Liturgia da Segunda Feira — 17.06.2013
XI SEMANA DO TEMPO COMUM
( VERDE – OFÍCIO DO
DIA )
Antífona da entrada: Ouvi, Senhor, a voz do meu apelo: tende compaixão de
mim e atendei-me; vós sois meu protetor: não me deixeis; não me abandoneis, ó
Deus, meu salvador! (Sl 26,7.9)
Leitura (2 Coríntios 6,1-10)
Leitura da segunda carta de são Paulo aos Coríntios.
6 1 Na qualidade de colaboradores seus, exortamo-vos a
que não recebais a graça de Deus em vão.
2 Pois ele diz: "Eu te ouvi no tempo favorável e te ajudei no dia da
salvação". Agora é o tempo favorável, agora é o dia da salvação.
3 A ninguém damos qualquer motivo de escândalo, para que o nosso ministério
não seja criticado.
4 Mas em todas as coisas nos apresentamos como ministros de Deus, por uma
grande constância nas tribulações, nas misérias, nas angústias,
5 nos açoites, nos cárceres, nos tumultos populares, nos trabalhos, nas
vigílias, nas privações;
6 pela pureza, pela ciência, pela longanimidade, pela bondade, pelo Espírito
Santo, por uma caridade sincera,
7 pela palavra da verdade, pelo poder de Deus; pelas armas da justiça
ofensivas e defensivas,
8 através da honra e da desonra, da boa e da má fama.
9 Tidos por impostores, somos, no entanto, sinceros; por desconhecidos, somos
bem conhecidos; por agonizantes, estamos com vida; por condenados e, no
entanto, estamos livres da morte.
10 Somos julgados tristes, nós que estamos sempre contentes; indigentes,
porém enriquecendo a muitos; sem posses, nós que tudo possuímos!
Salmo responsorial 97/98
O Senhor fez conhecer a salvação.
Cantai ao Senhor Seus um canto novo,
porque ele fez prodígios!
Sua mão e o seu braço forte e santo
alcançaram-lhe a vitória.
O Senhor fez conhecer a salvação
e, às nações, sua justiça;
recordou o seu amor sempre fiel
pela casa de Israel.
Os confins do universo contemplaram
a salvação do nosso Deus.
Aclamai o Senhor Deus, ó terra inteira,
alegrai-vos e exultai!
Aclamação do Evangelho
Aleluia, aleluia, aleluia.
Vossa palavra é uma luz para os meus passos e uma lâmpada luzente em meu
caminho (Sl 118,105).
EVANGELHO (Mateus 5,38-42)
Naquele tempo, 5 38 disse Jesus: "Tendes ouvido o
que foi dito: Olho por olho, dente por dente.
39 Eu, porém, vos digo: não resistais ao mau. Se alguém te ferir a face direita,
oferece-lhe também a outra.
40 Se alguém te citar em justiça para tirar-te a túnica, cede-lhe também a
capa.
41 Se alguém vem obrigar-te a andar mil passos com ele, anda dois mil.
42 Dá a quem te pede e não te desvies daquele que te quer pedir emprestado".
COMENTÁRIOS DO EVANGELHO
1. O Novo Mandamento
Todos os Cristãos têm plena consciência de que o Amor a
Deus e ao próximo é a essência do cristianismo, afinal trata-se do Mandamento
novo dado por Jesus. O problema está nos limites que colocamos no Amor e na
intensidade do amor dependendo das pessoas. Amor que não é sem limites, não é
cem por cento Cristão.
O Amor deixado por Jesus tem a característica do Amor
Sacrifical, foi com esse amor que ele amou a Igreja e deu por ela a própria
vida. É um amor onde vamos morrendo aos poucos pelas pessoas as quais amamos.
Por isso no evangelho de hoje ele dá o esclarecimento sobre a prática desse
amor, para que não paire dúvida e ninguém se sinta no direito de corromper o
sentido e o significado do Amor Cristão.
Oferecer a outra face a quem feriu a primeira, ceder a
capa a quem está pleiteando na Justiça a nossa túnica, andar dois mil passos
a mais, dos quatro mil exigidos pela outra pessoa...são ações que estão
dentro de um contexto social e religioso.Como entender e praticar esses
valores do evangelho nos dias de hoje? “Se seguirmos ao pé da letra vamos
fazer papel de trouxa”, poderá pensar alguém. O que está em jogo em todas
essas ações é o Espírito de Vingança, muito forte no Antigo Testamento, como
recomendava a Lei do Talião “Olho por olho por olho, dente por dente”.
Quando alguém nos faz um mal, pensamos em vingança,
aliás, a imagem de um Deus vingativo é muito forte em nós, por conta de uma
catequese mais antiga, principalmente quando acontece uma desgraça na vida de
alguém que nos prejudicou, entendemos que foi uma ação divina para punir o
sujeito, e assim nos sentimos vingados, porque o mal atingiu a vida do
infeliz.
É aí que Jesus inverte esse quadro e orienta para que
nossas ações com o próximo que nos prejudicou, não sejam maldosas ou
vingativas, exatamente por que somos imagem e semelhança de Deus e o Amor e o
perdão deve ser a nossa última palavra. Coisa dificílima de acontecer e de se
por em prática, e até mesmo nas nossas comunidades cristãs vemos trocas de
ofensas e pequenas vinganças. Nos meios familiares até agressões e mortes
acontecem, refletindo uma sociedade violenta.
Os Cristãos são chamados a esse desafio, de irem além
sendo capazes de manifestar perdão e misericórdia nos ambientes mais hostis.
Deus conhece as nossas misérias e fraquezas, nossos instintos maldosos e
vingativos, mas concede-nos a sua Graça, oferece o alimento da sua Palavra e
da Eucaristia, para que sejamos realmente capazes de ir um pouco além no
nosso jeito de amar as pessoas.
2. Não pagar o mal com o mal. Não responder à violência
com violência.
Trata-se, nesta quinta antítese, da superação da
"lei do talião" (do latim, talis = tal): reparação exigida do
criminoso que devia ser proporcional ao mal que ele causou.
Esta antítese exemplifica, uma vez mais, a
bem-aventurança da misericórdia, da operatividade da paz, da capacidade de
perdão. A lei do talião visava pôr limites à sede de vingança do ser humano,
impondo ao agressor o mesmo tratamento que ele tinha dado à vítima (cf. Ex
21,24; Lv 24,20; Dt 19,21).
"Não resistir ao malvado" significa não fazer
frente a ele, não pagar com a mesma moeda, não pagar o mal com o mal. Não
responder à violência com violência.
ORAÇÃO
Pai, não permitas que a violência tome conta do meu coração; antes, torna-me
capaz de responder, com gestos de amor, a quem me faz o mal.
3. A VIOLÊNCIA SUPERADA
O discípulo do Reino não pode contentar-se com a
prática de retribuir olho por olho e dente por dente. Ele se caracteriza pela
capacidade de, com firmeza, quebrar a espiral de violência através de atitudes
chocantes, até mesmo, para seu agressor. Não é fácil imaginar alguém
oferecendo a face esquerda para ser esbofeteada quando já se recebeu um
bofetão na direita. Do mesmo modo, alguém que pretenda extorquir uma túnica,
em juízo, e ver o lesado oferecer-lhe também o manto. Ou, então, quem é
obrigado a fazer companhia a alguém, numa longa caminhada, para protegê-lo
dos assaltos, mostrar-se disposto a caminhar o dobro.
Estas atitudes são, à primeira vista, insensatas e
injustificáveis. Mas, são normas de conduta para o discípulo. Que finalidade
teriam? Jesus não estava pregando uma espiritualidade da humilhação e do
sofrimento.
Não lhe interessava ver o discípulo humilhado. O gesto
proposto visava converter o agressor para o Reino. Mostrar-lhe que é possível
viver sem violência. Abrir-lhe os olhos para a possibilidade de se relacionar
com o próximo sem transformá-lo em objeto de seu ódio e estabelecer relações
verdadeiramente fraternas e amistosas. A não-violência do discípulo do Reino,
portanto, é vivida de forma positiva e construtiva. O Reino vai se
construindo onde a violência dá lugar ao amor.
Oração
Senhor Jesus, dá-me força para quebrar a espiral da violência e transformar o
ódio em amor.
|
Liturgia da Terça-Feira
XI SEMANA DO TEMPO COMUM
( VERDE – OFÍCIO DO DIA )
Antífona da entrada: Ouvi, Senhor, a voz do meu apelo: tende compaixão de
mim e atendei-me; vós sois meu protetor: não me deixeis; não me abandoneis, ó
Deus, meu salvador! (Sl 26,7.9)
Leitura (2 Coríntios 8,1-9)
Leitura da segunda carta de são Paulo aos Coríntios.
Irmãos, 8 1 desejamos dar-vos a conhecer, irmãos, a
graça que Deus concedeu às igrejas da Macedônia.
2 Em meio a tantas tribulações com que foram provadas, espalharam
generosamente e com transbordante alegria, apesar de sua extrema pobreza, os
tesouros de sua liberalidade.
3 Sou testemunha de que, segundo as suas forças, e até além dessas forças,
contribuíram espontaneamente
4 e nos pediam com muita insistência o favor de poderem se associar neste
socorro destinado aos irmãos.
5 E ultrapassaram nossas expectativas. Primeiro deram-se a si mesmos ao
Senhor e, depois, a nós, pela vontade de Deus.
6 De maneira que recomendamos a Tito que leve a termo entre vós esta obra de
caridade, como havia começado.
7 Vós vos distinguis em tudo: na fé, na eloqüência, no conhecimento, no zelo
de todo o gênero e no afeto para conosco. Cuidai de ser notáveis também nesta
obra de caridade.
8 Não o digo como quem manda, mas, para exemplo do zelo dos outros, quisera
pôr em prova a sinceridade de vossa caridade.
9 Vós conheceis a bondade de nosso Senhor Jesus Cristo. Sendo rico, se fez
pobre por vós, a fim de vos enriquecer por sua pobreza.
Salmo responsorial 145/146
Bendize, ó minha alma, ao Senhor!
Bendirei ao Senhor toda a vida,
cantarei ao meu Deus sem cessar!
É feliz todo homem que busca
seu auxílio no Deus de Jacó
e que põe no Senhor a esperança.
O Senhor fez o céu e a terra,
fez o mar e que neles existe.
O Senhor é fiel para sempre.
Faz justiça aos que são oprimidos;
ele dá alimento aos famintos,
é o Senhor quem liberta os cativos.
O Senhor abre os olhos aos cegos,
o Senhor faz erguer-se o caído,
o Senhor ama aquele que é justo.
É o Senhor quem protege o estrangeiro.
Aclamação do Evangelho
Aleluia, aleluia, aleluia.
Eu vos dou novo preceito: que uns aos outros vos ameis, como eu vos tenho
amado (Jo 13,34).
EVANGELHO (Mateus 5,43-48)
Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos: 5 43
"Tendes ouvido o que foi dito: 'Amarás o teu próximo e poderás odiar teu
inimigo'.
44 Eu, porém, vos digo: amai vossos inimigos, fazei bem aos que vos odeiam,
orai pelos que vos perseguem.
45 Deste modo sereis os filhos de vosso Pai do céu, pois ele faz nascer o sol
tanto sobre os maus como sobre os bons, e faz chover sobre os justos e sobre
os injustos.
46 Se amais somente os que vos amam, que recompensa tereis? Não fazem assim
os próprios publicanos?
47 Se saudais apenas vossos irmãos, que fazeis de extraordinário? Não fazem
isto também os pagãos?
48 Portanto, sede perfeitos, assim como vosso Pai celeste é perfeito".
COMENTÁRIOS DO EVANGELHO
1. Amor não é Amizade...
Provavelmente todos nós achamos muito mais difícil amar
os nossos inimigos porque confundimos amor com amizade, o que não é a mesma
coisa, nem toda amizade acontece entre amigos, as vêzes chamamos de amizade
uma relação mais tranquila com as pessoas, são relações ocasionais, sem
comprometimento algum de ambas as partes, se a relação for mais frequente
poderá surgir uma grande amizade motivada pelo respeito e admiração que se
nutre pelo outro. Mesmo assim não se trata de amor, logicamente costumamos
dizer que amamos nossos amigos, mas nem todos com a mesma intensidade!
A amizade requer alguma exterioridade, algo em comum,
gestos acenos, apertos de mão e em situações mais delicadas até um abraço...
Ainda assim não é amor. O amor é algo presencial, nem sempre precisa ser
manifestado, porque existe concretamente no coração daquele que ama.
O amor existe, mesmo que não hajam palavras ou
manifestações afetivas e cordiais, o amor ás vêzes é feito de silêncio,
olhares, expressões, risos ou mesmo pranto. O amor é como o vapor de uma
grande caldeira, se não houver uma válvula de escape, acabará explodindo. Por
isso não existe amor fechado, em uma comunidade, em um casal, em uma família,
pois ele é envolvente e abrangente.
Deus não tem por nós uma simples amizade, e nem foi por
pura amizade que o Senhor deu a sua vida por todos nós, mas por amor, não um
amor que é manifestado por Ele quando nós correspondemos e somos bons, não um
amor que tem sua razão de ser por causa de nossas "virtudes" e boas
ações, aliás, Deus não teria nenhum motivo para nos amar. Mas trata-se de um
amor que simplesmente nos ama. Deus é AMOR e fez de cada homem e cada mulher
o objeto desse amor. Deus nos criou porque nos ama, e nos ama porque nos
criou.
Só assim podemos compreender um pouco melhor o ensinamento
de Jesus nesse evangelho, que desmonta a antiga forma de amor, que é
manifestado sob condição e que exige uma correspondência "Amai os vossos
inimigos, fazei o bem aos que vos odeiam e perseguem. Somente assim somos a
imagem e semelhança de Deus, somente assim nos tornamos seus Filhos e Filhas.
Os cristãos que vivem em comunidade são assim chamados
a superar qualquer lei e obrigatoriedade sobre a ação de amar. Mais do que
isso, são vocacionados a viver um amor sem medidas, o mesmo amor que levou
Jesus á cruz do calvário, é o amor da esperança, o amor que teima em
acreditar no Ser humano, porque ele é imagem e semelhança daquele que é o
AMOR verdadeiro.
2. A postura do misericordioso
Sexta antítese. Trata-se, aqui, da postura do
misericordioso, daquele que sabe suportar a perseguição, daquele que aceita o
mal permanecendo "fazedor de paz", de perdão, daquele que não tem
nada a perder porque o seu tesouro é fazer o exigido pelo evangelho, que
mostra a nossa filiação divina.
A partir do momento em que aceitamos o evangelho da
paternidade de Deus, nos comportamos com a confiança, a serenidade, a certeza
dos bens maiores que são próprios dos filhos. "Sede perfeitos como o
vosso Pai celeste é perfeito." Além da integridade física e moral, a
perfeição tem o significado de fidelidade na observância da Lei (Sl
119[118],1).
A passagem paralela de Lucas (6,36) põe o acento sobre
a misericórdia do Pai, que se é convidado a imitar. Mas a perfeição do Pai
está na universalidade do seu amor, que é dom absolutamente gratuito.
ORAÇÃO
Espírito de amor perfeito, coloca-me no caminho da perfeição do Pai, que ama
a humanidade, fazendo o bem a todos os seres humanos, sem distinção.
3. O AMOR AOS INIMIGOS
Jesus apelou para o modo de proceder do Pai para
ensinar o amor aos inimigos. O Pai não faz distinção das pessoas entre boas e
más, quando concede seus benefícios à humanidade. O sol e a chuva derramam-se
abundantes sobre todos e lhes são benéficos, independentemente, de sua
conduta.
O discípulo do Reino, do mesmo modo, não divide as
pessoas em boas e más, santas e pecadoras, amigas e inimigas, sendo atencioso
e serviçal para umas e repelindo as outras. Porém, a atitude do discípulo
pode não encontrar correspondência por parte de outras pessoas e,
eventualmente, ser hostilizado por elas. Pois bem, embora tenha que sofrer, o
discípulo não retribui com a mesma moeda. Ele bendiz, quando lhe maldizem.
Dispõe-se a fazer o bem a quem lhe nutre ódio. Intercede por seus
perseguidores e caluniadores. Esta é a marca registrada do discípulo.
Se agisse de outra forma, o discípulo não se
distinguiria de um não-discípulo. Revidar ódio com ódio e maldição com
maldição não é novidade. O discípulo, inspirado no agir do Pai, vai na
contramão da cultura reinante. Aí, sim, ele mostra ser o Pai o modelo e o
motivo de sua ação. Aliás, o Pai se torna para ele modelo de perfeição.
Quando mais o discípulo é capaz de agir sem fazer acepção de pessoas, tanto
mais próximo da perfeição estará.
Oração
Senhor Jesus, livra-me de dividir a humanidade em bons e maus e aproxima-me
sempre mais da perfeição do Pai que não faz acepção de pessoas.
|
Liturgia da Quarta-Feira
XI SEMANA DO TEMPO COMUM *
( VERDE – OFÍCIO DO DIA )
Antífona da entrada: Ouvi, Senhor, a voz do meu apelo: tende compaixão de
mim e atendei-me; vós sois meu protetor: não me deixeis; não me abandoneis, ó
Deus, meu salvador! (Sl 26,7.9)
Leitura (2 Coríntios 9,6-11)
Leitura da segunda carta de são Paulo aos Coríntios.
9 6 Convém lembrar: "aquele que semeia pouco,
pouco ceifará. Aquele que semeia em profusão, em profusão ceifará".
7 Dê cada um conforme o impulso do seu coração, sem tristeza nem
constrangimento. Deus "ama o que dá com alegria".
8 Poderoso é Deus para cumular-vos com toda a espécie de benefícios, para que
tendo sempre e em todas as coisas o necessário, vos sobre ainda muito para
toda espécie de boas obras.
9 Como está escrito: "Espalhou, deu aos pobres, a sua justiça subsiste
para sempre".
10 Aquele que dá a semente ao semeador e o pão para comer, vos dará rica
sementeira e aumentará os frutos da vossa justiça.
11 Assim, enriquecidos em todas as coisas, podereis exercer toda espécie de
generosidade que, por nosso intermédio, será ocasião de agradecer a Deus.
Salmo responsorial 111/112
Feliz aquele que respeita o Senhor!
Feliz o homem que respeita o Senhor
e que ama com carinho a sua lei!
Sua descendência será forte sobre a terra,
abençoada a geração dos homens retos!
Haverá glória e riqueza em sua casa,
e permanece para sempre o bem que fez.
Ele é correto, generoso e compassivo,
como luz brilha nas trevas para os justos.
Ele reparte com os pobres seus bens,
permanece para sempre o bem que fez,
e crescerão a sua glória e seu poder.
Aclamação do Evangelho
Aleluia, aleluia, aleluia.
Quem me ama realmente guardará minha palavra e meu Pai o amará e a ele nós
viremos (Jo 14,23).
Evangelho (Mateus 6,1-6.16-18)
Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos: 6 1
"Guardai-vos de fazer vossas boas obras diante dos homens, para serdes
vistos por eles. Do contrário, não tereis recompensa junto de vosso Pai que
está no céu.
2 Quando, pois, dás esmola, não toques a trombeta diante de ti, como fazem os
hipócritas nas sinagogas e nas ruas, para serem louvados pelos homens. Em
verdade eu vos digo: já receberam sua recompensa.
3 Quando deres esmola, que tua mão esquerda não saiba o que fez a direita.
4 Assim, a tua esmola se fará em segredo; e teu Pai, que vê o escondido,
recompensar-te-á.
5 Quando orardes, não façais como os hipócritas, que gostam de orar de pé nas
sinagogas e nas esquinas das ruas, para serem vistos pelos homens. Em verdade
eu vos digo: já receberam sua recompensa.
6 Quando orares, entra no teu quarto, fecha a porta e ora ao teu Pai em
segredo; e teu Pai, que vê num lugar oculto, recompensar-te-á.
16 Quando jejuardes, não tomeis um ar triste como os hipócritas, que mostram
um semblante abatido para manifestar aos homens que jejuam. Em verdade eu vos
digo: já receberam sua recompensa.
17 Quando jejuares, perfuma a tua cabeça e lava o teu rosto.
18 Assim, não parecerá aos homens que jejuas, mas somente a teu Pai que está
presente ao oculto; e teu Pai, que vê num lugar oculto,
recompensar-te-á".
COMENTÁRIOS DO EVANGELHO
1. Ser íntimo diante de Deus é não usar nenhuma máscara
Tenho um amigo muito fiel à nossa Igreja e num dia
desses ele me disse que no seu ambiente de trabalho, no início da jornada de
manhã e à tarde, abre a Bíblia que sempre carrega e faz a sua oração e
meditação. Ele afirma que os funcionários que trabalham com ele naquela
repartição, o respeitam muito e mesmo um e outro que não são da nossa igreja,
nunca o criticaram e até o elogiam dizendo que ele é um bom cristão.
Não querendo julga-lo, confesso que pensei nele ao
meditar esse evangelho, por uma razão muito simples, talvez nem o faça por
mal, mas ele faz questão de mostrar aos outros que é Católico e dos
praticantes e em sua compreensão isso é um testemunho que precisa ser dado no
mundo de hoje. Quando alguém exibe suas qualidades cristãs para os outros,
sejam elas quais forem, oração, jejum ou esmola, o maior perigo e tornar-se
um moralista e começar a medir as pessoas a partir da nossa “Régua”.
Moralismo é coisa muito perigosa porque, como dizia meu
professor de moral, se revirarem bem revirado a vida de uma pessoa
considerada a mais santa, vão achar pecado de tudo quanto é tipo,
também na minha vida e na vida de cada um de nós, não tem este nem
aquele, leigo ou religioso, ninguém escapa. Somos todos carentes do amor e da
misericórdia do Pai, então a única referência para o homem é Jesus Cristo,
Fiel, Santo, Perfeito, justo e bom. Só Ele e mais ninguém.
Jesus Cristo, ao orientar os seus discípulos sobre esse
procedimento discreto nas orações, jejuns e esmolas, quer também poupa-los
das “cobranças”, não que não devamos então ser autênticos e coerentes como
cristãos, mas que não sintamos a necessidade de vender uma imagem de pessoas
virtuosas, orantes, piedosos, porque lá um dia ou outro, podemos cometer
algum deslize e daí todos nos olharão com estranheza e indignação. De fato,
meu amigo que mencionei no início, recentemente teve problemas com um Filho
usuário de drogas, e os amigos e colegas de serviço o questionaram a esse
respeito.
Quem se exibe diante dos irmãos e irmãs vai também se
exibir diante de Deus e ai está o outro grande perigo: achar que eu me basto,
porque sou esforçado e sempre busco as coisas de Deus, e para eu atingir a
Santidade em sua plenitude só falta eu morrer e todos vão reconhecer que sou
uma referência e um exemplo a ser seguido.
O problema é que, diante dos irmãos até dá para pousar
de “bonzinho”, mas diante de Deus isso é impossível, porque nos vê exatamente
como somos. Então, o melhor mesmo é seguir as orientações de Jesus, mostre-se
diante de Deus como você realmente é. Não tenha medo ou vergonha, seja íntimo
de Deus, descubra-se totalmente diante dele. A intimidade com o Pai,
recomendada nesse evangelho é isso.
Quem reza, faz jejuns e pratica a caridade, não é um
super-homem ou supermulher, mas é alguém humano e fragilizado, sujeito a
quedas e infidelidades, e que, apesar disso, é íntimo com Deus e o chama de
“Paizinho”, sem medo de discurso moralista.
2. As boas obras devem ser feitas com discrição
O tema principal do evangelho desta quarta-feira é a
discrição com a qual as obras devem ser praticadas: "Cuidado! não
pratiqueis vossa justiça na frente dos outros, só para serdes notados"
(v. 1).
Trata-se de não fazer nada por ostentação. Jesus
recomenda não dar esmola, jejuar ou rezar de modo ostensivo, como fazem os
hipócritas. No nível em que os hipócritas se situam já obtiveram a recompensa
deles, isto é, a aprovação dos homens. Positivamente falando, a esmola, o
jejum e a oração devem ser feitos em segredo.
A ação em segredo não é o mesmo que ação secreta, mas
designa toda ação, mesmo pública, que se faz, de fato, diante do Pai. É a
intenção profunda que conta, pois a recompensa se situa neste nível.
ORAÇÃO
Pai, só te agradam as ações feitas na simplicidade e no escondimento. Que eu
procure sempre agradar-te, enveredando por este caminho.
3. A PIEDADE DISCRETA
A piedade judaica valorizava, de maneira especial, três
práticas: a esmola, a oração e o jejum. Cada uma apontava para um tipo
diferente de relação. A esmola indicava a relação de misericórdia com o
próximo, cujas necessidades se tentava remediar. A oração expressava a
relação amorosa com Deus, com quem se procurava estar em contínuo diálogo. O
jejum se colocava no nível da relação do indivíduo consigo mesmo e consistia
na busca do domínio dos instintos e das paixões, de modo a preparar para uma
relação cada vez mais correta com Deus e com o próximo.
O discípulo de Jesus não estava dispensado destas
práticas tradicionais de piedade. Elas se mantinham válidas quando sua
finalidade era garantida. Entretanto, havia no tempo de Jesus quem
desvirtuasse seu sentido e se servisse delas para alimentar seu espírito de
vanglória.
Jesus tentou precaver seus discípulos desta deturpação
da piedade, ensinado-lhes a discrição. Mostrar-se piedoso só para ser visto e
louvado pelas pessoas, era inútil e revelava uma motivação hipócrita. A
inutilidade resultava da obtenção de louvores por parte dos admiradores,
dispensando assim a recompensa divina.
A piedade, neste caso, não atingia seu objetivo. Pelo
contrário, quando praticada no escondimento e de maneira discreta, a piedade
era observada apenas pelo Pai, de quem proviria a verdadeira recompensa.
Oração
Senhor Jesus, livra-me de praticar a piedade buscando fazer-me admirado pelas
pessoas e ensina-me a praticá-la de maneira discreta, para obter a recompensa
do Pai.
|
Liturgia da Quinta-Feira
XI SEMANA DO TEMPO COMUM
( VERDE – OFÍCIO DO DIA )
Antífona da entrada: Ouvi, Senhor, a voz do meu apelo: tende compaixão de
mim e atendei-me; vós sois meu protetor: não me deixeis; não me abandoneis, ó
Deus, meu salvador! (Sl 26,7.9)
Leitura (2 Coríntios 11,1-11)
Leitura da segunda carta de são Paulo aos Coríntios.
11 1 Oxalá suportásseis um pouco de loucura de minha
parte! Oh, sim! Tolerai-me.
2 Eu vos consagro um carinho e amor santo, porque vos desposei com um esposo
único e vos apresentei a Cristo como virgem pura.
3 Mas temo que, como a serpente enganou Eva com a sua astúcia, assim se
corrompam os vossos pensamentos e se apartem da sinceridade para com Cristo.
4 Porque quando aparece alguém pregando-vos outro Jesus, diferente daquele
que vos temos pregado, ou se trata de receber outro espírito, diferente do
que haveis recebido, ou outro evangelho, diverso do que haveis abraçado, de
boa mente o aceitais.
5 Mas penso que em nada tenho sido inferior a esses eminentes apóstolos!
6 Pois, embora eu seja de pouca eloqüência, não acontece o mesmo quanto à
ciência: é o que em tudo e a cada passo vos temos manifestado.
7 Porventura cometi alguma falta, em vos ter pregado o Evangelho de Deus
gratuitamente, humilhando-me para vos exaltar?
8 Para vos servir, despojei outras igrejas, recebendo delas o meu sustento.
9 Estando convosco e passando alguma necessidade, não fui pesado a ninguém,
porque os irmãos que vieram da Macedônia supriram o que me faltava. Em tudo
me guardei e me guardarei de vos ser pesado.
10 Tão certo como a verdade de Cristo está em mim, não me será tirada esta
glória nas regiões de Acaia.
11 E por quê? Será por que não vos amo? Deus o sabe!
Salmo responsorial 110/111
Vossas obras, ó Senhor, são verdade e são justiça.
Eu agradeço a Deus de todo o coração,
junto com todos os seus justos reunidos!
Que grandiosas são as obras do Senhor,
elas merecem todo amor e admiração!
Que beleza e esplendor são os seus feitos!
Sua justiça permanece eternamente!
O Senhor bom e clemente nos deixou
a lembrança de suas grandes maravilhas.
Suas obras são verdade e são justiça,
seus preceitos, todos eles, são estáveis,
confirmados para sempre e pelos séculos,
realizados na verdade e retidão.
Aclamação do Evangelho
Aleluia, aleluia, aleluia.
Recebestes um espírito de adoção, no qual clamamos Aba! Pai! (Rm 8,15).
EVANGELHO (Mateus 6,7-15)
Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos: 6 7
"Nas vossas orações, não multipliqueis as palavras, como fazem os pagãos
que julgam que serão ouvidos à força de palavras.
8 Não os imiteis, porque vosso Pai sabe o que vos é necessário, antes que vós
lho peçais.
9 Eis como deveis rezar: Pai nosso, que estais no céu, santificado seja o
vosso nome;
10 venha a nós o vosso Reino; seja feita a vossa vontade, assim na terra como
no céu.
11 O pão nosso de cada dia nos dai hoje;
12 perdoai-nos as nossas ofensas, assim como nós perdoamos aos que nos
ofenderam;
13 e não nos deixeis cair em tentação, mas livrai-nos do mal.
14 Porque, se perdoardes aos homens as suas ofensas, vosso Pai celeste também
vos perdoará.
15 Mas se não perdoardes aos homens, tampouco vosso Pai vos perdoará".
COMENTÁRIOS DO EVANGELHO
1. Quando a oração é recheada de palavratório
desnecessário...
Todo nós sabemos como discursa um político,
principalmente em época de campanha eleitoral, há aqueles que têm uma boa
oratória, apresentam suas propostas de maneira sincera e autêntica, não vamos
aqui desmerecer os que exercem dignamente sua missão na política, mas
há aqueles que fazem belos discursos e nada dizem, fazem mil e um rodeios
para no final da fala, implorar que o eleitorado vote nele. Infelizmente
esses tipos ainda existem nos meios políticos. Tudo o que esses querem é
PEDIR votos para ele e sua agremiação partidária. Na medida em que o nosso
povo for tomando consciência política esses tipos vão encerrando a carreira
bem cedo, pois acabam caindo no ridículo.
É essa forma de fazer oração que Jesus fala nesse
evangelho, ainda voltando aos maus políticos, eles não conhecem o eleitorado
a quem se dirigem, nada sabem sobre ele, seus sofrimentos e dificuldades,
seus anseios, e começam a falar com o eleitorado como se o conhecesse há
tempos. A nossa oração só é eficaz e têm qualidade quando conhecemos a Deus,
isso é, quando fazemos a experiência com Jesus Cristo e com Ele aprendemos a
viver na comunhão e na intimidade do Pai. Sem essa experiência, sem esse
colóquio espiritual, a oração vira discurso e lista de pedidos onde quem ora
determina e planeja, exigindo que Deus faça daquele jeito, ou seja, é uma
oração arrogante e orgulhosa, onde quem reza, se julga no direito de
determinar para que Deus atenda seus pedidos.
Oração sem humildade não consegue tocar no coração de
Deus, podem ter certeza. É preciso que saibamos quem é Deus e quem somos nós.
É preciso que a Vontade Divina seja por nós conhecida e se torne soberana em
nossa vida. É preciso que tenhamos coragem de assumir os desafios na solução
de problemas que nós mesmos criamos. Por isso a oração do Pai Nosso,
ensinada por Jesus a seus discípulos e a todos nós, é a mais bonita e
completa de todas.
O Pai Nosso manifesta o nosso desejo de que o Reino
venha, e que seja feita a Vontade de Deus. Há aqui um pedido, que o Reino
venha.... e que a Vontade Divina seja feita, entretanto, é ao mesmo tempo um
comprometimento de quem reza, de fazer esse Reino acontecer e colaborar para
que a Vontade do Pai seja aceita, vivida por todos nós. O que se pede no Pai
Nosso não é algo pronto e acabado, mas um empreendimento que vai depender da
nossa colaboração, do nosso testemunho.
A segunda parte da oração é completada com o nosso
compromisso com Deus, realizado com fidelidade em nossa relação com o
próximo. Uma relação de amor e perdão constante, pois só assim o Reino
começará a aparecer e ser notado pelos homens. Não há outra forma.
Por isso o evangelho conclui com a confirmação de Jesus
a esse respeito, de que nas relações fraternas de amor e perdão para com o
próximo, se perpetua e se concretiza o Amor, a misericórdia e o Perdão Divino
no meio dos homens.
2. A oração ensinada por Jesus permite ao discípulo pôr
todo o seu ser diante de Deus.
A recomendação não se restringe a se cuidar da ostentação
da oração. O discípulo é posto, também, de alerta contra a prolixidade da
oração: "Quando orardes, não useis de muitas palavras, como fazem os
pagãos" (v. 7).
A repetição de muitas palavras, e de modo compulsivo, é
uma forma de pressionar Deus. Ora, Deus nos conhece por inteiro, e sabe tudo
o que necessitamos, antes mesmo que as palavras cheguem à nossa boca: "A
palavra ainda não chegou à minha língua e tu, Senhor, já a conheces
inteira".
A oração do Pai-Nosso, inserida aqui, ensina o
discípulo a não multiplicar as palavras e a se situar diante do Deus, ao
mesmo tempo, próximo ("Pai nosso") e distante ("que estás nos
céus"), e que dá ao ser humano, que ele trata como filho, o necessário e
o indispensável para a sua existência. A oração ensinada por Jesus permite ao
discípulo pôr todo o seu ser diante de Deus.
ORAÇÃO
Espírito do Pai, leva-me a transformar em vida a minha oração, e a descobrir,
na oração, o sentido da minha vida.
3. A VONTADE DO PAI
Ao ensinar aos discípulos o modo conveniente de rezar,
Jesus os exortava a se colocarem numa contínua busca de sintonia com a vontade
do Pai. Os sete pedidos do Pai-Nosso constituem a síntese dessa vontade do
Pai, para os discípulos.
Santificar o nome de Deus significa romper com a
idolatria, para radicar em Deus as suas vidas. Fora de Deus, para quem
santifica o nome divino, nada tem valor absoluto.
A coisa que o Pai mais deseja é ver seu Reino
acontecendo na vida de todos os seres humanos, como Reino de verdade e
justiça. Fora dele só existe injustiça e maldade.
A obtenção do pão cotidiano, na perspectiva da vontade
do Pai, nada tem de posse egoísta. O pão "nosso" é para ser
partilhado, para que não haja mais fome nem indigência. Assim, o Reino se
concretiza, em forma de solidariedade e partilha.
O pedido de perdão dos pecados, mais que um desejo dos
discípulos, é o grande anseio de Deus. Desejar o perdão consiste em querer
recentrar-se no amor de Deus.
Cair na tentação é abandonar os caminhos de Deus para
trilhar desvios que levam à condenação. Quem, mais do que Deus, deseja que o
discípulo não se desvie?
A libertação do mal consiste em criar mecanismos de
defesa para que o inimigo não tome conta do coração do discípulo. Isto se dá
num processo de enraizamento em
Deus. E com isto ele se dá por satisfeito.
Oração
Espírito de submissão à vontade do Pai, prepara meu coração para rezar a oração
ensinada por Jesus, de modo que eu possa vivenciar o que meus lábios
pronunciam.
|
Liturgia da Sexta-Feira
SÃO LUÍS GONZAGA - RELIGIOSO
( BRANCO, PREFÁCIO COMUM DOS SANTOS – OFÍCIO DA MEMÓRIA )
Antífona da entrada: O homem de coração puro e mãos inocentes é digno de
subir à montanha do Senhor e de permanecer em seu santuário (Sl 23,4.3).
Leitura (2 Coríntios 11,18.21-30)
Leitura da segunda carta de são Paulo aos Coríntios.
Irmãos, 11 18 porque muitos se gloriam segundo a carne,
também eu me gloriarei.
21 Sinto vergonha de o dizer; temos mostrado demasiada fraqueza. Entretanto,
de tudo aquilo de que outrem se ufana (falo como um insensato), disto também
eu me ufano.
22 São hebreus? Também eu. São israelitas? Também eu.
23 São ministros de Cristo? Falo como menos sábio: eu, ainda mais. Muito mais
pelos trabalhos, muito mais pelos cárceres, pelos açoites sem medida. Muitas
vezes vi a morte de perto.
24 Cinco vezes recebi dos judeus os quarenta açoites menos um.
25 Três vezes fui flagelado com varas. Uma vez apedrejado. Três vezes
naufraguei, uma noite e um dia passei no abismo.
26 Viagens sem conta, exposto a perigos nos rios, perigos de salteadores,
perigos da parte de meus concidadãos, perigos da parte dos pagãos, perigos na
cidade, perigos no deserto, perigos no mar, perigos entre falsos irmãos!
27 Trabalhos e fadigas, repetidas vigílias, com fome e sede, freqüentes
jejuns, frio e nudez! 28 Além de outras coisas, a minha preocupação
cotidiana, a solicitude por todas as igrejas!
29 Quem é fraco, que eu não seja fraco? Quem sofre escândalo, que eu não me
consuma de dor?
30 Se for preciso que a gente se glorie, eu me gloriarei na minha fraqueza.
Salmo responsorial 33/34
O Senhor liberta os justos de todas as angustias!
Bendirei o Senhor Deus em todo o tempo,
seu louvor estará sempre em minha boca.
Minha alma se gloria no Senhor;
que ouçam os humildes e se alegrem!
Comigo engrandecei ao Senhor Deus,
exaltemos todos juntos o seu nome!
Todas as vezes que o busquei, ele me ouviu
e de todos os temores me livrou.
Contemplai a sua face e alegrai-vos,
e vosso rosto não se cubra de vergonha!
Este infeliz gritou a Deus e foi ouvido,
e o Senhor o libertou de toda angústia.
Aclamação do Evangelho
Aleluia, aleluia, aleluia.
Felizes os humildes de espírito, porque deles é o reino dos céus (Mt 5,3).
EVANGELHO (Mateus 6,19-23)
Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos: 6 19
"Não ajunteis para vós tesouros na terra, onde a ferrugem e as traças
corroem, onde os ladrões furtam e roubam.
20 Ajuntai para vós tesouros no céu, onde não os consomem nem as traças nem a
ferrugem, e os ladrões não furtam nem roubam.
21 Porque onde está o teu tesouro, lá também está teu coração.
22 O olho é a luz do corpo. Se teu olho é são, todo o teu corpo será
iluminado.
23 Se teu olho estiver em mau estado, todo o teu corpo estará nas trevas. Se
a luz que está em ti são trevas, quão espessas deverão ser as trevas!"
COMENTÁRIOS DO EVANGELHO
1. Diálogo com São Mateus
(Embora fantasioso esse diálogo ajuda-nos a olhar em
profundidade o ensinamento desse evangelho)
____Hei São Mateus, com licencinha? Dá prá gente
falar sobre este evangelho um pouquinho? Olha, o Senhor desculpe o
atrevimento, mas esta afirmativa “Ajuntai para vós tesouros no céu!” nos
preocupa um pouco.
São Mateus ____ Sim, você vai dizer que, com base nisso, um cristão pode
tornar-se alienado e não ter nenhuma preocupação com as realidades da terra.
____Exatamente São Mateus...
São Mateus ____Pois você está enganado meu irmão, o Mestre nunca disse algo
tão verdadeiro...
___Mas São Mateus, perdoe a minha ousadia, Céu e Terra
são coisas que se opõe e se contradizem, parece que a opção do Cristão só
deve ser uma: com o Céu, é isso ?
São Mateus ____Certo, o Céu precisa ser uma prioridade na vida do cristão,
mas não entendam o Céu como um lugar Físico, aí é que está a má interpretação
desse evangelho...
____Tudo bem São Mateus, Céu é estado de Espírito,
significa a comunhão com Deus, mas é uma realidade do pós-morte, certo?
São Mateus_____ Errado! Céu é uma realidade dessa Vida...
______Opa! Então o Céu não vem depois?
São Mateus_____ O Céu já veio com a encarnação de Jesus Salvador. Nesta Vida
há pessoas que vivem toda a sua existência sem saber, ou sem levar em conta
essa realidade, não conseguem enxergar nada em sua frente a não ser este
mundo, suas ideologias, seus projetos e preocupações.
____O Senhor falou em “enxergar” então é uma questão de
ponto de vista?
São Mateus_____ Claro meu irmão, exatamente por isso que a segunda parte
desse evangelho coloca os olhos, acentuando que se trata de um modo de Ver as
coisas, a Vida e os acontecimentos e onde, o olho doente é aquele que não
conseguiu ver nem experimentar esta Vida Nova dada por Jesus, então a sua
vida não tem sentido e o seu interior é só escuridão.
____ Nossa... Agora eu entendi, juntar tesouro no céu,
é quando os nossos pensamentos e ações estão sempre voltadas para esta
realidade Nova, perceptível somente á Luz da nossa Fé, isso é, vivemos
neste mundo em meio as realidades terrestres mas já temos esta comunhão com
Deus por causa de Jesus Cristo, e temos a consciência de que caminhamos para
a Plenitude, presente além desta Vida.
São Mateus _____ É isso mesmo, o homem ou a mulher que ainda não fez esta
descoberta em sua vida, vive na escuridão e não alimenta essa Esperança
Cristã em sua vida.
____Ah agora entendi, nossos sonhos e projetos desta
vida, todos podem ser roubados e destruídos pela traça, mas quando vivemos
esta vida sobre o impulso da esperança cristã, que nos projeta para o
transcendente, isso ninguém rouba e jamais será destruído.
São Mateus_____ Isso mesmo, caminhar nesta v ida, ter os pés firmes no chão
da história, sem alienar-se, mas ter os olhos fitos em Jesus e seu Reino, que
deve ser a única e verdadeira meta.
2. Onde por o coração?
O ser humano é posto diante de uma escolha decisiva e
irrenunciável: onde pôr o coração, isto é, em que engajar toda a vida? Não há
meio termo: "... onde estiver o teu tesouro, aí estará também o teu
coração" (v. 21).
Trata-se de desapegar-se de tesouros ilusórios. Cada
coração, cada pessoa, possui um tesouro. Cada ser humano liga a sua vida a um
valor que move sua ação e decisões. Os bens da terra são postos em oposição
aos bens celestes (vv. 19.20), mas o que importa é o engajamento do coração.
Ao cristão importa juntar tesouros no céu (cf. v. 20).
O que é passageiro é só aparência; é preciso pôr a vida
naquilo que não passa. Olho é uma fonte de desejo (vv. 22-23). Será luz e,
portanto, iluminará a vida do ser humano à medida que o desejo for bom, isto
é, por tudo aquilo que for "do céu". Mas, se o olho desejar o mal,
ele conduzirá às trevas, outro nome do pecado: "Olhar altivo, coração
orgulhoso, a lâmpada dos ímpios não é senão pecado" (Pr 21,4).
ORAÇÃO
Pai, dá-me sabedoria suficiente para buscar sempre o tesouro verdadeiro, e
assim estar seguro de que em ti coloquei o meu coração.
3. O TESOURO IMPERECÍVEL
A parábola do tesouro imperecível está calcada numa
idéia corrente no judaísmo, segundo a qual existe um tesouro celeste, não
sujeito à corrupção. Imaginava-se que as boas obras acumulavam crédito, a ser
resgatado no dia do juízo final. Por isso, no AT, o velho Tobias aconselhou
seu filho a dar esmolas, segundo suas posses. Na abundância, deveria ser
generoso com os pobres. Na carência, deveria partilhar do seu pouco. A
motivação dada era a seguinte: "Assim acumulas em teu favor um precioso
tesouro para o dia da necessidade".
O discípulo do Reino ajunta um tesouro no céu, mediante
suas boas obras. No contexto do Sermão da Montanha, estas correspondem ao
conjunto de atitudes e comportamentos compatíveis com os ensinamentos
precedentes - Bem-aventuranças e Antíteses -, e com o que seguirá. O
discípulo encontra, neste Sermão, as pautas de ação correspondentes à vontade
do Pai, para as quais está reservada a devida recompensa.
Deixar-se guiar por outros parâmetros é pura
insensatez. Seria semelhante a ajuntar tesouros efêmeros, fáceis de serem
destruídos e roubados.
O mais sensato é optar pelos ensinamentos de Jesus e
deixar-se guiar por eles, pois são portadores de recompensa e podem garantir
a vida eterna, junto do Pai. Fora das palavras de Jesus, só existe
frustração.
Oração
Espírito de discernimento, que eu não me engane, ajuntando tesouros na Terra,
quando só os do Céu podem garantir a vida eterna, junto do Pai.
Liturgia
do Sábado
XI SEMANA DO TEMPO COMUM *
( VERDE – OFÍCIO DO DIA )
Antífona da entrada: Ouvi, Senhor, a voz do meu apelo: tende compaixão
de mim e atendei-me; vós sois meu protetor: não me deixeis; não me abandoneis,
ó Deus, meu salvador! (Sl 26,7.9)
Leitura (2 Coríntios 12,1-10)
Leitura da segunda carta de são Paulo aos Coríntios.
Irmãos, 12 1 importa que me
glorie? Na verdade, não convém! Passarei, entretanto, às visões e revelações do
Senhor.
2 Conheço um homem em Cristo que há catorze anos foi arrebatado até o terceiro
céu. Se foi no corpo, não sei. Se fora do corpo, também não sei; Deus o sabe.
3 E sei que esse homem - se no corpo ou se fora do corpo, não sei; Deus o sabe
-
4 foi arrebatado ao paraíso e lá ouviu palavras inefáveis, que não é permitido
a um homem repetir.
5 Desse homem eu me gloriarei, mas de mim mesmo não me gloriarei, a não ser das
minhas fraquezas.
6 Pois, ainda que me quisesse gloriar, não seria insensato, porque diria a
verdade. Mas abstenho-me, para que ninguém me tenha em conta de mais do que vê
em mim ou ouve dizer de mim.
7 Demais, para que a grandeza das revelações não me levasse ao orgulho, foi-me
dado um espinho na carne, um anjo de Satanás para me esbofetear e me livrar do
perigo da vaidade.
8 Três vezes roguei ao Senhor que o apartasse de mim.
9 Mas ele me disse: "Basta-te minha graça, porque é na fraqueza que se
revela totalmente a minha força". Portanto, prefiro gloriar-me das minhas
fraquezas, para que habite em mim a força de Cristo.
10 Eis por que sinto alegria nas fraquezas, nas afrontas, nas necessidades, nas
perseguições, no profundo desgosto sofrido por amor de Cristo. Porque quando me
sinto fraco, então é que sou forte.
Salmo responsorial 33/34
Provai e vede quão suave é o
Senhor!
O anjo do Senhor vem acampar
ao redor dos que o temem e os salva.
Provai e vede quão suave é o Senhor!
Feliz o homem que tem nele o seu refúgio!
Respeitai o Senhor Deus, seus
santos todos,
porque nada faltará aos que o temem.
Os ricos empobrecem, passam fome,
mas aos que buscam o Senhor não falta nada.
Meus filhos, vinde agora e
escutai-me:
vou ensinar-vos o temor do Senhor Deus.
Qual o homem que não ama sua vida,
procurando ser feliz todos os dias?
Aclamação do Evangelho
Aleluia, aleluia, aleluia.
Jesus Cristo, Senhor nosso, embora sendo rico, para nós se tornou pobre, a fim
de enriquecer-nos mediante sua pobreza (2Cor 8,9).
Evangelho (Mateus 6,24-34)
Naquele
tempo, disse Jesus aos seus discípulos: 6 24 "Ninguém pode servir a dois
senhores, porque ou odiará a um e amará o outro, ou dedicar-se-á a um e
desprezará o outro. Não podeis servir a Deus e à riqueza.
25 Portanto, eis que vos digo: não vos preocupeis por vossa vida, pelo que
comereis, nem por vosso corpo, pelo que vestireis. A vida não é mais do que o
alimento e o corpo não é mais que as vestes?
26 Olhai as aves do céu: não semeiam nem ceifam, nem recolhem nos celeiros e
vosso Pai celeste as alimenta. Não valeis vós muito mais que elas?
27 Qual de vós, por mais que se esforce, pode acrescentar um só côvado à
duração de sua vida?
28 E por que vos inquietais com as vestes? Considerai como crescem os lírios do
campo; não trabalham nem fiam.
29 Entretanto, eu vos digo que o próprio Salomão no auge de sua glória não se
vestiu como um deles.
30 Se Deus veste assim a erva dos campos, que hoje cresce e amanhã será lançada
ao fogo, quanto mais a vós, homens de pouca fé?
31 Não vos aflijais, nem digais: Que comeremos? Que beberemos? Com que nos
vestiremos?
32 São os pagãos que se preocupam com tudo isso. Ora, vosso Pai celeste sabe
que necessitais de tudo isso.
33 Buscai em primeiro lugar o Reino de Deus e a sua justiça e todas estas
coisas vos serão dadas em acréscimo.
34 Não vos preocupeis, pois, com o dia de amanhã: o dia de amanhã terá as suas
preocupações próprias. A cada dia basta o seu cuidado".
COMENTÁRIOS DO EVANGELHO
1. Confiar em Deus
Este evangelho parece que vai
tratar de um assunto, mas trata de outro, primeiro ele afirma que não podemos
ter o pé em duas canoas, mas depois aborda a questão da confiança em Deus, que
tem com a gente muito mais preocupação do que com as árvores, animais e flores
do campo. Parece que Jesus não quer que nos preocupemos com os problemas desta
vida, para deixar que ele resolva... Seria isso?
Claro que não! Na verdade o
evangelho aborda um assunto só: a confiança que devemos ter em Deus Nosso Pai.
Imagine se um dos seus filhos pede ajuda financeira e orientação a um estranho,
tendo a você como Pai... O evangelho fala que há entre Deus e nós, um canal
permanentemente aberto, a partir de Jesus Cristo, e que o Pai nunca está
distante de nós e conhece e sabe de todas as nossas necessidades. O problema
que o evangelho põe às claras, é o fato de não crermos de maneira consistente
na Providência Divina como tal, e preferimos acreditar muito mais em nós
mesmos, e nas soluções que conseguimos apresentar diante dos problemas que
enfrentamos. Porque daí, esbarramos nas nossas limitações e percebemos que
diante de alguns desses problemas somos impotentes e nada podemos fazer,
e diante do mal, que muitas vezes parece dominar tudo o que está ao nosso
redor, chegamos á ousadia de perguntar : “Será que Deus não está vendo isso?”.
Jesus pede a todos uma esperança
e confiança total no Pai, mas que não seja passiva, senão é perigoso cair em uma Fé Mágica, onde
Deus resolve tudo e a gente só vai pedindo as soluções para os problemas, que
na maioria das vezes, a gente mesmo é que arranja.
A verdadeira Fé supõe o
equilíbrio entre o que cremos e o que vivemos. Preocupações excessivas com o
que ainda virá, além de serem desnecessárias, causam angústia, sofrimento e
desespero. Se agirmos com seriedade e nos empenharmos no presente, sempre
fazendo o melhor, tendo como referência o evangelho, deixemos que venham os
acontecimentos, pois teremos forças e coragem para enfrentá-los. O fato é que,
Deus sempre cuida de cada um de nós, como o mesmo carinho e seriedade que a mãe
cuida dos filhos que ainda não têm o uso da razão.
A Salvação não vem do Homem, mas
de Deus, lembre-se que o homem da Pós-Modernidade pensa o contrário...
2. Não se pode viver uma vida
de ambiguidade
Como sugerimos acima, o ser
humano não pode deixar de decidir, nem viver a sua vida de fé na ambiguidade
(servir a dois senhores). A preocupação excessiva com os bens terrenos se opõe
a Deus e reivindica o lugar de Deus: "Ninguém pode servir a dois senhores…
Não podeis servir a Deus e ao dinheiro" (v. 24).
O discípulo deve rejeitar a
ambiguidade e viver a sua vida na confiança em Deus: "Vosso Pai que está
nos céus sabe que precisais de tudo isso" (v. 32). Não é convite ao
comodismo ou à passividade, mas à confiança, "fazendo tudo como se tudo
dependesse de nós, e esperando tudo como se tudo dependesse de Deus"
(Santo Inácio de Loyola).
ORAÇÃO
Pai, centra toda minha vida na busca do teu Reino e na justiça que dele vem, de
forma que nenhuma outra preocupação possa ser importante para mim.
3. CONFIAR NA PROVIDÊNCIA
Nada mais contrário à
espiritualidade do Sermão da Montanha do que a ansiedade por causa da
sobrevivência pessoal, em termos de satisfação das necessidades materiais. A
preocupação exagerada em relação aos bens deste mundo revela que a opção
fundamental do discípulo do Reino está alicerçada na própria segurança e nos
esforços humanos para consegui-la, e não em Deus.
Quem orienta sua vida pela busca
do Reino de Deus e sua justiça, não tem por que deixar-se dominar pela avidez
de bens materiais. O olhar do discípulo centra-se no que é essencial. O resto
vem-lhe por acréscimo.
Numa sociedade como a nossa, em
que somos pressionados a consumir e acumular para garantir o nosso futuro, e na
qual se exalta o valor do trabalho, da produção e da planificação, é desafiador
por em prática este ensinamento de Jesus.
Muitos irão considerá-lo utópico
e impraticável. Outros acharão que seus destinatários são um pequeno grupo de pessoas
especiais, capazes de se manterem radicalmente livres diante do consumismo
moderno. Outros, ainda, o tomarão como fundamento de uma religião ecológica,
baseada num estilo de vida espontâneo, sem preocupações.
Nada disto corresponde ao
pensamento de Jesus. Seu esforço concentrou-se em levar os discípulos a terem
confiança total em Deus e na sua providência. Esta será a opção orientadora de
suas vidas, eles saberão como colocá-la em prática.
Oração
Espírito de fé na Previdência, num mundo que valoriza a acumulação de bens,
ensina-me a viver uma vida despojada, totalmente confiada no amor previdente do
Pai.
|
Liturgia do Domingo 23.06.2013
12º Domingo do Tempo Comum — ANO C
(VERDE, GLÓRIA,
CREIO – IV SEMANA DO SALTÉRIO)
__ " A MORTE COMO CAMINHO PARA A VIDA"
__
Ambientação:
Sejam bem-vindos amados irmãos e irmãs!
INTRODUÇÃO DO FOLHETO DOMINICAL PULSANDINHO: ... ainda não foi publicado o folheto deste dia ...
INTRODUÇÃO DO FOLHETO DOMINICAL O POVO DE DEUS: Hoje é o Dia Nacional do Migrante, cuja trajetória
pelos caminhos da nossa Pátria lembra o Povo de Deus atravessando o deserto
em busca da Terra Prometida. Rezemos para que encontrem o lugar onde possam
viver com tranquilidade, criar seus filhos com dignidade e semear sua
história com sabedoria e paz.
INTRODUÇÃO DO WEBMASTER: Cristo tem uma identidade pessoal que salva e revela; e
uma missão a cumprir. Para revelar sua identidade e cumprir sua missão, para
salvar a verdade de sua vida, está ele disposto a tudo, até a perder a vida
física. A decisão "incondicional" e absoluta de ser ele mesmo e
cumprir a sua missão a "qualquer preço" é o ato supremo de
fidelidade (obediência) a Deus.
Sintamos em nossos corações a alegria da Ressurreição e
entoemos alegres cânticos ao Senhor!
XII DOMINGO DO TEMPO COMUM
Antífona da entrada: O Senhor é a força de seu povo, fortaleza e salvação do
seu ungido. Salvai, Senhor, vosso povo, abençoai vossa herança e governai
para sempre os vossos servos (Sl 27,8s).
Comentário das Leituras: O Cristo venceu a morte e foi glorificado. Por isso, a
cruz está no centro da vida cristã.
Primeira Leitura (Zacarias 12,10-11;13,1)
Leitura da profecia de Zacarias.
12 10 Suscitarei sobre a casa de Davi e sobre os
habitantes de Jerusalém um espírito de boa vontade e de prece, e eles
voltarão os seus olhos para mim. Farão lamentações sobre aquele que
traspassaram, como se fosse um filho único; chorá-lo-ão amargamente como se
chora um primogênito!
11 Naquele dia haverá um grande luto em Jerusalém, como o luto de Adadremon
no vale de Magedo.
12 A terra inteira celebrará esse luto, família por família; a família da
casa de Davi à parte,
13 1 Naquele dia jorrará uma fonte para a casa de Deus e para os habitantes
de Jerusalém, que apagará os seus pecados e suas impurezas.
Salmo responsorial 62/63
A minha alma tem sede de vós,
como a terra sedenta, ó meu Deus!
Sois, ó Senhor, o meu Deus!
Desde a aurora ansioso vos busco!
A minha alma tem sede de vós,
minha carne também vos deseja.
Como terra sedenta e sem água,
venho, assim, contemplar-vos no templo,
para ver vossa glória e poder.
Vosso amor vale mais do que a vida:
e por isso meus lábios vos louvam.
Segunda Leitura (Gálatas 3,26-29)
Leitura da carta de são Paulo aos Gálatas.
3 26 porque todos sois filhos de Deus pela fé em Jesus Cristo.
27 Todos vós que fostes batizados em Cristo, vos revestistes de Cristo.
28 Já não há judeu nem grego, nem escravo nem livre, nem homem nem mulher,
pois todos vós sois um em
Cristo Jesus.
29 Ora, se sois de Cristo, então sois verdadeiramente a descendência de
Abraão, herdeiros segundo a promessa.
Aclamação do Evangelho
Aleluia, aleluia, aleluia.
Minhas ovelhas escutam minha voz, minha voz estão elas a escutar; eu conheço,
então, minhas ovelhas, que me seguem, comigo a caminhar.
EVANGELHO (Lucas
9,18-24)
9 18 Jesus estava a rezar a sós com os discípulos,
perguntou-lhes: "Quem dizem que eu sou?"
19 Responderam-lhe: "Uns dizem que és João Batista; outros, Elias;
outros pensam que ressuscitou algum dos antigos profetas".
20 Perguntou-lhes, então: "E vós, quem dizeis que eu sou?" Pedro
respondeu: "O Cristo de Deus".
21 Ordenou-lhes energicamente que não o dissessem a ninguém.
22 Ele acrescentou: "É necessário que o Filho do Homem padeça muitas
coisas, seja rejeitado pelos anciãos, pelos príncipes dos sacerdotes e pelos
escribas. É necessário que seja levado à morte e que ressuscite ao terceiro
dia".
23 Em seguida, dirigiu-se a todos: "Se alguém quer vir após mim,
renegue-se a si mesmo, tome cada dia a sua cruz e siga-me.
24 Porque, quem quiser salvar a sua vida, perdê-la-á; mas quem sacrificar a
sua vida por amor de mim, salvá-la-á".
LEITURAS DA SEMANA DE 24 a 30 de junho de 2013:
2ª-: NATIVIDADE DE SÃO JOÃO BATISTA*, solenidade. Is 49,1-6; Sl 138 (139),1-3.
13-14ab. 14c-15; (R/. 14a); At 13,22-26; Lc 1,57-66.80
3ª-: Gn 13,2.5-18; Sl 14 (15),2-3ab. 3cd-4ab.
5 (R/. 1b); Mt 7,6.12-14
4ª-: Gn 15,1-12.17-18; Sl 104 (105),2-3. 3-4. 6-7. 8-9 (R/. 8a); Mt 7,15-20
5ª-: Gn 16,1-12.15-16;Gn 6b-12.15-16; Sl 105 (106),1-2. 3-4a. 4b-5 (R/.1a);
Mt 7,21-29
6ª-: Gn 17,1.9-10.15-22; Sl 127 (128),1-2. 3. 4-5 (R/. 4); Mt 8,1-4
Sáb.: Gn 18, 1-15; Cânt.: Lc 1,46-47. 48-49. 50.53.54-55 (R/. cf. 54b); Mt
8,5-17
Dom-: SÃO PEDRO e SÃO PAULO APÓSTOLOS, solenidade. At 12,1-11; Sl 33
(34),2-3. 4-5. 6-7. 8-9 (R/. 5); 2Tm 4,6-8.17-18; Mt 16,13-19 (Tu és Pedro)
COMENTÁRIOS DO EVANGELHO
1. Que Jesus é o nosso? A quem seguimos realmente?
Parece estranho que naquela altura da caminhada, Jesus
dirija a seus discípulos uma pergunta tão provocante “Quem sou eu para
vocês?”... Tem-se a impressão de que, até ele ficou meio receoso de ir direto
ao assunto, e primeiro perguntou a eles, quem o povo dizia que era ele, e
quando o coitado do Pedro deu aquela resposta no “capricho”, Jesus parece ter
sido “duro” dando um solene “cala boca”, exigindo que ele não contasse a
ninguém, parece que queria guardar segredo sobre a sua pessoa e missão, Que
problema havia, na resposta de Pedro?
Quando vamos à celebração da Palavra ou da santa Missa,
quando recebemos algum sacramento, quando vivemos o nosso dia a dia, rezando
em alguns momentos, trabalhando ou estudando, dirigindo no transito,
conectados a internet, assistindo TV, em um estádio de futebol, em uma
chácara ou na piscina, na praia ou no campo, nos desafios do trabalho
pastoral ou no exercício de um ministério, será que a nossa conduta é
coerente com aquilo que pensamos de Jesus?
Jesus não está preocupado com a sua imagem, ou conceito
ou o discurso que se faz dele, mas quer saber qual a importância dele em
nossa vida, nas decisões do dia a dia, em certas atitudes que somos obrigados
a tomar, na vida em família, na comunidade, no trabalho ou na escola, quando
estamos alegres ou tristes, quando estamos atarefados e com mil preocupações
á cabeça, ou quando estamos tranquilos e em paz, quando estamos endividados
ou quando pagamos todas as nossas contas, é aí que precisamos definir quem é
ele em nossa vida, o que ele representa, ou a diferença que faz, crer ou não
crer, viver a Fé ou ignorá-la, assumir ou não assumir o Batismo, ser igreja
ou não ser de nada...
Ir sempre, vestir a camisa, ou ir de vez em quando e
manter um pé atrás, sempre desconfiados com essa Igreja de Cristo, conduzida
por homens. Note-se que a indagação é feita ao grupo e que podemos interpretar
assim: qual é o Jesus de nossas comunidades e paróquias? Pois é aí que somos
Igreja.
O discurso que se faz sobre Jesus é sempre muito
bonito, certos pregadores conseguem arrancar lágrimas dos seus ouvintes.
Mas... e depois... .o que muda ou o que fica? Na verdade, nesse 12º Domingo
do tempo comum, estamos diante de dois modelos distintos, o Jesus da Pós
Modernidade, que é um Jesus bem light, liberal, bem açucarado, sem muitas
exigências, um Jesus que “pega leve” e vai minimizando ou relativizando a Lei
do Senhor e os valores do evangelho, o caráter doutrinário em questões
polêmicas como: pena de morte, aborto, do adultério e todas essas coisas que
nos incomodam.
Um Jesus bem aprumado, olhos azuis, loiro, dois metros
de altura, de um Jesus que pede uma conversão, que não precisa ser tão
radical. Um Jesus que vira e mexe, faz algum milagre, chamando unicamente
para si, a responsabilidade de fazer as mudanças acontecerem, se a coisa não
anda e está emperrada, chama Jesus e está resolvido. Esse Jesus da Pós
Modernidade faz um sucesso tremendo, lota templos, estoura a audiência,
agrega multidões e acima de tudo, ajuda a encher os cofres dos espertalhões
da Fé, que juram serem os emissários de Deus, podendo garantir ainda nesta
vida, um cantinho no céu para os que forem fiéis seguidores desse “Jesus”
idealizado pela Pós-modernidade.
O Jesus que se apresenta diante dos discípulos e diante
de todos nós, neste evangelho do 12º Domingo do Tempo Comum, não é um Jesus
de muito sucesso. Principalmente por que fala em sofrimento, padecimento,
rejeição e morte, uma catástrofe para a Pós Modernidade, quem vai querer
seguir um Jesus assim? Nós mesmos, que somos cristãos de “carteirinha”,
quantas vezes, diante de um sofrimento iminente, não rezamos, pedindo para
que Deus afaste de nós tal dissabor... Não é mesmo? Sofrimento e
pós-modernidade, são palavras que não combinam.
E no final do evangelho, o que já era ruim, ficou ainda
pior: “Se alguém quer vir após mim, renegue-se a si mesmo, tome a sua cruz de
cada dia e siga-me, pois quem quiser salvar a sua vida, vai perdê-la, mas
quem sacrificar a sua vida, por causa de mim, irá salva-la”. Com um discurso
assim, as Igrejas irão esvaziar-se, e Jesus vai ficar falando sozinho, porque
renúncia e desapego, também não combinam de forma alguma, com a
pós-modernidade, que nos ensina a sempre ganhar, nunca perder!
Será que não existe aí uma alternativa? Um modo mais
brando de se viver a Fé e frequentar a comunidade, sem que haja necessidade
de encarar uma “cruz” no meio do caminho? Infelizmente nas palavras de Jesus
não há atenuantes, ou aceitamos viver esses ensinamentos, ou então
desistimos, tiramos o time de campo, enquanto ainda é tempo, mesmo porque, o
Reino é uma proposta... “Se alguém quiser...”.
Ninguém precisa casar na igreja, batizar-se, fazer
catequese, ser confirmado na Fé, confessar-se, receber a Eucaristia, receber
o Sacramento da Ordem, ou a unção que nos fortalece na enfermidade, enfim,
ninguém é obrigado a crer no Senhor Jesus e ser discípulo, e nem por isso
Deus irá deixar de amar, aquele que assim agir. Trata-se de uma proposta,
para quem quiser desinstalar o sistema em sua vida, contaminado pelo hacker
do pecado, e reiniciar o processo, agora configurado com o homem novo Jesus
Cristo, o primogênito de toda criatura.
Uma proposta revolucionária para homens e mulheres
ousados, dispostos a transformar o mundo com o seu testemunho, porque tem
forças suficientes na graça de Deus, mastigando os “freios” da
pós-modernidade, libertando-se do cabresto e trilhando um caminho novo,
fazendo uma história nova, exatamente nas pegadas de Jesus de Nazaré, Aquele
que vai á frente das comunidades, mostrando a plenitude que aguarda todos os
que vivem pela Fé, sem medo de Ser Feliz, passando pela “morte” que leva á
Vida.
Deixo para as comunidades cristãs, essa pergunta que
sempre me faço: Que Jesus é o nosso? Será que podemos anunciá-lo com toda
firmeza e convicção, ou como Pedro, ouviremos dele um solene “cala a boca?”
(12º Domingo do Tempo Comum – Lc 9, 18-24)
2. A vida é ganha na entrega sem reservas
O texto do evangelho deste domingo, conhecido como
"profissão de fé de Pedro", seguido do anúncio da paixão, morte e
ressurreição, é a sequência do relato da confusão de Herodes que, ouvindo
falar de Jesus, não pode conhecer sua verdadeira identidade (vv. 7-9); e do
relato da multiplicação dos pães em que Jesus alimenta abundantemente uma multidão
de uns cinco mil homens (vv. 10-17).
A dupla pergunta posta aos discípulos revela a
preocupação de Jesus de que sua missão e a sua verdadeira identidade não
estejam sendo compreendidas. O autor do quarto evangelho apresenta esta
preocupação de modo claro: "Vós me procurais não porque vistes sinais,
mas porque comestes e ficastes saciados" (Jo 6,26).
Na primeira parte do texto há uma dupla pergunta:
"Quem dizem as multidões que eu sou?" (v. 18), e "quem dizeis
que eu sou?" (v. 20).
À resposta acerca da opinião da multidão, Jesus não faz
nenhum comentário. A resposta acerca da opinião da multidão confirma a
suspeita de incompreensão. Mesmo que a pessoa de Jesus suscite perguntas e
provoque a opinião das pessoas, a multidão continua voltada para o passado de
Israel, incapaz de perceber e reconhecer a irrupção da visita salvífica de
Deus (Lc 1,68; 7,16). É a vez de os discípulos se engajarem na resposta à
pergunta: "E vós, quem dizeis que eu sou?"
A resposta é mais importante para os discípulos do que
para Jesus. Dela dependerá a adesão ou não ao Senhor. Pedro, como porta-voz
de todos os demais, toma a iniciativa: "O Cristo de Deus" (v. 20).
Isto significa: o Messias prometido e esperado, aquele que é habitado pelo
Espírito Santo (cf. Lc 3,22; 4,1.18).
Jesus impede os discípulos de divulgarem o que Pedro
acaba de proclamar. Isto porque será preciso esclarecer de que Messias se
trata; talvez o Messias que Jesus é não seja exatamente o que os próprios
discípulos pensavam ter encontrado (ver: Mc 8,32-33). Mas também é verdade
que cada um deve dar a sua resposta. É neste ponto que Jesus anuncia, pela
primeira vez no evangelho segundo Lucas, sua paixão, morte e ressurreição (v.
22).
Este anúncio tem consequências para os Doze como para
todos os discípulos. Em primeiro lugar, eles devem se distanciar da opinião
da multidão e se engajarem, na fé, na verdadeira missão de serviço, e não de
poder. Em segundo lugar, o caminho de Jesus passa a ser o caminho necessário
de todos os que aderem, pela fé, e livremente, à sua pessoa: "Se alguém
quer vir após mim, renuncie a si mesmo…" (v. 23).
A cruz passa a fazer parte da vida do discípulo. É a
forma de superar todo egoísmo que fecha a pessoa sobre si mesma.
Paradoxalmente, a vida é ganha na entrega sem reservas: "... quem quiser
salvar sua vida a perderá, e quem perder sua vida por causa de mim a
salvará" (v. 24).
ORAÇÃO
Espírito do Messias solidário e servidor, não me deixes nutrir esperanças vãs
de um messianismo glorioso e mundano, que não corresponde à opção do Senhor
Jesus.
3. ANUNCIANDO A PAIXÃO
A questão apresentada por Jesus aos discípulos, a
respeito de sua identidade, situa-se num momento crucial de sua vida. Por um
lado, as multidões não haviam compreendido bem o tipo de messianismo vivido pelo
Mestre. Ele se apresentava como Messias-servo, ao passo que o povo esperava
um Messias cheio de glória e majestade. Por outro lado, autoridades
políticas, como Herodes, perguntavam-se: "Quem poderá ser este de quem
ouço tais coisas?" O que se passava com os discípulos? Sua fé era
consistente e estavam realmente preparados para subir com Jesus até
Jerusalém?
A questão apresentada aos discípulos visava
explicitar-lhes a fé no Messias Jesus. A resposta de Pedro, embora
verdadeira, carecia de reparos. O Messias estava destinado a sofrer nas mãos
dos anciãos, dos sumos sacerdotes e dos escribas, ser morto e ressuscitar no
terceiro dia. A causa do sofrimento estaria relacionada com seu modo de
viver. Longe de buscar glórias mundanas, Jesus colocava-se ao lado dos pobres
e marginalizados, vivia uma experiência de Deus muito diferente da
preconizada pela religiosidade da época, anunciava um Reino de igualdade e
solidariedade, muito mais exigente do que, até então, se conhecia. Sua morte
decorreria de sua opção de ser solidário e servidor. Daí o Pai decidir
ressuscitá-lo.
Quem quisesse segui-lo, deveria considerar atentamente
este aspecto. Caso contrário, estaria nutrindo esperanças vãs.
Oração
Espírito do Messias solidário e servidor, não me deixes nutrir esperanças vãs
de um messianismo glorioso e mundano, que não corresponde à opção do Senhor
Jesus.
|
Nenhum comentário:
Postar um comentário