segunda-feira, 17 de dezembro de 2012

Liturgia da 03ª semana do advento

Liturgia da Segunda Feira — 17.12.2012
III SEMANA DO ADVENTO 
(ROXO, PREFÁCIO DO ADVENTO II – OFÍCIO DO DIA)
Antífona da entrada: Alegrem-se os céus e exulte a terra, porque o Senhor nosso Deus virá e terá compaixão dos pequeninos (Is 49,13).
Oração do dia
Ó Deus, criador e redentor do gênero humano, quisestes que o vosso Verbo se encarnasse no seio da Virgem. Sede favorável à nossa súplica, para que o vosso Filho unigênito, tendo recebido nossa humanidade, nos faça participar da sua vida divina. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, Vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.
Leitura (Gênesis 49,2.8-10)
Leitura do livro do Gênesis.
Naqueles dias, Jacó chamou seus filhos e disse: 49 2 "Ajuntai-vos e ouvi, filhos de Jacó. Escutai Israel, vosso pai. 
8 Judá, teus irmãos te louvarão. Pegarás pela nuca os inimigos; os filhos de teu pai se prostrarão em tua presença. 
9 Filhote de leão, Judá: voltas trazendo a caça, meu filho. Dobra-se, deita-se como um leão; como uma leoa: quem o despertará? 
10 Não se apartará o cetro de Judá, nem o bastão de comando dentre seus pés, até que venha aquele a quem pertence por direito, e a quem devem obediência os povos".
Salmo responsorial 71/72
Nos seus dirás a justiça florirá
e a paz em abundância, para sempre.
Daí ao rei vossos poderes, Senhor Deus,
vossa justiça ao descendente da realeza! 
Com justiça ele governe o vosso povo,
com eqüidade ele julgue os vossos pobres.
Das montanhas venha a paz a todo o povo,
e desça das colinas a justiça!
Este rei defenderá os que são pobres,
os filhos dos humildes salvará.
Nos seus dias a justiça florirá
e grande paz, até que a lua perca o seu brilho!
De mar a mar estenderá o seu domínio,
e desde o rio até os confins de toda a terra!
Seja bendito o seu nome para sempre!
E que dure como o sol sua memória!
Todos os povos serão nele abençoados,
todas as gentes cantarão o seu louvor!
Aclamação do Evangelho
Aleluia, aleluia, aleluia.
Ó sabedoria do altíssimo, que tudo determina com doçura e com vigor: oh, vem nos ensinar o caminho da prudência!

Evangelho (Mateus 1,1-17)
1 1 Genealogia de Jesus Cristo, filho de Davi, filho de Abraão. 
2 Abraão gerou Isaac. Isaac gerou Jacó. Jacó gerou Judá e seus irmãos. 
3 Judá gerou, de Tamar, Farés e Zara. Farés gerou Esron. Esron gerou Arão. 
4 Arão gerou Aminadab. Aminadab gerou Naasson. Naasson gerou Salmon. 
5 Salmon gerou Booz, de Raab. Booz gerou Obed, de Rute. Obed gerou Jessé. Jessé gerou o rei Davi. 
6 O rei Davi gerou Salomão, daquela que fora mulher de Urias. 
7 Salomão gerou Roboão. Roboão gerou Abias. Abias gerou Asa. 
8 Asa gerou Josafá. Josafá gerou Jorão. Jorão gerou Ozias. 
9 Ozias gerou Joatão. Joatão gerou Acaz. Acaz gerou Ezequias. 
10 Ezequias gerou Manassés. Manassés gerou Amon. Amon gerou Josias. 
11 Josias gerou Jeconias e seus irmãos, no cativeiro de Babilônia. 
12 E, depois do cativeiro de Babilônia, Jeconias gerou Salatiel. Salatiel gerou Zorobabel. 
13 Zorobabel gerou Abiud. Abiud gerou Eliacim. Eliacim gerou Azor. 
14 Azor gerou Sadoc. Sadoc gerou Aquim. Aquim gerou Eliud. 
15 Eliud gerou Eleazar. Eleazar gerou Matã. Matã gerou Jacó. 
16 Jacó gerou José, esposo de Maria, da qual nasceu Jesus, que é chamado Cristo. 
17 Portanto, as gerações, desde Abraão até Davi, são quatorze. Desde Davi até o cativeiro de Babilônia, quatorze gerações. E, depois do cativeiro até Cristo, quatorze gerações.
COMENTÁRIOS DO EVANGELHO
1. "A genealogia do Mestre"
___São Mateus, o Senhor poderia nos ajudar na reflexão desse evangelho sobre a Genealogia de Jesus? Trata-se de uma lista numerosa de pessoas, e n o final termina em Jesus Cristo...Por que ?
Mateus _____Vocês sabem que escrevi meu evangelho para os conterrâneos e eles gostam das coisas muito bem explicadas...
___Então São Mateus, comecemos por aí: Sua lista é encabeçada pelo Patriarca Abraão.....
Mateus ____Claro,  pois o nosso povo de Israel surgiu e se desenvolveu com o Patriarcado iniciado por Abraão, o Pai da Nossa Fé. Jesus pertence ao Povo de Israel, é um Judeu plenamente, na cultura e na mente. O homem oriental preza muito os da sua raça...
____Então, primeiramente eles constataram que Jesus era da “Terrinha”, compatriota de todos eles, um Judeu da “gema” como poderíamos dizer....
Mateus ____Isso mesmo! Nesta lista, os patriarcas, os Juizes e Reis, são muito importantes .Jesus tem uma identidade nacional e religiosa isso é, tem uma raiz no meio dos homens, ele não caiu de paraquedas lá de cima....
____Mas São Mateus, até aí tudo beleza...só que tem uma coisa, nesta lista há pessoas que não tinham nada de santas e perfeitas, veja o Senhor a história do Rei Davi, da mulher chamada Raabe, só para dar um exemplo. 
Mateus _____  É verdade, nessa lista tem prostitutas, infiéis, adúlteros, e o mais bonito é que Jesus não nega sua raça. Ao fechar os Cânones Bíblicos, a Santa Igreja poderia tirar todas essas histórias de testemunhos contraditórios da Genealogia de Jesus, mas as manteve por uma razão bem simples : mostrar que a Salvação que chegou com Jesus Cristo, é o mais puro Dom Divino, ela nunca dependeu e nem vai depender, da correspondência do Ser humano, da sua perfeição moral e práticas religiosas.
____Puxa vida, nunca eu tinha olhado por este lado, achava esse evangelho complicado para se refletir....Veja só que riqueza há nele.
São Mateus ___Mas não é só isso. Meus compatriotas tinham um pé atrás com Jesus de Nazaré, porque esperavam a realização das promessas feitas ao Patriarca e que depois foi sendo renovada, até chegar a plenitude dos tempos. Seguindo essa linha de pensamento, o evangelho confirma que, em Jesus todas essas promessas se cumpriram de maneira perfeita, mostrando a Fidelidade de Deus á Aliança estabelecida.
2. Jesus é o messias esperado
As genealogias eram uma forma literária usada no Primeiro Testamento para confirmar a vinculação de uma ou mais personagens de destaque a uma linhagem que recebeu as promessas divinas. Estas promessas, no texto bíblico, foram feitas aos patriarcas e a Davi. Esta última aparece na profecia de Natã, elaborada entre teólogos da corte real.
A genealogia de Mateus, tratada teologicamente, divide-se em três períodos da história de Israel e de Judá: período dos patriarcas e dos clãs tribais, de Abraão até Davi; período da realeza e dinastia davídica, em Judá, de Davi até o exílio; e período do surgimento e consolidação do judaísmo, do exílio até Jesus. Por sua genealogia, Mateus quer demonstrar aos judeo-cristãos que, através de José que o acolhe, Jesus é o messias esperado pelo judaísmo.
Oração
Pai, que a presença de teu Filho Jesus, na História, leve à plenitude a obra de tua criação, fazendo desabrochar, em cada coração humano, o amor para o qual foi criado.
3. A CRIAÇÃO CONSUMADA
O longo elenco genealógico forjado pelo evangelista para explicitar a linhagem davídica de Jesus – filho de Davi –, esconde, em suas entrelinhas, um rico filão teológico. Uma de suas vertentes é o tema da criação levada à sua plenitude com a irrupção de Jesus na história humana. A genealogia pretende ser uma releitura do Gênesis e não o resultado de uma pesquisa minuciosa a respeito dos antepassados do Messias.
O cabeçalho da genealogia é introduzido pela expressão "livro do gênesis de Jesus Cristo". Tudo nela gira em torno do verbo "gerar", dar vida, trazer à existência, encaminhando-se para a geração de Jesus, como ponto para onde converge todo o dinamismo da História. Nele as gerações chegam a termo. Não se dirá "Jesus gerou ...", por se constituir o definitivo ponto de referência de tudo quanto existe.
O evangelista também serviu-se de uma rica simbologia numérica, em voga nos círculos rabínicos da época, para alcançar seu objetivo. O número quatorze multiplicado por três corresponde a quarenta e dois, ou seja, seis vezes sete. Na aritmética teológica hebraica, o número seis indicava imperfeição, carência. Ele corresponderia aos seis dias da criação. Competia ao Messias Jesus inaugurar o sétimo dia para levar a criação à plenitude.
Na concepção de Jesus, a presença do Espírito Santo, comparável ao vento que soprava sobre as águas por ocasião do primeiro gênesis, completa o simbolismo: em Jesus tem início a criação nova e verdadeira. É a criação consumada!
Oração
Pai, que a presença de teu Filho Jesus, na História, leve à plenitude a obra de tua criação, fazendo desabrochar, em cada coração humano, o amor para o qual foi criado.
Liturgia da Terça-Feira
III SEMANA DO ADVENTO 
(ROXO, PREFÁCIO DO ADVENTO II – OFÍCIO DO DIA)
Antífona da entrada: O messias, que João apontou como o Cordeiro esperado, virá como nosso rei.
Leitura (Jeremias 23,5-8)
Leitura do livro do profeta Jeremias.
23 5 "Dias virão - oráculo do Senhor - em que farei brotar de Davi um rebento justo que será rei e governará com sabedoria e exercerá na terra o direito e a eqüidade. 
6 Sob seu reinado será salvo Judá, e viverá Israel em segurança. E eis o nome com que será chamado: 'Javé-nossa-justiça!' 
7 Eis por que chegarão dias - oráculo do Senhor - em que não se dirá mais: 'Viva Deus, que tirou do Egito os filhos de Israel'. 
8 Mas sim: 'Viva Deus, que fez voltar os israelitas do norte e de todas as terras, aonde os exilara, trazendo-os à pátria'".
Salmo responsorial 71/72
Nos seus dias a justiça florirá
E paz em abundância, para sempre.
Daí ao rei vossos poderes, Senhor Deus,
Vossa justiça ao descendente da realeza! 
Com justiça ele governe o vosso povo,
Com eqüidade ele julgue os vossos pobres.
Libertará o indigente que suplica
E o pobre ao qual ninguém quer ajudar.
Terá pena do indigente e do infeliz,
E a vida dos humildes salvará.
Bendito seja o Senhor Deus de Israel,
Porque só ele realiza maravilhas!
Bendito seja o seu nome glorioso!
Bendito seja eternamente! Amém, amém!
Aclamação do Evangelho
Aleluia, aleluia, aleluia.
Ó guia de Israel, que no monte do Sinai orientastes a Moisés, oh, vinde redimir-nos com braço estendido!

Evangelho (Mateus 1,18-24)
1 18 Eis como nasceu Jesus Cristo: Maria, sua mãe, estava desposada com José. Antes de coabitarem, aconteceu que ela concebeu por virtude do Espírito Santo. 
19 José, seu esposo, que era homem de bem, não querendo difamá-la, resolveu rejeitá-la secretamente. 
20 Enquanto assim pensava, eis que um anjo do Senhor lhe apareceu em sonhos e lhe disse: "José, filho de Davi, não temas receber Maria por esposa, pois o que nela foi concebido vem do Espírito Santo. 
21 Ela dará à luz um filho, a quem porás o nome de Jesus, porque ele salvará o seu povo de seus pecados". 
22 Tudo isto aconteceu para que se cumprisse o que o Senhor falou pelo profeta: 
23 "Eis que a Virgem conceberá e dará à luz um filho, que se chamará Emanuel, que significa: Deus conosco". 
24 Despertando, José fez como o anjo do Senhor lhe havia mandado e recebeu em sua casa sua esposa.
COMENTÁRIOS DO EVANGELHO
1. A Obra da Salvação!
O que vemos neste evangelho, são duas coisas muito importantes, primeiro, que toda a Obra da Salvação é conduzida por Deus, a iniciativa é sempre dele, quando surgem problemas insolúveis, situações impossíveis de ser resolvidas, é sempre ele que vai á frente, desencadeando os fatos de modo que eles acabem se direcionando para o Bem da Salvação do Homem.
O Germe colocado no Ventre de Maria é fruto do Espírito Santo, e quanto ao esposo José, quando este entra em crise e decide abandonar a noiva para não difamá-la, Deus se manifesta em sonhos e o faz mudar seus planos em relação a Maria.
Talvez os leitores se perguntem se nesta vida tudo não poderia ser sempre assim, Deus vai fazendo as coisas acontecerem, vai dando um jeitinho aqui, outro ali, e tudo vai saindo segundo a sua Vontade e o homem só assiste de camarote á maravilhosa obra Divina.
Deus age, e o homem de Fé participa diretamente da sua ação. O Homem de Fé, nesse caso, é aquele que tem uma visão diferente dos que não crêm, uma visão que vai além da lógica humana, pois a gravidez de Maria só indicava uma realidade: ela o havia traído com outro. Mas quando Deus lhe revela, José que era um homem justo, fez como o anjo do Senhor lhe havia mandado, recebeu em sua casa sua esposa e assumiu o filho como seu.
José e Maria correspondem á Deus com uma Fé que os leva a tomar decisões importantes em suas vidas, não vão pela lógica, mas se movem pela Fé, como o Patriarca Abraão. Em cada acontecimento de nossa vida, há algo de Deus a ser percebido e correspondido, mas é preciso que esses acontecimentos sejam sempre iluminados pela Luz da nossa Fé. Deus age verdadeiramente, mas se não nos colocarmos disponíveis pela força da nossa Fé, perderemos a oportunidade de participarmos da grandiosa obra da Salvação.
2. José, israelita sincero
O evangelho de Marcos, o mais antigo, inicia-se com o batismo de Jesus por João Batista. Cerca de vinte anos depois, Mateus e Lucas escrevem seus evangelhos, que, de início, apresentam as narrativas do nascimento de Jesus, anunciado por um anjo. Em Mateus, que escreve para sua comunidade de cristãos oriundos do judaísmo, o anúncio do anjo é feito a José, apresentado como o último elo de uma genealogia com origem em Abraão, passando por Davi. Jesus é concebido em Maria e José pensa em abandoná-la, porém, esclarecido pelo anjo, a recebe.
Pode-se ver em José a representação das comunidades dos judeus e em Maria, as comunidades formadas em torno de Jesus. Assim, a narrativa sugere que os judeus também devem aceitar estas comunidades de Jesus, e se unirem a elas.
Oração
Pai, ajuda-me a contemplar tua ação maravilhosa em relação à concepção de teu Filho Jesus. Que eu reconheça nela tua oferta gratuita de salvação para toda a humanidade.
3. A OBRA DO ESPÍRITO SANTO
A perícope evangélica da concepção virginal de Jesus tem sido objeto de controvérsia. As interpretações são desencontradas tanto por desconhecermos elementos fundamentais para compreendê-la, o que não acontecia com as comunidades primitivas, quanto por projetarmos nossos preconceitos sobre o texto bíblico.
O Evangelho detém-se na soleira do mistério insondável de Deus, numa atitude de respeito e reverência, sem se importar com especulações de caráter anatômico ou fisiológico. Só lhe interessam os elementos teológico-espirituais deste dado da fé da Igreja. Jesus não entra na História como resultado do esforço humano de construir a própria salvação. Ele tem sua origem em Deus, em quem toda a sua existência está alicerçada.
Sua origem evoca o relato da criação, no Gênesis, onde tudo existe pela vontade soberana de Deus. Jesus, e com ele a salvação da humanidade, é a derradeira obra divina.
Jesus é o dom de Deus a ser acolhido pela humanidade. Torna-se, portanto, inútil qualquer esforço humano de construir a salvação pelas próprias mãos. O ser humano só pode salvar-se por obra de Deus. Qualquer outro caminho estará fadado ao fracasso.
A referência ao Espírito Santo aponta para um tipo de ação inefável e misteriosa de Deus em relação à mãe do Messias. O mesmo Espírito Santo, instrumento da ação divina desde os primórdios da Criação, fez-se também presente quando do nascimento do Messias Jesus. A esta força divina é que se deve sua presença no mundo.
Oração
Pai, ajuda-me a contemplar sua ação maravilhosa em relação à concepção de teu Filho Jesus. Que eu reconheça nela tua oferta gratuita de salvação para toda a humanidade.
Liturgia da Quarta-Feira
III SEMANA DO ADVENTO 
(ROXO, CREIO, PREFÁCIO DO ADVENTO II – OFÍCIO DO DIA)
Antífona da entrada: Aquele que há de vir chegará sem demora: já não haverá mais temor entre nós, porque ele é o nosso salvador (Hb 10,37).
Leitura (Juízes 13,2-7.24-25)
Leitura do livro dos Juízes.
13 2 Ora, havia em Sorá um homem da família dos danitas, chamado Manué. Sua mulher, sendo estéril, não tinha ainda gerado filhos. 
3 O anjo do Senhor apareceu a esta mulher e disse-lhe: "Tu és estéril, e nunca tiveste filhos; mas conceberás e darás à luz um filho. 
4 Toma, pois, muito cuidado; não bebas doravante nem vinho, nem bebida forte, e não comas coisa alguma impura, porque vais conceber e dar à luz um filho. 
5 A navalha não tocará a sua cabeça, porque esse menino será nazareno de Deus desde o seio de sua mãe, e será ele quem livrará Israel da mão dos filisteus". 
6 A mulher foi ter com o seu marido: "Apresentou-se a mim um homem de Deus, disse ela, que tinha o aspecto de um anjo de Deus, em extremo terrível. Não lhe perguntei de onde era, nem ele me deu o seu nome, 
7 mas disse-me: 'Vais conceber e dar à luz um filho; não bebas, pois, nem vinho nem bebida forte e não comas coisa alguma impura, porque esse menino será nazareno desde o seio de sua mãe até o dia de sua morte'. 
24 Ela deu à luz um filho e pôs-lhe o nome de Sansão. O menino cresceu e o Senhor o abençoou. 
25 E o Espírito do Senhor começou a incitá-lo, em Mahanê-Dã, entre Sorea e Estaol.
Salmo responsorial 70/71
Minha boca se encha de louvor,
para que eu cante vossa glória.
Sede uma rocha protetora para mim,
um abrigo bem seguro que me salve!
Porque sois a minha força e meu amparo,
o meu refúgio, proteção e segurança!
Libertai-me, ó meu Deus, das mãos do ímpio.
Porque sois, ó Senhor Deus minha esperança,
em vós confio desde a minha juventude!
Sois meu apoio desde antes que eu nascesse,
desde o seio maternal, o meu amparo.
Cantarei vossos portentos, ó Senhor,
lembrarei vossa justiça sem igual!
Vós me ensinastes desde minha juventude,
e até hoje canto as vossas maravilhas.
Aclamação do Evangelho
Aleluia, aleluia, aleluia.
Ó raiz de Jessé, sinal das nações: oh, vinde livrar-nos e não tardeis mais!

Evangelho (Lucas 1,5-25)
1 5 Nos tempos de Herodes, rei da Judéia, houve um sacerdote por nome Zacarias, da classe de Abias; sua mulher, descendente de Aarão, chamava-se Isabel. 
6 Ambos eram justos diante de Deus e observavam irrepreensivelmente todos os mandamentos e preceitos do Senhor. 
7 Mas não tinham filho, porque Isabel era estéril e ambos de idade avançada. 
8 Ora, exercendo Zacarias diante de Deus as funções de sacerdote, na ordem da sua classe, 
9 coube-lhe por sorte, segundo o costume em uso entre os sacerdotes, entrar no santuário do Senhor e aí oferecer o perfume. 
10 Todo o povo estava de fora, à hora da oferenda do perfume. 
11 Apareceu-lhe então um anjo do Senhor, em pé, à direita do altar do perfume. 
12 Vendo-o, Zacarias ficou perturbado, e o temor assaltou-o. 
13 Mas o anjo disse-lhe: "Não temas, Zacarias, porque foi ouvida a tua oração: Isabel, tua mulher, dar-te-á um filho, e chamá-lo-ás João. 
14 Ele será para ti motivo de gozo e alegria, e muitos se alegrarão com o seu nascimento; 
15 porque será grande diante do Senhor e não beberá vinho nem cerveja, e desde o ventre de sua mãe será cheio do Espírito Santo; 
16 ele converterá muitos dos filhos de Israel ao Senhor, seu Deus, 
17 e irá adiante de Deus com o espírito e poder de Elias para reconduzir os corações dos pais aos filhos e os rebeldes à sabedoria dos justos, para preparar ao Senhor um povo bem disposto". 
18 Zacarias perguntou ao anjo: "Donde terei certeza disto? Pois sou velho e minha mulher é de idade avançada". 
19 O anjo respondeu-lhe: "Eu sou Gabriel, que assisto diante de Deus, e fui enviado para te falar e te trazer esta feliz nova. 
20 Eis que ficarás mudo e não poderás falar até o dia em que estas coisas acontecerem, visto que não deste crédito às minhas palavras, que se hão de cumprir a seu tempo". 
21 No entanto, o povo estava esperando Zacarias; e admirava-se de ele se demorar tanto tempo no santuário. 
22 Ao sair, não lhes podia falar, e compreenderam que tivera no santuário uma visão. Ele lhes explicava isto por acenos; e permaneceu mudo. 
23 Decorridos os dias do seu ministério, retirou-se para sua casa. 
24 Algum tempo depois Isabel, sua mulher, concebeu; e por cinco meses se ocultava, dizendo: 
25 "Eis a graça que o Senhor me fez, quando lançou os olhos sobre mim para tirar o meu opróbrio dentre os homens".
COMENTÁRIOS DO EVANGELHO
1. Quem faz a historia acontecer...
Hoje em dia muitos aposentados ainda trabalham na própria empresa onde se aposentaram ou mesmo na economia formal, visando melhorar o seu orçamento, mas na verdade, embora fazendo parte da população ativa, acabam eles próprios se colocando á margem da história, e quando ouvem falar de alguma luta ou confronto, dizem cheios de recordações: "Ah no meu tempo que era bom, eu fazia isso, fazia aquilo, ajudei nesse projeto, lutei para conquistar tal coisa, agora me aposentei pois a idade chegou e só estou quebrando um galho, outros até dizem que mudaram de nome, passando-se a chamar "Jaque" , Já que está aí sem fazer nada, vai fazer isso ou aquilo...Nos Países mais desenvolvidos, ou nos do Oriente, o idoso tem seu valor e jamais fica á margem da sociedade. Zacarias e Isabel eram idosos e nem tinham filhos, já estavam na "Quarta Idade", desfrutando de uma velhice sossegada, assistindo a história que os outros estavam fazendo mas Deus pensa e age diferente...
De meros assistentes passaram a protagonistas da história da Salvação, com eles e neles vai começar uma nova história, a mais bela que a Humanidade ouviu contar e fazer parte, irão gerar aquele que irá ser o Precursor do Grande Messias. Avançado em idade, sem muita perspectiva de vida, e sem muitos planos a não ser o de viver bem cada dia, Zacarias toma um grande susto quando entra no Santo dos Santos para cumprir sua escala na oferta de incenso diante do altar e tem uma visão, não se assusta tanto com a Visão mas sim com o que ela anuncia.
"Será que Deus não está equivocado! Senhor Anjo, já sou aposentado e não espero mais nada da vida, inclusive eu e a minha esposa Isabel nem temos Filhos, se tivéssemos poderíamos até esperar alguma coisa nova, mas nem isso temos...." Foi mais ou menos essa a réplica do Velho Zacarias, que o evangelista resumiu em poucas palavras. Que contribuição nossos idosos podem dar á nossa história? Será que ainda poderão fazer algo de novo, causando espanto nas Geração Y que acabou de sair das fraldas? Para a sociedade de consumo não!
Mas Deus sempre apostou nos pequenos e excluídos da sociedade, chamou-os para fazerem a história, e assim aconteceu com Zacarias e sua esposa Isabel. A Mudez é o simbolismo de uma apatia que para Deus não existe. Mudo é quem nada tem a dizer, a sugerir, a opinar. Por que irão querer a opinião de um pequeno ou de um idoso? Eles não são importantes... A mudez do velho Zacarias não é castigo como o próprio texto sugere, antes, é uma constatação de como um idoso é insignificante para o sistema, inclusive o Religioso.
Zacarias só irá falar no tempo oportuno, quando Deus tiver realizado as promessas, para que ninguém dê margem á desconfiança. A gravidez de Isabel confirma que Deus já está agindo, uma criança em um útero seco e estéril, eis a obra de Deus e o prenúncio feliz do que Jesus irá realizar, arrancando o homem da secura da morte do pecado, e chamando-o para viver á luz da Graça de Deus.
Os que antes eram humilhados, Zacarias e Isabel, por serem velhos e estéreis, e nem ter tido a graça de gerar um Filho., agora se tornam sinais inequívocos da ação Divina. Nós também somos de certa forma um ÚLTERO SECO, incapazes de gerar a Vida nova, entretanto, em Jesus e seu Espírito que habita em nós, damos a volta por cima, e vivificados geramos nova Vida no que pensamos e fazemos, da mudez das nossas impossibilidades, abrimos a boca maravilhados para reconhecer as maravilhas que o Senhor em nós realizou.
2. O anúncio do nascimento de João Batista
Lucas inicia seu evangelho com as narrativas de infância de João Batista e de Jesus. É uma originalidade sua fazer o paralelo entre João Batista e Jesus desde o anúncio de sua concepção. Estas narrativas reforçam outras passagens dos evangelhos em que se percebe que o ministério de Jesus, nas suas origens, está intimamente associado ao ministério de João Batista. Entre as duas narrativas encontramos similitudes e contrastes que caracterizam cada um dos personagens. Enquanto o anúncio do anjo Gabriel será feito à mãe, Maria, aqui este anúncio é feito ao pai, Zacarias.
O anúncio a Zacarias e o anúncio a Maria, que se seguirá, criam a expectativa em torno de João Batista e de Jesus. É o prenúncio de um mundo novo em que o amor de Deus derrama-se sobre todos os povos.
Oração
Pai, atendendo à oração de Zacarias, manifestaste tua misericórdia para com o justo sofredor. Sê também benévolo diante das nossas angústias.
3. A ORAÇÃO ATENDIDA
Zacarias serviu-se da ocasião oferecida pelo serviço sacerdotal desempenhado no templo de Jerusalém para abrir seu coração a Deus, confessando-lhe a angústia de morrer sem deixar descendência. Sendo ele e sua mulher de idade avançada, com o agravante da esterilidade de Isabel, seria ingênuo imaginar que alguma novidade pudesse acontecer. Restava-lhes somente conformar-se com o opróbrio que lhes competia suportar.
O sofrimento do casal Zacarias e Isabel tinha tudo a ver com o sofrimento do justo. Ambos eram irrepreensíveis na sua conduta religiosa. Nem um só mandamento ou preceito escapava de seu empenho de fidelidade a Deus. Por que, então, se abatera sobre eles a maldição de estarem fadados a morrer sem deixar descendência?
A oração do justo, feita do mais profundo de sua dor, foi devidamente ouvida por Deus. O anjo do Senhor anuncia a Zacarias o nascimento de um filho, ao qual será dado o nome de João. Repleto do Espírito Santo, ser-lhe-ia confiada uma missão grandiosa: reconduzir os filhos de Israel para Deus, de modo a prepará-lo para acolher a salvação que Deus reservara à humanidade, por meio de seu Messias.
A superação da ignomínia dos justos – Zacarias e Isabel – foi além de suas expectativas. A misericórdia que lhes fora manifestada era um aspecto da benevolência mais ampla que o Pai reservara a toda a humanidade.
Oração
Pai, atendendo à oração de Zacarias, manifestaste tua misericórdia para com o justo sofredor. Sê também benévolo diante das nossas angústias.
Liturgia da Quinta-Feira 
III SEMANA DO ADVENTO 
(ROXO, PREFÁCIO DO ADVENTO II – OFÍCIO DO DIA)
Antífona da entrada: Um ramo brotará da raiz de Jessé, a glória do Senhor encera a terra inteira, e toda criatura verá a salvação de Deus (Is 11,1; 40,5; Lc 3,6).
Leitura (Isaías 7,10-14)
Leitura do livro do profeta Isaías.
Naqueles dias, 7 10 o Senhor disse ainda a Acaz: 
11 "Pede ao Senhor teu Deus um sinal, seja do fundo da habitação dos mortos, seja lá do alto". 
12 Acaz respondeu: "De maneira alguma! Não quero pôr o Senhor à prova". 
13 Isaías respondeu: "Ouvi, casa de Davi: Não vos basta fatigar a paciência dos homens? Pretendeis cansar também o meu Deus? 
14 Por isso, o próprio Senhor vos dará um sinal: uma virgem conceberá e dará à luz um filho, e o chamará Deus Conosco".
Salmo responsorial 23/24
O Senhor vai entrar, é o rei glorioso!
Ao Senhor pertence a terra e o que ela encerra,
o mundo inteiro com os seres que o povoam;
porque ele a tornou firme sobre os mares
e, sobre as águas, a mantém inabalável.
"Quem subirá até o monte do Senhor,
quem ficará em sua santa habitação?"
"Quem tem mãos puras e inocente coração,
quem não dirige sua mente para o crime.
Sobre este desce a bênção do Senhor
e a recompensa de seu Deus e salvador".
"É assim a geração dos que o procuram
e do Deus Israel buscam a face".
Aclamação do Evangelho
Aleluia, aleluia, aleluia.
Ó chave de Davi, que abre as portas do reino eterno: oh, vinde e livrai do cárcere o preso, sentado nas trevas!

EVANGELHO (Lucas 1,26-38)
1 26 No sexto mês, o anjo Gabriel foi enviado por Deus a uma cidade da Galiléia, chamada Nazaré, 
27 a uma virgem desposada com um homem que se chamava José, da casa de Davi e o nome da virgem era Maria. 
28 Entrando, o anjo disse-lhe: "Ave, cheia de graça, o Senhor é contigo". 
29 Perturbou-se ela com estas palavras e pôs-se a pensar no que significaria semelhante saudação. 
30 O anjo disse-lhe: "Não temas, Maria, pois encontraste graça diante de Deus. 
31 Eis que conceberás e darás à luz um filho, e lhe porás o nome de Jesus. 
32 Ele será grande e chamar-se-á Filho do Altíssimo, e o Senhor Deus lhe dará o trono de seu pai Davi; e reinará eternamente na casa de Jacó, 
33 e o seu reino não terá fim". 
34 Maria perguntou ao anjo: "Como se fará isso, pois não conheço homem?" 
35 Respondeu-lhe o anjo: "O Espírito Santo descerá sobre ti, e a força do Altíssimo te envolverá com a sua sombra. Por isso o ente santo que nascer de ti será chamado Filho de Deus. 
36 Também Isabel, tua parenta, até ela concebeu um filho na sua velhice; e já está no sexto mês aquela que é tida por estéril, 
37 porque a Deus nenhuma coisa é impossível". 
38 Então disse Maria: "Eis aqui a serva do Senhor. Faça-se em mim segundo a tua palavra". E o anjo afastou-se dela.
COMENTÁRIOS DO EVANGELHO
1. JESUS, O FILHO DE MARIA!
Depois do nome, a referência mais importante de uma pessoa é a sua filiação, filho de fulano e de cicrana, ter uma mãe e um pai, uma origem, algo que está na essência da nossa humanidade, sem essa referência, até da existência se pode duvidar. Quem é ele, filho de quem, onde mora? O Filho de Deus, onipotente, onipresente, onisciente, aceita trilhar o mesmo caminho do homem. A encarnação é obra de Deus, mas que irá acontecer com a colaboração do homem.
O rei Davi era a dinastia mais famosa de Israel, pois unificara o norte e o sul formando um dos maiores impérios do oriente, o povo sonhava com aqueles tempos em que Israel era uma nação respeitada e temida pelas demais, pois o rei Davi impunha respeito, pelo poder do seu numeroso exército, mas acima de tudo por ter sido ungido do Senhor, pois ser rei era uma missão divina. As profecias falavam que o esperado messias era dessa família e que seria igual ou até melhor que Davi, ele era para o povo o braço poderoso de Deus lutando a favor dos pobres, alinhando-se com os homens justos e punindo os maus.
Os grandes acontecimentos ou decisões importantes que representem mudança na vida do povo, só poderiam ocorrer no meio dos poderosos, ao povo cabia ouvir, dizer amém e aguentar as consequências. Entretanto a vinda do messias começa a ser articulada entre Deus e uma mocinha pobre da periferia chamada Nazaré, até ela própria fica assustada e surpresa quando percebe que está em suas mãos mudar os rumos da história do seu povo. A mudança dos rumos de uma nação, só começa a acontecer de fato, quando o povo descobre a sua força. Deus nunca seguiu as estruturas humanas para realizar a salvação da humanidade, escolhe como parceiro pessoas fracas, aparentemente incapazes de fazer qualquer mudança.
Por caminhos tortuosos, incompreensíveis para os homens, Deus irá cumprir com a promessa, o noivo de Maria chama-se José e pertence a família do grande rei Davi mas apesar disso, José é um homem do povo, que vive de sua profissão de carpinteiro. E Maria? Quais eram seus planos de vida?
Todos nós temos de ter um projeto de vida, quem não tem, acaba não vivendo bem e nem sabe o sentido da vida. Maria estava prometida em casamento a José, como seu povo ela também esperava o messias, ela também alimentava no coração a esperança de dias melhores.
E em um momento de oração Maria se abre para ouvir a Deus e descobrir a sua vontade a seu respeito. Somente uma fé madura e consciente consegue se abrir diante de Deus e ao mesmo o questiona. Há certas coisas em nossa vida de difícil solução, e que seria tão bom se Deus fizesse do nosso jeito. Não que Deus seja sempre do contra, mas nunca vai ser do nosso jeito. Em Maria vemos o que é realmente a fé, quando não fazemos questão que seja do nosso jeito, mas sim do jeito de Deus, daí é que as coisas vão acontecer. Só que o jeito de Deus não é muito fácil de aceitar porque ultrapassa a lógica humana.
Maria não é casada, não tem marido, quando ela apresenta essa dificuldade o anjo anuncia que as coisas irão acontecer do jeito de Deus e para que Maria possa confiar é lhe dado um sinal, a prima Isabel, avançada em idade e ainda por cima estéril, irá conceber uma criança. Os sinais de Deus nunca seguem a lógica humana, mas é preciso confiar. E Maria aceita totalmente a missão, que não será das mais fáceis, abre mão de todos os seus planos, inclusive o casamento com José, ela aceita o risco de ser acusada de infidelidade, o que poderia fazer com que fosse condenada á morte, caso o noivo a denunciasse.
Eis aqui a serva do Senhor, faça-se em mim segundo a vossa palavra - Para nós, hoje é muito fácil aceitar e entender essa história. Mas pensemos um pouco em Maria, que não fazia idéia do que vinha pela frente, mas sabia que Deus estava com ela.
Hoje o reino de Deus vai acontecendo e sendo edificado em meio aos homens, na medida em que, como Maria, nós aceitamos o desafio, fazendo de nossa vida uma entrega total e silenciosa nas mãos do Pai. Para isso é sempre preciso renovar a cada dia a decisão em favor de Jesus e seu reino...
2. Feliz aquela que acreditou
Maria, por sua docilidade à ação de Deus e ao Espírito Santo, traz no seu ventre a nova criação. Esta nova criação, iniciada por Jesus, nasce do Espírito e se faz em um processo de construção. Desse processo criador as pessoas participam conscientemente, livremente.
É uma nova sociedade onde a vida brota e floresce. As relações entre todos, homens e mulheres, são relações de fraternidade, partilha, alegria e paz. A violência, o poder do dinheiro ou das armas, a exploração do próximo, frutos da insegurança das pessoas, não têm mais vez. Para a realização deste sonho conta-se com Jesus e com o Espírito Santo, enviado pelo Pai.
Oração
Pai, plenifica-me com tua graça, como fizeste com Maria, de forma que eu possa ser fiel como ela ao teu desígnio de salvação para a humanidade.
3. ALEGRA-TE, CHEIA DE GRAÇA
A saudação do anjo Gabriel surpreendeu Maria. Quem era ela senão uma humilde habitante de Nazaré, cidade sem importância das montanhas da Galiléia? Mulher sem maiores pretensões do que a de ser fiel a Deus; uma virgem já prometida em casamento a José, mas sem viver conjugalmente com ele, conforme as tradições de seu povo? Afinal, que méritos tinha para ser uma "agraciada", "plena da graça" divina?
Maria estava longe de compreender o projeto de Deus a seu respeito. Sua humildade de mulher simples do interior não lhe permitia pensar grandes coisas a respeito de si mesma. Quiçá tenha sido este o motivo por que fora escolhida por Deus para ser mãe do Messias. Livre de toda forma de orgulho e autosuficiência, Maria podia abrir seu coração para receber a graça de Deus que haveria de torná-la templo do Espírito Santo.
Ela tornou-se objeto da atenção divina, no seu anseio de salvar a humanidade. Deus queria contar com alguma pessoa disposta a se tornar "escrava do Senhor", e permitir que a vontade divina acontecesse em sua vida, sem objeções. Foi para Maria que se voltaram os olhares de Deus!
Tudo quanto o anjo comunicara a Maria era grande demais para o seu entendimento, e superava sua capacidade de pô-lo em prática. Abriu-se para ela uma perspectiva nova, ao lhe ser prometida a assistência do Espírito Santo. Este seria a força que lhe permitiria levar a bom termo a missão divina que lhe fora comunicada pelo anjo.
Oração
Pai, plenifica-me com tua graça, como fizeste com Maria, de forma que eu possa ser fiel como ela ao teu desígnio de salvação para a humanidade.
Liturgia da Sexta-Feira
III SEMANA DO ADVENTO *
(ROXO, PREFÁCIO DO ADVENTO II – OFÍCIO DO DIA)
Antífona da entrada: Eis que chega o Senhor dos senhores: seu nome será Emanuel, o "Deus-conosco" (Is 7,14;8,10).
Leitura (Cântico 2,8-14)
Leitura do Cântico dos Cânticos
2 8 Oh, esta é a voz do meu amado! Ei-lo que aí vem, saltando sobre os montes, pulando sobre as colinas. 
9 Meu amado é como a gazela e como um cervozinho. Ei-lo atrás de nossa parede. Olho pela janela, espreito pelas grades. 
10 Meu bem-amado disse-me: "Levanta-te, minha amiga, vem, formosa minha. 
11 Eis que o inverno passou, cessaram e desapareceram as chuvas. 
12 Apareceram as flores na nossa terra, voltou o tempo das canções. Em nossas terras já se ouve a voz da rola. 
13 A figueira já começa a dar os seus figos, e a vinha em flor exala o seu perfume; levanta-te, minha amada, formosa minha, e vem. 
14 Minha pomba, oculta nas fendas do rochedo, e nos abrigos das rochas escarpadas, mostra-me o teu rosto, faze-me ouvir a tua voz. Tua voz é tão doce, e delicado teu rosto!"
Salmo responsorial 32/33
Ó justos, alegra-vos no Senhor!
Cantai para o Senhor um canto novo!
Daí graças ao Senhor ao som da harpa,
na lira de dez cordas celebrai-o!
Cantai para o Senhor um canto novo,
com arte sustentai a louvação!
Mas os desígnios do Senhor são para sempre,
e os pensamentos que ele traz no coração,
de geração em geração, vão perdurar.
Feliz o povo cujo Deus é o Senhor
e a nação que escolheu por sua herança!
No Senhor nós esperamos confiantes,
porque ele é nosso auxílio e proteção!
Por isso o nosso coração se alegra nele,
seu santo nome é nossa única esperança.
Aclamação do Evangelho
Aleluia, aleluia, aleluia.
Ó Emanuel, sois nosso rei e orientador: vinde salvar-nos, ó Senhor e nosso Deus!

EVANGELHO (Lucas 1,39-45)
1 39 Naqueles dias, Maria se levantou e foi às pressas às montanhas, a uma cidade de Judá. 
40 Entrou em casa de Zacarias e saudou Isabel. 
41 Ora, apenas Isabel ouviu a saudação de Maria, a criança estremeceu no seu seio; e Isabel ficou cheia do Espírito Santo. 
42 E exclamou em alta voz: "Bendita és tu entre as mulheres e bendito é o fruto do teu ventre. 
43 Donde me vem esta honra de vir a mim a mãe de meu Senhor? 
44 Pois assim que a voz de tua saudação chegou aos meus ouvidos, a criança estremeceu de alegria no meu seio. 
45 Bem-aventurada és tu que creste, pois se hão de cumprir as coisas que da parte do Senhor te foram ditas!"
COMENTÁRIOS DO EVANGELHO
1. BEM AVENTURADA ÉS TU QUE CRESTES
Este evangelho nos apresenta duas figuras de mulher que devem ser uma prefiguração das nossas comunidades. Em Maria vemos a pressa de se doar, de sair de si mesma e de caminhar ao encontro daqueles quer têm necessidades. O que impulsiona Maria é o espírito santo em sua plenitude, é esse espírito santo que impulsiona nossas comunidades a servirem os irmãos e irmãs. Entretanto há algo ainda mais profundo e que nos encanta, as comunidades cristãs, fecundadas pelo Espírito Santo, tornam-se também geradoras de Jesus.
Em Maria não celebramos simplesmente algo do passado, mas enquanto igreja celebramos a encarnação no presente, as pias Batismais mais antigas têm a forma ovalada semelhante a um útero, no ventre da igreja mãe nascem os Filhos e as Filhas de Deus, e já que somos templos do Espírito Santo, em nós é gerado também o Verbo Divino, não em seu sentido biológico como foi em Maria, mas nos sentido espiritual.Em Isabel o Espírito Santo ajuda a perceber em Maria, o mistério de Deus acontecendo, mas em uma visão de conjunto de um lado vemos como o agir de Deus é diferente do homem, o Messias que estava por nascer e que iria mudar a sorte de toda humanidade, buscou acolhimento não nos poderosos, nas lideranças religiosas, nos suntuosos palácios ou no templo sagrado, mas sim na casa dos humildes e pequenos como Isabel e Maria.
Ambas inauguram um tempo novo em que para fazer grandes mudanças e construir um mundo melhor a partir do reino de Deus, já não será mais preciso esperar a decisão dos grandes, dos que mandam,, as mudanças verdadeiras que ocorreram na humanidade sempre foram aquelas que nasceram das aspirações,dos sonhos e da luta do povo.
O Messianismo de Jesus está dentro desse contexto, Maria se sentiu pequena diante do mistério de Deus que estava para envolvê-la mas o Senhor a engrandeceu e a capacitou para a missão que estava lhe reservada. Da mesma forma nossas comunidades, grandes ou pequenas, nas grandes metrópoles ou nas periferias e zonas rurais, devem sempre ter presente que estão envolvidas no mistério de Deus que as chama e as capacita para serem portadoras do Cristo para o mundo, do mesmo modo como fez com Maria, ressalvando=-se que Maria foi preservada de todo pecado, enquanto que nossas comunidades, embora contenha em seu ventre a semente de um Deus Santo e Perfeito, está sujeita ao pecado. Um dia Jesus teve uma conversa com Nicodemos e afirmou que é preciso que o homem nasça de novo, quem aceita ser membro da comunidade Cristã, está sendo gerado para um novo nascimento, cuja vida embrionária já recebeu pelo Batismo, esse útero não é muito bonito, mas como o ventre materno oferece toda segurança de que precisamos, para desenvolver em nós essa semente de eternidade da Vida Nova que há de acontecer um dia.
Nesse sentido precisamos sair e ter pressa para levar ao mundo este anúncio, romper com a religião do formalismo religioso, deixar de ser a Igreja fechada em si mesma para doar-se aos irmãos e irmãs que ainda não ouviram o anúncio. Como Maria, certamente iremos ficar admirados quando percebermos o modo como Deus age, sempre diferente da nossa lógica, ás vezes até de um jeito que não entendemos. Maria sentiu toda essa alegria incontida em sua alma ao sentir-se totalmente de Deus, aponto de dizer “O Poderoso fez em mim maravilhas, santo é o seu nome, a minha alma engrandece o Senhor, e o meu espírito exulta em Deus meu Salvador”.
Não é o ritualismo religioso que agrada a Deus, mas sim a nossa disposição para uma entrega total, fazendo assim a vontade de Deus, é o próprio Cristo que nos dirá na carta de Paulo aos hebreus; Eis que venho para fazer a vossa vontade. Quando o amor chega a esse ponto, o sacrifício ritualista torna-se secundário diante do verdadeiro e autêntico sacrifício agradável a Deus: dar a vida pelos irmãos e irmãs.
2. Novos tempos
O anúncio do nascimento de João Batista foi feito a um homem inserido no sistema religioso do Templo, Zacarias. O anúncio do nascimento de Jesus foi feito a uma mulher pobre da periferia, Maria.
Maria, casada com José, carpinteiro da Galileia, vive com fidelidade o projeto vivificante de Deus. Ao saber que sua parenta, Isabel, casada com Zacarias, sacerdote do Templo de Jerusalém, estava com uma gravidez mais avançada que a sua, vai servi-la. Temos o encontro da periférica Galileia com a elitizada Judeia. Maria, oriunda da periferia, já vive a dimensão do serviço, característica dominante na prática de Jesus, que "não veio para ser servido, mas para servir" (Mc 10,45).
As duas mulheres, mães grávidas, cheias do Espírito Santo, ao se encontrarem se regozijam com o andamento dos fatos em cumprimento à vontade de Deus. Em seus ventres se concretiza o projeto salvífico de Deus. É do ventre feminino que brotam o Precursor e o Filho do Homem, Filho de Deus eterno, que vem comunicar sua vida a todos.
Oração
Pai, a exemplo de Isabel, anseio conhecer a verdadeira identidade de Maria que, na sua humildade, tornou-se o ser humano abençoado por excelência.
3. O PERFIL DE MARIA
As palavras inspiradas de Isabel, ao se encontrar com sua prima Maria traçam o perfil de quem tinha sido destinada a ser a mãe do Salvador.
Maria é a mulher bendita por excelência. Repousando sobre ela as bênçãos divinas, sua vida estava indissociavelmente ligada a Deus. Sem deixar de ser humilde serva, sua humanidade revestia-se de um brilho especial. Tornava-se um modelo não apenas de mulher, mas de ser humano.
Maria trazia em seu ventre um fruto santo. A prole era um dos indicadores seguros da bênção divina. A humilde Virgem de Nazaré recebera, porém, uma bênção suplementar: a de ser a mãe do Messias. Tudo isto por estar disposta a ser totalmente fiel a Deus.
Maria é mulher de fé. Aqui reside a sua verdadeira grandeza, pois a maternidade decorre desta sua virtude. E sua fé se desdobra em forma de confiança e entrega disponível nas mãos de Deus. Porque crê, assume o projeto divino, embora desconhecendo como irá realizar-se. Joga-se, inteiramente, nas mãos de Deus, certa de não ficar decepcionada.
Maria é a mãe do Senhor de todos os povos. A exclamação de Isabel: "Como posso merecer que a mãe de meu Senhor venha me visitar?" revela as reais dimensões da maternidade de Maria. O Senhor de Isabel é o Senhor do povo de Israel e Senhor de todos quantos haveriam de crer. Este Senhor de toda a humanidade estava ali, no ventre de Maria.
Oração
Pai, a exemplo de Isabel, anseio conhecer a verdadeira identidade de Maria que, na sua humildade, tornou-se o ser humano abençoado por excelência.
Liturgia do Sábado
III SEMANA DO ADVENTO 
(ROXO, PREFÁCIO DO ADVENTO II – OFÍCIO DO DIA)
Antífona da entrada: Ó portas, levantai vossos frontões! Levantai-vos, portas eternas: que ele entre, o rei da glória! (Sl 23,7)
Leitura (1 Samuel 1,24-28)
Leitura do primeiro livro de Samuel.
Naqueles dias, 1 24 após tê-lo desmamado, Ana tomou-o consigo, e levando também três touros, um efá de farinha e um odre de vinho, conduziu-o à casa do Senhor em Silo. O menino era ainda muito criança. 
25 Imolaram o touro e conduziram o menino a Heli. 
26 Ana disse-lhe: "Ouve, meu Senhor, por tua vida, eu sou aquela mulher que esteve aqui em tua presença orando ao Senhor. 
27 Eis aqui o menino por quem orei; o Senhor ouviu o meu pedido. 
28 Portanto, eu também o dou ao Senhor: ele será consagrado ao Senhor para todos os dias de sua vida". E prostraram-se naquele lugar diante do Senhor.
Salmo responsorial 1Sm 2
Meu coração exultou no meu Senhor salvador.
Exulta no Senhor meu coração,
e se eleva a minha fronte no meu Deus.
Minha boca desafia os meus rivais
porque me alegro com a vossa salvação.
O arco dos fortes foi dobrado, foi quebrado, 
mas os pobres e os famintos se fartaram.
Muitas vezes deu à luz a que era estéril,
mas a mãe de muitos filhos definhou.
É o Senhor quem dá a morte e dá a vida,
faz descer à sepultura e faz voltar;
é o Senhor quem faz o pobre e faz o rico,
é o Senhor quem nos humilha e nos exalta.
O Senhor ergue do pó o homem fraco,
e do lixo ele retira o indigente,
para fazê-los assentar-se com os nobres
num lugar de muita honra e distinção.
Aclamação do Evangelho
Aleluia, aleluia, aleluia.
Ó rei e Senhor das nações e pedra angular da Igreja, vinde salvar a mulher e o homem, que, um dia, formastes do barro.

Evangelho (Mateus 17,10-13)
Naqueles dias, 1 46 Maria disse: "Minha alma glorifica ao Senhor, 
47 meu espírito exulta de alegria em Deus, meu Salvador,
48 porque olhou para sua pobre serva. Por isto, desde agora, me proclamarão bem-aventurada todas as gerações, 
49 porque realizou em mim maravilhas aquele que é poderoso e cujo nome é Santo. 
50 Sua misericórdia se estende, de geração em geração, sobre os que o temem. 
51 Manifestou o poder do seu braço: desconcertou os corações dos soberbos. 
52 Derrubou do trono os poderosos e exaltou os humildes. 
53 Saciou de bens os indigentes e despediu de mãos vazias os ricos. 
54 Acolheu a Israel, seu servo, lembrado da sua misericórdia, 
55 conforme prometera a nossos pais, em favor de Abraão e sua posteridade, para sempre".
56 Maria ficou com Isabel cerca de três meses. Depois voltou para casa.
COMENTÁRIOS DO EVANGELHO
1. O CANTO DE MARIA
Há nas relações humanas uma virtude um tanto fora de moda que se chama Gratidão, pois em uma sociedade onde a Gratuidade cedeu espaço para o mercantilismo e as relações interesseiras, ser grato a alguém parece que não tem muito sentido. A palavra "muito obrigado" virou apenas uma cortesia, um mero formalismo, da boca para fora.
O Canto de Maria, na casa de Isabel, denominado de Magnificat, não é apenas um "muito obrigado a Deus" porque Ele atendeu a seus interesses, concedeu-lhe um favor solicitado, pois diferente da troca ou barganha, a relação de Deus com os homens é pautada pela gratuidade, sem que haja qualquer merecimento da parte de quem é agraciado.
Ser grato a Deus e cantar-lhe um hino de ação de graças quando todos os nossos interesses foram atendidos conforme nosso desejo e pedido, é uma obrigação. Eu pedi, Deus me atendeu, e agora estou obrigado a agradecer...Se o modo de Deus agir fosse esse, o Cristianismo não teria passado de uma seita dentro do judaísmo, que possivelmente nem chegaria ao primeiro século de existência. Olhemos com atenção esse canto de Maria...
Primeiro que Deus não espera de nós a gratidão, e nem quer Ele nos ver prostrados, agradecidos pelo bem que ele nos fez, esse tipo de coisa só existe nas relações humanas, quando vivemos a procura de quem "alise" o nosso ego, somos pequenos e bem frágeis, ainda não temos a Generosidade de Deus, que se doa e se entrega, sem esperar absolutamente nada em troca. Não há ser humano, por mais altruísta que seja, que esteja imune a esse sentimento, todos nós, sem exceção, esperamos alguma forma de gratidão, ainda que se faça de graça, por idealismo, a gratidão por parte do outro nos faz um bem imenso, não vejo isso como um pecado...
Primeiro vamos notar que Maria não olha para si e nem para seus interesses ou planos que aliás, eram outros, por isso na afirmação "O Todo Poderoso fez grandes coisas em meu favor", Maria está rezando com o seu povo que alimentava a grande Esperança Messiânica.
Ester prefigura Maria que, gozando dos favores do Rei, quando este lhe estende o Cetro para que ela faça o seu pedido, Ester intercede pelo povo. Maria canta as grandezas de Deus porque em seu íntimo já está Aquele que irá cumprir todas as promessas feitas a Abraão.
Diante de Deus, quem se esvazia de si mesmo, ficará repleto da Graça Divina, mas quem, ao contrário se encher de orgulho e vaidade, vai ficar desapontado justamente porque diante de Deus e da sua obra, se sentirá vazio, por isso os pobres e humildes serão exaltados e irão se fartar, enquanto que os ricos se sentirão pobres, no sentido de sentirem falta de alguma coisa que a riqueza material não consegue oferecer.
Maria será exaltada e sempre lembrada de Geração, justamente por ser ela a prova inequívoca de que a ação Divina é marcada pela gratuidade, e a partir de Maria todos poderão também experimentar desse Amor Divino que se esvazia daquilo que é, ocultando a Divindade em nossa carne. Em Maria e sempre com ela, todos os que se fazem pobres e pequenos diante de Deus, percorrerão esse mesmo caminho, que conduz o Homem a comunhão plena com Deus, seu destino final, que não está perdido lá no passado, mas está á frente, como promessa de Deus que irá se cumprir...
Essa é a MARAVILHA que Deus realizou, não só em Maria, mas em todos nós, com a encarnação do Verbo Divino...
2. Maria pronuncia seu cântico
Respondendo à saudação de Isabel, Maria pronuncia seu cântico, no qual,com brevidade, apresenta a obra salvífica de Deus, em relação a ela, à humanidade em geral e aos remanescentes de Israel. Em relação a Maria, Deus fez grandes coisas. Ela, serva humilde, foi escolhida para ser mãe do Filho de Deus, o Salvador. Ela é a primeira bem-aventurada do Reino.
Em relação à humanidade, Deus, pela encarnação e vida de Jesus, subverte as sociedades e as religiões: liberta e promove os pobres e humildes, derruba os poderosos e distribui os bens dos ricos. E, aos descendentes do arameu Abraão, em Israel, vem confi rmar sua misericórdia, em face das suas infidelidades históricas, oferecendo-lhes também a salvação. A fé de Maria é uma fé humilde, consciente e comprometida com a causa dos pobres.
Oração
Pai, faze-me sensível à espiritualidade daquela que escolheste para ser mãe de teu Filho, porque ela penetrou, de modo admirável, em teu mistério de amor.
3. O SENHOR FEZ EM MIM MARAVILHAS
O hino de louvor, proclamado por Maria ao visitar Isabel, resumiu a pedagogia divina no mistério da salvação. Para salvar a humanidade, Deus contou com instrumentos humildes, como foi o caso de Maria, que não passava de uma simples serva. A salvação resultava da misericórdia divina, presente ao longo da história da humanidade e manifestada na vida de quantos foram tementes a Deus.
Por outro lado, a salvação consistia na desarticulação dos esquemas erguidos por pessoas soberbas, que se bastavam a si mesmas, davam as costas para Deus e se prevaleciam do próximo. A segurança dessas pessoas seria arrasada, reduzindo-as a uma situação de total indigência. Só assim haveriam de ter consciência da inutilidade dos bens acumulados. A atitude de Deus com os pobres, os humildes e com quem se faz servidor é radicalmente oposta: os humildes serão elevados e valorizados; os famintos, saciados; os abatidos, reerguidos. Tudo isto é obra do amor.
Maria trazia no ventre aquele que fora destinado por Deus para instaurar a salvação da humanidade. Sinal evidente de que Deus não se esquecia de sua promessas e não abandonava os que necessitavam de salvação. As maravilhas realizadas na vida de Maria seriam, por conseguinte, indício das maravilhas que o Senhor iria realizar na vida de cada ser humano. Toda a humanidade tinha, pois, como Maria, motivos para engrandecer o Senhor.
Oração
Senhor Jesus, que eu saiba reconhecer as maravilhas realizadas pelo Pai, na vida de Maria e na história da humanidade.
Liturgia do Domingo  23.12.2012
4º Domingo do Advento — ANO C

(ROXO, CREIO, PREFÁCIO DO ADVENTO IIA – IV SEMANA DO SALTÉRIO)

__ "A chegada do novo exige mudanças" __
Ambientação:
(Valorizar os símbolos do Advento: coroa, velas, manjedoura vazia...)
Sejam bem-vindos amados irmãos e irmãs!
INTRODUÇÃO DO FOLHETO DOMINICAL PULSANDINHO: Quase todos os dias encontramos mulheres grávidas. Reparamos, pelo menos naquelas que são nossas conhecidas, o quanto a chegada de uma criança modifica a vida. O corpo se transforma, têm expectativas em relação ao neném, arrumam roupinhas, exigem mais cuidados. O corpo sagrado da mulher é como um tesouro que silencioso guarda uma vida! A chegada do novo exige mudanças. O tempo do Advento que hoje estamos encerrando foi tempo de preparar nossa vida para acolher o novo. Mudamos alguma coisa por causa da criança que vai chegar? Neste sentido, a liturgia de hoje nos convida a refletir sobre o verdadeiro significado do Natal e sobre a importância de valorizar o Natal com o mesmo sentimento que transbordava do coração de Maria, no encontro com sua prima Isabel.
INTRODUÇÃO DO FOLHETO DOMINICAL O POVO DE DEUS: O último Domingo do Advento coroa a preparação para a celebração do Natal. Por isso na coroa do Advento se acende a última vela, simbolizando a chama que aqueceu nossos corações em preparação à celebração do nascimento de Jesus. Voltados para a encarnação do Verbo e ansiosos por celebrar seu nascimento, façamos desta Eucaristia um verdadeiro culto de ação de graças.
INTRODUÇÃO DO WEBMASTER: Cristo quis nascer em Belém por dois motivos. Primeiro, porque "é da descendência de Davi segundo a carne", como se diz na Carta aos Romanos (1, 3). É a Davi que foi feita uma promessa especial a respeito de Cristo, segundo o livro dos Reis: "Oráculo do homem posto no alto, do Messias do Deus de Jacó" (23, 1). Por isso quis nascer em Belém, onde nascera também Davi, para que, pelo mesmo lugar do nascimento, aparecesse a realização da promessa que lhe tinha sido feita. É o que mostra o evangelista ao dizer: "Porque era da casa e da família de Davi". E, em segundo lugar porque, como diz Gregório: "Belém quer dizer 'casa do pão'. E o próprio Cristo afirma: 'Eu sou o pão vivo, que desceu do céu'".
Sintamos o júbilo real de Deus em nossos corações e cheios dessa alegria divina entoemos alegres cânticos ao Senhor!
4ª SEMANA DO ADVENTO — ANO LITÚRGICO "C"
Antífona da entrada: Céus, deixai cair o orvalho, nuvens, chovei o justo; abra-se a terra, e brote o Salvador! (Is 45,8)
Comentário das Leituras: Cristo é sempre o centro da liturgia eclesial, na qual celebramos seu mistério ao longo do ano. Mas este cristocentrismo vai adquirindo tonalidades e cores diferentes segundo os tempos e momentos litúrgicos. Próximo já o nascimento de Jesus, a figura de sua Mãe Maria adquire um acento relevante neste quarto domingo do Advento.
Primeira Leitura (Miqueias 5,1-4)
Leitura da profecia de Miquéias.
5 1 Mas tu, Belém-Efrata, tão pequena entre os clãs de Judá, é de ti que sairá para mim aquele que é chamado a governar Israel. Suas origens remontam aos tempos antigos, aos dias do longínquo passado. 
2 Por isso, (Deus) os deixará, até o tempo em que der à luz aquela que há de dar à luz. Então o resto de seus irmãos voltará para junto dos filhos de Israel. 
3 Ele se levantará para (os) apascentar, com o poder do Senhor, com a majestade do nome do Senhor, seu Deus. Os seus viverão em segurança, porque ele será exaltado até os confins da terra. 
4 E assim será a paz. Quando o assírio invadir nossa terra e pisar nossos terrenos, resistir-lhe-emos com sete pastores e oito príncipes do povo". 
Salmo responsorial 79/80
Iluminai a vossa face sobre nós, 
convertei-nos para que sejamos salvo!
Ó pastor de Israel, prestai ouvidos. 
Vós que sobre os querubins vos assentais, 
aparecei cheio de glória e esplendor! 
Despertai vosso poder, ó nosso Deus, 
e vinde logo nos trazer a salvação!
Voltai-vos para nós, Deus do universo! 
Olhai dos altos céus e observai. 
visitai a vossa vinha e protegei-a! 
Foi a vossa mão direita que a plantou; 
protegei-a, e ao rebento que firmastes!
Pousai a mão por sobre o vosso protegido, 
o filho do homem que escolhestes para vós! 
E nunca mais vos deixaremos, Senhor Deus! 
Dai-nos vida, e louvaremos o vosso nome!
Segunda Leitura (Hebreus 10,5-10)
Leitura da carta aos Hebreus.
10 5 Eis por que, ao entrar no mundo, Cristo diz: "Não quiseste sacrifício nem oblação, mas me formaste um corpo. 
6 Holocaustos e sacrifícios pelo pecado não te agradam. 
7 Então eu disse: 'Eis que venho (porque é de mim que está escrito no rolo do livro), venho, ó Deus, para fazer a tua vontade'. 
8 Disse primeiro: 'Tu não quiseste, tu não recebeste com agrado os sacrifícios nem as ofertas, nem os holocaustos, nem as vítimas pelo pecado'" (quer dizer, as imolações legais). 
9 Em seguida, ajuntou: "Eis que venho para fazer a tua vontade". Assim, aboliu o antigo regime e estabeleceu uma nova economia. 
10 Foi em virtude desta vontade de Deus que temos sido santificados uma vez para sempre, pela oblação do corpo de Jesus Cristo. 
Aclamação do Evangelho
Aleluia, aleluia, aleluia. 
Eis a serva do Senhor; cumpra-se em mim a tua palavra! (Lc 1,38).

EVANGELHO (Lucas 1,39-45)
1 39 Naqueles dias, Maria se levantou e foi às pressas às montanhas, a uma cidade de Judá. 
40 Entrou em casa de Zacarias e saudou Isabel. 
41 Ora, apenas Isabel ouviu a saudação de Maria, a criança estremeceu no seu seio; e Isabel ficou cheia do Espírito Santo. 42 E exclamou em alta voz: "Bendita és tu entre as mulheres e bendito é o fruto do teu ventre. 
43 Donde me vem esta honra de vir a mim a mãe de meu Senhor? 
44 Pois assim que a voz de tua saudação chegou aos meus ouvidos, a criança estremeceu de alegria no meu seio. 
45 Bem-aventurada és tu que creste, pois se hão de cumprir as coisas que da parte do Senhor te foram ditas!" 

FORMAÇÃO LITÚRGICA
BÊNÇÃO FINAL E REENVIO DOS CRISTÃOS
Logo após os avisos e comunicações, quem preside concede a benção final aos participantes da celebração. Em tempos mais significativos do Ano Litúrgico ou da vida da comunidade, convém enriquecer esse momento com bênçãos solenes e orações sobre o povo, conforme se prevê no Missal Romano. A missa celebrada chega, assim, ao seu final. Mas, na verdade, ela não acaba nunca. Permanece, de fato, a obrigação de pôr em prática, na vida de cada um, aquilo que o Espírito do Senhor, naquela concreta Eucaristia, sugeriu e inspirou.
TEXTOS BÍBLICOS PARA A SEMANA:
2ª Natal: Noite: Is 9,1-6; Sl 95; Tt 2,11-14; Lc 2,1-14
Aurora: Is 62,11-12; Sl 96; Tt 3,4-7; Lc 2,15-20
Dia: Is 52,7-10; Sl 97(98);Hb 1,1-6; Jo 1,1-18
4ª Sb At 6,8-10;7,54-59; Sl 30 (31); Mt 10,17-22
5ª 1Jo 1,1-4; Sl 96 (97); Jo 20,2-8
6ª 1Jo 1,5-2,2; Sl 123 (124); Mt 2,13-18
Sb 1Jo 2,3-11; Sl 95 (96); Lc 2,22-35
Domingo. SAGRADA FAMÍLIA Eclo 3,3-7.14-17a ; Sl 127 (128),1-2.3.4-5 (R/. cf. 1); Cl 3,12-21; Lc 2,41-52
  ou à escolha: 1Sm 1,20-22.24-28; Sl 83(84),2-3.5-6.9-10 (R/. cf. 5a); 1Jo 3,1-2.21-24; Lc 2,41-52
COMENTÁRIOS DO EVANGELHO
1. Na Esperança dos Pobres, Deus mesmo está presente
Há algo que passa quase despercebido nessa liturgia, a primeira leitura faz uma referência á pequenina Belém, de onde surgirá o Messias, na profecia de Miquéias. O texto não exalta o grande Rei Davi com sua força e seu grande poder durante o seu reinado, mas foca em primeiro lugar aquilo que ele era em Belém, antes de ser ungido: um simples Pastor, o versículo 3 confirma isso quando afirma que “Ele não recuará, apascentará com a Força do Senhor...em um segundo momento diz também...com a majestade de do nome do Senhor.Mas a ação primeira mencionada pelo Profeta é o verbo apascentar...
Era essa a verdadeira função de um Rei, apascentar seu povo, conduzi-lo, dar-lhe toda segurança, guiá-lo por caminhos e situações seguras, e defendê-lo diante dos perigos. No último parágrafo da primeira leitura, o profeta fala que ele, o Messias, estenderá o seu poder até os confins da terra e ele mesmo será a Paz.Aqui a palavra Poder, não é aquele que manda e domina (desses o nosso povo já está por aqui), mas sim a possibilidade de fazer o bem ao seu povo.
É nessa mesma linha de Davi que virá o Messias, o Rei Davi andou exagerando ao ocupar o trono, andou metendo os pés pelas mãos, esquecendo-se da função primeira de um Rei, que era a de proteger e defender o seu povo, igual nossos governantes de hoje...
Isabel olha para Maria, e iluminada pelo Espírito Santo percebe nela a presença desse Rei Messias, que como Davi tinha origem humilde em Belém, alguém de origem Divina, que iria atender todos os anseios de Vida e Liberdade do seu povo.Está agora explicado por que João Batista deu uma pirueta no ventre de Isabel, ali estava o Resgatador, o Redentor, o Libertador, o Deus dos pobres e pequenos, presente na Esperança e na Fé de Maria Santíssima. A Saudação inicial de Maria é uma bela oração e se resume no desejo a Isabel do “Shalon da Paz”.
Na celebração, quando saudamos os irmãos e irmãs, não se trata de um mero cumprimento aos mais amigos e conhecidos, mas de uma invocação, para que o Cristo da Paz esteja habitando o mais profundo do outro, e quando isso de fato ocorre, a saudação nos alegra e ajuda a aumentar o sonho e a esperança do Reino que Jesus semeou... Lembrando sempre que o lugar preferido de Deus, manifestado em Jesus, é no coração e na vida dos mais simples e pobres, como Davi, Pastor de Belém, e como Maria, aquela que se fez Serva de Deus e do seu povo...
2. Narrativas da infância de Jesus
As primeiras comunidades de discípulos de Jesus guardavam vivas as memórias tanto do próprio Jesus como de João Batista, pelo qual Jesus foi batizado, transmitidas por aqueles que com eles conviveram ao longo de seus ministérios. Estas memórias, coletadas pelos evangelistas, deram origem às narrativas relativas a este ministério. Mateus e Lucas, de maneira exclusiva, incluem em seus evangelhos as "narrativas de infância" de Jesus. Nestas "narrativas de infância" parece predominar, sobre o seu aspecto histórico, a interpretação teológica sobre a pessoa de Jesus. Este caráter teológico se evidencia nas diferentes abordagens dos dois evangelistas, Mateus e Lucas. Enquanto Mateus centraliza sua narrativa na pessoa de José e na sua genealogia abraâmica, Lucas coloca em foco a pessoa de Maria e articula o nascimento de Jesus com o Templo de Jerusalém. Lucas também tem como característica pessoal apresentar o paralelismo entre João Batista e Jesus desde as narrativas da concepção de João Batista no ventre de Isabel e a de Jesus no ventre de Maria. 

Jesus, tendo começado seu ministério como discípulo de João Batista, passou, depois, a agir com autonomia e, com seu anúncio revestido da autoridade divina, sobrepujou a figura de João. Contudo, muitos discípulos de João Batista, após sua morte, ficaram à parte do movimento de Jesus, fiéis à figura de João. Assim, tardiamente, as memórias dos dois, feitas pelas comunidades cristãs, foram marcadas pela insistente afirmação da precedência de Jesus sobre João, e os evangelistas, quando tratam do relacionando entre João Batista e Jesus, o fazem em uma perspectiva teológica no sentido de afirmar a subordinação de João a Jesus. Assim, pretendiam atrair para o movimento de Jesus os remanescentes discípulos de João Batista. Neste sentido temos, por exemplo, a declaração atribuída a João afirmando sua submissão a Jesus: "Depois de mim, vem aquele que é mais forte do que eu, do qual não sou digno de, abaixando-me, desatar a correia das sandálias" (Mc 1,7; Lc 3,16; cf. Mt 3,11).
Na narrativa da visitação de Maria a Isabel, esta precedência de Jesus se manifesta na afirmação de que o menino João pulou de alegria no ventre de Isabel, quando a saudação de Maria, portando Jesus, chegou aos ouvidos de Isabel. Em seguida, Isabel afirma: "Como mereço que a mãe do meu Senhor venha me visitar?", e conclui exaltando Maria como sendo bem-aventurada em sua fé.
Maria, em sua maternidade, é bem-aventurada por ter acreditado em tudo o que foi dito da parte do Senhor, e que será realizado. Ao consentimento de Maria, "faça-se em mim segundo a tua palavra", seguir-se-á, depois, o "eis que eu vim, ó Deus, para fazer a tua vontade", como palavras de Jesus, com o título de Cristo, conforme a carta aos Hebreus (segunda leitura). Jesus faz a vontade do Pai, não como um sacrifício, mas, sim, pelo convívio amoroso e misericordioso que comunica a santidade e a vida divina a todos. A antiga religião baseada em vítimas e oferendas, holocaustos e sacrifícios pelo pecado, não é do agrado de Deus. 

O evangelho de Lucas, acompanhando o evangelho de Mateus, narrará o nascimento do menino Jesus em Belém de Judá, como sendo o cumprimento da profecia de Miqueias (primeira leitura). Por aquela que aceita conceber o Filho de Deus, nascerá aquele que traz a paz.
Oração
Pai, a exemplo de Isabel, anseio conhecer a verdadeira identidade de Maria que, na sua humildade, tornou-se o ser humano abençoado por excelência.
3. EIS A SERVA DO SENHOR
Maria ocupou um lugar de destaque no advento da salvação, aceitando acolher a proposta de Deus de assumir a maternidade do Messias Jesus. A escolha de Maria não se explica, no plano humano. Era uma jovem, já prometida em casamento a um descendente da casa de Davi. Não pertencia a nenhuma família nobre e rica, e habitava numa cidade escondida e mal-afamada. Não passava por sua mente ligar-se, de algum modo, ao Messias. Humanamente falando, ela não possuía os requisitos necessários para ser mãe do Salvador.
O diálogo de Maria com o anjo revelou a imagem que ela fazia de si mesma, bem como o que Deus pensava a respeito dela. Da parte de Deus, era considerada repleta de graça, amada por ele, bendita entre todas as mulheres. Em outras palavras, possuidora dos requisitos necessários para ser colaboradora de seu plano de salvação. Este requeria alguém totalmente disponível para Deus, despojado de si mesmo e dos próprios interesses, e disposto a assumir uma missão superior a tudo que se possa imaginar.
Maria, por sua vez, tinha consciência de suas limitações. Não podia imaginar que Deus a tivesse em tão alta conta. Não conseguia conciliar a concepção do Messias com o fato de não ter conhecido homem algum. Estava longe de compreender o que significa conceber por obra do Espírito Santo. Contudo, como se sabia serva, não receou aceitar cegamente o projeto de Deus.
Oração
Senhor Jesus, que eu me deixe modelar pelo exemplo de Maria, a serva humilde que se fez capaz de assumir, com total disponibilidade, o projeto de Deus.


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