5º
Domingo de Páscoa ANO B
Ambientação:
Sejam bem-vindos amados irmãos e irmãs! Somos convidados a refletir sobre a nossa união a Cristo; e que só unidos a Cristo temos acesso à vida verdadeira. Utilizando a comparação da videira e dos ramos, reforçamos a proposta da comunidade unida a Cristo, fecunda no amor e comunhão. O critério para saber se há comunhão entre os ramos, que são os cristãos, e Cristo, é a presença dos frutos. Assim, é necessário permanecer unido a Cristo para receber a seiva e dar frutos. Hoje, damos graças pelo batismo, que nos inseriu em Cristo como ramos na videira, pela palavra que nos purifica e pelo sofrimento que poda todo o mal. O vinho, fruto da videira, é sinal expressivo dessas realidades, e sacramento da nova aliança no sangue de Jesus. Portanto, permaneçamos no amor de Cristo. Sintamos o júbilo real de Deus em nossos corações e cheios dessa alegria divina entoemos cânticos jubilosos ao Senhor!.
Antífona da entrada: Cantai ao Senhor um canto novo, porque ele fez
maravilhas; e revelou sua justiça diante das nações, aleluia! (Sl 97,1s)
Primeira Leitura (Atos
9,26-31)
Leitura dos Atos dos Apóstolos.
9 26 Chegando a Jerusalém,
tentava ajuntar-se aos discípulos, mas todos o temiam, não querendo crer que
se tivesse tornado discípulo.
27 Então Barnabé, levando-o consigo, apresentou-o aos apóstolos e contou-lhes como Saulo vira o Senhor no caminho, e que lhe havia falado, e como em Damasco pregara, com desassombro, o nome de Jesus. 28 Daí por diante permaneceu com eles, saindo e entrando em Jerusalém, e pregando, destemidamente, o nome do Senhor. 29 Falava também e discutia com os helenistas. Mas estes procuravam matá-lo. 30 Os irmãos, informados disso, acompanharam-no até Cesaréia e dali o fizeram partir para Tarso. 31 A Igreja gozava então de paz por toda a Judéia, Galiléia e Samaria. Estabelecia-se ela caminhando no temor do Senhor, e a assistência do Espírito Santo a fazia crescer em número.
Salmo responsorial 21/22
Senhor, sois meu louvor em meio
à grande assembléia!
sois meu louvor em meio à grande
assembléia;
cumpro meus votos ante aqueles que vos temem! Vossos pobres vão comer e saciar-se, e os que procuram o Senhor o louvarão. "Seus corações tenham a vida para sempre!"
Lembrem-se disso os confins de
toda a terra,
para que voltem ao Senhor e se convertam, e se prostrem, adorando, diante dele todos os povos e as famílias das nações. Somente a ele adorarão os poderosos, e os que voltam para o pó o louvarão.
Para ele há de viver a minha
alma,
toda a minha descendência há de servi-lo; às futuras gerações anunciará o poder e a justiça do Senhor; ao povo novo que há de vir, ela dirá: "Eis a obra que o Senhor realizou!"
Segunda Leitura (1 João
3,18-24)
Leitura da primeira carta de são João.
3 18 Meus filhinhos, não amemos
com palavras nem com a língua, mas por atos e em verdade.
19 Nisto é que conheceremos se somos da verdade, e tranqüilizaremos a nossa consciência diante de Deus, 20 caso nossa consciência nos censure, pois Deus é maior do que nossa consciência e conhece todas as coisas. 21 Caríssimos, se a nossa consciência nada nos censura, temos confiança diante de Deus, 22 e tudo o que lhe pedirmos, receberemos dele porque guardamos os seus mandamentos e fazemos o que é agradável a seus olhos. 23 Eis o seu mandamento: que creiamos no nome do seu Filho Jesus Cristo, e nos amemos uns aos outros, como ele nos mandou. 24 Quem observa os seus mandamentos permanece em (Deus) e (Deus) nele. É nisto que reconhecemos que ele permanece em nós: pelo Espírito que nos deu.
Aclamação do Evangelho
Aleluia, aleluia, aleluia.
Ficai em mim, e eu em vós hei de ficar, diz o Senhor; quem em mim permanece; esse dá muito fruto (Jo 15,4s). EVANGELHO (João 15,1-8)
15 1 Disse Jesus: "Eu sou a
videira verdadeira, e meu Pai é o agricultor. Todo ramo que não der fruto em
mim, ele o cortará;
2 e podará todo o que der fruto, para que produza mais fruto. 3 Vós já estais puros pela palavra que vos tenho anunciado. 4 Permanecei em mim e eu permanecerei 5 Eu sou a videira; vós, os ramos. Quem permanecer em mim e eu nele, esse dá muito fruto; porque sem mim nada podeis fazer. 6 Se alguém não permanecer em mim será lançado fora, como o ramo. Ele secará e hão de ajuntá-lo e lançá-lo ao fogo, e queimar-se-á. 7 Se permanecerdes em mim, e as minhas palavras permanecerem em vós, pedireis tudo o que quiserdes e vos será feito. 8 Nisto é glorificado meu Pai, para que deis muito fruto e vos torneis meus discípulos".
FORMAÇÃO
LITÚRGICA
Liturgia da Palavra
A finalidade da Liturgia da
Palavra é reavivar o diálogo da aliança entre Deus e seu povo, receber uma
orientação para nossa vida, estreitar os laços de amor e fidelidade. Neste
diálogo, nossa atitude é de escuta atenta e amorosa para que Deus possa nos
falar dentro da realidade bem concreta de nossa vida. E também de resposta,
de acolhimento sincero, de adesão consciente, de decisão convicta, de
conversão, para que a Palavra possa dar frutos em nossa vida. O Senhor nos
fala e nós entramos em diálogo com Ele. Respondemos de diversas formas:
ouvindo atentamente, acolhendo no coração, salmodiando, aclamando,
atualizando, professando a fé e apresentando nossas preces para vivê-la na
celebração e no dia-a-dia, em nossas lidas e lutas. Para que tudo isso
aconteça é preciso destacar a importância dos ministérios dos leitores/as,
do/a salmista, de quem proclama o evangelho e faz a homilia. É importante
valorizar a mesa da palavra, que foi reintroduzida pelo Concílio Vaticano II,
para proclamar as leituras, o evangelho, cantar o salmo, fazer a homilia e as
preces dos fiéis. Deus fala através das ações corporais dos ministros/as:
gestos, tom de voz, postura e atitudes diante da mesa da Palavra, do livro,
de sua maneira de olhar e se dirigir à assembleia. A humildade, a convicção e
o compromisso, como ouvinte da Palavra, possibilitam uma eficaz comunicação
de Deus com seu povo reunido. Além de cuidar que as ações sejam bem feitas em
termos de comunicação, é preciso que elas sejam de verdade, ações
simbólico-sacramentais, capazes de expressar e realizar o que significam, ou
seja: a palavra do Senhor viva e transformadora para a comunidade reunida
TEXTOS BÍBLICOS PARA A SEMANA:
2ª Br - At 14,5-18; Sl 113; Jo 14,21-26 3ª Br - At 14,19-28; Sl 144; Jo 14,27-31a 4ª Br - At 15,1-6; Sl 121; Jo 15,1-8 5ª Br - At 15,7-21; Sl Sl 95; Jo 15,9-11 6ª Br - At 15,22-31; Sl 56; Jo 15,12-17 Sb Br - At 16,1-10; Sl 99; Jo 15,18-21
1.
"NOSSA
QUERIDA VIDEIRA!"
Há
muita gente que, por mera falta de conhecimento, interpreta de maneira
equivocada esse evangelho de São João, onde Jesus se apresenta como a
Videira. Talvez porque seja mais fácil entender que se trata de algo pessoal:
falando da minha espiritualidade, minha intimidade com o Cristo, minha
permanências nele, através das minhas orações e da minha sacramentalidade,
pois só assim irei produzir os “meus frutos”. Não há dúvidas de que o texto
traz um apelo à conversão pessoal, possível a partir da permanência, isso é,
em comunhão com Jesus Cristo mediante a graça santificante, mas o evangelho
também apresenta indícios de uma relação bem mais ampla e complexa, basta ver
a conclusão lógica: Fora da videira, além de não produzir nenhum fruto,
também iremos morrer e ser destruídos para sempre, nas chamas do fogo eterno.
Se entendermos a expressão
Joanina ao pé da letra, esse fogo se apresenta como um castigo, e nesse caso,
permanecer com Cristo seria uma obrigação e não uma opção pessoal por esta
vida, totalmente nova que ele nos oferece. A estrutura de um vegetal é algo
muito complexo: raiz, tronco, ramos, folhas, flores e frutos. A esse
respeito, lembrei-me de uma história muito interessante, que ilustra bem a
reflexão.
Ao passar o final de semana na
chácara da família, o menino disse ao pai, que queria fazer um discurso de
agradecimento a uma árvore, pelo fruto adocicado que acabara de saborear, mas
que queria saber, por onde começar “A quem agradeço primeiro, a raiz, ao
tronco ou ao galho, onde apanhei o fruto?” O pai sorrindo, explicou que o
fruto saboroso foi produzido pela árvore toda em seu conjunto, e não apenas
por uma de suas partes. É João também, o autor da célebre afirmação de que, “Quem
diz que ama a Deus que não vê, mas não ama o irmão que vê, é mentiroso, pois
a verdade não está nele”.
Então o evangelho da Videira
fica bem mais claro para todos nós, sem essa comunhão com Cristo e com os
irmãos da comunidade, não iremos produzir frutos, ou os frutos não serão de
boa qualidade. É na Igreja comunidade, que vivemos e celebramos essa
comunhão. Permanecer, não significa um encontro casual ou acidental, nem tão
pouco quer dizer fechar-se dentro do seu grupo, da sua equipe, pastoral ou movimento,
quando temos essa atitude, de só se sentir bem no “meu grupo”, o horizonte se
apequena, porque se trata de uma fuga das relações complexas e assim, eu
acabo-me “escondendo” no meu grupo, ali não serei questionado, não precisarei
buscar mais nada, pois terei enfim encontrado a sonhada paz, a comunidade
perfeita.
Um ramo assim está fadado a
secar, irá perder a vitalidade e acabará caindo ou sendo arrancado por algum
vento impetuoso que sopra contrário, pois não é função do tronco conduzir a
seiva a um ramo em particular, mas a todos os ramos. Fechar-se no grupo
significa uma tentativa infrutífera de monopolizar a seiva da graça de Deus,
só para nós, com exclusividade. Há igrejas cristãs que pensam assim, há
grupos cristãos que também pensam desta forma, alimentando a ilusão de que o
cristianismo fechado em um grupo é uma maravilha, uma bênção e uma grande
graça. Quanto engano!
O evangelho desse domingo,
escrito por São João, desmonta toda essa “fantasia colorida”. A ameaça de
ruptura e destruição no fogo, não é para os que não pertencem á Videira, mas
sim para os de dentro, que insistem em caminharem sozinhos, sem uma inserção
na vida comunitária. São Paulo usa a mesma linguagem da videira, quando
vislumbra a Igreja como um Corpo, onde nós somos os membros e Cristo é a
Cabeça, o pé não tem nenhuma importância em si mesmo, se não considerarmos
sua relação com o corpo, um membro separado do corpo, não serve para nada,
não tem função alguma, ele só se torna valioso e importante, quando unido
permanentemente com o corpo todo.
Nossa caminhada enquanto igreja,
não pode ser alimentada por essas fantasias e mentiras inebriantes, pois elas
não resistirão ao Fogo da Verdade Divina.
João, no seu evangelho,
apresenta mais uma autoproclamação de Jesus na qual diz ser, ele próprio, a
videira verdadeira. No Primeiro Testamento a divindade se revelara a Moisés
com o nome: "Eu Sou". As autoproclamações de divindades já eram
encontradas nas tradições religiosas da cultura egípcia. No evangelho de João
são inúmeras as autoproclamações de Jesus: eu sou... o pão da vida, o pão
descido do céu, a luz do mundo, a porta das ovelhas, o bom pastor, a
ressurreição, o caminho, a verdade e a vida, e, agora, a videira. Enquanto o
deus de Moisés permanecia um deus invisível e nas alturas, agindo a
distância, as autoproclamações do evangelho de João revelam Jesus como sendo
Deus intimamente presente no mundo, convivendo com as pessoas,
relacionando-se de maneira simples e comum com homens, mulheres e crianças.
Com esta última autoproclamação,
Jesus acentua a íntima relação que existe entre seus discípulos e ele. A
imagem usada é a da videira, cujo cultivo era comum nas civilizações antigas
em vista da produção do vinho. A poda dos ramos nos quais não brotaram frutos,
a fim de fortalecerem os ramos carregados, era uma prática comum no seu
cultivo. A simbologia da videira é muito usada no Antigo Testamento,
representando o povo de Israel. Jesus lhe dá um novo sentido. Todos, sem
discriminações de raça, religião ou condição social, em todos os tempos, são
seus ramos. É a perspectiva universalista do dom do amor divino e da vida
eterna. Aos ramos cabe dar os frutos. Os ramos sem frutos serão separados da
videira. Podemos perceber estes ramos sem frutos em Atos dos Apóstolos
(primeira leitura), naqueles judeus de língua grega que rejeitavam a pregação
de Paulo e procuravam matá-lo. O ramo que dá fruto é limpo para que dê mais
frutos ainda. O ramo unido à videira é o discípulo que permanece em Jesus e
Jesus, nele. É o ramo que é tornado limpo pela acolhida e prática da palavra
de Jesus.
A íntima inserção dos ramos ao
tronco da videira é uma sugestiva imagem da permanência dos discípulos
A comunidade unida, em comunhão
com Jesus e praticando sua palavra, tem como fundamento de sua oração pedir
que seja feita a vontade do Pai. E o Pai é glorificado pela comunidade que dá
frutos de amor, no empenho em remover a injustiça do mundo e promover a vida
para todos.
Oração
Senhor Jesus, que minha união contigo leve-me a produzir, sempre mais, os frutos de amor e de justiça esperados por ti.
No Primeiro Testamento, o deus
de Moisés se revelara como "Eu Sou". As autoproclamações de
divindades já eram encontradas no Egito. No Evangelho de João são inúmeras as
autoproclamações de Jesus: Eu sou... o pão da vida, o pão descido do céu, a
luz do mundo, a porta das ovelhas, o bom pastor, a ressurreição, o caminho, a
verdade e a vida, a videira, entre outras.
Com elas, Jesus revela- se como
o Deus intimamente presente no mundo, na vida das pessoas, relacionando-se de
maneira simples e comum com homens, mulheres e crianças.
Jesus se autoproclama como a
videira verdadeira. A videira, na tradição do Antigo Testamento, representa o
povo de Israel. Jesus lhe dá um novo sentido, no qual todos, sem
discriminações de raça, religião ou condição social, em todos os tempos, são
seus ramos. É a perspectiva universalista do dom do amor divino e da vida
eterna.
Aos ramos cabe dar os frutos. Os
ramos sem frutos serão separados da videira. O ramo unido à videira é o
discípulo que permanece em Jesus, e Jesus nele. Os ramos unidos à videira são
a comunidade unida a Jesus, que ora ao Pai e é ouvida.
A Primeira Carta de João (segunda leitura) desenvolve o tema
da permanência
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V
SEMANA DA PÁSCOA
Antífona da entrada: Ressuscitou o bom pastor, que de a vida por suas
ovelhas e quis morrer pelo rebanho, aleluia!
Leitura (Atos 14,5-18)
Leitura dos Atos dos Apóstolos.
14 5 Mas como se tivesse
levantado um motim dos gentios e dos judeus, com os seus chefes, para os
ultrajar e apedrejar,
6 ao saberem disso, fugiram para as cidades da Licaônia, Listra e Derbe e suas circunvizinhanças. 7 Ali pregaram o Evangelho. 8 Em Listra vivia um homem aleijado das pernas, coxo de nascença, que nunca tinha andado. 9 Sentado, ele ouvia Paulo pregar. Este, fixando nele os olhos e vendo que tinha fé para ser curado, 10 disse em alta voz: "Levanta-te direito sobre os teus pés!" Ele deu um salto e pôs-se a andar. 11 Vendo a multidão o que Paulo fizera, levantou a voz, gritando em língua licaônica: "Deuses em figura de homens baixaram a nós!" 12 Chamavam a Barnabé Zeus e a Paulo Hermes, porque era este quem dirigia a palavra. 13 Um sacerdote de Zeus Propóleos trouxe para as portas touros ornados de grinaldas, querendo, de acordo com todo o povo, sacrificar-lhos. 14 Mas os apóstolos Barnabé e Paulo, ao perceberem isso, rasgaram as suas vestes e saltaram no meio da multidão: 15 "Homens, clamavam eles, por que fazeis isso? Também nós somos homens, da mesma condição que vós, e pregamos justamente para que vos convertais das coisas vãs ao Deus vivo, que fez o céu, a terra, o mar e tudo quanto neles há. 16 Ele permitiu nos tempos passados que todas as nações seguissem os seus caminhos. 17 Contudo, nunca deixou de dar testemunho de si mesmo, por seus benefícios: dando-vos do céu as chuvas e os tempos férteis, concedendo abundante alimento e enchendo os vossos corações de alegria". 18 Apesar dessas palavras, não foi sem dificuldade que contiveram a multidão de sacrificar a eles.
Salmo responsorial
113B/115
Não a nós, ó Senhor, não a nós,
ao vosso nome, porém, seja a glória.
Não a nós, ó Senhor, não a nós,
ao vosso nome, porém, seja a glória, porque sois todo amor e verdade! Por que há de dizer os pagãos: "Onde está o seu Deus, onde está?"
É nos céus que está o nosso
Deus,
ele faz tudo aquilo que quer. São os deuses pagãos ouro e prata, todos eles são obras humanas.
Abençoados sejais do Senhor,
do Senhor que criou céu e terra! Os céus são os céus do Senhor, mas a terra ele deu para os homens.
Aclamação do Evangelho
Aleluia, aleluia, aleluia.
O Espírito Santo, o paráclito, haverá de lembrar-vos de tudo o que tenho falado, aleluia (Jo 14,26). Evangelho (João 14,21-26)
14 21 Disse Jesus: "Aquele que tem os meus mandamentos
e os guarda, esse é que me ama. E aquele que me ama será amado por meu Pai, e
eu o amarei e manifestar-me-ei a ele".
COMENTÁRIOS DO EVANGELHO22 Pergunta-lhe Judas, não o Iscariotes: "Senhor, por que razão hás de manifestar-te a nós e não ao mundo?" 23 Respondeu-lhe Jesus: "Se alguém me ama, guardará a minha palavra e meu Pai o amará, e nós viremos a ele e nele faremos nossa morada. 24 Aquele que não me ama não guarda as minhas palavras. A palavra que tendes ouvido não é minha, mas sim do Pai que me enviou. 25 Disse-vos estas coisas enquanto estou convosco. 26 Mas o Paráclito, o Espírito Santo, que o Pai enviará em meu nome, ensinar-vos-á todas as coisas e vos recordará tudo o que vos tenho dito".
1. "O tempo da
Igreja é Regido pelo Espírito..."
Neste evangelho a gente observa
uma palavra importante GUARDAR, que se repete por três vezes, nos
exortando a guardar a Palavra, como compromisso assumido por quem ama a Deus
que se manifestou em Jesus.
Os discípulos tinham dificuldade
de entender essas coisas, como poderiam eles guardar todas as palavras de
Jesus? Nos dias de hoje podemos fazer arquivo de som e imagem de modo
tranquilo, mas naquele tempo não havia essa tecnologia. De mais a mais Jesus
não está falando apenas de gravar a sua Palavra, mas sim de guarda-la dentro
do coração, nas entranhas do Ser Humano, perpassando a razão e o coração que
é a porta da Fé.
No final do evangelho Jesus
anuncia o tempo novo que está chegando, quando o Espírito Santo irá reger a
Igreja, recordando a cada discípulo todo o ensinamento e todas as palavras de
Jesus. Essa ação Divina no Espírito Santo é fácil de ser constatada,
decorridos mais de dois milênios de História, a Sagrada Escritura chegou até
nós intacta e no Novo Testamento encontramos a experiência das primeiras
comunidades, todas surgidas a partir de um único evangelho, de um único
testemunho apostólico e passando por tempos e situações diferentes, inclusive
períodos nebulosos na história da Igreja, chegou até nós incólume, apesar dos
pecados da Igreja e de escândalos que abalaram o mundo, ninguém conseguiu
mudar uma vírgula ou uma letra dos evangelhos e dos escritos do Novo
Testamento.
Claro que o Espírito Santo não
faz isso de forma mágica, mas agindo no coração e na razão daqueles que
generosamente, através da Fé se abrem a essa ação. As revelações do Espírito
Santo não são novas e inéditas, elas apenas recordam e atualizam tudo o que
Jesus ensinou, e a grande novidade: o Espírito Santo mostra-nos o melhor
método para evangelizar nos dias de hoje, o que não podemos ser é uma Igreja
fechada em si mesma, tentando evangelizar com fórmulas antigas que não mais
convencem... Nesse sentido, o Concílio Vaticano II nos alertou sobre a
necessidade de uma abertura ao mundo, não para assimilar os seus valores nefastos,
mas para transformá-lo, precisamos conhecer cada vez mais e melhor o contexto
em que a evangelização vai ser feita.
Logicamente que enquanto membros
da Igreja, Batizados e com a missão de sermos discípulos e missionários do
Senhor, não precisamos nos preocupar com O QUE FAZER, pois isso nós já
sabemos: Ide evangelizar em todas as Nações. Mas COMO EVANGELIZAR nos dias de
hoje, aí está o nosso desafio, que exige sempre uma abertura maior ao
Espírito Santo que vai nos apontando o caminho, mostrando novos métodos para
se fazer com que a Graça Santificante e Operante de Deus, alcance o coração
das pessoas.
Esse é portanto o tempo da
Igreja, regido pelo Espírito Santo, mas que exatamente como nas primeiras
comunidades, Jesus precisa do homem, para dar continuidade á essa
Missão neste terceiro milênio da História. A Revelação tem sempre em
sua essência a Verdade que todo homem precisa saber: Deus nos ama
2. O Espírito Santo
mantém viva a Palavra de Jesus
Continua o diálogo de Jesus com
os discípulos, na última ceia, em um clima de paz, confiança, carinho e amor.
Os mandamentos de Jesus podem
ser encontrados nas bem-aventuranças. Não são mandamentos impostos, mas um
convite à experiência do amor que une as pessoas entre si e com Deus.
Resumem-se no novo mandamento, que é a identificação entre o amor de Jesus e
o amor dos discípulos: "Amai-vos uns aos outros como vos amei" (Jo
13,34; 15,12).
Aqueles que estão no mundo e
optam pelo amor de Jesus, serão morada de Deus. Quem não ama, permanece
subjugado pelos poderosos do mundo. O Defensor, Espírito Santo, enviado do
Pai, é o próprio Amor que habita
Oração
Pai, desperta em mim o desejo e a disposição de amar Jesus e de pôr em prática as palavras dele. Assim, estarei seguro de ser amado por ti e de viver em comunhão contigo.
3. O dom da vida eterna
João, no seu Evangelho, nos revela o dom da vida eterna
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V
SEMANA DA PÁSCOA
Antífona da entrada: Louvai o nosso Deus, todos vós que o temeis, pequenos e
grandes; pois manifestou-se a salvação, a vitória e o poder de seu Cristo,
aleluia! (Ap 19,5;12-10)
Leitura (Atos 14,19-28)
Leitura dos Atos dos Apóstolos.
14 19 Sobrevieram, porém, alguns
judeus de Antioquia e de Icônio que persuadiram a multidão. Apedrejaram Paulo
e, dando-o por morto, arrastaram-no para fora da cidade.
20 Os discípulos o rodearam. Ele se levantou e entrou na cidade. No dia seguinte, partiu com Barnabé para Derbe. 21 Depois de ter pregado o Evangelho à cidade de Derbe, onde ganharam muitos discípulos, voltaram para Listra, Icônio e Antioquia (da Pisídia). 22 Confirmavam as almas dos discípulos e exortavam-nos a perseverar na fé, dizendo que é necessário entrarmos no Reino de Deus por meio de muitas tribulações. 23 Em cada igreja instituíram anciãos e, após orações com jejuns, encomendaram-nos ao Senhor, em quem tinham confiado. 24 Atravessaram a Pisídia e chegaram a Panfília. 25 Depois de ter anunciado a palavra do Senhor em Perge, desceram a Atália. 26 Dali navegaram para Antioquia (da Síria), de onde tinham partido, encomendados à graça de Deus para a obra que estavam a completar. 27 Ali chegados, reuniram a igreja e contaram quão grandes coisas Deus fizera com eles, e como abrira a porta da fé aos gentios. 28 Demoraram-se com os discípulos longo tempo.
Salmo responsorial
144/145
Ó Senhor, vossos amigos anunciem
vosso reino glorioso.
Que vossas obras, ó Senhor, vos
glorifiquem,
e os vossos santos, com louvores, vos bendigam! Narrem a glória e o esplendor do vosso reino e saibam proclamar vosso poder!
Para espalhar vossos prodígios
entre os homens
e o fulgor de vosso reino esplendoroso. O vosso reino é um reino para sempre, vosso poder, de geração em geração.
Que a minha boca cante a glória
do Senhor
e que bendiga todo ser seu nome santo, desde agora, para sempre e pelos séculos.
Aclamação do Evangelho
Aleluia, aleluia, aleluia.
Era preciso que Cristo sofresse e ressuscitasse dos mortos para entrar em sua glória, aleluia! (Lc 24,46.26) Evangelho (João 14,27-31)
14 27 Disse Jesus:
"Deixo-vos a paz, dou-vos a minha paz. Não vo-la dou como o mundo a dá.
Não se perturbe o vosso coração, nem se atemorize!
COMENTÁRIOS DO EVANGELHO28 Ouvistes que eu vos disse: 'Vou e volto a vós'. Se me amardes, certamente haveis de alegrar-vos, que vou para junto do Pai, porque o Pai é maior do que eu. 29 E disse-vos agora estas coisas, antes que aconteçam, para que creiais quando acontecerem. 30 Já não falarei muito convosco, porque vem o príncipe deste mundo; mas ele não tem nada em mim. 31 O mundo, porém, deve saber que amo o Pai e procedo como o Pai me ordenou. Levantai-vos, vamo-nos daqui".
1. "A Paz do
Mundo..."
Sempre que leio essa afirmativa
de Jesus, no evangelho de João "Deixo-vos
a paz, dou-vos a minha paz. Não vo-la dou como mundo a dá..." me questiono sobre a Paz que o mundo
nos oferece... Paz que tem o sinônimo de sossego, ausência de problemas,
tranquilidade, despreocupação. Para o mundo, ficar em paz é não ter nenhuma
contrariedade ou aborrecimento, portanto, é poder fazer tudo o que se quer, é
não ter que ficar esperando, é não depender de ninguém nem de nada, é ter
autonomia, é poder quebrar certas normas ou regras, usufruir de exceções, ter
regalias e mordomias. É difícil falar de Paz do mundo, sem pensar no poder
econômico, em uma riqueza e um patrimônio egocêntrico. Que outra Paz o mundo
pode nos oferecer que não seja esta?
Há uma outra paz que inventaram
por aí, e que até colocaram nela um rótulo cristão, mas é tão fútil como a
Paz do mundo: as vezes a chamam de Paz interior, é a religião que arrebata o
homem para o céu, ainda em vida, o alienando de toda e qualquer realidade que
o cerca, caindo naquele dualismo sinistro de que, o mundo é mal e cruel, só
Deus é bom, resta esperar que Deus supere o mal e restitua esse paraíso que o
nosso pecado perdeu. Essa paz , nós poderíamos chamar de "A Paz dos
desiludidos..." E olhe que são muitos que pensam dessa forma, a gente
tendo Fé, lá de vez
A Paz de Jesus é a Graça Santificante
e Operante que Ele nos comunica a partir do nosso Batismo e que nos
possibilita viver com Ele em eterna comunhão, ter a Vida de Deus em nós e
permitir que a nossa Vida também esteja Nele. É bom termos consciência de que
essa situação de sermos agraciados a partir da Fé, não nos torna imunes as
angústias, tribulações e sofrimentos inerentes ao ser humano, como muitos
pensam..."Encontrei Jesus e meus problemas acabaram (quando na verdade,
apenas começaram...) "
Que atitudes ou que testemunho
deve dar um discípulo de Jesus, que vive na Fé pela Graça de Deus? Nada mais
além do que o amor e a fidelidade ao Pai, como Jesus resume toda a sua
postura no final do evangelho. Amar e ser Fiel a Deus, quando se navega em
águas mansas e calmas, não é assim tão difícil, contudo, que ninguém se
iluda, pois olhando para Jesus vamos ver que esse itinerário da Fé passa
necessariamente pelas tribulações. É nesse sentido que Jesus quer tirar dos
seus discípulos a insegurança e o medo diante dos desafios, e por isso os tranquiliza
se fazendo presente, agora na plenitude do Espírito que orienta e conduz á
sua Igreja, que somos todos nós...
Após anunciar sua volta à casa
do Pai, Jesus, agora, dá a sua paz aos discípulos. A palavra "paz"
tem nuances diferentes, conforme a língua. No hebraico (shalom) tem o sentido
de uma transação comercial concluída com sucesso, em uma situação de
abundância em que nada falta.
O termo grego (eirênê) vai no
sentido da ordem estabelecida. Jesus não dá sua paz à maneira do mundo. Seu
desejo de paz não é uma saudação formal nem um desejo de riqueza ou de
acomodação em um mundo de injustiças, seja como privilegiado, seja como
espoliado.
A paz de Jesus vai ao mais
profundo do ser. Ela é fruto da libertação do oprimido e do explorado. Ela é
a expressão de uma vida fraterna, em que cada um se sente respeitado e
valorizado na simplicidade de seu ser. A paz de Jesus perturba a paz do mundo
dos poderosos e acomodados.
Dada a paz, Jesus exorta à
alegria pelo encontro com o Pai. Jesus fez tudo o que o Pai mandou, e o chefe
deste mundo nada pode contra ele. A violência e a morte praticadas pelos
poderosos nada podem contra a paz da comunhão com Deus, fonte de vida eterna.
Oração Senhor Jesus, conduze-me pelos caminhos da tua paz, que é fruto do amor e da justiça, expressões da comunhão fraterna.
Nestes últimos momentos de despedida, Jesus comunica sua paz
aos discípulos. A paz do mundo é falsa e enganosa, coexistindo com a
perturbação e o medo. É a paz de Jesus que os remove. A paz do mundo é a
ausência de discordâncias, questionamentos ou conflitos, vigorando a
submissão geral à ordem imposta pelo poder. Era esta também a paz na
concepção do messianismo davídico da tradição de Israel. Era assim no Império
Romano e assim é hoje no império de mercado globalizado sob a hegemonia
estadunidense. Para os pequenos e oprimidos, esta paz torna-se acomodação ao
sistema opressor diante da insegurança e do medo. A paz de Jesus é decorrente
da prática da justiça. É a paz que ele proporcionou aos discípulos e às
multidões com sua prática libertadora, fraterna, solidária, restauradora da
vida e da dignidade de homens e mulheres. É a paz alcançada ao se abrir mão
da vida oferecida pelos ideais de sucesso deste mundo. É a paz de reencontrar
a vida na união de vontade com o Pai amoroso. É o empenho, em mutirão, na
construção de um mundo novo unido pelo amor que gera a vida eterna.
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V
SEMANA DA PÁSCOA
Antífona da entrada: Que o vosso louvor transborde de minha boca; meus
lábios exultarão, cantando de alegria, aleluia! (Sl 70,8.23)
Leitura (Atos 15,1-6)
Leitura dos Atos dos Apóstolos.
15 1 Alguns homens, descendo da
Judéia, puseram-se a ensinar aos irmãos o seguinte: "Se não vos
circuncidais, segundo o rito de Moisés, não podeis ser salvos".
2 Originou-se então grande discussão de Paulo e Barnabé com eles, e resolveu-se que estes dois, com alguns outros irmãos, fossem tratar desta questão com os apóstolos e os anciãos em Jerusalém. 3 Acompanhados (algum tempo) dos membros da comunidade, tomaram o caminho que atravessa a Fenícia e Samaria. Contaram a todos os irmãos a conversão dos gentios, o que causou a todos grande alegria. 4 Chegando a Jerusalém, foram recebidos pela comunidade, pelos apóstolos e anciãos, a quem contaram tudo o que Deus tinha feito com eles. 5 Mas levantaram-se alguns que antes de ter abraçado a fé eram da seita dos fariseus, dizendo que era necessário circuncidar os pagãos e impor-lhes a observância da Lei de Moisés. 6 Reuniram-se os apóstolos e os anciãos para tratar desta questão.
Salmo responsorial
121/122
Que alegria quando ouvi que me
disseram:
"Vamos à casa do Senhor!"
Que alegria quando ouvi que me
disseram:
"Vamos à casa do Senhor!" E agora nossos pés já se detêm, Jerusalém, em tuas portas.
Jerusalém, cidade bem edificada
num conjunto harmonioso; para lá sobem as tribos de Israel, as tribos do Senhor.
Para louvar, segundo a lei de
Israel,
o nome do Senhor. A sede da justiça lá está e o trono de Davi.
Aclamação do Evangelho
Aleluia, aleluia, aleluia.
Ficai em mim e eu em vós ficarei, diz Jesus; quem em mim permanece há de dar muito fruto (Jo 15,4s). Evangelho (João 15,1-8)
15 1 Disse Jesus: "Eu sou a videira verdadeira, e meu
Pai é o agricultor. Todo ramo que não der fruto em mim, ele o cortará;
COMENTÁRIOS DO EVANGELHO2 e podará todo o que der fruto, para que produza mais fruto. 3 Vós já estais puros pela palavra que vos tenho anunciado. 4 Permanecei em mim e eu permanecerei 5 Eu sou a videira; vós, os ramos. Quem permanecer em mim e eu nele, esse dá muito fruto; porque sem mim nada podeis fazer. 6 Se alguém não permanecer em mim será lançado fora, como o ramo. Ele secará e hão de ajuntá-lo e lançá-lo ao fogo, e queimar-se-á. 7 Se permanecerdes em mim, e as minhas palavras permanecerem em vós, pedireis tudo o que quiserdes e vos será feito. 8 Nisto é glorificado meu Pai, para que deis muito fruto e vos torneis meus discípulos".
1. "Somos os
ramos..."
Esse evangelho onde Jesus usa da
parábola da videira, provoca em nós dois olhares diferentes, primeiro um
olhar para nós, em torno da nossa Fé como um ato pessoal, e como é que essa
nossa Fé é alimentada porque, como um dos ramos da videira, se não for
alimentada ela poderá secar. O Documento 94 das DGAE coloca como ponto fundamental
e essencial o próprio Jesus Cristo, se Ele não for o nosso ponto de partida
nós estamos caminhando do ZERO para lugar nenhum... A oração, os sacramentos,
a Palavra e a Eucaristia nos alimentam de maneira eficiente e a nossa
paróquia têm tudo isso á nossa disposição, através das pastorais e dos
Ministros Sagrados.
E aqui está o nosso segundo
olhar, exatamente naquilo que somos e fomos constituídos pelo Batismo: Filhos
e Filhas de Deus, membros da Igreja e irmãos e irmãs no Senhor! Aqui a
parábola da Videira nos dá uma "sacudida" violenta, lembrando-nos
que somos ramos, ligados entre si, alimentados pela mesma Graça Vivificante,
e que só frutificamos se assim permanecermos. Talvez uma frase pudesse
resumir esse ensinamento de João, sendo isso que ele queria dizer às suas
comunidades: Longe dos irmãos e irmãs da comunidade, corremos o sério risco
de secar...
A reflexão se aprofunda ainda
mais quando pensamos nessa ligação que se chama na verdade comunhão, com os
demais ramos. Note-se que em uma árvore, não dá para um ramo cortado manter
as aparências e fazer de conta que está ligado aos demais, porque com o
passar dos dias vai perder a vivacidade e o verde das folhas e começará o
processo de morte daquele ramo. Nossas relações com os irmãos e irmãs deve ser
coesa, transparente, sincera, embasada unicamente no amor que respeita,
admira, acolhe, tolera, suporta e tem misericórdia. Nenhum ramo pode estar
ligado apenas ao tronco, ficando indiferente aos demais ramos.
E nenhum ramo pode querer ocupar
na vida do outro ramo, o papel de tronco, somos todos ramos, iguais, formando
uma única árvore, alimentados por uma única seiva que é Jesus Cristo, quanto
aos frutos e flores que precisamos produzir, quanto mais abertos á seiva e
unidos aos demais ramos, mais belos e saborosos eles serão.
2. O discípulo de Jesus
é aquele que crê nele
No diálogo após a última ceia, o
evangelista João apresenta a última autoproclamação de Jesus, com a alegoria
da videira: ele é a verdadeira videira e o Pai é o agricultor. A imagem é
rural. O cultivo da videira era uma das bases da economia do Oriente. A
imagem da videira, muito usada pelos profetas, pode ser considerada
universal, pois é facilmente assimilada em outras culturas, mesmo com outros
costumes.
O núcleo da alegoria é o tema já
bastante abordado no evangelho de João: o discípulo de Jesus é aquele que crê
nele e integra-se na comunidade, comprometendo-se com o projeto de Jesus de
libertação e promoção da vida. É o permanecer em Jesus e Jesus, no discípulo.
A oração, o pedir, significa a união de vontade entre o discípulo, a
comunidade e Jesus.
A glória de Deus é a comunidade
unida, missionária, transformando o mundo pelo amor.
Oração
Pai, reforça minha união com teu Filho Jesus, de quem dependo para produzir os frutos que esperas de mim.
3. Os ramos da Videira
A simbologia da videira, cujo cultivo já era comum nas
civilizações antigas em vista da produção do vinho, é muito usada no Primeiro
Testamento. A poda dos ramos nos quais não brotaram frutos, a fim de
fortalecer os ramos carregados, era uma prática usual de cultivo. A íntima
inserção dos ramos ao tronco da videira é uma sugestiva imagem da permanência
dos discípulos
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V
SEMANA DA PÁSCOA
Antífona da entrada: Cantemos ao Senhor: ele se cobriu de glória. O Senhor é
a minha força e o meu cântico: foi para mim a salvação, aleluia! (Ex 15,1s)
Leitura (Atos 15,7-21)
Leitura dos Atos dos Apóstolos.
15 7 Ao fim de uma grande
discussão, Pedro levantou-se e lhes disse: "Irmãos, vós sabeis que já há
muito tempo Deus me escolheu dentre vós, para que da minha boca os pagãos
ouvissem a palavra do Evangelho e cressem.
8 Ora, Deus, que conhece os corações, testemunhou a seu respeito, dando-lhes o Espírito Santo, da mesma forma que a nós. 9 Nem fez distinção alguma entre nós e eles, purificando pela fé os seus corações. 10 Por que, pois, provocais agora a Deus, impondo aos discípulos um jugo que nem nossos pais nem nós pudemos suportar? 11 Nós cremos que pela graça do Senhor Jesus seremos salvos, exatamente como eles". 12 Toda a assembléia o ouviu silenciosamente. Em seguida, ouviram Barnabé e Paulo contar quantos milagres e prodígios Deus fizera por meio deles entre os gentios. 13 Depois de terminarem, Tiago tomou a palavra: "Irmãos, ouvi-me", disse ele. 14 "Simão narrou como Deus começou a olhar para as nações pagãs para tirar delas um povo que trouxesse o seu nome. 15 Ora, com isto concordam as palavras dos profetas, como está escrito: 16 'Depois disto voltarei, e reedificarei o tabernáculo de Davi que caiu. E reedificarei as suas ruínas, e o levantarei 17 para que o resto dos homens busque o Senhor, e todas as nações, sobre as quais tem sido invocado o meu nome. 18 Assim fala o Senhor que faz estas coisas, coisas que ele conheceu desde a eternidade'. 19 Por isso, julgo que não se devem inquietar os que dentre os gentios se convertem a Deus. 20 Mas que se lhes escreva somente que se abstenham das carnes oferecidas aos ídolos, da impureza, das carnes sufocadas e do sangue. 21 Porque Moisés, desde muitas gerações, tem em cada cidade seus pregadores, pois que ele é lido nas sinagogas todos os sábados".
Salmo responsorial 95/96
Anunciai as maravilhas do Senhor
entre todas as nações.
Cantai ao Senhor Deus um canto
novo,
cantai ao Senhor Deus, ó terra inteira! Cantai e bendizei seu santo nome!
Dia após dia anunciai sua
salvação,
manifestai a sua glória entre as nações e, entre os povos do universo, seus prodígios!
Publicai entre as nações:
"Reina o Senhor!"
Ele firmou o universo inabalável, pois os povos ele julga com justiça.
Aclamação do Evangelho
Aleluia, aleluia, aleluia.
Minhas ovelhas escutam minha voz, minha voz estão elas a escutar; eu conheço, então, minhas ovelhas, que me seguem, comigo a caminhar (Jo 10,27). EVANGELHO (João 15,9-11)
15 9 Disse Jesus: "Como o
Pai me ama, assim também eu vos amo. Perseverai no meu amor. 10 Se guardardes
os meus mandamentos, sereis constantes no meu amor, como também eu guardei os
mandamentos de meu Pai e persisto no seu amor.
COMENTÁRIOS DO EVANGELHO11 Disse-vos essas coisas para que a minha alegria esteja em vós, e a vossa alegria seja completa".
1. "O Amor do Pai
pelo Filho..."
Estamos habituados a pensar no
amor como um sentimento que nos obriga a retribuir de alguma maneira ao amor
de quem nos ama, e que tem suas razões de ser. Olhamos para Jesus, o Filho de
Deus e poderíamos nos perguntar, que razões Jesus dá para que o Pai o ame...
Mil razões... Jesus merece ser
amado pelo Pai, é Filho Fiel, obediente, que prioriza a Vontade do Pai, que
se move a partir do Pai, que se aniquila, se rebaixa e se deixa esmagar, para
cumprir toda a Vontade Daquele que o enviou... Um Filho assim, que dá todas
as razões para ser amado, todo mundo queria ter um que fosse desse jeito.
Sendo bom, fiel e justo, santo e perfeito, Jesus pode contar com o Amor do
Pai, que é sempre intenso e grandioso. Enfim, podemos concluir com nossa
lógica humana, que o Pai o ama porque Ele de fato é bom, o Amor de Deus pelo
Filho Jesus é real, concreto, verdadeiro, sem dúvida alguma...
Neste evangelho, ao falar com
seus discípulos sobre esse amor, Jesus afirma algo que desnorteia a todos:
Assim como o Pai me ama, eu também vos amo! Assim,desse mesmo modo, do mesmo
jeito, com a mesma intensidade . Que motivos damos todos os dias para que
Deus manifeste todo esse amor por cada um de nós ? Certamente nenhum...
Mas há duas palavras chaves,
duas recomendações de Jesus neste evangelho, a seus discípulos de ontem e de
hoje. Perseverar e ser constante no amor de Cristo. Só há um modo de ser
constante e perseverante neste amor: é guardar os mandamentos que Jesus nos
deu... Se antes, a perseverança e a constância para com Deus, dizia respeito
á observância da Lei, agora o amor é a Lei...
Não somos amados porque somos
bons, ou porque, de algum modo damos motivos para que Deus nos ame. Não há
razão para que Deus nos ame desse jeito tão apaixonado... E o amor ao
próximo, com essa mesma intensidade é a maneira que o discípulo tem, de
corresponder a este amor Divino.
2. O amor de Jesus por
nós é o mesmo amor do Pai por Jesus
As memórias de Jesus, reunidas
em cada um dos evangelhos, trazem as marcas do estilo literário e da teologia
de cada evangelista. O evangelho de João, em particular, destaca-se, de modo
admirável, pelo realce que dá à filiação divina de Jesus e à sua revelação do
Deus de amor que comunica sua vida divina e eterna a todos que permanecem no
amor de Jesus. João escreve para suas comunidades e para nós, através dos
tempos. Nós somos "o discípulo que Jesus amava", que é mencionado
algumas vezes em seu evangelho.
João nos leva a compreender que
o amor de Jesus por nós é o mesmo amor do Pai por Jesus. A fonte do amor é o
amor entre o Pai e o Filho. É um amor de tal plenitude que transborda, nos
sendo comunicado pelo dom do Espírito Santo, enviado pelo Pai e pelo Filho.
Permanecer no amor de Jesus é inserir-se nesta dinâmica de amor e vida entre
o Pai e o Filho. Jesus permanece no amor do Pai e isto significa que ele
observa e cumpre o que o Pai mandou. Não se trata de uma obediência cega, de
um inferior a um superior, mas de uma união amorosa de vontades. O amor que
gera a vida proporciona a alegria. Esta foi a alegria de Jesus, e ele deseja
que também seja nossa.
O amor vivido em nossas
comunidades é fruto da nossa permanência em Jesus. É o amor transbordante que
envolve a outros, ampliando a comunidade de amor, em comunhão de vida eterna
com Jesus e o Pai.
Oração
Pai, completa a alegria que o Espírito Santo faz brotar em mim, pois estou disposto a permanecer unido a ti e a teu Filho, e a ser fiel aos teus mandamentos, apesar das adversidades.
3. FIRMES NO AMOR
O amor que Jesus nutriu por seus
discípulos é reflexo do amor que ele mesmo recebeu do Pai. Amor eterno,
permanente, total, exclusivo. Amor sem imposição ou pré-requisitos. Amor
absolutamente gratuito. Foi assim que Jesus amou os seus, tal como aprendera
na escola do Pai.
A exortação que Jesus dirigiu
aos seus - "Permaneçam no meu amor!" - tem duas vertentes. A
primeira refere-se ao relacionamento Jesus-discípulo, a segunda, ao dos
discípulos entre si.
O discípulo ama Jesus com o
mesmo amor com que é amado por ele. Aqui não há lugar para relacionamentos
interesseiros, como os de muitos cristãos que fazem consistir sua fé na busca
contínua de favores divinos. Nem há lugar para atitudes de temor, como
acontece com quem se julga estar sempre a ponto de ser punido por Deus. O
puro amor a Jesus vai além dessas deturpações.
No relacionamento com os seus semelhantes, o discípulo
oferece amor idêntico ao que recebe de Jesus. Não exige nada
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V
SEMANA DA PÁSCOA
Antífona da entrada: O Cordeiro que foi imolado é digno de receber o poder,
a divindade, a sabedoria, a força e a honra, aleluia1 (Ap 5,12)
Leitura (Atos 15,22-31)
Leitura dos Atos dos Apóstolos.
15 22 Então pareceu bem aos apóstolos
e aos anciãos com toda a comunidade escolher homens dentre eles e enviá-los a
Antioquia com Paulo e Barnabé: Judas, que tinha o sobrenome de Barsabás, e
Silas, homens notáveis entre os irmãos.
23 Por seu intermédio enviaram a seguinte carta: "Os apóstolos e os anciãos aos irmãos de origem pagã, em Antioquia, na Síria e Cilícia, saúde! 24 Temos ouvido que alguns dentre nós vos têm perturbado com palavras, transtornando os vossos espíritos, sem lhes termos dado semelhante incumbência. 25 Assim nós nos reunimos e decidimos escolher delegados e enviá-los a vós, com os nossos amados Barnabé e Paulo, 26 homens que têm exposto suas vidas pelo nome de nosso Senhor Jesus Cristo. 27 Enviamos, portanto, Judas e Silas que de viva voz vos exporão as mesmas coisas. 28 Com efeito, pareceu bem ao Espírito Santo e a nós não vos impor outro peso além do seguinte indispensável: 29 que vos abstenhais das carnes sacrificadas aos ídolos, do sangue, da carne sufocada e da impureza. Dessas coisas fareis bem de vos guardar conscienciosamente. Adeus!" 30 Tendo-se despedido, a delegação dirigiu-se a Antioquia. Ali reuniram a assembléia e entregaram a carta. 31 À sua leitura, todos se alegraram com o estímulo que ela trazia.
Salmo responsorial 56/57
Vou louvar-vos, Senhor, entre os
povos.
Meu coração está pronto, meu
Deus,
está pronto o meu coração! Vou cantar e tocar para vós: desperta, minha alma, desperta! Despertem a harpa e a lira, e irei acordar a aurora!
Vou louvar-vos, Senhor, entre os
povos,
dar-vos graças por entre as nações! Vosso amor é mais alto que os céus, mais que as nuvens a vossa verdade! Elevai-vos, ó Deus, sobre os céus, vossa glória refulja na terra!
Aclamação do Evangelho
Aleluia, aleluia, aleluia.
Eu vos chamo meus amigos, pois vos dei a conhecer o que o Pai me revelou (Jo 15,15) EVANGELHO (João 15,12-17)
15 12 Disse Jesus: "Este é o meu mandamento: amai-vos
uns aos outros, como eu vos amo.
COMENTÁRIOS DO EVANGELHO13 Ninguém tem maior amor do que aquele que dá a sua vida por seus amigos. 14 Vós sois meus amigos, se fazeis o que vos mando. 15 Já não vos chamo servos, porque o servo não sabe o que faz seu senhor. Mas chamei-vos amigos, pois vos dei a conhecer tudo quanto ouvi de meu Pai. 16 Não fostes vós que me escolhestes, mas eu vos escolhi e vos constituí para que vades e produzais fruto, e o vosso fruto permaneça. Eu assim vos constituí, a fim de que tudo quanto pedirdes ao Pai em meu nome, ele vos conceda. 17 O que vos mando é que vos ameis uns aos outros".
1. "Só ama,
aquele que se sente amado..."
João vai dizer em seu evangelho
que "Deus é Amor". A Encarnação de Jesus fez com que Deus
mergulhasse na Vida do Homem, e possibilitou a este mergulhar na Vida de
Deus. Não havia até então, na humanidade, uma expressão de amor tão autêntica
e grandiosa.
O amor humano era marcado por
limites e tolerâncias e o apóstolo Pedro, quando indaga a Jesus se deve
perdoar até sete vezes, mostra bem esse modo limitado que o homem amava...
Por isso somente Jesus nos
poderia ter dado um mandamento assim, pois o amor sem medidas, manifestado na
gratuidade e incondicionalidade, era visto como uma loucura. É esse
exatamente o amor que encontramos em Jesus. "Amai-vos uns aos outros
assim como eu vos amo...". Esse é um mandamento originariamente cristão.
Não é um amor segundo os padrões humanos, mas brota de Jesus, do seu coração
Sagrado e humano.
A iniciativa é toda de Deus,
ainda que o ser humano permaneça na indiferença e na incredulidade, ainda que
o ser humano negue ou ignore Jesus, ainda que o Ser humano ridicularize o
cristianismo hostilizando os cristãos, apesar de tudo isso, Deus jamais
deixará de amar o homem e na Força desse amor sempre terá a iniciativa de se
manifestar ao homem, até o derradeiro momento de sua existência.
Um dia, tocado pelo próprio
Deus, o homem se abre para esta Graça e se sente amado e querido por Deus,
percebe que não se trata de um amor platônico, mas de um amor ágape,
totalmente gratuito e incondicional. Um amor desde toda eternidade, que não
dá para ser guardado, mesmo porque não há coração humano que o
comporte.
Esse amor cria laços com o
próximo, e assim vamos refletindo em nossas relações todo esse amor Divino e
sublime e através do homem, esse amor de Deus vai se propagando, formando um
grande elo que no final resultará na visibilidade do Reino de Deus que é puro
amor.
2. Amar como Jesus nos
amou
Após o insistente convite a
permanecermos nele, Jesus retoma (cf. Jo 13,34) seu novo mandamento:
"Amai-vos uns aos outros, assim como eu vos amei...". Este amor
consiste em permanecer em Jesus.
Amar como Jesus nos amou. Estas
palavras nos impulsionam ao conhecimento e à contemplação de Jesus em toda
sua vida: cerca de trinta anos de vida comum, sem nada excepcional que o destacasse,
e três anos de ministério, no exercício de uma marcante liderança.
Como Jesus nos amou, com seus
gestos, suas palavras, seus compromissos, sua doação, sua humildade, seu
serviço, sua libertação, sua alegria de viver. Como Jesus nos amou, inserido
na simples condição humana, na plenitude do amor, sempre em comunhão com os
empobrecidos, mais carentes e necessitados.
Podemos reconhecer como Jesus
nos amou em sua vida comum entre familiares e amigos e em seu ministério. E
também, nos testemunhos de amor de todo discípulo, hoje, que, unido em oração
à vontade do Pai, permanece em Jesus, fiel a suas palavras: "O que eu
vos mando é que vos ameis uns aos outros".
Oração
Pai, seja o amor de Jesus minha única fonte de inspiração para pôr em prática o mandamento do amor mútuo. Que eu me esforce por amar, como tu amas!
3. "Amar como Jesus amou."
Esta é nossa vocação! Os antigos mandamentos, "amar o
próximo como a si mesmo" e "amarás o Senhor teu Deus de todo teu
coração, de toda tua alma...", estão plenamente realizados no
mandamento: "amai-vos uns aos outros, assim como eu vos amei".
Jesus é a fonte deste amor divino e o infunde em nosso coração. Ele possui
este amor em plenitude, em sua relação com o Pai, no Espírito Santo. No
Evangelho de João, Jesus não manda amar a Deus. Seu mandamento é que
permaneçamos no amor. É amar o amor, e Deus é amor. O maior amor está em dar
a vida por seus amigos, estar totalmente a seu serviço, a exemplo de Jesus.
Somos escolhidos para dar frutos que permaneçam para sempre. O fruto é a
prática do amor mútuo originando as comunidades. E sendo o amor comunicativo
por natureza, as comunidades transbordam esse amor na missão. As comunidades
que vivem o amor de Jesus são as sementes da nova sociedade, já presente em
um mundo submisso à injustiça e à manipulação dos adoradores do dinheiro e do
poder.
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V
SEMANA DA PÁSCOA *
Antífona da entrada: Sepultados com Cristo na batismo, fostes também
ressuscitados com ele, porque crestes no poder de Deus, que o ressuscitou dos
mortos, aleluia! (Cl 2,12)
Leitura (Atos 16,1-10)
Leitura dos Atos dos Apóstolos.
16 1 Chegou a Derbe e depois a
Listra. Havia ali um discípulo, chamado Timóteo, filho de uma judia cristã,
mas de pai grego,
2 que gozava de ótima reputação junto dos irmãos de Listra e de Icônio. 3 Paulo quis que ele fosse em sua companhia. Ao tomá-lo consigo, circuncidou-o, por causa dos judeus daqueles lugares, pois todos sabiam que o seu pai era grego. 4 Nas cidades pelas quais passavam, ensinavam que observassem as decisões que haviam sido tomadas pelos apóstolos e anciãos em Jerusalém. 5 Assim as igrejas eram confirmadas na fé, e cresciam em número dia a dia. 6 Atravessando em seguida a Frígia e a província da Galácia, foram impedidos pelo Espírito Santo de anunciar a palavra de Deus na (província da) Ásia. 7 Ao chegarem aos confins da Mísia, tencionavam seguir para a Bitínia, mas o Espírito de Jesus não o permitiu. 8 Depois de haverem atravessado rapidamente a Mísia, desceram a Trôade. 9 De noite, Paulo teve uma visão: um macedônio, em pé, diante dele, lhe rogava: "Passa à Macedônia, e vem em nosso auxílio!" 10 Assim que teve essa visão, procuramos partir para a Macedônia, certos de que Deus nos chamava a pregar-lhes o Evangelho.
Salmo responsorial
99/100
Aclamai o Senhor, ó terra
inteira.
Aclamai o Senhor, ó terra
inteira,
servi ao Senhor com alegria, ide a ele cantando jubilosos!
Sabei que o Senhor, só ele, é
Deus,
ele mesmo nos fez e somos seus, nós somos seu povo e seu rebanho.
Sim, é bom o Senhor e nosso
Deus,
sua bondade perdura para sempre, seu amor é fiel e eternamente!
Aclamação do Evangelho
Aleluia, aleluia, aleluia.
Se com Cristo ressurgistes, procurai o que é do alto, onde Cristo está sentando á direita de Deus Pai (Cl 3,1). Evangelho (João 15,18-21)
15 18 Disse Jesus: "Se o mundo vos odeia, sabei que me
odiou a mim antes que a vós.
COMENTÁRIOS DO EVANGELHO19 Se fôsseis do mundo, o mundo vos amaria como sendo seus. Como, porém, não sois do mundo, mas do mundo vos escolhi, por isso o mundo vos odeia. 20 Lembrai-vos da palavra que vos disse: 'O servo não é maior do que o seu senhor'. Se me perseguiram, também vos hão de perseguir. Se guardaram a minha palavra, hão de guardar também a vossa. 21 Mas vos farão tudo isso por causa do meu nome, porque não conhecem aquele que me enviou".
1. "Se o mundo vos
odeia..."
A Palavra "mundo" é
largamente empregada pelo evangelista João, mas às vezes com sentido
diferente, neste evangelho por exemplo, mundo não é o planeta ou a Obra da
Criação, mas sim o mundo do mal, dos que deliberadamente se opõe a Verdade
que Deus revelou
O homem quer um Deus forte e
poderoso, um ser de moral irrepreensível, seguidor da lei de Moisés, um Deus
que privilegie os justos e santos, e que castigue implacavelmente os injustos
e pecadores. Um Deus que continue a ter uma raça escolhida, exemplo de
pessoas boas, sinceras, e que por isso mesmo são sempre abençoadas com longa
vida, e bens materiais. Um Deus que se valorize e que não se misture com os
míseros mortais.
O primeiro problema na relação
da comunidade judaica tradicional com Jesus, Ele não atende essa expectativa
e ainda por cima, se relaciona com pessoas que nem de longe fazem parte da
"raça escolhida e Nação Santa". Mas o que provocou o ódio e a
rejeição a Jesus por parte dos Judeus tradicionais foi ele ter se apresentado
como Filho de Deus, o grande esperado e não havia outro.
Os seguidores autênticos de
Jesus o imitam em tudo, ensinam suas palavras, realizam as mesmas obras, ou
seja, dão continuidade á Missão de Jesus tornando-se assim a prova inequívoca
de que Jesus ressuscitou, está vivo e caminha com eles. Quem odeia a alguém,
quer ver esse alguém morto, esmagado e destruído para sempre, e alguém que
lembre4 essa presença, só fará aumentar o ódio dos seus opositores.
Na pós-modernidade essa rejeição
e esse ódio por Jesus, seu evangelho e seu reino, continua. Muda-se a
referência, os Judeus conservadores o odiavam porque ele não correspondia ao
modelo de Messias que eles acreditavam, a partir de suas tradições e da
escritura, já o homem da pós-modernidade quer um Jesus que seja á sua imagem
e semelhança, adequado a um estilo de vida que privilegie a busca de prazer,
de realização pessoal, em um egocentrismo exacerbado onde o homem é o deus de
si mesmo.
Qualquer postura, pensamento ou
atitude que contrarie tudo isso, irá atrair ódio e rejeição. O discípulo de
Jesus sempre navega contra a correnteza!
2. O ódio rejeição do
amor
Após o tema do amor, João, fazendo
um contraste, apresenta, agora, o tema do ódio do mundo. Trata-se do ódio dos
poderosos deste mundo. Os discípulos que dão testemunho de amor e da
libertação no mundo são odiados por aqueles que, assenhoreando-se do poder,
usufruem das estruturas injustas nas quais o amor é abolido.
O amor suscita o ódio daqueles
que rejeitam este amor. O primeiro a ser odiado pelos donos do poder foi o
próprio Jesus. Em decorrência, os discípulos, escolhidos e identificados com
ele, também são odiados. Suas palavras serão vigiadas e os discípulos serão
perseguidos. A advertência reflete as perseguições aos cristãos da parte da
sinagoga, no fim do primeiro século.
O ódio surge da ambição da
acumulação de bens e poder, a qual se faz às custas da liberdade e do sacrifício
da maioria do povo. Aqueles que retêm em suas mãos o poder econômico,
militar, político ou religioso, para gozarem de privilégios pessoais ou de
grupo, odeiam e exterminam aqueles que ameaçam seu status. Porém, os
discípulos, em comunhão com Jesus, perseveram destemidamente na construção do
mundo novo possível, na justiça, na liberdade e no amor.
Oração
Pai, faze-me forte para enfrentar o ódio e a perseguição do mundo, sem abrir mão de minha fidelidade a ti e a teu Reino, a exemplo de Jesus.
3. VENCENDO O ÓDIO E A OPRESSÃO
Marcado pelo forte contraste do dualismo, o Evangelho de João,
após o tema do amor, apresenta-nos, agora, o tema do ódio do mundo. O
"mundo" significa a criação de Deus sob o domínio dos poderosos,
ricos e opressores. Após a criação, Deus viu que tudo era bom. Contudo, esta
criação foi submetida à opressão. Os discípulos que dão testemunho de amor e
libertação são odiados por aqueles que, assenhoreando-se do poder, usufruem
das estruturas injustas nas quais o amor é abolido. Ser do mundo é inserir-se
no sistema opressor que garante os privilégios, as riquezas e o poder de uma
minoria, e o relativo bem-estar dos que a ela se submetem. Estes julgam estar
salvando suas vidas. Os discípulos foram escolhidos do meio do mundo, e não
são do mundo. Não ser do mundo é libertar-se do sistema opressor e desumano
que gera miséria e morte. É perder sua vida para encontrá-la na adesão ao
projeto de Jesus, instaurador da justiça e restaurador da vida plena. É uma
missão que encontrará resistência e adversidades da parte de alguns, mas, em
contrapartida, terá acolhida e adesão de muitos.
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segunda-feira, 7 de maio de 2012
5ª semana da Páscoa
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