Liturgia da Segunda Feira — 27.05.2013
VIII SEMANA DO TEMPO COMUM *
(VERDE – OFÍCIO DO DIA DA
IV SEMANA)
Antífona da
entrada: O Senhor se tornou
o meu apoio, libertou-se da angústia e me salvou porque me ama (Sl 17,19s).
Leitura
(Eclesiástico 17, 20-28)
Leitura do livro do livro do Eclesiástico.
17 20 Aos
penitentes, porém, abre o caminho da justiça: conforta os desfalecidos, e
conserva-lhes a verdade como destino.
21 Converte-te ao Senhor, abandona os teus pecados.
22 Ora diante dele e diminui as ocasiões de pecado.
23 Volta para o Senhor, afasta-te de tua injustiça, e detesta o que
causa horror a Deus.
24 Conhece a justiça e os juízos de Deus; permanece firme no estado em
que ele te colocou, e na oração constante ao Altíssimo.
25 Anda na companhia do povo santo, com os que vivem e proclamam a
glória de Deus.
26 Não te detenhas no erro dos ímpios, louva a Deus antes da
morte;
27 após a morte nada mais há, o louvor terminou. Glorifica a Deus
enquanto viveres; glorifica-o enquanto tiveres vida e saúde; louva a Deus e
glorifica-o em suas misericórdias.
28 Quão grande é a misericórdia do Senhor, e o perdão que concede àqueles
que para ele se voltam!
Salmo responsorial
31/32
Ó justos,
alegrai-vos no Senhor!
Feliz o homem que foi perdoado
e cuja falta já foi encoberta!
Feliz o homem a quem o Senhor
não olha mais como sendo culpado
e em cuja alma não há falsidade!
Eu confessei, afinal, meu pecado
e minha falta vos fiz conhecer.
Disse: “Eu irei confessar meu pecado!”
E perdoastes, Senhor, minha falta.
Todo fiel pode, assim, invocar-vos
durante o tempo da angústia e aflição,
porque, ainda que irrompam as águas,
não poderão atingi-lo jamais.
Sois para mim proteção e refúgio;
na minha angústia me haveis de salvar
e envolvereis a minha alma no gozo
da salvação que me vem só de vós.
Aclamação do
Evangelho
Aleluia, aleluia, aleluia.
Jesus Cristo, Senhor nosso, embora sendo rico, para nós se tornou pobre,
a fim de enriquecer-nos mediante sua pobreza (2Cor 8,9).
EVANGELHO (Marcos 10,17-27)
Naquele
tempo, 10 17 tendo Jesus saído para se pôr a caminho, veio
alguém correndo e, dobrando os joelhos diante dele, suplicou-lhe: "Bom
Mestre, que farei para alcançara vida eterna?"
18 Jesus disse-lhe: "Por que me chamas bom? Só Deus é bom.
19 Conheces os mandamentos: não mates; não cometas adultério; não
furtes; não digas falso testemunho; não cometas fraudes; honra pai e
mãe."
20 Ele respondeu-lhe: "Mestre, tudo isto tenho observado desde a
minha mocidade."
21 Jesus fixou nele o olhar, amou-o e disse-lhe: "Uma só coisa te
falta; vai, vende tudo o que tens e dá-o aos pobres e terás um tesouro no
céu. Depois, vem e segue-me.
22 Ele entristeceu-se com estas palavras e foi-se todo abatido, porque
possuía muitos bens.
23 E, olhando Jesus em derredor, disse a seus discípulos: "Quão
dificilmente entrarão no Reino de Deus os ricos!"
24 Os discípulos ficaram assombrados com suas palavras. Mas Jesus
replicou: "Filhinhos, quão difícil é entrarem no Reino de Deus os que
põem a sua confiança nas riquezas!
25 É mais fácil passar o camelo pelo fundo de uma agulha do que entrar o
rico no Reino de Deus."
26 Eles ainda mais se admiravam, dizendo a si próprios: "Quem pode
então salvar-se?"
27 Olhando Jesus para eles, disse: "Aos homens isto é impossível,
mas não a Deus; pois a Deus tudo é possível.
COMENTÁRIOS DO
EVANGELHO
1. Como alcançar a
Vida Eterna?
Não se pode duvidar das
boas e retas intenções dessa pessoa que abordou Jesus no meio do caminho,
prostrando-se á seus pés e suplicando “Bom Mestre, que farei para alcançar a
vida eterna?”. O homem era de uma Fé fervorosa em Jesus e tinha
convicção de que ele lhe abriria novas portas e lhe apontaria novos caminhos.
Poderíamos dizer que, era alguém que buscava algo mais.
Quando Jesus lhe cita os
principais mandamentos, o homem lhe observa que tudo isso ele já tem feito
desde a mocidade. Ele buscava e queria algo mais do que a mera
observância dos mandamentos. A gente se acomoda demais em coisas que não
fazemos e que outros fazem, ou em coisas que fazemos de bom, e que outros não
fazem. A gente se nivela por baixo e a referência somos nós em relação aos
outros. Como cristãos participantes da comunidade, frequentador das
celebrações, recebendo os Sacramentos, ofertando o Dízimo, atuando na
pastoral, a gente olha para quem não faz nada disso e vamos em pensamento nos
projetando ao patamar de cima “Somos bons, esses aí nem tanto...” e quando
olhamos os maus e pecadores, chegamos a nos vangloriar pela distância que há
entre nós e eles na prática das virtudes, na questão moral e ética.
“Esses um aí, estão bem lá embaixo do nosso glorioso patamar” –
chegamos a pensar.
A primeira coisa que Jesus
faz é corrigir esse modo de olhar. O Homem olhou para ele, prostrou-se a seus
pés e lhe chamou de “Bom Mestre”, mas Jesus não se revela a si mesmo
mas ao Pai, por isso afirma que só Deus é Bom. A referência é Deus,
manifestado em Jesus, e não as pessoas. Quando isso ocorre daí nos sentimos
pequenos, daí vemos que jamais iremos alcançar o Patamar de Glória ,
Santidade e Perfeição de Deus e daí não temos do que nos vangloriar, ao
contrário, a nossa pequenez, a nossa miséria e fragilidade humana, irão logo
aparecer em destaque, quando olhamos para Deus.
O texto também fala que
Jesus o olhou e o amou. Alguém que quer mais, alguém que quer avançar na Vida
Religiosa e na Vida de Fé. “Vai, vendes tudo o que tens, dá aos pobres
e terás um tesouro no céu, depois vem e segue-me”. Deus abriu mão de
tudo o que tinha , seu Filho Jesus, e o deu aos pobres, que somos nós. O
Perfeito é aquele que se sente sempre imperfeito, porque a sua referência é
Deus, é aquele que busca aprender sempre e por isso se faz discípulo e
seguidor do único que pode nos levar a plenitude da Vida: Jesus Cristo!
O Homem foi embora triste,
era um colecionador de virtudes morais e Dono de um vasto Patrimônio
Econômico, a Vida Eterna era uma coisa rara que fazia falta em seus
pertences, e que ele julgou poder fazer alguma coisa para tê-la, talvez como
um Valioso troféu. Na verdade, nivelou a Vida Eterna aos bens que possuía,
não entendeu que a Vida terna é superior a tudo o que o Homem possa desejar e
ter nesta Vida Terrena. Preferiu ficar com o que já tinha e que lhe dava
segurança, do que arriscar-se por algo que Deus lhe oferecia, exatamente
porque pensava na Salvação e na Vida Eterna como algo a ser conquistado com
seus méritos, esquecendo-se que a Vida Eterna e a Salvação são dons gratuitos
que Deus oferece a cada Homem...Queremos ter méritos, para que a posse seja
legítima e reconhecida por todos. No Judaísmo Deus se torna Devedor do Homem
Justo e praticante das Leis e das virtudes. “Deus me dá porque eu mereço”.
Eis o motivo da tristeza daquele homem, que de repente sentiu-se “pobre” e
incapaz de se salvar...
2. A vida eterna não se compra, se recebe
Jesus não aceita para si o
título de bom, ele o remete a Deus, que é a fonte de toda bondade. Se algo de
bom há em Jesus, é dom de Deus. A vida eterna desejada por aquele anônimo é
dom, e como tal ela precisa ser recebida. Não é merecimento pelo cumprimento
irrepreensível da Lei. É preciso desapego, pois só o cumprimento da Lei não é
suficiente. É preciso desapego, pois a vida eterna não se compra, se recebe.
É no seguimento de Cristo
que se encontra o caminho para a vida eterna: “Eu sou o caminho, a verdade e
a vida” (Jo 14,6).
O homem saiu pesaroso
diante da palavra de Jesus, pois era possuidor de muitos bens. A riqueza é
uma ameaça que pode impedir a entrada no Reino de Deus; facilmente ela se
confunde com a vida verdadeira e obstrui o dom de ser recebido como tal (ver:
Mt 6,24). A salvação é dom de Deus. Por isso Jesus diz: “Para Deus tudo é
possível” (v. 27).
ORAÇÃO
Pai, não permitas que o meu coração se apegue de tal forma aos bens deste
mundo, a ponto de levar-me a te colocar em segundo lugar.
3. A DEUS TUDO É POSSÍVEL
A dura constatação de Jesus
deixou pasmos os discípulos: "Como é difícil para os ricos entrar no
Reino de Deus!", é ainda, "É mais fácil passar um camelo pelo
buraco de uma agulha, do que um rico entrar no Reino de Deus". A
salvação pareceu-lhes um ideal inatingível. A situação do homem piedoso,
porém apegado à sua riqueza, não dava margem para dúvidas. Ele havia
observado os mandamentos, desde jovem, e se preocupava com a vida eterna.
Todavia, quando Jesus lhe propôs um gesto radical de ruptura, por meio do
qual daria prova insofismável de sua confiança na Providência divina,
preferiu optar pela posse dos bens.
O Mestre reconheceu que
ninguém é capaz de manter-se livre diante das riquezas e, portanto,
salvar-se, sem a ajuda divina. Daí sua declaração: "Aos seres humanos
isto é impossível". Só Deus possibilita a salvação dando forças às
pessoas para se libertarem da escravidão da riqueza, por amor ao Reino. Com
as próprias forças, ninguém será capaz de realizar um gesto de tal
envergadura.
Porque "a Deus tudo é
possível", quem se mantiver aberto à ação da graça terá acesso à
salvação, embora seja tentado a apegar-se às riquezas. Se os discípulos se
predispuserem a confiar na Providência divina, poderão ter fundadas
esperanças de obter a salvação.
Oração
Pai, não permitas que me coração se apegue de tal forma aos bens deste mundo,
a ponto de levar-me a te colocar em segundo lugar.
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Liturgia da
Terça-Feira
VIII SEMANA DO TEMPO COMUM
(VERDE – OFÍCIO DA IV
SEMANA)
Antífona da
entrada: O Senhor se tornou
o meu apoio, libertou-me da angústia e me salvou porque me ama (Sl 17,19s).
Leitura
(Eclesiástico 35,1-15)
Leitura do livro do Eclesiástico.
35 1 Aquele que
observa a lei faz numerosas oferendas.
2 É um sacrifício salutar guardar os preceitos, e apartar-se de todo
pecado.
3 Afastar-se da injustiça é oferecer um sacrifício de propiciação, que
consegue o perdão dos pecados.
4 Aquele que oferece a flor da farinha dá graças, e o que usa de
misericórdia oferece um sacrifício.
5 Abster-se do mal é coisa agradável ao Senhor; o fugir da injustiça
alcança o perdão dos pecados.
6 Não te apresentarás diante do Senhor com as mãos vazias,
7 pois todos (esses ritos) se fazem para obedecer aos preceitos
divinos.
8 A oblação do justo enriquece o altar; é um suave odor na presença do
Senhor.
9 O sacrifício do justo é aceito (por Deus). O Senhor não se esquecerá
dele.
10 Dá glória a Deus de bom coração e nada suprimas das primícias (do
produto) de tuas mãos.
11 Faze todas as tuas oferendas com um rosto alegre, consagra os dízimos
com alegria.
12 Dá ao Altíssimo conforme te foi dado por ele, dá de bom coração de
acordo com o que tuas mãos ganharam,
13 pois o Senhor retribui a dádiva, e recompensar-te-á tudo sete vezes
mais.
14 Não lhe ofereças dádivas perversas, pois ele não as aceitará.
15 Nada esperes de um sacrifício injusto, porque o Senhor é teu juiz, e
ele não faz distinção de pessoas.
Salmo responsorial
49/50
A todos que
procedem retamente
eu mostrarei a salvação que vem de Deus.
“Reuni à minha frente os meus eleitos,
que selaram a aliança em sacrifícios!”
testemunha o próprio céu seu julgamento,
porque Deus mesmo é juiz e vai julgar.
“Escuta, ó meu povo, eu vou falar;
Ouve, Israel, eu tenho contra ti:
eu, o Senhor, somente eu, sou o teu Deus!
Eu não venho censurar teus sacrifícios,
pois sempre estão perante mim teus holocaustos.
Imola a Deus um sacrifício de louvor
e cumpre os votos que fizeste ao Altíssimo.
Quem me oferece um sacrifício de louvor,
este, sim, é que me honra de verdade.
A todo homem que procede retamente,
eu mostrarei a salvação que vem de Deus”.
Aclamação do
Evangelho
Aleluia, aleluia, aleluia.
Graças te dou, ó Pai, Senhor do céu e da terra, pois revelaste os
mistérios do teu reino aos pequeninos, escondendo-os aos doutores! (Mt 11,25).
EVANGELHO (Marcos 10,28-31)
Naquele
tempo, 10 28 Pedro começou a dizer-lhe: "Eis que deixamos
tudo e te seguimos."
29 Respondeu-lhe Jesus. "Em verdade vos digo: ninguém há que tenha
deixado casa ou irmãos, ou irmãs, ou pai, ou mãe, ou filhos, ou terras por
causa de mim e por causa do Evangelho
30 que não receba, já neste século, cem vezes mais casas, irmãos, irmãs,
mães, filhos e terras, com perseguições e no século vindouro a vida
eterna.
31 Muitos dos primeiros serão os últimos, e dos últimos serão os
primeiros."
COMENTÁRIOS DO EVANGELHO
1. Renunciar por
causa do Reino, não é perder...
Quando estamos diante de um
evangelho como esse, onde fica explicitada a necessidade do discípulo
renunciar algo, deixar para trás tantas outras coisas, em um primeiro momento
pensamos em uma perda. Lembro-me quando me preparava para a ordenação
Diaconal e estava exatamente naquele tempo conseguindo me realizar na
área da comunicação, que eu tanto amava, atuando no jornal da minha cidade,
fazendo locução de jogos decisivos da nossa Várzea e já dando também os
primeiros passos em uma emissora AM participando em um programa de esportes e
iniciando uma possível carreira de comentarista esportivo. Lembro-me de
uma certa nostalgia nos primeiros domingos em que já tinha me afastado das lides
esportivas de repórter varzeano. Acho que isso também aconteceu com os
primeiros discípulos que largaram na praia o barco e as redes.
Isso acontece porque
olhamos só o Débito e não temos noção, naquele primeiro momento, dos
grandiosos Créditos que o Senhor nos dará. Posso testemunhar com alegria,
sinceridade e Fidelidade que, decorridos mais de 30 anos desses episódios
anteriores a minha ordenação, sinto-me plenamente realizado porque o Trabalho
de Comunicação acabou vindo a ser uma diakonia dentro do meu Ministério onde
respondo pela Coordenação da Pascom arquidiocesana, como responsável direto
pelo Portal, pelo Jornal Arquidiocesano edições impressas e online. É
inexplicável a alegria que sinto ao fazer esse trabalho, posso dizer que
consegui unir o útil ao agradável, pois, atuar na área de comunicação na vida
civil, já me alegrava, agora então, atuando no seio da nossa Mãe Igreja, a
alegria é redobrada. Se eu insistisse na carreira de Comunicação, não seria
um bom profissional.
Deus Pai presente em Jesus Cristo, nos
carismas do Espírito Santo, nunca vai nos chamar para fazer algo para o qual
não temos a mínima inclinação, mas dentro do próprio carisma vai pedir de nós
uma renúncia, um deixar algo para trás, algo que gostamos muito de fazer. Em
uma linguagem bem popular, nãop se trata aqui de “Trocar seis por meia
dúzia”, pois quando descobrimos o que Deus quer de nós, no mesmo lugar onde
estamos, e com o carisma que dele recebemos, sempre saímos no lucro, deixamos
“pouco” e ganhamos “muito”. Evidentemente que o retorno é total e completo,
pois não se restringe a esta Vida Terrena, mas a supõe, como caminho para a
Plenitude de uma Vida Eterna, quando daí sim, nos realizaremos de maneira
perfeita como pessoas e como Filhos e Filhas de Deus.
Os que se realizam, ou pensam
se realizar sem essa opção pelo Reino de Deus e pela adesão total a Jesus
Cristo, são os “Primeiros” citados nesse evangelho, que buscam desfrutar o
máximo dessa vida, sem se importar com a possibilidade de uma outra, super
melhor, e os “Últimos” são os que, pacientemente, com muita Fé, vão
construindo a História, vivendo intensamente esta Vida, com todas as alegrias
que ela pode nos oferecer, mas muito conscientes de que o “Melhor” ainda está
por vir.
2. No seguimento de
Cristo tudo adquire sentido
“... nós deixamos tudo e te
seguimos” (v. 28). Podemos interpretar este versículo de duas formas: a) nós
deixamos tudo e te seguimos, qual será a nossa recompensa?; b) nós deixamos
tudo e te seguimos, então, teremos a vida eterna.
A resposta de Jesus vai noutra
direção. As “cem vezes mais” prometidas para esta vida (v. 30) significam que
no seguimento de Cristo tudo adquire sentido e ocupa o seu devido lugar. A
“recompensa é dom”. A “vida eterna”, comunhão plena com o Pai e o Filho, no
Espírito Santo, é dom que, como num espelho, se experimenta aqui, em nossa
peregrinação terrestre, e tende ao definitivo, na vida transfigurada em
Cristo.
A vida eterna não é
conquista, é dom de Deus. A recompensa do discípulo é seguir Jesus Cristo
(cf. Mc 10,21).
ORAÇÃO
Pai, dá-me a graça de entregar-me totalmente ao serviço do Reino, sem esperar
outra recompensa além de saber-me amado por ti.
3. A RECOMPENSA PROMETIDA
Os discípulos não se
contentaram de seguir Jesus na gratuidade e lhe apresentaram a questão da
recompensa pela ajuda prestada a ele. Pensando bem, os discípulos tinham
razão. Para seguir Jesus, tiveram que romper os laços familiares, abandonar
as atividades profissionais, deixar para trás suas propriedades e por-se à
disposição do Mestre. Era justo quererem conhecer, de antemão, o prêmio
reservado para si.
Jesus não descarta a
questão, mas a responde de maneira enigmática. O discípulo, já nesta vida,
receberá o cêntuplo de quanto renunciou e, no futuro, a vida eterna. Esta
resposta deve ser interpretada não numa perspectiva puramente materialista e,
sim, na perspectiva das nova relações propiciadas pela opção do discípulo. O
Reino estabelece vínculos consistentes de comunhão entre seus membros,
formando uma grande família onde todos se sentem irmãos, irmãos, mães, pais,
filhos e filhas. Ninguém se apega a seus bens a ponto de se tornar insensível
à carência do próximo. A solidariedade é um imperativo do Reino. A ruptura
exigida pelo Reino, portanto, não deveria deixar o discípulo na
insegurança.
A recompensa terrena
prometida por Jesus chega em meio a perseguições e dificuldades. O discípulo,
neste caso, dá-se conta de que o cêntuplo terreno ainda não é o bem
definitivo a ser almejado. O Pai lhe reserva a vida eterna.
Oração
Senhor Jesus, possa eu experimentar, na solidariedade dos irmãos e irmãs, o
cêntuplo reservado para mim, sem perder de vista a vida eterna.
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Liturgia da
Quarta-Feira
VIII SEMANA DO TEMPO COMUM
(VERDE – OFÍCIO DO DIA)
Antífona da
entrada: O Senhor se tornou
o meu apoio, libertou-me da angústia e me salvou porque me ama (Sl 17,19s).
Leitura
(Eclesiástico 36,1-2.5-6.13-19)
Leitura do livro do Eclesiástico.
36 1 Tende
piedade de nós, ó Deus de todas as coisas, olhai para nós, e fazei-nos ver a
luz de vossa misericórdia!
2 Espargi o vosso terror sobre as nações que não vos procuram, para que
saibam que não há outro Deus senão vós, e publiquem as vossas
maravilhas!
5 para que reconheçam, como também nós reconhecemos, que não há outro
Deus fora de vós, Senhor!
6 Renovai vossos prodígios, fazei milagres inéditos,
13 Reuni todas as tribos de Jacó, para que saibam que não há outro Deus
senão vós, e publiquem vossas maravilhas! Tomai-as como herança, assim como
eram no começo.
14 Tende piedade de vosso povo, que é chamado pelo vosso nome, e de
Israel, que tratastes como vosso filho primogênito.
15 Tende piedade da cidade que santificastes, de Jerusalém, cidade do
vosso repouso.
16 Enchei Sião com vossas palavras inefáveis, e o vosso povo com a vossa
glória.
17 Dai testemunho em favor daqueles que são vossas criaturas desde a
origem. Tornai verdadeiros os oráculos que proferiam os antigos profetas em
vosso nome.
18 Recompensai aqueles que vos esperam pacientemente, a fim de que
vossos profetas sejam achados fiéis. Ouvi as orações de vossos servos.
19 Segundo as bênçãos dadas a vosso povo por Aarão, conduzi-nos pelo
caminho da justiça, para que todos os habitantes da terra saibam que vós sois
o Deus que contempla os séculos.
Salmo responsorial
78/79
Tende compaixão e
olhai por nós, Senhor.
Não lembreis as nossas culpas do passado,
mas venha logo sobre nós vossa bondade,
pois estamos humilhados em extremo.
Ajudai-nos, nosso Deus e salvador!
Por vosso nome e vossa glória, libertai-nos!
Por vosso nome, perdoai nossos pecados!
Até vós chegue o gemido dos cativos:
libertai com vosso braço poderoso
os que foram condenados a morrer!
Quanto a nós, vosso rebanho e vosso povo,
celebraremos vosso nome para sempre,
de geração em geração vos louvaremos.
Aclamação do
Evangelho
Aleluia, aleluia, aleluia.
Veio o Filho do homem, a fim de servir e dar sua vida em resgate por
muitos (Mc 10,45).
Evangelho (Marcos 10,32-45)
Naquele
tempo, 10 32 estavam a caminho de Jerusalém e Jesus ia adiante
deles. Estavam perturbados e o seguiam com medo. E tomando novamente a si os
Doze, começou a predizer-lhes as coisas que lhe haviam de acontecer:
33 "Eis que subimos a Jerusalém e o Filho do homem será entregue
aos príncipes dos sacerdotes e aos escribas; condená-lo-ão à morte e
entregá-lo-ão aos gentios.
34 Escarnecerão dele, cuspirão nele, açoitá-lo-ão, e hão de matá-lo; mas
ao terceiro dia ele ressurgirá.
35 Aproximaram-se de; Jesus Tiago e João, filhos de Zebedeu, e
disseram-lhe: "Mestre, queremos que nos concedas tudo o que te
pedirmos."
36 "Que quereis que vos faça?"
37 "Concede-nos que nos sentemos na tua glória, um à tua direita e
outro à tua esquerda."
38 "Não sabeis o que pedis, retorquiu Jesus. Podeis vós beber o
cálice que eu vou beber, ou ser batizados no batismo em que eu vou ser
batizado?"
39 "Podemos", asseguraram eles. Jesus prosseguiu: "Vós
bebereis o cálice que eu devo beber e sereis batizados no batismo em que eu
devo ser batizado.
40 Mas, quanto ao assentardes à minha direita ou à minha esquerda, isto
não depende de mim: o lugar compete àqueles a quem está destinado."
41 Ouvindo isto, os outros dez começaram a indignar-se contra Tiago e
João.
42 Jesus chamou-os e deu-lhes esta lição: "Sabeis que os que são
considerados chefes das nações dominam sobre elas e os seus intendentes
exercem poder sobre elas.
43 Entre vós, porém, não será assim: todo o que quiser tornar-se grande
entre vós, seja o vosso servo;
44 e todo o que entre vós quiser ser o primeiro, seja escravo de
todos.
45 Porque o Filho do homem não veio para ser servido, mas para servir e
dar a sua vida em redenção por muitos."
COMENTÁRIOS DO EVANGELHO
1. "Ciúmes e
concorrência pelo poder afetam os Discípulos de ontem e de hoje"
Recorramos ao Discípulo
anônimo, que se dispõe a dialogar conosco, sobre essa narrativa de São Marcos
______ Olha Discípulo, não
nos leve a mal, mas nós aqui, cristãos do ano de 2012 lemos essa narrativa e
ficamos indignados, pois isso não é a conduta de um discípulo, concorda?
Discípulo _____ Bom, nesse negócio de ter ciúmes, brigar por cargos e
disputar para ver quem é mais poderoso ou importante na comunidade, não dá
para vocês falarem muito do nós...
_____ Desculpe Discípulo,
se a gente pegou pesado, mas é que vocês formam a comunidade dos santos, onde
se viu aqueles dois, o Tiago e João querer determinar a Jesus como queriam
ser atendidos!
Discípulo____ E vocês aí, que brigam entre pastorais e movimentos, disputam
cargos de coordenação, concorrem para ver quem fica mais perto do padre ou do
Diácono, para influenciá-los a seu favor, a gente fica olhando aqui do
"Céu" e também ficamos indignados!
____Mas discípulo, tudo
bem, ninguém é perfeito, aqui em nosso tempo somos influenciados pela
sociedade, que é regida pelo egoísmo, pela concorrência e disputa, pela
correria atrás de grandezas, e até a politicagem dos medíocres infesta as
comunidades...
Discípulo____ Pois é, com o nosso grupo e nas primeiras comunidades, isso
também aconteceu, e aí entre vocês também acontece. Tem leigos antigos que
brigam até pelo seu lugar no banco da igreja. Quer mais? Até no Clero estão
brigando por causa do poder!
____Oh Discípulo, vai com
calma, você está falando da nossa querida Igreja, nossos amados pastores,
padres, sacerdotes, diáconos, Bispos e Leigos. Se você está nervoso a gente
para por aqui com a reflexão...
Discípulo (sorrindo) ____Claro que não meu amado, não estou nervoso... Só
quero que você entenda que somos uma Igreja Santa, mas também pecadora, nós
aqui já estamos na Igreja Celestial, não precisamos mais de prestígio,
badalação, status, cargos e poderes, sucesso e marketing pessoal, mas vocês
enfrentam isso dentro da igreja e não adiante querer tapar o sol com a
peneira...
____Escuta Discípulo, será
que Deus não poderia fazer alguma coisa nesse sentido? Manifestar a sua
glória e seu poder mostrando de uma vez por todas, que o Dono da Igreja é
Jesus Cristo, daí todo mundo punha o rabo entre as pernas e cada um ficava no
seu canto, sem querer, nos trabalhos pastorais, ser o "Rei da Cocada
Preta".
Discípulo____ Ah meu amado, e todos os domingos, vocês aí fazem o que? Vão à
comunidade jogar Bingo?
______Claro que não, a
gente vai à missa aos domingos celebrar a Eucaristia, Paixão, Morte e
Ressurreição de Jesus, a gente está afiado nesses conceitos doutrinários...
Discípulo_____ Pois é, de Cristianismo vocês sabem até demais. Celebram a Eucaristia,
mas não a vivem entre vocês. Olha, para ficar mais fácil vou resumir o que o
Mestre nos ensinou naquele dia meio conturbado para o grupo...
_____É isso que a gente
quer, querido Discípulo, a reflexão está se alongando e você não falou o que
nos interessa de verdade... Vamos lá, diz aí querido irmão.
Discípulo____ Jesus quer que olhem para Ele e façam uma doação total de suas
vidas, nos trabalhos pastorais e ministérios, com disposição de beber, quando
necessário, o cálice amargo, como Jesus bebeu. Segundo, Não se deixem
influenciar pela busca de poder, que marca a História de vocês na política,
na economia e nas relações de um modo geral. Terceiro, que em vossas orações
não queiram manipular a Deus pedindo favores nesse sentido, como fizeram meus
irmãos Tiago e João que não sabiam o que estavam pedindo. E por último meu
caro, sejam Servos e Servas de Deus servindo a todos com os carismas que Deus
lhes concedeu, essa é a prática essencial da vida em comunidade. Como
você falou, o Dono da Igreja é Jesus Cristo, nosso Mestre e Senhor, e ele se
fez escravo de todos, lavando nossos pés e morrendo na cruz por nós. Alguma
dúvida?
_____Nenhuma, amado
Discípulo, vamos começar agora mesmo a fazer alongamento, para podermos nos
abaixar melhor e servir aos irmãos e irmãs, com alegria e humildade, sem
querer ser importante naquilo que fazemos.
Discípulo ___E por que o alongamento?
_____Para flexibilizar o
nosso coração que está duro e travado de orgulho, vaidade e egoísmo. Viver a
Eucaristia é viver no amor que é serviço. Agora entendi, na comunidade a
única disputa que deve haver, é QUEM SERVE MAIS E MELHOR,OS IRMÃOS E IRMÃS...
2. O medo é falta
de fé
Jesus caminha subindo pra
Jerusalém, para a sua morte, sua entrega definitiva; caminha decididamente.
Os discípulos, por sua vez, iam com medo (v. 32). O medo é falta de fé.
Trata-se do terceiro
anuncio da paixão, morte e ressurreição. Cada um dos anúncios provoca uma
reação dos discípulos, fruto de sua incompreensão. Aqui são os filhos de
Zebedeu, Tiago e João. Querem garantir seu lugar, não qualquer lugar, mas
posto de privilégio “na glória”.
Pelos lugares postulados, à
direita e à esquerda, querem ainda participar do julgamento de todo o mundo.
Ora, o caminho do discípulo é o caminho do Mestre – pois o “discípulo não é
maior que o Mestre, basta ser como o Mestre” (Mt 10,24-25). É preciso
participação efetiva e afetiva na paixão-morte de Jesus: “Podeis beber o
cálice que eu vou beber? Ou ser batizado com o batismo com o qual eu serei
batizado?” (v. 38). Essa é a decisão que importa: “Podemos” (v. 39).
É Deus quem dá a
recompensa. Aos discípulos compete a tarefa de construírem uma comunidade de
serviço gratuito e generoso, à imitação de Jesus, que “não veio para ser
servido, mas para servir e dar a vida em resgate de muitos” (v. 45).
ORAÇÃO
Pai, a exemplo de Jesus, transforma-me em servidor de meus semelhantes, e não
me deixes ter medo de colocar minha vida a serviço de quem precisa de mim.
3. O PEDIDO
INCONSIDERADO
Quanto mais os discípulos
se aproximavam de Jerusalém, onde Jesus haveria de morrer e ressuscitar,
tanto mais nutriam esperanças equivocadas a seu respeito. Uma falsa
expectativa consistia em
identificar Jesus com o Messias davídico, que estava para
realizar a esperança popular de restauração do reino de Israel. Não lhes
parecia haver mal algum em garantir logo os primeiros lugares na corte do
futuro rei.
Jesus questionou esta
mentalidade mundana descrevendo o Messias como servo e não como senhor,
deslocando o eixo de sua ação da autoridade para o serviço. Os grandes do
mundo fazem questão de impor-se sobre os demais e serem tratados como
senhores. Eles se comportam como se fossem proprietários das pessoas,
exigindo-lhes submissão. No contexto do Reino, as coisas se passam de forma
muito diversa, revertendo os esquemas do mundo. Nele, a grandeza consiste em
fazer-se servidor de todos e o ocupante do primeiro lugar será quem se
predispuser a ser submisso a todos. Por conseguinte, quem é grande no Reino
não coisifica seu semelhante. Ele vê no outro um irmão a quem é chamado a
servir, com disponibilidade e generosidade.
A vida de Jesus, o Filho do
Homem, ilustra seu ensinamento. Toda ela se definiu como serviço à
humanidade, para resgatá-la do pecado. Ele não veio para ser servido.
Oração
Senhor Jesus, livra-me da ambição humana de grandezas e faz de mim um
servidor de todos.
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Liturgia da
Quinta-Feira
CORPO E SANGUE DE CRISTO
(BRANCO, GLÓRIA,
SEQÜÊNCIA FACULTATIVA, CREIO,
PREFÁCIO PRÓPRIO – OFÍCIO DA SOLENIDADE)
Antífona da
entrada: O Senhor alimentou
seu povo com a flor do trigo e com o mel do rochedo o saciou (S 80,17).
Primeira Leitura
(Gênesis 14,19-20)
Leitura do livro do Gênesis.
14 18 Melquisedeque,
rei de Salém e sacerdote do Deus Altíssimo, mandou trazer pão e vinho,
19 e abençoou Abrão, dizendo: “Bendito seja Abrão pelo Deus Altíssimo,
que criou o céu e terra!
20 Bendito seja o Deus Altíssimo, que entregou os teus inimigos em tuas
mãos!” E Abrão deu-lhe o dízimo de tudo.
Salmo responsorial
109/110
Tu és sacerdote
eternamente,
segundo a ordem do rei Melquisedeque!
Palavra do Senhor ao meu Senhor:
“Assenta-te ao lado meu direito
até que eu ponha os inimigos teus
como escabelo por debaixo de teus pés!”
O Senhor estenderá desde Sião
vosso cetro de poder, pois ele diz:
“Domina com vigor teus inimigos”.
“Tu és príncipe desde o dia em que nasceste;
na glória e esplendor da santidade,
como o orvalho, antes da aurora, eu te gerei!”
Jurou o Senhor e manterá sua palavra:
“Tu és sacerdote eternamente,
segundo a ordem do rei Melquisedeque!”
Segunda Leitura (1
Coríntios 11,23-26)
Leitura da primeira carta de são Paulo aos Coríntios.
23 Eu recebi do Senhor
o que vos transmiti: que o Senhor Jesus, na noite em que foi traído, tomou o
pão
24 e, depois de ter dado graças, partiu-o e disse: Isto é o meu corpo,
que é entregue por vós; fazei isto em memória de mim.
25 Do mesmo modo, depois de haver ceado, tomou também o cálice, dizendo:
Este cálice é a Nova Aliança no meu sangue; todas as vezes que o beberdes,
fazei-o em memória de mim.
26 Assim, todas as vezes que comeis desse pão e bebeis desse cálice
lembrais a morte do Senhor, até que venha.
Aclamação do
Evangelho
Aleluia, aleluia, aleluia.
Eu sou o pão vivo descido do céu; quem deste pão come, sempre há de
viver! (Jo 6,51)
EVANGELHO (Lucas 9,11-17)
9 11 Logo que a
multidão o soube, o foi seguindo; Jesus recebeu-os e falava-lhes do Reino de
Deus. Restabelecia também a saúde dos doentes.
12 Ora, o dia começava a declinar e os Doze foram dizer-lhe: “Despede as
turbas, para que vão pelas aldeias e sítios da vizinhança e procurem alimento
e hospedagem”, porque aqui estamos num lugar deserto.
13 Jesus replicou-lhes: “Dai-lhes vós mesmos de comer”. Retrucaram eles:
“Não temos mais do que cinco pães e dois peixes, a menos que nós mesmos vamos
e compremos mantimentos para todo este povo”.
14 (Pois eram quase cinco mil homens.) Jesus disse aos discípulos:
Mandai-os sentar, divididos em grupos de cinqüenta.
15 Assim o fizeram e todos se assentaram.
16 Então Jesus tomou os cinco pães e os dois peixes, levantou os olhos
ao céu, abençoou-os, partiu-os e deu-os a seus discípulos, para que os
servissem ao povo.
17 E todos comeram e ficaram fartos. Do que sobrou recolheram ainda doze
cestos de pedaços.
COMENTÁRIOS DO
EVANGELHO
1. CORPUS CHRISTI -
O ALIMENTO NOVO
Há certas comidas
especiais, que não se tem todo dia, que só em falar nos dá água na boca,
Jesus é um Alimento Celestial, que só em ouvir falar dele, o coração já fica
saciado. Com essa comparação fica mais fácil compreender a ordem de Jesus
dada aos discípulos nesse Evangelho “Dai-lhes vós mesmos de comer”. É missão
da nossa Mãe Igreja alimentar a tantos famintos de Deus!
O problema é que a nossa
lógica é igual a dos discípulos de Jesus “O que temos é pouco...”.
Constatamos a necessidades das pessoas, mas não queremos nos comprometer com
elas, achamos sempre melhor dispensá-las, para que comprem o alimento em
outros lugares. Não nos damos conta de que nós temos, em quantidade e
qualidade suficiente, e o melhor da história, é de graça e não comprado.
Em muitas ocasiões achamos
que a nossa comunidade é um deserto e que não temos nada a oferecer. Deserto
de amor, de esperança e de Fé. Não confiamos no próprio taco. E achamos que
temos pouco, porque seguimos a ideologia do consumismo onde só é feliz quem
tem muito. “Eu tenho pouco a dar e na comunidade muito pouco posso fazer...
Há pessoas na comunidade que têm muito, sabem muito e podem dar muito mais”.
São as velhas desculpas que justificam tantas omissões diante de tantas
necessidades. Parece que a missão de alimentar os irmãos e irmãs é só dos
Ungidos e escolhidos por Deus.
Jesus desmonta essa
mentalidade, de que na comunidade a capacidade e a missão de alimentar, é
monopólio de alguns “Figurões”, astros e estrelas. Todos tem algo a dar, por
isso a frase provocante “Dai-lhes vós mesmos de comer”. Na verdade Jesus
apenas pediu uma ajuda aos discípulos, era como se ele lhes dissesse “Olha,
vou fazer um ótimo milagre, mas preciso da ajuda de vocês todos”.
Os discípulos tornam-se
assim os organizadores das comunidades “Mandai-os sentar divididos em grupos
de cinquenta”. Então Jesus tomou os cinco pães e dois peixes, ergueu os
olhos ao céu, abençoo-os, partiu e deu-os a seus discípulos para que
servissem ao povo. Jesus prepara o alimento de melhor qualidade, na quantia
suficiente para saciar a fome da multidão. Nós apenas servimos... Estamos a
serviço... Somos os Garçons e não o Dono do Buffet. Não fazemos nenhum
milagre, só ajudamos na distribuição. O alimento é Ele próprio. É saboroso e
delicioso, enche-nos o coração só em falar dele.
Corpus Christi ostenta na
Vitrine luxuosa e bela do Ostensório, esse Alimento salutar, celestial, que
os homens todos precisam, é um alimento essencial para quem está com fome de
Amor, Esperança e Fé. Nós cristãos, cheios de alegria e orgulho o
apresentamos ao mundo nessa Solenidade do Corpo e Sangue do Senhor. Mas é bom
lembrar que estamos atrás do balcão e com o nosso testemunho e anúncio da
Palavra, podemos e devemos servir Jesus a todos esses famintos de Vida,
Justiça e Igualdade.
As Vitrines ilusórias e
enganadoras da Pós Modernidade, ostentam alimentos deteriorados, que
nos levam á morte e a ruína total. O Pão que é Cristo, e de quem nós somos
servidores, alimenta de verdade e dá a Vida Eterna mediante a Fé. Quanto a
qualidade e a origem desse alimento, a entoação do Sacerdote durante a
solene Bênção do Santíssimo não deixa a menor dúvida “EIS O PÃO DESCIDO
DO CÉU! QUE CONTÉM TODO SABOR !”.
2. Festa do
Corpo e Sangue de Cristo
A festa de “Corpus Christi”
é festa de ação de graças, pois a vida entregue do Senhor, seu corpo e
sangue, é nosso verdadeiro alimento e sustento. É, igualmente, festa da
unidade da Igreja, corpo de Cristo (1Cor 12,12-31), sacramento do Senhor,
neste mundo.
O relato da multiplicação
dos pães é precedido da acolhida da multidão por Jesus, seu ensinamento sobre
o Reino de Deus e gestos que acompanham e autenticam sua palavra.
O diálogo dos discípulos
com Jesus, que querem despedir a multidão, possibilita compreender qual é o
verdadeiro alimento do povo de Deus, qual o verdadeiro sustento do povo que o
Senhor reúne. É preciso uma mudança profunda de mentalidade, pois este
alimento não se compra. O verdadeiro alimento do povo que o Cristo reúne é
espiritual, “o pão descido do céu” (Jo 6,33), “o pão da vida” (Jo 6,34), a
carne, a vida de Jesus entregue para a vida do mundo (Jo 6,51). É um alimento
abundante e que sacia plenamente: “Todos comeram e se saciaram” (Lc 9,17).
“A Eucaristia faz a
Igreja e a Igreja faz a Eucaristia.”
ORAÇÃO
Espírito de solidariedade e partilha, faze-me sensível à lição eucarística da
partilha, movendo-me a manifestar minha solidariedade efetiva com os pobres
deste mundo.
3. ESTE É O MEU
CORPO
A Eucaristia, instituída
por Jesus durante a celebração da Páscoa com seus discípulos, foi colocada como
um marco na vida da comunidade, de forma a não deixar cair no esquecimento os
eventos de sua vida, morte e ressurreição. O Páscoa cristã, mediante a
Eucaristia, seria perenizada na contínua memória da vida de Jesus. Esta
memória iria convocar os discípulos para a imitação do Mestre, visando
conformar a vida atual da comunidade cristã com a vida de Jesus.
O contexto pascal da ceia
revestiu de simbolismo pascal os elementos da Eucaristia. O pão transformado
em corpo de Cristo estaria, doravante, destinado a ser alimento da caminhada
do novo povo de Deus, na sua longa marcha pelos desertos do mundo. O vinho
transformado em sangue de Cristo sacramentalizaria a predileção e a proteção
divinas de que era objeto a comunidade cristã, como acontecera com o antigo
Israel. Os discípulos, reunidos em torno de Jesus, seriam a semente da
humanidade nova, redimida pelo sangue do novo cordeiro.
Eles estavam sendo
convocados a ser, na história, um sinal de que Deus ama a humanidade e não
cessa de manifestar, com gestos, este seu amor. O antigo líder, Moisés,
estava sendo definitivamente substituído pelo Filho Jesus, na condução do
verdadeiro Israel. A Eucaristia torna, pois, a vida da comunidade cristã um
êxodo contínuo rumo à casa do Pai.
Oração
Senhor Jesus, possa a Eucaristia recordar-me sempre que pertenço ao povo
redimido por ti e a caminho da casa do Pai.
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Liturgia da
Sexta-Feira
VISITAÇÃO DE NOSSA SENHORA
(BRANCO, GLÓRIA, PREFÁCIO
DE MARIA – OFÍCIO DA FESTA)
Antífona da
entrada: Vinde e escutai,
todos os que temeis a Deus, e eu vos direi tudo o que o Senhor fez por mim
(Sl 65,16).
Leitura (Sofonias
3,14-18)
Leitura do Livro de Sofonias
3 14 Solta gritos
de alegria, filha de Sião! Solta gritos de júbilo, ó Israel! Alegra-te e
rejubila-te de todo o teu coração, filha de Jerusalém!
15 O Senhor revogou a sentença pronunciada contra ti, e afastou o teu
inimigo. O rei de Israel, que é o Senhor, está no meio de ti; não conhecerás
mais a desgraça.
16 Naquele dia, dir-se-á em Jerusalém: "Não temas, Sião! Não se
enfraqueçam os teus braços!
17 O Senhor teu Deus está no meio de ti como herói Salvador! Ele anda em
transportes de alegria por causa de ti, e te renova seu amor. Ele exulta de
alegria a teu respeito
18 como num dia de festa. Suprimirei os que te feriram, tirarei a vergonha
que pesa sobre ti".
Salmo responsorial
Is 12
O santo de Israel é
grande entre vós.
Eis o Deus, meu salvador, eu confio e nada temo;
o Senhor é minha força, meu louvor e salvação.
Com alegria bebereis do manancial da salvação.
E direis naquele dia: “Dai louvores ao Senhor,
invocai seu santo nome, anunciai suas maravilhas,
entre os povos proclamai que seu nome é o mais sublime.
Louvai, cantando, ao nosso Deus, que fez prodígios e portentos,
publicai em toda a terra suas grandes maravilhas!
Exultai, cantando alegres, habitantes de Sião,
porque é grande em vosso meio o Deus santo de Israel!”
Aclamação do
Evangelho
Aleluia, aleluia, aleluia.
És feliz porque creste, Maria, pois em ti a palavra de Deus vai
cumprir-se, conforme ele disse (Lc 1,45)
EVANGELHO (Lucas 1,39-56)
1 39 Naqueles dias,
Maria se levantou e foi às pressas às montanhas, a uma cidade de Judá.
40 Entrou em casa de Zacarias e saudou Isabel.
41 Ora, apenas Isabel ouviu a saudação de Maria, a criança estremeceu no
seu seio; e Isabel ficou cheia do Espírito Santo.
42 E exclamou em alta voz: "Bendita és tu entre as mulheres e
bendito é o fruto do teu ventre.
43 Donde me vem esta honra de vir a mim a mãe de meu Senhor?
44 Pois assim que a voz de tua saudação chegou aos meus ouvidos, a criança
estremeceu de alegria no meu seio.
45 Bem-aventurada és tu que creste, pois se hão de cumprir as coisas que
da parte do Senhor te foram ditas!"
46 E Maria disse: "Minha alma glorifica ao Senhor,
47 meu espírito exulta de alegria em Deus, meu Salvador,
48 porque olhou para sua pobre serva. Por isto, desde agora, me
proclamarão bem-aventurada todas as gerações,
49 porque realizou em mim maravilhas aquele que é poderoso e cujo nome é
Santo.
50 Sua misericórdia se estende, de geração em geração, sobre os que o
temem.
51 Manifestou o poder do seu braço: desconcertou os corações dos
soberbos.
52 Derrubou do trono os poderosos e exaltou os humildes.
53 Saciou de bens os indigentes e despediu de mãos vazias os
ricos.
54 Acolheu a Israel, seu servo, lembrado da sua misericórdia,
55 conforme prometera a nossos pais, em favor de Abraão e sua
posteridade, para sempre.
56 Maria ficou com Isabel cerca de três meses. Depois voltou para
casa".
COMENTÁRIOS DO EVANGELHO
1. MARIA,
NOSSA REFERÊNCIA!
Lembro que na minha
infância, vivida nos anos 60 na rua empoeirada da velha Vila Albertina em
Votorantim, no auge da era Pelé, o nome do rei do futebol era invocado, tanto
no campo de futebol como em qualquer esquina, pelos meninos que corriam atrás
de uma bola e que traziam no coração o desejo e o sonho de ser bem sucedido
na carreira futebolista, como o Sr. Edson Arantes do Nascimento.
Olhando para alguém que é
bem sucedido, que venceu e conseguiu ir além da média, o ser humano alimenta
ou até faz nascer os ideais. Nos esportes, na arte, na cultura, na política,
na ciência, todos os que venceram e chegaram ao cume, acabam confessando que
alguém os inspirou. Pois na vida religiosa também é assim, sendo exatamente
essa a razão porque temos em nossa igreja os santos e santas de Deus, não
para serem adorados ou idolatrados, mas para serem uma indicação, uma
referência, um sinal seguro a indicar o caminho.
Claro que Maria de Nazaré,
a mãe de Jesus é para nós a referência máxima, ela não é o fim, mas o meio,
não é a meta, mas o caminho, pois nessa serva, que podemos chamar de nossa
querida irmã, tudo aponta para o filho Jesus, nosso Senhor, salvador e
redentor! Se em nossa história temos tantas referências humanas que nos
ensinam a viver melhor e a ser mais feliz, quando se trata de buscar a
verdadeira santidade que brota do coração de Deus e chega a nós em Jesus, a
pessoa mais indicada para nos ensinar o caminho, é indiscutivelmente Maria de
Nazaré! Não é ela que nos santifica nos redime ou nos salva, mas ela com
sabedoria e ternura maternal, nos conduz ao seu Filho, o Salvador.Maria é,
sem nenhuma sombra de dúvidas, a primeira mulher do povo da nova aliança, a
professar a sua fé no Salvador, porque foi a primeira a aderir ao projeto de
Deus, e se nós a chamamos e veneramos como mãe, é porque ela é de fato e de
direito. Em Cristo renascemos, tivemos a vida nova, ao sermos destinados a
eternidade, esta vida nova foi gerada no ventre de Maria, pois em Cristo ela
gerou uma nova humanidade, não mais destinada ao fracasso como os filhos de
Eva, mas a plenitude da salvação.
É neste contexto que o
evangelista João, anima e encoraja as suas comunidades falando-lhes do sinal
que ele viu no céu, uma mulher vestida de sol, com a lua debaixo dos pés e
uma coroa de doze estrelas sobre a cabeça. A mulher confronta-se com o dragão
cor de fogo, que quer devorar-lhe o Filho, mas ela sai vitoriosa. Essa
revelação deu ânimo novo às comunidades que estavam quase sucumbindo diante
da perseguição romana, nos primeiros séculos da igreja!
Os pequenos pobres e
simples do tempo de Maria estavam também quase perdendo a esperança e, de
repente, um encontro entre duas mulheres mudou totalmente o panorama. Não foi
na corte palaciana, onde as celebridades em meio à riqueza e o poder tomam
decisões importantes, mas em uma cidade da periferia, na região da Judéia,
onde Maria entrou na casa de Isabel, que é também a primeira pessoa a
manifestar a sua fé em Jesus, ao perceber a sua presença em Maria ao chamá-la
de bendita!
Ao cantar as obras de Deus
no “Magnificat”, Maria atribui tudo a ele e ratifica a sua posição de serva,
mas muito mais do que isso, o canto é um alegre anúncio a todos os pobres e
pequenos, de que um tempo novo irá começar, onde o que vai valer realmente
não é mais a lógica dos homens, mas sim a de Deus, que em Jesus inverte a
ordem estabelecida, fazendo aliança com gente simples do povo como Maria e
Isabel, capaz de mudar a sorte de toda humanidade, os soberbos de coração
foram dispersos e perderam a força, os poderosos perderam o seu lugar, agora
são com os humildes que ele irá contar para fazer acontecer à obra da
salvação, os que tinham fome de um Deus cheio de amor e misericórdia,
saciaram-se plenamente em Jesus, mas os ricos, os que se julgavam salvos e
justos diante de Deus, ficaram de mãos abanando.
Israel, pequeno resto
desprezado e humilhado pelas grandes nações, torna-se a “bola da vez” porque
Deus faz valer a sua misericórdia e cumpre as promessas feitas aos
antepassados, que os homens de coração duro, desacreditaram. Atravessamos o
vale tenebroso desta vida, com tantos sinais de morte e aridez das
discórdias, mas chegaremos na plenitude da salvação, porque nossa querida
irmã e mãe Maria, já está lá, a nossa espera, para nos introduzir para sempre
no templo de Deus!
2. Maria mostra-se
pronta para servir
O relato da visita de Maria
à prima Isabel é a conclusão dos relatos das duas anunciações (Lc
1,5-25.26-38). Assim como a gravidez de Isabel é objeto de revelação a Maria,
do mesmo modo a de Maria é objeto de revelação a Isabel. A revelação de
Isabel vem do fato de a criança pular em seu ventre: “Quando Isabel ouviu a
saudação de Maria, a criança pulou de alegria em seu ventre, e ela ficou
repleta do Espírito Santo” (v. 41). A Isabel, pela graça do Espírito Santo, é
dado conhecer não somente que Maria está grávida, mas que o menino é o
Messias: “Como mereço que a mãe do meu Senhor venha me visitar?” (v. 43).
Pulando de alegria no ventre de Isabel, João começa a realizar sua missão de
precursor.
A cada uma das mães Lucas
atribui um cântico. A Isabel, o do v. 42: “Bendita és tu entre as mulheres e
bendito o fruto do teu ventre”. A Maria, o Magnificat (vv. 46-55), um hino de
louvor a Deus, composto com um mosaico de referências bíblicas.
ORAÇÃO
Pai, conduze-me pelos caminhos de Maria, tua fiel servidora, cuja vida se
consumou, sendo exaltada por ti. Que, como Maria, eu saiba me preparar para a
comunhão plena contigo.
3. O SENHOR FEZ
GRANDES COISAS
A fé eclesial, contemplando
Maria a partir do Mistério Pascal de Jesus, professa que ela, no término de sua
caminha terrestre, foi elevada ao céu. A Igreja fala em assunção, ou seja,
Maria foi assumida por Deus e colocada na glória celeste. Trata-se da ação de
Deus fazendo grandes coisas na vida da mãe do Salvador. Não uma ação isolada,
e sim, o ápice de uma sucessão de graças na vida de quem foi cheia de graça.
A assunção de Maria brotou
da Ressurreição de Jesus. É como se Maria tivesse seguido o caminho novo de
acesso ao Pai, aberto pelo Filho Jesus. Deus, de certo modo, antecipou em
Maria o que haveria de ser o destino de toda a humanidade. A Ressurreição de
Jesus foi penhor de ressurreição para todo ser humano. Em Maria, isto já se
fez realidade.
A assunção situa-se no
contexto da fé de Maria. Ela havia proclamado que Deus exalta os humildes e
destrói a segurança dos soberbos. Sua vida caracterizou-se pela humildade e
pelo espírito de serviço. Ela se sabia serva humilde do Senhor, transcorrendo
sua vida no escondimento. A condição de mãe do Messias não a tornou orgulhosa
e cheia de si. A Maria exaltada na assunção foi a mulher humilde e servidora.
Deus levou para junto de si a mulher cuja vida transcorrera em total comunhão
com ele. A assunção, por conseguinte, consistiu na radicalização de uma
experiência constante na vida de Maria.
Oração
Senhor Jesus, que a contemplação da assunção de tua mãe santíssima me inspire
a viver em comunhão com Deus, servindo-o como servo humilde.
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Liturgia do Sábado
SÃO JUSTINO – FILÓSOFO E MARTIR
(VERMELHO,
PREFÁCIO COMUM OU DOS MÁRTIRES - OFÍCIO DA MEMÓRIA)
Antífona da entrada: Os pagãos me contaram suas fábulas, mas nada
valem perante a vossa lei. Diante dos reis falei de vossa aliança sem me
envergonhar, aleluia! (Sl 118,85.46)
Leitura
(Eclesiástico 51,17-27)
Leitura do livro do Eclesiástico.
51 17 Eis por que
eu vos glorificarei e cantarei vossos louvores e bendirei o nome do
Senhor.
Exortação a busca da sabedoria
18 Quando eu era ainda jovem, antes de ter viajado, busquei abertamente
a sabedoria na oração:
19 pedi-a a Deus no templo, e buscá-la-ei até o fim de minha vida. Ela
floresceu como uma videira precoce
20 e meu coração alegrou-se nela. Meus pés andaram por caminho reto:
desde a minha juventude tenho procurado encontrá-la.
21 Apliquei um pouco o meu ouvido e logo a recolhi.
22 Encontrei em mim mesmo muita sabedoria, e nela fiz grande
progresso.
23 Tributarei glória àquele que ma deu,
24 pois resolvi pô-la em prática; fui zeloso no bem e não serei
confundido.
25 Lutou minha alma para atingi-la, robusteci-me, pondo-a em
prática.
26 Levantei minhas mãos para o alto, e deplorei o erro do meu
espírito.
27 Conduzi minha alma para ela, e encontrei-a, ao procurar conhecê-la.
Salmo responsorial
18/19B
Os ensinos do
Senhor são sempre retos, alegria ao coração.
A lei do Senhor Deus é perfeita,
conforto para a alma!
O testemunho do Senhor é fiel,
sabedoria dos humildes.
Os preceitos do Senhor são precisos,
alegria ao coração.
O mandamento do Senhor é brilhante,
para os olhos é uma luz.
É puro o temor do Senhor,
imutável para sempre.
Os julgamentos do Senhor são corretos
e justos igualmente.
Mais desejáveis do que o ouro são eles,
do que o ouro refinado.
Suas palavras são mais doces que o mel,
que o mel que sai dos favos.
Aclamação do
Evangelho
Aleluia, aleluia, aleluia.
A palavra de Cristo ricamente habite em vós, dando graças, por ele, a
Deus Pai! (Cl 3,16s).
Evangelho (Marcos 11,27-33)
11 27 Jesus e seus
discípulos voltaram outra vez a Jerusalém. E andando Jesus pelo templo,
acercaram-se dele os príncipes dos sacerdotes, os escribas e os
anciãos,
28 e perguntaram-lhe: "Com que direito fazes isto? Quem te deu
autoridade para fazer essas coisas?"
29 Jesus respondeu-lhes: "Também eu vos farei uma pergunta;
respondei-ma, e dir-vos-ei com que direito faço essas coisas.
30 O batismo de João vinha do céu ou dos homens? Respondei-me."
31 E discorriam lá consigo: "Se dissermos: Do céu, ele dirá: Por
que razão, pois, não crestes nele?
32 Se, ao contrário, dissermos: Dos homens, tememos o povo." Com
efeito, tinham medo do povo, porque todos julgavam ser João deveras um profeta.
33 Responderam a Jesus: "Não o sabemos." "E eu tampouco
vos direi, disse Jesus, com que direito faço estas coisas."
COMENTÁRIOS DO EVANGELHO
1. A Sabedoria Humana rejeita a Sabedoria do Alto...
Autoridade e Direito, eis
aí duas palavrinhas perigosas, que quando mal empregadas e interpretadas,
destroem ao em vez de edificar. Autoridade e direito não pode ser confundido
com Autoritarismo, que leva a prática de um poder centralizador. Temos de um
lado Jesus Cristo, Filho de Deus, revestido de todo poder e glória, mas que
se rebaixou á nossa natureza humana, sem entretanto deixar de ser Deus.
E de outro os príncipes dos
sacerdotes, escribas e anciãos, defensores ferrenhos da tradição do antigo
Israel, e que, por isso mesmo, falando em nome dessa tradição se tornaram
autoritaristas com pleno direito sobre a vida do povo, por conhecerem a Lei e
os Profetas (Torá), a última palavra eram sempre deles, todas as ações
concernentes a prática religiosa, tinham de ter o aval desse grupo, tidos
como sábios, guardiães da tradição e da lei, e que aproveitando-se desse
status, impunham o seu domínio sobre o povo e não havia quem os afrontasse,
isso é, que ousasse dizerem algo que contrariasse os seus ensinamentos. Até
que surgiu Jesus de Nazaré, profeta ousado e corajoso, cuja sabedoria
superava todas as demais, merecendo a atenção e a admiração do povo...
O que fazer quando alguém
subestima nosso conhecimento e autoridade nos trabalhos pastorais? A
estratégia utilizada pelos que exerciam o poder na comunidade de Israel era o
questionamento. "Com que direito fazes isso? Quem te deu autoridade para
fazer essas coisas?"
O direito emana do Poder, e
quem tinha o Poder nas mãos eram eles, os Doutores da Lei, Escribas e
Príncipes dos Sacerdotes. Em nossas comunidades o questionamento vai também
nessa linha "Escuta, o Padre está sabendo disso?" ou "Você
falou com o cooperador?" e ainda "O Coordenador autorizou?".
Sem o crivo desses nada se pode fazer ou criar, e nem dar opinião. Quando se
faz tal questionamento, é porque a Autoridade virou autoritarismo e aplica-se
aquele ditado "Manda quem pode, obedece quem têm juízo..."
Jesus desmascara essa
Sabedoria Humana, que quer manipular a Deus, e impor as coisas da terra, como
superiores as do Céu.
E Jesus mostra como o
sistema é frágil, quando indaga sobre o Batismo de João Batista, como se
perguntasse aos "Donos e Mandatários da Religião", "Quem de
vocês autorizou João Batista a pregar e batizar no deserto?". Os
Sabichões percebem que, na armadilha que armaram para Jesus, iriam cair eles
próprios, se respondessem que o poder e autoridade de João vinha do Céu,
estariam legitimando o Messianismo de Jesus, se respondessem que era da
Terra, arrumariam encrencas com o povo, que ouvia, respeitava e admirava João
Batista porque viam nele o Profeta enviado de Deus.
E pela primeira vez, os
"Donos absolutos da verdade" tiveram que admitir que "Não
Sabiam", mas fizeram isso diante do Mestre de todos os mestres, Jesus de
Nazaré, nosso Deus e Senhor, diante do qual toda a sabedoria humana, mesmo a
mais brilhante, é menos que um grão de areia da praia.
2. Origem da
autoridade pela qual Jesus ensina e age
O grupo dos adversários de
Jesus é de peso: sumos sacerdotes, escribas e anciãos (cf. v. 27). As
controvérsias, como podemos observar, não se reduzem ao início do evangelho
segundo Marcos (2,1–3,6). Às portas da paixão, a oposição a Jesus se
intensifica e vai delineando a razão da condenação à morte.
A questão apresentada pelo
grupo é acerca da origem da autoridade pela qual Jesus ensina e age (cf. v.
28). Qualquer resposta dada não seria suficiente, pois já haviam decidido
fazer Jesus perecer (cf. 3,6). Corrobora com isso o fato de eles não
responderem à questão posta por Jesus (cf. vv. 29-33).
Jesus, então, se recusa a
responder à questão posta (cf. v. 33). Sem o acolhimento na fé, não é
possível reconhecer que a origem da autoridade de Jesus é divina. A
“esclerocardia” impede reconhecer que a autoridade de Jesus está na sua
coerência interna; a sua autoridade é aquela própria do Espírito Santo que o
revestiu para a sua missão, e que ele comunica em tudo o que faz e ensina.
ORAÇÃO
Pai, faze-me esperto no trato com os inimigos do Reino, de modo a não ser
vítima de suas ciladas e de suas intenções perversas.
3. A AUTORIDADE DE JESUS
Os ensinamentos de Jesus
deixavam perplexos certos tipos de ouvintes, especialmente, os mestres da Lei
e os detentores da autoridade religiosa. Jesus não se identificava com
nenhuma das correntes religiosas da época e mantinha sua autonomia em relação
às tendências em voga. Por
outro lado, seu saber não tinha sido adquirido junto a nenhum mestre famoso.
E de onde provinha sua capacidade de realizar gestos prodigiosos? A ausência
destes referenciais gerava suspeitas sobre as credenciais de Jesus para o
exercício de suas atividades de pregador e taumaturgo.
Jesus esquivou-se de
responder a seus críticos, quando foi confrontado com a questão da autoridade
com que realizava gestos prodigiosos. Ele tinha consciência de estar agindo
com a autoridade concedida pelo Pai. Ou seja, a fonte de suas palavras e
ações era o Pai. Esse havia confiado ao filho proclamar o Reino de Deus e
realizar as obras sinalizadoras de sua presença. O Pai garantia, portanto, a
ação do Filho.
Os mestres da Lei e os
anciãos não conheciam outros caminhos para obter competência para o
ministério senão os convencionais. E teriam ridicularizado Jesus se este
invocasse o Pai como fundamento de sua ação. Por isso, Jesus não lhes
responde. Quem está sintonizado com Jesus, sabe muito bem com que autoridade
ele exerce seu ministério.
Oração
Senhor Jesus, que eu saiba descobrir, na raiz de tuas palavras e ações, a
autoridade conferida a ti pelo Pai.
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Liturgia do Domingo 02.06.2013
9º Domingo do Tempo Comum — ANO C
(VERDE, GLÓRIA, CREIO – I SEMANA DO SALTÉRIO)
__ "A fé não conhece fronteiras." __
Ambientação:
Sejam bem-vindos
amados irmãos e irmãs!
INTRODUÇÃO DO
FOLHETO DOMINICAL PULSANDINHO: Estamos celebrando o Ano da Fé. A fé é o elemento comum
que une a comunidade celebrante. Por isso, ela desconhece fronteiras, fazendo
de muitos povos e raças um só povo sacerdotal. Na fé comum celebramos a morte
e ressurreição de Jesus, Evangelho único pelo qual devemos empenhar todas as
forças e energias. Queremos trazer para nossa celebração todos os que não
crêem ou professam uma fé diferente da nossa, educando-nos, desta forma, ao
respeito pela opção religiosa dos outros. Como o oficial romano, também nós
proclamamos que não somos dignos de receber o Senhor em nossa casa, mas ao
mesmo tempo confiamos no poder de sua Palavra salvadora.
INTRODUÇÃO DO
FOLHETO DOMINICAL O POVO DE DEUS: Nesta Eucaristia, peçamos ao Senhor que aumente nossa
fé e nos possibilite crer como aquele oficial romano cuja fé foi digna de
nota, segundo observou Jesus: "Eu vos declaro que nem mesmo em Israel
encontrei tamanha fé" (Jo 7,9). Nesta semana celebramos a Solenidade do
Sagrado Coração de Jesus; coração, que vazado pela lança do soldado, deixou
correr sangue e água, símbolos dos sacramentos da Igreja. Participemos, pois,
na próxima sexta-feira, das Missas em nossas paróquias e comunidades.
Conscientes de que, sendo também o Dia de Oração pela Santificação do Clero,
peçamos a Deus que chame para o serviço ministerial da Igreja sacerdotes
segundo o Coração de Jesus.
INTRODUÇÃO DO
WEBMASTER: A
compreensão do ministério de Jesus é progressiva e se dá por obra do Espírito
dentro da comunidade. É a vida concreta da comunidade, com seus problemas e
seus conflitos, que dá ocasião a uma tomada de consciência cada vez mais
clara da identidade de Jesus e da própria comunidade. Rogamos a Deus que nos
permita levar uma vida cristã tão cheia de fé que um dia Jesus possa também
dizer para nós: "Não encontrei tamanha fé em Israel!"
Sintamos em nossos
corações a alegria da Ressurreição e entoemos alegres cânticos ao Senhor!
IX DOMINGO DO TEMPO COMUM
Antífona da
entrada: Olhai para mim,
Senhor, e tende piedade, pois vivo sozinho e infeliz. Vede minha miséria e
minha dor e perdoai todos os meus pecados! (Sl 24,16.18).
Comentário das
Leituras: A cura
do criado do centurião romano, que pede a Jesus por ele, verifica o desejo
que expressou o rei Salomão ao dedicar ao Senhor o templo que lhe construiu em Jerusalém. Em
ambos os casos a premissa que consegue o favor divino é a fé suplicante, fé
que, para o cristão, tem sua fonte de origem no Evangelho autêntico de Jesus.
Jesus Cristo nos arranca da morte e nos coloca no eixo da vida.
Primeira Leitura (1
Reis 8,41-43)
Leitura do primeiro livro dos Reis.
Naqueles dias, Salomão
rezou no templo, dizendo: 8 41 Quanto ao estrangeiro, que não
pertence ao vosso povo de Israel, quando vier de uma terra longínqua por
causa de vosso nome, 42 porque se ouvirá falar da grandeza de vosso
nome, da força de vossa mão e do poder de vosso braço, - quando vier orar
neste templo,
43 ouvi-o do alto dos céus, do alto de vossa morada, ouvi-o e fazei tudo
o que esse estrangeiro vos pedir. Então todos os povos da terra conhecerão o
vosso nome, vos temerão como o vosso povo de Israel, e saberão que o vosso
nome é invocado sobre esta casa que edifiquei”.
Salmo responsorial
116/117
Ide, vós, por este
mundo afora
E proclamai o evangelho a todos!
Cantai louvores ao Senhor, todas as gentes,
povos todos, festejai-o!
Pois comprovado é seu amor para conosco,
para sempre ele é fiel.
Segunda Leitura
(Gálatas 1,1-2.6-10)
Início da carta de são Paulo aos Gálatas.
1 1 Paulo
apóstolo - não da parte de homens, nem por meio de algum homem, mas por Jesus
Cristo e por Deus Pai que o ressuscitou dos mortos 2 e todos os
irmãos que estão comigo, às igrejas da Galácia. 6Estou admirado de que tão
depressa passeis daquele que vos chamou à graça de Cristo para um evangelho
diferente.
7 De fato, não há dois (evangelhos): há apenas pessoas que semeiam a
confusão entre vós e querem perturbar o Evangelho de Cristo.
8 Mas, ainda que alguém - nós ou um anjo baixado do céu - vos anunciasse
um evangelho diferente do que vos temos anunciado, que ele seja anátema.
9 Repito aqui o que acabamos de dizer: se alguém pregar doutrina
diferente da que recebestes, seja ele excomungado!
10 É, porventura, o favor dos homens que eu procuro, ou o de Deus? Por
acaso tenho interesse em agradar aos homens? Se quisesse ainda agradar aos
homens, não seria servo de Cristo.
Aclamação do
Evangelho
Aleluia, aleluia, aleluia.
Deus o mundo tanto amou, que seu Filho entregou! Quem no Filho crê e
confia, nele encontra eterna vida! (Jo 3,16)
EVANGELHO (Lucas
7,1-10)
7 1 Tendo Jesus
concluído todos os seus discursos ao povo que o escutava, entrou em
Cafarnaum.
2 Havia lá um centurião que tinha um servo a quem muito estimava e que
estava à morte.
3 Tendo ouvido falar de Jesus, enviou-lhe alguns anciãos dos judeus,
rogando-lhe que o viesse curar.
4 Aproximando-se eles de Jesus, rogavam-lhe encarecidamente: “Ele bem
merece que lhe faças este favor,
5 pois é amigo da nossa nação e foi ele mesmo quem nos edificou uma
sinagoga”.
6 Jesus então foi com eles. E já não estava longe da casa, quando o
centurião lhe mandou dizer por amigos seus: “Senhor, não te incomodes tanto
assim, porque não sou digno de que entres em minha casa;
7 por isso nem me achei digno de chegar-me a ti, mas dize somente uma
palavra e o meu servo será curado.
8 Pois também eu, simples subalterno, tenho soldados às minhas ordens; e
digo a um: ‘Vai ali!’ E ele vai; e a outro: ‘Vem cá!’ E ele vem; e ao meu
servo: ‘Faze isto!’ E ele o faz.
9 Ouvindo estas palavras, Jesus ficou admirado. E, voltando-se para o
povo que o ia seguindo, disse: “Em verdade vos digo: nem mesmo em Israel
encontrei tamanha fé”.
10 Voltando para a casa do centurião os que haviam sido enviados,
encontraram o servo curado.
LEITURAS
DA SEMANA DE 03 a
09 de junho de 2013:
2ª Gn 1, 1-19; Sl 103 (104); Mc 6,53-56
3ª Gn 1,20-2,4a; Sl 8; Mc 7,1-13
4ª Jl 2,12-18; Sl 50 (51); 2Cor 5,20-6,2; Mt 6,1-6.16-18
5ª Dt 30,15-20; Sl 1; Lc 9,22-25
6ª Is 58,1-9; Sl 50 (51); Mt 9,14-15
Sa Is 58,9-14; Sl 85 (86); Lc 5, 27-32)
10º DTC 1Rs 17,17-24; Sl 29 (30),2 e 4. 5-6. 11.12a.13b (R/. 2a4b); Gl
1,11-19; Lc 7,11-17
COMENTÁRIOS DO EVANGELHO
1. Mais um exemplo
que veio de fora...
Novamente Lucas exalta o testemunho de Fé, de alguém que não pertencia á
comunidade. Esse evangelista gosta de falar da Misericórdia de Deus, as
histórias mais bonitas que mostram essa Verdade estão nesse evangelho. Lucas
não tem uma visão exclusivista da Salvação, mas sempre acentua a
universalidade salvívica: Deus quer salvar a todos, quem Crê e quem não crê,
quem é da comunidade e quem não é. Os que vão se salvar, na visão de Lucas
são aqueles que CRÊEM em
Jesus Cristo como Deus, e o imitam como homem. É o que
encontramos nesse Centurião Romano.
Era um homem poderoso que
tinha cem guardas á sua inteira disposição, que é bem conceituado dentro da
Instituição Imperial a qual pertence, mas que, apesar disso, percebe em Jesus
algo que a instituição não oferece. Não é apenas alguém que crê, mas que
também vive a sua Fé; tem sensibilidade para com um servo que está enfermo e
manifesta simpatia pela comunidade judaica, tanto é que alguns anciãos vão á
Jesus interceder por ele.
E o mais bonito, sua oração
tem sempre como pano de fundo a humildade "Senhor, eu não sou digno de
que entreis em minha casa, mas dizei uma só palavra e o meu servo será
curado". Eis aí três virtudes essenciais para ser discípulo: Ter Fé em
Jesus reconhecendo Nele o Deus e Senhor, imitá-lo quanto á sua misericórdia
na relação com as pessoas, e ter consciência de que não merecemos a Salvação,
pois ela é dom gratuito que o Pai do Céu nos oferece em Jesus Cristo.
Por isso Jesus irá
admirar-se de tamanha Fé e dirá aos discípulos, que nem em Israel encontrou
uma Fé tão grandiosa, ao contrário, os que deveriam acolhê-lo o rejeitaram,
justamente por não crerem. É confortador saber que não estamos sozinhos, e
que fora da comunidade, há pessoas que também acreditam e vivem segundo essa
Fé que é genuinamente transformadora. O Servo ficou curado...
2. Fé e
universalidade da salvação
O tema deste nono domingo
do tempo comum é a fé e a universalidade da salvação.
O trecho do primeiro livro
dos Reis é a resposta à questão posta imediatamente depois do exílio na
Babilônia, quando do retorno dos deportados à terra de Israel. Os que voltam
do exílio encontram na terra um “povo mesclado”. A pergunta é: que atitude
adotar quanto aos estrangeiros que habitavam a terra? Pode-se admitir na
sinagoga todos os que o desejam? Se algum estrangeiro se aproxima do Templo e
busca o Deus de Israel, é porque reconhece a sua grandeza. Deus não
rejeitaria a sua oração, pois ele acolhe a todos. Se Deus assim procede,
convém não fechar as portas a quem quer que seja.
O perícope de Lucas,
situada na primeira parte do evangelho, em que a questão é a identidade de
Jesus, vai para a mesma direção. A menção de Cafarnaum já é importante, pois,
simbolicamente, esta cidade, às margens do Lago de Genesaré, abre a mensagem
de Jesus aos pagãos, em face de Nazaré, cidade de Jesus (cf. 4,23). O centurião,
chefe de cem soldados, é um pagão. A súplica do centurião a Jesus é por um
servo seu, que ele estimava muito (v. 2).
Para o centurião, o valor
essencial parece ser a vida do seu servo (cf. v. 3). Estando a serviço do
império romano, ele é considerado impuro. Mas ele mesmo não se diz impuro,
pois isso é um conceito judaico-religioso; ele diz ser indigno: “Eu não sou
digno de que entres sob o meu teto” (Lc 7, 6). Ele conhece as normas dos
judeus quanto à pureza, por isso não vai pessoalmente ter com Jesus, mas
envia anciãos judeus para intercederem por ele junto a Jesus. Dizer-se
indigno é reconhecer a autoridade de Jesus.
O Senhor acolhe a todos e
toma a iniciativa de querer ir à casa do centurião. No entanto, o chefe pede
que Jesus simplesmente dê uma ordem, pois é o poder da palavra que importa
(cf. vv. 7-8). A fé do centurião causa uma profunda admiração em Jesus (v.
9). A fé do pagão ultrapassa a manifestada em Israel. A constatação
da cura revela o poder vivificante e eficaz da palavra do Senhor (cf. v. 10).
ORAÇÃO
Pai,dá-me um coração misericordioso e humildade que me leve a compadecer-me
do meu semelhante.
3. UNIVERSALIDADE
DA MISSÃO
Ao atender o pedido do
oficial romano, Jesus ensinou aos seus discípulos a estarem prontos para
realizar uma missão universal, para além dos limites do povo de Israel. Esta
advertência justifica-se, se considerarmos a mentalidade segregacionista de
seus contemporâneos, para os quais o contato com os pagãos deveria ser
ciosamente evitado.
O pedido do oficial romano,
que chegou até Jesus pela mediação de alguns judeus, foi aceito de imediato.
O Mestre dispôs-se a ir até onde se encontrava o homem enfermo, a fim de
curá-lo, sem se importar com o perigo de contrair impureza. Então o oficial,
agiu com extrema delicadeza. Ao pensar que seria constrangedor para o judeu
Jesus ter de entrar na casa de um pagão, sugeriu-lhe fazer o milagre à
distância, sem o incômodo de infringir as rigorosas leis religiosas de seu
povo. O segundo pedido do oficial foi uma inequívoca confissão de fé. Ele
merecia ser atendido sem demora.
A constatação da
"fé" deste pagão, maior que a de qualquer israelita, era um alerta
para os discípulos: deveriam estar atentos à boa-vontade dos pagãos, em
acolher o Reino. Se, fora de Israel, o Reino produzia seus efeitos nos
corações das pessoas, por que limitar seu anúncio aos israelitas? O Reino não
era propriedade particular de ninguém. Quem o acolhesse na fé, estaria em
condições de ser agraciado por ele.
Oração
Espírito de universalidade, sensibiliza meu coração para acolher os apelos
que me vêm da humanidade sofredora, para a qual devo ser testemunha do Reino.
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