Liturgia da Segunda Feira — 05.08.2013
XVIII SEMANA DO TEMPO COMUM *
( VERDE – OFÍCIO DO DIA )
Antífona da entrada: Meus Deus, vinde libertar-me,
apressai-vos, Senhor, em socorrer-me. Vós sois o meu socorro e o meu
libertador; Senhor, não tardeis mais (Sl 69,2.6).
Leitura (Números 11,4b-15)
Leitura do livro dos Números.
Naqueles dias, 4bos filhos de Israel começaram a lamentar-se, dizendo:
"Quem nos dará carne para comer? 5Vêm-nos à memória os peixes que
comíamos de graça no Egito, os pepinos e os melões, as verduras, as cebolas e
os alhos. 6Aqui nada tem gosto ao nosso paladar, não vemos outra coisa a não
ser o maná". 7O maná era parecido com a semente do coentro e amarelado
como certa resina. 8O povo se dispersava para o recolher e o moía num moinho,
ou socava num pilão. Depois o cozinhavam numa panela e faziam broas com gosto
de pão amassado com azeite. 9À noite, quando o orvalho caía no acampamento,
caía também o maná. 10Moisés ouviu, pois, o povo lamentar-se em cada família,
cada um à entrada de sua tenda. 11Então o Senhor tomou-se de uma cólera
violenta, e Moisés, achando também tal coisa intolerável, disse ao Senhor:
"Por que maltrataste assim o teu povo? Por que gozo tão pouco do teu
favor, a ponto de descarregares sobre mim o peso de todo este povo? 12Acaso
fui eu quem concebeu e deu à luz todo este povo, para que me digas:
'Carrega-o ao colo, como a ama costuma fazer com a criança; e leva-o à terra
que juraste dar a seus pais!'? 13Onde conseguirei carne para dar a toda esta
gente? Pois se lamentam contra mim, dizendo: 'Dá-nos carne para comer!' 14Já
não posso suportar sozinho o peso de todo este povo: é grande demais para
mim. 15Se queres continuar a tratar-me assim, peço-te que me tires a vida, se
achei graça a teus olhos, para que eu não veja mais tamanha desgraça".
Salmo responsorial 80/81
Exultai no Senhor, nossa força.
Mas me povo não ouviu a minha voz,
Israel não quis saber de obedecer-me.
Deixei, então, que eles seguissem seus caprichos,
abandonei-os ao seu duro coração.
Quem me dera que meu povo me escutasse!
Que Israel andasse sempre em seus caminhos!
Seus inimigos, sem demora, humilharia
e voltaria minha mão contra o opressor.
Os que odeiam o Senhor o adulariam,
seria este seu destino para sempre;
eu lhe daria de comer a flor do trigo
e, com o mel que sai da rocha, o fartaria.
Aclamação do Evangelho
Aleluia, aleluia, aleluia.
O homem não vive somente de pão, mas vive de toda palavra da boca de Deus.
EVANGELHO (Mt 14,13-21)
Naquele tempo, 13quando soube da morte de João Batista, Jesus partiu e
foi de barco para um lugar deserto e afastado. Mas quando as multidões
souberam disso, saíram das cidades e o seguiram a pé. 14Ao sair da barca,
Jesus viu uma grande multidão. Encheu-se de compaixão por eles e curou os que
estavam doentes. 15Ao entardecer, os discípulos aproximaram-se de Jesus e
disseram: "Este lugar é deserto e a hora já está adiantada. Despede as
multidões, para que possam ir aos povoados comprar comida!" 16Jesus
porém lhes disse: "Eles não precisam ir embora. Dai-lhes vós mesmos de
comer!" 17Os discípulos responderam: "Só temos aqui cinco pães e
dois peixes". 18Jesus disse: "Trazei-os aqui". 19Jesus mandou
que as multidões se sentassem na grama. Então pegou os cinco pães e os dois
peixes, ergueu os olhos para o céu e pronunciou a bênção. Em seguida partiu
os pães, e os deu aos discípulos. Os discípulos os distribuíram às multidões.
20Todos comeram e ficaram satisfeitos, e dos pedaços que sobraram, recolheram
ainda doze cestos cheios. 21E os que haviam comido eram mais ou menos cinco
mil homens, sem contar mulheres e crianças.
COMENTÁRIOS DO EVANGELHO
1. Cinco pães e dois peixinhos...
Confesso que quando reflito este evangelho, conhecido como da
multiplicação dos pães, fico intrigado com algo bem simples: o milagre
poderia ser muito mais espetacular, se Jesus tivesse mandado as pessoas
sentarem-se em grupos, e depois, ao fazer o ritual da benção, os pães e os
peixinhos, aparecessem como em um passe de mágica, na mão das pessoas,
surgindo do nada. Mas neste milagre há uma palavra chave, de significado
muito profundo, trata-se do milagre da multiplicação... Deus criou tudo do
nada, diz o livro do Gênesis, mas quando se trata do pão, ele faz questão de
multiplicar.
Alguém cedeu o seu lanche, fazendo parceria com Jesus, no ato
prodigioso! Mateus nos dá a entender que esse alimento pertencia aos próprios
discípulos “Só temos aqui, cinco pães e dois peixes”. A fome da multidão é
muito maior do aquilo que podemos dar, será sempre assim, o que temos para
dar é muito pouco, para resolver o problema da família, da comunidade, os
problemas sociais, a violência, as drogas, o desamparo aos idosos, as
crianças pobres, as tristezas do outro, a depressão do irmão, suas angústias
e desgraças, doenças e mortes, a idade avançada, diante de tudo isso, a gente
até se comove, mas justificamos com aquele pensamento tão nefasto: Sinto
muito, nada posso fazer!
Por que dizemos isso, em tantas situações da nossa vida, diante de um
irmão que sofre, que chora, que se desespera? Porque não confiamos no que
temos, por acharmos muito pouco, vamos ter de nos separar, vou ter de
abortar, vou ter de me omitir, vou ter que ficar quieto, nos sentimos
impotentes, sem força alguma para mudar a situação, se tivéssemos muito, se
tivéssemos poder, se fôssemos respeitados, se estivéssemos no comando, seu
fossemos ricos, ah! Tudo seria diferente... Daríamos um jeito nessa situação,
resolvendo o problema.
Mas, como nada somos, e ainda termos tão pouco, é melhor ficar no
velho e conhecido “cada um por si, Deus por todos”, queremos sempre despedir
as pessoas para que cada uma se vire do seu jeito. É o comodismo e o egoísmo,
que domina este mundo da nossa modernidade onde o espírito consumista afirma
que, somente quem tem muito, consome muito, pode realizar sonhos e projetos
de vida. Jesus desmonta este esquema mesquinho e centralizador, que concentra
a riqueza material, nas mãos de uma minoria.
Dai-lhes vós mesmos de comer, eles não precisam ir embora! Após a
oração de graças e a benção, começa a ocorrer o milagre: os discípulos
começam a distribuir aquele pouco que têm, às multidões. Nos projetos e
empreendimentos humanos, quem mais tem é que decide o que fazer só quem tem
muito, poderá fazer grandes coisas, no projeto de Jesus a palavra de ordem é
partilhar, mesmo que seja o pouco, acreditando que esse pouco, para o próximo
vai ser muito.
O milagre, portanto, não está na quantia de pães e peixes, mas no
gesto de partilhar, acreditando que naquele momento, o pouco que eu posso dar
ou fazer, é exatamente tudo o que o meu próximo precisa. Nesse sentido, os
cinco pães e dois peixinhos desse evangelho, pode ser um simples sorriso,
dado a quem está triste, um abraço, um beijo ou um aperto de mão, em quem
está sofrendo alguma dor, uma mão no ombro de quem está desanimado, uma
palavrinha de consolo a quem chora, uma palavra de coragem a quem perdeu a
vontade de viver. E pronto, está feito o milagre!
“Você não sabe como foi importante para mim, a sua presença, o seu
gesto, naquela hora!” Todos nós já escutamos esta frase, entretanto o que
demos ou fizemos foi tão pouco e parecia tão insignificante. Chegamos ao
ponto chave da reflexão, quando acreditarmos na força do nosso “pouco“,
iremos conseguir mudanças prodigiosas na família, na comunidade e na
sociedade, mas não precisa ficar cobrando para que o outro faça a sua parte,
um gesto de partilha já é por si suficiente, para promover grandes mudanças,
para transformar a miséria em fartura, pois quando dizemos – eu já fiz a
minha parte, espero que cada um faça a sua, estamos nos colocando acima das
outras pessoas e, portanto no direito de cobrar, e se seguíssemos essas
lógica, ditada pelo orgulho e a prepotência, estaríamos perdidos diante de
Jesus, que nos ama sempre com um amor sem medidas, sem nunca nos cobrar.
Dos pedaços que sobraram encheram-se doze cestos, e a multidão ficou
saciada, o projeto de Jesus de Nazaré parecia tão pouco e ridículo diante da
grandeza do Messianismo, sonhado e esperado pelos seus compatriotas, entretanto,
a graça que nasceu da Salvação, libertou não só a Israel, mas a todas as
nações da terra. Há alguém faminto ao seu lado, de uma fome que vai bem além
do estomago vazio, ofereça o seu “pouquinho” com alegria, e creia nesse
milagre!
2. Vós mesmos dai-lhes de comer
O texto da multiplicação dos pães tem uma forte conotação eucarística:
"... tomou os cinco pães e os dois peixes… pronunciou a bênção, partiu
os pães e os deu aos discípulos; e os discípulos os distribuíram às
multidões" (v. 19).
Diante da precariedade do lugar e pela hora já adiantada, os
discípulos querem despedir as multidões para que possam comprar comida. Jesus
provoca os discípulos: "Vós mesmos dai-lhes de comer!" (v. 16). É a
oportunidade de poderem compreender que o alimento que sustenta o povo de
Deus ultrapassa o estreitamento material.
A vida entregue ao Senhor é o verdadeiro alimento do povo que o Cristo
reúne: "Trabalhai não pelo alimento que se perde, mas pelo alimento que
perdura até a vida eterna, alimento que o Filho do Homem vos dará. […] O pão
que eu darei é a minha carne para a vida do mundo" (Jo 6,27.51).
ORAÇÃO
Pai, abre meu coração para a solidariedade, a fim de que, diante de meu
semelhante necessitado eu sinta a alegria de partilhar com ele o que me
deste.
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TRANSFIGURAÇÃO DO SENHOR
( BRANCO, GLÓRIA, PREFÁCIO PRÓPRIO –
OFÍCIO DA FESTA )
Antífona da entrada: O Espírito Santo apareceu na
nuvem luminosa e a voz do Pai se fez ouvir: Este é o meu Filho amado, nele
depositei todo o meu amor. Escutai-o (Mt 17,5).
Leitura (Daniel 7,9-10.13-14)
Leitura da profecia de Daniel.
7 9 Continuei a olhar, até o momento em que foram colocados os tronos
e um ancião chegou e se sentou. Brancas como a neve eram suas vestes, e tal
como a pura lã era sua cabeleira; seu trono era feito de chamas, com rodas de
fogo ardente.
10 Saído de diante dele, corria um rio de fogo. Milhares e milhares o
serviam, dezenas de milhares o assistiam! O tribunal deu audiência e os
livros foram abertos.
13 Olhando sempre a visão noturna, vi um ser, semelhante ao filho do homem,
vir sobre as nuvens do céu: dirigiu-se para o lado do ancião, diante de quem
foi conduzido.
14 A ele foram dados império, glória e realeza, e todos os povos, todas as
nações e os povos de todas as línguas serviram-no. Seu domínio será eterno;
nunca cessará e o seu reino jamais será destruído.
Salmo responsorial 96/97
Deus é rei, é o Altíssimo,
muito acima do universo.
Deus é rei! Exulte a terra de alegria,
e as ilhas numerosas rejubilem!
Treva e nuvem o rodeiam no seu trono,
que se apóia na justiça e no direito.
As montanhas se derretem como cera
ante a face do Senhor de toda a terra;
e assim proclama o céu sua justiça,
todos os povos podem ver a sua glória.
Porque vós sois o Altíssimo, Senhor,
muito acima do universo que criastes,
e de muito superais todos os deuses.
Aclamação do Evangelho
Aleluia, aleluia, aleluia.
Eis meu Filho muito amado, nele está meu bem-querer, escutai-o, todos vós!
(Mt 17,5).
EVANGELHO (Marcos 9,2-10)
9 2 Jesus tomou consigo a Pedro, Tiago e João, e conduziu-os a sós a
um alto monte. E
3 transfigurou-se diante deles. Suas vestes tornaram-se resplandecentes e de
uma brancura tal, que nenhum lavadeiro sobre a terra as pode fazer assim tão
brancas.
4 Apareceram-lhes Elias e Moisés, e falavam com Jesus.
5 Pedro tomou a palavra: "Mestre, é bom para nós estarmos aqui; faremos
três tendas: uma para ti, outra para Moisés e outra para Elias".
6 Com efeito, não sabia o que falava, porque estavam sobremaneira
atemorizados.
7 Formou-se então uma nuvem que os encobriu com a sua sombra; e da nuvem veio
uma voz: "Este é o meu Filho muito amado; ouvi-o".
8 E olhando eles logo em derredor, já não viram ninguém, senão só a Jesus com
eles.
9 Ao descerem do monte, proibiu-lhes Jesus que contassem a quem quer que
fosse o que tinham visto, até que o Filho do homem houvesse ressurgido dos
mortos.
10 E guardaram esta recomendação consigo, perguntando entre si o que
significaria: "Ser ressuscitado dentre os mortos".
COMENTÁRIOS DO EVANGELHO
1. TRANSFIGURAÇÃO DO SENHOR - A CERTEZA DA VITÓRIA
Nem tudo o que reluz é ouro – Lembro-me bem deste provérbio que
finalizava uma história no meu livro do antigo primário, ensinando-nos que
nesta vida confundimos muita coisa com ouro valioso, mas que no fundo não
passam de simples bijuteria. Há pessoas que passam esta vida correndo atrás
de quinquilharias, sem nunca descobrir o tesouro que Deus quer nos dar.
Os apóstolos pensavam que o Reino que Jesus havia implantado, era
igual aos reinos deste mundo, e que ele seria um Rei muito rico e poderoso
que iria dominar a todas as nações fazendo de Israel a mais importante de
todas as nações da terra. Eles tinham muitos planos em seus corações e
mentes, por causa de serem seguidores de Jesus, que naquele momento estava
desacreditado, mas que em um futuro bem perto iria manifestar toda a sua
força e poder. Muitas vezes como os apóstolos, buscamos um Jesus que atenda
as nossas necessidades e realize os nossos sonhos neste mundo, essa fé tão
distorcida nos impede de conhecer realmente quem é Jesus e para onde a sua graça
nos leva.
Podemos afirmar que esta narrativa da transfiguração do Senhor está no
coração do evangelho de Marcos porque se trata de um momento de profunda
comunhão dos discípulos com Jesus, que, ao transfigurar-se diante deles os
introduz no mistério de Deus, que por sua vez revela quem é Jesus: O filho
amado do Pai!
Ele não é simplesmente um profeta poderoso na linha de Elias, que foi
arrebatado ao céu, nem um Líder como Moisés, principal protagonista da
libertação do Povo da escravidão do Egito, esses dois personagens que
aparecem ao lado de Jesus naquele momento, representam todo o antigo
testamento que preparou o coração dos homens para o tempo da plenitude
inaugurado por Jesus.
Quando a voz se fez ouvir do meio da nuvem que os envolveu, os
discípulos olharam e só viram a Jesus, que estava sozinho. As escrituras
antigas apontam para Jesus, pois nele Deus irá falar diretamente aos homens,
sem intermediários.
Pedro queria construir três tendas, uma para Jesus, outra para Moisés
e outra para Elias, que estavam ali no monte Tabor onde poderia ser instalado
o QG do grupo, de onde partiriam as ordens dadas por eles. Fazer tendas
significa acomodar-se e interromper a caminhada porque já se alcançou o
objetivo. Na verdade o apóstolo não sabia bem o que estava falando pois o
Reino de Deus requer planejamento e não se pode queimar etapas. Jesus
transfigurado, tendo Moisés e Elias ao seu lado, era tudo o que Pedro queria,
não precisaria enfrentar as cruzes do caminho, nem tribulações ou
desencantos, sofrimentos e tribulações, o Reino já chegara e era uma
realidade bem ali diante dele.
A humanidade toda iria se render à força do Reino de Cristo! Mas o
brilho que seus olhos iriam contemplar no alto do monte, não seria do ouro e
nem da prata com que talvez sonhasse mas à luz de Deus presente em Jesus,
algo nunca visto, suas vestes ficaram brancas , de uma brancura jamais vista.
No Cristo transfigurado e proclamado solenemente Filho amado do Pai,
descobrimos o nosso destino, Deus nos quer transfigurados, com vestes brancas
resplandecentes, envolvidos pela sua Santidade que em Jesus eles nos dá.
Somos uma multidão de filhas e filhos amados do Pai que já
participamos da vida de Deus ainda neste mundo, que um dia chegará para nós
em plenitude. Jesus antecipou a glória que o envolveria na ressurreição,
porém, nunca escondeu o que viria antes: a cruz da rejeição, o sofrimento e a
paixão no calvário, e a morte na cruz. É disso que Pedro quer fugir ao
construir as três tendas, é isso que às vezes nos causa angústia e medo.
Compreender a cruz e aceitar o calvário de cada dia, percorrer os
caminhos desta vida que parecem tortuosos, mas sem tirar o olhar da glória
Futura, como o profeta Daniel na primeira leitura dessa liturgia, pois na
perspectiva da ressurreição vivemos esta vida em uma Igreja que não se
fundamenta em fábulas ou lendas, mas sim no relato do apóstolo Pedro, segunda
leitura desse domingo, que foi testemunha ocular do Cristo Transfigurado, que
segundo ele, fez clarear o dia e nascer a estrela da manhã em nossos corações
antes envolvido pelas trevas do pecado.
2. Manter a face voltada para o Pai
O que faz com que o rosto de Jesus seja transfigurado, na sua oração,
é que ele mantém a face voltada para o Pai. É a comunhão com o Pai que
transfigura e revela o mistério do Filho.
A sugestão de Pedro cai no vazio, pois é Deus quem os envolve na
nuvem, isto é, os faz participar da intimidade divina. O medo que eles sentem
corresponde à entrada na presença de Deus; eles sabem que ver Deus é morrer
(Jz 6,23; 13,22; Ex 33,20). Na verdade, diz o evangelista, "[Pedro] nem
sabia o que estava dizendo" (v. 33). O que Pedro não compreende é que a
verdadeira tenda, o lugar da presença de Deus, é Jesus.
A voz que sai da nuvem e interpreta o acontecimento retoma a voz por
ocasião do batismo (3,22; Is 42,1); à diferença que, dessa vez, a declaração
do Pai se abre aos discípulos: Jesus é um profeta poderoso em gestos e
palavras – trata-se de escutá-lo.
ORAÇÃO
Espírito de glorificação, ajuda-me a compreender a paixão de Jesus sob o
prisma da transfiguração, pois foi o Filho predileto do Pai quem se tornou
vítima da maldade humana.
3. É BOM ESTARMOS AQUI
Ao transfigurar-se, Jesus antecipou o que haveria de ser a
ressurreição. Era importante para os discípulos fazer esta experiência, antes
de se defrontarem com a paixão e a morte do Senhor. De fato, a conclusão da
vida de Jesus, considerada com parâmetros puramente humanos, não passaria de
um grande fracasso. E mais: a morte de cruz o colocaria no rol dos malditos.
Não seria possível esperar que um crucificado pudesse trazer salvação para a
humanidade, uma vez que a salvação nem a ele mesmo atingiu.
A transfiguração revelou a identidade profunda de Jesus. A alvura de
suas vestes indicava a santidade que o envolvia. A presença de Moisés e Elias
significava que o centro das Escrituras era Jesus, dado que representavam a
Lei e os Profetas. A densa nuvem, própria das manifestações de Deus no Antigo
Testamento, revestia a transfiguração de Jesus de um caráter de teofania. Não
apenas teofania do Pai, que declarou ser Jesus seu Filho bem amado, ao qual
se devia escutar, mas, também manifestação da divindade de Jesus, que veio do
Pai, vivia unido a ele e para o Pai haveria de voltar.
Tendo provado um pouquinho do Céu, entende-se por que os discípulos
queriam permanecer no monte da transfiguração de Jesus.
Agora já estavam preparados para o desafio de contemplar o Crucificado
como Filho de Deus. Se era o Filho querido do Pai, não haveria de ser
abandonado por ele.
Oração
Senhor Jesus, que a contemplação de tua transfiguração me prepare para
contemplar tua crucifixão, seguro de que és o Filho amado de Deus.
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XVIII SEMANA DO TEMPO COMUM *
( VERDE – OFÍCIO DO DIA )
Antífona da entrada: Meus Deus, vinde libertar-me, apressai-vos, Senhor,
em socorrer-me. Vós sois o meu socorro e o meu libertador; Senhor, não
tardeis mais (Sl 69,2.6).
Leitura (Números 13,1-2.25-14,1.26-30.34-35)
Leitura do livro dos Números.
Naqueles dias, 13 1 o Senhor disse a Moisés:
13 2 "Envia homens para explorar a terra de Canaã, que eu hei de dar aos
filhos de Israel. Enviarás um homem de cada tribo patriarcal, tomados todos
entre os príncipes."
25 Tendo voltado os exploradores, passados quarenta dias,
26 foram ter com Moisés e Aarão e toda a assembléia dos israelitas em Cades,
no deserto de Farã. Diante deles e de toda a multidão relataram a sua
expedição e mostraram os frutos da terra.
27 Eis como narraram a Moisés a sua exploração: "Fomos à terra aonde nos
enviaste. É verdadeiramente uma terra onde corre leite e mel, como se pode
ver por esses frutos.
28 Mas os habitantes dessa terra são robustos, suas cidades grandes e bem
muradas; vimos ali até mesmo filhos de Enac.
29 Os amalecitas habitam na terra do Negeb; os hiteus, os jebuseus e os
amorreus habitam nas montanhas, e os cananeus habitam junto ao mar e ao longo
do Jordão."
30 Caleb fez calar o povo que começava a murmurar contra Moisés, e disse:
"Vamos e apoderemo-nos da terra, porque podemos conquistá-la."
31 Mas os outros, que tinham ido com ele, diziam: "Não somos capazes de
atacar esse povo; é mais forte do que nós."
32 E diante dos filhos de Israel depreciaram a terra que tinham explorado:
"A terra, disseram eles, que exploramos, devora os seus habitantes: os
homens que vimos ali são de uma grande estatura;
33 vimos até mesmo gigantes, filhos de Enac, da raça dos gigantes; parecíamos
gafanhotos comparados com eles."
14 1 Toda a assembléia pôs-se a gritar e chorou aquela noite.
26 O Senhor disse a Moisés e a Aarão:
27 "Até quando sofrerei eu essa assembléia revoltada que murmura contra
mim? Ouvi as murmurações que os israelitas proferem contra mim.
28 Dir-lhes-ás: 'juro por mim mesmo', diz o Senhor, 'tratar-vos-ei como vos
ouvi dizer.
29 Vossos cadáveres cairão nesse deserto. Todos vós que fostes recenseados da
idade de vinte anos para cima, e que murmurastes contra mim,
30 não entrareis na terra onde jurei estabelecer-vos, exceto Caleb, filho de
Jefoné, e Josué, filho de Nun.
34 Explorastes a terra em quarenta dias; tantos anos quantos foram esses dias
pagareis a pena de vossas iniqüidades, ou seja, durante quarenta anos, e
vereis o que significa ser objeto de minha vingança.
35 Eu, o Senhor, o disse. Eis como hei de tratar essa assembléia rebelde que
se revoltou contra mim. Eles serão consumidos e mortos nesse deserto!´"
Salmo responsorial 105/106
Lembrai-vos de nós, ó Senhor,
segundo o amor para com vosso povo!
Pecamos como outrora nossos pais,
praticamos a maldade e fomos ímpios;
no Egito nossos pais não se importaram
com os vossos admiráveis grandes feitos.
Mas bem depressa esqueceram suas obras,
não confiaram nos projetos do Senhor.
No deserto deram largas à cobiça,
na solidão eles tentaram o Senhor.
Esqueceram-se do Deus que os salvara,
que fizera maravilhas no Egito;
no país de Cam fez tantas obras admiráveis,
no mar Vermelho, tantas coisas assombrosas.
Até pensava em acabar com sua raça,
não tivesse Moisés, o seu eleito,
interposto, intercedendo junto a ele
para impedir que sua ira os destruísse.
Aclamação do Evangelho
Aleluia, aleluia, aleluia.
Um grande profeta surgiu entre nós e Deus visitou o seu povo, aleluia (Lc
7,16).
Evangelho (Mateus 15,21-28)
15 21 Jesus partiu dali e retirou-se para os
arredores de Tiro e Sidônia.
22 E eis que uma cananéia, originária daquela terra, gritava: "Senhor,
filho de Davi, tem piedade de mim! Minha filha está cruelmente atormentada
por um demônio".
23 Jesus não lhe respondeu palavra alguma. Seus discípulos vieram a ele e lhe
disseram com insistência: "Despede-a, ela nos persegue com seus
gritos".
24 Jesus respondeu-lhes: "Não fui enviado senão às ovelhas perdidas da
casa de Israel".
25 Mas aquela mulher veio prostrar-se diante dele, dizendo: "Senhor,
ajuda-me!"
26 Jesus respondeu-lhe: "Não convém jogar aos cachorrinhos o pão dos
filhos".
27 "Certamente, Senhor", replicou-lhe ela; "mas os
cachorrinhos ao menos comem as migalhas que caem da mesa de seus donos".
28 Disse-lhe, então, Jesus: "Ó mulher, grande é tua fé! Seja-te feito
como desejas. E na mesma hora sua filha ficou curada".
COMENTÁRIOS DO EVANGELHO
1. A Graça Poderosa atinge a todos...
Se nos lembrarmos da reflexão do evangelho de
ontem, vamos compreender que a Graça de Deus é Soberana e autônoma, não estando
atrelada a nenhum sistema institucionalizado, ou estruturas humanas que
aprimorem a sua eficácia. A Graça operante e santificante é eficaz em
si mesma cabendo ao homem apenas acolhê-la em sua vida e seu coração, nada
mais.
Poderá o leitor questionar, com toda razão:
“Então as instituições, inclusive a religiosa, não serve para nada, por causa
da sua neutralidade na questão Salvífica?” As estruturas institucionais
mostram o esforço do homem em buscar a Deus e a Graça que ele tem para nos
oferecer, e como de fato nos oferece, através de Jesus Cristo. Nesse sentido
a Igreja é o grande, único e verdadeiro Sacramento de Jesus Cristo para o
mundo.
A mulher Cananéia percebeu isso, que a
Salvação estava em Jesus Cristo, e por isso não deu a mínima para a Rigorosa
Instituição judaizante e aproximou-se de Jesus, que aqui, falando sob o ponto
de vista da instituição religiosa, vai lembrar a mulher que a Salvação é
exclusiva de Israel, Nação Santa e Raça escolhida. E nesse sentido o seu
Messianismo estava focado na nação de Israel, e jamais fora dela.
Mas a mulher não vê sob o olhar da
instituição, ela crê na misericórdia Divina que tem algo precioso a oferecer
a todas as pessoas, e não apenas aquelas que estão dentro de um sistema
religioso. Então aquela mulher pagã ganhou definitivamente o coração de Jesus
que percebe nela a grandeza de uma Fé, que não pauta pelos compromissos
e obrigações decorrentes do legalismo Mosaico, mas que vislumbra a gratuidade
do seu amor, capaz de salvar qualquer homem...
E Jesus inverte a ordem estabelecida, até
agora Israel é a única referência e modelo de Povo Salvo, porque cumpre a Lei
de Moisés, mas doravante o modelo e referência é aquela mulher Cananéia, que
vislumbrou a Salvação enquanto dom gratuito, oferecida por Deus em Jesus Cristo,
e por isso ali diante da comunidade dos discípulos Jesus a exalta,
colocando-a acima de Israel, onde ele próprio ainda não tinha visto, até o
momento, alguém com uma Fé assim.
2. Mulher, grande é tua fé
Depois da discussão com os fariseus acerca do
descanso sabático (15,1-9) e a instrução às multidões sobre o puro e o
impuro, e também aos discípulos, Jesus vai para a região de Tiro e de Sidônia,
região pagã. Quem diz pagão, diz impuro.
Assim como os discípulos, que na barca
ameaçada pelas ondas e pelo vento contrário gritam de medo, e Pedro, que
grita: "Senhor, salva-me!" (14,30), a mulher grita: "Senhor,
filho de Davi, tem compaixão de mim" (v. 22). O seu grito é uma
profissão de fé no Messias, descendente de Davi.
A razão de sua súplica veemente é sua filha
"atormentada por um demônio". Jesus nada diz – silencia. Silencia
de admiração? De reflexão? O silêncio de Jesus deixo espaço para a intervenção
dos discípulos, que desejam que Jesus a dispense, pois gritava atrás deles. A
resposta de Jesus é coerente com as instruções do discurso sobre a missão.
Mas, aqui, não é senão um recurso que valoriza a fé da cananeia, que continua
a gritar: "Senhor, socorre-me!" (v. 25).
Jesus admirou-se da fé dela: "Mulher,
grande é tua fé" (v. 28). Ao contrário de Nazaré, protótipo da rejeição
de Israel, onde Jesus não pôde realizar muitos milagres por causa da
incredulidade dos nazarenos, a fé da mulher permite a Jesus realiza o que ela
suplica. A fé abre para os pagãos as portas do Reino dos céus. É a fé que
permite à mulher cananeia ver e reconhecer Jesus como Messias de todos os
povos.
ORAÇÃO
Senhor Jesus, tira de mim todo preconceito que me impede de aceitar que
muitas pessoas marginalizadas possam ter uma fé verdadeira em ti.
3. A FÉ DOS PAGÃOS
Na primitiva comunidade cristã, havia uma
classe de cristãos, provenientes do judaísmo, cuja tendência era não se abrir
para os pagãos. Acreditavam ser os destinatários exclusivos da Boa Nova
cristã. Por conseguinte, os pagãos estariam excluídos do Reino anunciado por
Jesus.
Foi preciso combater esta rigidez, apelando para a sensibilidade do Mestre em
relação à fé dos pagãos.
O episódio da mulher cananéia prestou-se bem
para esta finalidade. A mulher pagã foi persistente no seu objetivo: a cura da
filha atormentada por um demônio. Por isto, não se intimidou diante dos
discípulos, nem de Jesus, até ver realizado o seu desejo. Nem a má-vontade
daqueles, nem a dureza das palavras do Mestre foram suficientemente fortes
para fazê-la esmorecer.
Os discípulos queriam ver-se livres daquela
mulher importuna. Sua gritaria deixava-os irritados, a ponto de pedirem a
Jesus que a mandasse embora. Não convinha que o pedido de uma mulher pagã
fosse atendido por ele.
Jesus, por sua vez, também deu mostras de
relutar em atendê-la, até o ponto de usar o termo - cães -, com que os judeus
costumavam chamar os pagãos. Mas, afinal, dobrou-se diante de uma fé
evidente, tendo realizado o desejo da mulher pagã.
Como Jesus, a comunidade cristã deveria deixar
de ser inflexível em relação aos pagãos convertidos à fé, abrindo para eles
as portas da comunidade.
Oração
Espírito benevolente, ajuda-me a superar a rigidez e o fechamento em relação
a quem está à margem da comunidade, reconhecendo que, também neles, existe
fé.
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SÃO DOMINGOS - PRESBÍTERO E PREGADOR
( BRANCO, PREFÁCIO COMUM OU DOS PASTORES
– OFÍCIO DA MEMÓRIA )
Antífona da entrada: Estes são os santos que receberam a bênção do Senhor
e a misericórdia de Deus, seu salvador. É a geração dos que buscam a Deus (Sl
23,5s).
Leitura (Números 20,1-13)
Leitura do livro dos Números.
Naqueles dias, 20 1 Toda a assembléia dos
filhos de Israel chegou ao deserto de Sin no primeiro mês. O povo ficou em
Cades; ali morreu Maria, que foi sepultada no mesmo lugar.
2 Como não houvesse água para a assembléia, o povo se ajuntou contra Moisés e
Aarão,
3 procurou disputar com Moisés e gritou: "Oxalá tivéssemos perecido com
nossos irmãos diante do Senhor!
4 Por que conduziste a assembléia do Senhor a este deserto, para nos deixares
morrer aqui com os nossos rebanhos?
5 Por que nos fizeste sair do Egito e nos trouxeste a este péssimo lugar, em
que não se pode semear, e onde não há figueira, nem vinha, nem romãzeira, e
tampouco há água para beber?"
6 Moisés e Aarão deixaram a assembléia e dirigiram-se à entrada da tenda de
reunião, onde se prostraram com a face por terra. Apareceu-lhes a glória do
Senhor,
7 e o Senhor disse a Moisés:
8 "Toma a tua vara e convoca a assembléia, tu e teu irmão Aarão.
Ordenareis ao rochedo, diante de todos, que dê as suas águas; farás brotar a
água do rochedo e darás de beber à assembléia e aos seus rebanhos."
9 Tomou Moisés a vara que estava diante do Senhor, como ele lhe tinha
ordenado.
10 Em seguida, tendo Moisés e Aarão convocado a assembléia diante do rochedo,
disse-lhes Moisés: "Ouvi, rebeldes: acaso faremos nós brotar água deste
rochedo?"
11 Moisés levantou a mão e feriu o rochedo com a sua vara duas vezes; as
águas jorraram em abundância, de sorte que beberam, o povo e os animais.
12 Em seguida, disse o Senhor a Moisés e Aarão: "Porque faltastes à
confiança em mim para fazer brilhar a minha santidade aos olhos dos
israelitas, não introduzireis esta assembléia na terra que lhe destino."
13 Estas são as águas de Meribá, onde os israelitas se queixaram do Senhor, e
onde este fez resplandecer a sua santidade.
Salmo responsorial 94/95
Oxalá ouvísseis hoje a sua voz:
Não fecheis os corações como em Meriba.
Vinde exultemos de alegria no Senhor,
aclamemos o rochedo que nos salva!
Ao seu encontro caminhemos com louvores
e, com cantos de alegria o celebremos!
Vinde, adoremos e prostremo-nos por terra,
E ajoelhemos ante o Deus que nos criou!
Porque ele é o nosso Deus, nosso pastor,
e nós somos o seu povo e seu rebanho,
as ovelhas que conduz com sua mão.
Oxalá ouvísseis hoje a sua voz:
"Não fecheis os corações como em Meriba,
como em Massa, no deserto, aquele dia,
em que outrora vossos pais me provocaram,
apesar de terem visto as minhas obras".
Aclamação do Evangelho
Aleluia, aleluia, aleluia.
Tu és Pedro e sobre esta pedra eu irei construir minha Igreja. E as portas do
inferno não irão derrota-la! (Mt 16,18).
EVANGELHO (Mateus 16,13-23)
16 13 Chegando ao território de Cesaréia de
Filipe, Jesus perguntou a seus discípulos: "No dizer do povo, quem é o
Filho do Homem?"
14 Responderam: "Uns dizem que é João Batista; outros, Elias; outros,
Jeremias ou um dos profetas".
15 Disse-lhes Jesus: "E vós quem dizeis que eu sou?"
16 Simão Pedro respondeu: "Tu és o Cristo, o Filho de Deus vivo!"
17 Jesus então lhe disse: "Feliz és, Simão, filho de Jonas, porque não foi
a carne nem o sangue que te revelou isto, mas meu Pai que está nos céus.
18 E eu te declaro: tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei a minha
Igreja; as portas do inferno não prevalecerão contra ela.
19 Eu te darei as chaves do Reino dos céus: tudo o que ligares na terra será
ligado nos céus, e tudo o que desligares na terra será desligado nos
céus".
20 Depois, ordenou aos seus discípulos que não dissessem a ninguém que ele
era o Cristo.
21 Desde então, Jesus começou a manifestar a seus discípulos que precisava ir
a Jerusalém e sofrer muito da parte dos anciãos, dos príncipes dos sacerdotes
e dos escribas; seria morto e ressuscitaria ao terceiro dia.
22 Pedro então começou a interpelá-lo e protestar nestes termos: "Que
Deus não permita isto, Senhor! Isto não te acontecerá!"
23 Mas Jesus, voltando-se para ele, disse-lhe: "Afasta-te, Satanás! Tu
és para mim um escândalo; teus pensamentos não são de Deus, mas dos
homens!"
COMENTÁRIOS DO EVANGELHO
1. Chegou a hora...
No coração dos discípulos havia chegado a hora
tão esperada, depois de questiona-los sobre quem era ele, para o povão, agora
Jesus pergunta direto a eles sobre a sua identidade “E para vocês, quem sou
eu?. Parece que Jesus fazia a prova final para saber se eles haviam entendido
tudo certinho, pois estava chegando a hora da verdade.
Pedro fala em nome de todos, pareceu ser
sempre um discípulo aplicado e bom, e a sua resposta está corretíssima sobre
quem é Jesus “O Cristo, o Filho de Deus vivo”. E Pedro tirou dez pois a
resposta estava corretíssima contudo, faltava algo muito importante: Que
Jesus era Deus, eles já o sabiam, na bela resposta de Pedro, mas como ele
iria agir para libertar o povo?
Na cabeça dos discípulos, estava chegando a
hora do Mestre, ele iria manifestar quem era de verdade, os poderosos iriam
tremer na base com o seu poder, e os discípulos, naturalmente, seria o seleto
grupo do primeiro escalão. Israel voltaria a ser a grande Nação, que imporia
as demais a sua grandeza e magnificência e todos os reinos da terra
iriam se curvar diante de Israel e do Rei Messias, mais forte e poderoso do
que o Rei Davi. Jesus pede-lhes que guardem aquele segredo Messiânico para
que ele pudesse pegar todos de surpresa.
Por isso dá para se imaginar a cara de
decepção, os olhares de espanto e frustração dos discípulos sonhadores,
quando Jesus começa a falar de sua paixão e morte em Jerusalém. Pedro percebe
o clima que pairou sobre o grupo e indignado exclamou “Que Deus não permita
tal coisa, Senhor! Isso não te acontecerá!”.
Aqui a gente pode até pensar “Ah, mas esse
Pedro não têm jeito mesmo, olha aí, querendo impedir que Jesus cumpra a sua
missão de salvar a humanidade, que coisa, não é atoa que Jesus soltou os
cachorros em cima dele, chamando-o de Satanás!”.
Mas temos que nos perguntar, se por acaso não
cometemos esse mesmo pecado, quando vivemos uma religião sem compromisso, a
espera do “Dia do Senhor” quando Jesus vier nas nuvens para colocar as coisas
em seu devido lugar...Imaginamos que neste dia os maus irão ver o que é bom
prá tosse, e que nós, os bons iremos nos sentir confortados ao ver que o
Senhor nos dará razão, pela nossa prática cristã.
Quem vive essa religião da Glória e do gozo
celestial já aqui nesta terra, quem se esconde nas comunidades para não
enfrentar os desafios da Vida Cristã no meio do mundão, quem procura viver um
cristianismo bem light, sem muito radicalismo e exageros. Quem vive se
iludindo com o Cristo criado pelo consumismo. Todos esses ouvirão naquele dia
o mesmo que Pedro ouviu ”Afasta-te de mim Satanás, pois não pensas as coisas
de Deus”.
2. A identidade de Jesus
As multidões acorrem a Jesus de todas as
partes; Jesus, por sua vez, acolhe a todos, ensina, instrui (Mt 5–7; 10; 13)
e cura a todos (12,15).
Causa admiração e resistência. No entanto,
muitos não chegam a compreender e reconhecer sua identidade profunda (cf. Mt
13,55-58) e querem matá-lo (cf. Mt 12,14). A razão da resistência e rejeição
ao evangelho tem nome: incredulidade (13,58).
A dupla pergunta posta por Jesus aos os seus
discípulos (16,13-15) revela a consciência que Jesus tem dessa incompreensão
que atinge, inclusive, os discípulos.
O evangelho segundo João no-lo apresenta sem
rodeios: "Vós me procurais não porque vistes sinais, mas porque comestes
e ficastes saciados" (Jo 6,26).
A confissão de fé de Pedro ante a revelação de
Deus – fé sobre a qual a Igreja está fundada (vv. 16-18) – precisará passar
pelo crivo da paixão, morte e ressurreição do Senhor para poder ser vivida,
ou melhor, se tornar um modo de viver (cf. v. 21). O Messias que Jesus é não
é exatamente o que Pedro pensa ter encontrado (cf. vv. 22-23). Será
necessário um longo caminho para que ele e todos os discípulos cheguem a uma
conversão profunda, que atinja e ilumine a sua própria visão do Messias
prometido por Deus.
ORAÇÃO
Pai, faze-me conhecer a verdadeira identidade de teu Filho Jesus, para que,
no exercício da missão que me confiaste, eu possa torná-lo conhecido, de modo
correto.
3. CUIDADO COM A TENTAÇÃO
A tentação, na vida de Jesus, provinha também
de seus amigos mais íntimos. Por isso, ele se mantinha atento, tanto em
relação a seus inimigos declarados, quanto àqueles que estavam a seu redor.
Até de Pedro, Jesus teve de se precaver.
Este apóstolo reagiu forte, quando Jesus
anunciou seu destino de sofrimento, morte e ressurreição. Pedro desejava para
Jesus um futuro feito de glória e sucesso, não um fim trágico. Por isso,
sugeriu-lhe não nutrir pensamentos que não convinham à sua condição de
Messias.
A preocupação do apóstolo aparentemente dava
mostras de ser fruto de sua amizade sincera pelo Mestre. Todavia, Jesus não
pensava assim; antes, percebeu, imediatamente, na intervenção do discípulo, a
presença do tentador. Daí a dureza com que o tratou, chamando-o de Satanás,
pedra de tropeço, insensível para as coisas de Deus.
Se Jesus tivesse dado ouvido à sabedoria
humana de Pedro, teria sido infiel ao Pai. Não era possível realizar o modelo
de Messias glorioso, prescindindo da cruz, sem pactuar com projetos
contrários àqueles do Pai. O Mestre não estava disposto a escolher o caminho
da ambigüidade, servindo a dois senhores. Sua vida estava toda nas mãos do
Pai. Não seria um discípulo, mesmo o escolhido para ser líder da comunidade,
quem o desviaria de seu caminho.
Oração
Senhor Jesus, abre meus olhos, para eu detectar e rejeitar tudo quanto possa
me desviar do teu caminho.
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XVIII SEMANA DO TEMPO COMUM *
( VERDE – OFÍCIO DO DIA )
Antífona da entrada: Meus Deus, vinde libertar-me, apressai-vos, Senhor,
em socorrer-me. Vós sois o meu socorro e o meu libertador; Senhor, não
tardeis mais (Sl 69,2.6).
Leitura (Deuteronômio 4,32-40)
Leitura do livro do Deuteronômio.
Moisés falou ao povo, dizendo: 4 32
"Escuta os tempos que te precederam, desde o dia em que Deus criou o
homem na terra. Pergunta se houve jamais, de uma extremidade dos céus à
outra, uma coisa tão extraordinária como esta, e se jamais se ouviu coisa
semelhante.
33 Houve, porventura, um povo que, como tu, tenha ouvido a voz de Deus
falando do seio do fogo, sem perder a vida?
34 Algum deus tentou jamais escolher para si uma nação do meio de outra, por
meio de provas e de sinais, de prodígios e de guerras, com mão poderosa e
braço estendido, e de prodígios espantosos, como o Senhor, vosso Deus, fez
por vós no Egito diante de vossos olhos?
35 Tu foste testemunha de tudo isso para que reconheças que o Senhor é Deus,
e que não há outro fora dele.
36 Fez-te ouvir a sua voz do céu para a tua instrução, e na terra mostrou-te
o seu grande fogo, e o ouviste falar do meio das chamas.
37 Porque amou teus pais, e elegeu a sua posteridade depois deles, tirou-te
do Egito com a força de seu poder,
38 despojando em teu favor povos mais numerosos e mais robustos do que tu,
para introduzir-te em suas terras e dá-las a ti em herança, como estás vendo
hoje.
39 Sabe, pois, agora, e grava em teu coração que o Senhor é Deus, e que não
há outro em cima no céu, nem embaixo na terra.
40 Observa suas leis e suas prescrições que hoje te prescrevo, para que sejas
feliz, tu e teus filhos depois de ti, e prolongues teus dias para sempre na
terra que te dá o Senhor, teu Deus".
Salmo responsorial 76/77
Penso em vossas maravilhas, ó Senhor!
Recordando os grandes feitos do passado,
vossos prodígios eu relembro, ó Senhor;
eu medito sobre as vossas maravilhas
e sobre as obras grandiosas que fizestes.
São santos, ó Senhor, vossos caminhos!
Haverá deus que se compare ao nosso Deus?
Sois o Deus que operastes maravilhas,
vosso poder manifestastes entre os povos.
Com vosso braço redimistes vosso povo,
os filhos de Jacó e de José.
Como um rebanho conduzistes vosso povo
e o guiastes por Moisés e Aarão.
Aclamação do Evangelho
Aleluia, aleluia, aleluia.
Felizes os que são perseguidos por causa da justiça do Senhor, porque o reino
dos céus há de ser deles! (Mt 5,10)
EVANGELHO (Mateus 16,24-28)
16 24 Em seguida, Jesus disse a seus
discípulos: "Se alguém quiser vir comigo, renuncie-se a si mesmo, tome
sua cruz e siga-me.
25 Porque aquele que quiser salvar a sua vida, perdê-la-á; mas aquele que
tiver sacrificado a sua vida por minha causa, recobrá-la-á.
26 Que servirá a um homem ganhar o mundo inteiro, se vem a prejudicar a sua
vida? Ou que dará um homem em troca de sua vida?
27 Porque o Filho do Homem há de vir na glória de seu Pai com seus anjos, e
então recompensará a cada um segundo suas obras.
28 Em verdade vos declaro: muitos destes que aqui estão não verão a morte,
sem que tenham visto o Filho do Homem voltar na majestade de seu Reino".
COMENTÁRIOS DO EVANGELHO
1. Ser Discípulo
Este evangelho é sequência de Mateus 16,13 – 23,
refletido ontem, onde o Apóstolo Pedro deu aquela resposta linda e
maravilhosa e que mereceu de Jesus um belo elogio, Pedro é um homem iluminado
por Deus e por isso deu aquela resposta tão verdadeira e reveladora que
culminou com a sua nomeação para ser o Chefe dos Apóstolos e da sua Igreja,
ponto de ligação entre o Céu e a Terra.
Estaria tudo lindo e maravilhoso para os
discípulos se a história parasse por aí, porém, Jesus retoma as lições para a
prova final dos seus discípulos. A pedagogia de Jesus é perfeita, parece que
o Grupo, representado por Pedro, entendeu uma parte da lição, sobre a sua
identidade Messiânica, e agora é preciso avançar com as lições, subir para
outro nível aproveitando o momento.
Eles já sabem quem é Jesus, ele é o Cristo, o
Filho de Deus vivo, portanto, o Messias esperado. Haviam sido aprovados na
primeira avaliação. Agora Jesus começa a lição mais difícil: revelar a eles
como é que ele iria realizar a sua obra de Salvação. Eu imagino a cara dos
discípulos durante essa “aula” com o maior de todos os Mestres...
O Discipulado implica em renúncia a si mesmo,
e aceitação da cruz. Mais do que isso, o discipulado implica em um “Perder”.
Eis aí três palavras proibidas nos dias de hoje: Renúncia a si mesmo, aceitar
a cruz, e perder... Diante da expectativa de um Messias arrasador, vitorioso
e implacável com os seus inimigos, essa lição nova foi um balde de água fria
em cima dos discípulos. O mesmo acontece para quem sonha com num Cristianismo
sem sacrifícios e renúncias, sem calvário e sem cruz, parece que o homem dos
nossos tempos tornou-se especialista em arrancar Jesus da cruz, só se quer a
glória e o poder Divino, mas calvário e cruz, todo mundo quer BEM... Longe...
É bom compreendermos que Jesus não está
incentivando uma religião alienadora, vivida de maneira angelical, e que
despreza as coisas desse mundo. Nem é um incentivo para que o homem busque o
sofrimento, pois Deus não é masoquista. O sofrimento é consequência do Amor.
Quem ama verdadeiramente as pessoas, sofre com elas e por elas. Por acaso não
sofre uma Mãe que vê o seu Filho envolvido nas drogas ou na
delinquência? Esposa traída, mas que ama o seu marido e quer ficar ao
seu lado? O Filho que tem um Pai alcoólatra...
Em todos esses casos, quem ama de verdade não
arreda pé, não abandona o barco, não deixa a pessoa entregue a própria sorte,
mas luta, sofre, chora com o outro. Assim Jesus age para nos dar a
Salvação. Nãol desistiu mesmo quando percebeu que acabaria sozinho, traído e
negado pelos amigos, pela comunidade, que deveria ser a primeira a
reconhecê-lo e apoiá-lo, pela família que o achava um Louco. Mas o seu Amor
pela humanidade e a Fidelidade ao Pai, o levou a superar tudo isso.
O Nosso discipulado traz essas marcas da
paixão do Senhor em nossa vida, são marcas que comprovam que a Fé é
autêntica. A Cruz sempre será a nossa marca registrada, sinal de um Amor
grandioso, belo, gratuito e incondicional. Esse é o caminho de Jesus por onde
todos também caminhamos, ou deveríamos caminhar...
2. Deus é surpreendente
Na perícope precedente (Mt 16,13-23), depois
que Jesus anuncia sua paixão, morte e ressurreição, Pedro tenta dissuadir
Jesus de prosseguir o seu caminho: "Então Pedro o chamou de lado e
começou a censurá-lo: 'Deus não permita tal coisa, Senhor! Que isto nunca te
aconteça!'" (v. 22). Um Messias passar pela morte? Impensável! Mas Deus
é surpreendente. É preciso confiança para poder compreender seu caminho. Não
é que Pedro estivesse preocupado com o destino de Jesus. O anúncio da paixão
é frustrante para Pedro; o Messias que está diante dele não é o que ele
esperava ter encontrado. É que ele não pensa as coisas de Deus, mas as dos
homens.
Há uma condição imposta pelo Senhor para ser
seu discípulo: "Se alguém quer vir após mim, renuncie a si mesmo, tome
sua cruz e siga-me" (v. 24). Renunciar a si mesmo não é negar a própria
história, mas viver a sua existência nesse dinamismo de entrega a Deus e ao
próximo. Renunciar a si mesmo é optar por fazer o outro viver; é lutar contra
o instinto de preservação da própria vida. Renunciar a si mesmo é optar por
viver a vida de Deus, sem perder o que lhe é próprio; é viver o caminho de
Jesus como algo grandioso; é renunciar a todo tipo de egoísmo.
ORAÇÃO
Pai, dá-me a pobreza e a coragem necessárias para ser seguidor de teu Filho
Jesus e realizar obras que merecerão a recompensa divina.
3. RENUNCIAR A SI MESMO
O seguimento de Jesus exige do discípulo
renunciar a si mesmo e ser capaz de defrontar-se com a cruz, resultante desta
sua opção.
A renúncia de si mesmo predispõe o discípulo a
acolher a proposta de Jesus, sem subordiná-la aos seus projetos pessoais, e
sem privá-la daqueles elementos que não convém. O discípulo abraça a proposta
de Jesus, assim como ela é, sem adaptações. Para isto, precisa superar seu
comodismo e tudo quanto o impede de ser generoso.
Tomar a cruz significa assumir sua opção pelo
Reino até as últimas conseqüências, mesmo as mais dolorosas. A cruz do
discipulado não se identifica com um sofrimento ou com uma morte quaisquer.
Muito menos essa cruz é buscada por si mesma, numa atitude velada de
masoquismo. A cruz aparece na vida do discípulo quando, permanecendo fiel ao
Reino, ele não pactua com as solicitações do mal, a ponto de atrair sobre si
a ira de seus adversários. Ela resulta da fidelidade a Deus.
O discípulo reconhece estar em jogo, aqui, a
sua própria salvação. O alerta de Jesus é inequívoco: quem pretende
desviar-se da cruz, pensando, assim, poder salvar-se, coloca-se no caminho da
condenação; quem, pelo contrário, enfrenta a cruz por causa de Jesus,
encontrará a salvação. Por conseguinte, a sabedoria do discipulado passa pela
cruz.
Oração
Espírito de fidelidade ao Reino, torna-me capaz de viver a sabedoria da cruz,
sem deixar-me seduzir pelos apelos egoístas do meu coração.
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SÃO LOURENÇO - DIÁCONO E MÁRTIR
( VERMELHO,
GLÓRIA, PREFÁCIO DOS MÁRTIRES – OFÍCIO DA FESTA )
Antífona da entrada: São Lourenço entregou-se a si mesmo ao serviço da Igreja.
foi digno de sofrer o martírio e de subir com alegria para junto do Senhor
Jesus.
Leitura (2 Coríntios 9,6-10)
Leitura da segunda carta de são Paulo aos Coríntios.
Irmãos, 9 6 convém lembrar: "aquele que
semeia pouco, pouco ceifará. Aquele que semeia em profusão, em profusão
ceifará.
7 Dê cada um conforme o impulso do seu coração, sem tristeza nem
constrangimento. Deus ama o que dá com alegria".
8 Poderoso é Deus para cumular-vos com toda a espécie de benefícios, para que
tendo sempre e em todas as coisas o necessário, vos sobre ainda muito para
toda espécie de boas obras.
9 Como está escrito: Espalhou, deu aos pobres, a sua justiça subsiste para
sempre.
10 Aquele que dá a semente ao semeador e o pão para comer, vos dará rica
sementeira e aumentará os frutos da vossa justiça.
Salmo responsorial 111/112
Feliz o homem caridoso e prestativo.
Feliz o homem que respeita o Senhor
e que ama com carinho a sua lei!
Sua descendência será forte sobre a terra,
abençoada a geração dos homens retos!
Feliz o homem caridoso e prestativo,
que resolve seus negócios com justiça.
Porque jamais vacilará o homem reto,
sua lembrança permanece eternamente!
Ele não teme receber notícias más:
confiando em Deus, seu coração está seguro.
Seu coração está tranqüilo e nada teme,
e confusos há de ver seus inimigos.
Ele reparte com os pobres os seus bens,
permanece para sempre o bem que fez,
e crescerão a sua glória e seu poder.
Aclamação do Evangelho
Aleluia, aleluia, aleluia.
Aquele que me segue não caminha entre as trevas, mas terá a luz da vida (Jo
8,12).
Evangelho (João 12,24-26)
Naquele tempo, Jesus disse a seus discípulos:
12 24 "Em verdade, em verdade vos digo: se o grão de trigo, caído na
terra, não morrer, fica só; se morrer, produz muito fruto.
25 Quem ama a sua vida, perdê-la-á; mas quem odeia a sua vida neste mundo,
conservá-la-á para a vida eterna.
26 Se alguém me quer servir, siga-me; e, onde eu estiver, estará ali também o
meu servo. Se alguém me serve, meu Pai o honrará".
COMENTÁRIOS DO EVANGELHO
1. O Serviço que requer o Rebaixamento
A palavra Diakonia, do grego, que significa
servir, nasceu ainda em forma embrionária na Igreja primitiva, conforme
relato de Lucas em Atos 6. Muito pouco se fala no Novo Testamento dos sete
primeiros Diáconos da nossa Igreja, a não ser Estevão, o proto mártir, e
Felipe, que após a expulsão dos cristãos das sinagogas, saiu pregar na
Samaria e depois em outras regiões, inclusive sendo ele o grande articulador
do Cristianismo no mundo grego, pois neste evangelho de hoje é ele que conduz
os gregos até Jesus.
A Diakonia, que começou com o autêntico
espírito de serviço, foi passando por transformações no seio da igreja e
entre os séculos seguindo e terceiro, o Diácono era papel de destaque
enquanto principal colaborador do Bispo, que por aquele tempo era quem presidia
a “Fração do Pão”, ou em uma linguagem de hoje, só o Bispo é que celebrava
missa. E assim a diakonia, cada vez mais foi tendo destaque no serviço do
altar e na administração dos bens terrenos da Igreja e daí, a concorrência, a
busca de poder, contaminou o Diaconato que ao final do século IV despareceu
por completo da nossa Igreja.
Foi o Concílio Vaticano II que restaurou o
Diaconato Permanente fazendo com que a Diakonia fosse resgatada, deixando de
ser apenas um ministério transitório, para ser um Sinal Sacramental do
Serviço. O Diaconato Permanente é um Sinal Sacramental de todas as diakonias
presentes em nossas comunidades, não há distinção entre a diakonia leiga e a
do Diácono, uma supõe a outra, uma sinaliza e torna a outra autêntica em si
mesma.
O evangelho de hoje, portanto, aponta para
aquilo que é essencial no Diaconato: o morrer para si mesmo, esvaziar-se de
qualquer ambição, glória ou poder, servir com alegria, generosidade e grande
disposição. Morrer para si mesmo é não clericalizar-se em excesso, não fazer
questão de qualquer honraria ou distinção, por causa do ministério, morrer
para si mesmo é anunciar a Palavra e esquecer-se de si mesmo. Morrer para si
mesmo é não olhar para o Presbítero com um ar inferior, e nem tão pouco olhar
para o leigo com um ar superior.
Morrer para si mesmo é manter a serenidade em
toda e qualquer situação, é ser paciencioso e compreensivo com quem quer que
seja, é não fazer uso da sua autoridade clerical, para dominar, se impor, ou
obter qualquer benefício. Morrer para si mesmo é abrir mão de celebrações da
Palavra pomposas, onde se exalta o próprio ego, é priorizar as comunidades
pobres de bairros distantes, com as quais o Cristo a quem se serve, se
identifica mais.
Enfim, o Diaconato é um tesouro inestimável
pertencente ao Senhor, que se permite guardá-lo na insignificância dos
modestos vasos de barro, que são os nossos Diáconos. E que São Lourenço nos
ajude a todos quantos imerecidamente receberam esse Santo Sacramento, a
manter incólume tal tesouro, pertencente ao Senhor, e que refulge o seu maior
brilho no amor que se traduz em serviço, na Dimensão da Palavra, da Liturgia
e da Caridade, colunas mestras que dão sustentabilidade a toda e qualquer
Diakonia.
2. A paixão e morte de Jesus são para a vida
Jesus está em Jerusalém para a festa da
Páscoa. Aproxima-se o tempo da glorificação de Jesus: "Chegou a hora em
que este Homem será glorificado" (Jo 12,23). A glorificação de Jesus vai
se dar por sua paixão e morte. A imagem do grão de trigo ajuda a compreender
o caminho de glorificação de Jesus. Para produzir fruto, o grão de trigo tem
que cair na terra; esta queda na terra é a condição da fecundidade da semente.
A paixão e morte de Jesus, seu sofrimento e seu sepultamento, não são
estéreis, são para a vida. Aqui, em João, o grão é identificado com o próprio
Cristo, à diferença das parábolas do Reino dos céus (Mt 13,3ss), em que a
semente é identificada com a Palavra de Deus.
Com esta pequena parábola do grão de trigo que
cai na terra, Jesus dá sentido à sua paixão e morte: "... produz muito
fruto" (v. 20). o fruto de sua glorificação é a vida do mundo: "O
pão que eu darei é a minha carne para a vida do mundo" (Jo 6,51).
O que se espera do discípulo é sua
identificação com o Mestre: "O discípulo não é mais que o mestre, nem o
servo maior que o seu senhor; ao discípulo basta ser como o seu mestre, ao
servo como o seu senhor" (Mt 10,24-25). Esta identificação impõe ao
discípulo aceitar livremente a vida proposta por Jesus. Nesse sentido, o
caminho de glorificação de Jesus é o caminho para o discípulo que deve ser
caracterizado como servidor do Reino de Deus (cf. v. 26; Jo 13,12-15).
O discípulo atualiza e prolonga na história a
entrega de Cristo. A vida verdadeira está no desapego, inclusive no
desprendimento da própria vida. É o apego à vida que gera o medo de perdê-la.
A vida brota do grão de trigo que cai na terra. Esta entrega é fruto do amor:
"Ninguém tem maior amor do que aquele que dá a vida por seus
amigos" (Jo 15,13).
ORAÇÃO
Senhor Jesus, a vida jorrou abundante de tua fidelidade até à morte de cruz.
Possa eu beneficiar-me desta plenitude de vida.
3. Para dar Vida o grão tem que morrer
Após sua entrada em Jerusalém, com a acolhida
entusiástica da multidão de peregrinos que também vinham à cidade, Jesus
anuncia que é chegada a hora de sua glorificação pelo seu cumprimento fiel da
vontade do Pai, até o fim, sem temor das ameaças de morte que sobre ele
pairavam.
Os Evangelhos sinóticos narram a parábola da
semente que cai na terra, germina e dá frutos. João usa a mesma imagem. O
grão que não morre fica só. É o individualismo e o terror da solidão. O grão,
para multiplicar-se em novos frutos, tem que cair na terra e morrer.
É a comunicação, a fraternidade e o serviço à
vida. A morte não é o último ato isolado da existência, mas é o termo de uma
vida devotada ao amor. Apegar-se à vida é querer afirmá-la em conformidade
com os critérios da ideologia de sucesso deste mundo sob controle dos
poderosos, agentes da morte lenta ou violenta. Guardar a vida na vida eterna
supõe o desprezo desta ideologia de sucesso e poder, que impõe a submissão
pelo temor.
Quem não teme a própria morte está livre para
colocar-se totalmente a serviço da vida. O seguimento de Jesus se faz com o
dom total de si mesmo, a favor da vida. Assim se estará onde Jesus estiver,
junto ao Pai, na união do eterno Amor.
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Liturgia do
Domingo 11.08.2013
19º Domingo do Tempo Comum ANO C
( VERDE, GLÓRIA, CREIO – III SEMANA DO
SALTÉRIO )
__ "Não durmam! Fiquem vigilantes!" __
AGOSTO — MÊS VOCACIONAL - Segunda Semana:
VOCAÇÃO PARA A VIDA EM FAMÍLIA
ATENÇÃO ESPECIAL AOS PAIS: ABERTURA DA SEMANA NACIONAL DA FAMÍLIA
Ambientação:
Sejam bem-vindos amados irmãos e irmãs!
INTRODUÇÃO DO FOLHETO DOMINICAL PULSANDINHO: Estamos iniciando a Semana Nacional da Família,
com o objetivo de mobilizar toda a sociedade a refletir, redescobrir e
promover os verdadeiros valores humanos e cristãos da família. Neste ano, com
o tema "Transmissão e Educação da Fé Cristã na Família", a Igreja
nos convida a olhar para a família como um lugar privilegiado para vivencia
do amor, da esperança e da fé, valorizando este grande tesouro que é a nossa
família. Celebrando, hoje, o dia dos pais, queremos trazer a presença de São
José como pai terreno de Jesus e, por conseguinte, como modelo de vocação;
pois foi fiel a Deus, cumprindo sua missão de pai amoroso e educador. Nesta
Eucaristia, queremos render graças a Deus pela nossa família, e pedir que
afaste de nós o perigo da busca exagerada de bens materiais que nos impede de
buscar o Reino e de viver o Evangelho de forma vigilante.
INTRODUÇÃO DO FOLHETO DOMINICAL O POVO DE
DEUS: Celebremos o Dia do Senhor rezando
por todas as famílias, cuja vocação é ressaltada no segundo domingo do mês
vocacional. Neste sentido, estamos celebrando a Semana da Família na
Arquidiocese de São Paulo, para valorizar a importância da vocação à vida
familiar como um serviço a Deus e ao mundo.
INTRODUÇÃO DO WEBMASTER: Em sua reflexão moral, o homem sempre considerou a
riqueza, o possuir, um perigo de alienação. Em toda a história do pensamento
e das religiões há um apelo ao desapego dos bens materiais, visando à
libertação e à realização da pessoa. A pobreza evangélica não está nessa
linha: não a nega, mas a transcende. A pobreza evangélica é consequência da
fé em Jesus e no advento do reino de Deus. Jesus quis ser pobre e pregou a
pobreza não só como libertação espiritual ou moral, mas como condição da
encarnação redentora, passagem necessária para a ressurreição e preparação
para a sua volta.
Sintamos em nossos corações a alegria do Amor
ao Próximo e entoemos alegres cânticos ao Senhor!
XIX DOMINGO DO TEMPO COMUM
Pobreza Voluntária. Sinal do Reino.
Antífona da entrada: Considerai, Senhor, vossa aliança e não abandoneis para
sempre o vosso povo. Levantai-vos, Senhor, defendei vossa causa e não
desprezeis o clamor de quem vos busca (Sl 73,20.19.22s).
Comentário das Leituras: Jesus nos aconselha a ter apenas o necessário para
viver, sem acumular riquezas. Portanto, acolhemos com fé, esperança e
obediência a sua Palavra e nos esforcemos para vivê-la na busca do tesouro
inesgotável nos céus onde a traça não corrói. A vigilância é a atitude da
oração cristã. Ouçamos com atenção.
Primeira Leitura (Sabedoria 18,6-9)
Leitura do livro da Sabedoria.
18 6 Esta mesma noite tinha sido conhecida de
antemão por nossos pais, para que, conhecendo bem em que juramentos
confiavam, ficassem cheios de coragem.
7 Assim vosso povo esperava tanto a salvação dos justos como a perdição dos
ímpios,
8 e pelo mesmo fato de terdes destruído nossos inimigos, vós nos convidastes
a ser vossos e nos honrastes.
9 Por isso, os santos filhos dos justos ofereciam secretamente um sacrifício;
de comum acordo estabeleciam o pacto divino: que os santos participariam dos
mesmos bens e correriam os mesmos perigos; e entoavam já os hinos de seus
pais.
Salmo responsorial 32/33
Feliz o povo que o Senhor escolheu por sua
herança!
Ó justos, alegrai-vos no Senhor!
Aos retos fica bem glorifica-lo.
Feliz o povo cujo Deus é o Senhor
e a nação que escolheu por sua herança!
Mas o Senhor pousa o olhar sobre os que o
temem
e que confiam, esperando em seu amor,
para da morte libertar as suas vidas
e alimentá-los quando é tempo de penúria.
No Senhor nós esperamos confiantes,
porque ele é nosso auxílio e proteção!
Sobre nós venha, Senhor, a vossa graça,
da mesma forma que em vós nós esperamos!
Segunda Leitura (Hebreus 11,1-2.8-19)
Leitura da carta aos Hebreus.
11 1 A fé é o fundamento da esperança, é uma
certeza a respeito do que não se vê.
2 Foi ela que fez a glória dos nossos, antepassados.
8 Foi pela fé que Abraão, obedecendo ao apelo divino, partiu para uma terra
que devia receber em herança. E partiu não sabendo para onde ia.
9 Foi pela fé que ele habitou na terra prometida, como em terra estrangeira,
habitando aí em tendas com Isaac e Jacó, co-herdeiros da mesma promessa.
10 Porque tinha a esperança fixa na cidade assentada sobre os fundamentos
(eternos), cujo arquiteto e construtor é Deus.
11 Foi pela fé que a própria Sara cobrou o vigor de conceber, apesar de sua
idade avançada, porque acreditou na fidelidade daquele que lhe havia
prometido.
12 Assim, de um só homem quase morto nasceu uma posteridade tão numerosa como
as estrelas do céu e inumerável como os grãos de areia da praia do mar.
13 Foi na fé que todos (nossos pais) morreram. Embora sem atingir o que lhes
tinha sido prometido, viram-no e o saudaram de longe, confessando que eram só
estrangeiros e peregrinos sobre a terra (Gn 23,4).
14 Dizendo isto, declaravam que buscavam uma pátria.
15 E se se referissem àquela donde saíram, ocasião teriam de tornar a ela...
16 Mas não. Eles aspiravam a uma pátria melhor, isto é, à celestial. Por
isso, Deus não se dedigna de ser chamado o seu Deus; de fato, ele lhes
preparou uma cidade.
17 Foi pela sua fé que Abraão, submetido à prova, ofereceu Isaac, seu único
filho,
18 depois de ter recebido a promessa e ouvido as palavras: Uma posteridade
com o teu nome te será dada em Isaac (Gn 21,12).
19 Estava ciente de que Deus é poderoso até para ressuscitar alguém dentre os
mortos. Assim, ele conseguiu que seu filho lhe fosse devolvido. E isso é um
ensinamento para nós!
Aclamação do Evangelho
Aleluia, aleluia, aleluia.
É preciso vigiar e ficar de prontidão; em que dia o Senhor há de vir não
sabeis, não! (Mt 24,42.44)
EVANGELHO (Lucas 12,32-48)
12 32 Disse Jesus: "Não temais, pequeno
rebanho, porque foi do agrado de vosso Pai dar-vos o Reino.
33 Vendei o que possuís e dai esmolas; fazei para vós bolsas que não se
gastam, um tesouro inesgotável nos céus, aonde não chega o ladrão e a traça
não o destrói.
34 Pois onde estiver o vosso tesouro, ali estará também o vosso coração.
35 Estejam cingidos os vossos rins e acesas as vossas lâmpadas.
36 Sede semelhantes a homens que esperam o seu senhor, ao voltar de uma
festa, para que, quando vier e bater à porta, logo lha abram.
37 Bem-aventurados os servos a quem o senhor achar vigiando, quando vier! Em
verdade vos digo: cingir-se-á, fá-los-á sentar à mesa e servi-los-á.
38 Se vier na segunda ou se vier na terceira vigília e os achar vigilantes,
felizes daqueles servos!
39 Sabei, porém, isto: se o senhor soubesse a que hora viria o ladrão,
vigiaria sem dúvida e não deixaria forçar a sua casa.
40 Estai, pois, preparados, porque, à hora em que não pensais, virá o Filho
do Homem".
41 Disse-lhe Pedro: "Senhor, propões esta parábola só a nós ou também a
todos?"
42 O Senhor replicou: "Qual é o administrador sábio e fiel que o senhor
estabelecerá sobre os seus operários para lhes dar a seu tempo a sua medida
de trigo?
43 Feliz daquele servo que o senhor achar procedendo assim, quando vier!
44 Em verdade vos digo: confiar-lhe-á todos os seus bens.
45 Mas, se o tal administrador imaginar consigo: 'Meu senhor tardará a vir',
e começar a espancar os servos e as servas, a comer, a beber e a
embriagar-se,
46 o senhor daquele servo virá no dia em que não o esperar e na hora em que
ele não pensar, e o despedirá e o mandará ao destino dos infiéis.
47 O servo que, apesar de conhecer a vontade de seu senhor, nada preparou e
lhe desobedeceu será açoitado com numerosos golpes.
48 Mas aquele que, ignorando a vontade de seu senhor, fizer coisas
repreensíveis será açoitado com poucos golpes. Porque, a quem muito se deu,
muito se exigirá. Quanto mais se confiar a alguém, dele mais se há de
exigir".
LEITURAS DA SEMANA DE 12 a 18 de Agosto de 2013:
2ª Vd - Dt 10,12-22; Sl 147(147b); Mt 17,22-27
3ª Vm - Dt 31,1-8; Dt 32,3-4a.7.8.9 e 12; Mt 18,1-5.10.12-14
4ª Vd - Dt 34,1-12; 65(66); Mt 18,15-20
5ª Vd - Js 3,7-10a.11.13-17; Sl 113a(114); Mt 18,21 - 19,1
6ª Vd - Js 24,1-13; Sl 135(136); Mt 19,3-12
Sb Vd - Js 24,14-29; Sl 15(16); Mt 19,13-15
20º DTC Br - ASSUNÇÃO DE NOSSA SENHORA, solenidade.
Ap 11,19a; 12,1.3-6a.10ab; Sl 44 (45); 1Cor 15,20-27a; Lc 1,39-56 (Cântico de
Maria)
COMENTÁRIOS DO EVANGELHO
1. Estejam Preparados
Todos sabemos que em uma competição sempre
vence a equipe melhor preparada, a que treinou mais, se dedicou mais aos
exercícios, aprimorou o condicionamento físico, consumiu alimentação
balanceada, não fez extravagâncias, dormiu cedo e acordou cedo. Em uma equipe
profissional os atletas são submetidos a uma disciplina rígida e que por isso
mesmo, requer deles desapegos e renúncias. De vez em quando aparece no grupo
um mau atleta que sai de noite para ir para a “Gandaia”, esses não tem futuro
e logo a sua má fama será do conhecimento de todas as equipes.
Participar do Reino de Deus não é muito
diferente da vida de um atleta dedicado e que leva a sério sua missão e seu
trabalho. A primeira condição é não ter medo. Imaginem um atleta ter medo de
entrar em campo porque o adversário é muito forte. O Cristão deve ser
destemido, principalmente no confronto com as forças do mal, pois o projeto é
de Deus e o Reino a ele pertence.
Em segundo lugar fala do tesouro no Céu, para
alertar que, o Cristão nunca pode perder o Foco da sua missão e do seu
objetivo. Ele não luta por coisas efêmeras que passam, não são essas coisas
ilusórias que devem nortear a sua caminhada, seu modo de pensar e de agir,
mas sim as coisas do alto, valores que são uma fortuna e um tesouro
incalculável, perto das “quinquilharias” que muitas vezes em nossa jornada
corremos atrás, desviando nossa atenção do foco principal que é o Reino.
Depois o evangelho fala dos imprevistos que
podem ocorrer na missão onde ninguém pode fazer “corpo mole”. Imaginem um
atleta que só “enrola”, não treina, não faz exercícios físicos, não se
prepara, achando que basta entrar em campo e fazer o trivial. Os treinamentos
são justamente para que o atleta supere qualquer marca e exceda as
expectativas. Há cristãos que não vigiam, isso é, se acomodam em uma Vida de
Fé que não exige muito esforço. Time que entra em campo na condição de
Favorito, muitas vezes “pipoca” e acaba surpreendido pelo adversário, por
excesso de confiança. Assim também os Cristãos que se julgam já salvos,
justos, perfeitos, não precisam fazer muita coisa pois afirmam que têm o
Galhardão garantido. Quanto engano!
E finalmente uma palavra chave que aparece no
final do evangelho, diante da pergunta de São Pedro, se o assunto era só com
eles ou para todos. É a Palavra Administrar, estar á frente, ser o
responsável diante das pessoas. Pode ser uma comunidade ou uma Família, uma
equipe, uma pastoral. Não importa. O Cristão que descobriu a sua missão de
evangelizar e ser testemunho no mundo recebe a Graça de Deus e deve
administrá-la com toda responsabilidade, empenho e eficácia, dando sempre o
melhor de si para beneficiar aos outros.
A Graça se expande, motiva, alimenta, renova
as pessoas com quem o cristão interage e se relaciona. Produzo essa reflexão
nos dias em que está ocorrendo a JMJ em nosso País e fico pensando em nosso
Administrador Sábio e Fiel que é o Papa Francisco, que poderia ficar
acomodado no Vaticano sem expor-se á riscos na visita as Nações, no confronto
com os poderosos deste mundo, que muitas vezes são contrários aos
ensinamentos do Evangelho.
Fazer-se pequeno para poder melhor servir,
parece ser este o lema do Papa Francisco, é esse o perfil do Rebanho que
Jesus envia no evangelho de hoje. Aos pequenos ele confia o seu tesouro. Tal
qual o atleta que citamos ao início, quanto mais fizermos e irmos fundo nessa
experiência com Jesus, mais agraciados seremos.
2. O Reino de Deus é o tesouro!
O Senhor sobe para Jerusalém. Não nos
esqueçamos de que a subida tem uma função didática: enquanto sobe para a sua
morte (cf. Lc 9,51), Jesus ensina e instrui os discípulos. Subindo para sua
morte ele vai, por seus gestos e palavras, semeando a vida.
É bastante provável que o "atraso da
parúsia" tenha criado na comunidade cristã primitiva um clima de
desânimo e de laxismo. Isto pode ser verificado pela insistência e pelo
espaço que o tema da vigilância ocupa no relato (vv. 35.40.43). Nosso texto é
constituído por uma série de conselhos que Jesus dá aos discípulos;
compreenda-se que eram os responsáveis pela vida da comunidade.
Trata-se de agir em conformidade com a vontade
de Deus – isto é o essencial para a comunidade cristã. A história, nosso
caminho para a pátria celeste, é o lugar do testemunho dos cristãos.
Antes de tudo é preciso ter presente que o
Reino é dom de Deus e que, por isso mesmo, ninguém pode tirá-lo ou se
apropriar dele como sendo seu. Daí que não há o que temer.
Da comunidade é exigido não se dispersar, nem
ser assimilada pelos bens terrenos, mas viver o valor fundamental de sua
vocação: buscar o Reino de Deus. Este é o seu tesouro! Esta busca exige
"vigilância" e, como toda busca, empenho para buscar, encontrar e
realizar a vontade de Deus.
A comunidade cristã deve ser caracterizada
pela disponibilidade cultivada pela iluminação da Palavra de Deus:
"Ficai de prontidão, com o cinto amarrado e as lâmpadas acesas" (v.
35). O Senhor vem continuamente ao encontro do seu povo. A imprevisibilidade
desse encontro exige a atitude religiosa da vigilância. É ela que possibilita
viver a expectativa e o desejo permanentes desse encontro vital para a vida e
o testemunho cristão.
ORAÇÃO
Espírito de prontidão, que eu esteja em contínuo alerta, à espera do Senhor
que vem, libertando meu coração do apego exagerado aos bens deste mundo.
3. CONVITE A PERMANECER ALERTA
A longa espera do Senhor poderia ter como
efeito, no coração do discípulo, a lassidão. E, com ela, o risco de agir em
total desconformidade com o projeto do Reino. Daí a importância da exortação
de Jesus.
A maneira conveniente de esperar o Senhor
consiste em desapegar-se dos bens deste mundo, buscando apenas o tesouro
inesgotável no céu, que está a salvo da ação dos ladrões e das traças. A
maneira prática de desfazer-se das coisas desnecessárias, às quais o coração
se apega, resume-se em vendê-las e dá-las aos pobres.
O Evangelho alerta para o risco da posse
avarenta de bens. Agindo assim, o discípulo desloca o centro de seus
interesses do Reino para os bens materiais. E, com isso, torna-se
despreparado para o encontro com o Senhor. Seu coração não estará no Reino, e
sim nos bens acumulados. É atitude insensata de quem desconhece a hora em que
virá o Senhor.
O discípulo que permanece de prontidão
predispõe-se para encontrar o Senhor, qualquer que seja a hora em que ele
chegue. Quem age assim, é chamado de "bem-aventurado", pois
experimentará a alegria de ser acolhido pelo Senhor que vem. Por conseguinte,
nada de se deixar seduzir pelas riquezas, a ponto de se esquecer desse
encontro com ele.
Oração
Espírito de prontidão, mantém-me em contínuo alerta, à espera do Senhor que
vem, libertando meu coração do apego exagerado aos bens deste mundo.
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