segunda-feira, 7 de maio de 2012

5ª semana da Páscoa


5º Domingo de Páscoa  ANO B
Ambientação:
Sejam bem-vindos amados irmãos e irmãs! Somos convidados a refletir sobre a nossa união a Cristo; e que só unidos a Cristo temos acesso à vida verdadeira. Utilizando a comparação da videira e dos ramos, reforçamos a proposta da comunidade unida a Cristo, fecunda no amor e comunhão. O critério para saber se há comunhão entre os ramos, que são os cristãos, e Cristo, é a presença dos frutos. Assim, é necessário permanecer unido a Cristo para receber a seiva e dar frutos. Hoje, damos graças pelo batismo, que nos inseriu em Cristo como ramos na videira, pela palavra que nos purifica e pelo sofrimento que poda todo o mal. O vinho, fruto da videira, é sinal expressivo dessas realidades, e sacramento da nova aliança no sangue de Jesus. Portanto, permaneçamos no amor de Cristo. Sintamos o júbilo real de Deus em nossos corações e cheios dessa alegria divina entoemos cânticos jubilosos ao Senhor!.
Antífona da entrada: Cantai ao Senhor um canto novo, porque ele fez maravilhas; e revelou sua justiça diante das nações, aleluia! (Sl 97,1s)
Primeira Leitura (Atos 9,26-31)
Leitura dos Atos dos Apóstolos.
9 26 Chegando a Jerusalém, tentava ajuntar-se aos discípulos, mas todos o temiam, não querendo crer que se tivesse tornado discípulo. 
27 Então Barnabé, levando-o consigo, apresentou-o aos apóstolos e contou-lhes como Saulo vira o Senhor no caminho, e que lhe havia falado, e como em Damasco pregara, com desassombro, o nome de Jesus. 
28 Daí por diante permaneceu com eles, saindo e entrando em Jerusalém, e pregando, destemidamente, o nome do Senhor. 
29 Falava também e discutia com os helenistas. Mas estes procuravam matá-lo. 
30 Os irmãos, informados disso, acompanharam-no até Cesaréia e dali o fizeram partir para Tarso. 
31 A Igreja gozava então de paz por toda a Judéia, Galiléia e Samaria. Estabelecia-se ela caminhando no temor do Senhor, e a assistência do Espírito Santo a fazia crescer em número. 

Salmo responsorial 21/22
Senhor, sois meu louvor em meio à grande assembléia!
sois meu louvor em meio à grande assembléia; 
cumpro meus votos ante aqueles que vos temem! 
Vossos pobres vão comer e saciar-se, 
e os que procuram o Senhor o louvarão. 
"Seus corações tenham a vida para sempre!"
Lembrem-se disso os confins de toda a terra, 
para que voltem ao Senhor e se convertam, 
e se prostrem, adorando, diante dele 
todos os povos e as famílias das nações. 
Somente a ele adorarão os poderosos, 
e os que voltam para o pó o louvarão.
Para ele há de viver a minha alma, 
toda a minha descendência há de servi-lo; 
às futuras gerações anunciará 
o poder e a justiça do Senhor; 
ao povo novo que há de vir, ela dirá: 
"Eis a obra que o Senhor realizou!"
Segunda Leitura (1 João 3,18-24)
Leitura da primeira carta de são João.
3 18 Meus filhinhos, não amemos com palavras nem com a língua, mas por atos e em verdade. 
19 Nisto é que conheceremos se somos da verdade, e tranqüilizaremos a nossa consciência diante de Deus, 
20 caso nossa consciência nos censure, pois Deus é maior do que nossa consciência e conhece todas as coisas. 
21 Caríssimos, se a nossa consciência nada nos censura, temos confiança diante de Deus, 
22 e tudo o que lhe pedirmos, receberemos dele porque guardamos os seus mandamentos e fazemos o que é agradável a seus olhos. 
23 Eis o seu mandamento: que creiamos no nome do seu Filho Jesus Cristo, e nos amemos uns aos outros, como ele nos mandou. 
24 Quem observa os seus mandamentos permanece em (Deus) e (Deus) nele. É nisto que reconhecemos que ele permanece em nós: pelo Espírito que nos deu. 

Aclamação do Evangelho
Aleluia, aleluia, aleluia. 
Ficai em mim, e eu em vós hei de ficar, diz o Senhor; quem em mim permanece; esse dá muito fruto (Jo 15,4s).

EVANGELHO (João 15,1-8)
15 1 Disse Jesus: "Eu sou a videira verdadeira, e meu Pai é o agricultor. Todo ramo que não der fruto em mim, ele o cortará; 
2 e podará todo o que der fruto, para que produza mais fruto. 
3 Vós já estais puros pela palavra que vos tenho anunciado. 
4 Permanecei em mim e eu permanecerei em vós. O ramo não pode dar fruto por si mesmo, se não permanecer na videira. Assim também vós: não podeis tampouco dar fruto, se não permanecerdes em mim. 
5 Eu sou a videira; vós, os ramos. Quem permanecer em mim e eu nele, esse dá muito fruto; porque sem mim nada podeis fazer. 
6 Se alguém não permanecer em mim será lançado fora, como o ramo. Ele secará e hão de ajuntá-lo e lançá-lo ao fogo, e queimar-se-á. 
7 Se permanecerdes em mim, e as minhas palavras permanecerem em vós, pedireis tudo o que quiserdes e vos será feito. 
8 Nisto é glorificado meu Pai, para que deis muito fruto e vos torneis meus discípulos". 
FORMAÇÃO LITÚRGICA
Liturgia da Palavra
A finalidade da Liturgia da Palavra é reavivar o diálogo da aliança entre Deus e seu povo, receber uma orientação para nossa vida, estreitar os laços de amor e fidelidade. Neste diálogo, nossa atitude é de escuta atenta e amorosa para que Deus possa nos falar dentro da realidade bem concreta de nossa vida. E também de resposta, de acolhimento sincero, de adesão consciente, de decisão convicta, de conversão, para que a Palavra possa dar frutos em nossa vida. O Senhor nos fala e nós entramos em diálogo com Ele. Respondemos de diversas formas: ouvindo atentamente, acolhendo no coração, salmodiando, aclamando, atualizando, professando a fé e apresentando nossas preces para vivê-la na celebração e no dia-a-dia, em nossas lidas e lutas. Para que tudo isso aconteça é preciso destacar a importância dos ministérios dos leitores/as, do/a salmista, de quem proclama o evangelho e faz a homilia. É importante valorizar a mesa da palavra, que foi reintroduzida pelo Concílio Vaticano II, para proclamar as leituras, o evangelho, cantar o salmo, fazer a homilia e as preces dos fiéis. Deus fala através das ações corporais dos ministros/as: gestos, tom de voz, postura e atitudes diante da mesa da Palavra, do livro, de sua maneira de olhar e se dirigir à assembleia. A humildade, a convicção e o compromisso, como ouvinte da Palavra, possibilitam uma eficaz comunicação de Deus com seu povo reunido. Além de cuidar que as ações sejam bem feitas em termos de comunicação, é preciso que elas sejam de verdade, ações simbólico-sacramentais, capazes de expressar e realizar o que significam, ou seja: a palavra do Senhor viva e transformadora para a comunidade reunida em seu Nome. Assim, toda a Li turgia da Palavra torna-se um diálogo amoroso e comprometedor entre Deus e seu povo, animado pelo Espírito Santo. E, o Verbo de Deus, Palavra viva do Pai, o próprio Cristo, se torna CARNE em nós para continuarmos sua ação salvadora, entregando nossa vida para a transformação do mundo.
TEXTOS BÍBLICOS PARA A SEMANA:

2ª Br - At 14,5-18; Sl 113; Jo 14,21-26
3ª Br - At 14,19-28; Sl 144; Jo 14,27-31a
4ª Br - At 15,1-6; Sl 121; Jo 15,1-8
5ª Br - At 15,7-21; Sl Sl 95; Jo 15,9-11
6ª Br - At 15,22-31; Sl 56; Jo 15,12-17
Sb Br - At 16,1-10; Sl 99; Jo 15,18-21

COMENTÁRIOS DO EVANGELHO
1.      "NOSSA QUERIDA VIDEIRA!"
Há muita gente que, por mera falta de conhecimento, interpreta de maneira equivocada esse evangelho de São João, onde Jesus se apresenta como a Videira. Talvez porque seja mais fácil entender que se trata de algo pessoal: falando da minha espiritualidade, minha intimidade com o Cristo, minha permanências nele, através das minhas orações e da minha sacramentalidade, pois só assim irei produzir os “meus frutos”. Não há dúvidas de que o texto traz um apelo à conversão pessoal, possível a partir da permanência, isso é, em comunhão com Jesus Cristo mediante a graça santificante, mas o evangelho também apresenta indícios de uma relação bem mais ampla e complexa, basta ver a conclusão lógica: Fora da videira, além de não produzir nenhum fruto, também iremos morrer e ser destruídos para sempre, nas chamas do fogo eterno.
Se entendermos a expressão Joanina ao pé da letra, esse fogo se apresenta como um castigo, e nesse caso, permanecer com Cristo seria uma obrigação e não uma opção pessoal por esta vida, totalmente nova que ele nos oferece. A estrutura de um vegetal é algo muito complexo: raiz, tronco, ramos, folhas, flores e frutos. A esse respeito, lembrei-me de uma história muito interessante, que ilustra bem a reflexão.
Ao passar o final de semana na chácara da família, o menino disse ao pai, que queria fazer um discurso de agradecimento a uma árvore, pelo fruto adocicado que acabara de saborear, mas que queria saber, por onde começar “A quem agradeço primeiro, a raiz, ao tronco ou ao galho, onde apanhei o fruto?” O pai sorrindo, explicou que o fruto saboroso foi produzido pela árvore toda em seu conjunto, e não apenas por uma de suas partes. É João também, o autor da célebre afirmação de que, “Quem diz que ama a Deus que não vê, mas não ama o irmão que vê, é mentiroso, pois a verdade não está nele”.
Então o evangelho da Videira fica bem mais claro para todos nós, sem essa comunhão com Cristo e com os irmãos da comunidade, não iremos produzir frutos, ou os frutos não serão de boa qualidade. É na Igreja comunidade, que vivemos e celebramos essa comunhão. Permanecer, não significa um encontro casual ou acidental, nem tão pouco quer dizer fechar-se dentro do seu grupo, da sua equipe, pastoral ou movimento, quando temos essa atitude, de só se sentir bem no “meu grupo”, o horizonte se apequena, porque se trata de uma fuga das relações complexas e assim, eu acabo-me “escondendo” no meu grupo, ali não serei questionado, não precisarei buscar mais nada, pois terei enfim encontrado a sonhada paz, a comunidade perfeita.
Um ramo assim está fadado a secar, irá perder a vitalidade e acabará caindo ou sendo arrancado por algum vento impetuoso que sopra contrário, pois não é função do tronco conduzir a seiva a um ramo em particular, mas a todos os ramos. Fechar-se no grupo significa uma tentativa infrutífera de monopolizar a seiva da graça de Deus, só para nós, com exclusividade. Há igrejas cristãs que pensam assim, há grupos cristãos que também pensam desta forma, alimentando a ilusão de que o cristianismo fechado em um grupo é uma maravilha, uma bênção e uma grande graça. Quanto engano!
O evangelho desse domingo, escrito por São João, desmonta toda essa “fantasia colorida”. A ameaça de ruptura e destruição no fogo, não é para os que não pertencem á Videira, mas sim para os de dentro, que insistem em caminharem sozinhos, sem uma inserção na vida comunitária. São Paulo usa a mesma linguagem da videira, quando vislumbra a Igreja como um Corpo, onde nós somos os membros e Cristo é a Cabeça, o pé não tem nenhuma importância em si mesmo, se não considerarmos sua relação com o corpo, um membro separado do corpo, não serve para nada, não tem função alguma, ele só se torna valioso e importante, quando unido permanentemente com o corpo todo.
Nossa caminhada enquanto igreja, não pode ser alimentada por essas fantasias e mentiras inebriantes, pois elas não resistirão ao Fogo da Verdade Divina.
2. A comunidade que dá frutos de amor
João, no seu evangelho, apresenta mais uma autoproclamação de Jesus na qual diz ser, ele próprio, a videira verdadeira. No Primeiro Testamento a divindade se revelara a Moisés com o nome: "Eu Sou". As autoproclamações de divindades já eram encontradas nas tradições religiosas da cultura egípcia. No evangelho de João são inúmeras as autoproclamações de Jesus: eu sou... o pão da vida, o pão descido do céu, a luz do mundo, a porta das ovelhas, o bom pastor, a ressurreição, o caminho, a verdade e a vida, e, agora, a videira. Enquanto o deus de Moisés permanecia um deus invisível e nas alturas, agindo a distância, as autoproclamações do evangelho de João revelam Jesus como sendo Deus intimamente presente no mundo, convivendo com as pessoas, relacionando-se de maneira simples e comum com homens, mulheres e crianças.
Com esta última autoproclamação, Jesus acentua a íntima relação que existe entre seus discípulos e ele. A imagem usada é a da videira, cujo cultivo era comum nas civilizações antigas em vista da produção do vinho. A poda dos ramos nos quais não brotaram frutos, a fim de fortalecerem os ramos carregados, era uma prática comum no seu cultivo. A simbologia da videira é muito usada no Antigo Testamento, representando o povo de Israel. Jesus lhe dá um novo sentido. Todos, sem discriminações de raça, religião ou condição social, em todos os tempos, são seus ramos. É a perspectiva universalista do dom do amor divino e da vida eterna. Aos ramos cabe dar os frutos. Os ramos sem frutos serão separados da videira. Podemos perceber estes ramos sem frutos em Atos dos Apóstolos (primeira leitura), naqueles judeus de língua grega que rejeitavam a pregação de Paulo e procuravam matá-lo. O ramo que dá fruto é limpo para que dê mais frutos ainda. O ramo unido à videira é o discípulo que permanece em Jesus e Jesus, nele. É o ramo que é tornado limpo pela acolhida e prática da palavra de Jesus.
A íntima inserção dos ramos ao tronco da videira é uma sugestiva imagem da permanência dos discípulos em Jesus. O verbo "permanecer" aparece oito vezes no texto. O permanecer em Jesus significa permanecer em comunhão de amor com o próximo e com Deus, já participando da vida eterna. Na Primeira Carta de João (segunda leitura) é destacado que, quem vive o mandamento de amor, permanece em Deus e Deus permanece nele, o que significa a participação em sua vida divina e eterna.
A comunidade unida, em comunhão com Jesus e praticando sua palavra, tem como fundamento de sua oração pedir que seja feita a vontade do Pai. E o Pai é glorificado pela comunidade que dá frutos de amor, no empenho em remover a injustiça do mundo e promover a vida para todos.
Oração
Senhor Jesus, que minha união contigo leve-me a produzir, sempre mais, os frutos de amor e de justiça esperados por ti.
3. A VIDEIRA, OS RAMOS E OS FRUTOS
No Primeiro Testamento, o deus de Moisés se revelara como "Eu Sou". As autoproclamações de divindades já eram encontradas no Egito. No Evangelho de João são inúmeras as autoproclamações de Jesus: Eu sou... o pão da vida, o pão descido do céu, a luz do mundo, a porta das ovelhas, o bom pastor, a ressurreição, o caminho, a verdade e a vida, a videira, entre outras.
Com elas, Jesus revela- se como o Deus intimamente presente no mundo, na vida das pessoas, relacionando-se de maneira simples e comum com homens, mulheres e crianças.
Jesus se autoproclama como a videira verdadeira. A videira, na tradição do Antigo Testamento, representa o povo de Israel. Jesus lhe dá um novo sentido, no qual todos, sem discriminações de raça, religião ou condição social, em todos os tempos, são seus ramos. É a perspectiva universalista do dom do amor divino e da vida eterna.
Aos ramos cabe dar os frutos. Os ramos sem frutos serão separados da videira. O ramo unido à videira é o discípulo que permanece em Jesus, e Jesus nele. Os ramos unidos à videira são a comunidade unida a Jesus, que ora ao Pai e é ouvida.
A Primeira Carta de João (segunda leitura) desenvolve o tema da permanência em Jesus. Quem ama com ações e de verdade permanece em Deus. E é permanecendo em Jesus que os discípulos produzirão os frutos que são do agrado do Pai. E a seiva do amor que une Jesus e os discípulos cria laços entre as pessoas, leva à fraternidade, à solidariedade e comunica a vida. Na primeira leitura, vemos como a conversão de Saulo levou-o, logo de início, a uma pregação corajosa. Em continuidade, sua missão frutificou em inúmeras comunidades de fé.
Liturgia da Segunda Feira
V SEMANA DA PÁSCOA
Antífona da entrada: Ressuscitou o bom pastor, que de a vida por suas ovelhas e quis morrer pelo rebanho, aleluia!
Leitura (Atos 14,5-18)
Leitura dos Atos dos Apóstolos.
14 5 Mas como se tivesse levantado um motim dos gentios e dos judeus, com os seus chefes, para os ultrajar e apedrejar, 
6 ao saberem disso, fugiram para as cidades da Licaônia, Listra e Derbe e suas circunvizinhanças. 
7 Ali pregaram o Evangelho. 
8 Em Listra vivia um homem aleijado das pernas, coxo de nascença, que nunca tinha andado. 
9 Sentado, ele ouvia Paulo pregar. Este, fixando nele os olhos e vendo que tinha fé para ser curado, 
10 disse em alta voz: "Levanta-te direito sobre os teus pés!" Ele deu um salto e pôs-se a andar. 
11 Vendo a multidão o que Paulo fizera, levantou a voz, gritando em língua licaônica: "Deuses em figura de homens baixaram a nós!" 
12 Chamavam a Barnabé Zeus e a Paulo Hermes, porque era este quem dirigia a palavra. 
13 Um sacerdote de Zeus Propóleos trouxe para as portas touros ornados de grinaldas, querendo, de acordo com todo o povo, sacrificar-lhos. 
14 Mas os apóstolos Barnabé e Paulo, ao perceberem isso, rasgaram as suas vestes e saltaram no meio da multidão:
15 "Homens, clamavam eles, por que fazeis isso? Também nós somos homens, da mesma condição que vós, e pregamos justamente para que vos convertais das coisas vãs ao Deus vivo, que fez o céu, a terra, o mar e tudo quanto neles há. 
16 Ele permitiu nos tempos passados que todas as nações seguissem os seus caminhos. 
17 Contudo, nunca deixou de dar testemunho de si mesmo, por seus benefícios: dando-vos do céu as chuvas e os tempos férteis, concedendo abundante alimento e enchendo os vossos corações de alegria". 
18 Apesar dessas palavras, não foi sem dificuldade que contiveram a multidão de sacrificar a eles. 

Salmo responsorial 113B/115
Não a nós, ó Senhor, não a nós, 
ao vosso nome, porém, seja a glória.
Não a nós, ó Senhor, não a nós, 
ao vosso nome, porém, seja a glória, 
porque sois todo amor e verdade! 
Por que há de dizer os pagãos: 
"Onde está o seu Deus, onde está?"
É nos céus que está o nosso Deus, 
ele faz tudo aquilo que quer. 
São os deuses pagãos ouro e prata, 
todos eles são obras humanas.
Abençoados sejais do Senhor, 
do Senhor que criou céu e terra! 
Os céus são os céus do Senhor, 
mas a terra ele deu para os homens.
Aclamação do Evangelho
Aleluia, aleluia, aleluia. 
O Espírito Santo, o paráclito, haverá de lembrar-vos de tudo o que tenho falado, aleluia (Jo 14,26).

Evangelho (João 14,21-26)
14 21 Disse Jesus: "Aquele que tem os meus mandamentos e os guarda, esse é que me ama. E aquele que me ama será amado por meu Pai, e eu o amarei e manifestar-me-ei a ele". 
22 Pergunta-lhe Judas, não o Iscariotes: "Senhor, por que razão hás de manifestar-te a nós e não ao mundo?" 
23 Respondeu-lhe Jesus: "Se alguém me ama, guardará a minha palavra e meu Pai o amará, e nós viremos a ele e nele faremos nossa morada. 
24 Aquele que não me ama não guarda as minhas palavras. A palavra que tendes ouvido não é minha, mas sim do Pai que me enviou. 
25 Disse-vos estas coisas enquanto estou convosco. 
26 Mas o Paráclito, o Espírito Santo, que o Pai enviará em meu nome, ensinar-vos-á todas as coisas e vos recordará tudo o que vos tenho dito". 
COMENTÁRIOS DO EVANGELHO
1. "O tempo da Igreja é Regido pelo Espírito..."
Neste evangelho a gente observa uma palavra importante GUARDAR, que se repete por três vezes,  nos exortando a guardar a Palavra, como compromisso assumido por quem ama a Deus que se manifestou em Jesus.
Os discípulos tinham dificuldade de entender essas coisas, como poderiam eles guardar todas as palavras de Jesus? Nos dias de hoje podemos fazer arquivo de som e imagem de modo tranquilo, mas naquele tempo não havia essa tecnologia. De mais a mais Jesus não está falando apenas de gravar a sua Palavra, mas sim de guarda-la dentro do coração, nas entranhas do Ser Humano, perpassando a razão e o coração que é a porta da Fé.
No final do evangelho Jesus anuncia o tempo novo que está chegando, quando o Espírito Santo irá reger a Igreja, recordando a cada discípulo todo o ensinamento e todas as palavras de Jesus. Essa ação Divina no Espírito Santo é fácil de ser constatada, decorridos mais de dois milênios de História, a Sagrada Escritura chegou até nós intacta e no Novo Testamento encontramos a experiência das primeiras comunidades, todas surgidas a partir de um único evangelho, de um único testemunho apostólico e passando por tempos e situações diferentes, inclusive períodos nebulosos na história da Igreja, chegou até nós incólume, apesar dos pecados da Igreja e de escândalos que abalaram o mundo, ninguém conseguiu mudar uma vírgula ou uma letra dos evangelhos e dos escritos do Novo Testamento.
Claro que o Espírito Santo não faz isso de forma mágica, mas agindo no coração e na razão daqueles que generosamente, através da Fé se abrem a essa ação. As revelações do Espírito Santo não são novas e inéditas, elas apenas recordam e atualizam tudo o que Jesus ensinou, e a grande novidade: o Espírito Santo mostra-nos o melhor método para evangelizar nos dias de hoje, o que não podemos ser é uma Igreja fechada em si mesma, tentando evangelizar com fórmulas antigas que não mais convencem... Nesse sentido, o Concílio Vaticano II nos alertou sobre a necessidade de uma abertura ao mundo, não para assimilar os seus valores nefastos, mas para transformá-lo, precisamos conhecer cada vez mais e melhor o contexto em que a evangelização vai ser feita.
Logicamente que enquanto membros da Igreja, Batizados e com a missão de sermos discípulos e missionários do Senhor, não precisamos nos preocupar com O QUE FAZER, pois isso nós já sabemos: Ide evangelizar em todas as Nações. Mas COMO EVANGELIZAR nos dias de hoje, aí está o nosso desafio, que exige sempre  uma abertura maior ao Espírito Santo que vai nos apontando o caminho, mostrando novos métodos para se fazer com que a Graça Santificante e Operante de Deus, alcance o coração das pessoas.
Esse é portanto o tempo da Igreja, regido pelo Espírito Santo, mas que exatamente como nas primeiras comunidades, Jesus precisa do homem, para dar continuidade á essa Missão  neste terceiro milênio da História. A Revelação tem sempre em sua essência a Verdade que todo homem precisa saber: Deus nos ama em Jesus Cristo e deseja e quer que cada ser humano atinja a Plenitude dessa Vida Eterna que em seu amado Filho Ele nos antecipou...
2. O Espírito Santo mantém viva a Palavra de Jesus
Continua o diálogo de Jesus com os discípulos, na última ceia, em um clima de paz, confiança, carinho e amor.
Os mandamentos de Jesus podem ser encontrados nas bem-aventuranças. Não são mandamentos impostos, mas um convite à experiência do amor que une as pessoas entre si e com Deus. Resumem-se no novo mandamento, que é a identificação entre o amor de Jesus e o amor dos discípulos: "Amai-vos uns aos outros como vos amei" (Jo 13,34; 15,12).
Aqueles que estão no mundo e optam pelo amor de Jesus, serão morada de Deus. Quem não ama, permanece subjugado pelos poderosos do mundo. O Defensor, Espírito Santo, enviado do Pai, é o próprio Amor que habita em Jesus. Ele mantém viva entre nós a palavra de Jesus, que é a Palavra do Pai que comunica a vida eterna. O Espírito de Amor nos move ao compromisso com a transformação do mundo. Surge assim um mundo novo recriado pelo amor que gera a alegria, a felicidade e a paz, sem fim, para todos.
Oração
Pai, desperta em mim o desejo e a disposição de amar Jesus e de pôr em prática as palavras dele. Assim, estarei seguro de ser amado por ti e de viver em comunhão contigo.
3. O dom da vida eterna
João, no seu Evangelho, nos revela o dom da vida eterna em Jesus. A comunhão de amor com ele é comunhão com o próximo e com o Pai, na eternidade. E nesta comunhão, o discípulo conta com a presença do Espírito Santo, que é a luz de seus passos. João, pela repetição, realça a equivalência entre o amor a Jesus e o cumprimento de seus mandamentos. E o mandamento de Jesus é amar como ele amou. Antes, Jesus afirmara que iria ao Pai para preparar uma morada para os discípulos. Agora, fica esclarecido que esta morada não é em outro lugar distante, no céu, mas no próprio discípulo que guarda sua palavra. Segue nova afirmação da união com o Pai: a sua palavra é a palavra do Pai. A habitação divina nos discípulos completa-se com o envio do Defensor (Parakletos), o Espírito Santo. Sua missão é revelar a presença de Jesus nas comunidades, iluminar suas palavras e fortalecer a fé dos discípulos.
Liturgia da Terça-Feira
V SEMANA DA PÁSCOA
Antífona da entrada: Louvai o nosso Deus, todos vós que o temeis, pequenos e grandes; pois manifestou-se a salvação, a vitória e o poder de seu Cristo, aleluia! (Ap 19,5;12-10)
Leitura (Atos 14,19-28)
Leitura dos Atos dos Apóstolos.
14 19 Sobrevieram, porém, alguns judeus de Antioquia e de Icônio que persuadiram a multidão. Apedrejaram Paulo e, dando-o por morto, arrastaram-no para fora da cidade. 
20 Os discípulos o rodearam. Ele se levantou e entrou na cidade. No dia seguinte, partiu com Barnabé para Derbe. 
21 Depois de ter pregado o Evangelho à cidade de Derbe, onde ganharam muitos discípulos, voltaram para Listra, Icônio e Antioquia (da Pisídia). 
22 Confirmavam as almas dos discípulos e exortavam-nos a perseverar na fé, dizendo que é necessário entrarmos no Reino de Deus por meio de muitas tribulações. 
23 Em cada igreja instituíram anciãos e, após orações com jejuns, encomendaram-nos ao Senhor, em quem tinham confiado. 
24 Atravessaram a Pisídia e chegaram a Panfília. 
25 Depois de ter anunciado a palavra do Senhor em Perge, desceram a Atália. 
26 Dali navegaram para Antioquia (da Síria), de onde tinham partido, encomendados à graça de Deus para a obra que estavam a completar. 
27 Ali chegados, reuniram a igreja e contaram quão grandes coisas Deus fizera com eles, e como abrira a porta da fé aos gentios. 
28 Demoraram-se com os discípulos longo tempo. 
Salmo responsorial 144/145
Ó Senhor, vossos amigos anunciem 
vosso reino glorioso.
Que vossas obras, ó Senhor, vos glorifiquem, 
e os vossos santos, com louvores, vos bendigam! 
Narrem a glória e o esplendor do vosso reino 
e saibam proclamar vosso poder!
Para espalhar vossos prodígios entre os homens 
e o fulgor de vosso reino esplendoroso. 
O vosso reino é um reino para sempre, 
vosso poder, de geração em geração.
Que a minha boca cante a glória do Senhor 
e que bendiga todo ser seu nome santo, 
desde agora, para sempre e pelos séculos.
Aclamação do Evangelho
Aleluia, aleluia, aleluia. 
Era preciso que Cristo sofresse e ressuscitasse dos mortos para entrar em sua glória, aleluia! (Lc 24,46.26)

Evangelho (João 14,27-31)
14 27 Disse Jesus: "Deixo-vos a paz, dou-vos a minha paz. Não vo-la dou como o mundo a dá. Não se perturbe o vosso coração, nem se atemorize! 
28 Ouvistes que eu vos disse: 'Vou e volto a vós'. Se me amardes, certamente haveis de alegrar-vos, que vou para junto do Pai, porque o Pai é maior do que eu. 
29 E disse-vos agora estas coisas, antes que aconteçam, para que creiais quando acontecerem. 
30 Já não falarei muito convosco, porque vem o príncipe deste mundo; mas ele não tem nada em mim. 
31 O mundo, porém, deve saber que amo o Pai e procedo como o Pai me ordenou. Levantai-vos, vamo-nos daqui". 
COMENTÁRIOS DO EVANGELHO
1. "A Paz do Mundo..."
Sempre que leio essa afirmativa de Jesus, no evangelho de João "Deixo-vos a paz, dou-vos a minha paz. Não vo-la dou como mundo a dá..." me questiono sobre a Paz que o mundo nos oferece... Paz que tem o sinônimo de sossego, ausência de problemas, tranquilidade, despreocupação. Para o mundo, ficar em paz é não ter nenhuma contrariedade ou aborrecimento, portanto, é poder fazer tudo o que se quer, é não ter que ficar esperando, é não depender de ninguém nem de nada, é ter autonomia, é poder quebrar certas normas ou regras, usufruir de exceções, ter regalias e mordomias. É difícil falar de Paz do mundo, sem pensar no poder econômico, em uma riqueza e um patrimônio egocêntrico. Que outra Paz o mundo pode nos oferecer que não seja esta?
Há uma outra paz que inventaram por aí, e que até colocaram nela um rótulo cristão, mas é tão fútil como a Paz do mundo: as vezes a chamam de Paz interior, é a religião que arrebata o homem para o céu, ainda em vida, o alienando de toda e qualquer realidade que o cerca, caindo naquele dualismo sinistro de que, o mundo é mal e cruel, só Deus é bom, resta esperar que Deus supere o mal e restitua esse paraíso que o nosso pecado perdeu. Essa paz , nós poderíamos chamar de "A Paz dos desiludidos..." E olhe que são muitos que pensam dessa forma, a gente tendo Fé, lá de vez em quando Deus revela o seu poder em Jesus e nos traz algum benefício. Um Deus que nos livra de todas as angústias humanas, bem diferente do Deus Pai de Jesus, que foi condenado e morreu em uma cruz.
A Paz de Jesus é a Graça Santificante e Operante que Ele nos comunica a partir do nosso Batismo e que nos possibilita viver com Ele em eterna comunhão, ter a Vida de Deus em nós e permitir que a nossa Vida também esteja Nele. É bom termos consciência de que essa situação de sermos agraciados a partir da Fé, não nos torna imunes as angústias, tribulações e sofrimentos inerentes ao ser humano, como muitos pensam..."Encontrei Jesus e meus problemas acabaram (quando na verdade, apenas começaram...) "
Que atitudes ou que testemunho deve dar um discípulo de Jesus, que vive na Fé pela Graça de Deus? Nada mais além do que o amor e a fidelidade ao Pai, como Jesus resume toda a sua postura no final do evangelho. Amar e ser Fiel a Deus, quando se navega em águas mansas e calmas, não é assim tão difícil, contudo, que ninguém se iluda, pois olhando para Jesus vamos ver que esse itinerário da Fé passa necessariamente pelas tribulações. É nesse sentido que Jesus quer tirar dos seus discípulos a insegurança e o medo diante dos desafios, e por isso os tranquiliza se fazendo presente, agora na plenitude do Espírito que orienta e conduz á sua Igreja, que somos todos nós...
2. A paz de Jesus vai ao mais profundo do ser
Após anunciar sua volta à casa do Pai, Jesus, agora, dá a sua paz aos discípulos. A palavra "paz" tem nuances diferentes, conforme a língua. No hebraico (shalom) tem o sentido de uma transação comercial concluída com sucesso, em uma situação de abundância em que nada falta.
O termo grego (eirênê) vai no sentido da ordem estabelecida. Jesus não dá sua paz à maneira do mundo. Seu desejo de paz não é uma saudação formal nem um desejo de riqueza ou de acomodação em um mundo de injustiças, seja como privilegiado, seja como espoliado.
A paz de Jesus vai ao mais profundo do ser. Ela é fruto da libertação do oprimido e do explorado. Ela é a expressão de uma vida fraterna, em que cada um se sente respeitado e valorizado na simplicidade de seu ser. A paz de Jesus perturba a paz do mundo dos poderosos e acomodados.
Dada a paz, Jesus exorta à alegria pelo encontro com o Pai. Jesus fez tudo o que o Pai mandou, e o chefe deste mundo nada pode contra ele. A violência e a morte praticadas pelos poderosos nada podem contra a paz da comunhão com Deus, fonte de vida eterna. 

Oração
Senhor Jesus, conduze-me pelos caminhos da tua paz, que é fruto do amor e da justiça, expressões da comunhão fraterna.
3. A Paz Libertadora
Nestes últimos momentos de despedida, Jesus comunica sua paz aos discípulos. A paz do mundo é falsa e enganosa, coexistindo com a perturbação e o medo. É a paz de Jesus que os remove. A paz do mundo é a ausência de discordâncias, questionamentos ou conflitos, vigorando a submissão geral à ordem imposta pelo poder. Era esta também a paz na concepção do messianismo davídico da tradição de Israel. Era assim no Império Romano e assim é hoje no império de mercado globalizado sob a hegemonia estadunidense. Para os pequenos e oprimidos, esta paz torna-se acomodação ao sistema opressor diante da insegurança e do medo. A paz de Jesus é decorrente da prática da justiça. É a paz que ele proporcionou aos discípulos e às multidões com sua prática libertadora, fraterna, solidária, restauradora da vida e da dignidade de homens e mulheres. É a paz alcançada ao se abrir mão da vida oferecida pelos ideais de sucesso deste mundo. É a paz de reencontrar a vida na união de vontade com o Pai amoroso. É o empenho, em mutirão, na construção de um mundo novo unido pelo amor que gera a vida eterna.
Liturgia da Quarta-Feira
V SEMANA DA PÁSCOA
Antífona da entrada: Que o vosso louvor transborde de minha boca; meus lábios exultarão, cantando de alegria, aleluia! (Sl 70,8.23)
Leitura (Atos 15,1-6)
Leitura dos Atos dos Apóstolos.
15 1 Alguns homens, descendo da Judéia, puseram-se a ensinar aos irmãos o seguinte: "Se não vos circuncidais, segundo o rito de Moisés, não podeis ser salvos". 
2 Originou-se então grande discussão de Paulo e Barnabé com eles, e resolveu-se que estes dois, com alguns outros irmãos, fossem tratar desta questão com os apóstolos e os anciãos em Jerusalém. 
3 Acompanhados (algum tempo) dos membros da comunidade, tomaram o caminho que atravessa a Fenícia e Samaria. Contaram a todos os irmãos a conversão dos gentios, o que causou a todos grande alegria. 
4 Chegando a Jerusalém, foram recebidos pela comunidade, pelos apóstolos e anciãos, a quem contaram tudo o que Deus tinha feito com eles. 
5 Mas levantaram-se alguns que antes de ter abraçado a fé eram da seita dos fariseus, dizendo que era necessário circuncidar os pagãos e impor-lhes a observância da Lei de Moisés. 
6 Reuniram-se os apóstolos e os anciãos para tratar desta questão. 
Salmo responsorial 121/122
Que alegria quando ouvi que me disseram: 
"Vamos à casa do Senhor!"
Que alegria quando ouvi que me disseram: 
"Vamos à casa do Senhor!" 
E agora nossos pés já se detêm, 
Jerusalém, em tuas portas.
Jerusalém, cidade bem edificada 
num conjunto harmonioso; 
para lá sobem as tribos de Israel, 
as tribos do Senhor.
Para louvar, segundo a lei de Israel, 
o nome do Senhor. 
A sede da justiça lá está 
e o trono de Davi.
Aclamação do Evangelho
Aleluia, aleluia, aleluia. 
Ficai em mim e eu em vós ficarei, diz Jesus; 
quem em mim permanece há de dar muito fruto (Jo 15,4s).

Evangelho (João 15,1-8)
15 1 Disse Jesus: "Eu sou a videira verdadeira, e meu Pai é o agricultor. Todo ramo que não der fruto em mim, ele o cortará; 
2 e podará todo o que der fruto, para que produza mais fruto. 
3 Vós já estais puros pela palavra que vos tenho anunciado. 
4 Permanecei em mim e eu permanecerei em vós. O ramo não pode dar fruto por si mesmo, se não permanecer na videira. Assim também vós: não podeis tampouco dar fruto, se não permanecerdes em mim. 
5 Eu sou a videira; vós, os ramos. Quem permanecer em mim e eu nele, esse dá muito fruto; porque sem mim nada podeis fazer. 
6 Se alguém não permanecer em mim será lançado fora, como o ramo. Ele secará e hão de ajuntá-lo e lançá-lo ao fogo, e queimar-se-á. 
7 Se permanecerdes em mim, e as minhas palavras permanecerem em vós, pedireis tudo o que quiserdes e vos será feito. 
8 Nisto é glorificado meu Pai, para que deis muito fruto e vos torneis meus discípulos". 
COMENTÁRIOS DO EVANGELHO
1. "Somos os ramos..."
Esse evangelho onde Jesus usa da parábola da videira, provoca em nós dois olhares diferentes, primeiro um olhar para nós, em torno da nossa Fé como um ato pessoal, e como é que essa nossa Fé é alimentada porque, como um dos ramos da videira, se não for alimentada ela poderá secar. O Documento 94 das DGAE coloca como ponto fundamental e essencial o próprio Jesus Cristo, se Ele não for o nosso ponto de partida nós estamos caminhando do ZERO para lugar nenhum... A oração, os sacramentos, a Palavra e a Eucaristia nos alimentam de maneira eficiente e a nossa paróquia têm tudo isso á nossa disposição, através das pastorais e dos Ministros Sagrados.
E aqui está o nosso segundo olhar, exatamente naquilo que somos e fomos constituídos pelo Batismo: Filhos e Filhas de Deus, membros da Igreja e irmãos e irmãs no Senhor! Aqui a parábola da Videira nos dá uma "sacudida" violenta, lembrando-nos que somos ramos, ligados entre si, alimentados pela mesma Graça Vivificante, e que só frutificamos se assim permanecermos. Talvez uma frase pudesse resumir esse ensinamento de João, sendo isso que ele queria dizer às suas comunidades: Longe dos irmãos e irmãs da comunidade, corremos o sério risco de secar...
A reflexão se aprofunda ainda mais quando pensamos nessa ligação que se chama na verdade comunhão, com os demais ramos. Note-se que em uma árvore, não dá para um ramo cortado manter as aparências e fazer de conta que está ligado aos demais, porque com o passar dos dias vai perder a vivacidade e o verde das folhas e começará o processo de morte daquele ramo. Nossas relações com os irmãos e irmãs deve ser coesa, transparente, sincera, embasada unicamente no amor que respeita, admira, acolhe, tolera, suporta e tem misericórdia. Nenhum ramo pode estar ligado apenas ao tronco, ficando indiferente aos demais ramos.
E nenhum ramo pode querer ocupar na vida do outro ramo, o papel de tronco, somos todos ramos, iguais, formando uma única árvore, alimentados por uma única seiva que é Jesus Cristo, quanto aos frutos e flores que precisamos produzir, quanto mais abertos á seiva e unidos aos demais ramos, mais belos e saborosos eles serão.
2. O discípulo de Jesus é aquele que crê nele
No diálogo após a última ceia, o evangelista João apresenta a última autoproclamação de Jesus, com a alegoria da videira: ele é a verdadeira videira e o Pai é o agricultor. A imagem é rural. O cultivo da videira era uma das bases da economia do Oriente. A imagem da videira, muito usada pelos profetas, pode ser considerada universal, pois é facilmente assimilada em outras culturas, mesmo com outros costumes.
O núcleo da alegoria é o tema já bastante abordado no evangelho de João: o discípulo de Jesus é aquele que crê nele e integra-se na comunidade, comprometendo-se com o projeto de Jesus de libertação e promoção da vida. É o permanecer em Jesus e Jesus, no discípulo. A oração, o pedir, significa a união de vontade entre o discípulo, a comunidade e Jesus.
A glória de Deus é a comunidade unida, missionária, transformando o mundo pelo amor.
Oração
Pai, reforça minha união com teu Filho Jesus, de quem dependo para produzir os frutos que esperas de mim.
3. Os ramos da Videira
A simbologia da videira, cujo cultivo já era comum nas civilizações antigas em vista da produção do vinho, é muito usada no Primeiro Testamento. A poda dos ramos nos quais não brotaram frutos, a fim de fortalecer os ramos carregados, era uma prática usual de cultivo. A íntima inserção dos ramos ao tronco da videira é uma sugestiva imagem da permanência dos discípulos em Jesus. O verbo "permanecer" aparece oito vezes neste texto, e é o núcleo de sua mensagem. Permanecer em Jesus é acolher sua palavra e seu exemplo, e procurar colocá-los em prática. É permanecendo em Jesus que os discípulos produzirão os frutos que são do agrado do Pai. E a seiva do amor que une Jesus e os discípulos criam laços entre as pessoas, leva à fraternidade, à solidariedade e comunica a vida.
Liturgia da Quinta-Feira
V SEMANA DA PÁSCOA
Antífona da entrada: Cantemos ao Senhor: ele se cobriu de glória. O Senhor é a minha força e o meu cântico: foi para mim a salvação, aleluia! (Ex 15,1s)
Leitura (Atos 15,7-21)
Leitura dos Atos dos Apóstolos.
15 7 Ao fim de uma grande discussão, Pedro levantou-se e lhes disse: "Irmãos, vós sabeis que já há muito tempo Deus me escolheu dentre vós, para que da minha boca os pagãos ouvissem a palavra do Evangelho e cressem. 
8 Ora, Deus, que conhece os corações, testemunhou a seu respeito, dando-lhes o Espírito Santo, da mesma forma que a nós. 
9 Nem fez distinção alguma entre nós e eles, purificando pela fé os seus corações. 
10 Por que, pois, provocais agora a Deus, impondo aos discípulos um jugo que nem nossos pais nem nós pudemos suportar? 
11 Nós cremos que pela graça do Senhor Jesus seremos salvos, exatamente como eles". 
12 Toda a assembléia o ouviu silenciosamente. Em seguida, ouviram Barnabé e Paulo contar quantos milagres e prodígios Deus fizera por meio deles entre os gentios. 
13 Depois de terminarem, Tiago tomou a palavra: "Irmãos, ouvi-me", disse ele. 
14 "Simão narrou como Deus começou a olhar para as nações pagãs para tirar delas um povo que trouxesse o seu nome. 
15 Ora, com isto concordam as palavras dos profetas, como está escrito: 
16 'Depois disto voltarei, e reedificarei o tabernáculo de Davi que caiu. E reedificarei as suas ruínas, e o levantarei 
17 para que o resto dos homens busque o Senhor, e todas as nações, sobre as quais tem sido invocado o meu nome. 
18 Assim fala o Senhor que faz estas coisas, coisas que ele conheceu desde a eternidade'. 19 Por isso, julgo que não se devem inquietar os que dentre os gentios se convertem a Deus. 
20 Mas que se lhes escreva somente que se abstenham das carnes oferecidas aos ídolos, da impureza, das carnes sufocadas e do sangue. 
21 Porque Moisés, desde muitas gerações, tem em cada cidade seus pregadores, pois que ele é lido nas sinagogas todos os sábados". 
Salmo responsorial 95/96
Anunciai as maravilhas do Senhor 
entre todas as nações.
Cantai ao Senhor Deus um canto novo, 
cantai ao Senhor Deus, ó terra inteira! 
Cantai e bendizei seu santo nome!
Dia após dia anunciai sua salvação, 
manifestai a sua glória entre as nações 
e, entre os povos do universo, seus prodígios!
Publicai entre as nações: "Reina o Senhor!" 
Ele firmou o universo inabalável, 
pois os povos ele julga com justiça.
Aclamação do Evangelho
Aleluia, aleluia, aleluia. 
Minhas ovelhas escutam minha voz, minha voz estão elas a escutar; eu conheço, então, minhas ovelhas, que me seguem, comigo a caminhar (Jo 10,27).

EVANGELHO (João 15,9-11)
15 9 Disse Jesus: "Como o Pai me ama, assim também eu vos amo. Perseverai no meu amor. 10 Se guardardes os meus mandamentos, sereis constantes no meu amor, como também eu guardei os mandamentos de meu Pai e persisto no seu amor. 
11 Disse-vos essas coisas para que a minha alegria esteja em vós, e a vossa alegria seja completa". 
COMENTÁRIOS DO EVANGELHO
1. "O Amor do Pai pelo Filho..."
Estamos habituados a pensar no amor como um sentimento que nos obriga a retribuir de alguma maneira ao amor de quem nos ama, e que tem suas razões de ser. Olhamos para Jesus, o Filho de Deus e poderíamos nos perguntar, que razões Jesus dá para que o Pai o ame...
Mil razões... Jesus merece ser amado pelo Pai, é Filho Fiel, obediente, que prioriza a Vontade do Pai, que se move a partir do Pai, que se aniquila, se rebaixa e se deixa esmagar, para cumprir toda a Vontade Daquele que o enviou... Um Filho assim, que dá todas as razões para ser amado, todo mundo queria ter um que fosse desse jeito. Sendo bom, fiel e justo, santo e perfeito, Jesus pode contar com o Amor do Pai, que é sempre intenso e grandioso. Enfim, podemos concluir com nossa lógica humana, que o Pai o ama porque Ele de fato é bom, o Amor de Deus pelo Filho Jesus é real, concreto, verdadeiro, sem dúvida alguma...
Neste evangelho, ao falar com seus discípulos sobre esse amor, Jesus afirma algo que desnorteia a todos: Assim como o Pai me ama, eu também vos amo! Assim,desse mesmo modo, do mesmo jeito, com a mesma intensidade . Que motivos damos todos os dias para que Deus manifeste todo esse amor por cada um de nós ? Certamente nenhum...
Mas há duas palavras chaves, duas recomendações de Jesus neste evangelho, a seus discípulos de ontem e de hoje. Perseverar e ser constante no amor de Cristo. Só há um modo de ser constante e perseverante neste amor: é guardar os mandamentos que Jesus nos deu... Se antes, a perseverança e a constância para com Deus, dizia respeito á observância da Lei, agora o amor é a Lei...
Não somos amados porque somos bons, ou porque, de algum modo damos motivos para que Deus nos ame. Não há razão para que Deus nos ame desse jeito tão apaixonado... E o amor ao próximo, com essa mesma intensidade é a maneira que o discípulo tem, de corresponder a este amor Divino.
2. O amor de Jesus por nós é o mesmo amor do Pai por Jesus
As memórias de Jesus, reunidas em cada um dos evangelhos, trazem as marcas do estilo literário e da teologia de cada evangelista. O evangelho de João, em particular, destaca-se, de modo admirável, pelo realce que dá à filiação divina de Jesus e à sua revelação do Deus de amor que comunica sua vida divina e eterna a todos que permanecem no amor de Jesus. João escreve para suas comunidades e para nós, através dos tempos. Nós somos "o discípulo que Jesus amava", que é mencionado algumas vezes em seu evangelho.
João nos leva a compreender que o amor de Jesus por nós é o mesmo amor do Pai por Jesus. A fonte do amor é o amor entre o Pai e o Filho. É um amor de tal plenitude que transborda, nos sendo comunicado pelo dom do Espírito Santo, enviado pelo Pai e pelo Filho. Permanecer no amor de Jesus é inserir-se nesta dinâmica de amor e vida entre o Pai e o Filho. Jesus permanece no amor do Pai e isto significa que ele observa e cumpre o que o Pai mandou. Não se trata de uma obediência cega, de um inferior a um superior, mas de uma união amorosa de vontades. O amor que gera a vida proporciona a alegria. Esta foi a alegria de Jesus, e ele deseja que também seja nossa.
O amor vivido em nossas comunidades é fruto da nossa permanência em Jesus. É o amor transbordante que envolve a outros, ampliando a comunidade de amor, em comunhão de vida eterna com Jesus e o Pai.
Oração
Pai, completa a alegria que o Espírito Santo faz brotar em mim, pois estou disposto a permanecer unido a ti e a teu Filho, e a ser fiel aos teus mandamentos, apesar das adversidades.
3. FIRMES NO AMOR
O amor que Jesus nutriu por seus discípulos é reflexo do amor que ele mesmo recebeu do Pai. Amor eterno, permanente, total, exclusivo. Amor sem imposição ou pré-requisitos. Amor absolutamente gratuito. Foi assim que Jesus amou os seus, tal como aprendera na escola do Pai.
A exortação que Jesus dirigiu aos seus - "Permaneçam no meu amor!" - tem duas vertentes. A primeira refere-se ao relacionamento Jesus-discípulo, a segunda, ao dos discípulos entre si.
O discípulo ama Jesus com o mesmo amor com que é amado por ele. Aqui não há lugar para relacionamentos interesseiros, como os de muitos cristãos que fazem consistir sua fé na busca contínua de favores divinos. Nem há lugar para atitudes de temor, como acontece com quem se julga estar sempre a ponto de ser punido por Deus. O puro amor a Jesus vai além dessas deturpações.
No relacionamento com os seus semelhantes, o discípulo oferece amor idêntico ao que recebe de Jesus. Não exige nada em troca. Não procura enquadrar o outro em seus esquemas preconcebidos. Não estabelece limites. Pelo contrário, acolhe o outro como ele é, oferecendo-lhe o melhor de si, possibilitando-lhe o crescimento, a fim de que possa realizar-se plenamente.
Liturgia da Sexta-Feira
V SEMANA DA PÁSCOA
Antífona da entrada: O Cordeiro que foi imolado é digno de receber o poder, a divindade, a sabedoria, a força e a honra, aleluia1 (Ap 5,12)
Leitura (Atos 15,22-31)
Leitura dos Atos dos Apóstolos.
15 22 Então pareceu bem aos apóstolos e aos anciãos com toda a comunidade escolher homens dentre eles e enviá-los a Antioquia com Paulo e Barnabé: Judas, que tinha o sobrenome de Barsabás, e Silas, homens notáveis entre os irmãos. 
23 Por seu intermédio enviaram a seguinte carta: "Os apóstolos e os anciãos aos irmãos de origem pagã, em Antioquia, na Síria e Cilícia, saúde! 
24 Temos ouvido que alguns dentre nós vos têm perturbado com palavras, transtornando os vossos espíritos, sem lhes termos dado semelhante incumbência. 
25 Assim nós nos reunimos e decidimos escolher delegados e enviá-los a vós, com os nossos amados Barnabé e Paulo, 
26 homens que têm exposto suas vidas pelo nome de nosso Senhor Jesus Cristo. 
27 Enviamos, portanto, Judas e Silas que de viva voz vos exporão as mesmas coisas. 
28 Com efeito, pareceu bem ao Espírito Santo e a nós não vos impor outro peso além do seguinte indispensável: 
29 que vos abstenhais das carnes sacrificadas aos ídolos, do sangue, da carne sufocada e da impureza. Dessas coisas fareis bem de vos guardar conscienciosamente. Adeus!" 
30 Tendo-se despedido, a delegação dirigiu-se a Antioquia. Ali reuniram a assembléia e entregaram a carta. 
31 À sua leitura, todos se alegraram com o estímulo que ela trazia. 
Salmo responsorial 56/57
Vou louvar-vos, Senhor, entre os povos.
Meu coração está pronto, meu Deus, 
está pronto o meu coração! 
Vou cantar e tocar para vós: 
desperta, minha alma, desperta! 
Despertem a harpa e a lira, 
e irei acordar a aurora!
Vou louvar-vos, Senhor, entre os povos, 
dar-vos graças por entre as nações! 
Vosso amor é mais alto que os céus, 
mais que as nuvens a vossa verdade! 
Elevai-vos, ó Deus, sobre os céus, 
vossa glória refulja na terra!
Aclamação do Evangelho
Aleluia, aleluia, aleluia. 
Eu vos chamo meus amigos, pois vos dei a conhecer o que o Pai me revelou (Jo 15,15)

EVANGELHO (João 15,12-17)
15 12 Disse Jesus: "Este é o meu mandamento: amai-vos uns aos outros, como eu vos amo. 
13 Ninguém tem maior amor do que aquele que dá a sua vida por seus amigos. 
14 Vós sois meus amigos, se fazeis o que vos mando. 
15 Já não vos chamo servos, porque o servo não sabe o que faz seu senhor. Mas chamei-vos amigos, pois vos dei a conhecer tudo quanto ouvi de meu Pai. 
16 Não fostes vós que me escolhestes, mas eu vos escolhi e vos constituí para que vades e produzais fruto, e o vosso fruto permaneça. Eu assim vos constituí, a fim de que tudo quanto pedirdes ao Pai em meu nome, ele vos conceda. 
17 O que vos mando é que vos ameis uns aos outros". 
COMENTÁRIOS DO EVANGELHO
1. "Só ama,  aquele que se sente amado..."
João vai dizer em seu evangelho que "Deus é Amor". A Encarnação de Jesus fez com que Deus mergulhasse na Vida do Homem, e possibilitou a este mergulhar na Vida de Deus. Não havia até então, na humanidade, uma expressão de amor tão autêntica e grandiosa.
O amor humano era marcado por limites e tolerâncias e o apóstolo Pedro, quando indaga a Jesus se deve perdoar até sete vezes, mostra bem esse modo limitado que o homem amava...
Por isso somente Jesus nos poderia ter dado um mandamento assim, pois o amor sem medidas, manifestado na gratuidade e incondicionalidade, era visto como uma loucura. É esse exatamente o amor que encontramos em Jesus. "Amai-vos uns aos outros assim como eu vos amo...". Esse é um mandamento originariamente cristão. Não é um amor segundo os padrões humanos, mas brota de Jesus, do seu coração Sagrado e humano.
A iniciativa é toda de Deus, ainda que o ser humano permaneça na indiferença e na incredulidade, ainda que o ser humano negue ou ignore Jesus, ainda que o Ser humano ridicularize o cristianismo hostilizando os cristãos, apesar de tudo isso, Deus jamais deixará de amar o homem e na Força desse amor sempre terá a iniciativa de se manifestar ao homem, até o derradeiro momento de sua existência.
Um dia, tocado pelo próprio Deus, o homem se abre para esta Graça e se sente amado e querido por Deus, percebe que não se trata de um amor platônico, mas de um amor ágape, totalmente gratuito e incondicional. Um amor desde toda eternidade, que não dá para ser guardado,  mesmo porque não há coração humano que o comporte.
Esse amor cria laços com o próximo, e assim vamos refletindo em nossas relações todo esse amor Divino e sublime e através do homem, esse amor de Deus vai se propagando, formando um grande elo que no final resultará na visibilidade do Reino de Deus que é puro amor.
2. Amar como Jesus nos amou
Após o insistente convite a permanecermos nele, Jesus retoma (cf. Jo 13,34) seu novo mandamento: "Amai-vos uns aos outros, assim como eu vos amei...". Este amor consiste em permanecer em Jesus.
Amar como Jesus nos amou. Estas palavras nos impulsionam ao conhecimento e à contemplação de Jesus em toda sua vida: cerca de trinta anos de vida comum, sem nada excepcional que o destacasse, e três anos de ministério, no exercício de uma marcante liderança.
Como Jesus nos amou, com seus gestos, suas palavras, seus compromissos, sua doação, sua humildade, seu serviço, sua libertação, sua alegria de viver. Como Jesus nos amou, inserido na simples condição humana, na plenitude do amor, sempre em comunhão com os empobrecidos, mais carentes e necessitados.
Podemos reconhecer como Jesus nos amou em sua vida comum entre familiares e amigos e em seu ministério. E também, nos testemunhos de amor de todo discípulo, hoje, que, unido em oração à vontade do Pai, permanece em Jesus, fiel a suas palavras: "O que eu vos mando é que vos ameis uns aos outros".
Oração
Pai, seja o amor de Jesus minha única fonte de inspiração para pôr em prática o mandamento do amor mútuo. Que eu me esforce por amar, como tu amas!
3. "Amar como Jesus amou."
Esta é nossa vocação! Os antigos mandamentos, "amar o próximo como a si mesmo" e "amarás o Senhor teu Deus de todo teu coração, de toda tua alma...", estão plenamente realizados no mandamento: "amai-vos uns aos outros, assim como eu vos amei". Jesus é a fonte deste amor divino e o infunde em nosso coração. Ele possui este amor em plenitude, em sua relação com o Pai, no Espírito Santo. No Evangelho de João, Jesus não manda amar a Deus. Seu mandamento é que permaneçamos no amor. É amar o amor, e Deus é amor. O maior amor está em dar a vida por seus amigos, estar totalmente a seu serviço, a exemplo de Jesus. Somos escolhidos para dar frutos que permaneçam para sempre. O fruto é a prática do amor mútuo originando as comunidades. E sendo o amor comunicativo por natureza, as comunidades transbordam esse amor na missão. As comunidades que vivem o amor de Jesus são as sementes da nova sociedade, já presente em um mundo submisso à injustiça e à manipulação dos adoradores do dinheiro e do poder.
Liturgia do Sábado
V SEMANA DA PÁSCOA *
Antífona da entrada: Sepultados com Cristo na batismo, fostes também ressuscitados com ele, porque crestes no poder de Deus, que o ressuscitou dos mortos, aleluia! (Cl 2,12)
Leitura (Atos 16,1-10)
Leitura dos Atos dos Apóstolos.
16 1 Chegou a Derbe e depois a Listra. Havia ali um discípulo, chamado Timóteo, filho de uma judia cristã, mas de pai grego, 
2 que gozava de ótima reputação junto dos irmãos de Listra e de Icônio. 
3 Paulo quis que ele fosse em sua companhia. Ao tomá-lo consigo, circuncidou-o, por causa dos judeus daqueles lugares, pois todos sabiam que o seu pai era grego. 
4 Nas cidades pelas quais passavam, ensinavam que observassem as decisões que haviam sido tomadas pelos apóstolos e anciãos em Jerusalém. 
5 Assim as igrejas eram confirmadas na fé, e cresciam em número dia a dia. 
6 Atravessando em seguida a Frígia e a província da Galácia, foram impedidos pelo Espírito Santo de anunciar a palavra de Deus na (província da) Ásia. 
7 Ao chegarem aos confins da Mísia, tencionavam seguir para a Bitínia, mas o Espírito de Jesus não o permitiu. 
8 Depois de haverem atravessado rapidamente a Mísia, desceram a Trôade. 
9 De noite, Paulo teve uma visão: um macedônio, em pé, diante dele, lhe rogava: "Passa à Macedônia, e vem em nosso auxílio!" 
10 Assim que teve essa visão, procuramos partir para a Macedônia, certos de que Deus nos chamava a pregar-lhes o Evangelho. 
Salmo responsorial 99/100
Aclamai o Senhor, ó terra inteira.
Aclamai o Senhor, ó terra inteira, 
servi ao Senhor com alegria, 
ide a ele cantando jubilosos!
Sabei que o Senhor, só ele, é Deus, 
ele mesmo nos fez e somos seus, 
nós somos seu povo e seu rebanho.
Sim, é bom o Senhor e nosso Deus, 
sua bondade perdura para sempre, 
seu amor é fiel e eternamente!
Aclamação do Evangelho
Aleluia, aleluia, aleluia. 
Se com Cristo ressurgistes, procurai o que é do alto, onde Cristo está sentando á direita de Deus Pai (Cl 3,1).

Evangelho (João 15,18-21)
15 18 Disse Jesus: "Se o mundo vos odeia, sabei que me odiou a mim antes que a vós. 
19 Se fôsseis do mundo, o mundo vos amaria como sendo seus. Como, porém, não sois do mundo, mas do mundo vos escolhi, por isso o mundo vos odeia. 
20 Lembrai-vos da palavra que vos disse: 'O servo não é maior do que o seu senhor'. Se me perseguiram, também vos hão de perseguir. Se guardaram a minha palavra, hão de guardar também a vossa. 
21 Mas vos farão tudo isso por causa do meu nome, porque não conhecem aquele que me enviou". 
COMENTÁRIOS DO EVANGELHO
1. "Se o mundo vos odeia..."
A Palavra "mundo" é largamente empregada pelo evangelista João, mas às vezes com sentido diferente, neste evangelho por exemplo, mundo não é o planeta ou a Obra da Criação, mas sim o mundo do mal, dos que deliberadamente se opõe a Verdade que Deus revelou em Jesus. Odiar é o contrário do Amar, o amor quer a Vida do outro e a sua alegria, o Ódio quer a morte e a destruição daquele que é odiado.
O homem quer um Deus forte e poderoso, um ser de moral irrepreensível, seguidor da lei de Moisés, um Deus que privilegie os justos e santos, e que castigue implacavelmente os injustos e pecadores. Um Deus que continue a ter uma raça escolhida, exemplo de pessoas boas, sinceras, e que por isso mesmo são sempre abençoadas com longa vida, e bens materiais. Um Deus que se valorize e que não se misture com os míseros mortais.
O primeiro problema na relação da comunidade judaica tradicional com Jesus, Ele não atende essa expectativa e ainda por cima, se relaciona com pessoas que nem de longe fazem parte da "raça escolhida e Nação Santa". Mas o que provocou o ódio e a rejeição a Jesus por parte dos Judeus tradicionais foi ele ter se apresentado como Filho de Deus, o grande esperado e não havia outro.
Os seguidores autênticos de Jesus o imitam em tudo, ensinam suas palavras, realizam as mesmas obras, ou seja, dão continuidade á Missão de Jesus tornando-se assim a prova inequívoca de que Jesus ressuscitou, está vivo e caminha com eles. Quem odeia a alguém, quer ver esse alguém morto, esmagado e destruído para sempre, e alguém que lembre4 essa presença, só fará aumentar o ódio dos seus opositores.
Na pós-modernidade essa rejeição e esse ódio por Jesus, seu evangelho e seu reino, continua. Muda-se a referência, os Judeus conservadores o odiavam porque ele não correspondia ao modelo de Messias que eles acreditavam, a partir de suas tradições e da escritura, já o homem da pós-modernidade quer um Jesus que seja á sua imagem e semelhança, adequado a um estilo de vida que privilegie a busca de prazer, de realização pessoal, em um egocentrismo exacerbado onde o homem é o deus de si mesmo.
Qualquer postura, pensamento ou atitude que contrarie tudo isso, irá atrair ódio e rejeição. O discípulo de Jesus sempre navega contra a correnteza!
2. O ódio rejeição do amor
Após o tema do amor, João, fazendo um contraste, apresenta, agora, o tema do ódio do mundo. Trata-se do ódio dos poderosos deste mundo. Os discípulos que dão testemunho de amor e da libertação no mundo são odiados por aqueles que, assenhoreando-se do poder, usufruem das estruturas injustas nas quais o amor é abolido.
O amor suscita o ódio daqueles que rejeitam este amor. O primeiro a ser odiado pelos donos do poder foi o próprio Jesus. Em decorrência, os discípulos, escolhidos e identificados com ele, também são odiados. Suas palavras serão vigiadas e os discípulos serão perseguidos. A advertência reflete as perseguições aos cristãos da parte da sinagoga, no fim do primeiro século.
O ódio surge da ambição da acumulação de bens e poder, a qual se faz às custas da liberdade e do sacrifício da maioria do povo. Aqueles que retêm em suas mãos o poder econômico, militar, político ou religioso, para gozarem de privilégios pessoais ou de grupo, odeiam e exterminam aqueles que ameaçam seu status. Porém, os discípulos, em comunhão com Jesus, perseveram destemidamente na construção do mundo novo possível, na justiça, na liberdade e no amor.
Oração
Pai, faze-me forte para enfrentar o ódio e a perseguição do mundo, sem abrir mão de minha fidelidade a ti e a teu Reino, a exemplo de Jesus.
3. VENCENDO O ÓDIO E A OPRESSÃO
Marcado pelo forte contraste do dualismo, o Evangelho de João, após o tema do amor, apresenta-nos, agora, o tema do ódio do mundo. O "mundo" significa a criação de Deus sob o domínio dos poderosos, ricos e opressores. Após a criação, Deus viu que tudo era bom. Contudo, esta criação foi submetida à opressão. Os discípulos que dão testemunho de amor e libertação são odiados por aqueles que, assenhoreando-se do poder, usufruem das estruturas injustas nas quais o amor é abolido. Ser do mundo é inserir-se no sistema opressor que garante os privilégios, as riquezas e o poder de uma minoria, e o relativo bem-estar dos que a ela se submetem. Estes julgam estar salvando suas vidas. Os discípulos foram escolhidos do meio do mundo, e não são do mundo. Não ser do mundo é libertar-se do sistema opressor e desumano que gera miséria e morte. É perder sua vida para encontrá-la na adesão ao projeto de Jesus, instaurador da justiça e restaurador da vida plena. É uma missão que encontrará resistência e adversidades da parte de alguns, mas, em contrapartida, terá acolhida e adesão de muitos.


Nenhum comentário:

Postar um comentário