Liturgia da Segunda Feira — 15.07.2013
SÃO BOAVENTURA - BISPO E DOUTOR
( BRANCO, PREFÁCIO COMUM OU DOS PASTORES – OFÍCIO DA MEMÓRIA )
Antífona da entrada: O justo medita a sabedoria e sua
palavra ensina a justiça, pois traz no coração a lei de seu Deus (Sl 36,30s).
Leitura (Êxodo 1,8-14.22)
Leitura do livro do Êxodo.
Naqueles dias, 1 8 subiu ao trono do Egito um novo rei, que não tinha
conhecido José.
9 Ele disse ao seu povo: "Vede: os israelitas tornaram-se numerosos e fortes demais para nós. 10 Vamos! É preciso tomar precaução contra eles e impedir que se multipliquem, para não acontecer que, sobrevindo uma guerra, se unam com os nossos inimigos e combatam contra nós, e se retirem do país". 11 Estabeleceu, pois, sobre eles, feitores para acabrunhá-los com trabalhos penosos: eles construíram para o faraó as cidades de Pitom e Ramsés, que deviam servir de entreposto. 12 Quanto mais os acabrunhavam, porém, tanto mais eles se multiplicavam e se espalhavam, a ponto de os egípcios os aborrecerem. 13 Impunham-lhes a mais dura servidão, 14 e amarguravam-lhes a vida com duros trabalhos na argamassa e na fabricação de tijolos, bem como com toda sorte de trabalhos nos campos e todas as tarefas que se lhes impunham tiranicamente. 22 Então o faraó deu esta ordem a todo o seu povo: "Todo menino que nascer, atirá-lo-eis ao Nilo. Deixareis, porém, viver todas as meninas".
Salmo responsorial 123/124
Nosso auxílio está no nome do Senhor.
Se o Senhor não estivesse ao nosso lado,
que o diga Israel neste momento; se o Senhor não estivesse ao nosso lado quando os homens investiram contra nós, com certeza nos teriam devorado no furor de sua ira contra nós.
Então as águas nos teriam submergido,
a correnteza nos teria arrastado e, então, por sobre nós, teriam passado essas águas sempre mais impetuosas. Bendito seja o Senhor, que não deixou cairmos como presa de seus dentes!
Nossa alma como um pássaro escapou
do laço que lhe armara o caçador; o laço arrebentou-se de repente, e assim nós conseguimos libertar-nos. O nosso auxílio está no nome do Senhor, do Senhor que fez o céu e fez a terra!
Aclamação do Evangelho
Aleluia, aleluia, aleluia.
Felizes os que são perseguidos por causa da justiça do Senhor, porque o reino dos céus há de ser deles! (Mt 5,10) EVANGELHO (Mateus 10,34-11,1)
Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos: 10 34 "Não
julgueis que vim trazer a paz à terra. Vim trazer não a paz, mas a
espada.
35 Eu vim trazer a divisão entre o filho e o pai, entre a filha e a mãe, entre a nora e a sogra, 36 e os inimigos do homem serão as pessoas de sua própria casa. 37 Quem ama seu pai ou sua mãe mais que a mim, não é digno de mim. Quem ama seu filho mais que a mim, não é digno de mim. 38 Quem não toma a sua cruz e não me segue, não é digno de mim. 39 Aquele que tentar salvar a sua vida, perdê-la-á. Aquele que a perder, por minha causa, reencontrá-la-á. 40 Quem vos recebe, a mim recebe. E quem me recebe, recebe aquele que me enviou. 41 Aquele que recebe um profeta, na qualidade de profeta, receberá uma recompensa de profeta. Aquele que recebe um justo, na qualidade de justo, receberá uma recompensa de justo. 42 Todo aquele que der ainda que seja somente um copo de água fresca a um destes pequeninos, porque é meu discípulo, em verdade eu vos digo: não perderá sua recompensa". 11 1 Após ter dado instruções aos seus doze discípulos, Jesus partiu para ensinar e pregar nas cidades daquela região.
COMENTÁRIOS DO EVANGELHO
1. Como entender esta afirmação de Jesus?
O leitor menos preparado poderá chocar-se com essa expressão colocada
pelo evangelista São Mateus, onde Jesus diz “Não julgueis que vim trazer a
paz á terra. Vim trazer não a paz, mas a espada”. Que negócio é esse? Então,
Jesus o Filho de Deus, todo amor e misericórdia, a maior bondade, perfeição e
santidade que o ser humano já viu, não veio trazer a paz, mas a espada? Será
que São Mateus não se equivocou e entendeu errado o que Jesus falou? Vai ver
que ele falou que veio trazer a Paz e não a espada...
A espada é uma arma conhecidíssima dos Judeus para quem Mateus escreve
o seu evangelho, ela não só penetra, mas também corta, a morte por
degolamento era comum nas contendas. Ela separa uma coisa da outra e provoca
divisão... O que Jesus ensina nesse evangelho é a opção radical que o
discípulo deverá fazer á seu favor. Jesus não quer disputar o primeiro lugar
e a preferência de todos em nossas relações afetivas, isso nem está em
discussão nesse evangelho.
Há pessoas de grande carência afetiva que dependem totalmente da
relação com os outros, para ser feliz e sentir-se realizado nesta vida.
Precisam constantemente de manifestações de carinho e afeto, querem sempre
ser lembradas, ser o centro das atenções e na relação com os entes queridos
ou na própria comunidade, sempre buscam isso e quando lhes falta essa atenção
dos outros, sentem –se sozinhas, tristes e infelizes.
Jesus fala de algo que não interfere absolutamente nas relações
afetivas, ao contrário, lhes dá um novo significado. Quando abraçamos o
discipulado com lealdade e sinceridade, colocando o Evangelho de Cristo como
a verdade absoluta em nosso viver, tudo se torna diferente em nossas atitudes
e procedimentos. Estaremos tão ocupados em amar e servir os outros que não
teremos tempo para buscar nossos interesses e nossas neuroses pois estaremos
livres.
Tomar a cruz e seguir Jesus é deixar todas as nossas conveniências e
interesses para trás, renúncias e desapegos sempre trazem desafios e
sofrimentos pois muitas vezes renunciamos até a vida, e os prazeres que
ela nos oferece. Mas essas perdas, que aos olhos do mundo nos dão prejuízo,
representam na verdade um Ganho da Vida Verdadeira que Jesus nos oferece.
2. Nenhum laço afetivo pode ser obstáculo para o seguimento de Jesus
Cristo.
A lealdade a Jesus e a decisão de segui-lo estão acima de qualquer
lealdade e de qualquer outra decisão. Jesus é "o fazedor de paz"
(Mt 5,9); ele não promove a guerra nem sequer a discórdia. A sua mensagem é
que suscita a hostilidade daqueles que a rejeitam. Os discípulos devem
comunicar a paz por onde andarem, mesmo sendo enviados "como ovelhas para
o meio dos lobos" (v. 16). Por vezes os inimigos serão os próprios
familiares (v. 36).
Nenhum laço afetivo deve preceder ao amor por Jesus, pois este é o
fundamento e a inspiração de todo amor plenamente humano. Nenhum laço afetivo
pode ser obstáculo para o seguimento de Jesus Cristo.
A vida do discípulo, a exemplo da do Mestre, não está na defesa de
seus próprios interesses e privilégios, mas na entrega generosa de toda a
vida ao Senhor: "… e quem perder sua vida por causa de mim a
encontrará" (v. 39). A identificação do discípulo com o Mestre deve ser
tal, que acolher o discípulo é acolher o próprio Senhor. O discípulo é
representante de Cristo e portador de sua mensagem, assim como Cristo o é do
Pai: "… não venho por mim mesmo, foi o Pai que me enviou" (Jo
8,41).
ORAÇÃO
Pai, robustece minha adesão a teu Reino, levando-me a pautar por ele todo meu agir e a atrair para ti quem optou pelo caminho da maldade e do egoísmo.
3. NÃO A PAZ, MAS A ESPADA!
A afirmação de Jesus a respeito de sua missão soa estranha. Qual terá
sido a sua intenção ao declarar: "Não vim trazer a paz, e sim a
espada"? Como combinar esta declaração com a bem-aventurança relativa
aos construtores da paz?
As palavras de Jesus visam dirimir um mal-entendido. O alerta:
"Não pensem que ..." pressupõe que circulavam interpretações
equivocadas sobre a sua missão. Muitos tinham-no na conta de um Messias
pacificador, que haveria de instaurar o shalom em Israel, um tempo de
bem-estar e prosperidade, obtida pelo aniquilamento de todos os adversários
da nação, e pela recuperação da liberdade desde há muito perdida.
O caminho de Jesus é outro. Seu ministério terá como resultado criar
uma grande divisão no seio da humanidade. Ou melhor, explicitar uma cisão que
está latente, velada por um falso irenismo que encobre as maldades e as
injustiças, impossibilitando a concretização do Reino na história humana:
quem pertence e quem não pertence ao Reino.
Uma vez concretizada a divisão, aí sim, saber-se-á quem aderiu ao
Reino e se dispõe a tomá-lo como parâmetro das próprias ações, e quem resiste
a submeter-se à sua dinâmica. Então caberá aos discípulos do Reino,
reconciliados entre si, buscar atrair quem optou pelo caminho contrário.
O ideal de Jesus é ver toda a humanidade reconciliada, mas sobre bases
verdadeiras!
Oração
Pai, robustece minha adesão a teu Reino, levando-me a pautar por ele todo meu agir e a atrair para ti quem optou pelo caminho da maldade e do egoísmo. |
NOSSA SENHORA DO CARMO
( BRANCO, GLÓRIA, PREFÁCIO DE MARIA – OFÍCIO DA FESTA )
Antífona da entrada: Salve, ó santa mãe de Deus, vós destes à
luz o rei, que governa o céu e a terra pelos séculos eternos.
Leitura (Zacarias 2,14-17)
Leitura da profecia de Zacarias.
2 14 "Solta gritos de alegria,
regozija-te, filha de Sião. Eis que venho residir no meio de ti - oráculo do
Senhor.
15 Naquele dia se achegarão muitas nações ao Senhor, e se tornarão o meu povo: habitarei no meio de ti, e saberás que fui enviado a ti pelo Senhor dos exércitos. 16 O Senhor possuirá Judá como seu domínio, e Jerusalém será de novo (sua cidade) escolhida. 17 Toda criatura esteja em silêncio diante do Senhor: ei-lo que surge de sua santa morada"..
Salmo responsorial Lc 1
O Poderoso fez por mim maravilhas
e santo é o seu nome.
A minha alma engrandece ao Senhor
e se alegrou o meu espírito em Deus, meu salvador.
Pois ele viu a pequenez de sua
serva,
desde agora as gerações hão de chamar-me de bendita. O Poderoso fez por mim maravilhas e santo é o seu nome!
Seu amor, de geração em geração,
chega a todos os que o respeitam. Demonstrou o poder de seu braço, dispersou os orgulhosos.
Derrubou os poderosos de seus
tronos
e os humildes exaltou. De bens saciou os famintos e despediu, sem nada, os ricos.
Acolheu Israel, seu servidor,
fiel ao seu amor, como havia prometido aos nossos pais, em favor de Abraão e de seus filhos para sempre.
Aclamação do Evangelho
Aleluia, aleluia, aleluia.
Feliz quem ouve e observa a palavra de Deus! (Lc 11,28) EVANGELHO (Mateus 12,46-50)
12 46 Jesus falava ainda à
multidão, quando veio sua mãe e seus irmãos e esperavam do lado de fora a
ocasião de lhe falar.
47 Disse-lhe alguém: "Tua mãe e teus irmãos estão aí fora, e querem falar-te". 48 Jesus respondeu-lhe: "Quem é minha mãe e quem são meus irmãos?" 49 E, apontando com a mão para os seus discípulos, acrescentou: "Eis aqui minha mãe e meus irmãos. 50 Todo aquele que faz a vontade de meu Pai que está nos céus, esse é meu irmão, minha irmã e minha mãe".
COMENTÁRIOS DO EVANGELHO
1. Por que achavam que Jesus era
Louco...
Neste evangelho, os parentes de
Jesus, sua Mãe e seus irmãos, nos diz o texto, foram à sua procura, pois
queriam levá-lo de volta a casa. Havia um consenso de que ele estivesse
louco, falando e fazendo coisas sem o saber.
Jesus era uma ameaça constante á
estrutura do templo, pois quebrava todas as regras e normas religiosas
excludentes, curava as pessoas de todas as suas enfermidades, e a pessoa nãom
precisava oferecer sacrifício algum pela sua cura. Como a Medicina não estava
avançada e as doenças ou enfermidades psicossomáticas eram muitas, a
clientela do templo era bem numerosa e as ofertas tinham que ser feitas, nem
que fossem rolinhas e pombinhos, para os mais pobres, todos eram tarifados.
Era uma forma de se obter a “pureza” institucionalizada. Quem ganhava com isso?
A casta sacerdotal, que era em sua maioria Latifundiários proprietários doa
animais, vendidos aos cambistas, que os revendiam por um alto preço nas
portas do templo, e os sacerdotes ganhavam duas vezes, na venda para o
atravessador e depois na oferta, onde uma boa parte lhes pertencia, segundo a
lei.
Ora, se eu sou beneficiado com um
negócio assim, altamente lucrativo, qualquer pessoa que interferir nesse
sistema, tirando a clientela, vou fazer de tudo para tirá-lo de circulação,
daí taxaram de Jesus de Louco, e com certeza pressionaram seus familiares
sobre os riscos que ele estava correndo, por mexer em um Vespeiro, quando
tornava menos lucrativo o negócio dos poderosos.
Agora fica fácil compreender a
reação de Jesus diante da comunidade, quando alguém o comunica que sua mãe e
seus irmãos estavam fora e queriam falar-lhe. Os que se deixam levar pelos
orientações dos poderosos desse mundo, não pertencem á Cristo, não são
portanto, sua Mãe e seus irmãos, uma vez que, não é sistema religioso que
garante a salvação, mas trata-se de um Dom oferecido a todos os homens
através de Jesus Cristo.
A partir de agora Jesus estabelece
laços fortes na união dos Homens com Deus, quem ouvir a sua Palavra e
seguir seus ensinamentos, procurando fazer a Vontade de Deus, que quer a Vida
para todos, este sim tem com ele intimidade, está com ele em sintonia, esse
sim pode ser chamado de “sua Família” sua Mãe e seus irmãos. Não dá para
pertencer a Cristo, mas viver segundo a vontade do mundo ditada por um
sistema que se omite diante de injustiças e desigualdades, e que decreta a
morte do mais pobre. Quem concorda ou se omite diante dessa estrutura social
injusta, não pode e nem deve apresentar-se como cristão...
É bom também deixar claro que, “A
Mãe de Jesus” aqui citada, pode ser ou não Maria de Nazaré, pois Mãe era um
termo aplicado a uma Matriarca de várias famílias, que seria a Bisavó ou
Tataravó. Então há aqui duas vertentes, primeiro, Maria de Nazaré não
era uma super mulher que sabia tudo sobre o Filho, então que ninguém se
escandalize, se historicamente fosse ela de fato, ali junto com os parentes
de Jesus, pois, que mãe não se preocuparia se viessem lhe dizer que as
atividades do seu filho o estão pondo em perigo? Segundo, é pouco provável
que se tratasse de Maria a Mãe de Jesus, e nesse caso, Maria está do lado de
dentro, isso é, ela faz parte da comunidade nova, fundada por Jesus, e que
tem uma relação diferente com Deus, aliás, ela é a primeira cristã, a
primeira discípula, pela Fidelidade á Vontade Divina...
2. Sem se deixar tocar por ele,
tudo parece loucura.
O texto nos lembra do final do
longo discurso sobre a montanha (5,7): "Nem todo aquele que me diz:
'Senhor!, Senhor!', entrará no Reino dos Céus, mas o que fez a vontade do meu
Pai que está nos Céus" (7,21).
Num texto próprio a Marcos, ele nos
dá a razão pela qual a parentela de Jesus vai ter com ele. O contexto é a
multidão que incessantemente acorre a Jesus a ponto de não poderem, ele e
seus discípulos, alimentar-se. A sua família toma a decisão de ir buscá-lo
para levá-lo para casa, pois pensavam que ele estivesse "fora de
si" (Mc 3,20-21). Observamos que o termo "irmão", na linguagem
bíblica, abrange os parentes. Ao chegar os familiares acompanhados da mãe de
Jesus, eles são anunciados.
Por duas vezes se diz que estão
"do lado de fora" (vv. 46.47). Esta sutil observação parece-nos
importante: distante de Jesus, sem ouvir sua palavra, seus ensinamentos, sem
contemplar o que ele faz em favor da multidão, sem se deixar tocar por ele,
tudo parece loucura. É preciso se aproximar, entrar no "círculo" de
Jesus, se aproximar e se deixar envolver por sua palavra, para poder fazer a
experiência de que "o que é loucura no mundo, Deus escolheu para
confundir o que é forte" (1Cor 1,27).
A família que Jesus reúne
ultrapassa os laços de sangue, pois é "todo aquele que faz a vontade do
meu Pai, que está nos céus" (v. 59).
ORAÇÃO
Pai, reforça os laços que me ligam aos meus irmãos e irmãs de fé, de forma a testemunhar que formamos uma grande família, cujo pai és tu.
3. QUEM É MINHA MÃE E QUEM SÃO
MEUS IRMÃOS?
A ruptura com os laços familiares
foi uma das exigências do serviço ao Reino, com as quais Jesus se defrontou.
Também por exigência do Reino, foi levado a constituir, sobre novas bases,
uma comunidade cujo relacionamento interpessoal deveria ter a profundidade do
relacionamento familiar. A comunidade dos discípulos de Jesus pode ser
definida como a família do Reino, cuja característica são os laços fraternos
que unem seus membros.
Nesta perspectiva, fica em segundo
plano a consangüinidade. Doravante, ser mãe ou irmão de sangue não tem
importância. O critério de pertença à família do Reino consiste em
submeter-se à vontade do Pai, sendo-lhe obediente em tudo. Importa mostrar,
com ações concretas, esta submissão. Aí o agir do discípulo identifica-se com
o agir do Mestre, a ponto de Jesus poder considerá-lo como irmão: a vontade
do Pai é o imperativo na vida de ambos.
Assim, a ligação entre Jesus e os
seus discípulos era muito mais profunda do que a sua convivência física com
eles. Havia algo de superior que os unia, sem estar na dependência de
elementos conjunturais, quais sejam, a pertença a uma determinada família,
raça ou cultura. Basta alguém viver um projeto de vida fundado na vontade do
Pai, para que Jesus o reconheça como pertencente à sua família. Para ele,
estes são seus irmãos, suas irmãs, suas mães. São irrelevantes outros títulos
de relação com Jesus, quando falta este pré-requisito.
Oração
Espírito de adesão à vontade do Pai, faze-me sentir sempre mais membro da família do Reino, levando-me à perfeita submissão ao querer divino. |
BEATO INÁCIO DE AZEVEDO - PRESBÍTERO E MÁRTIR
( VERMELHO, PREFÁCIO COMUM OU DOS MÁRTIRES – OFÍCIO DA MEMÓRIA )
Antífona da
entrada: Ao nome de Jesus todo joelho se dobre no céu,
na terra e nos abismos; e toda língua proclame, para glória de Deus Pai, que
Jesus Cristo é Senhor! (Fl 2,10s)
Leitura
(Êxodo 3,1-6.9-12)
Leitura do livro do Êxodo.
3 1 Moisés
apascentava o rebanho de Jetro, seu sogro, sacerdote de Madiã. Um dia em que
conduzira o rebanho para além do deserto, chegou até a montanha de Deus,
Horeb.
2 O anjo do Senhor apareceu-lhe numa chama (que saía) do meio a uma sarça. Moisés olhava: a sarça ardia, mas não se consumia. 3 "Vou me aproximar, disse ele consigo, para contemplar esse extraordinário espetáculo, e saber porque a sarça não se consome." 4 Vendo o Senhor que ele se aproximou para ver, chamou-o do meio da sarça: "Moisés, Moisés!" "Eis-me aqui!" respondeu ele. 5 E Deus: "Não te aproximes daqui. Tira as sandálias dos teus pés, porque o lugar em que te encontras é uma terra santa. 6 Eu sou, ajuntou ele, o Deus de teu pai, o Deus de Abraão, o Deus de Isaac e o Deus de Jacó". Moisés escondeu o rosto, e não ousava olhar para Deus. 9 "Agora, eis que os clamores dos israelitas chegaram até mim, e vi a opressão que lhes fazem os egípcios. 10 Vai, eu te envio ao faraó para tirar do Egito os israelitas, meu povo". 11 Moisés disse a Deus: "Quem sou eu para ir ter com o faraó e tirar do Egito os israelitas?" 12 "Eu estarei contigo, respondeu Deus; e eis aqui um sinal de que sou eu que te envio: quando tiveres tirado o povo do Egito, servireis a Deus sobre esta montanha".
Salmo
responsorial 102/103
O Senhor é
indulgente, é favorável.
Bendize, ó
minha alma, ao Senhor,
e todo o meu ser, seu santo nome! Bendize, ó minha alma, ao Senhor, não te esqueças de nenhum de seus favores!
Pois ele te
perdoa toda culpa
e cura toda a tua enfermidade; da sepultura ele salva a tua vida e te cerca de carinho e compaixão.
O Senhor realiza
obras de justiça
e garante o direito aos oprimidos; revelou os seus caminhos a Moisés e, aos filhos de Israel, seus grandes feitos.
Aclamação
do Evangelho
Aleluia,
aleluia, aleluia.
Graças te dou, ó Pai, Senhor do céu e da terra, pois revelaste os mistérios do teu reino aos pequeninos, escondendo-os aos doutores! (Mt 11,25). Evangelho (Mateus 11,25-27)
11 25 Por
aquele tempo, Jesus pronunciou estas palavras: "Eu te bendigo, Pai,
Senhor do céu e da terra, porque escondeste estas coisas aos sábios e entendidos
e as revelaste aos pequenos.
26 Sim, Pai, eu te bendigo, porque assim foi do teu agrado. 27 Todas as coisas me foram dadas por meu Pai; ninguém conhece o Filho, senão o Pai, e ninguém conhece o Pai, senão o Filho e aquele a quem o Filho quiser revelá-lo".
COMENTÁRIOS DO EVANGELHO
1. Revelado
aos pequeninos...
Nas minhas
reflexões sobre este evangelho sempre me perguntei com toda sinceridade “Por
que será que esse Deus-Pai de Jesus escondeu informações importantes sobre si
mesmo, ou das coisas que lhe dizem respeito, dos Sábios e entendidos desse
mundo?” Será que Deus nunca foi muito com a cara deles? Para uns Deus se abre
e se revela sem segredos, para outros se esconde. Vindo da parte de Deus isso
é meio esquisito... Eu assim pensava.
Mas vamos
ver quem são essas pessoas Sábias e Entendidas, no tempo de Jesus e em nossos
dias. O homem que valoriza a Ciência e o conhecimento, tornando-a Absoluta
como única reveladora da Verdade, se enquadra nessa categoria de pessoas. No
tempo de Jesus eram os Doutores da Lei, Escribas e Fariseus, entre os quais
havia os Sacerdotes e os Membros do Conselho do Sinédrio. Sabiam tudo sobre a
Revelação Divina e a Vinda do Messias e aquilo para eles era o suficiente.
Nada mais havia a ser revelado por alguém, sobre Deus, muito menos um pobre
Galileu, sem eira nem beira como Jesus. Deus não os excluiu da Revelação,
eles é que excluíram Deus de sua vida, quando não deram créditos para a
pessoa e os ensinamentos de Jesus, aquele que é por excelência o único e
Verdadeiro Revelador do Pai. Nos dias de hoje o homem tem projetos
monumentais e grandiosos, consegue conquistas e avanços fantásticos no mundo
da ciência e do conhecimento. O crescimento da tecnologia é espantoso e
perceptível a cada dia.
E o homem
não percebe que tudo isso são as maravilhas de Deus, e ao adquirir o
conhecimento, longe de fazer uma experiência divina, exclui Deus da sua Vida,
acreditando somente em si mesmo e em seu conhecimento, decretando a sua
emancipação, e achando que somente basta á sua salvação.
Os pequenos
e simples do tempo de Jesus, eram os que não tinham nenhum conhecimento sobre
Deus, entretanto, sentiram-se atraídos por Jesus e viam Nele algo Novo e
Inédito, e a possibilidade de Salvação, que para eles era impossível, em
Jesus torna-se possível. Eram os impuros, os pecadores, as prostitutas, os
Publicanos, leprosos, pastores e pescadores.
A ação
Divina segue hoje essa mesma linha. A Humanidade tem uma forte tendência
Ateísta e Secularista, dando maior crédito ao Homem Poderoso desse tempo, suas
estruturas sociais, o mundo da tecnologia e da ciência onde a Igreja de
Cristo será sempre olhada com menosprezo e desconfiança, pois ela é o
Sacramento legítimo e verdadeiro, dessa Salvação Divina, mas a humanidade
prefere crer na Sabedoria do Homem.
Em nossas
comunidades cristãs, precisamos ter muita cautela para não nos deixarmos
influenciar por essa Cultura Ateísta e , se somos grandes em algum
conhecimento, tenhamos a coragem de nos fazer pequenos para servir, somente
assim estaremos abertos a novas e revigorantes experiências reveladoras com
Jesus de Nazaré.
2.
Faltava-lhes o coração iluminado pela luz de Deus.
Nossa
perícope do evangelho é precedida de ataques de Jesus a algumas cidades
próximas do Mar da Galileia, ao estilo dos oráculos proféticos contra as
nações. As cidades beneficiadas pelos "milagres" de Jesus não se
converteram (11,20-24). Na verdade, os "atos de poder" realizados
por Jesus deviam conduzir à fé na "proximidade do Reino dos Céus".
Mas os destinatários das inventivas de Jesus não conseguiram ultrapassar o
que os olhos "de carne" permitiam ver; faltava-lhes o coração
iluminado pela luz de Deus. O trecho de hoje é uma oposição ao orgulho das
cidades que não se converteram; um hino de louvor dirigido ao Pai, Criador do
céu e da terra (v. 25; Gn 1,1; 2,4a).
O motivo do
louvor: "... escondeste estas coisas aos sábios e entendidos e as
revelaste aos pequeninos" (v. 25), pois assim Deus queria (cf. v. 26).
"Estas coisas" referem-se ao que é dito no v. 27, que, resumindo,
se poderia dizer: Jesus revela o Pai ("Ele é a imagem do Deus
invisível" [Cl 1,15]). Somente quem recebe Jesus como dom, somente o
"pobre em espírito" (5,3), pode conhecer a relação filial que une
Jesus a Deus. Ao pedido de Filipe: "Senhor, mostra-nos o pai!",
Jesus responderá: "Quem me vê, vê o Pai. Não crês que estou no Pai e o
Pai está em mim?" (Jo 14,8-11).
ORAÇÃO
Pai, que a arrogância dos sábios e doutos jamais contamine meu coração. E, fazendo-me pequenino, que eu esteja em condições de acolher a tua revelação.
3. OS
SÁBIOS E OS PEQUENINOS
A
indignação de Jesus pela má vontade de alguns era compensada com a alegria de
constatar a aceitação de seu testemunho por parte de outros. Enquanto os
pequeninos davam mostras evidentes de estarem captando o que lhes estava sendo
revelado, os sábios e doutos iam na direção contrária, alimentando contra
Jesus um ódio sem limites.
Os que se
tinham por sábios e doutos eram os mestres da Lei e os fariseus. Seus
conhecimentos a respeito das Escrituras e seu "modo exemplar" de
praticar os mandamentos levavam-nos a se considerar superiores aos demais.
Seu desprezo por Jesus era evidente. Julgavam-no incapacitado para a tarefa
de mestre, por lhe faltar a devida preparação. Era um mestre improvisado e
sem gabarito. Logo, merecedor de desprezo.
No polo
oposto, estavam os pequeninos. Estes também eram objeto do desprezo por parte
dos sábios e entendidos, que os chamavam, pejorativamente, de "povo da
terra". Marginalizados pelas estruturas religiosas, iam em busca de quem
os acolhesse, e ouviam quem lhes parecia ser o melhor.
O encontro
com Jesus dava-se nestas circunstâncias de marginalização. E a capacidade de
compreender o que lhes era revelado resultava de sua busca sincera e
despretensiosa da Palavra de Deus. Suas mentalidades eram menos estruturadas,
portanto, suficientemente flexíveis para acolher a revelação que o Pai lhes
fazia, por meio do testemunho de Jesus.
Oração
Pai, que a arrogância dos sábios e doutos jamais contamine meu coração. E, fazendo-me pequenino, que eu esteja em condições de acolher a tua revelação. |
XV SEMANA DO TEMPO COMUM
( VERDE – OFÍCIO DO DIA )
Antífona da
entrada: Contemplarei, justificado, a vossa face; e serei
saciado quando se manifestar a vossa glória (Sl 16,15).
Leitura
(Êxodo 3,13-20)
Leitura do livro do Êxodo.
3 13 Moisés
disse a Deus: "Quando eu for para junto dos israelitas e lhes disser que
o Deus de seus pais me enviou a eles, que lhes responderei se me perguntarem
qual é o seu nome?"
14 Deus respondeu a Moisés: "EU SOU AQUELE QUE SOU". E ajuntou: "Eis como responderás aos israelitas: (Aquele que se chama) 'EU SOU' envia-me junto de vós." 15 Deus disse ainda a Moisés: "Assim falarás aos israelitas: 'É JAVÉ, o Deus de vossos pais, o Deus de Abraão, o Deus de Isaac e o Deus de Jacó, quem me envia junto de vós. Este é o meu nome para sempre, e é assim que me chamarão de geração em geração". 16 "Vai, reúne os anciãos de Israel e dize-lhes: 'o Senhor, o Deus de vossos pais, o Deus de Abraão, de Isaac e de Jacó apareceu-me. E disse-me: eu vos visitei, e vi o que se vos faz no Egito, 17 e disse: tirar-vos-ei do Egito onde sois oprimidos, para fazer-vos subir para a terra dos cananeus, dos hiteus, dos amorreus, dos ferezeus, dos heveus e dos jebuseus, terra que mana leite e mel'. 18 Eles ouvirão a tua voz. Irás então com os anciãos de Israel à presença do rei do Egito e lhe direis: 'o Senhor, o Deus dos hebreus, nos apareceu. Deixa-nos, pois, ir para o deserto, a três dias de caminho, para oferecer sacrifícios ao Senhor, nosso Deus'. 19 Eu sei que o rei do Egito não vos deixará partir, se ele não for obrigado pela força. 20 Mas estenderei a mão e ferirei o Egito com toda sorte de prodígios que farei no meio deles. Depois disso, o faraó vos deixará partir".
Salmo
responsorial 104/105
O Senhor se
lembra sempre da aliança.
Dai graças
ao Senhor, gritai seu nome,
anunciai entre as nações seus grandes feitos! Lembrai as maravilhas que ele fez, seus prodígios e as palavras de seus lábios!
Ele sempre
se recorda da aliança,
promulgada a incontáveis gerações; da aliança que ele fez com Abraão e do seu santo juramento a Isaac.
Deus deu um
grande crescimento a seu povo
e o fez mais forte que os próprios opressores. Ele mudou seus corações para odiá-lo, e trataram com má-fé seus servidores.
Então
mandou Moisés, seu mensageiro,
e igualmente Aarão, seu escolhido; por meio deles realizou muitos prodígios e, na terra do Egito, maravilhas.
Aclamação
do Evangelho
Aleluia,
aleluia, aleluia.
Vinde a mim, todos vós que estais cansados, e descanso eu vos darei, diz o Senhor (Mt 11,28) EVANGELHO (Mateus 11,28-30)
Naquele
tempo, tomou Jesus a palavra e disse: 11 28 "Vinde a mim, vós todos que
estais aflitos sob o fardo, e eu vos aliviarei.
29 Tomai meu jugo sobre vós e recebei minha doutrina, porque eu sou manso e humilde de coração e achareis o repouso para as vossas almas. 30 Porque meu jugo é suave e meu peso é leve."
COMENTÁRIOS DO EVANGELHO
1. A Leveza
do Amor...
O evangelho
de hoje é um convite muito sério para refletir sobre tudo o que fazemos e
principalmente nossos trabalhos pastorais. Jesus fala de um fardo pesado que
nos cansa e traz grande fadiga, naquele tempo era a observância das leis de
Moisés, que os Fariseus haviam multiplicado e como Guardiães da Lei, se davam
ao direito de cobrar e exigir de toda a assembleia de maneira minuciosa,
todos aqueles preceitos.
De igual
modo hoje há em nossa igreja o perigo de um ativismo exagerado onde perdemos
a noção daquilo que é essencial, que é sempre ter em vista o “Por que”
fazemos. Os sintomas de fardo pesado sempre aparecem: são as brigas pelo
poder, as discussões, desentendimentos, falta de compreensão e de paciência
no relacionamento entre as pessoas de uma equipe, pastoral ou movimento. Uma
das equipes de serviço que mais evidencia esse Julgo Pesado, é a equipe
de eventos, espelho e reflexo do restante da comunidade. Se nessa equipe
faltar: alegria, solidariedade, companheirismo, misericórdia, compreensão,
pode saber que o restante das lideranças também está contaminado.
O que Jesus
nos pede é para que o busquemos para sentirmos alívio em nosso fardo, e daí
aquilo que é uma obrigação, e que vou arrastando entre gemidos, queixas e
lamúrias, se torna leve, suave, alegre. Qual o segredo de Jesus? Exatamente o
FAZER com e por AMOR. Jesus colocou um julgo diferente dos Fariseus: o Amor
que se doa, que serve a todos, e que se entrega. Ele o tomou por primeiro ao
carregar a cruz, sem praguejar, sem queixar-se, sem lamuriar-se e sem
decepcionar-se com os homens que o condenaram.
Na
comunidade há os que exigem e sempre reclamam, há os que querem dominar mas
há outros que se entregam, se doam, sempre com alegria, tornando aquela ação
prazerosa. Estes são os que fazem por amor, os que buscaram a Jesus e
transformaram o peso insuportável das obrigações cristãs, na leveza do Amor
que a todos ama e serve, exatamente como Jesus.
Na
Comunidade nada façamos por mera obrigação, mas por amor, e chega de nos
valorizarmos a todo o momento, afirmando ou pensando que, sem nós o trabalho
não será feito. Que o nosso amor cristão se traduza unicamente em serviço,
sempre feito na leveza do Amor, que gera em nós esta incontida e santa
alegria no Senhor.
2. A
sabedoria de Deus
"Vinde
a mim todos os que desejais, fartai-vos de meus frutos" (Eclo 24,19-21).
Jesus é o
Sábio, mais propriamente, a "sabedoria de Deus", que atrai todos a
si para instruí-los na Lei de Deus: "Vinde a mim, todos vós que estais
cansados e carregados de fardos, e eu vos darei descanso" (v. 28).
O
"jugo" (ou fardo) era uma peça de madeira que se punha sobre o pescoço
do animal para equilibrar o peso.
Na tradição
bíblica, entre outros significados, ele se refere à Lei (ver: Jr 2,20; 5,5).
Ao criticar os escribas e fariseus, Jesus diz que eles: "... amarram
pesados fardos sobre os membros dos homens, mas eles mesmo nem com um dedo se
dispõem a movê-los" (23,4). Há um modo de interpretar e pôr em prática a
Lei que abate, que tira a alegria, expurga a vida. A Lei de Deus é para a
vida e a liberdade: "... se ouves os mandamentos do Senhor teu Deus,
andando em seus caminhos e observando os seus preceitos, seus estatutos e as
suas normas, viverás e te multiplicarás" (Dt 30,16).
"Tomai
sobre vós o meu jugo… Pois o meu jugo é suave e o meu fardo é leve (vv.
29.30).
A Lei do
Senhor é a Lei do amor: "... Este é o meu mandamento: amai-vos uns aos
outros como eu vos amei" (Jo 15,12). O amor faz viver, está na origem da
vida. O amor é a expressão máxima da vida cristã: "... Ninguém teve mais
amor do que aquele que dá a vida por seus amigos" (Jo 15,13).
O Senhor
entregou a sua vida por nós!
ORAÇÃO
Pai, dá-me disposição para pôr em prática as exigências do Reino, assumidas como expressão de minha fé sincera em teu Filho Jesus. Que elas sejam para mim um jugo suave!
3. O JUGO
SUAVE
Jesus
chamou a si todos os desprezados pelo sistema religioso de sua época. A
marginalização decorria da severidade dos líderes que lhes impunham uma
quantidade de exigências impossíveis de serem obedecidas. Por isso, acabavam
sendo menosprezados.
O legalismo
judaico era pesado também para Jesus. Ele, porém, não se submetia a este
esquema desumanizante. Para os escribas e fariseus, esta atitude do Mestre
revelava-se como rebeldia. Entretanto, decorria de sua fidelidade ao Pai
celeste, cujas exigências, mais ricas em profundidade, eram também mais
suaves e leves que as leis da religião judaica.
O jugo
proposto por Jesus era ele próprio. Os pequeninos são convidados a aderir a
ele e fazer-se discípulos dele, trilhando um caminho idêntico ao seu. Não se
trata de substituir a Lei mosaica por uma nova Lei, talvez mais inspirada. E
sim mostrar aos atribulados que eles são chamados a viver como Jesus,
pautando suas vidas pelos mesmos valores.
Especialmente
inspirador foi Jesus ter-se submetido, diretamente, ao Pai. Ele é a sua Lei!
Movido por misericórdia, o Pai jamais assume uma atitude opressiva. Pelo
contrário, alegra-se com o menor sinal de progresso na vida do discípulo, em
processo de conversão. Este será capaz de reconhecer a leveza do jugo e a
suavidade do peso impostos por Jesus.
Oração
Pai, dá-me disposição para pôr em prática as exigências do Reino, assumidas como expressão de minha fé sincera em teu Filho Jesus. Que elas sejam para mim um jugo suave! |
XV SEMANA DO TEMPO COMUM
( VERDE – OFÍCIO DO DIA )
Antífona da
entrada: Contemplarei, justificado, a vossa face; e serei
saciado quando se manifestar a vossa glória (Sl 16,15).
Leitura
(Êxodo 11,10-12,14)
Leitura do livro do Êxodo.
11 10
Moisés e Aarão tinham operado todos esses prodígios em presença do faraó. Mas
o Senhor endureceu o coração do faraó, que não permitiu aos israelitas
partirem de sua terra.
12 1 O Senhor disse a Moisés e a Aarão: 2 "Este mês será para vós o princípio dos meses: tê-lo-eis como o primeiro mês do ano. 3 Dizei a toda a assembléia de Israel: no décimo dia deste mês cada um de vós tome um cordeiro por família, um cordeiro por casa. 4 Se a família for pequena demais para um cordeiro, então o tomará em comum com seu vizinho mais próximo, segundo o número das pessoas, calculando-se o que cada um pode comer. 5 O animal será sem defeito, macho, de um ano; podereis tomar tanto um cordeiro como um cabrito. 6 E o guardareis até o décimo quarto dia deste mês; então toda a assembléia de Israel o imolará no crepúsculo. 7 Tomarão do seu sangue e pô-lo-ão sobre as duas ombreiras e sobre a verga da porta das casas em que o comerem. 8 Naquela noite comerão a carne assada no fogo com pães sem fermento e ervas amargas. 9 Nada comereis dele que seja cru, ou cozido, mas será assado no fogo completamente com a cabeça, as pernas e as entranhas. 10 Nada deixareis dele até pela manhã; se sobrar alguma coisa, queimá-la-eis no fogo. 11 Eis a maneira como o comereis: tereis cingidos os vossos rins, vossas sandálias nos pés e vosso cajado na mão. Comê-lo-eis apressadamente: é a Páscoa do Senhor. 12 'Naquela noite, passarei através do Egito, e ferirei os primogênitos no Egito, tanto os dos homens como os dos animais, e exercerei minha justiça contra todos os deuses do Egito. Eu sou o Senhor'. 13 O sangue sobre as casas em que habitais vos servirá de sinal (de proteção): vendo o sangue, passarei adiante, e não sereis atingidos pelo flagelo destruidor, quando eu ferir o Egito. 14 Conservareis a memória daquele dia, celebrando-o com uma festa em honra do Senhor: fareis isso de geração em geração, pois é uma instituição perpétua.
Salmo
responsorial 115/116B
Elevo o
cálice da minha salvação,
invocando o nome santo do Senhor.
Que poderei
retribuir ao Senhor Deus
por tudo aquilo que ele fez em meu favor? Elevo o cálice da minha salvação, invocando o nome santo do Senhor.
É sentida
por demais pelo Senhor
a morte de seus santos, seus amigos. Eis que sou o vosso servo, ó Senhor, vosso servo que nasceu de vossa serva; mas me quebrastes os grilhões da escravidão1
Por isso
oferto um sacrifício de louvor,
invocando o nome santo do Senhor. Vou cumprir minhas promessas ao Senhor na presença de seu povo reunido.
Aclamação
do Evangelho
Aleluia,
aleluia, aleluia.
Minhas ovelhas escutam minha voz, eu as conheço e elas me seguem (Jo 10,27). EVANGELHO (Mateus 12,1-8)
Naquele
tempo, 12 1 Jesus atravessava os campos de trigo num dia de sábado. Seus
discípulos, tendo fome, começaram a arrancar as espigas para comê-las.
2 Vendo isto, os fariseus disseram-lhe: "Eis que teus discípulos fazem o que é proibido no dia de sábado". 3 Jesus respondeu-lhes: "Não lestes o que fez Davi num dia em que teve fome, ele e seus companheiros, 4 como entrou na casa de Deus e comeu os pães da proposição? Ora, nem a ele nem àqueles que o acompanhavam era permitido comer esses pães reservados só aos sacerdotes. 5 Não lestes na lei que, nos dias de sábado, os sacerdotes transgridem no templo o descanso do sábado e não se tornam culpados? 6 Ora, eu vos declaro que aqui está quem é maior que o templo. 7 Se compreendêsseis o sentido destas palavras: 'Quero a misericórdia e não o sacrifício' não condenaríeis os inocentes. 8 Porque o Filho do Homem é senhor também do sábado".
COMENTÁRIOS DO EVANGELHO
1. Os
policiais da comunidade...
A exemplo
dos moralistas de plantão, os Fariseus eram naquele tempo, aquilo que poderia
ser chamado hoje de “policiais da comunidade”, só de olho no que os outros
fazem para poder acusa-los perante a autoridade. Claro que a Policia Militar
faz esse trabalho, e os bons policiais o fazem com todo zelo, e se perceber
uma atitude suspeita de alguém, imediatamente irá abordá-lo pois faz parte do
seu trabalho.
Os
moralistas também agem dessa forma, seguem á risca a lei e julgam-se no
direito de fiscalizar as demais pessoas, para que também o façam e não
admitem que alguém venha a violar algum preceito da lei. Pessoas assim
tornam-se insuportáveis para os outros, porque são como uma engrenagem sem
lubrificante, são secas, rigorosas, até que um dia a “casa cai”, quando os
outros descobrem que esse grupo só enganava, porque lhes faltava o essencial:
o amor e a misericórdia na relação com os demais.
Esse grupo
de Fariseus parece que tiravam o dia para “fiscalizar” as pessoas suspeitas,
principalmente Jesus e seus discípulos e neste evangelho, em um dia de sábado
o flagram colhendo espigas para comerem, pois no meio da caminhada sentiram
fome. Querendo mostrar a Jesus o Santo caminho da Lei de Moisés (
quanta pretensão) acusam os discípulos de estarem fazendo algo que é proibido
em dia de sábado: trabalhar!
Jesus toma
então alguém importante da História de Israel, o grande Rei Davi, de cuja
estirpe viria o Messias, e mostra-lhes que o próprio Davi infligiu aquela
lei, quando junto com seus companheiros entrou no templo e comeu dos
pães sagrados, exclusivos dos sacerdotes. O ensinamento de Jesus é exatamente
esse: que acima de qualquer lei está a Lei do Amor e da preservação da Vida,
e toda lei autêntica deve ter ao centro a Vida do Homem. Jesus não revoga a
Lei de Moisés, mas lembra o que está no centro dela, e que os Fariseus há
muito tinham esquecido. Não se coloque nenhuma Lei ou norma acima do amor e
da misericórdia para com as pessoas.
Os membros
dos nossos Conselhos Pastorais, bem como os Coordenadores e Cooperadores,
devem estar atentos e muito abertos à Palavra de Deus, para que não se
corrompam com o velho Farisaísmo que tanto Jesus condenou.
2. O sábado
é dom de Deus
Com poucas
variantes, este relato se encontra também nos outros dois sinóticos (Mc
2,23-28; Lc 6,1-5). Trata-se de uma controvérsia acerca do descanso sabático:
"… os teus discípulos fazem o que não é permitido fazer em dia de
sábado!" (v. 2). Os fariseus são, aqui, os adversários.
Mas o que é
permitido fazer em dia de sábado? A cena se passa numa plantação de trigo.
Segundo podemos compreender da objeção dos fariseus, em dia de sábado era
proibido arrancar as espigas. Jesus responde recorrendo, em primeiro lugar, à
história de Davi (1Sm 21,1-10). A fome e a necessidade de manterem em boas
condições a vida justificam a atitude de Davi.
Este fato
da história de Davi é um exemplo que justifica e ilustra a defesa que Jesus
faz de seus discípulos. Jesus interpreta corretamente à Torá, pois ela é dada
ao povo de Deus para proteger o dom da vida e da liberdade. O sábado é dom de
Deus (cf. Ex 16,29) para recordar a escravidão do Egito e a libertação do
povo por Deus (cf. Dt 5,15). Exatamente por isso, no sábado é permitido fazer
o bem e salvar uma vida.
Jesus é
mais que o Templo, pois nele Deus habita plenamente. Citando Os 6,6, Jesus
põe a misericórdia, que supera todo sacrifício, como princípio da ação (ver:
Is 58,3-8). O sábado é tempo privilegiado de manifestação do poder salvador
do Filho do Homem, poder de dar vida, de fazer viver.
ORAÇÃO
Pai, faze-me misericordioso no trato com o meu semelhante, e livra-me de toda tendência ao legalismo sem piedade, que se coloca a serviço da morte.
3. A
SUPREMACIA DA MISERICÓRDIA
Deixando de
lado o legalismo farisaico, Jesus guiava-se pelo princípio da misericórdia,
no trato com os seus discípulos. Esta opção prática levava-o a relativizar as
exigências da Lei, sempre que estivesse em jogo a sobrevivência do ser
humano, quando se tratava de garantir a vida.
O episódio
relatado pelo Evangelho revela o entrechoque de posições. Por um lado, os
fariseus expressam seu desacordo ao verem os discípulos de Jesus fazerem, em
dia de sábado, o que não era permitido – colher espigas. Este gesto era
interpretado como um trabalho agrícola. Por outro lado, Jesus aprova a
iniciativa dos discípulos, por saber que comiam as espigas para matar a fome.
A atitude
de Jesus encontrava um precedente no Antigo Testamento. Quando Davi, fugindo
da perseguição de Saul, chegou ao santuário de um lugarejo, o sacerdote não
hesitou em dar a ele e a seus companheiros os pães consagrados que, por Lei,
só ao sacerdote cabia consumir. Tendo diante de si um bando de fugitivos
famintos, o sacerdote teve a sensatez de colocar a Lei em segundo plano.
A piedade
orgulhosa dos fariseus, sempre pronta a condenar quem não se submetesse a
seus ditames, devia dar lugar a uma visão humanitária da religião. Afinal, as
leis existem em função da vida. Seria contraditório que, por causa delas,
alguém viesse a morrer.
Oração
Pai, faze-me misericordioso no trato com o meu semelhante, e livra-me de toda tendência ao legalismo sem piedade, que se coloca a serviço da morte. |
Liturgia do
Sábado
XV SEMANA DO TEMPO COMUM *
( VERDE – OFÍCIO DO DIA )
Antífona da
entrada: Contemplarei, justificado, a vossa face; e serei
saciado quando se manifestar a vossa glória (Sl 16,15).
Leitura
(Êxodo 12,37-42)
Leitura do livro do Êxodo.
12 37 Os
israelitas partiram de Ramsés para Socot, em número de seiscentos mil homens,
aproximadamente, sem contar os meninos.
38 Além disso, acompanhava-os uma numerosa multidão, bem como rebanhos consideráveis de ovelhas e de bois. 39 Cozeram bolos ázimos da massa que levaram do Egito, pois esta não se tinha fermentado, porque tinham sido lançados fora do país e não puderam deter-se nem fazer provisões. 40 A permanência dos israelitas no Egito durara quatrocentos e trinta anos. 41 Exatamente no fim desses quatrocentos e trinta anos, todos os exércitos do Senhor saíram do Egito: 42 Foi uma noite de vigília para o Senhor, a fim de tirá-los do Egito: essa mesma noite é uma vigília a ser celebrada de geração em geração por todos os israelitas, em honra do Senhor.
Salmo
responsorial 135/136
Eterna é
sua misericórdia.
Demos
graças ao Senhor, por que ele é bom:
porque eterno é seu amor! De nós, seu povo humilhado, recordou-se: porque eterno é seu amor! De nossos inimigos libertou-nos: porque eterno é seu amor!
Ele feriu
os primogênitos do Egito
porque eterno é seu amor! E tirou do meio deles Israel: porque eterno é seu amor! Com mão forte e com braço estendido: porque eterno é seu amor!
Ele cortou
o mar Vermelho em duas partes:
porque eterno é o seu amor! Fez passar no meio dele Israel: porque eterno é o seu amor! E afogou o faraó com suas tropas: porque eterno é seu amor!
Aclamação
do Evangelho
Aleluia,
aleluia, aleluia.
Em Cristo, Deus reconciliou consigo mesmo a humanidade; e a nós ele entregou esta reconciliação (2Cor 5,19). Evangelho (Mateus 12,14-21)
12 14 Os
fariseus saíram dali e deliberaram sobre os meios de matar Jesus.
15 Jesus soube disso e afastou-se daquele lugar. Uma grande multidão o seguiu, e ele curou todos os seus doentes. 16 Proibia-lhes formalmente falar disso, 17 para que se cumprisse o anunciado pelo profeta Isaías: 18 "Eis o meu servo a quem escolhi, meu bem-amado em quem minha alma pôs toda sua a afeição. Farei repousar sobre ele o meu Espírito e ele anunciará a justiça aos pagãos. 19 Ele não disputará, não elevará sua voz; ninguém ouvirá sua voz nas praças públicas. 20 Não quebrará o caniço rachado, nem apagará a mecha que ainda fumega, até que faça triunfar a justiça. 21 Em seu nome as nações pagãs porão sua esperança".
COMENTÁRIOS DO EVANGELHO
1. Um
Messias desconcertante...
O
Messianismo de Jesus, sua maneira de agir, desconcerta a todos. Os Fariseus
estão convencidos de que ele não é o Messias e estão decididos a buscarem os
meios para matá-lo, pois representa um perigo ás tradições de Israel.
O evangelho
de hoje faz a clássica apresentação do Ungido segundo o Profeta Isaias, onde
Jesus é o Servo de Deus, o Bem amado e querido do Pai, Aquele sobre quem
repousa o Espírito e que anunciará a Justiça. Alguém que não irá entrar no
“jogo” do poder que infestava até mesmo a religião, não elevará a voz, como
fazem os que querem mandar e dominar, não fará ouvir sua voz nas praças. Mas
é o versículo final que traz algo inédito;Não quebrará o caniço rachado, nem
apagará a mecha que ainda fumega, até que faça triunfar a Justiça...
Este perfil
do Messias desconcertou até o Precursor João Batista, que havia anunciado,
com um discurso muito rigoroso “O machado já está posto á raiz, e toda
árvore que não produzir bons frutos, será cortada e lançada ao fogo”.
Enfim, anunciara um Messias implacável, vingador, com quem os maus, impuros e
pecadores iriam se ver...
E Jesus
toca nos leprosos, cura os enfermos, abre os olhos aos cegos, e faz cois
ainda pior, tem amizade com pecadores públicos, com Mulheres da Vida, como
Madalena, e janta na casa deles. Por isso Joção mandou discípulos sondarem se
Jesus era mesmo o Messias esperado...até ele ficou com dúvidas.
O cristianismo
autêntico nos dias de hoje continua a ser desconcertante, porque o Jesus da
Pós Modernidade, que os espertalhões criaram, em nada se parece com Ungido de
Deus, o Cristo Jesus Nosso Senhor, aquele que transforma a miséria humana em
esperança, porque cura, ressuscita e liberta, os que morreram pelo pecado.
2. Os
fariseus tramam a morte de Jesus
Depois das
espigas arrancadas num dia de sábado e da cura de um homem de mão atrofiada,
na sinagoga, num dia de sábado, os fariseus tramam a morte de Jesus. Jesus é
condenado por fazer o bem: "Se um de vós tem uma ovelha e cai num
buraco: não a agarrará e a tirará? Mais do que uma ovelha vale um homem!
Portanto, é permitido, no sábado, fazer o bem!" (12,11-12). A lei de
Deus é dada ao povo para proteger o dom da vida e da liberdade.
Por isso,
na introdução das duas versões do decálogo, há evocação da saída do Egito:
"Eu sou o Senhor, teu Deus, que te fez sair da terra do Egito, da casa
da escravidão" (Ex 20,2; Dt 5,6).
A ameaça de
uma morte premeditada não intimida Jesus; partiu seguido por muitos e curava
a todos (v. 15).
Mateus cita
o primeiro cântico do Servo Sofredor de Isaías (Is 42,1-4). Este cântico do
servo diz da vocação e do destino do eleito de Deus. A comunidade cristã é
convidada a reler, à luz do mistério de Cristo, este cântico de Isaías: a
profecia diz respeito a Jesus, eleito de Deus, em que repousa o Espírito de
Deus; ele é portador de uma mensagem salvífica para todos, judeus e pagãos.
ORAÇÃO
Pai, meu único desejo é estar em comunhão contigo, para que, como Jesus, eu saiba discernir, em cada circunstância, a melhor maneira de agir.
3. NA MIRA
DOS INIMIGOS
Os
contínuos "desrespeitos" à Lei, por parte de Jesus, só fazia
crescer a aversão de seus inimigos por ele. Norteando-se pelo princípio da
misericórdia, o Mestre não se importava de fazer o bem em dia de sábado. Por
exemplo: curar a quem recorria a ele ou carecia de seu auxílio, mesmo sem ser
solicitado, como foi o caso do homem de mão seca. Ele transmitia aos discípulos
esta mesma mentalidade, ensinando-os a serem livres diante das tradições
religiosas, quando se tratava de fazer o bem.
O foco de
desentendimento entre Jesus e os fariseus não consistia em minúcias da Lei,
discutidas entre as escolas rabínicas da época. Girava em torno de questões
mais radicais. As atitudes de Jesus chocavam-se com a Lei no seu conjunto, no
modo como era entendida pelos fariseus fanáticos. Jesus não questionava o
mandamento do repouso sabático. Somente recusava-se a aceitar o valor absoluto
que lhe era dado. Por isso, entrava em desacordo com os seus inimigos.
A situação
ficou insustentável. Seus opositores reuniram-se em conselho, para decidir
sobre a melhor maneira de eliminar o incomodo Jesus de Nazaré.
O fato de
ser visado por seus inimigos não foi um obstáculo sério para Jesus. Sua
consciência de estar em comunhão com a vontade do Pai dava-lhe a segurança
necessária para seguir em frente.
Oração
Pai, meu único desejo é estar em comunhão contigo, para que, como Jesus, eu saiba discernir, em cada circunstância, a melhor maneira de agir. |
Liturgia do
Domingo 21.07.2013
16º Domingo do Tempo Comum ANO C ( VERDE, GLÓRIA, CREIO – IV SEMANA DO SALTÉRIO ) __ "A casa do cristão e a hospitalidade: Em primeiro lugar, escute o Senhor!" __
Ambientação:
Sejam
bem-vindos amados irmãos e irmãs!
INTRODUÇÃO
DO FOLHETO DOMINICAL PULSANDINHO: Cada Eucaristia
que celebramos é uma nova oportunidade para sentirmos a presença de Deus que
nos comunica a vida. É ele que nos acolhe como filhos. Ao celebramos a
Eucaristia, entramos na casa de Deus, e Jesus entra em nossa casa. Nós nos
sentamos aos pés do Mestre para escutar. E ele nos diz: "Um só coisa é
necessária", ou seja, a única coisa que nos pede é que entremos em
comunhão com ele e, por conseguinte, com seu projeto. Assumamos, nesta
celebração, a mesma postura de Maria: silenciar para escutar o que o Senhor
tem a nos dizer.
INTRODUÇÃO
DO FOLHETO DOMINICAL O POVO DE DEUS: Deixemo-nos
visitar por Jesus e acolhamos, com Maria, irmã de Marta, a Palavra da
salvação. Assim seremos autênticos discípulos do Bom Mestre e missionários do
seu Evangelho. Nesta semana vivamos por meio da oração e da participação no
que nos for solicitado o grande evento da Jornada Mundial da Juventude, no
Rio de Janeiro. É um tempo de graça que Deus nos concede, pois a juventude é
prioridade pastoral desde a Conferência de Puebla e semente de esperança para
o futuro da Igreja e do mundo.
INTRODUÇÃO
DO WEBMASTER: Jesus não se comporta como um hóspede
comum, também quando é recebido por amigos de longa data, como Marta e Maria,
ele exige atenção especial à sua mensagem e à sua pessoa. Acolher Cristo
hóspede é principalmente "ouvi-lo", por-se em atitude de
receptividade, mais do que de dar. É ouvindo-o que se entra em comunhão com
ele e se é transformado. Quem se preocupa mais com as coisas a dar do que com
a pessoa com quem se comunica, fica distante.
Sintamos em
nossos corações a alegria do Amor ao Próximo e entoemos alegres cânticos ao
Senhor!
XVI DOMINGO TEMPO COMUM
Hospitalidade e Atenção...
Antífona da
entrada: É Deus quem me ajuda, é o Senhor quem defende a minha
vida. Senhor, de todo o coração hei de vos oferecer o sacrifício e dar graças
ao vosso nome, porque sois bom (Sl 53,6.8).
Comentário
das Leituras: Partindo dum gesto de hospitalidade,
comum na primeira leitura e no evangelho, ultrapassa em ambos os casos a cena
em questão para atingir o nível da fé diante do Senhor que está de passagem.
Abraão recebe a promessa divina de um descendente, e as irmãs Marta e Maria
aprendem dos lábios de Jesus o valor da bem-aventurança da palavra: escutá-la
e praticá-la. A comunhão com Deus é a necessidade mais fundamental desta
vida.
Primeira
Leitura (Gênesis 18,1-10)
Leitura do livro do Gênesis.
18 1 O
Senhor apareceu a Abraão nos carvalhos de Mambré, quando ele estava assentado
à entrada de sua tenda, no maior calor do dia.
2 Abraão levantou os olhos e viu três homens de pé diante dele. Levantou-se no mesmo instante da entrada de sua tenda, veio-lhes ao encontro e prostrou-se por terra. 3 "Meus senhores, disse ele, se encontrei graça diante de vossos olhos, não passeis avante sem vos deterdes em casa de vosso servo. 4 Vou buscar um pouco de água para vos lavar os pés. 5 Descansai um pouco sob esta árvore. Eu vos trarei um pouco de pão, e assim restaurareis as vossas forças para prosseguirdes o vosso caminho; porque é para isso que passastes perto de vosso servo." Eles responderam: "Faze como disseste." 6 Abraão foi depressa à tenda de Sara: "Depressa, disse ele, amassa três medidas de farinha e coze pães." 7 Correu em seguida ao rebanho, escolheu um novilho tenro e bom, e deu-o a um criado que o preparou logo. 8 Tomou manteiga e leite e serviu aos peregrinos juntamente com o novilho preparado, conservando-se de pé junto deles, sob a árvore, enquanto comiam. 9 E disseram-lhe: "Onde está Sara, tua mulher?" "Ela está na tenda", respondeu ele. 10 E ele disse-lhe: "Voltarei à tua casa dentro de um ano, a esta época; e Sara, tua mulher, terá um filho." Ora, Sara ouvia por detrás, à entrada da tenda.
Salmo
responsorial 14/15
Senhor,
quem morará em vossa casa?
É aquele
que caminha sem pecado
e pratica a justiça fielmente; que pensa a verdade no seu íntimo e não solta em calúnias sua língua.
Que em nada
prejudica o seu irmão
nem cobre de insultos seu vizinho; que não dá valor algum ao homem ímpio, mas honra os que respeitam o Senhor.
Não
empresta o seu dinheiro com usura
nem se deixa subornar contra o inocente. Jamais vacilará quem vive assim!
Segunda
Leitura (Colossenses 1,24-28)
Leitura da carta de são Paulo aos Colossenses.
1 24 Agora
me alegro nos sofrimentos suportados por vós. O que falta às tribulações de
Cristo, completo na minha carne, por seu corpo que é a Igreja.
25 Dela fui constituído ministro, em virtude da missão que Deus me conferiu de anunciar em vosso favor a realização da palavra de Deus, 26 mistério este que esteve escondido desde a origem às gerações (passadas), mas que agora foi manifestado aos seus santos. 27 A estes quis Deus dar a conhecer a riqueza e glória deste mistério entre os gentios: Cristo em vós, esperança da glória! 28 A ele é que anunciamos, admoestando todos os homens e instruindo-os em toda a sabedoria, para tornar todo homem perfeito em Cristo.
Aclamação
do Evangelho
Aleluia,
aleluia, aleluia.
Felizes os que observam a palavra do Senhor de reto coração e que produzem muitos frutos, até o fim perseverantes! (Lc 8,15) EVANGELHO (Lucas 10, 38-42)
10 38
Estando Jesus em viagem, entrou numa aldeia, onde uma mulher, chamada Marta,
o recebeu em sua casa.
39 Tinha ela uma irmã por nome Maria, que se assentou aos pés do Senhor para ouvi-lo falar. 40 Marta, toda preocupada na lida da casa, veio a Jesus e disse: "Senhor, não te importas que minha irmã me deixe só a servir? Dize-lhe que me ajude". 41 Respondeu-lhe o Senhor: "Marta, Marta, andas muito inquieta e te preocupas com muitas coisas; 42 no entanto, uma só coisa é necessária; Maria escolheu a boa parte, que lhe não será tirada".
LEITURAS DA SEMANA DE 15 a 21 de julho de
2013:
2ª Br - Ct 3,1-4a ou 2Cor 5,14-17; Sl 62(63); Jo 20,1-2.11-18 3ª Vd - Ex 14,21 - 15,1; Ex 15,8-9,10 e 12.17; Mt 12,46-50 4ª Vd - Ex 16,1-5.9-15; Sl 77(78); Mt 13,1-9 5ª Vm - 2Cor 4,7-15; Sl 125(126); Mt 20,20-28 6ª Br - Eclo 44,1.10-15; Sl 131(132); Mt 13,16-17 Sb Vd - Ex 24,3-8; Sl 49(50); Mt 13,24-30 Dm Vd - 17º DTC: Gn 18,20-32; Sl 137 (138),1-2a. 2bc-3. 6-7ab. 7c-8 (R/ 3a); Cl 2,12-14; Lc 11,1-13 (Oração perseverante)
COMENTÁRIOS DO EVANGELHO
1. SER ou
FAZER, eis a questão!
Pensei em
conversar com Maria ou a própria Marta, mas o Evangelista São Lucas seria o
mais indicado, afinal como autor, ele é imparcial na história dessas duas
mulheres.
___São
Lucas, quem ganha essa parada, Marta ou Maria? Está muito claro que Maria
escolheu a melhor parte, será que a reflexão é só isso mesmo?
São Lucas____ Não podemos nos esquecer que o evangelho é uma reflexão das comunidades onde nós evangelistas estávamos em contato permanente e é como uma colcha de retalhos, pegavam uma palavra de Jesus aqui, um relato diferente acolá, alguma coisa que alguém de outra comunidade falou sobre o fato, costura-se tudo e se faz o evangelho, sempre inspiração do Espírito Santo, Palavra de Deus revelada.
___O Senhor
está querendo com isso, dizer o que? Que esse episódio não ocorreu?
___Quero dizer que o mais importante é prestarmos muita atenção na reflexão em si, que se tira desse ensinamento do mestre, a reflexão é a essência, é como uma laranja onde a casca é importante, mas não mais do que aquilo que está dentro. Ao chupar uma laranja, se você ficar prestando atenção excessivamente nos detalhes da casca, irá perder o melhor, que são os gomos com o suco doce.
___Mas São
Lucas, Jesus ia sempre hospedar-se na casa dessas duas irmãs, que são também
irmãs de Lázaro, não?
____Claro que sim, eles formavam a Comunidade Betânia, mas sendo um escrito pós pascal, por trás de Marta e Maria há duas comunidades, isso é muito claro. Uma dessas comunidades, muito hospitaleira por sinal, havia ao que parece muitas atividades que hoje chamaríamos de pastorais. Era uma correria com reunião prá cá, reunião para lá, decisões e encontros, planejamento. Um ativismo exacerbado.
___Opa!
Parece que o Senhor está falando de nossas comunidades? Ás vezes é assim
também aqui em nosso tempo!
____ E a outra comunidade fazia um pouco menos de todas essas tarefas, pois tinham como prioridade as celebrações com a escuta da Santa Palavra, dos ensinamentos de Jesus. Não chegava a ser uma comunidade contemplativa, mas eram capazes de ficarem horas e horas meditando a Palavra e não se cansavam em ouvi-la.
_____ São
Lucas, nem precisa dizer mais nada, agora ficou fácil a meditação. Pois o Documento
94 das DGAE (Diretrizes Gerais da Ação Evangelizadora) nos ensina a
fazer tudo, A PARTIR DE JESUS. Ele é o ponto inicial e o ponto final,
sem ele, não caminhamos e nem chegamos a lugar nenhum. Uma Igreja
Sacramentalista e Pastoralista parece Marta, que até acolhe, mas depois
prioriza o FAZER em detrimento do SER, e o ideal mesmo é ser como Maria,
primeiro o SER que vem com a Palavra de Jesus que transforma o nosso íntimo,
daí o nosso FAZER será requalificado.
___Pois é, acho que o fechamento da reflexão foi perfeito. É isso mesmo, e em vez de ficar se perguntando que estava com a razão, se Marta ou Maria, olhe para o modo de como vocês fazem as coisas hoje nas comunidades, e se Jesus Cristo está no centro de tudo...
José da
Cruz é Diácono da
Paróquia Nossa Senhora Consolata – Votorantim – SP E-mail cruzsm@uol.com.br
2. Jesus
aceita o convite das duas irmãs
O evangelho
deste domingo está situado na parte central de Lucas, a "subida de Jesus
para Jerusalém".
É preciso,
como ponto de partida, eliminar um equívoco, a saber, a oposição entre ação e
contemplação. Neste caso, Jesus daria prioridade à contemplação sobre a ação.
Aqui, a
questão é bem outra: trata-se de receber Jesus, de recebê-lo de verdade.
Foi Marta
quem o recebeu: "… e uma mulher, de nome Marta, o recebeu em sua
casa" (v. 38). Daí que é não só precipitado, mas uma má leitura do
texto, desqualificá-la. Jesus aceita o convite de Marta. Aliás, ele espera
ser convidado: "... eis que estou à porta e bato: se alguém ouvir a
minha voz e abrir a porta, entrarei em sua casa e cearei com ele, e ele
comigo" (Ap 3,20). Nós temos sempre uma porta a abrir para acolher
Jesus.
A fé em
Jesus é hospitalidade – trata-se de recebê-lo em si, em sua intimidade
pessoal e familiar. E recebê-lo bem! Receber bem é deixar o outro falar e se
dispor a ouvi-lo. Escutar é um trabalho, exige esforço.
Frequentemente,
há muito barulho à nossa volta, muito barulho em nós. Escutar alguém exige
atenção. Escutar distraidamente, continuando a fazer as tarefas, é um modo de
dizer àquele que fala que o que ele diz não tem nada de decisivo ou de
importante. Escutar alguém exige, como ponto de partida, admitir que ele
possa ter razão no que diz. Nosso relato tem um valor simbólico. Ele responde
a uma questão fundamental para o cristão: o que é ser, realmente, discípulo
de Jesus? A lição deste episódio é que ele não opõe duas opções. Ele afirma
uma prioridade: escutar, receber uma palavra que se instala em nós como um
hóspede se instala em nossa casa.
O erro de
Marta foi ter obstruído este tempo de escuta, de ter considerado que receber
Jesus é simplesmente preparar a mesa, pôr pequenos pratos, como é o costume
até hoje no Oriente. Marta queria fazer-se apreciar.
Tal zelo
acaba se transformando em tristeza, amargura, inveja; ela estima que o seu
trabalho não é reconhecido o bastante: "Senhor, não te importas que
minha irmã me deixe sozinha com todo o serviço? Manda, pois, que ela venha me
ajudar!" (v. 40).
O texto é
um apelo a dar prioridade a uma palavra que precede tudo e que nos faz agir
em consequência dela.
ORAÇÃO
Pai, que o meu agir não seja movido por um ativismo insensível à palavra de Jesus. Antes, seja toda a minha ação decorrência da escuta atenta desta palavra.
3. A MELHOR
PARTE
A cena
evangélica desafia-nos a fazer uma leitura integrativa, sem contrapor Maria e
Marta, como se uma fosse símbolo da ação e a outra, da contemplação, como se
uma tivesse feito uma ação louvável e a outra, uma ação censurável. Portanto,
quando Jesus fala que Maria escolheu a melhor parte, pensa-se logo que a
contemplação é mais importante que a ação ou, mais radicalmente, a
contemplação pode prescindir da ação.
Tanto a
atitude de Maria quanto a de Marta foram de carinhosa acolhida a Jesus e a
seus discípulos. A primeira deteve-se a escutar o amigo recém-chegado,
enquanto a outra pôs-se a preparar uma refeição para esses hóspedes. Diante
de amigos com fome, nada melhor do que oferecer-lhes algo para restaurar as
forças. O erro de Marta consistiu em não começar por acolher a quem chegava,
talvez depois de um longo período de ausência. Era preciso acolher o Mestre,
antes de pôr-se em ação. Afinal, Jesus estava mais interessado em partilhar
alguns momentos de convívio com uma família amiga do que em degustar uma
excelente refeição.
No caso de
Maria, sua amabilidade inicial transformar-se-ia em insensibilidade, se fosse
incapaz de perceber a situação dos amigos e não se apressasse em dar-lhes
comida. Ela, porém, agiu corretamente. Sua ação foi precedida da escuta da
palavra do Mestre. Ou seja, a contemplação culminou e expressou-se na ação
caridosa para com os visitantes.
Oração
Espírito de contemplação, ensina-me a inspirar o meu agir na escuta atenta da Palavra, de forma que minhas ações sejam expressão de comunhão com o Senhor. |
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segunda-feira, 15 de julho de 2013
Liturgia da 15ª semana comum Ano Impar
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