com um Espírita ou de outra religião, que não seja
Cristã”? Tem outras perguntinhas iguais a essa, que a gente se engasga quando
vai responder.
Uma coisa é darmos uma resposta linda, estando lá, em
lugar do Fariseu, outra é estarmos aqui, diante de situações onde, na maioria
das vezes priorizamos a Lei, a Linha Pastoral, a norma, e esquecemos do mais
importante: de acolher as pessoas, de ouvir suas histórias, de anunciarmos
também a elas o Santo Evangelho que Liberta e dá a verdadeira Vida!
Jesus curou o homem enfermo e ainda fez uma pergunta
muito provocante “Se o trabalho a ser feito, como tirar um Jumento do poço,
for de interesse próprio, será que alguém vai pensar no Preceito Sabático?”.
Ou seja, todo rigor e austeridade quando se aplica a Lei ao outro, quando for
para o meu interesse, a lei sempre é mais branda.
A classe dos Fariseus há muito já se foi, mas o Espírito Farisaico está mais
vivo do que nunca, principalmente nas comunidades que se dizem Cristãs.
2. Olhar com misericórdia
É a terceira vez que Jesus é convidado para uma refeição na casa de um
fariseu (7,36; 11,37). Esta repetição do encontro de Jesus com os fariseus em
suas respectivas casas mostra que entre Jesus e os fariseus há uma mescla de
simpatia e resistência. Essa proximidade relativa não impede Jesus de
alertá-los. Os fariseus, efetivamente, desejam viver fielmente sua religião e
creem servir a Deus através de suas práticas, sobretudo, uma determinada
prática da Lei. Mas a rigidez quase obsessiva os cega, liga-os de modo
estreito à letra do texto; a Lei de Deus é para eles um conjunto de regras e
preceitos. Esse modo de cumprir a Lei, que eles julgavam ser o correto, fazia
com que se esquecessem do essencial da Lei: o amor a Deus e o amor fraterno.
Esse modo de interpretar a Lei os impedia de olhar para os outros com
misericórdia e compreender: "É misericórdia que eu quero, não
sacrifícios" (Os 6,6).
Nosso texto de hoje mostra uma refeição na casa de um
dos chefes dos fariseus, durante o descanso sabático, dia dado pelo Senhor
para celebrar o dom da vida, através da obra da criação, e a libertação do
país da escravidão. Aproveitando-se da presença de um hidrópico, Jesus
provoca a compreensão dos fariseus sobre o sentido da Lei de Deus: "Em
dia de sábado, é permitido curar ou não? […] Se algum de vós tem um filho ou
um boi que caiu num poço, não o tira logo daí, mesmo em dia de sábado?"
(vv. 3.6). Eles não responderam a nenhuma pergunta porque, efetivamente, não
tinham nada a responder.
ORAÇÃO
Pai, predispõe-me a manifestar meu amor a quem precisa de mim, sem inventar
justificativas para me dispensar desta obrigação urgente.
3. SOBRE O SÁBADO
A maneira como os fariseus praticavam a Lei mosaica levava-os, muitas vezes,
a tomarem atitudes insensatas. Jesus não comungava com o exagero deles;
antes, submetia a obediência à Lei às exigências do amor e da misericórdia.
Diante de uma situação em que a misericórdia se torna um imperativo, os
preceitos da Lei ficam em segundo lugar.
Partindo deste princípio, Jesus não teve receio de
curar o homem que padecia de hidropisia, embora fosse sábado e tivesse diante
de si o chefe dos rigorosos fariseus. Entre agradar seu anfitrião e agradar a
Deus, ele não hesitou. Contudo, não desagradou os fariseus simplesmente com o
intuito de chocá-los e causar mal-estar naquele ambiente de fraternidade,
pois se tratava de uma refeição. A ação de Jesus tinha sido uma obra da
misericórdia. Ele não entreviu outro caminho possível, a não ser enviar, para
casa, o homem já curado.
Jesus ofereceu aos fariseus um argumento que
justificava sua ação: é sempre permitido defender a vida, seja ela qual for.
Ninguém pergunta se é permitido tirar um boi ou um jumento, caído num poço em
dia de sábado. E por que não, em se tratando de um ser humano, mergulhado na
dor e no sofrimento de uma doença? A atitude de Jesus primou pela sensatez
inspirada pelo Pai. Ninguém pode ser dispensado de praticar a misericórdia,
que é característica do Pai. Tudo o mais deve estar submetido a ela.
Oração
Senhor Jesus, que todo o meu agir se inspire na misericórdia, que me torna
sensível diante da dor e do sofrimento de meu próximo.
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— DIA DE FINADOS -
Comemoração dos Fiéis Defuntos
Neste dia ressoa em toda a Igreja o conselho de São
Paulo para as primeiras comunidades cristãs: "Não queremos, irmãos,
deixar-vos na ignorância a respeito dos mortos, para que não vos entristeçais
como os outros que não tem esperança" ( 1 Tes 4, 13).
Sendo assim, hoje não é dia de tristezas e lamúrias, e
sim de transformar nossas saudades, e até as lágrimas, em forças de
intercessão pelos fiéis que, se estiverem no Purgatório, contam com nossas
orações.
O convite à oração feito por nossa Mãe Igreja
fundamenta-se na realidade da "comunhão dos santos", onde pela
solidariedade espiritual dos que estão inseridos no Corpo Místico, pelo
Sacramento do Batismo, são oferecidas preces, sacrificios e Missas pelas
almas do Purgatório. No Oriente, a Igreja Bizantina fixou um sábado especial
para orações pelos defuntos, enquanto no Ocidente as orações pelos defuntos
eram quase geral nos mosteiros do século VII; sendo que a partir do Abade de
Cluny, Santo Odilon, aos poucos o costume se espalhou para o Cristianismo,
até ser tornado oficial e universal para a Igreja, através do Papa Bento XV
em 1915, pois visava os mortos da guerra, doentes e pobres.
A Palavra do Senhor confirma esta Tradição pois
"santo e piedoso o seu pensamento; e foi essa a razão por que mandou que
se celebrasse pelos mortos um sacrifício expiatório, para que fossem
absolvidos de seu pecado" (2 Mc 2, 45). Assim é salutar lembrarmos neste
dia, que "a Igreja denomina Purgatório esta purificação final dos
eleitos, que é completamente distinta do castigo dos condenados"
(Catecismo da Igreja Católica).
Portanto, a alma que morreu na graça e na amizade de
Deus, porém necessitando de purificação, assemelha-se a um aventureiro
caminhando num deserto sob um sol escaldante, onde o calor é sufocante, com
pouca água; porém enxerga para além do deserto, a montanha onde se encontra o
tesouro, a montanha onde sopram brisas frescas e onde poderá descansar
eternamente; ou seja, "o Céu não tem portas" (Santa Catarina de
Gênova), mas sim uma providencial 'ante-sala'.
"Ó meu Jesus perdoai-nos, livrai-nos do fogo do
Inferno. Levai as almas todas para o Céu e socorrei principalmente as que
mais precisarem! Amém!"
FIEIS DEFUNTOS
( ROXO OU PRETO, PREFÁCIO DOS MORTOS – OFÍCIO PRÓPRIO
)
Antífona da entrada: Dai-lhes, Senhor,
o repouso eterno e brilhe para eles a vossa luz (4 Esd 2,34s).
Primeira Leitura (Sabedoria 3, 1-9)
Leitura do livro da Sabedoria.
3 1 Mas as almas dos justos estão na mão de Deus, e
nenhum tormento os tocará.
2 Aparentemente estão mortos aos olhos dos insensatos: seu desenlace é
julgado como uma desgraça.
3 E sua morte como uma destruição, quando na verdade estão na paz!
4 Se aos olhos dos homens suportaram uma correção, a esperança deles era
portadora de imortalidade,
5 e por terem sofrido um pouco, receberão grandes bens, porque Deus, que os
provou, achou-os dignos de si.
6 Ele os provou como ouro na fornalha, e os acolheu como holocausto.
7 No dia de sua visita, eles se reanimarão, e correrão como centelhas na
palha.
8 Eles julgarão as nações e dominarão os povos, e o Senhor reinará sobre eles
para sempre.
9 Os que põem sua confiança nele compreenderão a verdade, e os que são fiéis
habitarão com ele no amor: porque seus eleitos são dignos de favor e
misericórdia.
Salmo responsorial 41/42
A minha alma tem sede de Deus e deseja o Deus vivo.
Assim como a corça suspira
pelas águas correntes
suspira igualmente minha alma
por vós, ó meu Deus!
A minha alma tem sede de Deus
e deseja o Deus vivo.
quando terei a alegria de ver
a face de Deus?
Peregrino e feliz caminhando para a casa de Deus,
entre gritos, louvor e alegria
da multidão jubilosa.
Enviai vossa luz, vossa verdade:
elas serão o meu guia;
que me levem ao vosso monte santo,
até a vossa morada!
Então irei aos altares do Senhor,
Deus da minha alegria.
Vosso louvor cantarei, ao som da harpa,
meu Senhor e meu Deus!
Por que te entristeces, minha,
a gemer no meu peito?
Espera em Deus! Louvarei novamente
o meu Deus salvador!
Segunda Leitura (Apocalipse 21,1-7)
Leitura do livro do Apocalipse de são João.
21 1 Vi, então, um novo céu e uma nova terra, pois o
primeiro céu e a primeira terra
desapareceram e o mar já não existia.
2 Eu vi descer do céu, de junto de Deus, a Cidade Santa, a nova Jerusalém,
como uma esposa ornada para o esposo.
3 Ao mesmo tempo, ouvi do trono uma grande voz que dizia: Eis aqui o
tabernáculo de Deus com os homens. Habitará com eles e serão o seu povo, e
Deus mesmo estará com eles.
4 Enxugará toda lágrima de seus olhos e já não haverá morte, nem luto, nem
grito, nem dor, porque passou a primeira condição.
5 Então o que está assentado no trono disse: Eis que eu renovo todas as
coisas. Disse ainda: Escreve, porque estas palavras são fiéis e verdadeiras.
6 Novamente me disse: Está pronto! Eu sou o Alfa e o Ômega, o Começo e o Fim.
A quem tem sede eu darei gratuitamente de beber da fonte da água viva.
7 O vencedor herdará tudo isso; e eu serei seu Deus, e ele será meu filho.
Aclamação do Evangelho
Aleluia, aleluia, aleluia.
Eu te louvo, ó Pai santo, Deus do céu, Senhor da terra, os mistérios do teu
reino aos pequenos, Pai, revelas! (MT 11,25).
Evangelho (Mateus 5, 1-12)
5 1 Vendo aquelas multidões, Jesus subiu à montanha.
Sentou-se e seus discípulos aproximaram-se dele.
2 Então abriu a boca e lhes ensinava, dizendo:
3 Bem-aventurados os que têm um coração de pobre, porque deles é o Reino dos
céus!
4 Bem-aventurados os que choram, porque serão consolados!
5 Bem-aventurados os mansos, porque possuirão a terra!
6 Bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça, porque serão saciados!
7 Bem-aventurados os misericordiosos, porque alcançarão misericórdia!
8 Bem-aventurados os puros de coração, porque verão Deus!
9 Bem-aventurados os pacíficos, porque serão chamados filhos de Deus!
10 Bem-aventurados os que são perseguidos por causa da justiça, porque deles
é o Reino dos céus!
11 Bem-aventurados sereis quando vos caluniarem, quando vos perseguirem e
disserem falsamente todo o mal contra vós por causa de mim.
12 Alegrai-vos e exultai, porque será grande a vossa recompensa nos céus,
pois assim perseguiram os profetas que vieram antes de vós.
COMENTÁRIOS DO EVANGELHO
1. Uma Vida que seja Eterna
Antigamente, antes do consumismo que começou a explodir nos anos 80, a gente comprava
objetos de uso pessoal, móveis e equipamentos, que duravam uma eternidade,
mas com o consumismo, os bens duráveis tornaram-se descartáveis, só vou dar
alguns exemplos, por aqueles tempos a gente tinha os consertadores de guarda
chuva e sombrinha, e também sapateiros, consertadores de rádios, amoladores
de faca, consertadores de relógios despertadores, não eletrônicos. Onde estão
eles nas grandes cidades? Simplesmente não têm mais espaço na economia, esses
objetos são de baixo custo, não compensa consertá-los e a maioria nem tem
conserto, são produzidos para durar pouco, podem reparar os móveis
compensados, que após seis meses de uso já começam a apresentar problemas nas
gavetas e portas e mesmo os mais resistentes e caros, não duram a vida toda
como antigamente.
Pois bem, do mesmo modo que o homem se ilude quando
compra algo novo e pensa que vai durar bastante, assim também se pensa em
relação a nossa existência. Queremos eternizar o que não é eterno, queremos
que dure sempre, algo que é perecível, e quando o homem se depara com a sua
finitude, entra em desespero e os que podem, tentam camuflar o
envelhecimento, com cirurgias plásticas que esticam tudo e é até perigoso o
umbigo vim parar na testa, silicones e lepto-aspiração, tingir os cabelos,
cremes milagrosos para esconder as rugas e pés de galinha, enfim, tudo o que
nos dá a ilusão de que a nossa matéria durará sempre, é utilizado pelo homem.
Jesus Cristo nos oferece algo muito melhor, algo que
nos revestirá de imortalidade, algo que nos fará superar a nossa finitude,
libertando-nos dos limites da nossa matéria. Ele nos dá uma Vida que é
eterna, não algo recauchutado, reformado, remendado, mas novo e original,
que é vontade do Pai, e que não acontece por nossos méritos, e muito menos
com o nosso esforço, o homem não terá nunca a chave da morte. Ele até poderá
prolongar sua existência, como hoje já acontece, com muitos superando os cem
anos de vida, coisa que nos anos 60 ou 70 era um recorde, hoje o homem pode
atingir tranquilamente 80 a
90 anos, apesar da qualidade de vida não ser das melhores. Mas Jesus tem a
chave de algo que está fora do alcance do homem.
O Homem quer ter vida longa, Deus quer que o Homem seja
eterno e por isso, vai esperá-lo no lugar do aniquilamento, do despojamento,
quando este homem, purificado de todas as suas misérias se apresenta diante
de Deus exatamente no momento da sua morte, naquilo que ele realmente é, uma
pessoa na sua totalidade, livre da matéria que o limitava e que o fazia tão
frágil. Ali Deus espera cada homem de braços abertos, para acolhê-lo e
confirmar nele a sua imortalidade, fazendo-o mergulhar no infinito da
eternidade, em uma comunhão plena e sem interrupções...
Jesus se encarna em nosso meio para realizar a vontade
do Pai, basta crer nele e fazer dele a razão e o sentido da nossa vida, e
quando chegar no último dia da nossa existência, quando pensarmos que tudo se
acabou, Nele e com Ele seremos novas criaturas, eternas e imortais como é o
desejo e a vontade de Deus.
Pensem nisso nesse dia de Finados, pranteamos nossos
mortos, mas que essa esperança de que eles estão bem vivos, nos anime a
prosseguir em nossa Vida
de Fé, naquele que é a Ressurreição e a Vida!
2. Intervenção confiante
O fundamento de nossa fé é a ressurreição de Jesus Cristo: "Se temos
esperança em Cristo somente para esta vida, somos os mais dignos de compaixão
de todos os homens. Cristo ressuscitou dos mortos, primícias dos que
adormeceram" (1Cor 15,19-20).
Nosso texto do evangelho é parte do capítulo 11 do
evangelho segundo João, que podemos caracterizar como sendo uma catequese
sobre a ressurreição. Com a chegada de Jesus, Marta vai ao seu encontro,
enquanto sua irmã, Maria, permanece sentada. Marta se destaca do grupo,
formado pela irmã e pelos judeus, caracterizado pelo luto. Deixando o grupo
para ir ao grupo do Senhor, Marta se dissocia do luto e se coloca do lado do
Senhor dos vivos. Diante de Jesus, ela se coloca como uma mulher de fé que
confia em Jesus: "Senhor, se estivesses estado aqui… Mesmo assim, eu sei
que o que pedires a Deus, ele te concederá" (vv. 21.22).
A intervenção confiante de Marta é constituída de uma
dupla fórmula: a presença de Jesus teria livrado o seu irmão da morte e a
presença de Jesus permite reavivar toda a esperança. "Teu irmão
ressuscitará" (v. 23), diz Jesus. Diante disso, Marta afirma a sua
adesão ao credo do judaísmo sobre a ressurreição.
Mas ante a nova afirmação de Jesus: "Eu sou a
ressurreição e a vida", ela supera a fé judaica na ressurreição, para
professar: "Eu creio…" (v. 27). É exatamente nisso que ela é
cristã. O diálogo de Jesus com Marta é o cume do capítulo 11. A profissão de Marta
equivale à de Pedro, em Jo 6,69.
ORAÇÃO
Pai, dá-me a graça de compreender a ressurreição de Jesus como vitória da
vida e como sinal de que a morte não tem a última palavra sobre o destino
daqueles que crêem.
3. BEM-AVENTURANÇA E SANTIDADE
Ao proclamar as bem-aventuranças, Jesus descreveu a dinâmica da santidade.
Bem-aventurado é sinônimo de santo. Portanto, santos são os pobres em
espírito, cujo coração está centrado em Deus e que rejeita toda espécie de
idolatria. Com certeza, possuirão o Reino dos Céus.
Santos são os mansos, que por não responderem a
violência com violência, herdarão um bem inalcançável pelos violentos. Santos
são os aflitos, que são impotentes diante de situações dramáticas, e não
pretendem ter solução para tudo. Sua recompensa será a consolação de Deus.
Santos são os famintos e sedentos de justiça, que não
pactuam com a maldade, nem se deixam levar pela lógica da dominação. Deus
mesmo haverá de realizar seu ideal e fazê-los contemplar o reino da justiça.
Santos são os misericordiosos, cujo destino consistirá em viver a comunhão
definitiva com o Deus-misericórdia.
Santos são os puros de coração, que não agem com
segundas intenções e nem falsidade, mas sim, com transparência. Por isso,
serão recompensados com a visão de Deus, em todo seu esplendor. Santos são os
promotores da paz, que procuram criar laços de amizade e banir toda espécie
de ódio, a fim de que o mundo seja mais fraterno. Eles serão chamados filhas
e filhos de Deus.
Santos são os perseguidos por causa da justiça, os que
lutam para fazer valer o projeto de Deus para a humanidade.
Este é o caminho da santidade que todos somos chamados
a percorrer.
Oração
Senhor Jesus, faze-me trilhar os caminhos das bem-aventuranças, que é o
caminho da santidade.
|
Liturgia do Domingo 03.11.2013
31º DTC - SOLENIDADE DE TODOS OS SANTOS E SANTAS — ANO C
( BRANCO, GLÓRIA, CREIO, PREFÁCIO PRÓPRIO – OFÍCIO DA
SOLENIDADE )
__ "A vontade de Deus é a nossa santificação" __
Ambientação:
Sejam bem-vindos amados irmãos e irmãs!
INTRODUÇÃO DO FOLHETO DOMINICAL PULSANDINHO:
Estamos no primeiro domingo do mês de novembro. Hoje, reunimo-nos para
celebrar o mistério da santidade divina na nossa vida. A solenidade de todos
os santos e santas de Deus é um dia para celebramos a vitória daqueles que
nos precederam na fé e partiram desta vida para junto de Deus. O tom desta
celebração é, pois, de alegria e de esperança. Alegria porque sabemos que
muitos – uma incontável multidão – são os que estão na eternidade com Deus;
esperança porque a vitória deles no anima a continuar no caminho da
santidade..
INTRODUÇÃO DO FOLHETO DOMINICAL O POVO DE DEUS:
Desde o século IX, a Igreja celebra numa só festa a memória de todos os
Santos, para frisar que Cristo amou-a como esposa e se entregou por ela, a
fim de santificá-la. Os santos, além de intercessores, são modelos de
seguimento de Jesus e, por meio deles, o Mistério Pascal tem sido anunciado
ao longo dos séculos. Portanto, o sentido desta solenidade aponta ainda para
o destino de todos os que foram batizados, para com Cristo ser imersos na
morte e alcançar a ressurreição, além de serem protagonistas de uma vida
feliz e cheia de sentido neste mundo.
INTRODUÇÃO DO WEBMASTER: No princípio
a Bíblia reservou a Javé o título de "Santo", palavra que tinha
então um significado muito próximo ao de "sagrado": Deus é o
"Outro", tão transcendente e tão longínquo que o homem não pode
pensar em participar da sua vida. Diante de sua santidade o homem não pode
deixar de ter respeito e temor. Todo homem deve procurar a "pureza de
coração" capaz de fazer com que possa participar da vida de Deus.
Sintamos em nossos corações a alegria do Amor
ao Próximo e entoemos alegres cânticos ao Senhor!
SOLENIDADE DE TODOS OS SANTOS E SANTAS
A PUREZA DE CORAÇÃO DO HOMEM PERMITE SUA PRESENÇA PERANTE DEUS
Antífona da entrada: Alegremo-nos todos no Senhor,
celebrando a festa de todos os Santos. Conosco alegram-se os anjos e
glorificam o Filho de Deus.
Comentário das Leituras: Porque
somos filhos e filhas de Deus, cada um de nós é chamado a participar da sua
santidade e convidado a viver na festa da vida que nunca se termina. As
bem-aventuranças nos colocam no caminho da santidade e propõe atitudes que ajudam
a santificar o mundo. Na festa de todos os Santos, ouçamos as leituras com
devoção, para que possamos participar da Eucaristia comprometendo-nos com a
vocação batismal de filhos de Deus.
Primeira Leitura (Apocalipse, 7,2-4.9-14)
Leitura do livro do Apocalipse de são João.
7 2 Vi ainda outro anjo subir do oriente; trazia o selo de Deus vivo, e
pôs-se a clamar com voz retumbante aos quatro Anjos, aos quais fora dado
danificar a terra e o mar, dizendo:
3 Não danifiqueis a terra, nem o mar, nem as árvores, até que tenhamos
assinalado os servos de nosso Deus em suas frontes.
4 Ouvi então o número dos assinalados: cento e quarenta e quatro mil
assinalados, de toda tribo dos filhos de Israel;
9 Depois disso, vi uma grande multidão que ninguém podia contar, de toda
nação, tribo, povo e língua: conservavam-se em pé diante do trono e diante do
Cordeiro, de vestes brancas e palmas na mão,
10 e bradavam em alta voz: "A salvação é obra de nosso Deus, que está
assentado no trono, e do Cordeiro".
11 E todos os Anjos estavam ao redor do trono, dos Anciãos e dos quatro
Animais; prostravam-se de face em terra diante do trono e adoravam a Deus,
dizendo:
12 "Amém, louvor, glória, sabedoria, ação de graças, honra, poder e
força ao nosso Deus pelos séculos dos séculos! Amém".
13 Então um dos Anciãos falou comigo e perguntou-me: "Esses, que estão
revestidos de vestes brancas, quem são e de onde vêm?"
14 Respondi-lhe: "Meu Senhor, tu o sabes". E ele me disse:
"Esses são os sobreviventes da grande tribulação; lavaram as suas vestes
e as alvejaram no sangue do Cordeiro".
Salmo responsorial 23/24
É assim a geração dos que procuram o Senhor!
Ao Senhor pertence a terra e o que ela encerra,
o mundo inteiro com os seres que o povoam;
porque ele a tornou firme sobre os mares
e, sobre as águas, a mantém inabalável.
"Quem subirá até o monte do Senhor,
quem ficará em sua santa habitação?"
"Quem tem mãos puras e inocente coração,
quem não dirige sua mente para o crime.
Sobre este desce a bênção do Senhor
e a recompensa de seu Deus e salvador."
"É assim a geração dos que o procuram
e do Deus de Israel buscam a face."
Segunda Leitura (1 João 3,1-3)
Leitura da primeira carta de são João.
3 1 Considerai com que amor nos amou o Pai, para que sejamos chamados
filhos de Deus. E nós o somos de fato. Por isso, o mundo não nos conhece,
porque não o conheceu.
2 Caríssimos, desde agora somos filhos de Deus, mas não se manifestou ainda o
que havemos de ser. Sabemos que, quando isto se manifestar, seremos semelhantes
a Deus, porquanto o veremos como ele é.
3 E todo aquele que nele tem esta esperança torna-se puro, como ele é puro.
Aclamação do Evangelho
Aleluia, aleluia, aleluia.
Vinde a mim, todos vós que estais cansados e penais a carregar pesado fardo,
e descanso eu vos darei, diz o Senhor (Mt 11,28).
EVANGELHO (Mateus 5,1-12)
5 1 Vendo aquelas multidões, Jesus subiu à montanha.
Sentou-se e seus discípulos aproximaram-se dele.
2 Então abriu a boca e lhes ensinava, dizendo:
3 "Bem-aventurados os que têm um coração de pobre, porque deles é o
Reino dos céus!
4 Bem-aventurados os que choram, porque serão consolados!
5 Bem-aventurados os mansos, porque possuirão a terra!
6 Bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça, porque serão saciados!
7 Bem-aventurados os misericordiosos, porque alcançarão misericórdia!
8 Bem-aventurados os puros de coração, porque verão Deus!
9 Bem-aventurados os pacíficos, porque serão chamados filhos de Deus!
10 Bem-aventurados os que são perseguidos por causa da justiça, porque deles
é o Reino dos céus!
11 Bem-aventurados sereis quando vos caluniarem, quando vos perseguirem e
disserem falsamente todo o mal contra vós por causa de mim.
12 Alegrai-vos e exultai, porque será grande a vossa recompensa nos céus,
pois assim perseguiram os profetas que vieram antes de vós".
LEITURAS DA SEMANA DE 04 a 10 de Novembro de 2013:
2ª Br – Rm 11,29-36; Sl 68(69); Lc 14,12-14
3ª Vd - Rm 12,5-16a; Sl 130(131); Lc 14,15-24
4ª Vd - Rm 13,8-10; Sl 111(112); Lc 14,25-33
5ª Vd – Rm 14,7-12; Sl 26(27); Lc 15,1-10
6ª Vd – Rm 15,14-21; Sl 97(98); Lc 16,1-8
Sb Br – Ez 47,1-2.8-9.12 ou 1Cor 3,9-11.16-17; Sl 45(46); Jo 2,13-22
32º DTC Vd - 2Mac 7,1-2.9-14; Sl 16(17); 2Ts 2,16 – 3,5; Lc 20,27-38 (Sobre a
ressurreição)
COMENTÁRIOS DO EVANGELHO
1. VIVER HOJE O “AMANHÔ
Ser santo não é uma decisão do homem mas uma resposta ao convite que Deus nos
faz em Jesus Cristo:
Sede perfeitos como o vosso Pai é perfeito! Perfeição nesse sentido, nunca
foi e nem será o forte do homem, feito de barro, vulnerável ao pecado,
sujeito a tantas fraquezas, marcado por tantas limitações. Se santidade fosse
isso, Deus seria o maior dos injustos, pois é o mesmo que um homem perfeito
sair em disparada e pedir para que um deficiente físico o acompanhe nessa
corrida.
Nunca teríamos a menor chance de ser santos. Há ainda
outra corrente que acha que a santidade é apenas para alguns, que têm uma
conduta exemplar, são pacientes, tolerantes, dóceis, calmos, prestativos,
solidários, educados, nunca perdem a cabeça e o equilíbrio, nunca reclamam de
nada e aceitam tudo, sendo bondosos o tempo todo. De pessoas assim, é melhor
manter distância e ser cauteloso, porque me dizia um padre muito amigo, o
santinho de hoje pode ser o diabinho de amanhã!
Ser calmo ou ter os nervos a flor da pele, ter
equilíbrio emocional, demonstrar serenidade, ser amável e dócil, ser
prestativo e educado, sem dúvida que são belas virtudes, mas não
necessariamente um indicativo de santidade, pois conheço histórias de grandes
santos que eram bem temperamentais. Há ainda outro conceito perigoso de
santidade, que é ter o poder de realizar coisas prodigiosas, os chamados
milagres. Conheço pessoas descrentes de Deus e da igreja, e que, contudo
praticam essas virtudes. E já tive conhecimento de curas operadas por pessoas
de outras correntes religiosas, até opostas ao cristianismo.
A ideia de que santidade é coisa restrita de alguns
homens e mulheres especiais, parece-me um tanto quanto equivocada, pois o
visionário do apocalipse afirma categoricamente na primeira leitura, que se
trata de uma multidão, de onde se conclui facilmente, que santidade é uma
proposta de vida que Deus faz a toda humanidade, onde Jesus Cristo é o modelo
e a referência máxima, nele a gente se encontra como Filho de Deus, não mais
desfigurado pela corrupção do pecado, mas liberto, vitorioso e perfeito como
fomos criados e concebidos pelo Pai. Somente Nele, com ele e por ele seremos
santos! Mas encontrei nas leituras dessa "Festa de Todos os
Santos", uma definição ainda mais bonita e completa do que é a Santidade
- "Viver hoje o amanhã".
É preciso ter os pés no chão, pois uma coisa é
enfrentar com coragem os desafios do presente e buscar soluções concretas, o
outro é camuflar a situação, fazendo uma belíssima coreografia, sem mudar o
cenário! É maquiar para parecer belo! A copa do mundo que vai acontecer no
Brasil em 2014, será um desses momentos, de grande ilusão e utopia. Já se
está vendendo a imagem de um País que é um paraíso...
As bem-aventuranças proclamadas solenemente por Jesus,
no alto de um monte, são profundamente realistas: a Primeira e a Oitava,
trazem o verbo no presente, "...porque deles é o Reino dos Céus",
ao passo que as demais, usam o verbo no futuro, "porque serão, verão,
alcançarão...". Ser pobre em espírito é fazer de Deus a sua única
riqueza, é possuir já nesta vida a plenitude da vida futura. É ser discípulo
e estar em constante aprendizado a partir do evangelho, vivendo hoje tudo o
que cremos e esperamos no amanhã. Esta postura diferente trará incompreensão
e perseguição mas em compensação, a alegria será verdadeira, porque não se
fundamenta naquilo que se vê, mas sim no que se espera.
Jesus Cristo trouxe o futuro até nós, sendo
precisamente esta crença e esperança que nos faz ter uma identidade própria,
fomos marcados para fazer a diferença neste mundo tão descrente, que não
consegue vislumbrar a Vida Nova, para a qual fomos destinados por Deus, desde
o início da Criação.
2. Acolher a presença de Deus é o caminho da
santidade
A festa de todos os santos e santas de Deus é uma festa antiga. Já no segundo
século, a Igreja celebrava a memória dos seus mártires para que, tendo
presente o seu testemunho, a comunidade se mantivesse fiel no testemunho de
Jesus Cristo. É uma festa para nós.
A porta do céu se abre não para nos abstrairmos do
mundo, pois, aqui, é o lugar de vivermos a nossa vocação à santidade, mas
para considerarmos o compromisso próprio do nosso chamado a partir do céu,
inspirados pelo testemunho daqueles que nos precederam na fé. Em todos os
santos e santas de Deus se cumpre a Palavra do Senhor. À afirmação de Pedro:
"Olha, deixamos tudo e te seguimos!", que recompensa terão? Jesus
responde: "Nessa vida perseguições e tribulações. Mas, depois, a vida
eterna" (Mc 10,28-30).
As bem-aventuranças fazem parte do longo discurso
denominado sermão da montanha (Mt 5–7); fazem parte de um gênero literário
bastante atestado no Antigo Testamento. A primeira bem-aventurança é o
fundamento de todas as demais: "Felizes os pobres no espírito, porque
deles é o Reino dos céus" (v. 3). Há um espírito dentro do ser humano;
ele o recebeu de Deus, que o chamou à existência (cf. Gn 2,7). A pobreza de
espírito é uma pobreza em relação a Deus: diante de Deus o ser humano se
encontra "desnudo". Viver essa realidade de maneira concreta é
assumi-la com um coração puro, experimentá-la no mais profundo do ser, lá
onde aflora a presença de Deus.
Nesse sentido, as bem-aventuranças são um apelo ao
discípulo a viver a vida referida a Deus e na confiança nele, num compromisso
efetivo com o Reino de Deus e na esperança de que a recompensa vem do alto. O
que cada bem-aventurança promete, a realidade escatológica, é o fundamento da
vida moral, do modo de agir do cristão.
O livro do Apocalipse foi escrito com a finalidade de
encorajar os cristãos a que, mesmo na perseguição implacável, guardassem a
palavra de Cristo, não renunciassem à fé e aos valores da vida cristã. Ele
tira para a vida dos cristãos as consequências do mistério pascal do Senhor.
O que encoraja a Igreja peregrina é considerar a Igreja triunfante.
A multidão numerosa vestida de branco são os que por
Cristo deram as suas vidas e no Cristo participam da sua gloriosa
ressurreição. São os que confiaram plenamente no Senhor: "Todo o que
espera nele purifica-se, como também ele é puro" (1Jo 3,3).
É preciso, por fim, dizer que o que nos faz santos é a
presença de Deus em nós.
Acolher esta presença, deixar-se conduzir por ela, é o
caminho da santidade.
ORAÇÃO
Pai, move-me pelo Espírito a trilhar o caminho da santidade, colocando minha
vida em tuas mãos e buscando viver as bem-aventuranças proclamadas por teu
Filho Jesus.
3. ENTREGUES NAS MÃOS DO SENHOR
A santidade não é um artigo de luxo reservado a um grupo de privilegiados. É
um ideal para o qual todos os cristãos devem tender, independentemente de sua
condição social ou eclesial.
Como ninguém é excluído, também ninguém pode eximir-se
de dar sua resposta a este apelo divino. O importante é ter uma visão correta
da santidade, para se evitar esmorecimentos diante de concepções falsas, e
também para não ir atrás de um projeto de santidade incompatível com a
proposta de Jesus.
O Evangelho entende a santidade como a capacidade de
entregar-se totalmente nas mãos do Pai, de quem tudo se espera e em nome de
quem se age em favor do semelhante. Neste caso, santidade e bem-aventurança
identificam-se.
A bem-aventurança dos pobres em espírito, dos mansos,
dos aflitos e dos que têm fome e sede de justiça acontece quando as pessoas,
nestas condições, contam apenas com o auxílio que vem de Deus. Seria inútil
contar com as criaturas e esperar delas o socorro.
Por outro lado, também os misericordiosos, os puros de
coração, os construtores de paz e os perseguidos por causa da justiça trilham
um caminho de santidade. Sem uma profunda adesão a Deus e a seu Reino, jamais
se disporiam a prestar ao próximo um serviço gratuito e desinteressado, e a
escolher um projeto de vida em que os interesses pessoais passam para um
segundo plano.
A santidade, neste caso, consiste em imitar o modo
divino de agir.
Oração
Pai, move-me pelo Espírito a trilhar o caminho da santidade, colocando minha
vida em tuas mãos e buscando viver as bem-aventuranças proclamadas por teu
Filho Jesus.
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