Liturgia da Segunda Feira — 29.04.2013
SANTA CATARINA DE SENA - VIRGEM E DOUTORA
(BRANCO, PREFÁCIO PASCAL OU DAS VIRGENS – OFÍCIO DA MEMÓRIA)
Antífona da entrada: Esta é uma virgem sábia, uma das jovens prudentes,
que foi ao encontro de Cristo com sua lâmpada acesa.
Leitura (Atos
14,5-18)
Leitura dos Atos dos Apóstolos.
14 5 Mas como se
tivesse levantado um motim dos gentios e dos judeus, com os seus chefes, para
os ultrajar e apedrejar,
6 ao saberem disso, fugiram para as cidades da Licaônia, Listra e Derbe e
suas circunvizinhanças.
7 Ali pregaram o Evangelho.
8 Em Listra vivia um homem aleijado das pernas, coxo de nascença, que
nunca tinha andado.
9 Sentado, ele ouvia Paulo pregar. Este, fixando nele os olhos e vendo que
tinha fé para ser curado,
10 disse em alta voz: “Levanta-te direito sobre os teus pés!” Ele deu um
salto e pôs-se a andar.
11 Vendo a multidão o que Paulo fizera, levantou a voz, gritando em língua
licaônica: “Deuses em figura de homens baixaram a nós!”
12 Chamavam a Barnabé Zeus e a Paulo Hermes, porque era este quem dirigia
a palavra.
13 Um sacerdote de Zeus Propóleos trouxe para as portas touros ornados de
grinaldas, querendo, de acordo com todo o povo, sacrificar-lhos.
14 Mas os apóstolos Barnabé e Paulo, ao perceberem isso, rasgaram as suas
vestes e saltaram no meio da multidão:
15 “Homens, clamavam eles, por que fazeis isso? Também nós somos homens,
da mesma condição que vós, e pregamos justamente para que vos convertais das
coisas vãs ao Deus vivo, que fez o céu, a terra, o mar e tudo quanto neles
há.
16 Ele permitiu nos tempos passados que todas as nações seguissem os seus
caminhos.
17 Contudo, nunca deixou de dar testemunho de si mesmo, por seus
benefícios: dando-vos do céu as chuvas e os tempos férteis, concedendo abundante
alimento e enchendo os vossos corações de alegria”.
18 Apesar dessas palavras, não foi sem dificuldade que contiveram a multidão
de sacrificar a eles.
Salmo responsorial
113B/115
Não a nós, ó Senhor, não a
nós,
ao vosso nome, porém, seja a glória.
Não a nós, ó Senhor, não a nós,
ao vosso nome, porém, seja a glória,
porque sois todo amor e verdade!
Por que há de dizer os pagãos:
“Onde está o seu Deus, onde está?”
É nos céus que está o nosso Deus,
ele faz tudo aquilo que quer.
São os deuses pagãos ouro e prata,
todos eles são obras humanas.
Abençoados sejais do Senhor,
do Senhor que criou céu e terra!
Os céus são os céus do Senhor,
mas a terra ele deu para os homens.
Aclamação do
Evangelho
Aleluia, aleluia, aleluia.
O Espírito Santo, o paráclito, haverá de lembrar-vos de tudo o que tenho
falado, aleluia (Jo 14,26).
EVANGELHO (João 14,21-26)
14 21 Disse Jesus:
“Aquele que tem os meus mandamentos e os guarda, esse é que me ama. E aquele
que me ama será amado por meu Pai, e eu o amarei e manifestar-me-ei a
ele”.
22 Pergunta-lhe Judas, não o Iscariotes: “Senhor, por que razão hás de
manifestar-te a nós e não ao mundo?”
23 Respondeu-lhe Jesus: “Se alguém me ama, guardará a minha palavra e meu
Pai o amará, e nós viremos a ele e nele faremos nossa morada.
24 Aquele que não me ama não guarda as minhas palavras. A palavra que
tendes ouvido não é minha, mas sim do Pai que me enviou.
25 Disse-vos estas coisas enquanto estou convosco.
26 Mas o Paráclito, o Espírito Santo, que o Pai enviará em meu nome,
ensinar-vos-á todas as coisas e vos recordará tudo o que vos tenho dito”.
COMENTÁRIOS DO
EVANGELHO
1. Guardar a Palavra
Neste evangelho a gente
observa uma palavra importante GUARDAR, que se repete por três vezes, nos
exortando a guardar a Palavra, como compromisso assumido por quem ama a Deus
que se manifestou em Jesus.
Os discípulos tinham
dificuldade de entender essas coisas, como poderiam eles guardar todas as
palavras de Jesus? Nos dias de hoje podemos fazer arquivo de som e imagem de
modo tranquilo, mas naquele tempo não havia essa tecnologia. De mais a mais
Jesus não está falando apenas de gravar a sua Palavra, mas sim de guarda-la
dentro do coração, nas entranhas do Ser Humano, perpassando a razão e o coração
que é a porta da Fé.
No final do evangelho Jesus
anuncia o tempo novo que está chegando, quando o Espírito Santo irá reger a
Igreja, recordando a cada discípulo todo o ensinamento e todas as palavras de
Jesus. Essa ação Divina no Espírito Santo é fácil de ser constatada, decorridos
mais de dois milênios de História, a Sagrada Escritura chegou até nós intacta e
no Novo Testamento encontramos a experiência das primeiras comunidades, todas
surgidas a partir de um único evangelho, de um único testemunho apostólico e
passando por tempos e situações diferentes, inclusive períodos nebulosos na
história da Igreja, chegou até nós incólume, apesar dos pecados da Igreja e de
escândalos que abalaram o mundo, ninguém conseguiu mudar uma vírgula ou uma
letra dos evangelhos e dos escritos do Novo Testamento.
Claro que o Espírito Santo
não faz isso de forma mágica, mas agindo no coração e na razão daqueles que
generosamente, através da Fé se abrem a essa ação. As revelações do Espírito
Santo não são novas e inéditas, elas apenas recordam e atualizam tudo o que
Jesus ensinou, e a grande novidade: o Espírito Santo mostra-nos o melhor método
para evangelizar nos dias de hoje, o que não podemos ser é uma Igreja fechada
em si mesma, tentando evangelizar com fórmulas antigas que não mais
convencem... Nesse sentido, o Concílio Vaticano II nos alertou sobre a
necessidade de uma abertura ao mundo, não para assimilar os seus valores
nefastos, mas para transformá-lo, precisamos conhecer cada vez mais e melhor o
contexto em que a evangelização vai ser feita.
Logicamente que enquanto membros
da Igreja, Batizados e com a missão de sermos discípulos e missionários do
Senhor, não precisamos nos preocupar com O QUE FAZER, pois isso nós já sabemos:
Ide evangelizar em todas as Nações. Mas COMO EVANGELIZAR nos dias de hoje, aí
está o nosso desafio, que exige sempre uma abertura maior ao Espírito Santo que
vai nos apontando o caminho, mostrando novos métodos para se fazer com que a
Graça Santificante e Operante de Deus, alcance o coração das pessoas.
Esse é portanto o tempo da
Igreja, regido pelo Espírito Santo, mas que exatamente como nas primeiras
comunidades, Jesus precisa do homem, para dar continuidade á essa Missão neste
terceiro milênio da História. A Revelação tem sempre em sua essência a Verdade
que todo homem precisa saber: Deus nos ama em Jesus Cristo e deseja
e quer que cada ser humano atinja a Plenitude dessa Vida Eterna que em seu
amado Filho Ele nos antecipou...
2. O Espírito Santo
faz em nós a memória de Jesus
O amor não é uma ideia, nem
são palavras. Para Santo Inácio de Loyola, “o amor se põe mais em gestos que em
palavras”.
É importante ter presente que
na vida cristã o primeiro é o amor ou, melhor ainda, aceitar que se é amado por
Deus, pois “Ele nos amou primeiro” (1Jo 4,19). Amar Jesus é acolher e pôr em
prática sua palavra (cf. v. 21.23.24).
O “mundo” a que se refere Judas (v. 22) é, aqui, tudo o que se opõe ao projeto
salvífico de Deus. É símbolo de fechamento ao Deus revelado em Jesus.
Assim, o “mundo” não é capaz
de reconhecer a manifestação de Deus em Jesus em razão do fechamento, da recusa
de escutar o Senhor e de pôr em prática suas palavras.
O outro consolador ou
defensor, que dará continuidade à obra do primeiro consolador, Jesus Cristo, é
o Espírito Santo. O Espírito Santo tem, aqui, uma missão de hermeneuta, de
intérprete: “... ele vos ensinará tudo e vos recordará tudo o que eu vos tenho
dito” (v. 26). O Espírito Santo faz em nós a memória de Jesus.
ORAÇÃO
Pai, desperta em mim o desejo e a disposição de amar Jesus e de pôr em prática
as palavras dele. Assim, estarei seguro de ser amado por ti e de viver em
comunhão contigo.
3. UMA REDE DE
AMOR
A adesão a Jesus introduz o
discípulo numa rede complexa de amor. Nela estão implicados o Filho Jesus, o
Pai e o discípulo.
Guardando os mandamentos do
Mestre, o discípulo vive o amor mútuo, cujo ápice consiste em doar a vida pelos
outros. Tudo, em sua vida, resume-se no mandamento do amor. O desamor não
encontra guarida em seu coração.
No ato de amar o próximo, o
discípulo concretiza seu amor a Jesus. O próximo torna-se mediação deste amor
maior, impedindo-o de se tornar abstrato. Destarte, o amor ao próximo ganha
transcendência, e vai além do que podemos imaginar. Com ele, supera-se os
limites do outro, e envolve o próprio Deus.
O Pai intervém nesta dinâmica
de amor, amando a quem ama o seu Filho, observando os seus mandamentos. Quem
acolhe o Filho, está acolhendo também o Pai. E, assim, o Pai faz-se presente na
vida de quem ama o Filho.
Por sua vez, o Filho responde com amor ao amor do discípulo, porque quem ama é
também amado. E mais, torna-se habitação do Pai e do Filho.
Esta rede divina de amor é motivo de realização plena
para o discípulo.
Oração
Espírito do verdadeiro amor ensina-me a guardar, com fidelidade, o
mandamento do amor, a ponto de me tornar tua habitação, do Pai e do Filho.
Liturgia da
Terça-Feira
V SEMANA DA PÁSCOA *
(BRANCO – OFÍCIO DO DIA)
Antífona da entrada: Louvai o nosso Deus, todos vós que o temeis,
pequenos e grandes; pois manifestou-se a salvação, a vitória e o poder de seu
Cristo, aleluia! (Ap 19,5;12-10)
Leitura (Atos
14,19-28)
Leitura dos Atos dos Apóstolos.
19 Sobrevieram, porém,
alguns judeus de Antioquia e de Icônio que persuadiram a multidão. Apedrejaram
Paulo e, dando-o por morto, arrastaram-no para fora da cidade.
20 Os discípulos o rodearam. Ele se levantou e entrou na cidade. No dia
seguinte, partiu com Barnabé para Derbe.
21 Depois de ter pregado o Evangelho à cidade de Derbe, onde ganharam
muitos discípulos, voltaram para Listra, Icônio e Antioquia (da Pisídia).
22 Confirmavam as almas dos discípulos e exortavam-nos a perseverar na fé,
dizendo que é necessário entrarmos no Reino de Deus por meio de muitas
tribulações.
23 Em cada igreja instituíram anciãos e, após orações com jejuns,
encomendaram-nos ao Senhor, em quem tinham confiado.
24 Atravessaram a Pisídia e chegaram a Panfília.
25 Depois de ter anunciado a palavra do Senhor em Perge, desceram a
Atália.
26 Dali navegaram para Antioquia (da Síria), de onde tinham partido,
encomendados à graça de Deus para a obra que estavam a completar.
27 Ali chegados, reuniram a igreja e contaram quão grandes coisas Deus
fizera com eles, e como abrira a porta da fé aos gentios.
28 Demoraram-se com os discípulos longo tempo.
Salmo responsorial
144/145
Ó Senhor, vossos amigos
anunciem vosso reino glorioso.
Que vossas obras, ó Senhor, vos glorifiquem,
e os vossos santos, com louvores, vos bendigam!
Narrem a glória e o esplendor do vosso reino
e saibam proclamar vosso poder!
Para espalhar vossos prodígios entre os homens
e o fulgor de vosso reino esplendoroso.
O vosso reino é um reino para sempre,
vosso poder, de geração em geração.
Que a minha boca cante a glória do Senhor
e que bendiga todo ser seu nome santo,
desde agora, para sempre e pelos séculos.
Aclamação do
Evangelho
Aleluia, aleluia, aleluia.
Era preciso que Cristo sofresse e ressuscitasse dos mortos para entrar em
sua glória, aleluia! (Lc 24,46.26)
EVANGELHO (João 14,27-31)
14 27 Disse Jesus:
“Deixo-vos a paz, dou-vos a minha paz. Não vo-la dou como o mundo a dá. Não se
perturbe o vosso coração, nem se atemorize!
28 Ouvistes que eu vos disse: ‘Vou e volto a vós’. Se me amardes,
certamente haveis de alegrar-vos, que vou para junto do Pai, porque o Pai é
maior do que eu.
29 E disse-vos agora estas coisas, antes que aconteçam, para que creiais
quando acontecerem.
30 Já não falarei muito convosco, porque vem o príncipe deste mundo; mas
ele não tem nada em mim.
31 O mundo, porém, deve saber que amo o Pai e procedo como o Pai me
ordenou. Levantai-vos, vamo-nos daqui”.
COMENTÁRIOS DO EVANGELHO
1. A Paz de Jesus
Sempre que leio essa
afirmativa de Jesus, no evangelho de João "Deixo-vos
a paz, dou-vos a minha paz. Não vo-la dou como mundo a dá..." me questiono sobre a Paz que o mundo
nos oferece...Paz que tem o sinônimo de sossego, ausência de problemas,
tranquilidade, despreocupação. Para o mundo, ficar em paz é não ter nenhuma
contrariedade ou aborrecimento, portanto, é poder fazer tudo o que se quer, é
não ter que ficar esperando...é não depender de ninguém nem de nada, é ter
autonomia, é poder quebrar certas normas ou regras, usufruir de exceções, ter
regalias e mordomias. É difícil falar de Paz do mundo, sem pensar no poder
econômico, em uma riqueza e um patrimônio egocêntrico. Que outra Paz o mundo
pode nos oferecer que não seja esta?
Há uma outra paz que
inventaram por aí, e que até colocaram nela um rótulo cristão, mas é tão fútil
como a Paz do mundo: as vezes a chamam de Paz interior, é a religião que
arrebata o homem para o céu, ainda em vida, o alienando de toda e qualquer
realidade que o cerca, caindo naquele dualismo sinistro de que, o mundo é mal e
cruel, só Deus é bom, resta esperar que Deus supere o mal e restitua esse
paraíso que o nosso pecado perdeu. Essa poderíamos chamar de "A Paz dos
desiludidos..." E olhe que são muitos....que pensam dessa forma, a gente
tendo Fé, lá de vez em
quando Deus revela o seu poder em Jesus e nos traz algum
benefício.....Um Deus que nos livra de todas as angústias humanas, bem
diferente do Deus Pai de Jesus, que foi condenado e morreu em uma cruz.
A Paz de Jesus é a Graça
Santificante e Operante que Ele nos comunica a partir do nosso Batismo e que
nos possibilita viver com Ele em eterna comunhão, ter a Vida de Deus em nós e
permitir que a nossa Vida também esteja Nele. É bom termos consciência de que essa
situação de sermos agraciados a partir da Fé, não nos torna imunes as
angústias, tribulações e sofrimentos inerentes ao ser humano, como muitos
pensam..."Encontrei Jesus e meus problemas acabaram (quando na verdade,
apenas começaram...) "
Que atitudes ou que
testemunho deve dar um discípulo de Jesus, que vive na Fé pela Graça de Deus?
Nada mais além do que o amor e a fidelidade ao Pai, como Jesus resume toda a
sua postura no final do evangelho. Amar e ser Fiel a Deus, quando se navega em
águas mansas e calmas, não é assim tão difícil, contudo, que ninguém se iluda,
pois olhando para Jesus vamos ver que esse itinerário da Fé passa
necessariamente pelas tribulações. É nesse sentido que Jesus quer tirar dos
seus discípulos a insegurança e o medo diante dos desafios, e por isso os
tranqüiliza se fazendo presente, agora na plenitude do Espírito que orienta e
conduz á sua Igreja, que somos todos nós...
2. A alegria da confiança na Palavra do Senhor
A perícope é parte do
discurso de despedida de Jesus (13,31–14,31).
A paz (v. 27) é dom do Cristo
Ressuscitado (ver também: Jo 20,19.26). Não há, da parte do Senhor, ao
contrário do “mundo”, nenhuma aparência nem hipocrisia na paz oferecida e dada.
Ele mesmo, “príncipe da paz”, se engaja na reconciliação do gênero humano com
Deus (cf. Mt 5,9). Daí que a paz não é, como se pensava, bem-estar para Israel.
O fiel deve deixar sua vida
ser iluminada pela escatologia: “Eu vou, mas voltarei a vós” (v. 28). Segundo o
discurso, não se sentirá a ausência de Jesus Cristo como abandono, já que a sua
volta é certa (cf. Mt 28,20).
Para onde ele vai? Para o Pai
(cf. v. 28c). Esse movimento de voltar para o Pai deveria ser motivo de alegria
para o discípulo, pois a confiança do discípulo deve estar apoiada na palavra
do Senhor: “Não vos deixarei órfãos. Eu virei a vós” (14,18).
A paixão e morte de Jesus,
consideradas como ação de Satanás, o “chefe deste mundo” (v. 30), não devem
afligir a comunidade dos discípulos, pois o Senhor o vencerá (cf. v. 30b). No
entanto, a entrega de Cristo é, para o mundo, testemunho de seu amor pela
humanidade. Para a teologia joanina, a paixão e morte de Jesus são gestos do
amor de Deus por toda a humanidade (cf. Jo 3,16).
ORAÇÃO
Pai, confirma em mim o dom da paz recebida de teu Filho Jesus, de forma
que, revestido desta fortaleza, eu possa caminhar, sem medo, ao teu encontro.
3. A ALEGRIA DA PARTIDA
Jesus procurou evitar que sua
partida para junto do Pai, a sua morte, fosse motivo de perturbação para os
seus discípulos. Na perspectiva deles, isto resultaria na perda de um amigo
querido, com quem haviam estabelecido um relacionamento de profunda
confiança.
Não era isso, porém, que
preocupava Jesus. No seu horizonte, despontava a ação malévola do Príncipe
deste mundo, cuja ação enganadora visaria desviar os discípulos do caminho do
Mestre, causando-lhes toda sorte de dificuldades. De fato, a perspectiva de
perseguição não deixava de ser preocupante. Se os discípulos tivessem
consciência do que isto significava, teriam mais razão ainda para
entristecer-se e perturbar-se.
Apesar da incerteza do
futuro, os discípulos deveriam alegrar-se. Ao partir, Jesus os precederia no
caminho que todos haveriam de trilhar também. E, na casa do Pai, lhes
prepararia um lugar.
A partida de Jesus era inevitável e inadiável. Sua
permanência terrena junto aos seus não podia prolongar-se indefinidamente. Uma
vez concluída sua missão terrena, era hora de começar sua missão celeste. Aos
discípulos caberia levar adiante a missão do Mestre. A compreensão disto
deveria afastar deles todo medo e toda tristeza. Embora sendo uma dura
experiência, os discípulos tinham motivos para se alegrar com a partida de
Jesus.
Oração
Espírito de segurança, que a ausência física de Jesus não me deixe perturbado,
e sim, seja motivo de alegria, para mim, porque sei que ele nos precedeu junto
do Pai.
Liturgia da Quarta-Feira
V SEMANA DA PÁSCOA
(BRANCO – OFÍCIO DO DIA)
Antífona da entrada: Que o vosso louvor transborde de minha boca; meus
lábios exultarão, cantando de alegria, aleluia! (Sl 70,8.23)
Leitura (Atos 15,1-6)
Leitura dos Atos dos Apóstolos.
1 Alguns homens,
descendo da Judéia, puseram-se a ensinar aos irmãos o seguinte: Se não vos
circuncidais, segundo o rito de Moisés, não podeis ser salvos.
2 Originou-se então grande discussão de Paulo e Barnabé com eles, e
resolveu-se que estes dois, com alguns outros irmãos, fossem tratar desta
questão com os apóstolos e os anciãos em Jerusalém.
3 Acompanhados (algum tempo) dos membros da comunidade, tomaram o caminho
que atravessa a Fenícia e Samaria. Contaram a todos os irmãos a conversão dos
gentios, o que causou a todos grande alegria.
4 Chegando a Jerusalém, foram recebidos pela comunidade, pelos apóstolos e
anciãos, a quem contaram tudo o que Deus tinha feito com eles.
5 Mas levantaram-se alguns que antes de ter abraçado a fé eram da seita
dos fariseus, dizendo que era necessário circuncidar os pagãos e impor-lhes a
observância da Lei de Moisés.
6 Reuniram-se os apóstolos e os anciãos para tratar desta questão.
Salmo responsorial
121/122
Que alegria quando ouvi que
me disseram: “Vamos à casa do Senhor!”
Que alegria quando ouvi que me disseram:
“Vamos à casa do Senhor!”
E agora nossos pés já se detêm,
Jerusalém, em tuas portas.
Jerusalém, cidade bem edificada
num conjunto harmonioso;
para lá sobem as tribos de Israel,
as tribos do Senhor.
Para louvar, segundo a lei de Israel,
o nome do Senhor.
A sede da justiça lá está
e o trono de Davi.
Aclamação do
Evangelho
Aleluia, aleluia, aleluia.
Ficai em mim e eu em vós ficarei, diz Jesus; quem em mim permanece há de dar
muito fruto (Jo 15,4s).
Evangelho (João 15,1-8)
1 Disse Jesus: Eu sou
a videira verdadeira, e meu Pai é o agricultor. Todo ramo que não der fruto em
mim, ele o cortará;
2 e podará todo o que der fruto, para que produza mais fruto.
3 Vós já estais puros pela palavra que vos tenho anunciado. 4 Permanecei em mim e
eu permanecerei
em vós. O ramo não pode dar fruto por si mesmo, se não permanecer na videira. Assim também vós: não podeis tampouco dar fruto, se não permanecerdes em mim.
5 Eu sou a videira; vós, os
ramos. Quem permanecer em mim e eu nele, esse dá muito fruto; porque sem mim
nada podeis fazer.
6 Se alguém não permanecer em mim será lançado fora, como o ramo. Ele
secará e hão de ajuntá-lo e lançá-lo ao fogo, e queimar-se-á.
7 Se permanecerdes em mim, e as minhas palavras permanecerem em vós,
pedireis tudo o que quiserdes e vos será feito.
8 Nisto é glorificado meu Pai, para que deis muito fruto e vos torneis
meus discípulos.
COMENTÁRIOS DO EVANGELHO
1. São José Operário
No judaísmo a filiação é algo
muito importante, ela contém em si uma linhagem e uma marca inconfundível a
ponto de se poder afirmar categoricamente "Tal Pai, Tal Filho". Aqui
é bom que se diga que para os amigos e a vizinhança toda de Nazaré, Jesus era
de fato o Filho de José e de Maria e o caráter adotivo dessa filiação pertencia
ao mistério da Fé e do Agir Divino , pois naquele tempo, não se tinha toda uma
Teologia prontinha a respeito dos principais acontecimentos na História da
Salvação, podemos dizer que, no contexto da humilde cidade de Nazaré, nenhum
dos moradores iria "admitir" uma história dessas...
Mas penso que também as
comunidades do primeiro século tiveram que abrirem-se muito á graça de Deus e a
sabedoria do Espírito, para compreenderem o ensinamento dos apóstolos a esse
respeito. Talvez o grande problema naquele tempo, era entender como é que podia
um Homem ser Deus e este ser um Homem, ao mesmo tempo, com duas naturezas
distintas. Justamente por conhecerem á sua origem, a sua história, a sua genealogia
e seus familiares mais próximos, os conterrâneos dali da "Terrinha"
de Jesus, até que sentiam orgulhosos por terem entre eles alguém de tão grande
conceito em Israel, um grande Profeta, que já estava com uma fama maior do que
os maiores profetas da história, pois seus ensinamentos causavam admiração,
suas obras enchiam os olhos dos Nazarenos...mas daí, começar a pensar que seria
ele o grande e esperado Messias, já seria um exagero. E por que?
Pela sua origem simples, sua
vida rotineira igualzinha a vida de qualquer judeu, alimentar-se, ir na
catequese, estar submisso ao Pai e Mãe, aprender a profissão do Pai, para
sobreviver economicamente. O Messias não precisava de nada dessas coisas, tinha
poder e glória, era um enviado de Deus e não estava em nível de um simples ser
humano.
Hoje há um pensamento nefasto
no cristianismo, que vem contaminando a vida de muitos cristãos, trata-se da Fé
da Magia, que crê em um
Cristo apenas Divino, que deverá usar seus poderes para
socorrer os vis mortais. Um Jesus que está com a gente mais que não é igual a
nós, um Jesus que separa Fé e Vida. São José Operário é o mesmo José esposo de
Maria e Pai Adotivo do menino Jesus, a Igreja aprendeu a venerá-lo também
enquanto trabalhador, um Operário, que sobrevivia e garantia o pão a si , a mãe
e ao menino, com o suor do seu trabalho. Um homem a quem Deus confiou a guarda
do seu Filho e de sua Mãe, um Homem que nada exigiu de Deus, por ter-lhe
confiado essa grande responsabilidade, mas sendo um homem Justo, viveu e
sobreviveu igual a todos os outros homens do seu tempo.
Como São José Operário, somos
especiais enquanto vocacionados ao Cristianismo, para viver segundo a Fé, mas
somos também iguais a todas as demais pessoas, sobrevivendo do nosso trabalho,
dos nossos sonhos e projetos, que na vida de São José Operário e de cada um de
nós, está sempre em harmonia com o Desígnio Divino.
Que São José Operário seja
inspiração para todos os trabalhadores, e ao mesmo tempo desperte no coração
dos empregadores , empresariados e governantes, esse anseio pela justiça e
igualdade social, que cada homem possa ter sempre o necessário para sua
sobrevivência, e que as diferenças sociais comecem a ser amenizadas...
Ó São José Operário... Rogai
por todos nós!
2. Jesus apresenta-se
como um profeta
O ensinamento de Jesus na
sinagoga de Nazaré está presente, com algumas variantes, nos três evangelhos
sinóticos (Mt 13,54-58; Mc 6,1-6; Lc 4,16-24).
O evangelista não nos diz
acerca do conteúdo do ensinamento de Jesus. O seu interesse é a reação das
pessoas e a revelação da identidade de Jesus. O ensinamento de Jesus causa
admiração pela sabedoria e pelos milagres que ele realiza (cf. v. 54), ao mesmo
tempo que resistência e rejeição (cf. vv. 55.56; cf. vv. 57b-58). Eles mesmos
são, em razão da incredulidade, capazes de responder à questão: “De onde,
então, lhe vem tudo isso?” (v. 56). A falta de fé não permite ver além do
simples olhar; impede ultrapassar a superfície da própria existência humana.
Os concidadãos de Jesus
conhecem sua origem modesta e sua parentela (cf. vv. 55-56), mas desconhecem
sua verdadeira origem. A incredulidade de muitos nazarenos impediu Jesus de
realizar aí muitos milagres. A falta de fé impediu de ver e receber Jesus como
dom de Deus.
ORAÇÃO
Pai, livra-me da tentação de querer enquadrar-te em meus mesquinhos
esquemas. Que eu saiba reconhecer e respeitar o teu modo de agir.
3. A VIDEIRA E OS RAMOS
A imagem da união dos ramos à
videira ilustra o tipo de relacionamento a ser estabelecido entre Jesus e a
comunidade dos discípulos, e, ao mesmo tempo, funciona como um alerta para as
tentações futuras.
A parábola sublinha alguns
pontos fundamentais. Para os discípulos produzirem frutos de amor e justiça, é
mister que permaneçam unidos ao Senhor. Dele é que provém a "seiva"
necessária para perseverar no caminho difícil do serviço gratuito ao próximo.
Quem, apesar de se proclamar discípulo, for incapaz de fazer frutificar o amor,
será rechaçado pelo Pai, o agricultor. Um relacionamento puramente exterior e
formal com Jesus não tem sentido. É indigno da condição de discípulo ser
infrutífero. Permanecendo unido a Jesus, produzirá os frutos esperados. Então,
o Pai trata-lo-á com amor, procedendo à poda, para que produza ainda mais
frutos. A expectativa do Pai é ver os discípulos do Filho perseverar no amor,
expresso em gestos cada vez mais exigentes e comprometidos.
A parábola serve, também, de alerta contra a tentação
de buscar adesões fora de Jesus. Seriam adesões estéreis, pois só na medida em
que permanecerem unidos a Jesus, conseguirão agir conforme o desejo do Pai. Não
existe alternativa possível.
Oração
Espírito de adesão ao Senhor, une-me cada vez mais profundamente a Jesus, para
que eu possa produzir os frutos que o Pai espera de mim.
Liturgia da
Quinta-Feira
V SEMANA DA PÁSCOA
(BRANCO – OFÍCIO DO DIA)
Antífona da
entrada: Cantemos ao Senhor:
ele se cobriu de glória. O Senhor é a minha força e o meu cântico: foi para
mim a salvação, aleluia! (Ex 15,1s)
Leitura (Atos
15,7-21)
Leitura dos Atos dos Apóstolos.
7 Ao fim de uma grande
discussão, Pedro levantou-se e lhes disse: Irmãos, vós sabeis que já há muito
tempo Deus me escolheu dentre vós, para que da minha boca os pagãos ouvissem
a palavra do Evangelho e cressem.
8 Ora, Deus, que conhece os corações, testemunhou a seu respeito, dando-lhes
o Espírito Santo, da mesma forma que a nós.
9 Nem fez distinção alguma entre nós e eles, purificando pela fé os seus
corações.
10 Por que, pois, provocais agora a Deus, impondo aos discípulos um jugo
que nem nossos pais nem nós pudemos suportar?
11 Nós cremos que pela graça do Senhor Jesus seremos salvos, exatamente
como eles.
12 Toda a assembléia o ouviu silenciosamente. Em seguida, ouviram
Barnabé e Paulo contar quantos milagres e prodígios Deus fizera por meio
deles entre os gentios.
13 Depois de terminarem, Tiago tomou a palavra: Irmãos, ouvi-me, disse
ele.
14 Simão narrou como Deus começou a olhar para as nações pagãs para
tirar delas um povo que trouxesse o seu nome.
15 Ora, com isto concordam as palavras dos profetas, como está escrito:
16 Depois disto voltarei, e reedificarei o tabernáculo de Davi que caiu.
E reedificarei as suas ruínas, e o levantarei
17 para que o resto dos homens busque o Senhor, e todas as nações, sobre
as quais tem sido invocado o meu nome.
18 Assim fala o Senhor que faz estas coisas, coisas que ele conheceu
desde a eternidade (Am 9,11s.).
19 Por isso, julgo que não se devem inquietar os que dentre os gentios
se convertem a Deus.
20 Mas que se lhes escreva somente que se abstenham das carnes
oferecidas aos ídolos, da impureza, das carnes sufocadas e do sangue.
21 Porque Moisés, desde muitas gerações, tem em cada cidade seus
pregadores, pois que ele é lido nas sinagogas todos os sábados.
Salmo responsorial
95/96
Anunciai as
maravilhas do Senhor
entre todas as nações.
Cantai ao Senhor Deus um canto novo,
cantai ao Senhor Deus, ó terra inteira!
Cantai e bendizei seu santo nome!
Dia após dia anunciai sua salvação,
manifestai a sua glória entre as nações
e, entre os povos do universo, seus prodígios!
Publicai entre as nações: “Reina o Senhor!”
Ele firmou o universo inabalável,
pois os povos ele julga com justiça.
Aclamação do
Evangelho
Aleluia, aleluia, aleluia.
Minhas ovelhas escutam minha voz, minha voz estão elas a escutar; eu
conheço, então, minhas ovelhas, que me seguem, comigo a caminhar (Jo 10,27).
EVANGELHO (João 15,9-11)
9 Disse Jesus: Como o Pai
me ama, assim também eu vos amo. Perseverai no meu amor. 10 Se
guardardes os meus mandamentos, sereis constantes no meu amor, como também eu
guardei os mandamentos de meu Pai e persisto no seu amor.
11 Disse-vos essas coisas para que a minha alegria esteja em vós, e a
vossa alegria seja completa.
COMENTÁRIOS DO
EVANGELHO
1. Amor e
Retribuição
Estamos habituados a pensar
no amor como um sentimento que nos obriga a retribuir de alguma maneira ao
amor de quem nos ama, e que tem suas razões de ser. Olhamos para Jesus, o
Filho de Deus e poderíamos nos perguntar, que razões Jesus dá para que o Pai
o ame...
Mil razões... Jesus merece
ser amado pelo Pai, é Filho Fiel, obediente, que prioriza a Vontade do Pai,
que se move a partir do Pai, que se aniquila, se rebaixa e se deixa esmagar,
para cumprir toda a Vontade Daquele que o enviou....Um Filho assim, que dá
todas as razões para ser amado, todo mundo queria ter um... que fosse desse
jeito. Sendo bom, fiel e justo, santo e perfeito, Jesus pode contar com o
Amor do Pai, que é sempre intenso e grandioso. Enfim, podemos concluir com
nossa lógica humana, que o Pai o ama porque Ele de fato é bom...o Amor de
Deus pelo Filho Jesus é real, concreto, verdadeiro, sem dúvida alguma...
Neste evangelho, ao falar
com seus discípulos sobre esse amor, Jesus afirma algo que desnorteia a
todos: Assim como o Pai me ama, eu também vos amo! Assim... desse mesmo
modo... do mesmo jeito, com a mesma intensidade . Que motivos damos todos os
dias para que Deus manifeste todo esse amor por cada um de nós? Certamente
nenhum...
Mas há duas palavras
chaves, duas recomendações de Jesus neste evangelho, a seus discípulos de
ontem e de hoje. Perseverar e ser constante no amor de Cristo. Só há um modo
de ser constante e perseverante nesse amor: é guardar os mandamentos que
Jesus nos deu...Se antes, a perseverança e a constância para com Deus, dizia
respeito á observância da Lei, agora o amor é a Lei...
Não somos amados porque
somos bons, ou porque, de algum modo damos motivos para que Deus nos ame. Não
há razão para que Deus nos ame desse jeito tão apaixonado... E o amor ao
próximo, com essa mesma intensidade é a maneira que o discípulo tem, de corresponder
a este amor Divino.
2. A fonte do amor é o Pai
Nosso texto é sequência da
parábola da vinha (15,1-8). Tal parábola dá o apoio simbólico para a segunda
parte do discurso (VV. 11-17), que é, podemos dizer, uma meditação sobre o
amor tipicamente cristão. O amor é o fruto esperado de quem permanece unido à
videira. A parábola é um apelo à unidade do discípulo com o seu senhor: “...
permanecei em mim e eu permanecerei em vós … Aquele que permanece em mim, e
eu nele, dá muito fruto” (VV. 4.5b).
A fonte do amor é o Pai
(cf. v. 9). O autor da Primeira carta de João diz que “Deus é amor” (1Jo
4,16). O Pai ama criando, gerando a vida, entregando o próprio Filho: “Deus
amou tanto o mundo que enviou o seu Filho único” (Jo 3,16). É com esse mesmo
amor que o Filho, a verdadeira videira, amado pelo Pai, nos ama: “Tendo amado
os seus que estavam no mundo, amou-os até o extremo” (13,1). Uma das
características do discípulo é que ele é aquele que “permanece” no/com seu
Senhor. “Permanecer” é estar arraigado, profundamente unido, a tal ponto de
poder viver o mesmo dinamismo do amor. Já o dissemos mais acima, o amor não é
ideia; ele engaja a pessoa amada e a que ama num compromisso profundo: “Se
observardes os meus mandamentos, permanecereis no meu amor” (v. 10).
O amor assim entendido é o
caminho da verdadeira felicidade. Esta é a finalidade de todo o discurso: “Eu
vos disse isso, para que a minha alegria esteja em vós, e a vossa alegria
seja completa” (v. 11). Mas não nos esqueçamos de que esta alegria é alegria
de Cristo, portanto, dom.
ORAÇÃO
Pai, completa a alegria que o Espírito Santo faz brotar em mim, pois estou
disposto a permanecer unido a ti e a teu Filho, e a ser fiel aos teus
mandamentos, apesar das adversidades.
3. FIRMES NO AMOR
O amor que Jesus nutriu por seus discípulos é reflexo do amor que ele mesmo
recebeu do Pai. Amor eterno, permanente, total, exclusivo. Amor sem imposição
ou pré-requisitos. Amor absolutamente gratuito. Foi assim que Jesus amou os
seus, tal como aprendera na escola do Pai.
A exortação que Jesus
dirigiu aos seus - "Permaneçam no meu amor!" - tem duas vertentes.
A primeira refere-se ao relacionamento Jesus-discípulo, a segunda, ao dos
discípulos entre si.
O discípulo ama Jesus com o
mesmo amor com que é amado por ele. Aqui não há lugar para relacionamentos
interesseiros, como os de muitos cristãos que fazem consistir sua fé na busca
contínua de favores divinos. Nem há lugar para atitudes de temor, como
acontece com quem se julga estar sempre a ponto de ser punido por Deus. O
puro amor a Jesus vai além dessas deturpações.
No relacionamento com os seus semelhantes, o discípulo
oferece amor idêntico ao que recebe de Jesus. Não exige nada em troca. Não procura
enquadrar o outro em seus esquemas preconcebidos. Não estabelece limites.
Pelo contrário, acolhe o outro como ele é, oferecendo-lhe o melhor de si,
possibilitando-lhe o crescimento, a fim de que possa realizar-se
plenamente.
Oração
Espírito de amor fiel, ajuda-me a permanecer na fidelidade ao amor de
Jesus, dando o melhor de mim aos meus irmãos e às minhas irmãs.
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Liturgia da
Sexta-Feira
SANTOS FILIPE E TIAGO - APÓSTOLOS E
MÁRTIRES
(VERMELHO,
GLÓRIA, PREFÁCIO DOS APÓSTOLOS – OFÍCIO DA FESTA)
Antífona da
entrada: Estes são os santos
que Deus escolheu no seu amor. Deu-lhes uma glória eterna, aleluia!
Leitura (1
Coríntios 15,1-8)
Leitura da primeira carta de são Paulo aos Coríntios.
1 Eu vos lembro,
irmãos, o Evangelho que vos preguei, e que tendes acolhido, no qual estais
firmes.
2 Por ele sereis salvos, se o conservardes como vo-lo preguei. De outra
forma, em vão teríeis abraçado a fé.
3 Eu vos transmiti primeiramente o que eu mesmo havia recebido: que
Cristo morreu por nossos pecados, segundo as Escrituras;
4 foi sepultado, e ressurgiu ao terceiro dia, segundo as
Escrituras;
5 apareceu a Cefas, e em seguida aos Doze.
6 Depois apareceu a mais de quinhentos irmãos de uma vez, dos quais a
maior parte ainda vive (e alguns já são mortos);
7 depois apareceu a Tiago, em seguida a todos os apóstolos.
8 E, por último de todos, apareceu também a mim, como a um
abortivo.
Salmo responsorial
18/19A
Seu som ressoa e se
espalha em toda a terra.
Os céus proclamam a glória
do Senhor,
e o firmamento, a obra de suas mãos;
o dia ao dia transmite esta mensagem,
a noite à noite publica esta notícia.
Não são discursos nem frases ou palavras,
nem são vozes que possam ser ouvidas;
seu som ressoa e se espalha em toda a terra,
chega aos confins do universo a sua voz.
Aclamação do
Evangelho
Aleluia, aleluia, aleluia.
Sou o caminho, a verdade e a vida, diz Jesus; Filipe, quem me vê,
igualmente vê meu Pai! (Jo 14,6.9)
EVANGELHO (João 14,6-14)
6 Jesus respondeu a
Tomé: Eu sou o caminho, a verdade e a vida; ninguém vem ao Pai senão por
mim.
7 Se me conhecêsseis, também certamente conheceríeis meu Pai; desde
agora já o conheceis, pois o tendes visto.
8 Disse-lhe Filipe: Senhor, mostra-nos o Pai e isso nos basta.
9 Respondeu Jesus: Há tanto tempo que estou convosco e não me
conheceste, Filipe! Aquele que me viu, viu também o Pai. Como, pois, dizes:
Mostra-nos o Pai...
10 Não credes que estou no Pai, e que o Pai está em mim? As palavras que
vos digo não as digo de mim mesmo; mas o Pai, que permanece em mim, é que
realiza as suas próprias obras.
11 Crede-me: estou no Pai, e o Pai em mim. Crede-o ao
menos por causa destas obras.
12 Em verdade, em verdade vos digo: aquele que crê em mim fará também as
obras que eu faço, e fará ainda maiores do que estas, porque vou para junto
do Pai.
13 E tudo o que pedirdes ao Pai em meu nome, vo-lo farei, para que o Pai
seja glorificado no Filho.
14 Qualquer coisa que me pedirdes em meu nome, vo-lo farei.
COMENTÁRIOS DO EVANGELHO
1. SÃO FILIPE
E TIAGO, APÓSTOLOS
Hoje é Festa de São Filipe
e São Tiago, discípulos e apóstolos de Jesus, ambos tiveram a honra de
morrerem martirizados por causa do evangelho. O evangelho de hoje nos mostra
o início da experiência que Filipe fez com Jesus. Aqui é importante
compreendermos que essa experiência com Jesus não é um momento único em nossa
vida, mas é algo que se propaga no decorrer de toda nossa existência.
Entretanto, esse conhecimento de quem é Jesus, essa revelação Divina em nossa
vida, não vem já "prontinha" e pronta para consumo, como muitos
imaginam....Mas é necessária uma abertura permanente á Graça
Divina...abertura onde não podemos ter vergonha de expor diante de Deus as
nossas dúvidas exatamente como fez Felipe.
Jesus havia dito "Eu sou o caminho, a verdade e a Vida, ninguém vem ao
Pai senão por mim. Se me conhecêsseis, também certamente conheceríeis meu
Pai, desde agora já o conheceis, pois o tendes visto". Para nós leitores
deste segundo milênio, longe do contexto em que a reflexão Joanina foi
produzida, talvez possamos estranhar, que diante de tal clareza, Filipe ainda
não houvesse entendido, fazendo aquele pedido tão estranho "Senhor,
mostra-nos o Pai e isso nos basta!".
Aqui podemos usar o nosso imaginário, Filipe se inquietava em conhecer o Pai
e por isso, ao perceber nas Palavras de Jesus, que havia um Pai, isso é,
alguém que lhe era superior, teria afirmado "Queremos falar com quem
manda, mostra-nos o Pai e deixa o resto com a gente..." Entretanto
Filipe ainda não tinha entendido que nenhum ser humano conseguirá chegar ao
Pai se não for pelo Filho, a Trindade é Una, indivisível, um só Deus em três
pessoas e três pessoas em um só Deus, não há um canal em separado para se
comunicar com o Pai, outro com o Filho e outro com o Espírito Santo, quando
atendemos um celular em um círculo restrito de amigos, e quem nos ligou
também pertence a este círculo, ligamos o Viva -Voz para que todos ouçam,
assim são nossas orações direcionadas a Deus, onde a Trindade Santa nos ouve.
Filipe, influenciado pelas Teofanias do Antigo Testamento, esperava ainda uma
revelação espetacular do Pai de Jesus, pois ele estava encantado com Jesus e
talvez imaginasse "Se o Filho é assim, imagine o Pai..." Jesus
responde e corresponde a todos os nossos anseios e inquietações a respeito de
Deus, porque ele é Deus, sem deixar de ser Homem.
E se Jesus nos mostra o Pai, em suas Palavras e atitudes, nós que somos
satélites porque temos em nós a sua Luz maravilhosa, temos que refletir ao
próximo um pouco dessa luz, para que Jesus seja conhecido por todos. Mostrar
esse Jesus ao outro é mostrar a nossa vida, o que pensamos, o que fazemos e
como fazemos, afinal, se somos Filhos e Filhas da Luz, não há o que esconder!
2. Jesus é o
caminho à vida em plenitude
João menciona o nome de
Filipe em vários episódios narrados em seu Evangelho. Nos
sinóticos (Mateus, Marcos e Lucas), Filipe só aparece na relação dos Doze. Por
outro lado, o nome de Tiago aparece várias vezes, mas não há nenhuma menção a
ele em João. A
um pedido de Filipe a Jesus para mostrar-lhes o Pai, Jesus diz que ele
próprio identifica-se com o Pai, em seu amor para com todos e na sua
misericórdia salvífica: "Quem me vê, vê o Pai".
A revelação do Pai se faz
na humanidade de Jesus, e não através das antigas visões. Jesus é o caminho
que nos conduz à vida em plenitude, eterna. Ele é a verdade. Não uma verdade
intelectual ou abstrata, mas é a verdade da vida. A vida verdadeira é aquela
que é vivida em conformidade com a vontade de Deus.
ORAÇÃO
Pai, que eu saiba reconhecer-te na pessoa de Jesus, expressão consumada de
teu amor misericordioso por todos os que desejam estar perto de ti.
3. OS SANTOS DE
HOJE
São Filipe
Filipe nasceu em Betsaida, na Galiléia, e foi um dos primeiros discípulos de
Jesus, tendo sido, anteriormente, discípulo de são João Batista. O seu nome
ocupa sempre o quinto lugar nas listas dos apóstolos e é mencionado mais de
uma vez no Evangelho.
Os evangelistas Mateus, Marcos e Lucas dão-nos, de Filipe, somente o nome e o
lugar do nascimento, mas João oferece-nos maiores particularidades sobre a
sua personalidade. Os poucos elementos fornecidos pelo Evangelho permitem-nos
esboçar o perfil espiritual do apóstolo Filipe, homem simples e aberto,
primário e sincero, que gozou da intimidade espontânea com Jesus.
Ele era da mesma cidade de Pedro e André, e talvez fosse também pescador. As
Sagradas Escrituras nos contam que Filipe, após ter sido chamado diretamente
por Jesus, ao encontrar Natanael, mais tarde chamado de Bartolomeu, com certa
euforia lhe comunica a notícia: "Achamos aquele de quem Moisés escreveu
na lei e que os profetas anunciaram: é Jesus de Nazaré, filho de José"
(Jo 1,45-46).
Em outra passagem, João nos conta que foi Filipe quem perguntou a Jesus, no
dia do milagre da multiplicação dos pães, como faria para alimentar tanta
gente com tão poucos pães. Também, noutra ocasião, quando se aproximaram dos
apóstolos, alguns gregos que queriam ver mais de perto Jesus e recorreram
diretamente a Filipe. Então, junto com André, transmitiram o pedido a Cristo,
que os atendeu com benevolência (Jo 12,21-23).
A última intervenção dele aconteceu durante a última ceia. Os apóstolos
escutavam, atentos, as palavras de despedida do Mestre quando Filipe lhe
pediu um esclarecimento: "Senhor, mostra-nos o Pai e isto nos
basta". Jesus respondeu: "Filipe, há tanto tempo que convivo
convosco e ainda não me conheceis? Quem me viu, viu o Pai. Não crês que eu
estou no Pai e o Pai está em mim?" (Jo 14,8).
Nada sabemos dele depois da ressurreição. Segundo a tradição, ele foi enviado
para pregar o Evangelho na Ásia Menor, onde patrocinou um fato prodigioso.
Filipe teria sido obrigado a reverenciar o deus Marte, acendendo-lhe um
incenso. Naquele instante, surgiu de trás do altar pagão uma cobra, que matou
o filho do sacerdote-mor e mais dois comandados seus. Mas o apóstolo, com um
gesto, os fez ressuscitar e matou a cobra. Esse e outros milagres de Filipe
foram responsáveis pela conversão de muitos pagãos ao cristianismo.
Não se sabe, exatamente, como ou quando Filipe morreu. Mas o mais provável é
que tenha sido crucificado em Gerápolis, no tempo do imperador Domiciano,
talvez Trajano, aos oitenta e sete anos. Suas relíquias foram transportadas
num dia 3 de maio e colocadas na igreja dos Apóstolos, em Roma, junto com as
de são Tiago, o Menor. Por isso são Filipe é celebrado neste dia.
São Tiago
Tiago, filho de Alfeu, é identificado nos evangelhos
como "irmão do Senhor", termo usado para designar parentesco de
primos. Governou a Igreja de Jerusalém e foi chamado de "o Menor"
para não ser confundido com são Tiago, o Maior, que era irmão de são
João.
Os evangelhos só falam dele nas listas dos apóstolos. Porém tal falta de
informação foi compensada pelas fartas referências à sua ação e personalidade
contidas nos Atos dos Apóstolos e na Carta de são Paulo aos Gálatas, que nos
permitem saber que Tiago era, com são Pedro, a principal figura da Igreja.
São Paulo chega a citar seu nome em primeiro lugar, dizendo: "Tiago,
Pedro e João, considerados colunas da Igreja" (Gl 2,9). Foi com ele que
Paulo, depois de convertido, se encontrou em Jerusalém.
Dizem as Escrituras que Tiago sempre teve atenção e carinho especiais de Jesus
Cristo. Além de considerá-lo um homem de grande elevação espiritual, ainda
era seu parente próximo. Tiago foi testemunha da Ressurreição de Jesus; (1Cor
15,7). Antes de subir aos céus, Jesus, numa aparição, deu a ele o dom da
ciência como recompensa por sua bondade e santidade.
No Concílio de Jerusalém, onde se discutiu o problema da circuncisão e da lei
mosaica a serem impostas ou não aos convertidos do paganismo, Tiago teve um
papel importante quando deu sua opinião, aceita por todos (At 15). Ele também
escreveu uma epístola.
Devemos a Tiago práticos, sensíveis e prudentes ensinamentos. Como esta
advertência, sempre muito atual: "Se alguém pensa ser religioso, mas não
freia sua língua e engana seu coração, então é vã sua religião. A religião
pura e sem mácula, aos olhos de Deus, nosso Pai, é esta: visitar os órfãos e
as viúvas em suas aflições e conservar-se puro da corrupção deste mundo"
(Tg 1,26-27).
Sobre a morte de Tiago, o Menor, que foi o primeiro apóstolo a dar a vida em
nome de Jesus, possuímos informações de antiga data. Entre as mais prováveis
estão as do historiador hebreu José Flávio, segundo o qual o apóstolo teria
sido apedrejado e pisoteado no ano 61(ou 62), pelo sumo pontífice Anás II,
que se aproveitou da morte do íntegro papa Festo para eliminar o bispo de
Jerusalém.
São Tiago, o Menor, sempre foi considerado um homem de grande pureza, total
dedicação e abnegação, vivendo, desde o nascimento, consagrado a Deus. Sua
vida foi santa e de muita austeridade. Converteu muitos judeus à fé cristã
antes de receber a coroa do martírio. Suas relíquias foram colocadas na
igreja dos Santos Apóstolos, em Roma, e sua festa se celebra no dia 3 de
maio.
|
Liturgia do Sábado
V SEMANA DA PÁSCOA
(BRANCO – OFÍCIO DO DIA)
Antífona da
entrada: Sepultados com
Cristo no batismo, fostes também ressuscitados com ele, porque crestes no
poder de Deus, que o ressuscitou dos mortos, aleluia! (Cl 2,12).
Leitura (Atos
16,1-10)
Leitura dos Atos dos Apóstolos.
1 Chegou a Derbe e
depois a Listra. Havia ali um discípulo, chamado Timóteo, filho de uma judia
cristã, mas de pai grego,
2 que gozava de ótima reputação junto dos irmãos de Listra e de
Icônio.
3 Paulo quis que ele fosse em sua companhia. Ao tomá-lo consigo,
circuncidou-o, por causa dos judeus daqueles lugares, pois todos sabiam que o
seu pai era grego.
4 Nas cidades pelas quais passavam, ensinavam que observassem as
decisões que haviam sido tomadas pelos apóstolos e anciãos em
Jerusalém.
5 Assim as igrejas eram confirmadas na fé, e cresciam em número dia a
dia.
6 Atravessando em seguida a Frígia e a província da Galácia, foram
impedidos pelo Espírito Santo de anunciar a palavra de Deus na (província da)
Ásia.
7 Ao chegarem aos confins da Mísia, tencionavam seguir para a Bitínia,
mas o Espírito de Jesus não o permitiu.
8 Depois de haverem atravessado rapidamente a Mísia, desceram a
Trôade.
9 De noite, Paulo teve uma visão: um macedônio, em pé, diante dele, lhe
rogava: Passa à Macedônia, e vem em nosso auxílio!
10 Assim que teve essa visão, procuramos partir para a Macedônia, certos
de que Deus nos chamava a pregar-lhes o Evangelho.
Salmo responsorial
99/100
Aclamai o Senhor, ó
terra inteira.
Aclamai o Senhor, ó terra inteira,
servi ao Senhor com alegria,
ide a ele cantando jubilosos!
Sabei que o Senhor, só ele, é Deus,
ele mesmo nos fez e somos seus,
nós somos seu povo e seu rebanho.
Sim, é bom o Senhor e nosso Deus,
sua bondade perdura para sempre,
seu amor é fiel eternamente!
Aclamação do
Evangelho
Aleluia, aleluia, aleluia.
Se com Cristo ressurgiste, procurai o que é do alto, onde Cristo está
sentado à direita de Deus Pai (Cl 3,1).
Evangelho (João 15,18-21)
18 Disse Jesus: Se o
mundo vos odeia, sabei que me odiou a mim antes que a vós.
19 Se fôsseis do mundo, o mundo vos amaria como sendo seus. Como, porém,
não sois do mundo, mas do mundo vos escolhi, por isso o mundo vos
odeia.
20 Lembrai-vos da palavra que vos disse: O servo não é maior do que o
seu senhor. Se me perseguiram, também vos hão de perseguir. Se guardaram a
minha palavra, hão de guardar também a vossa.
21 Mas vos farão tudo isso por causa do meu nome, porque não conhecem
aquele que me enviou.
COMENTÁRIOS DO EVANGELHO
1. O Mundo de
Deus
A Palavra "mundo"
é largamente empregada pelo evangelista João, mas as vêzes com sentido
diferente, neste evangelho por exemplo, mundo não é o planeta ou a Obra da
Criação, mas sim o mundo do mal, dos que deliberadamente se opõe a Verdade
que Deus revelou em
Jesus. Odiar é o contrário do Amar, o amor quer a Vida do
outro e a sua alegria, o Ódio quer a morte e a destruição daquele que é
odiado.
O homem quer um Deus forte
e poderoso, um ser de moral irreprensível, seguidor da lei de Moisés, um Deus
que privilegie os justos e santos, e que castigue implacavelmente os injustos
e pecadores. Um Deus que continue a ter uma raça escolhida, exemplo de
pessoas boas, sinceras, e que por isso mesmo são sempre abençoadas com longa
vida, e bens materiais. Um Deus que se valorize e que não se misture com os
míseros mortais.
O primeiro problema na
relação da comunidade judaica tradicional com Jesus, Ele não atende essa
expectativa e ainda por cima, se relaciona com pessoas que nem de longe fazem
parte da "raça escolhida e Nação Santa". Mas o que provocou o ódio
e a rejeição a Jesus por parte dos Judeus tradicionais, foi ele ter se
apresentado como Filho de Deus, o grande esperado e não havia outro.
Os seguidores autênticos de
Jesus o imitam em tudo, ensinam suas palavras, realizam as mesmas obras, ou
seja, dão continuidade á Missão de Jesus tornando-se assim a prova inequívoca
de que Jesus ressuscitou, está vivo e caminha com eles. Quem odeia a alguém,
quer ver esse alguém morto, esmagado e destruído para sempre, e alguém que
lembre essa presença, só fará aumentar o ódio dos seus opositores.
Na pós modernidade essa
rejeição e esse ódio por Jesus, seu evangelho e seu reino, continua. Muda-se
a referência, os Judeus conservadores o odiavam porque ele não correspondia
ao modelo de Messias que eles acreditavam, a partir de suas tradições e da
escritura, já o homem da pós modernidade quer um Jesus que seja á sua imagem
e semelhança, adequado a um estilo de vida que privilegie a busca de prazer,
de realização pessoal, em um egocentrismo exacerbado onde o homem é o deus de
si mesmo.
Qualquer postura,
pensamento ou atitude que contrarie tudo isso, irá atrair ódio e rejeição. O
discípulo de Jesus sempre navega contra a correnteza!
2. A palavra encorajadora de Jesus
O tema principal é a
perseguição que os discípulos sofrem e, aqui, muito provavelmente da parte da
sinagoga. No relato do envio dos setenta e dois discípulos, Jesus alerta:
“Eis que eu vos envio como cordeiro entre lobos” (Lc 10,3). O prólogo do
evangelho de João já antecipa o tema da perseguição e da rejeição: “… a luz
brilha nas trevas, mas as trevas não a apreenderam” (1,5); “ele estava no
mundo e o mundo foi feito por meio dele, mas o mundo não o reconheceu” (v.
10).
No diálogo
catequético-batismal com Nicodemos, o tema da rejeição também aparece: “… a
luz veio ao mundo, mas os homens preferiram as trevas à luz, porque as suas
obras eram más” (3,19).
Neste pano de fundo, a
palavra de encorajamento de Jesus ganha ainda mais força: “Se o mundo vos
odeia, sabei que primeiro odiou a mim” (v. 18). O discípulo é chamado a
configurar a sua vida à vida do seu Senhor e encontrar nele e por ele a força
para enfrentar e não sucumbir diante da perseguição. As razões da perseguição
são a ignorância e a falta de fé: não conhecem Aquele que enviou Jesus (cf.
v. 21).
ORAÇÃO
Pai, faze-me forte para enfrentar o ódio e a perseguição do mundo, sem abrir
mão de minha fidelidade a ti e a teu Reino, a exemplo de Jesus.
3. SEM MEDO DE SER ODIADO
O Mestre Jesus procurou
consolar e encorajar os seus discípulos diante da perspectiva do ódio e da
perseguição. Sem criar neles o complexo de vítima, levou-os a encarar o
futuro, com realismo: assim como o seu testemunho despertou a fúria de seus
adversários, o mesmo aconteceria com os seus enviados.
Que tipo de personalidade
pressupõe-se que o discípulo deva ter, se considerarmos as palavras de Jesus? Antes
de tudo, o discípulo deve ser alguém inabalavelmente comprometido com o
Mestre, colocando-o como centro de sua vida, e com o Reino. Supõe-se que deva
possuir uma personalidade destemida, se não audaciosa, alheia às influências
negativas e pessimistas, perspicaz para detectar e denunciar as artimanhas do
maligno, precavendo-se delas, predisposta a testemunhar a sua fé até o
martírio, se for o caso.
Sem isto, o discípulo não
terá a mínima condição de defrontar-se com o mundo, e sair vitorioso. Sua
vida será sempre uma batalha, pois foi arrancado do mundo. Por isso, o mundo
não o perdoa. Sua missão consistirá em desmontar as estruturas contrárias ao
projeto de Deus, saneando-as com o amor e a justiça. Seu destino será, como
Jesus: levar adiante esta luta sem tréguas, da qual deverá sair
vencedor.
Basta ao discípulo contemplar a vida do Mestre, e, por
ela, pautar a sua.
Oração
Espírito de encorajamento, diante da perspectiva de ser odiado e
perseguido, reveste-me de coragem, para eu não permitir que as forças do mal
tenham poder sobre mim.
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Liturgia do Domingo 05.05.2013
6º Domingo de Páscoa — ANO C
(BRANCO, GLÓRIA, CREIO –
II SEMANA DO SALTÉRIO)
__ "Deixo a vocês a paz, dou a vocês a minha paz... Eu vou e voltarei a
vocês." __
Ambientação:
Sejam bem-vindos
amados irmãos e irmãs!
INTRODUÇÃO DO
FOLHETO DOMINICAL PULSANDINHO: Reunimo-nos para celebrar o memorial da morte e
ressurreição de Jesus. Na celebração eucarística escutamos a Palavra de Deus.
O Espírito irá nos ensinar tudo o que Jesus disse; irá iluminar nossos
desafios pastorais e orientará nossas comunidades, a fim de que transformemos
nossa sociedade em
Nova Jerusalém, esposa do Cordeiro. Portanto, animados pelo
Espírito, teremos força para seguirmos adiante, sem perturbações e temores no
coração. Não estamos órfãos, largados à própria sorte, pois temos a
assistência de uma força divina enviada pelo Pai.
INTRODUÇÃO DO
FOLHETO DOMINICAL O POVO DE DEUS: Neste domingo muitos dos nossos irmãos se põem a
caminho de Aparecida como romeiros da nossa Arquidiocese. É uma romaria que
tem seu ponto final no céu, mas que passa pelos Santuários desta terra,
sinais visíveis daquele santuário eterno que é o Cristo Bom Pastor reinando à
Direita do Pai. Aparecida, a casa da Mãe, nos acolhe e fortalece na fé, para
que o romeiro da eternidade persevere até fim em sua grande romaria.
Preparemo-nos também para a festa da Ascensão do Senhor, no próximo domingo.
A ascensão de Jesus é a motivação teológica para o Dia Mundial das
Comunicações Sociais. Por isso, no próximo domingo, venhamos preparados para
a coleta generosa em prol da Rádio Nove de Junho, um dos principais meios
arquidiocesanos de comunicação social e precioso meio comunicação católica.
INTRODUÇÃO DO
WEBMASTER: Na
Nova Jerusalém não há templo, porque o Senhor e o Cordeiro são o seu templo.
Afirmação surpreendente. Fala-se do mundo novo já presente como início na
Igreja terrena, mas que se realizará em plenitude na Igreja celeste. A
realidade futura não terá mais necessidade daquilo que na terra é sinal e instrumento.
Mas já neste mundo é preciso fazer a passagem dos sinais visíveis para os
invisíveis mistérios que naqueles Deus faz conhecer e comunica. Isto implica
num processo de espiritualização e de personalização que ultrapassas as
perspectivas dos profetas.
Sintamos em nossos
corações a alegria da Ressurreição e entoemos alegres cânticos ao Senhor!
VI DOMINGO DA PÁSCOA
Antífona da
entrada: Anunciai com gritos
de alegria, proclamai até os extremos da terra: o Senhor libertou o seu povo,
aleluia! (Is 48,20)
Comentário das
Leituras: A
promessa do Mestre exige dos discípulos uma fé consistente. Nos momentos de
provação, recorrendo a ela, são capazes de dar razão ao Mestre e reconhecer
que o Espírito Defensor age em seu favor. O Espírito Santo nos garante, por
meio da Igreja, a comunhão com o Ressuscitado. Ouçamos com atenção.
Primeira Leitura
(Atos 15,1-2.22-29)
Leitura dos Atos dos Apóstolos.
1 Alguns homens,
descendo da Judéia, puseram-se a ensinar aos irmãos o seguinte: Se não vos
circuncidais, segundo o rito de Moisés, não podeis ser salvos.
2 Originou-se então grande discussão de Paulo e Barnabé com eles, e
resolveu-se que estes dois, com alguns outros irmãos, fossem tratar desta
questão com os apóstolos e os anciãos em Jerusalém.
22 Então pareceu bem aos apóstolos e aos anciãos com toda a comunidade
escolher homens dentre eles e enviá-los a Antioquia com Paulo e Barnabé:
Judas, que tinha o sobrenome de Barsabás, e Silas, homens notáveis entre os
irmãos.
23 Por seu intermédio enviaram a seguinte carta: "Os apóstolos e os
anciãos aos irmãos de origem pagã, em Antioquia, na Síria e Cilícia,
saúde!
24 Temos ouvido que alguns dentre nós vos têm perturbado com palavras,
transtornando os vossos espíritos, sem lhes termos dado semelhante
incumbência.
25 Assim nós nos reunimos e decidimos escolher delegados e enviá-los a
vós, com os nossos amados Barnabé e Paulo,
26 homens que têm exposto suas vidas pelo nome de nosso Senhor Jesus
Cristo.
27 Enviamos, portanto, Judas e Silas que de viva voz vos exporão as mesmas
coisas.
28 Com efeito, pareceu bem ao Espírito Santo e a nós não vos impor outro
peso além do seguinte indispensável:
29 que vos abstenhais das carnes sacrificadas aos ídolos, do sangue, da
carne sufocada e da impureza. Dessas coisas fareis bem de vos guardar
conscienciosamente. Adeus!
Salmo responsorial
66/67
Que as nações vos
glorifiquem, ó Senhor, que todas as nações vos glorifiquem!
Que Deus nos dê a sua graça e sua bênção,
e sua face resplandeça sobre nós!
Que na terra se conheça o seu caminho
e a sua salvação por entre os povos.
Exulte de alegria a terra inteira,
pois julgais o universo com justiça;
os povos governais com retidão
e guiais, em toda a terra, as nações.
Que as nações vos glorifiquem!
Que todas as nações vos glorifiquem!
Que o Senhor e nosso Deus nos abençoe
e o respeitem os confins de toda a terra!
Segunda Leitura
(Apocalipse 21,10-14.22-23)
Leitura do livro do Apocalipse.
10 Levou-me em
espírito a um grande e alto monte e mostrou-me a Cidade Santa, Jerusalém, que
descia do céu, de junto de Deus,
11 revestida da glória de Deus. Assemelhava-se seu esplendor a uma pedra
muito preciosa, tal como o jaspe cristalino.
12 Tinha grande e alta muralha com doze portas, guardadas por doze
anjos. Nas portas estavam gravados os nomes das doze tribos dos filhos de
Israel.
13 Ao oriente havia três portas, ao setentrião três portas, ao sul três
portas e ao ocidente três portas.
14 A muralha da cidade tinha doze fundamentos com os nomes dos doze
apóstolos do Cordeiro.
22 Não vi nela, porém, templo algum, porque o Senhor Deus Dominador é o
seu templo, assim como o Cordeiro.
23 A cidade não necessita de sol nem de lua para iluminar, porque a
glória de Deus a ilumina, e a sua luz é o Cordeiro.
Aclamação do
Evangelho
Aleluia, aleluia, aleluia.
Quem me ama realmente guardará minha palavra, e meu Pai o amará, e a ele
nós viremos (Jo 14,23).
EVANGELHO (João 14,23-29)
23 Disse Jesus: Se
alguém me ama, guardará a minha palavra e meu Pai o amará, e nós viremos a
ele e nele faremos nossa morada.
24 Aquele que não me ama não guarda as minhas palavras. A palavra que
tendes ouvido não é minha, mas sim do Pai que me enviou.
25 Disse-vos estas coisas enquanto estou convosco.
26 Mas o Paráclito, o Espírito Santo, que o Pai enviará em meu nome,
ensinar-vos-á todas as coisas e vos recordará tudo o que vos tenho
dito.
27 Deixo-vos a paz, dou-vos a minha paz. Não vo-la dou como o mundo a
dá. Não se perturbe o vosso coração, nem se atemorize!
28 Ouvistes que eu vos disse: Vou e volto a vós. Se me amardes,
certamente haveis de alegrar-vos, que vou para junto do Pai, porque o Pai é
maior do que eu.
29 E disse-vos agora estas coisas, antes que aconteçam, para que creiais
quando acontecerem.
TEXTOS
BÍBLICOS PARA A SEMANA:
2ª Br - At 16,11-15; Sl 149; Jo 15,26-16,4a
3ª Br - At 16,22-34; Sl 137 (138); Jo 16,5-11
4ª Br - At 17,15.22-18,1; Sl 148; Jo 16,12-15
5ª Br - At 18,1-8; Sl 97 (98); Jo 16,16-20
6ª Vm - At 1,15-17.20-26; Sl 112 (113); Jo 15,9-17
Sb Br - At 18,23-28; Sl 46 (47); Jo 16,23b-28
Domingo. ASCENSÃO DO SENHOR, At 1,1-11; Sl 46 (47),2-3. 6-7. 8-9 (R/ 6); Ef
1,17-23; Lc 24,46-53 Ou 2ª leitura facultativa: Hb 9,24-28; 10,19-23
COMENTÁRIOS DO EVANGELHO
1. O ESPÍRITO QUE
ENSINA!
Tive um amigo que era
“fera” em ciências exatas, conhecia e sabia de cor conceitos e fórmulas de
matemática, física e química, que assombrava os professores e a todos nós da
sua classe, que morríamos de inveja quando o víamos tirar notas altas nessas
matérias, sem nunca ser preciso fazer a prova final porque bem antes de encerrar
o ano letivo, já tinha fechado todas essas matérias. Findo o segundo grau,
prestou vestibular para engenharia sem fazer nenhum cursinho e de maneira
brilhante obteve classificação para cursar engenharia. Em certa ocasião
encontrei-o na empresa, prestando serviço como auxiliar administrativo em uma
renomada empreiteira de montagens industriais e ao perguntar-lhe por que
trabalhava como auxiliar se já era engenheiro formado, respondeu-me que
queria especializar-se nessa área e que este aprimoramento profissional só
era possível se tivesse a prática e daí sim, estaria habilitado para exercer
aquela profissão “Na teoria é uma coisa, na prática é outra”, disse-me
sorrindo, ao concluir a nossa conversa.
É este precisamente o
ensinamento do evangelho desse Sexto domingo da Páscoa: passarmos da teoria à
prática da verdadeira religião, que nada mais é do que o amor na relação com
Deus e com o próximo, porque parece que as nossas comunidades cristãs,
algumas um pouco mais, outras um pouco menos, são todas bem parecidas com o
meu amigo dos tempos de escola, vive-se muito uma religião teórica, um amor
teórico, nossos conceitos de religião e de amor, segundo o evangelho que
aprendemos na catequese e que ouvimos em cada celebração, são os mais belos e
verdadeiros, tanto é verdade que Jesus Cristo é conhecido e admirado por
milhões e milhões de pessoas no mundo inteiro, dentro e fora das igrejas.
E essa praticidade seria
impossível se não fosse à ação do Espírito Santo, que de maneira
ininterrupta, 24 horas nos ensina e nos recorda as palavras de Jesus, sem
essa ação do Espírito Santo, a Sagrada Escritura e particularmente o Novo
Testamento, não passaria de belos conceitos e fórmulas de “Como se Viver Bem”
com a gente mesmo, com os outros e com Deus, uma espécie de manual com
instruções práticas sobre um eletro doméstico, desses que deixamos empoeirar,
esquecido no fundo de uma gaveta. O Espírito Santo não nos ensina algo novo e
diferente do que Jesus nos ensinou, mas ele atualiza a palavra em nossa vida,
dando-nos a resposta que precisamos diante de certos acontecimentos ou
situações, que o Jesus Histórico não viveu, pois naquele tempo não tinha TV,
Celular, Internet, avião, naves espaciais, tecnologia avançada, aborto,
divórcio, violência, corrupção, tráfico de drogas, globalização, essas e
outras coisas são realidades do nosso tempo, diante das quais, o ensinamento
de Jesus tem sempre uma resposta que é atual e verdadeira, pela ação do
Espírito Santo.
Mas o Espírito Santo só age
em nossa vida se já tivermos ouvido e guardado a Palavra de Jesus, que é a
Palavra do Pai, mesmo porque, as três pessoas da Santíssima Trindade nunca
agem isoladamente, mas sempre juntas, em perfeita comunhão. O Espírito Santo
não é apenas um lado de Deus, mas é Deus por inteiro e, portanto, não faz
mágica, mas sua ação está intimamente ligada ao Pai e ao Filho. E o amor a
Deus e ao próximo, é o sinal de que guardamos a Palavra de Jesus, é por isso
mesmo que o evangelho coloca a prática desse amor como “Carro Chefe de Tudo”,
porque todo o ensinamento de Jesus, suas palavras e obras, revelam ao homem
essa Verdade absoluta que é o amor de Deus, e para estar nele com ele e com o
Pai, não há outro caminho que não seja o do amor.
A presença de Deus em nós
não está condicionada às práticas religiosas, grandiosas liturgias e
arrebatamentos celestiais, mas a vivência do amor, porque a liturgia
eucarística nada mais é do que a celebração do Amor que se encarnou no meio
dos homens e quem faz do cristianismo, apenas o cumprimento de preceitos e
práticas religiosas, fica apenas na teoria, sabe tudo, conhece tudo, mas não
vive a principal verdade revelada por Jesus, que é o amor. Isso é tão claro
para o evangelista João, que ele irá dizer para sua comunidade, que “Deus é
Amor”. A Paz que Jesus dá ao mundo, a partir dessa verdade, não é a paz do
comodismo, da ausência dos problemas, das dificuldades e desafios. Não existe
uma comunidade assim, mas a Paz significa essa presença de Deus em nossa vida
por isso o nosso coração não deve se perturbar nem ter medo.
Trata-se, portanto, de uma
paz inquietante, que questiona e que busca algo de belo, na plenitude que só
Jesus pode nos dar, é dom, mas também conquista ao mesmo tempo, está sujeita
aos conflitos na relação com o mundo porque busca algo que o mundo não pode
nos dar. O mundo quer nos convencer do contrário, mas quando amamos e
guardamos no coração a Palavra de Jesus, podemos contar com o melhor de todos
os advogados: o Espírito Santo, que nos transforma em evangelho vivo! (VI
domingo da Páscoa)
2. O Sopro de Deus em
nós
O trecho do evangelho deste
domingo é parte do discurso de despedida de Jesus (13,31–14,31). Trata-se,
aqui, de encorajar os discípulos para que não desanimem ante as perseguições,
paixão e morte de Jesus. A paz que o Senhor oferece para a missão e a
constância dos discípulos é a sua própria vida, pois ele é o “fazedor de paz”
(Mt 5,9), o “príncipe da paz” que, entrando em sua cidade, Jerusalém,
reconciliou pela sua entrega a humanidade com Deus.
A paz é um dos primeiro
dons do Cristo Ressuscitado. O Senhor promete a sua volta: “Voltarei a vós”
(Jo 14,28). Não se trata de retorno à vida terrestre. A missão do Espírito
Santo é tornar o Cristo presente a nós e sua palavra viva em nós. No Espírito
Santo, a partida de Jesus não é sentida como ausência, pois ele estará
conosco “todos os dias até os fins dos tempos” (Mt 28,20). O Espírito Santo,
dom de Deus, não permite que a palavra de Jesus fique sem sentido ou caia no
esquecimento; o Sopro de Deus em nós ensina e recorda tudo o que Jesus disse.
A fé é necessária para
manter viva em nós a Palavra do Senhor e não sucumbirmos diante das
dificuldades na realização da missão, que é participação na missão daquele
que, enviado pelo Pai, passou por este mundo fazendo o bem, sofreu a paixão e
morreu crucificado, mas ressuscitou ao terceiro dia.
O Apocalipse, livro escrito
em fins do primeiro século, busca encorajar os cristãos a permanecerem firmes
na fé e a guardarem a palavra de Cristo em meio à perseguição. A Igreja,
lugar da habitação de Deus, é iluminada pelo Senhor: “A cidade não precisa de
sol nem de lua que a iluminem, pois a glória de Deus é a sua luz, e a sua
lâmpada é o Cordeiro” (Ap 21,23). A Igreja, fiel ao Senhor, não tem o que
temer, pois o Senhor está no seu meio qual uma luz. Sob essa luz nenhum mal pode
se esconder, e não há o que possa levá-la a tropeçar. A luz de Deus e do
Cordeiro desvela as armadilhas do mal, as falsas doutrinas que buscam se
impor como verdadeiras e necessárias.
A questão sobre a
circuncisão dos pagãos, como, queriam alguns, necessária para a salvação,
leva os apóstolos a darem uma resposta apostolicamente criativa e
teologicamente brilhante. É um duplo problema que está presente na questão
apresentada: o da unidade da Igreja e o da salvação. Para a unidade da Igreja
é fundamental a aceitação da diferença – a unidade só é possível por causa da
diferença. Em segundo lugar, não é a Lei que salva, mas a fé em Jesus Cristo.
Que neste dia, o primeiro
da semana, sejamos iluminados para que todos os demais dias sejam vividos
neste mesmo clarão.
ORAÇÃO
Espírito de iluminação, ensina-me e recorda-me todos os ensinamentos do
Mestre Jesus, para que eu possa vivê-los com mais fidelidade.
3. SOB A GUIA DO PARÁCLITO
Pensando em sua ausência
futura, Jesus tomou providências para que os seus discípulos não se sentissem
abandonados, ao se verem entregues à missão, sem a presença física de seu
Mestre. Esta sua falta, no entanto, haveria de ser compensada com a presença
do Paráclito - o Defensor - que daria continuidade ao papel desempenhado por
Jesus, junto aos discípulos.
O Paráclito iria
ensinar-lhes todas as coisas, outrora transmitidas por Jesus, e recordar-lhes
todas as orientações transmitidas. Ou seja, assumiria a função magisterial,
antes desempenhada pelo Mestre. Os discípulos não teriam necessidade escolher
um dos membros do grupo como mestre dos demais. Todos continuariam a ser
discípulos do Mestre Jesus, pela mediação do Paráclito.
Por conseguinte, não
deveriam esperar novidades por parte do Paráclito. Sua missão consistiria em
fazê-los compreender, sempre mais e melhor, o que já havia sido transmitido
por Jesus, mas, quiçá mal assimilado. O Espírito Santo iluminaria,
aprofundaria e atualizaria as palavras do Filho de Deus, nos contextos
plurais de desempenho da missão. Em cada circunstância concreta, as palavras
do Senhor haveriam de revestir-se de apelos novos, pela luz oferecida pelo
Paráclito.
O discípulo não pode
dispensar o auxílio do Paráclito se deseja conservar sua fidelidade ao
Senhor.
Oração
Espírito de iluminação, ensina-me e recorda-me todos os ensinamentos do
Mestre Jesus, para que eu possa vivê-los com mais fidelidade.
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