Liturgia da Segunda Feira — 10.09.2012
XXIII
SEMANA DO TEMPO COMUM
(VERDE – OFÍCIO DO DIA)
Antífona da entrada: Vós sois justo, Senhor, e justa é a vossa sentença;
tratai o vosso servo segundo a vossa misericórdia (Sl 118,137.124).
Leitura (1 Coríntios
5,1-8)
Leitura da primeira carta de são Paulo aos Coríntios.
5 1 Ouve-se dizer constantemente
que se comete, em vosso meio, a luxúria, e uma luxúria tão grave que não se
costuma encontrar nem mesmo entre os pagãos: há entre vós quem vive com a
mulher de seu pai!...
2 E continuais cheios de orgulho, em vez de manifestardes tristeza, para que
seja tirado dentre vós o que cometeu tal ação!
3 Pois eu, em verdade, ainda que distante corporalmente, mas presente em
espírito, já julguei, como se estivesse presente, aquele que assim se
comportou.
4 Em nome do Senhor Jesus -, reunidos vós e o meu espírito, com o poder de
nosso Senhor Jesus -,
5 seja esse homem entregue a Satanás, para mortificação do seu corpo, a fim
de que a sua alma seja salva no dia do Senhor Jesus.
6 Não é nada belo o motivo da vossa jactância! Não sabeis que um pouco de
fermento leveda a massa toda?
7 Purificai-vos do velho fermento, para que sejais massa nova, porque sois
pães ázimos, porquanto Cristo, nossa Páscoa, foi imolado.
8 Celebremos, pois, a festa, não com o fermento velho nem com o fermento da
malícia e da corrupção, mas com os pães não fermentados de pureza e de
verdade.
Salmo responsorial 5
Na vossa justiça guiai-me,
Senhor!
Não sois um Deus a quem agrade a
iniqüidade,
não pode o mau morar convosco;
nem os ímpios poderão permanecer
perante os vossos olhos.
Detestais o que pratica a
iniqüidade
e destruís o mentiroso.
Ó Senhor, abominais o sanguinário,
o perverso e enganador.
Mas exulte de alegria todo
aquele
que em vós se refugia;
sob a vossa proteção se regozijem
os que amam vosso nome!
Aclamação do Evangelho
Aleluia, aleluia, aleluia.
Minhas ovelhas escutam minha voz e eu as conheço e elas me seguem (Jo 10,27).
Evangelho (Lucas 6,6-11)
6 6 Em outro dia de sábado,
Jesus entrou na sinagoga e ensinava. Achava-se ali um homem que tinha a mão
direita seca.
7 Ora, os escribas e os fariseus observavam Jesus para ver se ele curaria no
dia de sábado. Eles teriam então pretexto para acusá-lo.
8 Mas Jesus conhecia os pensamentos deles e disse ao homem que tinha a mão
seca: "Levanta-te e põe-te em pé, aqui no meio". Ele se levantou e
ficou em pé.
9 Disse-lhes Jesus: "Pergunto-vos se no sábado é permitido fazer o bem
ou o mal; salvar a vida, ou deixá-la perecer".
10 E relanceando os olhos sobre todos, disse ao homem: "Estende tua
mão". Ele a estendeu, e foi-lhe restabelecida a mão.
11 Mas eles encheram-se de furor e indagavam uns aos outros o que fariam a
Jesus.
COMENTÁRIOS DO
EVANGELHO
1. Para se fazer o Bem,
não há dia nem hora...
No Preceito Sabático o Judeu
fazia memória da ação libertadora que Deus havia realizado a favor do povo,
através de Moisés. O que está, portanto no centro dessa ação Divina, é
justamente a Vida enquanto dom Divino, e que tem a sua Dignidade. Jesus é o
Libertador por Excelência, e a libertação por ele oferecida abrange todo
homem. Nenhuma Lei ou norma, mesmo de caráter religioso, deverá impedir
qualquer ação a favor da Vida.
Os escribas e Fariseus,
obcecados pela idéia de condenar Jesus, só conseguem olhar o aspecto legal do
Preceito Sabático, sem darem a mínima para o seu conteúdo e significado. Se
de fato tivessem a consciência do ato libertador de Deus, o teriam
reconhecido em Jesus, e longe de censurá-lo pela quebra da lei sabática,
louvariam a Deus pela cura, sinal visível da ação libertadora de Deus a favor
do homem.
Para nós cristãos, o Dia do Senhor é o domingo, que invadido pelo espírito
consumista, vai perdendo totalmente o seu sentido, mesmo entre os cristãos,
pois outros deuses são glorificados, os grandes shoppings e Magazines,
tornam-se templos de luxo e de consumismo,
No futebol ou nos programas de
auditórios, muitos ídolos recebem as honras e tributos dos seus fãs, e Jesus
Cristo, nosso Deus e Salvador, que espaço tem ele em nosso domingo? Será que
não nos tornamos também ritualistas, de uma celebração formal, onde muitas
vezes não passamos de meros assistentes?
Ao curar o homem de mão seca, e
o colocá-lo no centro da assembléia, Jesus está nos ensinando que na
comunidade a nossa comunhão tem que ter como referência central a Vida do
outro, pois só assim a comunhão com Deus será completa. As pessoas são mais
importantes do que qualquer norma ou regra...
2. A face do Deus de Amor
Nesta cena de cura do homem da
mão seca, Jesus toma a iniciativa provocadora mostrando que o serviço à vida
não pode ser barrado por prescrições legais, religiosas ou não. Com sua
compaixão para com os excluídos, em uma prática que entra em choque com o
sistema legal do Templo, Jesus revela a face do Deus de amor e desmonta o
edifício ideológico da Lei. Uma religião de rígidos preceitos se presta ao
favorecimento dos privilégios e do poder daqueles que a lideram. Uma religião
deste tipo teme a liberdade. A concentração de poder leva à morte.
Hoje, em um mundo em que as
maiores potências acumulam poder econômico e militar, em alguns casos com
respaldo religioso, se coloca a esperança em uma ética mundial para salvar a
humanidade do caos e da destruição. Qualquer ética, seja religiosa ou
secular, terá como fundamentos o compromisso com a justiça e a fraternidade,
levando a ações práticas de promoção da vida para todos.
Oração
com a justiça e a fraternidade, levando a ações práticas de promoção da vida
para todos.
3. FAZER O BEM É SEMPRE
PERMITIDO
A mão direita simbolizava, nas
culturas antigas, o poder de fazer o bem; a mão esquerda, pelo contrário, o
poder de fazer o mal. Ter a mão direita seca era uma experiência terrível.
Significava que o indivíduo estava impossibilitado de realizar o bem. Só
podendo agir com a mão esquerda, as obras de suas mãos não eram bem vistas.
Por isso, quando Jesus se
defrontou, na sinagoga, com um homem cuja mão direita estava seca,
antecipou-se e se propôs a curá-lo antes que lhe fosse feito o pedido. Assim
como conhecia o pensamento de seus adversários, Jesus conhecia também o drama
pessoal daquele homem. Sem dúvida, sua limitação física era humilhante e o
identificava como portador de maus augúrios. É bem possível que as pessoas o
evitassem.
Embora fosse sábado, Jesus
sentiu-se na obrigação de curar aquele homem. E o fez, contrariando os
mestres da Lei e os fariseus, para os quais o repouso sabático era uma
exigência absoluta. Jesus não pensava assim. Quando se tratava de fazer o
bem, não se importava com nada, nem mesmo com o fato de violar a lei do
sábado. O amor era a exigência absoluta de sua vida, não as tradições
religiosas. Este princípio de vida norteava sua ação, mesmo sabendo que se
tornaria objeto do ódio de seus adversários.
Oração
Senhor Jesus, não permitas que eu deixe de fazer o bem, por estar apegado a
costumes e a preconceitos que não correspondem à tua vontade.
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XXIII
SEMANA DO TEMPO COMUM
(VERDE – OFÍCIO DO DIA)
Antífona da entrada: Vós sois justo, Senhor, e justa é a vossa sentença;
tratai o vosso servo segundo a vossa misericórdia (Sl 11,137.124).
Oração do dia
Ó Deus, Pai de bondade, que nos redimistes e adotastes como filhos e filhas,
concedei aos que crêem em Cristo a verdadeira liberdade e a herança eterna.
Por Nosso Senhor Jesus Cristo, Vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.
Leitura (1 Coríntios
6,1-11)
Leitura da primeira carta de são Paulo aos Coríntios.
6 1 Quando algum de vós tem
litígio contra outro, como é que se atreve a pedir justiça perante os
injustos, em vez de recorrer aos (irmãos) santos?
2 Não sabeis que os santos julgarão o mundo? E, se o mundo há de ser julgado
por vós, seríeis indignos de julgar os processos de mínima importância?
3 Não sabeis que julgaremos os anjos? Quanto mais as pequenas questões desta
vida!
4 No entanto, quando tendes contendas desse gênero, escolheis para juízes
pessoas cuja opinião é tida em nada pela Igreja.
5 Digo-o para confusão vossa. Será possível que não há entre vós um homem
sábio, nem um sequer que possa julgar entre seus irmãos?
6 Mas um irmão litiga com outro irmão, e isso diante de infiéis!
7 Na verdade, já é um mal para vós o fato de terdes processos uns contra os
outros. Por que não preferis sofrer injustiça? Por que não preferis ser
espoliados?
8 Não! Vós é que fazeis injustiça, vós é que espoliais - e isso entre irmãos!
9 Acaso não sabeis que os injustos não hão de possuir o Reino de Deus? Não
vos enganeis: nem os impuros, nem os idólatras, nem os adúlteros, nem os
efeminados, nem os devassos,
10 nem os ladrões, nem os avarentos, nem os bêbados, nem os difamadores, nem
os assaltantes hão de possuir o Reino de Deus.
11 Ao menos alguns de vós têm sido isso. Mas fostes lavados, mas fostes
santificados, mas fostes justificados, em nome do Senhor Jesus Cristo e pelo
Espírito de nosso Deus.
Salmo responsorial 149
O Senhor ama seu povo de
verdade.
Cantai ao Senhor Deus um canto
novo,
e o seu louvor na assembleia dos fiéis!
Alegre-se Israel em quem o fez,
e Sião se rejubile no seu rei!
Com danças glorifiquem o seu
nome,
toquem harpa e tambor em sua honra!
Porque, de fato, o Senhor ama seu povo
e coroa com vitória os seus humildes.
Exultem os fiéis por sua glória
e, cantando, se levantem de seus leitos,
com louvores do Senhor em sua boca.
Eis a glória para todos os seus santos.
Aclamação do Evangelho
Aleluia, aleluia, aleluia.
Eu vos escolhi a fim de que deis, no meio do mundo, um fruto que dure.
Evangelho (Lucas 6,12-19)
6 12 Naqueles dias, Jesus
retirou-se a uma montanha para rezar, e passou aí toda a noite orando a Deus.
13 Ao amanhecer, chamou os seus discípulos e escolheu doze dentre eles que
chamou de apóstolos:
14 Simão, a quem deu o sobrenome de Pedro; André, seu irmão; Tiago, João,
Filipe, Bartolomeu,
15 Mateus, Tomé, Tiago, filho de Alfeu; Simão, chamado Zelador;
16 Judas, irmão de Tiago; e Judas Iscariotes, aquele que foi o traidor.
17 Descendo com eles, parou numa planície. Aí se achava um grande número de
seus discípulos e uma grande multidão de pessoas vindas da Judéia, de
Jerusalém, da região marítima, de Tiro e Sidônia, que tinham vindo para
ouvi-lo e ser curadas das suas enfermidades.
18 E os que eram atormentados dos espíritos imundos ficavam livres.
19 Todo o povo procurava tocá-lo, pois saía dele uma força que os curava a
todos.
COMENTÁRIOS DO EVANGELHO
1. A alegria de ser convocado...
Nos meus tempos de menino, como
todo garoto tínhamos um campinho de futebol no final da rua, onde travávamos
verdadeiras batalhas campais correndo atrás de uma bola. Eu gostava de atuar
de goleiro, posição não tão disputada e então sempre tinha um lugar garantido
quando íamos iniciar a partida e dois escolhiam os times. Mas com o tempo
surgiu outro goleiro e daí na hora da escolha eu ficava com o coração na mão,
não sabendo se seria escolhido ou não.
Neste evangelho Jesus convoca o
time que terá a missão de evangelizar e a seleção é feita entre os seus
discípulos, ganhando os escolhidos o nome de apóstolos. Judas Iscariotes
estava entre os escolhidos, porque Jesus não chama só os bons, mas sim os que
querem comprometer-se com o seu projeto da construção do novo reino. Todo
homem chamado por Deus para viver a vocação do amor, esse chamado é natural e
está no próprio dom da vida, entretanto, alguns, o Senhor escolhe para serem
os seus colaboradores, estes têm uma responsabilidade maior, os cristãos
batizados são assim convocados para serem os anunciadores desse Reino Novo, é
preciso vestir a camisa, ir a campo para o combate.
Aos escolhidos Deus dá uma força
que não vem do humano mas do Divino, antes da escolha, Jesus estava em
oração, isso significa dizer que aquela mesma força libertadora, que saia de
Jesus e aliviava as pessoas de seus males, está também presente em cada
discípulo.
Vivemos em uma sociedade marcada
por uma multidão de pessoas que não são livres, a alienação de certas
ideologias vem contaminando o coração de muitos, e nesse caso, o anúncio
cristão de Jesus e seu evangelho, é a única saída para tantas opressões.
Entretanto, essa ação libertadora por excelência, depende de nós...
2. A oração ilumina a ação missionária
A tradição das comunidades
cristãs oriundas do judaísmo guardava uma lista de doze nomes aos quais se
atribuía a liderança da Igreja. Os evangelistas sinóticos inserem esta lista
em seus textos. Lucas apresenta a escolha dos doze após uma noite de oração
de Jesus. É característico de Lucas, devoto da oração de Jesus, o empenho em
registrar estes momentos de intimidade entre Jesus e o Pai, ao longo de seu
ministério. A oração ilumina e fortalece a ação missionária.
Após a noite de oração na
montanha é necessário descer para ir ao encontro das multidões que anseiam
por Jesus, em busca de libertação e vida. Eles vêm da Judeia e das regiões
gentílicas vizinhas da Galileia. Jesus os acolhe, sem discriminações. Com
suas palavras e sua prática, Jesus eleva os abatidos.
Oração
Pai, transforma-me em apóstolo de teu Filho Jesus para que, movido pelo
Espírito, eu possa ser sinal da presença dele neste mundo tão carente de
salvação.
3. UMA ESCOLHA
FEITA COM DISCERNIMENTO
A escolha dos doze Apóstolos
deu-se num processo de oração e de discernimento. Tratava-se de um ato
importante no contexto da missão de Jesus. Ele não podia ser movido por
critérios que não fossem aqueles do Reino. Teria incorrido em erro se
escolhesse somente quem lhe era simpático, quem fosse rico ou de família
nobre ou, então, quem lhe pudesse oferecer ajuda financeira.
Só a obediência ao Pai, depois
de uma noite passada em oração, explica por que Jesus escolheu um punhado de
pessoas humanamente tão pouco qualificadas. E mais: gente que haveria de
traí-lo, abandoná-lo, renegá-lo. Entretanto, foi assim que se manifestou a
sabedoria divina. A consolidação do Reino, na história humana, haveria de ser
obra de Deus. A precariedade de dotes nas pessoas escolhidas para serem
instrumento de sua ação demonstrou-o muito bem.
Embora humanamente cheios de
limitações, os doze Apóstolos receberam a missão de levar adiante a missão
iniciada por Jesus, o enviado do Pai. A ação deles revelou-se grandiosa,
porque souberam confiar plenamente em Deus e deixar-se guiar por ele.
O tempo demonstrou o acerto de
Jesus na escolha dos doze. Excetuando Judas Iscariotes, que não soube confiar
no perdão misericordioso de Jesus, todos os demais apóstolos assumiram com um
ardor incrível sua missão de servidores do Reino.
Oração
Senhor Jesus, apesar de minhas fraquezas e limitações, conta também comigo
para ser servidor do teu Reino.
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XXIII
SEMANA DO TEMPO COMUM *
(VERDE – OFÍCIO DO DIA)
Antífona da entrada: Vós sois justo, Senhor, e justa é a vossa sentença;
tratai o vosso servo segundo a vossa misericórdia (Sl 118,137.124).
Leitura (1 Coríntios
7,25-31)
Leitura da Primeira Carta de São Paulo aos Coríntios.
7 25 A respeito das pessoas
virgens, não tenho mandamento do Senhor; porém, dou o meu conselho, como
homem que recebeu da misericórdia do Senhor a graça de ser digno de
confiança.
26 Julgo, pois, em razão das dificuldades presentes, ser conveniente ao homem
ficar assim como é.
27 Estás casado? Não procures desligar-te. Não estás casado? Não procures
mulher.
28 Mas, se queres casar-te, não pecas; assim como a jovem que se casa não
peca. Todavia, padecerão a tribulação da carne; e eu quisera poupar-vos.
29 Mas eis o que vos digo, irmãos: o tempo é breve. O que importa é que os
que têm mulher vivam como se a não tivessem;
30 os que choram, como se não chorassem; os que se alegram, como se não se
alegrassem; os que compram, como se não possuíssem;
31 os que usam deste mundo, como se dele não usassem. Porque a figura deste
mundo passa.
Salmo responsorial 44/45
Escutai, minha filha, olhai,
ouvi isto!
Escutai, minha filha, olhai,
ouvi isto:
"Esquecei vosso povo e a casa paterna!
Que o rei se encante com vossa beleza!
Prestai-lhe homenagem: é vosso Senhor!
Majestosa, a princesa real vem
chegando,
Vestida de ricos brocados de ouro.
Em vestes vistosas ao rei se dirige,
E as virgens amigas lhe formam cortejo.
Entre cantos de festa e com
grande alegria,
Ingressam, então, no palácio real".
Deixareis vossos pais, mas tereis muitos filhos;
Fareis deles os reis soberanos da terra.
Aclamação do Evangelho
Aleluia, aleluia, aleluia.
Meus discípulos, alegrai-vos, exultai de alegria, pois grande é a recompensa
que nos céus tereis um dia! (Lc 6,23).
Evangelho (Lucas 6,20-26)
Naquele tempo, 6 20 então
Jesus ergueu os olhos para os seus discípulos e disse: "Bem-aventurados
vós que sois pobres, porque vosso é o Reino de Deus!
21 Bem-aventurados vós que agora tendes fome, porque sereis fartos!
Bem-aventurados vós que agora chorais, porque vos alegrareis!
22 Bem-aventurados sereis quando os homens vos odiarem, vos expulsarem, vos
ultrajarem, e quando repelirem o vosso nome como infame por causa do Filho do
Homem!
23 Alegrai-vos naquele dia e exultai, porque grande é o vosso galardão no
céu. Era assim que os pais deles tratavam os profetas.
24 Mas ai de vós, ricos, porque tendes a vossa consolação!
25 Ai de vós, que estais fartos, porque vireis a ter fome! Ai de vós, que
agora rides, porque gemereis e chorareis!
26 Ai de vós, quando vos louvarem os homens, porque assim faziam os pais
deles aos falsos profetas!"
COMENTÁRIOS DO EVANGELHO
1. Os Bem Aventurados
Quem é rico e quem é pobre
diante de Deus? Certamente que essa pobreza e essa riqueza citada no
evangelho., não é a simples posse ou não, de bens materiais. O que Lucas
coloca como eixo temático desse evangelho é a nossa relação com Deus e a
nossa relação com os bens materiais. Em nossas comunidades há pobres
egoistas, mas há também ricos generosos. Se alguém é pobre no sentido
material, mas se apega egoísticamente ao pouco que tem, nesse evangelho ele é
considerado rico.
Que Deus está acima de qualquer
riqueza, disso não deve haver a menor dúvida para nós cristãos, mas há um
porém, a nossa conduta e o nosso procedimento, muitas vêzes não condiz com
essa verdade na qual cremos. Isso porque, o capitalismo nos apresenta outra
verdade, só é feliz quem TEM patrimônio e uma gorda conta bancária. A riqueza
está sempre de mãos dadas com o Poder, o prestígio e o sucesso, e nessa
condição de todo poderoso, o homem começa a sentir coceira de poder fazer
tudo e o que quiser, ocupando então o lugar que é de Deus, é esse o grande
problema pois diante de Deus, seremos eternamente necessitados e dependentes,
sejamos ricos ou pobres no sentido material, pois a posse de bens materiais
cria no coração e na mente do homem a ilusão de um Poder que vai além....É
por isso que o Ser humano comete tantas atrocidades, porque acha que tudo
pode.
Os Bem Aventurados citados por
Jesus são os que souberam fazer a escolha certa, anseiam por um mundo melhor
onde o Homem possa ser feliz por aquilo que ele é, não pelo que tem. ser
pobre nesse sentido é colocar somente em Deus toda confiança, haverá fome e
choro, porque o Reino desejado no fundo da alma ainda está em gestação, já
chegou com Jesus, mas terá que ser construído no dia a dia.
Os Bem Aventurados devem sempre
estar preparados para o confronto, pois tudo o que contraria a Felicidade
terrena, ditada pela Pós-Modernidade, será repelido, rejeitado e até
perseguido. Ser discípulo é navegar continuamente contra a correnteza... O
prazer e a alegria será muito maior...
2. As bem-aventuranças
Lucas, como Mateus, apresenta
Jesus proclamando as bem-aventuranças na fase inicial do seu ministério, na
Galileia, seguindo-se uma série de sentenças instrutivas sobre as práticas
essenciais do Reino, a serem assumidas pelos discípulos.
As bem-aventuranças são um
estado particular de felicidade decorrente da comunhão com Deus, que por elas
se alcança. Jesus revela que Deus vem ao encontro daqueles que são pobres,
que passam fome, que estão chorando e que são vítimas das perseguições dos
poderosos que rejeitam a libertação e a vida que Jesus veio comunicar a
todos.
Às quatro bem-aventuranças se
contrapõe a advertência dos quatro "ais" dirigidos aos ambiciosos
da riqueza, que na acumulação e no luxo espoliam os pobres. Estes estão convidados
a aderir às bem-aventuranças, à solidariedade e à partilha, características
do mundo novo possível.
Oração
Pai, faze-me solidário com os mais pobres deste mundo, e ensina-me a
partilhar, de modo que chegue até eles a esperança e a alegria que Jesus veio
nos trazer.
3. BEM-AVENTURANÇAS
E MALDIÇÕES
A postura diante de Deus e de seu
Reino gerava um nítido contraste mesmo entre os discípulos de Jesus. De um
lado, estavam os declarados bem-aventurados. Do outro, os que se tornaram
objeto de maldição. Os primeiros eram os que viviam na pobreza, padeciam fome
e choravam e eram odiados por causa de Jesus. Sua opção pelo Reino não lhes
permitia pactuar com a maldade do mundo, nem os deixava cair na tentação de
serem aliciados por suas falsas promessas de riqueza e bem-estar. Sua
recompensa só podia vir do Pai. Assim, era possível rejubilar e saltar de
alegria, mesmo padecendo privações.
No polo oposto, estavam os que
não contavam efetivamente com Deus e julgavam poder construir sua salvação
com as próprias mãos. Confiavam na riqueza e viviam na fartura. Sua vida era
feita de alegrias efêmeras. Cuidavam de ser louvados e bem-vistos por todos.
Este projeto de vida, a longo prazo, se mostraria inconsistente e seu
resultado, desolador. A riqueza transformar-se-ia em privação, a fartura em
fome, a alegria em luto e pranto, a fama em opróbrio. Trata-se,
portanto, de um projeto de vida do qual o discípulo deve precaver-se.
Tanto as bem-aventuranças quanto
as maldições referem-se aos discípulos de Jesus. Ou seja, o seguimento do
Mestre nem sempre os levava a comungarem efetivamente com o projeto de Jesus.
As palavras dele, pois, funcionavam como um forte alerta.
Oração
Senhor Jesus, faze-me sempre trilhar o caminho das bem-aventuranças,
colocando toda minha vida e minha esperança nas mãos do Pai.
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Liturgia da
Quinta-Feira
SÃO
JOÃO CRISÓSTOMO - BISPO E DOUTOR
(BRANCO, PREFÁCIO COMUM
OU DOS PASTORES – OFÍCIO DA MEMÓRIA)
Antífona da entrada: Velarei sobre as minhas ovelhas, diz o Senhor; chamarei
um pastor que as conduza e serei o seu Deus (Ez 34,11.23s).
Leitura (1 Coríntios
8,1-7.11-13)
Leitura da Primeira Carta de São Paulo aos Coríntios.
8 1 Quanto às carnes oferecidas
aos ídolos, somos esclarecidos, possuímos todos a ciência. Porém, a ciência
incha, a caridade constrói.
2 Se alguém pensa que sabe alguma coisa, ainda não conhece nada como convém
conhecer.
3 Mas, se alguém ama a Deus, esse é conhecido por ele.
4 Assim, pois, quanto ao comer das carnes imoladas aos ídolos, sabemos que
não existem realmente ídolos no mundo e que não há outro Deus, senão um só.
5 Pretende-se, é verdade, que existam outros deuses, quer no céu quer na
terra (e há um bom número desses deuses e senhores).
6 Mas, para nós, há um só Deus, o Pai, do qual procedem todas as coisas e
para o qual existimos, e um só Senhor, Jesus Cristo, por quem todas as coisas
existem e nós também.
7 Todavia, nem todos têm esse conhecimento. Alguns, habituados ao modo antigo
de considerar o ídolo, comem a carne como sacrificada ao ídolo; e sua
consciência, por ser débil, se mancha.
11 E assim por tua ciência vai se perder quem é fraco, um irmão, pelo qual
Cristo morreu!
12 Assim, pecando vós contra os irmãos e ferindo sua débil consciência,
pecais contra Cristo.
13 Pelo que, se a comida serve de ocasião de queda a meu irmão, jamais
comerei carne, a fim de que eu não me torne ocasião de queda para o meu
irmão.
Salmo responsorial
138/139
Conduzi-me no caminho para a
vida, ó Senhor!
Senhor, vós me sondais e
conheceis,
sabeis quando me sento ou me levanto;
de longe penetrais meus pensamentos,
percebeis quando me deito e quando eu ando,
os meus caminhos são todos conhecidos.
Fostes vós que me formastes as
entranhas
e, no seio de minha mãe, vós me tecestes.
Eu vos louvo e vos dou graças, ó Senhor,
porque de modo admirável me formastes!
Que prodígio e maravilha as vossas obras!
Senhor, sondai-me, conhecei meu
coração,
examinai-me e provai meus pensamentos!
Vede bem se não estou no mau caminho
e conduzi-me no caminho para a vida!
Aclamação do Evangelho
Aleluia, aleluia, aleluia.
Se nós nos amamos, irmãos, Deus vive unido conosco e, em nós, seu amor fica
pleno! (1Jo 4,12).
EVANGELHO (Lucas 6,27-38)
Naquele tempo, 6 27 falou
Jesus aos seus discípulos: "Digo-vos a vós que me ouvis: amai os vossos
inimigos, fazei bem aos que vos odeiam,
28 abençoai os que vos maldizem e orai pelos que vos injuriam.
29 Ao que te ferir numa face, oferece-lhe também a outra. E ao que te tirar a
capa, não impeças de levar também a túnica.
30 Dá a todo o que te pedir; e ao que tomar o que é teu, não lho reclames.
31 O que quereis que os homens vos façam, fazei-o também a eles.
32 Se amais os que vos amam, que recompensa mereceis? Também os pecadores
amam aqueles que os amam.
33 E se fazeis bem aos que vos fazem bem, que recompensa mereceis? Pois o
mesmo fazem também os pecadores.
34 Se emprestais àqueles de quem esperais receber, que recompensa mereceis?
Também os pecadores emprestam aos pecadores, para receberem outro tanto.
35 Pelo contrário, amai os vossos inimigos, fazei bem e emprestai, sem daí
esperar nada. E grande será a vossa recompensa e sereis filhos do Altíssimo,
porque ele é bom para com os ingratos e maus.
36 Sede misericordiosos, como também vosso Pai é misericordioso.
37 Não julgueis, e não sereis julgados; não condeneis, e não sereis
condenados; perdoai, e sereis perdoados;
38 dai, e dar-se-vos-á. Colocar-vos-ão no regaço medida boa, cheia, recalcada
e transbordante, porque, com a mesma medida com que medirdes, sereis medidos
vós também".
COMENTÁRIOS DO EVANGELHO
1. AMAR OS INIMIGOS!
Este é um evangelho daqueles bem
desconcertantes, porque em tempo em que se cometem crimes horrendos que
chocam a opinião pública, praticados por bandidos cruéis, há no coração do
povo um sentimento de vingança. Um pouco pela própria natureza humana, que
diante de uma agressão pensa na vingança como forma de punir o agressor, mas
este sentimento é também calcado no coração das pessoas pela mídia
sensacionalista que mistura indignação, ódio e vingança, enfiando tudo goela
abaixo do povo que a toma como uma verdade absoluta sendo que a proposta é
sempre a mesma: eliminar a árvore, porém sem mexer em sua raiz, eliminar o
efeito sem se preocupar com a causa.
“Amai os vossos inimigos, fazei
o bem aos que vos odeiam, abençoai os que vos maldizem e orai pelos que vos
injuriam” Para muitos cristãos este evangelho é difícil de ser praticado e
então o empurram para baixo do tapete, como fazemos com aquela “sujeirinha”
inoportuna, quando não queremos fazer uma faxina pra valer em nossa casa.
Primeiramente é bom que se esclareça algo muito importante: Jesus não fez
esse ensinamento a toda multidão, mas apenas aos que o ouviam, isto é, aos
seus discípulos, os mesmos para os quais já havia dito no sermão da planície,
a frase revolucionária “Feliz os pobres porque deles é o Reino de Deus”.
Mas afinal de contas quem é o
nosso inimigo? É todo que nos faz ou nos deseja algum tipo de mal, de
pequenas ou de grandes proporções. A inimizade existe em todo lugar, escola,
trabalho, família, vizinhança, esporte, e até em lugar onde ela nunca deveria
existir: na comunidade, entre ministros, agentes pastorais, dirigentes,
coordenadores e obreiros. Diante desse evangelho, imediatamente pensamos nas
situações críticas da sociedade onde assistimos a confronto de classes,
chacinas, extermínios, atos de violência explícita no confronto entre nações.
Então um sentimento de impotência nos domina e achamos que nada há para se
fazer a não ser rezar.
Mas a coisa mais importante que
devemos fazer, de maneira bem prática, é olharmos mais perto, para o nosso
quotidiano onde nos relacionamos com as pessoas. Que sentimentos alimentamos
com nossos gestos, palavras e atitudes? A quem devemos ouvir e dar razão: ao
mundo que propõe a vingança e o extermínio de quem pratica o mal, ou ao
evangelho de Cristo, que nos ensina o amor, o perdão e a misericórdia?
Jesus não condena uma pessoa que
quer justiça e vingança contra alguém que lhe fez mal. Esta é uma reação
humana, perfeitamente compreensível e natural, de acordo até com um
ensinamento bíblico do Antigo Testamento, de que se deve fazer o bem a quem
nos faz o bem, e o mal a quem nos deseja o mal, é a lei do talião, olho por
olho e dente por dente, fato que acontece com o melhor e mais santo dos
cristãos. Somos homens desta terra, descendentes e Adão e irmão de Caim, que
cometeu o primeiro crime da história ao matar seu próprio irmão Abel por
ciúmes e inveja.
Porém, lembra-nos o apóstolo
Paulo na segunda leitura, o Espírito vivificante nos transformou em Homens
celestiais a partir da graça que Jesus nos concedeu, dom imerecido que nos
santifica e nos configura ao próprio Cristo, portanto capacitados para viver
na relação com o próximo, aquele único e verdadeiro amor com o qual Deus nos
ama em seu Filho
Jesus.
A proposta desse jeito novo de
se relacionar é apenas para os discípulos do Senhor que hoje são todos os que
crêem e são batizados, vivendo em comunidade com os irmãos e irmãs. É aí que
devemos trabalhar no sentido de superarmos na graça de Deus, qualquer
sentimento de ódio, mágoa ou vingança, contra alguém que nos fez o mal.
Da comunidade vamos para a
família e desta para o nosso ambiente de trabalho, é isso que Jesus pede de
nós nesse evangelho, pois somente nos exercitando no amor, na misericórdia e
no perdão, com as pessoas com quem convivemos, é que teremos a coragem de
anunciar o evangelho falando o contrário do que o mundo nos ensina.
Somente assim estaremos sendo
Filhos do Altíssimo, imagem e semelhança do Pai de Misericórdia que em Jesus
nos ama, jamais nos tratando segundo as nossas faltas. Na próxima quarta
feira terá início mais uma quaresma, tempo oportuno para reconhecermos que
somos imperfeitos, ainda uma imagem muito distorcida de Deus que é todo
perfeição e santidade. Dado este primeiro passo, a graça transbordante do
Senhor, em um processo dinâmico de conversão, nos configurará a Cristo,
imagem perfeita do Amor de Deus vivido com os irmãos.
2. Amor sem
julgamento e exclusões
Lucas reúne aqui uma série de
ditos de Jesus sobre a misericórdia. O amor misericordioso de Deus, revelado
em Jesus e comunicado a todos nós, é a grande novidade do Reino.
A sentença: "Assim como
desejais que os outros vos tratem, tratai-os do mesmo modo", conforme o
evangelho de Mateus, é o resumo da Lei e dos Profetas. Esta é uma máxima
universal, e veiculada no mundo helênico, no tempo de Jesus.
Com o imperativo: "Amai os
vossos inimigos", Jesus remove a figura do inimigo, dominante no
Primeiro Testamento. O Deus do amor e da paz é bondoso e misericordioso para
com todos, sem exclusões.
Oração
Pai, predispõe-me a amar meus inimigos e perseguidores. Só assim estarei
dando testemunho do amor que devotas a cada ser humano.
3. O PAI, MODELO DE
MISERICÓRDIA
O ensinamento de Jesus a
respeito do amor aos inimigos é o maior desafio para quem aceita tornar-se
seu discípulo. Este amor aos inimigos foi especificado de várias maneiras.
Responder o ódio com a prática do bem, a maldição com a bênção e a calúnia
com a oração são todas formas de amar os inimigos e, assim, quebrar a espiral
da violência. Oferecer a outra face a que o esbofeteou e dar a túnica a quem
lhe tirou o manto são também sinais deste amor. O discípulo, agindo assim,
reverte uma maneira esteriotipada de reagir, pela qual as pessoas tendem a
revidar o mal com o mal e a violência com violência. Só é capaz de agir assim
quem tem o coração repleto da misericórdia do Pai. Caso contrário, não terá
condições de realizar os gestos heróicos propostos por Jesus.
O modelo inspirador da ação
cristã é a misericórdia do Pai. Ele é igualmente bondoso para bons e maus. Se
ele respondesse às ofensas humanas, eliminando o pecador, boa parte da
humanidade deveria desaparecer. O Pai tem paciência com os ingratos e
malvados por nutrir a esperança de que se convertam para a misericórdia no
trato mútuo.
O mesmo se dá com o discípulo. A
capacidade de fazer frente à violência, com o amor, justifica-se pela
esperança de conquistar o malvado para o Reino. A atitude cristã pode fazer o
perverso abandonar seu caminho de violência e levá-lo a optar pelo caminho
indicado por Jesus.
Oração
Senhor Jesus, dá-me força e coragem para retribuir o ódio com o amor e,
assim, poder conquistar meus inimigos para o Reino.
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EXALTAÇÃO
DA SANTA CRUZ
(VERMELHO,
GLÓRIA, CREIO, PREFÁCIO PRÓPRIO – OFÍCIO DA FESTA)
Antífona da entrada: A cruz de nosso Senhor Jesus Cristo deve ser a nossa
glória: nele está nossa vida e ressurreição; foi ele que nos salvou e
libertou (Gl 6,14).
Leitura (Números 21,4-9)
Leitura do livro dos Números.
21 4 Partiram do monte Hor na
direção do mar Vermelho, para contornar a terra de Edom.
5 Mas o povo perdeu a coragem no caminho, e começou a murmurar contra Deus e
contra Moisés: "Por que, diziam eles, nos tirastes do Egito, para
morrermos no deserto onde não há pão nem água? Estamos enfastiados deste
miserável alimento."
6 Então o Senhor enviou contra o povo serpentes ardentes, que morderam e
mataram muitos.
7 O povo veio a Moisés e disse-lhe: "Pecamos, murmurando contra o Senhor
e contra ti. Roga ao Senhor que afaste de nós essas serpentes." Moisés
intercedeu pelo povo,
8 e o Senhor disse a Moisés: "Faze para ti uma serpente ardente e mete-a
sobre um poste. Todo o que for mordido, olhando para ela, será salvo."
9 Moisés fez, pois, uma serpente de bronze, e fixou-a sobre um poste. Se
alguém era mordido por uma serpente e olhava para a serpente de bronze,
conservava a vida.
Salmo responsorial 77/78
Das obras do Senhor, ó meu povo,
não te esqueças!
Escuta, ó meu povo, a minha lei,
ouve atento as palavras que eu te digo;
abrirei a minha boca em parábolas,
os mistérios do passado lembrarei.
Quando os feria, eles então o
procuravam,
convertiam-se correndo para ele;
recordavam que o Senhor é sua rocha
e que Deus, seu redentor, é o Deus altíssimo.
Mas apenas o honravam com seus
lábios
e mentiam ao Senhor com suas línguas;
seus corações enganadores eram falsos
e, infiéis, eles rompiam a aliança.
Mas o Senhor, sempre benigno e
compassivo,
não os matava e perdoava seu pecado;
quantas vezes dominou a sua ira
e não deu largas à vazão de seu furor.
Aclamação do Evangelho
Aleluia, aleluia, aleluia.
Nós vos adoramos, Senhor Jesus Cristo, e vos bendizemos, porque pela cruz
remistes o mundo!
EVANGELHO (João 3,13-17)
Naquele tempo, disse Jesus a
Nicodemos: 3 13 "Ninguém subiu ao céu senão aquele que desceu do céu, o
Filho do Homem que está no céu.
14 Como Moisés levantou a serpente no deserto, assim deve ser levantado o
Filho do Homem,
15 para que todo homem que nele crer tenha a vida eterna.
16 Com efeito, de tal modo Deus amou o mundo, que lhe deu seu Filho único,
para que todo o que nele crer não pereça, mas tenha a vida eterna.
17 Pois Deus não enviou o Filho ao mundo para condená-lo, mas para que o
mundo seja salvo por ele".
COMENTÁRIOS DO EVANGELHO
1. CRUZ: A VITÓRIA DO
AMOR!
Afirmar, antes do século IV, que
Jesus foi um vencedor na cruz do calvário, era passar-se por ridículo, fazer
zombaria com a desgraça e a tragédia que se abateu sobre o Nazareno. Na
própria comunidade cristã, o uso da cruz como símbolo cristão, só viria após
esse período. Falar de alguém que morreu numa cruz, ser seguidor de suas
idéias e ensinamentos, era empreender uma caminhada incerta que poderia
terminar em fracasso, pois antes da conversão do imperador Constantino, o
Cristianismo era considerado uma seita.
Há uma linha crescente no evento
Jesus de Nazaré, que começa com o seu batismo, prolongando-se nos grandes
prodígios que realizou inclusive a ressurreição de mortos, que atinge o seu
ápice quando o povo vê nele os sinais messiânicos aclamando-o como rei na
subida para Jerusalém, cuja entrada triunfal era a concretização do ideal de
libertação, sonhado e alimentado no coração do povo. Entretanto, esse evento
marcou na verdade o início de uma tragédia, que iria culminar com a morte
humilhante e vergonhosa na cruz do calvário.
A cruz foi assim, até o século
IV o símbolo do fracasso e da vergonha, porém, no evento pós- pascal, os
seguidores de Jesus, os discípulos e todos os que professavam nele a sua fé,
são convidados agora a olhar para o lenho da cruz com um olhar diferente,
iluminado pela glória da ressurreição.
Um olhar que transcende o
próprio objeto, enxergando no crucificado a concretização do projeto de Deus,
seria, portanto o ápice da glória do Filho do Homem, o momento da sua morte
na cruz, ilumina a existência humana dando-lhe um novo sentido e mostrando a
vocação do homem, criado a imagem e semelhança de Deus, à plenitude do amor.
Os que rejeitavam Jesus, sua
pessoa e seu anúncio revolucionário, ao ser levantada a cruz no alto do
Gólgota, enxergaram apenas um homem agonizante, um derrotado que o poder
Imperial e Religioso fez calar a boca, o poder religioso tinha boas razões
para querer acabar definitivamente com Jesus, ele ousara falar de uma
salvação que não passava pelos padrões religiosos do Povo de Israel, e isso
era imperdoável.
Entretanto, aquela cruz, sinal
de aparente fracasso, torna-se a maior e mais explícita declaração de amor de
Deus pela humanidade, e nesse caso, o homem olhando para o crucificado,
sentindo-se tocado em seu íntimo por um tão grande amor, reconhecerá em
Jesus, esmagado na cruz, a glória de um amor nunca antes conhecido por nenhum
homem, nesse sentido, deve-se olhar para a cruz com o coração.
Contrariando o princípio
imperialista da desigualdade social, que facilita a classe dominante, o
cristianismo se fundamenta na igualdade e justiça social, a partir da
liberdade. Nesse sentido o Deus dos Cristãos é o Deus Libertador, que assim
manifestou-se no fato histórico do Povo Hebreu no Êxodo do Egito, uma
prefiguração da libertação plena do mal do pecado, que Jesus, o novo Moisés
realizou.
Confiança e fidelidade na ação
Divina a favor do povo oprimido e explorado é o que as leituras desse domingo
nos pedem, os deuses de ontem e de hoje, apesar de muito sedutores, conduzem
o povo à morte, como as serpentes do deserto. Há um só Deus Criador,
Redentor, Libertador, que pode salvar o homem: é Jesus, o Filho de Deus,
encarnado na história do homem. A salvação e a libertação está disponível à
todo homem que crer nele.
Olhar para a cruz com um olhar
de esperança e fé, é um grande desafio, porque os olhos da carne vislumbram
apenas um homem derrotado, esmagado, destruído pelo poder do mal, mas o olhar
de fé sabe vislumbrar, além do fracasso a glória que envolveu Jesus, no
preciso momento em que o Pai foi glorificado, porque seu amor, presente no
mistério, oculto desde toda a eternidade, agora se torna visível, sendo
impossível não crer nesse amor, pois como afirma João – Deus é amor e somente
um amor grandioso como o de Jesus, foi capaz de tão grande sacrifício, a
favor dos homens, transformando o fracasso da cruz na maior de todas as
vitórias sobre o mal, de maneira definitiva. (Exaltação da Santa Cruz Jô
3, 13-17)
2. Jesus, fonte de vida
eterna
Neste texto temos um trecho da
resposta de Jesus a Nicodemos que, interpretando ao pé da letra as palavras
de Jesus, questiona como um homem, sendo velho, pode nascer de novo. Jesus é
a fonte da vida eterna. Em sua trajetória, vindo do Pai e ao Pai voltando,
Jesus, Filho do Homem, isto é, plenamente humano, realiza a salvação, que é a
comunicação da vida divina e eterna a todos que creem nele. São os que creem
no amor, na justiça e no direito, e que se empenham no serviço à vida, na
preservação da natureza e na promoção humana dos pequeninos e excluídos.
Jesus de Nazaré, na plenitude de
sua humanidade, é o dom de amor de Deus ao mundo.
É a Palavra que se fez carne e
veio morar entre nós. A elevação do Filho do Homem é a elevação do humano,
com o resgate de sua dignidade. O antigo modelo da serpente de bronze no
deserto (Nm 21,9), que motivava a fé, dá lugar a Jesus que comunica a vida e
a todos atrai pela manifestação da graça e da verdade (Jo 1,17).
A missão de Jesus não é a de
condenação do mundo, mas de salvação, pela comunicação da vida divina e
eterna a todos. É a missão da misericórdia e do amor, a que todos somos
chamados.
Oração
Pai, ao exaltar a cruz de teu Filho Jesus, quero abrir meu coração para que
ela frutifique em mim, renovando minha disposição de ser totalmente fiel a
ti.
3. SALVOS PELA CRUZ
A expressão "exaltação da
cruz" deve ser corretamente compreendida para se evitar mal entendidos.
Erraria quem a interpretasse como uma apologia do sofrimento, privando-a do
contexto em que se deu na vida de Jesus.
O diálogo com Nicodemos
ajuda-nos a encontrar o sentido da cruz, no conjunto do ministério do Mestre.
Evocando a serpente de bronze erguida por Moisés no deserto, Jesus afirmava
ser necessário que ele também fosse elevado para salvar os que haveriam de
crer nele.
Como a serpente de bronze era
penhor de vida para o povo pecador que a contemplava no alto do mastro, o
mesmo aconteceria com o Messias. A força salvadora do Filho erguido na cruz
era uma clara manifestação da presença do Pai em sua vida. Afinal, na cruz, o
Filho revelava sua mais absoluta fidelidade ao Pai. Por se recusar a não
trilhar o caminho traçado pelo Pai, teve de se confrontar com a terrível
experiência de sofrer a morte dos malfeitores. Assim, tornou-se fonte de
salvação.
A exaltação da cruz tem por
objetivo glorificar Jesus por seu testemunho de adesão incondicional ao
querer do Pai. Só é capaz deste gesto quem acolheu a salvação de que é
portadora, e deseja mostrar-se agradecido a Jesus, por tamanha prova de amor.
Quem se dispõe a abrir o coração e deixar a cruz dar seus frutos de vida e
salvação, irá beneficiar-se do amor infinito que o Pai demonstrou pela
humanidade pecadora.
Oração
Pai, ao exaltar a cruz de teu Filho Jesus, quero abrir meu coração para que ela
frutifique em mim, renovando minha disposição de ser totalmente fiel a ti.
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NOSSA
SENHORA DAS DORES
(BRANCO, SEQÜÊNCIA
FACULTATIVA, PREFÁCIO DE MARIA – OFÍCIO DA MEMÓRIA)
Antífona da entrada: Simeão disse a Maria: Teu filho será causa de queda e
de ressurreição para muitos. Ele será sinal de contradição e teu coração será
transpassado como por uma espada (Lc 2,34s).
Leitura (Hebreus 5,7-9)
Leitura da carta aos Hebreus.
5 7 Nos dias de sua vida mortal,
dirigiu preces e súplicas, entre clamores e lágrimas, àquele que o podia
salvar da morte, e foi atendido pela sua piedade.
8 Embora fosse Filho de Deus, aprendeu a obediência por meio dos sofrimentos
que teve.
9 E uma vez chegado ao seu termo, tornou-se autor da salvação eterna para
todos os que lhe obedecem,
Salmo responsorial 30/31
Salvai-me pela vossa compaixão,
ó Senhor Deus!
Senhor, eu ponho em vós minha
esperança;
que eu não fique envergonhado eternamente!
Porque sois justo, defendei-me e libertai-me,
apressai-vos, ó Senhor, em socorrer-me!
Sede uma rocha protetora para
mim,
um abrigo bem seguro que me salve!
Sim, sois vós a minha rocha e fortaleza;
por vossa honra, orientai-me e conduzi-me!
Retirai-me desta rede
traiçoeira,
porque sois o meu refúgio protetor!
Em vossas mãos, Senhor, entrego o meu espírito,
porque vós me salvareis, ó Deus fiel!
A vós, porém, ó meu Senhor, eu
me confio
e afirmo que só vós sois o meu Deus!
Eu entrego em vossas mãos o meu destino;
libertai-me do inimigo e do opressor!
Como é grande, ó Senhor, vossa
bondade,
que reservastes para aqueles que vos temem!
Para aqueles que em vós se refugiam,
mostrando, assim, o vosso amor perante os homens.
Seqüência
Ó santa mãe, por favor, faze que
as chagas do amor em mim se venham gravar. O que Jesus padeceu venha a sofrer
também eu, causa de tanto penar. Ó dá-me, enquanto viver, com Jesus Cristo
sofrer, contigo sempre chorar! Quero ficar junto à cruz, velar contigo a
Jesus e o teu pranto enxugar. Virgem mãe tão santa e pura, vendo eu a tua amargura,
possa contigo chorar. Que do Cristo eu traga a morte, sua paixão me conforte,
sua cruz possa abraçar! Em sangue as chagas me lavem e no meu peito se
gravem, para não mais se apagar. No julgamento consegue que às chamas não
seja entregue quem soube em ti se abrigar. Que a santa cruz me proteja, que
eu vença a dura peleja, possa do mal triunfar! Vindo, ó Jesus, minha hora,
por essas dores de agora, no céu mereça um lugar.
Aclamação do Evangelho
Aleluia, aleluia, aleluia.
Feliz a virgem Maria, que, sem passar pela morte, do martírio ganha a palma,
ao pé da cruz do Senhor!
Evangelho (João 19,25-27)
Naquele tempo, 19 25 junto à
cruz de Jesus estavam de pé sua mãe, a irmã de sua mãe, Maria, mulher de
Cléofas, e Maria Madalena.
26 Quando Jesus viu sua mãe e perto dela o discípulo que amava, disse à sua
mãe: "Mulher, eis aí teu filho".
27 Depois disse ao discípulo: "Eis aí tua mãe". E dessa hora em
diante o discípulo a levou para a sua casa.
COMENTÁRIOS DO EVANGELHO
1. As mulheres no
Calvário
Pedi socorro á minha equipe de
Teólogos para juntos pensarmos nos três versículos que compõe esse Evangelho
das três Marias, das quais a primeira mencionada é Maria de Nazaré, cujo nome
foi omitido pelo evangelista que preferiu chamá-la de "mulher".
E no meu grupo, Maria, que atua
nos Vicentinos, foi a primeira a manifestar-se "Eu acho que o fato de
Jesus chamar Maria de Mulher, tem algum significado especial"
"Bom, eu acho que é aquilo
mesmo que sempre ouvimos falar, nesse momento Jesus nos deu uma mãe que é
Maria e nos deu a Maria, como Filhos e Filhas" - comentou um jovem que
está começando em nosso grupo.
"Eu estava aqui pensando
com meus botões, quando a menina se torna adulta, adquirindo a maioridade, se
costuma dizer que agora é uma mulher, isso é, está preparada para a missão de
ser mãe, pelo menos Biologicamente" - disse a catequista Vera.
Podemos trabalhar essa idéia que é boa, nesse diálogo entre Jesus, Maria e
João, indica que algo novo está nascendo ali naquele momento. "Nossa! No
meio daquela tragédia ?" - exclamou Jorjão.
Não podemos nos esquecer que
para João, a morte de Jesus na cruz não é uma tragédia, ao contrário, é uma
vitória do seu Reino de Amor, por isso que nesse evangelho há sempre uma
referência à "minha hora".
Nesse momento, aos pés da cruz
nasce o povo da Nova Aliança, isso é, a Igreja, a qual Maria é dada por Mãe,
e em João, todos os cristãos se tornam Filhos de Maria, por isso a
denominação Mulher que significa Igreja. Aquele que se fez serva desde o anúncio,
e que serviu a Deus com tanta fidelidade na missão que lhe fora confiada,
amadureceu a sua maternidade e agora está preparada para ser Mãe de uma
multidão que iria aderir ao Filho Jesus. Nada mais justo que a primeira
discípula e primeira cristã, seja Mãe da Igreja, ao ser ela a própria Igreja,
que deve continuar gerando Jesus para o mundo.
E a Maria que é Vicentina, não
perdeu a ocasião para um comentário inteligente e provocador ao mesmo tempo
"Aos pés da cruz, na igreja que nascia, como a gente acabou de ver,
haviam três mulheres e um homem, parece que desde o início nós mulheres somos
a maioria"
"Pois é minha irmã, isso é
verdade, mas nossos pastores são todos homens" - emendou do seu canto o
Jorjão. E antes que se iniciasse uma acirrada discussão entre o papel do
homem e da mulher dentro da nossa igreja, eu arrematei: Calma gente, os
pastores da nossa Igreja, Padres, Bispos e Diáconos têm a missão de cuidar
com carinho da Igreja, assim como João acolheu Maria em sua casa para cuidar
dela, segundo a missão confiada pelo próprio Jesus.
2. As mulheres ao pé da
cruz
A presença das mulheres no
momento da crucifixão é registrada pelos três evangelistas sinóticos.
Contudo, elas permanecem à distância. João, no seu evangelho, as apresenta
junto à cruz, Maria Madalena e Maria, a mãe de Jesus, acrescentando o
discípulo que Jesus amava.
Neste contexto, João introduz as
duas falas de Jesus: "Mulher, eis teu filho", à sua mãe, e
"Eis a tua mãe", ao discípulo. Sua mãe está presente neste momento
final do ministério de seu filho, assim como estivera no início, nas bodas de
Caná, quando Jesus afirma que ainda não é chegada sua hora. Jesus dirige-se a
sua mãe com o termo "mulher". Com esta expressão, repetida, Jesus
irá se dirigir também à mulher samaritana, à beira do poço, e será a
expressão com que o Ressuscitado se dirigirá a Maria Madalena, ao lado do
túmulo vazio.
Agora é chegada a hora. É a hora
do sinal maior: a glorificação de Jesus, a sua fidelidade plena ao projeto do
Pai, até a morte, estando garantida a continuidade de sua missão pelas novas
comunidades.
Em Maria, a mulher, temos a mãe
de Deus. Maria Madalena, que sairá em busca de Jesus no horto, como nos
Cânticos dos Cânticos, representa a nova comunidade como esposa do
Ressuscitado. João, recebendo Maria como mãe, representa o discipulado, como
filhos de Deus, herdeiros da vida eterna, em Jesus.
Oração
Pai, a prática do amor e da justiça revele tua ação no íntimo do meu coração,
transformando-me em instrumento de tua misericórdia, que eleva a humanidade
decaída.
3. O FILHO DO HOMEM
Jesus refere-se a si mesmo como
"o Filho do Homem". A expressão "filho de homem" aparece
dezenas de vezes no profeta Ezequiel, onde se refere ao profeta, na sua
simples e frágil condição de "humano". Aparece também duas vezes no
livre de Daniel, sendo uma delas como um "humano" que vem entre as
nuvens do céu, agora revestido de poder. Nos evangelhos, Jesus identifica-se
como o filho do homem, revestido de fragilidade (cf. segunda leitura), conforme
o sentido do profeta Ezequiel, para que não o confundissem com o messias
glorioso, esperado pelos judeus. O Filho do Homem significa o humano, o
encarnado na vida, na história. Contudo os discípulos originários do
judaísmo, na sua incompreensão, vão, com freqüência, interpretar o
"filho do homem" com o qual Jesus se identifica, no sentido
messiânico de glória e poder, conforme a única vez que aparece em Daniel.
O Filho do Homem desceu do céu e
será levantado. É o Verbo que se fez carne e vimos a sua glória. Temos aqui a
dinâmica característica do evangelho de João. Jesus desceu do céu para elevar
o humano. João prima pela revelação da exaltação da condição humana a partir
da encarnação do Filho de Deus, Jesus. A elevação do Filho do Homem é a
elevação do humano. Conforme o livro de Números, Moisés fez uma serpente de
bronze e a levantou, para que todos a vissem. Quem recebesse a mordida mortal
de uma serpente contemplava a serpente de bronze e não morria (primeira
leitura).
Este antigo modelo da Lei de
Moisés é substituído pela graça e a verdade de Jesus (Jo 1,17). Quem nele
crer tem a vida eterna. Na encarnação Deus deu seu Filho ao mundo, que veio
como enviado para anunciar e testemunhar sua Palavra da salvação. A sua
divina missão não é a da condenação do mundo, mas a de fecundar a vida e
fazê-la germinar e frutificar no mundo. É a missão da misericórdia e do amor.
Crer em Jesus, segui-lo e assumir a sua missão é entrar na vida eterna.
Jesus ao manifestar o amor de Deus atrai e comunica este
amor a todos. Jesus é dom de Deus para comunicar a vida ao mundo. A
glorificação de Jesus é fidelidade total à sua missão, sem recuar, mesmo
diante da morte. Jesus elevado na cruz é a consumação de uma vida de amor. É
a glória de Deus no seu projeto de elevação da humanidade à participação de
sua vida eterna.
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16.09.2012
24º Domingo do Tempo Comum — ANO B
(VERDE, GLÓRIA, CREIO – IV
SEMANA DO SALTÉRIO)
TEMPO DE AMAR E LER A BÍBLIA - SETEMBRO: MÊS DA BÍBLIA
__ "Quem dizeis que eu sou? Tu és o Messias!" __
NOTA ESPECIAL: VEJA NO FINAL DA LITURGIA OS COMENTÁRIOS DO EVANGLEHO
COM SUGESTÕES PARA A HOMILIA DESTE DOMINGO. VEJA TAMBÉM NAS PÁGINAS
"HOMILIAS E SERMÕES" E "ROTEIRO HOMILÉTICO" OUTRAS
SUGESTÕES DE HOMILIAS E COMENTÁRIO EXEGÉTICO COM ESTUDOS COMPLETOS DA
LITURGIA DESTE DOMINGO.
Ambientação:
Sejam bem-vindos amados
irmãos e irmãs!
INTRODUÇÃO DO FOLHETO
DOMINICAL PULSANDINHO: Neste
domingo, o terceiro do mês da Bíblia, somos convidados a dar nosso testemunho
a respeito de quem é Jesus. Ele quer ouvir de nós o que pensamos e dizemos
dele. O que podemos afirmar da identidade de Jesus? Não basta a resposta dos
outros; cada um deve dar a própria resposta e aderir à sua pessoa. Crendo que
Jesus é o Messias, o enviado de Deus, nossa fé se manterá inalterada mesmo
diante de provocações, e se traduzirá em obras a favor da fraternidade.
Iniciemos nossa celebração, intercedendo o dom da fé, para que o Senhor
manifeste sua justiça em nossas vidas e através de nós..
INTRODUÇÃO DO FOLHETO
DOMINICAL O POVO DE DEUS: Irmãos
e irmãs, viemos celebrar a Eucaristia e fazer a nossa profissão de fé,
dizendo a Jesus o que São Pedro afirmou: "Tu és o Messias". Também
queremos abrir o nosso coração para ouvir do Senhor a exortação: "Se
alguém me quer seguir, renuncie a si mesmo, tome a sua cruz e me siga. Pois
quem quiser salvar a sua vida, vai perdê-la; mas quem perder a sua vida por
causa de mim e do Evangelho, vai salvá-la". É com esse espírito que nos
preparamos para a Assembleia Arquidiocesana que se aproxima.
INTRODUÇÃO DO
WEBMASTER: Neste
domingo, a mensagem é sobre o sofrimento que acompanha o profeta em sua
missão. A Palavra de Deus, muitas vezes, e em muitos ambientes, encontra
resistência. Deus pede transformação e conversão, mas isto não agrada a muita
gente. Então, como o ímpio não pode atingir a Deus, procura atingir o seu mensageiro.
Como ouviremos na primeira leitura, o servo de Deus não deve correr nos
momentos difíceis, porque Deus não o abandonará jamais. Jesus mesmo profetiza
no Evangelho que ele não passará sem sofrimento e morte, mas vencerá pela
ressurreição. Isto faz parte da vida daquele que quer transformar o mundo e
trazer vida para os demais. Que a Bíblia seja para nós, realmente, o livro
que contém a Palavra de Deus.
Sintamos o júbilo real
de Deus em nossos corações e cheios dessa alegria divina entoemos alegres cânticos
ao Senhor!
XXIV DOMINGO DO TEMPO
COMUM
Antífona da entrada: Ouvi, Senhor, as preces do vosso servo e do vosso povo
eleito: dai a paz àqueles que esperam em vós, para que os vossos profetas
sejam verdadeiros (Eco 36,18).
Primeira Leitura (Isaías
50,5-9)
Leitura do livro do profeta Isaías.
50 5 O Senhor Deus abriu-me o
ouvido e eu não relutei, não me esquivei.
6 Aos que me feriam, apresentei as espáduas, e as faces àqueles que me
arrancavam a barba; não desviei o rosto dos ultrajes e dos escarros.
7 Mas o Senhor Deus vem em meu auxílio: eis por que não me senti desonrado;
enrijeci meu rosto como uma pedra, convicto de não ser desapontado.
8 Aquele que me fará justiça aí está. Quem ousará atacar-me? Vamos medir-nos!
Quem será meu adversário? Que se apresente!
9 O Senhor Deus vem em meu auxílio: quem ousaria condenar-me? Cairão em
frangalhos como um manto velho; a traça os roerá.
Salmo responsorial
114/115
Andarei na presença de Deus,
junto a ele na terra dos vivos.
Eu amo o Senhor, porque ouve
o grito da minha oração.
Inclinou para mim seu ouvido
no dia em que eu o invoquei.
Prendiam-me a cordas da morte,
apertavam-me os laços do abismo;
invadiam-me angústias e tristeza.
Eu então invoquei o Senhor:
"Salvai, ó Senhor, minha vida!"
O Senhor é justiça e bondade,
nosso Deus é amor-compaixão.
É o Senhor quem defende os humildes:
eu estava oprimido, e salvou-me.
Libertou minha vida da morte,
enxugou de meus olhos o pranto
e livrou os meus pés do tropeço.
Andarei na presença de Deus,
junto a ele na terra dos vivos.
Segunda Leitura (Tiago
2,14-18)
Leitura da carta de são Tiago.
2 14 De que aproveitará, irmãos,
a alguém dizer que tem fé, se não tiver obras? Acaso esta fé poderá salvá-lo?
15 Se a um irmão ou a uma irmã faltarem roupas e o alimento cotidiano,
16 e algum de vós lhes disser: "Ide em paz, aquecei-vos e
fartai-vos", mas não lhes der o necessário para o corpo, de que lhes
aproveitará?
17 Assim também a fé: se não tiver obras, é morta em si mesma.
18 Mas alguém dirá: "Tu tens fé, e eu tenho obras. Mostra-me a tua fé
sem obras e eu te mostrarei a minha fé pelas minhas obras".
Aclamação do Evangelho
Aleluia, aleluia, aleluia.
Eu de nada me glorio, a não ser da cruz de Cristo; vejo o mundo em cruz
pregado e para o mundo em cruz me avisto (Gl 6,14).
EVANGELHO (Marcos
8,27-35)
Naquele tempo, 8 27 Jesus saiu
com os seus discípulos para as aldeias de Cesaréia de Filipe, e pelo caminho
perguntou-lhes: "Quem dizem os homens que eu sou?"
28 Responderam-lhe os discípulos: "João Batista; outros, Elias; outros,
um dos profetas".
29 Então perguntou-lhes Jesus: "E vós, quem dizeis que eu sou?"
Respondeu Pedro: "Tu és o Cristo".
30 E ordenou-lhes severamente que a ninguém dissessem nada a respeito dele.
31 E começou a ensinar-lhes que era necessário que o Filho do homem padecesse
muito, fosse rejeitado pelos anciãos, pelos sumos sacerdotes e pelos
escribas, e fosse morto, mas ressuscitasse depois de três dias.
32 E falava-lhes abertamente dessas coisas. Pedro, tomando-o à parte, começou
a repreendê-lo.
33 Mas, voltando-se ele, olhou para os seus discípulos e repreendeu a Pedro:
"Afasta-te de mim, Satanás, porque teus sentimentos não são os de Deus,
mas os dos homens".
34 Em seguida, convocando a multidão juntamente com os seus discípulos,
disse-lhes: "Se alguém me quer seguir, renuncie-se a si mesmo, tome a
sua cruz e siga-me.
35 Porque o que quiser salvar a sua vida, perdê-la-á; mas o que perder a sua
vida por amor de mim e do Evangelho, salvá-la-á".
FORMAÇÃO
LITÚRGICA
Primeira epiclese
Após o pós-santo segue-se a
primeira epiclese ou epiclese de consagração, que o padre realiza com as mãos
estendidas sobre os dons do pão e do vinho. Epiclese, ou epíclese, é palavra
derivada do grego epi- -kalein e significa "chamar sobre" (em
latim, in-vocar). É, pois, uma invocação que se dirige a Deus, pedindo que
envie o Espírito Santo para transformar pessoas ou coisas. Via de regra, são
duas as epicleses presentes na Oração Eucarística. A primeira encontra-se
antes das palavras da instituição, e a outra, depois dessas palavras.
Observemos, a seguir, as palavras da primeira epiclese: "Santificai,
pois, estas oferendas, a fim de que se tornem para nós o Corpo e o Sangue de
Jesus Cristo, vosso Filho e Senhor nosso". No caso da presente epiclese,
a Igreja invoca a Deus pedindo a intervenção do Espírito Santo no sentido de
que o pão e o vinho que se encontram sobre o altar sejam transformados no
corpo e no sangue do Senhor. Precisamente dessa ação de consagrar deriva o
nome dado a essa parte da Oração Eucarística: "epíclese de consagração".
TEXTOS BÍBLICOS PARA A
SEMANA:
2ª Vd – 1Cor 11,17-26.33; Sl 39 (40); Lc 7,1-10
3ª Vd – 1Cor 12,12-14.27-31; Sl 99 (100); Lc 7,11-17
4ª Vd – 1Cor12,31-13,13; Sl 32 (33); Lc 7,31-35
5ª Vm – 1Cor 15,1-11; Sl 117 (118); Lc 7,36-50
6ª Vm – Ef 4,1-7.11-13; Sl 18 (19A); Mt 9,9-13
Sb Vd – 1Cor 15,35-37; Sl 55 (56); Lc 8,4-15
25º DTC-: Sb 2,12.17-20; Sl 53 (54),3-4.5.6.8 (R/. 6b); Tg 3,16–4,3 ; Mc
9,30-37 (Paixão e ambições)
COMENTÁRIOS DO EVANGELHO
1. O CRISTO DOS
DESILUDIDOS!
Com certeza esse evangelho do
24º. Domingo do Tempo Comum, traz em nosso coração essa pergunta tão
inquietante: O que significa perder a vida por causa de Jesus e do seu
evangelho? Quem é Jesus, e o que significa a afirmativa de que é preciso
“Perder para ganhar”?.
Nos primeiros três séculos da
Igreja primitiva, quando o Cristianismo não estava atrelado ao Império,
tivemos centenas de mártires que derramaram seu sangue na arena, por causa do
testemunho. Nas comunidades de Marcos a perseguição do império romano era
muito intensa e os que eram pegos e não renunciavam a fé em Jesus, eram
presos e acabavam também mortos. Na América Latina não foram poucos os
mártires, que tombaram defendendo o direito e a justiça do povo sofrido e
injustiçado.
Será que é deles que o evangelho
está falando, no sentido literal? Será que não podemos aplicar hoje ás
pessoas de nossas comunidades essa expressão, de que elas também perdem a
vida por causa de Cristo e do seu evangelho? Em certo sentido, é muito válido
dizer que nossos agentes de pastorais, perdem a vida, quando se dedicam a
tantos trabalhos estafantes, muitos até nem vivem mais para si mesmo, mas
organizam suas vidas a partir da comunidade, e fazem isso com muita alegria e
seriedade. Deixar de lado os interesses pessoais, para dedicar-se ao trabalho
pastoral, sem dúvida é também perder a vida.
Entretanto, não é apenas isso,
porque muitas vezes recebemos algo em troca, e nesse caso, se ganhamos e não
estamos perdendo, o evangelho não se aplica, ainda que haja uma roupagem de
trabalho pastoral, mas é só roupagem, pois no fundo a gente se apega ao
cargo, ao poder, que sempre nos fascina, nas comunidades há certos coordenadores
que “mandam” até mais que o padre, e o poder satisfaz ao nosso “ego”.
Jesus havia se dado conta de que
a visão sobre o seu Messianismo, era equivocada. Com o objetivo de fazer a
necessária correção, fez uma prova oral com seus discípulos, primeiro eles
são indagados sobre o que o povão pensa a respeito dele, e ao saber que o
povo o confundia com João Batista, Elias ou um dos profetas, parece que Jesus
não demonstrou nenhuma preocupação, e foi direto ao assunto que mais lhe
interessava: “E vocês, quem dizem que eu sou?”. A resposta de Pedro foi
corretíssima “Tu és o Messias!”. A questão é saber, de que Messias Pedro
estava falando. Por isso, em seguida, Jesus revela o sentido do seu
messianismo, que irá se consolidar no sofrimento, na rejeição, na morte e
ressurreição.
Na visão de Pedro, no
Messianismo de Jesus tudo vai dar certo e as coisas vão se resolver, as
contas irão fechar, pois Jesus irá por ordem na casa, com o seu poder divino.
Ninguém irá resisti-lo... Não é essa a ilusão que toma conta do coração de
muitos cristãos em nossas comunidades? O Jesus do “tudo certo”, do “mar de
rosas”, da “doce paz, da saúde, da prosperidade”, o Jesus da reviravolta, que
só me dá vitória em cima de vitória, o Jesus que sempre me tira dos
“enroscos” da vida. Esse não é o Jesus do Evangelho, mas o Cristo dos
Desiludidos!
Encontrar sempre respostas
prontas, caminhos largos, problemas resolvidos, portas abertas, nunca foi e
nem será uma característica do cristianismo. Anunciar um Jesus assim é trair
o projeto de Deus, é falsificar o evangelho, é ser Satanás, aquele que se
opõe ao Reino do Céu. Infelizmente na pós-modernidade, muitas igrejas, sem
raiz, sem história e nem tradição, idealizaram um Jesus produto do consumo,
um Cristo que só abençoa os ricos e poderosos. Nessa teologia de fundo de
quintal, os dois últimos versículos do evangelho desse domingo, são deixados
de lado, pois não falam a linguagem da pós modernidade. Quem irá, nos dias de
hoje, fazer marketing de um projeto que implique renúncia, cruz e sofrimento?
Um projeto cuja proposta de Salvação seja pautada pelo desprezo á própria
vida, deixando de lado até interesses particulares.
Proposta de Salvação que não
fale em vitória, em sucesso, em prosperidade, não dá IBOPE, não lota templo,
não dá audiência. Qualquer marqueteiro da atualidade teria a mesma reação de
Pedro e repreenderia Jesus... Onde já se viu, começar um projeto prenunciando
o fracasso da cruz?
O Messianismo de Jesus vislumbra
sim, um mundo totalmente novo, mas ele não descarta a aspereza do caminho, as
pedras do calvário, os penhascos, os espinhos, a ousadia de um sonho, que vai
se construindo com os pés no chão da história, vivendo já no coração os
valores desse reino que virá. O autêntico discípulo é aquele que,
vislumbrando esse reino, descobre-o presente em Jesus que caminha com a sua
igreja, e passa a viver cada minuto, hora e dia, apenas em função desse
projeto, menosprezando todo e qualquer valor ou ideologia, que o mundo possa
oferecer, porque crê sinceramente que nada é maior ou mais importante do que
Cristo e a Boa Nova do Evangelho. É exatamente assim que o quadro se reverte,
e a PERDA se transforma em GANHO, como ensina o evangelho... (24º Domingo do
Tempo Comum)
2. A identidade de Jesus
Jesus e seus discípulos partem
para os povoados além das fronteiras da Galileia, ao norte. A partir de então
Jesus decide tomar rumo ao sul, seguindo o caminho para Jerusalém, através da
Judeia, em um ambiente exclusivamente judaico, para aí fazer seu anúncio
libertador. Aproxima-se a festa ritual da Páscoa judaica. É o momento
oportuno para aprofundar a própria identidade de Jesus. Vai se encerrando o
ministério na Galileia e vizinhanças, em ambiente predominantemente
gentílico, para o confronto em Jerusalém, completando-se a missão de Jesus.
Conforme as expectativas das
elites religiosas e econômicas de Jerusalém, aguardava-se um líder, o
messias, representado na figura do "Servo de Javé", das profecias
de Isaías (cf. primeira leitura), o qual daria à Judeia um poder e status de
acordo com antigo império de Davi, conforme as glórias que constavam na
tradição. Na escatologia e na apocalíptica do Primeiro Testamento encontravam
a esperança de Israel vir a ser uma nação hegemônica sobre todas as nações do
mundo, em pleno poder e glória. Parte do povo assimilava esta tradição das
elites, introjetando-a. Assim também acontecia com os discípulos de Jesus,
originários do judaísmo.
A questão da identidade de Jesus
vinha sendo discutida entre o povo e as opiniões eram variadas. O próprio
Herodes se interrogava sobre esta questão (cf. 27 set.). Entre o povo,
contudo, havia opiniões que identificavam Jesus com alguns líderes populares,
contestadores do poder, como foram João Batista, Elias ou os profetas.
Contudo, junto de Jesus, Pedro
representando os discípulos, ao ser interrogado, externa sua opinião de que
Jesus seria o messias ("cristo", do grego) esperado pelas elites.
Jesus os repreende severamente, com o mesmo vigor que exorcizava os espíritos
impuros.
Em continuidade, Jesus prenuncia
as perseguições que o ameaçam em Jerusalém, da parte das autoridades
religiosas (primeiro "anúncio da Paixão"). Pedro rejeita o
confronto com os possíveis sofrimentos e é repreendido mais severamente por
Jesus. Jesus propõe as "coisas de Deus", a comunicação da vida, sem
limites. Pedro atém-se às "coisas dos homens", à preservação do
poder e à paz da ordem iníqua estabelecida.
Jesus, então, retoma a instrução
aos discípulos quanto ao despojamento e a disponibilidade a serem assumidos
por eles. Perder sua vida por causa de Jesus é desprezar os sedutores
projetos de sucesso de enriquecimento e de consumismo, oferecidos pelos
poderosos deste mundo. Perder sua vida é ser para o outro, estar a serviço e
em comunhão com os mais necessitados e excluídos, como Jesus. É viver o amor,
comprometendo-se com a luta em vista da restauração da vida e da conquista da
Paz.
Oração
Senhor Jesus, revela-me sempre mais tua face de Messias Servo, para que eu
não me engane no caminho do teu seguimento.
3. TU ÉS O MESSIAS
A pessoa de Jesus não se
enquadrava nas categorias da época e era interpretada de formas as mais
variadas. Seu modo de ser austero e a maneira incisiva de sua pregação
levavam alguns a confundi-lo com João Batista ou com Elias. Pensava-se que
Jesus tivesse como que feito reviver em si estas figuras. A postura de Jesus
era também identificada com as dos profetas do passado, cujas vidas pareciam
servir-lhe de inspiração.
Jesus quis saber a opinião dos
discípulos a seu respeito, por não estar bem seguro de como o consideravam. A
resposta foi dada por Pedro, em nome do grupo, de maneira correta, e
convenceu a Jesus. Ele, de fato, era o Messias.
Entretanto, o Mestre sentiu-se
na obrigação de oferecer aos discípulos pistas para a correta compreensão de
sua condição messiânica. Seu messianismo leva-lo-ia a confrontar-se com a
rejeição das autoridades e com a morte violenta. Ele, no entanto, estava
também destinado à ressurreição.
As expectativas em voga giravam
em torno de um futuro Messias revestido de glória e poder. Os discípulos,
pois, tiveram de fazer um esforço gigantesco para introduzir o sofrimento no
messianismo do Mestre. Jamais se esperava um Messias sofredor, como Jesus se
proclamava ser. Os discípulos viram-se, portanto, na obrigação de refazer
seus esquemas.
Oração
Senhor Jesus, faze-me compreender que escolheste o caminho da cruz e do
sofrimento, para realizar a missão recebida do Pai.
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