Liturgia da Segunda Feira — 25.11.2013
XXXIV SEMANA DO TEMPO COMUM *
( VERDE – OFÍCIO DO DIA DA II SEMANA )
Antífona da entrada: O Senhor fala de
paz a seu povo e a seus amigos e a todos o que se voltam para ele (Sl 84,9).
Leitura (Daniel 1,1-6.8-20)
Leitura da profecia de Daniel.
1 1 No terceiro ano do reinado de Joaquim, rei de Judá,
Nabucodonosor, rei de Babilônia, veio sitiar Jerusalém.
2 O Senhor entregou-lhe Joaquim, rei de Judá, bem como parte dos objetos do
templo, que Nabucodonosor transportou para a terra de Senaar, para o templo
de seu deus: foi na sala do tesouro do templo de seu deus que ele os colocou.
3 O rei deu ordem ao chefe de seus eunucos, Asfenez, para trazer-lhe jovens
israelitas, oriundos de raça real ou de família nobre,
4 isentos de qualquer tara corporal, bem proporcionados, dotados de toda
espécie de boas qualidades, instruídos, inteligentes, aptos a ingressarem
(nos serviços do) palácio real; ser-lhes-ia ensinado a escrever e a falar a
língua dos caldeus.
5 O rei destinou-lhes uma provisão cotidiana, retirada das iguarias da mesa
real e do vinho que ele bebia. A formação deles devia durar três anos, após o
que entrariam a serviço do rei.
6 Entre eles encontravam-se alguns judeus: Daniel, Ananias, Misael e Azarias.
8 Daniel tomou a resolução de não se contaminar com os alimentos do rei e com
seu vinho. Pediu ao chefe dos eunucos para deles se abster.
9 Este, graças a Deus, tomado de benevolência para com Daniel, atendeu-o de
boa vontade,
10 mas disse-lhe: “Temo que o rei, meu senhor, que estabeleceu vossa
alimentação e vossa bebida, venha a notar vossas fisionomias mais abatidas do
que as dos outros jovens de vossa idade, e que por vossa causa eu me exponha
a uma repreensão da parte do rei”.
11 Mas Daniel disse ao dispenseiro a quem o chefe dos eunucos havia confiado
o cuidado de Daniel, Ananias, Misael e Azarias:
12 “Rogo-te, faze uma experiência de dez dias com teus servos: que só nos
sejam dados legumes a comer e água a beber.
13 Depois então compararás nossos semblantes com os dos jovens que se
alimentam com as iguarias da mesa real, e farás com teus servos segundo o que
terás observado”.
14 O dispenseiro concordou com essa proposta e os submeteu à prova durante
dez dias.
15 No final deste prazo, averiguou-se que tinham melhor aparência e estavam
mais gordos do que todos os jovens que comiam das iguarias da mesa real.
16 Em conseqüência disso o dispenseiro retirava os alimentos e o vinho que
lhes eram destinados, e mandava servir-lhes legumes.
17 A esses quatro jovens, Deus concedeu talento e saber no domínio das letras
e das ciências. Daniel era particularmente entendido na interpretação de
visões e sonhos.
18 Ao fim do prazo fixado pelo rei para a apresentação, o chefe dos eunucos
introduziu-os na presença de Nabucodonosor,
19 o qual palestrou com eles. Entre todos os jovens nenhum houve que se
comparasse a Daniel, Ananias, Misael e Azarias. Por isso entraram eles a
serviço do rei.
20 Em qualquer negócio que necessitasse de sabedoria e sutileza, e que o rei
os consultasse, este achava-os dez vezes superiores a todos os escribas e
mágicos do reino.
Salmo responsorial Dn 3
A vós louvor, honra e glória eternamente!
Sede bendito, Senhor Deus de nossos pais.
A vós louvor, honra e glória eternamente!
Sede bendito, nome santo e glorioso.
A vós louvor, honra e glória eternamente!
No templo santo onde refulge a vossa glória.
A vós louvor, honra e glória eternamente!
E em vosso trono de poder vitorioso.
A vós louvor, honra e glória eternamente!
Sede bendito, que sondais as profundezas.
A vós louvor, honra e glória eternamente!
E superior aos querubins vos assentais.
A vós louvor, honra e glória eternamente!
Sede bendito no celeste firmamento.
A vós louvor, honra e glória eternamente!
Obras todas do Senhor, glorificai-o.
A ele louvor, honra e glória eternamente!
Aclamação do Evangelho
Aleluia, aleluia, aleluia.
Vigiai, diz Jesus, vigiai, pois, no dia em que não esperais, o vosso Senhor
há de vir (Mt 24,42.44)
EVANGELHO (Lucas 21,1-4)
21 1 Levantando os olhos, viu Jesus os ricos que deitavam
as suas ofertas no cofre do templo.
2 Viu também uma viúva pobrezinha deitar duas pequeninas moedas,
3 e disse: “Em verdade vos digo: esta pobre viúva pôs mais do que os outros.
4 Pois todos aqueles lançaram nas ofertas de Deus o que lhes sobra; esta,
porém, deu, da sua indigência, tudo o que lhe restava para o sustento”.
COMENTÁRIOS DO EVANGELHO
1. Nossas moedinhas...
Eu fiquei pensando seriamente nessas duas moedinhas da viúva, que foram
depositadas no cofre do templo, e que, conforme o próprio Jesus, era tudo o
que ela tinha; provavelmente o dinheiro do pão e do leite. Aquelas moedinhas
que “esquecemos” no console do carro, e que quando algum pedinte vem com a
“Caixinha” nos semáforos, a gente pega e dá.
No nosso caso é sobra, no da viúva era um valor
importante na sua modesta economia. Tem-se a impressão de que no dia seguinte
a coitada ficou sem tomar café.
Uma interpretação literal desse evangelho seria mais ou
menos assim: você faz a sua compra do mês, mas em vez de levar para sua casa,
leva na casa de alguém muito pobre, e você só terá o dinheiro para compra no
outro mês. Não é isso? Tirar da boca para dar aos outros.
Mas notem que as duas moedinhas não foram dadas de
esmola, mas era uma oferta dentro de uma celebração, então foram dadas a
Deus, eis aí a diferença fundamental. Talvez a gente até pense que, agora
ficou bem mais fácil de imitar a viúva, dar aquilo que para mim é essencial,
para Deus. E por que será que Deus vai querer as nossas moedinhas? O
que nossas miseráveis ofertas vão acrescentar a grandiosidade de Deus?
Nada! Então por que abrir mão daquilo que nos é essencial? Quando falamos de
bens materiais, inclusive dinheiro, o que damos na verdade é o que sobra e
até mesmo o nosso Dízimo, é o último valor que entra no nosso orçamento
mensal “Posso dar que não vou me apertar!” pensamos sempre de maneira um
tanto mesquinha. Quanto mais rico mais posso dar, mas sempre o que me sobra.
Claro que dar em nome de Cristo é uma obra de caridade. Fiquem tranquilos...
Em uma visão bem pastoral a reflexão é muito bonita. Há
algo sim, que podemos dar a Deus na comunidade, algo precioso que nos é
essencial, e que parece que ninguém tem sobrando... o tempo! É a primeira
justificativa que damos quando somos convidados para “dar” algo essencial de
nós, em algum trabalho pastoral ou ministério “Ah estou sem tempo...”, as
pessoas até já introduzem a conversa dizendo “Olha, se tiver um tempinho...”.
Eis aí as nossas pequeninas moedinhas da
pós-modernidade: nosso tempo. Para ouvir as pessoas, para visitar um doente,
para visitar alguém que sumiu da comunidade, para ir consolar alguém que
perdeu seu ente querido, para compartilhar meu conhecimento profissional em
algum curso de formação. Nesse sentido, nossas pastorais são aquele
cofre do templo, onde às vezes colocamos grandes fortunas, mas que está nos
sobrando “Ah hoje eu não ia fazer nada mesmo...”.
Porém, o que Jesus nos pede é uma doação verdadeira,
dar um tempo em algum trabalho pastoral, para alguma pessoa, um tempo que vai
nos fazer falta pela sua preciosidade, digamos assim, no meu justo descanso
da tarde de um domingo, vou fazer algum trabalho pastoral. Deixamos de
descansar no conforto de nossa casa, para nos doar a alguém. Será que tudo o
que fazemos, na pastoral ou no ministério, não é apenas uma terapia
ocupacional para “matarmos” o tempo que está sobrando? A verdade é que as
moedinhas da viúva nos fazem pensar nesse assunto...
2. É a atitude de entrega total que conta
Depois de expulsar os comerciantes do Templo, Jesus
elogia a atitude de uma viúva necessitada que depositou no cofre do Templo
duas moedinhas, em contraste com as pessoas ricas que também depositavam suas
ofertas.
No reino inaugurado por Jesus, a quantidade passa a ser
absolutamente secundária. É a atitude de confiança e de entrega total que
conta e é exigida.
As duas moedas depositadas pela viúva no cofre foram
muito mais do que os ricos depositaram. Jesus mesmo explica: as pessoas ricas
(cf. v. 1) ofertaram “parte do que tinham de sobra, mas ela, da sua pobreza,
ofereceu tudo que tinha para viver” (v. 4). Nesse sentido, a viúva é imagem
de Cristo que ofereceu toda a sua vida a Deus.
ORAÇÃO
Pai, dá-me um coração de pobre, capaz de partilhar até do que me é
necessário, porque confio totalmente no teu amor providente.
3. A
OFERTA DO POBRE
É inútil querer fazer bela figura diante de Deus, pensando que ele se deixa
impressionar pelas grandezas humanas. O Reino de Deus subverte as categorias
humanas. Assim, o que é grande aos olhos humanos, é desprezível para Deus. E
vice-versa: o que o mundo desvaloriza, encontra valor aos olhos de Deus.
Quando os ricos colocavam no cofre do templo generosas
ofertas, acreditavam estar fazendo um gesto altamente louvado por Deus, e com
isso, crescendo em mérito diante dele. A atitude deles humilhava a quem pouco
possuía para oferecer e causava inveja e espírito de competição. Era uma
exibição de generosidade, com um detalhe: davam do seu supérfluo e não teriam
de sofrer na pele os efeitos de sua esmola.
Em contraposição, as duas moedinhas lançadas pela pobre
viúva tinham um valor inestimável para Deus. Oferecendo aquilo que lhe
restava para viver, a mulher colocava-se toda nas mãos do Pai e fazia sua
vida depender totalmente dele. Ela se recusava buscar segurança nos bens
materiais, nem acreditava que o acúmulo de bens, qualquer que fosse, pudesse
trazer-lhe alegria e felicidade. Reconhecia que tudo, em sua vida, era dom de
Deus. Por isso, com toda a liberdade e sem a ânsia de possuir, foi capaz de
arriscar tudo.
Esta é a oferta que tem valor diante de Deus.
Oração
Senhor Jesus, liberta meu coração da ânsia de possuir e acumular. Faze-me,
antes, compartilhar, com toda a liberdade, todos os meus bens.
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XXXIV SEMANA DO TEMPO COMUM *
( VERDE – OFÍCIO DO DIA )
Antífona da entrada: O Senhor fala de
paz a seu povo e as seus amigos e a todos os que se voltam para ele (Sl
84,9).
Leitura (Daniel 2,31-45)
Leitura da profecia de Daniel.
Naqueles dias, Disse Daniel a Nabucodonosor: 2 31
"Senhor: contemplavas, e eis que uma grande, uma enorme estátua
erguia-se diante de ti; era de um magnífico esplendor, mas de aspecto
aterrador.
32 Sua cabeça era de fino ouro, seu peito e braços de prata, seu ventre e
quadris de bronze,
33 suas pernas de ferro, seus pés metade de ferro e metade de barro.
34 Contemplavas (essa estátua) quando uma pedra se descolou da montanha, sem
intervenção de mão alguma, veio bater nos pés, que eram de ferro e barro, e
os triturou.
35 Então o ferro, o barro, o bronze, a prata e o ouro foram com a mesma
pancada reduzidos a migalhas, e, como a palha que voa da eira durante o
verão, foram levados pelo vento sem deixar traço algum, enquanto que a pedra
que havia batido na estátua tornou-se uma alta montanha, ocupando toda a
região.
36 Eis o sonho. Agora vamos dar ao rei a interpretação.
37 Senhor: tu que és o rei dos reis, a quem o Deus dos céus deu realeza,
poder, força e glória;
38 a quem ele deu o domínio, onde quer que habitem, sobre os homens, os
animais terrestres e os pássaros do céu, tu és a cabeça de ouro.
39 Depois de ti surgirá um outro reino menor que o teu, depois um terceiro
reino, o de bronze, que dominará toda a terra.
40 Um quarto reino será forte como o ferro: do mesmo modo que o ferro esmaga
e tritura tudo, da mesma maneira ele esmagará e pulverizará todos os outros.
41 Os pés e os dedos, parte de terra argilosa de modelar, parte de ferro,
indicam que esse reino será dividido: haverá nele algo da solidez do ferro,
já que viste ferro misturado ao barro.
42 Mas os dedos, metade de ferro e metade de barro, mostram que esse reino
será ao mesmo tempo sólido e frágil.
43 Se viste o ferro misturado ao barro, é que as duas partes se aliarão por
casamentos, sem porém se fundirem inteiramente, tal como o ferro que não se
amalgama com o barro.
44 No tempo desses reis, o Deus dos céus suscitará um reino que jamais será
destruído e cuja soberania jamais passará a outro povo: destruirá e
aniquilará todos os outros, enquanto que ele subsistirá eternamente.
45 Foi o que pudeste ver na pedra deslocando-se da montanha sem a intervenção
de mão alguma, e reduzindo a migalhas o ferro, o bronze, o barro, a prata e o
ouro. Deus, que é grande, dá a conhecer ao rei a sucessão dos acontecimentos.
O sonho é bem exato, e sua interpretação é digna de fé".
Salmo responsorial Dn 3
Louvai-o e exaltai-o pelos séculos sem fim!
Obras do Senhor, bendizei o Senhor!
Louvai-o e exaltai-o pelos séculos sem fim!
Céus do Senhor, bendizei o Senhor!
Anjos do Senhor, bendizei o Senhor!
Águas do alto céu, bendizei o Senhor!
Potências do Senhor, bendizei o Senhor!
Aclamação do Evangelho
Aleluia, aleluia, aleluia.
Permanece fiel até a morte, e a coroa da vida eu te darei! (ap 2,10).
EVANGELHO (Lucas 21,5-11)
Naquele tempo, 21 5 como chamassem a atenção de Jesus para
a construção do templo feito de belas pedras e recamado de ricos donativos,
Jesus disse:
6 “Dias virão em que destas coisas que vedes não ficará pedra sobre pedra:
tudo será destruído”.
7 Então o interrogaram: “Mestre, quando acontecerá isso? E que sinal haverá
para saber-se que isso se vai cumprir?”
8 Jesus respondeu: “Vede que não sejais enganados. Muitos virão em meu nome,
dizendo: ‘Sou eu’; e ainda: ‘O tempo está próximo’. Não sigais após eles.
9 Quando ouvirdes falar de guerras e de tumultos, não vos assusteis; porque é
necessário que isso aconteça primeiro, mas não virá logo o fim”.
10 Disse-lhes também: “Levantar-se-ão nação contra nação e reino contra
reino.
11 Haverá grandes terremotos por várias partes, fomes e pestes, e aparecerão
fenômenos espantosos no céu”.
COMENTÁRIOS DO EVANGELHO
1. Dialogando com São Mateus
____ São Mateus, esse evangelho que é atribuído ao Senhor, fala do Fim do
Mundo?
____ (Mateus rindo...) Claro que não! O nosso Mestre e Senhor Jesus falava de
um fato histórico que iria ocorrer no ano 70, quando o templo de Jerusalém
foi destruído totalmente.
____ Mas para o judeu, a destruição do templo era o fim
do mundo, certo?
____ (Mateus) Sem dúvida! O templo era o centro não só religioso, mas também
econômico e político. Não chegava nem aos pés do primeiro, construído pelo
Rei Salomão, mesmo assim era belo e a comunidade Judaica falava dele com
alegria e um santo orgulho, como essas pessoas que comentam com o Mestre
sobre ele.
____ São Mateus, mas além de profetizar o fato
histórico, deve haver algo a mais, senão o Senhor e suas comunidades não
teriam refletido e escrito sobre esse fato, que a primeira vista parece não
ter nenhum significado especial. Certo?
____ (Mateus) Claro, é isso mesmo! Nenhuma Instituição Humana, mesmo as de
caráter Religioso, não são o Reino de Deus, mas apenas um Sinal Sacramental
da Salvação que o Reino oferece. O Reino em sua base, que se fundamenta na
Justiça e no direito, é eterno e imutável, já as instituições estão sujeitas
aos percalços da História Humana e o fim de uma Instituição não significa o
Fim do Reino de Deus.
____ Opa São Mateus, agora a gente levou um susto, quer
dizer que a Igreja Instituição, fundada pelo próprio Jesus, Nosso Senhor e
Salvador, vai acabar um dia?
____ (Mateus rindo...) Cadê a Igreja Imperialista, cadê a Igreja Medieval?
Cadê o Modelo de Igreja antes do Concílio Vaticano II? De certo modo ela não
acabou? Não surgiram novos métodos de ser igreja, fala-se até em uma nova
evangelização...
____ Mas tem muita gente hoje querendo viver do
saudosismo de Modelos de Igreja do passado...
____ Mateus - Pois é, aí é que está o grande perigo, de se valorizar
mais a própria Instituição e sua estrutura, do que os valores do Reino e do
Evangelho, que são eternos. Naquele tempo, os Judeus não admitiam que houvesse
alguma outra religião que não tivesse o templo como centro de tudo. E o
templo acabou...
____ São Mateus, e esses acontecimentos tenebrosos, que
envolvem conflitos humanos e até intempéries da natureza, o que significam?
____ Mateus - Toda mudança é traumatizante, você mesmo acabou de dizer que
ainda há pessoas de dentro da Igreja, que aí em 2012 ficam olhando para o
passado, para a Instituição daquele tempo, porque ficaram abalados com as
mudanças e não conseguem olhar e aceitar os desafios do presente... O Mestre
citou tais fatos que nos deixam abalados para exemplificar essa dificuldade.
____ Ah! Bom... Agora ficou claro, podemos então
compreender que a Instituição, com toda a sua estrutura e complexidade, é
apenas um meio e não o fim, pois este é o Reino de Deus que jamais passará,
enquanto que as nossas Instituições...
____ Mateus - Isso mesmo. Não anunciem aos homens a Instituição, mas o Reino,
que é coinstruído com os valores ensinados no evangelho. Chupem e se deliciem
com a Laranja doce e saborosa, e deixem a “casca” de lado, ela é apenas a
proteção do que está dentro.
2.
A vida apoiada em Deus
A vida do ser
humano deve estar apoiada no que não passa nem decepciona: Deus. A menção da
destruição do Templo (vv. 5-6), que pode ser considerada uma profecia ex
eventu, não é uma previsão do futuro, mas um modo de ajudar os discípulos e o
leitor do evangelho a superarem as provações do tempo presente. Em outros
termos, o que Jesus quer dizer é o seguinte: não importa o que aconteça, não
se deve esmorecer, nem temer, nem ser envolvido pela perplexidade. É preciso
apoiar a vida em valores verdadeiros e sólidos.
Até o Templo ornado com tantas pedras preciosas (cf. v.
6) desaparecerá, pois ele figura entre as coisas que passam. A vida do ser
humano deve estar apoiada no que não passa nem decepciona: Deus. As palavras
de Jesus acerca do futuro, inspiradas numa linguagem apocalíptica, não
predeterminam nenhuma data, mas fazem apelo ao discernimento permanente.
Jesus evita responder à pergunta: “... quando será, e
qual o sinal de que isso está para acontecer?” (v. 7). Mas alerta: “Cuidado
para não serdes enganados…” (v. 8). Ele não responde à questão posta, pois a
preocupação do discípulo não deve ser com o quando, mas com que atitude ter
em meio às adversidades da vida e aos dramas da humanidade. Do discípulo é
exigida uma atitude de confiança que nada pode abalar, nem mesmo as
catástrofes naturais, nem as perseguições por causa do evangelho.
ORAÇÃO
Pai, teu Filho Jesus é sinal de tua presença no meio da humanidade. Que eu
saiba acolhê-lo como manifestação de tua misericórdia, e só nele colocar toda
a minha segurança.
3. UMA FRÁGIL BELEZA
O discurso sobre o fim do mundo revela a fragilidade das realidades humanas.
Nem mesmo o Templo, construído para ser a habitação de Deus no meio do povo,
estaria à salvo da destruição.
A constatação de Jesus a respeito da destruição do
Templo expressa o destino das realidades humanas: "Não ficará pedra
sobre pedra". O fim de tudo é a sua ruína. Experiência dolorosa, que
será acompanhada de tentativas de engano: muitos se apresentarão como
messias, anunciando a chegada de fim. Guerras e revoluções, terremotos e
epidemias, prodígios e sinais no céu revelarão, também, essa chegada. Mas, ao
contrário do que diziam os falsos profetas, Jesus afirma que "não será
ainda o fim".
O Mestre assegura isso, com a linguagem apocalíptica da
época. Não lhe interessa, porém, inculcar em seus ouvintes os sentimentos dos
quais esta linguagem estava carregada. Ele quer tão-somente conscientizar a
comunidade acerca da importância de dedicar-se às coisas impossíveis de serem
destruídas: a fé e o amor.
Quando tudo tiver chegado ao fim, apenas estas duas
realidades subsistirão. Só elas podem oferecer segurança e levar o discípulo
a superar o medo terrificante que o confronto com a escatologia provoca. A
beleza sólida da fé e do amor permanecerão, mesmo quando tudo o mais se tiver
reduzido a escombros. Isto porque são obras de Deus.
Oração
Espírito de fé e de amor, livra-me de centrar minha vida no que é passível de
destruição, e faze-me testemunhar a fé e praticar o amor.
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XXXIV SEMANA DO TEMPO COMUM
( VERDE – OFÍCIO DO DIA )
Antífona da entrada: O Senhor fala de
paz a seu povo e a seus amigos e a todos o que se voltam para ele (Sl 84,9).
Leitura (Daniel 5,1-6.13-14.16-17.23-28)
Leitura da profecia de Daniel.
5 1 O rei Baltazar deu uma festa para seus mil nobres,
em presença dos quais pôs-se a beber vinho.
2 Excitado pela bebida, mandou trazer os vasos de ouro e de prata que seu pai
Nabucodonosor tinha arrebatado ao templo de Jerusalém, a fim de que o rei,
seus nobres, suas mulheres e suas concubinas deles se servissem para beber.
3 Trouxeram então os vasos de ouro que tinham sido arrebatados ao templo de
Deus em Jerusalém. O
rei, seus nobres, suas mulheres e suas concubinas beberam neles
4 e, depois de terem bebido vinho, entoaram o louvor aos deuses de ouro e
prata, bronze, ferro, madeira e pedra.
5 Ora, nesse momento, eis que surgiram dedos de mão humana a escrever,
defronte do candelabro, no revestimento da parede do palácio real. O rei, à
vista dessa mão que escrevia,
6 mudou de cor; pensamentos tétricos assaltaram-no; os músculos de seus rins
relaxaram-se e seus joelhos entrechocaram-se.
13 Daniel foi então introduzido diante do rei, o qual lhe disse: "és
realmente Daniel, o deportado de Judá, que meu pai trouxe aqui da Judéia?
14 Ouvi dizer a teu respeito que o espírito dos deuses habita em ti e que se
encontram em ti uma luz, uma inteligência e uma sabedoria singulares.
16 Ora, asseguraram-me que tu és mestre na arte das interpretações e das
soluções de enigmas. Portanto, se puderes ler esse texto e me dar o seu
significado, serás revestido de púrpura, usarás ao pescoço um colar de ouro e
ocuparás o terceiro lugar no governo do reino".
17 Respondeu Daniel ao rei: "Guarda teus presentes; concede-os a outros!
Lerei, todavia, este texto ao rei e dar-lhe-ei o significado.
23 Tu te ergueste contra o Senhor do céu. Trouxeram-te os vasos de seu
templo, nos quais bebestes o vinho, tu, teus nobres, tuas mulheres e tuas
concubinas. Deste louvor aos deuses de prata e ouro, bronze, ferro, madeira e
pedra, cegos, surdos e impassíveis, em lugar de dar glória ao Deus de quem
depende o teu sopro (vital) e todo teu destino.
24 Assim, por ordem sua, essa mão foi enviada e essas palavras foram
traçadas.
25 O texto aqui escrito (se lê): MENÊ, TEQUEL e PERÊS.
26 Eis o significado dessas palavras: MENÊ - Deus contou (os anos) de teu
reinado e nele põe um fim;
27 TEQUEL - foste pesado na balança e considerado leve demais;
28 PERÊS - teu reino vai ser dividido e entregue aos medos e persas.
Salmo responsorial Dn 3
Louvai-o e exaltai-o pelos séculos sem fim!
Lua e sol, bendizei o Senhor!
Astros e estrelas, bendizei o Senhor!
Chuvas e orvalhos bendizei o Senhor!
Brisas e ventos, bendizei o Senhor!
Fogo e calor, bendizei o Senhor!
Frio e ardor, bendizei o Senhor!
Aclamação do Evangelho
Aleluia, aleluia, aleluia.
Permanece fiel até a morte e a coroa da vida eu te darei! (Ap 2,10)
Evangelho (Lucas 21,12-19)
Naquele tempo, 21 12 disse Jesus aos seus discípulos:
“Antes de tudo isso, vos lançarão as mãos e vos perseguirão, entregando-vos
às sinagogas e aos cárceres, levando-vos à presença dos reis e dos
governadores, por causa de mim.
13 Isto vos acontecerá para que vos sirva de testemunho.
14 Gravai bem no vosso espírito de não preparar vossa defesa,
15 porque eu vos darei uma palavra cheia de sabedoria, à qual não poderão
resistir nem contradizer os vossos adversários.
16 Sereis entregues até por vossos pais, vossos irmãos, vossos parentes e
vossos amigos, e matarão muitos de vós.
17 Sereis odiados por todos por causa do meu nome.
18 Entretanto, não se perderá um só cabelo da vossa cabeça.
19 É pela vossa constância que alcançareis a vossa salvação”.
COMENTÁRIOS DO EVANGELHO
1. Águas Turbulentas
Há uma música belíssima de Elvis Presley que se chama "Bridge Over
Troubled Water" e que se traduz "Como uma Ponte sobre as águas
turbulentas". Nesse evangelho Jesus encoraja seus discípulos,
principalmente os da comunidade de Lucas, quase no final do primeiro século
da Era Cristã, a resistirem firmes a perseguição que iniciou-se mais ou menos
no ano de 54 pelo Império Romano, mas os primeiros perseguidores do
cristianismo foram os Judeus que viam os cristãos como uma seita.
Haveria alguma relação dos fatos vividos por essas
comunidades, com as nossas comunidades atuais?
Todos falam da liberdade para se professar a Fé, desde
que seja uma religião que não atrapalhe a Pós-modernidade, seus usos e
costumes, desde que essa religião não venha querer ditar normas para se
viver. A Igreja jamais foi contra o avanço e progresso do homem, suas
conquistas científicas, sua rápida evolução na tecnologia, na comunicação, na
medicina, no campo da informática, mas sempre tem algo a dizer aos homens
quando a Vida humana é colocada em segundo plano, e ela tem a sua dignidade
desrespeitada.
Pode se dizer que não há uma perseguição sistemática
contra quem é cristão, entretanto, basta tomar posição publicamente diante de
algo polêmico que envolva a Vida do Homem, e que contrarie os ensinamentos do
Santo Evangelho, e a pessoa com certeza vai estar arrumando uma bela de uma
encrenca.
Na fábrica onde trabalhei conheci um Cristão
evangélico, que por ocasião do carnaval, recusou-se a ajudar na distribuição
de preservativos em sua seção, em uma campanha feita pela Área de Medicina
Industrial, o rapaz posicionou-se contrário alegando que para combater a AIDS
o mais importante era orientar os jovens sobre a promiscuidade do que
incentivá-los dando-lhes o preservativo, este é um pensamento cristão, por
isso, foi o que bastou para que o seu superior mudasse o relacionamento para
com ele, perdendo o prestígio no ambienta de trabalho.
Também conheci uma jovem que passou a ser mal vista
pela patota da escola, quando descobriram que ela era virgem, porque queria
casar-se casta como ensina a Igreja. Esses e outros exemplos acontecem todos
os dias nos mais variados ambientes de ensino ou de trabalho, e mostra que
ser cristão comprometido com o evangelho, não é coisa tão fácil na
pós-modernidade.
O que Jesus afirma nesse evangelho, é que ele próprio
será a força e a coragem de quem se mantiver fiel, exatamente como uma ponte,
sobre a qual poderemos atravessar para chegar incólumes do outro lado, permanecendo
fiéis naquilo que cremos.
Bridge Over Troubled Water: Como uma ponte sobre as
águas turbulentas eu irei me colocar...
2. É na vitória de Jesus Cristo que deve estar
apoiada a esperança dos cristãos
Nosso texto é a continuidade do discurso escatológico de Jesus. Discurso
muitas vezes desconcertante em razão da linguagem apocalíptica utilizada.
A propósito das perseguições e da morte, é preciso pôr
a vida nas mãos de Deus: em primeiro lugar, como dissemos, será uma ocasião
de dar testemunho (cf. v. 13) e, em segundo lugar, de confiar que é Deus quem
inspira, da força e protege a causa de seus eleitos. Nos Atos dos Apóstolos,
o próprio Lucas relata a atitude de Pedro e João, perseguidos pelas
autoridades judaicas: “Quanto a eles, deixaram o Sinédrio muito alegres por
terem sido julgados dignos de sofrer humilhações pelo Nome” (At 5,41).
É na vitória de Jesus Cristo que deve estar apoiada a
esperança dos cristãos: “No mundo tereis tribulações, mas coragem! Eu venci o
mundo” (Jo 16,33). Com São Paulo podemos, então, nos perguntar: “Quem nos
separará do amor de Cristo?”. E com ele respondermos: nada nem ninguém (Rm
8,31-39).
ORAÇÃO
Pai, dá-me uma fé profunda que me possibilite perseverar nos momentos de
dificuldade, sem abrir mão da tarefa que recebi: levar adiante o projeto de
Jesus.
3. O SOFRIMENTO DO DISCÍPULO
A perseguição e o sofrimento do discípulo são tidos por Jesus como sinais
premonitórios do fim. O testemunho de seu nome atrairia de tal forma a ira
dos inimigos que estes lançariam mão de toda sorte de maldade contra os
seguidores do Mestre. Sofrimento, perseguição, prisões, acusações na
sinagoga, morte e ódio era o que lhes aguardava. Até mesmo, a perseguição por
parte dos próprios familiares. Tudo isso por causa da fidelidade ao Mestre
Jesus. Era preciso, pois, avivar neles a chama da perseverança. Tarefa
desafiadora!
Não obstante isso, nos momentos mais difíceis os
discípulos receberiam a ajuda divina, de forma que não precisariam preparar a
própria defesa. Receberiam, também, uma sabedoria tão sublime, capaz de
levá-los a convencer seus adversários.
Além da perseverança, os discípulos necessitarão de uma
grande fé em Deus. "Nem um só cabelo cairá de vossa cabeça" -
garante Jesus ao grupo de discípulos, facilmente contamináveis pelo medo. A
luta, afinal de contas, é do Mestre. Os discípulos são unicamente seus
mediadores. O Pai os protege, preservando-os do mal, porque é o Senhor.
Ninguém como Deus tem nas mãos a vida dos discípulos, e, por conseguinte, tem
o poder de livrá-los do mal.
Oração
Espírito que me livra do mal, não permitas que eu sucumba às forças do
egoísmo e do mal, mesmo tendo de suportar sofrimentos e perseguições.
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XXXIV SEMANA DO TEMPO COMUM
( VERDE – OFÍCIO DO DIA )
Antífona da entrada: O Senhor fala de paz
a seu povo e a seus amigos e a todos os que se voltam para ele (Sl 84,9).
Leitura (Daniel 6,12-28)
Leitura da profecia de Daniel.
6 12 Então esses homens acorreram amotinados e
encontraram Daniel em oração, invocando seu Deus.
13 Foram imediatamente ao palácio do rei e disseram-lhe, a respeito do edito
real de interdição: "Não promulgaste, ó rei, uma proibição estabelecendo
que quem nesses trinta dias invocasse algum deus ou homem qualquer que fosse,
à exceção tua, seria jogado na cova dos leões?" "Certamente",
respondeu o rei, "(assim foi feito) segundo a lei dos medos e dos
persas, que não pode ser modificada".
14 "Pois bem", continuaram: "Daniel, o deportado de Judá, não
tem consideração nem por tua pessoa nem por teu decreto: três vezes ao dia
ele faz sua oração".
15 Ouvindo essas palavras, o rei, bastante contrariado, tomou contudo a
resolução de salvar Daniel, e nisso esforçou-se até o pôr-do-sol.
16 Mas os mesmos homens novamente o vieram procurar em tumulto: "Saibas,
ó rei", disseram-lhe, "que a lei dos medos e dos persas não permite
derrogação alguma a uma proibição ou a uma medida publicada em edito pelo
rei".
17 Então o rei deu ordem para trazerem Daniel e o jogarem na cova dos leões.
"Que o Deus, que tu adoras com tanta fidelidade", disse-lhe,
"queira ele mesmo salvar-te!"
18 Trouxeram uma pedra, que foi rolada sobre a abertura da cova; o rei
lacrou-a com seu sinete e com o dos grandes, a fim de que nada fosse
modificado em relação a Daniel.
19 De volta a seu palácio, o rei passou a noite sem nada tomar, e sem mandar
vir concubina alguma para junto de si. Não conseguiu adormecer.
20 Logo ao amanhecer levantou-se e dirigiu-se a toda pressa à cova dos leões.
21 Quando se aproximou, chamou Daniel com voz cheia de tristeza:
"Daniel", disse-lhe, "servo de Deus vivo, teu Deus que tu
adoras com tanta fidelidade terá podido salvar-te dos leões?"
22 Daniel respondeu-lhe: "Senhor, vida longa ao rei!
23 Meu Deus enviou seu anjo e fechou a boca dos leões; eles não me fizeram
mal algum, porque a seus olhos eu era inocente e porque contra ti também, ó
rei, não cometi falta alguma".
24 Então o rei, todo feliz, ordenou que se retirasse Daniel da cova. Foi ele
assim retirado sem traço algum de ferimento, porque tinha tido fé em seu Deus.
25 Por ordem do rei, mandaram vir então os acusadores de Daniel, que foram
jogados na cova dos leões com suas mulheres e seus filhos. Não haviam tocado
o fundo da cova, e já os leões os agarraram e lhes trituraram os ossos!
26 Então o rei Dario escreveu: "A todos os povos, a todas as nações e
aos povos de todas as línguas que habitam sobre a terra, felicidade e
prosperidade!
27 Por mim é ordenado que em toda a extensão de meu reino, se mantenha
perante o Deus de Daniel temor e tremor. É o Deus vivo, que subsiste eternamente;
seu reino é indestrutível e seu domínio é perpétuo.
28 Ele salva e livra, faz milagres e prodígios no céu e sobre a terra: foi
ele quem livrou Daniel das garras dos leões".
Salmo responsorial Dn 3
Louvai-o e exaltai-o pelos séculos sem fim!
Orvalhos e garoas, bendizei o Senhor!
Geada e frio, bendizei o Senhor!
Gelos e neves, bendizei o Senhor!
Noites e dias, bendizei o Senhor!
Luzes e trevas, bendizei o Senhor!
Raios e nuvens, bendizei o Senhor!
Ilhas e terra, bendizei o Senhor!
Aclamação do Evangelho
Aleluia, aleluia, aleluia.
Levantai vossa cabeça e olhai, pois a vossa redenção se aproxima! (Lc 21,28)
EVANGELHO (Lucas 21,20-28)
Naquele tempo, 21 20 disse Jesus aos seus discípulos:
“Quando virdes que Jerusalém foi sitiada por exércitos, então sabereis que
está próxima a sua ruína.
21 Os que então se acharem na Judéia fujam para os montes; os que estiverem
dentro da cidade retirem-se; os que estiverem nos campos não entrem na
cidade.
22 Porque estes serão dias de castigo, para que se cumpra tudo o que está
escrito.
23 Ai das mulheres que, naqueles dias, estiverem grávidas ou amamentando,
pois haverá grande angústia na terra e grande ira contra o povo.
24 Cairão ao fio de espada e serão levados cativos para todas as nações, e
Jerusalém será pisada pelos pagãos, até se completarem os tempos das nações
pagãs.
25 Haverá sinais no sol, na lua e nas estrelas. Na terra a aflição e a
angústia apoderar-se-ão das nações pelo bramido do mar e das ondas.
26 Os homens definharão de medo, na expectativa dos males que devem sobrevir
a toda a terra. As próprias forças dos céus serão abaladas.
27 Então verão o Filho do Homem vir sobre uma nuvem com grande glória e
majestade.
28 Quando começarem a acontecer estas coisas, reanimai-vos e levantai as
vossas cabeças; porque se aproxima a vossa libertação”.
COMENTÁRIOS DO EVANGELHO
1. Sem medo de ser Feliz
Se lermos esse evangelho e o interpretarmos ao “Pé da Letra”, vamos ficar
cismados que o nosso velho mundo está no fim, e quando cruzarmos essas
informações com os estudos do nosso universo, dando conta que um Satélite ou
um Cometa de proporções colossais está em rota de colisão com a terra, nós
vamos começar a acreditar nas previsões catastróficas que tem até data
marcada.
É próprio do ser humano especular sobre o fim do mundo,
antigamente a ciência não tinha avançado tanto e a previsão vinha mesmo dos
meios religiosos, e como o Mundo acabou em água no Dilúvio, então agora vai
acabar em fogo. Hoje
já se fala nisso de um modo mais avançado, e do universo virá a tragédia que
acabará com a raça humana. E há as pessoas simples que até começam a pensar
todo dia nessa história e nada mais conseguem fazer a não ser esperar pelo
“Dia do Senhor” que está aí as portas.
Nas primeiras comunidades Cristãs também se vivia esse
clima de espera, e de vez em quando se retomava a linguagem apocalíptica, um
estilo próprio para escrever sobre esses acontecimentos causando impacto nos
ouvintes, que rapidinho buscavam a Deus e se convertiam. Então, por que esse
evangelho chegou até nós com essa linguagem? Que mensagem ele nos traz? Será
que Deus quer nos assustar com a sua Santa Palavra? Claro que não!
Jesus está falando aos seus conterrâneos sobre um
acontecimento histórico, que foi a invasão e a destruição da cidade de
Jerusalém no ano 70, quando os Judeus se espalharam pelo mundo inteiro.
E O Judaísmo que se gabava tanto da beleza e suntuosidade do seu templo,
acabou em nada. Mas se for só isso, podemos pular esse evangelho pois
para nós não há mensagem? Há sim, e das mais belas.
Os Homens definharão de medo... O Ser Humano arrogante
e prepotente, que há muito se enveredou pelo caminho do ateísmo, negando Deus
e a sua Verdade absoluta, apostando todas as suas fichas no Materialismo,
reduzindo seu projeto de Felicidade aos bens de consumo, fazendo dos grandes
Shoppings suas grandes catedrais, irá tomar um grande susto ao descobrir de
repente que Deus existe e que toda humanidade caminha para Ele. Esse abalo
que o Ser Humano irá tomar, quando descobrir que Deus existe e que há uma
forma de se relacionar com Ele, chamada Religião, vai deixá-lo estarrecido,
pois muitos há que passam a vida e não fizeram ainda essa descoberta.
Por isso o evangelho é bem claro, não quer aterrorizar
a ninguém, mas apenas acende uma luzinha amarela piscante, a nos dizer;
Olha, Deus existe sim e um dia qualquer, toda a humanidade irá estar diante
dele e o seu Reino definitivo será inaugurado.
Os que já professam e vivem a sua Fé, de modo autêntico
e sincero não terão o que temer, pois erguerão a cabeça seguros de si,
convictos de que não são moralmente perfeitos, mas fizeram a
escolha acertada ao viverem essa Vida em comunhão com Deus presente em
Jesus e agora, neste último ato da humanidade, percebem felizes que chegou o
grande dia de serem acolhidos definitivamente na Comunhão Eterna com o
Deus da Vida e da Esperança, com quem sempre caminharam em sua
existência.Terão confirmadas perante toda a humanidade a sua esperança e a
sua Fé, eles mesmos confirmarão cheios de alegria que, viver uma religião não
foi perda de tempo, ópio ou alienação, como certas ideologias apregoavam o
tempo todo.
Todo dia é dia de mudança de mentalidade e conversão.
Só depende de nós... Acreditar e viver a Palavra, ou então ignora-la e
acreditar somente nos “grandiosos” projetos humanos, que sempre prometem o
mundo e o fundo, mas que nada garantem no pós- morte.
2. A
libertação e proteção vêm do Filho do Homem em quem todos devem esperar
O atraso da parúsia provocou muitas especulações acerca da “segunda vinda de
Cristo”. Especulações estas que deram origem a um discurso milenarista. A
expectativa da segunda volta de Cristo gerou, ainda, uma tradição de que
alguns fenômenos atmosféricos anunciavam o fim do mundo e, mais, de que Deus
seria o responsável, por causa de sua decepção ante a maldade do ser humano
que ele criou. São Lucas, no entanto, vai se utilizar destes elementos para
anunciar um tempo aberto na história para o testemunho: “Será uma ocasião
para dardes testemunho” (v. 13).
O v. 20 faz menção à invasão de Jerusalém pelas tropas
de Tito, em 70 d.C. Os muros da cidade não foram suficientes para reter o
inimigo e proteger as pessoas. Todos serão submetidos à brutalidade do
invasor. A libertação e proteção vêm do Filho do Homem (cf. Dn 7,13-14), em
quem todos devem esperar. Contra o desânimo, o medo, o pavor, é preciso
“erguer a cabeça” (v. 28).
Não só o Templo passa, mas também o sofrimento, a
perseguição e a morte não são a última palavra da existência humana; eles
darão lugar à alegria e à consolação. O Filho do Homem, glorioso (cf. v. 27),
é quem faz com que seus eleitos, os que permanecerem fiéis até o fim,
participem e sejam herdeiros da sua própria vitória.
ORAÇÃO
Pai, faze-se adequar meu existir à novidade que me é oferecida por Jesus,
como dom teu à humanidade, de modo que eu possa usufruir dos benefícios de
tua salvação.
3. LEVANTEM A CABEÇA!
Na Bíblia, a destruição de certas cidades é apresentada como lição para a
humanidade. A ruína de Sodoma e Gomorra simboliza o fim da maldade humana. A
queda da Samaria representa o castigo da cidade que trocou Deus pelos ídolos
e se deixou contaminar pela injustiça. A queda de Nínive e da Babilônia foram
celebradas como o fim de impérios prepotentes, cuja ação nefasta foi causa de
sofrimento e morte para muitos povos.
A devastação de Jerusalém foi, também, marcada de
simbolismo. Cidade de grande evocação teológica - lugar da habitação de Deus
no meio de seu povo - converteu-se em cidade assassinada dos profetas, surda
aos apelos dos enviados. Para os cristãos, caracterizou-se como cidade assassina
do Filho de Deus, o qual tentou, inutilmente, chamá-la à conversão.
Tendo perdido sua razão de ser, só lhe restava ser votada à destruição.
Ao mesmo tempo em que fala dessa destruição, Jesus abre
o coração dos discípulos para a esperança. Por um lado, fala-se em grandes
calamidades no país: flagelos, morte, exílio, ruína. Por outro, alude-se ao
Filho do Homem "vindo sobre as nuvens, com grande poder e glória".
O fim de Jerusalém corresponde ao início de uma realidade nova, à libertação
que se aproxima.
Portanto, os discípulos têm motivos para se conservarem
esperançosos, banindo todo temor. A proximidade da libertação é motivo de
alegria!
Oração
Espírito de alegre esperança, que a perspectiva do fim seja, para mim razão
de confiar e esperar no Senhor que veio para nos trazer a libertação.
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XXXIV SEMANA DO TEMPO COMUM
( VERDE – OFÍCIO DO DIA )
Antífona da entrada: O Senhor fala de
paz a seu povo e a seus amigos e a todos o que se voltam para ele (Sl 84,9).
Leitura (Daniel 7,2-14)
Leitura da profecia de Daniel.
Eu, Daniel, 7 2 via, no transcurso de minha visão
noturna, os quatro ventos do céu precipitarem-se sobre o Grande Mar.
3 Surgiram das águas quatro grandes animais, diferentes uns dos outros.
4 O primeiro parecia-se com um leão, mas tinha asas de águia. Enquanto o
olhava, suas asas foram-lhe arrancadas, foi levantado da terra e erguido
sobre seus pés como um homem, e um coração humano lhe foi dado.
5 Apareceu em seguida outro animal semelhante a um urso; erguia-se sobre um
lado e tinha à boca, entre seus dentes, três costelas. Diziam-lhe:
"Vamos! Devora bastante carne!" 6 Depois disso, vi um terceiro
animal, idêntico a uma pantera, que tinha nas costas quatro asas de pássaro;
tinha ele também quatro cabeças. O império lhe foi atribuído.
7 Finalmente, como eu contemplasse essas visões noturnas, vi um quarto
animal, medonho, pavoroso e de uma força excepcional. Possuía enormes dentes
de ferro; devorava, depois triturava e pisava aos pés o que sobrava. Ao
contrário dos animais precedentes, ostentava dez chifres.
8 Como estivesse ocupado em observar esses chifres, eis que surgiu, entre
eles outro chifre menor, e três dos primeiros foram arrancados para dar-lhe
lugar. Este chifre tinha olhos idênticos aos olhos humanos e uma boca que
proferia palavras arrogantes.
9 Continuei a olhar, até o momento em que foram colocados os tronos e um
ancião chegou e se sentou. Brancas como a neve eram suas vestes, e tal como a
pura lã era sua cabeleira; seu trono era feito de chamas, com rodas de fogo
ardente.
10 Saído de diante dele, corria um rio de fogo. Milhares e milhares o
serviam, dezenas de milhares o assistiam! O tribunal deu audiência e os
livros foram abertos.
11 Olhei então, devido à balbúrdia causada pelos discursos arrogantes do
chifre, olhei até o momento em que o animal foi morto, seu corpo subjugado e
a fera jogada ao fogo.
12 Quanto aos outros animais, o domínio lhes foi igualmente retirado, mas a
duração de sua vida foi fixada até um tempo e uma data.
13 Olhando sempre a visão noturna, vi um ser, semelhante ao filho do homem,
vir sobre as nuvens do céu: dirigiu-se para o lado do ancião, diante de quem
foi conduzido.
14 A ele foram dados império, glória e realeza, e todos os povos, todas as
nações e os povos de todas as línguas serviram-no. Seu domínio será eterno;
nunca cessará e o seu reino jamais será destruído.
Salmo responsorial Dn 3
Louvai-o e exaltai-o pelos séculos sem fim!
Montes e colinas, bendizei o Senhor!
Plantas da terra, bendizei o Senhor!
Mares e rios, bendizei o Senhor!
Fontes e nascentes, bendizei o Senhor!
Baleias e peixes, bendizei o Senhor!
Pássaros do céu, bendizei o Senhor!
Feras e rebanhos, bendizei o Senhor!
Aclamação do Evangelho
Aleluia, aleluia, aleluia.
Levantai vossa cabeça e olhai, pois a vossa redenção se aproxima! (Lc 21,28)
EVANGELHO (Lucas 21,29-33)
Jesus 21 29 acrescentou ainda esta comparação: "Olhai
para a figueira e para as demais árvores.
30 Quando elas lançam os brotos, vós julgais que está perto o verão.
31 Assim também, quando virdes que vão sucedendo estas coisas, sabereis que
está perto o Reino de Deus.
32 Em verdade vos declaro: não passará esta geração sem que tudo isto se
cumpra.
33 Passarão o céu e a terra, mas as minhas palavras não passarão".
COMENTÁRIOS DO EVANGELHO
1. Céus e terra passarão
___Hei São Lucas, olha nos aqui outra vez, embatucados com mais um evangelho
que parece complicado, parece que Jesus faz umas comparações para falar de
Algo importante.
___Diga qual é a dúvida... é bom esclarecer que novamente estamos diante de
uma linguagem apocalíptica.
___Ah... Bem que desconfiei São Lucas, quando li que
"O Céu e a terra vai passar..." logo pensei nesse jeito diferente
de escrever, para chamar a atenção dos leitores....
___Isso mesmo, se neste mundo há algo eterno e definitivo, é a Palavra de
Deus, manifestada aos homens no Verbo Divino Jesus de Nazaré. E olhe que esta
Palavra já estava lá na Criação do Mundo...
___Como assim São Lucas, quem criou o mundo foi o Pai,
e não o Filho...
___Cuidado para não pensar assim, isso se chama "modalismo", a
Trindade Santa age sempre junta, veja o prólogo do evangelho do meu colega
João "No princípio o Verbo era Deus e o Verbo estava com Deus..."
___É mesmo! Nosso Deus é Trinitário, faz tudo ao mesmo
tempo, em plena comunhão de amor uma pessoa com a outra... Mas um dia Jesus
voltou para o Pai, hoje ele não fala mais, como é que a sua palavra é eterna
e não passará?
___Ele fala sim, no Espírito Paráclito, dispensador dos dons e carismas da
Igreja, mas há algo mais importante que é a prova incontestável de que a
Palavra do Evangelho é eterna... Veja bem, quantos evangelhos nós tínhamos lá
naqueles primeiros tempos da Igreja?
___Tínhamos quatro evangelhos, tinha os apócrifos, mas
eles não são canônicos, Mateus, Marcos, o do senhor, e o de João...
___E quantos evangelhos nós temos hoje?
___Ué São Lucas, que eu saiba continuam esses quatros,
e a revelação foi fechada quando morreu São João. Por que essa pergunta?
___Mais uma coisa, a Igreja teve muitos erros e pecados, seus pastores
cometeram grandes erros e equívocos na história, provocando escândalos e
dando um contra testemunho...
___ Ah São Lucas, isso lá é verdade, tivemos períodos
tenebrosos na história da nossa Igreja.
___Certo, e o Evangelho então foi todo adulterado, manipularam a Palavra de
Deus e os ensinamentos de Jesus?
___Não! De modo algum, do jeitinho que vocês escreveram
chegou até nós nos dias de hoje...
___Pronto meu caro! Está aí a sua resposta, a Palavra Libertadora de Jesus
tem pleno poder, e nem os pecados dos homens incumbidos de anunciá-la,
conseguiu alterá-la ou acrescentar algo a ela. Você conhece algum
empreendimento humano que já tenha três milênios de historia? Reconhece
nesses sinais que a Palavra do Senhor é eterna?
___Reconheço sim, a Palavra de Deus é eterna, realmente
todas as realidades e ideologias e impérios ou reinos desse mundo, vão cair e
vão passar, mas o evangelho continuará e nenhuma Força humana conseguirá
detê-lo porque é anunciado no Poder do Espírito Santo.
___Aleluia! Glória ao nosso Deus e Senhor Jesus Cristo, que reina e reinará
Soberano e Absoluto sobre o Mundo dos Homens... Amém
2. É a esperança que faz levantar a cabeça
A parábola da figueira é a ilustração do v. 28: “Quando estas coisas
começarem a acontecer, levantai-vos e erguei a cabeça, porque a vossa
libertação está próxima”. É a esperança que faz levantar a cabeça. E não nos
esqueçamos: nossa condição de cristãos é viver na esperança. A esperança é a
experiência de viver a vida apoiada na palavra e no destino de Jesus Cristo.
A conclusão da parábola exorta à confiança no que não
passa, no que dá firmeza e alimenta a esperança: “O céu e a terra passarão,
mas as minhas palavras não passarão” (v. 33). Não importa qual seja a
situação por que passamos; é preciso saber, mesmo quando não é possível
experimentar, que o Senhor está próximo (cf. v. 31); e mesmo aquelas
situações mais dramáticas, é preciso vivê-las com o olhar fixo no Senhor, de
quem nos vem “auxílio e proteção”, e por quem nós somos salvos.
ORAÇÃO
Pai, reforça a sinceridade de minha fé nas palavras de teu Filho Jesus, pois
nele o teu Reino se faz presente na nossa história, realizando, assim, tua
promessa de salvação.
3.
A LIÇÃO DA FIGUEIRA
Os cristãos são admoestados a se manterem em contínuo estado de vigilância em
relação à história, uma vez que ela está sendo fermentada pelas realidades
escatológicas. Urge, pois, perceber como nela se manifestam os sinais do fim.
A mensagem de Jesus nada tem a ver com os apocalipses
da época, reservados a um grupo restrito de iniciados. Jesus ensina
publicamente, sem a preocupação de selecionar seus ouvintes. Embora só os
discípulos o compreendam, sua doutrina deve ser anunciada a todos os povos.
Basta abrir-se para ele, para entender o conteúdo de seus ensinamentos.
A figueira e as demais árvores foram empregadas para
ilustrar a parábola da escatologia. Vendo-as frutificar, é possível afirmar,
sem perigo de engano, que o verão se aproxima. Igualmente, pode-se declarar
que algo de novo estará acontecendo na história, quando a morte ceder lugar à
vida, a escravidão abrir espaço para a liberdade, a injustiça for sobrepujada
pela justiça, o ódio e a inimizade forem vencidos pelo amor e pela
reconciliação.
Este germinar de esperança é um sinal evidente da
presença do Filho do Homem, fazendo a escatologia acontecer. Chegará um tempo
de plenitude. Este, porém, está sendo preparado pela aproximação paulatina
daquilo que todos esperamos.
Oração
Espírito de atento discernimento, dá-me olhos para perceber os sinais da
aproximação do Senhor, cuja libertação vai, pouco a pouco, concretizando-se
na nossa história.
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SANTO ANDRÉ - APÓSTOLO
( VERMELHO, GLÓRIA, PREFÁCIO DOS APÓSTOLOS – OFÍCIO DA
FESTA )
Antífona da entrada: Junto ao mar da
Galiléia, viu o Senhor dois irmãos: Pedro e André, que pescavam. Ele os
chamou: “Vinde comigo; eu vos farei, de hoje em diante, pescadores de homens”
(Mt 4,18s).
Leitura (Romanos 10,9-18)
Leitura da carta de são Paulo aos Romanos.
10 9 Portanto, se com tua boca confessares que Jesus é
o Senhor, e se em teu coração creres que Deus o ressuscitou dentre os mortos,
serás salvo.
10 É crendo de coração que se obtém a justiça, e é professando com palavras
que se chega à salvação.
11 A Escritura diz: “Todo o que nele crer não será confundido”.
12 Pois não há distinção entre judeu e grego, porque todos têm um mesmo
Senhor, rico para com todos os que o invocam,
13 porque todo aquele que invocar o nome do Senhor será salvo.
14 Porém, como invocarão aquele em quem não têm fé? E como crerão naquele de
quem não ouviram falar? E como ouvirão falar, se não houver quem pregue?
15 E como pregarão, se não forem enviados, como está escrito: “Quão formosos
são os pés daqueles que anunciam as boas novas?”
16 Mas não são todos que prestaram ouvido à boa nova. É o que exclama Isaías:
“Senhor, quem acreditou na nossa pregação”?
17 Logo, a fé provém da pregação e a pregação se exerce em razão da palavra
de Cristo.
18 Pergunto, agora: “Acaso não ouviram? Claro que sim! Por toda a terra
correu a sua voz, e até os confins do mundo foram as suas palavras”.
Salmo responsorial 18/19A
Seu som ressoa e se espalha em toda a terra.
Os céus proclamam a glória do Senhor,
e o firmamento, a obra de suas mãos;
o dia ao dia transmite essa mensagem,
a noite à noite publica essa notícia.
Não são discursos nem frases ou palavras,
nem são vozes que possa ser ouvidas;
seu som ressoa e se espalha em toda a terra,
chega aos confins do universo a sua voz.
Aclamação do Evangelho
Aleluia, aleluia, aleluia.
Vinde após mim, disse o Senhor, e eu ensinarei a pescar gente (Mt 4,19).
Evangelho (Mateus 4,18-22)
4 18 Jesus, caminhando ao longo do mar da Galiléia, viu
dois irmãos: Simão (chamado Pedro) e André, seu irmão, que lançavam a rede ao
mar, pois eram pescadores.
19 E disse-lhes: “Vinde após mim e vos farei pescadores de homens”.
20 Na mesma hora abandonaram suas redes e o seguiram.
21 Passando adiante, viu outros dois irmãos: Tiago, filho de Zebedeu, e seu
irmão João, que estavam com seu pai Zebedeu consertando as redes. Chamou-os,
22 e eles abandonaram a barca e seu pai e o seguiram.
COMENTÁRIOS DO EVANGELHO
1. Especial: Uma conversa com o Santo do Dia
____ Olha Santo André, para nós aqui do ano de 2013, esse evangelho parece um
tanto ingênuo, então o Senhor e o seu irmão Pedro, e mais o Tiago e o João,
estavam lá no seu trabalho profissional, lançando as redes no mar, para
sustentar a vocês e as famílias, e de repente Jesus passa e chama, e daí
vocês encerram a atividade na mesma hora e vão embora com ele. Foi assim
mesmo?
____ André rindo ---- Claro que não, acho que todos os Cristãos de 2013, já
sabem que os evangelhos não são uma reportagem jornalística e nem um Diário
onde os fatos são narrados meticulosamente... Trata-se de uma reflexão das
comunidades cristãs.
____ Certo Santo André, mas como aconteceu então?
Vocês realmente abandonaram as barcas, as redes e a Família, para se tornarem
discípulos?
____ André ----- Olha... Ter família e trabalhar para a sobrevivência faz
parte de todo ser humano, e com os discípulos do Senhor não é diferente.
Ninguém deve deixar a esposa ou os pais, e o seu emprego e sair por aí
virando um “Místico” ou “Visionário”. Não é esse o ensinamento que o Senhor
nos faz neste evangelho.
____ Nossa! Que alívio, pensei que ia ter de fazer as
malas e cair no mundão, para anunciar o evangelho... Então quer dizer que há
uma mensagem e um ensinamento
____ André - Primeiro, precisamos saber que naquele tempo
histórico ,os pregadores eram itinerantes, percorriam as grandes
cidades, iam de uma região para outra. Não se tinha carros, motos,
celular, internet, a pregação era no corpo a corpo. Foi assim que Nosso
Mestre e Senhor começou a sua vida pública.
____ E por que ele escolheu vocês?
____ André --- Veja bem, naquele tempo os Mestres passavam pregando, a gente
ouvia e se gostássemos do jeito do Fulano, começávamos a segui-lo tornando
discípulo, que significa aluno ou aprendiz. Jesus mudou a norma, e foi o
primeiro Mestre a escolher seus discípulos a partir de um convite.
____ Ah, entendi. Vocês então eram “Os Caras”, tinham
virtudes, qualidades e condições de serem discípulos?
____ André, rindo de novo ---- Imagine! Ao contrário, nosso grupo deixava muito
a desejar, ou vocês pensam que só o Judas não prestava? Mesmo quando
começamos a nossa missão, depois que o Senhor nos deu esse mandato, ainda
estávamos inseguros, havia entre nós aqueles que ainda não acreditavam...
Chegaram até a dizer que nosso Mestre era “Ruim da Cabeça” de andar por todos
os lados com a nossa turminha... Entendam bem que o Senhor não fez uma
Seleção dos melhores, ao contrário...
____ Bom Santo André, pode arrematar com o ensinamento,
acho que agora está claro para todos nós, suas respostas foram super
esclarecedoras... E parabéns pelo seu Dia que é hoje!
____ André ----Primeira coisa, o Senhor propõe e convida; não para termos com
ele um relacionamento particular e intimista, marcado por privilégios e
regalias, além de certos poderes. Mas ele nos chama junto com outras pessoas,
para vivermos essa experiência do discipulado em comunidade, isso é, junto
com outras pessoas.
Segunda coisa, a resposta a esse chamado deve ser a coisa mais importante
entre todas as demais coisas da nossa vida. O Cristianismo não é apenas uma
alternativa a mais, do modo de se viver, ele é a essência, somente a partir
dele é que todas as outras coisas, inclusive família e trabalho, adquirem um
sentido novo para nós.
2. É preciso desapego para seguir o Senhor
O relato do chamado dos quatro primeiros discípulos apresenta a participação
destes na missão de Jesus. A iniciativa é de Jesus, que caminha à beira do
mar da Galileia (cf. v. 18). Se o chamado, iniciativa de Jesus, é feito no
presente, “segui-me”, a missão é dita para o futuro: “... farei de vós
pescadores de homens”.
Entre um e outro há o discipulado, tempo do
aprendizado, da escuta, do exercício da liberdade interior, pois é preciso
desapego para seguir o Senhor; é preciso deixar os laços com as coisas e os
afetivos (“deixaram as redes e o seguiram”; “Deixando imediatamente o barco e
o pai [Zebedeu], eles o seguiram”).
ORAÇÃO
Pai, dá-me forças para ser verdadeiro companheiro na missão de seu Filho
Jesus, mesmo devendo sofrer perseguições e contrariedades.
3. COMPANHEIROS NA MISSÃO
O chamado de Jesus deu uma guinada vida de um grupo de pescadores do Mar da
Galiléia. O Mestre os queria como companheiros na missão, para fazer deles
pescadores de homens. O seguimento exigia várias rupturas. A mais imediata
consistiu em “deixar as redes e o barco”, seus instrumentos de trabalho, para
assumir um tipo novo de atividade. A segunda diz respeito ao mundo familiar:
os filhos “deixam o seu pai”. Como conseqüência, devem deixar sua terra e
suas tradições para se colocar a serviço de um projeto de alcance universal.
A metáfora da pescaria sublinha aspectos importantes do
exercício da missão. Enquanto pescadores de homens, deverão ser pacientes e
perseverantes, quando os resultado do trabalho não corresponder ao esforço
empregado. Deverão enfrentar, sem medo, as tempestades e as adversidades,
quando no horizonte da missão despontar perseguição e morte. Deverão estar
sempre dispostos para o trabalho, alimentados por uma forte dose de otimismo
e de alegria.
Sobretudo, deverão ser movidos pela esperança de, apesar das adversidades,
ver seu trabalho reconhecido pelo Pai.
A decisão de deixar tudo associava, definitivamente, os
discípulos ao Mestre Jesus. Como o Mestre, estariam a serviço da implantação
do Reino de Deus na história, esperando contemplar a vitória do bem, da
verdade, da justiça, do perdão, da igualdade e do respeito por todos, sem
distinção.
Este foi o projeto de vida levado a cabo por Jesus,
embora sua caminhada se concluísse com a morte de cruz. Por esse caminho,
seguem também seus companheiros.
Oração
Pai, dá-me forças para ser verdadeiro companheiro na missão de seu Filho
Jesus, mesmo devendo sofrer perseguições e contrariedades.
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Liturgia do Domingo 01.12.2013
1º DOMINGO DO ADVENTO — ANO A
( ROXO, CREIO, PREFÁCIO DO ADVENTO I – I SEMANA DO
SALTÉRIO )
__ "Que alegria: Vamos à casa do Senhor!" __
INÍCIO DO NOVO ANO LITÚRGICO – ANO A
(Acender a primeira das quatro velas da coroa do Advento)
Ambientação:
Sejam bem-vindos amados irmãos e irmãs!
INTRODUÇÃO DO FOLHETO DOMINICAL PULSANDINHO:
Iniciamos um novo tempo litúrgico: o Advento. Nossa vida diária é marcada
pela rotina dos acontecimentos. Do mesmo modo, como já não prestamos mais
atenção na paisagem do caminho que fazemos de casa para o trabalho, porque já
se tornou familiar e sem surpresas, muita gente deixa de prestar atenção para
a meta final da vida pessoa. Para onde vou? Esta questão não existe em quem
deixa que a “vida o leve”, como diz a letra de um samba popular; vive sem um
destino. Quando alguém deixa que a vida o leve e embarca na vida com a rotina
do dia a dia somente para sobreviver, o destino será a morte, e a vida, um
peso. Diante de tal possibilidade, que é real e palpável em nossos dias, a
liturgia deste primeiro domingo do Advento nos chamará à vigilância. Mais que
uma atitude, o apelo da celebração de hoje quer nos acordar do nosso sono de
se deixar levar pela vida, resultado do embalo rotineiro de todos os dias
fazer sempre a mesma coisa, sem uma iluminação interior, incapaz de iluminar
a vida com um brilho novo. Quem se faz refém da rotina, perde a esperança e,
pouco a pouco, a luz da vida vai se apagando dentro de si. Este será tirado
da vida. Permanece na vida quem se deixa iluminar com a luz divina.
INTRODUÇÃO DO FOLHETO DOMINICAL O POVO DE DEUS:
A Igreja inicia hoje o tempo do Advento, segundo o itinerário litúrgico
do Ano A; tempo marcado pela espiritualidade da vigilância e da oração. É
preciso que os cristãos estejam preparados para a vinda do Senhor, como
também para enfrentar as turbulências da história. No Brasil, o Advento é
enriquecido pela Campanha para a Evangelização, que tem como finalidade
fortalecer os trabalhos missionários que levam o Evangelho para todas as
fronteiras. A Igreja de São Paulo quer que seus filhos celebrem o Natal com o
coração renovado e fortalecido pelo Mistério Pascal, de tal forma que estejam
comprometidos com a Evangelização da cidade e do mundo.
INTRODUÇÃO DO WEBMASTER: Com o
início de um novo Ano Litúrgico - ANO A. O Ciclo do Natal se inicia com o
Advento e hoje nós começamos nossa preparação para a comemoração do
Nascimento de Jesus, para a chegada do Menino Deus e Rei em nossas vidas. A
cada ano celebramos esta chegada e proponho uma chamada de consciência para verdadeiramente
aceitarmos Cristo como nosso único Rei e Salvador, Caminho, Verdade e Vida.
Que a nossa fé não seja só de facahado ou de conveniência, mas que seja
realmente a força que nos move a sermos verdadeiramente CRISTÃOS, com letras
maiúsculas, Vigiando e Orando, sempre preparados para agir nos momentos
precisos pelo bem de nossos irmãos e irmãs e receber ao Nosso Senhor, quando
ele chegar.
Sentindo em nossos corações a alegria do Amor
ao Próximo entoemos alegres cânticos ao Senhor!
VINDE SENHOR JESUS!
Antífona da entrada: A vós, meu Deus,
elevo a minha alma. Confio em vós, que eu não seja envergonhado! Não se riam
de mim meus inimigos, pois não será desiludido quem em vós espera (Sl
24,1ss).
Primeira Leitura (Isaías 2,1-5)
Leitura do livro do profetas Isaías.
2 1 Visão de Isaías, filho de Amós, acerca de Judá e
Jerusalém.
2 No fim dos tempos acontecerá que o monte da casa do Senhor estará colocado
à frente das montanhas, e dominará as colinas. Para aí acorrerão todas as
gentes,
3 e os povos virão em multidão: "Vinde, dirão eles, subamos à montanha
do Senhor, à casa do Deus de Jacó: ele nos ensinará seus caminhos, e nós
trilharemos as suas veredas". Porque de Sião deve sair a lei, e de
Jerusalém, a palavra do Senhor.
4 Ele será o juiz das nações, o governador de muitos povos. De suas espadas
forjarão relhas de arados, e de suas lanças, foices. Uma nação não levantará
a espada contra outra, e não se arrastarão mais para a guerra.
5 Casa de Jacó, vinde, caminhemos à luz do Senhor.
Salmo responsorial 121/122
Que alegria quando me disseram:
“Vamos à casa do Senhor!”
Que alegria quando ouvi que me disseram:
“Vamos à casa do Senhor!”
E agora nossos pés já se detêm,
Jerusalém, em tuas portas.
Para lá sobem as tribos de Israel,
as tribos do Senhor.
Para louvar, segundo a lei de Israel,
o nome do Senhor.
A sede da justiça lá está
e o trono de Davi.
Rogai que viva em paz Jerusalém,
e em segurança os que te amam!
Que a paz habite dentro de teus muros,
tranqüilidade em teus palácios!
Por amor a meus irmãos e meus amigos,
peço: “A paz esteja em ti!”
Pelo amor que tenho à casa do Senhor,
eu te desejo todo bem!
Segunda Leitura (Romanos 13, 11-14.)
Leitura da carta de São Paulo aos Romanos.
13 11 Isso é tanto mais importante porque sabeis em que
tempo vivemos. Já é hora de despertardes do sono. A salvação está mais perto
do que quando abraçamos a fé.
12 A noite vai adiantada, e o dia vem chegando. Despojemo-nos das obras das
trevas e vistamo-nos das armas da luz.
13 Comportemo-nos honestamente, como em pleno dia: nada de orgias, nada de
bebedeira; nada de desonestidades nem dissoluções; nada de contendas, nada de
ciúmes.
14 Ao contrário, revesti-vos do Senhor Jesus Cristo e não façais caso da
carne nem lhe satisfaçais aos apetites.
Aclamação do Evangelho
Aleluia, aleluia, aleluia.
Mostrai-nos, ó Senhor, vossa bondade e a vossa salvação nos concedei! (Sl
84,8).
EVANGELHO (Mateus 24, 37-44)
24 37 Disse Jesus: “Assim como foi nos tempos de Noé,
assim acontecerá na vinda do Filho do Homem.
38 Nos dias que precederam o dilúvio, comiam, bebiam, casavam-se e davam-se
em casamento, até o dia em
que Noé entrou na arca.
39 E os homens de nada sabiam, até o momento em que veio o dilúvio e os levou
a todos. Assim será também na volta do Filho do Homem.
40 Dois homens estarão no campo: um será tomado, o outro será deixado.
41 Duas mulheres estarão moendo no mesmo moinho: uma será tomada a outra será
deixada.
42 Vigiai, pois, porque não sabeis a hora em que virá o Senhor.
43 Sabei que se o pai de família soubesse em que hora da noite viria o
ladrão, vigiaria e não deixaria arrombar a sua casa.
44 Por isso, estai também vós preparados porque o Filho do Homem virá numa
hora em que menos pensardes”.
LEITURAS DA SEMANA DE 02 a 08 de Dezembro de 2013:
2ª Rx - Is 4,2-6; Sl 121(122); Mt 8,5-11
3ª Br - Is 11,1-10; Sl 71(72); Lc 10,21-24
4ª Rx - Is 25,6-10a; Sl 22(23); Mt 15,29-37
5ª Rx - Is 26,1-6; Sl 117(118); Mt 7,21.24-27
6ª Rx - Is 29,17-24; Sl 26(27); Mt 9,27-31
Sb Br - Is 30,19-21.23-26; Sl 146(147); Mt 9,35-10,1.6-8
Dm Br - 2º DOM. DO ADVENTO: SOLENIDADE IMACULADA CONCEIÇÃO DE NOSSA
SENHORA:
Gn
3,9-15.20; Sl 97 (98); Ef 1,3-6.11-12; Lc 1,26-38 (Anúncio do nascimento de
Jesus)
COMENTÁRIOS DO EVANGELHO
1. FICAI ATENTOS!
Nos meus tempos de seminário, nos anos 60, alguém da direção vez ou outra
fazia de surpresa, uma inspeção em nossa cama, armário e criado mudo, e que
muitas vezes ocorria em horas que não esperávamos. Na turma havia o
“Ferreirinha”, um mineiro muito caprichoso que mantinha suas coisas em ordem,
limpas e organizadas, despertando em toda a turma muita raiva e ciúmes.
Quando o sineteiro tocava o sino fora de hora, era aquela correria de alunos
subindo as escadas em direção ao dormitório, porque a inspeção iria começar.
Nessas horas o Ferreirinha continuava tranquilamente a sua atividade, de
estudo ou lazer, sorrindo satisfeito e divertido, ao ver a turma se
atropelando no pé da escada, temerosos de serem punidos pela equipe de
disciplina, que fazia a inspeção.
Um dia decidi acompanhar mais de perto o desempenho do
meu amigo e percebi que ele nunca deixava nada para depois, na hora do banho
ganhava um tempinho e limpava o criado mudo, na hora do recreio, dedicava dez
minutinhos para ajeitar melhor a cama, o lençol e a fronha. Pela manhã
agilizava a higiene pessoal e tinha um tempinho a mais para dar uma revisada
no armário, e assim, fazendo um pouco a cada dia, ia mantendo sempre em ordem
o seu canto, e quando chegava o sábado, que era dia de limpeza, tinha muito
pouco a fazer, e para nossa inveja, ficava na sala de TV assistindo algum
seriado, ou lendo algum livro.
Lembrei-me disso diante desse evangelho do primeiro
domingo do advento, quando se inicia um novo tempo litúrgico, e a palavra
chave é: Vigiais e estejais preparados!
Muita gente pensa que se trata de estar preparado para
morrer, quando na verdade, é estar preparado para viver, e isso significa, em
última análise, viver intensamente cada minuto da nossa existência,
dedicando-nos a fazer o bem, em pequenos gestos e ações do dia a dia,
exatamente como fazia o meu colega de seminário.
Porque estar atento e vigiar, é o mesmo que fazer
faxina em nossa casa, quando deixamos para fazer tudo em um só dia, o
trabalho é dobrado, a canseira é muita e a qualidade fica a desejar, se
estivermos com pressa de acabar logo. Mas se dispusermos de alguns minutos
para limparmos e cuidarmos de um cômodo por dia, com certeza teremos pouco
trabalho pela frente e uma maior qualidade naquilo que for feito. Mas não se
pode ter preguiça e deixar para depois, pois esse comodismo poderá custar
caro.
A expressão usada por Jesus: “FICAI ATENTOS...” põe-nos
de sobreaviso sobre algo que vai acontecer mais à frente, na história da
nossa vida e da humanidade, para que não sejamos pegos de “calças curtas” na
volta do Filho do Homem. No tempo de Noé ,muitos empurravam a vida com a
barriga, não descobrindo no existir, qualquer sentido novo e para estes,
tanto fazia o rio correr para o norte ou para o sul, não tinham um ideal e
nem razão para buscar algo grandioso. Coração vazio, alma vazia, nada faz
sentido, nem acontecimento bom ou ruim. Há outros que inventam falsos valores
de felicidade e passam a vida inteira correndo atrás de bolinhas de sabão,
quando as alcança, descobrem que tudo não passou de uma fantasia. A nossa
sociedade é assim, vivendo de maneira perigosa no indiferentismo.
Todos terão um último e definitivo encontro com o
Senhor da nossa Vida e da nossa História, essa verdade é proclamada por
Mateus, em seu discurso apocalíptico no evangelho desse domingo, mas quando
será e como se dará, isso ninguém sabe a não ser o Pai.
Tem gente que corre atrás de visões, adivinhações,
premonições, principalmente nessa época de final de ano, quando não faltam
ingênuos que pagam caro por uma consulta, para saber da saúde ou de negócios.
No mundo têm bobo pra tudo...
Enquanto isso, a Palavra de Deus nos revela
gratuitamente tudo que precisamos saber, para viver bem a nossa vida, onde em
cada minuto a prática do amor, e a busca da verdade e da justiça nos ajuda a
estarmos preparados e vigilantes, pois toda vez que deixamos um minuto passar
em branco, sem amar ou ajudar ninguém, sem construir algo de bom e
edificante, estamos desperdiçando a grande oportunidade de acolher o Senhor,
que vem ao nosso encontro em tantas pessoas ou situações.
E desta forma, ajudar alguém, consolar quem está
triste, encorajar quem está desanimado, chorar com quem está sofrendo, são
algumas maneiras de nos encontrarmos com Jesus, ainda nessa vida, mas para
isso é necessário estar sempre atento e vigilante, pois a oportunidade de
fazermos o bem acontece todo dia, em situações rotineiras em que menos
esperamos. Quem viver assim, não será surpreendido quando o Senhor voltar,
para confirmar todo bem que se viveu, na plenitude do amor, vocação maior a
qual fomos chamados.
2. Atitude de vigilância
O primeiro domingo do Advento é o início do ano litúrgico. Para os cristãos,
é o verdadeiro “ano novo”, pois a nossa vida de fé é marcada e ritmada pela
celebração do Mistério de Deus. O Advento é tempo de preparação para o Natal;
tempo que deve ser vivido numa dupla atitude: intensificar a leitura e a
meditação da Palavra de Deus e a penitência.
O texto da liturgia de hoje é parte do discurso
escatológico de Jesus (Mt 24,1–25,46); discurso sobre o fim. Entenda-se fim
não como término, mas como aquilo que é definitivo para a existência humana.
Normalmente, a linguagem utilizada para este tipo de discurso é a
apocalíptica, que tem um tom um tanto dramático e, por vezes, causa certo
medo nas pessoas que não ultrapassam o sentido primeiro do texto.
Em nosso caso, o discurso é exortação aos discípulos a
colocarem a sua confiança naquilo que não passa. O precursor deste tipo de
linguagem na Bíblia é o livro de Daniel (Dn 7–12), escrito em meados do
segundo século antes de Cristo.
A evocação do tempo de Noé e o dilúvio servem para
colocar os discípulos, destinatários do discurso (cf. Mt 24,1), de alerta e
para os convidar a uma atitude de engajamento e coerência com sua vocação
cristã. O dilúvio, como evento de purificação, é água divisora entre um antes
e um depois. Parece que o dilúvio os faz abrir os olhos quanto ao modo como
viviam: nada percebiam, “até que veio o dilúvio e arrastou a todos” (v. 39).
A vida do ser humano não se encerra nos limites da história, nem se resume em
comer e beber, nem em procurar “aproveitar a vida”.
Na descrição sumária do tempo de Noé, Deus não aparece;
é como se ele não contasse para nada. A excessiva preocupação com questões
relativas à vida de cada dia e com o bem-estar pode não só nos distanciar das
coisas do céu, como também nos fazer prescindir do próprio Deus ou até
ignorar sua presença. A história do tempo de Noé, antes do dilúvio, serve
para ilustrar esta situação e interpelar os discípulos a que mantenham a vida
referida a Deus.
A fé em Deus exige uma vida conforme a sua vontade:
“Nem todo aquele que me diz Senhor, Senhor!, entrará no Reino dos céus, mas o
que faz a vontade do meu Pai que está nos céus” (Mt 7,21). A vida de quem crê
deve ser a expressão da fé que ele professa e do Deus em quem ele põe a sua
esperança e confiança. O principal é buscar o Reino de Deus, que antecede
todas as coisas, e por Deus o necessário é dado (ver: Lc 12,22-31).
A imprevisibilidade da vinda do Filho do Homem exige
uma atitude diferente das pessoas do tempo de Noé, anteriores ao dilúvio (cf.
v. 39b-41). A atitude requerida é a da vigilância (cf. v. 42). Vigilância é
trabalho de discernimento, é empenho na atividade cotidiana que engaja o
homem na sua missão, fruto do seguimento de Jesus Cristo. “É hora de
despertarmos do sono”, diz Paulo, “abandonemos as obras das trevas, e
vistamos as armas da luz; procedamos honestamente como em pleno dia […].
Revesti-vos do Senhor Jesus Cristo” (Rm 13,11-14).
ORAÇÃO
Pai, à chegada de teu Filho que vem, quero encontrar-me preparado, por meio
do amor gratuito a meu semelhante.
3. PRONTOS PARA RECEBER O SENHOR
O tempo litúrgico do Advento convida-nos à preparação para acolher o Senhor
que vem. O apelo insistente da Igreja questiona a tendência dos cristãos a
serem acomodados, quando não contaminados pela mentalidade mundana, centrada
na busca desenfreada do prazer e na consecução de interesses pessoais.
Desconhecendo o dia e a hora em que o Senhor virá, o
discípulo deve estar sempre pronto para recebê-lo. A prontidão cristã é feita
de pequenos gestos de amor, na simplicidade do quotidiano. Nada de ações
mirabolantes nem de tarefas heróicas a serem cumpridas! Exige-se do discípulo
apenas amor sincero e gratuito a Deus e ao próximo.
O episódio bíblico acerca da figura de Noé e do dilúvio
ilustra a atitude contrária àquela do discípulo do Reino. A desvastação
diluviana tomou de surpresa a humanidade. Ninguém, além de Noé e de sua
família, deu-se conta do que estava para acontecer. Por isso, comia-se,
bebia-se e se celebravam bodas, na mais total ignorância da fúria destruidora
da natureza que se abateria sobre a Terra.
O Senhor espera encontrar os discípulos do Reino
vigilantes, quando de sua chegada. A menor desatenção pode revelar-se
perigosa. Por isso, o egoísmo jamais poderá ter lugar no coração de quem quer
ser encontrado pelo Senhor. Só existe uma maneira de preparar-se para este
momento: amar.
Oração
Pai, à chegada de teu Filho que vem, quero encontrar-me preparado, por meio
do amor gratuito a meu semelhante.
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