6º Domingo de
Páscoa — ANO B
Ambientação:
Sejam bem-vindos amados irmãos e irmãs! Na
liturgia recordamos e bendizemos o grande amor de Deus para conosco. Amor que
se manifestou de tantas maneiras e em tantos momentos na histór ia de nossa
salvação, sobretudo na vida, morte e ressurreição de Jesus. A união vital e
fecunda entre a videira e os ramos é união de amor que se expande do Pai ao
Filho, do Filho aos discípulos e dos discípulos a todas as pessoas. É preciso
sempre recordar o mandamento do amor: "Isto é o que vos ordeno: amai-vos
uns aos outros." Somos chamados a contemplar o amor de Deus, manifestado
na pessoa, nos gestos e nas palavras de Jesus, e dia a dia tornado presente
na vida dos homens por ação dos discípulos de Jesus, que hoje somos todos
nós. Recordamos o dia das mães e rezamos por todas elas. Neste período
pascal, as leituras nos convidam a refletir e mergulhar no amor de Deus com
todo o nosso ser, pois como diz São João, Deus é amor e quem ama permanece em Deus. Assim nos
preparamos para celebrar o Pentecostes, o derramamento mais visível do amor
de Deus sobre a Igreja, transformando-a em anunciadora corajosa do Reino.
VI SEMANA DA PÁSCOA
Antífona da entrada: Anunciai com gritos de alegria, proclamai até os
extremos da terra: o Senhor libertou o seu povo, aleluia! (Is 48,20)
Primeira Leitura (Atos
10,25-26.34-35.44-48)
Leitura dos Atos dos Apóstolos.
10 25 Quando Pedro estava para
entrar, Cornélio saiu a recebê-lo e prostrou-se aos seus pés para adorá-lo.
26 Pedro, porém, o ergueu, dizendo: "Levanta-te! Também eu sou um
homem!"
34 Então Pedro tomou a palavra e disse: "Em verdade, reconheço que Deus
não faz distinção de pessoas,
35 mas em toda nação lhe é agradável aquele que o temer e fizer o que é
justo".
44 Estando Pedro ainda a falar, o Espírito Santo desceu sobre todos os que
ouviam a (santa) palavra.
45 Os fiéis da circuncisão, que tinham vindo com Pedro, profundamente se
admiraram, vendo que o dom do Espírito Santo era derramado também sobre os
pagãos;
46 pois eles os ouviam falar em outras línguas e glorificar a Deus.
47 Então Pedro tomou a palavra: "Porventura pode-se negar a água do
batismo a estes que receberam o Espírito Santo como nós?"
48 E mandou que fossem batizados em nome de Jesus Cristo. Rogaram-lhe então
que ficasse com eles por alguns dias.
Salmo responsorial 97/98
O Senhor fez conhecer a salvação
e revelou sua justiça às nações.
Cantai ao Senhor Deus um canto
novo,
porque ele fez prodígios!
Sua mão e o seu braço forte e santo
alcançaram-lhe a vitória.
O Senhor fez conhecer a salvação
e, às nações, sua justiça;
recordou o seu amor sempre fiel
pela casa de Israel.
Os confins do universo
contemplaram
a salvação do nosso Deus.
Aclamai o Senhor Deus, ó terra inteira,
alegrai-vos e exultai!
Segunda Leitura (1 João
4,7-10)
Leitura da primeira carta de São João.
4 7 Caríssimos, amemo-nos uns
aos outros, porque o amor vem de Deus, e todo o que ama é nascido de Deus e
conhece a Deus.
8 Aquele que não ama não conhece a Deus, porque Deus é amor.
9 Nisto se manifestou o amor de Deus para conosco: em nos ter enviado ao
mundo o seu Filho único, para que vivamos por ele.
10 Nisto consiste o amor: não em termos nós amado a Deus, mas em ter-nos ele
amado, e enviado o seu Filho para expiar os nossos pecados.
Aclamação do Evangelho
Aleluia, aleluia, aleluia.
Quem me ama realmente guardará minha palavra, e meu Pai o amará, e a ele nós
viremos (Jo 14,23).
EVANGELHO (João 15,9-17)
15 9 Disse Jesus: "Como o
Pai me ama, assim também eu vos amo. Perseverai no meu amor. 10 Se guardardes
os meus mandamentos, sereis constantes no meu amor, como também eu guardei os
mandamentos de meu Pai e persisto no seu amor.
11 Disse-vos essas coisas para que a minha alegria esteja em vós, e a vossa
alegria seja completa.
12 Este é o meu mandamento: amai-vos uns aos outros, como eu vos amo.
13 Ninguém tem maior amor do que aquele que dá a sua vida por seus amigos.
14 Vós sois meus amigos, se fazeis o que vos mando.
15 Já não vos chamo servos, porque o servo não sabe o que faz seu senhor. Mas
chamei-vos amigos, pois vos dei a conhecer tudo quanto ouvi de meu Pai.
16 Não fostes vós que me escolhestes, mas eu vos escolhi e vos constituí para
que vades e produzais fruto, e o vosso fruto permaneça. Eu assim vos
constituí, a fim de que tudo quanto pedirdes ao Pai em meu nome, ele vos
conceda.
17 O que vos mando é que vos ameis uns aos outros".
Santo do Dia: Nossa
Senhora de Fátima
No dia 5 de maio de 1917, o mundo ainda vivia os
horrores da Primeira Guerra Mundial, então o papa Bento XV convidou todos os
católicos a se unirem em uma corrente de orações para obter a paz mundial com
a intercessão da Virgem Maria. Oito dias depois ela respondeu à humanidade
através das aparições em Fátima, Portugal.
Foram três humildes pastores,
filhos de famílias pobres, simples e profundamente católicas, os mensageiros
escolhidos por Nossa Senhora. Lúcia, a mais velha, tinha dez anos, e os
primos, Francisco e Jacinta, nove e sete anos respectivamente. Os três eram
analfabetos.
Contam as crianças que brincavam
enquanto as ovelhas pastavam. Ao meio-dia, rezaram o terço. Porém rezaram à
moda deles, de forma rápida, para poder voltar a brincar. Em vez de recitar
as orações completas, apenas diziam o nome delas: "ave-maria,
santa-maria" etc. Ao voltar para as brincadeiras, depararam com a Virgem
Maria pairando acima de uma árvore não muito alta. Assustados, Jacinta e
Francisco apenas ouvem Nossa Senhora conversando com Lúcia. Ela pede que os
pequenos rezem o terço inteirinho e que venham àquele mesmo local todo dia 13
de cada mês, desaparecendo em
seguida. O encontro acontece pelos sete meses seguintes.
As crianças mudam radicalmente.
Passam a rezar e a fazer sacrifícios diários. Relatam aos pais e autoridades
religiosas o que se passou. Logo, uma multidão começa a acompanhar o encontro
das crianças com Nossa Senhora.
As mensagens trazidas por ela
pediam ao povo orações, penitências, conversão e fé. A pressão das
autoridades sobre os meninos era intensa, pois somente eles viam a Virgem
Maria e depois contavam as mensagens recebidas, até mesmo previsões para o
futuro, as quais foram reveladas nos anos seguintes e, a última, o chamado
"terceiro segredo de Fátima", no final do segundo milênio,
provocando o surgimento de especulações e histórias fantásticas sobre seu
conteúdo. Agora divulgado ao mundo, soube-se que previa o atentado contra o
papa João Paulo II, ocorrido em 1981.
Na época, muitos duvidavam das
visões das crianças. As aparições só começaram a ser reconhecidas
oficialmente pela Igreja na última delas, em 13 de outubro, quando sinais
extraordinários e impressionantes foram vistos por todos no céu,
principalmente no disco solar. Poucos anos depois, os irmãos Francisco e
Jacinta morreram. A mais velha tornou-se religiosa de clausura, tomando o
nome de Lúcia de Jesus, e permaneceu sem contato com o mundo por muitos anos.
O local das aparições de Maria
foi transformado num santuário para Nossa Senhora de Fátima. Em 1946, na
presença do cardeal representante da Santa Sé e entre uma multidão de
católicos, houve a coroação da estátua da Santíssima Virgem de Fátima. Em 13
de maio de 1967, por ocasião do aniversário dos cinqüenta anos das aparições
de Fátima, o papa Paulo VI foi ao santuário para celebrar a santa missa a
mais de um milhão de peregrinos que o aguardavam, entre eles irmã Lúcia de
Jesus, a pastora sobrevivente, que viu e conversou com Maria, a Mãe de Deus.
Esta mensagem de Fátima foi um
apelo à conversão, alertando a humanidade para não travar a luta entre o bem
e o mal deixando Deus de lado, pois não conseguirá chegar à felicidade, pois,
ao contrário, acabará destruindo-se a si mesma. Na sua solicitude materna, a
Santíssima Virgem foi a Fátima pedir aos homens para não ofender mais a Deus
Nosso Pai, que já está muito ofendido. Foi a dor de mãe que a fez falar, pois
o que estava em jogo era a sorte de seus filhos. Por isso ela sempre dizia
aos pastorzinhos: "Rezai, rezai muito e fazei sacrifícios pelos
pecadores, que vão muitas almas para o inferno por não haver quem se
sacrifique e peça por elas".
FORMAÇÃO
LITÚRGICA
Liturgia da Palavra - Deus nos
fala
Deus nos reúne como assembleia,
para dialogar conosco e nos comunicar seus segredos, a Boa-Notícia que nos
faz viver livres, fraternos e felizes. Sua Palavra não é um conjunto de
vocábulos ou uma sequência de textos escritos e lidos. Ela é sempre
acontecimento, ação concreta a favor da vida, da libertação, da salvação de
seu povo. Na Liturgia, esta Palavra é celebrada, é festejada e constitui uma
ação simbólico-ritual central, um só ato de culto com o rito eucarístico.
Como Deus nos fala no rito da palavra da celebração eucarística? Ele nos
fala, primeiramente, nos acontecimentos, onde se realiza a páscoa-vida e que,
agradecidos, trazemos para celebrar, reconhecendo neles a ação amorosa de
Deus. O Senhor nos fala, também, pelas Sagradas Escrituras, nos dois
testamentos, com textos escolhidos, proclamados e meditados como palavra viva
e atual. Como afirma o documento do Concílio Vaticano II sobre a liturgia:
"É Cristo quem fala" (SC 7). E sua fala é ação libertadora que nos
ajuda a compreender os fatos da realidade, a corrigir os rumos, nos anima e
dá força para prosseguirmos na caminhada, testemunhando e realizando a páscoa
na história. Por isso, o leitor/a afirma após as leituras: "Palavra do
Senhor" e depois do evangelho: "Palavra da Salvação", ou seja,
acontecimento que nos salva, nos faz passar da morte para a vida! Palavra,
canto, silêncio e gestos constituem as ações simbólicas do rito da Palavra
que tem a proclamação do evangelho como ponto alto. A primeira leitura é um
texto, em geral, do primeiro testamento e sempre escolhido em relação ao
evangelho daquele domingo. O salmo, que vem a seguir, é escolhido como eco,
como resposta à primeira leitura. Trechos significativos das cartas
apostólicas, do segundo testamento, são oferecidos na segunda leitura. O
canto de aclamação é um verso baseado ou tirado do próprio evangelho. De
domingo a domingo, vamos sendo alimentados pelo Senhor, com o Pão da Palavra,
que nos revela seu mistério, que nos comunica sua força e nos transforma em
suas testemunhas. Movida pela Palavra de Deus proclamada, ouvida, entendida e
acolhida no íntimo de cada pessoa, a comunidade faz ecoar, livre e corajosa
sua adesão, na profissão de fé. Pelas preces, une-se a Cristo, suplicando ao
Pai pelas suas necessidades e pelas "urgências" do mundo.
TEXTOS BÍBLICOS PARA A
SEMANA:
2ª Br - At 1,15-17.20; Sl 112; Jo 15,9-17
3ª Br - At 16,22-34; Sl 137; Jo 16,5-11
4ª Br - At 17,15-22-18,1; Sl 148; Jo 16,12-15
5ª Br - At 18,1-8; Sl 97; Jo 16,16-20
6ª Br - At 18,9-18; Sl 46; Jo 16,20-23a
Sb Br - At 18,23-28; Sl 46; Jo 16,23b-28
Dom. da Ascensão do Senhor: At 1,1-11; Sl 46 (47),2-3.6-7.8-9 (R/.6); Ef
1,17-23; Mc 16,15-20 Ou 2ª leitura facultativa: Ef 4,1-13
COMENTÁRIOS DO EVANGELHO
1. "PERMANECEI EM
MIM..."
Às vezes quando me deparo com o
evangelho de São João, apelo para o meu imaginário grupo de debates onde o
Maneco, membro de uma comunidade das mais simples, replica, logo após a
conclusão “Êta que esse tal de João gosta de complicar, porque não vai direto
ao assunto?” Já o Ernesto, que é encarregado em uma empresa, gosta de ver o
jeito de Jesus falar com os discípulos nesse evangelho, “Esse Jesus é dos
meus, lá na fábrica é assim que eu digo para a minha turma “Se quiser ser meu
amigo, faça o que eu mando”. Confesso que tomei um susto, não tinha reparado
que o versículo 14 é exatamente assim “Vós sois meus amigos, se fizerdes o
que vos mando”.
Esta não é uma frase solta no
meio do texto, mas há sempre o perigo de se fazer uma leitura fundamentalista
da Palavra de Deus, pois o meu irmão de grupo gosta de ser mandão na
comunidade, porque é essa a sua rotina na empresa, e assim ele se identifica
com Jesus, que nessa frase parece mesmo ser “mandão” e autoritário, bem do
tipo, se não for pra fazer do meu jeito, então não quero. Entretanto o
ensinamento é outro... Foi quando Dona Maria, que trabalha de doméstica há
muito tempo, fez uma observação interessante, que eu nem havia pensado. “O
senhor me desculpe, pode ser que vou falar bobagem, porque não tenho estudo
de teologia, mal fiz o antigo ginásio, mas parece que Jesus diz aí, que ele
nos trata como amigos e não como servos, mas o gozado é que ele mesmo falou
em um outro evangelho, que veio para servir e não para ser servido, quem
serve é servo”.
Dona Maria não quer nem saber se
o jeito de João escrever seu evangelho é diferente dos sinóticos, mas parece
que “matou em cima” a questão intrigante. Na relação de trabalho, quem serve
é quem é mandado, na comunidade enquanto igreja, quem serve é aquele que ama.
Diante dessa observação feita ao grupo, levantou-se o “Mota” pessoa que na
paróquia é o responsável em buscar as hóstias e partículas no Mosteiro das
irmãs. “Óia gente, andei contando por curiosidade e vi que só nesse
evangelho, João escreveu nove vezes o verbo amar, acho que isso quer dizer
alguma coisa” Parece que o Mota “mordeu a isca” -- pensei com meus botões -
Quem experimentou tão intensamente e de maneira profunda, o amor de Deus
manifestado em Jesus de Nazaré, não vai mais falar de outra coisa na vida,
que não seja desse amor, não é atoa que o evangelho o chama de “Aquele
discípulo que Jesus amava”, não porque o Senhor o amava mais que aos outros,
mas porque ele, o discípulo, compreendeu que Jesus é o Amor do Pai
manifestado entre os homens, não só compreendeu, mas experimentou, e esta
manifestação não é exclusiva para alguém, mas a todos os homens.
Roseli, uma jovem que também
integra o nosso grupo, e que anda nas nuvens porque está namorando um
catequista da comunidade, fez um comentário belíssimo “Então a gente pode
dizer que Jesus é o amor ESCANCARADO de Deus para os homens!”. Escancarado é
aquilo que não se tem como esconder, não dá para disfarçar, como os olhos
brilhantes da Roseli, quando está perto do namorado. Quem se sente amado por
alguém, não tem como disfarçar a alegria, o bem que a outra pessoa lhe faz,
só de estar perto, e aqui dá para entender a expressão “Eu vos digo isso,
para que a minha alegria esteja em vós, e a vossa alegria seja plena”.
A descoberta de que Deus nos ama
tanto, e de maneira apaixonada em Jesus, faz a gente se tocar, a vida ganha
um novo sentido, um novo horizonte se descortina, pois há uma palavra chave
em João, que nos permite sonhar esse sonho realizável, que é ser feliz
plenamente.
Permanecei em mim. Permanecei
no meu amor. Quem ama quer o outro sempre junto, e aqui, o poder de Deus
torna-se frágil diante da liberdade humana, Deus não pode nos manter junto
dele, sem o nosso consentimento, sem a nossa vontade! Cá entre nós, sei que é
isso que acontece com a Roseli, que se encantou com o moço da catequese, eles
até estão namorando, mas a verdade é que ele, embora muito sério, não está
muito afim da coitada, mas para não magoá-la, mantém o namoro, e o pior é que
um dia, uma amiga confidenciou à Roseli essa verdade, e para espanto da
outra, a Roseli disse simplesmente “Não tem problema, eu só quero amá-lo, não
precisa que ele me ame”.
Pronto, chegamos a um ponto
culminante da nossa reflexão, Deus quer e sempre quis, e sempre vai querer
nos amar, mesmo que não seja correspondido, o seu amor Ágape é o amor
oblativo, é o verdadeiro e único amor, enquanto que o nosso jeito de amar é
ainda tão pequeno, não passa do amor Filia. Afinal, quem é que conseguiria
retribuir a altura, todo esse amor e ternura, que Jesus Cristo tem por cada
um de nós? Esta é uma dívida impagável...
Entretanto há algo que podemos
fazer, que está ao nosso alcance, e que faz com que Deus se sinta
correspondido em seu amor... “Amais-vos uns aos outros, assim como eu vos
amei”. O “ASSIM COMO...” não é uma exigência que o nosso amor seja perfeito
como o dele, mas se refere a gratuidade e incondicionalidade, se amarmos
desse jeito as pessoas, já está de muito bom tamanho.
Amar assim é ir além da
"FILIA", é meio caminho andado para o AMOR ágape. Permanecer em
Cristo e no seu amor, é viver de tal forma a comunhão com ele, que o nosso
jeito de ser, de viver e de amar, acaba refletindo para o próximo, o próprio
Cristo. E assim, em nosso amor tão frágil, as pessoas descobrirão a fonte do
verdadeiro amor, que é Jesus Cristo, foi isso que aconteceu com João, e que
revolucionou a sua vida, ele olhou para Jesus, e descobriu nele o Amor de Deus,
por isso deu com a boca no trombone e saiu falando aos quatro cantos, QUE O
NOSSO DEUS É AMOR! ( VI Domingo da Páscoa – João 15, 9-17).
2. Permanecer no amor
Cada frase de João é densa de
conteúdo. Seu evangelho, a cada passo, abre janelas para uma contemplação da
revelação de Deus na encarnação de seu Filho, Jesus. João apresenta-nos as
palavras de Jesus, desabrochadas e vividas na vida de suas comunidades.
A partir da imagem na qual os
galhos devem permanecer unidos à videira, Jesus convidara os discípulos a permanecerem
nele a fim de que dessem muito fruto. Agora os discípulos são estimulados a
permanecerem no seu amor. Compreendemos que o amor de Jesus por nós é o mesmo
amor do Pai por ele, em uma plenitude transbordante. A fonte do amor é o amor
entre o Pai e o Filho, que é o amor apropriado ao Espírito Santo. Permanecer
no amor de Jesus é inserir-se nesta comunhão de amor e vida entre o Pai e o
Filho. Partindo de uma adesão pessoal, o permanecer no amor de Jesus
significa inserir-se na comunidade de discípulos e irradiar-se, envolvendo a
outros, ampliando a comunidade de amor e prolongando-a no tempo.
Eram tradicionais, na religião
de Israel, os mandamentos de Moisés, elaborados no decorrer da história de
Israel e do judaísmo. Os mandamentos de Jesus estão contidos nas
bem-aventuranças registradas nos evangelhos de Mateus e Lucas, as quais
ultrapassam aqueles mandamentos antigos. E, agora, Jesus revela o mandamento
maior: "Amai-vos uns aos outros, assim como eu vos amei" (cf. Jo
13,34).
O atributo de "poder" aplicado
a Deus no Primeiro Testamento é associado a características tais como
disputa, inimigo, guerra, destruição e morte, com o título "Deus dos
exércitos". O Deus de Amor, revelado por Jesus, não comporta nenhuma
destas características. É o Deus da misericórdia e da compaixão, que entra em
comunhão de vida plena com seus filhos, homens e mulheres, em Jesus. E os discípulos
são chamados a dar frutos que permanecem para sempre, rompendo quaisquer
barreiras de exclusivismos e exclusões, favorecendo o desabrochar da vida e
instaurando a paz.
Na primeira leitura vemos como o
Espírito Santo de Amor desconheceu as fronteiras do judaísmo e infundiu-se
nos corações dos pagãos na Samaria. Pedro dá testemunho de que o Deus de Amor
não faz discriminação entre as pessoas, revelando-se a todos os povos e
nações: "Ele aceita quem o teme e pratica a justiça, qualquer que seja a
nação a que pertença".
A Primeira Carta de João
(segunda leitura) é um exuberante hino ao amor. Nos seus cinco capítulos ele
usa cinquenta e duas vezes as palavras amar ou amor. "Deus é amor, e
quem permanece no amor permanece em Deus, e Deus permanece nele" (1Jo
4,16). Esta é a realidade de Deus, revelada por Jesus aos discípulos e às
multidões, em sua vida e em seus atos. Se Deus é todo poderoso na criação do
universo, ele é todo Amor em sua relação com seus filhos, homens e mulheres,
em todos os tempos e em todos os povos.
Oração
Senhor Jesus, agradecido(a) por ter sido escolhido(a) e enviado(a) por ti,
prometo entregar-me totalmente à missão que me confiaste.
3. FONTE DE AMOR
O Evangelho de João abre janelas
para a contemplação do mistério da encarnação do Verbo, através das palavras
de Jesus, desabrochadas e vividas em suas comunidades. Somos estimulados a
permanecer no amor de Jesus. Compreendemos que o amor dele por nós é o mesmo
amor do Pai por ele. A fonte do amor é o amor entre o Pai e o Filho. É o amor
apropriado ao Espírito Santo.
Permanecer no amor de Jesus é
entrar em comunhão com esta dinâmica de amor e vida entre o Pai e o Filho,
inserindo-se na comunidade de discípulos. É irradiar envolvendo a outros,
ampliando a comunidade de amor e prolongando-a no tempo.
Jesus permanece no amor do Pai,
e isto significa que ele observa e cumpre o que o Pai mandou. Não se trata de
uma obediência cega, de um inferior a um superior, mas de uma união amorosa
de vontades. O amor vivido em nossas comunidades é fruto da nossa permanência
em Jesus. Este
amor, que é o amor de Jesus, é transbordante. As comunidades, em sua missão,
comunicam este amor ao mundo, gerando vida e alegria.
Na primeira leitura, vemos como
o Espírito Santo de amor desconheceu as fronteiras do judaísmo e infundiu-se
no coração dos pagãos na Samaria. Pedro, pioneiro apóstolo dos gentios, dá
testemunho de que o Deus de amor não faz discriminação entre as pessoas.
"Pelo contrário, ele aceita quem o teme e pratica a justiça, qualquer
que seja a nação a que pertença."
A Primeira Carta de João
(segunda leitura) é um exuberante hino ao amor. Nos seus cinco capítulos, ele
usa cinqüenta e duas vezes as palavras amar ou amor. Deus é amor. Esta é a
realidade de Deus, revelada por Jesus aos discípulos e às multidões, em sua
vida e em seus atos.
Se Deus é todo-poderoso na
criação do universo, ele é todo amor em sua relação com seus filhos, homens e
mulheres, em todos os tempos e em todos os povos.
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Liturgia da Segunda
Feira
Antífona da entrada: Não fostes vós que mês escolhestes. Fui eu que vos
escolhi e vos enviei para produzirdes fruto e o vosso fruto permaneça,
aleluia! (Jo 15,16)
Leitura (Atos
1,15-17.20-26)
Leitura dos Atos dos apóstolos.
1 15 Num daqueles dias, levantou-se
Pedro no meio de seus irmãos, na assembléia reunida que constava de umas
cento e vinte pessoas, e disse:
16 "Irmãos, convinha que se cumprisse o que o Espírito Santo predisse na
escritura pela boca de Davi, acerca de Judas, que foi o guia daqueles que
prenderam Jesus.
17 Ele era um dos nossos e teve parte no nosso ministério.
20 Pois está escrito no livro dos Salmos: 'Fique deserta a sua habitação, e
não haja quem nela habite; e ainda mais: Que outro receba o seu cargo'.
21 Convém que destes homens que têm estado em nossa companhia todo o tempo em
que o Senhor Jesus viveu entre nós,
22 a começar do batismo de João até o dia em que do nosso meio foi
arrebatado, um deles se torne conosco testemunha de sua Ressurreição".
23 Propuseram dois: José, chamado Barsabás, que tinha por sobrenome Justo, e
Matias.
24 E oraram nestes termos: Ó Senhor, que conheces os corações de todos,
mostra-nos qual destes dois escolheste
25 para tomar neste ministério e apostolado o lugar de Judas que se
transviou, para ir para o seu próprio lugar.
26 Deitaram sorte e caiu a sorte em Matias, que foi incorporado aos onze
apóstolos.
Salmo responsorial
112/113
O Senhor fez o indigente
assentar-se com os nobres.
Louvai, louvai, ó servos do
Senhor,
louvai, louvai o nome do Senhor!
Bendito seja o nome do Senhor,
agora e por toda a eternidade!
Do nascer do sol até o seu
ocaso,
louvado seja o nome do Senhor!
O Senhor está acima das nações,
sua glória vai além dos altos céus.
Quem pode comparar-se ao nosso
Deus,
ao Senhor, que no alto céu tem o seu trono
e se inclina para olhar o céu e a terra?
Levanta da poeira o indigente
e do lixo ele retira o pobrezinho,
para faze-lo assentar-se com os nobres,
assentar-se com os nobres do seu povo.
Aclamação do Evangelho
Aleluia, aleluia, aleluia.
Eu vos designei para que vades e deis frutos e o vosso fruto permaneça (Jo
15,16).
Evangelho (João
15,9-17)
15 9 Disse Jesus: "Como o
Pai me ama, assim também eu vos amo. Perseverai no meu amor. 10 Se guardardes
os meus mandamentos, sereis constantes no meu amor, como também eu guardei os
mandamentos de meu Pai e persisto no seu amor.
11 Disse-vos essas coisas para que a minha alegria esteja em vós, e a vossa
alegria seja completa.
12 Este é o meu mandamento: amai-vos uns aos outros, como eu vos amo.
13 Ninguém tem maior amor do que aquele que dá a sua vida por seus amigos.
14 Vós sois meus amigos, se fazeis o que vos mando.
15 Já não vos chamo servos, porque o servo não sabe o que faz seu senhor. Mas
chamei-vos amigos, pois vos dei a conhecer tudo quanto ouvi de meu Pai.
16 Não fostes vós que me escolhestes, mas eu vos escolhi e vos constituí para
que vades e produzais fruto, e o vosso fruto permaneça. Eu assim vos
constituí, a fim de que tudo quanto pedirdes ao Pai em meu nome, ele vos
conceda.
17 O que vos mando é que vos ameis uns aos outros".
COMENTÁRIOS DO EVANGELHO
1. "Matias,
indicado pela Igreja, escolhido por Jesus..."
Este evangelho é o mesmo de
ontem, que foi o 6º Domingo da Páscoa, isso porque é festa de São
Matias, que pertencia ao grupo dos 70 discípulos e que conforme relato do Ato
dos Apóstolos, foi escolhido pela comunidade dos discípulos para ser apóstolo
e testemunha da ressurreição do Senhor.
Nos relatos de Atos a respeito
da escolha de Matias, o fato de se ter tirado a sorte entre ele e um certo
José, chamado Barsabás, pode parecer estranho, afinal era um jogo de azar
para decidir algo tão sério e sagrado: fazer parte do grupo dos doze. Claro
que hoje não se tira a sorte para ver quem vai ser Padre, Diácono ou
religioso, ou para exercer os ministérios dos Leigos. Ocorre que para o povo
judeu era algo comum Deus se servir do acaso para manifestar a sua vontade e
por isso, em certas decisões na comunidade, se usavam gravetos, pedrinhas
marcadas como a Urime e Tumim.
Na verdade em Atos, no episódio
da escolha de Matias, é a última vez que se usa dessa prática para se saber a
vontade de Deus, pois a partir daí, o Espírito Santo foi derramado na Igreja
e no coração de todos os que crêem, então o Espírito manifesta claramente a
vontade Divina e ninguém precisa mais tirar a sorte para saber o que Deus
quer. Mas pior do que isso são os cristãos do nosso tempo, que menosprezando
a ação do Espírito Santo, quando estão diante de uma encruzilhada da vida,
consultam horóscopo, cartomante, cartas de tarô, Búzios e outras besteiras
mais que inventaram. Fique bem claro que Deus não aprova e não usa desses recursos
para revelar a sua santa vontade...
Mas o evangelho fala algo que
também nos faz pensar, "Não fostes vós que me escolhestes, mas eu é que
vos escolhi...". Na pastoral vocacional esse chamado de Deus, esse
apelo que Deus faz através de sua graça, é o ponto inicial de qualquer
vocação...". É a resposta que damos a alguém que nos procura porque
sente o desejo de ir para o seminário, ou de ser Diácono, ou até mesmo de
exercer algum ministério leigo na comunidade. É preciso que Deus chame!
E como é que Deus vai chamar,
como vamos saber que é Ele mesmo que está nos chamando ? Como saber
distinguir aquilo que é a nossa vontade humana e a vontade de Deus? Aqui é
que entra a autoridade da Igreja, que conduzida pelo Espírito Santo nos ajuda
a discernir. Quando Samuel foi chamado por três vezes, foi o Sacerdote Eli
que o ajudou a discernir que o Senhor o chamava, com Matias foi a mesma
coisa, a comunidade entrou em clima de oração para saber qual era a
vontade de Deus. Qualquer vocação e qualquer chamado apresenta três aspectos
que a tornam autêntica. Primeiro, que o vocacionado tenha no coração não só o
desejo, mas a disponibilidade para servir a Deus, foi o que Eli recomendou a
Samuel "Fala Senhor, que o teu Servo escuta...", segundo, a
comunidade têm necessidade daquele serviço ou ministério, e aí podemos evocar
a visão de Ezequiel, Deus preocupado dizendo com seus botões "A quem
enviarei para esse serviço?", e em terceiro, que haja um convite ou um
chamado que ajude o vocacionado a discernir....
Enfim, São Matias fez toda essa
trajetória, com humildade, paciência e confiança, não caiu no desânimo quando
não foi selecionado para o apostolado junto com os doze que Jesus escolhera,
também não torceu para que alguém do grupo "pisasse na bola" para
ele ter a sua chance, e quando Jesus morreu, mais ainda que Matias acreditou
e jamais enterrou o seu sonho, que agora se realiza, sendo que ele apenas vai
ser ratificado pelo grupo, como uma testemunha fiel de Jesus, desde o seu
Batismo por João, até a ressurreição.
A perseverança no amor é a
palavra chave em qualquer vocação, por isso é o tema central desse evangelho
de João, uma das primeiras testemunhas de Jesus, tocado por este amor que
entra pelo coração mas que se clareia na razão, tornando-se a prática cristã
essencial nas nossas comunidades.
2. Amai-vos uns aos
outros, como eu vos amei
O evangelho de João nos envolve
na atmosfera do amor de Deus. O amor de Jesus e do Pai é comunicado a nós
também! Somos carinhosamente impelidos a observar os mandamentos de Jesus, a
guardar a sua palavra, ter fé e praticar o que ele viveu, seguir seu exemplo
de serviço. Jesus os resume neste seu "novo" (Jo 13,34) mandamento:
"Amai-vos uns aos outros, assim como eu vos amei". É uma novidade
na história do mundo e das religiões. É tarefa humanamente impossível, pois
se trata do amor divino! Mas a tarefa se torna viável uma vez que o próprio
Jesus nos comunica este amor ao nos escolher e nos designar para darmos
frutos que permaneçam. Este amor é solidário e comunicativo, na comunidade e
na missão, tornando-se fecundo pela oração.
Oração
Pai, completa a alegria que o Espírito Santo faz brotar em mim, pois estou
disposto a permanecer unido a ti e a teu Filho, e a ser fiel aos teus
mandamentos, apesar das adversidades.
3. AMAR COMO JESUS AMOU
Em continuidade às suas
palavras, a partir da metáfora dos ramos que permanecem unidos à videira,
Jesus insiste na permanência dos discípulos com ele. O vínculo da permanência
é o amor. O amor une e comunica. O amor entre Jesus e o Pai se comunica aos
discípulos e, neles, é também um amor transbordante. O mandamento do Pai é a
comunicação do amor. Pelo dom de si aos outros, permanece-se em Jesus e se
tem a certeza de ser amado por Deus. O amor que comunica funda a comunidade e
irradia-se na missão de transformar este mundo em um mundo novo possível. A
alegria é um dos frutos do amor. E Jesus, cheio de amor, é alegre. E seu
desejo é que a alegria dos discípulos tenha a qualidade da sua própria
alegria e seja completa.
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Liturgia da Terça-Feira
VI
SEMANA DA PÁSCOA *
Antífona da entrada: Alegremo-nos, exultemos e demos glória a Deus, porque o
Senhor todo-poderoso tomou posse do seu reino, aleluia! (Ap 19,7.6)
Leitura (Atos 16,22-34)
Leitura dos Atos dos Apóstolos.
16 22 O povo insurgiu-se contra
eles. Os magistrados mandaram arrancar-lhes as vestes para açoitá-los com
varas.
23 Depois de lhes terem feito muitas chagas, meteram-nos na prisão, mandando
ao carcereiro que os guardasse com segurança.
24 Este, conforme a ordem recebida, meteu-os na prisão inferior e
prendeu-lhes os pés ao cepo.
25 Pela meia-noite, Paulo e Silas rezavam e cantavam um hino a Deus, e os
prisioneiros os escutavam.
26 Subitamente, sentiu-se um terremoto tão grande que se abalaram até os
fundamentos do cárcere. Abriram-se logo todas as portas e soltaram-se as
algemas de todos.
27 Acordou o carcereiro e, vendo abertas as portas do cárcere, supôs que os
presos haviam fugido. Tirou da espada e queria matar-se.
28 Mas Paulo bradou em alta voz: "Não te faças nenhum mal, pois estamos
todos aqui".
29 Então o carcereiro pediu luz, entrou e lançou-se trêmulo aos pés de Paulo
e Silas.
30 Depois os conduziu para fora e perguntou-lhes: "Senhores, que devo
fazer para me salvar?"
31 Disseram-lhe: "Crê no Senhor Jesus e serás salvo, tu e tua
família".
32 Anunciaram-lhe a palavra de Deus, a ele e a todos os que estavam em sua
casa.
33 Então, naquela mesma hora da noite, ele cuidou deles e lavou-lhes as
chagas. Imediatamente foi batizado, ele e toda a sua família.
34 Em seguida, ele os fez subir para sua casa, pôs-lhes a mesa e alegrou-se
com toda a sua casa por haver crido em Deus.
Salmo responsorial
137/138
Ó Senhor, me estendeis o vosso
braço e me ajudais.
Ó Senhor, de coração eu vos dou
graças,
porque ouvistes as palavras dos meus lábios1
Perante os vossos anjos vou cantar-vos
e ante o vosso templo vou prostrar-me.
Eu agradeço vosso amor, vossa
verdade,
porque fizestes muito mais que prometestes;
naquele dia em que gritei, vós me escutastes
e aumentastes o vigor da minha alma.
Estendereis o vosso braço em meu
auxílio
e havereis de me salvar com vossa destra.
Completai em mim a obra começada;
ó Senhor, vossa bondade é para sempre!
eu vos peço: não deixeis inacabada
esta obra que fizeram vossas mãos.
Aclamação do Evangelho
Aleluia, aleluia, aleluia.
Eu hei de enviar-vos o Espírito da verdade; ele vos conduzirá a toda a
verdade (Jo 16,7.13).
Evangelho (João
16,5-11)
16 5 Disse Jesus: "Agora
vou para aquele que me enviou, e ninguém de vós me pergunta: 'Para onde
vais?'
6 Mas porque vos falei assim, a tristeza encheu o vosso coração.
7 Entretanto, digo-vos a verdade: convém a vós que eu vá! Porque, se eu não
for, o Paráclito não virá a vós; mas se eu for, vo-lo enviarei.
8 E, quando ele vier, convencerá o mundo a respeito do pecado, da justiça e
do juízo.
9 Convencerá o mundo a respeito do pecado, que consiste em não crer em mim.
10 Ele o convencerá a respeito da justiça, porque eu me vou para junto do meu
Pai e vós já não me vereis;
11 ele o convencerá a respeito do juízo, que consiste em que o príncipe deste
mundo já está julgado e condenado".
COMENTÁRIOS DO EVANGELHO
1. "O Espírito que
desmascara as Forças do Mal..."
Os que se opunham radicalmente a
Jesus Cristo, estavam confiantes de que tinham acabado com ele
definitivamente e agora os seus seguidores se dispersariam e aos poucos
ninguém iria mais se lembrar do tal Jesus de Nazaré. Mas o Poder de Deus é
infinitamente maior do que esse pensamento mesquinho do ser humano, quando
pensavam que tudo estava acabado, inclusive os discípulos, que ao ouvirem Jesus
falar em partida, deixam-se dominar por uma grande tristeza, eis que Jesus
faz uma promessa....
Vai enviar o Espírito Paráclito,
um Juiz que irá dar o veredicto final sobre Jesus, apontando-o como grande
vencedor sobre todas as forças do mal, confirmando seus ensinamentos e obras,
atestando que Ele está bem vivo, Glorioso á direita do Pai, e ao mesmo tempo
em Espírito caminhando com a sua Igreja.
Entretanto, esse veredicto e
esse julgamento teve apenas início, porque se perpetua na Igreja nos cristãos
de todos os tempos que são fiéis á Jesus e exatamente no anúncio e nas obras
dos discípulos, o Espírito vai confirmando o Bem supremo que é Jesus de
Nazaré, e ao mesmo tempo desmascarando e fazendo ruir por terra os planos dos
que optaram pelo mal.
Por isso esse Espírito é também
chamado de Consolador, mas não uma consolação que faz os discípulos de Jesus
se conformarem com a derrota, ao contrário, é uma consolação santa que os
impele para a frente, a caminhar e a resistir na luta contra o mal. A
comunidade apostólica por primeiro, e depois as primeiras comunidades,
experimentaram, perceberam e sentiram essa ação do Espírito Santo, que
inaugurou o Kairós, tempo que vive a Igreja até a parusia, quando vier
a Plenitude do Reino.
Logicamente que a história é encíclica
e hoje como ontem, há os que se opõe radicalmente á Jesus, recusam a sua
divindade, rejeitam o Jesus do Evangelho e aderem a um Jesus do Consumismo
que não passa de uma grotesca caricatura do nosso Deus. Jesus voltou ao Pai,
vencedor da missão que lhe foras confiada, agora caberá á sua Igreja,
assistida, orientada e conduzida pelo seu Espírito, percorrer os mesmos
caminhos que ele percorreu, na mesma Fidelidade que o levou a nos amar até o
fim, entregando á própria vida.
Não há o que temer e os discípulos de hoje podem dizer sem medo "O
Espírito do Senhor está sobre nós..."
2. A nova forma de presença de Jesus
Tendo já anunciado o envio do
Espírito (Jo 15,26), Jesus esclarece seus discípulos com mais detalhes. João
é o único evangelista a referir-se ao Espírito com um termo (paráklêtos) que
tem um amplo sentido, englobando as várias traduções adotadas (Defensor,
Consolador, Advogado, etc.).
Jesus fala em sua partida, o que
causa tristeza nos corações dos discípulos. Sentir-se-ão sós, em um mundo de
conflitos. A partida de Jesus é o fecho de sua vida que foi plenitude de dom
de amor aos discípulos e ao mundo. O amadurecimento da compreensão da vida de
Jesus exige tempo. Na ausência de Jesus é o Espírito de Verdade e de Amor que
os iluminará neste amadurecimento e os fortalecerá na perseverança no
seguimento de Jesus. Pelo Espírito, os discípulos encontram a nova forma de
presença de Jesus.
O Espírito fará os discípulos
verem que os valores oferecidos pelo mundo levam ao pecado da rejeição a
Jesus. Verão também que o anúncio da justiça feito por Jesus foi coroado com
sua ida para o Pai, e que a estrutura opressora do mundo e seu chefe estão
condenados.
Oração
Pai, concede-me o Espírito que me dá forças para enfrentar e vencer o mundo,
e manter-me fiel a teu Filho Jesus.
3. O PARÁCLITO
João é o único evangelista a
referir-se ao Espírito Santo como o Paráclito (Parakletos), também traduzido
por Defensor, Consolador, Advogado. Tendo já mencionado várias vezes o dom do
Espírito Santo, agora Jesus retoma o anúncio de sua partida, detendo-se mais
na missão do Espírito que será enviado. É bom que Jesus vá, porque o
Defensor, o Espírito Santo, enviado aos discípulos unidos em comunidade, dará
continuidade histórica ao ministério de Jesus, restaurador da vida. Agora, os
próprios discípulos, unidos ao Espírito, são os protagonistas da missão
libertadora e vivificante. O Espírito, que já estava presente em Jesus, é
colocado em destaque a partir da ocultação do Jesus visível e sensível. O Espírito
é uma presença tão forte entre nós como era a presença de Jesus no momento
histórico de seu ministério. O Espírito Santo atualiza a presença dele na
comunidade dos discípulos. A ação do Espírito é reconhecida, pela fé, em todo
ato de amor que remove a injustiça, promove a vida e constrói a comunhão e a
paz.
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Liturgia da
Quarta-Feira
VI
SEMANA DA PÁSCOA
Antífona da entrada: Senhor, eu vos louvarei entre os povos, anunciarei
vosso nome aos meus irmãos, aleluia! (Sl 17,50;21,23)
Leitura (Atos
17,15.22-18,1)
Leitura dos Atos dos apóstolos.
17 15 Os que conduziam Paulo
levaram-no até Atenas. De lá voltaram e transmitiram para Silas e Timóteo a
ordem de que fossem ter com ele o mais cedo possível.
22 Paulo, em pé no meio do Areópago, disse: "Homens de Atenas, em tudo
vos vejo muitíssimo religiosos.
23 Percorrendo a cidade e considerando os monumentos do vosso culto,
encontrei também um altar com esta inscrição: 'A um Deus desconhecido'. O que
adorais sem o conhecer, eu vo-lo anuncio!
24 O Deus, que fez o mundo e tudo o que nele há, é o Senhor do céu e da
terra, e não habita em templos feitos por mãos humanas.
25 Nem é servido por mãos de homens, como se necessitasse de alguma coisa,
porque é ele quem dá a todos a vida, a respiração e todas as coisas.
26 Ele fez nascer de um só homem todo o gênero humano, para que habitasse
sobre toda a face da terra. Fixou aos povos os tempos e os limites da sua
habitação.
27 Tudo isso para que procurem a Deus e se esforcem por encontrá-lo como que
às apalpadelas, pois na verdade ele não está longe de cada um de nós.
28 Porque é nele que temos a vida, o movimento e o ser, como até alguns dos
vossos poetas disseram: Nós somos também de sua raça...
29 Se, pois, somos da raça de Deus, não devemos pensar que a divindade é
semelhante ao ouro, à prata ou à pedra lavrada por arte e gênio dos homens.
30 Deus, porém, não levando em conta os tempos da ignorância, convida agora a
todos os homens de todos os lugares a se arrependerem.
31 Porquanto fixou o dia em que há de julgar o mundo com justiça, pelo
ministério de um homem que para isso destinou. Para todos deu como garantia
disso o fato de tê-lo ressuscitado dentre os mortos".
32 Quando o ouviram falar de ressurreição dos mortos, uns zombavam e outros
diziam: "A respeito disso te ouviremos outra vez".
33 Assim saiu Paulo do meio deles.
34 Todavia, alguns homens aderiram a ele e creram: entre eles, Dionísio, o
areopagita, e uma mulher chamada Dâmaris; e com eles ainda outros.
18 1 Depois disso, saindo de Atenas, Paulo dirigiu-se a Corinto.
Salmo responsorial 148
Da vossa glória estão cheios o
céu e a terra.
Louvai o Senhor Deus nos altos
céus,
louvai-o no excelso firmamento!
Louvai-o, anjos seus, todos louvai-o,
louvai-o, legiões celestiais!
Reis da terra, povos todos,
bendizei-o,
e vós, príncipes e todos os juízes;
e vós, jovens, e vós moças e rapazes,
anciãos e criancinhas, bendizei-o!
Louvem o nome do Senhor,
louvem-no todos,
porque somente o seu nome é excelso!
A majestade e esplendor de sua glória
ultrapassam em grandeza o céu e a terra.
Ele exaltou seu povo eleito em
poderio,
ele é o motivo de louvor para os seus santos.
é um hino para os filhos de Israel,
este povo que ele ama e lhe pertence.
Aclamação do Evangelho
Aleluia, aleluia, aleluia.
Rogarei ao meu Pai e ele há de enviar-vos um outro paráclito, que há de
permanecer eternamente convosco (Jo 14,16).
Evangelho (João 16,12-15)
16 12 Assim falou Jesus:
"Muitas coisas ainda tenho a dizer-vos, mas não as podeis suportar
agora.
13 Quando vier o Paráclito, o Espírito da Verdade, ensinar-vos-á toda a
verdade, porque não falará por si mesmo, mas dirá o que ouvir, e
anunciar-vos-á as coisas que virão.
14 Ele me glorificará, porque receberá do que é meu, e vo-lo anunciará.
15 Tudo o que o Pai possui é meu. Por isso, disse: Há de receber do que é
meu, e vo-lo anunciará".
COMENTÁRIOS DO EVANGELHO
1. "O Espírito que
atualiza o ANÚNCIO..."
Já imaginaram um site de
notícias que só é atualizado de vez em quando ou nunca é atualizado? O
segredo para se fazer sucesso é diariamente ter o site atualizado, o
internauta entra uma vez, e ao perceber que as notícias são
"velhas" nunca mais acessam. Algo parecido ocorre com a Palavra de
Deus que Jesus nos trouxe, Ele é o Verbo Encarnado, como afirma São João,
entretanto, Jesus de Nazaré viveu em um contexto histórico, religioso,
político e social lá do Oriente Médio, diferente da Pós-modernidade de 2012,
com o mundo globalizado.
Os problemas que enfrentou, os
desafios que teve de encarar, foram diferentes dos que hoje os cristãos do
mundo inteiro enfrentam e além do mais, o Cristianismo naqueles primeiros
tempos estava fechado em uma religião, e trazia uma identidade da tradição de
Israel. Há muitos cristãos sonhadores que hoje se perguntam "O que será
que Jesus faria em meu lugar nos dias de hoje, que ensinamentos daria, que
orientações faria aos discípulos, que atitudes iria tomar..."
O evangelho de hoje responde
direitinho essa questão, se o Jesus Histórico não está em nosso meio, o seu
Espírito Santo, enviado pelo Pai está presente em sua Igreja e na vida
dos que crêem. Não se trata de um Espírito Mágico, monopólio de uma Religião
ou Igreja, aprisionado em uma doutrina, e que de vez em quando faz revelações
surpreendentes. Nem é preciso entrar em transe, para atingir o alfa como
pensam alguns orientais.
A missão do Espírito é atualizar
o Anúncio de Jesus com uma ação evangelizadora eficaz, que tenha força de
tocar no coração das pessoas. Trata-se do mesmo Cristo, do mesmo evangelho,
da mesma Verdade e da mesma Revelação, porém atualizada para os dias de hoje,
pois nosso Deus não é igual aqueles Velhos Resmungões que fica choramingando
pelos cantos, dizendo que no seu tempo as coisas eram melhores...
O Espírito renovador,
santificador e restaurador, inspira os cristãos a como agir nos dias de hoje.
Na comunidade apostólica o Espírito Santo recordou tudo o que Jesus ensinou,
hoje ele nos recorda e vai mais longe: define uma autêntica prática cristã,
para se fazer o anúncio e dar o testemunho, que é tão eficaz como o
testemunho das primeiras comunidades. Porque muitas vezes imaginamos que o
fervor cristão vai diminuindo com o passar do tempo, mas é o contrário, o
Espírito Santo garante essa ebulição por todo o sempre. E assim, aos cristãos
de cada tempo o Espírito se manifesta e atualiza a Santa Palavra anunciada,
tornando-se sempre nova e restauradora, não permitindo que se torne uma
Velharia do passado, mas algo muito atual, seja qual for o tempo em que se
vive...
2. Espírito Santo guiará
os discípulos em toda a verdade
Durante a última ceia, nas
palavras de Jesus aos seus discípulos pode-se perceber como eles sempre
tiveram dificuldades de compreendê-lo em seus propósitos e em seu anúncio. Os
cerca de três anos de convívio durante o ministério de Jesus não chegou a
remover-lhes as expectativas messiânicas tradicionais. A prática libertadora
e vivificante de Jesus deixava-os perplexos. Mesmo depois da crucifixão de
Jesus, os discípulos foram lentos em perceber a continuidade de sua presença
entre eles. Jesus mencionou o envio do Espírito Santo, que guiará os
discípulos em toda a verdade. É o Espírito que já estava presente em Jesus,
mas que fica em destaque a partir da ocultação do Jesus visível e sensível.
Há uma perfeita comunhão entre Jesus, o Pai e o Espírito, sendo o ensinamento
deste a continuidade do ensinamento de Jesus. É o Espírito que ajudará os
discípulos a compreenderem o projeto de Deus para mundo.
O Espírito Santo é revelador de
toda a verdade, em todos os tempos, em todos os povos. É a revelação da
presença de Jesus, hoje, entre os discípulos reunidos em comunidades que se
empenham na construção do mundo novo, no qual é abolida a violência e vive-se
a paz.
Oração
Pai, que o Espírito me ensine toda a verdade e me revele às coisas que hão de
vir, para que eu possa enveredar, com toda segurança, pelo caminho que é
Jesus.
3. O ANÚNCIO DO ESPÍRITO
Neste seu discurso de revelação,
na última ceia, Jesus destaca a ação iluminadora do Espírito Santo. Tanto o
Evangelho de João como os sinóticos, Marcos, Mateus e Lucas, registram a
dificuldade dos discípulos em entender toda a profundidade do anúncio de
Jesus. Depois da sua crucifixão, foram lentos também em perceber a
ressurreição e a continuidade da presença de Jesus entre eles. Será o
Espírito da Verdade, enviado por Jesus e pelo Pai, que os ajudará a
compreender toda a verdade. O Espírito anunciará o que é do Pai e do Filho.
Os discípulos, confirmados por este anúncio, serão testemunhas de Jesus e o
glorificarão. É o anúncio da Verdade que continua a ser revelada ao longo dos
séculos, em todas as gerações. Erros históricos vão sendo revistos e as
influências das ideologias do poder, sobre a fé, estão sendo esvaziadas. As
mentiras dos poderosos deste mundo são denunciadas e as esperanças dos povos
pela vida e pela paz, fortalecidas. Ao longo dos séculos, o Espírito ilumina
e revigora os bem-aventurados, pobres, mansos, pacíficos, misericordiosos,
espoliados, comprometidos, que lutam pela justiça na construção do Céu e
terra louvem mundo novo.
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Liturgia da
Quinta-Feira
VI
SEMANA DA PÁSCOA
Antífona da entrada: Ó Deus, quando saístes à frente do vosso povo,
abrindo-lhe o caminho e habitando entre eles, a terra estremeceu, fundiram-se
os céus, aleluia! (Sl 67,8s.20)
Leitura (Atos 18,1-8)
Leitura dos Atos dos Apóstolos.
18 1 Depois disso, saindo de
Atenas, Paulo dirigiu-se a Corinto.
2 Encontrou ali um judeu chamado Áquila, natural do Ponto, e sua mulher
Priscila. Eles pouco antes haviam chegado da Itália, por Cláudio ter decretado
que todos os judeus saíssem de Roma. Paulo uniu-se a eles.
3 Como exercessem o mesmo ofício, morava e trabalhava com eles. (Eram
fabricantes de tendas.)
4 Todos os sábados ele falava na sinagoga e procurava convencer os judeus e
os gregos.
5 Quando Silas e Timóteo chegaram da Macedônia, Paulo dedicou-se inteiramente
à pregação da palavra, dando aos judeus testemunho de que Jesus era o
Messias.
6 Mas como esses contradissessem e o injuriassem, ele, sacudindo as vestes,
disse-lhes: "O vosso sangue caia sobre a vossa cabeça! Tenho as mãos
inocentes. Desde agora vou para o meio dos gentios".
7 Saindo dali, entrou em casa de um prosélito, chamado Tício Justo, cuja casa
era contígua à sinagoga.
8 Entretanto Crispo, o chefe da sinagoga, acreditou no Senhor com todos os da
sua casa. Sabendo disso, muitos dos coríntios, ouvintes de Paulo, acreditaram
e foram batizados.
Salmo responsorial 97/98
O Senhor fez conhecer seu poder
salvador
perante as nações.
Cantai ao Senhor Deus um canto
novo,
porque ele fez prodígios!
Sua mão e o seu braço forte e santo
alcançaram-lhe a vitória.
O Senhor fez conhecer a salvação
e, às nações, sua justiça;
recordou o seu amor sempre fiel
pela casa de Israel.
Os confins do universo contemplaram
a salvação do nosso Deus.
Aclamai o Senhor Deus, ó terá inteira,
alegrai-vos e exultai!
Aclamação do Evangelho
Aleluia, aleluia, aleluia.
Eu não vos deixarei órfãos: eu irei, mas voltarei, e o vosso coração muito há
de se alegrar (Jo 14,18).
EVANGELHO (João 16,16-20)
16 16 Jesus disse: "Ainda
um pouco de tempo, e já me não vereis; e depois mais um pouco de tempo, e me
tornareis a ver, porque vou para junto do Pai".
17 Nisso alguns dos seus discípulos perguntavam uns aos outros: "Que é
isso que ele nos diz: 'Ainda um pouco de tempo, e não me vereis; e depois
mais um pouco de tempo, e me tornareis a ver?' E que significa também: 'Eu
vou para o Pai?'"
18 Diziam então: "Que significa este pouco de tempo de que fala? Não
sabemos o que ele quer dizer".
19 Jesus notou que lho queriam perguntar e disse-lhes: "Perguntais uns
aos outros acerca do que eu disse: 'Ainda um pouco de tempo, e não me vereis;
e depois mais um pouco de tempo, e me tornareis a ver'.
20 Em verdade, em verdade vos digo: haveis de lamentar e chorar, mas o mundo
se há de alegrar. E haveis de estar tristes, mas a vossa tristeza se há de
transformar em alegria".
COMENTÁRIOS DO EVANGELHO
1. "Tristezas e
alegrias, Luzes e sombras..."
A vida de todo discípulo de
Jesus não é diferente das demais pessoas, ela é cheia de altos e baixos,
"Um dia chove, outro dia faz sol", como cantou o poeta Chico
Buarque de Holanda, um dia resplandece como uma manhã belíssima, mas logo
mais a tarde vêm as nuvens negras com raios e relâmpagos. Na Vida de Fé esse
dualismo também está presente, e Jesus está dizendo aos discípulos que será
sempre assim: um pouco de tempo e me vereis, mais um pouco e não me vereis, e
outro pouco e tornareis a me ver...
A gente queria só luz, alegria,
entusiasmo, sucesso, em nossa vida de Fé, na vida em comunidade, mas não é
assim, desde o começo Jesus deixou bem claro. Os discípulos não entenderam e
nós também não. Então Jesus, que conhece o homem profundamente, todos os
pensamentos e sentimentos humanos, vai dizer que ao final, toda a angústia e
tristeza dos discípulos vai se transformar em alegria eterna.
Há no mundo uma falsa alegria,
que hoje poderíamos dizer, provocada pelo consumismo, pelo sucesso, prestígio
e poder, na verdade as alegrias terrenas são legítimas mas não podem
substituir na vida dos discípulos aquela que é a Verdadeira alegria e que um
dia se tornará plena. A suposta "ausência" de Jesus, a partir da
sua Ascensão, é preenchida totalmente pelo Espírito que acompanha a Igreja
neste tempo do Kairós até a Parusia.
Em suma, Ver ou não ver Jesus,
sentir sua presença em nossa vida ou não, é uma contingência humana por conta
das nossas limitações, Deus está sempre presente na ação Trinitária em cuja
vida de comunhão somos envolvidos, mas que não nos arrebata desse Vale de
Lágrimas, onde é preciso caminhar e Crer, alimentando em nós essa esperança,
de que o Senhor caminha conosco, falando e agindo, como fez um dia junto aos
seus discípulos.
2. A promessa do Espírito é Verdade e Amor
Uma das características do
evangelho de João é o uso da repetição didática de palavras ou frases. A
afirmação sobre o ver e o não ver Jesus é repetida três vezes, e a
dificuldade de entendimento dos discípulos fica patente.
Jesus já mencionara a sua
partida, causando receios e tristeza nos discípulos que já vinham
experimentando as ameaças do poder religioso do Templo e das sinagogas. Jesus
os confortara com a promessa do Espírito que é Verdade e Amor. Agora
esclarece que ele próprio voltará a estar presente entre os discípulos.
Dentro de pouco tempo os discípulos não mais verão (theôreite - visão
sensível) Jesus. Com mais um pouco de tempo eles o perceberão (opsesthe) em
sua presença que foge aos sentidos.
De início os discípulos se
entristecem com a morte de cruz e a ausência de Jesus. Mas logo se alegrarão
com a presença do Espírito e do próprio Jesus, percebendo que a todos é
concedido o dom da vida eterna, o que renova a face da terra, gerando um
mundo novo.
Oração
Pai, que o meu testemunho de vida cristã seja tal, que as pessoas possam
"ver" Jesus nas minhas palavras e nos meus gestos de amor ao
próximo.
3. PERMANECER EM JESUS
Em seqüência ao anúncio de sua
partida, Jesus confirma a continuidade de sua presença entre os discípulos
com o sugestivo jogo de palavras sobre o pouco tempo que resta para não mais
vê-lo e mais um pouco em que será visto de novo. A dinâmica do dom da vida
eterna, em João, segue a seguinte trajetória: a Palavra, o Filho, que estava
em Deus se faz carne e habita entre nós; é glorificado em sua missão vivificante
e libertadora, comunicando a vida eterna, como enviado do Pai; e volta ao
Pai. Ao contrário dos sinóticos, João não fala de uma outra "volta"
de Jesus ao mundo, mas sim no "permanecer nele". Serão os
discípulos que o verão de novo, agora glorificado pelo Pai. O verão dentro de
um pouco mais de tempo, ao permanecerem nele, e ele e o Pai nos discípulos. O
permanecer em Jesus, unidos em comunidade e fazendo a vontade do Pai,
significa, já, a alegria de participar da glória de Jesus, em comunhão de
vida eterna com o Pai.
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Liturgia da Sexta-Feira
VI
SEMANA DA PÁSCOA *
Antífona da entrada: Vós nos resgatastes, Senhor, pelo vosso sangue, de
todas as raças, línguas, povos e nações e fizestes de nós um reino e
sacerdotes para o nosso Deus, aleluia! (Ap 5,9s)
Leitura (Atos 18,9-18)
Leitura dos Atos dos Apóstolos.
18 9 Numa noite, o Senhor disse
a Paulo em visão: "Não temas! Fala e não te cales.
10 Porque eu estou contigo. Ninguém se aproximará de ti para te fazer mal,
pois tenho um numeroso povo nesta cidade".
11 Paulo deteve-se ali um ano e seis meses, ensinando a eles a palavra de
Deus.
12 Sendo Galião procônsul da Acaia, levantaram-se os judeus de comum acordo
contra Paulo e levaram-no ao tribunal e disseram:
13 Este homem persuade os ouvintes a (adotar) um culto contrário à lei.
14 Paulo ia falar, mas Galião disse aos judeus: "Se fosse, na realidade,
uma injustiça ou verdadeiro crime, seria razoável que vos atendesse.
15 Mas se são questões de doutrina, de nomes e da vossa lei, isso é lá
convosco. Não quero ser juiz dessas coisas".
16 E mandou-o sair do tribunal.
17 Então todos pegaram em Sóstenes, chefe da sinagoga, e o espancaram diante
do tribunal, sem que Galião fizesse caso algum disso.
18 Paulo permaneceu ali (em Corinto) ainda algum tempo. Depois se despediu
dos irmãos e navegou para a Síria e com ele Priscila e Áquila. Antes, porém,
cortara o cabelo em Cêncris, porque terminara um voto.
Salmo responsorial 46/47
O Senhor é o grande rei de toda
a terra.
Povos todos do universo, batei
palmas,
gritai a Deus aclamações de alegria!
Porque sublime é o Senhor, o Deus altíssimo,
o soberano que domina toda a terra.
Os povos sujeitou ao nosso jugo
e colocou muitas nações aos nossos pés.
Foi ele que escolheu a nossa herança,
a glória de Jacó, seu bem-amado.
Por entre aclamações Deus se
elevou,
o Senhor subiu ao toque da trombeta.
Salmodiai ao nosso Deus ao som da harpa,
salmodiai, ao som da harpa, ao nosso rei!
Aclamação do Evangelho
Aleluia, aleluia, aleluia.
Era preciso que Cristo sofresse e ressuscitasse dos mortos para entrar em sua
glória (Lc 24,46.26).
EVANGELHO (João 16,20-23)
16 20 Disse Jesus: "Em
verdade, em verdade vos digo: haveis de lamentar e chorar, mas o mundo se há
de alegrar. E haveis de estar tristes, mas a vossa tristeza se há de
transformar em alegria.
21 Quando a mulher está para dar à luz, sofre porque veio a sua hora. Mas,
depois que deu à luz a criança, já não se lembra da aflição, por causa da
alegria que sente de haver nascido um homem no mundo.
22 Assim também vós: sem dúvida, agora estais tristes, mas hei de ver-vos
outra vez, e o vosso coração se alegrará e ninguém vos tirará a vossa
alegria.
23 Naquele dia não me perguntareis mais coisa alguma. Em verdade, em verdade
vos digo: o que pedirdes ao Pai em meu nome, ele vo-lo dará".
COMENTÁRIOS DO EVANGELHO
1. " VAI PASSAR
...."
"Seus filhos erravam
cegos pelo continente,
levavam pedras feito penitentes
Erguendo estranhas catedrais
E um dia, afinal, tinham o direito a uma alegria fugaz
Meu Deus, vem olhar, vem ver de perto uma cidade a cantar
A evolução da liberdade até o dia clarear...."
Grandes poetas como o nosso
Chico Buarque de Holanda, sempre cantaram a esperança nos momentos difíceis e
turbulentos da nossa história. Nesse evangelho de João os discípulos estão ás
vésperas da tragédia que irá se abater sobre eles e Jesus os consola,
afirmando poeticamente e teologicamente que "Toda aquela tristeza vai
passar..."
"Haveis de estar tristes
mas toda a vossa tristeza há de se transformar em alegria..." A paixão e
a morte de Jesus é necessária, mas não se trata de uma dor do desespero, mas
de uma dor toda feita de esperança exatamente como a dor do parto que depois
se transforma em risos de alegria.
De fato, os discípulos de Jesus
passaram por um período tenebroso, da sua ascensão ao Céu até o dia em que o
Espírito os confirmou como Igreja dando-lhes a certeza esperança de que Jesus
estava vivo e continuava a caminhar com eles.
Dia desses um irmão da comunidade
desabafou de um jeito triste que há muitas coisas erradas na nossa Igreja e
que ele tem medo de pensar no que tudo isso vai dar, pois as vezes a Igreja
parece tomar decisões contrárias ao evangelho e aos ensinamentos de Jesus,
quando não se abre, para sair de si mesma e ir ao encontro das pessoas para
fazer o anúncio querigmático, uma igreja que muitas vezes parece estar tão
longe dos que sofrem, dos que são injustiçados, dos marginalizados e
excluídos...
Exatamente aí, onde tudo parece
estar errado, o Espírito de Jesus está agindo, e o coração do autêntico
discípulo consegue perceber a sua presença e se enche de alegria. Aos
discípulos Jesus falava dos novos tempos que estavam por vir, com a expansão
do cristianismo no mundo inteiro, muito além de Jerusalém, onde estava a
Igreja Mãe.
Para nós esse evangelho também
nos encoraja, a superarmos todas as dificuldades, momentos cruciais marcados
por angústias e incertezas, divisões e outras amarguras no meio do povo de
Deus, contudo, como a cantiga do poeta, essa Palavra nos consola o coração
ferido; TUDO VAI PASSAR... A VOSSA ANGÚSTIA E TRISTEZA SE TRANSFORMARÁ EM
ALEGRIA...
2. Promessa de Jesus de
permanecer entre os discípulos.
Jesus conclui sua fala de
despedida, com a promessa de sua permanência entre os discípulos.
O mundo, com seu chefe,
alegrar-se-á com a morte de Jesus, pensando ter assim garantido o seu poder.
Os discípulos chorarão e lamentarão os sofrimentos e a morte de Jesus e a sua
ausência. Porém, a tristeza é passageira. Com o dom do Espírito e a nova
manifestação de Jesus, a alegria voltará para ficar para sempre.
Em conclusão, Jesus usa a
comparação da mulher que dá à luz uma criança. A imagem do sofrimento do
parto que antecipa o surgimento da vida é usada com frequência no Antigo
Testamento. No Novo Testamento, Paulo fará uso desta imagem, ele próprio
sofrendo as dores do parto até que Cristo seja formado em seus discípulos (Gl
4,19). Também a própria criação sofre como que em um parto, aguardando a sua
libertação (Rm 8,22). A alegria é a alegria da vida, a alegria de viver. Esta
alegria se torna estável e permanente quando, mesmo nos sofrimentos, tendo
Jesus, se percebe que, no amor, a vida é eterna e a morte não tem poder sobre
ela.
Oração
Espírito de felicidade, que a certeza da ressurreição me ajude a suportar as
dores e os sofrimentos, sem desfalecer.
3. A NOVA PRESENÇA DE JESUS
Nesta seqüência da fala de Jesus
sobre sua ida ao Pai, permanecendo, contudo, junto dos discípulos, o tema é a
alegria que supera a tristeza. O ministério de Jesus é inaugurado na alegria,
em Caná da Galiléia. Alegria das bodas, com o vinho de Jesus. Agora, com sua
partida, não cessará esta alegria, mesmo que passem por momentos de tristeza.
As mulheres que têm a experiência de dar à luz uma criança conhecem a
supremacia da alegria sobre a tristeza passageira. Enganado, o mundo,
submetido aos chefes do poder que matam para se manter, alegrar-se-á com a
aparente ausência de Jesus. Porém, os discípulos e todos os que forem
libertos deste poder alegrar-se-ão com a nova presença de Jesus entre eles. E
ninguém lhes poderá tirar sua alegria. É a vida que supera a morte e é
assumida na eternidade. "Aquele dia" é o dia da glória do Pai pelo
pleno cumprimento da missão de Jesus. É o dia do dom do Espírito, que
revelará aos discípulos a permanência de Jesus entre eles, após sua morte de
cruz. Então, o próprio Espírito instruirá os discípulos e os unirá, pelo
amor, nas comunidades e no anúncio de Jesus ao mundo.
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Liturgia
do Sábado
VI
SEMANA DA PÁSCOA
Antífona da entrada: Povo resgatado por Deus, proclamai suas maravilhas: ele
vos chamou das trevas à sua luz admirável, aleluia! (1Pd 2,9)
Leitura (Atos 18,23-28)
Leitura dos Atos dos Apóstolos.
18 23 Paulo se demorou aí apenas
por algum tempo, partiu de novo e atravessou sucessivamente as regiões da
Galácia e da Frígia, fortalecendo todos os discípulos.
24 Entrementes, um judeu chamado Apolo, natural de Alexandria, homem
eloqüente e muito versado nas Escrituras, chegou a Éfeso.
25 Era instruído no caminho do Senhor, falava com fervor de espírito e
ensinava com precisão a respeito de Jesus, embora conhecesse somente o
batismo de João.
26 Começou, pois, a falar na sinagoga com desassombro. Como Priscila e Áquila
o ouvissem, levaram-no consigo, e expuseram-lhe mais profundamente o caminho
do Senhor.
27 Como ele quisesse ir à Acaia, os irmãos animaram-no e escreveram aos
discípulos que o recebessem bem. A sua presença (em Corinto) foi, pela graça
de Deus, de muito proveito para os que haviam crido,
28 pois com grande veemência refutava publicamente os judeus, provando, pelas
Escrituras, que Jesus era o Messias.
Salmo responsorial 46/47
O Senhor é o grande rei de toda
a terra.
Povos todos do universo, batei
palmas,
gritai a Deus aclamações de alegria!
Porque sublime é o Senhor, o Deus altíssimo,
o soberano que domina toda a terra.
Porque Deus é o grande rei de
toda a terra,
ao som da harpa acompanhai os seus louvores!
Deus reina sobre todas as nações,
está sentado no seu trono glorioso.
Os chefes das nações se reuniram
com o povo do Deus santo de Abraão,
pois só Deus é realmente o Altíssimo,
e os poderosos desta terra lhe pertencem!
Aclamação do Evangelho
Aleluia, aleluia, aleluia.
Saí do Pai e vim ao mundo, eu deixo o mundo e vou ao Pai (Jo 16,28).
Evangelho (João 16,23-28)
Naquele tempo, disse Jesus aos
seus discípulos: 16 23 "Naquele dia não me perguntareis mais coisa alguma.
Em verdade, em verdade vos digo: o que pedirdes ao Pai em meu nome, ele vo-lo
dará.
24 Até agora não pedistes nada em meu nome. Pedi e recebereis, para que a
vossa alegria seja perfeita.
25 Disse-vos essas coisas em termos figurados e obscuros. Vem a hora em que
já não vos falarei por meio de comparações e parábolas, mas vos falarei
abertamente a respeito do Pai.
26 Naquele dia pedireis em meu nome, e já não digo que rogarei ao Pai por
vós.
27 Pois o mesmo Pai vos ama, porque vós me amastes e crestes que saí de Deus.
28 Saí do Pai e vim ao mundo. Agora deixo o mundo e volto para junto do
Pai".
COMENTÁRIOS DO EVANGELHO
1. "Rezar em nome
de Jesus..."
Muitas vezes em nossas relações
sociais, somos recomendados a uma pessoa importante por um amigo "Pode
falar com ele em meu nome...". E somos tratados bem, e até com certa
intimidade pela pessoa importante, em consideração ao amigo que nos
recomendou.
A mesma coisa acontece na nossa
relação para com Deus, sem vê-lo e sem ouvi-lo diretamente, o homem o
conheceu através de Jesus Cristo, e Deus que era alguém tão longe, tornou-se
nosso íntimo amigo e companheiro de caminhada, pois Jesus resgatou aquela
comunhão de vida entre Deus e o primeiro casal Adão e Eva, com quem andava ao
entardecer pelo paraíso, conversando como velhos amigos.
Em nossas orações á Deus, é
preciso pedir em nome de Jesus. É claro que nesse caso, não fomos apenas
recomendados, mas fomos salvos e libertos., Jesus nos credenciou de novo a
entrarmos em comunhão com o Pai. A oração só pode ser em seu nome, porque o
Ser humano, só com os seus recursos, jamais iria conseguir se reaproximar de
Deus. E quando falamos ao Pai em nome de Jesus, o Pai imediatamente nos
reconhece, porque quem conheceu Jesus e o experimentou em sua via, conheceu o
Pai e o experimentou.
Ainda tomando o exemplo com que
iniciamos a reflexão, muitas vezes a pessoa importante até nos atende por
causa do nosso amigo, mas não vai além disso, faz-nos o favor pedido e depois
saímos de sua presença, muitas vezes essa pessoa importante vai comentar com
alguém "Só o atendi porque Fulano recomendou....". Não é o caso
aqui do nosso evangelho, onde quando falamos com Deus em nome de Jesus, o Pai
nos acolhe com imenso amor, nos cerca de toda sua ternura e bondade, e nos
acolhe como seus por causa do seu Filho.
Enfim, Deus não é aquele que
simplesmente "engole o sapo", em consideração ao Filho, mas é
aquele que nos chama de Filho amado e nos abre a sua Vida para entrarmos em
comunhão para sempre. A razão é muito simples: ao lado do Pai está Aquele que
tornou-se Sumo Sacerdote e nosso Intercessor para Sempre. Ao acolher nossas
orações, em nome de Jesus, o Pai olha com carinho e amor para o Filho ao seu
lado e este, com um leve sorriso assente com um aceno.
2. Pedir em nome de
Jesus é pedir em comunhão com ele.
A oração do Pai-Nosso, nos
evangelhos de Mateus e Lucas, é simplesmente dirigida ao Pai. O evangelho de
João completa o sentido da oração. Trata-se de pedir ao Pai em nome de Jesus.
Pedir em nome de Jesus é pedir em comunhão com ele. Jesus não é um
intercessor separado, que permanece à parte, mas intercede em comunhão
conosco. O intercessor já é o próprio Deus, presente e atencioso às nossas
necessidades. O impulso da oração brota do nosso convívio com Jesus e da
inspiração do Espírito Santo.
Jesus falará claramente aos
discípulos através do Espírito Santo que enviará conjuntamente com o Pai. A
oração de Jesus pelos seus funda a comunidade e a consolida com o dom do
Espírito Santo. Com a iniciativa do pedir, o discípulo integra-se no projeto
de Deus em renovar todas as coisas, inserido em comunidades solidárias que
testemunham o amor que jorra para a vida eterna.
A presença de Jesus junto ao
Pai, como realidade da humanidade divinizada, se constitui em vínculo de
comunhão eterna entre Deus e esta humanidade.
Oração
Pai, dá-me um coração que saiba reconhecer e agradecer tudo quanto teu Filho
fez para salvar a humanidade pecadora. E que seja ele o meu eterno
intercessor junto de ti.
3. PEDIR AO PAI EM NOME DE JESUS
A oração comporta o contemplar e
o louvar a Deus, o pedir e a ação de graças. Ação de graças são os atos de
amor ao próximo, praticados graciosamente. Pedir em nome de Jesus significa
pedir em união de vontade com ele. Pedir tudo o que é necessário para a
realização da vontade do Pai. O convite ao pedir, dirigido aos discípulos,
dá-lhes responsabilidade e integra-os no dinamismo da missão. Com a
iniciativa do pedir, o discípulo integra-se no plano libertador e vivificante
de Deus. E com a certeza do atendimento de seu pedido pelo Pai, fortalece sua
esperança e perseverança na luta, em completa alegria. Jesus falará com
clareza, aos discípulos, através do Espírito da Verdade, que enviará.
Completa-se a sua missão: ele saiu do Pai, veio ao mundo e, agora, deixa o
mundo e vai para o Pai. Quem está em união com Jesus e, nele, com o Pai,
participa de uma só vontade. O seu pedir é a realização da vontade do Pai. Em
união com Jesus, vive-se o amor na comunidade, a oração e a missão de servir
os pobres em suas necessidades e seus direitos.
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