Liturgia da Segunda Feira — 03.09.2012
SÃO
GREGÓRIO MAGNO - PAPA E DOUTOR
(BRANCO, PREFÁCIO COMUM
OU DOS PASTORES – OFÍCIO DA MEMÓRIA)
Antífona da entrada: O Senhor o escolheu para a plenitude do sacerdócio e,
abrindo seus tesouros, o cumulou de bens.
Leitura (1 Coríntios
2,1-5)
Leitura da primeira carta de são Paulo aos Coríntios.
2 1 Também eu, quando fui ter
convosco, irmãos, não fui com o prestígio da eloqüência nem da sabedoria
anunciar-vos o testemunho de Deus.
2 Julguei não dever saber coisa alguma entre vós, senão Jesus Cristo, e Jesus
Cristo crucificado.
3 Eu me apresentei em vosso meio num estado de fraqueza, de desassossego e de
temor.
4 A minha palavra e a minha pregação longe estavam da eloqüência persuasiva
da sabedoria; eram, antes, uma demonstração do Espírito e do poder divino,
5 para que vossa fé não se baseasse na sabedoria dos homens, mas no poder de
Deus.
Salmo responsorial
118/119
Quanto eu amo, ó Senhor, a vossa
lei!
Quanto eu amo, ó Senhor, a vossa
lei!
Permaneço o dia inteiro a meditá-la.
Vossa lei me faz mais sábio que
os rivais,
porque ela me acompanha eternamente.
Fiquei mais sábio que todos os
meus mestres,
porque medito sem cessar vossa aliança.
Sou mais prudente que os
próprios anciãos,
porque cumpro, ó Senhor, vossos preceitos.
De todo mau caminho afasto os
passos,
para que eu siga fielmente as vossas ordens.
De vossos julgamentos não me
afasto,
porque vós mesmo me ensinastes vossas leis.
Aclamação do Evangelho
Aleluia, aleluia, aleluia.
O Espírito do Senhor repousa sobre mim e enviou-me a anunciar aos pobres o
Evangelho (Lc 4,18).
Evangelho (Lucas 4,16-30)
Naquele tempo, 4 16 Jesus
dirigiu-se a Nazaré, onde se havia criado. Entrou na sinagoga em dia de
sábado, segundo o seu costume, e levantou-se para ler.
17 Foi-lhe dado o livro do profeta Isaías. Desenrolando o livro, escolheu a
passagem onde está escrito:
18 "O Espírito do Senhor está sobre mim, porque me ungiu; e enviou-me
para anunciar a boa nova aos pobres, para sarar os contritos de coração,
19 para anunciar aos cativos a redenção, aos cegos a restauração da vista,
para pôr em liberdade os cativos, para publicar o ano da graça do
Senhor".
20 E enrolando o livro, deu-o ao ministro e sentou-se; todos quantos estavam
na sinagoga tinham os olhos fixos nele.
21 Ele começou a dizer-lhes: "Hoje se cumpriu este oráculo que vós
acabais de ouvir".
22 Todos lhe davam testemunho e se admiravam das palavras de graça, que
procediam da sua boca, e diziam: "Não é este o filho de José?"
23 Então lhes disse: "Sem dúvida me citareis este provérbio: Médico,
cura-te a ti mesmo; todas as maravilhas que fizeste em Cafarnaum, segundo
ouvimos dizer, faze-o também aqui na tua pátria".
24 E acrescentou: "Em verdade vos digo: nenhum profeta é bem aceito na
sua pátria.
25 Em verdade vos digo: muitas viúvas havia em Israel, no tempo de Elias,
quando se fechou o céu por três anos e meio e houve grande fome por toda a
terra;
26 mas a nenhuma delas foi mandado Elias, senão a uma viúva em Sarepta, na
Sidônia.
27 Igualmente havia muitos leprosos em Israel, no tempo do profeta Eliseu;
mas nenhum deles foi limpo, senão o sírio Naamã".
28 A estas palavras, encheram-se todos de cólera na sinagoga.
29 Levantaram-se e lançaram-no fora da cidade; e conduziram-no até o alto do
monte sobre o qual estava construída a sua cidade, e queriam precipitá-lo
dali abaixo.
30 Ele, porém, passou por entre eles e retirou-se.
COMENTÁRIOS DO EVANGELHO
1. A PALAVRA ENCARNADA
Ao visitar Nazaré, cidade onde
havia se criado, Jesus foi participar de uma celebração na sua comunidade,
onde sempre fazia uma leitura e depois ajudava o povo a refletir, como fazem
hoje nossos ministros leigos, que celebram a Palavra.
Podemos até imaginar a alegria
do chefe da sinagoga quando viu Jesus chegar, ele era muito querido na
comunidade, não só por ser uma pessoa simples, mas porque falava muito bem e
demonstrava uma sabedoria superior aos sacerdotes, escribas e fariseus, sua
catequese era bem prática e logo cativava. Por isso, ao vê-lo entrar na
comunidade, o chefe da sinagoga foi logo pedindo para que ele fizesse uma
leitura, porque parece que, como acontece em nossas comunidades, naquele dia
o leitor escalado não apareceu. Jesus escolheu o livro do profeta Isaias que
era o seu preferido, porque já o havia lido várias vezes e tinha a nítida
impressão de que o texto falava dele.
Conforme Lucas que escreveu este
evangelho de maneira ordenada e após muito estudo, por este tempo Jesus
estava iniciando o seu ministério, já havia sido batizado e enfrentara com
muita coragem o diabo, que no deserto tentou desviá-lo da sua missão.
A verdade é que Jesus tinha uma
grande vontade de sair pelo mundo, ajudando as pessoas e falando de uma coisa
que sentia em seu coração, foi com certeza por isso que naquele dia voltou à
comunidade, e quando já no Ambão, começou a ler o profeta Isaias, na passagem
onde diz “O Espírito do senhor está sobre mim, porque ele me consagrou com a
unção para levar a Boa notícia aos pobres, anunciar a libertação aos cativos
e aos cegos e anunciar um ano de graças do Senhor”, seu coração começou a
bater mais forte, percebeu que Deus não apenas falava para ele, mas falava
dele, da sua vida, da sua história e da sua missão. Ele já havia sentido
muito forte a presença desse Espírito de Deus no dia do seu batismo, e no
confronto com o diabo no deserto, sentiu toda a força que o espírito lhe
dava.
Nessa celebração as coisas
ficaram muitas claras para ele: a libertação com que tanto sonhava junto com
seu povo, ia muito além de uma libertação política, a palavra tinha a força
de libertar o homem também e principalmente do mal que havia no coração, e
que impedia de amar a Deus e aos irmãos. A opressão e a escravidão do seu
povo era consequência de todo esse mal que havia dentro de cada homem, não só
dos opressores. Precisava dizer isso aos pobres, aos cegos e oprimidos, que
um tempo novo estava começando, com essa verdade que o Pai revelara através
do profeta.
Todos olhavam fixamente para ele
à espera da homilia, o mesmo espírito que o havia ungido acabara de
transformá-lo na palavra Viva de Deus e por isso, sentando-se como faziam os
grandes Mestres, disse: “Hoje se cumpriu essa passagem que acabastes de
ouvir”.
Também nós cristãos frequentamos
a celebração da palavra em nossas comunidades onde as leituras, mais do que
falar para nós falam de nós, pois a história de Jesus é a nossa história,
também nós recebemos a graça de Deus em nosso batismo, também nós recebemos a
unção do Espírito Santo, não para termos ataques de histeria e entrarmos em
transe, mas para termos a mesma coragem de Jesus para cumprir a nossa missão,
anunciar a boa notícia aos pobres, oferecer a palavra libertadora a quem está
cego e cativo, e falar de um tempo novo onde Deus manifesta todo o seu amor
ao homem que o busca.
Para que
haja essa interação entre nós e a palavra, é necessário que nossas
celebrações sejam bem participadas e preparadas, de maneira bem organizada
pensando em todos os detalhes e aí podemos apreender com o escriba Esdras que
na primeira leitura nos oferece um ótimo roteiro para celebração da palavra
de Deus, onde a assembleia, tocada pela palavra, corresponde com gestos que
manifestam o que está no coração, diferente da liturgia do “oba-oba”, muito
usada para se atrair multidões, e que às vezes, com tantos gestos e
movimentos, acaba ficando vazia justamente por não ser uma manifestação
espontânea do que se tem no coração tocado pela palavra de Deus.
2. O filho de José
Jesus atribui a si a missão de
anunciar a Boa-Nova aos pobres, descrita pelo profeta Isaías. Jesus é uma
pessoa comum da comunidade, é "o filho de José". Não é valorizado
pelos seus conterrâneos, que se enchem de fúria. O texto, na realidade, é uma
advertência a todo Israel. Foram dois gentios que acreditaram no profeta
Eliseu, e não os israelitas.
Em vez de um messias glorioso,
esperado pelos judeus, e muitas vezes por nós, Jesus é um homem simples e
humilde entre nós, para nos comunicar a sua Vida Divina, na prática do amor.
Oração
Pai, que as contrariedades da vida jamais me impeçam de seguir o caminho que
traçaste para mim. Com Jesus, quero seguir sempre adiante!
3. UM PROJETO DE
VIDA
As profecias do Antigo
Testamento ajudaram Jesus a compreender sua identidade e missão. Um texto do
profeta Isaías foi-lhe extremamente útil. Nesse texto encontramos o monólogo
de alguém que voltara do exílio babilônico e expressava a consciência de sua
missão: reorganizar o povo, após sua total destruição por mãos de
Nabucodonosor. Isaías tinha consciência de ser um profeta, nos moldes do
Servo de Javé, cuja missão era a de infundir ânimo e esperança no povo,
descortinando-lhe horizontes, e trazendo-lhe libertação.
Foi essa a trilha que Jesus
seguiu. O evento de seu batismo constituiu-se numa verdadeira consagração por
parte do Pai para a missão que estava prestes a ser iniciada. Os destinatários
preferenciais de sua ação missionária foram os pobres, os humilhados e
injustiçados, toda sorte de prisioneiros e oprimidos, as vítimas da cegueira
física e espiritual. Sua ação, por ser ele o Filho de Deus, era portadora de
alegria semelhante à do ano jubilar, quando todas as dívidas e servidões eram
abolidas e as pessoas tinham, novamente, sua dignidade reconhecida. O texto
profético era um resumo perfeito do projeto de vida de Jesus.
Não possuímos informações a
respeito do que se passou com o profeta vétero-testamentário. Com Jesus, sim.
A história confirmou que nele se cumpriu plenamente o que o antigo profeta
havia falado de si mesmo.
Oração
Senhor Jesus, que o meu projeto de vida corresponda ao teu, e que eu tenha
sempre mais a consciência de ser portador de uma missão recebida do Pai.
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XXII
SEMANA DO TEMPO COMUM
(VERDE – OFÍCIO DO DIA)
Antífona da entrada: Tende compaixão de mim, Senhor, clamo por vós o dia
inteiro; Senhor, sois bom e clemente, cheio de misericórdia para aqueles que
vos invocam (Sl 85,3.5).
Leitura (1 Coríntios
2,10-16)
Leitura da primeira carta de são Paulo aos Coríntios.
2 10 Todavia, Deus no-las
revelou pelo seu Espírito, porque o Espírito penetra tudo, mesmo as
profundezas de Deus.
11 Pois quem conhece as coisas que há no homem, senão o espírito do homem que
nele reside? Assim também as coisas de Deus ninguém as conhece, senão o
Espírito de Deus.
12 Ora, nós não recebemos o espírito do mundo, mas sim o Espírito que vem de
Deus, que nos dá a conhecer as graças que Deus nos prodigalizou
13 e que pregamos numa linguagem que nos foi ensinada não pela sabedoria
humana, mas pelo Espírito, que exprime as coisas espirituais em termos
espirituais.
14 Mas o homem natural não aceita as coisas do Espírito de Deus, pois para ele
são loucuras. Nem as pode compreender, porque é pelo Espírito que se devem
ponderar.
15 O homem espiritual, ao contrário, julga todas as coisas e não é julgado
por ninguém.
16 Por que quem conheceu o pensamento do Senhor, se abalançará a instruí-lo? Nós,
porém, temos o pensamento de Cristo.
Salmo responsorial
144/145
É justo o Senhor em seus
caminhos.
Misericórdia e piedade é o
Senhor,
ele é amor, é paciência, é compaixão.
O Senhor é muito bom para com todos,
sua ternura abraça toda criatura.
Que vossas obras, ó Senhor, vos
glorifiquem,
e os vossos santos, com louvores, vos bendigam!
Narrem a glória e o esplendor do vosso reino
e saibam proclamar vosso poder!
Para espalhar vossos prodígios
entre os homens
e o fulgor de vosso reino esplendoroso.
O vosso reino é um reino para sempre,
vosso poder, de geração em geração.
O Senhor é amor fiel em sua
palavra,
é santidade em toda obra que ele faz.
ele sustenta todo aquele que vacila
e levanta todo aquele que tombou.
Aclamação do Evangelho
Aleluia, aleluia, aleluia.
Um grande profeta surgiu entre nós e Deus visitou o seu povo (Lc 7,16).
Evangelho (Lucas 4,31-37)
Naquele tempo, 4 31 Jesus desceu a Cafarnaum, cidade da
Galiléia, e ali ensinava-os aos sábados.
32 Maravilharam-se da sua doutrina, porque ele ensinava com autoridade.
33 Estava na sinagoga um homem que tinha um demônio imundo, e exclamou em
alta voz: 34 "Deixa-nos! Que temos nós contigo, Jesus de Nazaré? Vieste
para nos perder? Sei quem és: o Santo de Deus!"
35 Mas Jesus replicou severamente: "Cala-te e sai deste homem". O
demônio lançou-o por terra no meio de todos e saiu dele, sem lhe fazer mal
algum.
36 Todos ficaram cheios de pavor e falavam uns com os outros: "Que
significa isso? Manda com poder e autoridade aos espíritos imundos, e eles
saem?"
37 E corria a sua fama por todos os lugares da circunvizinhança.
COMENTÁRIOS DO EVANGELHO
1. O poder de Jesus
A gente pode se perguntar como é
possível na comunidade ter uma pessoa possessa do demônio, mas o texto desse
evangelho está justamente mostrando que comunidade não é lugar de gente
alienada mais de pessoas que livremente fizeram a opção de viver o seu
discipulado. Há em Jesus e consequentemente na comunidade cristã, uma força
libertadora que supera as Forças do Mal, aqui personificada em um demônio,
que havia se apossado de um dos membros. Os ensinamentos de Jesus, suas
palavras enchiam de admiração às multidões, que ficavam maravilhadas porque
Jesus ensinava como quem tem autoridade.
Claro que Jesus tinha uma
oratória eloquente, mas não é da forma de ensinar, que as pessoas se admiram,
mas sim do conteúdo, suas palavras geram algo novo em quem as ouve, de modo
que as liberta de qualquer Força alienadora.
Ouvir a palavra de Deus marca o
início de um processo onde, ter fé será o próximo passo, mas é claro que não
poderá ficar só nisso. Até o demônio conhecia Jesus e sabia muito bem quem
ele era: o Santo de Deus, olha que bela profissão de Fé! Entretanto, saber
quem é Jesus e dizer isso com palavras, não é suficiente para experimentar o
processo de libertação, é necessário fazer uma firme e corajosa opção por
ele, não dando assim nenhuma chance para o mal, que insiste em nos dominar,
como esse demônio.
As palavras de Jesus são
rigorosas e firmes "Cala-te e sai dele", e o Espírito maligno
abandonou aquele homem, indo embora sem fazer-lhe mal algum. Que ninguém se
iluda achando que na comunidade estará protegido da Força do Mal, pois ela
age de maneira insistente, na vida dos que aderiram a Jesus, seu evangelho e
sua igreja, sem dar trela, é preciso ter a mesma firmeza de Jesus, fazendo
com que nossas pastorais e movimentos, possam ser lugar de encontro com Jesus
Libertador, e nas celebrações o momento oportuno em que se realiza esse
encontro, com a sua palavra, e com a Eucaristia, onde o Cristo presente em
nossa vida continua expulsando as forças do mal. No coração do cristão só
pode haver lugar para uma Força, a graça e o poder, o Bem supremo que é
Jesus.
2. Autoridade de Jesus
Lucas reproduz, com poucas
diferenças, a semelhante narrativa de Marcos. Porém, ele a coloca antes da
vocação dos primeiros discípulos, enquanto Marcos a coloca depois. O contexto
é o do ensinamento com autoridade de Jesus. "Autoridade" significa
competência, coerência e autenticidade. O gesto espantoso de exorcismo é uma
expressão da força transformadora da sua palavra e de seu ensino, que liberta
as mentes das ideologias religiosas que deformam a face de Deus. Em confronto
com os ensinamentos de Jesus encontra-se na sinagoga um espírito impuro que o
questiona: "Que queres de nós, Jesus de Nazaré? Viste para nos
destruir?". É o espírito que reina na sinagoga e Jesus vem libertar os
que ali estão submissos a este espírito.
O anúncio da Palavra abala todo
sistema religioso convencional e formal. A Palavra fecunda é a que renova as
comunidades e a sociedade, promovendo a unidade em torno da justiça, da
dignidade humana e da paz.
Oração
Pai, faze-me forte para enfrentar e vencer as forças malignas que cruzam meu
caminho, tentando afastar-me de ti. Como Jesus, quero abalar o poder do mal
deste mundo.
3. DOIS PROJETOS
INCOMPATÍVEIS
O empenho libertador de Jesus encontrou adversários ferrenhos, que agiam em
sentido contrário. A possessão demoníaca era símbolo de um projeto
incompatível com o de Jesus. Os demônios tinham-lhe aversão. Sua simples
presença era suficiente para arruiná-los. O Mestre tornava-os incapazes de
oprimir os seres humanos. Não lhes permitia exercer sua ação maligna sobre as
pessoas. Antes, arrancava-as de suas mãos, devolvendo-lhes a liberdade e a
capacidade de decidir-se pela razão iluminada por Deus.
A ação do mau espírito não se
limita a determinados espaços, considerados profanos. Até mesmo numa
assembléia litúrgica, como acontecia na sinagoga de Cafarnaum, encontra-se
gente que não é movida pelo espírito de Deus. A simples presença física, num
espaço tido como sagrado, não é suficiente para tornar a pessoa imune à ação
do espírito inimigo de Jesus. O demônio lança seus tentáculos também aí.
A única maneira de o discípulo
do Reino manter-se imune das investidas do demônio consiste em tomar Jesus como
centro sua vida. Não mediante uma referência puramente teórica e abstrata, e
sim, conformando-se com o projeto de vida do Mestre. Onde impera o amor e a
prática da justiça - parâmetro da vida do discípulo -, não existe campo de
ação para o mau espírito.
Oração
Senhor Jesus, que meu projeto de vida se conforme sempre mais com o teu, de
modo que a ação do mau espírito não possa agir em mim.
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XXII
SEMANA DO TEMPO COMUM
(VERDE – OFÍCIO DO DIA)
Antífona da entrada: Tende compaixão de mim, Senhor, clamo por vós o dia
inteiro; Senhor, sois bom e clemente, cheio de misericórdia para aqueles que
vos invocam (Sl 85,3.5).
Leitura (1 Coríntios
3,1-9)
Leitura da primeira carta de são Paulo aos Coríntios.
3 1 A vós, irmãos, não vos pude
falar como a homens espirituais, mas como a carnais, como a criancinhas em Cristo.
2 Eu vos dei leite a beber, e não alimento sólido que ainda
não podíeis suportar. Nem ainda agora o podeis, porque ainda sois carnais.
3 Com efeito, enquanto houver entre vós ciúmes e contendas, não será porque
sois carnais e procedeis de um modo totalmente humano?
4 Quando, entre vós, um diz: "Eu sou de Paulo", e outro: "Eu,
de Apolo", não é isto modo de pensar totalmente humano?
5 Pois que é Apolo? E que é Paulo? Simples servos, por cujo intermédio
abraçastes a fé, e isto conforme a medida que o Senhor repartiu a cada um
deles:
6 eu plantei, Apolo regou, mas Deus é quem fez crescer.
7 Assim, nem o que planta é alguma coisa nem o que rega, mas só Deus, que faz
crescer.
8 O que planta ou o que rega são iguais; cada um receberá a sua recompensa,
segundo o seu trabalho.
9 Nós somos operários com Deus. Vós, o campo de Deus, o edifício de Deus.
Salmo responsorial 32/33
Feliz o povo que o Senhor
escolheu por sua herança!
Feliz o povo cujo Deus é o
Senhor,
e a nação que escolheu por sua herança!
Dos altos céus o Senhor olha e observa;
ele se inclina para olhar todos os homens.
Ele contempla do lugar onde
reside
e vê a todos os que habitam sobre a terra.
Ele formou o coração de cada um
e por todos os seus atos se interessa.
No Senhor nós esperamos
confiantes,
porque ele é nosso auxílio e proteção!
Por isso o nosso coração se alegra nele,
seu santo nome é nossa única esperança.
Aclamação do Evangelho
Aleluia, aleluia, aleluia.
O Espírito do Senhor repousa sobre mim e enviou-me a anunciar aos pobres o
Evangelho (Lc 4,18).
Evangelho (Lucas 4,38-44)
Naquele tempo, 4 38 saindo
Jesus da sinagoga, entrou na casa de Simão. A sogra de Simão estava com febre
alta; e pediram-lhe por ela.
39 Inclinando-se sobre ela, ordenou ele à febre, e a febre deixou-a. Ela
levantou-se imediatamente e pôs-se a servi-los.
40 Depois do pôr-do-sol, todos os que tinham enfermos de diversas moléstias
lhos traziam. Impondo-lhes a mão, os sarava.
41 De muitos saíam os demônios, aos gritos, dizendo: "Tu és o Filho de
Deus". Mas ele repreendia-os severamente, não lhes permitindo falar,
porque sabiam que ele era o Cristo.
42 Ao amanhecer, ele saiu e retirou-se para um lugar afastado. As multidões o
procuravam e foram até onde ele estava e queriam detê-lo, para que não as
deixasse.
43 Mas ele disse-lhes: "É necessário que eu anuncie a boa nova do Reino
de Deus também às outras cidades, pois essa é a minha missão".
44 E andava pregando nas sinagogas da Galiléia.
COMENTÁRIOS DO EVANGELHO
1. Cura das Enfermidades
Toda enfermidade é uma desordem
presente no organismo, os sintomas de uma doença significa que algo está
errado com o nosso corpo. A Febre, que alguns confundem com enfermidade, é na
verdade um eficiente sinalizador, a temperatura sobe e o organismo parece
gritar "Tem algo errado aqui, é melhor verificar". O Deus que se
revela em Jesus é aquele que tem poder sobre o caos, as forças da natureza, e
também sobre a existência humana, a missão de Jesus não é o de tomar o lugar
da Medicina, mas ele é o Médico da Alma, curou muitos enfermos no seu tempo,
justamente para manifestar isso.
Acontece que as pessoas o viam
assim, como alguém que curava as enfermidades e por isso o seguiam. Nesse
evangelho, depois de curar a sogra de Simão Pedro, e de estender as mãos
sobre mais enfermos que lhe foram apresentados, curando a todos, bem cedinho
Jesus retirou-se para um lugar afastado. As pessoas foram até lá e queriam
detê-lo de partir, desejosas que permanecessem com elas.
Então Jesus mostra-lhes que a
sua missão é evangelizar, ele não é um Milagreiro que quer acomodar-se em uma
"Tenda dos Milagres" para que as multidões o procurem, ao contrário,
é um missionário peregrino que percorre todas as cidades da Galileia, para
anunciar a Palavra que liberta, cura e revivifica.
Temos uma tentação muito grande
de ficarmos na comunidade, quem sabe fazendo algum trabalho pastoral que
atraia as pessoas para a igreja, Jesus lembra-nos que a Igreja é antes de
tudo missionária, para sair de si mesma e ir ao encontro das pessoas lá onde
elas moram, estudam ou trabalham...
2. O serviço à vida
Lucas segue a mesma sequência de
Marcos, articulando a saída de Jesus da sinagoga com a entrada na casa de
Simão (Pedro), indicando a nova prática de Jesus.
Era um dia de sábado (Lc 4,31;
Mc 1,21). A sogra de Simão sofrendo com febre é a expressão do abatimento sob
a carga das restrições legais da sinagoga. Ela, libertada por Jesus da febre
que a prostrava, põe-se a servir (diakoneô). É o mesmo verbo que indica os
muitos serviços de Marta em Lc 10,40 (cf. 10 out.). Libertada da opressão da
lei, ela serve, exercendo trabalhos e infringindo o sábado. O serviço à vida,
característico da novidade de Jesus, abole o legalismo que mata.
A seguir, Jesus curava doentes e
expulsava demônios. Doenças e maus espíritos eram resultados das precárias
condições de vida das multidões excluídas. Jesus, acolhendo, valorizando e
promovendo as pessoas, libertava-as de seus males.
Oração
Pai, que a presença de Jesus em minha vida seja motivo de libertação, de modo
que eu possa servir com alegria o meu próximo, especialmente, os mais
necessitados.
3. IMPONDO A MÃO
SOBRE CADA UM
No trato com as pessoas doentes,
Jesus se comportava como um médico delicado. Deparando-se com a sogra de
Simão Pedro, vitimada por uma febre muito forte, inclinou-se sobre ela e deu
ordem para que a febre desaparecesse. Mostrou igual bondade quando lhe
trouxeram pessoas acometidas de várias doenças. Com muita mansidão e
paciência, aproximava-se de cada uma, impunha-lhe a mão na cabeça e a curava.
A imposição das mãos revelava
não só o cuidado de Jesus pelos enfermos, mas também sua solidariedade com
eles. A comunhão com o Filho de Deus desmascarava a submissão as forças
demoníacas que os mantinha escravos. Enquanto a presença solidária de Jesus
era portadora de vida e saúde, a presença das forças malignas causava
sofrimento e morte. Daí a necessidade de libertar as pessoas desta situação
humilhante.
Na cultura da época, as doenças
revelavam o poder do demônio sobre o ser humano. De qualquer forma, eram
consideradas como conseqüência do pecado. A cura física e espiritual
transformava-se, pois, numa evidente manifestação de que o Reino de Deus
havia chegado pela presença e pelo ministério de Jesus, irrompendo na
história humana. Assim, a atitude misericordiosa de Jesus em relação aos
doentes expressava a solidariedade de Deus com toda a humanidade, com o
desejo de salvá-la.
Oração
Pai, que a presença de Jesus em minha vida seja motivo de libertação, de modo
que eu possa servir com alegria o meu próximo, especialmente, os mais
necessitados.
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XXII
SEMANA DO TEMPO COMUM
(VERDE – OFÍCIO DO DIA)
Antífona da entrada: Tende compaixão de mim, Senhor, clamo por vós o dia
inteiro; Senhor, sois bom e clemente, cheio de misericórdia para aqueles que
vos invocam (Sl 85,3.5).
Leitura (1 Coríntios
3,18-23)
Leitura da primeira carta de são Paulo aos Coríntios.
3 18 Ninguém se engane a si
mesmo. Se alguém dentre vós se julga sábio à maneira deste mundo, faça-se
louco para tornar-se sábio,
19 porque a sabedoria deste mundo é loucura diante de Deus; pois (diz a
Escritura) "Ele apanhará os sábios na sua própria astúcia".
20 E em outro lugar: "O Senhor conhece os pensamentos dos sábios, e ele
sabe que são vãos".
21 Portanto, ninguém ponha sua glória nos homens. Tudo é vosso:
22 Paulo, Apolo, Cefas, o mundo, a vida, a morte, o presente e o futuro. Tudo
é vosso!
23 Mas vós sois de Cristo, e Cristo é de Deus.
Salmo responsorial 23/24
Ao Senhor pertence a terra e o
que ela encerra.
Ao Senhor pertence a terra e que
ela encerra,
o mundo inteiro com os seres que o povoam;
porque ele a tornou firme sobre os mares
e, sobre as águas, a mantém inabalável.
"Quem subirá até o monte do
Senhor,
quem ficará em sua santa habitação?"
"Quem tem mãos puras e inocentes coração,
quem não dirige sua mente para o crime.
Sobre este desce a bênção do
Senhor
e a recompensa de seu Deus e salvador".
"É assim a geração dos que o procuram
e do Deus de Israel buscam a face".
Aclamação do Evangelho
Aleluia, aleluia, aleluia.
Vinde após mim, disse o Senhor, e eu ensinarei a pescar gente (Mt 4,19).
EVANGELHO (Lucas 5,1-11)
Naquele tempo, 5 1 estando
Jesus um dia à margem do lago de Genesaré, o povo se comprimia em redor dele
para ouvir a palavra de Deus.
2 Vendo duas barcas estacionadas à beira do lago, - pois os pescadores haviam
descido delas para consertar as redes -,
3 subiu a uma das barcas que era de Simão e pediu-lhe que a afastasse um pouco
da terra; e sentado, ensinava da barca o povo.
4 Quando acabou de falar, disse a Simão: "Faze-te ao largo, e lançai as
vossas redes para pescar".
5 Simão respondeu-lhe: "Mestre, trabalhamos a noite inteira e nada
apanhamos; mas por causa de tua palavra, lançarei a rede".
6 Feito isto, apanharam peixes em tanta quantidade, que a rede se lhes
rompia.
7 Acenaram aos companheiros, que estavam na outra barca, para que viessem
ajudar. Eles vieram e encheram ambas as barcas, de modo que quase iam ao
fundo.
8 Vendo isso, Simão Pedro caiu aos pés de Jesus e exclamou: "Retira-te
de mim, Senhor, porque sou um homem pecador".
9 É que tanto ele como seus companheiros estavam assombrados por causa da
pesca que haviam feito.
10 O mesmo acontecera a Tiago e João, filhos de Zebedeu, que eram seus
companheiros. Então Jesus disse a Simão: "Não temas; doravante serás
pescador de homens".
11 E atracando as barcas à terra, deixaram tudo e o seguiram.
COMENTÁRIOS DO EVANGELHO
1. CHAMADOS PARA O
DESAFIO
Não sei se os quatro primeiros
discípulos, André, Pedro, Tiago e João, estavam de bom humor ao serem
chamados por Jesus á margem do Lago de Genesaré, quando trabalhavam duramente
limpando suas redes dos “enroscos” que haviam nelas, após uma noite de
pescaria fracassada. É bom lembrar que tratava-se de um trabalho profissional
e não de uma pescaria de lazer, como é uma prática mais perto da nossa
realidade. A proposta de Jesus ao grupo de pescadores parecera descabida, ele
pedia-lhes para que insistissem em uma tarefa, que não dera certo ao longo de
uma jornada inteira de trabalho noturno, de um jeito diferente, jogando as
redes onde ele fosse indicar.
Ora, que profissional aceitaria
orientação de um estranho em seu trabalho? O horário era desfavorável, quem
conhece o litoral sabe que os barcos pesqueiros trabalham à noite, e que de manhã
é hora de contabilizar os ganhos com a descarga dos peixes na praia. A
proposta vinha como um desafio e implicava em aceitar ou não a palavra de
Jesus. Após terem aceitado, fizeram conforme o Senhor lhes ordenara e o
resultado fora surpreendente: as redes não resistiram a quantidade de peixes
apanhados, sendo necessário partilhar a tarefa com companheiros da outra
barca.
Nas barcas de nossas comunidades
o resultado do nosso trabalho nem sempre é o que esperamos, pois é preciso
estarmos sempre preparados para o fracasso das “noites” em que as redes
voltam vazias, com “coisas indesejadas” que somos obrigados a “limpar”,
buscamos a santidade de uma vida em comunhão, na justiça, partilha e
fraternidade e acabamos encontrando fofocas, intrigas, divisões, coisas que
estão em nossa rede embora não façam parte da vida da comunidade, não as
queremos, ninguém as deseja, mas elas estão lá, exigindo um trabalho de
superação que requer muita paciência e compreensão. Quem já tirou enrosco de
uma linha de pesca ou de uma rede, sabe que não é tarefa das mais fáceis. E
de repente, em meio a essa tarefa somos chamados como os primeiros discípulos
à “irmos mais fundo”, avançando para águas mais profundas. Será que o nosso
papel na comunidade é só ficar consertando as coisas que não deram certo?
Claro que não!
A missão primária da igreja não
é a excessiva preocupação com si mesma, sua estrutura e seu funcionamento,
mas sim em anunciar aos de fora o evangelho de Cristo. Por experiência
própria e muitas vezes por puro comodismo, achamos que o trabalho proposto
por Jesus não dará nenhum resultado e na maioria das vezes em que o nosso
coração nos pede mais ousadia na missão, acabamos preferindo as águas sempre
rasas da nossa comunidade, grupo, pastoral, movimento ou associação onde é
sempre muito fácil falar de Jesus e do seu evangelho, pois todos gostam,
aceitam e até aplaudem!
As pessoas vêm até nós e assim
passamos o nosso tempo “pescando” no aquário, onde até causamos espanto e
admiração, não pelo resultado do trabalho, mas apenas pela nossa performance
e desempenho. Não foi para isso que Jesus chamou os discípulos e nem é para
isso que o Senhor nos chamou. Ser missionário é sair do nosso “mundinho”
conhecido e entrar na realidade das pessoas, lá onde elas estão e vivem: feiras
livres, shoppings, grandes avenidas, condomínios residenciais de alto luxo,
favelas e áreas verdes onde o medo do narcotráfico mata qualquer esperança,
nos hospitais, presídios, asilos etc. E se acharmos que a tarefa é muito
grande para as nossas modestas possibilidades, então podemos começar pelas
nossas famílias e ambiente de trabalho.
O verdadeiro missionário vai
sempre além de suas expectativas, do seu conhecimento, da sua bagagem e
experiência, ele sabe que sempre há o risco de um fracasso, mas arrisca-se de
maneira corajosa porque é o Senhor quem determina. “... em atenção à
sua palavra, vou lançar as redes”.
Quando assim o fazemos, acabamos
nos surpreendendo com o resultado e rapidamente, como Pedro, descobriremos
que não foram nossas aptidões, mas sim a graça de Deus que realizou a missão,
dando os frutos em quantidade muito maior do que esperávamos. E ao tomarmos
conhecimento de que a graça de Deus, derramada por Jesus Cristo, move-se e
age mesmo em cima de nossas fraquezas e erros, somos tomados pelo medo de nos
entregarmos totalmente a Deus. Então aí só nos resta um caminho:
confiar em Jesus e vivermos somente á luz da fé, na certeza de que doravante
faremos não do nosso modo, mas do modo dele, mesmo que isso signifique ir
contra a nossa lógica e razão.
Essa atitude requer uma ruptura
até mesmo com aquilo que nos pareça ser essencial, os primeiros discípulos
abandonaram na praia as redes e o barco e seguiram a Jesus, pois é impossível
edificarmos o reino de Deus do nosso modo.
Pensemos em nossa vocação e nos
perguntemos em que águas andamos “pescando”. A resposta irá exigir de nós uma
atitude, a partir do evangelho.
2. Mergulhar no
amor de Deus
Em Lucas, de maneira diferente
às narrativas de Marcos e Mateus, e também de João, o chamado dos primeiros
discípulos é antecedido por um ato de pregação da palavra feito por Jesus. A
barca que servira para Simão (Pedro) e os companheiros pescarem é agora usada
por Jesus para sua pregação à multidão. E é na adesão a esta palavra que se
obtêm bons resultados imprevisíveis, como mostra a pescaria abundante.
Na pessoa de Simão, estes
pescadores são chamados também a assumirem o anúncio da palavra. É a palavra
que, acolhida com confiança no coração, move à comunhão de vontade com Deus,
na participação de sua vida divina e eterna. Deixar tudo e seguir Jesus
significa mergulhar no amor de Deus que está semeado nos corações.
Oração
Pai, confirma minha vocação de pescador de pessoas humanas, e conduze-me para
águas mais profundas onde se encontram os que mais carecem de meu amor.
3. VIDA MISSIONÁRIA
A cena da pesca milagrosa
ilustra a vida missionária dos discípulos do Reino. Tudo começou com um
encontro fortuito com Jesus. Comprimido pelas multidões ansiosas para ouvir a
Palavra de Deus, o Mestre pediu a Simão um favor: levá-lo em sua barca um
pouco para dentro do lago de Genesaré, não muito longe da margem, para que
pudesse falar às multidões. Seu pedido foi prontamente atendido.
Quando concluiu a pregação, deu
a Simão uma ordem inesperada: conduzir o barco para águas mais profundas e
lançar a rede. Simão tinha trabalhado, em vão, toda a noite, mas por
obediência à ordem do Mestre, lançou novamente a rede. E disto resultou uma
pesca espetacular. Entretanto, o fato mais notável foi Simão ter tido a
chance de reconhecer Jesus como Messias. O espanto que se apoderou dele e de
seus companheiros foi semelhante ao que, no Antigo Testamento, acontecia nas
teofanias, quando pessoas achavam que iriam morrer, caso vissem a Deus.
Simão reconheceu em Jesus a
manifestação da divindade. E Jesus exortou-o a não ter medo, pois sua vida
havia sido transformada. Doravante, teria outra preocupação, não mais com
peixes, mas com pessoas humanas.
Simão aceitou a tarefa de ser
pescador de gente, e pôs a seguir Jesus. Começava para ele uma nova vida.
Oração
Pai, confirma minha vocação de pescador de pessoas humanas, e conduze-me para
águas mais profundas onde se encontram os que mais carecem de meu amor.
|
XXII
SEMANA DO TEMPO COMUM ( * - MISSA VOTIVA: SAGRADO CORAÇÃO DE JESUS)
(VERDE – OFÍCIO DO DIA)
Antífona da entrada: O Senhor o escolheu para a plenitude do sacerdócio e,
abrindo seus tesouros, o cumulou de bens.
Leitura (1 Coríntios 4,1-56)
Leitura da primeira carta de são Paulo aos Coríntios.
4 1 Que os homens nos
considerem, pois, como simples operários de Cristo e administradores dos
mistérios de Deus.
2 Ora, o que se exige dos administradores é que sejam fiéis.
3 A mim pouco se me dá ser julgado por vós ou por tribunal humano, pois nem
eu me julgo a mim mesmo.
4 De nada me acusa a consciência; contudo, nem por isso sou justificado. Meu
juiz é o Senhor.
5 Por isso, não julgueis antes do tempo; esperai que venha o Senhor. Ele porá
às claras o que se acha escondido nas trevas. Ele manifestará as intenções
dos corações. Então cada um receberá de Deus o louvor que merece.
Salmo responsorial 36/37
A salvação de quem é justo vem
de Deus.
Confia no Senhor e faze o bem,
e sobre a terra habitarás em segurança.
Coloca no Senhor tua alegria,
e ele dará o que pedir teu coração.
Deixa aos cuidados do Senhor o
teu destino;
confia nele, e com certeza ele agirá.
Fará brilhar tua inocência como a luz,
e o teu direito, como o sol do meio-dia.
Afasta-te do mal e faze o bem,
e terás tua morada para sempre.
Porque o Senhor Deus ama a justiça
e jamais ele abandona os seus amigos.
A salvação dos piedosos vem de
Deus;
ele os protege nos momentos de aflição.
O Senhor lhes dá ajuda e os liberta,
defende-os e protege-os contra os ímpios,
ele os guarda porque nele confiaram.
Aclamação do Evangelho
Aleluia, aleluia, aleluia.
Eu sou a luz do mundo; aquele que me segue não caminha entre as trevas, mas
terá a luz da vida (Jo 8,12).
EVANGELHO (Lucas 5,33-39)
Naquele tempo, 5 33 os fariseus e os mestres da lei disseram
a Jesus: "Os discípulos de João e os discípulos dos fariseus jejuam com
freqüência e fazem longas orações, mas os teus comem e bebem".
34 Jesus respondeu-lhes: "Porventura podeis vós obrigar a jejuar os
amigos do esposo, enquanto o esposo está com eles?
35 Virão dias em que o esposo lhes será tirado; então jejuarão".
36 Propôs-lhes também esta comparação: "Ninguém rasga um pedaço de roupa
nova para remendar uma roupa velha, porque assim estragaria uma roupa nova.
Além disso, o remendo novo não assentaria bem na roupa velha.
37 Também ninguém põe vinho novo em odres velhos; do contrário, o vinho novo
arrebentará os odres e entornar-se-á, e perder-se-ão os odres;
38 mas o vinho novo deve-se pôr em odres novos, e assim ambos se conservam.
39 Demais, ninguém que bebeu do vinho velho quer já do novo, porque diz: O
vinho velho é melhor".
COMENTÁRIOS DO EVANGELHO
1. Preservando as
Velharias
"Ah... No meu tempo é que
era bom, que saudades..." Não sou contra recordações,
é gostoso recordar acontecimentos bons da nossa vida, pessoas que passaram
por nós, mas o problema está quando ficamos no passado e não conseguimos ver
nada de bom ou novo no presente.
As lideranças do Judaísmo
perderam o maior "Trem da História" quando não reconheceram Jesus
enquanto o Deus Feito Homem; estavam presos às velhas tradições da Lei de
Moisés, eram legalistas e só enxergavam de um lado, parece que usavam uma
viseira para não enxergar o Novo que se fazia presente entre eles.
Os discípulos descobriram em
Jesus algo de novo, ele comunicava uma alegria autêntica, que a velha
religião não conseguia dar. Os judeus estavam a espera de algo que estava por
vir, para os discípulos, esse tempo novo já chegou com Jesus Cristo, daí a
razão de não jejuarem e nem fazerem longas orações clamando pela vinda do
Messias, eles já comiam, bebiam e festejavam, porque Jesus estava entre eles.
A Igreja vive hoje um grande
desafio em sua história, como evangelizar e falar de Jesus nos Meios de
Comunicação tão diversificados? Como anunciar o evangelho, que é sempre
novidade, em espaços que parecem tão hostis á evangelização? As Redes Sociais
foram alvo de um amplo debate no Seminário de Comunicação para os Bispos do
Brasil, realizado no Rio de Janeiro, do qual tive a alegria de participar.
Não dá mais para restringir o anúncio da Palavra ao ambiente eclesial, é
preciso inovar, criar, nossos profetas pregadores precisam invadir o mundo da
internet e com coragem falar de Jesus, para uma Galera que provavelmente
ainda não o conhece.
Nossos "Odres" da
mente e do coração estão saturados de velharias que a pós-modernidade insiste
em nos apresentar como novos; tem muita gente se envenenando com vinhos
velhos e contaminados de uma ideologia de morte, que só priva a busca de
prazer, em um egocentrismo que vai destruindo o homem naquilo que ele tem de
mais precioso: a vocação de amar para a qual Deus o chamou.
Nas comunidades e em nossas Famílias,
precisamos urgente dar uma "arejada". O Cristianismo vive um tempo
muito oportuno, os estoques dos vinhos velhos, contaminados, estão se
esgotando, o mundo quer novidade, ninguém aguenta mais as propostas de certos
valores que só conduzem à morte e destruição; já está mais que na hora, de
nós cristãos oferecermos a todas as pessoas e em todos os ambientes, este
Vinho Novo e inebriante que é Jesus Cristo, a pós-modernidade nunca viu ou
verá coisa igual! Podem apostar...
2. A novidade de Jesus
Nesta narrativa, em conjunto,
temos uma crítica às observâncias legais do Antigo Testamento, em geral. Na parábola da
roupa, Marcos e Mateus referem-se apenas a um retalho de pano novo a ser
costurado em roupa velha. Mais enfaticamente, Lucas fala em cortar uma roupa
nova para tirar o retalho a ser aplicado na roupa velha; a roupa nova fica
estragada e a velha não combinará com o remendo novo. Com isto Lucas acentua
que querer remendar a tradicional prática religiosa do Antigo Testamento, do
Templo e das sinagogas, com pedaços dos ensinamentos de Jesus, falseia o
conteúdo destes e não combina com aquelas práticas tradicionais.
A novidade de Jesus é dirigida a
todos os povos de todos os tempos e resgata a dignidade humana em todas as
culturas, com seus valores, suas esperanças e seus sonhos.
A frase final é irônica: os
fariseus apegados à letra do velho testamento rejeitam a novidade de Jesus.
Oração
Pai, abre meu coração para acolher a novidade trazida por Jesus, sem querer
deturpá-la com meus esquemas mesquinhos e contaminá-la com o egoísmo e o
pecado.
3. O VELHO E O NOVO
Vivendo numa sociedade religiosa
muito tradicional e conservadora, a pregação de Jesus colocou a novidade que
trazia em conflito com os esquemas esclerosados, dos quais as lideranças
religiosas não queriam abrir a mão.
A questão do jejum situa-se
neste contexto. Os mestres da Lei e os fariseus, seguidos pelos discípulos de
João, davam grande valor à prática do jejum, mostrando-se muito fiéis a esta
tradição. Por isso, a orientação dada aos discípulos contrastava com o
pensamento deles. Mesmo sem negar o valor do jejum, Jesus lhe dava pouca
importância. Sua missão centrava-se em algo muito mais importante: levar as
pessoas à prática do amor, a melhor forma de se mostrarem reconhecidas a Deus
e ser-lhe agradáveis.
A compreensão e a aceitação do
ponto de vista de Jesus supunha predisposição para abraçar a novidade que
proclamava, sem colocar obstáculos. Querer misturar as coisas seria como remendar
roupa velha com um pedaço de pano novo, ou depositar vinho novo em
recipientes velhos. Ambas as situações seriam desastrosas: a roupa ganharia
um rasgão ainda maior e o vinho se derramaria todo. Mais prudente seria fazer
a roupa toda com pano novo, e guardar o vinho em recipientes novos.
Assim, os discípulos foram
alertados sobre a incompatibilidade entre o novo, pregado por Jesus, e o
velho defendido pelos líderes religiosos. A prudência exigia que fossem
cautelosos.
Oração
Pai, abre meu coração para acolher a novidade trazida por Jesus, sem querer
deturpá-la com meus esquemas mesquinhos e contaminá-la com o egoísmo e o
pecado.
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NATIVIDADE
DE NOSSA SENHORA
(BRANCO, GLÓRIA, PREFÁCIO
DE MARIA – OFÍCIO DA FESTA)
Antífona da entrada: Celebremos com alegria o nascimento da virgem Maria:
por ela nos veio o sol da justiça, Cristo nosso Deus.
Leitura (Miquéias 5,1-4)
Leitura da profecia de Miquéias.
5 1 "Mas tu, Belém-Efrata,
tão pequena entre os clãs de Judá, é de ti que sairá para mim aquele que é
chamado a governar Israel. Suas origens remontam aos tempos antigos, aos dias
do longínquo passado.
2 Por isso, (Deus) os deixará, até o tempo em que der à luz aquela que há de
dar à luz. Então o resto de seus irmãos voltará para junto dos filhos de
Israel.
3 Ele se levantará para (os) apascentar, com o poder do Senhor, com a
majestade do nome do Senhor, seu Deus. Os seus viverão em segurança, porque
ele será exaltado até os confins da terra.
4 E assim será a paz. Quando o assírio invadir nossa terra e pisar nossos
terrenos, resistir-lhe-emos com sete pastores e oito príncipes do povo".
Salmo responsorial
70/71; 12/13
Exulto de alegria no Senhor.
Sois meu apoio desde antes que
eu nascesse,
desde o seio maternal, o meu amparo:
para vós o meu louvor eternamente!
Uma vez que confiei no vosso
amor,
meu coração, por vosso auxílio, rejubile
e que eu vos cante pelo bem que me fizestes!
Aclamação do Evangelho
Aleluia, aleluia, aleluia.
Sois feliz, virgem Maria, e mereceis todo louvor; pois de vós se levantou o
sol brilhante da justiça, que é Cristo, nosso Deus, pelo qual nós fomos
salvos!
Evangelho (Mateus 1,1-16.18-23)
1 1 Genealogia de Jesus Cristo, filho de Davi, filho de
Abraão.
2 Abraão gerou Isaac. Isaac gerou Jacó. Jacó gerou Judá e seus irmãos.
3 Judá gerou, de Tamar, Farés e Zara. Farés gerou Esron. Esron gerou Arão.
4 Arão gerou Aminadab. Aminadab gerou Naasson. Naasson gerou Salmon.
5 Salmon gerou Booz, de Raab. Booz gerou Obed, de Rute. Obed gerou Jessé.
Jessé gerou o rei Davi.
6 O rei Davi gerou Salomão, daquela que fora mulher de Urias.
7 Salomão gerou Roboão. Roboão gerou Abias. Abias gerou Asa.
8 Asa gerou Josafá. Josafá gerou Jorão. Jorão gerou Ozias.
9 Ozias gerou Joatão. Joatão gerou Acaz. Acaz gerou Ezequias.
10 Ezequias gerou Manassés. Manassés gerou Amon. Amon gerou Josias.
11 Josias gerou Jeconias e seus irmãos, no cativeiro de Babilônia.
12 E, depois do cativeiro de Babilônia, Jeconias gerou Salatiel. Salatiel
gerou Zorobabel.
13 Zorobabel gerou Abiud. Abiud gerou Eliacim. Eliacim gerou Azor.
14 Azor gerou Sadoc. Sadoc gerou Aquim. Aquim gerou Eliud.
15 Eliud gerou Eleazar. Eleazar gerou Matã. Matã gerou Jacó.
16 Jacó gerou José, esposo de Maria, da qual nasceu Jesus, que é chamado
Cristo.
18 Eis como nasceu Jesus Cristo: Maria, sua mãe, estava desposada com José.
Antes de coabitarem, aconteceu que ela concebeu por virtude do Espírito
Santo.
19 José, seu esposo, que era homem de bem, não querendo difamá-la, resolveu
rejeitá-la secretamente.
20 Enquanto assim pensava, eis que um anjo do Senhor lhe apareceu em sonhos e
lhe disse: "José, filho de Davi, não temas receber Maria por esposa,
pois o que nela foi concebido vem do Espírito Santo.
21 Ela dará à luz um filho, a quem porás o nome de Jesus, porque ele salvará
o seu povo de seus pecados.
22 Tudo isto aconteceu para que se cumprisse o que o Senhor falou pelo
profeta:
23 'Eis que a Virgem conceberá e dará à luz um filho, que se chamará
Emanuel', que significa: Deus conosco".
COMENTÁRIOS DO EVANGELHO
1. Natividade de Nossa
Senhora
Há em Hebreus 6 uma afirmação
maravilhosa de definição sobre a Fé, ao dizer que ter fé é conseguir enxergar
as realidades invisíveis. Hoje no calendário Litúrgico da Igreja celebra-se a
Festa da Natividade de Nossa Senhora, e o evangelho dá um grande ênfase em
Maria e José, pessoas que, a exemplo de Abraão, deixaram-se mover pela Fé,
vislumbrando o Plano de Deus para realizar a Salvação do Homem, e ocupando
com humildade o papel ou a missão que Deus lhes reservara.
Abraão, Maria e José não são
visionários, simplesmente olham os acontecimentos da sua vida com os olhos da
Fé. Tenho um padre amigo que sempre diz algo muito verdadeiro a esse
respeito: Fé é aceitação, mesmo quando as coisas não acontecem como havíamos
planejado.
Deus não invade a Vida de
ninguém, mas faz uma proposta que não pode ser interpretada apenas á luz da
razão, essa proposta fará sentido na medida em que a Fé iluminar a razão.
Maria era desposada com José e já tinha planos em sua vida, o mesmo acontecia
com José, que não é um mero figurante nessa história, mas pela sua Fidelidade
a Deus, movido pela Fé aceitou um fato que a simples razão rejeitaria. A
noiva apareceu grávida, José a rejeitou secretamente não tornando o fato
público para não difamá-la, mas em um sonho o anjo do Senhor revela toda a
verdade, a criança foi gerada pelo Espírito Santo, e José deverá dar-lhe o
nome de Jesus, que significa aquele que vai salvar o povo dos seus pecados.
Humanamente falando é uma
história absurda, sem pé e nem cabeça, assim é a Força da Fé, através da qual
o próprio Deus vai interpretando para quem crer, os acontecimentos da
história e da sua vida. No fundo a questão é crer ou não crer.
Se na antiga aliança a Fé do
Patriarca Abraão permanece como uma referência para as três maiores religiões
da terra, São José é o Patriarca da Nova Aliança, e consequentemente da
Igreja, ele também acreditou piamente nas promessas de Deus, e que agora com
a sua colaboração tão importante, iria se cumprir. Poderíamos dizer que sem a
participação de José, a Missão de Maria ficaria comprometida, pois ao assumir
a paternidade da criança diante da sociedade judaica, São José afirma e
professa que Jesus é o Verbo Divino, gerado pelo próprio Deus, e ainda
legitima a sua descendência da estirpe de Davi.
2. Manso e humilde de
coração
Cada evangelista tem
características próprias que refletem as fontes de onde colheram suas
narrativas e a cultura e os problemas das comunidades para as quais redigem
seus evangelhos. Mateus, redigindo para uma comunidade de cristãos oriundos
do judaísmo, faz uma inculturação de Jesus na tradição do Primeiro
Testamento.
Por sua genealogia, José é
inserido na linhagem davídica, e pela acolhida de José a Maria, o menino,
Jesus, que foi concebido, torna-se um herdeiro messiânico. Contudo, Jesus
rejeitou esta expectativa messiânica de poder, no estilo davídico. Manso e
humilde de coração, Jesus vem revelar o amor e a misericórdia do Pai,
acolhedor a todos os povos e nações.
Oração
Pai, que a presença de teu Filho Jesus, na História, leve à plenitude a obra
de tua criação, fazendo desabrochar, em cada coração humano, o amor para o
qual foi criado.
3. A HUMANIDADE DO MESSIAS
A genealogia de Jesus contém
elementos importantes para a correta compreensão de sua identidade. Seu
objetivo é mostrar a inserção de Jesus na história do povo de Israel e fazer
sua presença, na história humana, ligar-se com a longa história da salvação
da humanidade. Jesus, portanto, é apresentado como verdadeiro homem e não
como um ser estranho, vindo do céu, não se sabe bem como.
A sucessão de gerações, que
prepara a vinda do Messias Jesus, é um retrato da humanidade a ser salva por
ele. Repassando a lista de nomes, encontramos gente de todo tipo: piedosos e
ímpios, pessoas de comportamento correto e gente de vida não recomendável,
operadores de justiça e indivíduos sem escrúpulos no trato com os
semelhantes, judeus e estrangeiros, homens e mulheres. Todos eles formam o
substrato humano no qual nasceu Jesus. Esta é a humanidade carente de
salvação, para a qual ele foi enviado pelo Pai.
Jesus, porém, é apresentado como
dom salvífico do Pai para a humanidade. O fato da concepção virginal aponta
nesta direção. Quando a lista chega em José, diz-se que ele é o esposo de
Maria da qual nasceu Jesus. A sucessão pela linha masculina é rompida,
ficando implícito que o Pai de Jesus é o próprio Deus. Ou seja, a salvação
não é obra do ser humano. Ela é oferecida pelo Pai por meio do Messias Jesus.
Oração
Senhor Jesus, que eu saiba reconhecer, em tua humanidade, a presença da
salvação oferecida pelo Pai, como dom gratuito a todos nós.
|
Liturgia
do Domingo 09.09.2012
23º Domingo do Tempo Comum — ANO B
(VERDE,
GLÓRIA, CREIO – III SEMANA DO SALTÉRIO)
TEMPO DE AMAR E LER A BÍBLIA - SETEMBRO: MÊS DA BÍBLIA
__ "O mundo está ficando surdo; precisa de profetas da esperança"
__
Ambientação:
Sejam bem-vindos amados
irmãos e irmãs!
INTRODUÇÃO DO FOLHETO
DOMINICAL PULSANDINHO: Reunidos
ao redor da mesa da Palavra e da Eucaristia, somos convidados a elevar um
hino de gratidão ao Pai, que nos concedeu o dom da palavra para proclamar o
bem em favor do povo. Por isso, a Eucaristia que estamos iniciando irá
colocar diante de nós três desafios: ser profeta da esperança, levar a
sociedade a abrir os ouvidos ao Evangelho e repudiar todo tipo de
discriminação, especialmente em relação aos pobres. Que o alimento
eucarístico nos conceda a força necessária para não temer diante desses
desafios.
INTRODUÇÃO DO FOLHETO
DOMINICAL O POVO DE DEUS: Lembramos
que o último Domingo do mês de setembro é o "Dia Nacional da
Bíblia". Por isso, queremos despertar desde já a comunidade para o
conhecimento e o amor às Sagradas Escrituras, e, por isso, motivamos a todos
para a leitura cotidiana, atenta e piedosa da Bíblia. Jesus, que é a Palavra
de Deus encarnada, age por meio da leitura orante da Escritura, abrindo
nossos ouvidos e libertando nossa língua para proclamar as maravilhas da
salvação, como fez com o surdo-mudo que buscou sua ajuda.
INTRODUÇÃO DO
WEBMASTER: Neste
segundo domingo do mês da Bíblia, a Liturgia nos ensina que o nosso Deus é
Deus de todos, mas tem atenção especial para com aqueles que mais sofrem. Ele
está ao lado dos doentes e marginalizados. Ele é força para os que têm
defeitos físicos e por isso mesmo se sentem menos dignos. Parece que nos
momentos tristes ele está longe, mas é aí que ele se coloca mais perto. Na
primeira leitura, o profeta Isaías consola os corações perturbados,
garantindo que Deus virá para fazer justiça, virá para castigar e premiar.
Quando o Messias chegar, diz o profeta, os coxos vão andar, os cegos vão ver,
os mudos falar e os surdos ouvir. No Evangelho, Jesus prova que o Reino de
Deus já chegou. O surdo-mudo é curado, confirmando as palavras de Isaías. As
leituras bíblicas de hoje mostram a preferência de Deus pelos pobres, os
marginalizados e os enfermos. Na cura do surdo-mudo por Jesus começa a se
realizar a esperança messiânica dos pobres tal como o anunciava oito séculos
antes de Cristo o profeta Isaías. Rezemos para que tenhamos ouvidos para ouvir a Palavra
de Deus e língua para anunciá-la por todos os cantos.
Sintamos o júbilo real
de Deus em nossos corações e cheios dessa alegria divina entoemos alegres
cânticos ao Senhor!
XXIII DOMINGO DO TEMPO
COMUM
Antífona da entrada: Vós sois justo, Senhor, e justa é a vossa sentença;
tratai o vosso servo segundo a vossa misericórdia (Sl 118,137.124).
Primeira Leitura (Isaías
35,4-7)
Leitura do livro do profeta Isaías.
35 4 Dizei àqueles que têm o
coração perturbado: "Tomai ânimo, não temais! Eis o vosso Deus! Ele vem
executar a vingança. Eis que chega a retribuição de Deus: ele mesmo vem
salvar-vos".
5 Então se abrirão os olhos do cego. E se desimpedirão os ouvidos dos surdos;
6 então o coxo saltará como um cervo, e a língua do mudo dará gritos alegres.
Porque águas jorrarão no deserto e torrentes, na estepe.
7 A terra queimada se converterá num lago, e a região da sede, em fontes. No covil dos
chacais crescerão caniços e papiros.
Salmo responsorial
145/146
Bendize, ó minha alma, ao
Senhor.
Bendirei ao Senhor toda a vida!
O Senhor é fiel para sempre,
faz justiça aos que são oprimidos;
ele dá alimento aos famintos,
é o Senhor quem liberta os cativos.
O Senhor abre os olhos aos
cegos,
o Senhor faz erguer-se o caído;
o Senhor ama aquele que é justo.
É o Senhor quem protege o estrangeiro.
Ele ampara a viúva e o órfão,
mas confunde os caminhos dos maus.
O Senhor reinará para sempre!
Ó Sião, o teu Deus reinará
para sempre e por todos os séculos!
Segunda Leitura (Tiago
2,1-5)
Leitura da carta de são Tiago.
2 1 Meus irmãos, na vossa fé em
nosso glorioso Senhor Jesus Cristo, guardai-vos de toda consideração de
pessoas.
2 Suponde que entre na vossa reunião um homem com anel de ouro e ricos
trajes, e entre também um pobre com trajes gastos;
3 se atenderdes ao que está magnificamente trajado, e lhe disserdes:
"Senta-te aqui, neste lugar de honra", e disserdes ao pobre:
"Fica ali de pé", ou: "Senta-te aqui junto ao estrado dos meus
pés",
4 não é verdade que fazeis distinção entre vós, e que sois juízes de
pensamentos iníquos?
5 Ouvi, meus caríssimos irmãos: porventura não escolheu Deus os pobres deste
mundo para que fossem ricos na fé e herdeiros do Reino prometido por Deus aos
que o amam?
Aclamação do Evangelho
Aleluia, aleluia, aleluia.
Jesus Cristo pregava o Evangelho, a boa nova do reino, e curava seu povo
doente de todos os males, sua gente! (Mt 4,23).
EVANGELHO (Marcos
7,31-37)
Naquele tempo, 7 31 Jesus deixou
de novo as fronteiras de Tiro e foi por Sidônia ao mar da Galiléia, no meio
do território da Decápole.
32 Ora, apresentaram-lhe um surdo-mudo, rogando-lhe que lhe impusesse a mão.
33 Jesus tomou-o à parte dentre o povo, pôs-lhe os dedos nos ouvidos e
tocou-lhe a língua com saliva.
34 E levantou os olhos ao céu, deu um suspiro e disse-lhe:
"Éfeta!", que quer dizer "abre-te!"
35 No mesmo instante os ouvidos se lhe abriram, a prisão da língua se lhe
desfez e ele falava perfeitamente.
36 Proibiu-lhes que o dissessem a alguém. Mas quanto mais lhes proibia, tanto
mais o publicavam.
37 E tanto mais se admiravam, dizendo: "Ele fez bem todas as coisas. Fez
ouvir os surdos e falar os mudos!"
HOMILIA - CREIO - PRECES
(Ver abaixo ao final
desta liturgia 3 sugestões de Homilia para este domingo)
FORMAÇÃO
LITÚRGICA
PÓS-SANTO
Terminado o Santo, inicia-se o
grande momento que poderemos chamar de núcleo da Oração Eucarística. A
primeira parte desse núcleo é o pós-Santo, assim chamado porque segue
imediatamente ao Santo. Enquanto o pós-Santo, em algumas orações, pode
alongar-se bastante, como na Oração Eucarística I ou Cânon Romano, em outras,
é muito breve, fazendo apenas a ligação entre a aclamação do Santo e a
narração da instituição eucarística. Exemplo desse último tipo é a Oração
Eucarística II, na qual o pós-Santo perfaz apenas uma frase: "Na
verdade, ó Pai, vós sois santo e fonte de toda santidade".
TEXTOS BÍBLICOS PARA A
SEMANA:
2ª Vd – 1Cor 5,1-8; Sl 5; Mc 7,31-37
3ª Vd – 1Cor 6,1-11; Sl 149; Lc 6,12-19
4ª Vd – 1Cor 7,25-31; Cl 3,1-11; Sl 44 (45); Lc 6,20-26
5ª Br – 1Cor 8,1b-7.11-13; Sl 138 (139); Lc 6,27-38
6ª Vm – Nm 21,4b-9; Sl 77 (78); Jo 3,13-17
Sb Br – Hb 5,7-9; Sl 30 (31); Jo 19,25-27
24º DTC. Is 50,5-9; Sl 114 (115),1-2.3-4.5-6.8-9 (R/. 9); Tg 2,14-18; Mc
8,27-35 (Duas reações de Pedro)
COMENTÁRIOS DO EVANGELHO
1. A surdez do coração
Essa surdez e mudez que hoje
refletimos neste evangelho, têm um significado bem mais profundo do que a
cura física. Não se trata simplesmente do ouvir com os ouvidos e falar com a
boca, a surdez e a mudez abordada pelo evangelista Marcos, localiza-se no
coração do ser humano.
Há pessoas muito faladeiras, que
contam mil e uma vantagens, ou então que perdem um tempo precioso falando mal
da vida do próximo, ou conversas fúteis da qual nada se aproveita, assim como
o saber ouvir é uma arte. Aqui a questão do ouvir não se trata apenas de
escutar vozes das pessoas falando, ou ruídos. A deficiência auditiva desse
homem da comunidade Marcos vai, além disso, seu coração está fechado para
Deus e as pessoas e por isso tem o coração assim tão vazio de Deus, não
tendo, portanto nada a anunciar, sua vida fechada e isolada em si mesmo é uma
fonte de amargura e azedume.
No antigo testamento a principal
queixa de Deus durante a travessia do povo pelo deserto, é de que: o povo
tinha fechado o coração e não mais o ouvia, escutavam, mas não o ouviam. Na
comunidade de Marcos e também nas nossas há pessoas assim... Essa surdez e
mudez são causadas pela arrogância e prepotência dos que não crêem em Deus e
preferem dar ouvidos somente as vozes da razão.
Conviver e relacionar-se com
alguém assim, é difícil e complicadíssimo, a comunidade não sabe mais o que
fazer e rogam a Jesus para que imponha as mãos sobre aquele homem. A experiência
que fazemos de Jesus é algo muito pessoal, por isso ele toma o homem
surdo-mudo e o leva á um lugar á parte. O mundo da pós-modernidade está
repleto de rituais e de vozes que só alienam e escravizam o homem. No dia do
Senhor que é o domingo, a comunidade dos que crêem, se afastam do burburinho
do quotidiano, e na comunidade se reúnem a outros que querem e precisam ficar
a sós com o Senhor.
As palavras de Jesus e seus
gestos no ritual da cura do surdo mudo, lembram o rito batismal quando a
graça de Deus abre o nosso coração para que Deus possa entrar e fazer morada.
Nas celebrações eucarísticas ou mesmo da Santa Palavra, presidida por um
Ministro Leigo ou um Diácono, esse ritual se repete, somos tocados pela
Palavra, a força do Espírito Santo a leva para dentro de nós, no mais íntimo
do nosso ser, transformando aos poucos a nossa vida, a cura da surdez e mudez
não é imediata, mas ocorre em um processo que é dinâmico, vamos ouvindo, nos
libertando e anunciando, sempre que experimentamos o Senhor.
Comunidade é, portanto o lugar
onde todos se preocupam para que cada um se abra cada vez mais á essa
Palavra, as nossas orações e cantos nada mais são do que uma súplica para que
o Senhor estenda sobre nós suas mãos, abrindo cada vez mais o nosso coração
para a sua graça que nos santifica, nos renova e nos liberta. Agora já dá
para sabermos quem é esse surdo-mudo que saiu da celebração anunciando com
alegria as maravilhas de Deus!
2. Os gestos de Jesus
Jesus iniciou seu ministério na
Galileia, onde vivia com sua família. A Galileia era um território gentílico,
vinculado à Síria, onde foram implantadas colônias judaicas na segunda metade
do séc. 1 a.C.
pelo hasmoneu Aristóbulo e por seu sucessor, Alexandre Janeu.
Na segunda etapa de seu
ministério, Jesus se dirige aos povos gentílicos vizinhos à Galileia,
tradicionalmente repudiados pelo judaísmo, começando por Tiro e, agora, na
Decápole, em contato com sua população mesclada de gregos e romanos. O
evangelho de Marcos destaca esta fase de missão nestes territórios, realçando
como Jesus veio para libertar e comunicar vida a todos os povos, abolindo a
distinção entre povos impuros, os gentios, e povo puro, os judeus.
O homem surdo que mal pode
falar, curado por Jesus na Decápole, é a expressão da submissão e alienação
de um poder dominador que inibe a comunicação das pessoas. Marcos narra
minuciosamente os gestos de Jesus, realçando assim a presença do Deus
encarnado, compassivo e solidário, entre nós. Os ouvidos do homem se abrem e
ele começa a falar corretamente. Jesus liberta aquele homem em território
pagão. Aqueles que ouvem Jesus começam a "falar corretamente". Isto
é, passam a anunciar os seus feitos. Esta narrativa de Marcos visa mexer com
os discípulos. Eles, ainda apegados à doutrina nacionalista e segregacionista
de "povo eleito", ficam como surdos e sua palavra é frágil. Estão
com dificuldade de entender que os gentios são também destinatários do Reino.
É o universalismo da salvação, a comunhão com Deus oferecida a todas as
criaturas.
A narrativa de Marcos é pródiga
em assinalar a presença física de Jesus no meio da multidão, com o toque, o
uso dos dedos e da saliva, sobre o homem que trouxeram para que ele impusesse
as mãos. A imposição das mãos e a própria saliva eram tidas como uma
comunicação de energia e cura.
Aqueles que participaram deste
episódio da cura do surdo-tartamudo puseram-se a anunciar os feitos de Jesus
em sua região, de maneira semelhante ao possesso geraseno libertado por Jesus
(Mc 5,1.20). São registros de Marcos sobre o anúncio missionário em andamento,
tendo como agentes os próprios gentios.
As narrativas de cura,
envolvendo as multidões de excluídos, carentes e adoentados, são a expressão
da atenção especial de Jesus para com estes pobres, escolhidos por Deus, em
vista de restaurar-lhes a vida (cf. segunda leitura).
A afirmação final, "faz os
surdos ouvirem e os mudos falarem", se inspira na profecia atribuída a
Isaías (primeira leitura), dirigida aos exilados da Babilônia. Na tradição
profética, a menção aos cegos que veem, surdos que ouvem, mudos que falam,
aleijados que pulam, "águas vão correr no deserto... e o seco vai se
encher de minas d'água", é uma simbologia literária que indica uma nova
situação do povo que é erguido de sua exclusão e de seu abatimento e recupera
sua dignidade, com novo ânimo de vida. Com este mesmo caráter simbólico
teriam sido elaboradas as diversas narrativas de cura encontradas nos
evangelhos. Não são transformações milagrosas mas resultam do empenho em
promover a vida, restaurando a justiça e a paz no mundo.
Oração
Senhor Jesus, impõe sobre mim as tuas mãos e liberta-me do egoísmo que impede
a comunicação com o meu próximo
3. A IMPOSIÇÃO DAS MÃOS
A mão é considerada como
portadora de força. De certo modo, concentra a força da pessoa e, através
dela, é possível transmitir aos outros esta força. Desta forma, torna-se
símbolo de poder. Por isso, as pessoas aproximavam-se de Jesus, implorando
que lhes impusesse aos mãos. Essa era a maneira de usufruir da força divina
que Jesus possuía e obter o benefício da cura.
De sua parte, Jesus nunca se
recusava a atender o pedido de quem lhe suplicasse a cura. O efeito da
imposição de suas mãos era imediato. Ele agia com a máxima discrição para não
suscitar um entusiasmo exagerado e atrair pessoas interessadas apenas em
aproveitar-se dele, sem aderir efetivamente ao Reino.
A cura do surdo-mudo, portanto,
deu-se longe da multidão e foi seguida da ordem peremptória de não dizer nada
a ninguém. Era necessário guardar segredo a respeito do ocorrido. Mas, como
era possível manter calado quem fora surdo-mudo e agora tinha recuperado a
capacidade de falar corretamente? Como impedi-lo de proclamar, aos quatro
ventos, o benefício recebido pela imposição das mãos de Jesus? Eis por que,
quanto mais Jesus o proibia de falar, tanto mais ele narrava o ocorrido.
A constatação do povo de que
Jesus fazia bem todas as coisas correspondia a reconhecer que, pela imposição
de sua mão, o Reino se fazia presente na história humana.
Oração
Senhor Jesus, impõe sobre mim as tuas mãos e liberta-me do egoísmo que impede
a comunicação com o meu próximo.
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