Liturgia da Segunda Feira — 23.09.2013
SÃO PIO DE PIETRELCINA - PRESBÍTERO
( BRANCO, PREFÁCIO COMUM OU DOS SANTOS –
OFÍCIO DA MEMÓRIA )
Antífona da entrada: Eu vos darei pastores segundo o meu
coração, que vos conduzam com inteligência e sabedoria (Jr 3,15).
Leitura (Esdras 1,1-6)
Leitura do livro de Esdras.
1 1 No primeiro ano de Ciro, rei da
Pérsia, para que se cumprisse a profecia posta pelo Senhor na boca de
Jeremias, o Senhor suscitou o espírito de Ciro, rei da Pérsia, o qual mandou
fazer em todo o seu reino, de viva voz e por escrito, a proclamação seguinte:
2 "Assim fala Ciro, rei da Pérsia: o Senhor, Deus do céu, deu-me todos
os reinos da terra, e encarregou-me de construir-lhe um templo em Jerusalém,
que fica na terra de Judá.3 Quem é dentre vós pertencente ao seu povo, que
seu Deus o acompanhe, suba a Jerusalém que fica na terra de Judá e construa o
templo do Senhor, Deus de Israel, o Deus que reside em Jerusalém.4 Que todos
os sobreviventes (de Judá) onde quer que residam, sejam providos pelos
habitantes da localidade onde se encontrarem, de prata, ouro, cereais e gado,
bem como de oferendas voluntárias para o templo do Deus que reside em
Jerusalém".
5 Então os chefes de família de Judá e de Benjamim, bem como todos os
sacerdotes e os levitas, principalmente todos aqueles cujo espírito Deus
havia tocado, prepararam-se para ir reedificar o templo do Senhor em
Jerusalém.6 Todos os que habitavam pelas redondezas ajudaram-nos, dando-lhes
prata, ouro, bens diversos, gado, cereais e coisas preciosas, além das outras
ofertas voluntárias.
Salmo responsorial 125/126
Maravilhas fez conosco o Senhor!
Quando o Senhor reconduziu nossos
cativos,
parecíamos sonhar;
encheu-se de sorriso nossa boca,
nossos lábios, de canções.
Entre os gentios se dizia:
"Maravilhas
fez com eles o Senhor!"
Sim, maravilhas fez conosco o Senhor,
exultemos de alegria!
Mudai a nossa sorte, ó Senhor,
como torrentes no deserto.
Os que lançam as sementes entre lágrimas,
ceifarão com alegria.
Chorando de tristeza sairão,
espalhando suas sementes;
cantando de alegria voltarão,
carregando os seus feixes!
Aclamação do Evangelho
Aleluia, aleluia, aleluia.
Vós sois a luz do mundo; brilhe a todos a vossa luz. Vendo eles vossas obras,
deem glória ao Pai celeste! (Mt 5,16)
EVANGELHO (Lucas 8,16-18)
Naquele tempo, disse Jesus à
multidão: 8 16 "Ninguém acende uma lâmpada e a cobre com um vaso ou a
põe debaixo da cama; mas a põe sobre um castiçal, para iluminar os que
entram.
17 Porque não há coisa oculta que não acabe por se manifestar, nem secreta
que não venha a ser descoberta.
18 Vede, pois, como é que ouvis. Porque ao que tiver, lhe será dado; e ao que
não tiver, até aquilo que julga ter lhe será tirado".
COMENTÁRIOS DO EVANGELHO
1. O que está escondido deve ser
manifestado
Primeiro vamos beber o “aperitivo” da primeira leitura que coloca o seu
enfoque na virtude da generosidade e humildade de coração. Essas coisas estão
ocultas e ninguém sabe, olhando para nós, se somos generosos e humildes, ou
egoísta e arrogantes pois somente uma boa convivência com as pessoas nos
permite conhecê-las melhor pois elas se manifestam quem são, e o que trazem
dentro de si mesmas, nas atitudes que tomam para com os outros. Note-se que a
bondade aqui exortada no Livro dos Provérbios, é sempre algo dentro das
nossas possibilidades.
Olhando o salmo responsorial,
facilmente se percebe que só entra na casa do Senhor, isso é, vive em
comunhão com ele, quem age para com o próximo com essa generosidade e
humildade exaltadas na primeira leitura. O Justo habitará no monte santo do
senhor, monte aqui nos lembra de subida, ascese, e sobe até Deus o justo que
anda em seus caminhos, onde a conduta está bem delineada pela liturgia e na
verdade, o homem sobe até Deus quando este vem morar em seu coração e isso
tem sentido, já que somos imagem e semelhança de Deus, e na medida em que
damos ao próximo uma forma amorosa de se relacionar com ele, manifestamos
esse Deus que está escondido dentro de nós de maneira misteriosa, Deus está
nas profundezas do universo e nas profundezas do ser humano que o acolhe...
E assim, fica mais fácil entender
quando Jesus fala neste evangelho, de algo que está oculto e que será
manifestado. Esconder que somos de Deus, e a ele pertencemos, nos omitir da
prática dos valores do evangelho e não manifestar ao próximo a nossa
generosidade e humildade, que brotam do coração de Deus que está dentro de
nós, é cobrir a lâmpada com uma vasilha, ou colocá-la debaixo da cama.
Não é que sejamos totalmente bons,
justos e santos, mas estamos a caminho dessa plenitude que um dia virá, mas a
temos dentro de nós, na Graça Santificante e operante que um dia recebemos. E
aqui fica uma boa pergunta “Somos pessoas iluminadas? As pessoas se sentem
bem perto de nós? Como somos conhecidos, na família, no trabalho, na escola,
na comunidade?” Se somos amargos, azedos, irritantes, petulantes, egocêntricos,
estamos refletindo pontos de trevas e não a Luz Divina.
Daí o evangelho acende uma luzinha
de alerta: Está faltando em nós uma abertura á Palavra de Deus e a sua Graça
Operante e nesse caso, somos como uma velha casa, que embora exposta ao calor
e a luz do sol, encontra-se fechada e embolorada por dentro.
2. Não há luz para si, há luz dada
para iluminar os outros.
A perícope evangélica de hoje dá continuidade à parábola do semeador (8,4-8)
e à explicação aos discípulos (vv. 11-15). A semente é a Palavra de Deus (v.
11), semeada no coração do ser humano. O ensinamento de Jesus é para os
discípulos o mistério do Reino de Deus (cf. v. 10), uma vez que revela, que
faz conhecer.
"Tua palavra", diz o
salmista, "é lâmpada para os meus pés, e luz para o meu caminho"
(Sl 119[118],105). A lâmpada é acesa por Jesus através do seu ensinamento e
ilumina não só o interior da casa, mas quem entrar deve ter a oportunidade de
ver a luz. O fruto do Reino de Deus é uma luz no coração do discípulo que
brilha e atrai. Isto é confirmado pelo provérbio do v. 17: tudo o que o
discípulo aprende em particular (cf. v. 9) deve se manifestar para que outros
sejam iluminados. O anúncio cristão é uma verdadeira luz que faz conhecer o
mistério de Deus.
Não há luz para si, há luz dada
para iluminar os outros, para tornar conhecido (cf. v. 17). A advertência do
v. 18a: "Olhai, portanto, a maneira como ouvis" é um alerta, pois
uma escuta autêntica produz o dinamismo de transmitir o que se escutou, para
que outros sigam iluminados. Sem essa transmissão, é como se a lamparina
fosse privada do oxigênio que a permite brilhar e iluminar.
ORAÇÃO
Pai, transforma-me em lâmpada do Reino, para que, por meio de meu testemunho
de vida, eu possa mostrar teu caminho a muitas pessoas que vagam nas trevas.
3. A TENTAÇÃO DO SECTARISMO
As exigências do Reino e as dificuldades inerentes à sua vivência podem levar
a comunidade cristã a voltar-se para si mesma, tornando-se uma espécie de
gueto fechado, sem contato com o mundo. Este modo de proceder contradiz a
dinâmica do Reino, tornando a comunidade infiel ao projeto cristão. O destino
do Reino é que seja testemunhado a toda a humanidade; seus benefícios devem
atingir cada ser humano.
A parábola da lâmpada alerta para o
comportamento que se exige da comunidade cristã. Como a luz é acesa e posta
no candeeiro, do modo a espargir seus raios por toda a casa, igualmente os
cristãos devem procurar a posição a partir da qual seu testemunho possa
atingir o maior número de pessoas. Supõe-se que seja uma comunidade capaz de
acolher a todos, sem distinção, integrando-os em seu meio.
Uma comunidade missionária,
disposta a ir a todos os recantos da Terra para levar a mensagem do
Evangelho. Uma comunidade cujo testemunho de vida corresponda às exigências
do Reino, de forma a apresentá-lo como projeto de vida para os que vagueiam
nas trevas do erro. Em suma, uma comunidade em que a semente do Reino produz
frutos.
Assim, recusando a tentação do
sectarismo, a comunidade cristã assume seu papel de fazer a luz do Evangelho
chegar a todos os rincões do mundo.
Oração
Espírito que ilumina a humanidade, faze que as comunidades cristãs sejam
autênticas portadoras da luz do Evangelho para os que estão perdidos nas
trevas do erro ou da maldade.
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XXV SEMANA DO TEMPO COMUM
( VERDE – OFÍCIO DO DIA )
Antífona da entrada: Eu sou a salvação do povo, diz o Senhor. Se
clamar por mim em qualquer provação, eu o ouvirei e serei seu Deus para
sempre.
Leitura (Esdras 6,7-8.12.14-20)
Leitura do livro de Esdras.
Naqueles dias, o rei Dario escreveu
ao governador do território da outra margem do rio Eufrátes: 6 7 "Deixai
continuar os trabalhos da casa de Deus; que o governador dos judeus e seus
anciãos reconstruam-na no seu lugar.8 Também ordeno como é que se deve
proceder com aqueles anciãos dos judeus, tendo em vista a reconstrução da
mencionada casa de Deus: das receitas reais provenientes dos impostos de
além-rio, a despesa será fielmente paga a esses homens, a fim de que a obra
não sofra interrupção.
12 O Deus que fez habitar ali o seu nome destrua todo rei, todo povo que
ousar fazer qualquer coisa para mudar este decreto e destruir essa casa de
Deus que está em Jerusalém! Eu, Dario, dei esta ordem: seja ela pontualmente
executada".
14 Os anciãos dos judeus puseram-se a construir o templo e fizeram progresso,
sustentados pelas profecias de Ageu, o profeta, e de Zacarias, filho de Ado.
Prosseguiram a construção, segundo a ordem do Deus de Israel, e segundo a
ordem de Ciro, de Dario e de Artaxerxes, rei da Pérsia.15 Terminou-se o
edifício no terceiro dia do mês de Adar no sexto ano do reinado de Dario.
16 Os israelitas, os sacerdotes, os levitas e os demais repatriados
celebraram com júbilo a dedicação dessa casa de Deus.17 Ofereceram, por
ocasião dessa dedicação, cem touros, duzentos carneiros, mil e quatrocentos
cordeiros e doze bodes como vítimas pelos pecados de todo Israel, segundo o
número das tribos de Israel.18 Estabeleceram os sacerdotes segundo as suas
classes, e os levitas segundo suas divisões, para celebrar o culto de Deus em
Jerusalém, de conformidade com as prescrições do livro de Moisés.
19 Os repatriados celebraram a Páscoa no dia catorze do primeiro mês.20 Os
sacerdotes e os levitas, sem exceção, tinham-se purificado; todos estavam
puros. Imolaram a Páscoa por todos os repatriados, pelos seus irmãos, os
sacerdotes, e por si mesmos.
Salmo responsorial 121/122
Que alegria, quando me disseram:
"Vamos à casa Senhor!"
Que alegria, quando ouvi que me
disseram:
"Vamos à casa do Senhor!"
E agora nossos pés já se detêm,
Jerusalém, em tuas portas.
Jerusalém,cidade bem edificada
num conjunto harmonioso;
para lá sobem as tribos de Israel,
as tribos do Senhor.
Para louvar, segundo a lei de
Israel,
o nome do Senhor.
A sede da justiça lá está
e o trono de Davi.
Aclamação do Evangelho
Aleluia, aleluia, aleluia.
Feliz quem ouve e observa a palavra de Deus! (Lc 11,28)
EVANGELHO (Lucas 8,19-21)
Naquele tempo, 8 19 a mãe e os
irmãos de Jesus foram procurá-lo, mas não podiam chegar-se a ele por causa da
multidão.
20 Foi-lhe avisado: "Tua mãe e teus irmãos estão lá fora e desejam
ver-te".
21 Ele lhes disse: "Minha mãe e meus irmãos são estes, que ouvem a
palavra de Deus e a observam".
COMENTÁRIOS DO EVANGELHO
1. Guiado por Deus
Percebemos nas diversas sentenças do Livro dos Provérbios, que abre essa
liturgia, uma afirmação muito séria logo de início: Até o Rei, que é
soberano, deve deixar-se guiar por Deus e nenhum homem é juiz de si mesmo,
mas a sua retidão é determinada por Deus, pois somente ele conhece e sonda o
coração do ser humano. Quando o homem é arrogante e cheio de orgulho, só
manifesta a escuridão e não deixa aparecer a luz de Deus. Todas as demais
sentenças aplicam-se a esta Verdade: É Deus que nos aponta por aonde ir, pois
os projetos do homem são muitas vezes enganosos e não levam a lugar algum.
Por isso que encontramos no
Salmista essa súplica que deve ser constante em nossa vida “Guiai-me, Senhor,
nos caminhos dos vossos preceitos”, pois Deus é a estrada, e ao mesmo tempo o
destino a ser alcançado. Este caminho tornou-se mais nítido em Jesus Cristo,
pelo qual o Pai se manifestou, se revelou e falou diretamente aos homens.
Antes, os instrumentos dos quais Deus se serviu, eram homens que poderiam se
enganar, como de fato muitos se enganaram, mas no templo da plenitude a
Palavra de Deus tornou-se carne e tornou-se imprescindível escutá-la e pô-la
em prática pois Jesus não apenas nos mostra o caminho, mas ele é o caminho.
Os que ouvem esta palavra e a
coloca em prática tornam-se íntimos de Jesus, criando com ele um forte laço,
mais poderoso do que qualquer parentesco como mostra o evangelho. Talvez
possamos pensar que neste evangelho, a mãe de Jesus foi relegada a um segundo
plano. Primeiramente é preciso saber que, o termo Mãe designava a Matriarca
da Família, seria ela a Bisavó ou a Tataravó, aquela que tinha autoridade
sobre a família, por esta razão ela está ali, para convencer Jesus a ir para
casa e deixar de lado a missão. Maria de Nazaré agiria assim?
Digamos, entretanto que seja
realmente Maria, é mais fácil entendermos que os demais membros da família a
convenceram a ir até lá. No demais, o próprio Jesus sempre elogiou Maria pela
sua obediência e fidelidade á Palavra de Deus, por isso ela é a primeira
cristã e primeira discípula.
2. A "família" de Jesus é
constituída por uma atitude que identifica o discípulo com Jesus
Este texto está presente também nos outros dois sinóticos (Mt 12,46-50; Mc
3,31-35). Somente Marcos nos oferece o contexto pelo qual a família de Jesus
vai procurá-lo: voltando para casa, em Cafarnaum, a multidão se aglomera na
casa a ponto de nem ele nem os seus discípulos poderem se alimentar. A
família de Jesus, incluída sua mãe, tomando conhecimento do que estava
acontecendo, vai atrás de Jesus para "detê-lo porque diziam:
enlouqueceu!" (Mc 3,20-21).
No evangelho de João, são os
adversários de Jesus que têm a mesma opinião: "Houve novamente
discussões entre os judeus por causa dessas palavras. Alguns deles diziam:
'Ele tem um demônio! Está louco! Por que o escutais?'" (Jo 10,19-20).
Seja como for, a chegada da família
de Jesus é ocasião de ensinamento de Jesus aos discípulos: a
"família" de Jesus não é constituída pela descendência do sangue,
mas por uma atitude que identifica o discípulo com Jesus: a escuta da Palavra
de Deus e a sua consequente prática.
Àquela mulher que do meio da
multidão gritou: "Felizes as entranhas que te trouxeram e os seios que
te amamentaram!", Jesus respondeu: "Felizes, antes, os que ouvem a
Palavra de Deus e a observam" (Lc 11,27-28).
A escuta da Palavra de Deus tem
prioridade na vida do discípulo, pois na Palavra de Deus está contida a
vontade de Deus para cada um e para todo o povo que o Cristo reúne.
ORAÇÃO
Pai, que minha condição de membro da grande família do Reino se expresse no
meu modo de proceder. Pela disposição a amar, quero dar provas de ser teu
filho.
3. O FRUTO DA PALAVRA
A vivência sincera da Palavra de Deus estabelece entre o discípulo do Reino e
Jesus uma profunda comunhão. Mas também, entre os mesmos discípulos, a
Palavra produz frutos de fraternidade e solidariedade. Em ambos os casos, os
laços interpessoais podem mostrar-se mais fortes que os provenientes das
relações familiares.
Disto resulta a nova família do
Reino em que a paternidade provém de Deus, e a convivência entre os membros
pauta-se pelo amor e pela igualdade, para além de raça, de condição social e
de diferença de gênero. Ser judeu ou pagão, escravo ou livre, homem ou mulher
são distinções irrelevantes para a família do Reino. A possibilidade de viver
a comunhão desponta no horizonte, deixando de lado tudo o que possa ser
motivo de divisão.
Desta forma, no contexto do Reino,
relativiza-se a família natural de Jesus. O fato de ser sua mãe ou seus
irmãos tinha pouca relevância. Esta familiaridade não lhes dava precedência
na relação com o Mestre. Seria inútil exigir este direito, já que o haviam
perdido.
Tanto a mãe quanto os seus parentes
deveriam fazer o caminho de sua relação com Jesus passar pela submissão à
Palavra de Deus. Doravante, serão seus familiares os que, como ele, ouvem a
Palavra de Deus e a põem em prática.
Oração
Espírito de submissão à Palavra de Deus, que a escuta e a prática da Palavra
me tornem membro da família do Reino, a nova família de Jesus.
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XXV SEMANA DO TEMPO COMUM
( VERDE – OFÍCIO DO DIA )
Antífona da entrada: Eu sou a salvação do povo, diz o Senhor. Se
clamar por mim em qualquer provação, eu o ouvirei e serei seu Deus para
sempre.
Leitura (Esdras 9,5-9)
Leitura do livro de Esdras.
9 5 Na hora da oblação da tarde,
levantei-me de minha aflição com minhas vestes e meu manto rasgados; então,
caindo de joelhos, estendi as mãos para o Senhor, meu Deus,
6 e disse: Meu Deus, estou coberto de vergonha e de confusão ao levantar minha
face para vós, meu Deus; porque as nossas iniqüidades acumularam-se sobre
nossas cabeças, e nosso pecado chegou até o céu.
7 Desde o tempo de nossos pais até o dia de hoje, temos sido gravemente
culpados; e por causa de nossas iniqüidades, fomos escravizados, nós, nossos
reis e nossos filhos; fomos entregues à mercê dos reis de outras terras, à
espada, ao cativeiro, à pilhagem e à vergonha que nos cobre mesmo nos dias de
hoje.
8 Entretanto, o Senhor, nosso Deus, testemunhou-nos por um momento a sua misericórdia,
permitindo que subsistisse um resto dentre nós, e concedeu-nos um abrigo em
seu lugar santo. Nosso Deus quis assim fazer brilhar a nossos olhos a sua
luz, e nos dar um pouco de vida no meio de nossa servidão.
9 Sim somos escravos; mas nosso Deus não nos abandonou em nosso cativeiro.
Ele concedeu-nos a benevolência dos reis da Pérsia, dando-nos vida bastante
para reconstruir a morada de nosso Deus, reerguer as ruínas, e prometendo-nos
um abrigo seguro em Judá e em Jerusalém.
Salmo responsorial Tb 13
Bendito seja Deus que vive
eternamente!
Vós sois grande, Senhor, para
sempre,
e vosso reino se estende nos séculos!
Porque vós castigais e salvais,
fazeis descer aos abismos da terra
e de lá nos trazeis novamente:
de vossas mãos nada pode escapar.
Vós que sois de Israel, dai-lhe
graças
e por entre as nações celebrai-o!
O Senhor dispersou-vos na terra
para narrardes sua glória entre os povos
e faze-los saber, para sempre,
que não há outro Deus além dele.
Castigou-nos por nossos pecados,
seu amor haverá de salvar-nos.
Compreendei o que fez para nós,
dai-lhe graças com todo o respeito!
Bendizei o Senhor, seus eleitos,
fazei festa e alegres louvai-o!
Aclamação do Evangelho
Aleluia, aleluia, aleluia.
Convertei-vos e crede no Evangelho, pois o reino de Deus está chegando! (Mc
1,15)
Evangelho (Lucas 9,1-6)
Naquele tempo, 9 1 reunindo Jesus
os doze apóstolos, deu-lhes poder e autoridade sobre todos os demônios, e
para curar enfermidades.
2 Enviou-os a pregar o Reino de Deus e a curar os enfermos.
3 Disse-lhes: "Não leveis coisa alguma para o caminho, nem bordão, nem
mochila, nem pão, nem dinheiro, nem tenhais duas túnicas.
4 Em qualquer casa em que entrardes, ficai ali até que deixeis aquela
localidade.
5 Onde ninguém vos receber, deixai aquela cidade e em testemunho contra eles
sacudi a poeira dos vossos pés".
6 Partiram, pois, e percorriam as aldeias, pregando o Evangelho e fazendo
curas por toda parte.
COMENTÁRIOS DO EVANGELHO
1. A Palavra de Deus
A dificuldade de se preparar uma homilia durante o dia da semana está em dois
fatores, primeiro que ela tem de ser breve, e aí vem o segundo problema: por
causa disso focamos apenas no evangelho e ignoramos a primeira leitura e o
salmo que são valiosíssimos na reflexão.
Hoje por exemplo, a primeira
leitura nos coloca a Palavra de Deus como fundamento de tudo, ela é
comprovadamente um escudo para os que nela se abrigam. Qual o perigo que tal
afirmação nos mostra? Exatamente o que vem a seguir no versículo 6: “Nada
acrescentes às suas palavras, para que ela não te repreenda e passes por
mentiroso”. O autor, consciente de que a Palavra de Deus é absolutamente
imprescindível em sua vida, relativiza a pobreza ou a riqueza material, ele
quer o pão que é necessário, Pão da Palavra. No salmo há um versículo que
ressalta esta verdade “A lei de vossa boca para mim, vale mais do que milhões
em ouro e prata” e o refrão confirma “Vossa Palavra é uma luz para os meus
passos”, a luz que está no coração e na mente e que nos ajuda a perceber o
caminho a ser percorrido.
Poderá o leitor se perguntar, e o
nosso evangelho, como ele se encaixa nesse pensamento de se valorizar o
anúncio da Palavra? Muito simples, os discípulos foram enviados justamente
para proclamarem a Boa Nova da Palavra de Deus, este envio aparece inúmeras
vezes nos evangelhos sinóticos e constitui-se na missão primária da Igreja
que deve sempre, em todos os tempos, buscar formas diferentes para cumprir
esta missão.
Discípulo missionário preocupado
com o status, bens materiais, patrimônio, conforto material (ser hospedado em
hotel cinco estrelas) certamente já perdeu o foco da missão. Hoje em dia tem
muitos assim e estou falando da nossa igreja... Deve também o discípulo ser
radical em sua pregação, se não for acolhido, e o homem da pós-modernidade
não acolhe bem a Palavra de Deus, não se tenha com este nenhum vínculo
(sacudi a poeira do sapato) significa isso: romper com qualquer modo de vida
que não esteja em conformidade com a Palavra.
2. Participação no poder de Jesus
Cristo.
Entre o chamado dos Doze sobre a montanha (6,12-16) e o envio deles em missão
foi percorrido um itinerário no qual eles puderam ouvir os ensinamentos de
Jesus e contemplar os seus "atos de poder", que davam vida às
pessoas, libertando-as do mal. O poder e a autoridade deles são o poder e a
autoridade que eles recebem do Senhor. É participação no poder de Jesus
Cristo. Trata-se, aqui, do poder do Espírito Santo, que é uma "força do
alto" para o testemunho (cf. At 1,8). É o testemunho que torna presente
não somente as palavras de Jesus, como também seus gestos. Palavra e ação
suscitavam as pessoas à fé na vida. Essa coerência interna de Jesus fazia
dele, aos olhos de muitos de seus contemporâneos, uma pessoa digna de fé.
As recomendações para a missão
implicam despojamento, pois a segurança dos Doze está no Senhor que os envia.
A preocupação com a segurança pessoal não pode distraí-los, pois são
portadores de um anúncio que tem incidência na vida das pessoas, inclusive no
próprio corpo. É preciso que os Doze tenham presente a possibilidade de que a
mensagem cristã não seja aceita por todos, a exemplo do próprio Mestre,
rejeitado em sua pátria (Lc 4,24.29-30). A missão dos discípulos é
itinerante, pois todas as pessoas são destinatárias do anúncio cristão.
ORAÇÃO
Pai, tendo recebido a tarefa de continuar a missão de Jesus, ensina-me a
imitá-lo tanto no modo de ser e de pregar, quanto na pobreza e na coragem de
enfrentar a rejeição.
3. PARTINDO EM MISSÃO
A primeira experiência missionária
dos Apóstolos comportou uma série de características que se mantém válidas
para a missão da Igreja de todos os tempos. Por exemplo, ela se deu como
obediência a um mandato expresso de Jesus. Portanto, não foi fruto da
iniciativa pessoal dos Apóstolos. Eles partiram na qualidade de emissários do
Senhor.
Foi-lhes conferido o poder e a
autoridade para expulsar demônios, curar doenças e pregar o Reino de Deus.
Tarefa idêntica à que foi levada adiante por Jesus. A atividade do Mestre centrou-se
no anúncio da palavra e na realização de sinais comprovadores da irrupção do
Reino na história humana. A missão dos Apóstolos era, portanto, a continuação
e a atualização da missão de Jesus. Onde quer que estivesse um Apóstolo do
Reino, aí estaria atuando Jesus meio dele.
Os Apóstolos deveriam exercer seu
ministério como pobres. Nada carregavam consigo, quando iam de aldeia em
aldeia, anunciando o Evangelho e fazendo o bem. Desta forma, as pessoas não
correriam o risco de serem atraídas por outro motivo, a não ser pela proposta
de Jesus.
O testemunho de pobreza dava aos apóstolos liberdade para anunciarem o
Evangelho sem restrições. Caso não fossem acolhidos, só lhes restava ir
adiante, sem se deixar abater.
Oração
Senhor Jesus, faze crescer em mim a consciência de que sou teu mensageiro,
enviado para proclamar o Reino confiado unicamente em ti.
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XXV SEMANA DO TEMPO COMUM *
( VERDE – OFÍCIO DO DIA )
Antífona da entrada: Eu sou a salvação do povo, diz o Senhor. Se
clamar por mim em qualquer provação, eu o ouvirei e serei seu Deus para
sempre.
Leitura (Ageu 1,1-8)
Início da profecia de Ageu.
1 1 No segundo ano do reinado de
Dario, no primeiro dia do sexto mês, a palavra do Senhor foi dirigida pelo
profeta Ageu ao governador de Judá, Zorobabel, filho de Salatiel, e ao sumo
sacerdote Josué, filho de Josedec, nestes termos:
2 "Eis o que diz o Senhor dos exércitos: 'este povo diz: não é ainda
chegado o momento de reconstruir a casa do Senhor'".
3 E a palavra do Senhor foi transmitida pelo profeta Ageu:
4 "É então o momento de habitardes em casas confortáveis, estando esta
casa em ruínas? Eis o que declara o Senhor dos exércitos:
5 considerai o que fazeis!
6 Semeais muito e recolheis pouco; comeis e não vos saciais; bebeis e não
chegais a apagar a vossa sede; vestis, mas não vos aqueceis; e o operário
guarda o seu salário em saco roto!
7 Assim fala o Senhor dos exércitos: refleti no que fazeis!
8 Subi a montanha, trazei madeira e reconstruí a minha casa; ela me será
agradável e nela serei glorificado, - oráculo do Senhor".
Salmo responsorial 149
O Senhor ama seu povo de verdade.
Cantai ao Senhor Deus um canto
novo,
e o seu louvor na assembléia dos fiéis!
Alegre-se Israel em Quem o fez,
e Sião se rejubile no seu Rei!
Com danças glorifiquem o seu nome,
toquem harpa e tambor em sua honra!
Porque, de fato, o Senhor ama seu povo
e coroa com vitória os seus humildes.
Exultem os fiéis por sua glória,
e cantando se levantem de seus leitos;
com louvores do Senhor em sua boca
eis a glória para todos os seus santos.
Aclamação do Evangelho
Aleluia, aleluia, aleluia.
Sou o caminho, a verdade e a vida; ninguém vem ao Pai senão por mim (Jo
14,6).
EVANGELHO (Lucas 9,7-9)
Naqueles dias, 9 7 O tetrarca
Herodes ouviu falar de tudo o que Jesus fazia e ficou perplexo. Uns diziam:
"É João que ressurgiu dos mortos"; outros: "É Elias que
apareceu";
8 e ainda outros: "É um dos antigos profetas que ressuscitou".
9 Mas Herodes dizia: "Eu degolei João. Quem é, pois, este, de quem ouço
tais coisas?" E procurava ocasião de vê-lo.
COMENTÁRIOS DO EVANGELHO
1. Apoiar-se em Deus
Eclesiastes e o aparente “pessimismo” do autor, quer na verdade nos mostrar
algo que é muito verdadeiro: a nossa vida e tudo o que fazemos, projetamos,
construímos, e tudo o que somos com os nossos potenciais e fragilidades. Tudo
isso de nada adiante e de nada serve. É a rotina do dia a dia, a mesmice de
sempre, nada nos encanta e nem nos atrai. Assim é a existência de todo aquele
que não vive uma experiência religiosa, pois sem Deus, a Salvação e a Graça
que ele nos oferece em Jesus Cristo, o trabalho e o estudo, e todos os nossos
projetos, para nada servem, pois um dia serão conosco sepultados e irão
voltar a ser pó, lembra-nos o salmista.
Por outro lado, refugiar-se em
Deus, que é o único abrigo realmente seguro, não significa viver em fuga em
uma religião alienante, ao contrário, é a oração do homem sensato, para o
qual todas essas coias terrenas têm um sentido novo a partir de Deus. Quando
a vida parece ser um tédio, e certas coisas não fazem sentido, nos abrigamos
no coração de Deus que nos ensina a fazer esta releitura dos acontecimentos
da vida.
E assim, no evangelho encontramos
com Herodes, um Soberano que não tinha noção dos seus limites, um homem
arrogante e presunçoso que queria ter tudo sob seu controle, até mesmo as
coisas pertinentes a Deus e à sua Verdade. Tendo ouvido falar das maravilhas
de Jesus e sabendo das interpretações do povo, de que ele seria João Batista
que voltou, ou algum dos profetas, o Tirano perturbou-se e queria ver Jesus.
Querer ver Jesus é algo belíssimo,
quando se está encantado com a sua pessoa e o seu evangelho. Claro que não
era este o caso do Rei Herodes, homem que se julgava deus e não admitia
concorrência. Qualquer semelhança com o homem da pós-modernidade, não é mera
coincidência...
2. Para conhecer Jesus é
preciso fé
Toda a primeira parte do evangelho segundo Lucas (4,14–9,50) é marcada também
pela pergunta cristológica "quem é Jesus?". É a pergunta que o rei
Herodes faz pelo que ouviu dizer (cf. v. 7): "Quem será esse
homem...?" (v. 9). O leitor do evangelho já conhece a má fama de Herodes
pela própria pluma do autor do evangelho (cf. 3,19-20).
A visão de Herodes é exterior (ele
"ouviu falar de tudo o que estava acontecendo" – v. 7); o texto não
nos informa, até então, de nenhum encontro entre Jesus e ele. Suas
considerações estão presas ao passado: João Batista, Elias. O seu interesse
de ver Jesus (v. 9) não pode passar de pura curiosidade.
Já no contexto da paixão, o
evangelista observa: "Vendo a Jesus, Herodes ficou muito contente; há
tempo que queria vê-lo, pelo que ouvia dizer dele e esperava ver algum
milagre feito por ele" (Lc 23,8). Jesus não pronunciou nenhuma palavra.
Trata-se de um silêncio eloquente que revela a iniquidade de Herodes. Para
Herodes, a identidade profunda e verdadeira se esconde, pois para conhecê-la
é preciso fé.
ORAÇÃO
Pai, diversamente dos inimigos de Jesus, quero conhecer a identidade e a
missão de teu Filho, pois é por ele que me guiarei para ser fiel a ti.
3. UM MALVADO PERPLEXO
A simples evocação do nome de Herodes é motivo de apreensão. Filho mais novo
de Herodes, o Grande, governou com o título de tetrarca. Popularmente, era
chamado de rei. Indivíduo astuto, ambicioso, amante do luxo e do prazer.
Violento como o pai. Foi ele quem mandou prender e degolar João Batista, por
ter-lhe censurado a injustiça cometida contra seu próprio irmão, cuja mulher
tomara por esposa.
Herodes é uma pessoa a quem os
milagres de Jesus deixa perplexo. Por quê? Supersticioso como era, poderia
estar pensando que o Mestre fosse a reencarnação de João Batista, com a
possibilidade de ser castigado pelo mal cometido contra ele. Se fosse Elias,
seria sinal da consumação dos tempos, quando o Senhor viria para fazer a
humanidade passar pelo crivo da sua justiça. Caso fosse um dos antigos
profetas ressuscitados era de se esperar a realização das antigas esperanças
de Israel. Nenhuma destas explicações deixava Herodes tranqüilo. As notícias
a respeito de Jesus superavam todos esses esquemas messiânico-escatológicos.
A compreensão de Jesus e da sua
ação dependem de um envolvimento pessoal com ele e da disposição de acolher
sua mensagem, deixando-se transformar por ela. Em outras palavras, é preciso
ter fé.
Exatamente isto é que faltava a
Herodes, com relação a Jesus. Desejar vê-lo por mera curiosidade ou
pseudo-interrogações não basta para conhecer quem ele, de verdade, é.
Oração
Espírito de compromisso, liberta meu coração de falsas interrogações a
respeito de Jesus, e leva-me a compreender que só a fé engajada pode levar-me
a conhecê-lo.
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SÃO VICENTE DE PAULO - PRESBÍTERO
( BRANCO, PREFÁCIO COMUM OU DOS PASTORES
– OFÍCIO DA MEMÓRIA )
Antífona da entrada: Repousa sobre mim o Espírito do Senhor; ele
me ungiu para levar a boa-nova aos pobres e curar os corações contritos (Lc
4,18).
Leitura (Ageu 1,15-2,9)
Leitura da profecia de Ageu.
1 15 aos vinte e quatro dias do
sexto mês.
2 1 No segundo ano do reinado de Dario, no vigésimo primeiro dia do sétimo
mês, a palavra do Senhor fez-se ouvir por intermédio do profeta Ageu nestes
termos:
2 "Fala ao governador de Judá, Zorobabel, filho de Salatiel, ao sumo
sacerdote Josué, filho de Josedec, e ao resto do povo.
3 Haverá alguém entre vós que tenha visto esta casa em seu primeiro
esplendor? E em que estado a vedes agora! Tal como está, não parece ela
insignificante aos vossos olhos?
4 Todavia, ó Zorobabel, tem ânimo, diz o Senhor. Coragem, Josué, filho de
Josedec, sumo sacerdote! Coragem todos vós, habitantes da terra, diz o
Senhor. Mãos à obra! Eu estou convosco - oráculo do Senhor dos exércitos.
5 Segundo o pacto que fiz convosco quando saístes do Egito, meu espírito
habitará convosco. Não temais.
6 Porque isto diz o Senhor dos exércitos: Ainda um pouco de tempo, e abalarei
céu e terra, mares e continentes;
7 sacudirei todas as nações, afluirão riquezas de todos os povos e encherei
de minha glória esta casa, diz o Senhor dos exércitos.
8 A prata e o ouro me pertencem - oráculo do Senhor dos exércitos.
9 O esplendor desta casa sobrepujará o da primeira - oráculo do Senhor dos
exércitos".
Salmo responsorial 42/43
Espera em Deus! Louvarei novamente
o meu Deus salvador!
Fazei justiça, meu Deus, e
defendei-me
contra a gente impiedosa;
do homem perverso e mentiroso
libertai-me, ó Senhor!
Sois vós o meu Deus e meu refúgio:
por que me afastais?
Pó que ando tão triste e abatido
pela opressão do inimigo?
Enviai vossa luz, vossa verdade:
elas serão o meu guia;
que me levem ao vosso monte santo,
até a vossa morada!
Então irei aos altares do Senhor,
Deus da minha alegria.
Vosso louvor cantarei ao som da harpa,
meu Senhor e meu Deus!
Aclamação do Evangelho
Aleluia, aleluia, aleluia.
Veio o filho do homem, a fim de servir e dar sua vida em resgate por muitos
(Mc 10,45).
EVANGELHO (Lucas 9,18-22)
9 18 Num dia em que ele estava a
orar a sós com os discípulos, perguntou-lhes: "Quem dizem que eu
sou?"
19 Responderam-lhe: "Uns dizem que és João Batista; outros, Elias;
outros pensam que ressuscitou algum dos antigos profetas".
20 Perguntou-lhes, então: "E vós, quem dizeis que eu sou?" Pedro
respondeu: "O Cristo de Deus".
21 Ordenou-lhes energicamente que não o dissessem a ninguém.
22 Ele acrescentou: "É necessário que o Filho do Homem padeça muitas
coisas, seja rejeitado pelos anciãos, pelos príncipes dos sacerdotes e pelos
escribas. É necessário que seja levado à morte e que ressuscite ao terceiro
dia".
COMENTÁRIOS DO EVANGELHO
1. Quem é Jesus?
O homem sábio e prudente sabe o tempo certo de se fazer as coisas, mas...
Porque elas devem ser feitas e para que servem? Essa resposta ele não
sabe e nunca saberá. Ao acompanhar uma obra o arquiteto sempre tem diante de
si a obra em seu acabamento, mas este não é o caso do humilde servente que
prepara a massa e o tijolo, ele entrega tudo isso ao pedreiro que vai fazer
as paredes, assentando os tijolos e a massa, tanto pedreiro como ajudante só
vêm a parede que está sendo levantada, não tem uma visão mais ampla de todo o
conjunto e do produto final que este trabalho irá resultar.
Assim é o homem em sua caminhada
por esta vida, segundo ensina o Eclesiastes. E o mais interessante é que, a
ação Divina é toda voltada para o homem como exclama, admira e pergunta o
salmista “Que é o homem Senhor, para vós, porque dele cuidais tanto assim?” e
o próprio salmista conclui que o homem é um nada “Como o sopro do vento é o
homem, e os seus dias são sombras que passa”
Na verdade o homem só se encontra
enquanto homem, compreende quem é e fica sabendo do seu valor, quando se
encontra com Jesus Cristo pois só ele têm a chave da nossa existência, só
Nele temos consciência de que somos filhos e filhas de Deus, que ajudam a
edificar o Reino inaugurado por Jesus, um reino que não é concebido aos
moldes dos reinos do mundo.
Nesse sentido, responder quem é
Jesus para mim é o primeiro passo para este conhecimento sobre nós mesmos.
Para o povo Jesus era João Batista reencarnado, ou algum dos profetas, mas
para os discípulos Jesus era o Cristo de Deus, como responderia Pedro em nome
do grupo. A resposta está de bom tamanho, mas Jesus os proíbem de dizer isso
para as pessoas, e esta Verdade sobre ele só será bem clara a partir da sua
ressurreição. Os discípulos iriam participar de um momento nada agradável na
vida de Jesus, sua paixão e morte na cruz. Difícil entender como uma tragédia
daquelas pudesse trazer um Reino Novo, e aqui voltamos a primeira leitura, há
em nossa vida certos acontecimentos que, em si mesmo não tem sentido, mas
clareados pela Luz da Fé ganham sentido novo.
Nós não precisamos mais esperar
para dizer isso as pessoas, e Jesus não nos proíbe, ao contrário, envia-nos
para fazer este anúncio inédito!
2. A cruz, passa, definitivamente,
a fazer parte da vida do discípulo
A dupla pergunta de Jesus aos discípulos emerge da oração, de sua relação
íntima com o Pai. Essa menção da oração de Jesus nos faz compreender que este
era o assunto do encontro no silêncio com Aquele que o enviou e a quem a sua
vida está absolutamente referida.
O que a multidão diz de Jesus
prende-o no passado, e a sua suspeita de incompreensão acerca de sua
identidade se confirma. Os discípulos são chamados a se posicionar: "E
vós, quem dizeis que eu sou?" (v. 20).
Pedro, o porta-voz dos discípulos,
responde: "O Cristo de Deus" (v. 20). A resposta de Pedro afirma
que Jesus é o Messias prometido e esperado, aquele que é habitado pelo
Espírito (cf. Lc 3,22; 4,1.18). A interdição de espalhar a notícia (v. 21)
tem por função salvaguardar a novidade do Messias que Jesus é. O primeiro
anúncio da paixão-morte-ressurreição tem consequências para os discípulos:
eles devem se distanciar da opinião da multidão e se comprometer, na fé, com
a missão que supõe um serviço glorioso, sem busca de compensações, e
renunciar a toda tentação de poder mundano. Ademais, o "caminho" de
Jesus passa a ser o caminho necessário de todos os que aderem pela fé e
livremente à sua pessoa: "Quem quiser me seguir, renuncie a si
mesmo…" (v. 23).
A cruz, expressão do amor de Deus
pela humanidade, passa, definitivamente, a fazer parte da vida do discípulo.
A cruz é a passagem necessária para experimentar a glória da ressurreição.
ORAÇÃO
Pai, só tu podes revelar-me a identidade de teu Filho Jesus. Que eu a conheça
de forma verdadeira para poder conformar com ela a minha vida.
3. UMA QUESTÃO FUNDAMENTAL
Num momento de oração, Jesus questiona os discípulos acerca de uma questão
fundamental, formulada em duas etapas. Na primeira, a pergunta - "Quem
sou eu, na opinião do povo?" - visa explicitar a maneira como a pessoa
de Jesus era considerada por quem o ouvia, era beneficiado por seus milagres
e tinha notícias de seus grandes feitos. Enfim, gente sem muita proximidade
com ele.
As respostas, elencadas pelos
apóstolos, trazem a marca das tradições messiânicas populares. Aí, o Messias
é identificado com algum dos profetas do passado, cuja reaparição, na
história humana, era sinal da chegada do fim dos tempos.
Na segunda etapa, a pergunta
consistiu em saber o pensamento dos discípulos: "Para vocês, quem sou
eu?" Tendo privado da intimidade de Jesus, deveriam estar em condições
de dar uma resposta mais próxima da realidade, condizente com a verdadeira
identidade de Jesus.
É Pedro quem se adianta e responde,
em nome do grupo: "Tu és o Cristo de Deus!" Esta resposta revelou,
na verdade, um avanço em relação à mentalidade popular. Mais que algum
personagem do passado, Jesus era o Ungido, enviado por Deus ao mundo. Sua
presença era sinal do amor de Deus pela humanidade.
Apesar de estar correta essa
resposta, foi necessário que Jesus acrescentasse algo que os próprios
discípulos desconheciam. Embora sendo o Cristo de Deus, Jesus estava para se
defrontar, não com um destino de glória, mas sim, de sofrimento, de morte e
de ressurreição. Esta era a vontade do Pai!
Oração
Espírito que nos faz conhecer Jesus, dá-me a graça de conhecer a verdadeira
identidade do Filho de Deus, purificada de meus preconceitos pessoais.
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XXV SEMANA DO TEMPO COMUM *
( VERDE – OFÍCIO DO DIA )
Antífona da entrada: Eu sou a salvação do povo, diz o Senhor. Se
clamar por mim em qualquer provação, eu o ouvirei e serei seu Deus para
sempre.
Leitura (Zacarias 2,5-9.14-15)
Leitura da profecia de Zacarias.
2 5 Levantando os olhos, olhei e vi
um homem que tinha na mão um cordel de agrimensor.
6 Perguntei-lhe: "Aonde vais?" "A Jerusalém", respondeu
ele, para ver qual é a sua largura e o seu comprimento.
7 O anjo porta-voz conservava-se imóvel, quando veio ao seu encontro outro
anjo que lhe disse:
8 "Corre! Fala a este jovem. Dize-lhe: Jerusalém vai ficar sem muros,
por causa da multidão de homens e de animais que haverá no meio dela.
9 Eu mesmo - oráculo do Senhor - serei para ela um muro de fogo que a
cercará; serei no meio dela a sua glória.
14 Solta gritos de alegria, regozija-te, filha de Sião. Eis que venho residir
no meio de ti - oráculo do Senhor.
15 Naquele dia se achegarão muitas nações ao Senhor, e se tornarão o meu
povo: habitarei no meio de ti, e saberás que fui enviado a ti pelo Senhor dos
exércitos".
Salmo responsorial Jr 31
O Senhor nos guardará qual pastor a
seu rebanho.
Ouvi, nações, a palavra do Senhor
e anunciai-a nas ilhas mais distantes:
"Quem dispersou Israel vai congregá-lo
e o guardará qual pastor a seu rebanho!"
Pois, na verdade, o Senhor remiu
Jacó
e o libertou do poder prepotente.
Voltarão para o monte de Sião,
entre brados e cantos de alegria
afluirão para as bênçãos do Senhor.
Então a virgem dançará alegremente,
também o jovem e o velho exultarão;
mudarei em alegria o seu luto,
serei consolo e conforto após a guerra.
Aclamação do Evangelho
Aleluia, aleluia, aleluia.
Jesus Cristo salvador destruiu o mal e a morte; fez brilhar pelo Evangelho a
luz e a vida imperecíveis (2Tm 1,10).
Evangelho (Lucas 9,43-45)
Naquele tempo, 9 43 todos ficaram
pasmados ante a grandeza de Deus. Como todos se admirassem de tudo o que
Jesus fazia, disse ele a seus discípulos:
44 "Gravai nos vossos corações estas palavras: O Filho do Homem há de
ser entregue às mãos dos homens!"
45 Eles, porém, não entendiam esta palavra e era-lhes obscura, de modo que
não alcançaram o seu sentido; e tinham medo de lhe perguntar a este respeito.
COMENTÁRIOS DO EVANGELHO
1. Entender o sentido da palavra
De alguém que está em seu auge, admirado, conhecido, respeitado; vislumbrando
um sucesso maior ainda e consequentemente a conquista do poder, falar sobre
sua morte é no mínimo de mau agouro. “Isola”, dirá alguém, batendo três vezes
com, o nó do dedo em uma madeira.
Humanamente falando, tudo caminhava
bem na missão de Jesus, e aos olhos dos discípulos aquele era um “Trem Bão”,
podiam confiar que tudo iria dar certo. Nos dias de hoje ainda temos,
infelizmente, um grande número de discípulos que pensam assim, “Encontrei
Jesus e a minha vida agora é linda e maravilhosa, tudo está dando certo e a
cada dia ele realiza novas maravilhas”. Jesus transformou-se no maior e mais
poderoso amuleto da sorte.
Mas logo os seus discípulos ficaram
decepcionados, quando Jesus começou a dizer-lhes: “O Filho do Homem há de ser
entregue nas mãos dos Homens”. A cabeça daqueles primeiros seguidores de
Jesus, certamente deu um “nó”. Como poderia tal coisa? Então, o Filho do
Homem, vitorioso e que viria nas nuvens, na visão de Daniel, passaria pelo
fracasso de ser entregue nas mãos dos homens?
É bom explicar que, o conceito de
Ressurreição ainda era bem precário para os discípulos e a morte biológica
era mesmo o fim de tudo. Depois viria o Xeol, a mansão dos mortos e nada
mais. O Reino Messiânico era terreno e o Xeol escapa do domínio de Deus.
Jesus não fala só da morte, mas da morte e ressurreição, portanto, a morte
não é mais o fim de uma etapa, mas apenas parte de um processo onde a Vida é
requalificada, tornando-se Vida Eterna.
Portanto, não tendo ainda aprimorado
o pensamento teológico sobre a morte, e não tendo, portanto esta visão de
algo em sua plenitude, os discípulos têm medo de fazer perguntas e assim,
permanecem na obscuridade sobre o mistério da morte. A Ressurreição de Jesus
será a chave para se compreender a morte, que ilumina e dá sentido ao viver
humano. Isso não é mais obscuro para a humanidade, Jesus desvendou o
mistério, e o Cristão caminha em busca de algo que Jesus já nos deu, mas que
ainda não se realizou plenamente.
Mas parece que o Homem arrogante e
prepotente dos nossos tempos, ainda está longe de compreender essa Verdade e
tem medo de enfrentá-la, tentando responder com a mera razão, a uma questão
que só pode ter resposta na Fé em Jesus Cristo, Senhor da Vida e da Morte,
Senhor do Céu e da Terra.
2. Jesus coloca os discípulos de
sobreaviso
Esta perícope se liga à profissão de fé de Pedro (9,18-22). A admiração das
pessoas por tudo o que Jesus fazia (v. 43b) obriga Jesus a colocar os
discípulos de sobreaviso: "Prestai bem atenção às palavras que eu vou
dizer..." (v. 44a).
É preciso não se deixar levar pelas
aparências, nem se seduzir pelo sucesso. O v. 44b é o segundo anúncio da paixão,
feito aqui de modo sintético em relação ao primeiro, que se seguiu à
profissão de fé de Pedro. Trata-se de esclarecer os discípulos de que tipo de
"Cristo de Deus" é Jesus, e o qual eles estão seguindo. Jesus busca
tirar os discípulos de qualquer tipo de equívoco ou ilusão ligados à sua
pessoa e à sua missão.
Os discípulos não compreendiam (v.
45) ou não podiam compreender, pois até então eles partilhavam com seus
contemporâneos de uma ideia de Messias que não tinha a ver com o que se
realizava em Jesus de Nazaré. Será preciso passar pela paixão e cruz para
que, aí sim, pela Luz da Ressurreição de Cristo, a escama de seus olhos seja
tirada.
ORAÇÃO
Pai, dá-me a graça de considerar a paixão de Jesus a partir de teu modo de
pensar. Só então compreenderei que se tratou da prova máxima de fidelidade a
ti.
3. A INCOMPREENSÃO DO SOFRIMENTO
A forma como Jesus introduz sua admoestação aos discípulos demonstra a
gravidade de sua fala: "Prestem bastante atenção ao que vou dizer a
vocês!" De fato, a revelação de seu destino haveria de pegar
desprevenidos os discípulos. Eles jamais poderiam imaginar o que o Mestre lhe
queria comunicar.
Os discípulos haviam conhecido um
aspecto da realidade de Jesus: seu poder taumatúrgico, sua capacidade de
fazer-se próximo dos pobres e dos pequeninos, sua autoridade para veicular
ensinamentos jamais ouvidos, sua relação profunda com o Pai. Embora os mestres
da Lei e os fariseus demonstrassem má vontade, as multidões ouviam-no
empolgadas. Aderir a ele parecia ser um passo acertado.
Quando Jesus anunciou estar
"para ser entregue nas mãos dos homens", os discípulos foram
incapazes de compreender plenamente estas palavras, pois lhes pareciam
obscuras. E receavam pedir explicações ao Mestre.
A revelação de Jesus colocou em
xeque tudo quanto os discípulos pensavam a seu respeito. Pensá-lo sofredor,
humilhado, aviltado nas mãos dos inimigos seria demais. Isto significava o
fracasso das esperanças acalentadas até então.
Só Jesus era capaz de compreender
que a perspectiva de morte não significava o fracasso de seu projeto. Aí,
também, se realizava o desígnio do Pai.
Oração
Espírito de sintonia com Jesus, dá-me inteligência para compreender a morte
de Jesus, na perspectiva da realização do projeto do Pai, e não como
frustração.
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Liturgia do Domingo 29.09.2013
26º DOMINGO DO TEMPO COMUM — ANO C
( VERDE, GLÓRIA, CREIO – II SEMANA DO
SALTÉRIO )
__ "Não podeis servir a Deus e ao dinheiro" __
Ambientação:
Sejam bem-vindos amados irmãos e
irmãs!
INTRODUÇÃO DO FOLHETO DOMINICAL
PULSANDINHO: Como já é tradição, na
Igreja do Brasil, no último domingo do mês de setembro celebramos o "Dia
da Bíblia". Trata-se de uma oportunidade para que revejamos nosso
relacionamento com a Palavra de Deus, no sentido que é luz para nossa vida
pessoal e para a convivência social. Hoje, essa Palavra irá nos dizer que
viver em função da riqueza provoca a insensibilidade fraterna, nega o valor
da dignidade humana e empobrece a todos de alguma forma. Peçamos, portanto,
neste dia da Bíblia, que a Palavra de Deus abra os nossos olhos e ouvidos
para vermos a realidade e escutarmos o clamor dos Lázaros sofredores de nossa
sociedade.
INTRODUÇÃO DO FOLHETO DOMINICAL O
POVO DE DEUS: Neste domingo celebramos o
Dia Nacional da Bíblia. As Sagradas Escrituras revelam como a salvação se deu
ao longo da história, preparada pela Antiga Aliança e realizada pela Aliança
no Sangue de Cristo. Aquela foi escrita em tábuas de pedra e esta, no coração
humano. Por isso, a liturgia nos motiva ao conhecimento e ao amor aos livros
santos, para que nos disponhamos a lê-los com compreensão autêntica, piedade
e devoção. Hoje também se realiza um evento importante para o Ano da Fé: a
peregrinação da Região Brasilândia à Catedral da Sé.
INTRODUÇÃO DO WEBMASTER: Pobreza e riqueza são tão antigas como o
mundo. Mas sempre constituíram problemas. As interpretações e soluções são
várias. Há os que ligam pobreza e riqueza à "sorte" e ao acaso. Os
que vêem na pobreza o sinal de incapacidade e da desordem moral, e na riqueza
o sinal e o prêmio da inteligência e da virtude. Para outros é precisamente o
contrário: os honestos não enriquecem, porque para enriquecer é preciso ser
um tanto inescrupuloso. Riqueza coincide com exploração do homem pelo homem;
o rico é ladrão, pronto para tudo a fim de defender sues privilégios. Surge a
desordem, a sociedade violenta. E surge o problema: como fazer justiça? Como
dividir com justiça os bens da terra e o fruto do trabalho do homem? Como
mudar a ordem das coisas? Aceitar a pobreza como consolação alienante para os
pobres deste mundo ou tentar construir uma teologia de revolução a partir do
evangelho é iludir-se e não captar o essencial que Cristo nos passa. No plano
dos objetivos e dos meios, todos devem procurar soluções eficazes, ainda que
os comportamentos possam divergir, e, os cristãos conquistados pela aventura
do amor e que aceitam vivê-la verdadeiramente com Cristo e em seu seguimento
estarão mais atentos em fazer com que a riqueza não degenere em novas
opressões e novo legalismo.
Sintamos em nossos corações a
alegria do Amor ao Próximo e entoemos alegres cânticos ao Senhor!
XXVI DOMINGO DO TEMPO COMUM
A RIQUEZA QUE ALIENA DOS BENS DO REINO
Antífona da entrada: Senhor, tudo o que fizestes conosco com
razão o fizestes, pois pecamos contra vós e não obedecemos aos vossos
mandamentos. Mas honrai o vosso nome, tratando-nos segundo vossa misericórdia
(Dn 3,31.29s.43.42).
Comentário das Leituras: A Palavra de Deus que ouviremos chamará
nossa atenção para a insensibilidade humana diante da opressão e do descaso
para com os pobres, por causa do valor excessivo dado à riqueza e ao lucro.
Quando alguém pensa apenas na riqueza fecha seu coração para Deus e torna-se
insensível diante dos outros. Ouçamos como Cristo realizou as promessas
feitas na Antiga Aliança e prestemos atenção nas exortações a respeito da
vida cristã.
Primeira Leitura (Amós 6,1.4-7)
Leitura da profecia de Amós.
6 1 Ai daqueles que vivem
comodamente em Sião, e daqueles que vivem tranqüilos no monte da Samaria; ai
dos nobres do primeiro dos povos, aos quais acorre a casa de Israel. 4
Deitados em leitos de marfim, estendidos em sofás, comem os cordeiros do
rebanho e os novilhos do estábulo.
5 Deliram ao som da harpa, e, como Davi, inventam para si instrumentos de
música;
6 bebem o vinho em grandes copos, perfumam-se com óleos preciosos, sem se
compadecerem da ruína de José.
7 Por isso serão deportados à frente dos cativos, e terão fim os banquetes
dos voluptuosos.
Salmo responsorial 145/146
Bendize, minha alma, e louva ao
Senhor!
O Senhor é fiel para sempre,
faz justiça aos que são oprimidos;
ele dá alimento aos famintos,
é o Senhor quem liberta os cativos.
O Senhor abre os olhos aos cegos,
o Senhor faz erguer-se o caído;
o Senhor ama aquele que é justo.
É o Senhor quem protege o estrangeiro.
ele ampara a viúva e o órgão,
mas confunde os caminhos dos maus.
O Senhor reinará para sempre!
Ó Sião, o teu Deus reinará
para sempre e por todos os séculos!
Segunda Leitura (1 Timóteo 6,11-16)
Leitura da primeira carta de são Paulo a Timóteo.
6 11 Mas tu, ó homem de Deus, foge
desses vícios e procura com todo empenho a piedade, a fé, a caridade, a
paciência, a mansidão.
12 Combate o bom combate da fé. Conquista a vida eterna, para a qual foste
chamado e fizeste aquela nobre profissão de fé perante muitas testemunhas.
13 Em presença de Deus, que dá a vida a todas as coisas, e de Cristo Jesus,
que ante Pôncio Pilatos abertamente testemunhou a verdade,
14 recomendo-te que guardes o mandamento sem mácula, irrepreensível, até a
aparição de nosso Senhor Jesus Cristo,
15 a qual a seu tempo será realizada pelo bem-aventurado e único Soberano,
Rei dos reis e Senhor dos senhores,
16 o único que possui a imortalidade e habita em luz inacessível, a quem
nenhum homem viu, nem pode ver. A ele, honra e poder eterno! Amém.
Aclamação do Evangelho
Aleluia, aleluia, aleluia.
Jesus Cristo, sendo rico, se fez pobre por amor; para que sua pobreza nos,
assim, enriquecesse (2Cor 8,9).
EVANGELHO (Lucas 16,19-31)
Naquele tempo, 16 19 disse Jesus:
"Havia um homem rico que se vestia de púrpura e linho finíssimo, e que
todos os dias se banqueteava e se regalava.
20 Havia também um mendigo, por nome Lázaro, todo coberto de chagas, que
estava deitado à porta do rico.
21 Ele avidamente desejava matar a fome com as migalhas que caíam da mesa do
rico. Até os cães iam lamber-lhe as chagas.
22 Ora, aconteceu morrer o mendigo e ser levado pelos anjos ao seio de
Abraão. Morreu também o rico e foi sepultado.
23 E estando ele nos tormentos do inferno, levantou os olhos e viu, ao longe,
Abraão e Lázaro no seu seio.
24 Gritou, então: 'Pai Abraão, compadece-te de mim e manda Lázaro que molhe
em água a ponta de seu dedo, a fim de me refrescar a língua, pois sou
cruelmente atormentado nestas chamas'.
25 Abraão, porém, replicou: 'Filho, lembra-te de que recebeste teus bens em
vida, mas Lázaro, males; por isso ele agora aqui é consolado, mas tu estás em
tormento.
26 Além de tudo, há entre nós e vós um grande abismo, de maneira que, os que
querem passar daqui para vós, não o podem, nem os de lá passar para cá'.
27 O rico disse: 'Rogo-te então, pai, que mandes Lázaro à casa de meu pai,
pois tenho cinco irmãos,
28 para lhes testemunhar, que não aconteça virem também eles parar neste
lugar de tormentos'.
29 Abraão respondeu: 'Eles lá têm Moisés e os profetas; ouçam-nos!'
30 O rico replicou: 'Não, pai Abraão; mas se for a eles algum dos mortos,
arrepender-se-ão'.
31 Abraão respondeu-lhe: 'Se não ouvirem a Moisés e aos profetas, tampouco se
deixarão convencer, ainda que ressuscite algum dos mortos'.
LEITURAS DA SEMANA DE 30 de Setembro a 06 de Outubro de 2013:
2ª Br - Zc 8,1-8; Sl 101(102); Lc 9,46-50
3ª Br - Zc 8,20-23; Sl 86(87); Lc 9,51-56
4ª Br - Ex 23,20-23; Sl 90(91); Mt 18,1-5.10
5ª Vm - Ne 8,1-4a.5-6.7b-12; Sl 18(19); Lc 10,1-12
6ª Br - Br 1,15-22; Sl 78(79); Lc 10,13-16
Sb Vd - Br 4,5-12.27-29; Sl 68(69); Lc 10,17-24
27º DTC Vd - Hab 1,2-3; 2,2-4; Sl 94 (95),1-2. 6-7. 8-9 (R/. 8); 2Tm
1,6-8.13- 14; Lc 17,5-10 (Fé humilde)
COMENTÁRIOS DO EVANGELHO
1. A recompensa da riqueza mal
utilizada
Não se pode ler esse evangelho sob a ótica de alguma ideologia humana, pois
se corre o risco de interpretar que os ricos vão para o inferno e os pobres
para o céu. O evangelista, ao refletir com as suas comunidades, não estava
nenhum pouco preocupado com a questão social, mas sim com algo que é muito
mais importante: a abertura que damos a Deus, a sua palavra, a sua Salvação e
á sua Graça Santificante.
O pobre Lázaro não têm muitos
méritos para ir ao céu, aqui chamado de seio de Abraão, é um homem extremamente
carente e que vive de esmolas, não fala que ele era bom, juto, amável, que
frequentava comunidade. O Rico, que nem nome tem, curte a sua riqueza
esbanjando seus bens, regalando-se com banquetes todos os dias. O evangelho
nem menciona que o rico passava indiferente pelo esmoleiro chamado Lázaro.
Talvez isso até ocorresse, já que Lázaro esmolava no portão da entrada do
Palácio do Rico.
Parece que o pobre entrou nesse
evangelho como “âncora”, para que o evangelista possa falar do pecado do
rico, que, confiando unicamente em sua riqueza, apostou nela todas as suas
fichas e nunca sentiu necessidade de se abrir á Deus e a tudo o que ele nos
oferece. Só na outra vida é que “caiu a ficha”, pois descobre (tarde demais,
diga-se de passagem) que há algo mais importante do que a riqueza: a Salvação
que vem unicamente pela Graça, sua sede terrível mostra que ele não a tinha e
imagina ingenuamente que poderá tê-la,e que um “pouquinho” já será
suficiente.
O tal que se banqueteava na
fartura, agora se contenta com uma minúscula gotinha de água da Salvação.
Tarde demais...
O fato de não ter-se aberto á
Salvação ainda em vida, criou um abismo entre ele e Deus e consequentemente
com as pessoas, isolando-se em um terrível egocentrismo, o mesmo mal que hoje
em dia corrói a alma e o coração de muitos.
Quem se abre a Graça de Deus e a
sua Salvação, irá se relacionar com ele, porque o descobrirá nos mais
carentes. Essa é a verdadeira religião, á que nos leva a Deus, passando antes
pelo próximo. O resto é a Religião da Mentira que leva a pessoa ao mesmo
lugar de tormento onde foi parar aquele Ricaço. Daí, qualquer arrependimento
será inútil, porque daí, como dizia minha saudosa mãe “A Inês já é
morta”.
2. Quais os meios para entrar no
Reino de Deus?
Os versículos 14 a 18 do capítulo 16 fazem a transição da parábola do
administrador desonesto para o do rico e Lázaro.
Estes versículos nos deixam a
impressão de que os fariseus amam o dinheiro (cf. v. 14) e exaltam em seus
corações o que é detestável (até mesmo idolátrico) aos olhos de Deus (cf. v.
15). O que é um momento pobre para os fariseus é, na verdade, um grande
momento, pois é um tempo em que todo homem se esforça por entrar no Reino de
Deus (cf. v. 16), pela obediência à Lei (cf. v. 17). O que Jesus está
tentando fazer ver aos fariseus é que, num tempo onde os meios para entrar no
Reino de Deus estão na Lei de Deus, eles correm o risco de abraçar não a Lei,
mas o que é abominável aos olhos de Deus.
É sobre esse pano de fundo que
Jesus conta a parábola do rico e de Lázaro, nosso evangelho de hoje, em que
se vive a vida como se a Lei não impusesse obrigações com relação ao próximo,
como: "Amarás o teu próximo como a ti mesmo" (Lv 19,18). O desprezo
pelo outro compromete o cumprimento dos mandamentos. Marcos no seu evangelho
nos alerta para situação semelhante: "Abandonais o mandamento de Deus,
apegando-vos à tradição dos homens" (Mc 7,8). Da região dos mortos (v.
23), o rico compreende que é a obediência à Lei o meio de entrar no Reino de
Deus, por isso ele pede a Abraão que envie Lázaro ao seu irmão para alertá-lo
(vv. 27-28). Mas Abraão insiste que eles já têm os meios: Moisés e os
Profetas (v. 29.31), isto é, toda a Escritura, que é preciso ouvir (v. 29).
Se eles rejeitam este meio, rejeitarão também Lázaro, ressuscitado dos mortos
(cf. v. 31).
Cabe a eles, como também a nós,
buscar os meios adequados, não quaisquer meios, mas os consignados na
Escritura, para entrar no Reino de Deus. A Lei e os Profetas são dados para
esta vida em vista do Reino de Deus.
ORAÇÃO
Pai, não permitas que nada neste mundo me impeça de ver o sofrimento de meu
próximo e fazer-me solidário com ele.
3. APELO À CONVERSÃO
A parábola do rico e do pobre Lázaro comporta um apelo à conversão,
especialmente dirigido a quem está tão preocupado com os prazeres desta vida,
a ponto de se tornar insensível às carências de seus semelhantes, mormente,
os mais pobres.
A primeira cena exibe o rico, cujo
nome é omitido, gozando os prazeres da vida, vestindo roupas caras e
banqueteando-se esplendidamente. À sua porta, jaz um mendigo doente, de nome
Lázaro, que significa "Deus ajuda", coberto de feridas. Nada lhe
chega da mesa do rico que possa saciar-lhe a fome. Suas chagas são lambidas
por cães vagabundos, os quais Lázaro não tem força para afastar.
A morte, porém, inverte as
posições. Lázaro recebe a ajuda de Deus, por quem é acolhido. O rico, porém,
é brindado com um destino de tormentos indizíveis, no inferno. Só, então,
dá-se conta do quanto fora insensato, despreocupando-se com a própria
salvação. Era tarde demais! O rico havia desperdiçado o tempo posto à sua
disposição, escolhendo um modo de vida egoísta e folgazão. Caminho igualmente
escolhido por seus cinco irmãos. Também eles recusavam-se a dar ouvido às
Escrituras.
Nem mesmo um milagre espetacular,
como a ressurreição de um morto, seria suficiente para chamá-los à sensatez.
Logo, estavam escolhendo a mesma sorte do irmão defunto, se não se
convertessem imediatamente.
Oração
Espírito de sensatez, ensina-me a aproveitar o tempo que me é concedido para
viver o amor, solidário com os pobres, de forma a me preparar para o encontro
com o Senhor.
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