Liturgia da Segunda Feira — 29.07.2013
SANTA MARTA - DISCÍPULA DE JESUS
( BRANCO, PREFÁCIO COMUM OU DOS SANTOS –
OFÍCIO DA MEMÓRIA )
Antífona da entrada: Jesus entrou numa aldeia e uma
mulher chamada Marta o recebeu em sua casa (Lc 10,38).
Leitura (1 João 4,7-16)
Leitura da primeira carta de São João.
4 7 Caríssimos, amemo-nos uns aos outros, porque o amor vem de Deus, e
todo o que ama é nascido de Deus e conhece a Deus.
8 Aquele que não ama não conhece a Deus, porque Deus é amor.
9 Nisto se manifestou o amor de Deus para conosco: em nos ter enviado ao
mundo o seu Filho único, para que vivamos por ele.
10 Nisto consiste o amor: não em termos nós amado a Deus, mas em ter-nos ele
amado, e enviado o seu Filho para expiar os nossos pecados.
11 Caríssimos, se Deus assim nos amou, também nós nos devemos amar uns aos
outros.
12 Ninguém jamais viu a Deus. Se nos amarmos mutuamente, Deus permanece em
nós e o seu amor em nós é perfeito.
13 Nisto é que conhecemos que estamos nele e ele em nós, por ele nos ter dado
o seu Espírito.
14 E nós vimos e testemunhamos que o Pai enviou seu Filho como Salvador do
mundo.
15 Todo aquele que proclama que Jesus é o Filho de Deus, Deus permanece nele
e ele em Deus.
16 Nós conhecemos e cremos no amor que Deus tem para conosco. Deus é amor, e
quem permanece no amor permanece em Deus e Deus nele.
Salmo responsorial 33/34
Bendirei o Senhor Deus em todo o tempo.
Bendirei o Senhor Deus em todo o tempo,
seu louvor estará sempre e minha boca.
Minha alma se gloria no Senhor;
que ouçam os humildes e se alegrem!
Comigo engrandecei ao senhor Deus,
exaltemos todos juntos o seu nome!
Todas as vezes que o busquei, ele me ouviu
e de todos os temores me livrou.
Contemplai a sua face e alegrai-vos,
E vosso rosto não se cubra de vergonha!
Este infeliz gritou a Deus e foi ouvido,
E o Senhor o libertou de toda angústia.
O anjo do Senhor vem acampar
Ao redor dos que o temem e os salva.
Provai e vede quão suave é o Senhor!
Feliz o homem que tem nele o seu refúgio!
Respeitai o Senhor Deus, seus santos todos,
Porque nada faltará aos que o temem.
Os ricos empobrecem, passam fome,
Mas aos que buscam o Senhor não falta nada.
Aclamação do Evangelho
Aleluia, aleluia, aleluia.
Eu sou a luz do mundo; aquele que me segue não caminha entre as trevas, mas
terá a luz da vida (Jo 8,12).
EVANGELHO (João 11,19-27)
Naquele tempo, 11 19 muitos judeus tinham vindo a Marta e a Maria,
para lhes apresentar condolências pela morte de seu irmão.
20 Mal soube Marta da vinda de Jesus, saiu-lhe ao encontro. Maria, porém,
estava sentada em casa.
21 Marta disse a Jesus: "Senhor, se tivesses estado aqui, meu irmão não
teria morrido!
22 Mas sei também, agora, que tudo o que pedires a Deus, Deus to
concederá".
23 Disse-lhe Jesus: "Teu irmão ressurgirá".
24 Respondeu-lhe Marta: "Sei que há de ressurgir na ressurreição no
último dia".
25 Disse-lhe Jesus: "Eu sou a ressurreição e a vida. Aquele que crê em
mim, ainda que esteja morto, viverá.
26 E todo aquele que vive e crê em mim, jamais morrerá. Crês
nisto?"
27 Respondeu ela: "Sim, Senhor. Eu creio que tu és o Cristo, o Filho de
Deus, aquele que devia vir ao mundo".
COMENTÁRIOS DO EVANGELHO
1. Senhor, eu creio...
Com a chegada de Jesus, Marta vai ao seu encontro, enquanto sua irmã,
Maria, permanece sentada. Marta se destaca do grupo, formado pela irmã e
pelos judeus, caracterizado pelo luto. Deixando o grupo para ir ao encontro
do Senhor, Marta dissocia-se do luto e se coloca do lado do Senhor dos vivos.
Diante de Jesus, ela se coloca como uma mulher de fé que confia em Jesus: "Senhor,
se estivesses estado aqui… Mesmo assim, eu sei que tudo o que pedires a Deus,
ele te concederá" (vv. 21.22).
A intervenção confiante de Marta é constituída de uma dupla fórmula: a
presença de Jesus teria livrado o seu irmão da morte e a presença de Jesus
permite reavivar toda a esperança. "Teu irmão ressuscitará" (v.
23), diz Jesus. Diante disso, Marta afirma a sua adesão ao credo do judaísmo
sobre a ressurreição (cf. v. 24).
Mas ante à nova afirmação de Jesus, "Eu sou a Ressurreição e a
vida", ela supera a fé judaica na ressurreição, para professar: "Eu
creio…" (v. 27). É exatamente nisso que ela é cristã. O diálogo de Jesus
com Marta é o cume do capítulo 11. A profissão de Marta equivale à de Pedro,
em Jo 6,69.
ORAÇÃO
Pai, que o meu agir não seja movido por um ativismo insensível à palavra de
Jesus. Antes, seja toda a minha ação decorrência da escuta atenta desta
palavra.
2. Santa Marta
Marta é mencionada apenas em uma cena de Lucas, e em duas cenas de
João. Em Lucas, Jesus está em casa de Marta, em Betânia, Maria a seus pés e
Marta servindo (Lc 10,38-42). Em João, temos o diálogo com Marta na cena da
morte e ressurreição de Lázaro (evangelho de hoje), e a cena da ceia em sua
casa, cinco dias antes da última ceia com os apóstolos (Jo 12,1-2). No diálogo
com Jesus, Maria reafirma a crença farisaica na ressurreição do último dia.
Jesus revela-lhe a sua novidade: "Eu sou a ressurreição e a vida".
A ressurreição é a vida de Deus, que vence a morte e que nos é dada em Jesus.
A ressurreição de Lázaro revela a continuidade da vida e a presença da vida
eterna, já, naqueles que crêem em Jesus. "Todo aquele que crê em mim,
não morrerá jamais".
A comunidade que crê em Jesus e vive sua missão de amor é a comunidade
dos que já estão inseridos na vida divina e eterna.
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XVII SEMANA DO TEMPO COMUM *
( VERDE – OFÍCIO DO DIA )
Antífona da entrada: Deus habita em seu templo
santo, reúne seus filhos em
Leitura (Êxodo, 33,7-11; 34,5-9.28)
Leitura do livro do Êxodo.
33 7 Moisés foi levantar a tenda a alguma distância fora do
acampamento. (E chamou-a tenda de reunião.) Quem queria consultar o Senhor,
dirigia-se à tenda de reunião, fora do acampamento.
8 Quando Moisés se dirigia para a tenda, todo mundo se levantava, cada um
diante da entrada de sua tenda, para segui-lo com os olhos até que entrasse
na tenda.
9 E logo que ele acabava de entrar, a coluna de nuvem descia e se punha à
entrada da tenda, e o Senhor se entretinha com Moisés.
10 À vista da coluna de nuvem, todo o povo, em pé à entrada de suas tendas,
se prostrava no mesmo lugar.
11 O Senhor se entretinha com Moisés face a face, como um homem fala com seu
amigo. Voltava depois Moisés ao acampamento, mas seu ajudante, o jovem Josué,
filho de Nun, não se apartava do interior da tenda.
5 O Senhor desceu na nuvem e esteve perto dele, pronunciando o nome de
Javé.
6 O Senhor passou diante dele, exclamando: "Javé, Javé, Deus compassivo
e misericordioso, lento para a cólera, rico em bondade e em fidelidade,
7 que conserva sua graça até mil gerações, que perdoa a iniqüidade, a
rebeldia e o pecado, mas não tem por inocente o culpado, porque castiga o
pecado dos pais nos filhos e nos filhos de seus filhos, até a terceira e a
quarta geração".
8 Moisés inclinou-se incontinente até a terra e prostrou-se,
9 dizendo: "Se tenho o vosso favor, Senhor, dignai-vos marchar no meio
de nós: somos um povo de cabeça dura, mas perdoai nossas iniqüidades e nossos
pecados, e aceitai-nos como propriedade vossa".
28 Moisés ficou junto do Senhor quarenta dias e quarenta noites, sem comer
pão nem beber água. E o Senhor escreveu nas tábuas o texto da aliança, as dez
palavras.
Salmo responsorial 102/103
O Senhor é indulgente, é favorável.
O Senhor realiza obras de justiça
e garante o direito aos oprimidos;
revelou os seus caminhos a Moisés
e, aos filhos de Israel, seus grandes feitos.
O Senhor é indulgente, é favorável,
é paciente, é bondoso e compassivo.
Não fica sempre repetindo as suas queixas
nem guarda eternamente o seu rancor.
Não nos trata como exigem nossas faltas
nem nos pune em proporção às nossas culpas.
Quanto os seus por sobre a terra se elevam,
tanto é grande o seu amor aos que o temem.
Quanto dista o nascente do poente,
tanto afasta para longe os nossos crimes.
Como um pai se compadece de seus filhos,
o Senhor tem compaixão dos que o temem.
Aclamação do Evangelho
Aleluia, aleluia, aleluia.
A semente é de Deus a palavra, Cristo é o semeador; todo aquele que o
encontra, vida eterna encontrou.
EVANGELHO (Mateus 13,36-43)
13 36 Então despediu a multidão. Em seguida, entrou de novo na casa e
seus discípulos agruparam-se ao redor dele para perguntar-lhe: Explica-nos a
parábola do joio no campo.
37 Jesus respondeu: O que semeia a boa semente é o Filho do Homem.
38 O campo é o mundo. A boa semente são os filhos do Reino. O joio são os
filhos do Maligno.
39 O inimigo, que o semeia, é o demônio. A colheita é o fim do mundo. Os
ceifadores são os anjos.
40 E assim como se recolhe o joio para jogá-lo no fogo, assim será no fim do
mundo.
41 O Filho do Homem enviará seus anjos, que retirarão de seu Reino todos os
escândalos e todos os que fazem o mal
42 e os lançarão na fornalha ardente, onde haverá choro e ranger de
dentes.
43 Então, no Reino de seu Pai, os justos resplandecerão como o sol. Aquele
que tem ouvidos, ouça.
COMENTÁRIOS DO EVANGELHO
1. Em Cristo, o mal é vencido
À parte, em casa, os discípulos pedem uma explicação da parábola do
joio (vv. 24-30). Trata-se de uma aplicação posterior da parábola que
anteriormente explicamos.
É bastante provável que a explicação da parábola não remonte a Jesus,
mas às necessidades da pregação cristã posterior.
Jesus explicita um a um os termos da parábola (vv. 37-39). Apoiado por
imagens de Sofonias 1,3 e de Daniel 12,3, Jesus compara a colheita ao juízo
final (vv. 40-42). O versículo final afirma que o mal não triunfará: "Os
justos brilharão como o sol no Reino de seu Pai" (v. 43).
É preciso tirar para vida cristã a conclusão e as consequências desta
afirmação. Para os cristãos perseguidos e ameaçados por causa de sua fé, é
preciso manter viva a esperança de que, em Cristo, o mal já foi vencido, por
isso não há o que temer, por que ele mesmo nos faz participantes de sua
vitória sobre o mal e a morte.
ORAÇÃO
Pai, que as pressões dos filhos do Maligno jamais sejam suficientemente fortes
para me levar a renunciar à minha condição de filho do Reino. Quero estar
sempre a teu serviço.
2. EXPLICAÇÃO NECESSÁRIA
Os discípulos não compreenderam a parábola do joio e do trigo. Sendo
assim, como acontecera com a parábola do semeador, Jesus percebeu ser
necessário dar-lhes uma explicação. E o fez, identificando cada elemento da
parábola, a partir do horizonte religioso dos discípulos.
A perspectiva escatológica é patente na interpretação de Jesus. Ou
seja, decifra-se o sentido da parábola, a partir do fim do mundo. Só então
não haverá dúvida de quem, ao longo da vida, comportou-se como filho do
Reino, identificado com o trigo, e quem se comportou como filho do Maligno,
identificado com o joio. A diversidade de filiação depende do direcionamento
do coração humano. Quem dirigiu seu coração para Jesus e permitiu que a
semente plantada por ele pruduzisse frutos de amor e justiça, haverá de
brilhar como Sol, junto do Pai. Quem, pelo contrário, optou por abrir o
coração ao demônio e deixá-lo plantar aí sua semente e, por conseguinte,
entregou-se a uma vida de escândalos e iniqüidades, pode contar com a
condenação.
A parábola visava alertar os discípulos. Nada impedia que o demônio
lançasse sua semente também em seus corações, desviando-os do caminho do amor
e lançando-os nas sendas da injustiça. Se fossem suficientemente
inteligentes, não teriam dificuldade em reconhecer para onde estavam
caminhando.
Oração
Senhor Jesus, dá-me inteligência para reconhecer e repelir a ação do maligno,
como também para acolher, com amor, a boa semente que queres plantar em meu
coração.
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SANTO INÁCIO DE LOYOLA
( BRANCO, PREFÁCIO COMUM OU DOS PASTORES
– OFÍCIO DA MEMÓRIA )
Antífona da entrada: Ao nome de Jesus, todo joelho se dobre no céu, na terra e
nos abismos; e toda língua proclame, para glória de Deus Pai, que Jesus
Cristo é Senhor (Fl 2,10s).
Leitura (Êxodo 34,29-35)
Leitura do livro do Êxodo.
34 29 Moisés desceu do monte Sinai, tendo nas
mãos as duas tábuas da lei. Descendo do monte, Moisés não sabia que a pele de
seu rosto se tornara brilhante, durante a sua conversa com o Senhor.
30 E, tendo-o visto Aarão e todos os israelitas, notaram que a pele de seu
rosto se tornara brilhante e não ousaram aproximar-se dele.
31 Mas ele os chamou, e Aarão com todos os chefes da assembléia voltaram para
junto dele, e ele se entreteve com eles.
32 Aproximaram-se, em seguida, todos os israelitas, a quem ele transmitiu as
ordens que tinha recebido do Senhor no monte Sinai.
33 Tendo Moisés acabado de falar, pôs um véu no seu rosto.
34 Mas, entrando Moisés diante do Senhor para falar com ele, tirava o véu até
sair. E, saindo, transmitia aos israelitas as ordens recebidas.
35 Estes viam irradiar a pele de seu rosto; em seguida Moisés recolocava o
véu no seu rosto até a próxima entrevista com o Senhor.
Salmo responsorial 98/99
Santo é o Senhor nosso Deus!
Exaltai o Senhor nosso Deus
e prostrai-vos perante seus pés,
pois é santo o Senhor nosso Deus!
Eis Moisés e Aarão entre os seus sacerdotes.
E também Samuel invocava seu nome,
e ele mesmo, o Senhor, os ouvia.
Da coluna de nuvem falava com eles.
E guardavam a lei e os preceitos divinos
que o Senhor nosso Deus tinha dado.
Exaltai o Senhor nosso Deus
e prostrai-vos perante seu monte,
pois é santo o Senhor nosso Deus!
Aclamação do Evangelho
Aleluia, aleluia, aleluia.
Eu vos chamo meus amigos, pois vos dei a conhecer o que o Pai me revelou (Jo
15,15).
Evangelho (Mateus 13,44-46)
Naquele tempo, Jesus disse à multidão: 13 44 O
Reino dos céus é também semelhante a um tesouro escondido num campo. Um homem
o encontra, mas o esconde de novo. E, cheio de alegria, vai, vende tudo o que
tem para comprar aquele campo.
45 O Reino dos céus é ainda semelhante a um negociante que procura pérolas
preciosas.
46 Encontrando uma de grande valor, vai, vende tudo o que possui e a
compra".
COMENTÁRIOS DO EVANGELHO
1. O Reino dos céus é comparável a bens que
ultrapassam em valor o que se pode imaginar.
Falar de tesouro e de pérolas preciosas é
falar de valores, ou melhor, do valor do Reino dos céus. Três verbos
caracterizam as duas parábolas: "encontrar" (v. 44),
"procurar" (v. 45) e "encontrar" (v. 46). As duas
parábolas têm em comum esta expressão: "... vende todos os seus bens e
compra...".
A diferença entre as duas parábolas é a
seguinte: na primeira, o homem encontra o tesouro, sem buscá-lo; na segunda,
ele procura a pérola preciosa. Estas duas parábolas são inseparáveis e
complementares. Por isso, há de se supor que o comerciante que compra a
pérola experimenta a mesma "alegria" que o homem que compra o campo
por causa do tesouro.
A conclusão que se pode tirar destas parábolas
é relativamente simples: o Reino dos céus é comparável a bens que ultrapassam
em valor o que se pode imaginar. A quem o encontra é exigido o engajamento de
toda a vida para adquiri-lo. Possuí-lo é uma grande alegria.
ORAÇÃO
Pai, que eu seja decidido e rápido em desfazer-me do que me impede de acolher
plenamente o teu Reino. Que meu coração nunca se apegue a coisa alguma deste
mundo.
2. DECISÃO RADICAL
A relação do discípulo com o Reino deve ser de
exclusividade. Em sua vida, nada pode apresentar-se como concorrente desse
Reino, pois este tem a primazia em tudo, deve ser o ponto de referência para
tudo, o eixo de sua existência. E tudo isto se explica como adesão e serviço
total ao Reino.
Jesus comparou a radicalidade desta opção com o gesto de um homem que, ao
descobrir um tesouro escondido num campo, cheio de alegria vendeu quanto
possuía e adquiriu aquele campo. Essa descoberta levou-o a redimensionar o
valor de suas propriedades. A posse do tesouro justificava desfazer-se de
tudo o mais.
Outro ponto de comparação foi a atitude de um
comerciante de pérolas preciosas: ao encontrar uma de grande valor, decidiu
desfazer-se de todos os seus bens, só para adquiri-la. A posse da pérola
levou-o a dar uma reviravolta em sua vida: todas as demais pérolas que
possuía, bem como outras eventuais propriedades, pouco valor tinham para ele.
A posse da pérola preciosa era suficiente para fazê-lo feliz.
O mesmo se passa com o Reino. Ele constitui a
alegria do discípulo, embora tivera de renunciar ao que antes lhe parecia
precioso. Por causa do Reino, o discípulo é capaz de tomar decisões radicais.
Oração
Senhor Jesus, que eu me desfaça, com coragem e alegria, de tudo quanto me
impede de colocar o Reino como centro de minha vida.
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SANTO AFONSO DE LIGÓRIO - BISPO E DOUTOR
( BRANCO, PREFÁCIO COMUM OU DOS PASTORES
– OFÍCIO DA MEMÓRIA )
Antífona da entrada: Velarei sobre as minhas ovelhas, diz o Senhor;
chamarei um pastor que as conduza e serei o seu Deus (Ez 34,11.23s).
Leitura (Êxodo 40,16-21.34-38)
Leitura do livro do Êxodo.
Naqueles dias, 40 16 Moisés fez tudo o que o
Senhor lhe havia mandado, e se conformou a tudo.
17 Assim, no segundo ano, no primeiro dia do primeiro mês, o tabernáculo foi
erigido.
18 Moisés levantou o tabernáculo: pôs suas bases, suas tábuas, suas
travessas, e assentou suas colunas.
19 Estendeu a tenda sobre o tabernáculo, e pôs a coberta da tenda por cima,
como o Senhor lhe tinha ordenado.
20 Tomou o testemunho e colocou-o na arca; meteu os varais na arca, e colocou
nela a tampa.
21 Introduziu a arca no tabernáculo; e, tendo pendurado o véu de separação,
cobriu com ele a arca da aliança, como o Senhor tinha ordenado a
Moisés.
34 Então a nuvem cobriu a tenda de reunião e a glória do Senhor encheu o
tabernáculo.
35 E era impossível a Moisés entrar na tenda de reunião, porque a nuvem
pairava sobre ela, e a glória do Senhor enchia o tabernáculo.
36 Durante todo o curso de suas peregrinações, os israelitas se punham a
caminho quando se elevava a nuvem que estava sobre o tabernáculo;
37 do contrário, eles não partiam até o dia em que ela se elevasse.
38 E, enquanto duraram as suas peregrinações, a nuvem do Senhor pairou sobre
o tabernáculo durante o dia; e, durante a noite, havia um fogo na nuvem, que
era visível a todos os israelitas.
Salmo responsorial 83/84
Quão amável, ó Senhor, é vossa casa!
Minha alma desfalece de saúdes
e anseia pelos átrios do Senhor!
Meu coração e minha carne rejubilam
e exultam de alegria no Deus vivo!
Mesmo o pardal encontra abrigo em vossa casa,
e a andorinha ali prepara o seu ninho,
para nele filhotes colocar;
vossos altares, ó Senhor Deus do universo!
Vossos altares, ó meu rei e meu Senhor!
Felizes os que habitam vossa casa;
para sempre haverão de vos louvar!
Felizes os que em vós têm sua força,
caminharão com um ardor sempre crescente.
Na verdade, um só dia em vosso templo
vale mais do que milhares fora dele!
Prefiro estar no limiar de vossa casa
a hospedar-me na mansão de pecadores!
Aclamação do Evangelho
Aleluia, aleluia, aleluia.
Abre-nos, ó Senhor, o coração, para ouvirmos a palavra de Jesus! (At 16,14)
EVANGELHO (Mateus 13,47-53)
13 47 "O Reino dos céus é semelhante
ainda a uma rede que, jogada ao mar, recolhe peixes de toda espécie.
48 Quando está repleta, os pescadores puxam-na para a praia, sentam-se e
separam nos cestos o que é bom e jogam fora o que não presta.
49 Assim será no fim do mundo: os anjos virão separar os maus do meio dos
justos
50 e os arrojarão na fornalha, onde haverá choro e ranger de dentes.
51 Compreendestes tudo isto? Sim, Senhor, responderam eles.
52 Por isso, todo escriba instruído nas coisas do Reino dos céus é comparado
a um pai de família que tira de seu tesouro coisas novas e velhas".
53 Após ter exposto as parábolas, Jesus partiu.
COMENTÁRIOS DO EVANGELHO
1. Somente o Reino é definitivo
Esta parábola fecha um conjunto que se inicia
no versículo 1 com a Parábola do Semeador, o panorama muda mas o ensinamento
é o mesmo: o Reino é uma iniciativa Divina. Ás vezes, na visão rigorosa de
Mateus, tem-se a impressão de que o homem em nada participa mas esta é uma
visão enganosa. O evangelista precisava usar esta linguagem radical pois os
seus conterrâneos não abriam mão da tradição onde despontavam nomes sagrados
como o Rei Davi, o libertador Moisés e mais na origem o Patriarca Abraão.
Para eles, Jesus de Nazaré não poderia ser maior que esses, não aceitavam que
ele era o próprio Filho de Deus, inaugurador do Reino definitivo, e muito menos
que Deus se ocupasse de outros povos e nações que não Israel, raça eleita,
Nação Santa.
Na rede jogada ao mar caem peixes de todas as
espécies, grandes, pequenos, peixes de ótima qualidade mas também peixes que
não serviam para ser aproveitados. Haverá no final uma seleção dos
convocados, e Israel não tem lugar garantido só porque tem suas raízes na
tradição, sendo povo da antiga aliança. Possivelmente, o que pensava um judeu
tradicionalista era que Israel não passaria por nenhum julgamento pois já estavam
assegurados.
Por isso Mateus dá ênfase ao julgamento e
ainda as consequências trágicas que virão para quem não for selecionado.
Quando refletimos este evangelho corremos o risco de pensar mal de Deus, uma
vez que os coitados dos peixes que caem na rede, nem imaginam o destino que
espera para os que não passarem no controle de qualidade dos anjos.
Entretanto o versículo final, alinhado á primeira leitura do Profeta Jeremias
desfaz esse equívoco.
O Doutor da Lei que se torna discípulo de
Jesus, têm á sua frente o Baú do Antigo Testamento de onde, ele poderá agora
tirar coisas novas e velhas, como um pai de família que ao fazer uma bela
faxina em casa, vai separar algumas coisas que são úteis e outras que já não
servem mais. O Doutor da Lei que se tornou discípulo do Senhor, agora olha
para o Antigo Testamento a partir de Jesus e consegue separar coisas novas e
velhas, pois com Cristo as escrituras antigas revelam seu verdadeiro e real
sentido.
Jesus Cristo, o Messias Salvador e Redentor, é
a plena realização da profecia de Jeremias, pois Nele todo homem será
remodelado, refeito, como um barro nas mãos do oleiro. Conclusão da parábola:
basta que o homem se torne flexível e disponível para deixar-se modelar pela
Graça Operante e Santificante da Graça de Deus, e ele será totalmente
transformado... E daí, os peixes de menor qualidade que caíram na rede do
Reino, poderão sim, serem transformados em bons.
Somente os egoístas, egocentristas, fechados a
graça de Deus, e que recusam deliberadamente a Salvação, é que serão jogados
fora do Reino, e quando se darem conta da grande bobagem que fizeram, ao
recusar a Vida Nova que em Jesus Deus lhes ofereceu, irão se remoer por toda
eternidade, em um choro e ranger de dentes, expressão que Mateus muito usava,
como uma luz amarela de atenção, aos seus conterrâneos, e que hoje serve de
alerta ao homem da pós modernidade, que parece não crer no poder da Graça
transformadora de Deus, manifestada em Jesus.
2. "Entendestes tudo isso?"
A parábola da rede é a última das parábolas do
Reino do capítulo 13 do evangelho segundo Mateus. A parábola da rede (vv.
47-48) é seguida imediatamente de sua explicação (vv. 49-50).
Própria a Mateus, tem partes em comum com a
parábola do joio e do trigo (vv. 24-30): boa semente e o joio crescem juntos no
campo; os peixes bons e os ruins são pegos na mesma rede. Nas duas parábolas
é preciso separar um do outro, e ambas terminam mencionando o juízo final
(vv. 30.49-50), o que nos remete, igualmente, a Mt 25,31-46.
Esta parábola não deixa margem à interpretação,
pois ela mesma já o fez: "Assim acontecerá no fim do mundo…" (v.
49).
O longo discurso do capítulo 13 termina com
uma pergunta de Jesus: "Entendestes tudo isso?" (v. 51a), isto é,
tudo o que foi ensinado através das parábolas. E os discípulos responderam:
"Sim" (v. 51b).
A resposta positiva engaja os discípulos a
transmitirem o ensinamento sobre o Reino dos céus. Ao discípulo é exigida
criatividade na transmissão deste mistério: "Se o inteligente ouve uma
palavra sábia, aprecia-a e acrescenta-lhe algo de seu" (Eclo 21,15).
ORAÇÃO
Pai, concede-me suficiente realismo para perceber que teu Reino se constrói
em meio a perdas e ganhos, e que só tu podes garantir o sucesso final.
3. A SEPARAÇÃO FINAL
Diante da pregação de Jesus, a comunidade dos
discípulos pensou ser conveniente separar, o mais cedo possível, a humanidade
em dois blocos. De um lado, estariam os bons, que se deixaram tocar pelo
Reino e aderiram a ele com fidelidade. De outro, estariam os maus, os que
foram insensíveis aos apelos do Reino e preferiram aderir à injustiça e toda
sorte de maldade. Esta divisão nítida, no pensar deles, lhes daria segurança.
Afinal, não haveria dúvida sobre o lugar onde se encontravam o bem e o mal. A
mistura acarretaria sérios perigos para os bons.
Ao contar a parábola da rede, Jesus mostrou-se
contrário a esta mentalidade. Como a rede recolhe peixes de toda espécie, o
mesmo se passa com o Reino. Gente de toda categoria e com as mais variadas
intenções se fazem discípulas dele. Por ora, não é conveniente estabelecer
uma separação entre elas. A ninguém é dado este poder. Ele é da competência
de Jesus: só a ele cabe julgar as pessoas e separá-las segundo seu
comportamento. Mas isto será feito apenas no fim do mundo. Até lá, os que se
consideram bons e são impacientes com os demais, devem provar que o são, de
fato.
Uma maneira de prová-lo é ser paciente com quem é fraco na fé e ajudá-lo a
descobrir o caminho da fidelidade a Jesus e ao Reino. A intransigência já é
uma forma de maldade e poderá resultar em dano para o discípulo, quando se
defrontar com o Senhor.
Oração
Senhor Jesus, livra-me da tentação de arvorar-me em juiz do meu próximo e
faze-me ajudar os fracos na fé a descobrirem o caminho do Reino.
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XVII SEMANA DO TEMPO COMUM *
( VERDE – OFÍCIO DO DIA )
Antífona da entrada: Deus habita em seu templo santo, reúne seus filhos em sua
casa; é ele que dá força e poder a seu povo (Sl 67,6s.36)
Leitura (Levítico 23,1.4-11.15-16.27.34-37)
Leitura do Livro do Levítico
23 1 O Senhor disse a Moisés: "Dize aos
israelitas o seguinte:
4 "Eis as festas do Senhor, santas assembléias que anunciareis no devido
tempo.
5 No primeiro mês, no décimo quarto dia do mês, entre as duas tardes, será a
Páscoa do Senhor.
6 E no décimo quinto dia desse mês, realizar-se-á a festa dos Pães sem
Fermento em honra do Senhor: comereis pães sem fermento durante sete dias.
7 Tereis no primeiro dia uma santa assembléia, e não fareis nenhum trabalho
servil.
8 Durante sete dias oferecereis ao Senhor sacrifícios pelo fogo. No sétimo dia
haverá uma santa assembléia; e não fareis trabalho algum servil".
9 O Senhor disse a Moisés: "Dize aos israelitas o seguinte:
10 quando tiverdes entrado na terra que vos hei de dar, e fizerdes a ceifa,
trareis ao sacerdote um molho de espigas como primícias de vossa ceifa.
11 O sacerdote agitará esse molho de espigas diante do Senhor, para que ele
vos seja favorável: fará isso no dia seguinte ao sábado.
15 "A partir do dia seguinte ao sábado, desde o dia em que tiverdes
trazido o molho para ser agitado, contareis sete semanas completas.
16 Contareis cinqüenta dias até o dia seguinte ao sétimo sábado, e
apresentareis ao Senhor uma nova oferta.
27 "No décimo dia do sétimo mês será o dia das Expiações. Tereis uma
santa assembléia: humilhareis vossas, almas e oferecereis ao Senhor
sacrifícios queimados pelo fogo.
34 no décimo quinto dia do sétimo mês, celebrar-se-á a festa dos Tabernáculos
durante sete dias, em honra do Senhor.
35 No primeiro dia haverá uma santa assembléia: não fareis nenhum trabalho
servil.
36 Durante sete dias oferecereis ao Senhor sacrifícios queimados pelo fogo.
No oitavo dia tereis uma santa assembléia e oferecereis ao Senhor sacrifícios
queimados pelo fogo. Será uma assembléia solene: não fareis trabalho algum
servil.
37 Estas são as solenidades do Senhor que anunciareis para haver santas
assembléias, para oferecer ao Senhor sacrifícios queimados pelo fogo,
holocaustos, oblações, vítimas e libações, cada coisa em seu dia.
Salmo responsorial 80/81
Exultai no Senhor, nossa força.
Cantai salmos, tocai tamborim,
harpa e lira suaves tocai!
Na lua nova soai a trombeta,
na lua cheia, na festa solene!
Porque isso é costume em Jacó,
um preceito do Deus de Israel;
uma lei que foi dada a José,
quando o povo saiu do Egito.
Em teu meio não exista um deus estranho,
nem adores a um deus desconhecido!
Porque eu sou o teu Deus e teu Senhor,
que da terra do Egito te arranquei.
Aclamação do Evangelho
Aleluia, aleluia, aleluia.
A palavra do Senhor permanece eternamente, e esta é a palavra que vos foi
anunciada (1Pd 1,25).
EVANGELHO (Mateus 13,54-58)
13 54 Jesus foi para a sua cidade e ensinava
na sinagoga, de modo que todos diziam admirados: "Donde lhe vem esta
sabedoria e esta força miraculosa?
55 Não é este o filho do carpinteiro? Não é Maria sua mãe? Não são seus
irmãos Tiago, José, Simão e Judas?
56 E suas irmãs, não vivem todas entre nós? Donde lhe vem, pois, tudo
isso?"
57 E não sabiam o que dizer dele. Disse-lhes, porém, Jesus: "É só em sua
pátria e em sua família que um profeta é menosprezado".
58 E, por causa da falta de confiança deles, operou ali poucos
milagres.
COMENTÁRIOS DO EVANGELHO
1. Santo de Casa...
Quando Jesus chegou a sua “terrinha” de
Nazaré, acompanhado dos discípulos, deve ter causado um verdadeiro
“rebuliço”, pois a fama de suas pregações e milagres já tinha chegado por
ali, e no sábado, como todo piedoso judeu, foi á celebração da palavra da
comunidade, onde qualquer pessoa adulta poderia partilhar o ensinamento na
hora da reflexão, e Jesus, usando desse direito, começou a pregar á sua gente
fazendo a homilia.
O povinho da terra nunca tinha ouvido uma
pregação feita com tanta sabedoria, que superava o ensinamento dos Mestres da
Lei e Fariseus, imaginemos que na comunidade, algum ministro da palavra
pregue melhor do que o padre...
E com o estudo teológico acessível aos leigos,
isso hoje não seria novidade. Aquilo que causa muita admiração, também logo
acabará despertando inveja e ciúmes. Basta que olhemos para os nossos
trabalhos pastorais, onde o carisma das pessoas não deveria jamais perturbar
o coração de ninguém, ao contrário, deveria motivar um hino de louvor, por
Deus ter dado a alguém um carisma tão belo, colocado a serviço da comunidade.
Mas logo surgem os questionamentos maldosos: Como é que ele faz isso? Onde
aprendeu? Quem o ensinou, de onde é que vem todo esse saber? Será que o padre
o autorizou? (esta última coloquei por minha conta) E a admiração,
contaminada por sentimentos de inveja, vai logo se transformando em
desconfiança aumentando o questionamento: “Quem ele pensa que é, para falar
assim com a gente? Será que ele não se enxerga? E ainda tem gente que o
aplaude...” Os que não gostam muito do padre, logo vão afirmar que o sujeito
faz parte da sua “panelinha”, ou então, irão inventar alguma coisa para que o
padre “corte a asinha” do tal.
As pessoas, quando enxergam algo de
extraordinário no carisma de alguém, começam a fazer do sujeito uma
referência importante, acham que a sua oração é especial, que um toque de sua
mão poderosa pode realizar curas prodigiosas, e em pouco tempo, a propaganda
é tanta, que o tal não pode mais sair às ruas que é logo procurado para
resolver os mais complicados problemas, inclusive de relacionamento entre as
pessoas, apaziguar casais brigados, aconselhar jovens, e assim a sua palavra
se torna poderosa e em consequência passa a ter poder religioso paralelo, e
se na comunidade não houver um espaço para ele atuar, terão de criar um, pois
ele precisa ser o centro das atenções.
Jesus não quis formar um grupo só para ele,
para bater de frente com os Doutores da lei, escribas e fariseus, e como ele
pertencia a uma das famílias do local, a ponto de sua mãe e seus irmãos serem
de todos conhecidos, começaram a vê-lo como um vulgar, que nada de
extraordinário tinha feito em Nazaré, para que merecesse toda aquela fama. Na
verdade, Jesus não quis assumir o papel de “Salvador da Pátria”, diferente de
muitos cristãos, que se julgam o máximo naquilo que fazem, e pensam que sem
eles, a comunidade estaria perdida. Essa rejeição á ele, suas obras e
ensinamentos, iria se ampliar e lhe traria conseqüências muito trágicas na
cruz do calvário, tudo porque suas palavras anunciavam um reino novo, que
exigia uma total renovação e mudança de vida.
Na sinagoga de Nazaré foi assim, e nas nossas
comunidades, não é muito diferente. Quem prega mudanças de mentalidade e
conduta, vai sempre arrumar uma bela de uma encrenca. Enfim, o Jesus que há
dentro de nós, criado pelas nossas fantasias, ou fruto de nossas ideologias
sociais ou políticas, não coincide com esse Jesus, Profeta de Nazaré, Ungido
de Deus. E o pior, é que projetamos tudo isso nas pessoas que lideram a
comunidade, nos cooperadores, nos coordenadores, nos ministros, nas
catequistas, nos padres e diáconos e assim vai. Um dia, basta um
desentendimento mais sério e o nosso Jesus idealizado “vai pro espaço” com a
pastoral e o movimento.
Quanto mais somos realistas em nossa fé, mais
nos adequamos á comunidade aceitando-a como ela é, quanto mais nos iludimos
com o Jesus da nossa fantasia, mais difícil será vivermos em comunidade,
aceitando as pessoas do jeito que elas são. Daí, como em Nazaré, nenhum
milagre acontece, por causa dessa fé infantil e ilusória...
2. A falta de fé nos fecha para o que é de
Deus
Jesus vai à sua cidade, Nazaré. O seu
ensinamento causa a admiração de quem o ouve. O leitor mesmo do evangelho se
admira com a facilidade com que Jesus expõe o seu ensinamento, dialoga e
responde às questões que lhe são postas.
Há uma sabedoria que não se aprende pelas
letras: ela é dom, fruto de uma profunda união entre o homem e Deus, entre
Jesus e seu Pai. Os seus concidadãos são incrédulos (cf. v. 58) e pensam
conhecer a origem de Jesus: "Não é ele o filho do carpinteiro?…"
(vv. 55-56a). Por causa da falta de fé deles, não puderam acolher o dom de
Deus, perderam a oportunidade de reconhecer o tempo da visita salvífica de
Deus. A falta de fé nos fecha para o que é de Deus e nos impede de ver para
além das aparências.
Nazaré é protótipo de rejeição de Jesus por
Israel: "Um profeta só não é valorizado em sua própria cidade e na sua
própria casa" (v. 57). É que a falta de fé impediu que a palavra cheia
de sabedoria entrasse no mais profundo do coração delese pudesse revelar que
Jesus é mais do que o filho do carpinteiro.
ORAÇÃO
Pai, livra-me da tentação de querer enquadrar-te em meus mesquinhos esquemas.
Que eu saiba reconhecer e respeitar o teu modo de agir.
3. O MESTRE SOB SUSPEITA
A sabedoria de Jesus deixou intrigada a
população de Nazaré, onde ele vivera desde a infância: De onde lhe vinham
tanta sabedoria e o poder de fazer milagres? Não era possível que o filho de
um carpinteiro, bem conhecido no povoado, manifestasse uma sabedoria maior
que a dos grandes mestres. Era inexplicável como alguém, cujos parentes nada
tinham de especial, falasse com tamanha autoridade. Os concidadãos de Jesus
suspeitavam dele, e não acreditavam de que estivesse falando e agindo por
inspiração divina. Por este motivo, o Mestre tornou-se para eles motivo de
escândalo.
A experiência de rejeição não chegou a
desanimar Jesus. Ele se deu conta de estar vivendo uma situação semelhante à
dos antigos profetas de Israel. Nenhum deles foi aceito e reconhecido pelo
povo ao qual tinham sido enviados. Antes, todos foram desprezados e
humilhados, quando não, assassinados de maneira perversa e desumana.
Jesus não perdeu tempo com quem se obstinava
em não aceitá-lo. Por isso, não realizou em Nazaré muitos milagres. Seria
perda de tempo, acarretaria ainda mais maledicência, acirraria os ânimos do
povo. Por isso, seguiu em frente, buscando quem estivesse aberto para
deixar-se tocar por sua mensagem. O fracasso não o abateu nem atenuou o ardor
com que realizava a missão que o Pai lhe tinha confiado.
Oração
Senhor Jesus, que eu saiba inspirar-me no teu testemunho de coragem diante da
rejeição e da suspeita, levando em frente a missão que me confiaste.
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XVII SEMANA DO TEMPO COMUM
( VERDE – OFÍCIO DO DIA )
Antífona da entrada: Deus habita em seu templo santo, reúne seus filhos em
sua casa; é ele que dá força e poder a seu povo (Sl 67,6s.36)
Leitura (Levítico 25,1.8-17)
Leitura do livro do Levítico.
25 1 O Senhor disse a Moisés no monte Sinai:
"Dize aos israelitas o seguinte:
8 "Contarás sete anos sabáticos, sete vezes sete anos, cuja duração fará
um período de quarenta e nove anos.
9 Tocarás então a trombeta no décimo dia do sétimo mês: tocareis a trombeta
no dia das Expiações em toda a vossa terra.
10 Santificareis o qüinquagésimo ano e publicareis a liberdade na terra para
todos os seus habitantes. Será o vosso jubileu. Voltareis cada um para as
suas terras e para a sua família.
11 O qüinquagésimo ano será para vós um jubileu: não semeareis, não ceifareis
o que a terra produzir espontaneamente, e não vindimareis a vinha não
podada,
12 pois é o jubileu que vos será sagrado. Comereis o produto de vossos
campos.
13 Nesse ano jubilar, voltareis cada um à sua possessão.
14 Se venderdes ou comprardes alguma coisa de vosso próximo, ninguém dentre
vós cause dano ao seu irmão.
15 Comprarás ao teu próximo segundo o número de anos decorridos desde o jubileu,
e ele te venderá segundo o número de anos de colheita.
16 Aumentarás o preço em razão dos anos que restarem, e o abaixarás à medida
que os anos diminuírem, porque é o número de colheitas que ele te
vende.
17 Ninguém prejudique o seu próximo. Teme o teu Deus. Eu sou o Senhor, vosso
Deus".
Salmo responsorial 66/67
Que as nações vos glorifiquem, ó Senhor,
que todas as nações vos glorifiquem.
Que Deus nos dê a sua graça e sua benção,
e sua face resplandeça sobre nós!
Que na terra se conheça o seu caminho
e a sua salvação por entre povos.
Exulte de alegria a terra inteira,
pois julgais o universo com justiça;
os povos governais com retidão
e guiais, em toda a terra, as nações.
A terra produziu sua colheita:
o Senhor e nosso Deus nos abençoa.
Que o Senhor e nosso Deus nos abençoe,
e o respeitem os confins de toda a terra!
Aclamação do Evangelho
Aleluia, aleluia, aleluia.
Felizes os que são perseguidos por causa da justiça do Senhor, porque o reino
dos céus há de ser deles! (Mt 5,10).
Evangelho (Mateus 14,1-12)
14 1 Por aquela mesma época, o tetrarca
Herodes ouviu falar de Jesus.
2 E disse aos seus cortesãos: "É João Batista que ressuscitou. É por
isso que ele faz tantos milagres".
3 Com efeito, Herodes havia mandado prender e acorrentar João, e o tinha mandado
meter na prisão por causa de Herodíades, esposa de seu irmão Filipe.
4 João lhe tinha dito: "Não te é permitido tomá-la por
mulher!"
5 De boa mente o mandaria matar; temia, porém, o povo que considerava João um
profeta.
6 Mas, na festa de aniversário de nascimento de Herodes, a filha de
Herodíades dançou no meio dos convidados e agradou a Herodes.
7 Por isso, ele prometeu com juramento dar-lhe tudo o que lhe pedisse.
8 Por instigação de sua mãe, ela respondeu: "Dá-me aqui, neste prato, a
cabeça de João Batista".
9 O rei entristeceu-se, mas como havia jurado diante dos convidados, ordenou
que lha dessem;
10 e mandou decapitar João na sua prisão.
11 A cabeça foi trazida num prato e dada à moça, que a entregou à sua
mãe.
12 Vieram, então, os discípulos de João transladar seu corpo, e o enterraram.
Depois foram dar a notícia a Jesus.
COMENTÁRIOS DO EVANGELHO
1. Incomodou o poder e perdeu a cabeça...
Se no tempo de Herodes tivesse uma imprensa
livre, esta seria a manchete no dia seguinte á festa de aniversário de
Herodes. A elite palaciana dos que ocupam algum poder temporal,
tornam-se deuses de si mesmo e fazem o que bem entendem. Herodes gostava de
ouvir João Batista, apreciava suas pregações... Até o dia em que o Batista
denunciou o seu pecado de adultério contra seu irmão, tomando a Herodíades,
sua cunhada, por esposa.
Herodes é o mais puro retrato do homem da
pós-modernidade, que ouve a Palavra de Deus, chegam a se empolgar com ela,
mas quando essa Palavra exige uma mudança de mentalidade e de postura, no
campo da ética e da moral, aí a menosprezam pois não admitem ser contrariados
na busca da felicidade que é o gozo de todos os prazeres que o mundo oferece.
Mas todos precisam ouvir o anúncio da Palavra
de Deus, e não anuncia-la a essas pessoas seria uma grave negligência de
todos nós cristãos, pois o anúncio não tem como objetivo condena-los mas sim
salvá-los. Nesse sentido a dimensão profética da nossa Igreja deve cumprir
com mais fidelidade a missão que lhe foi confiada e aí talvez esteja um
grande pecado da omissão, quando temos um certo receio de anunciar o
evangelho ás classes elitizadas, ou anunciando um evangelho menos
comprometedor.
João estava preso, mas era um homem livre, que
anunciou a Palavra da Verdade a Herodes. E na sua festa de aniversário,
deixou seus caprichos falarem mais alto ao esnobar o seu poder real “peças
tudo o que quiseres que eu te darei”. Também o Homem da pós-modernidade,
seduzido pelo avanço científico de que é capaz, ocupa o lugar que é de Deus,
e julga-se poderoso, para dar o que quiser a quem assim o desejar.
A Filha de Herodíades e sua mãe, a exemplo
também da pós-modernidade, corre dos ideais fúteis, da busca do prazer em um
egocentrismo exacerbado e assim, João Batista é decapitado. Sem a cabeça
estará morto e irá silenciar-ser para sempre, ficando os poderosos livres de
sua voz perturbadora.
João é o precursor também por isso, por
preceder Jesus Cristo, aquele cujo anúncio irá perturbar a corte palaciana e
o poder religioso, e que irão matar na certeza de que estarão enterrando
definitivamente com Jesus, o projeto daquele Reino estranho que não oferecia
felicidade alguma a quem optou apenas pelo poder dominador e opressor.
2. O mártir da moral
João Batista é o mártir da moral.
Ele foi posto na prisão por ter denunciado uma
união ilegal entre Herodes e Herodíades, mulher de Filipe, irmão do Tetrarca
(vv. 3-4).
A palavra movida só pela emoção e ilusão é
portadora da morte: "(Herodes) prometeu, com juramento, dar a ela (filha
de Herodíades) tudo o que pedisse" (v. 7). É a vida de João que
Herodíades reivindica. Busca eliminar a "voz" que denuncia o seu
mal. É provável que o sofrimento e a morte de João Batista prefigurem a
paixão e morte de Jesus Cristo. Ambos tidos como profetas (13,57; 14,5),
conhecerão a sorte dos profetas: "Jerusalém, Jerusalém que matas os
profetas e apedrejas os que te são enviados…" (Mt 23,37-39; Lc
13,34-35).
ORAÇÃO
Pai, na qualidade de discípulo de teu Filho Jesus, quero inspirar-me na
coragem inabalável de João Batista, denunciando profeticamente a prepotência
dos grandes.
3. UMA LIBERDADE PROFÉTICA
O testemunho e o destino de João Batista foram
úteis para iluminar a caminhada feita por Jesus. Existe muito em comum entre
ambos. Tiveram de defrontar-se com poderosos opressores, de cuja maldade
foram vítimas. Não pactuaram com a mentira e a prepotência, denunciando-as
com a valentia própria dos profetas. Foram exemplarmente livres, não se
deixando intimidar por quem pudesse servir de empecilho para sua missão.
Igualmente, foram vítimas de morte violenta e ignominiosa, embora inocentes e
não tendo cometido nada digno de censura.
Estas coincidências levavam as pessoas a
identificarem Jesus com João Batista ressurgido dentre os mortos. Esta
leitura equivocada não tomava em consideração que as semelhanças entre eles
eram devidas unicamente à fidelidade de ambos a Deus-Pai. João Batista não se
desviou do caminho traçado por Deus: preparar o povo para acolher o Messias
Jesus. Jesus, por sua vez, absolutizou o querer do Pai, a ponto de ser
submetido a toda sorte de humilhação e desprezo, apesar de sua condição de
Filho de Deus.
O segredo do testemunho exemplar de João
Batista e de Jesus radicava-se, pois, em Deus-Pai. Mesmo diante da iminência
do martírio, só se submeteram a ele, a ninguém mais. Este é um testemunho
alentador para os discípulos do Reino.
Oração
Senhor Jesus, que o teu testemunho de fidelidade ao Pai, somado ao de João
Batista, inspire sempre minha caminhada de discípulo do Reino.
|
Liturgia do
Domingo 04.08.2013
18º Domingo do Tempo Comum —ANO C
( VERDE, GLÓRIA, CREIO – II SEMANA DO
SALTÉRIO )
__ "Vaidade das Vaidades! Seja simples, seja livre!" __
AGOSTO — MÊS VOCACIONAL - Primeira
Semana:
VOCAÇÃO PARA OS MINISTÉRIOS ORDENADOS PADRES, DIÁCONOS E BISPOS
Ambientação:
Sejam bem-vindos amados irmãos e irmãs!
INTRODUÇÃO DO FOLHETO DOMINICAL PULSANDINHO: Iniciamos o mês de agosto, dedicado às vocações.
Nesse primeiro domingo, destacamos a vocação ao ministério ordenado (os
Bispos, presbíteros e os diáconos). Estes são chamados a testemunhar Cristo
em sua vida, são consagrados para fazer mais próxima a relação entre Deus e a
humanidade, e realizam isto pelo serviço prestado ao povo de Deus. Na figura
de São João Maria Vianney, patrono dos Padres Diocesanos, encontramos um
exemplo concreto e atual de seguimento a Cristo no amor à Eucaristia, na
dedicação a vida de oração e no atendimento ao povo. Celebrando o Mistério da
Paixão, Morte e Ressurreição do Senhor, peçamos a graça de vivermos a
partilha e de afastar de nosso coração a ganância e a vaidade, buscando as
coisas do alto.
INTRODUÇÃO DO FOLHETO DOMINICAL O POVO DE
DEUS: Iniciamos o mês de agosto, que é
dedicado à oração, reflexões e ação nas comunidades sobre o tema das
vocações. A primeira semana enfoca a vocação para o ministério ordenado de
diáconos, padres e bispos; a segunda ressalta a família, a terceira destaca a
vida consagrada e, por fim, a quarta, os ministérios e serviços na
comunidade. Então, nesta semana elevemos nossas preces por todos os que
exercem ou se preparam para os ministérios ordenados. Não nos esqueçamos de
pedir ao Senhor da messe que envie santas e abnegadas vocações sacerdotais e
diaconais. Aproveitemos para rezar pelo 11º Curso de Aprofundamento Teológico
e Pastoral do Clero Arquidiocesano a ser realizado em Itaici, na próxima
semana.
INTRODUÇÃO DO WEBMASTER: Uma das necessidades fundamentais do homem é a
segurança. Ele procura, apaixonada e necessariamente, um fundamento estável
onde apoiar sua existência. Ora, um movimento tão antigo quanto o home é o
dos que escolhem, como pedra fundamental da própria vida, as coisas, o
dinheiro. O homem que escolhe o dinheiro como fundamento de sua vida se torna
homem sozinho, homem alienado, escravom, pois o dinheiro transforma-se em
prisão. Cristo não escolheu o caminho do poder para fazer justiça, porque sua
missão não é fazer justiça pelo caminho do poder. Cristo retoma acima de tudo
o ensinamento da sabedoria humana, traduzindo-o na parábola do rico
insensato. A meditação da morte liberta o homem de uma ilusão, uma primeira libertação
das coisas. O dinheiro é necessário para o sustento e o salário é sua
recompensa pelo esforço, mas o dinheiro não deve jamais ser colocado como
fundamento da própria vida.
Sintamos em nossos corações a alegria do Amor
ao Próximo e entoemos alegres cânticos ao Senhor!
XVIII DOMINGO DO TEMPO COMUM
A verdadeira riqueza está no amor a Deus e no serviço ao próximo!
Antífona da entrada: Meus Deus, vinde libertar-me, apressai-vos, Senhor,
em socorrer-me. Vós sois o meu socorro e o meu libertador; Senhor, não
tardeis mais (Sl 69,2.6).
Comentário das Leituras: A vida não depende das riquezas, mas de ter um
coração misericordioso, com decisão de partilhar e de se doar. Diante de tudo
o que temos, somos convidados a viver o amor, a misericórdia, a partilha e a
solidariedade, deixando de lado a preocupação do acúmulo e da ganância e
viver de forma verdadeira na busca das coisas do alto. A verdadeira riqueza
está no amor a Deus e no serviço ao próximo. Ouçamos com atenção as leituras
de hoje.
Primeira Leitura (Eclesiastes 1,2; 2,21-23)
Leitura do livro do Eclesiastes.
1 2. Vaidade das vaidades, diz o Eclesiastes,
vaidade das vaidades! Tudo é vaidade. 21. Que um homem trabalhe com
sabedoria, ciência e bom êxito para deixar o fruto de seu labor a outro que
em nada colaborou, note-se bem, é uma vaidade e uma grande desgraça. 22. Com
efeito, que resta ao homem de todo o seu labor, de todas as suas azáfamas a
que se entregou debaixo do sol? 23. Todos os seus dias são apenas dores, seu
trabalhos apenas tristezas; mesmo durante a noite ele não goza de descanso.
Isto é ainda vaidade.
Salmo responsorial 89/90
Vós fostes, ó Senhor, um refúgio para nós.
Vós fazeis voltar ao pó todo mortal
quando dizeis: "Voltai ao pó, filhos de Adão!"
Pois mil anos para vós são como ontem,
qual vigília de uma noite que passou.
Eles passam como o sono da manhã,
são iguais à erva verde pelos campos:
de manhã ela floresce vicejante,
mas à tarde é cortada e logo seca.
Ensinai-nos a contar os nossos dias
e dai ao nosso coração sabedoria!
Senhor, voltai-vos! Até quando tardareis?
Tende piedade e compaixão de vossos servos!
Saciai-nos de manhã com vosso amor,
e exaltaremos de alegria todo o dia!
Que a bondade do Senhor e nosso Deus
repouse sobre nós e nos conduza!
Tornai fecundo, ó Senhor, nosso trabalho.
Segunda Leitura (Colossenses 3,1-5.9-11)
Leitura da carta de são Paulo aos Colossenses.
3 1 Se, portanto, ressuscitastes com Cristo,
buscai as coisas lá do alto, onde Cristo está sentado à direita de
Deus.
2 Afeiçoai-vos às coisas lá de cima, e não às da terra.
3 Porque estais mortos e a vossa vida está escondida com Cristo em
Deus.
4 Quando Cristo, vossa vida, aparecer, então também vós aparecereis com ele
na glória.
5 Mortificai, pois, os vossos membros no que têm de terreno: a devassidão, a
impureza, as paixões, os maus desejos, a cobiça, que é uma idolatria.
9 Nem vos enganeis uns aos outros. Vós vos despistes do homem velho com os
seus vícios,
10 e vos revestistes do novo, que se vai restaurando constantemente à imagem
daquele que o criou, até atingir o perfeito conhecimento.
11 Aí não haverá mais grego nem judeu, nem bárbaro nem cita, nem escravo nem
livre, mas somente Cristo, que será tudo em todos.
Aclamação do Evangelho
Aleluia, aleluia, aleluia.
Felizes os humildes de espírito, porque deles é o reino dos céus (Mt 5,3).
EVANGELHO (Lucas 12,13-21)
Naquele tempo, 12 13 disse a Jesus alguém do
meio do povo: "Mestre, dize a meu irmão que reparta comigo a
herança".
14 Jesus respondeu-lhe: "Meu amigo, quem me constituiu juiz ou árbitro
entre vós?"
15 E disse então ao povo: "Guardai-vos escrupulosamente de toda a
avareza, porque a vida de um homem, ainda que ele esteja na abundância, não
depende de suas riquezas".
16 E propôs-lhe esta parábola: "Havia um homem rico cujos campos produziam
muito".
17 E ele refletia consigo: 'Que farei? Porque não tenho onde recolher a minha
colheita'.
18 Disse então ele: 'Farei o seguinte: derrubarei os meus celeiros e
construirei maiores; neles recolherei toda a minha colheita e os meus
bens.
19 E direi à minha alma: ó minha alma, tens muitos bens em depósito para
muitíssimos anos; descansa, come, bebe e regala-te'.
20 Deus, porém, lhe disse: 'Insensato! Nesta noite ainda exigirão de ti a tua
alma. E as coisas, que ajuntaste, de quem serão?'
21 Assim acontece ao homem que entesoura para si mesmo e não é rico para
Deus".
LEITURAS DA SEMANA DE 5 a 11 de Agosto de
2013:
2ª Vd - Nm 11,4b-15; Sl 80(81); Mt 14,13-21
3ª Br - Dn 7,9-10.13-14 ou 2Pd 1,16-19; Sl 96(97); Lc 9,28b-36
4ª Vd - Nm 13,1-2.25-14,1.26-30.34-35; Sl 105(106); Mt 15,21-28
5ª Br - Num 20,1-13; Sl 94(95); Mt 16,13-23
6ª Vd - Dt 4,32-40; Sl 76(77); Mt 16,24-28
Sb Vm - 2Cor 9,6-10; Sl 111(112); Jo 12,24-26
19o DTC : Sb 18,6-9; Sl 32 (33), 1 e 12. 18-19. 20 e 22 (R/ 12b); Hb
11,1-2.8-19;1-2.8-12; Lc 12,32-48;35-40
COMENTÁRIOS DO EVANGELHO
1. As ilusões dessa Vida
Certamente que as dúvidas de um desempregado,
aposentado ou assalariado, são outras, bem diferentes do homem que
protagoniza o evangelho desse domingo. Enquanto os primeiros se perguntam
como irão sobreviver e pagar tantas contas, o segundo está com uma dúvida
cruel: onde irá armazenar o trigo, que produziu muito mais do que o
esperado... Será que vale a pena derrubar os celeiros e fazer outros maiores
para armazenar a produção excedente?
Segundo a lógica capitalista que prioriza o
lucro e o patrimônio, nem é preciso pensar duas vezes, seria uma
burrice não investir. Mas segundo a lógica do evangelho, e a linha de
raciocínio de um sábio chamado Coélet, é uma grande perda de tempo correr
atrás da felicidade, pensando que ela está nas riquezas que este mundo pode
oferecer, pois tudo é vaidade, conclui o sábio. Jesus por sua vez, não faz
nenhum discurso inflamado contra o capitalismo, ou contra os grandes
latifundiários que monopolizam a economia, para decepção dos que querem uma
revolução, ele apenas constata o terrível engano que cometem os que depositam
toda sua segurança e felicidade, apenas nos bens deste mundo.
De fato, podemos imaginar a frustração e o
terror que se apodera do coração de um homem, que chegando de maneira
consciente ao derradeiro instante de sua vida, descobre que passou toda sua
existência acumulando riquezas, que na verdade não passavam de quinquilharias
sem valor, perto do tesouro inestimável do amor e da graça que em Jesus o Pai
ofereceu ao mundo. E o que é pior, tudo isso vai ficar para trás, nenhum
centavo irá com ele, e outros que talvez nem trabalharam irão usufruir do seu
capital.
Ele bem que poderia ter investido no
verdadeiro tesouro, partilhando seus bens e sua riqueza com os pobres,
poderia ter feito para os empregados uma forma de participação nos lucros,
dando aos mesmos esta alegria, poderia quem sabe, ter investido forte no
social, não apenas de uma maneira mesquinha, visando incentivo fiscal ou isenção
tributária,, mas com o objetivo verdadeiro de melhorar as condições de vida
de tantas pessoas. Poderia ainda ter gerado novos empregos, elaborar uma
política salarial digna e séria, onde os empregados pudessem crescer e dar
mais conforto á família, e não apenas oferecer alguns míseros percentuais
para repor a inflação. Isso também vale para os governantes, que muitas vezes
colocam a saúde e o social em segundo plano.
Quantas bênçãos para o patrimônio de uma
empresa ou nação, Deus envia do céu, quando se coloca a vida do ser humano em
primeiro lugar, e não os seus interesses políticos, ou os seus gordos lucros!
Mas não!
Nada disso fez este homem, que preferiu
relacionar-se de maneira possessiva com seus bens: “MEU trigo, MEUS
celeiros”, armazenar, acumular, ganhar mais para ter um lucro ainda maior, em
nenhum momento ele fez planos que incluíssem a família, a mulher e os filhos,
em nenhum momento ocorreu-lhe a ideia de ajudar seus empregados.
O fim de tal homem será terrível! Não porque
Deus irá se vingar mandando-o para as profundezas do inferno, mas sim porque,
como já o dissemos, na última hora vai “cair à ficha” descobrirá amargurado,
que viveu de maneira egoísta, o remorso e o arrependimento lhe baterão
no coração, e a dor por estar longe de Deus e do seu reino, será eterna e
insuportável! Isso é o inferno! Esse homem durante a sua vida não conseguiu
se descobrir como um Filho de Deus, vocacionado ao amor, que partilha que é
generoso e solidário com os que não têm. Uma partilha que não pode ser imposta
pelo poder de alguma lei, mas ditada por um coração transbordante de amor,
esta é a razão porque Jesus se recusa a interferir em uma briga de irmãos na
disputa de uma herança.
Na verdade este homem perdeu toda a sua
existência correndo atrás do brilho falso e ilusório das riquezas materiais,
cultuando o deus dinheiro e fazendo das grandes magazines as imponentes
catedrais de adoração ao poderoso deus do consumo, permanecendo no “Homem
velho”, não se dando conta que a ressurreição de Jesus marcou uma “virada”
definitiva na vida do homem, que precisa sim dos bens deste mundo para viver,
mas que em seu coração só busca as coisas do alto onde está a verdadeira
glória e o mais valioso de todos os tesouros da terra.
2. A falta de diálogo
Muitas vezes, e com relativa frequência, o
editor da Bíblia vernácula atribui títulos às perícopes, ou unidades
literárias, que não só não ajudam como induzem o leitor a erro de
interpretação. É bem o caso do trecho do evangelho deste domingo.
Geralmente, esta parábola tem sido intitulada
"Parábola do rico insensato". A palavra "insensato" só
aparece no v. 20; ademais, seria empobrecer a mensagem da parábola pensar que
o problema do personagem consiste unicamente na acumulação de bens e numa
maneira de possuir mais, totalmente estranha à fé em Deus. A parábola tem
alcance muito maior. O verbo "dizer" é repetido várias vezes (vv.
17.18.19), num monólogo do personagem único, solitário e sem próximo. Esta
observação, e se é necessário, pode nos levar a intitular a parábola deste
modo: "O esquecimento fatal do diálogo".
Esquecimento do diálogo com Deus, no que
concerne ao rico proprietário (vv. 16ss), e do diálogo entre os dois irmãos
acerca da partilha dos bens (vv. 13-14). O v. 15 faz a transição entre o
pedido de arbitragem de um dos irmãos e a parábola.
A palavra traduzida por "ganância",
no v. 15, em grego exprime uma vontade de ter superioridade, um desejo de
poder: "... pois mesmo que se tenha muitas coisas, a vida não consiste
na abundância de bens" (v. 15).
Isto significa que a riqueza não impede a
morte inesperada. A abundância, o ter, pode substituir Deus. Ao invés de nos
fazer disponíveis, essa facilidade ou abundância é em que nós confiamos, de
fato. Isto é uma ilusão: eu creio possuir, mas, de fato, eu sou possuído! O
importante é a nossa maneira de possuir, isto é, o papel que tem no nosso ser
profundo o que nós possuímos.
Resumidamente, a parábola nos faz perguntar:
Você é por ou contra Deus? É esta a questão posta ao rico: "E para quem
ficará o que acumulaste?" (v. 20). Cabe a nós, diante do Senhor,
respondermos também a isto: O que é que me enriquece de bens que não se
contabilizam, mas modelam meu rosto, num olhar sobre o mundo, sobre os outros
e sobre mim mesmo?
ORAÇÃO
Pai, preserva-me do apego exagerado às riquezas, as quais me tornam
insensível às necessidades do meu próximo. Que eu descubra na partilha um
caminho de salvação.
3. PRECAUÇÃO CONTRA A COBIÇA
O Evangelho é toda uma lição de desapego e de
liberdade diante dos bens deste mundo, como também de partilha fraterna do
que se possui. Esta postura decorre da maneira como se considera o Reino na
vida do discípulo. O apego exagerado às riquezas denota uma forma de
idolatria, que redunda no menosprezo de Deus e na opção por valores
contrários aos dele. Portanto, a opção evangélica vai na contramão da cobiça
e da avareza.
Com este pano de fundo, entende-se a
estranheza de Jesus diante da solicitação do indivíduo, que o pedia para
intervir numa questão de divisão de herança. A missão do Mestre não
comportava ser mediador neste tipo de problema. Antes, sua preocupação
consistia em precaver as pessoas da busca desenfreada de bens, iludidos de
poderem chegar a ser felizes, à custa da abundância de riqueza.
A posse de bens não é, necessariamente, fator de realização para o ser humano!
A parábola contada por Jesus pode ter-se
baseado num fato conhecido de seus ouvintes. O Mestre enriqueceu-o com
elementos que ajudam a interpretá-lo. O homem rico gastou toda a sua vida
acumulando bens. Sua ambição não tinha limites. Quando pensou ter ajuntado o
suficiente, imaginou que tinha chegado a hora de beneficiar-se de sua
fortuna. Enganou-se! Foi colhido pela morte, tendo de prestar contas a Deus.
É impossível enganar-se quanto à sorte eterna
de quem jamais pensou em partilhar. Sendo rico para si mesmo, o homem era
paupérrimo diante de Deus.
O discípulo do Reino deve precaver-se desta
loucura!
Oração
Espírito que ensina a compartilhar, purifica meu coração de toda cobiça e
avareza, e ensina-me a partilhar tudo quanto recebi de Deus.
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