Liturgia da Segunda Feira — 10.12.2012
II
SEMANA DO ADVENTO
(ROXO, PREFÁCIO DO ADVENTO I – OFÍCIO DO DIA)
Antífona da entrada: Ó nações, escutai a palavra do Senhor; levai a boa nova
até os confins da terra. Não tenhais medo: eis que chega o nosso salvador (Jr
31,10; Is 35,4).
Leitura (Isaías 35,1-10)
Leitura do livro do profeta Isaías.
35 1 O deserto e a terra árida regozijar-se-ão.
A estepe vai alegrar-se e florir. Como o lírio
2 ela florirá, exultará de júbilo e gritará de alegria. A glória do Líbano lhe será dada, o esplendor do Carmelo e de Saron; será vista a glória do Senhor e a magnificência do nosso Deus. 3 Fortificai as mãos desfalecidas, robustecei os joelhos vacilantes. 4 Dizei àqueles que têm o coração perturbado: "Tomai ânimo, não temais! Eis o vosso Deus! Ele vem executar a vingança. Eis que chega a retribuição de Deus: ele mesmo vem salvar-vos". 5 Então se abrirão os olhos do cego. E se desimpedirão os ouvidos dos surdos; 6 então o coxo saltará como um cervo, e a língua do mudo dará gritos alegres. Porque águas jorrarão no deserto e torrentes, na estepe. 7 A terra queimada se converterá num lago, e a região da sede, 8 E haverá uma vereda pura, que se chamará o caminho santo; nenhum ser impuro passará por ele, e os insensatos não rondarão por ali. 9 Nele não se encontrará leão, nenhum animal feroz transitará por ele; mas por ali caminharão os remidos, 10 por ali voltarão aqueles que o Senhor tiver libertado. Eles chegarão a Sião com cânticos de triunfo, e uma alegria eterna coroará sua cabeça; a alegria e o gozo possuí-los-ão; a tristeza e os queixumes fugirão.
Salmo responsorial 84/85
Eis que vem o nosso Deus! Ele
vem para salvar.
Quero ouvir o que o Senhor irá
falar:
é a paz que ele vai anunciar; A paz para que o seu povo e seus amigos, para os que voltam ao Senhor seu coração. Está perto a salvação dos que o temem, e a glória habitará em nossa terra.
A verdade e o amor se
encontrarão,
a justiça e a paz se abraçarão; da terra brotará a fidelidade, e a justiça olhará dos altos céus.
O Senhor nos dará tudo o que é
bom,
e a nossa terra nos dará suas colheitas; a justiça andará na sua frente e a salvação há de seguir os passos seus.
Aclamação do Evangelho
Aleluia, aleluia, aleluia.
Eis que o rei há de vir, Senhor da terra, ele mesmo e nós afastará o jugo do nosso cativeiro. Evangelho (Lucas 5,17-26)
5 17 Um dia estava ele
ensinando. Ao seu derredor estavam sentados fariseus e doutores da lei,
vindos de todas as localidades da Galiléia, da Judéia e de Jerusalém. E o
poder do Senhor fazia-o realizar várias curas.
18 Apareceram algumas pessoas trazendo num leito um homem paralítico; e procuravam introduzi-lo na casa e pô-lo diante dele. 19 Mas não achando por onde o introduzir, por causa da multidão, subiram ao telhado e por entre as telhas o arriaram com o leito ao meio da assembléia, diante de Jesus. 20 Vendo a fé que tinham, disse Jesus: "Meu amigo, os teus pecados te são perdoados". 21 Então os escribas e os fariseus começaram a pensar e a dizer consigo mesmos: "Quem é este homem que profere blasfêmias? Quem pode perdoar pecados senão unicamente Deus?" 22 Jesus, porém, penetrando nos seus pensamentos, replicou-lhes: "Que pensais nos vossos corações? 23 Que é mais fácil dizer: 'Perdoados te são os pecados'; ou dizer: 'Levanta-te e anda?' 24 Ora, para que saibais que o Filho do Homem tem na terra poder de perdoar pecados" (disse ele ao paralítico), "eu te ordeno: 'levanta-te, toma o teu leito e vai para tua casa'". 25 No mesmo instante, levantou-se ele à vista deles, tomou o leito e partiu para casa, glorificando a Deus. 26 Todos ficaram transportados de entusiasmo e glorificavam a Deus; e tomados de temor, diziam: "Hoje vimos coisas maravilhosas".
COMENTÁRIOS DO
EVANGELHO
1. "NOSSOS
PARALÍTICOS..."
(A Força do Amor e da Fé
nunca fica sem uma resposta diante de Deus)
Certa ocasião, quando
refletíamos esse evangelho em grupo, alguém perguntou se na casa onde Jesus
estava pregando, havia elevador ou coisa parecida, se olharmos o relato em si
mesmo, vamos acabar fazendo outras perguntas como, "Será que eles não
podiam pedir licença para passar no meio das pessoas e entrar na casa?"
e mais ainda... Seria normal que as pessoas que estavam aglomeradas á
entrada, quando vissem o esforço dos quatro homens, subindo na parede com o
paralítico deitado em uma cama, oferecessem ajuda, buscando uma alternativa
mais fácil...
O próprio Jesus, não poderia ter
dado um jeito de sair para atender o paralítico, sem precisar tanto esforço
de subir e ainda ter de abrir um buraco no telhado? Fazer perguntas como
essas, é muito importante para a nossa reflexão, pois vamos e convenhamos, o
modo que eles encontraram para colocar o paralítico á frente de Jesus, não
foi o mais fácil, aliás, correu-se até o risco de um grave acidente.
Hoje em dia a gente sabe que
nossos templos existentes, ou os que estão em construção, devem ter em seu
projeto, a construção de rampas, para facilitar o acesso de nossos irmãos
deficientes. Mas com certeza, não é este o tema do evangelista, ele está
querendo dizer alguma coisa as suas comunidades e aos cristãos do nosso
tempo.
Dia desses, alguém bastante
estressado dizia-me que certas pessoas só atrapalham a vida da comunidade,
porque são muito radicais, geniosas, incomodam a todos, e o tempo todo eles
só arranjam encrencas e mais encrencas, concluindo, dão muito trabalho, são
sempre do contra, enfim, chatas e duras de engolir, e que sem elas, a
comunidade é uma maravilha, o conselho deveria tomar providência, ou quem
sabe, o padre impor a sua autoridade.
Pessoas com essas
características não caminham, e ainda dificultam a vida de quem quer
caminhar: pronto, já começamos a descobrir os paralíticos e paralíticas de
nossas comunidades, irmãos e irmãs que não se emendam de seus defeitos, nunca
mudam o seu jeito de ser, não se convertem e precisam portanto, ser acolhidas
e carregadas. Há irmãos na comunidade que a gente tem prazer de encontrar, é
sempre uma alegria imensa, mas há também esses, que nos perturbam, incomodam,
e a gente não fica a vontade, se estão conosco em uma reunião da pastoral ou
do movimento, a troca de "farpas" será inevitável...
Há no texto duas coisas que
chamam a nossa atenção, primeiro o esforço desse quarteto, subir pela parede,
desfazer o telhado e descer a cama com cordas. Jesus elogia-lhes a fé, parece
até que fez o milagre como retribuição a tanto esforço. Eles tinham fé
Os quatro são uma referência
para as nossas comunidades, onde muitas vezes falta-nos o amor e a fé, para
carregar nossos paralíticos e superar os obstáculos, passando por cima dos
preconceitos. Nas comunidades há pessoas amorosas, pacienciosas, que aceitam
conviver com todos, amando-os como eles são, sem exigências, preconceitos ou
radicalismo, mas há também a turma de "nariz empinado", como
aqueles doutores da lei, que não crê
Jesus elimina o problema pela
raiz, "Filho, teus pecados te são perdoados...", a cura física vem
em segundo plano, e se a enfermidade impede que o paralítico se aproxime de
Jesus, a comunidade os carrega, possibilitando que ele também faça a
experiência do Deus que perdoa, ora, se houver na comunidade intolerância,
preconceitos, e ranços ocultos, como é que essas pessoas poderão experimentar
o amor, o perdão e a misericórdia? Os intolerantes têm sempre um olhar
extremamente crítico e severo, para com os paralíticos, e não aceitam que
outras pessoas tenham por eles amor e ternura, manifestada na paciência e
tolerância.
Por isso Jesus ordena –
levanta-te, toma o teu leito e vai para casa. Deus nunca faz as coisas pela
metade, na obra da salvação, Jesus não fez simplesmente uma reforma no ser
humano, mas o transforma em uma nova criatura, na graça santificante do
Batismo, fazendo com que deixe de se relacionar com Deus na religião
normativa, porque crê no Deus que é todo amor e misericórdia, que perdoa
pecados e os liberta com a sua santa palavra, em Jesus de Nazaré.
2. O agir amoroso e
solidário
O ensino de Jesus é sempre
acompanhado de ações práticas. Por suas palavras e sua prática, perdoando e
curando, Jesus manifesta o infinito amor do Pai. O "Filho do Homem"
desmonta a autoridade da classe sacerdotal e dos escribas "na
terra", onde ele está presente como Filho de Deus. As ideologias que
usam o nome de Deus para respaldar os poderosos neste mundo estão esvaziadas.
O perdão é fruto não do poder, mas sim do amor misericordioso. Quem é amado
passa a ter consciência de que está liberto da acusação de pecador que o
humilha, deprime e exclui. O sinal de que se está livre da paralisia do
pecado é a liberdade, é o levantar-se e o agir amoroso e solidário com a
comunidade.
Oração
Espírito que cura interiormente, toca o mais íntimo de meu ser, para que eu consiga superar o meu egoísmo, e seja capaz de levar os benefícios de Deus a quem precisa de mim.
3. VIMOS COISAS
MARAVILHOSAS
A vinda de Jesus foi recebida de
diferentes modos pelas pessoas. Os fariseus e os mestres da Lei suspeitavam
de tudo que ele fazia. Perdoar os pecados parecia-lhes uma blasfêmia, pois,
no entender deles, isto era prerrogativa de Deus. Igualmente, o dom de curar.
Jesus, porém, não se deixava intimidar por eles. Embora os deixasse
escandalizados, não se omitia de perdoar os pecados e de curar.
Pelo contrário, o povo sofredor acolhia Jesus com entusiasmo, por reconhecer, em sua ação, a presença de Deus. A cena do paralítico introduzido na casa pelo buraco, aberto no telhado, revela a fé em Jesus que animava o povo. E esta fé foi tamanha, que Jesus curou o paralítico, sem que o milagre fosse solicitado.
Na atitude do enfermo, o Mestre
pôde captar todas as suas carências e vir-lhe ao encontro. E a primeira
necessidade daquele homem, na perspectiva de Jesus, consistia em ser perdoado
de seus pecados. A cura da paralisia era secundária em relação à deficiência
espiritual. Daí ter vindo em segundo lugar. Em todo o caso, o enfermo recebeu
tudo quanto precisava para viver de maneira digna, e voltou para casa
totalmente refeito.
O povo, especialmente quem se
beneficiava da misericórdia de Jesus, reconhecia as maravilhas operadas por
Deus e o louvava pelo que fazia por meio de seu Filho.
Oração
Senhor Jesus, faze-me contemplar e reconhecer as maravilhas operadas por ti e, por tudo isso, glorificar o Pai. |
II
SEMANA DO ADVENTO *
(ROXO, PREFÁCIO DO ADVENTO I – OFÍCIO DO DIA)
Antífona da entrada: Eis que o Senhor virá e com ele todos os seus santos, e
haverá uma grande luz naquele dia (Zc 14,5.7).
Leitura (Isaías 40,1-11)
Leitura do livro do profeta Isaias.
40 1 Consolai, consolai meu
povo, diz vosso Deus.
2 Animai Jerusalém, dizei-lhe bem alto que suas lidas estão terminadas, que sua falta está expiada, que recebeu, da mão do Senhor, pena dupla por todos os seus pecados. 3 Uma voz exclama: "Abri no deserto um caminho para o Senhor, traçai reta na estepe uma pista para nosso Deus. 4 Que todo vale seja aterrado, que toda montanha e colina sejam abaixadas: que os cimos sejam aplainados, que as escarpas sejam niveladas! 5 Então a glória do Senhor manifestar-se-á; todas as criaturas juntas apreciarão o esplendor, porque a boca do Senhor o prometeu". 6 "Clama!", disse uma voz, e eu respondi: "Que clamarei?" Toda criatura é como a erva e toda a sua glória como a flor dos campos! 7 A erva seca e a flor fenece quando o sopro do Senhor passa sobre elas. (Verdadeiramente o povo é semelhante à erva.) 8 A erva seca e a flor fenece, mas a palavra de nosso Deus permanece eternamente. 9 Subi a uma alta montanha, para anunciar a boa nova a Sião. Elevai com força a voz, para anunciar a boa nova a Jerusalém. Elevai a voz sem receio, dizei às cidades de Judá: "Eis vosso Deus! 10 Eis o Senhor Deus que vem com poder, estendendo os braços soberanamente. Eis com ele o preço de sua vitória; faz-se preceder pelos frutos de sua conquista; 11 como um pastor, vai apascentar seu rebanho, reunir os animais dispersos, carregar os cordeiros nas dobras de seu manto, conduzir lentamente as ovelhas que amamentam".
Salmo responsorial 95/96
Olhai e vede: o nosso Deus vem
com poder!
Cantai ao Senhor Deus um canto
novo,
cantai ao Senhor Deus, ó terra inteira! Cantai e bendizei seu santo nome! dia após dia anunciai sua salvação.
Manifestai a sua glória entre as
nações
e, entre os povos do universo, seus prodígios! Publicai entre as nações: "Reina o Senhor!", e os povos ele julga com justiça.
O céu se rejubile e exulte a
terra,
aplauda o mar com o que viver em suas águas; os campos com seus frutos rejubilem e exultem as florestas e as matas.
Na presença do Senhor, pois ele
vem,
porque vem para julgar a terra inteira. Governará o mundo todo com justiça, e os povos julgará com lealdade.
Aclamação do Evangelho
Aleluia, aleluia, aleluia.
Está perto o dia do Senhor, ele mesmo virá salvar-nos! Evangelho (Mateus 18,12-14)
Naquele tempo, disse Jesus aos
seus discípulos: 18 12 "Que vos parece? Um homem possui cem ovelhas: uma
delas se desgarra. Não deixa ele as noventa e nove na montanha, para ir
buscar aquela que se desgarrou?
COMENTÁRIOS DO EVANGELHO13 E se a encontra, sente mais júbilo do que pelas noventa e nove que não se desgarraram. 14 Assim é a vontade de vosso Pai celeste, que não se perca um só destes pequeninos".
1. OVELHA DESGARRADA
“Quando se vive
autenticamente os valores do evangelho, nossas comunidades são de fato
continuadoras da missão de Jesus, bem a seu modo”
Perguntei ao nosso grupo de
"Teólogos" da Comunidade, com quem sempre debatemos alguns textos
do evangelho, se eles se lembravam da Dona Maria que era da Acolhida, e que
de uma hora para outra, simplesmente "tomou doril", como se diz quando
a pessoa some.
___Dona Maria? Ah... Pelo nome assim é difícil dizer se lembro... – disse Julião, zelador da igreja. __ Como ela era? Lembro de uma "magrona" e loira, se for essa, parece que ela mudou de igreja...--- informou a Celeste, ministra da Pastoral dos Enfermos..... ___Será que ela morreu, ou está doente? - tornei a perguntar. ___Difícil saber, a comunidade aqui é tão grande, a gente não conhece as pessoas direito, a não ser aquelas que atuam nas pastorais e movimentos, e mesmo assim, é difícil da gente lembrar.
Eis o grande problema de nossas
comunidades urbanas, principalmente as das grandes metrópoles... Somos uma
massa de anônimos, ninguém se conhece, não sabe sequer o nome, onde mora, o
que faz, e no caso apresentado, por que se afastou da comunidade e o que é
ainda bem pior, às vezes nem se nota que a pessoa sumiu da comunidade.
Na comunidade apresentada nesse
evangelho de São Mateus o Pastor conhecia a todos e todos se conheciam, por
isso em uma celebração dominical, alguém deu o alarme: a Dona Chica não veio
hoje, daí alguém lembrou que na quarta feira ela também não apareceu na
reunião da pastoral, e uma outra pessoa se lembrou que no último domingo
percebeu que ela estava muito quieta e até parecia triste... A pastoral fez
uma reunião de emergência logo após a missa e decidiram ir a procura da Dona
Chica, para ver o que estava acontecendo.
O esposo de uma das mulheres,
membro da pastoral, fez uma crítica à esposa que logo após o almoço ia sair
com as demais, conforme o combinado.
___Nem no domingo à tarde você
tem sossego? Por que essa preocupação com essa mulher, ela não veio porque
não quis vir, a comunidade está lá na igreja, quem quiser ir vai e quem não
quiser não vai, e está acabado!
___Olha, a Dona Chica não é uma
qualquer, ela é nossa irmã que ajudou a fundar a comunidade, nunca perdeu uma
reunião das quartas e nem faltou na celebração do domingo, a gente não
sossega enquanto não for ver o que está acontecendo....
O grupo encontrou Dona Chica com
um dos braços enfaixado, e um inchaço no rosto, o Filho drogado havia sido
preso naquela semana, mas antes de ir, deu uma surra na mãe, porque esta se
recusara a dar-lhe dinheiro,
Dona Chica tinha vergonha de ir na comunidade daquele jeito, pois julgava-se
culpada pelo Filho ser daquele jeito... As mulheres passaram aquela tarde com
ela em sua casa modesta e na quarta Feira, alguém do grupo se dispôs a ir
buscá-la de carro. Na reunião alguém levou um bolo e refrigerantes para se
alegrarem pela volta da Dona Chica.
Na missa do domingo, o Padre,
informado sobre o que acontecera, chamou Dona Chica à frente e todos rezaram
por ela uma Ave Maria e depois, como ela era Mineira, a coordenadora do grupo
cantou aquele refrão "Oh Minas Gerais... Oh Minas Gerais..." e a
comunidade em coro cantou junto e no final bateram palmas para acolher a que
havia voltado.
Por onde andam nossas
"ovelhas desgarradas", alguém aí se lembra delas, sabe o nome, onde
moram e por que se foram? Confesso envergonhado que na minha comunidade
ninguém se lembra delas...
2. Opção pelos pequenos
Esta parábola da ovelha
extraviada, ou perdida, no evangelho de Mateus, está inserida em um conjunto
de orientações de Jesus para o bom convívio comunitário. No evangelho de
Lucas ela vem acompanhada de mais outras duas parábolas sobre a misericórdia
de Deus, em um contexto de conflito com os fariseus que censuravam Jesus por
aproximar-se dos pecadores. A ovelha perdida (em Mateus:
"extraviada") é o pecador, segundo os critérios de exclusão do
judaísmo, e as noventa e nove que ficam no deserto (em Mateus: nos morros)
são os "justos" fariseus. Há mais alegria pela conversão de um só
pecador do que por noventa e nove justos que julgam não precisar de
conversão.
Mateus adapta a parábola para o
convívio comunitário. Ela se desenvolve em torno do "extraviar"
relativo à ovelha. Se um membro se extravia da comunidade, cabe ir à sua
procura, e no seu reencontro se tem a maior alegria. Tudo pelo zelo em
atender à vontade do Pai que "não deseja que se perca nenhum desses
pequenos". Os pequenos são os membros mais humildes, simples e frágeis
na comunidade. O reencontro com a vida e seu fortalecimento se dá na
comunidade, em comunhão com Jesus. Quem vacilar ou fraquejar pode contar com
o apoio de seus irmãos.
Oração
Pai, que eu te dê a alegria de estar sempre em comunhão contigo, e ir ao encontro de quem se extraviou para reconduzi-lo ao amor.
3. ALEGRIA DO
REENCONTRO
A vinda – advento – do Messias
Jesus tem o objetivo de encontrar a humanidade marcada pelo pecado, e
reconduzi-la para Deus. De certo modo, o Pai não pode suportar o extravio do
ser humano, criado à sua imagem e semelhança, para uma vida de comunhão.
Respeitando a liberdade humana, o Pai oferece a seus filhos a chance de
refazer os laços rompidos. E se alegra com a conversão de um só deles.
A ação de Jesus deve ser
entendida no contexto das iniciativas divinas, em vista da salvação. Ele se
pautou por um princípio bem definido: a vontade do Pai celeste é que ninguém
se perca. Daí ter-se empenhado todo para que a oferta de salvação chegasse a
cada ser humano, sem exceção.
A parábola da ovelha desgarrada
ilustra o imenso interesse de Jesus (e da comunidade cristã) por quem se
desviou do caminho do Reino. Quanto maior o perigo pelo qual alguém está
passando, tanto maior será o empenho de reconduzi-lo à salvação. Maior ainda
será a alegria de vê-lo reintegrado na comunidade.
Os discípulos do Reino têm a
comunidade como lugar de salvação. Afastando-se dela, o indivíduo correrá o
risco de se perder, a ponto de romper com o Reino. Acolhido por ela, será
continuamente estimulado a ser fiel à vontade do Pai, buscando caminhar em
comunhão com ele. Por isso, a comunidade deve ser a primeira a ir ao encontro
da ovelha desgarrada.
Oração
Pai, que eu lhe dê a alegria de estar sempre em comunhão contigo, e ir ao encontro de quem se extraviou para reconduzi-lo ao amor. |
NOSSA
SENHORA DE GUADALUPE - PADROEIRA DA AMÉRICA LATINA
(BRANCO, GLÓRIA, PREFÁCIO DE MARIA – OFÍCIO DA FESTA)
Antífona da entrada: Alegremo-nos todos no Senhor, celebrando a festa de
Nossa Senhora de Guadalupe; conosco alegram-se os anjos e glorificam o Filho
de Deus.
Leitura (Gálatas 4,4-7)
Leitura da carta de São Paulo aos Gálatas.
4 4 Mas quando veio a plenitude
dos tempos, Deus enviou seu Filho, que nasceu de uma mulher e nasceu submetido
a uma lei,
5 a fim de remir os que estavam sob a lei, para que recebêssemos a sua adoção. 6 A prova de que sois filhos é que Deus enviou aos vossos corações o Espírito de seu Filho, que clama: Aba, Pai! 7 Portanto já não és escravo, mas filho. E, se és filho, então também herdeiro por Deus.
Salmo responsorial 95/96
Manifestai a sua glória entre as
nações.
Cantai ao Senhor Deus um canto
novo,
cantai ao Senhor Deus, ó terra inteira! Cantai e bendizei se santo nome!
Dia após dia anunciai sua
salvação,
manifestai a sua glória entre as nações e, entre os povos do universo, seus prodígios!
Publicai entre as nações: Reina
o Senhor!
Ele firmou o universo inabalável, e os povos ele julga com justiça".
Aclamação do Evangelho
Aleluia, aleluia, aleluia.
Maria, alegra-te, ó cheia de graça, o Senhor é contigo; és bendita entre todas as mulheres da terra! (Lc 1,28) Evangelho (Lucas 1,39-47)
1 39 Naqueles dias, Maria se
levantou e foi às pressas às montanhas, a uma cidade de Judá.
COMENTÁRIOS DO EVANGELHO40 Entrou em casa de Zacarias e saudou Isabel. 41 Ora, apenas Isabel ouviu a saudação de Maria, a criança estremeceu no seu seio; e Isabel ficou cheia do Espírito Santo. 42 E exclamou em alta voz: "Bendita és tu entre as mulheres e bendito é o fruto do teu ventre. 43 Donde me vem esta honra de vir a mim a mãe de meu Senhor? 44 Pois assim que a voz de tua saudação chegou aos meus ouvidos, a criança estremeceu de alegria no meu seio. 45 Bem-aventurada és tu que creste, pois se hão de cumprir as coisas que da parte do Senhor te foram ditas!" 46 E Maria disse: "Minha alma glorifica ao Senhor, 47 meu espírito exulta de alegria em Deus, meu Salvador".
Esse evangelho assinala que
Maria partiu apressadamente. Em Maria vemos a pressa de se doar, de
sair de si mesma e de caminhar ao encontro daqueles quer têm necessidades. O
que impulsiona Maria é o espírito santo em sua plenitude, é esse espírito
santo que impulsiona nossas comunidades a servirem os irmãos e irmãs.
Entretanto há algo ainda mais profundo e que nos encanta, as comunidades
cristãs, fecundadas pelo Espírito Santo, tornam-se também geradoras de Jesus.
Em Maria não celebramos simplesmente algo do passado, mas enquanto igreja
celebramos a encarnação no presente, as pias Batismais mais antigas têm a
forma ovalada semelhante a um útero, no ventre da igreja mãe nascem os Filhos
e as Filhas de Deus, e já que somos templos do Espírito Santo, em nós é
gerado também o Verbo Divino, não em seu sentido biológico como foi em Maria,
mas nos sentido espiritual.Em Isabel o Espírito Santo ajuda a perceber em
Maria, o mistério de Deus acontecendo, mas em uma visão de conjunto de um
lado vemos como o agir de Deus é diferente do homem, o Messias que estava por
nascer e que iria mudar a sorte de toda humanidade, buscou acolhimento não
nos poderosos, nas lideranças religiosas, nos suntuosos palácios ou no templo
sagrado, mas sim na casa dos humildes e pequenos como Isabel e Maria.
Ambas inauguram um tempo novo em
que para fazer grandes mudanças e construir um mundo melhor a partir do reino
de Deus, já não será mais preciso esperar a decisão dos grandes, dos que
mandam,, as mudanças verdadeiras que ocorreram na humanidade sempre foram
aquelas que nasceram das aspirações,dos sonhos e da luta do povo.
O Messianismo de Jesus está
dentro desse contexto, Maria se sentiu pequena diante do mistério de Deus que
estava para envolvê-la mas o Senhor a engrandeceu e a capacitou para a missão
que estava lhe reservada. Da mesma forma nossas comunidades, grandes ou
pequenas, nas grandes metrópoles ou nas periferias e zonas rurais, devem
sempre ter presente que estão envolvidas no mistério de Deus que as chama e
as capacita para serem portadoras do Cristo para o mundo, do mesmo modo como
fez com Maria, ressalvando=-se que Maria foi preservada de todo pecado,
enquanto que nossas comunidades, embora contenha em seu ventre a semente de
um Deus Santo e Perfeito, está sujeita ao pecado. Um dia Jesus teve uma
conversa com Nicodemos e afirmou que é preciso que o homem nasça de novo,
quem aceita ser membro da comunidade Cristã, está sendo gerado para um novo
nascimento, cuja vida embrionária já recebeu pelo Batismo, esse útero não é
muito bonito, mas como o ventre materno oferece toda segurança de que
precisamos, para desenvolver em nós essa semente de eternidade da Vida Nova
que há de acontecer um dia.
Nesse sentido precisamos sair e
ter pressa para levar ao mundo este anúncio, romper com a religião do
formalismo religioso, deixar de ser a Igreja fechada em si mesma para doar-se
aos irmãos e irmãs que ainda não ouviram o anúncio. Como Maria, certamente
iremos ficar admirados quando percebermos o modo como Deus age, sempre
diferente da nossa lógica, ás vezes até de um jeito que não entendemos. Maria
sentiu toda essa alegria incontida em sua alma ao sentir-se totalmente de
Deus, aponto de dizer “O Poderoso fez em mim maravilhas, santo é o seu nome,
a minha alma engrandece o Senhor, e o meu espírito exulta em Deus meu
Salvador”.
Não é o ritualismo religioso que
agrada a Deus, mas sim a nossa disposição para uma entrega total, fazendo
assim a vontade de Deus, é o próprio Cristo que nos dirá na carta de Paulo
aos hebreus; Eis que venho para fazer a vossa vontade. Quando o amor chega a
esse ponto, o sacrifício ritualista torna-se secundário diante do verdadeiro
e autêntico sacrifício agradável a Deus: dar a vida pelos irmãos e irmãs!
2. Maria canta as glórias
de Deus
Tendo sido advertida pelo anjo
sobre a gestação de Isabel em seu sexto mês, Maria sai em sua ajuda. Ao
saudar Isabel, tanto esta, inspirada pelo Espírito Santo, como o menino, que
pula de alegria no seu ventre, confi rmam a presença do Senhor no ventre, de
Maria. Lucas é o único evangelista a mencionar o ventre feminino como fonte
de vida, e o faz por sete vezes.
E destaca-se mais a grandiosidade
deste ventre feminino por ser fonte de vida divina. É a sublime realidade da
encarnação, da presença do Deus eterno entre nós! Maria entoa seu hino de
agradecimento a Deus por ser a escolhida neste projeto da encarnação. E
exalta, na seqüência do hino, o projeto libertador de Deus que "depõe os
poderosos de seus tronos e eleva os humildes, despede de mãos vazias os ricos
e enche de bens os famintos". Maria de Guadalupe é a inspiração das
comunidades que procuram na nossa América Latina libertar-se do poder
imperial cruel do Norte.
Oração Espírito de fé e esperança, enriquece meu coração com as mesmas virtudes de Maria, de modo que eu possa alcançar, como ela, a bem-aventurança.
A festa da assunção de Nossa
Senhora leva-nos a repensar todo o seu peregrinar neste nosso mundo, pois se
trata de celebrar o desfecho de sua caminhada. O fim da existência terrena de
Maria consistiu na plenificação de todos os seus anseios de mulher de fé e
disponível para servir. A expressão "repleta de graça", dita pelo
anjo, encontrou sua expressão consumada na exaltação dela junto de Deus.
A estreita conexão entre a
existência terrena de Maria e a sua sorte eterna foi percebida desde cedo
pela comunidade cristã, apesar de a Bíblia não contar os detalhes de sua vida
e de sua morte. A comunidade deu-se conta de que Deus assumiu e transformou
toda a sua história, suas ações e seu corpo.
O relato evangélico é um pequeno
retrato de Maria. Sua condição de mãe do Messias, o "Senhor"
esperado pelo povo, proveio da profunda comunhão com Deus e da
disponibilidade total em fazer-se sua servidora. Expressou sua fé no canto de
louvor – o Magnificat –, no qual proclamou as maravilhas do Deus e as
grandezas de seus feitos em favor dos fracos e pequeninos.
A comunhão com Deus
desdobrava-se, na vida de Maria, na sua disponibilidade a servir o próximo. A
ajuda prestada à prima Isabel é uma pequena amostra do que era a Mãe de Deus
no seu dia-a-dia.
Assunta ao céu, Maria
experimentou, em plenitude, a comunhão vivida na Terra.
Oração
Pai, conduze-me pelos caminhos de Maria, tua fiel servidora, cuja vida se consumou, sendo exaltada por ti. Que, como Maria, eu saiba me preparar para a comunhão plena contigo. |
SANTA
LUZIA - VIRGEM E MÁRTIR
(VERMELHO, PREFÁCIO DO ADVENTO I OU DOS SANTOS – OFÍCIO DA MEMÓRIA)
Antífona da entrada: Vem, esposa de Cristo, receber a coroa que o Senhor te
preparou para a eternidade.
Leitura (Isaías
41,13-20)
Leitura do livro do profeta Isaías.
41 13 Pois eu, o Senhor, teu
Deus, eu te seguro pela mão e te digo: "Nada temas, eu venho em teu
auxílio".
14 Portanto, nada de medo, Jacó, pobre vermezinho, Israel, mísero inseto. Sou eu quem venho em teu auxílio, diz o Senhor, teu Redentor é o Santo de Israel. 15 Vou fazer de ti um trenó triturador, novinho, eriçado de pontas: calcarás e esmagarás as montanhas, picarás miúdo as colinas como a palha do trigo. 16 Tu as joeirarás e o vento as carregará; o turbilhão as espalhará; entretanto, graças ao Senhor, alegrar-te-ás, gloriar-te-ás no Santo de Israel. 17 Os infelizes que buscam água e não a encontram e cuja língua está ressequida pela sede, eu, o Senhor, os atenderei, eu, o Deus de Israel, não os abandonarei. 18 Sobre os planaltos desnudos, farei correr água, e brotar fontes no fundo dos vales. Transformarei o deserto em lagos, e a terra árida em fontes. 19 Plantarei no deserto cedros e acácias, murtas e oliveiras; farei crescer nas estepes o cipreste, ao lado do olmo e do buxo, 20 a fim de que saibam à evidência, e pela observação compreendam, que foi a mão do Senhor que fez essas coisas, e o Santo de Israel quem as realizou.
Salmo responsorial
144/145
Misericórdia e piedade é o
Senhor!
Ele é amor, é paciência, é compaixão.
Ó meu Deus, quero exaltar-vos, ó
meu rei,
E bendizer o vosso nome pelos séculos. O Senhor é muito bom para com todos, Sua ternura abraça toda criatura.
Que vossas obras, ó Senhor, vos
glorifiquem,
E os vossos santos, com louvores, vos bendigam! Narrem a glória e o esplendor do vosso reino E saibam proclamar vosso poder!
Para espalhar vossos prodígios
entre os homens
E o fulgor de vosso reino esplendoroso. O vosso reino é um reino para sempre, Vosso poder, de geração em geração.
Aclamação do Evangelho
Aleluia, aleluia, aleluia.
Que os céus, lá do alto, derramem o orvalho, que chova das nuvens o justo esperado, que a terra se abra e germine ó Senhor! (Is 45,8) EVANGELHO (Mateus 11,11-15)
Naquele tempo, disse Jesus à
multidão: 11 "Em verdade vos digo: entre os filhos das mulheres, não
surgiu outro maior que João Batista. No entanto, o menor no Reino dos céus é
maior do que ele.
COMENTÁRIOS DO EVANGELHO12 Desde a época de João Batista até o presente, o Reino dos céus é arrebatado à força e são os violentos que o conquistam. 13 Porque os profetas e a lei tiveram a palavra até João. 14 E, se quereis compreender, é ele o Elias que devia voltar. 15 Quem tem ouvidos, ouça".
1. Jesus e João
O evento mais importante do Antigo Testamento é o relato da Libertação dos Hebreus da escravidão do Egito, no livro do Êxodo. Um fato grandioso e inexplicável onde o Faraó e todo o seu poderio acaba submetido a ação de Deus pois se este não intervém, jamais aquele povo seria liberto. Essa ação libertadora serve como referência e motivação em todos os eventos futuros quando o Povo estava perdendo a esperança, vinha um Profeta e lembrava do Poder do Deus de Israel, como faz na primeira Leitura o Profeta Isaias, preparando o Povo para o retorno do Exílio da Babilônia. Para ver o homem livre, vivo e feliz, Deus faz proezas, até abrir rios na secura do deserto.
João Batista pertence a este
tempo
O elogio de Jesus a João
procede, ele não anuncia que Deus irá agir na ação dos homens, mas que Deus
irá agir como homem. Um Homem Divino a partir de agora estará com todos e com
cada homem, para fazer acontecer de maneira plena a obra libertadora,
prenunciada na libertação da escravidão do Egito.
Entretanto, por aqueles tempos e
hoje principalmente, muitos achavam que o homem se salva por si mesmo, sem
que seja necessária a intervenção de Deus. Os que acreditaram nesse anúncio,
e que são os primeiros a “invadir” o Reino, junto com Jesus, são pessoas que
veem em Jesus o único Salvador, justamente os considerados impuros e
perdidos, excluídos da prática religiosa tradicional.
Estes, os impuros e pecadores,
são maiores do que João, porque foram os primeiros beneficiados pela
Salvação. Doravante é apenas e unicamente a Fé no Salvador, que tornará
grande quem é pequeno. É este o caso de cada homem e mulher que vive hoje a
sua Fé, conscientes de que não conseguiram atender o chamado á Santidade que
Deus lhes fez, mas alimentam a grande esperança de que um dia a alcançarão,
pela ação da Grata Santificante.
2. O anúncio de
João Batista
Na humanidade de Jesus, Filho de
Deus encarnado, o Pai assume a humanidade toda, com todos os seus valores, em
tudo que é bom, digno, justo e verdadeiro. Jesus, em sua vida e em sua
missão, incorpora todos estes valores no seu convívio com as pessoas. Vendo a
autenticidade de João Batista, Jesus vai ao seu encontro para ser batizado
por ele e se faz seu discípulo, no que foi confirmado pelo Espírito Santo. No
início de seu ministério, Jesus assume o mesmo anúncio de João, que é a
proximidade do Reino dos Céus.
Os discípulos de João Batista o
seguiam porque viam nele um grande, ou o maior, profeta. É o profeta popular,
como Elias, que derruba as ideologias e os ídolos do poder e prepara o
caminho para Jesus. Jesus o reconhece, porém, algo maior que dá plenitude à
proposta e ao testemunho de João é a adesão e entrada no Reino dos Céus,
proclamado por Jesus como já presente entre nós, no qual se participa da
própria vida de Deus. O menor no Reino dos Céus é maior do que João Batista.
É o Reino, não de um chefe poderoso que domina e oprime os demais, mas da
comunidade que vive a justiça e o amor, na liberdade, de modo solidário e
fraterno, na comunhão entre irmãos e com Deus, em uma dimensão de eternidade.
Oração
Pai, dá-me força para combater os vícios e os pecados que me impedem de aderir plenamente ao teu Reino, e para suportar a violência dos que se opõem a ti.
Como entender a afirmação de
Jesus, segundo a qual "o Reino sofre violência e são os violentos que o
conquistam"? Pensou-se tratar das duras renúncias exigidas dos
discípulos do Reino; da violência dos que querem estabelecer o Reino pela
força das armas, como queriam os zelotas; da tirania dos poderes demoníacos
(dos homens perversos) que resistem ao Reino, apoderando-se dele e impedindo
que outras pessoas façam parte dele, e o Reino cresça; do Reino abrindo
caminho pelo mundo com violência.
Por um lado, quando Jesus
começou a pregar, nos dias de João Batista, muita gente se converteu,
esforçando-se para entrar no Reino. Tratando-se de uma proposta dura e
exigente, era impossível acolhê-la sem abrir mão dos projetos pessoais e sem
se predispor a "tomar, cada dia, a própria cruz" e pôr-se a seguir
Jesus. Portanto, nada de contemporizar com o egoísmo e a maldade que
corrompem o coração humano.
Por outro lado, desde o início
de seu ministério, o Mestre viu-se às voltas com a violência das forças do
anti-Reino, articuladas para neutralizá-lo, de modo a impedir que muitas
pessoas entrassem nele. A trágica morte de João Batista serviu de presságio
para o destino de Jesus.
O discípulo experimenta, pois,
dois níveis de violência: um interno, enquanto combate seus vícios e pecados;
e outro externo, enquanto é vítima da maldade dos inimigos do Reino.
Oração
Pai, dá-me força para combater os vícios e os pecados que me impedem de aderir plenamente ao teu Reino, e para suportar a violência dos que se opõem a ti. |
SÃO
JOÃO DA CRUZ - PRESBÍTERO E DOUTOR
(BRANCO, PREFÁCIO DO ADVENTO I OU DOS PASTORES – OFÍCIO DA MEMÓRIA)
(Mateus 11,16-19)A cruz de nosso Senhor Jesus Cristo deve ser a nossa
glória: nele está nossa vida e ressurreição; foi ele que nos salvou e
libertou (Gl 6,14).
(Mateus 11,16-19)
Ó Deus, que inspirastes ao presbítero são João da Cruz extraordinário amor pelo Cristo e total desapego de si mesmo, fazei que, imitando sempre o seu exemplo, cheguemos à contemplação da vossa glória. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, Vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.
(Mateus 11,16-19)
48 17 Eis o que diz o Senhor,
teu Redentor, o Santo de Israel: "eu sou o Senhor teu Deus, que te dá
lições salutares, que te conduz pelo caminho que deves seguir.
18 Ah! Se tivesses sido atento às minhas ordens! Teu bem-estar assemelhar-se-ia a um rio, e tua felicidade às ondas do mar; 19 tua posteridade seria como a areia, e teus descendentes, como os grãos de areia; nada poderia apagar nem abolir teu nome de diante de mim". (Mateus 11,16-19)
Senhor, quem vos seguir terá a
luz da vida.
Feliz é todo aquele que não anda
conforme os conselhos dos perversos; que não entra no caminho dos malvados, nem junto aos zombadores vai sentar-se; mas encontra seu prazer na lei de Deus e a medita, dia e noite, sem cessar.
Eis que ele é semelhante a uma
árvore,
que à beira da torrente está plantada; ela sempre dá seus frutos a seu tempo, e jamais as suas folhas vão murchar. Eis que tudo o que ele faz vai prosperar.
Mas bem outra é a sorte dos
perversos.
Ao contrário, são iguais à palha seca espalhada e dispersada pelo vento. Pois Deus vigia o caminho dos eleitos, mas a estrada dos malvados leva à morte.
Aclamação do Evangelho
Aleluia, aleluia, aleluia.
O Senhor há de vir, acorrei-lhe ao encontro; é o príncipe da paz. EVANGELHO (Mateus 11,16-19)
Naquele tempo, disse Jesus às
multidões: 11 16 "A quem hei de comparar esta geração? É semelhante a
meninos sentados nas praças que gritam aos seus companheiros:
COMENTÁRIOS DO EVANGELHO17 'Tocamos a flauta e não dançais, cantamos uma lamentação e não chorais'. 18 João veio; ele não bebia e não comia, e disseram: 'Ele está possesso de um demônio'. 19 O Filho do Homem vem, come e bebe, e dizem: 'É um comilão e beberrão, amigo dos publicanos e dos devassos'. Mas a sabedoria foi justificada por seus filhos.
1. BRINCADEIRA DE
CRIANÇA
Do que os meninos Judeus
brincavam, naquele tempo? O evangelho de hoje, embora seja uma reflexão, dá a
informação de que, uma de suas brincadeiras era esta: Casamento e enterro, no
casamento tocava-se a flauta e os convidados cantavam e dançavam, no enterro,
um grupo fazia lamentação, e como ocorria na vida real, os demais deveriam
chorar e bater no peito desconsolados como fazia um bom judeu diante do
quadro da morte.
Jesus certamente também
participou de brincadeiras assim e se lembrou da frustração dos tocavam
flauta, quando o outro grupo reagia á música e ao clima de alegria, ou quando
simulava-se um enterro, e acontecia a mesma coisa, permaneciam indiferentes á
motivação.
Era exatamente o que ele estava
sentindo na pele, a sua gente, as pessoas da sua terra e do seu grupo, não se
tocavam com o seu anúncio totalmente inédito, e ainda o viam como um comilão
e beberrão, estes eram os mesmos que acusavam João Batista de estar com um
demônio, porque não comia e nem bebia.
O homem da pós modernidade,
diante da Religião, principalmente do Cristianismo, também reage assim,
ficando totalmente indiferente à realidade do anúncio do Reino e á Boa Nova
do Evangelho. Concluindo, podemos usar o reverso da reflexão, e em vez do
Homem dançar conforme a música de Deus inverte a ordem e se arroga ao direito
de querer que Deus dance de acordo com á sua musiquinha de quinta categoria,
sem ritmo nem conteúdo.
2. Jesus e os discípulos
de João
Reconhecendo o valor da pregação
de João Batista, Jesus vai a ele e torna-se seu discípulo. Depois, com seus
próprios discípulos, inicia seu ministério, anunciando, como João Batista, a
chegada do Reino dos Céus. João permanecia nas regiões desérticas, nas
fronteiras da Judeia, contudo, Jesus decide fazer seu anúncio nas localidades
mais habitadas da Galileia. O movimento de Jesus se desenvolve em paralelo ao
movimento dos discípulos de João, e Jesus, em sua pregação, sempre valoriza a
pregação de João. O nome de João é o mais citado nos evangelhos (76 vezes),
depois do nome de Pedro (124 vezes).
A pequena parábola dos dois
grupos de crianças que disputam nas praças é dirigida a "esta
geração". Esta expressão tem o caráter de censura, conforme seu uso na
tradição profética, nas críticas ao povo de Israel de coração duro. Aqui
exprime os chefes do judaísmo que rejeitam Jesus. Assim como o convite de um
grupo de crianças é rejeitado pelo outro, João Batista e Jesus são rejeitados
por esses chefes. A rejeição, tanto a João, na sua austeridade, como a Jesus
no seu convívio comum, significa a rejeição do próprio projeto amoroso,
misericordioso e acolhedor de Deus. Porém, os pequenos e humildes reconhecem
a sabedoria de Deus, manifesta em Jesus.
Oração Pai, que eu não me deixe bloquear pelas críticas, quando minha vida for um testemunho de serviço ao Reino, expressão de minha adesão a teu Filho Jesus.
3. ESPÍRITO DE
CONTRADIÇÃO
O advento de Jesus não foi
bem-vindo por todos. Houve quem o rejeitasse de maneira sistemática, numa
postura de total fechamento.
O Mestre denunciou o espírito de
contradição e a má-vontade que se escondia atrás desta atitude. João Batista
também havia sido rejeitado pelas mesmas pessoas, mas por motivos contrários
àqueles aplicados a Jesus. O Batista foi criticado por não comer nem beber;
Jesus, por sua vez, por comer e beber com toda liberdade. João foi chamado de
possesso e Jesus, de comedor e beberrão. A vida de penitência de João não era
vista com bons olhos; o mesmo se passava com a solidariedade de Jesus em
relação aos marginalizados e pecadores de sua época. Qualquer que fosse a
proposta, esse tipo de gente tinha motivos para refutá-la.
A denúncia dessa mentalidade
deve ter soado aos ouvidos dos discípulos, especialmente dos sistematicamente
críticos, como um alerta. O Reino deve ser acolhido com benevolência. Ao
invés de buscar argumentos para justificar sua acomodação, o discípulo
pergunta-se o que pode fazer para viver a proposta do Reino, de maneira mais
radical, assumir o testemunho de Jesus como modelo de fidelidade ao Pai e ao
Reino, e, na vida de Jesus, encontrar inspiração. O discípulo sabe qual é a
maneira mais conveniente de comportar-se diante do Mestre.
Oração
Senhor Jesus, que eu saiba acolher, com benevolência, o Reino anunciado por ti, sem medo de, cada dia mais, conformar minha vida ao teu projeto. |
II
SEMANA DO ADVENTO
(ROXO, PREFÁCIO DO ADVENTO I – OFÍCIO DO DIA)
Antífona da entrada: Vinde, Senhor, que estais acima dos querubins;
mostrai-nos a vossa face e seremos salvos (Sl 79,4.2).
Leitura (Eclesiástico
48,1-4.9-11)
Leitura do livro do Eclesiástico.
48 1 Suas palavras queimavam
como uma tocha ardente. Elias, o profeta, levantou-se em breve como um fogo.
2 Ele fez vir a fome sobre o povo (de Israel): foram reduzidos a um punhado por tê-lo irritado com sua inveja, pois não podiam suportar os preceitos do Senhor. 3 Com a palavra do Senhor ele fechou o céu, e dele fez cair fogo por três vezes. 4 Quão glorioso te tornaste, Elias, por teus prodígios! Quem pode gloriar-se de ser como tu? 9 Tu que foste arrebatado num turbilhão de fogo, num carro puxado por cavalos ardentes. 10 Tu que foste escolhido pelos decretos dos tempos para amenizar a cólera do Senhor, reconciliar os corações dos pais com os filhos, e restabelecer as tribos de Jacó. 11 Bem-aventurados os que te conheceram, e foram honrados com a tua amizade!
Salmo responsorial 79/80
Convertei-nos, ó Senhor,
resplandecei a vossa face e nós seremos salvos!
Ó Pastor de Israel, prestai
ouvidos.
Vós que sobre os querubins vos assentais. Despertai vosso poder, ó nosso Deus, e vinde logo nos trazer a salvação!
Voltai-vos para nós, Deus do universo!
Olhai dos altos céus e observai. Visitai a vossa vinha e protegei-a! Foi a vossa mão direita que a plantou; protegei-a, e ao rebento que firmastes!
Pousai a mão por sobre o vosso
protegido,
o filho do homem que escolhestes para vós! E nunca mais vos deixaremos, Senhor Deus! Dai-nos vida, e louvaremos vosso nome!
Aclamação do Evangelho
Aleluia, aleluia, aleluia.
Preparai o caminho do Senhor, endireitai suas veredas! Toda carne há de ver a salvação que vem de Deus! (Lc 3,4.6) Evangelho (Mateus 17,10-13)
17 10 Em seguida, os
discípulos o interrogaram: "Por que dizem os escribas que Elias deve
voltar primeiro?"
COMENTÁRIOS DO EVANGELHO11 Jesus respondeu-lhes: "Elias, de fato, deve voltar e restabelecer todas as coisas. 12 Mas eu vos digo que Elias já veio, mas não o conheceram; antes, fizeram com ele quanto quiseram. Do mesmo modo farão sofrer o Filho do Homem". 13 Os discípulos compreenderam, então, que ele lhes falava de João Batista.
Na minha vizinhança nos
primeiros tempos de casado, meu sogro gostava de se divertir com uma
“Trucada”, um jovem que frequentava a nossa casa se divertia jogando com os
mais velhos, e quando fazia alguma jogada que punha o adversário em aperto,
usava um bordão para expressar sua valentia “Sou neto do Túfi e sobrinho do
Caluda”, Tufi era seu avô, famoso naquela Vila por ser hábil truqueiro,
Caluda era o apelido do tio, também com a mesma fama.
Neste evangelho Jesus rasga o
Verbo ao falar de Elias e João Batista, é como se ele dissesse “Sou da mesma
linha do Profeta Elias e de João Batista”. É até bonito entendermos esse
evangelho, pois Jesus está dizendo a seus discípulos que ele não fugirá da
“Raia” e que como seus dois predecessores também será perseguido, torturado e
morto, mas o anúncio será feito á todas as categorias de pessoas, gente
simples ou importante, ricos e pobres, jutos e pecadores, pessoas que iriam
se admirar dele e passariam a ser seus seguidores, mas outros que passariam a
odiá-lo até a morte na cruz.
A pregação do Evangelho de
Cristo não é um show como querem alguns, não são discursos e palavras bonitas
para agradar algumas pessoas, não são palavras para gerar emoção e lágrimas,
como muitos gostam de fazer, ao contrário, tem uma vertente profética que
jamais pode ser deixada de lado, uma linha dura que anuncia a Justiça e
denuncia a Injustiça, que requer uma mudança de vida e uma adesão ao Reino
como uma opção radical. E diante de perseguições, incompreensões que possam
surgir, basta lembrar-se do modo de ser daquele jovem jogador de truco “Somos
seguidores de Jesus, Cristãos da “Gema”, que traz a linha profética no
sangue, na alma e no coração”.
2. Será Elias o
percursor de Jesus?
Este diálogo dos discípulos com
Jesus se dá ao descerem da montanha, após a transfiguração de Jesus. Na
transfiguração entrou em cena a figura de Elias. Agora os discípulos querem
se esclarecer sobre a vinda de Elias, como precursor do Messias, conforme a
doutrina que receberam dos escribas. Esta doutrina tradicional fundamenta-se
no apêndice final do livro de Malaquias (Ml 3,23-24), segundo a qual Elias
"fará voltar o coração dos pais para os filhos e o coração dos filhos
para os pais...". Seria o estabelecimento da paz escatológica. Os
escribas associavam Elias com o messias davídico glorioso que esperavam.
Jesus retifica esta falsa
expectativa. Elias já veio, na pessoa de João Batista, e as elites religiosas
do Templo, em parceria com Herodes, o ignoraram e o assassinaram. E este
também será o futuro do Filho do Homem, como se autodenomina Jesus.
Identificando-se com João em seus sofrimentos e perseguições, Jesus
distingue-se do messias poderoso e glorioso. Esta previsão do sofrimento
decorre do fato de que o poder opressor não admite nada que ameace sua
estabilidade e reage com violência, empenhando-se na destruição daqueles que,
colocando-se a serviço da vida, se dedicam à libertação dos pobres e
oprimidos.
Oração
Pai, desfaze tudo quanto me impede de reconhecer
As expectativas messiânicas do
tempo de Jesus mesclavam-se com uma série de elementos, dentre os quais, a
crença que, por ocasião da vinda do Messias, o profeta Elias haveria de
retornar. Era bem conhecida a história do profeta arrebatado aos céus, num
carro de fogo. Por não ter morrido, como qualquer ser humano, difundiu-se a
esperança de que Elias voltaria no fim dos tempos, indicando, assim, que a
vinda do Messias estava próxima.
Jesus não negou esta tradição.
Entretanto, ofereceu uma pista para indicar que ela já se havia realizado na
pessoa de João Batista. A ação precursora dele em relação a Jesus
correspondia àquela de Elias, em vista do Messias vindouro. A conclusão era
evidente: Jesus era o Messias esperado por Israel. Deveria, pois, ser aceito
e acolhido como tal.
Entretanto, o Mestre não se
adaptou aos esquemas messiânicos do povo. Se, por um lado, sua presença
assinalava o fim de uma era, por outro, introduzia, na história humana, um
tempo novo. Ele superou a agitação messiânica, propondo aos discípulos um
ideal de fraternidade, fundado na misericórdia e no serviço desinteressado
aos irmãos.
Igualmente recusou-se a
responder questões de curiosidade a respeito do dia do fim do mundo e do
número dos que seriam salvos. Desta forma, rompeu com o messianismo popular,
dando margem para que seus discípulos assumissem sua vida e sua missão com
mais seriedade.
Oração
Senhor Jesus, não me deixes contaminar pelas preocupações escatológicas. Antes, que eu esteja sempre voltado para o compromisso de transformar o mundo pelo amor. |
Liturgia do Domingo 16.12.2012
3º Domingo do Advento — ANO C
(ROXO, CREIO, PREFÁCIO DO ADVENTO I – III SEMANA DO SALTÉRIO) __ "Alegrai-vos sempre no Senhor, pois Ele está perto!" __
Ambientação:
(Valorizar os símbolos do
Advento: coroa, velas, manjedoura vazia...)
Sejam bem-vindos amados
irmãos e irmãs!
INTRODUÇÃO DO FOLHETO
DOMINICAL PULSANDINHO: Estamos
com uma celebração que proclama a alegria do Natal, entendido como presença
de Deus no meio do povo e possibilitando participar de sua salvação. Este é o
motivo principal do "Domingo gaudete". Alegria que deve ressoar no
coração de cada homem e mulher. Portanto, é uma celebração que dirá a cada um
de nós que viveremos em constante advento se vivermos na esperança de quem
acolhe a Boa Notícia da alegria divina que nunca se entristece dentro de nós.
A alegria, porém, não poderá ser ofuscada pelo consumismo nem por interesses
egoístas. Alegremo-nos todos nos Senhor, ele está perto. Realizaremos hoje a
coleta para a sustentação da evangelização, na Igreja do Brasil.
INTRODUÇÃO DO FOLHETO
DOMINICAL O POVO DE DEUS: O
terceiro Domingo do Advento, também chamado Domingo da Alegria, nos inspira
felicidade pela proximidade do Natal. É com este espírito que se acende a
terceira vela da coroa do Advento. Mais uma vez lembramos que hoje é o dia da
coleta em favor da Evangelização, como pede a CNBB a todo o País. Que a
presença do Senhor nos torne mais dóceis e solidários com os que mais sofrem
e com todos os destinatários da mensagem do Evangelho, a Boa-Nova da
Salvação. Neste Ano da Fé, a Coleta para a Evangelização tem uma motivação
especial, pois o objetivo é arrecadar meios para levar ou reacender a fé, a
fim de que todos vivam a graça da filiação divina que o Batismo concede.
INTRODUÇÃO DO WEBMASTER: O tema deste 3º Domingo pode girar à volta da pergunta:
"e nós, que devemos fazer?" Preparar o "caminho" por onde
o Senhor vem significa questionar os nossos limites, o nosso egoísmo e
comodismo e operar uma verdadeira transformação da nossa vida no sentido de
Deus. O Evangelho sugere três aspectos onde essa transformação é necessária:
é preciso sair do nosso egoísmo e aprender a partilhar; é preciso quebrar os
esquemas de exploração e de imoralidade e proceder com justiça; é preciso
renunciar à violência e à prepotência e respeitar absolutamente a dignidade
dos nossos irmãos. O Evangelho avisa-nos, ainda, que o cristão é "batizado
no Espírito", recebe de Deus vida nova e tem de viver de acordo com essa
dinâmica. A primeira leitura sugere que, no início, no meio e no fim desse
"caminho de conversão", espera-nos o Deus que nos ama. O seu amor
não só perdoa as nossas faltas, mas provoca a conversão, transforma-nos e
renova-nos. Daí o convite à alegria: Deus está no meio de nós, ama-nos e,
apesar de tudo, insiste em fazer caminho conosco. A segunda leitura insiste
nas atitudes corretas que devem marcar a vida de todos os que querem acolher
o Senhor: alegria, bondade, oração.
Sintamos o júbilo real
de Deus em nossos corações e cheios dessa alegria divina entoemos alegres
cânticos ao Senhor!
Antífona da entrada: Alegrai-vos sempre no Senhor. De novo eu vos digo,
alegrai-vos! O Senhor está perto (Fl 4,4s).
Comentário das Leituras: Deus nos quer realizados e felizes. Por isso, as
leituras insistirão para que nos alegremos no Senhor. Deus é a fonte da
alegria que perdura dentro de nós e abre nossos corações e nossas mãos para
partilhar a vida e os bens com quem necessita.
Primeira Leitura
(Sofonias 3,14-18)
Leitura da profecia de Sofonias.
3 14 Solta gritos de alegria,
filha de Sião! Solta gritos de júbilo, ó Israel! Alegra-te e rejubila-te de
todo o teu coração, filha de Jerusalém!
15 O Senhor revogou a sentença pronunciada contra ti, e afastou o teu inimigo. O rei de Israel, que é o Senhor, está no meio de ti; não conhecerás mais a desgraça. 16 Naquele dia, dir-se-á em Jerusalém: Não temas, Sião! Não se enfraqueçam os teus braços! 17 O Senhor teu Deus está no meio de ti como herói Salvador! Ele anda em transportes de alegria por causa de ti, e te renova seu amor. Ele exulta de alegria a teu respeito 18 como num dia de festa. Suprimirei os que te feriram, tirarei a vergonha que pesa sobre ti.
Salmo responsorial Is 12
Exultai, cantando alegres,
habitantes de Sião,
porque é grande em vosso meio o Deus santo de Israel!
Eis o Deus, meu salvador, eu
confio e nada temo;
o Senhor é minha força, meu louvor e salvação. Com alegria bebereis no manancial da salvação e direis naquele dia: "Dai louvores ao Senhor.
Invocai seu santo nome, anunciai
suas maravilhas,
entre os povos proclamai que seu nome é o mais sublime.
Louvai, cantando, ao nosso Deus,
que fez prodígios e portentos,
publicai em toda a terra suas grandes maravilhas! Exultai, cantando alegres, habitantes de Sião, porque é grande em vosso meio o Deus santo e Israel!"
Segunda Leitura
(Filipenses 4,4-7)
Leitura da carta de são Paulo aos Filipenses.
4 4 Alegrai-vos sempre no
Senhor. Repito: alegrai-vos!
5 Seja conhecida de todos os homens a vossa bondade. O Senhor está próximo. 6 Não vos inquieteis com nada! Em todas as circunstâncias apresentai a Deus as vossas preocupações, mediante a oração, as súplicas e a ação de graças. 7 E a paz de Deus, que excede toda a inteligência, haverá de guardar vossos corações e vossos pensamentos, Aclamação do Evangelho
Aleluia, aleluia, aleluia.
O Espírito do Senhor sobre mim fez a sua unção; enviou-me aos empobrecidos a fazer feliz proclamação! (Is 61,1) EVANGELHO (Lucas 3,10-18)
3
11 Ele respondia: "Quem tem duas túnicas dê uma ao que não tem; e quem tem o que comer, faça o mesmo". 12 Também publicanos vieram para ser batizados, e perguntaram-lhe: "Mestre, que devemos fazer?" 13 Ele lhes respondeu: "Não exijais mais do que vos foi ordenado". 14 Do mesmo modo, os soldados lhe perguntavam: "E nós, que devemos fazer?" Respondeu-lhes: "Não pratiqueis violência nem defraudeis a ninguém, e contentai-vos com o vosso soldo". 15 Ora, como o povo estivesse na expectativa, e como todos perguntassem em seus corações se talvez João fosse o Cristo, 16 ele tomou a palavra, dizendo a todos: "Eu vos batizo na água, mas eis que vem outro mais poderoso do que eu, a quem não sou digno de lhe desatar a correia das sandálias; ele vos batizará no Espírito Santo e no fogo. 17 Ele tem a pá na mão e limpará a sua eira, e recolherá o trigo ao seu celeiro, mas queimará as palhas num fogo inextinguível". 18 É assim que ele anunciava ao povo a boa nova, e dirigia-lhe ainda muitas outras exortações.
FORMAÇÃO
LITÚRGICA
Avisos e comunicações
Depois da oração pós-comunhão, e
jamais antes dela, caso sejam necessários, são dados avisos e comunicações
que interessam diretamente à vida da comunidade paroquial ou da Igreja
TEXTOS BÍBLICOS PARA A
SEMANA:
COMENTÁRIOS DO EVANGELHO2ª Rx - Gn 49,2.8-10; Sl 71 (72); Mt 1,1-17 3ª Rx – Jr 23,5-8; Sl 71 (72); Mt 1,18-24 4ª Rx - Jz 13,2-7.24-25; Sl 70 (71); Lc 1, 5-25 5ª Rx – Is 7,10-14; Sl 23 (24); Lc 1,26-38 6ª Rx – Ct 2,8-14; Sl 32 (33); Lc 1,39-45 Sb Rx – 1Sm 2,24-28; 1Sm 2; Lc 1,46-56 4º DOM. DO ADVENTO Mq 5,1-4ª; Sl 79 (80),2ac.3b.15-16.18-19 (R/. 4); Hb 10,5-10; Lc 1,39-45
1. O SENHOR ESTÁ PRÓXIMO, ALEGRAI-VOS!
Alegria parece ser a palavra de
ordem na liturgia desse terceiro domingo do advento, sentimento que o profeta
Sofonias passa a seus conterrâneos, em um tempo em que não havia motivos para
o povo se alegrar, porque a devassidão moral andava a solta. A Boa Nova do
Profeta não é dirigida aos poderosos, mas ao povo simples da terra, um
pequeno resto que irá sobrar, após tantas tragédias que estavam porvir sobre
a nação.
A gente olha para a realidade
que nos cerca e percebe que, de fato não há muito com o que se alegrar,
pois a violência de todo tipo continua a avançar, dando-se a impressão de que
nunca se acabará, entre os nossos governantes e legisladores a ética vai cada
vez mais perdendo o seu espaço, corrupção e mentiras, falcatruas e
impunidades, desigualdade social, carência na Educação, Saúde, agressão ao
meio ambiente, em meio a tanto caos, o convite de São Paulo aos Filipenses
“Alegrai-vos sempre no Senhor,eu repito, alegrai-vos!”... Parece não fazer
sentido, alegrar-se com um Senhor, que não se importa com tantos males
presentes na humanidade?
Pensar em um cristianismo
mágico, que nos anestesia contra todos os males do mundo, fazendo-nos viver
alienados das realidades humanas, a espera do tal “Dia do Senhor” anunciado
pelo Profeta, parece que esse modo de pensar, ganha cada vez mais
simpatizantes. Não importa essa vida, o que vale é a outra que ainda virá.
Quem pensa assim, com certeza não vive, mas vegeta, uma vez que não encontra
nenhum sentido naquilo que pensa ou faz, até a própria existência nada
significa.
Somos hoje aquele povo de ontem,
sonhando com melhorias na qualidade de vida, lutando para não perder o ânimo
e a esperança, apesar de tudo... Acreditando que algo precisa ser mudado
urgentemente, mas sempre se sentindo impotente diante desse grande desafio de
mudar para melhor. João Batista anuncia algo novo que está para acontecer que
irá estabelecer uma nova ordem política, social, econômica e até religiosa:
está no meio do povo certo alguém, que fará a diferença, todos os que sonham
com dias melhores, e que desejam mudar e reverter esse quadro deverão unir-se
a Ele, o grande esperado, o Messias verdadeiramente.
Ora, um anúncio impactante como
esse, provoca nas pessoas uma grande expectativa: o que devemos fazer? Será
que está ao nosso alcance tomar uma atitude que signifique uma mudança?
“Coitadinho de mim, como é que posso fazer algo que mude a política ou a
economia, que possa melhorar á vida das pessoas, o que me compete fazer para
mudar as coisas, inclusive na comunidade, pastoral ou movimento?
Por aquele tempo pensava-se que
somente o tal do Messias, que estava para chegar, é que tinha poderes para
operar as mudanças necessárias e desejadas pelo povo, em nossos tempos poderá
também haver cristãos desinformados, que pensam dessa maneira. Entretanto o
evangelho de hoje, eu até diria, de modo espetacular, anuncia que Deus vai
intervir na história da humanidade, o Messias não vai vir para resolver todos
os problemas do povo de Israel, melhor do que isso , ele virá para permanecer
e caminhar com o seu povo, animando,encorajando, alimentando, essa Jerusalém
desprezível aos olhos do mundo, formada por todos os homens de boa vontade,
que percorrem sem medo o caminho do discipulado, é fraca apenas na aparência,
porque no meio do seu povo, o Senhor caminha, abrindo caminho em meio a esse
quadro caótico, anunciando a presença do seu Reino entre os homens.
Em alguma empreitada humana, de
difícil realização, se temos ao nosso lado alguém forte, readquirimos a
esperança perdida, redobramos o nosso ânimo abatido, é isso exatamente que
acontece na vida do cristão. Mas qual seria o sinal de que o Senhor está
conosco, e de que chegaremos vitoriosos ao final da nossa jornada? Exatamente
a mudança nas relações, pautando-as pela justiça, lealdade, autenticidade,
fraternidade e paz, isso não compete aos poderosos do mundo, mas a cada
cristão
2. Anúncio libertador e
coerente
João Batista faz seu anúncio
profético nas regiões vizinhas da Judeia ("além do Jordão",
conforme o evangelho de João - 1,28; 3,26; 10,40), inaugurando um forte
movimento renovador, a partir da ruptura com a doutrina e o culto do Templo
de Jerusalém e com a sua linhagem sacerdotal. Com seu anúncio libertador e
coerente, atrai as multidões e reúne discípulos em torno de si. O próprio
Jesus vem de sua cidade, Nazaré da Galileia, para ser batizado por João.
João, com o rito simbólico de
seu batismo, conclamava o povo à conversão (metanóia). Conversão significa
mudança de vida, mudança de comportamento e de valores. Em relação a algumas
outras práticas religiosas de abluções (purificação com água) existentes, o
batismo de João era uma inovação. Ele significava um compromisso com a
prática da justiça, através da qual o pecado é removido. Assim, fica
descartada a tradição segundo a qual se devia buscar a purificação dos
pecados através de ofertas e sacrifícios de animais a serem praticados pelos
sacerdotes do Templo de Jerusalém.
Àqueles que a ele vinham, julgando-se justificados e salvos por serem "filhos de Abraão", João incitava à conversão com uma nova prática de vida, dizendo-lhes: "Produzi fruto digno de arrependimento e não penseis que basta dizer: 'Temos por pai a Abraão'. Pois eu vos digo que mesmo destas pedras Deus pode suscitar filhos a Abraão".
Em resposta às multidões que o
procuravam, João apresenta o essencial da nova prática a ser assumida a
partir do compromisso do batismo. Com as recomendações de partilhar as
túnicas e a comida, não cobrar nada além do estabelecido (aos publicanos), de
não maltratar a ninguém, não fazer falsas denúncias e não extorquir dinheiro
(aos soldados), fica caracterizada a efetiva conversão pelo amor e pela
prática da justiça, na solidariedade com os mais fracos e empobrecidos.
Jesus se fez discípulo de João,
contudo, amplia seu movimento com um novo caráter. O seu anúncio inicial é o
mesmo de João: a conversão ao Reino de Deus que está próximo. Entretanto, a
sua novidade é o dom do Espírito e da vida eterna àqueles que aderirem ao
Reino, que é a vida plena para todos. A prática da justiça, decorrente da
conversão e do compromisso do batismo anunciado por João, alcança, assim, uma
dimensão de participação na vida divina e de eternidade, no Espírito.
Depois da morte de João Batista,
seus discípulos continuarão com um movimento em paralelo ao movimento que
também foi iniciado por Jesus, conforme se pode perceber em várias passagens
do Segundo Testamento. Ao escreverem as memórias de João Batista, os
evangelistas, a fim de atrair para o movimento de Jesus aqueles que
permaneciam fiéis como discípulos de João, procuram caracterizá-lo como
alguém que conscientemente se coloca em posição subalterna a Jesus.
Em clima de expectativa do
Advento, ao renovarmos a consciência da presença de Jesus encarnado entre
nós, Filho de Deus e eterno, enchemo-nos de alegria. "O Senhor está a
teu lado... apaixonado de amor por ti" (primeira leitura).
"Alegrai-vos sempre no Senhor"!
Oração
Espírito que converte para Deus, que eu permaneça atento aos apelos de conversão que me são dirigidos, para merecer ser acolhido no Reino proclamado pelo Messias Jesus.
3. TESTEMUNHO DA LUZ
A pessoa e a missão de Jesus é
que definiram a identidade de João Batista. Este fora enviado por Deus para
ser testemunho da luz. Mediante sua pregação, muitas pessoas teriam a chance
de chegar à fé e serem iluminadas pela luz, que é Jesus. A atividade de João
preparava a chegada de Jesus, predispondo as pessoas para recebê-lo.
O pressuposto de seu ministério
era que a humanidade estava mergulhada nas trevas e, por isso, vagava errante
pelo caminho do pecado e da injustiça. Se não lhes fosse oferecida uma luz,
não teriam condições de superar esta situação. Entretanto, o Pai decidira
resgatar o ser humano para a vida. E o fez, por meio de seu Filho Jesus, cujo
ministério consistiria em ser luz para o ser humano, mostrando-lhe o caminho
para o Pai.
João Batista compreendeu este
projeto de Deus e se colocou a serviço dele. Sua condição de servidor do
Messias estava arraigada em sua consciência. Não cedeu à tentação de pensar
de si mesmo, além do que correspondia ao plano de Deus. Não lhe cabia nenhuma
das identificações do Messias, em voga na teologia popular. Ele não era nem o
Messias, nem Elias, nem algum dos profetas. Era, simplesmente, um servo de
Deus e do seu Messias. Este título era suficiente para defini-lo. Tudo o mais
não passava de especulação.
Oração
Senhor Jesus, como João Batista, desejo colocar-me totalmente a teu serviço, dando ao mundo o testemunho de tua luz. |
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domingo, 9 de dezembro de 2012
Liturgia da 2ª semana do Advento
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