Liturgia da Segunda Feira — 02.09.2013
XXII SEMANA DO TEMPO COMUM
( VERDE – OFÍCIO DO DIA )
Leitura (1 Tessalonicenses 4,13-18)
Leitura da primeira carta de são Paulo aos Tessalonicenses.
4 13 Irmãos, não queremos que
ignoreis coisa alguma a respeito dos mortos, para que não vos entristeçais,
como os outros homens que não têm esperança.
14 Se cremos que Jesus morreu e ressuscitou, cremos também que Deus levará
com Jesus os que nele morreram.
15 Eis o que vos declaramos, conforme a palavra do Senhor: por ocasião da
vinda do Senhor, nós que ficamos ainda vivos não precederemos os
mortos.
16 Quando for dado o sinal, à voz do arcanjo e ao som da trombeta de Deus, o
mesmo Senhor descerá do céu e os que morreram em Cristo ressurgirão primeiro.
17 Depois nós, os vivos, os que estamos ainda na terra, seremos arrebatados
juntamente com eles sobre nuvens ao encontro do Senhor nos ares, e assim
estaremos para sempre com o Senhor.
18 Portanto, consolai-vos uns aos outros com estas palavras.
Salmo responsorial 95/96
O Senhor vem julgar nossa terra.
Cantai ao Senhor Deus um canto
novo,
manifestai a sua glória entre as nações
e, entre os povos do universo, seus prodígios!
Pois Deus é grande e muito digno de
louvor,
é mais terrível e maior que os outros deuses;
porque um nada são os deuses dos pagãos.
Foi o Senhor e nosso Deus quem fez os céus.
O céu se rejubile e exulte a
terra,
aplauda o mar com o que vive em suas águas;
os campos com seus frutos rejubilem
e exultem as florestas e as matas.
Na presença do Senhor, pois ele
vem,
porque vem para julgar a terra inteira.
Governará o mundo todo com justiça
e os povos julgará com lealdade.
Aclamação do Evangelho
Aleluia, aleluia, aleluia.
O Espírito do Senhor repousa sobre mim e enviou-me a anunciar aos pobres o
Evangelho (Lc 4,18).
EVANGELHO (Lucas 4,16-30)
Naquele tempo, 4 16 Jesus
dirigiu-se a Nazaré, onde se havia criado. Entrou na sinagoga em dia de
sábado, segundo o seu costume, e levantou-se para ler.
17 Foi-lhe dado o livro do profeta Isaías. Desenrolando o livro, escolheu a
passagem onde está escrito:
18 "O Espírito do Senhor está sobre mim, porque me ungiu; e enviou-me
para anunciar a boa nova aos pobres, para sarar os contritos de
coração,
19 para anunciar aos cativos a redenção, aos cegos a restauração da vista,
para pôr em liberdade os cativos, para publicar o ano da graça do
Senhor".
20 E enrolando o livro, deu-o ao ministro e sentou-se; todos quantos estavam
na sinagoga tinham os olhos fixos nele.
21 Ele começou a dizer-lhes: "Hoje se cumpriu este oráculo que vós
acabais de ouvir".
22 Todos lhe davam testemunho e se admiravam das palavras de graça, que
procediam da sua boca, e diziam: "Não é este o filho de
José?"
23 Então lhes disse: "Sem dúvida me citareis este provérbio: Médico,
cura-te a ti mesmo; todas as maravilhas que fizeste em Cafarnaum, segundo
ouvimos dizer, faze-o também aqui na tua pátria".
24 E acrescentou: "Em verdade vos digo: nenhum profeta é bem aceito na
sua pátria.
25 Em verdade vos digo: muitas viúvas havia em Israel, no tempo de Elias,
quando se fechou o céu por três anos e meio e houve grande fome por toda a
terra;
26 mas a nenhuma delas foi mandado Elias, senão a uma viúva em Sarepta, na
Sidônia.
27 Igualmente havia muitos leprosos em Israel, no tempo do profeta Eliseu;
mas nenhum deles foi limpo, senão o sírio Naamã".
28 A estas palavras, encheram-se todos de cólera na sinagoga.
29 Levantaram-se e lançaram-no fora da cidade; e conduziram-no até o alto do
monte sobre o qual estava construída a sua cidade, e queriam precipitá-lo
dali abaixo.
30 Ele, porém, passou por entre eles e retirou-se.
COMENTÁRIOS DO EVANGELHO
1. A PALAVRA ENCARNADA
Ao visitar Nazaré, cidade onde havia se criado, Jesus foi participar de uma
celebração na sua comunidade, onde sempre fazia uma leitura e depois ajudava
o povo a refletir, como fazem hoje nossos ministros leigos, que celebram a
Palavra.
Podemos até imaginar a alegria do
chefe da sinagoga quando viu Jesus chegar, ele era muito querido na
comunidade, não só por ser uma pessoa simples, mas porque falava muito bem e
demonstrava uma sabedoria superior aos sacerdotes, escribas e fariseus, sua
catequese era bem prática e logo cativava. Por isso, ao vê-lo entrar na
comunidade, o chefe da sinagoga foi logo pedindo para que ele fizesse uma
leitura, porque parece que, como acontece me nossas comunidades, naquele dia
o leitor escalado não apareceu. Jesus escolheu o livro do profeta Isaias que
era o seu preferido, porque já o havia lido várias vezes e tinha a nítida
impressão de que o texto falava dele.
Conforme Lucas que escreveu este
evangelho de maneira ordenada e após muito estudo, por este tempo Jesus
estava iniciando o seu ministério, já havia sido batizado e enfrentara com
muita coragem o diabo, que no deserto tentou desviá-lo da sua missão.
A verdade é que Jesus tinha uma
grande vontade de sair pelo mundo, ajudando as pessoas e falando de uma coisa
que sentia em seu coração, foi com certeza por isso que naquele dia voltou à
comunidade, e quando já no ambão, começou a ler o profeta Isaias, na passagem
onde diz “O Espírito do senhor está sobre mim, porque ele me consagrou com a
unção para levar a Boa notícia aos pobres, anunciar a libertação aos cativos
e aos cegos e anunciar um ano de graças do Senhor”, seu coração começou a
bater mais forte, percebeu que Deus não apenas falava para ele, mas falava
dele, da sua vida, da sua história e da sua missão. Ele já havia sentido
muito forte a presença desse Espírito de Deus no dia do seu batismo, e no
confronto com o diabo no deserto, sentiu toda a força que o espírito lhe
dava.
Nessa celebração as coisas ficaram
muitas claras para ele: a libertação com que tanto sonhava junto com seu
povo, ia muito além de uma libertação política, a palavra tinha a força de
libertar o homem também e principalmente do mal que havia no coração, e que
impedia de amar a Deus e aos irmãos. A opressão e a escravidão do seu povo
era conseqüência de todo esse mal que havia dentro de cada homem, não só dos
opressores. Precisava dizer isso aos pobres, aos cegos e oprimidos, que um
tempo novo estava começando, com essa verdade que o Pai revelara através do
profeta.
Todos olhavam fixamente para ele à
espera da homilia, o mesmo espírito que o havia ungido acabara de
transformá-lo na palavra Viva de Deus e por isso, sentando-se como faziam os
grandes Mestres, disse: “Hoje se cumpriu essa passagem que acabastes de
ouvir”.
Também nós cristãos freqüentamos a
celebração da palavra em nossas comunidades onde as leituras, mais do que
falar para nós falam de nós, pois a história de Jesus é a nossa história,
também nós recebemos a graça de Deus em nosso batismo, também nós recebemos a
unção do Espírito Santo, não para termos ataques de histeria e entrarmos em
transe, mas para termos a mesma coragem de Jesus para cumprir a nossa missão,
anunciar a boa notícia aos pobres, oferecer a palavra libertadora a quem está
cego e cativo, e falar de um tempo novo onde Deus manifesta todo o seu amor
ao homem que o busca.
Para que haja essa interação entre
nós e a palavra, é necessário que nossas celebrações sejam bem participadas e
preparadas, de maneira bem organizada pensando em todos os detalhes e aí
podemos apreender com o escriba Esdras que na primeira leitura nos oferece um
ótimo roteiro para celebração da palavra de Deus, onde a assembléia, tocada
pela palavra, corresponde com gestos que manifestam o que está no coração,
diferente da liturgia do “oba-oba”, muito usada para se atrair multidões, e
que às vezes, com tantos gestos e movimentos, acaba ficando vazia justamente
por não ser uma manifestação espontânea do que se tem no coração tocado pela
palavra de Deus.
2. Discurso de Jesus na Sinagoga de
Nazaré
Trata-se do discurso programático de Jesus na sinagoga de Nazaré. É um
episódio que se encontra prefigurado no oráculo de Simeão: "Eis que este
menino foi colocado para a queda e o surgimento de muitos em Israel, e como
sinal de contradição" (Lc 2,34).
É a antecipação, através do esquema
"aceitação–rejeição", dos relatos referentes ao ministério público
de Jesus. Em relação a Marcos e Mateus, Lucas antecipa o episódio. Essa
antecipação tem um caráter programático evidente: o ensinamento de Jesus
significa o cumprimento da Escritura.
Para maiores esclarecimentos,
remetemos o leitor ao dia 3 de fevereiro.
ORAÇÃO
Pai, que as contrariedades da vida jamais me impeçam de seguir o caminho que
traçaste para mim. Com Jesus, quero seguir sempre adiante!
3. CUMPRE-SE A ESCRITURA
O texto de Isaías, lido por Jesus numa assembléia litúrgica na sinagoga de
Nazaré, possibilitou-lhe explicitar o sentido de sua presença e de sua
missão, na Terra. O profeta falava de um Ungido do Senhor, enviado com uma
missão bem precisa junto aos marginalizados deste mundo. Por meio deles, os
pobres ouviriam a Boa Nova da libertação, os angustiados seriam consolados,
os presos anistiados, os cegos voltariam a enxergar e os oprimidos ver-se-iam
livres da opressão. Estas categorias de pessoas são a síntese da humanidade
sofredora, carente de misericórdia.
Ao anunciar que a profecia estava
se cumprindo naquele momento, Jesus proclamava que, mediante o seu
ministério, iniciava-se, para os pobres, aflitos, presos, cegos e oprimidos,
o Reino da definitiva libertação. Sua missão consistia em ser a presença
libertadora do Pai junto às vítimas do egoísmo humano. Doravante,
descortinou-se para elas a possibilidade de reconquistar a dignidade de seres
humanos, e de superar a situação a que estavam relegadas.
Efetivamente, ao longo de seu
ministério, os pobres receberam de Jesus mostras de benevolência: sentiam-se
acolhidos e amados por ele. Assim, a profecia tornava-se realidade, mas
também deve continuar a ser realizada na vida dos discípulos de Jesus. Também
estes, como o Mestre, devem ser, para os pobres, mediação da misericórdia
divina.
Oração
Espírito de benevolência para com os pobres, que eu seja, a exemplo de Jesus,
mediação da misericórdia divina para quem carece de libertação.
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SÃO GREGÓRIO MAGNO - PAPA E DOUTOR
( BRANCO, PREFÁCIO COMUM OU DOS PASTORES
– OFÍCIO DA MEMÓRIA )
Leitura (1 Tessalonicenses
5,1-6.9-11)
Leitura da primeira carta de são Paulo aos Tessalonicenses.
5 1 A respeito da época e do
momento, não há necessidade, irmãos, de que vos escrevamos.
2 Pois vós mesmos sabeis muito bem que o dia do Senhor virá como um ladrão de
noite.
3 Quando os homens disserem: Paz e segurança!, então repentinamente lhes
sobrevirá a destruição, como as dores à mulher grávida. E não
escaparão.
4 Mas vós, irmãos, não estais em trevas, de modo que esse dia vos surpreenda
como um ladrão.
5 Porque todos vós sois filhos da luz e filhos do dia. Não somos da noite nem
das trevas.
6 Não durmamos, pois, como os demais. Mas vigiemos e sejamos sóbrios.
9 Porquanto não nos destinou Deus para a ira, mas para alcançar a salvação
por nosso Senhor Jesus Cristo.
10 Ele morreu por nós, a fim de que nós, quer em estado de vigília, quer de
sono, vivamos em união com ele.
11 Assim, pois, consolai-vos mutuamente e edificai-vos uns aos outros, como
já o fazeis.
Salmo responsorial 26/27
Sei que a bondade do Senhor eu hei
de ver
na terra dos viventes.
O Senhor é minha luz e
salvação;
de quem eu terei medo?
O Senhor é a proteção da minha vida;
perante quem eu tremerei?
Ao Senhor eu peço apenas uma
coisa,
e é só isto que eu desejo:
habitar no santuário do Senhor
por toda a minha vida;
saborear a suavidade do Senhor
e contempla-lo no seu templo.
Sei que a bondade do Senhor eu hei
de ver
na terra dos viventes.
Espera no Senhor e tem coragem,
espera no Senhor!
Aclamação do Evangelho
Aleluia, aleluia, aleluia.
Um grande profeta surgiu entre nós e Deus visitou o seu povo (Lc 7,16).
EVANGELHO (Lucas 4,31-37)
4 31 Jesus desceu a Cafarnaum,
cidade da Galiléia, e ali ensinava-os aos sábados.
32 Maravilharam-se da sua doutrina, porque ele ensinava com autoridade.
33 Estava na sinagoga um homem que tinha um demônio imundo, e exclamou em
alta voz: 34 "Deixa-nos! Que temos nós contigo, Jesus de Nazaré? Vieste
para nos perder? Sei quem és: o Santo de Deus!"
35 Mas Jesus replicou severamente: "Cala-te e sai deste homem". O
demônio lançou-o por terra no meio de todos e saiu dele, sem lhe fazer mal
algum.
36 Todos ficaram cheios de pavor e falavam uns com os outros: "Que
significa isso? Manda com poder e autoridade aos espíritos imundos, e eles
saem?"
37 E corria a sua fama por todos os lugares da circunvizinhança.
COMENTÁRIOS DO EVANGELHO
1. A força da Palavra Divina
A gente pode se perguntar como é possível na comunidade ter uma pessoa
possessa do demônio, mas o texto desse evangelho está justamente mostrando
que comunidade não é lugar de gente alienada mais de pessoas que livremente
fizeram a opção de viver o seu discipulado. Há em Jesus e consequentemente na
comunidade cristã, uma força libertadora que supera as Forças do Mal, aqui
personificada em um demônio, que havia se apossado de um dos membros. Os
ensinamentos de Jesus, suas palavras enchiam de admiração as multidões, que
ficavam maravilhadas porque Jesus ensinava como quem tem autoridade.
Claro que Jesus tinha uma oratória
eloquente, mas não é da forma de ensinar, que as pessoas se admiram, mas sim
do conteúdo, suas palavras geram algo novo em quem as ouve, de modo que as
liberta de qualquer Força alienadora.
Ouvir a palavra de Deus marca o
início de um processo onde, ter fé será o próximo passo, mas é claro que não
poderá ficar só nisso. Até o demônio conhecia Jesus e sabia muito bem quem
ele era: o Santo de Deus, olha que bela profissão de Fé ! Entretanto, saber
quem é Jesus e dizer isso com palavras, não é suficiente para experimentaro
processo de libertação, é necessário fazer uma firme e corajosa opção por
ele, não dando assim nenhuma chance para o mal, que insiste em nos dominar,
como esse demônio.
As palavras de Jesus são rigorosas
e firmes "Cala-te e sai dele", e o Espírito maligno abandonou
aquele homem, indo embora sem fazer-lhe mal algum. Que ninguém se iluda
achando que na comunidade estará protegido da Força do Mal, pois ela age de
maneira insistente, na vida dos que aderiram a Jesus, seu evangelho e sua
igreja, sem dar trela, é preciso ter a mesma firmeza de Jesus, fazendo com
que nossas pastorais e movimentos, possam ser lugar de encontro com Jesus
Libertador, e nas celebrações o momento oportuno em que se realiza esse
encontro, com a sua palavra, e com a Eucaristia, onde o Cristo presente em
nossa vida, continua expulsando as forças do mal. No coração do cristão só
pode haver lugar para uma Força, a graça e o poder, o Bem supremo que é
Jesus.
2. A palavra de Jesus é um sopro de
vida
No final do episódio na sinagoga de Nazaré, o narrador faz observar que os
concidadãos de Jesus querem precipitá-lo morro abaixo, mas ele, "porém,
passando pelo meio deles, continuou o seu caminho" (vv. 29-30). Não há
nada, nem mesmo a rejeição e a ameaça da morte, que possa dissuadir Jesus do
seu caminho. O leitor sabe que este "caminho" é o caminho de Jesus
para o Pai.
Jesus, então, desce para Cafarnaum.
O seu ensinamento é acompanhado de "atos de poder" que libertam as
pessoas da escravidão do mal. Admiravam-se do seu ensinamento, porque tinha
autoridade. O que fazia a palavra de Jesus crível era a sua coerência
interna: o que ele ensinava, as pessoas viam realizado na sua própria vida.
Além disso, o ensinamento de Jesus, sua palavra, comunicava o Espírito; sua
palavra era um sopro de vida.
A linguagem do evangelho acerca do
mal não nos deixa induzir a erro. É preciso ultrapassar esse primeiro nível
para chegar ao sentido que o autor quis transmitir com o seu texto. O mal é o
que faz mal ao ser humano; é algo do ser humano que se opõe ao projeto
salvífico de Deus e desfigura o ser criado à sua imagem e semelhança: "É
de dentro do coração do ser humano que sai todo mal…" (Mc 7,21). O texto
é uma proclamação de fé: A palavra de Jesus vence o mal. "Que palavra é
essa?" (v. 36). Palavra com autoridade que comunica o Espírito do qual
Jesus é revestido (cf. 3,21-22).
É esta palavra que, entrando no
coração do ser humano, expulsa o mal.
ORAÇÃO
Pai, faze-me forte para enfrentar e vencer as forças malignas que cruzam meu
caminho, tentando afastar-me de ti. Como Jesus, quero abalar o poder do mal
deste mundo.
3. A RUÍNA DO ESPÍRITO MAU
A desarticulação dos esquemas do espírito mau fazia parte do ministério de
Jesus. Vítima das forças demoníacas, o ser humano via-se privado de sua
dignidade e reduzido à condição de inimigo de Deus. A libertação tornava-se
uma exigência premente. Em todas as circunstâncias em que se defrontou com
alguém subjugado pelo espírito mau, Jesus não se furtou em socorrê-lo.
Assim aconteceu com o homem
possuído por um espírito impuro, encontrado na sinagoga de Cafarnaum.
Não deixa de ser contraditória a presença de um possesso na assembléia
litúrgica sinagogal, em dia de sábado. Tem-se a impressão de que ele foi lá
só para se defrontar com o "Santo de Deus". Foi é a maneira como se
dirigiu a Jesus.
O demônio constatou a inexistência
de pontos em comum entre ele e Jesus. Aliás, pensou que este nada teria a ver
com ele. Enganou-se! Ele está na mira do "Santo de Deus" para ser
arruinado e ser obrigado a pôr fim à opressão imposta aos seres humanos.
Estava chegando ao fim sua liberdade de ação. Doravante, iria defrontar-se
com o Messias, o qual se colocaria sempre na defesa da pessoa que estivesse
fragilizada por sua ação maligna.
O Mestre agiu com severidade,
servindo-se da autoridade e do poder recebidos do Pai. E o homem, livre da
opressão demoníaca, pode finalmente associar-se à assembléia cultual.
Oração
Espírito que desarticula o poder do mal, liberta todos os que vivem
subjugados pelas forças malignas e, assim, impedidos de reconhecer o amor de
Deus, manifestado em Jesus.
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XXII SEMANA DO TEMPO COMUM
( VERDE – OFÍCIO DO DIA )
Antífona da
entrada: Tende compaixão de mim, Senhor, clamo por vós o dia
inteiro; Senhor, sois bom e clemente, cheio de misericórdia para aqueles que
vos invocam (Sl 85,3.5).
Leitura
(Colossenses 1,1-8)
Leitura da carta de são Paulo aos Colossenses.
1 1 Paulo,
apóstolo de Jesus Cristo pela vontade de Deus, e o irmão Timóteo,
2 aos irmãos em Cristo, santos e fiéis de Colossos: a vós, graça e paz da
parte de Deus, nosso Pai!
Ação de graças e súplica
3 Nas contínuas orações que por vós fazemos, damos graças a Deus, Pai de
nosso Senhor Jesus Cristo,
4 porque temos ouvido falar da vossa fé em Jesus Cristo e da vossa caridade
com os irmãos,
5 em vista da esperança que vos está reservada nos céus. Esperança que vos
foi transmitida pela pregação da verdade do Evangelho,
6 que chegou até vós, assim como toma incremento no mundo inteiro e produz
frutos sempre mais abundantes. É o que acontece entre vós, desde o dia em que
ouvistes anunciar a graça de Deus e verdadeiramente a conhecestes,
7 pela pregação de Epafras, nosso muito amado companheiro no ministério. Ele
nos ajuda como fiel ministro de Cristo.
8 Foi ele que nos informou do amor com que o Espírito vos anima.
Salmo responsorial
51/52
Confio na
clemência do meu Deus agora e sempre!
Eu, porém,
como oliveira verdejante
na casa do Senhor,
confio na clemência do meu Deus
agora e para sempre!
Louvarei a
vossa graça eternamente,
porque vós assim agistes;
espero em vosso nome, porque e bom,
perante os vossos santos!
Aclamação
do Evangelho
Aleluia,
aleluia, aleluia.
O Espírito do Senhor repousa sobre mim e enviou-me a anunciar aos pobres o
Evangelho (Lc 4,18).
Evangelho (Lucas 4,38-44)
4 38 Saindo
Jesus da sinagoga, entrou na casa de Simão. A sogra de Simão estava com febre
alta; e pediram-lhe por ela.
39 Inclinando-se sobre ela, ordenou ele à febre, e a febre deixou-a. Ela
levantou-se imediatamente e pôs-se a servi-los.
40 Depois do pôr-do-sol, todos os que tinham enfermos de diversas moléstias
lhos traziam. Impondo-lhes a mão, os sarava.
41 De muitos saíam os demônios, aos gritos, dizendo: "Tu és o Filho de
Deus". Mas ele repreendia-os severamente, não lhes permitindo falar,
porque sabiam que ele era o Cristo.
42 Ao amanhecer, ele saiu e retirou-se para um lugar afastado. As multidões o
procuravam e foram até onde ele estava e queriam detê-lo, para que não as
deixasse.
43 Mas ele disse-lhes: "É necessário que eu anuncie a boa nova do Reino
de Deus também às outras cidades, pois essa é a minha missão".
44 E andava pregando nas sinagogas da Galiléia.
COMENTÁRIOS DO EVANGELHO
1. A cura
dos enfermos
Toda enfermidade é uma desordem presente no organismo, os sintomas de uma
doença significa que algo está errado com o nosso corpo. A Febre, que alguns
confundem com enfermidade, é na verdade um eficiente sinalizador, a
temperatura sobe e o organismo parece gritar "Tem algo errado aqui, é
melhor verificar". O Deus que se revela em Jesus é aquele que tem poder
sobre o caos, as forças da natureza, e também sobre a existência humana, a
missão de Jesus não é o de tomar o lugar da Medicina, mas ele é o Médico da
Alma, curou muitos enfermos no seu tempo, justamente para manifestar isso.
Acontece
que as pessoas o viam assim, como alguém que curava as enfermidades e por
isso o seguiam. Nesse evangelho, depois de curar a sogra de Simão Pedro, e de
estender as mãos sobre mais enfermos que lhe foram apresentados, curando a
todos, bem cedinho Jesus retirou-se para um lugar afastado. As pessoas foram
até lá e queriam detê-lo de partir, desejosas que permanecessem com elas.
Então Jesus
mostra-lhes que a sua missão é evangelizar, ele não é um Milagreiro que quer
acomodar-se em uma "Tenda dos Milagres" para que as multidões o
procurem, ao contrário, é um missionário peregrino que percorre todas as
cidades da Galileia, para anunciar a Palavra que liberta, cura e revivifica.
Temos uma tentação muito grande de ficarmos na comunidade, quem sabe fazendo
algum trabalho pastoral que atraia as pessoas para a igreja, Jesus lembra-nos
que a Igreja é antes de tudo missionária, para sair de si mesma e ir ao
encontro das pessoas lá onde elas moram, estudam ou trabalham....
2. O Senhor
da vida faz viver os que vivem prostrados sob o mal
De um lugar público, a sinagoga de Cafarnaum, Jesus vai à casa de Simão. Todo
âmbito da vida humana é lugar da presença do Senhor. Todo e qualquer lugar é
espaço à manifestação da ação de Deus.
"A
sogra de Simão estava... com muita febre" (v. 38b). A febre era
considerada a antessala da morte, um mal que definha os ossos. Jesus cura a
sogra de Simão, advertindo a febre como se expulsasse um demônio. O mal
impede a sogra de Simão de celebrar o descanso sabático. À palavra de Jesus,
ela se levantou, como "se levanta" da morte. É o Senhor da vida que
faz viver os que vivem prostrados sob o mal e realizar a oração própria do
discípulo, o serviço.
O sumário
dos vv. 40-44 apresenta Jesus como um Messias itinerante que arranca do
coração do ser humano o mal que o impede de empreender, com Jesus, o seu
caminho para Deus. O Senhor não é prisioneiro de um grupo nem de um lugar. A
salvação da qual ele é portador destina-se a toda a humanidade: "Eu devo
anunciar a Boa-Nova do Reino de Deus também a outras cidades, pois é para
isso que fui enviado" (v. 43).
ORAÇÃO
Pai, que a presença de Jesus em minha vida seja motivo de libertação, de modo
que eu possa servir com alegria o meu próximo, especialmente, os mais
necessitados.
3. A
PRESENÇA DA LIBERTAÇÃO
O ministério de Jesus pode ser definido como um serviço continuo à libertação
do ser humano. Posicionando-se a favor deste, fragilizado pelo pecado, o
escopo de sua ação messiânica era, exatamente, o de torná-lo resistente ao
influxo do mal.
A
libertação expressava-se em forma de cura das doenças que impedem a pessoa de
servir seus semelhantes, como foi o caso da sogra de Pedro. Libertar era
expulsar demônios, cuja ação maléfica incapacitava o ser humano para a
comunhão fraterna e a solidariedade. Libertadora era sua pregação da Boa Nova
do Reino de Deus, que consistia em revelar a benevolência do Pai, preocupado
em cancelar os efeitos do pecado no coração humano. Igualmente libertadora era
a presença de Jesus junto aos pobres e sofredores, reacendendo neles a
esperança de viver.
As
multidões eram sensíveis à esta dimensão do ministério de Jesus. Por isso,
iam à sua procura, e queriam impedi-lo de seguir adiante. Houve, talvez, quem
o tivesse visto como um curandeiro extraordinário, um milagreiro ambulante. O
Mestre, porém, recusou a fazer este papel. Sua missão libertadora colocava-se
a serviço do Reino de Deus e apontava para uma libertação radical que só se
experimenta junto do Pai. As libertações terrenas eram apenas antecipações
daquela que haveria de vir em plenitude.
Oração
Espírito de libertação, liberta-me de tudo quanto me impede de aderir, sem
reservas, ao projeto de Deus, antecipando a libertação definitiva que há de
vir.
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XXII SEMANA DO TEMPO COMUM
( VERDE – OFÍCIO DO DIA DA II SEMANA )
Antífona da
entrada: Tende compaixão de mim, Senhor, clamo por vós o dia
inteiro; Senhor, sois bom e clemente, cheio de misericórdia para aqueles que
vos invocam (Sl 85,3.5).
Leitura
(Colossenses 1,9-14)
Leitura da carta de são Paulo aos Colossenses.
Irmãos, 1 9
por isso, também nós, desde o dia em que o soubemos, não cessamos de orar por
vós e pedir a Deus para que vos conceda pleno conhecimento da sua vontade,
perfeita sabedoria e penetração espiritual,
10 para que vos comporteis de maneira digna do Senhor, procurando agradar-lhe
em tudo, frutificando em toda boa obra e crescendo no conhecimento de
Deus.
11 Para que, confortados em tudo pelo seu glorioso poder, tenhais a paciência
de tudo suportar com longanimidade.
12 Sede contentes e agradecidos ao Pai, que vos fez dignos de participar da
herança dos santos na luz.
13 Ele nos arrancou do poder das trevas e nos introduziu no Reino de seu
Filho muito amado,
14 no qual temos a redenção, a remissão dos pecados.
Salmo
responsorial 97/98
O Senhor
fez conhecer seu poder salvador
perante as nações.
O Senhor
fez conhecer a salvação
e, às nações, sua justiça;
recordou o seu amor sempre fiel
pela casa de Israel.
Os confins
do universo contemplaram
a salvação do nosso Deus.
Aclamai o Senhor Deus, ó terra inteira,
alegrai-vos e exultai!
Cantai
salmos ao Senhor ao som da harpa
e da cítara suave!
Aclamai, com os clarins e as trombetas,
ao Senhor, o nosso rei!
Aclamação
do Evangelho
Aleluia,
aleluia, aleluia.
Vinde após mim, disse o Senhor, e eu ensinarei a pescar gente (Mt 4,19).
EVANGELHO (Lucas 5,1-11)
5 1 Estando
Jesus um dia à margem do lago de Genesaré, o povo se comprimia em redor dele
para ouvir a palavra de Deus.
2 Vendo duas barcas estacionadas à beira do lago, - pois os pescadores haviam
descido delas para consertar as redes -,
3 subiu a uma das barcas que era de Simão e pediu-lhe que a afastasse um
pouco da terra; e sentado, ensinava da barca o povo.
4 Quando acabou de falar, disse a Simão: "Faze-te ao largo, e lançai as
vossas redes para pescar".
5 Simão respondeu-lhe: "Mestre, trabalhamos a noite inteira e nada
apanhamos; mas por causa de tua palavra, lançarei a rede".
6 Feito isto, apanharam peixes em tanta quantidade, que a rede se lhes
rompia.
7 Acenaram aos companheiros, que estavam na outra barca, para que viessem
ajudar. Eles vieram e encheram ambas as barcas, de modo que quase iam ao
fundo.
8 Vendo isso, Simão Pedro caiu aos pés de Jesus e exclamou: "Retira-te
de mim, Senhor, porque sou um homem pecador".
9 É que tanto ele como seus companheiros estavam assombrados por causa da
pesca que haviam feito.
10 O mesmo acontecera a Tiago e João, filhos de Zebedeu, que eram seus
companheiros. Então Jesus disse a Simão: "Não temas; doravante serás pescador
de homens".
11 E atracando as barcas à terra, deixaram tudo e o seguiram.
COMENTÁRIOS DO EVANGELHO
1. CHAMADOS
PARA O DESAFIO
Não sei se os quatro primeiros discípulos, André, Pedro, Tiago e João,
estavam de bom humor ao serem chamados por Jesus á margem do Lago de
Genesaré, quando trabalhavam duramente limpando suas redes dos “enroscos” que
havia nelas, após uma noite de pescaria fracassada. É bom lembrar que
tratava-se de um trabalho profissional e não de uma pescaria de lazer, como é
uma prática mais perto da nossa realidade.A proposta de Jesus ao grupo de
pescadores parecera descabida, ele pedia-lhes para que insistissem em uma
tarefa, que não dera certo ao longo de uma jornada inteira de trabalho
noturno, de um jeito diferente, jogando as redes onde ele fosse indicar.
Ora, que
profissional aceitaria orientação de um estranho em seu trabalho? O horário
era desfavorável, quem conhece o litoral sabe que os barcos pesqueiros
trabalham à noite, e que de manhã é hora de contabilizar os ganhos com a
descarga dos peixes na praia. A proposta vinha como um desafio e implicava em
aceitar ou não a palavra de Jesus. Após terem aceitado, fizeram conforme o
Senhor lhes ordenara e o resultado fora surpreendente: as redes não
resistiram a quantidade de peixes apanhados, sendo necessário partilhar a
tarefa com companheiros da outra barca.
Nas barcas
de nossas comunidades o resultado do nosso trabalho nem sempre é o que
esperamos, pois é preciso estar sempre preparados para o fracasso das
“noites” em que as redes voltam vazias, com “coisas indesejadas” que somos
obrigados a ‘limpar”, buscamos a santidade de uma vida em comunhão, na
justiça, partilha e fraternidade e acabamos encontrando fofocas, intrigas,
divisões, coisas que estão em nossa rede embora não façam parte da vida da
comunidade, não as queremos, ninguém as deseja, mas elas estão lá, exigindo
um trabalho de superação que requer muita paciência e compreensão. Quem já
tirou enrosco de uma linha de pesca ou de uma rede, sabe que não é tarefa das
mais fáceis. E de repente, em meio a essa tarefa somos chamados como os primeiros
discípulos à “irmos mais fundo”, avançando para águas mais profundas. Será
que o nosso papel na comunidade é só ficar consertando as coisas que não
deram certo? Claro que não!
A missão
primária da igreja não é a excessiva preocupação com si mesma, sua estrutura
e seu funcionamento, mas sim em anunciar aos de fora o evangelho de Cristo.
Por experiência própria e muitas vezes por puro comodismo, achamos que o
trabalho proposto por Jesus não dará nenhum resultado e na maioria das vezes
em que o nosso coração nos pede mais ousadia na missão, acabamos preferindo
as águas sempre rasas da nossa comunidade, grupo, pastoral, movimento ou
associação onde é sempre muito fácil falar de Jesus e do seu evangelho, pois
todos gostam, aceitam e até aplaudem!
As pessoas
vêm até nós e assim passamos o nosso tempo “pescando” no aquário, onde até
causamos espanto e admiração, não pelo resultado do trabalho, mas apenas pela
nossa performance e desempenho. Não foi para isso que Jesus chamou os
discípulos e nem é para isso que o Senhor nos chamou. Ser missionário é sair
do nosso “mundinho” conhecido e entrar na realidade das pessoas, lá onde elas
estão e vivem, feiras livres, shopings, grandes avenidas, condomínios
residenciais de alto luxo, favelas e áreas verdes onde o medo do narcotráfico
mata qualquer esperança, nos hospitais, presídios, asilos etc. E se acharmos
que a tarefa é muito grande para as nossas modestas possibilidades, então
podemos começar pelas nossas famílias e ambiente de trabalho.
O
verdadeiro missionário vai sempre além de suas expectativas, do seu
conhecimento, da sua bagagem e experiência, ele sabe que sempre há o risco de
um fracasso, mas arrisca-se de maneira corajosa porque é o Senhor quem
determina. “...em atenção á sua palavra, vou lançar as redes”.
Quando
assim o fazemos, acabamos nos surpreendendo com o resultado e rapidamente,
como Pedro, descobriremos que não foram nossas aptidões, mas sim a graça de
Deus que realizou a missão, dando os frutos em quantidade muito maior do que
esperávamos.E ao tomarmos conhecimento de que a graça de Deus, derramada por
Jesus Cristo, move-se e age mesmo em cima de nossas fraquezas e erros, somos
tomados pelo medo de nos entregarmos totalmente a Deus. Então aí só nos
resta um caminho: confiar em Jesus e vivermos somente á luz da fé, na certeza
de que doravante faremos não do nosso modo, mas do modo dele, mesmo que isso
signifique ir contra a nossa lógica e razão.
Essa
atitude requer uma ruptura até mesmo com aquilo que nos pareça ser essencial,
os primeiros discípulos abandonaram na praia as redes e o barco e seguiram a
Jesus, pois é impossível edificarmos o reino de Deus do nosso modo.
Pensemos em
nossa vocação e nos perguntemos em que águas andamos “pescando”. A resposta
irá exigir de nós uma atitude, a partir do evangelho.
2. A
missão = pescador de homens
Trata-se de um relato construído sobre o de Marcos (1,16-20), e bastante
próximo do de João (21).
A pesca é
ocasião para o chamado de Simão Pedro e dos primeiros discípulos. Os
episódios precedentes ao chamado criam um marco psicológico adequado para o
chamado de Simão Pedro, o que fez com que o chamado e a resposta a ele não
pareçam tão surpreendentes. Para Lucas (5,10), todos foram chamados juntos,
sobre o lago, mediante um apelo dirigido exclusivamente a Pedro.
A missão é
expressa pela metáfora "pescador de homens" (v. 10). Trata-se de um
símbolo de seu futuro êxito na sua conquista das pessoas para o Reino de
Deus. Mas Simão Pedro não está só; ainda que seja o primeiro a receber o
chamado, também outros "deixaram tudo e seguiram Jesus" (v. 11).
ORAÇÃO
Pai, confirma minha vocação de pescador de pessoas humanas, e conduze-me para
águas mais profundas onde se encontram os que mais carecem de meu amor.
3.
OBEDIÊNCIA EXEMPLAR
A cena evangélica apresenta os discípulos exemplarmente obedientes a Jesus.
Cumprindo a ordem recebida, Simão afasta sua barca da terra, pois dela o
Mestre quer pregar às multidões que estão na margem do lago de Genesaré. Em
seguida, Jesus ordena que ele conduza a barca mais para dentro do lago e
lance a rede. Pedro obedece, embora, sabendo não ser aquele o melhor tempo
para pescaria. "Pela tua palavra, vou lançar as redes", é como
adere à ordem recebida. Resultado: uma pesca espetacular! Por fim, o discípulo
é convidado a se tornar "pescador de homens". Ele e seus
companheiros, deixando tudo, põem-se a seguir Jesus.
A atitude
dos primeiros discípulos é o paradigma daqueles que haveriam de ser
discípulos, através dos tempos. Deles se exige uma grande proximidade do Mestre
e muita atenção às suas palavras. Além disso, o discípulo estará sempre
pronto a obedecer. A ordem pode ser fácil de ser cumprida, como por exemplo,
afastar um pouco a barca da terra. Mas também pode não ser evidente, como por
exemplo, lançar a rede, depois de uma noite de pesca infrutífera. Enfim, pode
ser até muito exigente, como por exemplo, a ruptura com a família para seguir
Jesus.
O discípulo
deixa-se guiar pelo Mestre, colocando a própria vida nas mãos dele. E esta
entrega é feita sem temor, pois sabe a quem se confia. Cabe-lhe, somente, ser
dócil em cumprir o que lhe é ordenado.
Oração
Espírito de obediência reverente, que eu saiba abrir mão de meus projetos,
para me deixar guiar, sem temor, pelo Senhor.
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XXII SEMANA DO TEMPO COMUM *
( VERDE – OFÍCIO DO DIA )
Antífona da
entrada: Tende compaixão de mim, Senhor, clamo por vós o dia
inteiro; Senhor, sois bom e clemente, cheio de misericórdia para aqueles que
vos invocam (Sl 85,3.5).
Leitura
(Colossenses 1,15-20)
Leitura da carta de são Paulo aos Colossenses.
1 15 Ele é
a imagem de Deus invisível, o Primogênito de toda a criação.
16 Nele foram criadas todas as coisas nos céus e na terra, as criaturas
visíveis e as invisíveis. Tronos, dominações, principados, potestades: tudo
foi criado por ele e para ele.
17 Ele existe antes de todas as coisas, e todas as coisas subsistem
nele.
18 Ele é a Cabeça do corpo, da Igreja. Ele é o Princípio, o primogênito
dentre os mortos e por isso tem o primeiro lugar em todas as coisas.
19 Porque aprouve a Deus fazer habitar nele toda a plenitude
20 e por seu intermédio reconciliar consigo todas as criaturas, por intermédio
daquele que, ao preço do próprio sangue na cruz, restabeleceu a paz a tudo
quanto existe na terra e nos céus.
Salmo
responsorial 99/100
Com canto
apresentai-vos diante do Senhor!
Aclamai o
Senhor, ó terra inteira,
servi ao Senhor com alegria,
ide a ele cantando jubilosos!
Sabei que o
Senhor, só ele, é Deus,
ele mesmo nos fez, e somos seus,
nós somos seu povo e seu rebanho.
Entrai por
suas portas dando graças
e em seus átrios com hinos de louvor;
dai-lhe graças, seu nome bendizei!
Sim, é bom
o Senhor e nosso Deus,
sua bondade perdura para sempre,
seu amor é fiel eternamente!
Aclamação
do Evangelho
Aleluia,
aleluia, aleluia.
Eu sou a luz do mundo; aquele que me segue não caminha entre as trevas, mas
terá a luz da vida (Jo 8,12).
EVANGELHO (Lucas 5,33-39)
Naquele
tempo, 5 33 os fariseus e os mestres da lei disseram a Jesus: "Os discípulos
de João e os discípulos dos fariseus jejuam com freqüência e fazem longas
orações, mas os teus comem e bebem".
34 Jesus respondeu-lhes: "Porventura podeis vós obrigar a jejuar os
amigos do esposo, enquanto o esposo está com eles?
35 Virão dias em que o esposo lhes será tirado; então jejuarão".
36 Propôs-lhes também esta comparação: "Ninguém rasga um pedaço de roupa
nova para remendar uma roupa velha, porque assim estragaria uma roupa nova.
Além disso, o remendo novo não assentaria bem na roupa velha.
37 Também ninguém põe vinho novo em odres velhos; do contrário, o vinho novo
arrebentará os odres e entornar-se-á, e perder-se-ão os odres;
38 mas o vinho novo deve-se pôr em odres novos, e assim ambos se
conservam.
39 Demais, ninguém que bebeu do vinho velho quer já do novo, porque diz: 'O
vinho velho é melhor'".
COMENTÁRIOS DO EVANGELHO
1. Preservando
as Velharias
"Ah..no meu tempo é que era bom, que saudades..." Não sou contra
recordações, é gostoso recordar acontecimentos bons da nossa vida, pessoas
que passaram por nós, mas o problema está quando ficamos no passado e não
conseguimos ver nada de bom ou novo no presente.
As
lideranças do Judaísmo perderam o maior "Trem da História" quando
não reconheceram Jesus enquanto o Deus Feito Homem, estavam presos ás velhas
tradições da Lei de Moisés, eram legalistas e só enxergavam de um lado,
parece que usavam uma viseira para não enxergar o Novo que se fazia presente
entre eles.
Os
discípulos descobriram em Jesus algo de novo, ele comunicava uma alegria
autêntica, que a velha religião não conseguia dar. Os judeus estavam a espera
de algo que estava por vir, para os discípulos, esse tempo novo já chegou com
Jesus Cristo, daí a razão de não jejuarem e nem fazerem longas orações
clamando pela vinda do Messias, eles já comiam, bebiam e festejavam, porque
Jesus estava entre eles.
A Igreja
vive hoje um grande desafio em sua história, como evangelizar e falar de
Jesus nos Meios de Comunicação tão diversificados? Como anunciar o evangelho,
que é sempre novidade, em espaços que parecem tão hostis á evangelização? As
Redes Sociais foram alvo de um amplo debate no Seminário de Comunicação para
os Bispos do Brasil, realizado no Rio de Janeiro, do qual tive a alegria de
participar. Não dá mais para restringir o anúncio da Palavra ao ambiente
eclesial, é preciso inovar, criar , nossos profetas pregadores precisam
invadir o mundo da internet e com coragem falar de Jesus, para uma Galera que
provavelmente ainda não o conhece.
Nossos
"Odres" da mente e do coração, estão saturados de velharias que a
pós-modernidade insiste em nos apresentar como novos, tem muita gente se
envenenando com vinhos velhos e contaminados de uma ideologia de morte, que
só priva a busca de prazer, em um egocentrismo que vai destruindo o homem
naquilo que ele tem de mais precioso: a vocação de amar para a qual Deus o
chamou.
Nas
comunidades e em nossas Famílias, precisamos urgente dar uma "arejada",
o Cristianismo -vive um tempo muito oportuno, os estoques dos vinhos velhos,
contaminados, estão se esgotando, o mundo quer novidade, ninguém aguenta mais
as propostas de certos valores que só conduzem á morte e destruição, já está
mais que na hora, de nós cristãos oferecermos a todas as pessoas e em todos
os ambientes, este Vinho Novo e inebriante que é Jesus Cristo, a pós
modernidade nunca viu ou verá coisa igual! Podem apostar....
2. Jesus
reinterpreta o jejum
Parece que os interlocutores de Jesus sejam os mesmos do v. 30, a saber, os
escribas e fariseus que murmuravam contra Jesus pelo fato de ele comer com os
publicanos e pecadores. O objeto da controvérsia é o jejum (cf. também Mc
2,18-22), que os de Jesus não praticam, ao contrário dos discípulos de João e
os dos fariseus. Os fariseus, nós o sabemos, além do jejum prescrito pela Lei
de Moisés, por ocasião do dia do perdão dos pecados (Lv 16,29-30), jejuavam
duas vezes por semana (cf. Lc 18,12). Talvez se trate de uma prática ascética
própria, ao menos ao grupo dos fariseus. Quanto ao grupo do Batista, não
temos nenhuma informação acerca de alguma prática ascética, como o jejum.
Difícil pensar
que Jesus não praticasse o único jejum prescrito pela Lei. O importante,
aqui, é que o jejum passa, no novo tempo inaugurado pela vinda do Messias, a
um sentido cristológico: é em relação a Cristo, o esposo. A morte de Jesus
será para o discípulo ocasião de praticar o jejum: "Dias virão... quando
o noivo lhes for tirado, naqueles dias vão jejuar" (v. 35).
As duas
parábolas significam que o jejum não é abolido, mas reinterpretado. Isto
exige uma nova prática.
ORAÇÃO
Pai, abre meu coração para acolher a novidade trazida por Jesus, sem querer
deturpá-la com meus esquemas mesquinhos e contaminá-la com o egoísmo e o
pecado.
3. PARA QUE
EXAGERAR?
O modo de proceder de Jesus e seus discípulos contrastava com o de outros
grupos. Os discípulos de João Batista, mesmo após a morte do mestre,
continuaram a seguir seus ensinamentos rigorosos, preparando-se para a
chegada do Messias. Os fariseus e seus seguidores faziam um jejum
suplementar, duas vezes por semana. Igualmente o faziam os mestres da Lei.
Estes
exageros e rigorismos pouca importância tinham para Jesus. Seus discípulos
foram instruídos para seguir por uma outra estrada. As práticas de piedade
estão subordinadas à presença do Messias, comparado com um esposo. Alegria ou
tristeza, penitência ou regozijo dependerão do momento: se o Messias está
presente, é tempo de alegria pela salvação; se está ausente, é tempo de
espera paciente, com a respectiva exigência de vida austera.
Em todo
caso, é preciso manter-se longe do velho esquema judaico. Seria pernicioso
deixar-se contaminar por ele. Aliás, trata-se de uma mentalidade
ultrapassada, que deve ser deixada de lado.
Para entender o modo de pensar de Jesus, é preciso abrir-se para a novidade
por ele anunciada. Seria inconveniente querer unir seu modo de pensar e agir
àqueles já superados. A sabedoria do Reino exigia, pois, moderação no jejum e
nas orações.
Oração
Espírito de comedimento, livra-me de praticar uma religião feita de piedade
exagerada, que prescinde da alegre presença do Senhor na nossa História.
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XXII SEMANA DO TEMPO COMUM
( VERDE – OFÍCIO DO DIA )
Antífona da
entrada: Tende compaixão de mim, Senhor, clamo por vós o dia
inteiro; Senhor, sois bom e clemente, cheio de misericórdia para aqueles que
vos invocam (Sl 85,3.5).
Leitura
(Colossenses 1,21-23)
Leitura da carta de são Paulo aos Colossenses.
1 21 Há bem
pouco tempo, sendo vós alheios a Deus e inimigos pelos vossos pensamentos e
obras más, 22 eis que agora ele vos reconciliou pela morte de seu corpo
humano, para que vos possais apresentar santos, imaculados, irrepreensíveis
aos olhos do Pai.
23 Para isto, é necessário que permaneçais fundados e firmes na fé,
inabaláveis na esperança do Evangelho que ouvistes, que foi pregado a toda
criatura que há debaixo do céu, e do qual eu, Paulo, fui constituído
ministro.
Salmo
responsorial 53/54
Quem me
protege e me ampara é meu Deus!
Por vosso
nome, salvai-me, Senhor,
e dai-me a vossa justiça!
Ó meu Deus, atendei minha prece
e escutai as palavras que eu digo!
Quem me
protege e me ampara é meu Deus;
é o Senhor quem sustenta minha vida!
Quero ofertar-vos o meu sacrifício
de oração e com muita alegria;
quero louvar, ó Senhor, vosso nome,
quero cantar vosso nome, que é bom!
Aclamação
do Evangelho
Aleluia,
aleluia, aleluia.
Sou o caminho, a verdade e a vida: ninguém vem ao Pai, senão por mim (Jo
14,6).
Evangelho (Lucas 6,1-5)
6 1 Em dia
de sábado, Jesus atravessava umas plantações; seus discípulos iam colhendo
espigas (de trigo), as debulhavam na mão e comiam.
2 Alguns dos fariseus lhes diziam: "Por que fazeis o que não é permitido
no sábado?"
3 Jesus respondeu: "Acaso não tendes lido o que fez Davi, quando teve
fome, ele e os seus companheiros;
4 como entrou na casa de Deus e tomou os pães da proposição e deles comeu e
deu de comer aos seus companheiros, se bem que só aos sacerdotes era
permitido comê-los?"
5 E ajuntou: "O Filho do Homem é senhor também do sábado".
COMENTÁRIOS DO EVANGELHO
1. O sábado
foi feito para o homem
Alimentar-se quanto se está com fome é uma das necessidades básicas e
essenciais de qualquer ser humano e por isso, “passar fome” é uma expressão
que nem deveria fazer parte do nosso vocabulário pois é um pecado contra a
vida. A falta de alimentação traz a desnutrição e consequentemente á morte,
se a pessoa não se alimentar.
Jesus era
um pregador itinerante e seus discípulos o acompanhavam, ás vezes aparecia as
almas generosas que lhe ofereciam um lanche ou uma refeição mais caprichada
mas naquele dia de sábado, em que o Judeu guardava o preceito sabático, não
tiveram essa acolhida pois as pessoas preparavam as refeições na véspera e
não podiam prever que no sábado aparecia os doze e mais o Mestre para uma
refeição extra. Não se sabe de que distância vinham eles caminhando, mas o
texto mostra que a “fome” bateu e a turma nem quis saber de quem era aquela
roça de milho, foram apanhando as espigas, ali mesmo debulhando-as e
“mandando para dentro”, certamente Jesus também comeu algumas pois tinha fome
como qualquer outro.
Foi quando
de repente apareceram os chatos dos Fariseus para acabar com a alegria do
grupo, e já vieram de dedo em riste, para fazer a acusação. E como sempre
sobrou para o Mestre, a acusação de que seus discípulos não guardavam o
sábado, pois estavam acintosamente trabalhando (colhendo espigas de milho)
pois o problema não era eles estarem se alimentando, mas sim de estarem
trabalhando, o que era rigorosamente proibido em dia de sábado.
Jesus então
usa de uma estratégia inteligente, Davi era um nome de peso para eles, uma
pessoa de referência, fiel, zeloso das coisas do Deus da Aliança, enfim,
alguém intocável. Jesus os lembra que Davi e seus companheiros tiveram fome
em um combate, e ao entrarem no templo, comeram os pâes da proposição ( seria
em nossos dias a Hóstia do Padre, que é intocável) a comparação é apenas no
sentido, pois uma Hóstia não mata a fome física de ninguém. Mas no caso de Davi
eram pães, e de bom tamanho, que ele comeu e deu a turma toda.
E diante da
mudez dos tais Fariseus, que nãop sabiam o que responder, Jesus deu o golpe
de misericórdia : “O Filho do Homem é Senhor também no Sábado”, ou seja, a
Vida acima de qualquer norma ou lei, mesmo que seja religiosa. É bom
pensarmos se em nossas comunidades, nas pastorais e movimentos, a gente
muitas vezes não coloca normonas e norminhas, mil regrinhas, acima do bem e
da Vida das pessoas. Qualquer Lei que não tenha no centro a defesa e a
preservação da Vida, não é Cristã!
2. O poder
de dar e proteger a vida
Uma vez mais o descanso sabático está no centro da controvérsia. Os fariseus,
pelos dados que o Novo Testamento nos oferece, se tornaram legalistas:
trata-se, pura e simplesmente, de cumprir um a um os preceitos da Lei. É
bastante provável que o sentido da Lei tenha ficado esquecido, como ficou
esquecido o amor de Deus que permanece velado atrás da letra da Lei. A
pergunta de alguns dentre os fariseus é esta: "Por que fazeis o que não
é permitido em dia de sábado?" (v. 2).
Segundo
Jesus, no dia de sábado é exigido fazer o bem e salvar a vida (vv. 8-9).
Jesus responde recorrendo a um episódio de Davi (1Sm 21,1-10). O que
justificou a atitude de Davi foi a fome e a necessidade de manterem a vida em
boas condições (cf. Lc 6,3-4). O exemplo de Davi ilustra a argumentação de
Jesus contra os fariseus e em favor dos discípulos. "O Filho do Homem é
Senhor também do sábado" (v. 5), isto é, o sábado, dia de se lembrar da
misericórdia de Deus, é tempo privilegiado da manifestação do seu poder,
poder de dar e proteger a vida, poder de libertar da escravidão do mal.
ORAÇÃO
Pai, torna-me sensato na prática das exigências religiosas, para eu buscar,
em primeiro lugar, o que realmente é do teu agrado e está a serviço da vida,
cuja fonte és tu.
3. O SENHOR
DO SÁBADO
Sendo Jesus o Filho do Homem, pleno de poderes recebidos do Pai, podia agir
com liberdade diante da tradição. Pouca importância tinha para ele as
distinções minuciosas e as interpretações casuístas que corriam nos ambientes
farisaicos. No caso do repouso sabático, colocava-se acima dos limites sutis
entre as ações proibidas e aquelas permitidas, no dia consagrado ao Senhor.
Daí sua
atitude de indiferença quanto ao fato de seus discípulos, ao atravessar um
trigal em dia de sábado, terem apanhado espigas e comê-las. Em que este gesto
representava um desrespeito a Deus? Por que classificá-lo como pecaminoso e,
por isso, proibi-lo? Jesus não via nele motivos para censurar seus
discípulos, e impedi-los de praticar esta ação.
Se Davi
tomou a liberdade de saciar sua fome com pães consagrados, que só aos
sacerdotes era permitido comer, o Filho do Homem estava agindo muito mais
corretamente com os seus discípulos! Sua superioridade em relação ao antigo
rei de Israel permitia-lhe liberá-los da submissão às prescrições
judaicas.
Jesus concedia, assim, aos discípulos uma liberdade desconhecida no mundo dos
mestres da Lei e dos fariseus. A ação de Jesus fundava-se num dado que seus
adversários desconheciam: sua condição de Filho de Deus.
Oração
Espírito que liberta, desata as amarras que mantêm o povo fanaticamente
apegado a certas tradições, diante das quais o Pai permite agir com
liberdade.
|
Liturgia do
Domingo 08.09.2013
23º DOMINGO DO TEMPO COMUM ANOC
( VERDE, GLÓRIA, CREIO – III SEMANA DO
SALTÉRIO )
__ "Jesus, mestre da nossa vida" __
Ambientação:
Sejam
bem-vindos amados irmãos e irmãs!
INTRODUÇÃO
DO FOLHETO DOMINICAL PULSANDINHO: Seguimento e
caminho são duas realidades que se complementam, porque todo seguimento exige
um caminho e todo caminho é feito para ser seguido. Escolher o caminho certo
é uma atitude sábia; é demonstrar proximidade e cultivo interior da sabedoria
existencial. A verdadeira sabedoria, na escolha de um caminho existencial,
está em Deus, nos caminhos que Ele propõe, precisamente. Nossa celebração,
portanto, ilumina-se no seguimento de Jesus. Um seguimento que não acontece
no anonimato, mas através de uma opção pessoal, com uma decisão que envolve
toda nossa vida. Que o Espírito Santo ilumine nossos corações e nos ajude a
renovar nosso esforço de seguir Jesus, vivendo de acordo com o seu Evangelho.
INTRODUÇÃO
DO FOLHETO DOMINICAL O POVO DE DEUS: A Eucaristia
deste domingo nos convoca a uma intimidade maior com a Palavra de Deus. Neste
ano da Fé mergulhemos nosso coração nas profundezas do Mistério da Palavra, a
fim de que não nos deixemos confundir pelos relativismos e teorias que
desprezam os valores que sustentam a dignidade humana e mantêm a cultura nos
pilares da ética. Rezemos também pela nossa Pátria, que ontem celebrou a
Festa Nacional da Independência, a fim de que conquiste a independência de
toda corrupção e maldade, como também se fortaleça nos valores que a Sagrada
Escritura propõe para a humanidade.
INTRODUÇÃO
DO WEBMASTER: O ato de fé em Jesus se realiza e se
torna concreto abranmgendo a realidade do homem em todas as suas dimensões,
tanto as do corpo como as sociais e históricas. A adesão à sua pessoa, que se
vive na nova comunidade, tem exigências radicais e comporta rupturas e o
sacrifício de certas realidades e certos valores. A renúncia que se faz a
certas realidades e a certos valores ou é um ato de desespero e demissão ante
o sentido da existência, ou a abertura da ordem terrena à realidade de Deus
que vem do alto como graça..
Sintamos em
nossos corações a alegria do Amor ao Próximo e entoemos alegres cânticos ao
Senhor!
XXIII DOMINGO DO TEMPO COMUM
OPÇÃO DE FÉ, OPÇÃO RADICAL...
Antífona da
entrada: Vós sois justo, Senhor, e justa é a vossa sentença;
tratai o vosso servo segundo a vossa misericórdia (Sl 118,137.124).
Comentário
das Leituras: A Palavra de Deus compara nossa vida a
uma caminhada e chama atenção para a importância de escolher bem o caminho e
a luz que irá acompanhar essa viagem existencial. Jesus lança o desafio de
sair da multidão e segui-lo em sua estrada, deixando-se iluminar pela
sabedoria que vem de seu Evangelho. Ser discípulo de Cristo exige fazer da fé
um valor supremo.
Primeira
Leitura (Sabedoria 9,13-18)
Leitura do livro da Sabedoria.
9 13 Que
homem, pois, pode conhecer os desígnios de Deus, e penetrar nas determinações
do Senhor?
14 Tímidos são os pensamentos dos mortais, e incertas as nossas
concepções;
15 porque o corpo corruptível torna pesada a alma, e a morada terrestre
oprime o espírito carregado de cuidados.
16 Mal podemos compreender o que está sobre a terra, dificilmente encontramos
o que temos ao alcance da mão. Quem, portanto, pode descobrir o que se passa
no céu?
17 E quem conhece vossas intenções, se vós não lhe dais a Sabedoria, e se do
mais alto dos céus vós não lhe enviais vosso Espírito Santo?
18 Assim se tornaram direitas as veredas dos que estão na terra; os homens
aprenderam as coisas que vos agradam e pela sabedoria foram salvos.
Salmo
responsorial 89/90
Vós fostes,
ó Senhor, um refúgio para nós.
Vós fazeis
voltar ao pó todo mortal
quando dizeis: "Voltai ao pó, filhos de Adão!"
Pois mil anos para vós são como ontem,
qual vigília de uma noite que passou.
Eles passam
como o sono da manhã,
são iguais à erva verde pelos campos:
de manhã ela floresce vicejante,
mas à tarde é cortada e logo seca.
Ensinai-nos
a contar os nossos dias
e daí ao nosso coração sabedoria!
Senhor, voltai-vos! Até quando tardareis?
Tende piedade e compaixão de vossos servos!
Saciai-nos
de manhã com vosso amor,
e exultaremos de alegria todo o dia!
Que a bondade do Senhor e nosso Deus
repouse sobre nós e nos conduza!
Tornai fecundo, ó Senhor, nosso trabalho.
Segunda
Leitura (Filêmon 9-10.12-17)
Leitura da carta de são Paulo a Filêmon.
9
Caríssimo, prefiro fazer apenas um apelo à tua caridade. Eu, Paulo, idoso
como estou, e agora preso por Jesus Cristo,
10 venho suplicar-te em favor deste filho meu, que gerei na prisão,
Onésimo.
12 Torno a enviá-lo para junto de ti, e é como se fora o meu próprio
coração.
13 Quisera conservá-lo comigo, para que em teu nome ele continuasse a
assistir-me nesta minha prisão pelo Evangelho.
14 Mas, sem o teu consentimento, nada quis resolver, para que tenhas ocasião
de praticar o bem (em meu favor), não por imposição, mas sim de livre
vontade.
15 Se ele se apartou de ti por algum tempo, foi sem dúvida para que o
pudesses reaver para sempre.
16 Agora, não já como escravo, mas bem mais do que escravo, como irmão
caríssimo, meu e sobretudo teu, tanto por interesses temporais como no
Senhor.
17 Portanto, se me tens por amigo, recebe-o como a mim.
Aclamação
do Evangelho
Aleluia,
aleluia, aleluia.
Fazei brilhar vosso semblante ao vosso servo e ensinai-me vossas leis e
mandamentos! (Sl 118,135)
EVANGELHO (Lucas 14,25-33)
14 25 Muito
povo acompanhava Jesus. Voltando-se, disse-lhes:
26 "Se alguém vem a mim e não odeia seu pai, sua mãe, sua mulher, seus
filhos, seus irmãos, suas irmãs e até a sua própria vida, não pode ser meu
discípulo.
27 E quem não carrega a sua cruz e me segue, não pode ser meu
discípulo.
28 Quem de vós, querendo fazer uma construção, antes não se senta para calcular
os gastos que são necessários, a fim de ver se tem com que acabá-la?
29 Para que, depois que tiver lançado os alicerces e não puder acabá-la,
todos os que o virem não comecem a zombar dele,
30 dizendo: 'Este homem principiou a edificar, mas não pode
terminar'".
LEITURAS DA SEMANA DE 09 a 15 de Setembro de
2013:
2ª Vd - Cl 1,24 - 2,3; Sl 61(62); Lc 6,6-11
3ª Vd - Cl 2,6-15; Sl 144(145); Lc 6,12-19
4ª Br - Cl 3,1-11; Sl 144(145); Lc 6,20-26
5ª Vd - Cl 3,12-17; Sl 150; Lc 6,27-38
6ª Vd - 1Tm 1,1-2.12-14; Sl 15(16); Lc 6,39-42
Sb Vd - Nm 21,4b-9 ou Fl 2,6-11; Sl 77(78); Jo 3,13-17
24º DTC Vd - Ex 32,7-11.13-14; Sl 50 (51),3-4. 12-13. 17 e 19 (R/. Lc 15,
18); 1T. 1,12-17; Lc 15,1-32 (Filho pródigo)
COMENTÁRIOS DO EVANGELHO
1. O que é
ser Discípulo?
A prática cristã requer continuamente uma decisão firme a favor de Jesus e
seu evangelho, muita gente se ilude achando que uma experiência mais forte
com Jesus Cristo em um retiro, já foi suficiente para a conversão, um
pensamento bem equivocado, pois a partir do momento em que conheço Jesus e
tenho uma disposição interior de ser discípulo, a Fé vai exigir de mim
inúmeras decisões de caráter íntimo e pessoal.
As
primeiras palavras de Jesus neste evangelho parecem ser marcadas por um amor
egoísta, o Mestre exige que o amem acima de qualquer outra pessoa e até acima
da própria vida. Fala-se aqui de relações afetivas muito fortes para o Povo
Judeu, e a Vida é Dom Sagrado, uma bênção Divina também, como é que o ouvinte
vai por em prática essas palavras do Mestre, que parecem ser tão duras?
Diferente
dos Fariseus, Jesus não está colocando um fardo pesado demais nos ombros de
quem quer ser seu discípulo... Embora os evangelhos não sejam narrativas
históricas ou jornalísticas, mas eles mostram claramente que um belo dia,
Jesus formou o seu grupo e saiu de casa, deixando para trás a mãe e os demais
parentes (inclusive eles acharam que Jesus estava louco, lembram-se dessa
passagem?) De fato, parece loucura romper com tudo para ser seguidor de Jesus
e do seu evangelho, principalmente porque se caminha na contra mão do Sistema
Religioso, Político e Econômico daquela época. É desse conflito do Reino com
a Humanidade, e com os interesses de grupos poderosos que detêm o poder
político, econômico ou religioso, que surge a cruz, consequência da
rejeição. Cruz para o discípulo significa todas as contrariedade que irá ter,
por fazer a sua opção por Jesus e seu Evangelho nas decisões que precisarão
ser tomadas ao longo da vida.
Então a
segunda parte do evangelho nos convida a pensar seriamente nisso: que ser
discípulo não é apenas uma filosofia de vida, ou uma prática religiosa entre
outras tantas que existe por aí, ou pior ainda, a fachada de uma determinada
igreja da qual me fiz membro. Quem pensar assim não conseguirá levar adiante
o seu discipulado, que requer coerência entre Fé e Vida, pois os desafios são
muitos, basta ver as investidas contra a Igreja de Cristo, que sempre
aconteceram e vão continuar acontecendo na História da Igreja. Sentar-se para
ponderar sobre a missão, é sinal de que a Fé não se desliga da razão, é
preciso planejar, é preciso determinação e perseverança no Discipulado.
Hoje em dia
há uma multidão de “discípulos de araque” seguindo Jesus, na ilusão de que o
cristianismo é um mar de rosas “Encontrei Jesus e a minha vida mudou para
melhor!” Emoções e lágrimas, curas miraculosas, Jesus sofreu para que agora
nós curtíssemos o paraíso do conforto, do bem material e da riqueza! Essa
multidão de discípulos, ao final vai cair no ridículo. Essa é uma falsa
premissa, sustentada pela pregação de Líderes espertalhões que oferecem um
cristianismo ameno, sem muitas exigências, a não ser desembolsar o $sagrado
Dízimo que vão para as “gordas contas bancárias” nem sempre das igrejas...
2. Atitude
radical
Quais são as condições exigidas para seguir Jesus? O texto do evangelho deste
domingo começa pela informação de que grandes multidões acompanhavam Jesus
(cf. v. 25).
O que estas
multidões buscavam? O que eles encontraram? Todos tinham a mesma intenção?
Admiravam-se das palavras cheias de sabedoria, de sua autoridade, da sua
compaixão, a ponto de alguns declararem se tratar da visita salvífica de Deus;
outros tantos, porém, não eram capazes de ultrapassar o que os olhos
contemplavam e reconhecer a verdadeira procedência de Jesus. Tudo isso, e
muito mais, é suficiente para seguir Jesus Cristo?
A resposta
do evangelho é negativa. É preciso, para segui-lo, uma atitude radical:
"... renunciar a tudo o que tem" (v. 32) – esta é condição para ser
discípulo de Cristo.
Entre os
vv. 25 e 33 há uma inclusão, isto é, o tema que será desenvolvido entre estes
dois versículos através das duas parábolas (vv. 28-30; 31-32). Nas parábolas,
trata-se de prever, de medir forças, de saber calcular os riscos. Trata-se,
noutras palavras, de sabedoria, de adequar as ambições aos meios de que se
dispõe.
Para seguir
Jesus é preciso fazer uma escolha. Em primeiro lugar estar disposto ao
desapego. Sem desprezar a quem se ama, os familiares, é preciso não permitir
que eles se constituam em obstáculo para o seguimento de Cristo. Se assim o
fosse, não seria amor verdadeiro, mas possessão.
Mas o
desapego tem de ser da própria vida. A defesa de interesses, privilégios e
seguranças pessoais é incompatível com o seguimento de Cristo. Em segundo
lugar é preciso aceitar o risco do seguimento de Cristo, a saber, a
perseguição, o sofrimento. É exatamente isto que significa "carregar a cruz"
(v. 27). Em terceiro lugar é preciso renunciar aos bens (v. 33). Trata-se,
então, de renunciar, como exigência do seguimento de Jesus Cristo, às
seguranças afetivas e materiais.
A quem se
dispõe a seguir Jesus, desde o início, é exigido dele renunciar a tudo que
possa ser um obstáculo para se colocar livremente a serviço do Reino de Deus.
A segurança do discípulo é, antes de tudo, seu Senhor.
Como Santo
Inácio de Loyola, podemos suplicar: "Dá-me o teu amor e a tua graça, e
isto me basta. Nada mais quero pedir".
ORAÇÃO
Pai, reforça minha disposição a ser discípulo de teu Reino, afastando tudo
quanto possa abalar a solidez de minha adesão a ti e a teu Filho Jesus.
3. OPÇÃO E
RENÚNCIA
A observação feita por Jesus visava levar a multidão que o seguia a deixar de
lado a exaltação ingênua e colocar os pés no chão, para evitar possíveis
frustrações. A empolgação do momento podia desviar as pessoas do verdadeiro
significado do gesto de colocar-se no seguimento do Mestre. Quem quisesse
segui-lo, deveria estar consciente das implicações de sua opção.
A primeira
exigência consistia em romper com os laços familiares, por causa do Reino,
colocando, em segundo plano, o amor aos entes mais queridos. O texto bíblico
fala em "odiar pai, mãe etc.".
Evidentemente, a palavra "odiar" não tem o mesmo sentido que nós
lhe damos, hoje. Na boca de Jesus, ela quer dizer "dar preferência ao
pai, à mãe"; colocá-los acima do Reino e de suas exigências.
A segunda
exigência aponta para a predisposição de aceitar todas as conseqüências
decorrentes da opção pelo Reino. Isto significa "tomar a própria
cruz". Não é apto para seguir Jesus quem se intimida diante das
perseguições, da indiferença, das calúnias sofridas por causa de seu
testemunho de vida. Só quem é suficientemente forte para enfrentá-las, está
em condições de se tornar seguidor de Jesus.
Portanto, a
opção por se tornar seu discípulo funda-se numa dupla disposição para a
liberdade: diante dos laços de parentesco e diante da cruz que se há de
encontrar nesse seguimento.
Oração
Espírito que predispõe para a renúncia, torna-me apto para o discipulado,
libertando-me diante do que pode me desviar das exigências do Reino.
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