Liturgia da Segunda Feira — 16.09.2013
Antífona da entrada: Alegrem-se nos céus os santos que na terra
seguiram a Cristo. Por seu amor derramaram o próprio sangue; exultarão com
ele eternamente.
Leitura (1 Timóteo 2,1-8)
Leitura da primeira carta de são Paulo a Timóteo.
Caríssimo, 2 1 acima de tudo,
recomendo que se façam preces, orações, súplicas, ações de graças por todos
os homens,
2 pelos reis e por todos os que estão constituídos em autoridade, para que
possamos viver uma vida calma e tranqüila, com toda a piedade e
honestidade.
3 Isto é bom e agradável diante de Deus, nosso Salvador,
4 o qual deseja que todos os homens se salvem e cheguem ao conhecimento da
verdade.
5 Porque há um só Deus e há um só mediador entre Deus e os homens: Jesus
Cristo, homem
6 que se entregou como resgate por todos. Tal é o fato, atestado em seu
tempo;
7 e deste fato - digo a verdade, não minto - fui constituído pregador, apóstolo
e doutor dos gentios, na fé e na verdade.
8 Quero, pois, que os homens orem em todo lugar, levantando as mãos puras,
superando todo ódio e ressentimento.
Salmo responsorial 27/28
Bendito seja o Senhor, porque ouviu
o clamor da minha súplica!
Escutai o meu clamor, a minha
súplica,
quando eu grito para vós;
quando eu elevo, ó Senhor, as minhas mãos
para o vosso santuário.
Minha força e escudo é o Senhor;
meu coração nele confia.
Ele ajudou-me e alegrou meu coração;
eu canto em festa o seu louvor.
O Senhor é a fortaleza do seu povo
e a salvação do seu ungido.
Salvai o vosso povo e libertai-o;
abençoai a vossa herança!
Sede vós o seu pastor e o seu guia
pelos séculos eternos!
Aclamação do Evangelho
Aleluia, aleluia, aleluia.
Deus o mundo tanto amou, que lhe deu seu próprio Filho, para que todo o que
nele crer encontre vida eterna (Jo 3,16).
EVANGELHO (Lucas 7,1-10)
7 1 Tendo Jesus concluído todos os
seus discursos ao povo que o escutava, entrou em Cafarnaum.
2 Havia lá um centurião que tinha um servo a quem muito estimava e que estava
à morte.
3 Tendo ouvido falar de Jesus, enviou-lhe alguns anciãos dos judeus,
rogando-lhe que o viesse curar.
4 Aproximando-se eles de Jesus, rogavam-lhe encarecidamente: "Ele bem
merece que lhe faças este favor,
5 pois é amigo da nossa nação e foi ele mesmo quem nos edificou uma
sinagoga".
6 Jesus então foi com eles. E já não estava longe da casa, quando o centurião
lhe mandou dizer por amigos seus: "Senhor, não te incomodes tanto assim,
porque não sou digno de que entres em minha casa;
7 por isso nem me achei digno de chegar-me a ti, mas dize somente uma palavra
e o meu servo será curado.
8 Pois também eu, simples subalterno, tenho soldados às minhas ordens; e digo
a um: "Vai ali!" E ele vai; e a outro: "Vem cá!" E ele
vem; e ao meu servo: "Faze isto!" E ele o faz.
9 Ouvindo estas palavras, Jesus ficou admirado. E, voltando-se para o povo
que o ia seguindo, disse: "Em verdade vos digo: nem mesmo em Israel
encontrei tamanha fé".
10 Voltando para a casa do centurião os que haviam sido enviados, encontraram
o servo curado.
COMENTÁRIOS DO EVANGELHO
1. A fé do centurião
Ninguém melhor do que o próprio Centurião para dar seu testemunho nesta
reflexão
___Por que vocês, de fora de Israel, tidos como pagãos, acreditam em Jesus de
Nazaré demonstrando uma Fé muito maior do que a de um Israelita?
___Primeiro porque o conhecia e ouvia falar muito dele, era um Judeu
diferente, se dava com todas as pessoas, conversava com elas, ía em suas
casas, fossem quem fossem, não tinha tanto preconceito como o restante da
comunidade de Israel.
___E como foi o seu encontro com ele em Cafarnaum?
___Eu estava muito triste e desesperado com o meu servo enfermo e acamado, os
médicos do Império Romano já tinham o desenganado, eu o estimava muito e por
isso estava triste.
___Escuta Centurião, mas um servo é tão importante assim em sua vida?
___Talvez para os demais oficiais um servo é apenas um escravo, uma peça que
se substitui quando não serve mais para o trabalho, mas eu não penso desta
forma e sabia que Jesus de Nazaré concordava com esse meu jeito de ser.
Afinal, meu servo é um ser humano e não um animal, respira como eu, tem
sentimentos, dores, necessidades, devo tratá-lo como meu semelhante....
___O Senhor pediu a cura do servo?
___Na verdade não, mas queria muito que Jesus fizesse algo por ele, pois seu
sofrimento era muito grande e me comovia... Quando Jesus falou que iria até
lá para curá-lo, me senti pequeno para receber tão grande graça....
___Mas o Senhor é um centurião, comanda cem homens, é respeitado e dá ordens
a todos...
___Pois é, mas o poder de Jesus é maior que o meu, não há nada nesta vida e
nem no império romano que seja superior a ele, e ao perceber a sua grandeza
senti que estava diante de Deus e confessei a minha pequenez dizendo
"Senhor, não sou digno de que entreis em minha casa, mas dizei uma
palavra e meu servo ficará curado"
___O Senhor sabe que ficou famoso? Sua frase é repetida até hoje na missa, na
apresentação do Cordeiro. Poderia nos explicar o por que dessa
frase?...
___Sim, senti que Jesus queria fazer parte da minha vida, e que eu fizesse
parte da vida dele, mas pobre de mim, imperfeito, pecador, nem ao povo
escolhido eu pertencia.
___E como terminou essa bela história?
___Bom, meu servo foi curado e eu também....Algo novo começou em minha vida,
continuei a ser um Centurião Romano, mas agora seguidor de Jesus. A verdade é
que, eu é que fui curado, pois quem nesta vida não conhecer a Jesus e não
experimentá-lo, permanecerá sempre enfermo....
___E sobre o elogio que Jesus fez a você publicamente, enaltecendo a sua
grande Fé ?
___Olha, a Fé é apenas uma resposta que damos a Deus quando ele nos toca
através de Jesus, mas é preciso abrir-se e se deixar ser tocado por ele, os
Israelitas não faziam isso, iludidos com suas tradições religiosas e suas leis
rigorosas e moralistas. Nós de fora, aderimos sem reservas a Jesus e o
aceitamos.......E espero que vocês, cristãos aí do terceiro milênio, não se
acomodem na religião do formalismo religioso, do trabalho pastoral e do
sacramentalismo, mas façam uma experiência íntima com Jesus, a Vida da gente
nunca mais é a mesma....eu garanto!
2. O poder da palavra de Jesus
O texto trata da universalidade da salvação de Deus. A menção de Cafarnaum já
é importante, pois, simbolicamente, ela abre a mensagem de Jesus aos pagãos,
em face de Nazaré, cidade de Jesus (cf. 4,23). O centurião, chefe de cem
soldados, é um pagão. A súplica do centurião a Jesus é por um servo seu, que
ele estimava muito (v. 2). Para o centurião, o valor essencial parece ser a
vida (cf. v. 3). Ele mesmo não se diz impuro, pois este é um conceito
judaico-religioso, mas indigno. Conhece as normas dos judeus quanto à pureza,
por isso envia anciãos judeus para intercederem junto a Jesus. Dizer-se
indigno é reconhecer a autoridade de Jesus.
O Senhor acolhe a todos e pretende
ir à casa do centurião. No entanto, o chefe pede que Jesus simplesmente dê
uma ordem, pois é o poder da palavra que importa (cf. vv. 7-8). A fé do
centurião causa uma profunda admiração em Jesus (v. 9). A fé do pagão
ultrapassa à manifestada em Israel. A constatação da cura revela o poder
vivificante e eficaz da palavra do Senhor (cf. v. 10).
ORAÇÃO
Pai, dá-me um coração misericordioso e humildade que me leve a compadecer-me
do meu semelhante.
3. O EFEITO DA PALAVRA
O diálogo entre Jesus e os emissários do oficial romano mostra como a Palavra
produz frutos no coração humano. O desfecho da conversa - "Nem em Israel
encontrei tanta fé!" - sublinha o foco do interesse de Jesus ao ser
abordado por um grupo de judeus, que lhe solicitaram um favor para um pagão.
É verdade! A Palavra deu mostras de eficácia até no coração dos pagãos.
A atitude do oficial romano é
modelar. Estava à beira da morte um servo pelo qual tinha grande estima.
Reconhecendo ser Jesus a única pessoa que poderia curar o doente, dirigiu-lhe
um pedido, por meio de alguns anciãos dos judeus. Estes achavam que o pedido
do oficial merecia de ser atendido, já que sempre dera mostras de bondade em
relação ao povo judeu, a quem tratava com deferência.
Quando Jesus estava pronto para
atender o pedido, eis que o oficial o surpreendeu com uma declaração
carregada de fé. Ele acreditava que Jesus tinha suficiente poder para
realizar o milagre, sem precisar dar-se ao trabalho de ir até sua casa.
Bastaria uma só palavra, e o servo ficaria curado. Tinha consciência de ser
pobre e limitado, por isso julgava-se indigno de receber em sua casa alguém
com tanta força e autoridade divinas.
A força incomparável da palavra do
Mestre seria capaz de eliminar as doenças, independentemente de sua presença
física. Para o oficial pagão, uma ordem militar, embora cumprida
disciplinarmente, era coisa mínima, comparada a tamanho poder de Jesus.
Oração
Espírito que dá eficácia à Palavra, abre meu coração para acolher a mensagem
de Jesus, e deixar que ela transforme a minha vida.
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XXIV SEMANA DO TEMPO COMUM *
( VERDE – OFÍCIO DO DIA )
Antífona da entrada: Ouvi, Senhor, as preces do vosso servo e do
vosso povo eleito: dai a paz àqueles que esperam em vós, para que os vossos
profetas sejam verdadeiros (Eco 36,18).
Leitura (Timóteo 3,1-13)
Leitura da carta de São Paulo a Timóteo.
3 1 Eis uma coisa certa: quem
aspira ao episcopado, saiba que está desejando uma função sublime.
2 Porque o bispo tem o dever de ser irrepreensível, casado uma só vez,
sóbrio, prudente, regrado no seu proceder, hospitaleiro, capaz de
ensinar.
3 Não deve ser dado a bebidas, nem violento, mas condescendente, pacífico,
desinteressado;
4 deve saber governar bem a sua casa, educar os seus filhos na obediência e
na castidade.
5 Pois quem não sabe governar a sua própria casa, como terá cuidado da Igreja
de Deus?
6 Não pode ser um recém-convertido, para não acontecer que, ofuscado pela
vaidade, venha a cair na mesma condenação que o demônio.
7 Importa, outrossim, que goze de boa consideração por parte dos de fora,
para que não se exponha ao desprezo e caia assim nas ciladas
diabólicas.
8 Do mesmo modo, os diáconos sejam honestos, não de duas atitudes nem
propensos ao excesso da bebida e ao espírito de lucro;
9 que guardem o mistério da fé numa consciência pura.
10 Antes de poderem exercer o seu ministério, sejam provados para que se
tenha certeza de que são irrepreensíveis.
11 As mulheres também sejam honestas, não difamadoras, mas sóbrias e fiéis em
tudo.
12 Os diáconos não sejam casados senão uma vez, e saibam governar os filhos e
a casa.
13 E os que desempenharem bem este ministério, alcançarão honrosa posição e
grande confiança na fé, em Jesus Cristo.
Salmo responsorial 100/101
Viverei na pureza do meu coração!
Eu quero cantar o amor e a justiça,
cantar os meus hinos a vós, ó Senhor!
Desejo trilhar o caminho do bem,
mas quando vireis até mim, ó Senhor!
Viverei na pureza do meu coração,
no meio de toda a minha família.
Diante dos olhos eu nunca terei
qualquer coisa má, injustiça ou pecado.
Farei que se cale diante de mim
quem é falso e, às ocultas, difama seu próximo;
o coração orgulhoso, o olhar arrogante
não vou suportar e não quero nem ver.
Aos fiéis desta terra eu volto meus
olhos;
que eles estejam bem perto de mim!
Aquele que vive fazendo o bem
será meu ministro, será meu amigo.
Aclamação do Evangelho
Aleluia, aleluia, aleluia.
Um grande profeta surgiu entre nós, e Deus visitou o seu povo (Lc 7,16).
EVANGELHO (Lucas 7,11-17)
7 11 No dia seguinte dirigiu-se
Jesus a uma cidade chamada Naim. Iam com ele diversos discípulos e muito
povo.
12 Ao chegar perto da porta da cidade, eis que levavam um defunto a ser
sepultado, filho único de uma viúva; acompanhava-a muita gente da
cidade.
13 Vendo-a o Senhor, movido de compaixão para com ela, disse-lhe: "Não
chores!"
14 E aproximando-se, tocou no esquife, e os que o levavam pararam. Disse
Jesus: "Moço, eu te ordeno, levanta-te".
15 Sentou-se o que estivera morto e começou a falar, e Jesus entregou-o à sua
mãe.
16 Apoderou-se de todos o temor, e glorificavam a Deus, dizendo: "Um
grande profeta surgiu entre nós: Deus voltou os olhos para o seu povo".
17 A notícia deste fato correu por toda a Judéia e por toda a
circunvizinhança.
COMENTÁRIOS DO EVANGELHO
1. O SENHOR DA VIDA
Jesus não ressuscitou muita gente naquele tempo, os evangelhos mencionam
apenas três: Lázaro de Betânia, irmão de Marta e Maria, a filhinha de Jairo,
Chefe da Sinagoga, e o filho da viúva de Naim, que Lucas narra no evangelho
desse domingo.
Conclui-se, portanto, que não era
propósito de Jesus libertar e salvar os homens da morte biológica, pois se
fosse assim, sua missão teria sido um fracasso já que ressuscitou apenas
esses três e nem José, seu pai adotivo, ele teria conseguido livrar da morte.
Há ainda outra questão importante a ser considerada: que vantagem teria se
ressuscitar fosse apenas retornar a esta vida, com todas as suas limitações e
aprendizado, suas angústias e tribulações? Por acaso não iríamos morrer
novamente, como o próprio Lázaro, a filha de Jairo e o moço que Jesus
ressuscita nesse evangelho? Não, não valeria a pena, com toda certeza!
Essa vida nova que Cristo nos dá,
através de sua paixão, morte e ressurreição, é infinitamente melhor e
superior a esta existência terrena, a ponto do apóstolo Paulo afirmar em uma
de suas cartas “os sofrimentos do tempo presente nem se comparam àquilo que
Deus irá nos revelar”, ou ainda “o que vemos hoje é como se fosse em um
espelho, mas depois nos veremos como de fato o somos”.
A chave que decifra esse mistério
da Vida e da morte está precisamente em Cristo, nele o Pai não só se revela,
mas revela também quem é o homem. A graça de Deus que em Cristo recebemos nos
faz criaturas novas onde o mistério é iluminado pela luz da Fé.
Essa grande e feliz Verdade chegou
até nós por causa do evangelho, anunciado pelo próprio Cristo – filho de Deus
feito homem, que ao trazer-nos a Boa Nova permitiu-nos conhecer a Deus,
descobrindo o sentido da nossa vida na Vida de Cristo, onde todos os limites
humanos foram superados, ao dar-nos acesso a Deus, rompendo para sempre a barreira
do pecado.
Sem este anúncio e esta graça, a
nossa esperança por uma Vida Nova, seria vã, não passaria de uma grande
utopia, uma fantasia e ilusão que um belo dia chegaria ao seu final, mas o
homem que vive pela fé, a comunhão com Cristo, sabe em seu coração que não
caminha para o fracasso da morte e esta esperança viva é que dá a esta vida
terrena um sentido novo.
Portanto, nossa Vida está em Cristo
porque nele nos movemos e somos, sem ele, nossa caminhada terrena não passa
de um cortejo fúnebre, onde somos como um morto vivo, caminhando para a ruína
da morte biológica, para ser devorado pela terra.
A vida do homem que tomou a decisão
de viver sem Deus, ignorando esta Salvação e Libertação oferecida por Jesus,
é muito triste, porque ele se ilude com toda pompa que esta vida oferece,
satisfazendo seus desejos egoístas, colocando toda sua esperança nas coisas
que passam, e no final, descobre que foi enganado, quando percebe que caminha
para a morte. Mas nunca é tarde para reverter esse quadro doloroso, pois,
para quem caminha assim, como se fosse um corpo sem vida, irradiando tristeza
e dor aos que o acompanham, o evangelho desse domingo anuncia algo
maravilhoso: no sentido contrário, vem chegando Cristo Jesus, Senhor da Vida,
aquele que movido de compaixão, como na entrada da cidade de Naim, irá dizer
a viúva e aos que a seguiam no enterro de seu filho: não chores!
Hoje há tantas mães caminhando
tristes, levando seus filhos para a sepultura, há tanta gente caminhando
cabisbaixa, sem uma perspectiva de vida e sem esperança no coração. Não
chores mais – diz o Senhor, que ao tocar no esquife, que são as misérias do
homem, dirá com firmeza “Moço, eu te ordeno, levanta-te!”.
E diante de sua palavra libertadora
e restauradora, o homem renasce e se torna uma nova criatura, só Cristo é a
nossa vida, só ele tem a palavra de ordem, capaz de nos levantar de todos os
nossos pecados que querem nos arrastar inexoravelmente para a morte. Longe de
Deus e da sua Salvação oferecida por Jesus, iremos fatalmente morrer, mas com
ele teremos a Vida Eterna, que extrapola os nossos limites e nos reconduz ao
paraíso da plenitude, resgatando a nossa imagem e semelhança com que fomos
criados por Deus.
É missão nossa como Igreja anunciar
a toda criatura esta vida que vem de Jesus, mas isso só será possível se como
ele, tivermos no coração essa compaixão, que nos leve a sofrer e chorar com
quem sofre e chora, onde um sorriso, um abraço, uma palavra de consolo ou um
gesto de caridade, sempre feito em nome de Jesus, terá a mesma força de sua
palavra libertadora, capaz de levantar quem se julga morto. O cristão, como
qualquer ser humano, também pranteia seus mortos, mas a diferença está
naquilo que ele espera: a plenitude da Vida, reservada aos que crêem que esta
vida é uma peregrinação para a casa do Pai, predestinados que fomos desde
toda a eternidade.
2. A iniciativa é de Jesus,
provocada pela sua compaixão.
O relato do evangelho é próprio a Lucas. Inspira-se em 1Rs 17,8-24, no
episódio do filho de uma viúva, em Sarepta.
Jesus vai para Naim, pequeno
vilarejo entre Cafarnaum e a Samaria. É acompanhado de seus discípulos e de
grande multidão (v. 11). Às portas da cidade Jesus e seus discípulos se
encontram com outro grupo: "levavam um morto para enterrar, um filho
único, cuja mãe era viúva. Uma grande multidão da cidade a acompanhava"
(v. 12). O paralelo é evidente: os dois grupos caminham em direções opostas;
o primeiro segue um homem poderoso em gestos e palavras, o segundo grupo, um
morto. Até este ponto a descrição da cena e dos personagens é puramente
objetiva. De repente somos surpreendidos por uma focalização interna, a
menção da compaixão de Jesus: "Ao vê-la, o Senhor encheu-se de compaixão
por ela e disse: 'Não chores!'" (v. 13). A iniciativa é de Jesus,
provocada pela sua compaixão. A palavra de Jesus permite entrar no coração
das pessoas. É por Jesus que somos informados do sofrimento da mulher:
"não chores mais" (v. 13) e a idade do morto: um "jovem"
(v. 14). Não é da morte que Jesus tem compaixão, nem do morto, mas da pessoa
que sofre. O acento de todo o episódio é posto em Jesus, sobre sua compaixão
e sua palavra poderosa. Nomeando Jesus como senhor no versículo 13, o narrador
nos informa que se trata do Senhor da vida que se dirige à viúva.
Nesta passagem não é a morte nem o
morto que importam, nem mesmo o retorno à vida, mas que uma mãe já viúva
tenha perdido o seu filho único. O retorno à vida não é o objetivo da iniciativa
de Jesus. Mas, a consolação da mãe que chora. A ação de Jesus termina com uma
observação: "E Jesus o entregou à sua mãe" (v. 15b). O texto
apresenta uma transformação que se dá não somente pelo retorno de um jovem à
vida, mas das duas multidões que, primeiramente separadas, são reunidas, num
segundo momento, no louvor a Deus. A passagem de Jesus por Naim possibilita
um duplo reconhecimento, a saber, da identidade de Jesus (Profeta) e da
visita salvífica de Deus (cf. v. 16).
Lucas situou o episódio do filho da
viúva de Naim antes do da mulher pecadora (7,36-50). A razão: ele quer ir da
morte física à espiritual, da ressurreição física à espiritual. Procedimento
semelhante ele utilizará com relação aos dois tipos de cegueira (18,35-43;
19,1-10).
ORAÇÃO
Pai, torna-me sensível ao sofrimento e à dor de cada pessoa que encontro no
meu caminho. Que a minha compaixão se demonstre com gestos concretos.
3. TOCADO PELA DOR
O sofrimento da pobre viúva tocou fundo o coração de Jesus, a ponto de
fazê-lo interromper seu caminho rumo à cidadezinha de Naim, situada nos
arredores de Nazaré.
O texto evangélico refere-se a dois
cortejos: o cortejo alegre do Messias e o cortejo fúnebre do filho de uma
viúva da cidade. Com o Mestre, iam os discípulos e uma grande multidão. É
fácil de imaginar o clima que reinava entre eles. Sentiam-se empolgados pela
presença de Jesus, por suas palavras e seus gestos poderosos. As pessoas
contemplavam-no, esperançosas. Vendo-se abandonadas por todos, finalmente
parecia que uma esperança despontava em seu horizonte. Era como se uma luz
começasse a brilhar!
Na direção contrária seguia o
enterro de um jovem, acompanhado por sua mãe e por "muita gente da
cidade". A situação da mãe era lastimável. A morte do filho único
deixava-a desesperada. Quem haveria de socorrê-la em suas necessidades? Quem
haveria de defendê-la contra os prepotentes? Para ela, era como se sua única
luz tivesse extinguido!
O encontro com Jesus reverteu essa
situação. O Mestre ressuscitou o jovem e o restitui à sua mãe, ao passo que o
cortejo fúnebre entrou no clima de empolgação dos que seguiam o Mestre. Chegaram
até a pensar que ele fosse o profeta Elias de volta para o meio do povo para
trazer-lhe salvação. De fato, ele era o Messias cheio de compaixão pelos
sofrimentos da humanidade.
Oração
Pai, torna-me sensível ao sofrimento e à dor de cada pessoa que encontro no
meu caminho. Que a minha compaixão se demonstre com gestos concretos.
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XXIV SEMANA DO TEMPO COMUM
( VERDE – OFÍCIO DO DIA )
Antífona da
entrada: Ouvi, Senhor, as preces do vosso servo e do
vosso povo eleito: dai a paz àqueles que esperam em vós, para que os vossos
profetas sejam verdadeiros (Eco 36,18).
Leitura (1
Timóteo 3,14-16)
Leitura da primeira carta de são Paulo a Timóteo.
3 14 Estas
coisas te escrevo, mas espero ir visitar-te muito em breve.
15 Todavia, se eu tardar, quero que saibas como deves portar-te na casa de
Deus, que é a Igreja de Deus vivo, coluna e sustentáculo da verdade.
16 Sim, é tão sublime - unanimemente o proclamamos - o mistério da bondade
divina: manifestado na carne, justificado no Espírito, visto pelos anjos,
anunciado aos povos, acreditado no mundo, exaltado na glória!
Salmo
responsorial 110/111
Grandiosas
são as obras do Senhor!
Eu agradeço
a Deus de todo o coração
junto com todos os seus justos reunidos!
Que grandiosas são as obras do Senhor,
elas merecem todo o amor e admiração!
Que beleza
e esplendor são os seus feitos!
Sua justiça permanece eternamente!
O Senhor bom e clemente nos deixou
a lembrança de suas grandes maravilhas.
Ele dá o
alimento aos que o temem
e jamais esquecerá sua aliança.
Ao seu povo manifesta seu poder,
dando a ele a herança das nações.
Aclamação
do Evangelho
Aleluia,
aleluia, aleluia.
Senhor, tuas palavras são espírito, são vida; só tu tens palavras de vida
eterna (Jo 6,63.68).
Evangelho (Lucas 7,31-35)
7 31 Disse
Jesus: "a quem compararei os homens desta geração? Com quem se
assemelham?
32 São semelhantes a meninos que, sentados na praça, falam uns com os outros,
dizendo: 'Tocamos a flauta e não dançastes; entoamos lamentações e não
chorastes'.
33 Pois veio João Batista, que nem comia pão nem bebia vinho, e dizeis: 'Ele
está possuído do demônio'.
34 Veio o Filho do Homem, que come e bebe, e dizeis: 'Eis um comilão e beberrão,
amigo dos publicanos e libertinos'.
35 Mas a sabedoria foi justificada por todos os seus filhos".
COMENTÁRIOS DO EVANGELHO
1. A
conversão
Meninos sentados na praça e que gritam aos outros "Tocamos flauta e não
cantais, cantamos uma lamentação e não chorais..." Com essa expressão
talvez estranha para nós, Jesus diz uma grande verdade: queremos sempre que
as pessoas dancem conforme a nossa música, isso é, que pensem e ajam como
nós, e se for uma religião ou até mesmo aspecto cultural, que não mudem nada
e nem venham com coisas novas.
João
Batista, o Precursor de Jesus, tinha algo novo a anunciar, mas como vivia de
um jeito meio estranho e não se alimentava, diziam que ele estava possesso de
um demônio. (Qualquer fenômeno que não conseguimos definir, atribui-se ao
demônio) .
Jesus de
Nazaré é diferente de João Batista, aliás, não se encaixa no perfil de
Messias anunciado, em vez de acabar com os pecadores e homens maus, tem
amizade com eles, senta-se para tomar refeição com eles, e come e bebe com
eles. Por isso o rotularam de comilão e beberrão.
E assim, o
Novo que se encarnou em meio a humanidade, acabou rejeitado justamente porque
era humano demais. Esse evangelho traz um forte apelo á conversão, mas o que
é a conversão? Justamente purificar o olhar e o coração, para ver e sentir a
presença de Jesus e do seu Reino nas pessoas e nos acontecimentos da história
e da nossa vida. Mas tenhamos cautela, Jesus não está formatado do jeito que
nós queremos e o imaginamos, a conversão interior é primeiramente dom de
Deus, que vem com a Graça oferecida em Jesus.
Quando
olhamos o mundo e as pessoas com os olhos de Jesus, não exigimos que as
pessoas "dancem só conforme a nossa música", pois o Reino a todos
renova e se refaz nas virtudes e nos valores que cada um tem e disponibiliza
para os irmãos e irmãs.
2. O
discernimento para captar o tempo de Deus.
O trecho do evangelho de hoje é a sequência do relato em que João Batista envia
os seus discípulos a Jesus para perguntarem: "És tu aquele que há de vir
ou devemos esperar outro?" (v. 20). A pergunta de João revela a sua
dificuldade de discernir e compreender o novo que se vai realizando na pessoa
de Jesus. Jesus responde apoiando-se em Is 35,5-6; 61,1 e 26,19. Ao mesmo
tempo, o leitor vê evocado, na resposta de Jesus, o discurso programático da
Sinagoga de Nazaré (Lc 4,16-30). A resposta de Jesus é suficiente para fazer
João compreender que o "hoje" da salvação se realiza na pessoa de
Jesus, nos seus "atos de poder" e nas suas palavras.
O convite
de João Batista à conversão ganhou muitos adeptos, mas também rejeição: o
povo que o ouviu, os publicanos, recebeu o batismo de João, enquanto os
escribas e fariseus, não (cf. vv. 29-30). Na aceitação/rejeição de João
Batista, é prefigurada a aceitação/rejeição de Jesus. Não se trata de aceitar
ou rejeitar a proposta de alguém, mas do próprio desígnio salvífico de Deus
(cf. v. 30).
As
parábolas dos vv. 31-32 referem-se e ilustram essa rejeição por parte dos
chefes do povo. O que se afirma é a incompreensão dos escribas. Falta a eles
discernimento para captarem, no tempo, a graça de Deus.
ORAÇÃO
Pai, purifica-me de toda forma de orgulho que me leva a desprezar meu
semelhante e a julgar-me superior a ele. Como Jesus, desejo estar próximo de
quem se afastou de ti.
3. SALVOS
PELA CRUZ
A expressão "exaltação da cruz" deve ser corretamente compreendida
para se evitar mal entendidos. Erraria quem a interpretasse como uma apologia
do sofrimento, privando-a do contexto em que se deu na vida de Jesus.
O diálogo
com Nicodemos ajuda-nos a encontrar o sentido da cruz, no conjunto do
ministério do Mestre. Evocando a serpente de bronze erguida por Moisés no
deserto, Jesus afirmava ser necessário que ele também fosse elevado para
salvar os que haveriam de crer nele. Como a serpente de bronze era penhor de
vida para o povo pecador que a contemplava no alto do mastro, o mesmo
aconteceria com o Messias. A força salvadora do Filho erguido na cruz era uma
clara manifestação da presença do Pai em sua vida. Afinal, na cruz, o Filho
revelava sua mais absoluta fidelidade ao Pai. Por se recusar a não trilhar o
caminho traçado pelo Pai, teve de se confrontar com a terrível experiência de
sofrer a morte dos malfeitores. Assim, tornou-se fonte de salvação.
A exaltação
da cruz tem por objetivo glorificar Jesus por seu testemunho de adesão
incondicional ao querer do Pai. Só é capaz deste gesto quem acolheu a
salvação de que é portadora, e deseja mostrar-se agradecido a Jesus, por
tamanha prova de amor. Quem se dispõe a abrir o coração e deixar a cruz dar
seus frutos de vida e salvação, irá beneficiar-se do amor infinito que o Pai
demonstrou pela humanidade pecadora.
Oração
Pai, ao exaltar a cruz de teu Filho Jesus, quero abrir meu coração para que
ela frutifique em mim, renovando minha disposição de ser totalmente fiel a
ti.
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XXIV SEMANA DO TEMPO COMUM *
( VERDE – OFÍCIO DO DIA )
Antífona da
entrada: Ouvi, Senhor, as preces do vosso servo e do vosso
povo eleito: dai a paz àqueles que esperam em vós, para que os vossos
profetas sejam verdadeiros (Eco 36,18).
Leitura (1
Timóteo 4,12-16)
Leitura da primeira carta de são Paulo a Timóteo.
4 12
Ninguém te despreze por seres jovem. Ao contrário, torna-te modelo para os
fiéis, no modo de falar e de viver, na caridade, na fé, na castidade.
13 Enquanto eu não chegar, aplica-te à leitura, à exortação, ao ensino.
14 Não negligencies o carisma que está em ti e que te foi dado por profecia,
quando a assembléia dos anciãos te impôs as mãos.
15 Põe nisto toda a diligência e empenho, de tal modo que se torne manifesto
a todos o teu aproveitamento.
16 Olha por ti e pela instrução dos outros. E persevera nestas coisas. Se
isto fizeres, salvar-te-ás a ti mesmo e aos que te ouvirem.
Salmo
responsorial 110/111
Grandiosas
são as obras do Senhor!
Suas obras
são verdade e são justiça,
seus preceitos, todos eles, são estáveis,
confirmados para sempre e pelos séculos,
realizados na verdade e retidão.
Enviou
libertação para o seu povo,
confirmou sua aliança para sempre.
Seu nome é santo e é digno de respeito.
Temer a
Deus é o princípio do saber,
e é sábio todo aquele que o pratica.
Permaneça eternamente o seu louvor.
Aclamação
do Evangelho
Aleluia,
aleluia, aleluia.
Vinde a mim, todos vós que estais cansados, e descanso eu vos darei, diz o
Senhor (Mt 11,28).
EVANGELHO (Lucas 7,36-50)
7 36 Um
fariseu convidou Jesus a ir comer com ele. Jesus entrou na casa dele e pôs-se
à mesa.
37 Uma mulher pecadora da cidade, quando soube que estava à mesa em casa do
fariseu, trouxe um vaso de alabastro cheio de perfume;
38 e, estando a seus pés, por detrás dele, começou a chorar. Pouco depois
suas lágrimas banhavam os pés do Senhor e ela os enxugava com os cabelos,
beijava-os e os ungia com o perfume.
39 Ao presenciar isto, o fariseu, que o tinha convidado, dizia consigo mesmo:
"Se este homem fosse profeta, bem saberia quem e qual é a mulher que o
toca, pois é pecadora".
40 Então Jesus lhe disse: "Simão, tenho uma coisa a dizer-te. Fala,
Mestre", disse ele.
41 "Um credor tinha dois devedores: um lhe devia quinhentos denários e o
outro, cinqüenta.
42 Não tendo eles com que pagar, perdoou a ambos a sua dívida. Qual deles o
amará mais?"
43 Simão respondeu: "A meu ver, aquele a quem ele mais perdoou".
Jesus replicou-lhe: "Julgaste bem".
44 E voltando-se para a mulher, disse a Simão: "Vês esta mulher? Entrei
em tua casa e não me deste água para lavar os pés; mas esta, com as suas
lágrimas, regou-me os pés e enxugou-os com os seus cabelos.
45 Não me deste o ósculo; mas esta, desde que entrou, não cessou de beijar-me
os pés.
46 Não me ungiste a cabeça com óleo; mas esta, com perfume, ungiu-me os
pés.
47 Por isso te digo: seus numerosos pecados lhe foram perdoados, porque ela
tem demonstrado muito amor. Mas ao que pouco se perdoa, pouco
ama".
48 E disse a ela: "Perdoados te são os pecados".
49 Os que estavam com ele à mesa começaram a dizer, então: "Quem é este
homem que até perdoa pecados?"
50 Mas Jesus, dirigindo-se à mulher, disse-lhe: "Tua fé te salvou; vai
em paz".
COMENTÁRIOS DO EVANGELHO
1. A
CONSCIÊNCIA DO PECADO
Na sociedade globalizante e consumista da qual fazemos parte, onde vale tudo
para ser feliz, seduzido pelas facilidades da vida moderna, na medida em que
o homem avança em ritmo acelerado na tecnologia e na ciência, experimenta uma
evolução rápida e espantosa. Porém, por outro lado todo esse sucesso da
comunidade científica aumenta no ser humano a prepotência e a auto
suficiência, assumindo o lugar de Deus, quando se apresenta como senhor de
sua vida e de seus atos, conhecedor do bem e do mal, e arrogando-se o direito
de decidir sua própria vida.
Temos
visto, por exemplo, uma determinada corrente ideológica que defende
abertamente o aborto como uma das conquistas da mulher moderna, que por isso
têm todo direito de decidir o que fazer com seu corpo, sem dar satisfação a
ninguém, muito menos a Deus, cuja lei é considerada retrógrada. Ideologias
totalmente contrárias alei Divina partem de Instituições governamentais.
E assim,
nessa sociedade mais do que nunca antropocêntica, o homem arrogante vai dando
o seu grito de independência, decretando a morte de Deus e o fim do pecado,
como se Deus atrapalhasse os planos de felicidade do Ser humano.
Mas e os
discípulos de Jesus, membros de tantas igrejas cristãs, como se posicionam
diante dessa sociedade que “liberou geral” em uma verdadeira maratona do
“vale tudo” na busca do prazer, sucesso e felicidade?
A voz
profética de Natã na primeira leitura despertou no rei Davi a consciência do
seu delito, do seu procedimento totalmente contrário à palavra de Deus, pois
colocou Urias na frente de batalha para que este morresse e assim ele pudesse
possuir a sua esposa. Essa atitude penitente permitiu ao rei experimentar a
alegria do amor de Deus.
Precisamos
admitir que estamos enfermos, para que possamos ser curados pela misericórdia
divina. O salmo 51 é um dos mais belos da sagrada escritura, com seu caráter
profundamente penitencial mostra-nos o rei Davi humilde e penitente, que
reconhece o seu pecado “Pequei contra o Senhor”.
Mas o pior
enfermo é aquele que não admite a sua enfermidade, procurando esconde-la com
práticas religiosas e uma aparência piedosa diante dos irmãos. O Fariseu
Simão, que convidara Jesus para jantar em sua casa, não é má pessoa ao
contrário, sua conduta é irrepreensível já que cumpre todos os deveres para
com Deus e o próximo e como bom teólogo conhece a Palavra de Deus, suas
promessas e suas leis dadas a Moisés.
Já a mulher
tem má fama, é conhecida como pecadora sendo moralmente desqualificada, e por
sua conduta está excluída da comunidade porque é considerada impura, mas há
algo em sua vida que a difere do fariseu piedoso: conheceu Jesus e
descobriu-se amada e querida por ele, apesar dos seus inúmeros pecados . É a
experiência desse amor que a leva a reconhecer-se pecadora, sentindo no
coração não um remorso doloroso, mas sim uma incontida alegria que procurou
manifestar na casa do fariseu, lavando e ungindo os pés daquele que a fez
descobrir o verdadeiro amor.
O fariseu
mantinha com Deus uma relação sem dúvida piedosa, mas como se sentia
justificado pelas suas obras, dava-se o direito de julgar os que estavam em
pecado, excluindo-os de sua companhia, e sentindo-se merecedor do amor de
Deus e sua salvação.
Note-se que
Jesus não condena a conduta e o modo de viver do fariseu, e nem tão pouco
aprova a vida pecaminosa da mulher, apenas realça o modo como ambos se
relacionam com Deus. Certamente essa experiência com o Mestre Jesus mudou
para sempre a vida daquela mulher, mostrando-nos que a iniciativa é sempre de
Deus e que somente quando descobrimos o seu amor em nossa vida, é que
percebemos o quanto somos pecadores por não correspondermos a esse amor.
Simão
admirava Jesus, mas não via nele nada de especial, porque a lei, tradição, o
rito e suas boas obras não o deixavam sentir o quanto Deus o amava,
manifestando este amor em Jesus. A religião do perfeccionismo e do moralismo
é sempre muito triste porque nela, o homem mantém com Deus não uma relação de
filho, amado e querido, mas apenas de um empregado, que cumpre seu dever
junto ao patrão, merecendo deste o justo salário.
A
verdadeira autêntica e única religião, têm como base um amor que não se
prende a qualquer lei moral ou norma de conduta, mas sim ao encanto e
fascínio por Cristo Jesus, cujo olhar, gesto e palavras tem o poder de tocar
nosso coração, fazendo-nos renascer e recuperar nossa dignidade de filhos de
Deus, despertando esse desejo incontido de estar a seus pés, como essa
mulher, naquela noite imemorável na casa de Simão. Que o formalismo religioso
não mate em nós a alegria desse amor grandioso!
2. A
gratuidade do perdão
O texto do evangelho está situado na primeira parte do evangelho segundo
Lucas, em que é questão a identidade de Jesus. Especificamente, nesta parte
de ele ser profeta. Jesus é convidado para um jantar na casa de um fariseu de
nome Simão. Uma pecadora da cidade entra na casa e lava os pés de Jesus com
as suas lágrimas, enxuga-os com seus cabelos e os unge com perfume (vv.
37-38). Aqui em nosso texto esta sua identidade de profeta é posta em questão
pelos fariseus: "Se este homem fosse profeta, saberia quem é a mulher
que está tocando nele: é uma pecadora!" (v. 39). O que significam os
gestos da mulher? Quem perdoa os pecados, Jesus ou Deus?
Nos vv.
41-42, Jesus, para responder à objeção do fariseu, conta uma parábola que não
se aplica adequadamente ao contexto imediato. A parábola visa ressaltar a
gratuidade do credor – é ele que perdoa não importa qual seja a dívida. No v.
47 nós lemos: " os teus numerosos pecados foram perdoados". O
passivo divino empregado indica que é Deus quem perdoa, e Jesus o quem
anuncia este perdão. Deus perdoou a mulher por sua fé em Jesus. Os gestos da
mulher não são simplesmente um sinal de arrependimento, mas profunda fé
naquele para quem ela oferece tais gestos. Ela crê em Jesus, o médico, que
chama os pecadores à conversão (cf. 5,31-32). Isto não significa que o perdão
é devido à fé, mas que a fé é necessária para acolher o dom do perdão. A fé
purifica. A resposta à gratuidade do perdão recebido será o amor por Jesus,
expresso no seguimento e na ajuda dada a Jesus e seus discípulos (cf. 8,1-3).
ORAÇÃO
Pai, faze-me nutrir um amor tão entranhado a Jesus a ponto de não ter
vergonha de manifestá-lo em nenhuma circunstância, mesmo correndo o risco de
ser mal-compreendido.
3. UM GESTO
DE AMOR
Embora vivendo numa sociedade cheia de preconceitos, Jesus não se deixava
levar por eles. Sua ação norteava-se pelas exigências do Reino; sua liberdade
não dependia da opinião alheia. Por isso, não deixava de fazer o bem, quando
necessário, mesmo correndo o risco de ser mal interpretado.
O fariseu,
que convidara Jesus para uma refeição, tinha uma série de preconceitos.
Olhava para as mulheres com desprezo. No caso das prostitutas, este desprezo
transformava-se em verdadeiro asco e repúdio. Na sua opinião, os mestres
deveriam guardar distância dessas mulheres e não se deixar tocar por elas.
Também esse fariseu confundia ser profeta com ser capaz de conhecer as
intenções dos outros.
Embora
fosse o convidado, Jesus censurou seu anfitrião. Este observou, com malícia,
o gesto amoroso de uma pecadora da cidade que entrara em sua casa, pondo-se a
banhar os pés do Mestre com suas lágrimas, a enxugá-los com seus cabelos e a
cobri-los de perfume. Para Jesus isto era uma manifestação de amor, para o
fariseu, não passava de um gesto sensual.
Além disso,
a ação da mulher substituíra a falta de delicadeza do fariseu, que não
realizou os gestos de praxe, quando da chegada de um hóspede. Enfim, aquela
mulher, apesar de pecadora, tinha mais nobreza do que o anfitrião mal-educado
e preconceituoso.
Oração
Senhor Jesus, tira de mim toda malícia e todo preconceito que me levam a
interpretar, de forma equivocada, o que é gesto de amor.
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SANTOS ANDRÉ E PAULO - MÁRTIRES
( VERMELHO,
PREFÁCIO COMUM OU DOS MÁRTIRES – OFÍCIO DA MEMÓRIA )
Antífona da
entrada: Alegremo-nos todos no Senhor, celebrando este
dia festivo em honra dos santos mártires. Conosco alegram-se os anjos e
glorificam o Filho de Deus.
Leitura (1
Timóteo 6,2-12)
Leitura da primeira carta de são Paulo a Timóteo.
Caríssimo,
6 2 e os que têm patrões que abraçaram a fé, nem por isto os menosprezem, sob
pretexto de serem irmãos. Ao contrário, deverão servi-los ainda melhor, pelo
fato de que eles são fiéis amados de Deus e participantes de seus benefícios.
Tal deve ser o tema de teus ensinamentos e de tuas exortações.
3 Quem ensina de outra forma e discorda das salutares palavras de nosso
Senhor Jesus Cristo, bem como da doutrina conforme à piedade,
4 é um obcecado pelo orgulho, um ignorante, doentio por questões ociosas e
contendas de palavras. Daí se originam a inveja, a discórdia, os insultos, as
suspeitas injustas,
5 os vãos conflitos entre homens de coração corrompido e privados da verdade,
que só vêem na piedade uma fonte de lucro.
6 Sem dúvida, grande fonte de lucro é a piedade, porém quando acompanhada de
espírito de desprendimento.
7 Porque nada trouxemos ao mundo, como tampouco nada poderemos levar.
8 Tendo alimento e vestuário, contentemo-nos com isto.
9 Aqueles que ambicionam tornar-se ricos caem nas armadilhas do demônio e em
muitos desejos insensatos e nocivos, que precipitam os homens no abismo da
ruína e da perdição.
10 Porque a raiz de todos os males é o amor ao dinheiro. Acossados pela
cobiça, alguns se desviaram da fé e se enredaram em muitas aflições.
11 Mas tu, ó homem de Deus, foge desses vícios e procura com todo empenho a
piedade, a fé, a caridade, a paciência, a mansidão.
12 Combate o bom combate da fé. Conquista a vida eterna, para a qual foste
chamado e fizeste aquela nobre profissão de fé perante muitas testemunhas.
Salmo
responsorial 48/49
Felizes os
humildes de espírito,
porque deles é o reino dos céus.
Por que
temer os dias maus e infelizes,
quando a malícia dos perversos me circunda?
Por que temer os que confiam nas riquezas
e se gloriam na abundância de seus bens?
Ninguém se
livra de sua morte por dinheiro
nem a Deus pode pagar o seu resgate.
A isenção da própria morte não tem preço;
não há riqueza que a possa adquirir,
nem dar ao homem uma vida sem limites
e garantir-lhe uma existência imortal.
Não te
inquietes quando um homem fica rico
e aumenta a opulência de sua casa;
pois, ao morrer, não levará nada consigo,
nem seu prestígio poderá acompanhá-lo.
Felicitava-se
a si mesmo enquanto vivo:
"Todos te aplaudem, tudo bem, isto que é vida!"
Mas vais-se ele para junto de seus pais,
que nunca mais e nunca mais verão a luz!
Aclamação
do Evangelho
Aleluia,
aleluia, aleluia.
Graças te dou, ó Pai, Senhor do céu e da terra, pois revelaste os mistérios
do teu reino aos pequeninos, escondendo-os aos doutores! (Mt 11,25)
EVANGELHO (Lucas 8,1-3)
8 1 Depois
disso, Jesus andava pelas cidades e aldeias anunciando a boa nova do Reino de
Deus.
2 Os Doze estavam com ele, como também algumas mulheres que tinham sido
livradas de espíritos malignos e curadas de enfermidades: Maria, chamada
Madalena, da qual tinham saído sete demônios;
3 Joana, mulher de Cuza, procurador de Herodes; Susana e muitas outras, que o
assistiram com as suas posses.
COMENTÁRIOS DO EVANGELHO
1. Mulheres,
Discípulas Fiéis...
Não houve no mundo, nenhum movimento de libertação da Mulher, comparável
aquele do tempo de Jesus, que rompendo com uma estrutura arcaica, onde a
mulher era renegada a um segundo plano, Jesus as chama para o discipulado.
Distantes do fato histórico, nós não conseguimos nem imaginar este fato
inédito e impactante. Mulheres naquele tempo nem podiam falar, não davam
opiniões em negócios, não eram testemunhas nos tribunais, eram apenas uma
propriedade de seus maridos. No âmbito religioso também não havia espaço para
elas, participavam dos sacrifícios no templo, mas em lugar a parte.
Jesus as
acolhe como discípulas e isso era algo inédito naquele tempo. Aliás, é só
prestar atenção na História da Salvação para percebermos a importância da
mulher. As duas primeiras pessoas a terem certeza da Vinda do Messias, são
duas pobres mulheres: Maria de Nazaré e sua parenta Isabel, os Grandes
poderosos nem imaginavam o que estava acontecendo na modesta Vilinha de
Nazaré. É uma mulher, a primeira da humanidade, a ser convidada para
participar diretamente da obra da Salvação. É uma mulher que vai dar o seu
“SIM” A Deus , consentindo que a Salvação comece a acontecer.
E em nossas
comunidades, já fizeram uma estatística para ver quem participa mais das
Pastorais e Movimentos ? Nem precisam fazer, a maioria são mulheres,
Guerreiras, lutadoras, abnegadas, despojadas, que se doam sem reservas á
Igreja, na missão que lhes é confiada. Aliás, o que seria da Igreja se não
fossem nossas mulheres?
O
evangelista São Lucas faz questão de citar que, junto com os Doze, iam também
mulheres seguindo Jesus, mulheres de condições sociais diferentes, gente do
povo e gente da elite, vejam aí a Suzana, esposa de Cuza, procurador de
Herodes. Quanto a Madalena, da qual saiu sete demônios, ninguém precisa
pensar mal dela, Demônio é tudo que se opõe as forças do bem, mas são também
forças que nos escravizam. Como a sociedade civil e religiosa marginalizava
as mulheres, estas se julgavam inferiores, portanto sempre submissas aos
homens, o Discipulado as liberta pois, como seguidoras de Jesus, falam e dão
opinião, não são apenas servidoras do grupo.
Portanto, a
verdadeira liberdade da mulher está em Jesus Cristo, e o discipulado, vai
amadurecendo a mente e o coração cada vez mais, e o testemunho das mulheres
são valiosíssimos em nossas comunidades, quando elas vivem a autenticidade da
Fé.
2. O novo
nas relações de Jesus.
"Depois disso" se refere ao episódio na casa de Simão, o fariseu
(7,36-50). Jesus é apresentado como um pregador itinerante, percorrendo
cidades e povoados. Os "Doze", que ele havia escolhido dentre os
discípulos (cf. 6,12-16), vão com ele. Mas o que é surpreendente e
absolutamente novo é que algumas mulheres o acompanhavam (v. 2; ver também:
23,55). Fato inédito, pois um rabi não podia permitir que mulheres o
acompanhassem. São mulheres, ao que se pode inferir legitimamente do texto,
com uma história pessoal dramática, e que, na proximidade com o Senhor, foram
libertadas de seus males (v. 2).
O número
delas não se limita aos nomes elencados, pois há muitas outras que ajudavam
Jesus e os Doze com seus bens (cf. v. 3), a exemplo da sogra de Simão que,
curada do seu mal, se levantou e pôs-se a servi-los (Lc 4,38-39).
ORAÇÃO
Pai, reveste-me do amor e da fidelidade necessárias para ser servidor do
Reino. Que eu demonstre meu reconhecimento a ti, colocando minha vida a
serviço do meu próximo.
3. A
SERVIÇO DO REINO
Para aceitar as mulheres como servidoras do Reino foi preciso que Jesus
superasse a mentalidade judaica a qual as considerava espiritual e moralmente
inferiores aos homens. Por isso, indignas de receberem instrução religiosa
semelhante aos homens e, muito menos, tornar-se discípulas de um mestre que
se prezasse.
O gesto de
Jesus, que aceitou a colaboração das mulheres ao lado dos Doze, era uma prova
evidente de que reconhecia a dignidade das mulheres, colocando-as no mesmo
nível espiritual e moral dos homens.
As seguidoras
do Mestre eram movidas por um profundo senso de gratidão. Todas tinham feito
a experiência da misericórdia de Jesus, uma vez que "foram curadas de
espíritos malignos e de enfermidades". Pôr-se a serviço de Jesus e, por
extensão, a serviço dos mais necessitados, era a forma melhor de se mostrarem
agradecidas. De Maria Madalena afirma-se terem sido expulsos sete demônios,
isto é, fora curada de uma doença extremamente grave. Tendo sido salva da
morte, colocou-se a serviço da vida.
Estas
mulheres demonstraram a Jesus uma fidelidade a toda prova. Estiveram junto
dele até a cruz, quando os discípulos, abandonando o Mestre, puseram-se em
fuga. E, assim como foram testemunhas da crucifixão, serão também as
primeiras testemunhas da ressurreição. Quem manifestou maior amor por Jesus,
teve o privilégio de experimentar, antes dos discípulos, a alegria de sabê-lo
ressuscitado.
Oração
Pai, reveste-me do amor e da fidelidade necessárias para ser servidor do
Reino. Que eu demonstre meu reconhecimento a ti, colocando minha vida a
serviço do meu próximo.
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SÃO MATEUS - APÓSTOLO E EVANGELISTA
( VERMELHO,
GLÓRIA, PREFÁCIO DOS APÓSTOLOS – OFÍCIO DA FESTA )
Antífona da
entrada: Ide e de todas as nações fazei discípulos, diz o
Senhor, batizando-os e ensinando-os a observar todos os mandamentos que vos
dei (Mt 18,19s).
Leitura (Efésios
4,1-7.11-13)
Leitura da carta de são Paulo aos Efésios.
4 1
Exorto-vos, pois, - prisioneiro que sou pela causa do Senhor -, que leveis
uma vida digna da vocação à qual fostes chamados,
2 com toda a humildade e amabilidade, com grandeza de alma, suportando-vos
mutuamente com caridade.
3 Sede solícitos em conservar a unidade do Espírito no vínculo da paz.
4 Sede um só corpo e um só espírito, assim como fostes chamados pela vossa
vocação a uma só esperança.
5 Há um só Senhor, uma só fé, um só batismo.
6 Há um só Deus e Pai de todos, que atua acima de todos, por todos e em
todos.
7 Mas a cada um de nós foi dada a graça, segundo a medida do dom de
Cristo,
11 A uns ele constituiu apóstolos; a outros, profetas; a outros,
evangelistas, pastores, doutores,
12 para o aperfeiçoamento dos cristãos, para o desempenho da tarefa que visa
à construção do corpo de Cristo,
13 até que todos tenhamos chegado à unidade da fé e do conhecimento do Filho
de Deus, até atingirmos o estado de homem feito, a estatura da maturidade de
Cristo.
Salmo
responsorial 18/19A
Seu som
ressoa e se espalha em toda a terra.
Os céus
proclamam a glória do Senhor,
e o firmamento, a obra de suas mãos;
o dia ao dia transmite essa mensagem,
a noite à noite publica essa notícia.
Não são
discursos nem frases ou palavras,
nem são vozes que possam ser ouvidas;
seu som ressoa e se espalha em toda a terra,
chega aos confins do universo a sua voz.
Aclamação
do Evangelho
Aleluia,
aleluia, aleluia.
A vós, ó Deus, louvamos, a vós, Senhor, cantamos, vos louva, ó Senhor, o coro
dos apóstolos.
Evangelho (Mateus 9,9-13)
9 9 Partindo
dali, Jesus viu um homem chamado Mateus, que estava sentado no posto do
pagamento das taxas. Disse-lhe: "Segue-me. O homem levantou-se e o
seguiu".
10 Como Jesus estivesse à mesa na casa desse homem, numerosos publicanos e
pecadores vieram e sentaram-se com ele e seus discípulos.
11 Vendo isto, os fariseus disseram aos discípulos: "Por que come vosso
mestre com os publicanos e com os pecadores?"
12 Jesus, ouvindo isto, respondeu-lhes: "Não são os que estão bem que
precisam de médico, mas sim os doentes.
13 Ide e aprendei o que significam estas palavras: Eu quero a misericórdia e
não o sacrifício. Eu não vim chamar os justos, mas os pecadores."
COMENTÁRIOS DO EVANGELHO
1. Conversa
com Mateus
___Olha São Mateus, primeiramente parabéns pelo seu dia que é hoje, o Senhor
poderia nos falar sobre aquele dia que o Mestre passou na sua banca e o
chamou para ser discípulo?
___Bom, foi um dia inesquecível, eu pensei que o Galileu fosse pagar algum
imposto, mas de repente vi o seu olhar sobre mim, não era um olhar acusador como
o da maioria do povo, mas era um olhar firme, que me deixou encantado, suas
palavras apenas expressaram o que os seus olhos já me haviam dito
___É
Verdade que o Farisaísmo entrou em polvorosa?
___Nossa, e como! Eles consideravam muito o Mestre e tinham grande admiração
e respeito por ele, mas certas atitudes os desconcertavam, e esse chamado que
ele me fez, ali diante deles, foi realmente muito desconcertante, imagine eu,
um Cobrador de impostos, explorador do povo e a serviço do poder romano, ser
chamado por Jesus. E o que é pior, ele foi jantar em minha casa naquela
noite....Deu o maior "buchicho"
___Pois é,
percebe-se no seu relato, eles começaram a "apertar" os discípulos,
o por que desse jantar em sua casa
___Sim, mas não só isso, meus amigos cobradores de impostos também vieram,
achei que o Mestre iria nos fazer um discurso moralista, prá gente mudar de
vida
___Ué, mas
então ele não pregou a palavra, não fez ameaças para vocês se converterem?
Pensei que ele tivesse dado uma "dura" no seu grupo de pecadores
___Pois é, eu também pensei assim, e até achava que aquele jantar seria bem
chato, pelo clima que o Mestre iria criar. Mas... Surpreendeu-me o fato dele
ter ficado á vontade em minha casa, sabe, parecia um de nós, comia, bebia,
falava, ria de coisas gozadas que a gente falava, e uma hora até ameaçou uma
dança, como era nosso costume....Foi uma festa imemorável, descobri que ele
nos queria muito bem, apesar de sermos uns "casos perdidos"
___Então
não foi o discurso ou ensinamento que te levou a mudar de vida e segui-lo ?
___Não, de modo algum! Foi a sua atitude e o modo como se relacionou comigo e
com os outros, Jesus é simplesmente encantador, é impossível não segui-lo,
quando se experimenta o quanto ele nos ama... daí sim é que vem a
conversão...
___Conclusão:
daí o Império Romano perdeu um excelente cobrador, e o Mestre ganhou um novo
discípulo, e nós enquanto Igreja, ganhamos um grande Santo e
Apóstolo...
2. A
misericórdia precede e ultrapassa o sacrifício.
Ninguém está excluído do seguimento de Jesus Cristo. O seu chamado exigente é
para todos. Mateus, que Jesus chama ao seu seguimento, é coletor de impostos,
isto é, pecador público (ver: Lc 19,7).
O relato de
Mateus omite que a refeição tenha sido na casa de Levi, ao contrário de
Marcos e Lucas, que o dizem explicitamente (Mc 2,15; Lc 5,29). Em Marcos e
Lucas, a refeição oferecida por Levi tem um tom de despedida de sua vida
anterior. Aqui em Mateus, a impressão é que Jesus acolhe na sua própria casa
os coletores de impostos e pecadores (cf. v. 10). O autor do quarto evangelho
fará o Senhor dizer: "Na casa de meu Pai tem muitas moradas" (Jo
14,2).
A pergunta
dos fariseus é dirigida aos discípulos de Jesus (cf. v. 11), mas é Jesus quem
toma a iniciativa de respondê-la (cf. v. 12-13), pois é a ocasião de
explicitar sua missão: "De fato, não é a justos que vim chamar, mas a
pecadores" (v. 13). A citação de Os 6,6 ("É misericórdia que eu quero,
e não sacrifício"), e repetida em Mt 12,7, deve funcionar como princípio
de ação. A misericórdia precede e ultrapassa o sacrifício.
ORAÇÃO
Pai, coloca-me sempre junto àqueles que mais carecem de tua salvação, e
liberta-me de toda espécie de preconceitos que contaminam o meu coração.
3. São
Mateus
Neste chamado de Mateus, além do realce à disponibilidade no seguimento de
Jesus, destaca-se a denúncia contra a discriminação de pessoas, ao
qualificá-las de pecadoras. Mateus era um publicano, ou cobrador de impostos,
o que lhe conferia boa condição financeira.
Contudo, em
conseqüência dos contínuos contatos com comerciantes gentios, os publicanos
infringiam as observâncias legais de pureza religiosa e, assim, eram
considerados pecadores, pois os gentios eram tidos como impuros. Após chamar
Mateus, Jesus senta-se à mesa com ele e com seus amigos, também publicanos e
pecadores.
A atitude
ostensiva de Jesus suscita a indignação dos fariseus. Ele, então, descarta o
título de "justos", atribuído àqueles que faziam seus sacrifícios e
suas ofertas no templo, bem como o título de "pecadores" aos
discriminados pela Lei religiosa. Jesus faz sua opção pelo banquete da vida
com os humilhados e excluídos, chamados "pecadores".
Oração
Senhor Jesus, tira de mim o medo e a covardia que me impedem de iluminar, com
minhas ações, o que, no nosso mundo, está mergulhado nas trevas.
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Liturgia do
Domingo 22.09.2013
25º DOMINGO DO TEMPO COMUM — ANO C
( VERDE, GLÓRIA, CREIO – I SEMANA DO
SALTÉRIO )
__ "Não podeis servir a Deus e ao dinheiro" __
Ambientação:
Sejam
bem-vindos amados irmãos e irmãs!
INTRODUÇÃO
DO FOLHETO DOMINICAL PULSANDINHO: Em espírito de
oração nós nos reunimos para celebrar a eucaristia, sacramento da alegria e
da salvação. A liturgia de hoje garante, em toda sua completude, que temos um
único Deus, a quem adoramos como Trindade: Pai, Filho e Espírito Santo. Dirá
Jesus que não podemos servir a dois senhores, lembrando-nos de que existe a
possibilidade de colocarmos Deus de lado e adotar o dinheiro como senhor,
isto é, como deus de nossas vidas. Não se trata de uma discussão a respeito
da necessidade do dinheiro na sociedade, pois reconhecemos sua importância
para que a vida seja vivida com dignidade; até as obras de Evangelização
necessitam do dinheiro para se manter. O convite feito é para que sejamos
criativos e fiéis na administração dos bens que Deus nos confia. Seguir a
Cristo implica, portanto, romper com a ganância, dando preferência àquilo que
combina com Deus e seu projeto: justiça e amor para com os seus filhos, em
primeiro lugar os pobres.
INTRODUÇÃO
DO FOLHETO DOMINICAL O POVO DE DEUS: Estamos reunidos
em torno da Ceia do Senhor, na qual Jesus se faz Pão da Vida e Vinho da
Salvação, a fim de conceder-nos a vida em Deus e a alegria de sermos
verdadeiros irmãos. Assim realizamos a nossa vocação de adoradores da
Santíssima Trindade e servidores uns dos outros. Dessa forma, essa mesa
anuncia profeticamente e realiza no plano da celebração o sonho de um mundo
novo, onde os seguidores de Jesus não podem servir a Deus sem antes abandonar
a idolatira do dinheiro. Rezemos também pela região Episcopal Santana, que
hoje realiza sua peregrinação à Catedral da Sé, por ocasião do Ano da Fé.
INTRODUÇÃO
DO WEBMASTER: O mundo está geralmente dividido em
ricos e pobres. A contestação, a luta de classes parece baseada no princípio
de que não há possibilidade de acordo senão pela eliminação de uma das
partes. O anúncio do reino de Deus, do seu amor que salva, é feito num mundo
dividido entre ricos e pobres. É um anúncio que, revolucionando o íntimo do
homem, revoluciona também certo tipo de ordem social.
Sintamos em
nossos corações a alegria do Amor ao Próximo e entoemos alegres cânticos ao
Senhor!
XXV DOMINGO DO TEMPO COMUM
A RIQUEZA PARA CONSTRUIR A FRATERNIDADE
Antífona da
entrada: Eu sou a salvação do povo, diz o Senhor. Se clamar
por mim em qualquer provação, eu o ouvirei e serei seu Deus para sempre.
Comentário
das Leituras: A conclusão do Evangelho resume bem as
leituras que ouviremos: não podemos servir a Deus e ao dinheiro. Quem se
dedica à idolatria do dinheiro nega o senhorio de Deus, aprisiona-se a si
próprio e desrespeita a dignidade do outro, especialmente dos mais pobres.
Abramos nosso coração a Deus, a fim de praticarmos a Palavra que vamos ouvir.
Primeira
Leitura (Amós 8,4-7)
Leitura da profecia de Amós.
8 4 Ouvi
isto, vós que engolis o pobre, e fazeis perecer os humildes da terra,
5 dizendo: "Quando passará a lua nova, para vendermos o nosso trigo, e o
sábado, para abrirmos os nossos celeiros, diminuindo a medida e aumentando o
preço, e falseando a balança para defraudar?
6 (Compraremos os infelizes por dinheiro e os pobres por um par de
sandálias.) Venderemos até o refugo do trigo".
7 O Senhor jurou pelo orgulho de Jacó: "não esquecerei jamais nenhum de
seus atos".
Salmo
responsorial 112/113
Louvarei o
Senhor, que eleva os pobres!
Louvai, louvai,
ó servos do Senhor,
louvai, louvai o nome do Senhor!
Bendito seja o nome do Senhor,
agora e por toda a eternidade!
O Senhor
está acima das nações,
sua glória vai além dos altos céus.
Quem pode comparar-se ao nosso Deus,
ao Senhor, que no alto céu tem o seu trono
e se inclina para olhar o céu e a terra?
Levanta da
poeira o indigente
e do lixo ele retira o pobrezinho,
para fazê-lo assentar-se com os nobres,
assentar-se com os nobres do seu povo.
Segunda
Leitura (1 Timóteo 2,1-8)
Leitura da primeira carta de são Paulo a Timóteo.
2 1 Acima
de tudo, recomendo que se façam preces, orações, súplicas, ações de graças
por todos os homens,
2 pelos reis e por todos os que estão constituídos em autoridade, para que
possamos viver uma vida calma e tranqüila, com toda a piedade e
honestidade.
3 Isto é bom e agradável diante de Deus, nosso Salvador,
4 o qual deseja que todos os homens se salvem e cheguem ao conhecimento da
verdade.
5 Porque há um só Deus e há um só mediador entre Deus e os homens: Jesus Cristo,
homem
6 que se entregou como resgate por todos. Tal é o fato, atestado em seu
tempo;
7 e deste fato - digo a verdade, não minto - fui constituído pregador,
apóstolo e doutor dos gentios, na fé e na verdade.
8 Quero, pois, que os homens orem em todo lugar, levantando as mãos puras,
superando todo ódio e ressentimento.
Aclamação
do Evangelho
Aleluia,
aleluia, aleluia.
Jesus Cristo, sendo rico, se fez pobre e por amor; para que sua pobreza nos,
assim, enriquecesse (2Cor 8,9).
EVANGELHO (Lucas 16,1-13)
16 1 Jesus
disse também a seus discípulos: "Havia um homem rico que tinha um
administrador. Este lhe foi denunciado de ter dissipado os seus bens.
2 Ele chamou o administrador e lhe disse: 'Que é que ouço dizer de ti? Presta
contas da tua administração, pois já não poderás administrar meus
bens'.
3 O administrador refletiu então consigo: 'Que farei, visto que meu patrão me
tira o emprego? Lavrar a terra? Não o posso. Mendigar? Tenho vergonha.
4 Já sei o que fazer, para que haja quem me receba em sua casa, quando eu for
despedido do emprego'.
5 Chamou, pois, separadamente a cada um dos devedores de seu patrão e
perguntou ao primeiro: 'Quanto deves a meu patrão?'
6 Ele respondeu: 'Cem medidas de azeite'. Disse-lhe: 'Toma a tua conta,
senta-te depressa e escreve: cinqüenta'.
7 Depois perguntou ao outro: 'Tu, quanto deves?' Respondeu: 'Cem medidas de
trigo'. Disse-lhe o administrador: 'Toma os teus papéis e escreve:
oitenta'.
8 E o proprietário admirou a astúcia do administrador, porque os filhos deste
mundo são mais prudentes do que os filhos da luz no trato com seus
semelhantes'.
9 Eu vos digo: fazei-vos amigos com a riqueza injusta, para que, no dia em
que ela vos faltar, eles vos recebam nos tabernáculos eternos.
10 Aquele que é fiel nas coisas pequenas será também fiel nas coisas grandes.
E quem é injusto nas coisas pequenas, sê-lo-á também nas grandes.
11 Se, pois, não tiverdes sido fiéis nas riquezas injustas, quem vos confiará
as verdadeiras?
12 E se não fostes fiéis no alheio, quem vos dará o que é vosso?
13 Nenhum servo pode servir a dois senhores: ou há de odiar a um e amar o
outro, ou há de aderir a um e desprezar o outro. Não podeis servir a Deus e
ao dinheiro".
LEITURAS DA SEMANA DE 23 a 29 de Setembro de
2013:
2ª Br - Esd 1,1-6; Sl 125(126); Lc 8,16-18
3ª Vd - Esd 6,7-8.12b.14-20; Sl 121(122); Lc 8,19-21
4ª Vd - Esd 9,5-9; Tb 13,2.3-4a.4bcd.5.8] Lc 9,1-6
5ª Vd - Ag 1,1-8; Sl 149; Lc 9,7-9
6ª Br - Ag 1,15b - 2,9; Sl 42(43); Lc 9,18-22
Sb Vd - Zc 2,5-9.14-15a; Jr 31,10.11-12ab.13; Lc 9,43b-45
26º DTC Vd - Am 6,1a.4-7; Sl 145 (146),7. 8-9a. 9bc-10 (R/. 1); 1Tm 6,11-16;
Lc 16,19-31 (Parábola do rico e Lázaro)
COMENTÁRIOS DO EVANGELHO
1.
Administrar bem
Se quisermos atualizar a parábola, vamos dizer que um governante foi acusado
de corrupção, isso é, de ter dissipado os bens do patrimônio público agindo
de maneira desonesta. Certamente hoje Jesus contaria a parábola desse jeito,
exaltando a esperteza de muitos homens públicos que conseguem fazer
“conchavos” com tudo que é partido político e no final nunca fica sem
guarida. Nesses casos, quando vemos algum homem público em nossos dias, abrir
mão de algum benefício ou regalia, não se iludam, ele está perdendo agora
para ganhar em dobro depois, pois como se diz na gíria, essa raça nunca dá
ponto sem nó.
E o leitor
poderá então perguntar admirado: Parece que Jesus elogia o Administrador
infiel, ou o Político corrupto de nossos dias, como pode uma coisa assim? E
como é que fica quem é honesto na administração pública?
Claro que
essa compreensão é falsa, gerada por uma leitura superficial do texto,
imaginem que Jesus, Nosso Deus e Senhor, o Mestre da Justiça, iria compactuar
com uma ação desonesta... O que está em jogo nessa parábola é a habilidade do
Administrador Infiel em tomar rapidamente uma decisão certeira, e colocar o
plano em prática em caráter de urgência. Portanto, o elogio é para o modo
como ele fez, e não para o que fez. Bem diferente da impressão que temos no
primeiro momento.
O
Administrador Infiel, quando viu que fora exonerado pelo seu Senhor, abriu
mão da sua gorda comissão sobre a venda dos produtos, e começou imediatamente
e renegociar a dívida. Imaginem os Credores chamar os devedores para
renegociar a dívida do financiamento, de um carro ou de um imóvel, por
exemplo, e baixar sensivelmente o valor a ser pago, que no caso do azeite,
foi de cinquenta por cento. O Governo poderia fazer assim na questão dos
juros e taxas de serviços, o povão agradeceria de coração. Mas é melhor não
sonhar com isso, vamos acabar caindo da cama. Os Poderosos da economia querem
sempre taxas mais altas para garantir seus “gordos” lucros.
Mas vamos
nos inserir dentro dessa parábola. Nós batizados, membros da Igreja de
Cristo, somos privilegiados pois Deus investe em nós todos os dias, dando-nos
a sua Graça Santificante e Operante, temos a Santa Palavra, os Sacramentos,
que são um Patrimônio de incomparável valor na Tradição da Igreja. Deus
acredita em nosso potencial e nos faculta sermos sim, administradores da sua
Graça. Tudo o que somos e temos provém de Deus, nada nos pertence nesta vida.
Como o
Administrador infiel, muitas vezes somos maus gestores da Graça de Deus,
quando queremos ser os únicos beneficiários dela, esquecendo-nos de que ela
deve ser usada para o bem do outro, nos carismas, dons e talentos que o
Senhor nos concedeu. A Habilidade do Administrador infiel, elogiado por
Jesus, está no fato de ter aceito “Perder” para garantir um abrigo no
futuro., o mesmo devemos fazer como Cristãos, sabermos “Perder” e abrir mão
hoje de muitas coisas, para garantirmos um abrigo eterno junto a Deus um dia,
na Vida Futura.
Sempre
temos um olhar crítico aos que administram, até na Igreja é assim, mas este
evangelho nos convida a nos olharmos enquanto administradores da Graça de
Deus que nos foi confiada. Temos a mesma habilidade e esperteza desse
Administrador, ou somos maus Gestores? Um dia iremos todos prestar contas...
Estejamos preparados!
2. É
preciso sair do comodismo; o Reino de Deus exige empenho, inteligência,
discernimento.
Esta parábola do início do capítulo 16 de Lucas dá continuidade ao capítulo
precedente. Em que consiste esta conexão entre os capítulos 15 e 16? É o que
podemos chamar de "elemento destoante". O filho mais jovem admite a
seu pai que ele pecou (vv. 18.21) e reconhece não ser mais digno de ser
chamado "seu filho" (vv. 19.21). No entanto, sua motivação para
voltar para a casa do pai é o desejo da própria preservação. Sua motivação
não é estar de novo com o seu pai, mas ter o pão dos empregados do seu pai
(cf. v. 17). O capítulo 16 continua o discurso do capítulo 15, mas o
auditório é outro; agora se trata dos discípulos (cf. v. 1).
É outra
história, a do "administrador injusto ou desonesto" (cf. v. 8). É
preciso cuidado para interpretar bem o que a parábola diz, do contrário
poderia induzir a erro, considerando que Jesus elogia a desonestidade do
administrador. O que é louvada nesta parábola é a habilidade de uma pessoa de
empregar meios para alcançar determinado fim; ele utiliza sua inteligência
para encontrar o meio de assegurar sua felicidade.
O que
preocupa Jesus são os meios para entrar no Reino de Deus – é exatamente isso
que a parábola enfatiza. Não quaisquer meios, pois é preciso entrar pela
"porta estreita". A porta que dá acesso ao Reino de Deus é o
próprio Jesus. Jesus urge para os discípulos deixarem a passividade e
empreenderem tal "sabedoria" a fim de alcançar o seu objetivo, a
saber, entrar no Reino de Deus. Assim como o filho mais novo da parábola do
pai misericordioso escolhe os meios para salvar a própria vida, da mesma
forma o administrador desonesto é louvado por ter-se aplicado em encontrar os
meios pelos quais poderia ter a sua vida salva. Não é, reiteramos, elogio à
desonestidade, mas ao esforço de buscar os meios para ter a vida salva. Esta
é a lição dada aos discípulos e ao leitor do evangelho: é preciso sair do
comodismo; o Reino de Deus exige empenho, inteligência, discernimento.
A máxima de
Santo Inácio de Loyola nos parece bem adequada aqui: "Fazei tudo como se
tudo dependesse de nós e espera tudo como se tudo dependesse de Deus.
ORAÇÃO
Espírito de determinação, afasta de mim toda tentação de acomodar-me, pouco
me empenhando em vivenciar o que o Reino exige de mim.
3. UMA
ESTRANHA COMPARAÇÃO
A parábola evangélica pode soar estranha aos nossos ouvidos. Partindo da
esperteza de um administrador claramente desonesto, Jesus tira lições de vida
para o discípulo do Reino. Afinal, a comparação tem sua razão de ser.
O
administrador age como um capitalista de nossos tempos. Conhece a maneira de
garantir sua fonte de lucro e, prevendo dificuldades futuras, toma as
providências necessárias para evitar o fracasso. Suas estratégias são
eficientes, por serem bem estudadas. Seria arriscado dar um passo em falso e
colocar tudo a perder. Pouco lhe importa considerações de caráter ético. Se é
preciso ser desonesto e cometer injustiça para atingir o objetivo, não lhe
interessa! Os meios justificam-se pelo fim a ser alcançado.
Jesus quer
inculcar nos discípulos esta mesma disposição, em se tratando de dispor-se
para alcançar o Reino. Evidentemente, os elementos de desonestidade ficam
fora de cogitação. O ponto focalizado, na atitude do administrador, é sua
decisão inabalável, sua capacidade de encontrar a forma adequada de ver
concretizado seu intento, a coragem de enfrentar os riscos, o otimismo que
não permite pôr em dúvida o seu projeto.
Jesus
constata que os filhos deste mundo são muito mais espertos do que os filhos
da luz. Aqueles têm muito a ensinar a estes últimos, pois lhes falta
determinação na busca de seus objetivos.
Oração
Espírito de determinação, afasta de mim toda tentação de acomodar-me, pouco
me empenhando em vivenciar o que o Reino exige de mim.
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