Liturgia da Segunda
Feira - 03.06.2013
Antífona da entrada: Muitas são as tribulações dos justos, mas Deus os
livrará de todas. Ele guarda todos os seus ossos, nem um só será partido (Sl
33,20s).
Leitura (Tobias 1,3;2,1-8)
Leitura do livro de Tobias.
1 3 Tudo aquilo, de que podia dispor, distribuía cada dia a
seus irmãos de raça, que partilhavam com ele sua sorte de cativo.
1 Algum tempo depois, num dia de festa religiosa, foi preparado um grande banquete na casa de Tobit. 2 Ele disse então ao seu filho: Vai buscar alguns homens piedosos de nossa tribo, para comerem conosco. 3 Ele saiu, mas logo voltou, anunciando ao pai que um dos filhos de Israel jazia degolado na praça. Tobit levantou-se imediatamente da mesa, sem nada haver comido, e foi aonde estava o cadáver. 4 Tomou-o e levou-o clandestinamente para a sua casa, a fim de sepultá-lo com cuidado depois do sol posto. 5 Tendo escondido o cadáver, começou a comer com pranto e tremor, 6 lembrando-se do oráculo que o Senhor tinha pronunciado pela boca do profeta Amós: Vossas festas mudar-se-ão em luto e lamentações (Am 8,10). 7 Quando o sol se pôs, ele foi e o sepultou. 8 Seus vizinhos criticavam-no unanimemente. Já uma vez ordenaram que te matassem, precisamente por isso, e mal escapaste dessa sentença de morte, recomeças a enterrar os cadáveres!
Salmo responsorial 111/112
Feliz aquele que respeita o Senhor!
Feliz o homem que respeita o Senhor
e que ama com carinho a sua lei! Sua descendência será forte sobre a terra, abençoada a geração dos homens retos!
Haverá glória e riqueza em sua casa,
e permanece para sempre o bem que fez. Ele é correto, generoso e compassivo, como luz brilha nas trevas para os justos.
Feliz o homem caridoso e prestativo,
que resolve seus negócios com justiça. Porque jamais vacilará o homem reto, sua lembrança permanece eternamente!
Aclamação do Evangelho
Aleluia, aleluia, aleluia.
Jesus Cristo, a fiel testemunha, primogênito dos mortos, nos amou e do pecado nos lavou, em seu sangue derramado (Ap 1,5). EVANGELHO (Marcos 12,1-12)
Naquele tempo, 12 1 E Jesus começou a falar-lhes em parábolas.
"Um homem plantou uma vinha, cercou-a com uma sebe, cavou nela um lagar,
edificou uma torre, arrendou-a a vinhateiros e ausentou-se daquela terra.
2 A seu tempo enviou aos vinhateiros um servo, para receber deles uma parte do produto da vinha. 3 Ora, eles prenderam-no, feriram-no e reenviaram-no de mãos vazias. 4 Enviou-lhes de novo outro servo; também este feriram na cabeça e o cobriram de afrontas. 5 O senhor enviou-lhes ainda um terceiro, mas o mataram. E enviou outros mais, dos quais feriram uns e mataram outros. 6 Restava-lhe ainda seu filho único, a quem muito amava. Enviou-o também por último a ir ter com eles, dizendo: 'Terão respeito a meu filho!' 7 Os vinhateiros, porém, disseram uns aos outros: 'Este é o herdeiro! Vinde, matemo-lo e será nossa a herança!' 8 Agarrando-o, mataram-no e lançaram-no fora da vinha. 9 Que fará, pois, o senhor da vinha? Virá e exterminará os vinhateiros e dará a vinha a outro. 10 Nunca lestes estas palavras da Escritura: 'A pedra que os construtores rejeitaram veio a tornar-se pedra angular. 11 Isto é obra do Senhor, e ela é admirável aos nossos olhos?'" 12 Procuravam prendê-lo, mas temiam o povo; porque tinham entendido que a respeito deles dissera esta parábola. E deixando-o, retiraram-se.
COMENTÁRIOS
DO EVANGELHO
1. O Dono da Vinha
Na história dos grandes romances, o pior que pode acontecer é
quando um grande e sincero amor não é correspondido, ou o Amado é traído pela
amada. Em nossos tempos a história real ou fictícia, dessa dor de amar sem
ser amado, acaba virando moda de viola no cancioneiro sertanejo, ou nos
compositores românticos remanescentes dos tempos em que se ouvia boas
músicas...
Há nos profetas algo ligado a esse tema "Meu amigo tinha
uma vinha....", onde alguém, muito chegado do amado traído, ou não
correspondido, como um compositor de música sertaneja, faz uma canção -
poesia, para contar da decepção de um amigo que amou alguém e deu tudo de si,
mas que não foi correspondido.
No evangelho de hoje Jesus, o Filho de Deus (o Amado não
correspondido) conta essa história da Vinha e pergunta aos seus
interlocutores, que fazem parte dos que rejeitam esse Amor de Deus, que
atitude deverá tomar esse Homem que fez o possível e o impossível para que a
sua "Vinha" frutificasse, e que de maneira surpreendente,
além de não dar os frutos desejados, ainda trataram com violência os servos
que ele enviou, para lhe trazer os frutos que eram seus, por direito.
Volto aos anos 70 quando não tínhamos e-mails, Orkut, MSN e
outros canais de comunicação imediata, quando gostávamos prá valer de uma
menina, e ela não acreditava na sinceridade do afeto, costumávamos mandar
recados através dos amigos mais chegados, até que um belo dia tínhamos que ir
pessoalmente se declarar...
O Filho do Dono da Vinha não veio para se vingar dos que
rejeitaram os servos e bateram neles,mas com certeza Deus pensou
"Chega de recados, eu mesmo vou lá declarar o meu amor por
eles"....Mas deu no que deu....Pegaram o Filho do Homem e planejaram
matá-lo para ficar com a Vinha. O que isso significa? Exatamente a criação de
um amor que é caricatura do Amor Único e Verdadeiro, os homens se apossaram
de algo que não lhes pertencia e o tomaram para si, criando um amor
falsificado e sem nenhum valor, não quiseram saber de uma relação autêntica e
sincera com Aquele que é o Amor, mas preferiram os amantes.....Entretanto,
Deus não desistiu do seu projeto e levou o seu Amor até as últimas
consequências e este venceu e superou o amor medíocre que os maus empregados
tinham transformado o que pertencia a Deus.
Em toda essa trama que envolve a mais bela, verdadeira e
sublime História de Amor, diante dessa parábola, é forçoso que nos
perguntemos: o amor que vivemos na comunidade, em nossas relações com as
pessoas, vem de onde? Daquele que é o Amor, ou dos empregados corruptos,
ladrões e assassinos. Falamos e testemunhamos o Amor Verdade, ou vivemos no
amor da mediocridade e da mentira....?
2. Vamos matá-lo, e a herança será nossa!
Estamos na segunda parte do evangelho segundo Marcos, em que
predominam os relatos pré-marcanos da paixão. A imagem de fundo da parábola é
Is 5,1-7, que recomendamos seja relido. Esta parábola, com modificações
importantes, está presente também nos outros dois sinóticos (Mt 21,33-46; Lc
20,9-19). O cerco sobre Jesus vai se fechando cada vez mais; a sua morte se
aproxima. Jesus parte para o ataque. Os destinatários da parábola são os
chefes do povo. O texto é a história da rejeição do dom de Deus desde tempos
remotos até Jesus, inclusive, que será morto fora dos muros de Jerusalém:
"Desde o dia em que vossos pais saíram da terra do Egito até hoje,
enviei-vos os meus servos, os profetas, cada dia os enviei, incansavelmente.
Mas não me escutaram, nem prestaram ouvidos, mas endureceram a sua cerviz e
foram piores que seus pais" (Jr 7,25-26).
Para a tradição bíblica, o povo, simbolizado pela vinha, é a
herança de Deus (Jr 50,11; Sl 79,1). A parábola permite-nos concluir que uma
das causas da morte de Jesus foi a cobiça: os chefes do povo, de meros
administradores, quiseram para si tudo o que era de Deus; quiseram se apossar
do que não lhes pertencia. A cobiça elimina quem quer que seja, até o
verdadeiro herdeiro; ela traz em si mesma um dinamismo de morte: "Este é
o herdeiro. Vamos matá-lo, e a herança será nossa!" (v. 7).
ORAÇÃO
Pai, porque és misericordioso, nunca te cansas de querer levar a mim e a toda a humanidade para junto de ti. Que eu perceba e acolha a manifestação deste teu imenso amor.
Possivelmente a similaridade fonética entre as palavras
hebraicas ben (filho) e eben (pedra) levou Jesus a recorrer à citação de um
salmo para ilustrar a sua situação. Ele, como Filho, sentia-se como uma pedra
rejeitada pelos construtores, que acabou se tornando pedra de sustentação de
um edifício. O destino dado pelos primeiros construtores foi superado por
quem faria a edificação definitiva.
Assim se passava com Jesus. As lideranças religiosas
rejeitavam-no, pois não aderiam à sua pregação e nem reconheciam o testemunho
de suas obras. Tinham-no na conta de uma pessoa perigosa que devia ser
evitada. Não sabiam como encaixá-lo em seus esquemas, por ser demasiadamente
desconforme com tudo quanto eles ensinavam.
Todavia, o curso da história de Jesus não estava nas mãos dessas lideranças. Apenas ao Pai competia determinar tudo o que se referia a seu Filho. Não seriam elas que haveriam de frustrar os planos divinos.
A pedra rejeitada estava destinada a ocupar um lugar
fundamental na história de Israel. Garantiria salvação e segurança para o
povo, e seria penhor de bênçãos para ele. Por meio dela, o Pai realizaria
maravilhas e prodígios, exatamente como proclamava o salmo, em relação ao
antigo Israel.
Coube ao Pai desdizer o veredicto dos líderes religiosos a
respeito de Jesus.
Oração
Espírito de sintonia com o Pai, faze-me compreender o seu desígnio a respeito do Filho Jesus, enviado como penhor de salvação para toda a humanidade. |
Liturgia
da Terça-Feira
IX
SEMANA DO TEMPO COMUM
(VERDE – OFÍCIO DO DIA)
Antífona da entrada: Olhai para mim, Senhor, e tende piedade, pois vivo
sozinho e infeliz. Vede minha miséria e minha dor e perdoai todos os meus
pecados! (Sl 24,16.18)
Leitura (Tobias 2,9-14)
Leitura do livro de Tobias.
2 9 Mas Tobit temia mais a Deus que ao rei, e continuava a
levar para a sua casa os corpos daqueles que eram assassinados, onde os
escondia e os inumava durante a noite.
10 Ora, aconteceu que um dia, cansado desse trabalho, voltou para a sua casa e deitou-se junto à parede onde adormeceu. 11 Enquanto dormia, caiu-lhe de um ninho de andorinhas esterco quente nos olhos, e ele tornou-se cego. 12 Deus permitiu que lhe acontecesse essa prova, para que a sua paciência, como a do santo homem Jó, servisse de exemplo à posteridade. 13 Como havia sempre temido a Deus, desde a sua infância, e guardado seus mandamentos, ele não se afligiu (nem murmurou) contra Deus por ter sido atingido pela cegueira. 14 Mas perseverou firme no temor de Deus, e continuou a dar-lhe graças em todos os dias de sua vida.
Salmo responsorial 111/112
O coração do justo é firme e confiante no Senhor.
Feliz o homem que respeita o Senhor
e que ama com carinho a sua lei! Sua descendência será forte sobre a terra, abençoada a geração dos homens retos!
Ele não teme receber notícias más:
confiando em Deus, seu coração está seguro. Seu coração está tranqüilo e nada teme, e confusos há de ver seus inimigos.
Ele reparte com os pobres os seus bens,
permanece para sempre o bem que fez, e crescerão a sua glória e seu poder.
Aclamação do Evangelho
Aleluia, aleluia, aleluia.
Que o Pai do Senhor Jesus Cristo nos dê do saber o Espírito, para que conheçais a esperança reservada para vós como herança! (Ef 1,17s) EVANGELHO (Marcos 12,13-17)
Naquele tempo, 12 13 enviaram a Jesus alguns fariseus e
herodianos, para que o apanhassem em alguma palavra.
COMENTÁRIOS DO
EVANGELHO14 Aproximaram-se dele e disseram-lhe: "Mestre, sabemos que és sincero e que não lisonjeias a ninguém; porque não olhas para as aparências dos homens, mas ensinas o caminho de Deus segundo a verdade. É permitido que se pague o imposto a César ou não? Devemos ou não pagá-lo?" 15 Conhecendo-lhes a hipocrisia, respondeu-lhes Jesus: "Por que me quereis armar um laço? Mostrai-me um denário". 16 Apresentaram-lho. E ele perguntou-lhes: "De quem é esta imagem e a inscrição?" "De César", responderam-lhe. 17 Jesus então lhes replicou. "Dai, pois, a César o que é de César e a Deus o que é de Deus". E admiravam-se dele.
1. Cesar ou Deus? A inteligência na resposta...
Nem tínhamos acabado de ler esse evangelho, e a minha equipe
de debatedores da comunidade já estava debatendo.
___Pagar imposto não têm nada a ver com religião! - exclamou o
Miltão, que não gosta de falar em política na igreja. Afonso, uma pessoa nova
na comunidade replicou:
___Olha Sêo Milton, tem sim! Um bom cristão cumpre bem os seus deveres de cidadão. ___Em nosso país a Lei tributária é uma roubalheira, por mim não pagaria imposto nenhum.....- comentou Jorge, que é sempre contra qualquer governo. __Calma meus irmãos... Vamos ver o que há por trás desse texto. --- disse, chamando a atenção do grupo. ___Bom, prá mim está bem claro, esses caras, que eram “Pelêgos” do partido dos Fariseus, e do poderoso Herodes, foram buscar lã e saíram tosquiados. Jesus acabou com eles! - disse Jorge, que via em Jesus um Líder inigualável, que poderia encabeçar uma revolução contra os Romanos e até contra o poder religioso da época. ___Gente, espere um pouco... A pergunta era uma armadilha para tentar pegar Jesus, para qualquer um dos lados que ele pendesse, Cesar ou Deus, seria condenado por seus opositores. --- disse Vera, catequista que chegou atrasada no debate, mas que mandou bem, em sua primeira intervenção. ___Bom, se é assim, uma contenda entre eles e Jesus, o que esse evangelho tem a ver com a nossa realidade? Por que Lucas o escreveu? - indaguei do grupo todo. ___A imagem de Cesar cunhada na moeda, mostrava que o cara era poderoso e todas as pessoas deviam se submeter a ele, parece até que o imperador era um deus, se não me engano. --- comentou Miltão. Jesus não entra nessa questão, apenas aproveita a imagem da moeda para lembrar que o Reino de Deus supera e de longe, qualquer estrutura política-econômica desse mundo, e que no homem há também uma imagem, não de um imperador que quer ser deus, mas de um Deus que se fez homem. Dar a Deus o que é de Deus, significa ter esse reconhecimento, manifestando gratidão ao Deus da Vida, que nada nos impõe, mas propõe um jeito novo de se viver a Vida, colocando o Reino que Jesus inaugurou, com um valor absoluto, e sabendo que as estruturas imperiais são transitórias e relativas. De fato, podemos perguntar “Onde está o poderoso Cesar e o Império Romano que fazia tremer os povos vizinhos?”.
2. O ser humano é portador da imagem de Deus e de sua Lei
Os adversários de Jesus sentem-se irritados pela parábola dos
vinhateiros homicidas, pois reconhecem nela a sua própria maldade revelada
(12,1-12). O desejo dos chefes do povo é prender Jesus (cf. 12,12).
Insistentemente procuram armar uma armadilha para terem uma razão para
prendê-lo e matá-lo (vv. 13.15; cf. 3,6). O que os fariseus e os herodianos
que vão ter com Jesus dizem dele é verdade (vv. 13.14), mas eles não
acreditam no que dizem, pois são hipócritas (v. 15), fazem encenação, usam
máscaras. À questão posta pela delegação, que tinha cunho político (v. 14),
Jesus responde com uma pergunta, esquema próprio dos diálogos didáticos:
"De quem é esta figura?" Deus não está em concorrência com as
coisas deste mundo: "Devolvei, pois, a César o que é de César..."
(v. 17).
Nossa perícope fala de imagem e inscrição (v. 16). Para a
Bíblia o ser humano é imagem de Deus (cf. Gn 1,26-27); a inscrição pode se
referir à Lei inscrita no coração (Jr 31,33; Pr 7,3). Nesse sentido, o que é
de Deus (v. 17) é o ser humano, portador da imagem de Deus e de sua Lei.
ORAÇÃO
Pai, tudo quanto existe no universo te pertence. Ensina-me a subordinar tudo ao teu querer e a considerar-te a medida de tudo.
3. QUE É DE DEUS?
Jesus não caiu na armadilha armada por seus adversários para
fazê-lo declarar sua posição diante dos romanos, opressores do povo. Os
fariseus era contrários à dominação estrangeira, enquanto os herodianos eram
a favor. Portanto, qualquer posição de Jesus haveria de fazê-lo cair nas
malhas de seus acusadores.
Engana-se quem toma a afirmação enigmática de Jesus como se
colocasse Deus e César em pé de igualdade. Dar a César o pertencente a César
significa não ter nada demais satisfazer suas exigências de pagamento de
tributo. Isso pode mesmo ser uma exigência passável. Dar a Deus o que a Deus
pertence significa existirem coisas que só Deus pode exigir como é, por
exemplo, o caso a adoração. Enquanto César exigia o tributo, não havia mal
A resposta de Jesus coloca as coisas nos seus devidos lugares.
É idolatria igualar Deus e César, o Criador e as criaturas. Seus âmbitos de
reconhecimento têm limites bem distintos. Enquanto o âmbito da criatura é bem
restrito e não pode ser ultrapassado, o Criador tem tudo sob seu domínio.
Jesus serve só a Deus e a mais ninguém. Ele não se submete aos tiranos.
Oração
Senhor Jesus, que eu não confunda as criaturas com o Criador e só a Deus tribute a honra e o louvor devidos. |
Liturgia
da Quarta-Feira
Antífona da entrada: Este santo lutou até a morte pela lei de seu Deus e
não temeu as ameaças dos ímpios, pois se apoiava numa rocha inabalável.
Leitura (Tobias 3,1-11.16-17)
Leitura do livro de Tobias.
3 1 Tobit, então, suspirando em meio de suas lágrimas, pôs-se
a orar:
2 Vós sois justo, Senhor! Vossos juízos são cheios de eqüidade, e vossa conduta é toda misericórdia, verdade e justiça. 3 Lembrai-vos, pois, de mim, Senhor! Não me castigueis por meus pecados e não guardeis a memória de minhas ofensas, nem das de meus antepassados. 4 Se fomos entregues à pilhagem, ao cativeiro e à morte, e se nos temos tornado objeto de mofa e de riso para os pagãos entre os quais nos dispersastes, é porque não obedecemos às vossas leis. 5 Agora os vossos castigos são grandes, porque não procedemos segundo os vossos preceitos e não temos sido leais para convosco. 6 Tratai-me, pois, ó Senhor, como vos aprouver; mas recebei a minha alma em paz, porque me é melhor morrer que viver. 7 Aconteceu que, precisamente naquele dia, Sara, filha de Raguel, em Ecbátana na Média, teve também de suportar os ultrajes de uma serva de seu pai. 8 Ela tinha sido dada sucessivamente a sete maridos. Mas logo que eles se aproximavam dela, um demônio chamado Asmodeu os matava. 9 Tendo Sara repreendido a jovem criada por alguma falta, esta respondeu-lhe: Não vejamos jamais filho nem filha nascidos de ti sobre a terra! Foste tu que assassinaste os teus maridos. 10 Queres porventura matar-me, como mataste todos os sete? Ouvindo isso, Sara subiu ao seu quarto e aí ficou três dias completos, sem comer nem beber. 11 E, orando com fervor, ela suplicava a Deus, chorando, que a livrasse dessa humilhação. 16 Vós sabeis que eu nunca desejei homem algum, e que guardei minha alma pura de todo o mau desejo. 17 Nunca freqüentei lugares de prazer nem tive comércio com pessoas levianas.
Salmo responsorial 24/25
A vós, Senhor, eu elevo a minha alma.
Senhor meu Deus, a vós elevo a minha alma,
em vós confio: que eu não seja envergonhado nem triunfem sobre mim os inimigos! Não se envergonha quem em vós põe a esperança, mas, sim, quem nega por um nada a sua fé.
Mostrai-me, ó Senhor, vossos caminhos,
fazei-me conhecer a vossa estrada! Vossa verdade me oriente e me conduza, porque sois o Deus da minha salvação; em vós espero, ó Senhor, todos os dias!
Recordai, Senhor meu Deus, vossa ternura
e a vossa compaixão, que são eternas! De mim lembrai-vos, porque sois misericórdia e sois bondade sem limites, ó Senhor!
O Senhor é piedade e retidão
e reconduz ao bom caminho os pecadores. Ele dirige os humildes na justiça e aos pobres ele ensina o seu caminho.
Aclamação do Evangelho
Aleluia, aleluia, aleluia.
Eu sou a ressurreição, eu sou a vida, quem crê em mim, ainda que morra, viverá (Jo 11,25s). Evangelho (Marcos 12,18-27)
12 18 Ora, vieram ter com Jesus os saduceus, que afirmam não
haver ressurreição, e perguntaram-lhe:
COMENTÁRIOS DO
EVANGELHO19 "Mestre, Moisés prescreveu-nos: Se morrer o irmão de alguém, e deixar mulher sem filhos, seu irmão despose a viúva e suscite posteridade a seu irmão. 20 Ora, havia sete irmãos; o primeiro casou e morreu sem deixar descendência. 21 Então o segundo desposou a viúva, e morreu sem deixar posteridade. Do mesmo modo o terceiro. 22 E assim tomaram-na os sete, e não deixaram filhos. Por último, morreu também a mulher. 23 Na ressurreição, a quem destes pertencerá a mulher? Pois os sete a tiveram por mulher". 24 Jesus respondeu-lhes: "Errais, não compreendendo as Escrituras nem o poder de Deus. 25 Na ressurreição dos mortos, os homens não tomarão mulheres, nem as mulheres, maridos, mas serão como os anjos nos céus. 26 Mas quanto à ressurreição dos mortos, não lestes no livro de Moisés como Deus lhe falou da sarça, dizendo: 'Eu sou o Deus de Abraão, o Deus de Isaac e o Deus de Jacó'?" 27 Ele não é Deus de mortos, senão de vivos. Portanto, estais muito errados.
1. Realidades diferentes...
Tenho um amigo que o pai morreu de Alzheimer e cuja
preocupação é que no dia em que ele também morrer e for encontrar-se com o
pai na Vida Eterna, este não o reconheça. Outro colega de serviço quis saber,
em certa ocasião que falávamos sobre o assunto, se ele na Vida Eterna irá se
reencontrar com o cachorrinho de estimação que perdeu vítima de uma doença.
Um outro disse em tom de brincadeira que não quer se encontrar
com a sua sogra na Eternidade, e se registrarmos todas as conversas e
opiniões sobre o assunto, facilmente percebemos que a maioria confunde
ressurreição com ressuscitação, que são coisas bem distintas. Queremos todos
chegar na Vida Eterna e dar continuidade a tudo que somos e fizemos nesta
vida, com as mesmas emoções e sentimentos, com o mesmo modo de se relacionar
com as pessoas.
Os Saduceus, um grupo que não acreditava na ressurreição,
resolveu contar uma piadinha para Jesus, sim, uma historinha dessa só pode
ser uma piada, é o caso de uma super mulher, que teve sete maridos e todos
“bateram a cacholeta”, e por fim um belo dia a viúva por sete vezes também
morreu, essa realmente descansou... Só que na cabeça dos Saduceus espirituosos,
a história continuou, agora a coitada chega no Céu e dá de cara com os sete
que a esperavam, e no final veio a perguntinha descabida : “De quem ela terá
que ser esposa?” Pronto! Está feito a “misturança”, uma realidade terrestre
com uma realidade ultra-terrestre, alguém aí já imaginou se fosse assim,
levar conosco para a Vida Eterna os problemas mal resolvidos ou a resolver
aqui nesta terra, para dar continuidade a historia? Podem ter a certeza de
que não valeria a pena ressuscitar. Um pouco pior é o pensamento
reencarnacionista onde a gente sobe e desce, vai e volta, até terminar o
processo de purificação total, pagando todas as nossas faltas.
Ressurreição não é nada disso! Como é que podemos afirmar
isso? Na ressurreição de Jesus e nas suas aparições na comunidade. É um
processo de continuidade, Jesus é o mesmo, nós seremos os mesmos, a pessoa
que construímos com nossas ações boas ou más, porém, de um outro jeito, Jesus
Ressuscitado é o Jesus crucificado, mas de um outro jeito, o mesmo irá
acontecer com todos nós, seremos os mesmos, mas de um outro jeito.
Por não termos a união hipostática das duas naturezas como
Jesus, só seremos revelados o que de fato somos, após a consumação dos
séculos, quando a história chegar ao seu final e o Reino atingir a sua plenitude,
sempre lembrando que a nossa Vida se dá no tempo e espaço, enquanto que Deus
é Eterno, não tem passado nem futuro, e portanto a nossa morte biológica nos
permite mergulharmos no infinito de Deus. Não estaremos mais sujeitos ao
tempo ou ao espaço, não teremos mais nenhuma necessidade de qualquer ordem,
seja ela corporal, afetiva ou espiritual, por isso as relações de afetividade
não terão mais razão de ser. Em Deus estaremos completos e perfeitos. O Amor
que nos ama nos transformará, e nós também seremos Amor, e viveremos
eternamente nesse Amor.
2. Deus é surpreendente
Agora, é a vez dos saduceus. Eles não são propriamente um
grupo religioso, mas uma espécie de aristocracia ligada ao Templo de
Jerusalém. A questão é sobre a ressurreição que eles não acreditam, ao
contrário dos fariseus. Apresentam um caso absurdo com o intuito de
ridicularizar a fé na ressurreição. Para isso, recorrem à lei do levirato
(ver: Dt 25,5-6).
Na resposta Jesus revela a ignorância deles: interpretam mal a
Escritura e desconhecem o poder de Deus, supondo que a morte anulasse o poder
de Deus. Os saduceus, buscando ridicularizar a crença na ressurreição, a
apresentam como pura continuidade da vida terrestre. Engano! Deus é
surpreendente. É preciso abrir-se à novidade de Deus e nele esperar. Pensaram
poder falar da ressurreição prescindindo de Deus. Ora, sem a relação ao Deus
dos vivos, a própria Escritura é letra morta.
ORAÇÃO
Pai, tu és o Senhor da vida e me conduzes para a vida eterna junto de ti. Aumenta a minha fé de que não estou destinado à morte, e sim à comunhão contigo.
3. O DEUS DOS VIVOS
A ressurreição dos mortos era uma doutrina rejeitada pelos
saduceus e aceita pelos fariseus. A pergunta dos saduceus visa, em vão, fazer
Jesus optar por uma destas facções.
O exemplo contado pelos saduceus peca gravemente por
interpretar, de maneira indevida, a ressurreição dos mortos com categorias
terrenas. O esquema da história dos sete casamentos sucessivos da mulher com
sete diferentes homens vale para a existência terrena. Com a ressurreição se
passa de modo diverso. Aí não se pode falar de casar e dar-se em casamento,
pois a condição do ser humano após a morte o faz semelhante aos anjos no céu,
ou seja, não subordinado às categorias de espaço e tempo e não sujeitos às
carências próprias da existência terrena. Não vale falar em relação
matrimonial em se tratando da ressurreição.
A resposta de Jesus redunda em denúncia da concepção de
ressurreição tanto dos fariseus quanto dos saduceus. Eles, sem dúvida, viviam
em constante litígio por causa de problemáticas inconvenientes em torno das
quais giravam suas reflexões. Jesus propõe a ambos refazerem seu modo de
pensar e não atrelarem as coisas de Deus a seus próprios esquemas. A
perspectiva aberta parte do pressuposto de ser seu Deus o Deus de vivos e não
de mortos. Junto dele, as categorias terrenas perdem seu valor. Quem quiser
pensar a ressurreição deve partir da indicação dada por Jesus, senão se
enredará em falsos problemas.
Oração
Senhor Jesus, ajuda-me a pensar corretamente o mistério da ressurreição sem projetar nele minhas categorias humanas. |
Liturgia
da Quinta-Feira
IX
SEMANA DO TEMPO COMUM *
(VERDE – OFÍCIO DO DIA)
Antífona da entrada: Olhai para mim, Senhor, e tende piedade, pois vivo
sozinho e infeliz. Vede minha miséria e minha dor e perdoai todos os meus
pecados! (Sl 24,16.18)
Leitura (Tobias 6,10-11;7,1.9-17;8,4-9)
Leitura do livro de Tobias.
6 10
11 "Há aqui", respondeu o anjo, "um homem de tua tribo e de tua família, chamado Raguel, que tem uma filha chamada Sara; além dela não tem mais filha". 7 1 Chegaram, pois à casa de Raguel, que os recebeu cordialmente. 9 Depois que conversaram, Raguel mandou matar um carneiro para preparar um jantar. E quando lhes rogava que tomassem lugar à mesa, 10 Tobias disse-lhe: "Não comerei nem beberei aqui hoje, antes que me tenhas prometido conceder o que te vou pedir: dá-me Sara, tua filha, (por mulher). 11 Estas palavras encheram Raguel de espanto, pensando no que tinha acontecido aos sete maridos que se tinham aproximado dela, e começou a temer que tal desgraça se repetisse mais uma vez. E como ele hesitasse em dar uma resposta a Tobias, 12 o anjo disse-lhe: "Não temas dar-lhe tua filha, porque é deste piedoso servo de Deus que ela deve ser mulher. Por isso nenhum outro pôde tê-la". 13 Então Raguel disse: "Não tenho mais dúvidas de que Deus admitiu em sua presença minhas lágrimas. 14 Estou persuadido de que ele vos fez vir à minha casa unicamente para que minha filha desposasse um seu parente, segundo a lei de Moisés. Não temas: eu ta hei de dar". 15 E, tomando a mão direita de sua filha, pô-la na de Tobias, dizendo: "Que o Deus de Abraão, o Deus de lsaac, o Deus de Jacó esteja convosco; que ele vos una e derrame sobre vós a sua bênção". 16 Tomou em seguida o papel, e redigiram o ato do matrimônio. 17 E celebraram alegremente uma festa, agradecendo a Deus. 8 4 Então Tobias encorajou a jovem com estas palavras: "Levanta-te, Sara, e roguemos a Deus, hoje, amanhã e depois de amanhã. Estaremos unidos a Deus durante essas três noites. Depois da terceira noite consumaremos nossa união; 5 porque somos filhos dos santos (patriarcas), e não nos devemos casar como os pagãos que não conhecem a Deus". 6 Levantaram-se, pois, ambos, e oraram juntos fervorosamente para que lhes fosse conservada a vida. 7 Tobias disse: "Senhor Deus de nossos pais, bendigam-vos os céus, a terra, o mar, as fontes e os rios, com todas as criaturas que neles existem. 8 Vós fizestes Adão do limo da terra, e destes-lhe Eva por companheira. 9 Ora, vós sabeis, ó Senhor, que não é para satisfazer a minha paixão que recebo a minha prima como esposa, mas unicamente com o desejo de suscitar uma posteridade, pela qual o vosso nome seja eternamente bendito".
Salmo responsorial 127/128
Felizes todos que respeitam o Senhor!
Feliz é tu se temes o Senhor
e trilhas seus caminhos! Do trabalho de tuas mãos hás de viver, serás feliz, tudo irá bem!
A tua esposa é uma videira bem fecunda
no coração da tua casa; os teus filhos são rebentos de oliveira ao redor de tua mesa.
Será assim abençoado todo homem
que teme o Senhor. O Senhor te abençoe de Sião cada dia de tua vida.
Aclamação do Evangelho
Aleluia, aleluia, aleluia.
Jesus Cristo salvador destruiu o mal e a morte; fez brilhar pelo evangelho a luz e a vida imperecíveis (2Tm 1,10). EVANGELHO (Marcos 12,28-34)
Naquele tempo, 12 28 achegou-se a Jesus um dos escribas que os
ouvira discutir e, vendo que lhes respondera bem, indagou dele: "Qual é
o primeiro de todos os mandamentos?"
29 Jesus respondeu-lhe: "O primeiro de todos os mandamentos é este: Ouve, Israel, o Senhor nosso Deus é o único Senhor; 30 amarás ao Senhor teu Deus de todo o teu coração, de toda a tua alma, de todo o teu espírito e de todas as tuas forças". 31 Eis aqui o segundo: "Amarás o teu próximo como a ti mesmo. Outro mandamento maior do que estes não existe". 32 Disse-lhe o escriba: "Perfeitamente, Mestre, disseste bem que Deus é um só e que não há outro além dele. 33 E amá-lo de todo o coração, de todo o pensamento, de toda a alma e de todas as forças, e amar o próximo como a si mesmo, excede a todos os holocaustos e sacrifícios". 34 Vendo Jesus que ele falara sabiamente, disse-lhe: "Não estás longe do Reino de Deus. E já ninguém ousava fazer-lhe perguntas".
COMENTÁRIOS
DO EVANGELHO
1. Você concorda com Ele?
Muitas vezes nos evangelhos, algumas pessoas importantes que
se aproximam de Jesus para o interrogá-lo, entre elas Escribas e Doutores da
Lei, já o rejeitaram e só estão a procura de um argumento para denunciá-lo ao
Conselho visando a sua condenação e morte.
Mas no evangelho de hoje esse Escriba procurou Jesus com
sinceridade para lhe perguntar qual era o Mandamento mais importante de toda
a Lei de Moisés.
Jesus mostra com absoluta clareza aquilo que está no centro da
Lei “O amor sem medidas para com Deus, em primeiro lugar, e o amor ao
próximo” que é tão importante quanto o primeiro, e que , no dizer de Jesus,
não há nenhum outro que supere esses dois.
É fácil percebermos quando a pessoa que se aproxima de Jesus
para conhecê-lo e experimentá-lo, está a procura de algo novo. Basta ver o
entusiasmo na concordância com a Palavra “Perfeitamente Mestre, dissestes
bem...”. E o Escriba repetiu exatamente, palavra por palavra, o ensinamento
que Jesus acabara de fazer, respondendo a sua pergunta e ainda fez uma bela
interpretação “Esse amor a Deus e ao próximo supera todos os holocaustos e
sacrifícios”. O Escriba captou que algo bem maior e mais profundo do que as
Verdades do Judaísmo estava ali diante dele, trazido por Jesus, o grande
Mestre.
Vivemos em uma sociedade que até conhece e crê em Jesus, mas
que dificilmente concorda com a sua Palavra e o seu ensinamento, centralizado
na preservação da Vida e da Dignidade humana,
Jesus ao final da conversa encheu o coração daquele Escriba de
alegria e esperança quando lhe disse “Na verdade não estás longe do Reino de
Deus”. Certamente não dirá o mesmo do Homem ateu da pós-modernidade, perdido
na sua arrogância, prepotência e Egocentrismo, sempre pensando que o Homem é
o Centro do Mundo. Quanta ilusão...
Dessa vez, um escriba, um intérprete da Lei, entra em cena
para perguntar acerca do primeiro entre todos os mandamentos. Ele estava
presente à discussão de Jesus com os saduceus. O tom, aqui, não é de
controvérsia, pois ele viu que Jesus respondera muito bem à objeção dos
saduceus. Há um mútuo apreço entre Jesus e ele. No tempo de Jesus, a Torá
oral circulava como norma e reivindicava o status de inspirada, como a Torá
escrita. A exigência de cumprir de modo irrepreensível os 613 preceitos
poderia levar a não mais se saber qual mandamento é o fundamento da Lei, ou
qual mandamento tem precedência em relação a todos os outros. A resposta de
Jesus faz com que o reconhecimento da unicidade de Deus preceda tudo (v. 29;
cf. Dt 6,4-5).
O fundamento de toda a Lei é o amor a Deus e ao próximo (ver:
Lv 19,18). A resposta de Jesus é apreciada e repetida pelo escriba anônimo. A
razão e a plenitude da Lei de Deus é o amor. No amor a Lei é levada à sua
plenitude.
ORAÇÃO
Senhor Jesus, que o Reino aconteça sempre mais em minha vida, pela vivência radical do amor a Deus e ao próximo.
3. AS EXIGÊNCIAS DE DEUS
A religião tem suas exigências. É preciso, porém, ter bom
senso para não atribuir a Deus exigências humanas muitas vezes sem
relevância. Assim como existem pessoas cuja tendência é minimizar as
exigências religiosas, existem outras que tendem para o exagero. Ambas as
posturas são incorretas, e não colaboram para um experiência religiosa sadia.
No tempo de Jesus, havia uma ala do judaísmo tendente ao
exagero, a ponto de reduzir a fé a um complexo de leis e mandamentos, de
difícil execução. Será que Deus quer transformar nossa vida num infindável
pode/não pode, deve/não deve, é permitido/é proibido? Uma religião assim
vivida torna-se empobrecedora, porque torna o indivíduo escravo da Lei, sem
tempo para relacionar-se com Deus de maneira prazerosa e alegre.
A fé pregada por Jesus apoia-se em dois pilares: o amor a Deus
e o amor ao próximo. Isto é o essencial. Tudo o mais é complemento, e pode
ser relativizado. Quem ama a Deus, recusa toda forma de idolatria, não
aceitando ser subjugado por nenhum outro Absoluto fora dele. Quem ama o
próximo, põe freios ao seu egoísmo, de modo a jamais desejar-lhe o mal, ou a
fazer algo que possa prejudicá-lo.
Portanto, a única exigência da religião de Jesus é que a pessoa não coloque a si mesma como centro, e sim, Deus e o amor ao próximo.
Oração
Espírito de equilíbrio, que eu encontre, no amor a Deus e ao próximo, o eixo de minha prática religiosa, sem desviar-me para o exagero nem para a lassidão. |
Liturgia
da Sexta-Feira
SAGRADO
CORAÇÃO DE JESUS
|
Liturgia
do Sábado
IMACULADO
CORAÇÃO DE MARIA
(BRANCO, PREFÁCIO DE MARIA – OFÍCIO DA MEMÓRIA)
Antífona da entrada: Meu coração exulta porque me salvais. Cantarei ao
Senhor pelo bem que me fez (Sl 12,6).
Leitura (Isaías 61,9-11)
Leitura do livro do profeta Isaías.
6 9 Sua raça tornar-se-á célebre entre as nações, e sua
descendência entre os povos: todos, vendo-os, reconhecerão que são a
abençoada raça do Senhor.
10 Com grande alegria eu me rejubilarei no Senhor e meu coração exultará de alegria 11 Porque, quão certo o sol faz germinar seus grãos e um jardim faz brotar suas sementes, o Senhor Deus fará germinar a justiça e a glória diante de todas as nações.
Salmo responsorial 1Sm 2
Meu coração se regozija no Senhor.
Exulta no Senhor meu coração
e se eleva a minha fronte no meu Deus; minha boca desafia os meus rivais porque me alegro com a vossa salvação.
O arco dos fortes foi dobrado, foi quebrado,
mas os fracos se vestiram de vigor. Os saciados se empregaram por um pão, mas os pobres e os famintos se fartaram. Muitas vezes deu à luz a que era estéril, mas a mãe de muitos filhos definhou.
É o Senhor quem dá a morte e dá a vida,
faz descer à sepultura e faz voltar; é o Senhor quem faz o pobre e faz o rico, é o Senhor quem nos humilha e nos exalta.
O Senhor ergue do pó o homem fraco,
do lixo ele retira o indigente, para fazê-los assentar-se com os nobres num lugar de muita honra e distinção.
Aclamação do Evangelho
Aleluia, aleluia, aleluia.
Bendita é a virgem Maria, que guardava a palavra de Deus, meditando-a no seu coração (Lc 2,19). Evangelho (Lucas 2,41-51)
2 41 Os pais de Jesus iam todos os anos a Jerusalém para a
festa da Páscoa.
COMENTÁRIOS DO
EVANGELHO42 Tendo ele atingido doze anos, subiram a Jerusalém, segundo o costume da festa. 43 Acabados os dias da festa, quando voltavam, ficou o menino Jesus em Jerusalém, sem que os seus pais o percebessem. 44 Pensando que ele estivesse com os seus companheiros de comitiva, andaram caminho de um dia e o buscaram entre os parentes e conhecidos. 45 Mas não o encontrando, voltaram a Jerusalém, à procura dele. 46 Três dias depois o acharam no templo, sentado no meio dos doutores, ouvindo-os e interrogando-os. 47 Todos os que o ouviam estavam maravilhados da sabedoria de suas respostas. 48 Quando eles o viram, ficaram admirados. E sua mãe disse-lhe: "Meu filho, que nos fizeste?! Eis que teu pai e eu andávamos à tua procura, cheios de aflição". 49 Respondeu-lhes ele: "Por que me procuráveis? Não sabíeis que devo ocupar-me das coisas de meu Pai?" 50 Eles, porém, não compreenderam o que ele lhes dissera. 51 Em seguida, desceu com eles a Nazaré e lhes era submisso. Sua mãe guardava todas estas coisas no seu coração.
1. Simplicidade e Humildade...
Em nossas comunidades ocorre uma situação não muito diferente
desse quadro que se apresenta aos olhos de Jesus, narrado por São Marcos,
onde os afortunados desfilavam de maneira ostentosa na hora de levar a sua
oferta para o lugar a elas destinado. Sem discutir aqui a questão do valor do
dízimo que ofertamos, vamos conduzir a mesma reflexão em uma outra direção:
vamos como Jesus observar com atenção a comunidade, há nela uma verdadeira
passarela onde ostentamos nossos carismas e talentos naturais, gostamos muito
de rasgação de seda, e chuva de confetes sobre nós, e assim nossos egos são
constantemente alisados e nos sentimos sempre lisonjeados pelo que fazemos, e
do modo como fazemos. É a mesma situação que Jesus presencia no templo, onde
muitos ricos depositavam grandes quantias.
De repente, no meio de tantos talentos grandiosos de causar
admiração, surge aquela viúva que devia ser idosa, não entrou na fila da
oferta de cabeça baixa, constrangida pelas suas duas pequeninas moedinhas que
carregava para ofertar, mas com consciência de quem sabe que está dando tudo
de si, colocou na cesta de coleta e voltou ao seu lugar na assembleia. Jesus
não olhou o valor, mas o modo como estava sendo ofertado.
Certamente os que ofertavam grandes quantias eram os “Mandões”
da comunidade, suas ofertas eram como se fossem quotas de participação no
empreendimento, exigiam prestação de contas e não admitiam que se tomassem
decisões sem consultá-los previamente.
Mas e a nossa viúva, quem era ela na comunidade? Era alguém
considerada? Ouviam sempre sua opinião? Davam-lhe sempre atenção necessária?
Chamavam-na para participar da reunião do Conselho? Estamos acostumados a
pensar que pessoas simplesinhas dessa maneira, só atrapalham porque nunca têm
uma opinião formada e, coitadinhas, às vezes nem sabem falar o que pensam...
Recentemente o nosso Arcebispo foi laureado
E nesse momento a mesa das autoridades e toda a assembleia
aplaudiu com entusiasmo aquela mulher tão simples, que se sentiu valorizada e
que, quem sabe, jamais poria os pés
Há em nossas comunidades irmãos e irmãs que aparentemente dão
pouco, mas pelo modo como dão, superam aos talentosos e importantes, porque
se dão com toda humildade e alegria, oferecendo o melhor de si naquilo que
fazem...
2. Por que me procuráveis? Não sabíeis que devo estar na casa
de meu Pai?
O relato de Jesus no Templo, aos doze anos, idade
Maria e José não compreenderam o que ele lhes dissera, e sua
mãe "guardava todas estas coisas no coração". Maria, como também
José, terá que fazer a mesma peregrinação pela qual se chega à compreensão do
mistério da encarnação e do nascimento de Jesus. Será preciso acompanhar o
desenvolvimento do filho, passar a vida com ele, sofrer com ele a paixão,
experimentar a ruptura da morte, para que no advento da Luz da ressurreição
ela possa compreender o mistério daquele que ela gerou.
ORAÇÃO
Espírito que orienta nossa vida para Deus, ajuda-me a crescer, cada dia, em sabedoria e graça, buscando, como Jesus, adequar minha vida ao querer do Pai.
3. MARIA, CHEIA DE GRAÇA
A Igreja, refletindo sobre a mãe de Jesus, foi entendendo,
pouco a pouco, toda a verdade desta figura singular. Neste processo, a Igreja
chegou a professar que o pecado original, tendo marcado para sempre a
história da humanidade, mas não lançou raízes no ser de Maria. Vivendo num
mundo de egoísmo, ela não foi contaminada pelo pecado.
Esta graça e privilégio, conferidos por Deus à mãe do
Salvador, aconteceram por causa de Jesus Cristo. Deus preparou para receber
seu Filho, que seria imune da culpa original, um ventre não corrompido pelo
pecado. Maria, de certo modo, experimentou, por antecipação, o fruto da ação
de seu filho Jesus, que viria ao mundo para salvar a humanidade do pecado. A
mãe foi a primeira a tirar partido da missão do Filho. A santidade do Filho
Jesus santificou todo o ser da mãe Maria, desde que fora concebida.
A proclamação do anjo "Ave, cheia de graça, o Senhor está
contigo" fundamenta a total santidade de Maria. Sendo cheia de graça,
nela não podia haver espaço para o pecado e para a infidelidade a Deus. E sua
existência, desde o início, só podia ser total comunhão com Deus. Por outro
lado, toda a vida de Maria foi marcada pela pessoa de Jesus, a quem estaria
ligada desde o momento do anúncio da encarnação. A concepção imaculada é,
pois, mais uma maravilha da graça de Deus na vida de Maria.
Oração
Senhor Jesus, que a contemplação da concepção imaculada de tua mãe desperte em mim o desejo de romper, definitivamente, com o pecado que maculou a humanidade. |
Liturgia
do Domingo 09.06.2013
10º Domingo do Tempo Comum — ANO C
(VERDE, GLÓRIA, CREIO – II SEMANA DO SALTÉRIO) __ "Um grande profeta apareceu entre nós e Deus veio salvar o seu povo" __
Ambientação:
Sejam bem-vindos amados irmãos e irmãs!
INTRODUÇÃO DO FOLHETO DOMINICAL PULSANDINHO: Eucaristia é a festa da vida. É a celebração
da compaixão do Senhor. A compaixão foi distintivo do modo de proceder de
Jesus. Onde houvesse sofredores, ali estava para trazer consolo e recuperar a
alegria. Jamais um ser humano necessitado cruzou-lhe o caminho, passando
despercebido. Pelo contrário, chamava-lhe a atenção e era socorrido. A
compaixão deve ser, também, o traço característico da ação do discípulo do
Reino. A rispidez e a dureza no trato como semelhante, especialmente os mais
fracos e carentes, indicam ruptura com o projeto de Jesus. No sentido
contrário, quanto maior for a misericórdia e a capacidade de solidarizar-se
tanto mais profunda e sincera será a adesão ao Reino. Por isso, peçamos nesta
Eucaristia, a força para que sejamos mais compassivos, prontos a encarnar o
amor do Pai no trato com a humanidade sofredora.
INTRODUÇÃO DO FOLHETO DOMINICAL O POVO DE DEUS: Neste domingo, somos chamados a contemplar
o Cristo, apontado pelo Evangelho como o "grande Profeta que apareceu
entre nós", para nos fazer crer que Deus visitou o seu povo e nos
arrancou das trevas da morte, colocando-nos no eixo da vida. É por isso que a
vocação cristã implica numa permanente disposição para a missão, pois todos
necessitam da vida nova trazida por Jesus. Foi por essa causa que o Beato
José de Anchieta se entregou à missão em terras brasileiras e hoje merece a
honra dos altares.
INTRODUÇÃO DO WEBMASTER: O Cristo mediador perfeito de salvação é o
Cristo vencedor da morte. Para Lucas, a ressurreição do jovem de Naim
(evangelho) é sinal da chegada dos tempos messiânicos. Com esta finalidade
constrói sua narrativa calcada sobre o milagre de Elias (1ª leitura),
mostrando, por uma série de particularidades, a infinita superioridade de
Jesus.
Sintamos em nossos corações a alegria da Ressurreição e
entoemos alegres cânticos ao Senhor!
X
DOMINGO DO TEMPO COMUM
Antífona da entrada: O Senhor é minha luz e minha salvação, a quem poderia
eu temer? O Senhor é o baluarte de minha vida, perante quem tremerei? Meus
opressores e inimigos, são eles que vacilam e sucumbem (Sl 26,1s).
Comentário das Leituras: O discípulo é o mediador da compaixão divina pela
humanidade sofredora, carente de amor. Deus ama servindo-se dele. Quando se
volta para o próximo e é pródigo de caridade, é Deus quem ama através dele.
Jesus Cristo nos arranca da morte e nos coloca no eixo da vida.
Primeira Leitura (1 Reis 17,17-24)
Leitura do primeiro livro dos Reis.
17 17 Algum tempo depois, o filho desta mulher, dona da casa,
adoeceu, e seu mal era tão grave que já não respirava.
18 A mulher disse a Elias: "Que há entre nós dois, homem de Deus? Vieste, pois, à minha casa para lembrar-me os meus pecados e matar o meu filho?" 19 "Dá-me o teu filho", respondeu-lhe Elias. Ele tomou-o dos braços de sua mãe e levou-o ao quarto de cima onde dormia e deitou-o em seu leito. 20 Em seguida, orou ao Senhor, dizendo: "Senhor, meu Deus, até a uma viúva, que me hospeda, quereis afligir, matando-lhe o filho?" 21 Estendeu-se em seguida sobre o menino por três vezes, invocando de novo o Senhor: "Senhor, meu Deus, rogo-vos que a alma deste menino volte a ele". 22 O Senhor ouviu a oração de Elias: a alma do menino voltou a ele, e ele recuperou a vida. 23 Elias tomou o menino, desceu do quarto superior ao interior da casa e entregou-o à mãe, dizendo: "Vê: teu filho vive". 24 A mulher exclamou: "Agora vejo que és um homem de Deus e que a palavra de Deus está verdadeiramente em teus lábios".
Salmo responsorial 29/30
Eu vos exalto, ó Senhor, pois me livrastes
e preservastes minha vida da morte!
Eu vos exalto, ó Senhor, pois me livrastes
e não deixastes rir de mim meus inimigos! Vós tirastes minha alma dos abismos e me salvastes quando estava já morrendo!
Cantai salmos ao Senhor, povo fiel,
dai-lhe graças e invocai seu santo nome! Pois sua ira dura apenas um momento, mas sua bondade permanece a vida inteira; se à tarde vem o pranto visitar-nos, de manhã vem saudar-nos a alegria.
Escutai-me, Senhor Deus, tende piedade!
Sede, Senhor, o meu abrigo protetor! Transformastes o meu pranto em uma fresta, Senhor meu Deus, eternamente hei de louvar-vos!
Segunda Leitura (Gálatas 1,11-19)
Leitura da carta de são Paulo aos Gálatas.
1 11 Asseguro-vos, irmãos, que o Evangelho pregado por mim não
tem nada de humano.
12 Não o recebi nem o aprendi de homem algum, mas mediante uma revelação de Jesus Cristo. 13 Certamente ouvistes falar de como outrora eu vivia no judaísmo, com que excesso perseguia a Igreja de Deus e a assolava; 14 avantajava-me no judaísmo a muitos dos meus companheiros de idade e nação, extremamente zeloso das tradições de meus pais. 15 Mas, quando aprouve àquele que me reservou desde o seio de minha mãe e me chamou pela sua graça, 16 para revelar seu Filho em minha pessoa, a fim de que eu o tornasse conhecido entre os gentios, imediatamente, sem consultar a ninguém, 17 sem ir a Jerusalém para ver os que eram apóstolos antes de mim, parti para a Arábia; de lá regressei a Damasco. 18 Três anos depois subi a Jerusalém para conhecer Cefas, e fiquei com ele quinze dias. 19 Dos outros apóstolos não vi mais nenhum, a não ser Tiago, irmão do Senhor.
Aclamação do Evangelho
Aleluia, aleluia, aleluia.
Um grande profeta surgiu entre nós e Deus visitou o seu povo sofrido; um grande profeta surgiu entre nós, amém, aleluia, aleluia! (Lc 7,16) EVANGELHO (Lucas 7,11-17)
7 11 No dia seguinte dirigiu-se Jesus a uma cidade chamada
Naim. Iam com ele diversos discípulos e muito povo.
12 Ao chegar perto da porta da cidade, eis que levavam um defunto a ser sepultado, filho único de uma viúva; acompanhava-a muita gente da cidade. 13 Vendo-a o Senhor, movido de compaixão para com ela, disse-lhe: "Não chores!" 14 E aproximando-se, tocou no esquife, e os que o levavam pararam. Disse Jesus: "Moço, eu te ordeno, levanta-te." 15 Sentou-se o que estivera morto e começou a falar, e Jesus entregou-o à sua mãe. 16 Apoderou-se de todos o temor, e glorificavam a Deus, dizendo: "Um grande profeta surgiu entre nós: Deus voltou os olhos para o seu povo". 17 A notícia deste fato correu por toda a Judéia e por toda a circunvizinhança.
'LEITURAS DA SEMANA DE
COMENTÁRIOS DO
EVANGELHO2ª Vd - 1Rs 17,1-6; Sl 120 (121); Mt 5,1-12 3ª Vd - 1Rs 17,7-16; Sl 4; Mt 5,13-16 4ª Br - 1Rs 18,20-39; Sl 15 (16); Mt 5,17-19 5ª Vd - 1Rs 18,41-46; Sl 64 (65); Mt 5,20-26 6ª Br - Ez 34,11-16; Sl 22 (23); Rm 5,5b-11; Lc 15,3-7 Sb Br - Is 61,9-11; Sl 1Sm 2,1.4-8;Lc 2,41-51 11º DTC. 2Sm 12,7-10.13; Sl 31 (32),1-2. 5. 7. 11 (R/. cf. 5ad); Gl 2,16.19-21; Lc 7, 36 – 8, 3 (Pecadora no festim)
1. O SENHOR DA VIDA
Jesus não ressuscitou muita gente naquele tempo, os evangelhos
mencionam apenas três: Lázaro de Betania, irmão de Marta e Maria, a filhinha
de Jairo, Chefe da Sinagoga, e o filho da viúva de Naim, que Lucas narra no
evangelho desse domingo.
Conclui-se, portanto, que não era propósito de Jesus libertar
e salvar os homens da morte biológica, pois se fosse assim, sua missão teria
sido um fracasso já que ressuscitou apenas esses três e nem José, seu pai
adotivo, ele teria conseguido livrar da morte. Há ainda outra questão
importante a ser considerada: que vantagem teria se ressuscitar fosse apenas
retornar a esta vida, com todas as suas limitações e aprendizado, suas
angústias e tribulações? Por acaso não iríamos morrer novamente, como o
próprio Lázaro, a filha de Jairo e o moço que Jesus ressuscita nesse
evangelho? Não, não valeria a pena, com toda certeza!
Essa vida nova que Cristo nos dá, através de sua paixão, morte
e ressurreição, é infinitamente melhor e superior a esta existência terrena,
a ponto do apóstolo Paulo afirmar em uma de suas cartas “os sofrimentos do
tempo presente nem se comparam àquilo que Deus irá nos revelar”, ou ainda “o
que vemos hoje é como se fosse em um espelho, mas depois nos veremos como de
fato o somos”.
A chave que decifra esse mistério da Vida e da morte está
precisamente em Cristo, nele o Pai não só se revela, mas revela também quem é
o homem. A graça de Deus que em Cristo recebemos nos faz criaturas novas onde
o mistério é iluminado pela luz da Fé.
Essa grande e feliz Verdade chegou até nós por causa do
evangelho, anunciado pelo próprio Cristo – filho de Deus feito homem, que ao
trazer-nos a Boa Nova permitiu-nos conhecer a Deus, descobrindo o sentido da
nossa vida na Vida de Cristo, onde todos os limites humanos foram superados,
ao dar-nos acesso a Deus, rompendo para sempre a barreira do pecado.
Sem este anúncio e esta graça, a nossa esperança por uma Vida
Nova, seria vã, não passaria de uma grande utopia, uma fantasia e ilusão que
um belo dia chegaria ao seu final, mas o homem que vive pela fé, a comunhão
com Cristo, sabe em seu coração que não caminha para o fracasso da morte e
esta esperança viva é que dá a esta vida terrena um sentido novo.
Portanto, nossa Vida está em Cristo porque nele nos movemos e
somos, sem ele, nossa caminhada terrena não passa de um cortejo fúnebre, onde
somos como um morto vivo, caminhando para a ruína da morte biológica, para
ser devorado pela terra.
A vida do homem que tomou a decisão de viver sem Deus,
ignorando esta Salvação e Libertação oferecida por Jesus, é muito triste,
porque ele se ilude com toda pompa que esta vida oferece, satisfazendo seus
desejos egoístas, colocando toda sua esperança nas coisas que passam, e no
final, descobre que foi enganado, quando percebe que caminha para a morte.
Mas nunca é tarde para reverter esse quadro doloroso, pois, para quem caminha
assim, como se fosse um corpo sem vida, irradiando tristeza e dor aos que o acompanham,
o evangelho desse domingo anuncia algo maravilhoso: no sentido contrário, vem
chegando Cristo Jesus, Senhor da Vida, aquele que movido de compaixão, como
na entrada da cidade de Naim, irá dizer a viúva e aos que a seguiam no
enterro de seu filho: não chores!
Hoje há tantas mães caminhando tristes, levando seus filhos
para a sepultura, há tanta gente caminhando cabisbaixa, sem uma perspectiva
de vida e sem esperança no coração. Não chores mais – diz o Senhor, que ao
tocar no esquife, que são as misérias do homem, dirá com firmeza “Moço, eu te
ordeno, levanta-te!”.
E diante de sua palavra libertadora e restauradora, o homem
renasce e se torna uma nova criatura, só Cristo é a nossa vida, só ele tem a
palavra de ordem, capaz de nos levantar de todos os nossos pecados que querem
nos arrastar inexoravelmente para a morte. Longe de Deus e da sua Salvação
oferecida por Jesus, iremos fatalmente morrer, mas com ele teremos a Vida
Eterna, que extrapola os nossos limites e nos reconduz ao paraíso da plenitude,
resgatando a nossa imagem e semelhança com que fomos criados por Deus.
É missão nossa como Igreja anunciar a toda criatura esta vida
que vem de Jesus, mas isso só será possível se como ele, tivermos no coração
essa compaixão, que nos leve a sofrer e chorar com quem sofre e chora, onde
um sorriso, um abraço, uma palavra de consolo ou um gesto de caridade, sempre
feito em nome de Jesus, terá a mesma força de sua palavra libertadora, capaz
de levantar quem se julga morto. O cristão, como qualquer ser humano, também
pranteia seus mortos, mas a diferença está naquilo que ele espera: a
plenitude da Vida, reservada aos que crêem que esta vida é uma peregrinação
para a casa do Pai, predestinados que fomos desde toda a eternidade.
2. O Senhor encheu-se de compaixão
O relato do evangelho é próprio a Lucas. Inspira-se em 1Rs
17,8-24, no episódio do filho de uma viúva, em Sarepta.
Jesus vai para Naim, pequeno vilarejo entre Cafarnaum e a
Samaria. É acompanhado de seus discípulos e grande multidão (v. 11). Às
portas da cidade, Jesus e seus discípulos se encontram com outro grupo:
"... levavam um morto para enterrar, um filho único, cuja mãe era viúva.
Uma grande multidão da cidade a acompanhava" (v. 12). O paralelo é
evidente: os dois grupos caminham em direções opostas; o primeiro segue um
homem poderoso em gestos e palavras, o segundo grupo, um morto. Até este
ponto a descrição da cena e dos personagens é puramente objetiva. De repente
somos surpreendidos por uma focalização interna, a menção da compaixão de
Jesus: "Ao vê-la, o Senhor encheu-se de compaixão por ela e disse: 'Não
chores!'" (v. 13). A iniciativa de Jesus é provocada pela sua compaixão.
A palavra de Jesus permite entrar no coração das pessoas. É por Jesus que
somos informados do sofrimento da mulher: "Não chores" (v. 13), e
da idade do morto: um "jovem" (v. 14). Não é da morte que Jesus tem
compaixão, nem do morto, mas da pessoa que sofre.
O acento de todo o episódio é posto em Jesus, sobre sua
compaixão e sua palavra poderosa. Nomeando Jesus como senhor no versículo 13,
o narrador nos informa que se trata do Senhor da vida que se dirige à viúva.
Nesta passagem não é a morte nem o morto que importam, nem
mesmo o retorno à vida, mas que uma mãe já viúva tenha perdido o seu filho
único. O retorno à vida não é o objetivo da iniciativa de Jesus, mas a
consolação da mãe que chora. A ação de Jesus termina com uma observação:
"E Jesus o entregou à sua mãe" (v. 15b). O texto apresenta uma
transformação que se dá não somente pelo retorno de um jovem à vida, mas das duas
multidões que, primeiramente separadas, são reunidas, num segundo momento, no
louvor a Deus. A passagem de Jesus por Naim possibilita um duplo
reconhecimento, a saber: da identidade de Jesus (Profeta) e da visita
salvífica de Deus (cf. v. 16).
Lucas situou o episódio do filho da viúva de Naim antes do da
mulher pecadora (7,36-50). A razão: ele quer ir da morte física à espiritual,
da ressurreição física à espiritual. Procedimento semelhante ele utilizará
com relação aos dois tipos de cegueira (18,35-43; 19,1-10).
ORAÇÃO
Pai, torna-me sensível ao sofrimento e à dor de cada pessoa que encontro no meu caminho. Que a minha compaixão se demonstre com gestos concretos.
A ressurreição do filho único da viúva de Naim revela Jesus
como o Messias, prenunciado pelos profetas, restaurador da vida fragilizada
pelo pecado. Esta será uma chave de leitura importante de seu ministério.
O profeta Elias havia ressuscitado o filho de uma pobre viúva,
que lhe havia dado de comer, num tempo de seca e de carestia. A expectativa
da volta desse profeta, no fim dos tempos, levava muitos a nutrir a esperança
de que ele realizaria a mesma sorte de milagres. No apocalipse de Isaías, os
habitantes do pó - os mortos - são convocados para despertar e se alegrar, já
que, pela força de Deus, os defuntos reviverão e os cadáveres ressurgirão. Estes
e outros textos do Antigo Testamento levavam os judeus a esperar uma era
messiânica, na qual haveria uma ressurreição geral de todos os justos de
Israel.
O milagre evangélico projeta-se neste pano de fundo. Em Jesus,
as esperanças messiânicas atingem seu pleno cumprimento. Ele é o Messias
esperado. Mas, seu modo de ser superava em muito os esquemas messiânicos
acalentados pela piedade popular. Tinham razão as testemunhas do milagre,
quando proclamaram: "um grande profeta surgiu entre nós, e Deus visitou
seu povo!" Entre eles, porém, estava o Filho querido do Pai, com a
missão de oferecer vida nova à humanidade. O rapaz ressuscitado tornava-se um
símbolo desta realidade.
Oração
Espírito que gera vida, ajuda-me a reconhecer, em Jesus, o Messias enviado pelo Pai, para comunicar vida à humanidade. |
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domingo, 2 de junho de 2013
Liturgia da 09ª semana comum Ano Impa
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