Domingo da
Ascensão de Nosso Senhor Jesus Cristo ANO B
ASCENSÃO DO SENHOR •
DIA MUNDIAL DAS COMUNICAÇÕES SOCIAIS • INÍCO DA SEMANA PREPARATÓRIA DE
PENTECOSTES
Ambientação:
Sejam bem-vindos amados irmãos e irmãs!
INTRODUÇÃO DO FOLHETO
DOMINICAL PULSANDINHO: A
Solenidade da Ascensão de Jesus que hoje celebramos sugere que, no final do
caminho percorrido no amor e na doação, está a vida definitiva, a comunhão
com Deus. Sugere também que Jesus nos deixou o testemunho e que somos nós,
seus seguidores, que devemos continuar a realizar o projeto libertador de
Deus para os homens e para o mundo. O cristão está chamado a participar na
totalidade do mistério de Cristo e, consequentemente, da sua glorificação.
Celebrando a Ascensão do Senhor, olhamos para o alto, não para fugir às
responsabilidades terrenas, mas para acolher a graça que nos faz caminhar na
terra como cidadãos do Céu. O envio missionário que Jesus dirige aos
discípulos os torna comunicadores da Boa Nova da salvação a todas as pessoas
e por todos os meios legítimos. Celebramos hoje o Dia Mundial da Comunicação
Social.
INTRODUÇÃO DO FOLHETO
DOMINICAL O POVO DE DEUS: Celebramos hoje a ascensão de Cristo à sua glória
original e eterna, pois como diz o salmo, "por entre aclamações o Senhor
se elevou". Hoje é também o dia Mundial das Comunicações Sociais, além
de ser a abertura da Semana Preparatória de Pentecostes. Isso nos leva a
celebrar este dia na esperança de que os meios de comunicação social formem
as consciências para o amor, o respeito, a cidadania e o bem comum. Por isso,
é também o momento de rezarmos, de forma especial, pela nossa Radio Nove de
Julho e o fortalecermos por meio das coletas de hoje. Preparemo-nos para o
Pentecostes, participando da Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos, na
certeza de que "todos seremos transformados pela vitória de nosso Senhor
Jesus Cristo" (cf. 1Cor 15, 51-58).
Antífona da entrada: Homens da Galiléia, por que estais admirados, olhando
para o céu? Este Jesus há de voltar do mesmo modo que o vistes subir, aleluia!
(At 1,11)
Primeira Leitura (Atos
1,1-11)
Leitura dos Atos dos Apóstolos.
1 1 Em minha primeira narração,
ó Teófilo, contei toda a seqüência das ações e dos ensinamentos de Jesus,
2 desde o princípio até o dia em que, depois de ter dado pelo Espírito Santo
suas instruções aos apóstolos que escolhera, foi arrebatado (ao céu).
3 E a eles se manifestou vivo depois de sua Paixão, com muitas provas,
aparecendo-lhes durante quarenta dias e falando das coisas do Reino de Deus.
4 E comendo com eles, ordenou-lhes que não se afastassem de Jerusalém, mas
que esperassem o cumprimento da promessa de seu Pai, "que
ouvistes", disse ele, "da minha boca;
5 porque João batizou na água, mas vós sereis batizados no Espírito Santo
daqui há poucos dias".
6 Assim reunidos, eles o interrogavam: "Senhor, é porventura agora que
ides instaurar o reino de Israel?"
7 Respondeu-lhes ele: "Não vos pertence a vós saber os tempos nem os
momentos que o Pai fixou em seu poder,
8 mas descerá sobre vós o Espírito Santo e vos dará força; e sereis minhas
testemunhas em Jerusalém, em toda a Judéia e Samaria e até os confins do
mundo".
9 Dizendo isso elevou-se da (terra) à vista deles e uma nuvem o ocultou aos
seus olhos.
10 Enquanto o acompanhavam com seus olhares, vendo-o afastar-se para o céu,
eis que lhes apareceram dois homens vestidos de branco, que lhes disseram:
11 "Homens da Galiléia, por que ficais aí a olhar para o céu? Esse Jesus
que acaba de vos ser arrebatado para o céu voltará do mesmo modo que o vistes
subir para o céu".
Salmo responsorial 46/47
Por entre aclamações, Deus se
elevou, o Senhor subiu ao toque da trombeta!
Povos todos do universo, batei
palmas,
gritai a Deus aclamações de alegria!
Porque sublime é o Senhor, o Deus altíssimo,
o soberano que domina toda a terra.
Por entre aclamações, Deus se
elevou,
o Senhor subiu ao toque da trombeta.
Salmodiai ao nosso Deus ao som da harpa,
salmodiai, ao som da harpa, ao nosso rei!
Porque Deus é o grande rei de
toda a terra,
ao som da harpa acompanhai os seus louvores!
Deus reina sobre todas as nações,
está sentado no seu trono glorioso.
Segunda Leitura (Efésios
1,17-23)
Leitura da carta de São Paulo aos Efésios.
Irmãos, 1 17 "rogo ao Deus
de nosso Senhor Jesus Cristo, o Pai da glória, vos dê um espírito de
sabedoria que vos revele o conhecimento dele;
18 que ilumine os olhos do vosso coração, para que compreendais a que
esperança fostes chamados, quão rica e gloriosa é a herança que ele reserva
aos santos,
19 e qual a suprema grandeza de seu poder para conosco, que abraçamos a fé. É
o mesmo poder extraordinário que
20 ele manifestou na pessoa de Cristo, ressuscitando-o dos mortos e fazendo-o
sentar à sua direita no céu,
21 acima de todo principado, potestade, virtude, dominação e de todo nome que
possa haver neste mundo como no futuro.
22 E sujeitou a seus pés todas as coisas, e o constituiu chefe supremo da
Igreja,
23 que é o seu corpo, o receptáculo daquele que enche todas as coisas sob
todos os aspectos.
Aclamação do Evangelho
Aleluia, aleluia, aleluia.
Ide ao mundo, ensinai aos povos todos; convosco estarei, todos os dias, até o
fim dos tempos, diz Jesus (Mt 28,19s).
EVANGELHO (Marcos
16,15-20)
16 15 E disse-lhes Jesus:
"Ide por todo o mundo e pregai o Evangelho a toda criatura.
16 Quem crer e for batizado será salvo, mas quem não crer será condenado.
17 Estes milagres acompanharão os que crerem: expulsarão os demônios em meu
nome, falarão novas línguas,
18 manusearão serpentes e, se beberem algum veneno mortal, não lhes fará mal;
imporão as mãos aos enfermos e eles ficarão curados".
19 Depois que o Senhor Jesus lhes falou, foi levado ao céu e está sentado à
direita de Deus.
20 Os discípulos partiram e pregaram por toda parte. O Senhor cooperava com
eles e confirmava a sua palavra com os milagres que a acompanhavam.
FORMAÇÃO
LITÚRGICA
Liturgia da Palavra - Deus nos
fala
A Liturgia da Palavra é diálogo
amoroso e comprometedor entre Deus e seu povo, congregado em Cristo e animado
pelo seu Espírito. A homilia, como parte integrante deste diálogo, merece
nossa aten- ção. Vamos, então aprofundá-la! Homilia significa conversa
familiar. Um diálogo fraterno, continuando o assunto da conversa que Deus vem
fazendo conosco através das leituras e dos fatos da vida. Ela tece
harmoniosamente uma relação entre a Bíblia, a celebração e a vida. Estabelece
um elo entre a proposta de Deus e a resposta da assembléia. A homilia é ação
simbólica, assim como cada momento da liturgia da palavra. "Cristo está
presente na sua Palavra, quando na Igreja se lê e comenta a Escritura"
(SC 7). Esta afirmação do documento conciliar sobre a liturgia nos lembra a
experiência dos discípulos de Emaús, que sentiram o coração arder quando,
pelo caminho, Jesus lhes falava e explicava as Escrituras (cf. Lc 24,32).
Homilia não pode ser confundida com sermão, discurso temá- tico ou pregação
com caráter moralizante. Não é estudo bíblico ou catequético nem reflexão e,
muito menos, deve ser substituída por desabafos pessoais de quem a faz. Não
basta simplesmente explicar os textos bíblicos. É preciso interpretá-los a
partir da realidade, atualizando-os na vida concreta da comunidade
celebrante, tendo como referência o mistério de Cristo. Ele faz arder os
corações, abrindo-os à conversão, à transformação pessoal, comunitária e
social. A homilia é o momento da comunidade expressar e firmar seu
compromisso com o Senhor, como parceira da aliança, como se deu aos pés do
Sinai, quando Deus propôs ao povo de Israel: "Se ouvirdes a minha voz e
guardardes a minha aliança, sereis minha propriedade exclusiva dentre todos
os povos". O povo, prontamente, respondeu: "Faremos tudo o que o
Senhor falou" (Ex 19,7-8).
TEXTOS BÍBLICOS PARA A
SEMANA:
2ª Br - At 19,1-8; Sl 67; Jo 16,29-33
3ª Br - At 20,17-27; Sl 67; Jo 17,1-11a
4ª Br - At 20,28-38; Sl 67; Jo 17,11b-19
5ª Br - At 22,30; 23,6-11; Sl 15; Jo 17,20-26
6ª Br - At 25,13b-21; Sl 102; Jo 21,15-19
Sb Vm - At 28,16-20.30-31; Sl 10(11); Jo 21,20-25
Pentecostes. At 2,1-11; Sl 103; 1Cor 12,3b-7.12-13 ou Gl 5,16-25; Jo 20,19-23
ou Jo 15,26-27; 16,12-15
COMENTÁRIOS DO EVANGELHO
1. "NOVO
HOMEM"
Meu grupo imaginário de
debatedores do evangelho aspirantes a teólogos, se reuniu para refletir o
evangelho desse domingo, Festa da Ascensão do Senhor. O Mota, que é o homem
encarregado de comprar as hóstias e partículas da paróquia deu início a
conversa. “Bom, nessa não caio mais, a apoteótica subida de Jesus ao céu é
coisa secundária, os holofotes estão voltados para os discípulos, que recebem
a missão, que será acompanhada de sinais prodigiosos”. Certo? Nem mal havia
perguntado, o Ernesto, aquele que é líder em uma empresa, retrucou: “Epa! Se
é festa da ascensão, a cena principal é Jesus subindo ao céu, pode conferir,
vamos ver aqui...” O grupo abriu o Novo Testamento e a Dona Maria, empregada
doméstica, observou “Olha, acho que esqueceram de avisar o Marcos que esse
domingo é a festa da ascensão, tem três ou quatro palavras dizendo que Jesus
foi elevado ao céu e mais nada”
E antes que o grupo esquentasse
ainda mais a conversa, eu convidei todos a lerem o capítulo 16 , onde está
inserido esse evangelho. A constatação foi a que eu já esperava “Se a
ascensão fosse uma prova final, os coitados dos discípulos tomariam zero e
seriam reprovados...” - comentou a catequista Roseli. De fato, o quadro que
Marcos descreve, antes desse evangelho é meio tenebroso, as mulheres cheias
de medo não disseram nada a ninguém, embora tivessem recebido do jovem
vestido de branco, a missão de anunciar aos discípulos, Maria de Magdala até
que anunciou aos discípulos, mas eles estavam aflitos e choravam, ouviram dizer
que Jesus estava vivo, porque ela o tinha visto, mas não acreditaram. Quanto
aqueles dois na estrada de Emaús, demorou para “cair a ficha” e perceber que
Jesus caminhava com eles, daí foram anunciar ao restante, mas eles duvidaram.
Quando Jesus se manifestou aos onze censurou-lhes a incredulidade e a dureza
de coração, por não darem crédito ao anúncio. “É isso aí, tomaram a maior
esfrega, foi bem feito!” – concluiu o Ernesto. “Eu é que não seria
louco de confiar uma missão tão importante a um grupo desse!” – exclamou o
Mota decepcionado.
Os discípulos não tinham poderes
sobrenaturais, Jesus não confiou a missão a super-homens, o texto anterior
nos mostra isso, e aí é que está o bonito da história, nós também muitas
vezes temos dúvidas, não acreditamos, e diante de certos acontecimentos,
demora para “cair a nossa ficha”, por isso a ascensão de Jesus marca o início
da missão da Igreja, e daí a gente começa a se ver nesse
evangelho, e principalmente no relato de Lucas em Atos, primeira leitura,
quando vivenciamos uma fé da magia e ficamos olhando para o céu, esperando
que Jesus volte para consertar tudo o que está errado.
“Olha, confesso que estou meio
boiando” – comentou o Mota. “se é a Festa da Ascensão, ou em outras palavras,
é a festa da subida de Jesus ao céu, é a sua volta para o Pai, como então
descartarmos aquilo que no evangelho parece essencial?”, perguntou a esperta
Roseli. De alguém que subiu na vida., a gente afirma que está em ascensão, na
encarnação Jesus desceu, e esvaziando-se de si mesmo rebaixou-se á condição
de escravo ao morrer na cruz, mas estando no fundo do poço, como podemos
dizer, ele fez da condição humana o ponto de apoio para subir e alcançar a
glória no mais alto do céu.
E assim, a natureza humana tão
frágil e decaída, dominada pelo mal, se vê resgatada em sua dignidade maior,
porque o Divino vem ao encontro do humano e se entrelaça na comunhão. Em
Jesus toda a humanidade sobe, porque o céu se abre, o ser humano atinge a sua
plenitude resgatando o paraíso do Eden que havia perdido. “Então esse “Sobe e
Desce” de Jesus, nos evangelhos é apenas uma força de expressão?” – perguntou
o Ernesto.
Na verdade Jesus nunca saiu do
lado do Pai, mas também nunca nos deixou, esse entrelaçamento do Divino e
humano, por livre iniciativa de Deus, é o mistério do Verbo encarnado, onde
uma pessoa histórica e real, Jesus de Nazaré, dá um novo significado á vida
do homem, trazendo aquele paraíso que perdemos, aqui dentro de nós e podemos
falar sem medo, que festa da ascensão é a nova criação que agora se
concretiza e se realiza em toda a humanidade, através de Jesus de Nazaré.
O anúncio do evangelho é
exatamente essa Boa Nova, de que todo o homem é em Cristo nova Criatura,
redimida, liberta e salva, destinada á comunhão plena com Deus em seu
paraíso, e desta vez não há o perigo de sermos ludibriados pela serpente,
fomos vacinados com a graça de Deus que recebemos no santo batismo.
O mundo inteiro precisa saber
dessa Boa Nova, é essa precisamente a missão primária da nossa Igreja,
acreditar que o anúncio é verdadeiro, e ser batizado, é condição essencial
para quem quer passar por essa renovação espiritual que chamamos de salvação,
onde somos configurados a Cristo e com ele já estamos no céu, mesmo ainda
estando a caminho, por esta vida terrena. Se ele é a cabeça e nós os membros,
não há como duvidar disso, pois o corpo forma uma unidade da qual a nossa
Igreja é a expressão mais fiel. É por esta razão que o Senhor age com o
discípulo, e confirma a palavra, por meio dos sinais, atestando a sua
autenticidade, mesmo vindo de homens tão frágeis como todos nós. É a
chancela, o carimbo de aprovação, que o Espírito imprime em nossa missão.
(FESTA DA ASCENSÃO – Marcos 16, 14-19)
2. A missão é o testemunho do amor misericordioso
O evangelho de Marcos
originalmente terminava em Mc 16,8 com o anúncio do anjo às mulheres, dizendo
que Jesus ressuscitara e precedia os discípulos na Galileia. Provavelmente no
segundo século, a Igreja, já estruturada, julgou inconveniente a falta das
narrativas das aparições do Ressuscitado neste evangelho. Foram, então,
acrescentadas três narrativas de aparições, que são resumos das narrativas de
aparições dos outros evangelhos, particularmente de Lucas e João.
Nesta elaboração tardia,
tipicamente institucional, a fala atribuída a Jesus, após as três aparições,
vai no sentido de afirmar o poder excludente da Igreja, na qual a profissão
de fé seguida do batismo já estava consagrada como caminho único e absoluto
da salvação. Também ficam afirmados poderes excepcionais conferidos ao
crente, como sinais da sua fé, o que contraria a realidade da simplicidade da
fé a ser vivida no dia a dia pelos comuns dos mortais. Com uma visão
amadurecida, compreende-se que não cabe à missão impor, condenar ou praticar
ações espetaculares. A missão é o testemunho do amor misericordioso, a
valorização e o cultivo das manifestações de vida encontradas nas
diversificadas comunidades, vendo nelas o sinal da presença de Deus entre os
povos, sem exclusões.
Os últimos versículos fazem
alusão à ascensão aos céus, conforme narrada por Lucas em seu evangelho e
mais desenvolvida nos Atos dos Apóstolos (primeira leitura), com um sumário
de missão. A exaltação do Ressuscitado retirado da terra e glorificado no céu
(segunda leitura) foi resultado da influência do messianismo escatológico nas
mentes dos discípulos de origem no judaísmo. Esta visão, que relegou a
segundo plano a revelação e a comunicação de Deus na vida e no testemunho de
amor do Jesus histórico, influenciou durante séculos a teologia, a
espiritualidade e a pastoral da Igreja, remetendo a fé em Jesus a uma
recompensa na vida gloriosa futura e celestial. Hoje, resgatando-se as
memórias de Jesus de Nazaré, na sua humanidade plena, a fé na sua presença,
vivo, nas comunidades nos move ao alegre empenho em construir um mundo novo
solidário e fraterno, em que todos se unam em torno do projeto da vida plena
para todos, sem restrições.
Oração
Senhor Jesus, contemplando tua ascensão para junto do Pai, assumo a tarefa de
levar, ao mundo inteiro e a toda criatura, a mensagem do teu Evangelho.
3. A SUBIDA AOS CÉUS
O Evangelho de Marcos, em sua redação original, encerrava-se
no versículo 8 do capítulo 16, com o encontro do túmulo vazio pelas mulheres.
Os versículos 9 a
20, que o concluem, são um acréscimo tardio. A Igreja já estruturada teria
julgado inconveniente a falta de narrativas das aparições do ressuscitado
neste Evangelho. Foram, então, acrescentadas três narrativas, resumos das
narrativas de aparições dos outros Evangelhos. A fala atribuída a Jesus, após
as três aparições (v. 16), é no sentido de afirmar o poder excludente da
Igreja, na qual a profissão de fé seguida do batismo já estava consagrada
como caminho único e absoluto da salvação. Também ficam afirmados poderes
excepcionais conferidos ao crente, o que contraria a simplicidade da fé a ser
vivida no dia-a-dia pelos comuns dos mortais. Hoje se compreende que a
prática missionária não é condenatória nem marcada por ações espetaculares. A
missão é o testemunho do amor misericordioso e o reconhecimento, a
valorização e o cultivo dos sinais de vida encontrados nos diversos povos e
culturas. A subida aos céus está associada à narrativa de Lucas em seu Evangelho e
mais desenvolvida nos Atos dos Apóstolos (primeira leitura). A exaltação do
ressuscitado, retirado da terra e glorificado no céu (cf. segunda leitura),
foi resultado da influência do messianismo escatológico davídico, presente
nas mentes dos discípulos de origem judaica. Hoje, a fé na presença de Jesus
vivo nas comunidades nos move ao alegre empenho em construir um mundo novo,
solidário e fraterno, com união em torno do projeto de vida plena para todos,
sem restrições.
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VII
SEMANA DA PÁSCOA *
Antífona da entrada: Recebereis a força do Espírito Santo, que descerá em
vós, e dareis testemunho de mim até os confins da terra, aleluia! (At 1,8)
Leitura (Atos 19,1-8)
Leitura dos Atos dos Apóstolos.
19 1 Enquanto Apolo estava em
Corinto, Paulo atravessou as províncias superiores e chegou a Éfeso, onde
achou alguns discípulos e indagou deles:
2 "Recebestes o Espírito Santo, quando abraçastes a fé?"
Responderam-lhe: "Não, nem sequer ouvimos dizer que há um Espírito
Santo!
3 Então em que batismo fostes batizados?", perguntou Paulo. Disseram:
"No batismo de João".
4 Paulo então replicou: "João só dava um batismo de penitência, dizendo
ao povo que cresse naquele que havia de vir depois dele, isto é, em
Jesus".
5 Ouvindo isso, foram batizados em nome do Senhor Jesus.
6 E quando Paulo lhes impôs as mãos, o Espírito Santo desceu sobre eles, e
falavam em línguas estranhas e profetizavam.
7 Eram ao todo uns doze homens.
8 Paulo entrou na sinagoga e falou com desassombro por três meses, disputando
e persuadindo-os acerca do Reino de Deus.
Salmo responsorial 67/68
Reinos da terra, cantai ao
Senhor.
Eis que Deus se põe de pé e os
inimigos se dispersam!
fogem longe de sua face os que odeiam o Senhor
Como fumaça se dissipa, assim também os dissipais,
como a cera se derrete ao contato com o fogo,
assim pereçam os iníquos ante a face do Senhor!
Mas os justos se alegram na
presença do Senhor,
rejubilam satisfeitos e exultam de alegria!
Cantai a Deus, a Deus louvai, cantai um salmo a seu nome!
O seu nome é Senhor: exultai diante dele!
Dos órfãos ele é pai e das
viúvas protetor;
é assim o nosso Deus em sua santa habitação.
É o Senhor quem dá abrigo, dá um lar aos deserdados,
quem liberta os prisioneiros e os sacia com fartura.
Aclamação do Evangelho
Aleluia, aleluia, aleluia.
Se com Cristo ressurgistes, procurai o que é do alto, onde Cristo está
sentado à direita de Deus Pai (Cl 3,1).
Evangelho (João 16,29-33)
Naquele tempo, os discípulos disseram a Jesus: 16 29
"Eis que agora falas claramente e a tua linguagem já não é figurada e
obscura.
30 Agora sabemos que conheces todas as coisas e que não necessitas que alguém
te pergunte. Por isso, cremos que saíste de Deus".
31 Jesus replicou-lhes: "Credes agora!
32 Eis que vem a hora, e ela já veio, em que sereis espalhados, cada um para
o seu lado, e me deixareis sozinho. Mas não estou só, porque o Pai está
comigo.
33 Referi-vos essas coisas para que tenhais a paz em mim. No mundo haveis de
ter aflições. Coragem! Eu venci o mundo".
COMENTÁRIOS DO EVANGELHO
1. "Os discípulos
descobrem o que é essencial na Vida de Fé"
Um dos discípulos de Jesus nos
ajudará na reflexão desse evangelho:
______ Parece que esse evangelho mostra o momento em que, finalmente
"caiu a ficha" do grupo de vocês...
Discípulo ___ Sim, como vocês
dizem nos dias de hoje, a gente não tinha compreendido os sucessivos e
preciosos ensinamentos de Jesus, essa é a grande verdade.
____ E porque não compreendiam,
se ele enquanto homem e mestre de vocês, era tão maravilhoso e ensinava com
autoridade. Nós aqui do terceiro milênio ficamos estupefatos de vocês não
entenderem...
Discípulo ___ É que
estávamos encantados com Jesus, com a sua pessoa, jeito de ser, suas
palavras que penetravam em nosso coração, seus prodígios principalmente em
favor dos pobres e excluídos... De repente ele começa a falar em ser
entregue, morrer e ressuscitar, era complicado demais para nós...
____Mas ele dizia a vocês que
iria ressuscitar, isso não era suficiente?
Discípulo____ Não, naquele tempo
ressurreição para nós era algo misterioso, voltar para Deus, viver uma Vida
nova, e além do mais, no pensamento judaico, tudo que Deus nos dá, é nessa
Vida, depois que se morre vai para a Mansão dos Mortos, e tudo se acaba... O
primeiro a falar de ressurreição desse modo novo é Jesus, nosso Mestre...
____Para não nos alongarmos,
esse evangelho fala de um tempo novo na vida de vocês e da comunidade
primitiva, não é mesmo?
Discípulo____ Sim, exatamente
isso, até então o trauma da sua paixão e morte, o modo como tudo aconteceu,
nos assustou e levou-nos a um profundo desânimo. Mas após a sua morte veio a
ressurreição, sentimos e provamos que Ele continuava bem Vivo e caminhando
conosco, foi a nossa Fé que nos levou a essa experiência, Jesus nunca esteve
sozinho, quando nós o abandonamos, naquele momento crucial, o Pai estava com
Ele...
___Isso significa o que
exatamente...
Discípulo _____ Que a história é
encíclica e as comunidades primitivas e todas as demais que se sucederam,
chegando até vocês hoje no ano 2012, JAMAIS ESTÃO SOZINHOS. Aquele que
caminha á nossa frente e que caminha hoje, é um Deus vencedor, por isso ele
nos dizia "Coragem, eu venci o mundo!".
___Mas Discípulo, uma última
perguntinha, para que fique bem claro: o fato de Jesus estar com a gente
hoje, do mesmo modo que estava com vocês após a Ascensão, não significa que
tudo vai dar certinho e que vamos tirar de letra a missão de ser cristão?
Discípulo _____Claro que não!
Jesus sabe das lutas, dificuldades e desafios, que os cristãos enfrentaram e
continuam enfrentando em todos os tempos da Igreja, e por isso diz essa
afirmativa estimulante e decisiva, que nos impele a continuarmos "Coragem,
eu venci o mundo...", as dificuldades, quedas e derrotas, desafios e
barreiras, fazem parte da caminhada e mesmo que Mundo inteiro estivesse
contrário ao Cristianismo...
____Já sei, pode o mundo inteiro
estar contra nós, mas venceremos Ele está conosco e sabe como vencer o mundo,
o mundo do Mal, que insiste em rejeitar o Reino que Jesus um dia plantou...
Discípulo ____AMÉM...
2. A solidão de Jesus é prenhe de amor.
Jesus dissera que era chegada a
hora de falar claramente, sem figuras. Os discípulos, precipitadamente,
afirmam tê-lo entendido. Jesus os modera, afirmando-lhes que se aproxima o
momento em que será abandonado por eles. A fé dos discípulos, na realidade,
ainda está frágil e vacilante. Eles deixarão Jesus sozinho no momento de sua
prisão e sua Paixão. Mas esta solidão de Jesus é prenhe de amor. O Pai está
sempre com Jesus, e é esta união com o Pai que gera o amor contagiante.
Jesus está concluindo sua longa
fala. Completa afirmando que tudo que ele disse foi para que os discípulos
tenham a paz, em um mundo de aflições. No mundo se vive em conflitos,
tensões, angústias, incertezas, pois este mundo ainda está sob o domínio do
chefe poderoso, adorador e escravo do dinheiro. Seduzido pelo dinheiro, o
chefe poderoso faz a guerra, mata e impõe a "paz americana" que
garante a subserviência de todos aos interesses dos donos do mercado e do
lucro.
Jesus comunica coragem. A paz de
Jesus está na vida fraterna e comunitária, na solidariedade, no serviço e na
partilha, fazendo desabrochar e florescer a vida, vencendo o mundo.
Oração
Pai, fica comigo, assim como estiveste com Jesus, e sê meu protetor quando se
levantarem contra mim as forças hostis a teu Reino. E que eu seja capaz de
vencê-las!
3. CORAGEM DOS DISCÍPULOS
O Evangelho de João, com as palavras de Jesus, nos assegura
que, embora volte para o Pai, ele continua presente entre nós. O diálogo com
Jesus tem uma dimensão dialética, com a afirmação dos contrários. Quando
Jesus afirma que "vem a hora em que não mais vos falarei em figuras, mas
vos falarei claramente do Pai", os discípulos, satisfeitos, dizem ver
que ele conhece tudo, até as perguntas que lhe querem fazer, e declaram
acreditar que ele saiu de junto de Deus. É uma afirmação um tanto quanto
precipitada. Jesus a contesta logo, com a previsão do seu abandono pelos
discípulos, que, neste momento, professam tanta crença nele. Jesus afirma sua
unidade com o Pai e que tudo foi dito por ele para que os discípulos tenham
paz. Em um mundo que provoca aflições, deverá prevalecer a coragem dos discípulos,
pois Jesus venceu o mundo. No mundo sob controle dos poderosos donos do
dinheiro e das armas, os povos vivem a angústia da exclusão, da insegurança e
da violência sob variadas formas. Porém, neste contexto, é vivida a paz e a
alegria entre aqueles que permanecem em Jesus, vitorioso do mundo pelo amor.
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VII
SEMANA DA PÁSCOA *
Antífona da entrada: Eu sou o primeiro e o último, aquele que vive. Estive
morto e eis que estou vivo para sempre, aleluia! (Ap 1,17s)
Leitura (Atos 20,17-27)
Leitura dos Atos dos Apóstolos.
20 17 Mas de Mileto mandou a
Éfeso chamar os anciãos da igreja.
18 Quando chegaram, e estando todos reunidos, disse-lhes: "Vós sabeis de
que modo sempre me tenho comportado para convosco, desde o primeiro dia em
que entrei na Ásia.
19 Servi ao Senhor com toda a humildade, com lágrimas e no meio das provações
que me sobrevieram pelas ciladas dos judeus.
20 Vós sabeis como não tenho negligenciado, como não tenho ocultado coisa
alguma que vos podia ser útil. Preguei e vos instruí publicamente e dentro de
vossas casas.
21 Preguei aos judeus e aos gentios a conversão a Deus e a fé em nosso Senhor Jesus.
22 Agora, constrangido pelo Espírito, vou a Jerusalém, ignorando a que ali me
espera.
23 Só sei que, de cidade em cidade, o Espírito Santo me assegura que me
esperam em Jerusalém cadeias e perseguições.
24 Mas nada disso temo, nem faço caso da minha vida, contanto que termine a
minha carreira e o ministério da palavra que recebi do Senhor Jesus, para dar
testemunho ao Evangelho da graça de Deus.
25 Sei agora que não tornareis a ver a minha face, todos vós, por entre os
quais andei pregando o Reino de Deus.
26 Portanto, hoje eu protesto diante de vós que sou inocente do sangue de
todos,
27 porque nada omiti no anúncio que vos fiz dos desígnios de Deus".
Salmo responsorial 67/68
Reinos da terra, cantai ao
Senhor.
Derramastes lá do alto uma chuva
generosa,
e vossa terra, vossa herança, já cansada, renovastes;
e ali vosso rebanho encontrou sua morada;
com carinho preparastes essa terra para o pobre.
Bendito seja Deus, bendito seja
cada dia
o Deus da nossa salvação, que carrega os nossos fardos!
Nosso Deus é um Deus que salva, é um Deus libertador;
o Senhor, só o Senhor, nos poderá livrar da morte!
Aclamação do Evangelho
Aleluia, aleluia, aleluia.
Rogarei ao meu Pai e ele há de enviar-vos um outro paráclito, que há de
permanecer eternamente convosco (Jo 14,16).
Evangelho (João 17,1-11)
Naquele tempo, 17 1 Jesus afirmou essas coisas e depois,
levantando os olhos ao céu, disse: "Pai, é chegada a hora. Glorifica teu
Filho, para que teu Filho glorifique a ti;
2 e para que, pelo poder que lhe conferiste sobre toda criatura, ele dê a
vida eterna a todos aqueles que lhe entregaste.
3 Ora, a vida eterna consiste em que conheçam a ti, um só Deus verdadeiro, e
a Jesus Cristo que enviaste.
4 Eu te glorifiquei na terra. Terminei a obra que me deste para fazer.
5 Agora, pois, Pai, glorifica-me junto de ti, concedendo-me a glória que tive
junto de ti, antes que o mundo fosse criado.
6 Manifestei o teu nome aos homens que do mundo me deste. Eram teus e
deste-mos e guardaram a tua palavra.
7 Agora eles reconheceram que todas as coisas que me deste procedem de ti.
8 Porque eu lhes transmiti as palavras que tu me confiaste e eles as
receberam e reconheceram verdadeiramente que saí de ti, e creram que tu me
enviaste.
9 Por eles é que eu rogo. Não rogo pelo mundo, mas por aqueles que me deste,
porque são teus.
10 Tudo o que é meu é teu, e tudo o que é teu é meu. Neles sou glorificado.
11 Já não estou no mundo, mas eles estão ainda no mundo; eu, porém, vou para
junto de ti. Pai santo, guarda-os em teu nome, que me encarregaste de fazer
conhecer, a fim de que sejam um como nós".
COMENTÁRIOS DO EVANGELHO
1. "A Vida Eterna já nos foi dada..."
Se pudéssemos fazer um gráfico
comparativo entre os evangelhos sinóticos e o de João, iríamos perceber que
nos sinóticos, na medida em que vai chegando a paixão e morte de Jesus, a
linha do gráfico vai decaindo, tudo começou tão bem, atingiu o auge mas agora
o Messianismo de Jesus parece que está acabando em nada, e a linha vai chegar
no zero.
No evangelho Joanino tudo é
diferente, e na medida em que se aproxima a paixão e a morte do Senhor, a
linha do gráfico vai subindo de forma ascendente atingindo o ponto mais alto,
o cume do messianismo: Jesus é Deus verdadeiramente! Por isso a palavra
"Glorificação" é importante e só nesse evangelho aparece meia dúzia
de vezes... Mas essa glorificação deve ser bem entendida, senão fica
parecendo, na nossa linguagem humana, uma rasgação de elogio e jogação de
confete entre o Pai e o Filho, quando na verdade o que está em jogo é a vida
e o destino de toda humanidade.
A glorificação de Jesus
significa a total restauração do Ser humano, Jesus não só resgata o homem
para o paraíso, ele o coloca em um trono e o homem, doravante, fará parte da
Divindade Trinitária, o homem deixa o caos desordenado do pecado e passa á
luz da Graça de Deus, ou seja, em Jesus, o Homem Novo, Deus renova toda a
humanidade e a sua glória se irradia em cada ser humano.
Por isso que a glorificação de
Jesus têm continuidade nos seus discípulos, pois assim como Jesus e o Pai
formavam uma unidade perfeita, agora em Jesus, o homem começa a participar
dessa unidade. A obra de Jesus foi terminada, o elo entre Deus e o Homem foi
refeito, e a Vida de comunhão com Deus tornou-se uma realidade. Eliminada
essa distância que havia entre Deus e o homem, na Teologia Joanina a Vida
Eterna já foi dada a cada ser humano.
Precisamente esta Vida Eterna
presente em nós na Graça Santificante e Operante, é que dá um novo
significado á nossa existência naquilo que somos e fazemos, no que falamos e
pensamos, em tudo isso resplandece á Luz Divina e assim, Jesus e o Pai são
glorificados.
A oração de Jesus, chamada nesse
capítulo 17, de Oração sacerdotal, é a oração que pede, mas ao mesmo tempo
que se propõe a fazer, aquilo que pediu ao Pai. Jesus pede que nenhum dos que
o Pai deu a ele, se percam, mas para que a oração seja atendida, Jesus irá
dar o precioso dom da sua Vida, deixando-se imolar, pagando assim um alto
preço para nossa renovação e total restauração.
A oração de Jesus é no sentido
de que esse novo homem agora seja forte e não caia mais nas seduções do
"mundo" do mal como ocorrera com nossos primeiros pais. Jesus, o
homem novo, pressionado pelas forças do mal, quando estava no mundo, as
derrotou com a morte na cruz, agora a pressão do mal será sobre os
discípulos, que tem em Jesus essa mesma força, capaz de superar todo o mal e
assim sacramentar a vitória de Jesus tornando-a definitiva.
2. Oração da unidade
O evangelista João, em conclusão
ao longo diálogo entre Jesus e seus discípulos, na última ceia, apresenta a
sublime oração da unidade, dirigida por Jesus ao Pai. A glória do Pai, na
terra, foi a realização da obra de Jesus, que é a comunicação da vida eterna,
alcançada na vida de amor, em comunhão com o próximo e com Jesus. Com sua
dedicação e empenho em promover a vida dos marginalizados e carentes, Jesus
revela que a vontade do Pai é que todos sejam um, sem as barreiras que
separam a sociedade em ricos privilegiados e excluídos espoliados e
empobrecidos.
Oração
Pai, torna-me obediente e fiel a ti, a exemplo de teu Filho Jesus, para que,
como ele, eu também possa experimentar a glória que vem de ti.
3.ORAÇÃO DA UNIDADE
O capítulo 17 do Evangelho de João contém a bela oração da
unidade, de Jesus ao Pai, concluindo o longo diálogo com os discípulos após a
última ceia. A glória do Pai, na terra, foi a realização da obra de Jesus,
comunicando vida eterna aos discípulos que acolheram e guardaram a palavra do
Pai e creram que Jesus é o seu enviado. Jesus roga pelos discípulos que não
têm mais a presença dele no mundo. E é glorificado naqueles que testemunham o
amor e dão continuidade à missão libertadora e vivificante que glorifica o
Pai.
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VII
SEMANA DA PÁSCOA
Antífona da entrada: Povos todos, aplaudi e aclamai a Deus com brados de
alegria, aleluia! (Sl 46,2)
Leitura (Atos 20,28-38)
Leitura dos Atos dos Apóstolos.
Naqueles dias, Paulo disse aos
anciãos da Igreja de Éfeso 20 28: "Cuidai de vós mesmos e de todo o
rebanho sobre o qual o Espírito Santo vos constituiu bispos, para pastorear a
Igreja de Deus, que ele adquiriu com o seu próprio sangue.
29 Sei que depois da minha partida se introduzirão entre vós lobos cruéis,
que não pouparão o rebanho.
30 Mesmo dentre vós surgirão homens que hão de proferir doutrinas perversas,
com o intento de arrebatarem após si os discípulos.
31 Vigiai! Lembrai-vos, portanto, de que por três anos não cessei, noite e
dia, de admoestar, com lágrimas, a cada um de vós.
32 Agora eu vos encomendo a Deus e à palavra da sua graça, àquele que é
poderoso para edificar e dar a herança com os santificados.
33 De ninguém cobicei prata, nem ouro, nem vestes.
34 Vós mesmos sabeis: estas mãos proveram às minhas necessidades e às dos
meus companheiros.
35 Em tudo vos tenho mostrado que assim, trabalhando, convém acudir os fracos
e lembrar-se das palavras do Senhor Jesus, porquanto ele mesmo disse: ´É
maior felicidade dar que receber!´"
36 A essas palavras, ele se pôs de joelhos a orar.
37 Derramaram-se em lágrimas e lançaram-se ao pescoço de Paulo para
abraçá-lo,
38 aflitos, sobretudo pela palavra que tinha dito: Já não vereis a minha
face. Em seguida, acompanharam-no até o navio.
Salmo responsorial 67/68
Reinos da terra, cantai ao
Senhor.
Suscitai, ó Senhor Deus,
suscitai vosso poder,
confirmai este poder que por nós manifestastes
a partir de vosso templo, que está em Jerusalém,
para vós venham os reis e vos ofertem seus presentes!
Reinos da terra, celebrai o
nosso Deus, cantai-lhe salmos!
Ele viaja no seu carro sobre os céus dos céus eternos.
Eis que eleva e faz ouvir a sua voz poderosa.
Dai glória a Deus e exaltai o
seu poder por sobre as nuvens.
Sobre Israel, eis sua glória e sua grande majestade!
Em seu templo ele é admirável e a seu povo dá poder.
Bendito seja o Senhor Deus, agora e sempre. Amém, amém!
Aclamação do Evangelho
Aleluia, aleluia, aleluia.
Vossa palavra é a verdade; santificai-nos na verdade! (Jo 17,17)
Evangelho (João 17,11-19)
Naquele tempo, Jesus ergue os
olhos para o céu e rezou, dizendo 17 11 "Já não estou no mundo, mas eles
estão ainda no mundo; eu, porém, vou para junto de ti. Pai santo, guarda-os
em teu nome, que me encarregaste de fazer conhecer, a fim de que sejam um
como nós.
12 Enquanto eu estava com eles, eu os guardava em teu nome, que me incumbiste
de fazer conhecido. Conservei os que me deste, e nenhum deles se perdeu,
exceto o filho da perdição, para que se cumprisse a Escritura.
13 Mas, agora, vou para junto de ti. Dirijo-te esta oração enquanto estou no
mundo para que eles tenham a plenitude da minha alegria.
14 Dei-lhes a tua palavra, mas o mundo os odeia, porque eles não são do
mundo, como também eu não sou do mundo.
15 Não peço que os tires do mundo, mas sim que os preserves do mal.
16 Eles não são do mundo, como também eu não sou do mundo.
17 Santifica-os pela verdade. A tua palavra é a verdade.
18 Como tu me enviaste ao mundo, também eu os enviei ao mundo.
19 Santifico-me por eles para que também eles sejam santificados pela
verdade".
COMENTÁRIOS DO EVANGELHO
1. "Não os tires do mundo..."
Vamos conversar um pouco com o
catequista João, autor desse evangelho, para que ele nos ajude nessa
reflexão.
___Olha Sr. Catequista João, tem
uma frase nesse evangelho que deixa a gente revoltado, sabemos que o mundo é
mal, e que quando o deixamos e vamos para Deus, partimos para uma
"melhor" como costuma se dizer, então que negócio é esse de Jesus
pedir ao Pai para que não tire os discípulos do mundo? Ele quer ver os
discípulos numa "fria"?
Catequista João ( sorrindo) -
Olha só que idéia! Claro que não, esse evangelho em todo o capítulo 17 é uma
oração que Jesus faz ao Pai, ele sabe que a sua hora está chegando, e não
quer que nada dê errado com os seus discípulos que vão assumir a sua missão
na hora que ele for embora com o Pai... Leia com atenção o início...
____Bom, parece que Jesus fala
de algo que o Pai o encarregou de fazer...
Catequista João ___ Isso mesmo,
essa é a idéia que vai motivar essa oração de Jesus a favor dos seus
discípulos. Ele foi encarregado de tornar conhecido o nome do Pai e mais
ainda, de trazer os discípulos para dentro da Vida de Deus, formando uma
perfeita unidade na Trindade.
___Opa, espere um pouco
Catequista João... Então os homens são iguais uns robozinhos que Jesus pega e
entrega para o Pai, mais abaixo ele fala que o Pai entregou os discípulos a
ele, que negócio é esse, por acaso os discípulos são joguete nas mãos de Deus
e de Jesus?
Catequista João ___ Essa sua
observação é importante, não se pode pensar assim porque isso não é verdade.
O homem tem o livre arbítrio, liberdade para decidir sua vida... Aqui a
palavra entrega significa confiar, colocar aos cuidados de alguém.
____Mas Catequista João,
retomando a questão da liberdade, isso parece ser ruim, o ser humano usa mal
sua liberdade repetindo aquela história de Eva no paraíso, não era melhor que
Deus manifestado em Jesus, fosse mais rigoroso e não desse ao homem tanta
liberdade?
Catequista João ____ Isso seria
a total negação do amor de Deus, pois o amor ao outro supõe o respeito a sua
liberdade... Por causa desse amor de Deus é que existe o inferno, para quem
fazer a opção contrária aos seus desígnios de Salvação...
____Como Judas Iscariotes? Deus
não poderia perdoá-lo?
Catequista João___Claro que sim,
bastaria que ele acreditasse na Misericórdia de Deus, ninguém sabe o que
ocorreu lá no coração de Judas nos segundos finais de sua vida. A Graça
Poderosa de Deus supera qualquer pecado... Ele é chamado de Filho da Perdição
porque se perdeu, dando á sua vida outro rumo, contrário aos desígnios de
Deus, que não usou da sua fraqueza para por o seu plano em ação, ao
contrário, Judas teve a chance de ser tão Santo como os demais o foram...
____Mas Catequista João, então
Deus não pode fazer nada nesse sentido, mesmo vendo que o bicho homem vai
tomando o caminho errado em sua vida?
Catequista João ____ Oh é claro
que Deus faz! E esse evangelho diz muito claro. Olha, para você tomar a
decisão certa na vida, usando bem a sua liberdade, é preciso que
conheça a Verdade, correto?
___Ah sim, sem dúvida, não
podemos tomar decisões na vida fazendo aquela brincadeirinha antiga
"Minha mãe mandou bater nessa daqui...", pois isso seria uma grande
irresponsabilidade...
Catequista João ___Pois é, você
falou bem, é isso mesmo, os homens não conheciam a Verdade, até que ela foi revelada
em Jesus Cristo,
o Filho de Deus. Ele é o "Logus" isso é, a Palavra , o Verbo
Encarnado como eu gosto de chamar Jesus.
____Ah Catequista João, agora
entendi: "Santifica-os pela Verdade, a tua Palavra é a Verdade. Como tu
me enviastes ao mundo, também eu os envio..." A missão do discípulo está
no mundo, para fazer igual Jesus e tornar Deus conhecido, ouvindo e vivendo a
sua Santa Palavra. Puxa Catequista João, agora ficou fácil,nem sei como
agradecer...
Catequista João _____ Não
precisa agradecer. É só entender que Deus nos santifica constantemente pela
sua Palavra revelada em
Jesus. E todo ser humano precisa conhecê-la, para isso é,
preciso o ANÚNCIO, é aí que o Discípulo se torna Missionário...
2. Jesus veio para libertar
A relação de Deus com o mundo é
um dos temas fundamentais do evangelho de João. Já no seu prólogo, anuncia:
"O Verbo (Jesus) estava no mundo, o mundo foi feito por meio dele, mas o
mundo não o reconheceu" (Jo 1,9-10). No evangelho de hoje o
"mundo" é mencionado onze vezes.
O mundo é criação de Deus, que
viu que tudo era bom (Gn 1,31). Contudo, esta criação foi apropriada pelo
"príncipe deste mundo" (Jo 12,31; 14,30; 16,11), ambicioso e
sedento de poder e riqueza. Jesus não veio para condenar tal mundo, mas para
libertá-lo (Jo 12,47). Nem Jesus nem seus discípulos, sob sua guarda, são
deste mundo. Jesus volta para o Pai, mas lhes comunica sua alegria em
plenitude.
Os discípulos são enviados para, anunciando a Palavra que é a Verdade,
comunicar vida e alegria ao mundo, libertando-o da opressão e da exploração.
Oração
Pai, reforça minha fidelidade a Jesus, de maneira que o Maligno não prevaleça
sobre mim. Protege-me contra a maldade do mundo, consagrando-me na verdade.
3. COMUNICAR A VIDA
Em sua oração pela unidade, em
conclusão à despedida após a ceia, Jesus pede ao Pai que guarde os
discípulos. A fragilidade humana, diante dos problemas deste mundo, necessita
da presença confortadora de Deus. E em Jesus, esta presença se realiza. O
"mundo" é mencionado um grande número de vezes (91) no Evangelho de
João, concentrando-se nas palavras finais de despedida. E também é citado na
abertura do Evangelho (1,9-10) e nas suas últimas palavras (21,25). O mundo é
o lugar da manifestação de Jesus. Os discípulos foram escolhidos no mundo,
foram libertos do mundo, mas devem aí permanecer para comunicar a vida. O
mundo está aprisionado pelo seu chefe. Os discípulos são enviados ao mundo
para libertá-lo pelo anúncio da verdade e pela prática do amor que comunica a
vida, que dura para sempre.
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VII
SEMANA DA PÁSCOA
Antífona da entrada: Aproximemo-nos confiantes do trono da graça, a fim de
conseguirmos misericórdia e encontrarmos auxílio em tempo oportuno, aleluia!
(Hb 4,16)
Leitura (Atos 22,30; 23,6-11)
Leitura dos Atos dos Apóstolos.
Naqueles dias, 22 30 querendo
saber com mais exatidão de que os judeus o acusavam, soltou-o e ordenou que
se reunissem os sumos sacerdotes e todo o Grande Conselho. Trouxe Paulo e o
mandou comparecer diante deles. 23 6 Paulo sabia que uma parte do Sinédrio
era de saduceus e a outra de fariseus e disse em alta voz.: "Irmãos, eu
sou fariseu, filho de fariseus. Por causa da minha esperança na ressurreição
dos mortos é que sou julgado".
7 Ao dizer ele estas palavras, houve uma discussão entre os fariseus e os
saduceus, e dividiu-se a assembléia.
8 (Pois os saduceus afirmam não haver ressurreição, nem anjos, nem espíritos,
mas os fariseus admitem uma e outra coisa.)
9 Originou-se, então, grande vozearia. Levantaram-se alguns escribas dos
fariseus e contestaram ruidosamente: "Não achamos mal algum neste homem.
(Quem sabe) se não lhe falou algum espírito ou um anjo".
10 A discussão fazia-se sempre mais violenta. O tribuno temeu que Paulo fosse
despedaçado por eles e mandou aos soldados que descessem, o tirassem do meio
deles e o levassem para a cidadela.
11 Na noite seguinte, apareceu-lhe o Senhor e lhe disse: "Coragem! Deste
testemunho de mim em Jerusalém, assim importa também que o dês em Roma".
Salmo responsorial 15/16
Guardai-me, ó Deus, porque em
vós me refugio!
Guardai-me, ó Deus, porque em
vós me refugio!
Digo ao Senhor: "Somente vós sois meu Senhor".
Ó Senhor, sois minha herança e minha taça,
meu destino está seguro em vossas mãos!
Eu bendigo o Senhor, que me
aconselha
e até de noite me adverte o coração.
Tenho sempre o Senhor ante meus olhos,
pois, se o tenho a meu lado, não vacilo.
Eis por que meu coração está em
festa,
minha alma rejubila de alegria
e até meu corpo no repouso está tranquilo;
pois não haveis de me deixar entregue à morte,
nem vosso amigo conhecer a corrupção.
Vós me ensinais vosso caminho
para a vida;
junto a vós, felicidade sem limites,
delícia eterna e alegria ao vosso lado!
Aclamação do Evangelho
Aleluia, aleluia, aleluia.
Para que todos sejam um, diz o Senhor, como tu estás em mim e eu em ti, para
que o mundo possa crer que me enviaste (Jo 17,21).
EVANGELHO (João 17,20-26)
Naquele tempo, Jesus ergueu os olhos ao céu e rezou,
dizendo: 17 20 "Não rogo somente por eles, mas também por aqueles que
por sua palavra hão de crer em mim.
21 Para que todos sejam um, assim como tu, Pai, estás em mim e eu em ti, para
que também eles estejam em nós e o mundo creia que tu me enviaste.
22 Dei-lhes a glória que me deste, para que sejam um, como nós somos um:
23 eu neles e tu em mim, para que sejam perfeitos na unidade e o mundo
reconheça que me enviaste e os amaste, como amaste a mim.
24 Pai, quero que, onde eu estou, estejam comigo aqueles que me deste, para
que vejam a minha glória que me concedeste, porque me amaste antes da criação
do mundo.
25 Pai justo, o mundo não te conheceu, mas eu te conheci, e estes sabem que
tu me enviaste.
26 Manifestei-lhes o teu nome, e ainda hei de lho manifestar, para que o amor
com que me amaste esteja neles, e eu neles"..
COMENTÁRIOS DO EVANGELHO
1. "Pai, que todos sejam um..."
Nosso diálogo com o Catequista
São João tem nos ajudado bastante na compreensão do evangelho nesta semana
que antecede Pentecostes e que se denomina Semana da Unidade dos Cristãos,
então, vamos dar continuidade a esse trabalho onde o mais importante é
situarmos o evangelho em nossa vida, principalmente na comunidade onde
vivemos e celebramos a nossa Fé, envolvidos sempre pelo Mistério de Cristo e
da Igreja.
Catequista João ___Muito bem,
nem seriam necessárias perguntas, a linha de raciocínio é essa mesma, os
Cristãos vivem em comunidade, e aí está o maior de todos os desafios, como
viver a unidade na diversidade.
____ Pois é, se olharmos de
dentro para fora, vamos ver que esse "Sonho da Unidade de todos os
cristãos está muito longe de ser realizado", o Ecumenismo ainda
engatinha e na maioria das nossas comunidades essa palavra é estranha e até
assusta os mais conservadores....Concorda Catequista João?
Catequista João ____Sim, mas
lembre-se de que a questão do ecumenismo só começou a ser levantada muito
recentemente, quando Jesus fez essa oração pela Unidade, não havia divisões
no Cristianismo. Não podemos só olhar por esse lado, embora a afirmativa caia
como uma luva para incentivar os cristãos de hoje a buscarem a unidade.
____ Puxa não tinha pensado
nisso....Naquele tempo os Cristãos estavam todos de um lado só, tocavam todos
o mesmo apito, como se diz na gíria. Então porque Jesus disse isso? Se ele
estava pedindo pela unidade, é porque havia alguma divisão, talvez no final
do primeiro século, nas comunidades cristãs, quando havia muitas heresias...
Catequista João ____Vamos olhar
o começo do evangelho..."Não rogo somente por eles, mas também por
aqueles que por sua palavra hão de crer em mim....Para quer todos sejam um,
assim como tu, Pai, estás em mim e eu em ti, para que também eles estejam em
nós, e o mundo creia que tu me enviastes..."
____ Olha catequista João, longe
de mim debater com o Senhor, mas Jesus está preocupado com a unidade...
Catequista João____Sem dúvida,
realmente o evangelho fala da Unidade, mas que deve acontecer em torno da
única Palavra, a que Jesus transmitiu aos discípulos, e as que os apóstolos
transmitiram á geração seguinte, e esta para a outra, sucessivamente, até
chegar o tempo que vocês estão vivendo no terceiro milênio da história.
____Opa, agora começou a
clarear, mas espere um pouco Catequista João, O Cisma do Oriente e depois no
século XVII a Reforma Protestante, quebrou a unidade, será que Jesus não
rezou direito?
Catequista João____(sorrindo) Como
você é espirituoso....A oração de Jesus é perfeita e Deus o atendeu sim. Veja
uma coisa, no tempo de Jesus só ele falava e os discípulos ouviam, depois ele
delegou essa missão do anúncio aos apóstolos, estes delegaram a outros e
assim sucessivamente, como já vimos. O evangelho chegou incólume até vocês no
ano de 2012, independente das divisões entre os cristãos, e das traduções
diferentes da Bíblia, aquilo que é essencial no evangelho, perpassou tres
milênios sem que ninguém, alterasse o seu conteúdo. Essa é a verdadeira
unidade desejada por Deus e pedida por Jesus.
____Então quando vivemos a Santa
Palavra estamos vivendo a unidade junto com Jesus e Deus Pai, na UNIDADE do
Espírito Santo... Como naquele dia em Pentecostes, em que todos ouviam e
entendiam, embora fossem de nacionalidade diferentes...
Catequista João____Muito bem,
mas esse assunto fica para domingo de Pentecostes que está aí na porta da
nossa liturgia. Um cristão que vive na perfeita unidade é aquele que guarda a
Palavra de Deus de maneira integral em seu coração e a vive, também de
maneira íntegra.
2. Oração de Jesus pela unidade
Esta é a expressiva e urgente
oração de Jesus pela unidade.
Jesus, ao declarar a bem-aventurança dos pobres, ao repudiar o apego ao
dinheiro e a opressão civil ou religiosa, propõe a vida plena para todos. No
mundo cativo das ambições do poder, do dinheiro e do lucro, instaura-se a
injustiça que privilegia minorias e exclui maiorias. A criação de Deus passa
a ser propriedade particular de alguns. Os ricos apropriam-se dos meios que
sustentam a vida e relegam os pobres à privação e à morte. Submetem os pobres
a produzirem para eles e se apropriam de seus bens.
O amor de Jesus, presente nos
discípulos, manifesta-se na concretização da unidade, na fraternidade e na
partilha. A oração pela unidade conduz à derrubada do enorme muro ideológico
e econômico, e também de concreto, que separa os ricos dos pobres.
Oração
Espírito de comunhão, não permitas que se rompam os laços que me ligam a
todos os meus irmãos e irmãs, e faça-me compreender o valor da unidade
proclamada por Jesus.
3. A UNIÃO ECUMÊNICA DE JESUS
Com esta oração, Jesus expressa seu profundo desejo de
unidade. É a unidade na comunhão de vida plena com todos os amados por Deus.
Jesus, ao declarar a bem-aventurança dos pobres, ao repudiar o apego ao
dinheiro e a opressão civil ou religiosa, indica o caminho desta unidade. No
mundo cativo das ambições do poder e do dinheiro, instaura-se a injustiça que
privilegia minorias e exclui maiorias. A criação de Deus passa a ser
propriedade privada de alguns. Os ricos tomam para si os meios que sustentam
a vida, relegando os pobres à privação e à morte; e submete-os a produzirem
para eles e se apropriam de seus bens. A união ecumênica dos discípulos de
Jesus far-se-á na luta pela remoção da barreira que separa os ricos dos
pobres. A meta é a comunhão plena de amor, em que o amor do Pai e do próprio
Jesus esteja em todos.
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VII
SEMANA DA PÁSCOA *
Antífona da entrada: Cristo
nos amou e nos lavou dos pecados com seu sangue, e fez de nós um reino e
sacerdotes para Deus, seu Pai, aleluia! (Ap 1,5s)
Leitura (Atos 25,13-21)
Leitura dos Atos dos Apóstolos.
Alguns dias depois, 25 13 o rei
Agripa e Berenice desceram a Cesaréia para saudar Festo.
14 Como se demorassem ali muitos dias, Festo expôs ao rei o caso de Paulo:
"Félix deixou preso aqui um certo homem.
15 Quando estive em Jerusalém, os sumos sacerdotes e os anciãos dos judeus
vieram queixar-se dele comigo pedindo a sua condenação.
16 Respondi-lhes que não era costume dos romanos condenar homem algum, antes
de ter confrontado o acusado com os seus acusadores e antes de se lhes dar a
liberdade de defender-se dos crimes que lhes são imputados.
17 Compareceram aqui. E eu, sem demora, logo no dia seguinte, dei audiência e
ordenei que conduzissem esse homem.
18 Apresentaram-se os seus acusadores, mas não o acusaram de nenhum dos
crimes de que eu suspeitava.
19 Eram só desavenças entre eles a respeito da sua religião, e uma discussão
a respeito de um tal Jesus, já morto, e que Paulo afirma estar vivo.
20 Vi-me perplexo quanto ao modo de inquirir essas questões e perguntei-lhe
se queria ir a Jerusalém e ser ali julgado.
21 Mas, como Paulo apelou para o julgamento do imperador, mandei que fique
detido até que o remeta a César".
Salmo responsorial
102/103
O Senhor pôs o seu trono lá nos
céus.
Bendize, ó minha alma, ao
Senhor,
e todo o meu ser, seu santo nome!
Bendize, ó minha alma, ao Senhor,
não te esqueças de nenhum de seus favores!
Quanto os céus por sobre a terra
se elevam,
tanto é grande o seu amor aos que o temem;
quanto dista o nascente do poente,
tanto afasta para longe nossos crimes.
O Senhor pôs o seu trono lá nos
céus,
e abrange o mundo inteiro seu reinado.
Bendizei ao Senhor Deus, seus anjos todos,
valorosos que cumpris as suas ordens.
Aclamação do Evangelho
Aleluia, aleluia, aleluia.
O Espírito Santo, o paráclito, haverá de lembrar-vos de tudo o que tenho
falado (Jo 14,26).
EVANGELHO (João 21,15-19)
21 15 Tendo eles comido, Jesus
perguntou a Simão Pedro: "Simão, filho de João, amas-me mais do que
estes?" Respondeu ele: "Sim, Senhor, tu sabes que te amo".
Disse-lhe Jesus: "Apascenta os meus cordeiros".
16 Perguntou-lhe outra vez: "Simão, filho de João, amas-me?" Respondeu-lhe:
"Sim, Senhor, tu sabes que te amo". Disse-lhe Jesus:
"Apascenta os meus cordeiros".
17 Perguntou-lhe pela terceira vez: "Simão, filho de João,
amas-me?" Pedro entristeceu-se porque lhe perguntou pela terceira vez:
"Amas-me?", e respondeu-lhe: "Senhor, sabes tudo, tu sabes que
te amo". Disse-lhe Jesus: "Apascenta as minhas ovelhas.
18 Em verdade, em verdade te digo: quando eras mais moço, cingias-te e
andavas aonde querias. Mas, quando fores velho, estenderás as tuas mãos, e
outro te cingirá e te levará para onde não queres".
19 Por estas palavras, ele indicava o gênero de morte com que havia de
glorificar a Deus. E depois de assim ter falado, acrescentou: Segue-me!
COMENTÁRIOS DO EVANGELHO
1. "O amor que apascenta..."
____São Pedro, desculpe a ousadia,
mas nesse diálogo parece que Jesus não estava botando muita fé na sua pessoa,
não é?
Pedro ____(sorrindo) Não na
minha pessoa, mas na missão que me foi confiada, e acontece que o recado não
era para mim, mas para as comunidades do final do primeiro século, que
estavam perdidas e não sabiam o que era essencial no cristianismo...
____Ah é ? Mas é o Senhor que
aparece, nessa conversa com Jesus, que João transmitiu em seu evangelho. Ele
falou aqui que o Senhor ficou meio triste com a insistência de Jesus na mesma
pergunta "Pedro tu me amas?".
Pedro ____Sim, o texto fala a
verdade, não só eu como todos os demais apóstolos passamos por essa crise de
identidade que as comunidades também passaram. E acho que hoje vocês cristãos
do terceiro milênio também passam...
____Como assim São Pedro? Que
crise é essa da qual o Senhor está falando?
Pedro____Vocês cristãos de 2012,
amam de fato Jesus Cristo?
____Nossa São Pedro, que
pergunta sem propósito, claro que nós cristãos amamos a Jesus Cristo...
Pedro ____Está vendo? Só
perguntei uma vez e você se indignou, a gente sempre acha que, dizer sempre
que se ama a Jesus é suficiente para nos sentirmos cristãos, entretanto,
naquilo que somos para as pessoas, e naquilo que fazemos na comunidade, aí é
que provamos o nosso amor por Jesus.
____Mas São Pedro, apascentar é
uma ação própria de um pastor, a conversa é com os dirigentes da Igreja e não
com o Povo de Deus...
São Pedro ____De modo algum, a
palavra apascentar significa pastorear, ser pastor na vida do outro,
conduzi-lo pelo melhor caminho, leva-lo as melhores pastagens e saciar a sua
sede nas águas tranquilas e refrescantes. Seria assim esse "Cuidar"
do outro, preocupar-se com o outro, doar-se ao outro, em todos os sentidos...
____Xi São Pedro, então
quando a gente leva o outro para um atalho ou beco sem saída, a um pasto
seco, e oferece a ele uma água salobra, não dando a mínima para o outro que
caminha com a gente na comunidade...
São Pedro____Isso mesmo, uma
relação ríspida, superficial, descomprometida, sem nenhuma responsabilidade
pela vida do outro, ou pior, aproveitar-se do outro para ter algum ganho,
sendo o contrário do pastor um Lobo voraz... Gente assim até diz que ama a
Jesus Cristo, mas não passa de uma mentira deslavada; o testemunho
incondicional do amor que SERVE, é essencial na prática cristã e prova
autêntica de que de fato amamos o Senhor...
2. Triplice confissão de
Pedro
Jesus ressuscitado, às margens
do mar da Galileia para onde retornou com seus discípulos, depois da
abundante pesca, reparte com eles pães e peixes (cf. 1 abr.), como havia
feito na partilha do pão na montanha. Há aqui também uma alusão à última
ceia; depois de comerem, naquela noite, quando Jesus é preso, Pedro nega
conhecê-lo por três vezes. Agora, Jesus, em uma aparição aos discípulos,
suscita uma tripla confissão de fidelidade de Pedro.
Este texto, acrescido ao
evangelho de João, resgata a imagem de Pedro e revela o seu destaque no
pastoreio da Igreja. Embora sem o destaque missionário de Paulo, a tradição
reconhece em Pedro um fiel compromisso pastoral que culminou com seu
martírio.
Oração
Pai, torna cada vez mais consistente meu amor a teu Filho Jesus, e confirma
minha condição de discípulo que deseja dar testemunho autêntico de sua fé.
3.A TRIPLICIDADE DE
PEDRO
A tradição conservou a memória de Pedro como um homem
simples, impulsivo e frágil, com o qual, de certo modo, todos nós podemos nos
identificar. Em Pedro tipifica-se o choque entre o desejo de fidelidade a
Jesus, por um lado, e a ideologia tradicional com a concepção messiânica de
poder, contrária à proposta de Jesus. Isto acontecia com os discípulos em geral. O autor do
Evangelho tem o cuidado de superar a tradição da tríplice negação de Pedro,
registrando a tríplice afirmação de sua fidelidade a Jesus e o seu martírio.
Afirma-se, assim, a sua preeminência no cuidado das ovelhas. Seguir Jesus
significa renunciar ao desejo de poder e comprometer-se com ele em sua missão
amorosa e libertadora, no resgate da vida ameaçada neste mundo.
|
Antífona da entrada: Repousa sobre mim o Espírito do Senhor; ele me ungiu
para levar a boa-nova aos pobres e curar os corações contritos (Lc 4,18).
Leitura (Atos
28,16-20.30-31)
Leitura dos Atos dos Apóstolos.
28 16 Chegados que fomos a Roma,
foi concedida licença a Paulo para que ficasse em casa própria com um soldado
que o guardava.
17 Três dias depois, Paulo convocou os judeus mais notáveis. Estando
reunidos, disse-lhes: "Irmãos, sem cometer nada contra o povo nem contra
os costumes de nossos pais, fui preso em Jerusalém e entregue nas mãos dos
romanos.
18 Estes, depois de terem instruído o meu processo, quiseram soltar-me, visto
não achar em mim crime algum que merecesse morte.
19 Mas, opondo-se a isso os judeus, vi-me obrigado a apelar para César, sem
intentar contudo acusar de alguma coisa a minha nação.
20 Por esse motivo, mandei chamar-vos, para vos ver e falar convosco.
Porquanto, pela esperança de Israel, é que estou preso com esta corrente".
30 Paulo permaneceu por dois anos inteiros no aposento alugado, e recebia a
todos os que vinham procurá-lo.
31 Pregava o Reino de Deus e ensinava as coisas a respeito do Senhor Jesus
Cristo, com toda a liberdade e sem proibição.
Salmo responsorial 10/11
Ó Senhor, quem tem reto coração
há de ver a vossa face.
Deus está no templo santo
e no céu tem o seu trono;
volta os olhos para o mundo,
seu olhar penetra os homens.
Examina o justo e o ímpio
e detesta o que ama o mal.
Porque justo é nosso Deus,
o Senhor ama a justiça.
Quem tem reto coração
há de ver a sua face.
Aclamação do Evangelho
Eu hei de enviar-vos o Espírito
da verdade; ele vos conduzirá a toda a verdade (Jo 16,7.13)
Evangelho (João 21,20-25)
21 20 Voltando-se Pedro, viu
que o seguia aquele discípulo que Jesus amava (aquele que estivera reclinado
sobre o seu peito, durante a ceia, e lhe perguntara: "Senhor, quem é que
te há de trair?").
21 Vendo-o, Pedro perguntou a Jesus: "Senhor, e este? Que será
dele?"
22 Respondeu-lhe Jesus: "Que te importa se eu quero que ele fique até
que eu venha? Segue-me tu".
23 Correu por isso o boato entre os irmãos de que aquele discípulo não
morreria. Mas Jesus não lhe disse: "Não morrerá, mas: Que te importa se
quero que ele fique assim até que eu venha?"
24 Este é o discípulo que dá testemunho de todas essas coisas, e as escreveu.
E sabemos que é digno de fé o seu testemunho.
25 Jesus fez ainda muitas outras coisas. Se fossem escritas uma por uma,
penso que nem o mundo inteiro poderia conter os livros que se deveriam
escrever.
COMENTÁRIOS DO EVANGELHO
1. "Autenticidade dos escritos Joaninos e aceitação
da comunidade"
Qualquer leitor do Novo
Testamento percebe que o evangelho de João é totalmente diferente dos
sinóticos. Considerando-se que os evangelhos são frutos de uma experiência de
vida das comunidades, conclui-se que a Comunidade Joanina era atípica e as
desconfianças eram muitas, falava-se em Gnosticismo, por causa do modo de
João escrever sobre Jesus, usando uma alta Cristologia que realçava sua
Divindade. O fato é que esse capítulo 21, que foi acrescentado ao
evangelho quando João já tinha morrido, atesta a autenticidade do evangelho,
e aceita no seio da Igreja essa comunidade Joanina, que tinha captado na
essência o que era o verdadeiro cristianismo.
A pergunta de Pedro a Jesus,
"Senhor, e este, o que será dele?" demonstrava a desconfiança que a
Igreja Tradicional de Jerusalém tinha em relação a essa comunidade. Era como
se perguntasse, "Podemos confiar nessa comunidade de João? O que será
que vai acontecer com ela?".
A resposta de Jesus a
Pedro "Que te importa se eu quero que ele fique até que eu
venha?", pode ser vista como uma alusão a autenticidade da comunidade, que
faz parte da Igreja e com ela permanecerá até a sua volta. Mas não é só isso,
o próprio texto traz uma razão muito simples para confirmar a autenticidade
do escrito Joanino: o autor era íntimo de Jesus, e na última ceia estava com
a cabeça recostada em seu peito (sinal de intimidade), portanto quem viveu
essa experiência tão íntima com Jesus amando-o e sentindo-se amado, pode
escrever com autoridade sobre Jesus, da mesma forma que Jesus fala do Pai,
porque com Ele está intimamente unido pelo Amor. E uma afirmação Joanina
poderia concluir essa reflexão "Deus é amor, só quem ama pode dizer que
conhece a Deus..."
Muito mais do que simplesmente
comprovar a autenticidade do escrito joanino, esse evangelho ensina que a
única forma de conhecermos a Deus e vivermos em comunhão com ele, para
podermos falar dele com conhecimento de causa, é Vivermos no Amor, exatamente
como o evangelista João...
2. O diálogo entre Pedro
e Jesus
Este texto do apêndice
conclusivo do evangelho de João é composto de duas partes: o diálogo entre
Pedro e Jesus, sobre o discípulo que Jesus mais amava (vv. 20-23) e a
conclusão geral do autor (vv. 24-25). O diálogo apresenta dois tipos de
seguimento: Pedro, que negara conhecer Jesus no momento de sua prisão, e o
discípulo que Jesus amava, sempre presente e fiel, até ao pé da cruz. A
Pedro, reabilitado pela sua tríplice confissão de amor a Jesus, está
reservado o martírio (cf. 25 maio) e ao outro discípulo, a permanência no
amor.
Para suscitar a fé do leitor, o
autor declara ser verdadeira testemunha de todas as coisas narradas. E
encerra, com uma frase com exagero retórico helenístico, afirmando que Jesus
fez ainda muitas outras coisas, que o mundo não poderia conter os livros que
as narrariam.
Oração
Pai, como o discípulo amado, desejo estar perto de Jesus e ser amado por ele.
Seja o testemunho deste amor suficientemente forte para atrair muitos outros
discípulos para ele.
3.DISTINÇÃO ENTRE O
MORRER E O PERMANECER
Nesta conclusão do Evangelho, o autor, que se identifica com
"o discípulo que Jesus mais amava", após a afirmação da primazia de
Pedro, reafirma o dom da vida eterna a este discípulo com a
"permanência" após a morte. O texto faz uma clara distinção entre o
"morrer" e o "permanecer". A morte é passageira, porém a
permanência no amor, em Jesus e no Pai, é eterna. Para fortalecimento da fé
dos leitores, o autor garante que é testemunha de todas as coisas narradas. E
encerra com um gracioso exagero retórico helenístico, asseverando que Jesus
fez ainda muitas outras coisas que não estão escritas. A tradição identificou
este discípulo com João, irmão de Tiago e filho de Zebedeu. Contudo, pode-se
pensar que este Evangelho tenha sido elaborado em uma comunidade de
discípulos deste João.
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Liturgia do Domingo
Solenidade de
Pentecostes — ANO B
"O Espírito Santo anima a
comunidade."
Ambientação:
Sejam bem-vindos amados irmãos e
irmãs!
INTRODUÇÃO DO FOLHETO
DOMINICAL PULSANDINHO: O
Espírito nos tira da dispersão e nos re- úne numa assembleia de irmãos, com
vários dons e ministérios para ouvir a Palavra e viver a alegria da partilha
e da comunhão. É também o Espírito Santo que transforma o pão e o vinho nos
sinais da páscoa de Cristo e nos une, todos cristãos, num só corpo,
revestindo-nos da força do alto para renovarmos a face da terra. Cada
celebração é um novo Pentecostes. Pentecostes é a festa da plenitude da
páscoa. O Espírito profético de Jesus torna-se o grande DOM da Igreja,
tornando-a comunidade da proclamação e do testemunho! Bendizemos ao Pai
porque o Espírito Santo abriu e revelou a todos os povos, raças e nações o
mistério que estava escondido desde sempre e reuniu todos na alegria da
libertação. Somos hoje revestidos da força deste Espírito para sermos
testemunhas alegres e corajosas do Cristo Ressuscitado.
INTRODUÇÃO DO FOLHETO
DOMINICAL O POVO DE DEUS: É chegado o grande dia de Pentecostes; dia em que a
for- ça de Deus resplandeceu de forma sacramental, porque o amor foi derramado
nos corações pelo Espírito Santo que nos foi doado (Rm 5,5.) Todas as nações
compreenderam a Palavra de Deus, comunicada em todas as línguas, porque era
mediada pelo Amor. Hoje, na Catedral, os jovens crismados e os que se
preparam para a Crisma se reunirão para a celebração eucarística de
Pentecostes. Estejamos unidos a eles e a toda a Igreja, que celebra o cume do
Mistério Pascal de Cristo e a salvação que o Filho de Deus trouxe para toda a
humanidade.
Antífona da entrada: O Espírito do Senhor encheu o universo; ele mantém
unidas todas as coisas e conhece todas as línguas, aleluia! (Sb 1,7)
Primeira Leitura (Atos
2,1-11)
Leitura dos Atos dos Apóstolos.
2 1 Chegando o dia de
Pentecostes, estavam todos reunidos no mesmo lugar.
2 De repente, veio do céu um ruído, como se soprasse um vento impetuoso, e
encheu toda a casa onde estavam sentados.
3 Apareceu-lhes então uma espécie de línguas de fogo que se repartiram e
pousaram sobre cada um deles.
4 Ficaram todos cheios do Espírito Santo e começaram a falar em línguas,
conforme o Espírito Santo lhes concedia que falassem.
5 Achavam-se então em Jerusalém judeus piedosos de todas as nações que há
debaixo do céu.
6 Ouvindo aquele ruído, reuniu-se muita gente e maravilhava-se de que cada um
os ouvia falar na sua própria língua.
7 Profundamente impressionados, manifestavam a sua admiração: "Não são,
porventura, galileus todos estes que falam?
8 Como então todos nós os ouvimos falar, cada um em nossa própria língua
materna?
9 Partos, medos, elamitas; os que habitam a Macedônia, a Judéia, a Capadócia,
o Ponto, a Ásia,
10 a Frígia, a Panfília, o Egito e as províncias da Líbia próximas a Cirene;
peregrinos romanos,
11 judeus ou prosélitos, cretenses e árabes; ouvimo-los publicar em nossas
línguas as maravilhas de Deus!"
Salmo responsorial
103/104
Enviai o vosso Espírito, Senhor,
e da terra toda a face renovai.
Bendize, ó minha alma, ao
Senhor!
Ó meu Deus e meu Senhor, como sois grande!
De majestade e esplendor vos revestis
e de luz vos envolveis como num manto.
Quão numerosas, ó Senhor, são
vossas obras!
e que sabedoria em todas elas!
Encheu-se a terra com as vossas criaturas
Bendize, ó minha alma, ao senhor!
Todos eles, ó Senhor, de vós
esperam
que a seu tempo vós lhes deis o alimento;
vós lhes dais o que comer e eles recolhem,
vós abris a vossa mão e eles se fartam.
Se tirais o seu respiro, elas
perecem
e voltam para o pó de onde vieram.
Enviais o vosso espírito e renascem
e da terra toda a face renovais.
Segunda Leitura (1
Coríntios 12,3-7.12-13)
Leitura da primeira carta de são Paulo aos Coríntios.
12 3 Por isso, eu vos declaro:
ninguém, falando sob a ação divina, pode dizer: "Jesus é o Senhor",
senão sob a ação do Espírito Santo.
4 Há diversidade de dons, mas um só Espírito.
5 Os ministérios são diversos, mas um só é o Senhor.
6 Há também diversas operações, mas é o mesmo Deus que opera tudo em todos.
7 A cada um é dada a manifestação do Espírito para proveito comum.
12 Porque, como o corpo é um todo tendo muitos membros, e todos os membros do
corpo, embora muitos, formam um só corpo, assim também é Cristo.
13 Em um só Espírito fomos batizados todos nós, para formar um só corpo,
judeus ou gregos, escravos ou livres; e todos fomos impregnados do mesmo
Espírito..
Seqüência
Espírito de Deus, enviai dos céus um raio de luz! Vinde, Pai dos pobres, daí
aos corações vossos sete dons. Consolo que acalma, hóspede da alma, doce
alívio, vinde! No labor descanso, na aflição remanso, no calor aragem.
Enchei, luz bendita, chama que crepita, o íntimo de nós! Sem luz que acode,
nada o homem pode, nenhum bem há nele. Ao sujo lavai, ao seco regai, curai o
doente. Dobrai o que é duro, guiai no escuro, o frio aquecei. Daí à vossa
Igreja, que espera e deseja, vossos sete dons. Daí em prêmio ao forte uma
santa morte, alegria eterna. Amém.
Aclamação do Evangelho
Aleluia, aleluia, aleluia.
Vinde, Espírito divino, e enchei com vossos dons os corações dos fiéis; e
acendei neles o amor como um fogo abrasador!
EVANGELHO (João 20,19-23)
20 19 Na tarde do mesmo dia, que
era o primeiro da semana, os discípulos tinham fechado as portas do lugar
onde se achavam, por medo dos judeus. Jesus veio e pôs-se no meio deles.
Disse-lhes ele: "A paz esteja convosco!"
20 Dito isso, mostrou-lhes as mãos e o lado. Os discípulos alegraram-se ao
ver o Senhor.
21 Disse-lhes outra vez: "A paz esteja convosco! Como o Pai me enviou,
assim também eu vos envio a vós".
22 Depois dessas palavras, soprou sobre eles dizendo-lhes: "Recebei o
Espírito Santo.
23 Àqueles a quem perdoardes os pecados, ser-lhes-ão perdoados; àqueles a
quem os retiverdes, ser-lhes-ão retidos".
FORMAÇÃO
LITÚRGICA
Liturgia da Palavra -
"Sequência"
Nas festas de Páscoa,
Pentecostes, Corpus Christi e Nossa Senhora das Dores, o Missal Romano prevê
para, logo após a segunda leitura da Missa, um hino chamado
"sequência". A "sequência" é um canto que entoa louvores
– de forma expressiva – sobre determinado tema da devoção cristã. Esse gênero
musical surgiu por volta do século IX. Sua popularidade foi tamanha que, dois
séculos depois, já havia um número aproximado de 5.000
"sequências". Praticamente, para cada festa ou outra circunstância,
existia uma "sequência" própria. O Missal Romano pós-Vaticano II
manteve apenas quatro "sequências", a saber: Victimae Paschali
Laudes (Páscoa); Veni Sanctae Spiritus (Pentecostes); Lauda Sion Salvatorem
(Corpus Christi) e Stabat Mater Dolorosa (N. Sra. das Dores). Destas, as duas
primeiras são de uso obrigatório. Quanto à sua execução, a "sequência"
se canta após a segunda leitura, da forma como a comunidade achar mais
viável: por um ou dois solistas, com todo o povo, em dois coros etc. Não há
necessidade de ser feito da mesa da Palavra, e todos podem permanecer
sentados neste momento, como se estivessem ouvindo uma das leituras.
TEXTOS BÍBLICOS PARA A
SEMANA:
2ª Vd - 1Pd 1,3-9; Sl 110(111); Mc 10,17-27
3ª Vd - 1Pd 1,10-16; Sl 97(98); Mc 10,28-31
4ª Vd - 1Pd 1,18-25; Sl 147(148); Mc 10,32-45
5ª Br - Sf 3,14-18 ou Rm 12,9-16b; Is 12,2-6; Lc 1,39-56
6ª Vm - 1 Pd 4,7-13; Sl 95 (96); Mc 11,11-26
Sb Vd - Jd 17,20b-25; Sl 62(63); Mc 11,27-33
Domingo Santíssima Trindade Dt 4,32-34.39-40; Sl 32 (33),4-5.6.9.18-19.20.22
(R/. 12b); Rm 8,14-17; Mt 28,16-20 (Despedida na Galileia)
COMENTÁRIOS DO EVANGELHO
1. "RENASCIDOS NO ESPÍRITO"
Quando se capricha na reforma de
uma casa antiga, mudando totalmente sua fachada, costuma se dizer que ela
ficou como nova, a esse respeito, lembro-me também do tempo em que a compra
de um sapato novo era onerosa e a gente optava por levar o velho ao
sapateiro, que colocava meia sola, passava uma tinta, dava um brilho e quando
ia buscar, era como se fosse um sapato novo, e um último exemplo, um dos
carros que tive foi uma Brasília, que em certa ocasião mandei fazer uma
reforma caprichada e ao sair com ela da oficina, dizia orgulhoso que ficou
“novinha” em folha.
Nesses três casos, a palavra NOVA é apenas força de
expressão, pois a casa, o sapato e a Brasília, continuaram velhos, apenas com
aparência de novos. O que o Espírito de Deus realiza em nós, não é uma
reforma de fachada, não somos uma casa velha reformada, mas nele somos
recriados, renascidos e renovados, passando a ser realmente novas criaturas,
porque estamos em Cristo (1 Cor 5, 17-21).
Quando o homem toma conhecimento
dessa verdade, fica confuso como Nicodemos, que perguntou a Jesus como é que
podia um homem, sendo já velho, nascer de novo, e se era necessário entrar
novamente no útero materno. Nas leituras da missa da vigília, e do domingo de
Pentecostes descobrimos que esse renascimento e essa renovação não dependem
do homem, mas é iniciativa de Deus. Quando celebramos Pentecostes estamos na
verdade celebrando o renascimento de todo gênero humano, a renovação de toda
humanidade, onde o homem, consciente e crente desta renovação, se une a seu
Deus e aos irmãos em comunhão perfeita, na Igreja, que é o Povo da Nova
Aliança, a Assembléia ou a reunião dos que crêem e vivem segundo o Espírito,
vivenciando um amor que se traduz em serviço, impelido pelos carismas.
Igreja não é um grupo fechado e
particular que têm exclusividade sobre o Espírito Santo, monopolizando seus
dons e carismas, o Espírito é derramado sobre todos e não canalizado para
alguns em particular como pensam algumas correntes religiosas. Todos os
textos que ilustram essa Festa de Pentecostes, da missa da Vigília e da
própria Festa, não deixam margem para dúvidas a esse respeito. “Derramarei o
meu Espírito sobre todo ser humano” – (Joel 3, 1) “todos ficaram cheios do
Espírito Santo e começaram a falar em outras línguas, conforme o espírito os
inspirava. Moravam em Jerusalém, judeus devotos de todas as nações do mundo,
quando ouviram o barulho, juntaram-se á multidão e cada um os ouvia falarem
em sua própria língua” (Atos 2, 4-5) Através do seu Espírito que é único,
Deus se comunica com todos os homens no pluralismo de valores, de culturas e
religiões, em uma única linguagem!
No espírito descobrimos que
somos todos iguais embora queiramos parecer diferentes. Se atendêssemos aos
apelos do Espírito, derrubaríamos por terra todas as barreiras que nos
separam e homens de todas as nações, culturas e religiões, iriam se dar as
mãos e em uma única voz cantariam um único louvor, ao único e verdadeiro
Deus, reunidos em uma única Igreja que já não seria mais este ou aquele
templo, esta ou aquela denominação religiosa, mas sim as entranhas do homem.
Eis aí algo esplendido que Pentecostes nos revela: nascemos de novo e nos
renovamos porque Deus em seu Espírito Santo, entra em nós. “Nossos ossos
estavam secos, nossa esperança havia acabado , texto que em Ezequiel 17,
mostra não só a situação de um povo, que tinha perdido a sua identidade de
povo de Deus, mas da própria humanidade, que sem Deus não consegue sonhar, ou
esperar nada de bom, mas só tem pesadelos, e neste mesmo texto vemos a
maravilhosa profecia “Porei em vós o meu Espírito para que vivais... E os
anciãos voltarão a sonhar, e os jovens profetizarão” isso significa que
todos, jovens e velhos poderão esperar algo novo, uma nova e feliz realidade.
Essa possibilidade se
concretizou ao anoitecer daquele dia, quando Jesus soprou sobre a comunidade
dos discípulos, concedendo-lhes o dom da paz e o seu próprio Espírito.
Precisamente ali surgiu a nova humanidade, em uma Igreja que na
força do Espírito Santo perdeu o medo, abriu suas portas que estavam fechadas
e saiu em missão para anunciar a todos os homens essa verdade, que o Espírito
do Senhor nos renovou, que em todos os homens, a graça é maior e mais
abundante que o pecado. E quando todo homem olhar para dentro de si e tomar
consciência dessa verdade, de que é uma Igreja ambulante porque o Senhor
habita nele em Espírito, então passará a produzir os frutos doces e saborosos
da caridade, alegria, paz, longanimidade, benignidade, bondade, lealdade e
mansidão. Você já fez essa experiência? (Domingo de Pentecostes)
2. Jesus renova a comunicação de sua paz.
As festas religiosas, nas
religiões primitivas em culturas de economia agrícola, como acontecia em
Canaã, eram associadas ao tempo de colheitas, ao longo do ano. Assim
acontecia com as festas da Páscoa, dos Ázimos e de Pentecostes, celebradas no
Templo de Jerusalém. A festa da Páscoa, que antecipa o primeiro dia dos Ázimos,
era celebrada no começo da colheita do trigo (14o dia do mês de Nisã -
geralmente em Abril) e a festa de Pentecostes celebrada sete semanas
(cinquenta dias) depois.
João, no seu evangelho, após a
crucifixão de Jesus na véspera de um sábado, apresenta os grandes eventos do
primeiro dia da semana que se inicia. Este dia, o da ressurreição, bem
delimitado no evangelho de João, começa com a ida de Maria Madalena ao túmulo
de Jesus, de madrugada. Encontrando o túmulo vazio, avisa a Pedro e João, que
correm para constatá-lo (cf. 8 abr.). Ao anoitecer deste mesmo dia, os
discípulos estão reunidos com as portas fechadas, o que indica o temor que os
tomava diante da execução de Jesus pelos judeus. Jesus entra e se põe no meio
deles. De imediato lhes comunica a paz, a eles que estavam perturbados.
Aquele que fora crucificado se apresentava vivo entre eles, o que é motivo de
grande alegria, ainda mais quando Jesus renova a comunicação de sua paz.
Soprando sobre eles, comunica-lhes o Espírito Santo. É o Espírito de Amor que
liberta do pecado e une a todos formando um só corpo (segunda leitura) na
diversidade, na fraternidade, no serviço e na compaixão. É o Espírito que
renova a face do mundo inundando-o de amor e paz.
Lucas, na passagem paralela a
esta, em seu evangelho, não menciona o dom do Espírito com o sopro de Jesus.
É em Atos dos Apóstolos que será feita, com um grande realce, a narrativa do
dom do Espírito Santo, com uma teofania caracterizada por grandes sinais
espantosos, como acontecimento que ocorre na festa judaica de Pentecostes
(primeira leitura). Tal narrativa contrasta com a simplicidade da narrativa
de João, bem como com o clima de perseguição aos discípulos, que nela
transparece. Trata-se de uma narrativa teológica a fim de vincular o
movimento de Jesus aos judeus cristãos de Jerusalém, que continuaram
frequentando o Templo até sua destruição, no ano 70, e as sinagogas, das
quais foram expulsos na década de 80.
As narrativas da ressurreição e
as aparições sucessivas exprimem uma realidade que as antecede. São a
confirmação da condição humana e divina de Jesus que, em toda sua vida,
revelou o amor libertador e vivificante de Deus, que a todos comunica sua
vida divina e eterna.
Oração
Pai, que o teu Espírito Santo me recrie inteiramente, de modo a banir para
longe de mim todo medo e toda insegurança que me impedem de dar testemunho do
teu Reino.
3. RECEBEI O ESPÍRITO SANTO
O dom do Espírito Santo foi um
elemento fundamental na experiência missionária dos primeiros cristãos. Com a
ascensão do Senhor, eles se viram às voltas com uma tarefa descomunal: levar
a mensagem do Evangelho a todo o mundo. A missão exigiria deles inculturar a
mensagem, fazendo o Evangelho ser entendido por pessoas das mais variadas
culturas. Deveriam ser capazes de enfrentar dificuldades, perseguições e, até
mesmo a morte, por causa do nome de Jesus. Muitos problemas proviriam dos
judeus, pois a ruptura com eles seria inevitável, dada a intransigência da
liderança judaica para com a comunidade cristã que tomaria um rumo
considerado inaceitável. Sem dúvida, não faltariam problemas dentro da
própria comunidade, causados por partidarismos, falsas doutrinas e atitudes
incompatíveis com a opção pelo Reino.
Os discípulos eram demasiado
fracos para, por si mesmos, levar a cabo uma empresa tão grande. Jesus,
porém, concedeu-lhes o auxílio necessário ao comunicar-lhes o Espírito Santo.
Fortalecidos pelo Espírito, eles não se intimidaram, antes, cumpriram, com
denodo, o ministério da evangelização.
O dom de Pentecostes renova-se,
cada dia, na vida da Igreja. O Espírito, ontem como hoje, não permite que os
cristãos cruzem os braços diante do mundo a ser evangelizado.
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